Investigação em Educação- A problemática dos Paradigmas

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    Investigao em Educao: A problemtica dos Paradigmas

    Arnaldo Jos Dinis Fonseca

    Trabalho no mbito da disciplina de Investigao em EducaoDoutoramento em Educaorea de Inovao Pedaggica

    Junho 2012

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    ndice

    ndice ........................................................................................................................................................ 21.

    A complexidade do fenmeno educativo ..................................................................................... 3

    2. Paradigma (s) - Conceitos e domnios .......................................................................................... 43. A dualidade clssica: Investigao Qualitativa vs Investigao Quantitativa .............................. 84. Ultrapassagem da dicotomia paradigmtica: perspectivas ........................................................... 85. Concluso ................................................................................................................................... 126. Referncias Bibliogrficas .......................................................................................................... 13

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    1. A complexidade do fenmeno educativo

    Ao conceber-se o presente trabalho como um desafio, no sentido de uma abordagem reflexivarelativamente questo dos paradigmas no domnio da investigao social e, enquadrando-o mais

    especificamente no mbito da investigao na rea educacional, entende-se que uma reflexo sumria

    sobre a natureza complexa do fenmeno educativo seja especialmente proveitosa para, uma mais

    fundamentada e iluminada discusso da natureza e caractersticas dos modelos de investigao a

    desenvolver nesta rea, nomeadamente tendo como centro do questionamento o debate acerca da

    questo dos paradigmas.De fato, o fenmeno educativo, semelhana de muitos outros fenmenos sociais, adquire no

    contexto atual contornos de inegvel complexidade, levando mesmo Hargreaves (1994) a afirmar,

    -identificando-o com uma conjuntura de ps-modernidade - que As escolas e os professores esto a

    ser cada vez mais afetados pelas exigncias e contingncias de um mundo ps-moderno,

    crescentemente complexo e acelerado(p.26). Tal complexidade, neste contexto de mudana ps-

    moderna, insere-se mesmo num debate ainda mais amplo, considerando Barroso (2001) - emboracentrando a anlise especificamente sobre a escola - que nunca tantos deixaram de acreditar na escola,

    nunca tantos a desejaram e a procuraram, nunca tantos a criticaram e nunca tantos tiveram dvidas

    sobre o sentido da sua mudana (p.11).

    Naturalmente, tomando conscincia desta complexidade que envolve no s a escola mas o

    fenmeno educativo em geral e respetivos intervenientes, a discusso em torno da natureza e

    caractersticas da investigao desenvolvida neste campo assume necessariamente uma especial

    pertinncia. Esta, especialmente reforada, se tivermos em conta que, estando o fenmeno educativo

    enquadrado no domnio das cincias sociais, a discusso em torno dos modelos de investigao

    predominantes nesta rea nomeadamente os modelos quantitativo e qualitativo ter sido ao longo

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    dos tempos alvo de acesa anlise e discusso, tendo em conta a considerao e valorizao das

    diferentes caractersticas que os defensores de que cada um dos modelos tm relevado.

    2. Paradigma (s) - Conceitos e domnios

    A substncia essencial desta discusso em torno de tais modelos de investigao social est

    diretamente ligada com os diferentes paradigmas que as suportam conceptualmente, e nos quais se

    integram. O conceito de paradigmas de investigao foi-nos trazido por Thomas Khun, e decorre da

    publicao do livro A estrutura das Revolues Cientificas, publicado em 1962. Glesne (2006)

    sintetiza a noo de paradigmas considerando-os como frameworks that functions as maps or guides

    for scientific communities, determining importante problems or issues for its members to adress and

    defining acceptable theories or explanation methods, and tehniques to solve defined problems(p.6),

    ou seja os paradigmas de investigao funcionam como grandes matrizes, ou referenciais tericos

    amplamente aceites pela comunidade cientifca e que serviro para enquadrar o seu trabalho. Torres &

    Morrrow (1997) ao referirem-se importncia dos paradigmas, neste caso no mbito das teorias da

    reproduo social, no domnio da pesquisa e investigao em educao consideram-os como unsconjunto de acees metatericas, tericas e metodolgicas quanto ao modo de desenvolver uma

    tradio cumulativa de pesquisa (p.38).

