IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E · 2015-05-26 · Marcus Joaquim de Carvalho (UFPE)...

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IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E

HISTORIOGRAFIA

Os 40 anos de Faire de l’histoire e a Historiografia Brasileira

26 A 29 DE MAIO DE 2015 http://seminariodehistoriacuiaba.jimdo.com/

Universidade Federal de Mato Grosso Programa de Pós-Graduação em História

COMISSÃO ORGANIZADORA

Vitale Joanone Neto (Coordenador Geral) Carlile Lanzieri Júnior João Paulo Rodrigues

Marcelo Fronza Marcus Cruz

Renilson Rosa Ribeiro

Rodrigo Davi Almeida

COMITÊ CIENTÍFICO

Ana Rita Fonteles Duarte (UFC) Antonio Luiz Macêdo e Silva Filho (UFC)

Antonio Maurício Dias Costa (UFPA) Antonio Paulo de Moraes Rezende (UFPE)

Christiane Rufino Dabat (UFPE) Claudia Regina Bovo (UFMT)

Edilza de Oliveira Fontes (UFPA) Flávio Weinstein (UFPE) Katia Maria Abud (UFMT) Leny Caselli Anzai (UFMT)

Marília Ribeiro (UFPE) Nelson Rodrigues Sanjad (UFPA)

Pere Petit Peñarrocha (UFPA) Suzana Cavani Rosas (UFPE)

William Gaia Farias (UFPA)

REALIZAÇÃO

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SUMÁRIO IV SIHH

Programação.....................................................................................................................................4

Simpósios Temáticos – resumos e ordem das apresentações............................................................6

ST 1 - Dinâmicas identitárias e étnicas..............................................................................................6

ST 2 – Natureza e Cultura – territorialidades, trabalho e transformações..........................................12

ST 3 – História, Sensibilidade e Imaginação: sobre objetos e fontes para a narrativa histórica do

contemporâneo...................................................................................................................................16

ST 4 – Os lugares de formação de professores de história em questão: dilemas, impasses e desafios

para o século XXI...............................................................................................................................24

ST 5 – História, terra e trabalho.........................................................................................................47

ST 6 – Fronteiras e Migrações............................................................................................................51

ST 7 – Cidades, Memórias e Sujeitos.................................................................................................57

ST 8 – Relações entre o saber e o poder na Antiguidade Tardia e Idade Média................................69

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PROGRAMAÇÃO DIA 26/05 – TERÇA-FEIRA Credenciamento (14h às 18h – sala 70/ ICHS) Conferência de abertura (19h às 22h) Prof. Dr. Antônio Torres Montenegro (UFPE) Local: Centro Cultural DIA 27/05 – QUARTA-FEIRA Mesa 1 – História e migrações (8h às 11h – auditório I/ ICHS)

Francivaldo Alves Nunes (UFPA) Cristiano Luís Christillino (UFPE) Vitale Joanoni Neto (UFMT/Cuiabá) Adilson José Francisco (UFMT/ Rondonópolis) Mesa 2 – Ensino de História e Memória (8h às 11h – auditório II/ ICHS)

Mauro Cezar Coelho (UFPA) Marcelo Fronza (UFMT) Renilson Rosa Ribeiro (UFMT) Simpósios Temáticos (14h às 18h) Lançamento de livros (18h às 19h) Local: auditório da Faculdade de Economia Mesa 3 – Escritas da História (19h às 21h – auditório I/ ICHS)

Meize Regina de Lucena Lucas (UFC) Durval Muniz de Albuquerque (UFPE) Antonio Paulo Rezende (UFPE) Aldrin Moura de Figueiredo (UFPA) DIA 28/05 – QUINTA-FEIRA Mesa 4 – Rotas e redes do mundo atlântico (8h às 11h – auditório I/ ICHS)

Franck Pierre Gilbert Ribard (UFC) Marilia de Azambuja Ribeiro (UFPE) Marcus Joaquim de Carvalho (UFPE) Anderson Roberti dos Reis (UFMT)

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5 Mesa 5 – Temporalidades na História (8h às 11h – auditório II/ ICHS)

Regina Beatriz Guimarães Neto (UFPE) Antonio Luiz Macêdo e Silva Filho (UFC) Edilza de Oliveira Fontes (UFPA) Leandro Duarte Rust (UFMT) Simpósios Temáticos (14h às 18h) Mesa 6 – Metodologias da História I (19h às 21h – auditório I/ ICHS)

Jailson Pereira da Silva (UFC) Antonio Maurício Dias Costa (UFPA) Carlile Lanzieri Junior (UFMT) DIA 29/05 – SEXTA-FEIRA Mesa 7 – Metodologias da História II (8h às 11h – auditório I/ ICHS)

Magda Ricci (UFPA) Marcus Silva da Cruz (UFMT) Antonio T. Montenegro (UFPE) Mesa 8 – Natureza e História (8h às 11h – auditório II/ ICHS)

Leila Mourão (UFPA) André Luis Ribeiro Lacerda (UFMT) Edison Antonio de Souza (UNEMAT/UFMT) Simpósios Temáticos (14h às 18h) Conferência de encerramento (19h às 22h)

Prof. Dr. Dale Tomich (Binghamton University) Local: Centro Cultural

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SIMPÓSIOS TEMÁTICOS RESUMOS E ORDEM DAS APRESENTAÇÕES

ST1-Dinamicasidentitariaseetnicas

Franck Ribard (UFC) [email protected]

Cristina Donza Cancela (UFPA) [email protected]

Este simpósio pretende receber propostas de trabalhos voltados para a análise de

manifestações individuais ou coletivas, dinâmicas de afirmação identitária ou de expressão cultural, em particular, negras, indígenas e de imigrantes, que rementem à problemática geral da etnicidade. De forma abrangente, no Brasil, em diferentes momentos históricos e em diferentes situações geográficas e sociológicas, surgiram configurações de grupos étnicos com distintos ou similares modos de afirmação identitária, pautados em instrumentalização política, simbólica ou mesmo essencialista da etnicidade. O aparecimento de contextos multiétnicos suscitou ora intercâmbios, ora veladas ou mesmo declaradas discriminações e, num extremo, agudos conflitos e mecanismos de exploração. Do ponto de vista da apreensão de tais processos, o contexto interacional, os termos definindo a natureza das relações interétnicas, à nível individual e coletivo, constituem elementos fundamentais de analise na medida em que alimentam a dinâmica constitutiva das estratégias identitárias envolvidas em áreas de fronteira étnica. Situações de contato envolvendo populações nativas, afrodescendentes, imigrantes e descendentes, entre outros grupos, podem levar à expressão de identidades étnicas, sempre alicerçadas em memórias que buscam congregar os indivíduos e afirmar diferenças. Considerando o papel das lembranças, das narrativas, das tradições orais e dos mitos na fixação de símbolos identitários e de uma origem comum, a história oral têm mostrado, neste sentido, ricas possibilidades para o estudo de contextos em que há produção e reprodução de identidades e fronteiras étnicas. O Simpósio aqui proposto supõe que o diálogo entre aqueles que estudam estas diferentes manifestações contribui para aprimorar os instrumentos de análise e permite ampliar a reflexão teórica sobre as dinâmicas identitárias e étnicas apreendidas numa perspectiva histórica. DIA27/05

Nambiquara da Serra do Norte redesenhando modernidades das tradições

Anna Maria Ribeiro Fernandes Moreira da Costa [email protected]

Esta abordagem pretende apresentar o recente ordenamento territorial dos Nambiquara da

Serra do Norte que se identificaram durante os trabalhos de campo como Sabanê, Kolimisí, Idalamarê, Lakondê, Manduca (Niyahlosu, Siwaihsu e Hinkatesu) e Kithaulhu, este último da Chapada dos Parecis, aqui denominada Nambiquara do Cerrado. O que se quer evidenciar é a dinâmica cultural desses grupos que há mais de uma década decidiram retornar ao seu antigo território de ocupação tradicional. O contato dos índios com os não índios encontra-se enlaçado em dimensões culturais e políticas, resultantes de uma distribuição desigual de poder que “pressupõe a existência de uma cultura dominante que aceita, tolera ou reconhece a existência de outras culturas no espaço cultural onde domina”. (SANTOS; MENESES, 2010, p. 15).

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O combate ao racismo que penetrou na barriga da mãe negra

Ivonete Aparecida Alves

[email protected] Tem este ensaio a pretensão de discutir os processos históricos de perpetuação do racismo

contra a população negra, que atinge crianças muito pequenas e os mecanismos ofertados pelo quilombismo para diminuir os impactos das práticas racistas na constituição identitária de crianças desde a educação infantil. O combate ao racismo exige um profundo envolvimento das pessoas adultas responsáveis pela educação das crianças, sendo importante a participação das famílias e fundamental a das escolas, no processo de pesquisa, ação e reflexão sobre as práticas racistas que a educação tem colaborado para perpetuar. Os estudos acadêmicos, embasados na militância do Movimento Negro em todas as suas instâncias, têm evidenciado os acertos entre teoria e militância, mediados pelo processo de pesquisa-ação. O quilombismo permite que a práxis adotada possa perdurar, evitando as constantes derrotas e retrocessos que os Movimentos Sociais sofrem. No quilombismo há planejamento, continuidade e a herança afro-brasileira pode ser organizada, compartilhada e reconstituída, devido aos mecanismos de formação e inserção comunitária, próprios de um processo compartilhado.

Imigração e etnicidade: ser japonês de Okinawa

Aldina Cássia Fernandes da Silva [email protected]

O presente texto trás uma breve reflexão sobre a heterogeneidade existente entre os

imigrantes japoneses, especificamente sobre o grupo okinawano representado historicamente como minoria em relação aos outros japoneses. A questão étnica entre os imigrantes japoneses envolve a afirmação de um nós em relação a outro. Os imigrantes japoneses migraram para o Brasil em momentos diferentes, mas carregaram as singularidades construídas e vividas nas diferentes regiões do Japão. O sentimento de pertença heterogêneo entre os imigrantes japoneses revela diferenças que mobilizam características culturais contrastivas, principalmente em relação aos okinawanos. Assim, objetiva-se compreender e reconhecer a diferença existente entre os japoneses por meio do processo que representa historicamente os japoneses de Okinawa como minoria étnica e ainda entender como essas diferenças foram acionadas no contexto de imigração após a Segunda Guerra Mundial no Brasil.

Povos Ciganos no Brasil: da invisibilidade à afirmação étnica

Lylia da Silva Guedes Galetti

[email protected] Recai sobre um dos grupos étnicos mais antigos na sociedade nacional um denso e espesso

véu que mal começou a ser levantado. Trata-se dos povos ciganos, ainda praticamente invisíveis no Brasil contemporâneo. Sua presença entre nós, no entanto, remonta aos inícios da colonização portuguesa, quando aqui aportaram na condição de degredados, por serem tidos como indesejáveis e prejudiciais à ordem metropolitana. Com eles, também vieram o preconceito e a discriminação de que já eram vítimas em Portugal e, de resto, em todo o continente europeu. No Brasil imperial e republicano foram tratados pelo Estado exclusivamente como ameaça à segurança pública e como tal sofreram constante repressão, perseguições e violências. Quase 500 anos depois da chegada dos

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8 primeiros ciganos, identificados em documentos de 1534, e ainda praticamente invisíveis, os povos ciganos nos surpreendem, por sua capacidade de resistência como minoria étnica: está viva e atuante. Nessa longa duração, mantiveram e reinventaram sinais diacríticos de suas identidades, inclusive línguas – no Brasil vivem quatro etnias -e aqui estão, reclamando visibilidade, lutando por seu reconhecimento, como sujeitos de direitos coletivos e individuais, na ordem social brasileira contemporânea. Situada na fronteira entre a academia e a gestão de políticas públicas voltadas para segmentos étnico-raciais proponho, com esta comunicação, explorar simultaneamente a produção acadêmica sobre os ciganos, com foco nas áreas de História e Antropologia, e as iniciativas de políticas públicas destinadas a esta minoria étnica, no período 2001 a 2014. A abordagem proposta indaga sobre como foi possível tamanha invisibilidade e resistência, quais os nexos entre ambas e de que modo emerge, entre os próprios ciganos, o desejo de romper aquele véu: desejo de se mostrar, de se afirmarem como sujeitos da sua história, portadores e narradores de tradições, memórias, sonhos e utopias, e de serem vistos pelo Estado e pela sociedade como sujeitos de direitos diferenciados e universais - como ciganos e também cidadãos e cidadãs de um Brasil que se quer, como inscrito na sua Constituição pluriétnico, igualitário e fraterno.

SOU NEGRO E SOU LIVRE. O QUE FAZER? Um estudo das estratégias de sobrevivência

de negros e negras após a abolição da escravidão na Baixada Ocidental Maranhense

Maria da Conceição Pinheiro de Almeida [email protected]

O presente Simpósio discute algumas estratégias de sobrevivência de negros e negras na

Baixada Ocidental Maranhense, após a abolição da escravidão, tendo em vista as dificuldades de inserção como cidadãos e cidadãs na sociedade a qual os concebera como escravos e escravas. Apesar de que com abolição muitos foram para a capital da então província do Maranhão, São Luís, em busca de oportunidades de trabalho, tendo em vista o parque fabril que se formara em fins do século XIX, outros permaneceram na zona rural. O olhar desta pesquisa se volta para aqueles que se fixaram na microrregião da Baixada Ocidental Maranhense, uma localidade onde as atividades agrícolas e pastoris agregaram grande contingente de mão de obra negra, escrava ou não, e esses negros e negras livres lançaram mão de várias estratégias que pudessem garantir-lhes a sobrevivência, formando então as comunidades negras rurais, que também foram denominadas de “terras de preto” e que, de acordo com o que o artigo 68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988, muitas dessas comunidades buscaram o reconhecimento como comunidades remanescentes de quilombos.

Processo de mudanças culturais a partir do contato interétnico decorrente do deslocamento

populacional na Comunidade Indígena Serra do Truarú (Murupú – Boa Vista/RR)

Eriki Aleixo de Melo [email protected]

Francilene dos Santos Rodrigues [email protected]

Este trabalho tem por objetivo compreender a formação cultural e suas transformações

decorrentes do processo de contato Interétnico na comunidade indígena Serra do Truarú, localizada na Terra Indígena (TI) Serra da Moça, região Murupú, na capital Boa Vista. Para desenvolvimento da pesquisa e consecução dos objetivos utilizou-se a coleta de dados quantitativos e qualitativos, dando maior ênfase ao segundo. A análise qualitativa buscou compreender as mudanças culturais que ocorrem a partir de uma comparação entre o estilo de vida dos mais velhos e o estilo de vida

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9 dos mais jovens. Buscou-se também, compreender o processo de mudanças nos costumes tradicionais decorrentes do contato cultural entre etnias e culturas diferentes proporcionado, entre outras coisas, pelo processo de trânsito entre os universos da comunidade e universo urbano. A pesquisa realizou-se em quatro etapas. A princípio foi construída uma base teórica e metodológica que nos permitisse entender conceitos como identidade, etnicidade, cultura, deslocamento populacional, assim como também os instrumentos de coleta de dados como a história e trajetória de vida e a etnografia. A seguir, foi feita a coleta de dados junto às instituições CIR- Conselho Indígena de Roraima; FUNAI- Fundação Nacional do Índio e Prefeitura de Boa Vista, pois assim, foi possível dividir e selecionar os integrantes da Comunidade Serra do Truarú que foram entrevistados. Então, além de fazermos uma contextualização histórica da comunidade e do processo de contato dos Wapixanas com a população não índia, tratamos de identificar os elementos da cultura e estilo de vida por meio das narrativas dos mais velhos. Com isso, pudemos identificar as mudanças ocorridas a partir destes contatos interétnicos e, ao mesmo tempo, verificar os principais mecanismos de resistências e conservação dos costumes tradicionais. Nossas argumentações foram feitas principalmente a partir dos conceitos etnicidade, cultura e descolamento populacional.

DIA28/05

Conflitos, regionalismo e identidades: a problemática do separatismo na “Revolução

Constitucionalista” de 1932

João Paulo Rodrigues [email protected]

Se a construção de uma identidade nacional brasileira foi, e continua sendo, permeada por

desafios, impasses, momentos exitosos e traumáticos, o início da década de 1930, por certo, vivenciou uma importante e tensa etapa nesse processo. Nos conflitos comumente chamados de “Revolução Constitucionalista” de 1932, as temáticas do separatismo, do regionalismo e, inclusive, da aversão a determinados grupos de imigrantes que viviam no estado de São Paulo a época estiveram em pauta, ora como acusações das forças que permaneceram leais ao Governo Provisório de Getúlio Vargas, ora como recusas por parte dos grupos “constitucionalistas” de São Paulo, que reafirmavam o caráter legalista e “brasileiro” da sublevação. Esta apresentação de trabalho se propõe, então, a discutir as dinâmicas de afirmação identitária e discriminações étnicas que estiveram envolvidas neste momento limite da história republicana brasileira, contextualizando-as na respectiva conjuntura e debatendo a extensão de sua relevância ou não para a guerra de 1932.

Memórias Kilombolas. Dos “Estados” Imbangalas aos espaços de resistência cativa no Brasil

colônia, séc. XVII e XVIII

Maria Amélia Assis Alves Crivelente [email protected]

Este trabalho centra-se, num primeiro momento, na observação do Kilombo na Angola

meridional, enquanto espaço politico e militar dos guerreiros Imbangalas e adequação de uma ideia inspirada nos Ovimbundo, que a utilizavam como espaço reservado às práticas de circuncisão. Reunindo indivíduos de diferentes etnias, geralmente dissidentes de seus grupos de origem, no Kilombo dos bandos Imbangala, mercenários extremamente preparados militarmente, eram

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10 estabelecidas regras próprias, desconsiderando completamente o aspecto étnico e o papel da linhagem em sua formação. No segundo momento, procuramos traçar paralelos à formação de quilombos no Brasil colônia, perpassando a questão étnica e a herança cultural na mentalidade do escravo e as lutas de resistência.

