INVESTIGAÇÃO§ão... · 2020. 7. 27. · Estas afirmações não podem, porém, ser entendidas...

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  • INVESTIGAÇÃOPASSO A PASSO

    Perguntas e Respostas Essenciaispara a Investigação Clínica

    Autores

    Médicos de Medicina

    Geral e Familiar

    Associação Portuguesa

    dos Médicos

    de Clínica Geral

    1.ª Edição

  • Núcleo de Investigação da APMCG

    Clara Barros Fonseca

    Carlos Canhota

    Eugénia Enes da Silva

    José Augusto Simões

    John Yaphe

    Maria Conceição Maia

    Maria José Ribas

    Miguel Melo

    Paulo Jorge Nicola

    Raquel Braga

    Vítor Ramos

    Coordenadora

    Eugénia Enes da Silva

  • FICHA TÉCNICA

    TítuloInvestigação Passo a Passo– Perguntas e Respostas Essenciais para a Investigação Clínica

    AutoresMédicos de Medicina Geral e Familiar

    PromotorNúcleo de Investigação da APMCG

    Revisão de textoNúcleo de Investigação da APMCG

    CapaEduardo Esteves

    ImpressãoFocom XXI, Lda.

    Depósito Legal n.º 282 332/08

    1ª edição – Lisboa – Setembro de 2008

    Distribuição

    APMCG

    Avenida da República, n.º 97 - 1º

    1050-190 Lisboa

    Portugal

    www.apmcg.pt

    © Reservados todos os direitos

  • ÍNDICE

    Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    Desenvolvimento do Projecto de Investigação

    1. Quais os passos essenciais de uma investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112. Como construir uma boa questão de investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193. Como elaborar um protocolo/projecto de investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274. Que informações relevantes seleccionar da pesquisa bibliográfica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335. Como definir os objectivos e as hipóteses de um estudo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 416. Qual o tipo de estudo a escolher? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 457. Como definir uma população de estudo e como seleccionar uma amostra? . . . . . . . . . . . . . . 518. Como definir e caracterizar as variáveis? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 559. Quais os métodos e processos de recolha de dados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

    10. Qual a importância do estudo piloto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6911. Qual a estratégia de análise de dados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7312. Como escolher o programa de estatística? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7713. Como apresentar os resultados de um estudo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8314. Quais os pontos básicos da discussão dos resultados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9715. Qual a forma mais relevante de divulgação dos resultados de investigação? . . . . . . . . . . . . . 10316. Que questões éticas salvaguardar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10917. Como publicar o estudo de investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11518. Como elaborar o orçamento para a investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12319. Como obter apoios para a investigação clínica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

    BIBLIOGRAFIA DE APOIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149ANEXO 1 – Doc.“Consentimento Informado” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150ANEXO 2 – Exemplo de “Orçamento Investigação” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151Notas curriculares dos Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

  • PREFÁCIO

    Luís Pisco

    Um esforço persistente em prol do Desenvolvimento Profissional Contínuo e da

    excelência profissional dos Médicos de Família, tem caracterizado, desde

    sempre, a actuação da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral,

    constituindo uma preocupação constante, uma prioridade e uma das suas

    tarefas centrais.

    Sob o título “Um Futuro para a Medicina de Família em Portugal”, a Associação

    Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral publicou, em 1990, uma tomada de

    posição sobre a organização da Medicina Familiar. Neste documento, onde se

    verte uma reflexão colectiva de vários anos, abordam-se, entre muitas outras,

    questões como o sistema de informação, a avaliação da qualidade, a formação

    e a investigação. Como linha orientadora, a garantia do direito de todos os

    cidadãos a uma assistência médica altamente qualificada.

    Nesta obra, a APMCG reconhece a necessidade dos Médicos de Família

    conduzirem programas e projectos de investigação e de participarem em

    programas e projectos de investigação, conduzidos por outros elementos ou

    entidades.

    Reconhece o sistema de informação de cada médico de família como um

    instrumento valiosíssimo e indispensável, quer no processo de tomada de

    decisão e gestão da prática clínica, quer ainda como fonte de dados e de

    informação para a vigilância epidemiológica e para a administração de saúde,

    constituindo ainda um importante instrumento para a investigação.

    Reconhece que a formação médica contínua deverá fazer parte integrante das

    actividades normais do médico de família e que deverão ser criados incentivos

    para a sua realização.

    Reconhece que a investigação é a base de toda a evolução científica e um dos

    pontos-chave de desenvolvimento da nossa especialidade.

    Torna-se, assim, crucial, incentivá-la a todos os níveis.

    O ensino da sua metodologia deverá iniciar-se a nível da formação pré-

    graduada e a aplicação desses conhecimentos deverá ser encorajada em todas

    as fases da vida profissional do médico.

    Na formação pós-graduada, a investigação deverá surgir como processo lógico

    decorrente de sistemas de garantia da qualidade dos serviços prestados,

    devendo nesta perspectiva entrar na rotina do médico de família.

  • Estas afirmações não podem, porém, ser entendidas como se a investigação

    fosse estritamente um acto de voluntarismo, por parte do médico. Pelo contrário,

    deverão ser previstos recursos e financiamentos específicos para este tipo de

    actividade, criando um fluxo constante de informação de suporte para todas as

    actividades do médico de família.

    Ciente das suas responsabilidades nesta área, a APMCG publicou, em 1989, o

    “Manual de métodos de investigação em saúde” deAlexandre Abrantes, António

    Tavares e Joana Godinho, com a colaboração deArmando Brito de Sá, na altura

    coordenador do Núcleo de Investigação. Contou com um prefácio do Prof.

    Correia de Campos e o patrocínio da FundaçãoAga-Khan e da Escola Nacional

    de Saúde Pública. Constituiu um precioso auxiliar para muitos profissionais de

    saúde desenvolverem os seus projectos de investigação com rigor científico e

    metodológico.

    O livro “Investigação Passo a Passo – Perguntas e Respostas Essenciais para

    a Investigação Clínica”, uma excelente iniciativa do Núcleo de Investigação da

    APMCG, é um digno sucessor do anterior “Manual de métodos de investigação

    em saúde” e, como ele, contribuirá para o desenvolvimento da investigação

    científica, nos Cuidados Primários de Saúde.

    A Investigação continua a ser um dos instrumentos fundamentais para o

    desenvolvimento dos Cuidados Primários, ao obter respostas que nos permitem

    adquirir novos conhecimentos e, consequentemente, melhorar a prestação dos

    cuidados de saúde.

    A investigação tem como objectivo principal a geração de conhecimento. Mas

    tem também um valor acrescido para o Serviço Nacional de Saúde, ao contribuir

    para melhorar a sua eficiência e a sua efectividade. E também para os doentes,

    ao permitir a melhoria da actividade assistencial, ao diminuir a variabilidade na

    prestação de cuidados e ao contribuir de forma significativa para a equidade na

    prestação de cuidados.

    Por fim, a investigação tem uma importância primordial para os profissionais de

    Saúde, ao contribuir para a sua formação e para aumentar a sua satisfação e

    motivação profissionais. Estou certo de que este livro irá ser um precioso auxiliar

    e um útil instrumento de trabalho para os Médicos de Família Portugueses.

    Presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral

  • INTRODUÇÃO

    Eugénia Enes Silva

    O desenvolvimento humano é determinado pela sede de descoberta do HOMEM – a procura

    insistente de novo conhecimento.

    Contudo, o conhecimento pode ser não científico (senso comum, literário, filosófico, etc)ou científico (implica investigação – segue um processo organizado, planeado, sistemático,com princípios e regras bem definidas).

    A partir da observação de fenómenos colocam-se questões a investigar, segue-se um trilho de

    trabalho metodológico que implica passos de controlo para aferir o plano determinado. Saltar

    um passo pode inviabilizar toda a Investigação.

    No final encontram-se respostas para as questões iniciais.

    A apresentação de um bom relatório final é imprescindível para o sucesso da Investigação. Os

    resultados alcançados podem ser confirmados ou não, por outros investigadores que utilizem

    o estudo ou gerar novas problemáticas a investigar.

    Todos os profissionais, em alguma fase da sua vida académica ou profissional, necessitam de

    desenvolver ou participar em estudos de investigação, pois é inerente ao avanço formativo de

    cada um de nós, à creditação.

    A Investigação reforça a credibilidade das atitudes, pode determinar padrões de Qualidade

    com benefício para as Instituições, os profissionais e a comunidade.

    O documento que apresentamos é escrito por médicos de Medicina Geral e Familiar com

    experiência nas áreas da Formação Contínua e da Investigação e destina-se a médicos e a

    quem deseje realizar estudos de Investigação Básica.

    Pretende ser uma base de apoio, um guião estruturado sobre os passos essenciais da

    Investigação.

    Em cada capítulo referem-se as Ideias-Chave e Erros a Evitar, fornecem-se exemplos

    orientativos.

    Livro de consulta rápida e acessível a todos os investigadores, não pretende ser exaustivo mas

    didático.

    Procura-se desmistificar ideias preconcebidas, motivar e promover a área da Investigação na

    Medicina Geral e Familiar.

    P`lo Núcleo de Investigação

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    Quais os passos essenciais de uma investigação?

    Como construir uma boa questão de investigação?

    Que informações relevantes seleccionar da pesquisa bibliográfica?

    Como definir os objectivos e as hipóteses de um estudo?

    Qual o tipo de estudo a escolher?

    Como definir uma população de estudo e como seleccionar uma amostra?

    Como definir e caracterizar as variáveis?

    Quais os métodos e processos de recolha de dados?

    Qual a estratégia de análise de dados?

    Como apresentar os resultados de um estudo?

    Quais os pontos básicos da discussão dos resultados?

    Qual a forma mais relevante de divulgação dos resultados de investigação?

    Que questões éticas salvaguardar?

    Como publicar o estudo de investigação?

    Como escolher o programa de estatística?

    Como elaborar um protocolo/projecto de investigação?

    Qual a importância do estudo piloto?

    Como elaborar o orçamento para a investigação?