    Partindo das concees de Guba e Lincoln, Valles (2003) define os paradigmas em

    investigao como sistemas de crenas bsicas ou princpios, de acordo 3 aspetos ou domnios:

    - O domnio ontolgico, ou seja a prpria natureza da realidade observada;

    -o domnio epistemolgico, diretamente ao modelo de relao entre o observador e investigado,

    ou seja o modelo de conhecimento desenvolvido;

    - e o domnio metodolgico, neste caso relacionado como o modo ou forma desenvolvida de

    adquirir o conhecimento sobre a realidade observada.

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    Decididamente, o investigador que pretenda desenvolver a sua pesquisa no domnio social e

    mais concretamente no educativo, ser confrontado com a necessidade de se posicionar criticamente

    relativamente queles elementos, sendo que a sua crena nos domnios ontolgico e epistemolgico

    determinaro a opo metodolgica.Consistindo em preceitos opostos, podemos dizer que duas grandes abordagens investigao

    em cincia social tm sido referidas consistentemente na literatura; uma de natureza mais objetiva

    procurando essencialmente a descoberta de leis que regem as interaes sociais, enquanto a outra tem

    um carater mais subjetivo e visa essencialmente a compreenso contextualizada dos comportamentos.

    A partir destes pressupostos podemos afirmar, e tomando uma viso dicotmica clssica, que

    estamos em presena de um paradigma normativo no primeiro caso, enquanto no segundo identificado comoparadigma interpretativo.

    A anlise destas perspetivas opostas, considerando o domnio ontolgico esclarece-nos que,

    enquanto noparadigma normativo a realidade tem uma existncia prpria exterior e independente do

    sujeito e que, deste modo, pode ser devidamente medida, noparadigma interpretativo a realidade

    por sua vez de natureza complexa, socialmente construda e em constante mutao, consideraes que

    Burrel e Morgan (citados por Cohen e Manion, 1990, p.32) definem como uma dicotomia entre

    realismo e nominalismo, respetivamente.

    Por seu turno, a considerao do domnio epistemolgico releva-nos para a prpria natureza do

    processo de conhecer, ou seja como Glesne (2006) refere know what you know(p.6). Assim, no

    domnio epistemolgico dois polos tm sido evidenciadas. Por um lado, e servindo de suporte

    estruturante ao paradigma normativo temos uma viso correspondente aopositivismo, o qual Cohen e

    Manion ( 1990)consideram caracterizarse por su pretension de que la cincia proporciona al hombre

    el ms claro ideal possible del conocimiento(p.37), fundamento de uma cincia que se expressa na

    procura leis ou generalizaes como as que ns conseguimos para entender o mundo fsico e natural

    em geral.

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    Na posio oposta temos o antipositivismo ou posio humanista, no qual os seus defensores

    valorizam essencialmente as intenes e significados desenvolvidos e inerentes s aes dos prprios

    pelos atores, sendo sobre estes significados e intenes que dever incidir a anlise ou pesquisa no

    domnio social, refutando a crena positivista de que o comportamento humano se encontragovernado por leis gerais, das quais se podem extrair as regularidades subjacentes. Cohen e Manion

    referem mesmo que que no domnio epistemolgico da investigao social el mundo social slo se

    puede entender desde la posicion de ls indivduos que son parte de la accion em marcha que se

    investiga ()(p.54). De salientar que o paralelismo ou identidade entre o paradigma normativo e o

    positivismo, por um lado, e o paradigma interpretativo e antipositivista/humanista, por outro,

    claramente referido por Cohen e Manion na afirmao de que Mientras que los estdios normativos

    son positivistas, todas las teorias construdas dentro de lo contexto del paradigma interpretativo tendem

    a ser antipositivistas. (p.68) .