“NÃO SE PODE VIVER SEM ELES”: a presença da mão de obra africana e o Estado do

Maranhão colonial no século XVII

André Luís Bezerra Ferreira [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo analisar a relação entre o processo de formação do

Estado Maranhão colonial no século XVII e a carência da mão-de-obra escrava africana, que foi um agravante para que pudesse ocorrer o desenvolvimento da região. Desta forma, os moradores, colonos e autoridades da capitania do Maranhão e Pará solicitavam frequentemente a Coroa lusitana que houvesse a implantação do comércio de africanos para região. A principal alternativa encontrada para realização de tal empreendimento foi a concessão dos monopólios através de contratos para empresas e particulares que almejavam a prosperidade econômica nas terras da colônia. Sendo assim, a Companhia de Cachéu e Cabo Verde deteve o monopólio real do comércio de escravos para o Estado do Maranhão e Pará no último quarto do período seiscentista, se caracterizando como a responsável pelo primeiro ciclo de introdução de africanos no norte da colônia. A documentação utilizada é constituída por documentos do Conselho Ultramarino, sendo consultada através do Arquivo Histórico Ultramarino e do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro.

A mulher indígena na perspectiva de José Joaquim Machado de Oliveira

Marislânia Silva Souza

Rosinéia Cipriano Sara Mena Felberg Jacobsen

Weber Conceição de Campos [email protected]

Este trabalho visa demonstrar como a mulher indígena é retrata no documento escrito pelo

sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, senhor José Joaquim Machado de Oliveira. Neste documento o autor tem por objetivo “retirar a mulher indígena das trevas em que se achava no imaginário popular” e mostrar a importância desta figura na constituição de uma identidade nacional. Entender os discursos, sintetizando-os às mentalidades da época torna possível a percepção de fragmentos do cenário em que a figura feminina estava inserida. Ao longo do documento o autor cita diversas etnias indígenas como os Guaranys, Tupys, Tupinambás, Chavantes, Payáguas, Guaycurús, Cahetés, Aymorés, Botocudos, Purís, Guayanazes, Coyapós, entre outros. Em todas elas traz-nos exemplos de valorização da mulher, do respeito e amor com que era tratada no seu viver diário. Sendo assim, mostra-se de extrema relevância corroborar para o entendimento da mentalidade que permeava a imagem da mulher índia. Esse discurso foi sendo construído desde o século XVI e remonta a novas perspectivas de se encarar o outro, como forma de criar um espírito de nacionalidade que abrigue todos os indivíduos.

O "visitador de naus" no mundo português e colonial (Brasil), séculos XVI e XVII

Rossana Britto

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[email protected] Trata-se de uma pesquisa voltada para o estudo de um cargo específico da burocracia

inquisitorial portuguesa: o visitador das naus. O Regimento da Inquisição portuguesa de 1640 determinava que os visitadores das naus encarregavam-se da função de inspeção de pessoas, origens étnicas, ideias e outras mercadorias nos portos e alfândegas do Império Colonial Português que afrontavam a Santa Madre Igreja. Pretendemos com esta pesquisa em andamento (2013-2015) levantar e analisar as atividades desempenhadas pelos visitadores de naus em Lisboa e no Brasil Colonial entre os séculos XVI e XVII com perspectiva comparativa, como também aprimorar os estudos sobre o funcionamento da máquina inquisitorial no que se refere à repressão das heterodoxias. Quanto aos objetivos deste projeto de pesquisa, há os objetivos gerais e os específicos. Objetivos gerais: - Estudos sobre a máquina burocrática inquisitorial e seu funcionamento no mundo português e no colonial do século XVI ao XVIII. Objetivos específicos: -Pesquisa sobre a atuação dos inquisidores das naus na inspeção de pessoas, ideias e livros que circulavam no mundo português e colonial (Brasil) entre os séculos XVI e XVII.

A obra História de Mato Grosso do Sul, de Hildebrando Campestrini e Acyr Guimarães:

identidades e representações

Jérri Roberto Marin [email protected]

A divisão do estado de Mato Grosso e a criação, em 1977, de Mato Grosso do Sul trouxe

inúmeros desafios, entre eles o de criar uma nova região, com recortes geográficos, políticos e culturais e de forjar sentimentos de pertença coletiva. A criação do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, em 1978, e a elaboração de um passado oficial eram importantes nesse contexto. Em 1991 foi publicada, pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, com patrocínio do Estado, a obra História de Mato Grosso do Sul. Atualmente está na sétima reedição e constituiu-se como a história oficial, sendo distribuída nas escolas e é utilizada nos concursos públicos. Os autores assumiram a tarefa de construir a história de Mato Grosso do Sul, de recriar seu passado, de solidificar os mitos de fundação, de ordenar os fatos até então dispersos, de trazer à existência essa nova região e de forjar a identidade regional. Os fatos foram encadeados de forma a justificar a existência de Mato Grosso do Sul desde o século XVIII, assim como a de sul-mato-grossenses. Assim, conferem uma antiguidade, supostamente imemorial, ao novo estado. Esses discursos politicamente engajados estruturam o regionalismo, inventam a região Mato Grosso do Sul, forjam subjetividades e produzem diferenças, trazendo-as à existência. Nesse sentido, buscou-se analisar a obra e pôr em questão os recortes regionais construídos pelos autores, assim como as definições de suas fronteiras, de suas dinâmicas étnicas e a suas construções identitárias.

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ST 2 – Natureza e Cultura – territorialidades, trabalho e

transformaçoes

Eurípedes Funes (UFC) Kênia Rios (UFC)

Leila Mourão Miranda (UFPA) [email protected]

Na dimensão da vida política e da vida social a História Ambiental confere atenção a

diferentes níveis de aprofundamento teórico e empírico, temporalidades, fontes e perspectivas metodológicas. Os desafios da sustentabilidade, os movimentos sociais e as ameaças naturais no mundo contemporâneo são temáticas que estimulam os estudos no campo da História Ambiental. Neste sentido, a proposta deste Simpósio Temático envolve múltiplos objetos de investigação e relaciona os estudos das relações entre sociedade e natureza, desde a reconstrução do mundo natural até suas mais diversas representações e usos sociais, como discursos, práticas, tecnologias e ciências, percepções do mundo natural. Assim, os estudos apresentados devem de algum modo, compartilhar preocupação em pensar e relacionar, as formas de conhecimento e/ou saberes sobre o ambiente e as interações e/ou grau de intervenção na paisagem que o uso desse ambiente, especialmente como um recurso econômico, tem produzido.

DIA 27/05

Brincando de ser um historiador ambiental: uma experiência de oficina pedagógica na escola

Adalto Vieira Ferreira Júnior

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma experiência de ensino que teve como

tema central a relação histórica do homem com a natureza, desenvolvida no âmbito da disciplina de Estágio Supervisionado III, no curso de Licenciatura em História, da Universidade Federal de Mato Grosso, campi Rondonópolis. A partir de estudos que tomam por objeto a relação do homem com a natureza em uma perspectiva histórica (MARTINEZ, 2006; DUARTE, 2005; THOMAS, 2010), foi desenvolvida uma oficina pedagógica com a turma do sexto ano do ensino fundamental, na Escola Estadual Professora Elizabeth de Freitas Magalhães, no município de Rondonópolis, no segundo semestre de 2013. O objetivo da oficina foi refletir sobre a própria história da relação do homem com a natureza e proporcionar aos estudantes uma experiência de pesquisa histórica tomando como fontes entrevistas e matérias de jornais de veiculação nacional e local que tematizavam o meio ambiente. O objetivo desta oficina também foi pensar sobre a necessidade de conservação da natureza atualmente. Ao final, os estudantes confeccionaram cartazes com recortes de notícias que abordavam temas relacionados ao meio ambiente e apresentaram suas conclusões para a turma. Pecuária semi-selvagem: a formação de uma crítica sobre os processos pastoris cearenses e a

defesa de modernização técnica na primeira metade do século XIX

Alberto Rafael Ribeiro Mendes [email protected]

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Na primeira metade do século XIX, os métodos de criação no Ceará passaram a ser descritos como selvagens, bravios, rotineiros e entregues às forças da natureza. As críticas produzidas por viajantes e naturalistas, “os homens de ciência”, denunciavam o “atraso” das práticas pastoris, a destruição da natureza provocada pelos processos tradicionais, a ausência de trabalho sistematizado, a dependência da natureza, e pregavam a necessidade de modernização da pecuária cearense, com vistas ao progresso econômico e ao futuro político do Ceará. Confiantes na ciência e na técnica como elementos instituidores de progresso, os críticos da pecuária pregavam a classificação das espécies de gado, observação dos ciclos reprodutivos dos animais, interferência nos cruzamentos, observação dos solos, do clima e da vegetação, a aclimatação de espécies exóticas, etc. O estabelecimento de novas relações com os recursos naturais necessários ao gado também estava na pauta dos discursos científicos, que em alguns momentos denunciavam a prática de queimada dos pastos, a derrubada de árvores, a “ignorância” dos criadores em relação ao potencial da natureza dos sertões cearenses. Esta pesquisa pretende compreender a formação de um discurso que colocava a pecuária cearense entre o atraso e a modernização, entre um passado, que precisava ser superado e um futuro, que seria antecipado por meio de novas técnicas pastoris. Pretendemos ainda analisar as formas de ver a natureza cearense e compreender os significados atribuídos ao mundo natural.

A Cidade de Rondonópolis (MT) Rio Vermelho e seus impactos Ambientais

Isadelly do Nascimento Santos [email protected]

Beatriz dos Santos Oliveira Feitosa [email protected]

Este resumo pretende expor a fragilidade que está assolando Rio Vermelho localizado na

cidade de Rondonópolis (MT), em meio ao crescimento populacional e o decorrente crescimento industrial, o homem e a natureza caminham em descompasso. Ao longo do tempo as populações migrantes, impulsionadas por um processo de migração estimulada pelo Governo Federal foi se fixando às margens do Rio Vermelho sem maiores preocupações de ordem ambiental que acabaram afetando o meio ambiente. Uma das problemáticas da atualidade diz respeito ao tratamento dos efluentes líquidos que são lançados naquelas águas. A documentação até aqui trabalhada permite concluir que os usos do rio ocorreram de forma indevida possibilitando danos ao meio natural. As fontes bibliográficas utilizadas para a realização desta pesquisa inicial tratam do movimento de ocupação do estado de Mato Grosso, as obras aqui trabalhadas serão do professor Vitale Joanoni Neto, “Fronteiras da Crença - Ocupação do Norte de Mato Grosso”, João Carlos Barrozo, “Mato Groso Do Sonho À Utopia Da Terra” e do mesmo autor “Mato Grosso: A (re)ocupação da terra na fronteira amazônica ( Século XX)”. Além destes estudos utilizo ainda o trabalho com o arquivo do Jornal A Tribuna de grande circulação local, analisando o papel das águas do Rio Vermelho para a sociedade rondonopolitana.

Os cheiros do Pará e a apropriação de saberes na globalização (1990-2014)

João Marcelo Barbosa Dergan

Usos e sensações olfativas de raízes e sementes na Amazônia, em que a cidade de Belém se tornou um pólo dinamizador, viajam do local ao global no processo de mundialização, que assumem características próprias em função do ambiente e das significações que são dadas. A mundialização de produtos naturais da Amazônia na longa duração da modernidade mostram que muitas raízes, sementes e produtos foram usados e significados de diferentes maneiras, dependendo dos interesses e posição sócio-econômica. Entre esses interesses, os cheiros foram categorizados em

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14 escalas de conhecimentos, em que os princípios ativos das sementes e raízes da várzea amazônica passaram a compor produtos ao mercado. A narrativa histórica pôde revelar interações sócio-econômicas sob a perspectiva ambiental em níveis de usos, signifcações e sentidos dados as sementes de cumaru, ucuuba, pracaxi e as raízes de priprioca pelas comunidades das ilhas de Cotijuba, Combu, Jutuba, Grande e das Onças, nas proximidades de Belém, que se organizaram em associações e centros comunitários e na busca de renda e qualidade de vida estabeleceram contratos com empresas como Beraca e Natura, para fornecimento dessas sementes e utilização dos princípios ativos para produção de biocosméticos, para os mercados regional, nacional e também internacional a partir dos anos 1990. Neste processo, correram ‘novas’ demandas e reorganizações nas relações de produção e trabalho. Na apropriação de conhecimentos sobre os cheiros do Pará, empresas e comunidades revelam aspectos diferentes e congruentes na busca da sustentabilidade ambiental na globalização.

O Nacionalismo Euclidiano na obra A Margem da História (1909): um debate em torno do pensamento político-social brasileiro

Oseias Carmo Neves

[email protected]

Nesse artigo procuro apontar para a existência de um pensamento euclidiano em sintonia com um tipo peculiar de liberalismo social que ora se confundi com socialismo, revelador de uma realidade amazônica do inicio do século XX permeada por contradições entre homem e natureza e que, de certa forma, foi negligenciada pela república e injustamente tachada de "lugar sem história". Para tanto, analisarei do livro A Margem da História (1909), a sua primeira parte intitulada Terra sem história (Amazônia), onde nossa hipótese é que Euclides da Cunha em suas descrições do clima, da natureza e dos seringueiros brasileiros que ali viviam, reafirmava sua tendência ao pensamento nacionalista. A par desse objetivo, pretendo simultaneamente sinalizar para uma nova perspectiva de análise do pensamento euclidiano a luz do pensamento político-social brasileiro sob signo das ciências sociais. Ao final, espero poder ter contribuído para o debate em torno da atualidade do pensamento euclidiano para os problemas da Amazônia, bem como, circunscrever os trabalhos de Euclides sobre a Amazônia no roteiro de interesses por parte das ciências sociais.

Contatos de Culturas: A presença nordestina no cenário cultural amazonense entre 1970 e 1985

Thais Barbosa de Siqueira Cavalcanti

Regina Beatriz Guimarães Neto

Esta apresentação é uma análise das informações reunidas para a realização de um projeto de pesquisa acerca dos legados e das trocas culturais dos migrantes nordestinos na Amazônia brasileira, entre os anos de 1970 e 1985. Os intercâmbios culturais se deram sob o impacto das políticas governamentais que estimularam o deslocamento populacional das diversas regiões brasileiras para a Amazônia. O objetivo do texto é analisar o processo de estabelecimento desses migrantes, que enfrentaram a dura viagem até o Norte do país em busca de melhores condições de vida. O período entre as décadas de 70 e 80 foi marcado pela intensa propaganda governamental divulgando a Amazônia Legal como uma terra de oportunidades, atraindo, então, pessoas que fugiam da precariedade de seus locais de origem. Ao chegarem ao referido destino, tido como “promissor”, deparavam-se com uma situação completamente diferente da que lhes foi informada. Chegavam já endividados, desprovidos de alojamento, alimentação e ferramentas, e tão logo teriam,

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15 também, sua liberdade comprometida por conta de condições degradantes de trabalho. Enfrentavam não só a falta de assistência por parte dos patrões e das próprias autoridades, como também ainda podiam ser alvo da xenofobia por parte de grupos sociais provenientes do Sul do Brasil e da violência dos próprios patrões. Contudo, mesmo com todas as adversidades esses trabalhadores rurais acharam meios de sobreviver e criar mecanismos e iniciativas de resistência. Distantes de suas casas, criaram laços sociais com aqueles com quem compartilhavam das mesmas dificuldades, procurando preservar e inovar suas crenças, hábitos e costumes, porém renovando-os, interagindo com outros ao compartilharem outras culturas. Assim, a cultura desses grupos sociais, de muitos pontos do país, se mesclou a uma enorme diversidade, produzindo importantes legados, mostrando-se perceptível na atualidade, destacando-se os campos linguístico, culinário, e religioso como exemplos dos legados em questão. Desta maneira, os migrantes conseguiram criar seu espaço social em locais desconhecidos e de difícil adaptação.

Estudo dos impactos do uso do solo sobre a porção da foz do ribeirão arareau

Wellington Rodrigues de Araújo

O trabalho apresenta um diagnostico sobre os impactos do uso do solo urbano em pequeno trecho do baixo curso do rio Arareau caracterizando o uso do solo na área de estudo, mapeando e discutindo sobre as fontes de impactos ambientais sobre a área mapeada e delimitada. O rio arareau localiza no município de Rondonópolis, Estado de Mato Grosso. Devido, o grande crescimento populacional de Rondonópolis, ele foi se degradando. Já que corta todo o perímetro urbano do município. O presente trabalho fará uma discussão através dos textos a serem utilizados águas urbanas, desenvolvimento Urbano e estrutura Urbana do autor Carlos Tucci, Ministério do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente da resolução nº 430, de 13 de Maio de 2011 e do texto Considerações sobre a geração de efluíentes líquidos em centros urbanos do autor Edilson Archela, Adalberto Carralo. Porem será delimitado um quadrante de controle para 56 quadras encontradas dentro da área mapeada delimitada, com apoio de imagens do Google Earth – posterior a digitalização e codificação – dentre usando as ferramentas do próprio Google Earth. A problemática se dará em torno das formas de distribuição dos tipos de uso do solo em cada quadrante caracterizando como área comercial, área residencial, área verde e a área de invasão da APP e definido os conceitos de cada uma delas. Desse modo, pretendo observar em loco que o uso do solo urbano, ele gera poluentes para o Rio Arareau.