    Como obter apoios para a investigação clínica?

  • 11Quais os passos essenciais

    de uma investigação?

  • 11

    1 QUAIS OS PASSOS ESSENCIAISDE UMA INVESTIGAÇÃO?Eugénia Enes Silva

    IdeiasChave

    � Investigação exige: MotivaçãoRigorMétodoPersistência

    � Antes de avançar com uma investigação é necessárioverificar se estão reunidas condições básicas como:

    • Forte motivação

    • Investigador com apoio institucional

    • Recursos suficientes para garantir a conclusãoda investigação

    • Apoio socio-familiar forte

    • Orientador com boas competências, disponívele interessado na investigação (caso se justifique)

    As fases de um estudo de Investigação são descritas deforma diferente consoante os autores mas esquematizandopodem ser:

    • Selecção do tema – escolha das questõesde investigação e argumentação

    • Desenho do Projecto/Protocolo Investigação

    • Execução do Projecto – recolha e tratamentode dados; apresentação resultados

    • Divulgação do relatório final

    Investigar é Procurar – desenvolver esforços para descobrir algopara além do já conhecido.

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    QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

    PontosChave

    – O investigador escolheo tema cujo conhecimentodetermine a necessidadede uma explicação, de uma modificação, algo de novo!

    – O autor tem a liberdade deescolher o tema mas para ser eficiente deve ponderaro seguinte:

    • Realizar uma boa revisãobibliográfica.

    • A questão de investigaçãodeve ser bem definida,interessante para oinvestigador, entidades deapoio e comunidade, emgeral.

    Quanto mais concreta aquestão de investigaçãomaior hipótese desucesso!

    1. SelecçãoTema

    – Pode ser um problemade Saúde ou deServiços, onde umfenómeno observadolevanta novas questõespertinentes para oevoluir de umaInvestigação, porexemplo.

    A pesquisa na base dedados deve ser exigenteapesar de hoje estarfacilitada pelos meiosinformáticos.

    Seleccionar as fontescrediveis e ao seu alcancepara evitar desperdício derecursos.

    Fundamental que seobtenha respostas àsquestões de investigaçãoem tempo útil.

    1. Tema interessante para o investigador

    2. Dentro das suas capacidades

    3. Útil na produção de novos conhecimentos

    4. As fontes de informação devem ser acessíveise credíveis

    5. O autor deve conhecer bem as questões éticasque o tema pode condicionar

    6. A questão de investigação deve ser bem definida

    FASES DE UM ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO CLÍNICA

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    QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

    Na pesquisa bibliográfica encontram-se as bases para aargumentação a desenvolver sobre o tema investigação.

    A argumentação tem um papel crucial desde a selecção do tema,fornece linhas orientativas para a escolha da metodologia epermite ideias básicas para a fase de discussão de resultados. Considerada por muitos autores como “o fio condutor” queorienta o processo de investigação.

    AspectoPrático

    • O Projecto, também designado por Protocolo, é umdocumento essencial que mantem o investigador no trilho queescolheu, fiel aos seus propósitos, permitindo passosde validade do trabalho e de controlo.

    Como documento de trabalho serve para apresentar aInvestigação a todos que possam ser envolvidos na iniciativa;é uma forma de compromisso entre investigadores e osempregadores, os financiadores, a comunidade.

    Descreve todos os passos fundamentais do estudo e oslimites a observar pelos investigadores.

    O Projecto de Investigação é um documento que pode sofreradaptações ao longo da investigação desde que não altere aessência da mesma.

    Além dos nomes dos autores e das instituições envolvidas deveincluir:

    • Título – claro, simples, informativo do estudo, mas conciso

    • A problemática a investigar com uma boa argumentação ajustificar a pertinência do estudo

    • Hipóteses e objectivos bem apresentados – claros, concisos,realistas e expressos em termos mensuráveis

    • Metodologia escolhida e bem descrita

    2. DesenhodoProjecto//Protocolo

    Princípios

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    QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

    Tipo de estudo

    População/Universo

    Amostra(tipo e dimensão)Técnica amostragem

    Variáveis

    Modo de Recolha de dados

    Processamento de Dados

    Apresentação de Resultadose Discussão

    Observacional (descritivo,analítico), experimental,outros

    Exemplos:Utentes Centro de Saúde,da consulta; habitantes deuma região

    Quando bem seleccionadaevita desperdício derecursos e aumentavalidade dos resultados edas conclusões

    Caracterização, fontes deinformação e instrumentosde medida, bem descritos.Identificação de possíveiscausas de erro (referênciaa eventuais medidas deminimização)

    Atenção à validade efiabilidade das observações

    Tipo de análise adesenvolver

    Realce para a verificaçãoda sua consistência,validade interna e externa

    Elementosbásicos

    Metodologia

    ProcedimentosBásicos

    Apresentar em forma detalhada os procedimentos de colheitade dados, armazenamento, confidencialidade e tratamentopara obter os resultados finais.

    QuestõesÉticas

    Descrição de relatos encontrados de precedência, pareceresde Comissão de Ética, procedimentos a observar durante ainvestigação (notas explicativas/informativas, documento deConsentimento Informado, por exemplo).

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    QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

    NotasOrçamento//Financiamento

    Certos autores consideram o Projecto ou Protocolo de Investigação um “Guiade trabalho” – no início ajuda a planear, no decurso dos trabalhos é uma base defácil consulta para os investigadores recordarem as linhas mestras daargumentação inicial e evita desvios, perda de tempo.

    EVITAR atitudes apressadas – nesta fase fulcral pode constituir a diferençaentre o sucesso e o fracasso da Investigação.

    • Apresentar nestafase, sobretudo senecessita deapoio externo.

    Referência aos recursos materiais ehumanos, incluir o n.ºinvestigadores

    3. ExecuçãodoProjecto

    Recolha e tratamentode dados

    – Reunidas ascondições essenciaisprocede-se à execuçãodo projecto com arecolha de dadossegundo a metodologiaescolhida e descrita.

    – Não esquecer asquestões éticasinerentes (autorizaçõesoficiais; parecer dacomissão de ética, sejustificado; documentode consentimentoinformado).

    Discussão resultados

    A discussão dos resultados podeser uma das fases mais aliciantes ecriativa da investigação.

    Nesta fase os resultados devem sercomentados focando:• Confirmação ou não da(s)

    hipótese(s) do estudo;• Objectivos alcançados ou não;• Comparação com o encontrado

    na revisão bibliográfica;• Os factores de enviezamento e/ou

    confundimento dos dados e suaimplicação;

    • Novas questões e ressaltar osproblemas surgidos no estudoque podem originar novosprojectos de investigação.

    Cronograma Descrição das actividades e tempos previstos de realizaçãoaté divulgação dos resultados finais da investigação

    Bibliografia Não esquecer as fontes seleccionadas mais pertinentes emais actualizadas

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    QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

    – A recolha de dados podeser realizada pelo(s)investigador(es) ou porassistentes devidamentetreinados para garantede uniformidade deatitudes.

    – Devem definir-se osprocedimentos detratamento de dados,incluindo a escolha delocais para arquivar osdados (garantirconfidencialidade).

    – Bases de dadoselaboradas para o estudoou seleccionadas deprogramas informáticossão preenchidas paraanálise dos dados.

    No fim, os dados sãotratados e os resultadosapresentados (usarquadros, tabelas ougráficos e referirsignificância estatística).

    4.ApresentaçãoRelatórioFinal/Divulgação

    • A divulgação do estudo é o culminar da Investigaçãoe a forma de ser reconhecido por outros investigadoresou a comunidade.

    – A forma de apresentação pode ser escrita ou oral e obedecea princípios que todos os investigadores devem conhecer.

    Trata-se de uma comunicação científica, pretende-se queseja precisa, clara, sistematizada e rigorosa.

    Termina com um item de “Agradecimentos” (sintético),referência a quem colaborou ou apoiou o projecto (apoiotécnico, secretarial, financeiro).

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    Errosaevitar

    – Insegurança no tema

    – Esquecer aelaboração de um bomProtocolo(pode inviabilizar ainvestigação e ahipótese de apoiometodológico e/oufinanceiro).

    – Saltar fases doprojecto

    – Não utilizar ospassos de controle aolongo da investigação

    – Dar por terminada ainvestigação sem aapresentação edivulgação dosresultados

    – Resultados devemser semprecomparados com os dapesquisa bibliográfica

    Soluções

    – Dominar o conhecimento por umaboa revisão temática

    – Rever todos os passos essenciaisde uma investigação

    – Utilizar checklist

    – Apresentar resultadospreliminares, se necessário

    – Divulgar Relatório Final daInvestigação com discussão dosresultados e incluindo comentáriossobre apoios e dificuldadesencontradas ao longo do processo

    QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

    Em súmula

    Neste capítulo fez-se uma viagem de apresentação temática focando os principaispontos de desenvolvimento de uma Investigação que serão alvo de uma reflexãodetalhada nos capítulos seguintes.

  • Como construir uma boaquestão de investigação?

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    2 COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃODE INVESTIGAÇÃO?Paulo Jorge Nicola

    IdeiasChave

    • O desafio na elaboração de uma questão de investigaçãonão é a falta de incertezas… É a dificuldade em encontraruma incerteza importante que possa ser transformada numplano de estudo válido e exequível.

    • Conseguir uma boa questão de investigação é 10%inspiração e 90% transpiração. Várias característicaspessoais ajudam…

    • Se, de 100 ideias, iniciar 5 e concluir 1, será um bominvestigador. Na sua vida como investigador, provavelmentenão conseguirá dedicar-se a mais de 10 perguntas deinvestigação fundamentais. Escolha-as bem!

    • Aplique os critérios FINER para testar se a sua ideia éboa… e faça-o em equipa. Se a equipa se entusiasmar, váem frente.

    Princípio I A questão de investigação é o princípio e o fim doprocesso de investigação. Ela é a razão de ser do estudo, o que orienta o grupo deinvestigação e o que motiva o esforço e investimento. Emborapossam existir muitas razões para um estudo ser realizado, éa força da questão de investigação que será o seu motore um factor crítico para um estudo reconhecido como umbom estudo.