    Naturalmente que esta dicotomia expressa nos domnios ontolgico e epistemolgico da

    investigao no campo social, nomeadamente educativo, corporizando duas vises paradigmticas

    opostas de investigao nesta rea, completa-se, de uma forma naturalmente coerente, no domnio

    metodolgico, especialmente significativo este ltimo porque corporiza a Aco, ou seja a prpria

    expresso da realizao da investigao. Coutinho (2004) explicita duas posturas metodolgicas

    correspondentes queles diferentes domnios: num polo uma metodologia de cariz dedutivo, na qual a

    pesquisa se desenvolve a parir de uma teoria j referenciada construindo-se (e testando-se) as hipteses

    de investigao; no outro polo a praxis metodolgica de natureza indutiva, ou seja tem como ponto

    de partida os dados recolhidos e das regularidades neles extradas para se irem construindo nveis mais

    elevados de abstrao que permitam fundamentar uma determinada teoria. Se por um lado, tal como

    Gauthier (2003)refere a natureza dos objetos de investigao impe certos tipos de

    encaminhamento(p.53), ou seja neste momento que o investigador se v confrontado opes de

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    nvel metodolgico, tambm a prpria a prpria inteno geral que orienta a investigao contribui

    para opes nesse mbito.

    Assim, as anteriormente referidas lgicas dedutiva e indutivas, encontram-se identificadas com

    dois princpios de natureza mais geral, e que suportam duas intenes distintas, que WilhelmWindelband, j no sc. XIX, utiliza distinguindo dois tipos de cincias: as cincias nomotticas e as

    cincias ideogrficas.

    Assim o denominado principio nomottico procura descobrir semelhana das cincias

    naturais- leis gerais ou universais de comportamento social, partindo do pressuposto de que o

    comportamento humano regido por leis ou regras, desenvolvendo-se deste modo uma abstrao da

    realidade atravs da utilizao e aplicao de modelos matemticos e de anlise tipicamentequantitativa, na nsia de se descobrir tais leis, enquanto oprincpio ideogrfico coloca a sua nfase

    no particular e no individual, ou seja em termos metodolgicos o principio ideogrfico enfatiza a

    natureza subjetiva e relativa do mundo social. Gauthier (2003), por sua vez, partilhando o mesmo

    princpio de distino conceptual, prefere distinguir estas duas abordagens metodolgicas com as

    denominaes de metodologias objetivistas e subjetivistas.

    Estes dois grandes blocos paradigmticos de investigao cientfica no domnio social

    paradigma normativo e paradigma interpretativo-, e as suas distines nos campos ontolgicos,

    epistemolgico e metodolgico suportam, e tm uma correspondncia, com uma outra distino que

    diversos autores fazem entre investigao de natureza quantitativa e qualitativa no domnio das

    cincias sociais, facilmente descortinvel, por exemplo, na afirmaes de Fortin (1999) que o mtodo

    de investigao quantitativo um processo sistemtico de colheita de dados observveis e

    quantificveis (p.22) claramente enquadrado numa conceo paradigmtica de natureza

    normativa/positivista; enquanto que o investigador que utiliza o mtodo de investigao qualitativa

    est preocupado com uma compreenso absoluta e ampla do fenmeno em estudo, relevando neste

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    caso nitidamente uma aproximao subjetiva, claramente enquadrada num paradigma interpretativo

    da realidade. Brannen (2003), confirma tal analogia ao definir que a nvel metodolgico the

    quatitative researcher isolates and defines variables and the variable categories. These variable are

    linked together to frame hyphoteses often before the data are colected, and are then tested upon thedata. In contrast , the qualitative researcher begins with defining very general concepts which, as the

    researchprogress, change their definition(p.4).

    3. A dualidade clssica: Investigao Qualitativa vs Investigao Quantitativa

    Historicamente ambas as metodologias -Qualitativa e Quantitativa - foram-se afirmando numaoposio crescente no mbito da investigao em cincias sociais, exacerbando as vantagens ou

    aspetos positivos de cada uma delas, em detrimento da outra, resultando em que, como Coutinho

    (2011) refere, pouco ou nada contribuiu para melhorar a qualidade da investigao em Cincias

    sociais e Humanas (p.30).