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ST3–Historia, Sensibilidadee Imaginaçao: sobreobjetose fontes

paraanarrativahistoricadocontemporaneo

Antonio Paulo de Morais Rezende (UFPE) [email protected]

Jailson Pereira da Silva (UFC) [email protected]

A imaginação é gesto incontornável no fazer do historiador. Ainda que paute suas ilações

em documentos e metodologias, em provas e teorias, a narrativa e a interpretação históricas são imaginativas porque precisam conceber o passado; precisam tornar acessível, através de palavras e imagens, um tempo que, em sua integralidade, já não está aqui. Em uma sentença: fazer história é imaginar um passado. Como asseverou Didi-Huberman (2012, 15), “para saber é preciso imaginar-se”. Mas a imaginação histórica possui suas singularidades. Ela não é em tudo simétrica à imaginação literária, por exemplo. Embora as fronteiras entre as duas estratégias de imaginação nunca possam (nem devam) se claramente demarcadas, a imaginação histórica é, como sugeriu Dominick LaCapra, mediada por elementos como a verossimilhança e a legitimidade. Podemos sempre questionar o que chamamos de “verossimilhante” e “legítimo”, mas deles não podemos nos afastar demais sem o risco de nos perdermos. Além disso, a afirmação de que “a verdade histórica não existe” não transforma as searas de Clio na terra do vale-tudo (Malerba, 2011). Não é por duvidar do estatuto da verdade que o historiador está autorizado a escrever, conscientemente, mentiras. Nenhum de nós, profissionais da história, por mais que possamos aderir à tese narrativista, escreve no frontispício do seu trabalho: “bem, como a verdade não existe, estruturo essa pesquisa em minhas falsificações e desonestidades”, como sugere David Lowenthal (1998, 134). Afinal como esclareceu Georges Duby (1989, 19), se as informações são subjetivas e as narrativas múltiplas, devemos guiar nosso pensamento histórico balizado pela crítica e pela ética. Antes de pensar, porém, o que distingue esses dois diferentes modos de imaginação, devemos refletir sobre como eles se articulam mutuamente. Podemos iniciar essa reflexão, partindo, por exemplo, da questão da sensibilidade. Tema estruturante na literatura, a sensibilidade ainda é um desafio para a História. Claro que, como historiadores, estamos (devemos estar) atentos ao aspecto sensível do tempo. Mas, como esclarece Arlette Farge (2011), o discurso histórico está mais habituado a tratar a guerra do que o sofrimento, por exemplo. A sensibilidade não é apenas um imperativo epistemológico, um dispositivo heurístico inerente à construção do conhecimento histórico. Ela é, pode ser, também, objeto da história, problema histórico. Para nós, parece claro que adentrar os caminhos labirínticos que aproximam a imaginação e a história é perceber que desafios apresentados em faire de l’histoire ainda permanecem atuais. Incapazes de resolver todos os dilemas expostos há 40 anos, dedicamos nossa atenção, precipuamente, para a questão das relações que os historiadores estabelecem com os documentos e com as sensibilidades. Parece-nos inconteste que a explosão de novos objetos, problemas e abordagens, fez-se acompanhar pela ampliação do número de fontes para o estudo da História. Duas linhas de questionamentos se fazem condutoras dos debates que desejamos ensejar nesse ST. Uma diz respeito ao estatuto do documento; ao seu trato epistêmico e metodológico. Outra à ascensão de novos objetos da História. Talvez, essas linhas de questionamento possam ser traduzidas nas seguintes problemáticas: Como se constitui, historicamente, o arsenal de documentos, ou, dito de outro modo, como um vestígio do tempo acende à categoria de documento da história? Como o historiador percebe o papel dos documentos e fontes históricas em seu trabalho? Superamos o tempo no qual o documento sempre era tratado como uma linguagem de uma voz agora reduzida ao silêncio: seu rastro frágil, mas, por sorte decifrável. (FOUCAULT, 1987, 7)? Estamos atentos às sensibilidades que pontuam nosso cotidiano, ou ainda continuamos sendo, como indica Arlette Farge (2011), profissionais que sabem trabalhar com a guerra, mas não com a dor e a sensibilidade da morte?

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17 DIA 27/05

Análise das continuidades, passado-presente. O caso da Dança entre os xi’iui (pames) de

Santa María Acapulco

Raùl Aguilera Calderon [email protected]

O discurso predominante sobre o fazer historiográfico reside em estudar o passado para

compreender o presente e, em certo sentido, projetar o futuro. Contudo, as observações das fontes históricas são atuais, posto que o passado não existe, é uma construção que depende da imaginação do e sensibilidade do investigador. Mas para que exista uma cientificidade no fazer historiográfico tanto a imaginação quanto a cientificidade devem estar sujeitas a um marco teórico-metodológico? Para aproximarmos a uma resposta deste questionamento, em um primeiro momento, é apresentar uma proposta metodológica com base na linguística saussuriana para a análise historiográfica que ajude a analisar as continuidades entre passado e presente. Fato histórico será visto como um sistema de símbolos, ao qual se aplicará diferentes teoremas da comunicação e da linguística estructural. E, em um segundo momento, exemplificar essa proposta através de um estudo de caso: a dança para pedir chuva, realizada pelos pames (xi’iui) de Santa María Acapulco, grupo indígena que habita a Serra Gorda de São Luis Potosí, México.

O Choro dos mortos: História e Tradição oral no Cariri Cearense do século XXI

Cícero Joaquim dos Santos [email protected]

Esta pesquisa historiciza a tradição oral sobre as almas na região do Cariri cearense, no

Nordeste brasileiro. Ela objetiva compreender o funcionamento dos mortos na memória dos vivos do século XXI, lançando luz sobre os significados atribuídos às almas, seus trânsitos no Além Cristão e aparições no mundo terreno. Logo, esta investigação adentra o terreno da história dos mortos na contemporaneidade. O trabalho vem sendo desenvolvido através da metodologia da história oral, e dialoga com os conceitos memória, sensibilidade e imaginário. As narrativas orais são confrontadas com registros elaborados por folcloristas, cordelistas e blogueiros. Um dos aspectos destacados pelos entrevistados diz respeito ao choro dos pagãos. Estando presas na terra, as almas das crianças que faleceram sem receberem o sacramento católico do batismo choram. Nas tradições orais e nos escritos dos folcloristas, a lamentação dos pagãos representa o pedido para que as pessoas realizem seu batismo. Para o cumprimento desse ritual, alguns narradores apontam que é necessário lançar água sobre o túmulo onde o corpo fora sepultado e pronunciar as palavras ritualísticas. Depois de batizado, o morto infantil de desprende das amarras terrenas e voa na direção do Paraíso.

A África Revisita: imaginários e representações sobre os grupos étnicos do reino de Lunda

(1840-1888)

Adiléa de Lamônica Navarros [email protected]

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A África sempre foi um continente que despertou o imaginário europeu. A representação do africano pelos europeus nos permite avaliar o peso dos referenciais culturais dos viajantes nos seus primeiros contatos com o africano. Esses referenciais constituem um código de que fazem parte classificações variadas, estereótipos, estimas ,signos e valores que são comuns ao europeu ocidental cristão vivendo no inicio do século XV, espaço cultural a que Portugal pertence. E com base nestes códigos que o português valoriza sua cultura e desvaloriza e subestimam os povos extra-europeus, consonantes com estes signos culturais o português avalia os povos que trava contato. As fontes portuguesas do século XIV e XV confirmam o grande peso negativo com que é percebida a imagem do africano. Nas fontes religiosas e profanas o adjetivo “negral” e o sinônimo de “desgraçado”. A cor negra e também adjetiva para castigo e diabólico. E na produção da "historicidade de contrato" que se forja um retrato degradante do africano, visto que ele é bárbaro, cruel e incivilizado. Por esses motivos deve ser protegido de si mesmo. Legitimando-se o uso da coerção da força e da violência física para puni-los.

"O Trabalho Doméstico e Domiciliar no Recife Oitocentista através de inventários Post

Mortem"

Tatiana Silva de Lima [email protected]

A historiografia tem estudado o trabalho doméstico em casas patriarcais ou pressuposto a

chefia masculina para as residências. Contudo, uma mostra de inventários post mortem do Recife entre 1830 e 1870, que fundamenta esta pesquisa até o momento, indica que os trabalhadores dos serviços pessoais estavam distribuídos nas casas segundo o sexo e o patrimônio dos chefes dos domicílios. Nas residências lideradas por homens prevaleciam as serviçais cativas e patrimônios entre modestos e ricos. Os fogos chefiados por mulheres livres e forras somavam mais serviçais forras e conjuntos de bens modestos e medianos. Os deslocamentos e direcionamentos desta pesquisa tem a ver com algumas sensibilidades baseadas na condição de mulher e na personalidade da autora, que é advinda da classe trabalhadora, e baseadas nos contextos históricos e acadêmico-científicos. Marcas da vida humana ascendem à categoria de documento histórico quando são questionadas pelo/a historiador/a e oferecem respostas às perguntas sobre as sociedades as quais pertencem. Como pensou Carlo Ginzburg, as fontes não são janelas escancaradas para o passado ao modo “positivista”, nem tampouco muros que obstruem o conhecimento do passado como acreditam os céticos da “virada cultural”, elas são no máximo espelhos deformantes. Portanto, o conhecimento histórico é possível.

O Encontro entre Clio e Minerva: apontamentos teóricos e metodológicos para a história do

livro e da edição

Gilberto Gilvan Souza Oliveira [email protected]

Nas últimas décadas é notório o aumento na produção de pesquisas que têm os livros como

fonte e objeto de pesquisa. No Brasil, esse fenômeno é mais recente. Um dos fatores que permitiram esse ritmo na produção historiográfica se deu por meio da abertura, no campo da História social e cultural, para a possibilidade de diversos registros dos sujeitos serem incorporados como fonte e objeto de estudo dos historiadores. E, ao mesmo tempo, o retorno à análise dos “velhos documentos” para a história, gerou a necessidade de colocá-los em diálogo com as “novas tipologias documentais” como, por exemplo, com a produção literária. É a partir dessa perspectiva que o presente trabalho pretende discutir as questões teóricas e metodológicas em torno da História

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19 do Livro e da Edição. Cabe destacar que não pretendemos propor um método específico, nosso intento e colocar em discussão perspectivas de análises do livro como fonte e objeto de pesquisa.

DIA 28/05

O Romantismo e o Problema da Nomenclatura: uma análise metodológica das interpretações

de Vaillant e Candido

Thales Biguinatti Carias [email protected]

A tentativa de Alain Vaillant, na introdução de seu Dictionnaire du Romantisme, é,

conforme sugere o próprio título, apreender os aspectos de uma História Global do Romantismo. Por outro lado, Antonio Candido, em O Romantismo no Brasil, disserta a respeito das peculiaridades e dos diálogos postos entre literatura brasileira e ocidental na formação do “Romantismo brasileiro”. Em ambas as análises, conforme as intenções e estratégias de cada autor, é colocado o problema da nomenclatura: Seria possível generalizar tão diversas experiências sob o famigerado nome Romantismo? Ou ainda, em qual medida os chamados Romantismos francês e brasileiro correspondem entre si? Ao que parece, tanto Vaillant como Candido possuem posições convergentes no tocante às formulações dos romantismos, seja ele local ou global. À luz dos apontamentos de Marc Bloch sobre o problema da nomenclatura nas ciências humanas em geral e na história em particular, o presente trabalho tem como intenção refletir a respeito das práticas dos dois pesquisadores frente ao mesmo objeto de estudo, bem como apontar para possíveis relações entre o Romantismo no Brasil e na França. Esta reflexão está diretamente ligada com o domínio do próprio trabalho do historiador na medida em que procura estabelecer uma narrativa que, abdicando de um estatuto de “verdade”, constrói critérios claros de pesquisa e de concepção de um passado não somente inteligível, apreensível, manipulável e racionalmente disposto, mas em constante diálogo com o presente em que se ampara e é formulado.

Raízes e Caminhos para o Paraíso: análise do estilo narrativo de Sérgio Buarque de Holanda

Gabriella Lima de Assis

[email protected]

A fronteira entre a História e a Literatura é o eixo que norteia o interesse por esta pesquisa, cuja problemática central envolve o conceito de narrativa histórica elaborado pelo teórico e crítico estadunidense Hayden White e a estrutura textual de algumas obras do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda. Em Meta-História, White analisou autores como Hegel, Croce, Michelet, Ranke, Tocqueville, Burckhardt, Marx e Nietzsche, buscando em suas narrativas as figuras de linguagens essenciais e determinando os seus estilos historiográficos. Desta maneira, a proposta desta pesquisa é agora analisar a escrita de Sérgio Buarque de Holanda a partir do arcabouço metodológico sistematizado por White em Meta-História. A intenção é abordar as estratégias ficcionais de Holanda, uma vez que as obras historiográficas, mesmo não sendo narrativas ficcionais em essência, possuem elementos da ficção, como pretendemos demonstrar. O objetivo também é poder determinar o estilo historiográfico correspondente a narrativa de Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, Caminhos e Fronteiras e Visão do Paraíso. A seleção destas fontes se

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20 justifica pela compreensão que temos da centralidade das mesmas para o entendimento do pensamento histórico de Sérgio Buarque de Holanda.

A Genealogia para além da moral

José Carlos Henrique Bezerra Cândido dos Reis

[email protected] A genealogia ganha seus primeiros contornos com o filósofo alemão oitocentista Friedrich

Nietzsche – este trata justamente da “origem” do problema moral. A partir da releitura, por filósofos e historiadores, da genealogia nietzschiana (principalmente entre 1960, 1970 e 1980) tal procedimento é reformulado, aplicado ou simplesmente reinterpretado nas discussões que surgem no âmbito intelectual europeu e norte-americano, seja acerca da imaginação histórica no século XIX, ou acerca dos novos problemas que emergem nos campos da história. A genealogia como procedimento para fazer história se situa entrelaçada com a perspectiva pós-estruturalista que inaugura, na segunda metade do século XX, uma nova forma de se operar com o aspecto histórico/filosófico na prática da escrita “artístico-historiográfica”, ou seja, da escrita da história. Juntamente com Hayde White procuramos esmiuçar o princípio genealógico propriamente histórico em Nietzsche. Com Foucault desenvolvemos uma leitura de Nietzsche baseada na perspectiva nominalista: a genealogia como emergência e proveniência. Recorremos a Deleuze para avaliar a genealogia nietzschiana pela ótica da filosofia da diferença. A descontinuidade, multiplicidade, desconstrução crítica, descentralização da história, criação alegre, ruptura com os sujeitos fenomenológicos, eliminação da verdade metafísica, afirmação do poder narrativista e ficcional, etc., tudo isso pode ser descrito como parte do legado pós-estruturalista no procedimento genealógico.

A arte de inventariar a história: entre a verdade e a ficção na escrita literária e histórica

Rodrigo Ferreira da Silva [email protected]

A presente pesquisa tem por objetivo analisar as posições convergentes e divergentes na arte

de escrever e contar a História. Diante dos debates, vários são os autores ao abordarem este complexo debate que deixa muitos pesquisadores e historiadores sobre as relações que há entre as urdiduras da História e da Literatura. E diante deste contexto, põe em cheque o saber histórico e mesmo a construção da história enquanto Ciência. No entanto, alguns questionamentos ficam sendo necessários aos historiadores: Até onde são os limites das abordagens entre a História e a Literatura? A escrita da História é uma escrita artística por usar tropologias literárias? O que irá diferenciar a História da Literatura? Hayden White seria um dos mais ardentes críticos literários da atualidade que questiona o saber histórico e sua constituição quanto Ciência, no entanto, outros autores veem possibilidades nas relações como, Sevcenko, Nóbrega, Pesavento entre outros, que em seus estudos o significado do campo do conhecimento histórico seria muito mais amplo e mesmo se aproximando da escrita literária, não deixaria de ser História, pois nas narrativas historiográficas, os historiadores não tem a liberdade poética dos artistas justamente por estarem ligados e fontes documentais que respaldariam suas argumentações e escrita. Assim, nesta ceara dos debates nota-se a necessidade de discutir a ampliação dos debates sobre as relações de similitudes e verossimilhança na Escrita Histórica e Literária.

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21 Entre amor e outros vícios: narrativas de sensibilidade nos escritos do tira-teima de Gonzaga

(1928-1970)

Cid Morais Silveira [email protected]

Francisco Jardson Pinto Rodrigues [email protected]

Luiz Gonzaga de Mesquita, ex-delegado da cidade de Santa Quitéria, documentou através de

um diário, conhecido como Tira-teima de Gonzaga, histórias de si e da urbe, entre 1928 a 1970. Mais do que narrativas sobre o cotidiano da cidade, Gonzaga escreveu sobre seu romance com Francisquinha Affonso, nas suas tantas idas e vindas; sobre seu vício em jogos e a dependência do fumo. Almejamos neste trabalho, entender os escritos de Gonzaga como uma fonte histórica do contemporâneo, na qual o historiador deve analisar para imaginar “outras” histórias e inventar um “outro” passado para a cidade. Afinal, fazer história é imaginar um passado. É pertinente também analisar os motivos que levaram Gonzaga a escrever sobre si e sua vida íntima, numa tentativa de um “arquivamento do eu”. Pois, quando arquivamos nossa própria vida, construímos (inventamos) uma forma de identidade em torno das representações que são feitas de nós, e imaginamos um discurso híbrido que resiste à interpretação. Mas não fazemos isso de qualquer maneira. Fazemos um pacto com a realidade, manipulamos a nossa existência. Omitimos e rasuramos as páginas do nosso existir ao rasgarmos aquilo que não desejamos (re)ler. Desta forma, pretendemos mostrar, também, que o arquivamento do eu é uma prática plural e incessante, que se multiplica e modifica com base nas iniciativas, que (re)produz sensibilidades e mudam em função de fatores pessoais e externos, tornando-se fontes de suma importância para o historiador.