    AspectoPrático I

    Como encontrar uma boa questão científica?Dificilmente se criam boas questões de investigação sem umentendimento profundo da área. No entanto, na construçãodeste entendimento, existem locais e processos que facilitama criação de uma boa questão de investigaçãoNa literatura:

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    COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

    • Editoriais são fontes ricas de questões por resolver

    • Bons artigos de revisão (só os bons) teórica e derevisão sistemática

    • A secção de discussão de artigos com estudooriginais

    • Cartas comentando ou contestando as observaçõesindicam questões importantes mal resolvidas

    • As recomendações clínicas “baseadas na evidência”indicam quais as necessidades de decisão clínica quese encontram pouco fundamentadas - Serão trabalhosmuito bem recebidos, porque ajudam a preencherevidências pouco fundamentadas

    • Hipóteses levantadas por casos clínicos - Geralmentesão difíceis de estudar epidemiologicamente.

    Na comunidade

    • Falar e perguntar aos profissionais que lidam comaquele tipo de situações – muito importante!

    • Falar com investigadores e orientadores -Geralmente não lhes faltam ideias…

    • Vasculhar as comunicações publicadas em congressose encontros na área - Pode ser não muito fácil se nãose conhece a área, mas dá uma noção de direcçãoe dos avanços recentes

    Construindo pontes entre áreas “distintas”

    • Por exemplo: entre a saúde e a… Sociologia, Economia,Ética, Comunicação social, Gestão, Informática,Educação, Ergonomia, Política, etc. - Facilitada pelapesquisa em revistas especializadas na sobreposiçãodas áreas

    Estar atento a situações que “mudam as regras do jogo”:

    • Novo paradigma fisiopatológico. Por exemplo:“a inflamação é um factor de risco para a aterosclerose.”

    • Novas tecnologias, novos medicamentos e novasintervenções.

    • Novas regras de acesso e organização dos cuidadosde saúde

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    Princípio II Não basta ter uma boa questão de investigação… estatem de ser reconhecida como tal. Isso será fundamental para conseguir apoios institucionais, oentusiasmo da equipa de investigação e dos participantes noestudo, uma proposta vencedora em concursos,financiamento e interesse (da comunicação) social.

    AspectoPrático II

    Uma boa questão clínica deve ser FINER:

    Exequível (Feasible). É a regra número 1 para não se perdertempo. Ter pessoas experientes em investigação ajudará areconhecer os potenciais problemas na execução doestudo, e de desenhar estratégias que os evitem.No entanto, todas as decisões têm prós e contras, econsequências… E há poucas coisas piores de queconcluir-se que um estudo é inexequível com este adecorrer. Mesmo estudos aparentemente fáceis e óbviosbeneficiam de estudos piloto.

    Interessante. Porque é que você e a sua equipa irãodespender inúmeras horas neste projecto? O que vosmotiva? Porquê que alguém o aceitaria para umapublicação ou um congresso? Mesmo aceite, porquealguém o discutiria? Finalmente, porque alguém oreferenciará mais tarde? A resposta a estas questões temde estar clara e convincente na mente dos investigadores.

    Nova (Novel). Embora a replicação tenha o seu valor eimportância em ciência, nenhum estudo será conhecido porser o número 2. Um bom estudo acrescenta, ou reformula, oque já é conhecido.

    Ética. Outro sine qua non para uma boa investigação. Muitasvezes as questões éticas não são claras ou consensuais.Uma percepção do entendimento ético das instituições, dacomunidade e dos participantes é fundamental para que umestudo não seja comprometido ou desacreditado maistarde.

    Relevante. Considere os vários resultados possíveis de umestudo. O estudo será tanto mais relevante quando maisqualquer resultado possível avançar o conhecimentocientífico e a prática na área.

    COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

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    Princípio III A hipótese em investigação deriva da questão em estudo, edeve estar anunciada de forma clara. Esta hipótese, que deveser a consequência lógica da argumentação que consta naintrodução do projecto, é o factor primário na justificação dapopulação participante, critérios de selecção, processo deamostragem, variáveis colhidas, análise estatística, etc.Poderá testar-se a precisão e clareza de uma boa questão deinvestigação colocando-a a um grupo de pessoas everificando a convergência das interpretações e acorrespondência às ideias do investigador.Em investigação clínica e epidemiológica, a questão deinvestigação é uma incerteza sobre qualquer coisa napopulação, que o investigador se propõem a resolveratravés de medições nos participantes do seu estudo. É respondendo a estes itens que se define a questão deinvestigação.

    AspectoPrático III

    Assim:A questão de investigação é• uma incerteza sobre qualquer coisa

    O investigador define o que se sabe (state-of-art) sobreum tema, e o que não é ainda conhecido; justifica ointeresse e a novidade de propor um estudo que se dirijaa essa incerteza, com um modelo conceptual dofenómeno em estudo, com uma definição clara de comoessa incerteza deve ser testada em termos quantitativos,e antecipando a relevância dos resultados deste estudo.

    • na população

    Deve ser definido a quem se dirige este estudo, ou seja,para quem os resultados são extrapolados. Populaçãogeral, adulto, indivíduos com uma certa doença, com umadoença num determinado estadio, com certos factores derisco?

    • que o investigador se propõem a resolver

    De que forma? Descrevendo, comparando, verificando apossível associação, etc.

    • através de medições

    Prospectivas ou retrospectivas? Transversais oulongitudinais? Neste último caso, qual o intervalo de tempo? Que tipo de medições? Quais as variáveis /dimensões medidas e como (entrevistas, exames clínicos,

    COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

  • 23

    COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

    dimensões medidas e como (entrevistas, exames clínicos,exames complementares, etc.)? Qual a variáveldependente do estudo (ou resultado), e as principaisvariáveis independentes (ou factores)?

    • nos participantes do seu estudo.

    Quantos grupos? Obtidos como? Quais as suas principaiscaracterísticas?

    Consoante o tipo de estudo, a resposta a estes (e outros)itens poderá ser mais ou menos importante para definira questão em estudo, através da expressão da hipóteseou objectivo do projecto de investigação. Em geral, estespodem dividir-se entre hipóteses ou objectivos primários (que justificam o estudo por si só), e hipóteses e objectivossecundários (que completam ou enriquecem o estudo,mas não o justificam, ou decorrem do sucessodo objectivo primário).

    Exemplos Para se compreender o impacto de factores sócio-económicose culturais no controlo da hipertensão arterial, nós iremos acompanhar durante 18 meses dois coortes de500 doentes hipertensos imigrantes e não imigrantes, seleccionados aleatoriamente nos cuidados de saúdeprimários do Distrito de Lisboa, e comparar o grau de controlo da hipertensão arterial, aadesão terapêutica, os padrões de acesso aos cuidados desaúde, e descrever estratégias pessoais para o controlo dahipertensão arterial, ajustando para a idade e para o sexo.

    Princípio IV Em ciência, os estudos evoluem de forma iterativa. A respostaa uma questão de investigação gera outras questões deinvestigação. À medida que um protocolo de investigaçãoevolui, assim a nossa questão de investigação vaiajustando-se e amadurecendo.

  • 24

    COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

    AspectoPrático IV

    A questão de investigação deve estar definida logo noinício do processo de construção de um protocolo deinvestigação, e os critérios FINER verificados. Esta é aversão 1.0! Esta questão ajudará a manter o foco na pesquisabibliográfica, nas decisões sobre os métodos, e em todo oprocesso de discussão do protocolo. Inevitavelmente, aquestão de investigação irá ser aprimorada, ou mesmosubstituída, neste processo. Este processo é natural edesejável, desde que corresponda a um crescimento noentendimento sobre o que deve ser investigador, e a umamelhoria na qualidade da investigação.

    Existem muitas “personalidades” com sucesso no mundoda investigação. Mas há algumas características pessoaise actividades que ajudam:

    • Ser-se pró-activo: na perseguição de ideias “preliminares”,no contacto com colegas e investigadores, perguntas econtacto em congressos;

    • Ser-se céptico: relativamente ao que é assumido e afirmadosem justificação, praticado por tradição, feito poranalogia, etc…

    • Ser-se observador;

    • Ensinar, apresentar e discutir em público, falar sobre ideias,pertencer a grupos de interesse;

    • Ser-se criativo;

    • Persistência, tenacidade, ruminação;

    Boas ideias são ouro no mundo da investigação. Elas surgemquando menos se espera. Guarde todas as suas ideias,delírios e deambulações num caderno próprio, ou num ficheirode Word. Se surgiram enquanto ouvia uma palestra, ou lia umartigo, guarde essas referências também. Não tenha receio de trocar boas ideias com os outros,sobretudo se são ideias que dificilmente conseguirá promover.Reforçará a sua rede de colaborações no mundo dainvestigação, e verá as suas ideias “sair da gaveta” etornarem-se realidade.

  • 25

    COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

    Errosa evitar

    • Não observar os critérios FINER, e testá-los atravésda discussão com conhecedores da área, investigadoresexperientes, e uma revisão bibliográfica bem conduzida.

    Responda às questões colocadas por estes critérios porescrito (quais as ameaças à exequibilidade; o que torna estaquestão interessante para cada investigador, para oparticipante, para a sociedade; Antevêem-se problemas oureservas do ponto de vista ético?; etc).

    • Perder o foco da questão de investigação, e pretender responder “a tudo” num único estudo.

    Um estudo deve ter “massa crítica” suficiente para serinteressante e relevante, mas se muito pesado, além de setornar menos exequível, torna-se menos motivador, e a suamensagem torna-se menos clara.

    • Desistir facilmente / não estar pronto a mudar de ideias.

    • Não compreender que estes processos precisam detempo para amadurecer, mas que também precisamde pró-actividade, envolvimento de redes de colaboraçãoe de discussão.

    Checklist • Tenho a minha questão de investigação escrita?• Tenho os critérios FINER discutidos?• Fiz a revisão bibliografia, de material de congressos,

    etc., pensando e aperfeiçoando a minha questãode investigação?

