ISSN 0873-3295 Boletim de Pastoral Litúrgica · Consagração dos Acólitos a Nossa Senhora ......

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Publicação trimestral – Ano XXVI – Nº 102 – Abril / Junho 2001 – Preço 400$00 Boletim de Pastoral Litúrgica ISSN 0873-3295 102

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BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICAPropriedade do Secretariado Nacional de Liturgia

Director: Pedro Lourenço FerreiraRedacção e Administração: Secretariado Nacional de LiturgiaSantuário de Fátima – Apartado 31 — 2496-908 FÁTIMATel. 249 533 327 – Fax 249 533 343 – E-mail: [email protected]

Publicação registada na SGMJ nº 118776ISSN 0873-3295

Assinatura anual: Portugal: 1.600$00 (IVA incl.) — Outros países: 2.500$00

G.C. – GRÁFICA DE COIMBRA

Depósito Legal Nº. 88 990/95

Pastoral litúrgica, Pedro Lourenço Ferreira........................................................... 33

A alma sedenta do Senhor, João Paulo II ............................................................... 35

Toda a criatura louve o Senhor, João Paulo II ....................................................... 37

Os ritos iniciais da Missa, José Ferreira ................................................................ 39

Os calendários juliano e gregoriano, Christian Forster ........................................ 43

Curso para Acólitos – 2. O que é uma igreja, José de Leão Cordeiro.................. 47

Consagração dos Acólitos a Nossa Senhora ........................................................... 50

Peregrinação Nacional dos Acólitos a Fátima ........................................................ 51

Caminho das Igreja Brancas, José António Falcão ................................................ 57

Escola das Artes ........................................................................................................ 60

Coro de Santa Maria de Belém, SNMS.................................................................... 61

Diocese de Coimbra – 10º Aniversário da Escola Diocesana de Música ............. 62

XXVII Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica ................................................... 63

Livros litúrgicos ........................................................................................................ 64

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PASTORAL LITÚRGICAO sentido do mistério na cultura do vazio

EDITORIAL

«Cristo é a luz dos povos» (LG 1) e aIgreja é o corpo místico de Cristo. A cria-ção e a redenção fazem parte dos mesmosdesígnios divinos: o bem do homem e aglória de Deus. A obra da redenção éprofessada como «mais admirável» que aprimeira criação. A liturgia é a acção daIgreja por excelência porque por ela e nelase realiza a obra da redenção.

A Igreja, consciente desta sua missãoúnica – a mesma que Cristo recebeu do Paie que o Espírito Santo vai comunicando àIgreja em cada tempo e lugar – sente o de-ver de velar pelo bem de todos os homens,e como tal denuncia as situações que estãona origem das crises de sociedade e decivilização, todas elas relacionadas com omal e o pecado e todas elas também areclamar o bem e a graça. As acçõeslitúrgicas da Igreja são um serviço aohomem e à natureza em geral. As grandespreocupações da humanidade encontramresposta na Igreja em oração.

A pastoral litúrgica presta, assim, oseu contributo à causa da civilização hu-mana. O Boletim de Pastoral Litúrgicapropõe-se estar atento às questões relacio-nadas com a liturgia e a missão da Igrejano mundo. A evangelização – fenómenomuito complexo – passa pela liturgia nassuas dimensões celebrativas e vivenciais,alicerces duma nova civilização.

A cultura do vazio é própria de todosos tempos e denunciada por todas as cul-

turas. Cristo usou a expressão de «sepul-cros caiados: por fora parecem belos, maspor dentro estão cheios de ossos de mortose de toda a podridão» (Mt 23, 27). ParaCristo há uma cultura dos mortos – forjadapelos hipócritas – em permanente con-fronto com a cultura dos vivos, que é obrada redenção. O vazio da cultura resulta doesvaziamento do património que a consti-tui. Temos as lições da história da humani-dade e a própria lição da história da Igreja.O mistério pascal de Cristo ilumina com asua luz a noite desta vida. E os que sedeixam conduzir por essa luz adquirem asabedoria da cultura cristã. A liturgiapropõe medidas concretas de promoção ede salvaguarda do património humano.

A cultura cristã tem os seus funda-mentos no mistério pascal de Cristo, jáprefigurado no tempos antigos, realizadohistoricamente em Cristo e perpetuado sa-cramentalmente pela Igreja, corpo místicode Cristo. O conceito de «corpo místico»está debilitado pelo desgaste duma deter-minada «mística» e pelo uso laico, mas oseu significado original é o de corpo euca-rístico ou mistérico, e mais concretamentea comunidade dos que se alimentam àmesa da eucaristia, mediante a comunhãodos sinais sacramentais ou mistérios.Estes destinam-se a fazer a união de Cristocom os cristãos: uma união mística porquedistinta da física e da social, porquanto acabeça, que é Cristo, forma um corpo com

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os seus membros, mantendo estes a suapersonalidade – daí a Igreja de Cristo sersanta pela santidade da sua Cabeça e sem-pre necessitada de graça devido à desgraçados seus membros. A Eucaristia faz aIgreja ser corpo de Cristo e a Igreja emoração faz a Eucaristia. Na origem desteacontecimento está o mistério pascal dapaixão, morte e ressurreição de Cristo,realizado de uma vez por todas, mas insti-tuído para ser celebrado como memóriaperpétua da nova e eterna aliança.

Num texto, particularmente feliz, aIgreja descreve o mistério da liturgia nocontexto da evolução humana: «Vindo aomundo para comunicar aos homens a vidadivina, o Verbo que procede do Pai comoesplendor da sua glória, “Sumo Sacerdoteda nova e eterna Aliança, Cristo Jesus, aoassumir a natureza humana, introduz nestaterra de exílio o hino que eternamente secanta no Céu” (SC 83). Desde aquelemomento, ressoa no coração de Cristo olouvor divino expresso em termos de ado-ração, propiciação e intercessão. E tudoisso Ele apresenta ao Pai, como Cabeça danova humanidade, Mediador entre Deus eos homens, em nome de todos, para bene-fício de todos» (IGLH, 3).

A liturgia da Igreja consiste no exercí-cio deste ministério sacerdotal de Cristo.A realização deste ministério através dostempos faz a história da Igreja, nemsempre entendida à luz do mistério pascale por vezes vista como cultura alternativa.A liturgia de Cristo é o grande patrimóniovivo da Igreja, morada de Deus entre oshomens.

O Santo Padre, na mensagem aos Bis-pos portugueses, por ocasião da visita “adlimina” (30-XI-1999), recordou o apelo jáfeito no Mensagem final da II Assembleiado Sínodo dos Bispos: «Numa sociedade ecultura muitas vezes fechadas à transcen-

dência, sufocadas por comportamentosconsumistas, escravas de antigas e novasidolatrias, redescubramos com admiraçãoo sentido do “mistério”; renovemos asnossas celebrações litúrgicas para quesejam sinais mais eloquentes da presençade Cristo Senhor; asseguremos novosespaços ao silêncio, à oração e à contem-plação» (Mensagem final, 5).

Este é um caminho que o Boletim dePastoral Litúrgica deseja percorrer comos seus leitores à procura de propostas erespostas para as novas situações de vaziona liturgia devido à falta do sentido demistério, ou seja, o sentido da presença eda acção de Deus nas celebraçõeslitúrgicas. As coisas da liturgia têm a vercom os gestos salvíficos de Cristo, porisso são sagradas e merecem o maiorrespeito e veneração. Na liturgia tudo éimportante e nada é supérfluo porque tudose refere ao mesmo mistério. Cristo asse-gura a eficácia do sacramento, mas nãodispensa a colaboração plena dos fiéis, emesmo não fiéis, para que a participaçãolitúrgica realize a verdadeira comunhãoentre Deus e os homens e entre estes e anatureza criada. A humanidade precisa damística da liturgia cristã e do sentido domistério pascal de Cristo.

A Igreja precisa duma nova místicapara o terceiro milénio e esta não precisade ser inventada. A liturgia declara-a ecelebra-a desde os seus primórdios: JesusCristo e o seu mistério pascal. Este núcleoessencial é imutável e perene. A cele-bração e a vida cristã tanto humanizama Deus como divinizam o homem. Aliturgia, ou seja a cultura da “mística”cristã, encerra valores que denunciam acultura do vazio e a morte do homemvelho e oferece à humanidade os servi-ços duma criação nova e eterna.

PEDRO LOURENÇO FERREIRA

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1. O Salmo 62, no qual nos detemos parareflectir, é o Salmo do amor místico quecelebra a adesão total a Deus, partindo deum anseio quase físico e chegando à suaplenitude num abraço íntimo e perene. Aoração faz-se desejo, sede e fome, porqueenvolve a alma e o corpo.