DIA 29/05

Estilo e estética na narrativa biográfica: em busca de contribuições

Mauro Henrique Miranda de Alcântara

[email protected]

A narrativa biográfica, como um “problema historiográfico”, vem ganhando destaque e espaço nas discussões acadêmicas, e com isso, diversas obras foram publicadas nas últimas décadas, buscando apresentar tais debates. Entretanto, tais produções, possuem interesses, maiores, em pensar filosófica e metodologicamente, sem se aprofundarem em visualizar a estrutura estética dessa narrativa, como uma forma de narrar a história, mas também como uma forma de escrita literária e isso no mesmo plano, bem próximo ao que François Dosse (2009) e Sabina Loriga (2011) descreve como um “gênero híbrido”. Inclusive esses dois historiadores, apesar de apresentarem essa “dupla forma” da escrita biográfica, não desenvolveram maiores argumentações sobre a importância e problema do estilo e da estética nessa forma narrativa. Partimos da concepção de que trata-se, a biografia, de um gênero híbrido, e por isso mesmo, a estrutura estética e o estilo têm um fator fundamental para a construção e desenvolvimento de uma narrativa histórica, a partir da significação e estruturação da trajetória de uma personagem. Diante deste cenário, o objetivo central desse trabalho é verificar nos textos de Giovanni Levi (2006), François Dosse (2009), Sabina Loriga (2011), Philippe Levillain (2003) e Jacques Le Goff (1999), como eles concebem e visualizam a importância do estilo e da estética da/na narrativa biográfica, e apresentarmos possibilidades e saídas para essa questão.

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As Revistas Culturais no início do século XX e seus bastidores

Clarice Caldini Lemos

[email protected]

As revistas culturais têm sido cada vez mais utilizadas pelos historiadores como fontes e objetos de pesquisa. Esses estudos levam em consideração tanto o valor informativo das revistas, tal qual se observa na História das Ideias, quanto o seu valor evidenciário, a forma e as características de sua produção e as redes de sociabilidade intelectual que se formaram no seu entorno. Entre as diversas formas de se trabalhar uma revista cultural está o estudo dos seus bastidores. As revistas são compostas por dois tipos de espaços diferentes: o espaço público, daquilo que de fato é impresso na revista, e um espaço mais humano, escondido, onde se negociam os escritos. Desse espaço que não é visível sobram poucos indícios, pois boa parte das reuniões e discussões dos grupos que organizavam as revistas não eram documentadas. Para compreender ainda que uma pequena parte da movimentação e do jogo de forças que ocorriam neste espaço oculto o historiador deve recorrer a outros tipos de fontes de pesquisa como diários, jornais, correspondências, entrevistas ou livros de memórias. A presente comunicação tem como objetivo tecer considerações de cunho metodológico sobre o estudo do movimento nos bastidores das revistas culturais no início do século XX a partir do exemplo da revista portuguesa Lvsitania: revista de estudos portugueses (1924-1927).

Salão Nacional de Artes de Goiás – Prêmio Flamboyant: relações de História /Arte/Mercado.

Uma análise

Sandro Tôrres Batista [email protected]

Durante um período de 6 anos na história recente das artes, seis edições de um salão

nacional de artes que se inscreveu na capital goiana e teve como característica a parceria da iniciativa privada e poder público, a primeira, o então maior shopping center da região, patrocinando e sediando o evento e o segundo, o MAC GO, um braço da Secret.de Cultura de Estado, chancelando e avalisando o eixo curatorial do evento. A partir do histórico do salão nacional ficaram questionamentos: Qual a contribuição histórica dessa série de eventos para a cidade? Qual o legado do ponto de vista cultural? Essas são algumas questões, além de estabelecer o contexto da cena das artes visuais em que se inscreveu o salão através de revisão bibliográfica de 3 obras específicas, estabelecendo eixo temático que traingula História-Arte-Mercado; são essas obras o livro Arte e Mercado do prof. de economia da Univ.de Paris, o livro Museus de Fora, do professor Dr. Emerson D. G.de Oliveira da UnB, especialista em arte contemporânea e acervos de memória e da tese Arquivo, Museu, Contemporâneo- A Fabricação do Conceito de Arte Contemporânea no Museus de Arte de Santa Catarina, de Suely L.de A. Pinto, UFG, Jataí/GO. Em seu livro “Arte e Mercado”, o autor francês Xavier Greffe dedica um capítulo inteiro ao tema “Legitimação da arte pela economia” e nos conduz através de uma linha cronológica, de análise do impacto dos efeitos mercadológicos na apropriação das artes; especificamente o autor enumera um tópico que vai ao encontro do tema que pretendemos tratar: “o uso da arte para reforçar a imagem das empresas”; o livro do professor Emerson descreve como se deu a constituição do acervo do MAC GO e faz analogia com outros museus do Brasil; Suely Lima traça a trajetória do MASC e a constituição de seu acervo.

Biopolíticas e Contracondutas: condições dos dispositivos de segurança na Província de Mato

Grosso no século XIX

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Cristiano Antonio dos Reis [email protected]

O presente trabalho buscará desenvolver uma análise sobre a Província de Mato Grosso no

século XIX operando com o conceito de biopolítica e contracondutas desenvolvidas pelo filósofo Michel Foucault para pensar a problemática da população e a emergência dos dispositivos de Segurança articuladas a uma racionalidade de Estado que estava por surgir nesta província. Assim a pesquisa terá como desafio repensar a problemática da população levando em consideração as relações de poder, sensibilidades e condutas disformes com a organização de uma racionalidade política, que no decorrer do século XIX tentará absorvê-la, apreendê-la e gerenciá-la. Dessa maneira o evento Os 40 anos de Faire de l’histoire e a Historiografia Brasileira nos convoca para o desafio para pensar as sensibilidades, as relações de poder e de resistência abrindo novas veredas para a escrita historiográfica.

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ST 4 – Os lugares de formaçao de professores de historia em

questao:dilemas,impassesedesafiosparaoseculoXXI

Renilson Rosa Ribeiro (UFMT) [email protected]

Wilma de Nazaré Baía Coelho (UFPA) [email protected]

A formação de professores de História para a educação básica tem sido objeto de estudo ao

longo das últimas décadas no Brasil. Diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem passaram a ser temas de pesquisas e publicações sobre o ensino de História: história do ensino, livros didáticos e paradidáticos, produção de conhecimento, construção de currículos, ensino temático, diferentes linguagens, novas tecnologias, propostas alternativas, entre outros. Nesse contexto, o ensino de História tem vivenciado um processo intenso de revisão dos modelos e narrativas globalizantes e homogeneizadores, os quais, por muito tempo, nortearam as teorias e as práticas historiográficas, e nesse sentido detectamos uma ampliação do campo da história, marcada pela busca de novos problemas, novas abordagens e novos objetos.

Com base em tais enunciados, esse simpósio temático tem como objetivo contribuir com o debate histórico sobre História e Ensino de História no país, debatendo pesquisas relacionadas à formação do professor de história, em suas diversas dimensões – tanto aquelas ocupadas com os percursos de formação acadêmica quanto às relativas à formação adquirida no espaço escolar, por meio da experiência profissional. Nesse sentido, incorporam-se as pesquisas sobre currículos, habilitações (licenciatura e/ou bacharelado), aportes teóricos, espaços de formação e, também, aquelas que dão conta das experiências docentes no âmbito da Educação Básica. Entendemos, então, a formação não apenas como o processo de qualificação desenvolvido na universidade, pois incorporamos a experiência em sala de aula como um processo formativo de igual importância. Assim, discutir a formação implica o enfrentamento do debate sobre o lugar da docência na construção da identidade profissional do historiador no século XXI, evidenciando os impasses forjados a partir dos binômios ensino versus pesquisa, produção versus reprodução, licenciatura versus bacharelado. Da mesma forma, implica a problematização dos significados associados ao ensino de história e ao saber histórico escolar presentes na formação docente, seja aquela desenvolvida no percurso acadêmico, seja aquela construída ao longo do percurso profissional.

DIA 27/05

A arte da memória de povos em diáspora: história e pedagogia em “condições de enunciação”

Maria Antonieta Antonacci

[email protected]

No atual contexto de descolonização de conhecimentos, currículos, práticas de ensino/ aprendizagem, abordagens e narrativas históricas na contramão de discursos de uma história universal e homogênea, que narra a expansão do mundo eurocêntrico em termos geográfico, econômico, cultural, racista e epistêmico, tornam premente questionar o estatuto e a concepção de documentos/monumento históricos. Sem repensar e ampliar críticas ao restrito leque de fontes e material empírico relacionado à visão letrada logocêntrica instituída pelo sistema de ensino escolar

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25 no mundo Ocidental, projetado desde a exclusão de povos, crenças, tradições, culturas que, ainda hoje transgridem aos seus valores, mitos, princípios, pouco avançaremos na formação/atuação de historiadores com habilidades para repensar o chão da história e abrir-se ao potencial pedagógico contido nas Leis 10.639 e 11.645. Aproximações à arte da memória de povos da diáspora – gravadas em corpos e performances; instrumentos sonoros, ritmos e gestos; festas e celebrações; máscaras e vestes, provérbios, contos e mitos; enigmas e adivinhações; símbolos, metáforas e técnicas mnemônicas –, têm permitido perceber “rede de comunicações” entre africanos no Novo Mundo. Como apreender seus meios de articular expressões e forjar comunicações, palmilhar seus rastros e sentir seus universos cognitivos em culturas de matrizes orais. Deslocadas, banalizadas, adulteradas pela modernidade e seus recursos técnicos, imaginário civilizatório e etnocêntrico letramento, suas memórias situam-nos entre a “lógica da razão gráfica” e “astúcias da razão oral”, tornando possível pensar no vigor de pedagogias fundadas em “condições de enunciação”, como apontam filósofos africanos.

A construção de uma nação: determinismo racial para formação de uma identidade brasileira

Anderson Pinheiro Torres

Gabriel Ferreira Borges Marcelo Fronza

[email protected]

O objetivo desse presente artigo traz algumas reflexões acerca da questão da representação do poder no período do Brasil Império. A construção de um repertório simbólico, relacionado à política e ao exercício do poder, e principalmente a idealização de um imaginário moral, civil e estético. Neste sentido, a finalidade é apresentar aos estudantes do Ensino Médio como foi construída uma imagem do Brasil no período do Império. Problematizar essas construções com os alunos dando ênfase às questões raciais e étnicas, assim como, posteriormente incitar aos jovens a questionarem em relação aos fatos e acontecimentos do Brasil Império. Além disso, verificar se ainda existem resquícios de uma herança ou influência deste período. A fundamentação do projeto tende a levantar seguintes problemas: É possível retratar a realidade de uma nação inteira através da pintura? É viável capturar a essência de um povo em uma tela? Se atualmente sofremos influências do Brasil Império e sob quais camadas sociais ela se reflete? E se a afirmação do determinismo racial tende a oferecer alguma influência atualmente.

O Enade de História e a Lei 11.645/2008

Nauk Maria de Jesus [email protected]

Desde o ano 2004 os alunos dos cursos de graduação, ingressantes e concluintes, têm sido

avaliados pelo Exame Nacional de Estudantes (ENADE), que tem como objetivo avaliar o rendimento dos alunos. As provas são obrigatórias, trienais e condição indispensável para a emissão do histórico escolar. Os acadêmicos dos Cursos de História foram avaliados nos anos de 2005, 2008, 2011 e 2014, sendo que neste último foram elaboradas provas para os cursos de Licenciatura e Bacharelado. Por sua vez, no ano de 2008, a Lei 11.645 - que alterou a 10. 639/2003 - tornou obrigatória nos currículos oficiais da rede de ensino a temática “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena”, em especial nas áreas de educação artística, literatura e história. Assim sendo, estamos diante de duas obrigatoriedades relacionadas a formação dos professores de História, contudo, até que ponto os exames nacionais tem incorporado em suas provas questões dedicadas a História da África e Indígena? Portanto, nesta comunicação pretendemos abordar alguns dados a respeito das

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26 provas do ENADE de História, com destaque e análise da inserção dos conteúdos e problemáticas referentes a História da África e afro-brasileira.

A Olimpíada Nacional em História do Brasil e a (re)significação das práticas docentes: um

relato de experiência

Manuela Arruda dos Santos Nunes da Silva [email protected]

O presente trabalho teve por objetivo tecer reflexões sobre como a Olimpíada Nacional em

História do Brasil (ONHB) tem impactado o Ensino de História no município de Pontes e Lacerda - MT. Com uma proposta inovadora dentro da área das Olimpíadas Científicas, a ONHB está em sua 7ª edição. Promovida pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas, conta com o apoio do CNPq/ Ministério da Ciência e da Tecnologia. O formato desta olimpíada rompe com a lógica das competições habituais na medida em que privilegia o trabalho coletivo: as equipes são compostas por três estudantes e um professor orientador e as provas são realizadas ao longo de cinco etapas virtuais, as 300 equipes que conseguem maior pontuação estão aptas a participar da grande final que ocorre na UNICAMP. Ao longo das fases, os estudantes dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio são levados a explorar o meticuloso trabalho de análise das fontes e as metodologias utilizadas no fazer historiográfico, o que tem possibilitado debates e construções teóricas antes restritas ao ambiente acadêmico.

Ambiente escolar e preconceito e discriminação: sociabilidades e cultura juvenil no ambiente

escolar

Wilma de Nazaré Baía Coelho [email protected]

Mauro Cézar Coelho [email protected]

O presente trabalho analisa as sociabilidades juvenis engendradas e vividas no ambiente

escolar. Por meio delas, problematizamos o modo pelo qual a cultura juvenil se relaciona com a Escola e, também, como elas lidam com o preconceito e a discriminação. Argumentamos, nesse sentido, que a Escola constitui um importante espaço de sociabilidade na cultura juvenil. É nela que parte significativa das relações sociais se efetiva. Não obstante, essa dimensão importantíssima do processo de formação não é objeto de intervenção pedagógica. As sociabilidades observadas incorporam um significativo componente discriminatório, sustentado em preconceitos de cor, raça, gênero e confissão religiosa. Exercidas nas salas de aula, nos corredores, pátios e quadras escolares, elas não constituem objeto de ação educativa, senão em casos limites, sujeitos à punição.

As histórias em quadrinhos como um artefato da cultura histórica: cultura jovem e a cultura

escolar como espaços da experiência com aprendizagem histórica

Marcelo Fronza [email protected]

O objetivo desse trabalho é estudar as relações teóricas entre a cultura jovem e a cultura

escolar. Compreende-se, aqui, as histórias em quadrinhos como um produto relacionado a essa cultura jovem e como um artefato da cultura histórica, inserido na cultura escolar. Portanto, essa

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27 investigação é estruturada a partir da compreensão das relações entre a cultura jovem, as histórias em quadrinhos e a cultura histórica de uma sociedade (RÜSEN, 2009). Para isso, é desenvolvida a análise de como a cultura jovem é compreendida por educadores como François Dubet e Danilo Martuccelli (1998), Georges Snyders (1988) e o filósofo Walter Benjamin (1993). Por meio desta contextualização teórica foi possível apontar as relações entre essa cultura jovem e a cultura escolar contemporânea. Para isso, também contribuíram as considerações sobre a cultura jovem realizadas nos estudos de Eric J. Hobsbawm (1995) e Raymond Williams (2003). Buscou-se orientar os caminhos trilhados nesta pesquisa por meio dos critérios de sentido que os jovens de ensino médio constroem a partir da relação entre a cultura escolar e artefatos da cultura histórica pertencentes à cultura juvenil, tal como as histórias em quadrinhos.

Educação escolar indígena: a trajetória de luta por direito à igualdade na diferença em Mato

Grosso

Beleni Saléte Grando [email protected]

Letícia Antonia Queiroz [email protected]

O presente trabalho projeta lentes sobre a educação escolar indígena objetivando apresentar

a trajetória do movimento indígena instaurado com o apoio de ONGs, universidades, professores, pesquisadores e indigenistas que, de forma “organizada” desencadeia ações em defesa de um ideário político conseguindo materializar, consoante preceitos da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/1996, a implantação de uma escola diferenciada para os povos indígenas em Mato Grosso. Como empreendimento do projeto, destaca-se a temática formação de professores indígenas voltada ao fortalecimento da identidade étnica dos povos indígenas de forma específica e diferenciada. A metodologia ancora-se em pesquisa documental e análise da legislação específica, pesquisa de campo com viés etnográfico: observação, entrevistas e registros midiáticos. Os resultados apontam que o processo de formação de professores indígenas, vivenciado na etapa inicial da implementação do projeto por meio dos movimentos de base possibilitou-nos aferir expressivas contribuições para a implantação de escolas indígenas em Mato Grosso e para a própria formação dos professores indígenas atuantes nessas escolas, que parcialmente apresentamos neste trabalho com o propósito de desafiar novos olhares sobre a temática educação escolar indígena.