    A guerra entre os defensores da metodologias qualitativa e quantitativa, levou assim a uma

    polmica que tendeu a ofuscar mais do que clarificar a natureza da investigao nesta rea, levando atransparecer a ideia de uma superioridade paradigmtica tratada como tal, em que cada parte se

    fixava numa espcie do bom e do correto de uma metodologia em contraposio ao mau e

    incorreto da outra.

    4. Ultrapassagem da dicotomia paradigmtica: perspectivas

    Neste sentido, e em linha com a premissa defendida por Miles e Huberman (1984), de que

    epistemological purity doesnt get research done (p.21) foi surgindo a perceo da necessidade de

    conciliao ou ultrapassagem desta dicotomia.

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    Uma das realidades emergentes foi uma certa suavizao dogmtica por parte dos

    positivistas, surgindo assim uma corrente atualizada; nomeadamente uma corrente ps-positivista,

    que de acordo com Guba (1990) uma viso modificada do positivismo, nomeadamente aceitando

    algumas concesses no respeitante possibilidade da captao objetiva absoluta da realidadeinvestigada. No entanto, a outra corrente homloga do lado antipositivista, denominada por Guba (

    1990) como Naturalista/Construtivista no to dada a concesses mantendo um certo

    purismo/radicalismo que se centra na ideia de relativismo, visto como Mazzotti (1996) refere a

    aceitao de que a realidade socialmente construda leva concluso de que h sempre mltiplas

    realidades sobre uma dada questo e assim esta aceitao desemboca necessariamente no

    relativismo

    (p.21). Este fato determinante para considerar uma certa impossibilidade de conciliaode paradigmas non domnio da investigao em cincias sociais.

    No entanto, o prprio conceito de conciliao de paradigmas comea a revelar-se com mais

    incidncia e como uma realidade cada vez mais possvel, visto na situao presente a oposio

    positivista-antipositivista no se posicionar em fundamento to radicais, pelo que aquela autora

    considera admitirem-se posies intermedirias ( p.22), nomeadamente a nvel filosfico, de

    comunicao social e da prtica de pesquisa.

    A efetiva conciliao paradigmtica, como tendncia atual, referida tambm por Lucas e

    Santiago (citado por Coutinho, 2004) ao definirem que:

    precisamente no mbito da pesquisa em avaliao1 que se realizam na atualidade asexperincias mais claras e bem sucedidas de integrao das perspetivas metodolgicasquantitativa e qualitativa, que nos levam a antever um futuro de complementaridademetodolgica em vez do antagonismo tradicional. (p.444)

    1 Coutinho considera avaliao como um modo de investigao educativa orientada para a ao, sendo de naturezaaplicada e visando essencialmente suportar a tomada de decises.

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    Outros autores, tal como Onwuegbuzie (2002) ao considerarem a possibilidade real de uma

    conciliao paradigmtica, define-a como uma posio pragmatista, segundo a qual os investigadores

    tendem a combinar ambas as metodologias no mesmo processo de investigao social, levando esta

    autor a esclarecer que:pragmatists accepted external reality and believed that values played a role in the

    interpretation of the results. However, they believed in the existence of both subjective andobjective points of view (p.2).

    Deste modo a perspetivapragmatista tende a negar uma viso de excluso mutua entre as duas

    metodologias a favor de uma viso mais ecumnica, visto ambos terem inerentes fraquezas e pontos

    fortes. Uma das tcnicas defendidas para levar a tal propsito apela aos processos de triangulao nas

    cincias sociais.

    Denzin (1978) refere a existncia de 4 tipos ou possibilidades de triangulao decorrentes no

    processo de investigao social:

    a) Triangulao de dados;b) Triangulao de investigadores;c) Triangulao de Teorias;d) Triangulao Metodolgica.

    Especialmente significativo no mbito deste trabalho a abordagem da triangulao

    metodolgica, a qual prev a utilizao de tcnicas de investigao de natureza qualitativa e

    quantitativa.

    De fato, diversas vantagens podem emanar deste processo de triangulao.