Como escreve Santa Teresa de Ávila,“a sede exprime o desejo de algo, mas umdesejo tão intenso que perecemos se delenos privamos” (Caminho de Perfeição, c.XIX). Deste Salmo, a liturgia propõe-nosas primeiras duas estrofes, que estão cen-tradas precisamente nos símbolos da sedee da fome, enquanto a terceira estrofe fazoscilar um horizonte obscuro, do juízo di-vino sobre o mal, em contraste com a lu-minosidade e a candura do resto do Salmo.

2. Então, iniciemos a nossa meditaçãocom o primeiro cântico, o da sede de Deus(cf. vv. 2-4). É a aurora, o sol que está anascer no céu obscuro da Terra Santa, e oorante começa o seu dia, indo ao templopara buscar a luz de Deus. Ele tem neces-sidade daquele encontro com o Senhorde maneira quase instintiva, dir-se-ia “físi-ca”. Assim como a terra árida é morta,enquanto não for irrigada pela chuva, eassim como nas fendas do terreno ela separece com uma boca dessedentada e

seca, assim o fiel aspira por Deus para serpor Ele saciado e poder assim existir emcomunhão com Ele.

O profeta Jeremias já tinha procla-mado: o Senhor é “fonte de águas vivas”,reprovando o povo por ter cavado “cister-nas rotas, que não podem reter as águas”(2, 13). O próprio Jesus exclamará em vozalta: “Se alguém tem sede venha a mim ebeba... que acredite em mim” (Jo 7, 37-38). Em plena tarde de um dia ensolaradoe silencioso, Ele promete à mulher samari-tana: “Quem beber da água que Eu lheder, jamais terá sede, porque a água queEu lhe der se tornará nele uma nascente deágua a jorrar para a vida eterna” (Jo 4, 14).

3. No que diz respeito a este tema, a ora-ção do Salmo 62 relaciona-se com o cânti-co de outro Salmo maravilhoso: “Assimcomo a corça suspira pelas correntes deágua, assim também a minha alma suspirapor Vós, ó meu Deus. A minha alma temsede do Senhor, do Deus vivo” (41, 2-3).Pois bem, na língua do Antigo Testa-mento, o hebraico, a “alma” é expressacom o termo nefesh, que nalguns textosdesigna a “garganta” e em muitos outroschega a indicar todo o ser da pessoa.

Compreendido nesta acepção, o vocá-bulo ajuda a entender como é essencial e

A VOZ DO PAPA

A ALMA SEDENTA DO SENHORCatequese sobre o Salmo 62

Laudes do Domingo I

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profunda a necessidade de Deus; sem Elefaltam a respiração e a própria vida. Porisso, o Salmista chega a pôr em segundoplano a própria existência física, se vier afaltar a união com Deus: “O vosso amor émais precioso do que a vida” (62, 4). In-clusivamente no Salmo 72, repetir-se-á aoSenhor: “Além de Vós, nada mais anseiosobre a terra. A minha carne e o meu cora-ção já desfalecem, mas o Senhor é parasempre a rocha do meu coração e a minhaherança... o meu bem é estar perto deDeus” (vv. 25-26 e 28).

4. Depois do cântico da sede, eis que semodula nas palavras do Salmista o cânticoda fome (cf. Sl 62, 6-9). Provavelmente,com as imagens do “lauto banquete” e dasaciedade, o orador remete para um dossacrifícios que se celebravam no templode Sião: o sacrifício chamado “de comu-nhão”, ou seja, um banquete sagrado emque os fiéis comiam a carne das vítimasimoladas. Outra necessidade fundamentalda vida é aqui utilizada como símbolo dacomunhão com Deus: a fome é saciadaquando se escuta a Palavra divina e se en-contra o Senhor. Com efeito, “o homemnão vive somente de pão, mas de tudo oque sai da boca do Senhor” (Dt 8, 3; cf. Mt4, 4). E aqui o pensamento do cristão correpara aquele banquete que Cristo preparouna última noite da sua vida terrestre, e cujoprofundo valor Ele já tinha explicado du-rante o discurso de Cafarnaum: “A minhacarne é, em verdade, comida e o meu san-gue é, em verdade, bebida. Quem come aminha carne e bebe o meu sangue fica emmim e eu nele” (Jo 6, 55-56).

5. Através do alimento místico da comu-nhão com Deus, “a alma une-se a Ele”,como declara o Salmista. Uma vez mais, apalavra “alma” refere-se a todo o ser hu-

mano. Não é sem motivo que se fala de umabraço, de um abraço quase físico: Deus eo homem já estão em plena comunhão, edos lábios da criatura não pode brotar se-não o louvor jubiloso e agradecido. Mes-mo quando estamos na noite escura,sentimo-nos protegidos sob as asas deDeus, como a arca da aliança é coberta pe-las asas dos querubins. E então floresce aexpressão extática da alegria: “Exulto àsombra das vossas asas”. O medo dissol-ve-se, o abraço não se aperta ao vazio, masao próprio Deus, enquanto a nossa mão seentrelaça com o poder da Sua direita (cf.Sl 62, 8-9).

6. A partir de uma leitura do Salmo à luzdo mistério pascal, a sede e a fome que nosimpelem para Deus encontram a sua satis-fação em Cristo crucificado e ressuscita-do, de Quem chega até nós, mediante odom do Espírito e dos Sacramentos, a vidanova e o alimento que a sustém.

É o que nos recorda João Crisóstomoque, comentando a anotação joanina: dolado “saiu sangue e água” (cf. Jo 19, 34),afirma: “Aquele sangue e aquela água sãosímbolos do Baptismo e dos Mistérios”,ou seja, da Eucaristia. E conclui: “Vedescomo Cristo atraiu a si mesmo a esposa?Vedes com que alimento Ele nos nutre atodos nós? Fomos formados e somos nu-tridos pelo mesmo alimento. Com efeito,assim como a mulher nutre aquele que elagerou com o próprio sangue e leite, assimtambém Cristo alimenta continuamentecom o seu sangue aquele que Ele mesmogerou” (Homilia III, destinada aos neófi-tos, 16-19 passim: SC 50 bis, 160-162).

JOÃO PAULO II25 de Abril de 2001Transcrito de L’Osservatore Romano

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2. Neste trecho em forma de ladainha,são como que passadas em revista todas ascoisas. O olhar volta-se para o sol, a lua eos astros; detém-se na imensidão daságuas, eleva-se rumo às montanhas e con-templa as várias situações atmosféricas;passa do calor ao frio, da luz às trevas;considera o mundo mineral e vegetal,analisando as diversas espécies animais.Depois, o apelo torna-se universal: chamaao princípio os anjos de Deus, atinge to-dos os “filhos do homem”, mas empenhade forma especial o povo de Deus, Israel,os seus sacerdotes, os justos. É um coroimenso, uma sinfonia em que as váriasvozes elevam o seu cântico a Deus, Cria-dor do universo e Senhor da história.Recitado à luz da revelação cristã, ele diri-ge-se a Deus trinitário, como a liturgia nosconvida a fazer, acrescentando ao Cânticouma fórmula trinitária: “Bendigamos aoPai, ao Filho e ao Espírito Santo”.

3. De certa forma, neste Cântico re-flecte-se a alma religiosa universal, queno mundo vislumbra os vestígios de Deus,elevando-se à contemplação do Criador.Mas no contexto do livro de Daniel, o hinoapresenta-se como acção de graças reci-tado por três jovens israelitas Ananias,Azarias e Misael condenados a morrerqueimados numa fornalha, por se teremrecusado a adorar a estátua de ouro deNabucodonosor, mas milagrosamente pre-servados das chamas. Por detrás desteacontecimento há a singular história desalvação, em que Deus escolhe Israelcomo seu povo e com ele faz uma aliança.

1. “Obras do Senhor, bendizei todas oSenhor” (Dan 3, 57). Uma serenidade cós-mica invade este Cântico tirado do livrode Daniel, que a Liturgia das Horaspropõe para as Laudes do Domingo naprimeira e terceira semanas. E esta mara-vilhosa oração de ladainha condiz bemcom o Dies Domini, o Dia do Senhor, queem Cristo ressuscitado nos faz contemplaro ápice do desígnio de Deus sobre o cos-mos e a história. Com efeito, n’Ele, Alfa eÓmega, Princípio e Fim da história (cf. Ap22, 13), a própria criação adquire o senti-do completo porque, como recorda Joãono prólogo do seu Evangelho “tudo come-çou a existir por meio d’Ele” (Jo 1, 3). NaRessurreição de Cristo encontra-se ovértice da história da salvação, abrindo avicissitude humana para o dom do Espíritoe da adopção filial, à espera do retorno doEsposo divino, que entregará o mundo aDeus Pai (cf. 1 Cor 15, 24).