Ensino de história e o planejamento pedagógico: algumas considerações

Wilma de Nazaré Baía Coelho

[email protected] Mirna Monaliza Braga Santos

[email protected]

O presente trabalho mapea o planejamento pedagógico de professores de História que atuam no Ensino Fundamental. Com isso, apresentaremos resultados das análises das entrevistas realizadas com esses profissionais, em três Escolas Públicas de Belém. Analisamos, desta forma, como os professores de História lidam com o trabalho pedagógico e o objeto de sua disciplina. É nessa relação que verificamos o lugar destinado ao planejamento e à organização geral da disciplina, sobretudo no que tange à interlocução desses professores e seus alunos no ambiente escolar. As conclusões sugerem uma ausência de sistemática teórico-conceitual no que concerne à dimensão pedagógica relativa ao ensino de História ministrado nas escolas em análise. Observamos como o

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28 professor com qualificação em nível lato sensu e stricto sensu –– atuante na Educação Básica, ainda carece de aprofundamento acerca da relação necessária entre a historiografia e o saber escolar, no âmbito do Ensino Fundamental.

Um estudo sobre a relevância do saber experiencial no ensino de história: algumas reflexões

Dante Cardoso Soares Barbosa [email protected]

As pesquisas em Educação têm evidenciado uma crescente produção voltada para os saberes

mobilizados pelos docentes. As licenciaturas devem oportunizar uma preparação que considere as necessidades formativas dos professores e que estão relacionadas aos aspectos científicos, pedagógicos e culturais. Além de considerar as dimensões, social e política. O objetivo desta pesquisa é investigar a forma de mobilização do saber experiencial no contexto das práticas pedagógicas de professores que atuam no ensino de História no Ensino Fundamental. Trata-se de um estudo descritivo com análise qualitativa, que foi realizada com docentes de escolas de rede pública municipal de Parnaíba-PI. Como instrumento de coleta de dados utilizamos uma entrevista semi-estruturada. Os resultados indicam que os mesmos adquirem os saberes docentes em atividades de formação e no contexto da prática docente. Eles deram ênfase ao saber proveniente da experiência. Para tornarem suas práticas atualizadas os professores participam de atividades de formação continuada permitindo dessa maneira que eles possam refletir na prática e sobre o seu trabalho.

Games em guerra: representações midiáticas em durante a Guerra do Afeganistão (2001-

2014)

Jhuan Claudio Matos de Oliveira [email protected]

Marcelo Fronza [email protected]

Neste presente artigo se analisa as representações do mundo islâmico construídas no game

Call of Duty 4: Modern Warfare, lançado em 2009 atendendo a demanda do mercado sobre produtos midiáticos que fossem relacionados a Guerra do Afeganistão (2001-2014). Aqui o principal objeto de analise toma forma da respectiva terceira missão presente no modo single player do game, com o nome The Coup ( O Golpe) onde poderemos observar conceitos que chamam a atenção do jogador contra uma suposta ameaça oriental, conceitos tais como jihad, opressão do mundo ocidental, unificação do mundo árabe sobre a lei da sharia. Uma vez que o game fora lançado em período concomitante ao da Guerra do Afeganistão, se faz importante compreender tal tentativa de atender a uma mentalidade de guerra de distanciamento cultural com o então denominado “inimigo”. Não obstante, a influência direta de tais produtos midiáticos na aprendizagem de outro mundo histórico que não o ocidental para esses jovens, possivelmente em alguns casos até auxiliando, á cristalização de um mindset de eterno confronto entre oriente e ocidente.

Ensino de história e anarquia

Graziano Uchôa [email protected]

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O trabalho ora apresentado tem por objetivo refletir sobre o ensino de História a partir do

paradigma anarquista de educação sugerido na obra de Sílvio Gallo. Devemos aqui, levar em consideração que o anarquismo nessa discussão serve como um princípio gerador, ou seja, tem como essência uma atitude que é a de negação de qualquer autoritarismo e a afirmação da liberdade. Esse modelo não é balizado em algo engessado como sendo uma lei e sim, propõe a utilização do pensamento anarquista como uma ferramenta de transformação possível. Pensando que nos últimos anos o ensino da disciplina História tem sofrido mudanças relevantes e como resultado uma leva de novas pesquisas tem disposto um cenário díspar fazendo repensar nossas práticas, nos intriga a possiblidade de uma proposta de educação diferente e que tenha como suporte as ideias anarquistas. Fundamentalmente, o anarquismo como princípio gerador estaria ancorado em quatro princípios básicos da ação: autonomia individual, autogestão social, internacionalismo e ação direta. Apontamos que aqui apresentamos reflexões iniciais, esperando que a disciplina de História, possa contribuir com uma educação que tenha como fim a liberdade.

História das lutas com os holandeses no Brasil: ensino de História e memória

Marcela Irian Angélica Machado Marinho

[email protected]

No presente trabalho apresentamos reflexões acerca das noções de história e ensino de história, narrativa, memória e lugares de memória, tendo em vista a escrita da história no século XIX brasileiro. Procuramos perceber o compromisso da escrita (narrativa) da história com o ideal da nação durante o Segundo Reinado – século XIX, levando em consideração os significados políticos e culturais dos usos do passado para a construção de uma memória (da nação), presente na historiografia, no ensino da História e que se perpetuaram nas políticas de preservação da memória nacional. Intitulado de História das lutas com os holandeses no Brasil: ensino de História e memória, o estudo apresenta reflexões sobre o papel da obra de Francisco Adolfo de Varnhagen no contexto do ensino de História no e do Brasil, em que discorremos sobre os conceitos de história, consciência história, memória e suas implicações no ensino de História.

Identidade, consciência histórica e formação de professores da EJA: considerações iniciais

Wilian Junior Bonete

[email protected] Kátia Maria Abud

[email protected]

O presente texto tem por finalidade apresentar os pressupostos iniciais de nossa investigação de doutorado, em andamento. Pretende-se investigar e analisar o processo de construção das identidades e a formação da consciência histórica dos professores de História que atuam na EJA, no Estado do Paraná. Em outros termos busca-se analisar quais ideias, conceitos e saberes permeiam a trajetória profissional dos docentes e quais sentidos atribuem à experiência do fazer e ensinar História para alunos jovens e adultos em fase de escolarização. Para tanto, serão analisados as narrativas de um grupo de professores de História que atuam na EJA da rede pública de ensino da cidade de Guarapuava, PR. No primeiro momento será elaborado um questionário prévio para fins de levantamento do perfil dos docentes, sobretudo no que se refere à formação básica e acadêmica. Em um segundo momento será elaborado um roteiro de entrevistas com os professores a fim de verificar especificamente suas ideias sobre a História, sobre o papel e função social do conhecimento histórico para si mesmos e para os alunos jovens e adultos. Buscará, também,

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30 identificar suas influências culturais, políticas, os sentidos de suas experiências como docente na EJA e como pensam o processo de ensino e aprendizagem de História para os alunos jovens e adultos. As respostas (narrativas) consistirão em nossas fontes para análise sobre o processo de construção das identidades docentes e serão analisadas à luz dos recentes debates sobre o ensino de história e a formação de professores, bem como as discussões presentes no âmbito da Didática da História e Educação Histórica. Como a pesquisa está em fase inicial, limita-nos aqui em apresentar considerações gerais sobre o mesmo, isto é, sua justificativa, objetivos e fundamentação teórico-metodológica. Ao final do texto, será lançado um olhar sobre a questão da formação de professores e a importância social de se pensar a História na EJA.

Formação de professores de História e ensino de história afro-brasileira e indígena: entre saberes e práticas

Osvaldo Mariotto Cerezer [email protected]

Selva Guimarães [email protected]

O estudo analisou a implementação das Leis10.639/03 e 11.645/08 e as respectivas

Diretrizes curriculares nos cursos de Licenciatura em História de três universidades públicas do Estado de Mato Grosso, os impactos na formação inicial de professores e no ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em escolas da educação básica. O referencial teórico-metodológico fundamenta-se no multiculturalismo crítico e na abordagem qualitativa, combinando a análise de fontes orais e documentais (leis, diretrizes, currículos e outros) e na produção bibliográfica sobre o tema. O estudo analisou os relatos orais de onze professores de História egressos dos três cursos investigados, em fase inicial da carreira docente. Para a realização das entrevistas adotamos os procedimentos da história oral temática. Concluímos que a implementação da educação das relações étnico-raciais nos cursos de formação de professores de História de Mato Grosso são iniciais e pontuais, assim como na educação escolar, além da constatação da existência de limitações e resistências no interior dos cursos para o estudo da história e cultua afro-brasileira e indígena, repercutindo numa formação insuficiente sobre a temática étnico-racial e impactando a prática docente no ensino da temática racial na educação básica.

Livro didático, ensino de história regional e formação de professores desafios da contemporaneidade

Jackson James Debona

[email protected]

O presente artigo tem como objetivo apresentar e discutir propostas para o ensino de história sob a perspectiva da legislação pertinente ao Estado de Mato Grosso do Sul no que tange à sua aplicabilidade e aos dispositivos de ensino que orientam o seu exercício. O período que perfaz a discussão situa-se entre os anos de 1989 com o aparecimento da primeira legislação que versa sobre as Diretrizes Gerais para o Ensino de pré-escolar e de 1º grau, a 1997, articulada ao lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais, ao lado dos Parâmetros Curriculares em Ação publicados em 1999, e os Referenciais Curriculares de Mato Grosso do Sul de 2008 e 2012. O estudo assenta-se em pesquisa documental e bibliográfica, cujas fontes principais são os documentos produzidos pelo poder público estadual de Mato Grosso do Sul, lidas e examinadas a partir da perspectiva de estabelecer parâmetros para a compreensão do ensino de História Regional, seus processos de transformação no que concerne aos conhecimentos propostos como diretrizes para o seu ensino,

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31 bem como a consubstanciação das propostas em conteúdos. Entendemos que este estudo contribui com as discussões relativas ao ensino de história no que tange entender as formulações oficiais que o subsidiam, bem como na compreensão das ausências identificados acerca do ensino da e sobre a história do Estado de Mato Grosso do Sul.

Histórias e culturas indígenas na Exposição do Patrimônio Imaterial de Mato Grosso:

educação patrimonial e ensino de história

Thereza Martha Presotti Guimarães [email protected]

Ao participar pela área de História de grupo de pesquisa interdisciplinar no Projeto

Inventário Documental do Patrimônio Imaterial Mato-Grossense, demandado pelo IPHAN/PNPI- Programa Nacional do Patrimônio Imaterial foi possível, junto a discentes bolsistas do curso de História, rastrear em importantes acervos de Cuiabá, documentos diversos que fazem referências às manifestações da cultura regional. As comunidades tradicionais ribeirinhas pantaneiras, foram evidenciadas pois são consideradas referenciais da identidade regional. No total, foram inventariados 404 documentos, onde se destacam monografias, dissertações e teses, publicações periódicas de diferentes áreas de conhecimento, principalmente ciências humanas sociais e biológicas (ecologia), que tiveram por temas as culturas de comunidades ribeirinhas e indígenas. Outros estudos são provenientes de uma historiografia e literatura tradicional regional. Das 536 referências culturais inventariadas, observou-se o predomínio de duas categorias (Saberes e Modo de Fazer e Formas de Expressão) com destaques para Comunidades Ribeirinhas no rio Cuiabá, que contabilizaram quase a metade das referências culturais. Dentre estas manifestações se destacaram o modo de fazer a Viola de Cocho, o Cururu e Siriri, as Festas de Santos e os saberes do manejo no ambiente das águas das baías do Pantanal. Outros destaques são as formas de expressão e modos de fazer indígenas com os cantos e danças e artefatos que compõe o cotidiano de suas práticas culturais. Mas para que as culturas indígenas ganhassem visibilidade, acervos com potencial de memória a respeito das etnias indígenas no estado de Mato Grosso foram incluídos: o Museu Rondon (UFMT), a OPAN (Operação Amazônia Nativa) e o Centro Burnier de Fé e Justiça (antigo acervo MIA-Missão Anchieta). Os resultados evidenciaram 195 referencias culturais indígenas, demonstrativos da diversidade de práticas culturais com destaques para as formas de expressão (mitos, danças, cantos, pinturas corporais, associadas a rituais) e saberes e modos de fazer (alimentos, habitações, cestarias, etc), evidenciando as complexas relações sociais na natureza. Vale lembrar o Ritual Yaokwa e a Boneca Iritxokó Karajá que já constam nos Livros de Registros do Patrimônio Imaterial. Mas nesta comunicação, pretende-se evidenciar a uma importante ação de extensão, a Exposição Itinerante do Patrimônio Imaterial que foi montada para apresentar os resultados do Inventário em painéis fotográficos e objetos da cultura material e vídeos. Já circulou em cidades de Cáceres e Vila Bela e outras do estado, por campus da UFMTe UNEMAT ( Universidade do Estado de MT), museus e eventos em Cuiabá; além de cidades do Centro-Oeste como Goiânia, Corumbá e Brasília. Nos momentos da montagem da Exposição, são ofertados mini-cursos no tema da história e patrimônio cultural de Mato Grosso, com ênfase nas histórias e culturas indígenas e também pantaneiras formando monitores-guias e aberto a estudantes e professores de história e áreas afins. Envolvem professores pesquisadores, inclusive indígenas que divulgam seus saberes através de oficinas de educação patrimonial, contribuindo para a aplicação da Lei 11.645. Diversas são as reflexões e análises que este inventário e experiência de extensão e educação patrimonial podem oferecer, no âmbito do ensino de história formal e informal, tais como as questões da memória e identidades indígenas, as mudanças historicamente provocadas nas relações naturezas/culturas diante dos avanços das fronteiras dos projetos de colonização.

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Formação inicial e redes sociais: a web 2.0 potencializando a educação e apoderando os educadores no século XXI

Célia Ferreira de Souza

Maria do Rosário Soares Lima Luiz Antonio Barbosa Soares

Edevamilton de Lima Oliveira [email protected]

O texto em questão apresenta o relato de uma experiência construída a partir do uso das

redes sociais na formação e orientação das atividades de um Subprojeto Interdisciplinar do PIBID[1]/UNEMAT entre os cursos de Letras/Espanhol e Ciências Sociais do Núcleo Pedagógico de Confresa/MT, com foco no desenvolvimento de práticas entre o ensino de História, Sociologia e Literaturas. Trazemos uma reflexão sobre a importância do acesso/utilização de recursos midiáticos: facebooks e whatsApp web, na e para articulação de ações formativas com abordagem teórica e oficinas visando a melhoria da prática de leitura e escrita para aquisição de uma educação formativa de qualidade e contextualizada. Este trabalho fundamenta-se em Valente (2007); Santos (2003) no que concerne às reflexões sobre a intertextualidade, a intratextualidade, a multivocalidade, a navegabilidade, a mixagem e a multimídia com a integração de vários suportes midiáticos. Também nos estudos de Levy (1999/2000) sobre Cibercultura e inteligência coletiva. Em Bakhtin (1992) e outros que discutem a importância do trabalho de leitura e escrita na sala de aula na perspectiva dos gêneros textuais. Os resultados possibilitaram discussões enriquecedoras a respeito da leitura e escrita de vários gêneros textuais por meio de estratégias desenvolvidas com o auxílio das mídias e das tecnologias educacionais como instrumentos indispensáveis às aprendizagens e produção de saberes escolares próprios do século XXI.

A Guerra com o Paraguai e o legado de um desterrado no processo formativo da Consciência Histórica

Leonam Lauro Nunes da Silva

[email protected]

O presente trabalho intenciona refletir sobre a atuação do intelectual Tristán Roca Suarez em terras paraguaias, entre os anos de 1866 e 1868, e o impacto de sua produção na representação desse passado traumático, belicoso, na sociedade paraguaia de hoje. Articular-se-ão conceitos desenvolvidos por Jörn Rüsen, tais como Memória Histórica e Identidade, vitais para o processo formativo da Consciência Histórica, ao tempo em que serão desveladas estratégias usadas por agentes contemporâneos na difusão do conhecimento histórico, com ênfase especial para o etnocentrismo cultural, afinal “nas margens de nosso próprio mundo, costumam viver os monstros”.

DIA 28/05

Luz, câmera e texto em ação: O filme como recurso didático para o ensino de história da

África

Amauri Junior da Silva Santos [email protected]

Renilson Rosa Ribeiro

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[email protected]

O presente trabalho procura tecer algumas considerações em relação ao uso de filmes como recurso didático para o ensino de história da África, assim como a relevância desse material para a formação da consciência histórica e da importância de que essa se recobre. Partindo do pressuposto de que o filme é um texto em movimento – contendo uma narrativa com linguagem própria – buscamos adentrar no universo de produção, levar em consideração aspectos internos e externos, articulando, desse modo, a produção cinematográfica ao contexto histórico e social em que os filmes foram produzidos.

O desafio de tornar o Patrimônio visível

Marina Duque Coutinho de Abreu Lacerda [email protected]

Para além da recuperação de bens tombados, o maior desafio institucional do IPHAN para

os próximos anos é talvez o mesmo de sua criação: dar visibilidade ao patrimônio, tendo a educação patrimonial com forma de preservação. No início da concepção do SPHAN, a criação de museus que dimensionassem a importância da preservação do patrimônio configurara-se como uma espécie de estratégia de educação patrimonial, apostava-se também em publicações técnicas e jornalistas para a divulgação do Patrimônio na busca por sensibilizar a sociedade e partindo da ideia de que não há meios de se defender o patrimônio sem um duro processo de educação a instituição de preservação do patrimônio nacional se obrigou a travar novas estratégias para a Educação Patrimonial e diante dos desafios travados pela preservação do patrimônio edificado na cidade Cuiabá a falta de sensibilização na preservação do patrimônio coabita a ausência de identificação social para os diversos significados do patrimônio.