    • Dei a minha questão de investigação e os critérios FINERa ler a outros investigadores e entendidos na área?

    InformaçõesBibliográficas

    Designing Clinical Research: An Epidemiologic Approach.Stephen B Hulley, Steven R Cummings, Warren S Browner,Deborah G Grady, Thomas B Newman. 2006. LippincottWilliams & Wilkins.

  • Como elaborar um protocolo/projectode investigação?

  • 27

    3 COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTODE INVESTIGAÇÃO?Maria da Conceição Estrelo Gomes de Sousa Maia

    IdeiasChave

    – O protocolo é um documento formal do plano da investigação,onde se especificam:

    • a ideia que se pretende verificar, • os métodos a utilizar, • o que se pretende obter dos resultados • o tempo, pessoal e custos que implicará.

    – Contém a estrutura básica do trabalho e servirá de guia deactuação.

    – É o formato adequado de apresentação do projecto àsentidades a quem se pretende que seja submetido, paraaprovação, divulgação ou até financiamento.

    “You say you got a real solutionWell you knowwe´d all love to see the plan”

    Lennon/McCartney (Revolution I)

    O planeamento é a parte mais importante de um trabalho, pelo que obriga em si mesmode dedicação, ponderação e morosidade, e ainda pelas implicações que tem no valore sucesso do trabalho a desenvolver.Um mau planeamento pode pôr em causa um trabalho que resulte de uma excelenteideia!

    • TítuloPrincípios

    A redacçãode umprotocolodeveráincluir:

    “Este tem finalidadedescritiva, pelo que deveser mais extenso epormenorizado do que otítulo sob o qual se virá apublicar o trabalho”

  • 28

    COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

    • Introdução

    (descrição concisa e completa)É o cartão de visita da equipade investigadores

    Deve justificar a escolha dotema

    • Objectivos

    Object.GeraisObject. Específicos

    (Com a formulação deobjectivos do estudo conclui--se a fase conceptual doprocesso de Investigação)

    • População ou Universo

    • Amostra

    (Quando os investigadoresnão têm tempo nem recursossuficientes para recolher eanalisar dados para cada umdos casos do Universo só épossível considerar uma partedos casos desse Universo)

    É parte mais substancial doprotocolo; deve realçar apertinência ou relevânciado tema, descrever oproblema e fundamentar otrabalho baseado narevisão bibliográfica

    Uma boa revisão daliteratura oferece a quemaprecia o protocolo, umagarantia de que osinvestigadores dominam aárea em que pretendemtrabalhar.

    Enunciados que indicamclaramente o que osinvestigadores têmintenção de fazer nodecurso do estudo;deverão ser pertinentes,precisos, realizáveis emensuráveis

    Conjunto total de “casos”sobre os quais se pretenderetirar conclusões.O objectivo da investigaçãodefine a natureza edimensão do universo.

    Na selecção da amostra háque ter em conta a suadimensão / tamanho e suarepresentatividade.

  • 29

    COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

    • Tipo de estudo

    • Variáveis

    São características dasunidades de observação//casos que constituem apopulação ou a amostra.

    • Metodologiade colheitae registo de informação

    • Análise

    O tipo de estudo a realizardecorre naturalmente dosobjectivos definidos para otrabalho. A descrição dosvários tipos de estudo seráabordada e desenvolvidaem capítulo próprio.

    Os investigadores devemlimitar-se a observar emedir as variáveis queestão directamenterelacionadas com osobjectivos e hipóteses dotrabalho.

    As variáveis escolhidas, aforma de as medir e a suaoperacionalização devemaqui ser descritas e de talforma que outrosinvestigadores as possammedir da mesma maneirapermitindo“a comparabilidade”.

    Seleccionado o suporte deregisto de informaçãodeverá ser feito um planopormenorizado:• forma como se vai realizar

    a colheita e registo deinformação

    • preparação cuidada dosobservadores

    • estandardização dosinstrumentos de medida edas condições deobservação.

    O tipo de análise erespectivos testes a utilizar

  • 30

    COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

    • Recursosnecessários

    • Orçamento

    • Investigadoresresponsáveis/Equipado projecto

    • Cronograma

    devem ser escolhidosantes de iniciar o estudo;devem ser adequados aosobjectivos a estudar.

    A descrição dos recursosnecessários, materiais ehumanos, é a base para aconstrução do orçamento.

    Indispensável para ocontrolo de execuçãofinanceira, deve serelaborado com cuidadopara dar credibilidade àequipa e confiança aosfinanciadores

    Indispensável para ocontrolo de execução deum projecto;

    Correlaciona duasvariáveis, o tempo e asactividades.

    Princípios O cronograma de GANTT é o mais representativo, maisutilizado e mais simples.É um gráfico de dupla entrada, onde as linhas sãoconstituídas pelas actividades e as colunas pelos períodos detempo considerados.Os traços horizontais representados no interior do gráficocorrespondem à duração das actividades indicando o início decada traço a altura em que a respectiva actividade deverácomeçar e o final do mesmo a altura em que deverá terminar.A cheio representam-se as actividades realizadas e porpreencher as actividades por realizar ou não realizadas.

    Nota: A rede de PERT (Programme Evaluation and Review Technique – Técnica de Avaliação

  • 31

    COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

    e Controlo de programas) é um outro tipo de programaçãomais complexo.

    Justifica-se num projecto cujo número de actividades éelevado e a realizar em simultâneo por diversos elementos,de modo a aumentar a eficiência. Permite representar todas asactividades e acontecimentos de um projecto, estabelecendoas diversas inter-relações envolvidas na sua execução. Incluios seguintes elementos: actividades (representadas porsetas), acontecimentos (representados por círculos), duraçãomédia de cada actividade, tempos mínimas e máximo para umacontecimento e o caminho crítico do projecto

    • Bibliografia

    • ApêndiceAnexos

    Deve constar toda a bibliografiaconsultada e referenciada naintrodução do protocolo

    Eventuais questionários utilizados,suportes de registo de informaçãoou modelo do consentimentoinformado

    AspectosPráticos

    Em diversos momentos da fase de planeamento dainvestigação há que pensar adiante, ou seja, colocarmo-nosum pouco á frente e perspectivar se o resultado que vamosobter corresponde ao esperado / desejado ou seconseguiremos responder à nossa pergunta de investigação.

    Errosa evitar

    • Iniciar a elaboração do protocolo antes de uma cuidada eexaustiva revisão bibliográfica

    • Recolher informação antes de elaborar o protocolo• Medir o maior número possível de variáveis em cada unidade

    de observação assumindo que o custo marginal de medir maisvariáveis é relativamente reduzido.

    • Desvalorizar/descurar qualquer uma das partes do protocolo

  • Que informações relevantes seleccionarda pesquisa bibliográfica?

  • 33

    4 QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONARDA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?Eugénia Enes SilvaPaulo Jorge Nicola

    IdeiasChave

    – A Pesquisa Bibliográfica é fundamental para o sucesso dainvestigação.

    – Deve ser planeada e organizada para num curto espaçode tempo se conseguir o máximo de informação pertinente,relevante e de qualidade, ao menor custo possível.

    • Verificar o que já éconhecido sobre o tema ainvestigar (estudosrealizados - o mais actual,de preferência)

    • Definir as questões emaberto e pontos emdiscussão

    • Identificar os paradigmas,tendências e implicações doconhecimento relacionadocom a questão deinvestigação

    • Verificar a pertinência daquestão de investigaçãoseleccionada

    • Seleccionar os estudos quepodem servir decomparação com ainvestigação a desenvolver

    • Identificar potenciaisfinanciadores

    Objectivos – Definição de conceitosteóricos;

    – Justificação daproblemáticaseleccionada

    – Selecção de estudospara apoio à introdução,argumentação ediscussão de resultadosda investigação adesenvolver

    – Apoio à metodologiaescolhida para ainvestigação (uso dedefinições validadas,estatísticas, forma deapresentação de dados,etc.)

    – Autorização ética(fundamentação deprecedente)

  • 34

    QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

    – Utilizar métodos e técnicasdiferentes;

    – Procurar obras com reflexãocrítica e síntese;

    – Seleccionar os mais actuaise que apresentamresultados comparativoscom outros estudos (análisesobre as relações entrefactos);

    – Elaborar fichasbibliográficas comPalavras-Chave, resumos,citações;

    – Eleger textos comabordagens diferentes dotema a investigar ereflectindo diversos pontosde vista;

    – Conhecer bem aspotencialidades dasBibliotecas

    Princípios � Rigor

    � Clareza

    � Abrangência

    � Rentabilidade

    � Qualidade

    � Definir o que procurar– (o que quero? Comoconseguir?):pedir apoio a especialistasna área, auscultar oscolegas, o orientador

    ComoIniciar apesquisa?

    1.Sugestões, questões amerecer investigação,interesses institucionais ede formação doinvestigador

    2.Apoio orientativo dasfontes a consultar

    3.Definir Palavras-Chave,sinónimos

  • 35

    OndeProcurar?

    FONTES PRIMÁRIAS– Documento original cujo conteúdo não foi sujeito a

    apreciação por outros autores

    EXEMPLOS: Doc. oficiais (OMS, Censos, ObservatórioNacional) teses, editoriais, monografias de reagrupamento deartigos de investigação

    FONTES SECUNDÁRIAS– Classificação e interpretação das fontes primárias

    EXEMPLOS: Catálogos, índices informatizados, bibliografiasanotadas

    FONTES TERCIÁRIAS– Obras especializadas que compilam de forma organizada e

    seleccionada informações de outras fontes

    EXEMPLOS: Dicionários (léxicos, glossários), enciclopédias

    QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

    Exemplo:

    Seleccionar Palavras-Chave

    Consultar Índices – encontraas fontes primárias e destasterá referências para outrasfontes secundárias e terciárias

    Comoescolher asfontesrelevantes?