TODA A CRIATURA LOUVE O SENHORCatequese sobre o Cântico de Laudes

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Os três jovens israelitas desejam ser fiéisprecisamente a esta aliança, mesmo aopreço de irem ao encontro do martírio nafornalha ardente. A sua fidelidade encon-tra-se com a fidelidade de Deus, queenvia um anjo para afastar deles as cha-mas (cf. Dan 3, 49). Desta forma, esteCântico coloca-se na linha dos cantos delouvor por um perigo evitado, contidos noAntigo Testamento. Entre eles, é famoso ocântico de vitória que aparece no capítulo15 do Êxodo, onde os antigos hebreus ex-primem o seu reconhecimento ao Senhorpor aquela noite em que seriam inevitavel-mente aniquilados pelo exército do Faraó,se o Senhor não lhes tivesse aberto um ca-minho entre as águas, fazendo precipitar“no mar o cavalo e o cavaleiro” (v. 1).

4. Não é por acaso que, na solene vigíliapascal, a liturgia nos faz repetir todos osanos o hino cantado pelos israelitas noÊxodo. Aquele caminho que lhes foiaberto anunciava profeticamente a novasenda que Cristo ressuscitado inauguroupara a humanidade na noite santa da suaRessurreição dos mortos. A nossa passa-gem simbólica através das águas baptis-mais permite-nos reviver uma experiênciaanáloga de passagem da morte para a vida,graças à vitória sobre a morte, que Jesusalcançou em favor de todos nós.

Ao repetirmos na liturgia dominicaldas Laudes o Cântico dos três jovens is-raelitas, nós, discípulos de Cristo, que-remos colocar-nos na mesma onda degratidão pelas grandes obras realizadaspor Deus, tanto na criação como, sobre-tudo, no mistério pascal.

Com efeito, o cristão vislumbra aquiuma relação entre a libertação dos três jo-vens, de quem nos fala o Cântico, e a Res-surreição de Jesus. Nesta última, os Actos

dos Apóstolos vêem realizada a oraçãodos fiéis que, como o Salmista, cantamcom confiança: “Tu não abandonarás aminha alma na habitação dos mortos, nempermitirás que o teu Santo conheça a de-composição” (Act 2, 27; Sl 15, 10).

A relação deste Cântico com a Res-surreição é bastante tradicional. Existemantiquíssimos testemunhos da presençadeste hino na oração do Dia do Senhor,que é a Páscoa semanal dos cristãos. Alémdisso, as catacumbas romanas conservamrestos iconográficos em que aparecem ostrês jovens que rezam incólumes no meiodas chamas, testemunhando desta maneiraa eficácia da oração e a certeza da inter-venção do Senhor.

5. “Bendito sois Vós no firmamento doscéus, digno de louvor e glória eternos!”(Dan 3, 56). Ao entoar este hino na manhãde Domingo, o cristão sente-se grato nãosó pelo dom da criação, mas também por-que é destinatário do cuidado paterno deDeus, que em Cristo o elevou à dignidadede filho.

Um cuidado paternal que nos fazconsiderar com um novo olhar a própriacriação e apreciar a sua beleza, na qual seentrevê, como que em filigrana, o amor deDeus. É com estes sentimentos que Fran-cisco de Assis contemplava a criação eelevava o seu louvor a Deus, nascenteúltima de toda a beleza. Torna-se espontâ-neo imaginar que a exaltação deste textobíblico ecoava na sua alma quando, emSão Damião, depois de ter alcançado ovértice do sofrimento no corpo e no es-pírito, compôs o “ Cântico do irmão sol”(cf. Fontes Franciscanas, 263).

JOÃO PAULO II2 de Maio de 2001Transcrito de L’Osservatore Romano

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OS RITOS INICIAIS DA MISSA« Reunido o povo »

duas partes são: “A mesa da palavra deDeus e a mesa do Corpo de Cristo”, res-pectivamente chamadas também: “Litur-gia da palavra” e “Liturgia eucarística”.E acrescenta: “Há ainda ritos próprios, aabrir e a concluir a celebração” (n. 28 [8]).Donde podíamos apresentar o seguinteesquema, por hoje só dos ritos iniciais,fazendo breves comentários sobre algunsdeles.

ESQUEMA GERALDOS RITOS INICIAIS

1. Entrada................................. 47 [25]a) “Reunido o povo” ............ 47 [25]b) Entrada ............................ 47 [26] e cântico .......................... 48 [26]

2. Veneração do altar:– inclinação ..................... 49 [27]– ósculo................................ 49 [27]– incensação ........................ 49 [27]

3. Signação .............................. 50 [28]4. Saudação (várias formas) 50 [28]5. Monição ............................... 50 [29]6. Acto penitencial: (aspersão) 51 [29]7. Kýrie:

– aclamação e súplica ...... 52 [36]– tropos ................................ 52 [30]

8. Glória ................................... 53 [31)9. Oração colecta ..................... 53 [31]

A parte mais importante da liturgia daMissa é a mesa da palavra de Deus e amesa da Eucaristia. Hoje ninguém se atre-verá a dizer que a liturgia da palavra não

MISSA

Ordinário da Missa significa pratica-mente o ordenamento geral da estrutura daliturgia da Missa; contém os elementos fi-xos que nela entram (Kýrie, Glória, etc.) eo quadro onde esses elementos fixos seapresentam e a indicação do lugar que oselementos variáveis hão-de ocupar.

A Instrução Geral do Missal Romano(IGMR) recebeu agora nova apresentaçãopromulgada pela Congregação do CultoDivino e da Disciplina dos Sacramentos(CCDDS, 20 Abril 2000), e será incluídana nova edição típica do Missale Roma-num, a terceira, que certamente está parabreve.

No nº 97-100 do Boletim de PastoralLitúrgica de Janeiro-Dezembro 2000, o P.José de Leão Cordeiro fez a apresentaçãoda nova Instrução Geral, confrontando-acom a edição anterior da mesma, como elase encontra na última edição portuguesado Missal Romano (1992, pp. 17-66).

Pode ser esta também a ocasião parapercorrer alguns dos elementos daqueleOrdinário sobre os quais se nos afigure sermais oportuno reflectirmos.

Divisão e Unidade da liturgiada Missa

Lê-se no nº 28 [anterior 8]: “A Missa,consta, por assim dizer, de duas partes: aliturgia da palavra e a liturgia eucarística”.Mas logo acrescenta: “Estas duas partesestão entre si tão estreitamente ligadas queconstituem um único acto de culto”. Estas

40 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

tem grande importância, como até há pou-co tempo se dizia e até se ensinava. Agoraé a própria Congregação do Culto Divinoe da Disciplina dos Sacramentos que, apropósito da “íntima ligação da palavra deDeus com o mistério Eucarístico”, diz: “AIgreja honra com a mesma veneração, em-bora não com o mesmo culto, a Palavra deDeus e o mistério eucarístico” (Ordena-mento das leituras da Missa, n. 10). OsSacramentos são sacramentos da fé e sema Palavra de Deus não pode haver fé (cf.Rom 10, 17).

Hoje não há praticamente acção litúr-gica em que a Palavra de Deus não venhaem primeiro lugar, e a sua presença é bemsignificativa concretamente na celebraçãodos Sacramentos e até na dos sacramentaissobretudo os mais importantes.

RITOS INICIAISTodas as celebrações começam por

ter, antes do corpo propriamente dito decada celebração, um conjunto, mais oumenos desenvolvido, de ritos iniciais, que“têm carácter de exórdio, introdução epreparação”, como acontece na Missa (cf.n. 46 [24]). Estes ritos comportam, em ge-ral, um diálogo entre o presidente e os res-tantes membros da assembleia celebrante.

A) “REUNIDO O POVO”

Actualmente os livros litúrgicos co-meçam, em geral, cada celebração pelaexpressão: “Reunido o povo”, como naIGMR (cf. n. 47 [25]). Isto significa queo primeiro elemento da celebração, depoisdo mistério que nela é celebrado e que ésempre, em última análise, o mistério pas-cal de Nosso Senhor Jesus Cristo – ele éo objecto da celebração – é a assembleia,a assembleia celebrante: “Sem assembleianão há liturgia” (Martimort). A assembleia

é em cada tempo e lugar em que ela sereúne o sinal da Igreja de Cristo ali pre-sente. A assembleia é o sujeito da acçãolitúrgica.