O ensino de história e a cultura afro-brasileira em Mari-paraíba

Rodrigo Ferreira da Silva [email protected]

A presente pesquisa tem por objetivo analisar o ensino de História e as políticas de ações

afirmativas do MEC(ministério da Educação) de valorização e respeito a cultura afro-brasileira nas aulas de história do Brasil na Educação Básica em Mari-PB. Após as Leis 10.639/03 e 11.645/08, novas abordagens foram inseridas obrigatoriamente no conteúdo escolar e na grade curricular das escolas públicas e particulares, nesse contexto, emerge alguns questionamentos em como essas imposições realmente foram/são sentidos no ensino e se de fato os docentes abordam a afro-brasilidade em suas aulas. Através de pesquisas bibliográficas sobre o ensino de história e de entrevistas com os docentes na cidade de Mari-PB, busca-se perceber na ótica dos professores a efetiva aplicabilidade das Leis e sua prática no período letivo de 2010 a 2014 na E.M.E.F. Prefeito Epitácio Dantas. O ensino permeia muitas transformações e suas concepções estão intimamente ligadas às políticas no sistema de ensino, neste caso, a SMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Mari-PB) com suas políticas para com a cultura afro-brasileira, articulado a um currículo pedagógico e coeso, acompanhado pela equipe pedagógica fornecendo suporte intelectual e material para as práticas de ensino na rede pública municipal de ensino.

O ensino e a pesquisa em História

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Maria Celma Borges [email protected]

Esta comunicação objetiva discorrer sobre o ensino e a pesquisa em História, chamando a

atenção para velhos dilemas e novas abordagens, especialmente na perspectiva da operação histórica, proposta por Certeau, ao compreendermos que é possível um diálogo profícuo e um fazer-se da história outro, em que se parta tanto do saber escolar como do saber acadêmico. Mas, o foco central está em apresentar uma experiência de produção de material paradidático intitulado “Outras histórias... culturas afro-brasileiras e indígenas”, produzido no ano de 2012, em Mato Grosso do Sul, para as séries iniciais do Ensino Fundamental, e centrado na compreensão da cultura como processo dinâmico. As culturas indígenas e afro-brasileiras são entendidas pela concepção de que são carregadas de vida, contradições e ambiguidades, mas ainda de expressão de diversos saberes outros que se constituíram (e se constituem) na experiência dos agentes sociais; negros e negras, assim como dos povos originários ao longo da história do Brasil, da América e do continente africano, em diálogo com outras culturas. Ao trabalharmos com quatro Unidades norteadoras: “Quem sou eu, quem é o outro, quem somos nós?”; “De onde viemos?”; “E as nossas raízes?” e, por fim: “E os nossos direitos?”, este material, produzido a dez mãos, visou contemplar aspectos da história e da cultura indígena e afro-brasileira, que pudessem contribuir para combater a discriminação vivenciada por esses dois grupos. Contribuir também para o fazer-se da história do Brasil e da Afro-América, em sua dinamicidade, de forma dialógica, para quem sabe, ao longo do tempo, as diferenças possam vir as ser vividas e respeitadas em sua plenitude como algo positivo.

O professor de história e as relações entre conhecimento e formação social

Eliane Teodoro Gomes [email protected]

Este trabalho pretende contextualizar o papel professor de história enquanto mediador de

conhecimento, tendo em vista que o ensino de história é percebido na prática como essencial para o desenvolvimento da sociedade. A educação compreende os processos formativos sociais, e isso varia conforme a organização política, legal, religiosa e os costumes em geral de uma sociedade, neste sentido devem ser levados em consideração que aluno e professor são partes fundamentais desse processo e mais, que o aluno não chega à escola vazio, mas, traz consigo experiências e conhecimentos adquiridos em seus convívios fora do âmbito escolar. Deste modo o professor de história tem a tarefa de considera-lo como sujeito histórico, para tanto é preciso pensar em como planejar e executar um plano de aula que se torne atraente para que o aluno se sinta parte fundamental do processo histórico. O professor, neste sentido tem o difícil compromisso de fazer um planejamento que abarque as exigências do currículo, as políticas pedagógicas e o método eficiente para alcançar a plenitude do processo de ensino-aprendizagem na disciplina de história. A partir de observações empíricas feitas em sala de aula por meio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) notou-se que o modo de agir dos professores, as relações de poder nas quais estão envolvidos e as formas como estabelecem e mediam a construção do conhecimento escolar, interfere de maneira decisiva no processo de aprendizagem, bem como na forma como aluno e professor se posicionam diante das inquietações referentes ao ensino de história.

O rap moçambicano como possibilidade de investigação da aprendizagem histórica

Andreison Vieira Vianna [email protected]

Victor Póvoas Jucá Corrêa Lima

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[email protected] Marcelo Fronza

[email protected]

O presente trabalho busca mostrar como músicas, em específico músicas de rap, possam ser de grande ajuda para o desenvolvimento do conhecimento histórico de jovens estudantes de Ensino Médio de uma escola pública de Cuiabá, como narrativas históricas didáticas para a aprendizagem, além de concebê-las como documento, instrumento didático, e também utilizando o seu conteúdo informativo subjetivo para evidenciar a visão de um tempo histórico sobre o outro. Além de muitas músicas estarem inseridas na vida cotidiana dos estudantes, as músicas de rap das sociedades de linguagem lusófonas como as moçambicanas chamam atenção para uma canção que critica à sociedade ocidental e revela as problemáticas sociais e étnicas e pontua formas de pensamento histórico ao seu próprio jeito de lhe dar com estes determinados assuntos. Com isto, nós historiadores temos que lidar com esses fontes e narrativas históricas e contextualiza-las, esclarecendo a importância de seu uso e o porquê do mesmo, para que a finalidade principal, a aprendizagem histórica significativa possa ser bem-sucedida. Os embaraços da civilização: indígenas e negros nas Lições de História do Brasil de Mattoso

Maia

Luís César Castrillon Mendes [email protected]

No ensino de História, disciplina ligada, na maioria das vezes, a legitimação e manutenção

do Estado nacional e/ou de grupos minoritários em detrimento da maioria, há necessidade de se incluir efetivamente no currículo a participação e atuação de sujeitos históricos tradicionalmente marginalizados pelas narrativas hegemônicas. Os novos paradigmas exigem conhecimentos atualizados e abordagens diferenciadas. A obrigatoriedade por parte da legislação de se ensinar a cultura indígena e africana, por exemplo, desconhecidas, se comparadas à cultura europeia ocidental, surgiram em decorrência da pressão de movimentos sociais, que historicamente sempre reivindicaram igualdades de direitos. Indo ao encontro dessas questões, a presente comunicação objetiva analisar o lugar reservado aos indígenas e negros na narrativa didática da nação, elaborada por um médico e professor, autor de um manual de História do Brasil, publicado na última década da Monarquia. As Lições de História do Brasil para os alunos do internato do Colégio Pedro II, depois Ginásio Nacional, são emblemáticas para se analisar o tratamento dispensado a esses grupos, cujos resquícios ainda insistem em perdurar no ensino de história nos dias atuais.

Os lugares de formação de professores de História em questão: dilemas, impasses e desafios para o século XXI

Marli Auxiliadora de Almeida

[email protected]

Neste artigo pretendemos apresentar uma experiência de pesquisa diagnóstica e ensino de História, que envolveu bolsistas IDs, professores supervisores e coordenação do subprojeto/História PIBID da Universidade do estado de Mato Grosso - UNEMAT, na etapa de implantação do Projeto “Iniciação à Docência no Ensino de História” - 2014. Busca-se relatar as experiências de pesquisa no ensino de História a partir do contato dos bolsistas/docentes/pesquisadores em formação, com o Projeto Político Pedagógico das escolas campo, e sua articulação com as possíveis fontes de

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36 pesquisas relacionadas a um dos espaços de “saberes” das escolas, a biblioteca. Postulada, como lugar de leitura e escrita, para o ensino de História e formação docente.

Pibid a ditadura militar brasileira no tribunal, analise do instrumento investigativo

Jorciane Moreira de Campos Joyce Damaris Augusta Machado Suellen Patricia Borges Amorim

Joathan Alves Viana Marcelo Fronza

[email protected] [email protected]

O trabalho foi realizado na Escola Estadual Presidente Médici situada na cidade de Cuiabá –

MT, com cinco turmas do 3° ano do ensino médio, utilizando um projeto de dinâmica em sala de aula, através de uma simulação de um julgamento com os personagens da Ditadura Militar Brasileira (1964 – 1985) onde os estudantes, divididos por grupos representando a esquerda e a direita, interpretariam o papel de advogado de defesa de um personagem desse recorte temporal. Com base nas leituras e discussão em grupos da dissetação de mestrado da historiadora Lilian Costa Castex (2008), verificou-se falha no feedback das aulas de História referente à temática da Ditadura civil-militar brasileira. O empreendimento que foi desenvolvido utilizou de questionários para a formação de uma ideia prévia dos estudantes sobre o tema. As cinco turmas foram dividas de 4 a 6 grupos, com 4 até 8 membros por grupo, sendo que a média de estudantes por turma são de 20 a 30 pessoas; cada grupo escolheu uma ideologia e um personagem dentre os que foram apresentados pelos orientadores (estudantes do PIBID), os grupos fizeram a apresentação da defesa do seu personagem, e todos os membros do grupo ajudaram nas pesquisas e formação de argumentos. No final das orientações os estudantes formaram seus argumentos para a apresentação do projeto, usando desde leis investigadas até o auxílio de seus familiares; esses estudantes criaram argumentos que fossem coerentes e críticos em relação a sociedade, as ideologias, leis e direitos humanos.

Por entre alguns debates e desdobramentos sobre o ensino de História e a formação de professores

Nicelma Josenila Brito Soares

[email protected] Wilma de Nazaré Baía Coelho

[email protected]

Esta comunicação, constitui parte da investigação em curso, desenvolvida no doutoramento em Educação sob o título Representações dos professores em formação pelo PARFOR/UFPA sobre sua prática docente na sala de aula, e objetiva apresentar sumariamente, os debates presentes nas produções acadêmicas e no cenário educacional brasileiro. Além dessa dimensão, realizam uma breve incursão no desencadeamento dos processos referentes à formação de professores para o Ensino de História no Brasil, localizando aspectos que se constituam desdobramentos dos debates sobre este campo de estudos. Para cumprir este escopo, são acionados, por meio de uma revisão da literatura especializada, as produções que contemplem a formação de professores no Brasil (ANDRÉ, 2009, 2010; GATTI, 2010, 2011; VEIGA, 1998) e o ensino de História (CAIMI, 2008, 2013; MELLO,2014; MONTEIRO, 2013; RIBEIRO, 2004, 2011; ROCHA e CAIMI, 2014). Verifica-se que as implicações presentes entre as discussões sobre formação de professores e a adoção de políticas voltadas para esse campo indica uma dinâmica na qual à intensificação da

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37 produção acadêmica que se ocupa com essa questão ainda não corresponde, de todo, as políticas educacionais voltadas para os processos formativos.

Saberes Históricos na Educação Infantil: apontamentos de professoras e suas necessidades formativas

Cristiane Aparecida Zambolin Teodoro

Camila José Galindo [email protected]

Este texto consiste em um recorte de uma pesquisa que se desenvolveu no âmbito do Grupo

de Investigação sobre o Ensino e as Necessidades Formativas de Profissionais da Educação – CNPq/UFMT, a qual buscou identificar a representação de necessidades que professoras de crianças têm acerca da construção de saberes históricos junto a infância. O tema em questão foi escolhido em função da emergência de conhecimentos sobre a perspectiva do ensino e de práticas pedagógicas relacionadas à construção de saberes históricos junto as crianças bem como de precisar necessidades formativas a partir da voz dos sujeitos. O escopo teórico da pesquisa alicerça-se na produção acadêmica sobre as necessidades formativas de professores, o ensino de história e a educação infantil. A metodologia utilizada para a realização da pesquisa de cunho empírico, assenta-se no método de Discrepância utilizado para analisar necessidades formativas, o qual consiste em evidenciar discrepâncias entre o real e o ideal. A coleta de dados teve como campo duas escolas de Educação Infantil do Munícipio de Rondonópolis/MT, e utilizou da técnica da entrevista junto a 12 professoras. A análise dos dados permite afirmar que a pluralidade existente na formação dos saberes docentes interfere na concepção de História das docentes, induzindo suas práticas pedagógicas. Apontamos a conscientização das lacunas e carências evidenciadas como condição para promover práticas educativas experienciais, voltadas a construção de conhecimentos históricos, condizentes com a aprendizagem na infância.

A escolas e as percepções de gênero e família

Sérgio da Silva Machado Junior [email protected]

O artigo discute uma pesquisa em uma escola pública no Mato Grosso entre alunos do

ensino fundamental do 6º ao 9º ano sobre suas percepções de família e gênero. A pesquisa intencionou colher e analisar respostas sobre a compreensão dos alunos quanto aos significados de família, homem, mulher, pai, mãe e homossexualidade. O questionário também buscou no publico alvo, eventuais sentimentos críticos na forma como percebiam os fatores gênero e família. A partir das respostas, a pesquisa almeja investigar polos de poder produtores de discursos de maior ou menor relevância nos processos de subjetivação desses alunos. Intenciona-se, a partir da discussão desses dados, a elaboração de diretrizes e iniciativas nos ambientes escola e comunidade para desconstrução de eventuais preconceitos homofóbicos, naturalizações de papéis de gênero, cristalizações de modelos de família e prevenção de violência. Como ação inicial, buscar-se-á a desconstrução de percepções e preconceitos através de intervenções pontuais na disciplina história. Também serão compartilhadas algumas observações parciais a partir dessas intervenções que já se iniciaram com o respectivo grupo de alunos.

Ensino de história, educação étnico-raciais, e currículo

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Antutérpio Dias Pereira [email protected]

Neste texto trabalharemos com conceito de discriminação, racismo, relações étnico – raciais

e currículo, buscando uma inter-relação entre esses conceitos com a educação e a prática pedagógica do professor em sala de aula porque o racismo que está presente nas relações sociais, não é diferente no interior das escolas. Sua expressão no ambiente escolar é multifacetada, amparando-se na negação dos costumes, tradições e conhecimentos africanos e afro-brasileiros. A invisibilidade dos negros não se resume somente aos aspectos físicos. Ela também se manifesta em termos simbólico, no âmbito educacional, essa invisibilidade ganha corpo e forma nas ausências e critérios adotados para se trabalhar com o negro nos currículos escolares e nos brilhantes discursos docentes que estão muito distantes da prática educacional. Superar o problema da discriminação racial na educação não é colocar capoeira, cabelo com trancinha ou feijoada no currículo; pode até passar por isso, mas deve antes passar pelo compromisso dos educadores de tentar qualificar os seus alunos negros para as mesmas posições ocupadas pelos alunos oriundos dos outros segmentos étnicos. Neste sentido, a eliminação do racismo é uma responsabilidade também da escola e deve estar incluída em seus objetivos.

Trabalhadores canavieiros do vale do São Lourenço-MT: da invisibilidade ao protagonismo

Rodolfo Souza Costa [email protected]

O presente estudo tem como objetivo analisar e discutir experiências de trabalhadores que

labutam no setor canavieiro localizado na região do Vale do São Lourenço, que é formada pelos municípios de Jaciara, Dom Aquino, São Pedro da Cipa e Juscimeira, no estado de Mato Grosso, por onde se estende o cultivo da cana-de-açúcar. Ali, os trabalhadores canavieiros executam seus trabalhos em diversas atividades desenvolvidas nas usinas Jaciara e Usina Pantanal, ambas situadas na área rural do município de Jaciara. O recorte cronológico compreende os anos de 1970, período em que ocorreu a privatização das usinas Jacira e Pantanal, período também em que expressivo contingente de pessoas chegaram à região do Vale do São Lourenço – MT para trabalhar no referido setor, e 2012, quando houve a desativação da usina Jaciara e período também em que eu entrevistei os trabalhadores.

Instituições educativas centenárias de Cuiabá: a produção de um documentário como pesquisa e formação

Alexandra Lima da Silva

[email protected] Nileide Souza Dourado

[email protected]

Considerando que também a escola é um lugar de memória e de pesquisa e ressaltando a importância da preservação do patrimônio histórico e cultural, o presente trabalho explora a produção de um vídeo documentário sobre instituições educativas centenárias como um momento formador. O documentário “Olhares: instituições educativas centenárias de Cuiabá” é fruto do projeto de pesquisa Instituições educativas centenárias de Cuiabá: lugares de memórias, patrimônio e ensino de história (18582014), contemplado no Edital Universal FAPEMAT/2014. O vídeo aborda os diferentes olhares em relação às centenárias instituições educativas de Cuiabá, indicando com isso, diferentes usos e significados em torno das mesmas, atentando também, para a

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39 importância da preservação desses espaços enquanto patrimônio históricocultural da cidade. Afinal, quais são as instituições educativas centenárias da cidade de Cuiabá? Por que estudá-las? Quais os significados dos nomes de tais instituições? Qual a relação entre escola, memória e cidade? Produzir um vídeo a partir das premissas aqui explicitadas justifica-se também, na preocupação em incluir os estudantes de diferentes momentos de formação em um projeto integrado, proporcionando a troca e a ampliação dos conhecimentos produzidos em âmbito acadêmico para além dos muros da universidade, assumindo, com isto, a dimensão social e ética das pesquisas, conforme salientado por Joseph Fontana, assumindo um posicionamento e compromisso em relação ao tempo presente (FONTANA, 1998). Entre História e Memória: a educação na cidade de Cáceres-MT: primeiras décadas do século

XX

Giuslane Francisca da Silva [email protected]

Fundada ainda no século XVIII com o intuito de assegurar a presença dos portugueses na

fronteira oeste do país, a cidade de Cáceres constituiu-se em uma das mais importantes durante toda a Primeira República no estado. Após um levantamento bibliográfico, apesar da importância reconhecida de Cáceres, foi possível notar que há poucos trabalhos que se dedicam aos estudos da mesma. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho que constitui em uma parte de uma pesquisa ainda em andamento, busca através da utilização de relatos de memórias de moradores da cidade, pensar alguns aspectos da cidade que até então não foram contemplados tanto nos relatos oficiais da cidade, quanto pelos escassos estudos historiográficos sobre a cidade. Procuro através das narrativas orais, abordar aspectos sobre a educação na cidade de Cáceres nas décadas iniciais do século XX, buscando trazer uma contribuição aos estudos sobre a história da educação na cidade, haja vista ter conhecimento de apenas um trabalho nesse sentido. As narrativas em sua maioria fazem referências a duas importantes instituições de ensino no período, o Grupo Escolar Esperidião Marques e o Colégio Imaculada Conceição, que foram até a década de 1940 as duas principais instituições de ensino primário da cidade.