    Bibliografias: visão deconjunto; listas depublicações sobre o tema,fornece informação variada:artigos, livros, resumos,editoriais, cartas ao editor,dissertação

    (Compilam dados essenciaise poupam tempo)

    Revistas, Editoriais, Org.Oficiais:

    Informação e reflexãoactuais, mais acessível e defácil consulta;Fornecem apoio pelascitações de outraspublicações;Através dos comentáriosbibliográficos sobre as obrasmais recentes poupa tempona selecção do que érelevante

  • 36

    AspectoPrático

    Considera-se que a pesquisa bibliográfica pode serinterrompida no momento em que se encontram referências jáabordadas e de forma repetida no material consultado – emprincípio, o tema foi bem abordado.

    AspectoPrático

    “ÍNDEX” – artigos por assunto ou autor, de revistas daespecialidade e outras publicações pertinentes

    “Abstracts” ou Resumos – úteis para determinar a pertinênciadas fontes

    “CD-Rom” – mais usado como suporte de informação parabase de dados e é correspondente aos índices impressos empapel

    LIVROS – verificar índice e sumários ou ler os primeiros eúltimos parágrafos do capítulo para identificar o conteúdo.

    Comoretirarpartido dapesquisa?

    O importante é compreender, integrar e retirar o essencialnum processo de pesquisa reflexiva.

    Princípios:

    �� Ler várias vezes

    � Verificar semelhanças e diferenças entre os estudos

    � Encontrar linhas de nova investigação

    � Elaborar grelhas de leitura, fichas bibliográficase de citações

    � Reagrupar a informação, sintetizar, resumir e concluir

    QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

    Conhecer os sistemas decatalogação sistemática einformatizada da biblioteca

    BibliotecasCientíficas

    Acesso facilitado em rede aoutras fontes (teses,periódicos, revistasmonografias, audiovisuais)

  • 37

    QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

    Internet A facilidade de acesso de informação pode conduzir a erros eperda de tempo.

    Fundamental separar o essencial, reconhecer as boas fontes,os bons autores.

    Manter sempre o pensamento reflexivo, crítico e selectivo.

    Solicitar a opinião de terceiros, peritos na área.

    As bases informáticas podem ser consultadas por:

    Autor, título, assunto, colecção, editor, etc.

    EXEMPLO:MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval Systemon Line) – base de dados sobre Ciências da Saúde. Aindexação é feita por meio “Thesaurus” (vocabulárionormalizado) = MESH (Medical Subject Headings).Compreende índices impressos em papel como INDEXMedicusAVLINE – ficheiro de audiovisuais

    � Grelha de leitura

    – Escrever ideias principaisdo texto; verificar a sualigação e os comentáriosdos autores – tópicos paraestruturar o texto dainvestigação a desenvolver

    AspectosPráticos

    � Fichas bibliográficas

    – Inclui dados sobreidentificação do estudo elocalização do texto;

    – Ideias mais relevantes,síntese do conteúdo;

    Transcrições formais comreferência em termos depágina de citação;

    Resumo do futuroinvestigador sobre o quemais ressaltou do texto.

    � Fichas de citações

    Resumos e sínteses(ideia global do trabalho)Métodos e forma de registo(João Frada, Novo GuiaPrático, Lisboa, 2005, passim)

  • 38

    QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

    Errosa evitar

    � O investigador não deve esquecer que as suas questões jápodem ter sido alvo de pesquisa

    � Convém partilhar as suas ideias com terceiros e não receara influência de outras formas de pensar

    � A pesquisa de bibliografia não deve ser uma mera lista depublicações consultadas

    � Antes de partir para o campo de pesquisa, seleccionarpalavras-chave e retirar do tema sinónimos pararentabilizar esta fase da investigação

    � Elabore resumos ou fichas de apoio dos textos consultadospara não correr o risco de duplicação, confusão eincorrectas citações ou referências bibliográficas

    www.nejm.org

    Uma gama ampla de áreas demedicina com trabalhos deelevado impacto, mas semincluir uma perspectiva emprofundidade de uma áreaespecífica

    Google Scholarwww.scholar.google.com

    Sibulhttp://194.117.1.194Catálogo de revistas de todasas bibliotecas da Universidadede Lisboa (outras aderentes)

    Free Medical Journalswww-freemedicaljournals.com1500 revistas de acesso livreagrupadas por especialidade

    CRISP DatabaseCrisp.cit.nih.govBase de dados dassubmissões a financiamentogovernamental no EUA (ex. ONIH)

    Motores dePesquisa

    Exemplos

    Pubmedwww.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrezMotor de busca da basebibliográfica Medline -gratuita, das mais completas

    Embasehttp://www.embase.comComplementa a Medlinecom mais artigos( europeuse asiáticos) – Não gratuita:paga-se por tempo edowloads. Existeminstituições que asubscrevem.

    ISI Web of Knowledgesub3-isiknowledge.comNecessita de subscrição.Indicação do factor deimpacto das revistas e daspublicações referenciadas ereferenciadoras de umartigo.Inclui resumos de muitoscongressos.

  • 39

    QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

    � As referências bibliográficas devem ser usadas comcuidado, para enriquecer a argumentação ou odesenvolvimento da investigação mas sem exageros –olhar crítico e científico

    SugestõesFinais

    Seleccione as fontes credíveis, manuseáveis e acessíveis,dentro da sua capacidade. A pesquisa deve ser abrangente ediversificada.

    Paciência, persistência e espírito organizado são qualidadesbásicas

  • Como definir os objectivos e as hipóteses de um estudo?

  • 41

    5 COMO DEFINIR OS OBJECTIVOSE AS HIPÓTESES DE UM ESTUDO?

    IdeiasChave

    • Os objectivos são a operacionalização da perguntade investigação

    • Existem dois grandes tipos de objectivos – descritivose analíticos

    • As hipóteses de investigação definem-se paraobjectivos analíticos claros, precisos e definidos

    Depois de uma fase inicial cria-tiva em torno de uma questãode investigação, o investigadordeverá reflectir e concretizaressa questão sob a forma deobjectivos deinvestigação para os quaispoderá encontrar uma respostaespecífica.Os objectivos de investigaçãosão a declaração daquilo que osautores pretendem descobrir/medir/comparar (etc.) com otrabalho.

    Princípios Os objectivos têm que serclaros, precisos e definidosna fase inicial do projectopois constituem o eixoa partir do qual sedesenvolve o desenhode estudo.

    • eixo do desenho de estudo• definição precisa sem ambi-

    guidades• susceptível de investigação

    específica• realista e operativo• principal pergunta que se deseja

    responder• último parágrafo da Introdução• verbo no infinitivo

    Objectivo Objectivo Descritivo

    Objectivo Analítico

    Clara Barros Fonseca

  • 42

    COMO DEFINIR OS OBJECTIVOS E AS HIPÓTESES DE UM ESTUDO?

    Ao contrário do objectivodescritivo, o objectivoanalítico traduz umahipótese de investigação queno final do estudo irá ser ounão rejeitada pelo investi-gador. Assim, se se pretendeefectuar um estudo analítico,devem ser formuladas as re-spectivas hipóteses de inves-tigação.As hipóteses podem ser formuladas de duas formas,sendo a forma maisconhecida a hipótese nula:

    Hipótesesdeinvesti-gação

    Exemplos

    Ho: A educação para asaúde em grupo nãoproduz resultados diferentes do que aeducação individual nocontrolo metabólico dosdoentes diabéticos tipo 2

    ObjectivoDescritivo

    Tem que incluir:Fenómeno a descrever (ex.: Prevalência, Incidência, sin-tomas)Problema (ex.: gripe)População

    – Determinar a Prevalência de Enurese Nocturnanas crianças do Porto.

    – Caracterizar os doentes hipertensos do Centro de Saúde deErmezinde quanto ao grau de risco cardiovascular com basena escala de risco da OMS.

    ObjectivosAnalíticos

    Tem que incluir:Variável independente ou exposição ou intervenção(ex.: tabagismo)Variável dependente ou resposta (ex.: cancro do pulmão)População

    Exemplos:– Verificar se a educação para a saúde em grupo produz

    melhores resultados do que a individual no controlometabólico de doentes diabéticos tipo 2 do Centro de Saúdeda Maia

    – Verificar se existe associação entre a idade e a Enurese Noc-turna nas crianças do Porto

  • 43

    AspectosPráticos

    • Usar um verbo no infinitivo como primeira palavra do objectivo.

    • Usar itens para separar diferentes objectivos em vez de osenunciar em conjunto numa mesma frase.

    • Formular sempre as hipóteses de investigação num estudoanalítico como exercício mental para a preparação da fasede análise de dados.

    • A hipótese nula é mais simples de interpretar do que aalternativa

    Errosa evitar

    • Formular objectivos incompreensíveis

    • Confundir objectivo com finalidade

    • Referir o objectivo a uma amostra e não a uma população

    COMO DEFINIR OS OBJECTIVOS E AS HIPÓTESES DE UM ESTUDO?

    Hipótese nula (H0)– afirma independência entre

    variáveis

    Hipótese alternativa (H1)– afirma não independência

    entre variáveis

    H1: A educação para asaúde em grupo produzresultados diferentes daeducação individual nocontrolo metabólico dosdoentes diabéticos tipo 2

  • Qual o tipo de estudo a escolher?

  • 45

    6 QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

    IdeiasChave

    – A escolha do TIPO DE ESTUDO é essencial ao investigadore é um dos primeiros passos a ter em conta ao longo de umtrabalho de investigação;

    – Os estudos de investigação em ciências da saúde podemdividir-se, grosso modo, em OBSERVACIONAIS eEXPERIMENTAIS;

    – O tipo de estudo a utilizar depende do OBJECTIVO ouPERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO e condiciona a estratégiade análise dos resultados.

    Princípios Estes estudos são de grandeutilidade para determinar oestado de saúde de umacomunidade ou estudar anossa lista de utentes, porexemplo.

    Os estudos observacionaispodem, por sua vez, serdescritivos ou analíticos.

    Os estudos DESCRITIVOStêm como finalidadedescrever as característicasdos indivíduos estudados,estimar a frequência dedeterminado problema desaúde, avaliar a eficácia deum tratamento ou afiabilidade de uminstrumento de medida.