A assembleia é já, por si, um mistério,uma realidade, sem dúvida, humana,mas que tem uma significação divina; elaé o sinal da Igreja, “o povo de Deus convo-cado e reunido sob a presidência do sacer-dote como representante de Cristo, paracelebrar o memorial do Senhor”, no casoda Missa (n. 27 [7)]. A assembleia é umdos lugares em que Cristo está realmentepresente na liturgia (ib.; cf. SC 7) e éverdadeiramente merecedora da maioratenção em pastoral litúrgica: a sua signi-ficação, a sua história, o seu mistério, asua estrutura, o lugar e os dias da assem-bleia. Quanto à sua estrutura, e aos váriosministérios que nela actuam, a IGMR con-sagra-lhe todo o capítulo III (cf. nn.91-111[58-73]).

A assembleia celebrante é a comuni-dade reunida na acção litúrgica. Não énecessariamente toda a comunidade; amaior parte das vezes será até uma partemenor que a comunidade toda. O númerode pessoas é relativo e depende das cir-cunstâncias.

“Na Igreja local dê-se o primeiro lu-gar, em razão do seu significado” à Missapresidida pelo Bispo rodeado do seu pres-bitério, diáconos e ministros leigos comparticipação plena e activa do povo santode Deus. É nesta Missa que se realiza aprincipal manifestação da Igreja (cf. n.112 [74]). “Mas a presença do Bispo nãoacontece para aumentar a solenidade exte-rior do rito, mas para significar de formamais clara o mistério da Igreja” (cf. n. 92[59]).

Tenha-se igualmente em grandeapreço a Missa celebrada com uma co-munidade, sobretudo com a comunidade

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paroquial, já que esta representa a IgrejaUniversal, num lugar e tempo determina-dos, especialmente na celebração comuni-tária do domingo (113 [75]).

Apesar de tudo, prevê-se o caso da“celebração sem ministro ou mesmo semnenhum fiel”, o que “não deve acontecersenão por causa justa e razoável; nestecaso omitem-se as saudações, monições e

a bênção no fim da Missa” (254 [211]).Trata-se de um caso limite, em que a as-sembleia (!) fica reduzida à pessoa únicado sacerdote.

Em qualquer caso, a este é recomen-dado que celebre o sacrifício eucarísticotodos os dias, se as suas forças lho permi-tirem (cf. n. 19 [4]).

JOSÉ FERREIRA

Com este apontamento damos início a uma série dereflexões sobre a Missa. Agradecemos ao SenhorCónego José Ferreira a disponibilidade para esteserviço pastoral.

42 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

CANTAR NA LITURGIA

Músicaspara a celebraçãoda Liturgia das Horase da Missa.Esta colecçãovai no terceiro livroe tem projectospara todasas celebraçõese tempos litúrgicos,sempre a partirdas propostasdos livros litúrgicos.

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OS CALENDÁRIOSJULIANO E GREGORIANO

Todos os cristãos celebrarama Páscoa de 2001 na mesma data

A DATA DA PÁSCOA

O calendário romanoe o calendário julianoCada calendário anual é uma conven-

ção imperfeita, um compromisso entre asdurações diferentes do ano tropical ligadoàs estações (365 dias, 5h 8m e 45 segun-dos) e o ano sideral (365 dias, 6h 9m e 5segundos).

O calendário romanoO calendário romano, primeiramente

lunar (355 dias repartidos em 12 meses)tornou-se um calendário solar no tempo daRepública. O ajustamento era obtido in-troduzindo, de dois em dois anos, um mêsintercalar de 27 dias para compensar a di-ferença lunar/solar. Isto dava uma duraçãoanual média de 365,25 dias. Este calendá-rio correspondia a um ano de 12 meses deduração variável (de 28 a 31 dias). Come-çava em 1 de Março. No século II, o come-ço do ano foi mudado para o 1 de Janeiro.

O calendário julianoEm 46 antes de Cristo (708 da funda-

ção de Roma), o astrónomo Sosígenes deAlexandria reformou o calendário porordem de César. Para o pôr em ordem, o

ano 46 contou 445 dias. Contaram em se-guida três anos de 365 dias, depois um anode 366 dias. O 6° dia antes das calendas deMarço (ou seja o dia 24 de Fevereiro) foiduplicado: foi o bis sexto ante calendasmartias. Daí o nome de ano bissexto.

Esta reforma desejada por Júlio Césardeu origem ao calendário juliano. Impostoa todo o império, foi adoptado tambémpela cristandade até ao século XVI.Durante a Idade Média, a contagem ecle-siástica (fixada em Niceia em 325) foiconcorrente do calendário juliano. Se-gundo este calendário, o ano juliano ul-trapassa o ano tropical (estações) em 11minutos. Este calendário distanciou-se 3dias em 4 séculos em relação às estações.No princípio do século XV, o equinócio daPrimavera que fixa a data da Páscoa, caiuem 11 de Março, quando a contagemalexandrina, à qual se referia a contagemde Niceia (e Dinís, o Pequeno, a seguir) ofixava em 21 de Março. O Concílio deTrento encarregou o papado de regular oproblema e o Papa Gregório XIII, ajudadopor peritos, fez a reforma de 1582. A ideiafoi a de suprimir três anos seculares bis-sextos sobre quatro e de conservar osmilésimos bissextos múltiplos de 400:1600, 2000, 2400, 2800. O objectivo era ode corrigir o valor exacto do ano que é, na

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realidade, 364,2425. Criou-se uma diferen-ça de 7,5 dias em cada 1000 anos (até2600, esta solução suprime 8 dias). É esteo essencial da reforma gregoriana em rela-ção ao calendário juliano.

Por outro lado, quiseram repor as esta-ções em relação com o ciclo solar. Entre oano 325 e 1582. Assim, em Roma, aquinta-feira 4 de Outubro de 1582 foiseguida da sexta-feira de 15 de Outubro,na França, o 9 de Dezembro de 1582 foiseguido do 20 de Dezembro de 1582 e naGrã-Bretanha, o 3 de Setembro de 1752foi seguido do 14 de Setembro de 1752.Neste mesmo ano de 1752, o 1° de Janeirofoi adoptado em lugar do 25 de Marçoque começava o ano gregoriano. A Rússiaadoptou o calendário gregoriano em 1918,a Grécia em 1923. O mundo ortodoxo nãotem, pois, uma data uniforme. O calendá-rio juliano está, hoje, atrasado em 13 diasem relação ao calendário astronómico. Ocalendário gregoriano não estará diferentede maneira sensível senão num futuro lon-gínquo.

A data da Páscoa.O Concílio de Niceia

Segundo o Novo Testamento, a mortee a ressurreição de Cristo estão ligadas àfesta judaica da Páscoa. Mas os sinópticose São João não se entendem neste aspecto.Ao princípio, celebrou-se a festa da Pás-coa cristã na primeira lua que se segue aoequinócio de Março. Nos fins do século II,algumas Igrejas celebravam a Páscoa nomesmo dia da festa judaica, sem ter emconta o dia da semana. Outras celebravama Páscoa no domingo seguinte. Não seentendiam sobre o cálculo da data. OConcílio ecuménico de Niceia, em 325,

decidiu fixar a data no domingo seguinte àprimeira lua da primavera e ligou os co-meços da datação às normas que serviampara calcular a Páscoa no tempo de Jesus.No século VI, todos estavam de acordosobre os cálculos astronómicos dos sábiosde Alexandria. Mas, no século XVI, estescálculos manifestaram-se demasiadoafastados das observações astronómicas.É a origem da reforma gregoriana de1582.

Dois calendários

As Igrejas cristãs seguem dois calen-dários; um, o juliano, depois da reformade Júlio César (46 antes de Jesus Cristo), ooutro, o gregoriano, depois do Papa Gre-gório XIII (1582). A sua diferença explicaa datação diferente das festas religiosas,conforme as Igrejas se apoiam sobre umou sobre o outro. O calendário gregorianonão diverge actualmente do calendárioastronómico de maneira significativa,enquanto o calendário juliano está 13 diasatrasado em relação ao calendário astro-nómico. Por outro lado, estes dois calen-dários têm a deficiência de se basear sobretabelas convencionais que dizem respeitoao cálculo do ciclo lunar. A actual precisãocientífica deveria permitir desligar-sedeles para chegar a uma data comum. Oscristãos têm presente no espírito as in-tenções do concílio de Niceia que quisresolver as divergências à volta da data daPáscoa, compreendidas já como um es-cândalo. O concílio tinha evocado o laçohistórico da morte-ressurreição de Cristocom a Páscoa judaica, independentementeda maneira judaica de calcular a sua data.Ele procurou apoiar-se na ciência da suaépoca.