Sala de aula e fontes históricas: uma conciliação possível

Glauce Marques [email protected]

O trabalho ora apresentado visa propor a utilização de fontes primárias na prática da sala de

aula. Entendemos que a docência e o uso do documento histórico é importante para a desconstrução de determinados fatos tidos como verídicos, porém, não deve ser apresentado apenas como ilustração de conteúdo, uma vez que se traduzem repletos de intencionalidade. Percebemos que sua inserção tem o objetivo de estimular o estudante a buscar o conhecimento histórico e o auxiliar na formação cognitiva. A mesma, funciona como uma ferramenta na construção da representação dos fatos históricos pelo estudante. Trataremos de um documento histórico que traz informações sobre o Quilombo do Quariterê, localizado na Capitania de Mato Grosso durante o período colonial e como tal fonte favorece a percepção do estudante em formular sua representação desse fato histórico.

DIA 29/05

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Um estudo sobre sociabilidades adolescentes no ensino fundamental

Anderson Patrick Rodrigues [email protected]

Wilma de Nazaré Baía Coelho [email protected]

Este trabalho analisará como a formação em Educação Física habilita os professores para o

enfrentamento pedagógico da diversidade e das relações de sociabilidades nas aulas com estudantes do Ensino Fundamental - II Ciclo; discutirá as relações de hierarquia entre os mesmos e, por fim, buscará um perfil destes alunos. Para tal, esta pesquisa envolve professores e estudantes de duas escolas públicas da cidade de Belém do Pará, agentes de capitais cultural e social distintos (BOURDIEU, 1979) que coabitam o mesmo espaço escolar, interagindo e (in)tolerando uns aos outros. Estes agentes serão analisados de modo consubstanciado por meio de questionários específicos. Em princípio, a partir da literatura especializada, verifica-se que a despeito do previsto na Legislação relativa ao Ensino Fundamental, e aos princípios norteadores advindos de todas as disciplinas a que os estudantes estão vinculados, há uma questão em aberto a ser analisada com mais vagar: a dificuldade, de professores e estudantes, em enfrentar a diferença nas relações de sociabilidades assim como seu impacto na sala de aula, em todas as disciplinas desse nível de ensino.

Um herói didático: Tiradentes no ensino de história entre o Império e a República

Luciana Coelho Gama

[email protected]

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma breve análise sobre a construção da memória da Inconfidência Mineira e do alferes Tiradentes, seu principal personagem, nos livros didáticos do período monárquico e republicano brasileiro. Pretendemos, a partir dessas análises, verificar a influências de tais contextos políticos nos discursos dos autores que produziram os manuais, sabendo que a imagem do Tiradentes herói foi forjada pelo movimento republicano ainda no século XIX, consolidando-se no início do século XX. Antes considerado personagem secundário ou mesmo insignificante para os monarquistas, com o advento da República Tiradentes tornou-se mártir aclamado e exemplo de patriotismo. Os manuais e práticas escolares contribuíram para tal heroicização, sendo o ensino de História preponderante para a solidificação da versão republicana sobre o tema, presente na memória coletiva até os dias atuais.

Uma experiência frente os desafios da lei 10.639/2003 no ensino de história

Nailza da Costa Barbosa Gomes

[email protected] Adenaide da Costa Barbosa Santos

[email protected]

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de um plano de aula aplicado numa escola pública no município de Várzea Grande-MT. O referido plano fazia parte de uma das atividades exigidas no curso de Relações Raciais desenvolvido pelo NEPRE/UFMT. “A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, valorização e afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada com a promulgação da Lei 10.639/2003,

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41 estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e africanas nas Unidades Escolares”. O objetivo desta aula foi procurar “desconstruir” ideias preconceituosas que envolvem as relações raciais. O público-alvo foram estudantes do 8º e do 9º anos. Os resultados desta experiência teve grande importância pedagógica oportunizando debates sobre atitudes preconceituosas e estereotipadas desencadeadas pela cor da pele e refletidas nas atitudes do cotidiano escolar. Inclusive muitas delas, reforçadas pela utilização de imagens depreciativas do povo negro nos livros didáticos.

A invenção da Escola nas Leis de 1827 e 1996: implicações na mediação do professor de

história e na proficiência do aprendente no século XXI

Edevamilton de Lima Oliveira [email protected]

O texto de onde extraímos o presente resumo traduz resultados parciais de uma pesquisa que

comporá a tese de doutoramento dedicada ao entendimento da construção histórica da escola e como esta se comporta na transição do Século XX para o século XXI. Contudo, para a presente reflexão apresentaremos uma análise das Lei Imperial de 1827 e da LDB de 1996 procurando entender como a escola foi concebida, que aspectos de racionalidades foram empregados, que estratégias metodológicas marcaram sua criação? E dentre elas quais permanecem? Objetivamos ainda revelar os distanciamentos entre as práticas escolares dentro do quadrilátero “sala de aula” e o universo sócio-cultural circundante. Pautado em leituras teóricas e observações práticas sobre a escola buscaremos contribuir com os educadores na revisão de suas práticas e adoção/construção de métodos adequados para a mediação da aprendizagem utilizando os meios tecnológicos existentes na escola (tecnologia educacional, web 2.0) subsidiando a elaboração de políticas públicas condizentes com a demanda de uma educação escolar com qualidade socialmente referenciada. Este estudo baseia-se em Certeau (2000); Perrenoud (2002); Santos (2003); Nóvoa (2005); Valente (2007); Silva (2010); potencializando reflexões sobre a escola e os desafios/distanciamentos entre o que diz fazer e o feito. Unidade na Diferença? Identidade Nacional em Livros Didáticos de História, consumidos na

Região Norte

Mauro Cézar Coelho [email protected]

O trabalho em tela tem por objetivo conhecer as representações presentes nos livros

didáticos consumidos na região Norte acerca da categoria Nacionalidade. Assim, analisar-se-ão as formulações presentes na literatura didática acerca da Formação do Brasil e da Nacionalidade Brasileira – a narrativa que lhe é relativa, os lugares de memória que a constituem e os signos que lhe são relacionados. Dessa forma, pretende-se discutir os sentidos atribuídos à Nacionalidade difundidos pelos livros didáticos, de modo a sopesar a permanência ou não de institutos que a constituíram desde os séculos XIX e XX, os quais projetavam um ideal de nacionalidade demarcado pela homogeneização dos elementos que constituem a sociedade nacional. Dessa forma, discutir-se-á a incorporação, pela literatura didática, das críticas ao “mito da democracia racial” nas abordagens sobre a formação nacional. Argumentar-se-á que a crítica àquela ideologia tornou-se mais presente na literatura didática, sem que isto significasse o abandono de alguns de seus pressupostos. A reflexão fundamenta-se na análise de livros didáticos adotados em escolas da região norte, no Ensino Fundamental, aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático, desde 2008.

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A aprendizagem histórica de jovens estudantes a partir do rap e do hip hop

Estefany Angelica Martins da Silva Daniela Pereira e Silva

Arzelide Gabriella Pagliosa Barbosa Evelyn Magio Rodrigues

Marcelo Fronza [email protected]

[email protected]

Este trabalho tem como objetivo abordar a repercussão nas escolas públicas de músicas que abordam temas sociais no Brasil. As diferenças sociais em nosso país sempre foram algo a ser discutido e, com o passar dos séculos, os indivíduos que compõem esta classe oprimida, isto é, o negro e o pobre, passaram a utilizar de meios diferenciados para tentar expressar o sentimento de exclusão cada vez mais crescente em nossa sociedade. Foi a partir de músicas com origem africanas como RAP, HIP HOP, Reggae e Samba, que muitos jovens das grandes periferias passaram a tentar mudar esta horrível realidade há muito existente em nosso país. Em vista disso, busca-se investigar as ideias históricas que jovens estudantes de ensino médio de uma escola pública de Cuiabá quando ouvem músicas de RAP e HIP HOP com temas históricos.

Religião e capitalismo: lugares formativos da consciência histórica

Emerson de Arruda [email protected]

Neste ensaio é analisado como capitalismo e a religião se constituem lugares sociais na

formação da consciência histórica de determinados indivíduos e o modo que estes experimentam e significam o tempo histórico. Tal perspectiva nos conduz ao estudo da definição do capital a partir do horizonte marxista e ao exame do lugar social na operação historiográfica de Michel de Certeau. O intercâmbio entre esses dois conceitos teóricos nos dará condições de perceber como aspectos imanentes e transcendentes presentes na cultura humana definem a relação significante e significativa de inúmeras pessoas com os fenômenos sociais e temporais da vida humana.

O ensino de história da Arquitetura: práticas e possibilidades

Carlos Edinei de Oliveira [email protected]

Ensinar história no ensino superior é um desafio e ao mesmo tempo é uma possibilidade

para analisarmos as questões do tempo presente à luz de sua historicidade. Neste sentido, esta comunicação tem como objetivo apresentar experiências de ensino de história desenvolvidas no Laboratório de Ensino de História e Arte – LEHA no curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade do Estado de Mato Grosso. As experiências apresentadas e analisadas foram realizadas nas disciplinas de Estética e História da Arte, História da Arquitetura I e História da Arquitetura Brasileira II, esta última a ementa trata basicamente da história da arquitetura de Mato Grosso do período colonial ao republicano. A história ensinada no LEHA é resultado da possibilidade de conduzir os alunos aos caminhos do conhecimento histórico, sem apresentar soluções prontas, mas de criar estratégias que fizessem com que os discentes experimentassem e elaborassem os problemas propostos. Deve-se ressaltar uma preocupação com a historiografia

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43 selecionada para a composição do universo de leituras, que em sua grande maioria apresentam abordagem da História Cultural. Metodologicamente o texto foi construído tendo como referências, obras que tratam do ensino de História e formação de professores de ensino superior, em destaque para o campo do conhecimento da didática, assim como, por meio de registros de experiências de ensino e construções de estratégias de aprendizagem realizadas ao longo dos semestres letivos. O resultado didático-pedagógico das atividades realizadas permite ao aluno um conhecimento mais crítico da história, da vida humana, e possibilita o aumento do seu repertório intelectual para que possa avançar em novas possibilidades da profissão de arquiteto, mantendo um estreitamento com a História e os seus significados necessários a compreensão humana.

Ler, interpretar e escrever: três dimensões da aprendizagem histórica na sala de aula

Renilson Rosa Ribeiro [email protected]

Nesse trabalho abordamos o contato cotidiano do professor de História com os alunos na

sala de aula. De volta à escola, adentramos a sala de aula, o cenário das tramas do ensino-aprendizagem e da construção do conhecimento histórico por professores e os alunos, para estabelecer um diálogo entre o fazer histórico e o fazer pedagógico. Em poucas palavras podemos definir que o tema dessa reflexão será a aula de História como lugar de formação dos alunos leitores de mundo.

Memória, patrimônio cultural e identidades regionais: reflexões sobre percursos

diferenciados no Ensino de História

Jaqueline Ap. M. Zarbato [email protected]

Este trabalho faz parte da pesquisa, ainda em andamento, sobre o patrimônio cultural e as

identidades regionais, a partir da reconstrução da memória de moradores da Cidade de Três Lagoas/MS. O objetivo da pesquisa visa investigar com pessoas da cidade, de gerações e gêneros diferentes, e que tem suas memórias sobre a cidade, as modificações e permanências no cenário urbano, de que forma as diferentes culturas, que provêm de diferentes lugares do Brasil, bem como do Paraguai contribuem para as inserções de novos comportamentos e hábitos na cidade. Além disso, perceber de que forma os elementos do patrimônio cultural material e imaterial tem sido tratados, como podem ser utilizados para ensinar a história local e regional. Neste processo é importante considerar a localização da cidade, que fica na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, sendo separada pela repressa da CESP, o que insere uma análise sobre a cidade como um “ lugar de fronteira”.

Didática da história por meio do Simstim: a experiência histórica através do jogo eletrônico

Rafael Reinaldo Freitas

[email protected] Marcelo Fronza

[email protected]

Neste trabalho investiga-se como os jogos eletrônicos propiciam experiência histórica e a maneira na qual aqueles que interagem com tal narrativa apreendem a cultura histórica ali

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44 trabalhada. Tem-se como objetivo compreender como a hipertextualidade dos games contribui para a experiência histórica. Por isso, este trabalho está inserido no campo de investigação da Didática da História tal qual apresentada pelo teórico Jörn Rüsen, e com auxílio da concepção da narrativa de Jasper Jull (2005), Katie Salen e Eric Zimmerman (2003) procurar-se-á entender como as narrativas de constituição de sentido presentes nos games situam o jogador e o orientam a tomar posições, a partir da análise do jogo Búsios: Eco de Liberdade (2010). Patrimônio ambiental: a criação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães (1970-2009)

Tulasi Krishnadasi dos Santos Branco

[email protected]

O Parque Nacional de Chapada dos Guimarães / PNCG, é uma unidade de conservação localizada a poucos quilômetros da capital de Mato Grosso. Foi criado por lei Federal no final da década de 1980 e guarda um rico legado natural, tanto na fauna e na flora, como em recursos hídricos, além do seu singular conjunto paisagístico. A vegetação predominante é o Cerrado, vale mencionar, o segundo maior bioma do Brasil, que se caracteriza por uma vegetação composta por árvores e arbustos de troncos e galhos retorcidos, e folhação pouco desenvolvida, de folhas grandes e grossas, espalhadas sobre um estrato graminoso. Tem como principal objetivo discutir as políticas ambientais no Brasil e Mato Grosso, em relação à criação e desenvolvimento turísticos do PNCG, se é ou não patrimônio ambiental e como se desenvolveu a atuação dos movimentos de ONG’s e instituições publicas, através da bibliografia sobre o tema em outras unidades de conservação e entrevistas dos atuantes nos movimentos, da população chapadense e cuiabana.

Práticas educativas culturais e escolarização: “A arte de ensinar tudo a todos”

Nileide Souza Dourado

[email protected]

Evidenciar os significados das práticas educativas culturais e a escolarização, modalidades educativas informais e formais, manifestas ao longo dos séculos XVIII e XIX, nos arraiais, aldeias, povoações e vilas da capitania de Mato Grosso, com destaque para os espaços de Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá (1719) e Vila Bela da Santíssima Trindade (1751), é a meta do presente trabalho. Objetiva apresentar a pluralidade de saberes e fazeres, das aprendizagens de ofícios, da participação de expressivo contingente populacional no interior de múltiplos processos culturais onde se realizavam interações educativas cotidianas de instrução, ensino das letras e cultura escrita, além de outras formas de aprendizados não escolares de extremo valor na formação dos habitantes de Mato Grosso que não usufruíam do ensino regular. Processos educativos culturais de transmissão e captação de saberes muitas vezes realizado de forma imperceptível, quase invisível aos olhos daqueles que consideram que a transmissão de saberes somente poderia ocorrer no âmbito da escolarização. As fontes são as instruções régias; correspondências administrativas; anais e escritos deixados por cronistas e cientistas. Tais fontes permitem vislumbrar as modalidades educativas, as instituições enquanto instituição educativa precursora da escola, suprindo, de certa forma, a inexistência de um inicial ou experimental sistema escolar naquela capitania. O presente trabalho situa-se no campo da História da Educação, procurando estabelecer um diálogo com estudos de CERTEAU (1994); JULIÁ (2001); MAGALHAES (2004); SAVIANI (2007); NOSELLA&BUFFA (2009); COMENIUS (2011); FONSECA (2012); DOURADO (2014). Em suma, busca-se evidenciar as modalidades de transmissão e de troca de saberes e conhecimentos escolares e não escolares entre os sujeitos sociais, que aconteciam no interior e no entorno das instituições educativas, nos espaços dos quartéis, fortes, prisões residências, igrejas, câmaras e até mesmo nas

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45 praças e largos, territórios de troca e veiculação de saberes e fazeres na Vila de Cuiabá e em Vila Bela da Santíssima Trindade.