    Maria José RibasJohn Yaphe

    Nos estudosOBSERVACIONAIS, limitamo--nos a observar, medir eanalisar determinadasvariáveis. Não temos qualquerintervenção ou controle nofactor de estudo.

    Exemplo de estudosobservacionais descritivos: osquestionários ou inquéritos

    Estudos observacionais

    Descritivos Analíticos

    Questionário

    Retrospectivos Prospectivos

    Coorte Caso--controle

    � �

    � � �

    � �

  • 46

    QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

    – Os estudos analíticosincluem os estudos de coorte ede caso-controle.

    Nos estudos de coorte, osindivíduos classificam-se emfunção de estarem ou nãoexpostos ao factor de estudo esão seguidos durante umdeterminado período de tempopara observar a frequênciacom que aparece o efeito daintervenção.

    Podem ser retrospectivos ouprospectivos, dependendo darelação entre o início doestudo e a exposição à doençaou factor de estudo.

    Nos estudos de caso--controle, elege-se um grupode pessoas que já têm, porexemplo, uma doença (casos)e um grupo que não tem, quese utiliza como controle.

    Os estudos descritivos nãoinvestigam relações decausa-efeito.• Os mais conhecidos e

    utilizados são osestudos transversais,também denominados deprevalência.

    Os estudos ANALÍTICOSavaliam a relação entreuma causa ou factor deestudo (por exemplo, umfactor de risco) e um efeitoou variável de resposta(por exemplo, a frequênciacom que aparece umadoença).

    Exemplo:Suponha que desejaestudar a eficácia de umnovo analgésico notratamento da dor lombar.

    O factor de estudo é oanalgésico administradoem determinada dose e oalívio da dor é o efeito quese estuda.

    Nos estudosEXPERIMENTAIS, oinvestigador controla aintervenção em estudo.

    Este tipo de estudos é utilizadopara avaliar a eficácia dedeterminada intervençãoterapêutica ou actividadepreventiva, por exemplo.

    O exemplo maisparadigmático deste tipo deestudos é o ensaio clínicoaleatório (ECA).

  • 47

    QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

    Os ensaios clínicos podem serNão Controlados ouControlados. Estes últimospodem ser Aleatórios ou NãoAleatórios.

    Como decidir qual o estudo aescolher?

    A decisão sobre o estudo aescolher pode basear-se noscritérios FINER:

    feasible (factível), interesting (interessante), new (novo), ethical (ético) ,relevant (relevante).

    Se preferimos um estudoobservacional, devemos saberdefinir muito bem a populaçãocom que vamos comparar anossa amostra, definir esta deforma adequada e escolhercuidadosamente as variáveis aestudar antes de começar oestudo.

    Se queremos fazer um estudoexperimental, devemos saberque, além do factor ouintervenção em estudo,devemos poder identificar osgrupos que se comparam deforma aleatória.

    AspectosPráticos

    Exemplo:

    – Pode não ser ético realizarum ensaio clínico aleatóriosobre uma intervençãoterapêutica perigosa, peloque devemos escolher umestudo observacional

    – Podemos querer estudar osefeitos de um novotratamento, mas se nãotemos os meios financeirosou humanos, teremos deescolher um estudodescritivo.

    Exemplo:

    Um estudo tem como finalidadecomparar a eficácia de doistratamentos tópicos do acne.Os 300 doentes a quem foidiagnosticado acne no nossoCentro de Saúde, foramdivididos aleatoriamente emdois grupos: a um foi-lheadministrado o tratamento A eao outro o tratamento B.Os indivíduos foram seguidosaté à resolução dos sintomas,determinando qual apercentagem de cura com cadaum dos tratamentos ao fim de 4semanas e em qual dos gruposos sintomas desaparecerammais rapidamente.

  • 48

    • Decidir qual o tipo de estudo a fazer antes de ter uma boapergunta de investigação;

    • Iniciar a investigação sem antes estabelecer um protocolode actuação;

    • Seleccionar um tipo de estudo inadequado à pergunta quedesejamos responder.

    QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

    Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de estudo

    Vantagens Desvantagens

    Maior controlo do factor de estudo

    Menor possibilidade de vieses

    Reprodutíveis e comparáveis

    Caros

    Limitações éticas

    Dificuldades de generalização

    Ensaios clínicos

    Estimam incidências Caros e de difícil execução

    Pouco úteis em doenças raras

    Requerem amostras grandes

    Risco de perda de casos no seguimento

    Estudos de coortes

    Mais baratos

    De curta duração

    Permitem analisar vários factores derisco para uma mesma doença

    Não estimam directamente a incidência

    A sequência temporal entre exposição edoença nem sempre é fácil deestabelecer.

    Estudos de caso-controle

    Fáceis de executar

    Relativamente baratos

    Permitem estudar diferentes variáveisao mesmo tempo

    Não são úteis em doenças raras ou decurta duração.

    Estudos descritivos

    Erros aevitar

  • 49

    QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

    Bibliografia 1. Electronic Textbook Stat Soft.http://www.statsoft.com/textbook/stathome.html

    2. Armitage P, Berry G, Matthews JNS. Statistical Methods inMedical Research.4ª edición. Oxford: Blackwell Science, 2002.

    3. Pita Fernández, S. Epidemiología.Conceptos básicos. En: Tratado de Epidemiología Clínica.Madrid; DuPont Pharma, S.A.; Unidad de epidemiologíaClínica, Departamento de Medicina y Psiquiatría. Universidadde Alicante: 2001. p. 25-47.

    4. Fisterra.com. Atención Primaria en la Red.http://www.fisterra.com/mbe/investiga/index.asp

    5. Stephen B. Hulley, Steven R. Cummings, Warren S.Browner, Deborah G. Grady, Thomas B. Newman. DesigningClinical Research: An Epidemiologic Approach. Published byLippincott Williams & Wilkins, Philadelphia, 2006. p. 20.

  • Como definir uma população de estudoe como seleccionar uma amostra?

  • 51

    7 COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDOE COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

    IdeiasChave

    • População é o grupo de elementos a quem se aplicam osresultados do estudo

    • Os elementos da População têm que ter alguma probabilidadede ser seleccionados para o estudo

    • Se todos os elementos da população tiverem a mesmaprobabilidade de ser seleccionados dizemos que a amostraé aleatória

    • Se os elementos da população tiverem diferente probabilidadede ser seleccionados dizemos que a amostra é não aleatória

    Clara Barros Fonseca

    População – Grupo de indivíduos sobreos quais incide a perguntade investigação

    – Grupo a quem se aplicam osresultados do estudo

    – Todos têm que terprobabilidade de serseleccionados

    – Define-se por critérios deinclusão e de exclusão

    Exemplo:

    A população do estudocorresponde às mulherescom idade igual ou superiora 40 anos, inscritas e commédico de família no C.S. daSenhora da Hora em 2003(critérios de inclusão)

    Serão excluídas asanalfabetas, acamadas,internadas ou a viver eminstituições (critérios deexclusão)

  • 52

    COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDO E COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

    Consiste num subconjunto doselementos da população

    Os resultados obtidos naamostra permitem estimar osverdadeiros resultados dapopulação de onde foi retirada,caso a amostra sejarepresentativa

    Amostra Podemos classificar asamostras em dois grandesgrupos:

    • aleatórias• não aleatórias

    Este tipo de amostragem naverdade só acontece quandose utiliza a técnica aleatóriasimples com reposição

    Quando não se utiliza areposição, a probabilidade deser seleccionado só é igualpara o primeiro a serescolhido

    ex: a chave do totoloto não éuma amostra aleatória purapois a probabilidade de sair édiferente à medida que vãosaindo bolas: 1/49; 1/48; 1/47;1/46; 1/45; 1/44

    As duas técnicas maisutilizadas de amostragemaleatória são a simplese a sistemática

    Princípios Do ponto de vista teórico éimportante conhecer esteaspecto da amostragem,pois os testes deestatística inferencialforam desenvolvidos paraamostras aleatórias comreposição.Na prática, o investigadordeve fazer um esforço pormanter as probabilidadespróximas entre si, nãosendo frequente nosestudos com humanosutilizar-se a técnica dareposição.

    Amostra Aleatória

    Consideramos que uma amostra é aleatória quando todos os elementos dapopulação têm a mesma probabilidade de serem escolhidos para a amostra

  • 53

    COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDO E COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

    Consiste em obter através deprogramas informáticos ou porconsulta de tabelas denúmeros aleatórios umalistagem de indivíduos aseleccionar do total dapopulação.

    Amostragemaleatóriasimples

    Exemplo:www.random.org

    O investigador tem a listagemda população e decideseleccionar um indivíduo de xem x números(ex.: seleccionar 1 de 10 em10).O valor de x será determinadopor: número total de indivíduosda população/número total daamostra(ex. se quero seleccionar 200de uma população de 3000,devo retirar um indivíduo de 15em 15, porque 3000/200=15)

    Amostragemaleatóriasistemática

    Neste tipo de amostragemo primeiro número a serretirado deve ser obtido deforma aleatória simples (noexemplo anteriorselecciono um númeroaleatório de 1 a 15).

    Amostra Não Aleatória

    Neste caso as probabilidades dos elementos da população serem seleccionados sãocompletamente diferentes e definidas por critérios do investigador, habitualmente por

    motivos de ordem prática e de acessibilidade aos dados.

    A amostragem não aleatóriacompromete a inferênciaestatística dos resultadospara a população devido aoforte viés de selecçãointroduzido.

    Princípios Tipos de amostragensnão aleatórias

    • Amostragemde conveniência

    • Amostragem acidental• Amostragem ocasional• Amostragem

    por voluntários• Amostragem consecutiva• Amostragem de típicos

  • 54

    COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDO E COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

    AspectosPráticos

    • Começar por definir bem a população a que se tem acesso epara a qual queremos obter resultados

    • Optar por usar amostras aleatórias sempre que possível poissão as menos enviezadas

    Erros aevitar

    • Confundir população de estudo com a população geral• Incluir na população indivíduos sem qualquer hipótese de

    serem seleccionados• Classificar mal a técnica de amostragem

  • Como definir e caracterizar as variáveis?