ABRIL – JUNHO 2001 45

Páscoa:uma só data em 2001

Hoje, ainda não se encontrou umasolução para as diferentes datas da cele-bração da festa cristã da Páscoa. Um co-lóquio ecuménico organizado em Alep(Síria), de 5 a 10 de Março de 1997, feztrês propostas: manter as normas de Ni-ceia (no domingo seguinte à primeira luacheia da primavera), utilizar os dadosastronómicos modernos para determinar oequinócio da primavera e a lua cheia,basear os cálculos sobre o meridiano deJerusalém, lugar histórico dos aconteci-mentos. Em 2001, a data da Páscoa será amesma segundo os calendários juliano egregoriano. Ela sê-lo-á ainda mais sete

vezes nos próximos vinte e cinco anos:ocasiões para aprender. A partir de 2001, oConselho das Igrejas Cristãs em França(CECEF) convida as confissões a en-contrar o meio de marcar esta feliz«conjunção» antes de se chegar a umentendimento sobre um cálculo comumpara celebrar ao mesmo tempo, definitiva-mente, este acontecimento basilar paratodos os cristãos.

CHRISTIAN FORSTER

Secretário da Comissão episcopalpara a Unidade dos Cristãos

Transcrito de L’Osservatore Romano31 de Março de 2001.

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DIRECTÓRIOL I T Ú R G I C O

46 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

PARA PREPARARE ACOMPANHAR

AS ORDENAÇÕES

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CURSO PARA ACÓLITOS

2

O QUE É UMA IGREJA

1. Tempo de oração• Acolhimento• Sinal da cruz• Pequena oração

2. A palavra «igreja»Entre os edifícios das aldeias, vilas e

cidades de qualquer país há alguns que sedistinguem de todos os outros principal-mente pela sua forma e dimensões. São asigrejas. Vamos falar delas neste segundoencontro.

A palavra «igreja» quer dizer trêscoisas:1) o grupo de cristãos de uma terra reuni-dos em assembleia;2) o conjunto dos cristãos de uma terra,de uma região ou do mundo inteiro;3) os edifícios onde esses grupos de cris-tãos se reúnem.

Quando a escrevemos com um Igrande ou maiúsculo (Igreja) referimo--nos, sobretudo, ao conjunto dos cristãosduma região ou dum país (Igreja ou dio-cese de...) ou de todo o mundo (IgrejaCatólica).

Pelo contrário, quando a escrevemoscom um i pequeno ou minúsculo (igreja),

ACÓLITOS

então é para falar dos edifícios onde oscristãos se reúnem, como por exemplo aigreja de Santo António de..., a igreja doCarmo de..., a igreja de Nossa Senhorade..., a igreja de São Francisco de..., e as-sim por diante.

Hoje vamos falar das «igrejas» comum i pequeno, ou seja dos edifícios ondeos cristãos se reúnem.

Questões práticas:

— Quais são os três significados dapalavra «igreja»?— Quando se deve escrever com um Igrande ou maiúsculo?— E quando se deve escrever com um ipequeno?

3. Os primeiros lugaresde reunião dos cristãosOs cristãos sempre precisaram de lu-

gares para se reunir. Onde o faziam elesnos primeiros tempos? Onde se juntavampara celebrar a sua fé? Já teriam igrejas?

Sabemos que não. Os primeiros luga-res onde os cristãos se reuniram foram ascasas de alguns deles, aquelas em que ca-

48 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

biam todos os baptizados dessa terra. Osdonos dessas casas, em geral muito sim-ples e pequenas, punham-nas à disposiçãodo grupo dos cristãos dessa terra, ao qualeles próprios pertenciam.

Podia às vezes haver um que tivessegosto em que a reunião fosse em sua casa.Mas se ela era pequena demais, não serviapara a reunião, porque não cabiam lá todosos cristãos. O dono dessa casa não ficavaaborrecido. Compreendia a razão de nãoescolherem a casa dele e ia ele à casa quefosse escolhida.

Nós sabemos que era assim, porqueestá escrito na Bíblia. Por exemplo, osActos dos Apóstolos falam-nos disso.Quando os Apóstolos voltaram de Jerusa-lém, depois de Jesus ter subido ao Céu,foram todos para o primeiro andar de umacasa onde costumavam reunir-se (Act 1,12-14); no dia em que foi escolhido umcristão para começar a fazer parte do gru-po dos Apóstolos, estavam reunidos nesselugar cerca de cento e vinte pessoas (Act 1,15-26); no dia de Pentecostes a comunida-de de Jerusalém estava toda reunida nomesmo lugar (Act 2, 1-4); no dia em quePedro foi libertado da prisão por um anjo,os cristãos estavam a rezar em casa deuma mulher chamada Maria, mãe de JoãoMarcos (Act 12, 12-17).

(Mandar ler um ou dois destes tex-tos e explicar um pouco).

Questões práticas:

— Onde se reuniam os primeiros cristãospara celebrar a liturgia?— Porque faziam eles assim?— Todas as casas serviam para aliturgia? Porquê?

4. Donde vem o costumede chamar igreja à casade oração dos cristãos

Esta situação de os cristãos não pos-suírem edifícios próprios para as suasreuniões e terem de as fazer nas casas unsdos outros, durou todo o tempo em que eraproibido ser cristão, ou seja, até ao fim dasperseguições romanas.

Quando, finalmente, o ImperadorConstantino, no ano 313 da nossa era, dei-xou de perseguir os cristãos e ele própriose converteu e pediu o Baptismo, os discí-pulos de Jesus começaram a poder cons-truir as primeiras casas destinadas apenasàs suas reuniões e celebrações. E como erasempre aí que eles se juntavam uns com osoutros, nos domingos e noutros dias desemana, passaram a chamar a essas casas«igrejas».

Compreendemos agora que o verda-deiro nome de cada igreja deveria ser«casa da Igreja» de tal terra. A igreja paro-quial de uma terra determinada é a «casada Igreja», isto é, do grupo dos cristãosdessa terra.

Questões práticas:

— Durante quanto tempo é que os cris-tãos não tiveram casas só para as suascelebrações?— A partir de quando começaram eles ater essas casas?— Porque se veio a chamar-lhes «igre-jas»?— Como deveríamos chamar-lhes?

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Curso para Acólitos em 10 liçõespara ajudar os formadores de acólitos

a preparar as acções de formação.

5. Igrejasde muitos tamanhos

Vista do exterior, uma igreja é umacasa grande, feita de pedra, de tijolo ou decimento, geralmente mais comprida doque larga, onde se reúnem os cristãos, es-pecialmente nos domingos. Também exis-tem igrejas de forma redonda e de formaquadrada.

Há igrejas de muitos tamanhos. Regrageral, as das cidades e vilas são maioresdo que as das aldeias. É fácil adivinharporquê: há mais habitantes nas cidades evilas do que nas aldeias. Nas cidades e vi-las há até mais do que uma igreja.

As igrejas têm muitos nomes. Vamosaprender alguns: catedral, basílica, igrejaparoquial, capela (que é uma igreja maispequena).

Questões práticas:

— Na nossa terra, quantas igrejas e ca-pelas há?— Quais são os seus nomes?— Em que data foi construída a igrejaparoquial?— Quantos metros tem ela de compri-mento e de largura?— Quantas entradas tem?

6. A torre da igreja

Cada igreja costuma ter uma torre,sempre mais alta que a própria igreja. Atorre indica onde está a igreja. Quando nosaproximamos duma cidade, as torres dasigrejas chamam-nos a atenção, e até po-dem levar-nos a pensar em Deus.

Nas torres estão colocados os sinos.Estes servem para lembrar aos cristãos osacontecimentos principais da vida da co-munidade. Tocam-se para a Missa, para asfestas, e quando há baptismos, casamen-tos, funerais, etc.

Também servem para o relógio bateras horas. E nalgumas terras, os sinos sãoutilizados para dar a toda a populaçãosinais importantes. Tocados de certamaneira eles avisam as pessoas de que háincêndio ou outro qualquer perigo, ouentão de que chegou à terra alguém im-portante que se esperava.

(No fim da lição, talvez seja interes-sante ir até junto dos sinos).

Questões práticas:

— Quantos sinos tem a igreja paroquialda nossa terra?— São de ferro, de cobre ou de bronze?— Em que ano foram feitos?— E quantos degraus tem a torre?