    Assim, permite ao investigadores tornarem-se mais confiantes no resultados da sua

    investigao, tendo em conta que passa a haver uma maior diversidade de tcnicas dentro de mtodos

    distintos, com a possibilidade de captar elementos ou fatos que pudessem escapar na utilizao

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    exclusiva de mtodos de uma nica natureza (qualitativa ou quantitativa), permite tambm desenvolver

    uma maior criatividade na formas de recolha dos dados bem como destapar possveis contradies.

    Se nos debruarmos de uma forma mais objetiva sobre as vantagens de tal triangulao,

    podemos referir, por exemplo, as vantagens consideradas por Sieber (1973). Assim, no momento daplanificao da pesquisa os dados de natureza quantitativa podem ajudar a fase qualitativa na

    identificao de membros da amostra, assim como evitar casos desviantes. Por sua vez, na fase de

    recolha de dados j os dados quantitativos jogam um papel significativo ao providenciarem informao

    fulcral de forma a evitarem-se fenmenos, que o autor define como de elite-bias, ou seja evitarmos a

    tendncia por s termos dados dos membros mais representativos ou importantes. J durante a fase

    de anlise de dados, os dados de natureza quantitativa tendem a facilitar a avaliao e algumapossibilidade de generalizao (mesmo que at no seja esse o propsito) dos dados qualitativos

    recolhidos, bem como iluminar concluses. Por sua vez o inverso ocorre com os dados qualitativos a

    suportarem a componente quantitativa na ajuda a nvel do desenvolvimento instrumental e conceptual.

    Na fase de recolha de dados Sieber refereembora sem especificar- que os dados qualitativos podem

    facilitar o prprio processo de recolha de dados. Por fim, e considera-se o mais relevante, na fase de

    anlise dos dados, os dados qualitativos podem ter um papel essencial no domnio da interpretao,

    clarificao, descrio e validao de resultados quantitativos.

    Finalizando, e na sequncia lgica do exposto anteriormente, considera-se pertinente a

    considerao levantada por Clarke (citado por Coutinho, 2004) ao referir a necessidade de modelos

    plurimetodolgicos que combinem o rigor e objetividade dos dados quantitativos (hard data) com a

    autenticidade e profundidade de dados qualitativos (soft data) (p.445).

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    5. Concluso

    Chegados a este ponto, e tomando as consideraes desenvolvidas na parte inicial do trabalho

    relativamente natureza complexa do fenmeno educativo em contexto de ps-modernidade e, deste

    modo, a consequncia que tal preceito possa ter no desenvolvimento das prticas de investigao neste

    domnio; bem como a abordagem que foi feita relativamente aos dos dois grandes blocos

    paradigmticos e tipologias de investigao no domnio das cincias sociais a eles associadas,

    considera-se que mais do que um posicionamento purista, optando por uma viso necessariamente

    focada nas vantagens de um dos paradigmas, ser mais proveitoso e eficaz a opo de uma perspetival

    de complementaridade de metodologias quer de natureza qualitativa quer quantitativa

    concretizando uma certa conciliao coordenada entre os paradigmas normativo e interpretativo, na

    investigao da realidade educativa, num esforo para, aproveitando como uma mais-valia os pontos

    fortes de cada um deles, recolher o essencial e fundamental do que se pretenda investigar no domnio

    social, e neste caso mais especificamente no educativo. Considera-se deste modo que, ultrapassado um

    radicalismo metodolgico de natureza purista, s uma perspetiva de complementaridade de mtodos -

    ainda que enquadrados em paradigmas de natureza diferenciada - permitir capacitar os investigadores

    para desenvolver um conjunto slido de conhecimentos que carateriza outras reas da investigao e

    do conhecimento, nomeadamente nas cincias ditas naturais.

    Resumindo, considera-se mais proveitoso a considerao de um posicionamento mais

    pragmtico e menos dogmtico no respeitante dialtica dos paradigmas de investigao em educao;

    considerando a vantagem de ambos se complementarem, com base nos seus pontos-fortes na procura

    da verdade relativamente aos fenmenos da realidade educativa.

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    6. Referncias Bibliogrficas

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