  • 55

    8 COMO DEFINIR E CARACTERIZARAS VARIÁVEIS?

    IdeiasChave

    • Um estudo de investigação tenta obter uma resposta válidae fiável a uma pergunta.

    • Mesmo um estudo bem desenhado e bem analisado poderáfracassar se a informação que obtém for inexacta ou poucofiável.

    • É muito importante definir bem o que se vai medir, como sevai medir e através de que métodos se vão colher os dados.

    • A definição das variáveis e a forma de as objectivar torna-serelevante num estudo.

    Raquel Braga

    Princípios Muitos problemas que seinvestigam na área da Saúdesão difíceis de medir, porconterem em si algumasubjectividade.

    Nestes casos, em que nãoexiste uma mediçãouniversalmente aceite, há quetentar objectivar eoperacionalizar o conceito quequeremos medir, de forma aaumentar a fiabilidade(precisão; repetibilidade) e avalidade (eliminar o errosistemático) dos nossosresultados.

    Exemplo:

    intensidade da dor,qualidade de vida,gravidade da doença

  • 56

    Quevariáveisescolher

    • Que permitam avaliar a aplicabilidade de um protocolo(critérios de selecção)

    • Que permitam medir os factores em estudo e as variáveis deresposta

    • Que possam actuar como possíveis factores deconfundimento

    • Que possam actuar como modificadoras do efeito

    • Que possam actuar como passos intermédios da cadeiacausal

    Conceito semântico:O que é?

    – Nome ou descrição doconceitoque queremos medir

    Definição Operacional:Formato atribuído à variável nocontexto do estudo:

    – O que se vai medir

    Definiçãode Variável

    Ex: Obesidade; tabagismo

    Ex: Peso ou IMC paramedir obesidade; n.º decigarros ou UMA

    Na definição de uma variáveldevemos sempre evitar aambiguidade entre o quemedimos e o quepretendemos medir

    Na escolha das variáveisdevemos preferir aquelas quefacilitem a comparação dosnossos resultados com os deoutros trabalhos.

    Aspectospráticos

    • Rendimento(familiar/pessoal ou bom/mau ou valor x)

    • Profissão(grau académico//habilitação/cargo)

    • Data de inícioda doença(início dos sintomas ouinício do diagnóstico)

    • É convenienteadoptarmos definiçõesstandard, sempre quepossível

    COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

  • 57

    COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

    Classificaçãodas Variáveis

    Variáveis Independentes:

    – Variável à qual atribuímos oefeito causa (Fumar)

    • Fumar é factor de riscopara ter Cancro do pulmão

    Variáveis Dependentes:– Variável à qual atribuímos o

    efeito consequência(cancro do pulmão)

    Variáveis de Confundimento:– Variável eventualmente

    responsávelpor parte do efeito verificado(café; género masculino)

    Variáveis QualitativasDuas ou mais categoriasmutuamente exclusivas

    • Nominais:– Não se encontram

    em ordem natural

    • Ordinais: – Existe uma ordem

    hierárquica

    Exemplo:

    Num determinado estudo deinvestigação provou-se aexistência de uma relaçãode risco entre ter Cancro doPulmão e o géneromasculino, a ingestão decafé e o fumo de tabaco.

    Tomar café será de facto umfactor de risco para Cancrodo Pulmão?

    Possivelmente quem maistoma café é simultanea-mente quem mais fuma, eesta última é que é averdadeira variávelindependente, sendo o caféa variável de confundimento.

    O mesmo se passa com ogénero masculino: Sendo os homens(variável de confundimento)os que mais fumam (variávelindependente), são os quemais têm cancro de pulmão(variável dependente).

    Ex:Sexo: Feminino/MasculinoCefaleia: Sim/NãoVia de administraçãode fármaco: VO/IV/IM/..

    Ex: Classe social de Graffar: I, II,III, IVCefaleia: Não/Ligeira/Moderada/Grave

  • 58

    COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

    Variáveis Quantitativas

    • Discretas (númerosinteiros)

    • Contínuas

    Ex: Nº de filhos; Nº deinternamentos hospitalares

    Ex: peso; temperatura; glicemiabasal;consumo de álcool; TA

    Outrasclassificaçõesparaas variáveis

    • Variáveis Compostas– Formadas por mais que uma

    variável simples

    • Variáveis Universais– De tal modo frequentes que

    a sua inclusão num estudoé quase sistemática

    Ex: IMC(Peso; estatura)

    Ex: Sexo; idade

    Erro aevitar

    – Categorizar as variáveis durante a fase de colheita dedados.

    – Sempre que possível, devemos evitar categorizar asvariáveis, durante a fase da colheita de dados.

    • Devemos, sempre que possível, utilizar variáveis quantitativas, porque estas contêm mais informaçãoe permitem a utilização de provas estatísticasmais potentes.

    – Se colhermos as variáveis por categorias, durante otratamento dos resultados será impossível utilizar os dadosna sua forma quantitativa, o que pode ser bastante limitativo.

    Comoelaboraruma boaescalade medida

    – De acordo com os objectivos do estudo e definiçãoda variável

    – Viável, de acordo com os métodos de colheita da informação– Categorias claramente definidas– N.º suficiente de categorias, mas não elevado– Exaustiva– Categorias mutuamente exclusivas

  • 59

    COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

    Erros aevitar

    (condicionamdiminuiçãoda fiabilidadee a validadedo estudo)

    • Não seleccionar medidas o mais objectivas possível

    • Não utilizar variáveis universalmente aceites (standartizadas)

    • Não formar os observadores (variaçõesinter-observador)

    • Não dar instruções claras acerca da forma de obtenção/medição dos dados

    • Não utilizar a melhor técnica de medição possível

    • Não utilizar instrumentos de medição automáticos

    • Não utilizar instrumentos de medição uniformes

    • Não calibrar os instrumentos de medição

    • Não definir/operacionalizar devidamente as variáveis

  • Quais os métodos e processosde recolha de dados?

  • 61

    9 QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOSDE RECOLHA DE DADOS?

    PontodeReflexão

    Todo o processo de recolha de dados é, em última análise,“validado” pelo resultado final. Isto é, em que medida contribuiu para dar respostas possíveis eadequadas às perguntas inicialmente formuladas?

    IdeiasChave

    • Que dados necessitamos recolher, tendo em conta asvariáveis em estudo, para responder à(s) pergunta(s) deinvestigação formulada(s)?

    • Que tipo de dados recolher? Primários? Secundários?

    • Que processo de colheita de dados adoptar?

    • Que instrumento(s) de recolha de dados utilizar?

    • Como garantir a qualidade e fiabilidade dos dados recolhidos?

    • Como garantir a melhor eficiência (económica e técnica)possível na recolha de dados?

    A ciência humana assenta em três actos essenciais: contar, medir e comparar.Qualquer destes actos pressupõe a recolha ou colheita de dados elementares, relativosa entidades com características variáveis que, ao serem tratados, analisados einterpretados conduzem à produção de informação. Essa informação pretenderesponder a perguntas que são o ponto de partida de um projecto de investigação.

    • A colheita de dados é,frequentemente, acomponente maisdispendiosa (em tempo,esforço e dinheiro) de umprojecto de investigação.

    Princípios Deve ser preparada commuito cuidado

    Deve ser reduzida à formamais simples, precisa,sistematizada e económicaque for possível.

    Vítor Ramos

  • 62

    Métodosde Recolhade Dados

    – Os métodos de recolha de dados podem variar conformese trate de um estudo de tipo quantitativo ou de tipoqualitativo.

    O essencial é que as decisões sobre os processos einstrumentos de colheita de dados estejam em consonânciacom os objectivos do estudo e com a natureza ecaracterísticas das variáveis seleccionadas.

    O passo designado por “operacionalização das variáveis”antecede, determina e é crucial para as decisões sobre osdados a recolher e como os recolher.

    ColheitaDadosPrimários

    A colheita de dados primários pode fazer-se recorrendo a váriosmétodos como, por exemplo:

    • Observação e descrição de fenómenos (pode combinarmétodos qualitativos, como a narrativa, com métodosquantitativos)

    • Registo fotográfico (quer descritivo, quer comparativo,documentando por exemplo situações antes e depoisde uma intervenção)

    • Medição de parâmetros “objectivos”, recorrendo,por exemplo, a instrumentos físicos de medida (balanças,craveiras, etc.)

    • O seu planeamento eexecução merecem a maioratenção por parte doinvestigador e da sua equipapara garantir o seu sucesso ereduzir custos e desperdíciode tempo e de recursos.

    Convém, ainda, prever-see evitar-se eventuaisdúvidas, fontes deconfusão, extravios, etc.

    DADOS PRIMÁRIOS

    Recolhidos pelo investigadorjunto de cada unidade deobservação (peso, valores detensão arterial, perímetroabdominal, etc.)

    Tipode Dados

    DADOS SECUNDÁRIOS

    Foram previamenterecolhidos por outrem e jáestão disponíveis emfichas, ficheiros, bases dedados, publicaçõesestatísticas, etc.

    QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

  • 63

    QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

    Questionários Instrumentos de recolha dedados largamente utilizados.Porém, é indispensável ter emconta um conjunto de regras ede cuidados na elaboração(ou na escolha) e na aplicaçãode questionários.

    Os questionários são, pordefinição, listas de perguntas.Cada pergunta deve respeitara alguma das variáveispreviamente definidas.

    Não se deve nunca ceder àtentação de, “já agora”,incluir no questionário maisisto e aquilo, por parecerimportante ou interessante.

    • É um processorelativamente complexoe existe vasta bibliografiasobre como construir evalidar questionários.

    • Pedir a colaboração dealgum perito ouinvestigador,habitualmente da áreadas ciências sociais ehumanas, comexperiência naconstrução e navalidação dequestionários.