JOSÉ DE LEÃO CORDEIRO

50 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

CONSAGRAÇÃO DOS ACÓLITOSA NOSSA SENHORA

Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Antes de partir deste Altar-Mór de Portugal e do mundo, nós,os acólitos portugueses, ao celebrar a nossa Peregrinação a esteSantuário, consagramo-nos totalmente ao vosso Coração Ma-terno.

R. Ave, Maria, Filha de Deus Pai.

Acompanhai-nos no exercício do nosso ministério, tão intima-mente ligado à Eucaristia, que torna presente em cada momentoda história, a obra redentora de Jesus Cristo, vosso Filho e nossoirmão. Sob a vossa protecção, queremos tratá-l’O com a mesmadelicadeza de amor, com que O tratastes durante a vossa peregri-nação terrena.

R. Ave, Maria, Mãe de Deus Filho.

Por virtude do Espírito Santo se realiza a Eucaristia da qualnós somos servidores. Por Ele, e só por Ele, poderemos testemu-nhar na vida, como ardentemente desejamos, o que acontece noaltar.

Mãe, intercedei por nós junto d’Aquele que em vós realizoutantas maravilhas e, então, seremos sinais eficazes da sua pre-sença no mundo de hoje.

R. Ave, Maria, Esposa de Deus Espírito Santo.

Convosco, Mãe, através da liturgia no tempo do nosso cami-nhar terreno, participaremos na liturgia eterna, onde cantaremoso louvor e a glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

R. Amen. Aleluia.

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PEREGRINAÇÃO NACIONALDOS ACÓLITOS

Fátima, 1 de Maio de 2001Realizou-se no dia 1 de Maio a Pere-

grinação Nacional dos Acólitos a Fátima.Presidiu à celebração o Senhor D. Serafimde Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leira--Fátima, que acompanhou os acólitos noseu desfile de entrada da Cruz Alta até àCapelinha das Aparições. Já aqui, dirigiuuma especial saudação aos acólitos econvidou-os à oração do terço, que elespróprios orientaram com meditaçõesapropriadas.

A celebração da Missa no altar do re-cinto adquiriu uma solenidade única coma presença de oito centenas de acólitosparamentados, junto do altar e nas duascolunatas.

Esta peregrinação, apesar de poucodivulgada, vai crescendo de ano para ano ejá é uma grande peregrinação nacional.Apresentamos algumas imagens que atédispensavam comentários.

A cruz processionalAcólitos com Jacinta e Francisco

52 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

O desfile para a Capelinha Oração mariana na Capelinha

Grandiosa procissão da Capelinha para o altar do recinto

Os Acólitos sabem fazer procissão

ABRIL – JUNHO 2001 53

Na procissão de entradao leitor com o Evangeliário

e os ceroferários com os castiçaisproclamam solenemente que

a Palavra de Deus é a luz do mundo.Este é um gesto orante O Bispo com os Diáconos

e o acólito de serviço

Uma cena toda orante:o Bispo, o livro e o acólito

a boca do Bispo, o gesto do acólitoe a presença da Mãe

O Diácono proclama o Evangelhoe os acólitos ilustram com os castiçais

que Jesus Cristo dirige aos homensa palavra da salvação

Acólito é palavra masculinamas em cada três acólitos

é como se pode ver

A presença femininae a dignidade dos gestosdizem a beleza da Igreja

54 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

A distribuição da comunhãoé um rito sagrado

que reclama beleza e dignidade

A entrega do Corpo de Cristoé um acto de nobrezaque o acólito dignifica

ABRIL – JUNHO 2001 55

As duas colunatas do recinto ficaram compostas com os acólitos

Os grupos de acólitos que se fizeramanunciar pertenciam às dioceses de:

Aveiro ................................................. 1Coimbra .............................................. 5Évora ................................................... 1Lamego ............................................... 1Leiria-Fátima ...................................... 5Lisboa ................................................. 15Portalegre-Castelo Branco .................. 17Porto ................................................... 19Santarém ............................................. 3Setúbal ................................................ 3Viana do Castelo ................................. 1

Os números também podem signifi-car a realidade da pastoral litúrgica.

Parabéns à diocese do Porto quetrouxe o maior número de grupos e à dio-cese de Portalegre-Castelo Branco queficou em segundo lugar.

Adeus, meninas lindas.Voltem para o ano e tragam um calçado

a dizer bem com a túnica

PEREGRINAÇÃO NACIONAL DOS ACÓLITOS

A FÁTIMA NO DIA 1 DE MAIO DE CADA ANO

56 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

ABRIL – JUNHO 2001 57

ARTE SACRA

CAMINHO DAS IGREJAS BRANCASDesenvolver uma rede regional de parcerias

para salvar um património em perigo

vezes roçando o fatalismo, de que “depoisdo tempo, outro tempo virá”, sem pressase sem angústias, que permitiu defender, àsvezes quase só através de uma resistênciapassiva, a integridade de uma herançacolectiva que, além do seu invulgar valorestético, denota à perfeição a idiossincra-sia regional. As medidas de salvaguardabrotaram assim, em larga medida, do seiodas comunidades locais, que reagirampositivamente ao sentirem que, em certascircunstâncias, estava em causa a defesade algo que lhes era essencial. Importalembrar, aliás, que as destruições reali-zadas em igrejas antigas devido a umaerrónea e abusiva interpretação da refor-ma litúrgica que emanou do II Concílio doVaticano se limitaram, na nossa zona, acasos pontuais, quase sempre impostos apartir de fora, com argumentos de “autori-dade”, quer eclesial, quer civil.

Seja como for, chegou aos nossosdias, num estado quase virgem, um im-pressionante manancial de documentos evivências que o trabalho de inventário sis-temático iniciado em 1984 pela Diocesede Beja, com a criação do seu Departa-mento do Património Histórico e Artísti-co, vem trazendo paulatinamente à luz dodia, numa linha de continuidade em rela-ção à pesquisa abnegada de pioneiroscomo Abel Viana e Túlio Espanca. A ri-queza dos monumentos religiosos e dos

O Baixo Alentejo é uma das zonasdo país onde melhor se preservou o patri-mónio artístico de cunho religioso, tendochegado aos nossos dias um excepcionalconjunto de bens culturais desta índole.Contribuíram para isso circunstâncias devária ordem. Diz-se geralmente que talse ficou a dever, sobretudo, ao escassodesenvolvimento sócio-económico daregião. Esta coordenada assumiu decertoalgum peso no destino das nossas igrejashistóricas e dos seus acervos, mas não foia única a ter influência decisiva neste do-mínio, sendo necessário procurar outrasrazões. Não restam dúvidas de uma delas,porventura a mais importante, residiu nosecular conservadorismo do gosto artísti-co dos alentejanos, com o apego a materi-ais, técnicas e ensinamentos tradicionaisque ainda se transmitem de geração emgeração. Isto terá pesado na consciência– aliás eivada de um sentido místico queparece transcender da própria paisagem –da perenidade escatológica das coisas es-senciais face à mutabilidade do quotidia-no, o que levou a uma singular valorizaçãodo passado como marca de identidade.Como destacou um insigne pensador doAl-Andalus, Abu Imrane, nascido emMértola em 1125, “tudo o que é perece-douro nada significa”.

Mais do que qualquer outro motivo, éprovável que tenha sido a noção aguda, às

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acervos neles contidos que o labor dos ac-tuais inventariantes permitiu identificartem surpreendido os próprios responsá-veis diocesanos e ajuda a desfazer o velhomito de que o Baixo Alentejo perdera, demodo irremediável, os seus “tesouros”. Atarefa em curso mostra exactamente ocontrário, mas veio também chamar aatenção para o facto de que o patrimónioreligioso, além de esquecido, está a sofrerum processo de declínio muito preocupan-te, que exige medidas urgentes e investi-mentos de vulto para ser sustido.

O problema prende-se com o facto dea região se debater, desde os meados doséculo XX, com um gravíssimo problemada rarefacção humana que, acentuado apartir da década de 1970, levou a uma de-sertificação progressiva das comunidadesrurais, com importantes transferências depopulações e um preocupante saldo demo-gráfico negativo. Diminuiu drasticamenteo número de habitantes, em particular nocampo, e, se é verdade que crescerammuitas localidades, outras houve que qua-se se extinguiram, em favor de pólos deatracção mais poderosos. Mesmo nas po-voações importantes, designadamente assedes de concelho, aptas per se a captaremcontributos de terras mais pequenas, ocrescimento revelou-se irregular. Não é deestranhar, por conseguinte, que as comu-nidades enfrentem com crescente dificul-dade a manutenção dos seus templos. Aisto acresce que, se em certos sítios aindafaltam locais de culto, noutros há clara-mente igrejas a mais, o que acaba porconstituir um autêntico quebra-cabeças,faltando os recursos para acudir a tantasfrentes de trabalho.

Paradoxalmente, os portugueses (e osestrangeiros que nos visitam) estão cadavez mais interessados em conhecer o Bai-xo Alentejo. Nos últimos anos o númerode turistas disparou no litoral e tem vindoa aumentar de modo muito satisfatório nointerior, apesar de as infraestruturas deacolhimento e informação serem ainda in-suficientes. Acontece, porém, que, apesarde constituírem referências fundamentaisdas nossas povoações e da nossa paisa-gem, a maioria das igrejas, por motivos desegurança – tema cada vez mais problemá-tico, mercê do incremento exponencialdos furtos de arte sacra –, de penúria demeios e de capacidade organizativa ou,simplesmente, de desleixo, só estão aber-

Os santuários rurais constituem um importante marco daidentidade das comunidades do interior do país. É neces-sário preservá-los e mantê-los vivos, como testemunho deuma fé transmitida de geração em geração. A ermida deNossa Senhora das Pazes, em Vila Verde de Ficalho, noconcelho de Serpa, representa um notável exemplo da for-te ligação do culto mariano ao quotidiano das populaçõesraianas do Alentejo e da Andaluzia [© Departamento doPatrimónio Histórico e Artístico da Diocese de Beja].

ABRIL – JUNHO 2001 59

tas durante os actos de culto, enquantomuitas outras só são acessíveis em diasespeciais do ano e outras ainda nem se-quer nessas datas. Isto leva a que os visi-tantes “batam com o nariz na porta”, como imenso cortejo de críticas (quase semprejustas, há que reconhecê-lo) e prejuízosque daí advêm.

Face à situação que descrevemos, épreciso ter bem em conta que, como suce-de noutras áreas da Europa profunda, ofluxo de pessoas pode proporcionar umcontributo decisivo, desde que devida-mente enquadrado, para a salvaguarda deum património que nos está literalmente amorrer nas mãos, à míngua de cuidadoselementares. Com efeito, a integração dediversas igrejas históricas hoje com umuso meramente esporádico, ou mesmosem uso, em itinerários temáticos de qua-lidade, orientados para um turismo dependor religioso, cultural e ambiental,oferece perspectivas deveras interessantespara a sua revitalização, deixando entre-ver inclusivamente hipóteses de criaçãode nichos de empresas de pequena e médiadimensão – em especial nos sectores daconservação e restauro, hotelaria, indús-trias tradicionais e animação – e de umnúmero de empregos que não é de desde-nhar. Em muitas áreas, esta é a única pers-pectiva que se abre à sobrevivência de de-zenas e dezenas de edifícios que, de outromodo, parecem claramente condenados aoabandono.

O projecto Caminho das Igrejas Bran-cas pretende lançar no terreno, a título ex-perimental, uma acção que visa a aberturade vinte igrejas históricas, distribuídas pe-los dezassete concelhos do seu vasto terri-tório, esquema que poderá depois ser alar-gado a outros imóveis. Concebida comouma rede de parcerias que integra a Igreja,o Estado, as autarquias e as organizações

Existe nas nossas igrejas um impressionante acervo deobras de arte que deve ser inventariado, estudado, sal-vaguardado e posto ao serviço do culto – e da cultura. Édigno de particular destaque o património organístico,que só há poucos anos começou a ser valorizado demodo sistemático. O primeiro passo a adoptar nestedomínio consiste na realização de um trabalho de cam-po que permita a identificação dos antigos instrumen-tos esquecidos no coro alto e noutros espaços menosvisitados dos templos. Em Beja este trabalho foi inici-ado em 1984 e tem vindo a prosseguir a um ritmoanual. Assim sucedeu com o órgão setecentista do con-vento de Nossa Senhora do Carmo, de Moura, agoraconservado na igreja de São João Baptista da mesmacidade [© Departamento do Património Histórico eArtístico da Diocese de Beja].

não-governamentais, a iniciativa propõeuma estratégia de articulação de esforçosentre estas instituições, representativasdas “forças vivas” da zona, de modo aque cada uma delas possa contribuircom aquilo que lhe é mais específico eacessível, esta “maneira de fazer”, poucoexplorada entre nós, assenta numa es-trutura deliberadamente “leve”. Temcomo pressuposto básico a criação, em

60 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

cada igreja histórica, de um grupo infor-mal, protagonizado por voluntários, quese ocupe da sua manutenção, abertura evalorização, o que aliás retoma uma ve-lha tradição eclesiástica. Contando jácom resultados visíveis noutros países(Reino Unido, França, Espanha, Itália...),o presente modelo, uma vez adaptado àspeculiaridades próprias do Baixo Alen-tejo, poderá contribuir decisivamente

para um novo entendimento do nossopatrimónio religioso a ajudar a trans-formá-lo de peso-morto em mais-valia aoserviço do desenvolvimento equilibradoda região.

JOSÉ ANTÓNIO FALCÃO

Director do Departamentodo Património Histórico e Artístico da

Diocese de Beja.

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESACentro Regional do Porto

Pré-requisitos de admissão2001/2002 – 2ª chamada

Licenciaturas da ESCOLA das ARTES

Arte e PatrimónioMúsica

Som e Imagem

Inscrições: ATÉ 15 DE JUNHO

Realização do pré-requisito (2ª chamada):

28, 29 e 30 de Junho

INFORMAÇÕES: Rua Diogo Botelho, 1327 4169-005 Porto Telf 22 619 62 00Fax 22 619 62 91 E-mail: [email protected] http://porto.ucp.pt

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MÚSICA SACRA

CORO DE SANTA MARIA DE BELÉMDivulga obras de Rheinberger

cando-se as 20 sonatas para órgão, 18 mis-sas, um Réquiem, 2 Stabat Mater, váriosmotetes, etc.

O Coro de Santa Maria de Belémpreparou um interessante programa queinclui música para órgão, para violino eórgão, missa para coro feminino e órgão,algumas peças para solista e órgão, oStabat Mater para Coro Misto, quinteto decordas e órgão, etc.

Este programa já foi apresentado comgrande êxito na igreja de S. Luís dos Fran-ceses e na igreja da Serafina (paróquia deS. Vicente de Paulo), em Lisboa, e maisrecentemente na Sé de Beja, prevendo-seainda a sua repetição em Alverca e possi-velmente no Centro Cultural de Belém.

A excelência do repertório, a qualida-de do organista e da orquestra (com desta-que para a violinista Viviena Toupikova),a fina sensibilidade do maestro, enfim, oprimor da interpretação – também teste-munhada no seu CD “Natal em Belém” –fazem do Coro de Santa Maria de Belémuma referência importante no panoramados intérpretes da Música Sacra em Portu-gal. Parabéns!

SNMS

O Coro de Santa Maria de Belém,fundado em 1990 para participar todos osdomingos na Missa solene da Igreja doMosteiro dos Jerónimos, tem vindo aafirmar-se progressivamente nos meiosmusicais de Lisboa divulgando o tesouroda música sacra, numa linha de aproxima-ção entre culto e cultura.

Fundado e dirigido pelo jovem maes-tro Fernando Pinto e com Miguel Farinhacomo maestro adjunto – dois antigos alu-nos do Curso de Música Sacra promovidopelo Serviço Nacional de Música Sacra –o Coro de Santa Maria de Belém está a or-ganizar no decurso do presente ano umasérie de concertos dedicados à figura docompositor Josef Rheinberger, em colabo-ração com o organista António Esteireiro– também ele ex-aluno do referido Cursode Música Sacra e mais tarde formadopela Escola Superior de Música Sacra deRegensburg (Alemanha) – e outros instru-mentistas. Assinala-se, assim, o centená-rio da morte do compositor alemão(Vaduz,1839 – Munique, 1901), tão poucoconhecido entre nós.

Rheinberger deixou um notável con-junto de obras de música sacra, desta-

62 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

DIOCESEDE COIMBRA

10º Aniversário daEscola Diocesana de Músi-

c a

A Escola Diocesana de Música Sacrainiciou as comemorações do seu 10.° ani-versário de actividade com uma bem suce-dida Semana Cultural, de 21 a 28 de Abril.O programa, que despertou interesse atéentre estrangeiros de passagem pela ci-dade, incluía um concerto de órgão e 2trompetes, outro de órgão e flauta e trêsconcertos de música coral (Coro D. Pedrode Cristo, Capela Gregoriana Psalterium eGrupo vocal Ançãble). Ao contrário doque se poderia imaginar, devido à quan-tidade de concertos, ao recomeçar dasaulas e à proximidade da queima das fitas,a afluência de pessoas foi grande: quasesempre “casa cheia”.