    • Medição de parâmetros “subjectivos”, usando, por exemplo:escalas visuais analógicas (EVA) de dor, de auto percepçãode estado de saúde (COOP/WONCA Charts), entre outras

    • Entrevista (aberta, semi-estruturadas, estruturadas, etc.)

    • Questionários, que podem ser administrados por uminquiridor, por contacto pessoal directo, por via telefónica, ourespondidos por auto-preenchimento, com ou sem ajudapresencial de um colaborador, ou por correio.

    O processo de colheita de dados a adoptar deve ter em conta:o tipo de estudo, o seu desenho, as variáveis escolhidas, aoperacionalização dessas variáveis e o tipo de dados arecolher.

    Todos os processos e instrumentos de colheita de dados primários têmindicações, vantagens, inconvenientes e percalços a evitar. Não cabe neste brevetexto enunciá-los e descrevê-los a todos. Por isso, os investigadores devemestudar com suficiente profundidade o que existe disponível na bibliografia sobreos métodos e instrumentos de recolha de dados que escolheram para o seuestudo.

  • 64

    QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

    Princípios • Cada pergunta de umquestionário é um“diamante” para sercuidadosamente lapidado

    • O design gráfico doquestionário é de enormeutilidade.

    Ele pode facilitar ou dificultar,quer as respostas quer,posteriormente, o processo detratamento dos dados.

    Pode ser útil prever na própriaficha do questionário umacoluna (geralmente namargem direita) para usoexclusivo dos investigadoresonde se procede à codificaçãodos valores da resposta dadaa cada pergunta.

    • “…e esse questionárioestá validado?” tornou-se um lugar comum e, porvezes, quem perguntanão sabe o que está aperguntar.

    Existem muitos tipos dequestionários e a questão davalidação é, ao mesmo tempo,mais complexa e mais simplesdo que por vezes se supõe. O conceito de validação podeaplicar-se apenas a alguma(s)pergunta(s), ou a um sectordo questionário.

    Por validade entende-se,sucintamente, que

    o que se está a “medir” éefectivamente

    o que se quer “medir”

    Perguntas podem serabertas ou fechadas.

    As perguntas abertaspropiciam respostas maisdifíceis de tratar e deanalisar. Por isso, devemser simples, claras edirectas, emborapossibilitem resposta livrepor parte do inquirido.

    As perguntas fechadasdevem esgotar todas aspossibilidades de respostae devem admitir ashipóteses “não sei”, “nãorespondo”, e,eventualmente, “nãoaplicável”. Quando não forpossível esgotar aspossibilidades de respostadeve sempre incluir-se aalínea “outro” e deixarespaço para escrita.

    Nas perguntas fechadaspodem utilizar-se escalasdo tipo Likert. RensisLikert (1903-1981),desenvolveu investigaçãoe teorias sobre motivação,liderança e teoriaorganizacional.

    O seu método de criargraus de resposta (em vezdo simples “sim” ou “não”)veio enriquecer aspossibilidades de análisede fenómenos subtis ecomplexos como são osdos sistemas humanos esociais.

  • 65

    QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

    Esta garantia pode exigir umainvestigação específica commetodologia complexa como,por exemplo: questionáriosque “medem” e atribuem“scores” quantitativos afenómenos biológicos,fisiopatológicos, psicossociais,etc.

    Nas perguntas simples óbviase lógicas e para perguntasindependentes entre si arespectiva “validação” podeconsistir simplesmente emconfirmar que a pergunta éclara e precisa, que obtém ainformação que se procurasaber e que, quem vairesponder, compreendeclaramente o que éperguntado.

    • É muito útil, até pelapossibilidade de compararresultados, usarquestionários játrabalhados e validadospor outros autores

    Estão, neste caso, os“índices” de dependência,de qualidade de vida, deestado de saúde, defuncionalidade, bem comoos questionários usadospara decisão diagnóstica,entre outros.

    Tem de ser óbvio que oque é perguntadocorresponde àoperacionalizaçãoadequada da variável emestudo. Para isso, deve seranalisado, criticado etestado previamente porperitos e potenciaisrespondentes.Designa-se a esteprocesso “pré-teste”,embora pareça maiscorrecto dizer-se “testeprévio”. Habitualmente oteste prévio, se for bemconduzido, leva a grandesalterações eaperfeiçoamentos noquestionário inicial.

    Exemplos:questionários de satisfaçãode utentes, de satisfaçãode profissionais, de auto--percepção de estado desaúde, de qualidade devida relacionada com asaúde, etc.

  • 66

    QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

    Colheitade DadosSecundários

    A colheita de dadossecundários é feita a partir defichas previamente existentesem ficheiros, dossierselectrónicos e bases dedados, em publicaçõesestatísticas disponibilizadaspor entidades oficiaisinternacionais, nacionais,regionais ou locais.

    Exemplos destas entidadesa OCDE, a OMS, o INE, aDGS, as ARS, entre outras.

    • Em qualquer caso, oinvestigador deveaveriguar o grau defiabilidade que podeesperar desses dadose entrar com esseparâmetro em linha deconta nas análises quefizer e, sobretudo, nainterpretação ediscussão dosresultados que obtiver.

    Errosa evitar

    – Iniciar a recolha de dados sem ter planeado epreparado cuidadosamente todo o processo.

    – Recolher dados desconectados das variáveis emestudo

    – Trabalhar com dados e variáveis sem relação com osobjectivos e as hipóteses definidos

    – Usar instrumentos de medida e de recolha de dadosque não tenham sido cuidadosamente preparados ecalibrados

    – Usar questionários, escalas de “medição” e testes dedecisão diagnóstica que não tenham sidoadequadamente validados

    – Usar traduções de questionários sem que tenha sidovalidada essa tradução (habitualmente por traduçãocruzada) e adaptação cultural, apesar de os originaisterem sido validados para outras línguas e culturas

    – Usar questionários que não tenham sido sujeitos a umteste prévio junto de peritos e de potenciaisrespondentes

    – Os colaboradores não estarem instruídos eadequadamente treinados quanto à harmonização aseguir na recolha de dados

    Para não ficar paralisado face a tantos cuidados, é útil que oinvestigador procure manter o processo de recolha de dados:

  • 67

    – o mais limitado possível;

    – o mais simples possível;

    – o mais claro possível;

    – o mais preciso possível

    – o mais económico possível.

    CHECKLIST

    � Todo o processo de recolha de dados foi meticulosamente preparadopara evitar desperdício de tempo e de outros recursos?

    � Os dados a recolher são os adequados, tendo em conta as variáveis emestudo?

    � Existe alinhamento adequado entre os dados a recolher e o plano parao seu tratamento e análise?

    � Os métodos e processos de recolha são os adequados tendo em contao tipo de estudo, os objectivos e as hipóteses definidas?

    � Os instrumentos de recolha de dados são válidos e precisos emrelação ao que procuram medir?

    � Qual o grau de confiança que podemos ter quanto à fiabilidade dosdados recolhidos?

    � Os colaboradores na recolha de dados estão ou vão estardevidamente instruídos e treinados?

    QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

  • Qual a importância do estudo piloto?

  • 69

    10 QUAL A IMPORTÂNCIADO ESTUDO PILOTO?IdeiasChave

    A aplicação de um estudo piloto é um meio muito útilde elaborar ou testar o protocolo de investigação.

    Objectivos • A programação e efectivação de um estudo piloto, muitas vezesconsiderado uma mini versão do estudo completo, servepara:

    1. ajudar a elaborar um protocolo de investigação2. antever o resultado de um protocolo já elaborado, mas

    ainda não utilizado.3. para testar um instrumento particular de avaliação

    nomeadamente uma entrevista ou um questionário.Neste sentido, serve para avaliar a sua adequação paraa finalidade que se deseja bem como para testara validade e consistência destes instrumentos.

    Carlos Canhota

    Importância

    EstudoPiloto

    – Permite avaliaros vários aspectosmetodológicos e fasesde execuçãodo protocolode investigação

    – Pode ser uminstrumento valioso, quenos poderá, na devidaaltura, poupar tempo,evitar frustrações,embaraços e tambémdinheiro mal gasto(protocolo inadequado,resultado insatisfatório).

    O estudo piloto deve contera metodologia que sepretende utilizar no projectofinal de investigação e realizartodos os procedimentosprevistos no estudo de modoa possibilitar, ainda na fase queantecede a investigaçãopropriamente dita, quandoainda é possívelalterar e melhorar o protocolo,responder às inúmeras questõesque nos são muito úteis comoorientação aquando do desenhofinal do protocolo.

  • 70

    Questões pertinentes e orientações que um estudo piloto pode dar

    QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PILOTO?

    Princípios • Em regra, paraa realização do estudopiloto, o tamanho daamostra não necessitade ser superior a 10%do tamanho da amostrapretendida.

    • O estudo piloto permiteresponder às perguntasque desejamos paraa construção finaldo protocolode investigação.

    Para testar um questionário,10 a 20 pessoas serãosuficientes para obtermosconclusões, desdeque as característicasdefinidas para esta amostrasejam as incluídas nos critériosde selecção da amostrado protocolo final.

    • O tempo de implementação proposto é realista? (cronograma do projecto)

    • O plano de trabalho decorre de maneira escorreita?

    • A amostra em estudo é adequada? (qualidade da amostra)

    • A metodologia de obtenção da amostra é correcta, de acesso possívele fácil? (obtenção da amostra)

    • Existe alguma dificuldade com os instrumentos de colheita de dados utilizados,incluindo a aplicação de questionários e entrevistas?

    � É entendível por todos e por todos da mesma maneira?

    � O questionário mede de facto o que se deseja?

    � Nas perguntas fechadas, existe lugar para todas as respostas?

    � Existem perguntas frequentemente ou sistematicamente não respondidasou consistentemente mal respondidas?

    � Que comentários quer fazer?

    • O treino (do investigador) para a colheita de dados é adequado? (recursoshumanos adequados)

    • Existe alternativa mais adequada para a escolha/recrutamento da amostraou na colheita de dados?

  • 71

    QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PILOTO?

    • A taxa das respostas é adequada?

    • A amostra sele