No dia 28 teve lugar uma JornadaMusical, com a intervenção de quatroautorizados oradores (P.e Dr. António JoséFerreira, Cón. António Ferreira dos San-tos, Dr. Francisco Faria e Maestro JoséFirmino) que expuseram temas de gran-de interesse e actualidade sobre a músicada e na Igreja, o ensino e a importânciada música na vida social e religiosa dospovos, seguidos de debates moderadospelo Doutor José Maria Pedrosa Cardosoe Prof. Joel Canhão. Na parte final da Jor-nada houve uma audição de canto pelasVozes Brancas da Academia Martiniana,das Escolas Diocesanas de Aveiro, Lisboae Coimbra, uma por uma e em conjunto, eterminou com uma pequena sessão de en-

ESPAÇODIOCESANO

O Boletim dePastoral Litúrgica

está abertoa todas as dioceses

para divulgaçãodas iniciativas locaisde pastoral litúrgica.

A liturgia,a músicae a arte

dispõemdeste espaço

de partilha pastoral.

Pedimose agradecemosa colaboração.

Colabore,leia e divulgue.

cerramento, presidida pelo Senhor BispoD. Albino Mamede Cleto, ladeado peloSr. Eng. Pinto Correia, representante doSenhor Governador Civil, e pelos directo-res das três Escolas Diocesanas.

Muitas pessoas felicitaram a EDMSde Coimbra, incentivando-a a promovermais iniciativas como esta.

A. Frade

ABRIL – JUNHO 2001 63

C O N F E R Ê N C I A S

A Palavra de Deusna vida do povo da “aliança”P. Dr. Luís Manuel P. da Silva

Patriarcado de Lisboa

Estrutura do ordenamentodas leituras da Missa

P. Dr. Rui Manuel Mendes CarriçoDiocese de Beja

A celebraçãoda Liturgia da Palavra na Missa

Cón. José FerreiraPatriarcado de Lisboa

Ordenamento das leiturasno ano litúrgico

P. Dr. Pedro Romano RochaCompanhia de Jesus

ESCOLA DE MINISTÉRIOS

Funções do presidentena Liturgia da Palavra

P. Dr. Luís Ribeiro de OliveiraDiocese de Coimbra

O ministérioda proclamação da PalavraP. Dr. José de Leão Cordeiro

Arquidiocese de Évora

O ministério dos acólitosna Liturgia da Palavra

P. Dr. Manuel José Dias AmorimDiocese do Porto

O canto na Liturgia da PalavraP. Dr. António Azevedo Oliveira

Arquidiocese de Braga

A CELEBRAÇÃODA LITURGIA DA PALAVRA

XXVII ENCONTRO NACIONALDE PASTORAL LITÚRGICA

Fátima — 23 - 27 Julho — 2001

PROGRAMAR

64 BOLETIM DE PASTORAL LITÚRGICA

LIVROS LITÚRGICOSSituação em Junho de 2001

Missal– Formato maior – (1ª ed.) ................................................................................... Disponível– Formato menor – (1ª ed.) .................................................................................. Esgotado– (2ª ed. aguarda a publicação da edição típica latina)

Leccionário:– I. Ano A (2ª ed.) – Previsto para o verão 2001 ............................................ Esgotado– II. Ano B (1ª ed.) ........................................................................................... Disponível– III. Ano C (2ª ed.) – Edição revista ................................................................ Disponível– IV. Ferial I: Advento, Natal, Quaresma, Páscoa ............................................. Disponível– V. Ano II: Anos ímpares ................................................................................ Disponível– VI. Ano III: Anos pares .................................................................................. Disponível– VII. Santoral e Comuns .................................................................................... Disponível– VIII.Missas Rituais, Diversas e Votivas ........................................................... Disponível

Evangeliário ............................................................................................................... DisponívelOração dos Fiéis (2ª ed. revista e com formulários para o santoral) ......................... DisponívelLiturgia das Horas [foi revista e actualizada]

– Vol I. Advento e Natal (4ª ed.) ...................................................................... Disponível– Vol II. Quaresma e Páscoa (4ª ed.) ................................................................. Disponível– Vol III. Tempo Comum (4ª ed.) ....................................................................... Disponível– Vol IV. Tempo Comum (4ª ed.) – Previsto para o verão 2001 ........................ Esgotado– Abrev. Edição abreviada [Laudes-H. Int.-Vésp. e Completas] (3ª ed.) .......... Disponível– Abrev. Laudes e Vésperas [Laudes-Vésp. e Completas] (1ª ed.) ................... Disponível

Celebração do Baptismo ............................................................................................ DisponívelIniciação Cristã dos Adultos ...................................................................................... DisponívelCelebração da Confirmação (2ª ed.) .......................................................................... DisponívelSagrada Comunhão e Culto do Mistério Eucarístico Fora da Missa ......................... DisponívelRitual do Ministro Extraordinário da Comunhão (4ª ed.) .......................................... DisponívelCelebração da Penitência (2ª ed.) .............................................................................. DisponívelUnção e Pastoral dos Doentes ................................................................................... DisponívelCelebração das Exéquias ........................................................................................... DisponívelOrdenação do Bispo, dos Presbíteros e Diáconos (2ª ed.) ....................................... DisponívelCelebração do Matrimónio ........................................................................................ DisponívelDedicação da Igreja e do Altar .................................................................................. DisponívelBênção de um Abade e de uma Abadessa ................................................................. DisponívelRitual da Profissão Religiosa ..................................................................................... DisponívelRitual dos Exorcismos ............................................................................................... DisponívelConsagração das Virgens ........................................................................................... DisponívelCelebração das Bênçãos ............................................................................................ DisponívelInstituição dos Leitores e dos Acólitos ...................................................................... DisponívelBênção dos Óleos dos Catecúmenos

e dos Enfermos e Consagração do Crisma (2ª ed.) .............................................. Disponível

INFORMAÇÃOINFORMAÇÃO

PUBLICAÇÕES DO SNL

A celebração do Tempo do Natal (2ª ed.) ................................................ 700$00A Religiosidade Popular e a Celebração da Fé ....................................... 400$00Adaptação das Igrejas segundo a Reforma Litúrgica ........................... 700$00Akathistos ..................................................................................................... 400$00As bênçãos .................................................................................................... 750$00Bênçãos da Família ..................................................................................... 750$00Cânticos de Entrada e de Comunhão I

(Advento, Natal, Quaresma e Páscoa ............................................ 1.200$00Cânticos de Entrada e de Comunhão II (Tempo Comum) .................. 1.200$00Cassete com as Melodias Oficiais do Missal Romano ........................... 1.000$00Cânticos instrumentados para Banda ........................................................ 2.000$00Directório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero .... 100$00Directório Litúrgico 2002 .......................................................................... 900$00Agenda – Directório Litúrgico 2002......................................................... 1.200$00Enquirídio dos Documentos da Reforma Litúrgica .............................. 5.000$00Guião do XXVI Encontro Nacional Pastoral Litúrgica ........................ 1.000$00Introduções aos Salmos e Cânticos de Laudes e Vésperas................... 800$00Instrução Geral do Missal Romano (6ª ed.) ............................................ 900$00Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas (2ª ed.) ............................. 400$00Liturgia das Horas – Edição para canto (Tempo Comum)................... 2.000$00O Ministério do Leitor ................................................................................ 1.000$00O Tríduo Pascal ............................................................................................ 500$00O Tempo Pascal (2ª ed.) ............................................................................. 700$00Ordenamento das Leituras da Missa ........................................................ 500$00Ritual do Ministro Extraordinário da Comunhão (4ª ed.) ................... 800$00Salmos Responsoriais – Organista – (2ª ed.) – P. Manuel Luís ............ 3.500$00Salmos Responsoriais – Salmista – (2ª ed.) – P. Manuel Luís .............. 2.800$00

EEEEEMMMMM PREPPREPPREPPREPPREPARARARARARAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO:::::Colectânea de músicas do P. Carlos SilvaColectânea de textos litúrgicos antigosLiturgia das Horas – Ed. para canto (Advento, Natal, Quaresma e Páscoa)

Secretariado Nacional de LiturgiaSantuário de Fátima – Apartado 31 — 2496-908 FÁTIMATel. 249 533 327 Fax 249 533 343E-mail: [email protected]

S E C R E T A R I A D O N A C I O N A L D E L I T U R G I A

A Liturgia é simultaneamentea meta

para a qual se encaminha a acção da Igrejae a fonte

de onde promana toda a sua força.(SC 10)