A sala de aula como espaço de pesquisa e formação do professor(a) de História: relatos de experiência a partir de uma ação com alunos do Ensino Médio

Nathália da Costa Amedi

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Inúmeros são os trabalhos que versam sobre a sala de aula como lócus de formação do professor (MIRANDA, 2007; DIAS, 2007; CAIMI, 2008; ALVES, 2O11; RIBEIRO, 2012). Ele não é só um lugar de formação mas também de pesquisa no âmbito da história. É nesse ambiente complexo que se tem contato com os alunos e que se aprende a ser professor, na prática. A sala de aula é onde a prática da docência acontece, em que se aprende e se ensina. Neste espaço de poder, de disciplina, de memórias e de inúmeras histórias é que nasce o ser professor. Com base nessas considerações, a presente comunicação propõe relatar uma ação em sala de aula com alunos do ensino médio (1º e 2º anos), através do trabalho com fontes históricas diversas nas aulas de história, como charges, certidão de nascimento, pinturas, história em quadrinhos, propagandas, rótulos e vestígios materiais. A partir do uso desses documentos em sala de aula, os alunos foram introduzidos a metodologia de pesquisa do historiador e de como se dá a produção de interpretações sobre o passado. Ao analisar essas fontes os alunos também foram produzindo a sua própria interpretação sobre o passado, por meio de algumas pesquisas que também foram realizadas. O planejamento para as aulas foi pensado da seguinte forma: ao invés de utilizar o livro didático única e exclusivamente nas aulas, foram propostas o uso das fontes no 1º bimestre para sanar algumas dificuldades que os alunos iam apresentando como a dificuldade de interpretação de fontes históricas, de leitura e escrita, para posteriormente introduzir o livro didático e os conteúdos específicos de cada série. Essa experiência foi importante para diagnosticar as fragilidades apresentadas na interpretação e leitura de documentos escritos, de imagens e de objetos da cultura material, sendo uma oportunidade de ensiná-los a pensar historicamente e sanar dificuldades de aprendizagem, além de perceber os avanços também no processo de formação desses alunos. Consideramos que essa metodologia é uma possibilidade interessante de ser utilizada em sala de aula, pois antecipa problemas de aprendizagem que podem surgir ao longo do ano letivo, além de facilitar o trabalho do professor que pode refazer o seu planejamento de acordo com as aulas, revendo as suas estratégias e tornando a suas aulas mais interessantes e propositivas.

Educação feminina no Território Federal do Guaporé (1932 - 1970)

Cleicinéia Oliveira de Souza [email protected]

Nilce Vieira Campos Ferreira [email protected]

Este texto resulta da pesquisa de mestrado que se propõe a investigar a história da educação

feminina no Território Federal do Guaporé entre os anos de 1932 a 1970, com o intuito de analisar as práticas educativas voltadas para a educação da mulher. Compõe a investigação a formação para o magistério nas escolas rurais criadas por Dom Francisco Xavier Rei em Rolim de Moura, Guajará-Mirim e São Miguel do Guaporé. Temos como fontes documentais regulamentos, relatórios, iconografia e imprensa. Questionamos Como ocorreu a educação feminina nessas escolas no Território Federal do Guaporé no período em estudo? Constatamos que registrar o passado dessas instituições e o processo de formação oferecido seria corroborar para compreensão da

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46 história de profissionalização das mulheres e da própria história da educação do antigo Vale do Guaporé que pertencia ao Estado do Mato Grosso na época e hoje constitui o atual estado Rondônia. Festa de São Benedito em Cuiabá: sociabilidade e religiosidade na primeira metade do século

XX

Silbene Corrêa Perassolo da Silva [email protected]

A pesquisa tem como objetivo fazer uma reflexão a respeito da festa de São Benedito em

Cuiabá na primeira metade do século XX. A festa de São Benedito é uma festa religiosa católica, considerada uma parte da herança cultural deixada pelos colonizadores portugueses e solidificada no processo de ocupação e dominação das terras brasileiras. O trabalho em questão estrutura-se em três momentos: A primeira busca discutir a festa religiosa e sua inserção no âmbito das tradições “inventadas”. Na segunda, propomos uma reflexão sobre a modernidade da condição histórica da festa. Para finalizar, desenvolvemos uma análise sobre o cotidiano, o feminino e a realização da festa em Cuiabá. O estudo do espaço da realização da festa num ambiente urbano, aliada a uma tradição construída/inventada, constitui um desafio para a pesquisa, posto que a festa de São Benedito apresenta-se como um objeto que procura responder a seguinte questão-problema: seria a festa uma invenção ou uma prática de um costume local? Diante desse cenário, buscamos compreender qual o sentido desta tradição perdurar até nossos dias, pois as festas de santo ou mesmo todo referencial ligado ao sagrado e ao cultural têm sofrido transformações ao longo do tempo.

Apresentação projeto PIBID - O filme como aprendizagem das africanidades para alunos do

Ensino Médio

Mariana Mendonça Macikio Pedro Henrique Coutinho Bertolini

[email protected]

A apresentação em questão tem como objetivo introduzir o projeto PIBID/História (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) sobre a importância dos filmes para o reconhecimento dos negros na sociedade brasileira para formação de alunos do Ensino Médio. Entendendo as falhas do sistema público de educação no ensino de História, procuramos outras fontes históricas didáticas e metodológicas para o projeto. Para isso, utilizamos investigações como as teses de Éder Cristiano de Souza (2014) e também a de Ronaldo Alves Ribeiro de Santos (2014), ambas sobre a relação do cinema com o ensino de História. A partir destas, compreendemos que os filmes se caracterizam como importantes instrumentos culturais, atuando como grandes atrativos aos jovens estudantes. Portanto, tendo em vista que o projeto visa atender a alunos do ensino médio, procuramos filmes que mais se adequariam a essa faixa etária e com a realidade que estão inseridos, como Amistad, Besouro, Na quebrada, Cidade de Deus e Alemão, que abordam temas como desigualdade racial, intolerância religiosa e outras questões relacionadas à africanidade no Brasil.

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47

ST5–Historia,terraetrabalho

Vitale Joanoni Neto (UFMT) Edilza Fontes ([email protected])

Este simpósio tem por objetivo analisar historicamente a relação entre terra e trabalho no

Brasil. Compreender os conflitos agrários e os movimentos sociais, ocorridos no campo em diversos períodos históricos, bem como as disputas estabelecidas sobre a questão da terra com os governos estaduais e federal. As relações de trabalho estabelecidas no campo (meeiros, trabalhadores urbanos, camponeses, trabalhadores assalariados, etc.) e as luta dos movimentos sociais pela posse da terra (Canudos, Contestado, MST, etc.), são também objetos de análises do Simpósio Temático, as legislações brasileiras sobre a posse e acesso à terra no Brasil.

DIA 27/05

Nas Franjas do Império

Maria José dos Santos [email protected]

Este artigo visa refletir sobre o processo de apropriação das terras públicas e devolutas na

região da Guiana Portuguesa pertencente à Comarca do Alto Amazonas na Província do Grão Pará ao longo do século XIX. O processo de ocupação portuguesa em suas fronteiras envolveu o Império Brasileiro em várias disputas diplomáticas em especial com Espanha, Holanda e Inglaterra assim como em disputas internas. Por outro lado distante dos olhos do poder central, da presença da justiça e diante do interesse da coroa em efetivar sua presença (branca) nestas regiões possibilitou o desenvolvimento de arranjos políticos, acordos, conflitos e disputas transformando estas terras em zona de livre arbítrio, e espaço de trocas de relações de interesse que envolveu escravos, militares, populações indígenas, degredados, missionários e servidores públicos. Utilizando como eixo condutor deste processo a propriedade da terra e a legislação agrária este artigo abordará dentre outros temas três questões centrais que se entrelaçam: Propriedade, Fronteira (ou Território) e Legislação Agrária.

A cultura do capital e os processos de desterritorialização no Brasil Central – 1973-2005

Beatriz dos Santos de Oliveira Feitosa

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O propósito deste texto é dialogar com as discussões que envolvem o conceito de tempo, buscando a partir da produção teórica de um conjunto de autores que trabalham tal conceito, perceber a dinâmica do tempo nos discursos que permeiam os deslocamentos e trajetórias de pessoas no interior do Brasil no período que compreende os anos de 1973 e 2005. O marco inicial parte da crise energética mundial e o final diz respeito a crise da agricultura brasileira ocorrida naquele ano. A constituição territorial brasileira foi marcada por inúmeras narrativas de negação de territorialidades, que tiveram grande influência do poder estatal, há significativo número de pesquisas que se dedicaram a refletir sobre esta questão, dentre elas destaca-se um conjunto de dissertações que foram produzidas por estudantes ligadas ao NPH/UFMT e ao Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos – NERU/UFMT, tais estudos apontam para a intrínseca relação entre Políticas de Estado e desterritorialização. Para os projetos

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48 capitalistas de sociedade as ações empreendidas pelos governos brasileiros foram consoantes com a lógica do capital, da qual resulta grande produção de “refugo”, tanto material quanto humano, a partir da ótica de Bauman (2005), a produção de “redundantes” portanto, faz coro as medidas impostas pelo Estado Capitalista e fundamentadas nos discursos de progresso e modernização que atravessam a História do Brasil.

(Re)ocupação da terra no Araguaia: a formação dos assentamentos rurais em Vila Rica/MT

Maria do Rosário Soares de Lima

[email protected]

Estudar a história dos assentamentos rurais de Vila Rica significa também compreender parte da historicidade da ocupação rural do Estado de Mato Grosso, pois este município não surge enquanto fenômeno isolado. Ele nasce em um contexto ocorrido no norte do Estado, na região Araguaia, no auge do processo de reocupação por duas frentes: os projetos agropecuários financiados pela SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e dos projetos de colonização privada que resultaram na formação dos municípios de Confresa, Vila Rica, Água Boa e Canarana. Neste mesmo período o norte do estado de Mato Grosso, tornou-se alvo de investimentos de grupos empresariais do Sul e Sudeste do país. Os governos de Mato Grosso, desde a década de 1960, tiveram a comercialização destas terras, tomadas como devolutas, como importante fonte de arrecadação. Neste contexto, o Estado repassou para a iniciativa privada a função de reordenar a (re)ocupação destes espaços. A partir de dados coletados construímos um quadro que possibilita identificar as diferentes formas de ocupação e reocupação, bem como, o uso da terra na terra na região do Araguaia, de modo a estabelecer uma relação desse acontecimento com as demais regiões do Estado, no que tange as políticas de regularização fundiária em que a ocupação precedeu a regularização, e a presença de projetos agropecuários, projetos de colonização privada e dos projetos de assentamentos rurais. O município de Vila Rica iniciou-se a partir dos Projetos Agropecuários, depois transformados em projeto de colonização privada e por último constituiu 08 assentamentos rurais.

CORUMBIARA: colonização, pioneirismo e massacre

Diene Gomes de Andrade [email protected]

A pequena Corumbiara de aproximadamente oito mil habitantes, distante a 750 km da

capital Porto Velho, motivo pelo qual, comumente, ao se referir à sua localização é usada a expressão nos confins da Amazônia, na madrugada do dia 09 de agosto de 1.995, saiu do seu estado de isolamento e passou a ser manchete, quase em tempo real, para o mundo inteiro, devido a ação de reintegração de posse da fazenda Santa Elina, ocupada por 600 famílias de camponeses sem terras. Essa ação, executada por um aparato militar de guerra da policia militar resultou em 13 mortos, centenas de feridos e dezenas de desaparecidos. O episódio ficou conhecido como o massacre de Corumbiara. Sendo este o plano de fundo, o artigo tem por objetivo contextualizar o confronto ao evidenciar a relação entre a luta pela terra e a colonização da região de Rondônia, que se dividiu entre colonização oficial, orquestrada pelo regime militar com o discurso da “vazio amazônico” e “integrar para não entregar” e, principalmente, a colonização espontânea. Utilizando como referencial teórico as obras de Octavio Ianni, e José de Souza Martins, entende-se que a lógica dessa colonização deu-se pelo movimento chamado de “frente de expansão” e “frente pioneira”. Enquanto a frente de expansão se dá numa forma de aculturamento entre os nativos e os migrantes seringueiros, mineradores, extrativistas, construindo novos símbolos culturais, a frente pioneira, oriunda principalmente do Sul do país, age no sentido suplantar a sua cultura, em uma repetição da colonização do Brasil e, para isso, usa todos os elementos capazes de legitimar seus

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49 padrões culturais como a produção capitalista, propriedade privada, progresso e modernidade. A legitimação de tais ações é estabelecida através de três sustentáculos: o latifúndio, o poder político e o poder judiciário. Esses três elementos nortearam o que antecedeu e o que ocorreu após o massacre de Corumbiara, tal qual retratado nos depoimentos dos sobreviventes e nos autos do processo criminal que envolveu o fatídico massacre, sobretudo na atuação do Ministério Público Estadual, claramente na defesa da estrutura agrária existente.

Pedro Casaldáliga: uma análise sobre a sua atuação no período da ditadura-civil militar no

Brasil

Fenanda Queiroz de Menezes [email protected]

O presente trabalho tem como objeto o religioso D. Pedro Casaldáliga, um claretiano da

Catalunha que chegou ao Brasil em 1968. Buscamos pensar sobre a sua atuação na Prelazia de São Félix do Araguaia, no estado do Mato Grosso, região que o mesmo vive até os dias de hoje. Temos como objetivo fazer uma reflexão acerca das suas ações no período que toca desde a sua chegada até o término da ditadura civil-militar no Brasil. Com a implantação do governo civil-militar, as políticas de ocupação ganharam ênfase e a partir dos preceitos da Doutrina de Segurança Nacional, utilizou-as como uma estratégia para ocupar os espaços “vazios” e levar a “modernização” e o “progresso” para estas áreas. Assim, estas políticas, e após a criação de órgãos responsáveis por tais, como o INCRA e outros, iniciaram-se os programas governamentais dirigidos para estas regiões, como projetos agropecuários e de colonização privada, sendo que ocorreram diversos conflitos entre os que estavam chegando no Araguaia mato-grossense – principalmente com os empresários e latifundiários - e a população que já ocupava a região, pois, estes projetos não levaram em consideração estas populações que já moravam e utilizavam estas terras para viver. D. Pedro, desde a sua chegada, se colocou do lado da população que já ocupava estas terras, e a partir dos conflitos decorrentes, muitas vezes da disputa pela terra, engajou-se pela justiça social e ele teve um papel fundamental, sendo que atuou não só no campo religioso, mas no político e social.

A Ação da CODEMAT na Colonização Oficial de Mato Grosso (1974-1997): Revisitando o “Projeto Juina” a partir do Programa Estadual de Colonização

Rejane P. Santi

Com o avanço do capitalismo sobre as áreas de fronteira, a frente de expansão é integrada à

frente pioneira. O uso privado das terras devolutas do Estado de MT é o que passa a caracterizar a frente de expansão e por isso mesmo estas terras são postas no mercado, entregues às empresas colonizadoras privadas ou públicas, como foi o caso do projeto Juina pela CODEMAT, que loteou e comercializou a terra onde o projeto fora executado entre 1978 e 1981. A metodologia aplicada para a elaboração desse estudo é a análise do Programa Estadual de Colonização Projeto Juina e a partir dessa análise a construção da crítica historiográfica do documento oficial. Assim, apresentamos como objeto da nossa pesquisa e estudo a ação da CODEMAT na colonização oficial em MT a partir da apresentação do Programa Estadual de Colonização – Projeto Juina Volume I no qual encontram-se as prospecções para o plano de implantação e execução do Projeto Juina para a colonização dirigida pelo governo de MT na região Noroeste do estado no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Nosso objetivo é estabelecer uma análise historiográfica desse documento para construirmos uma abordagem que contraponha as informações contidas em suas páginas e levante um debate a respeito das ações nele apresentadas para a colonização recente em MT que estavam mais no âmbito da propaganda e de um discurso que atendesse aos anseios da política de

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50 Segurança Nacional do momento político pelo qual o país passava, o governo da Ditadura Militar; garantindo à CODEMAT a aprovação para atuar como empresa colonizadora e dessa forma estivesse inserida nos programas nacionais e estaduais de incentivos e subsídios federais e estaduais para projetos voltados ao “desenvolvimento econômico” da fronteira amazônica mato-grossense; deixando o compromisso econômico e social a partir do estabelecimento do que se expõe num documento oficial como o foi o Programa Estadual de Colonização da CODEMAT em segundo plano e grande parte deles nunca concretizados.

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ST6–FronteiraseMigraçoes

Francivaldo Alves Nunes (FPA) Rosane Marcia Neumann (UPF)

Cristiano Luís Christillino (UEPB/UFPE) [email protected]

Este Simpósio Temático tem por objetivo discutir as questões relacionadas às interfaces da

história social com a história política, agrária e ambiental no Brasil, nos mais diversos recortes regionais. A organização, e apropriação, do espaço e o seu impacto sobre os grupos sociais articulados em torno da sua exploração. As políticas de estado voltadas à questão da territoriedade. A utilização do território pelos indivíduos, envolvendo as práticas sociais, ambientais e políticas. As pesquisas em torno da fronteira interna, englobando discussões sobre as questões fundiárias, as terras indígenas e “comunais”, e as relações de poder nas áreas de expansão. As temáticas em torno das migrações internas e dos projetos de colonizações. O Simpósio Temático também tem por objetivo o debate em torno das questões relacionadas à consolidação das fronteiras do Império, e as disputas em torno da afirmação política do Estado Imperial sobre os seus limites territoriais.

DIA 27/05

Migração e fronteira: a conquista e ocupação do Maranhão e Piauí na primeira metade do século XVIII

Samir Roland

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Através de uma documentação primária encontrada no acervo do Arquivo Público do Maranhão e Piauí e Arquivo Histórico Ultramarino (acervo digital), o trabalho pretende investigar o processo de conquista e ocupação do Estado do Maranhão e Piauí na primeira metade do século XVIII. De maneira geral, tentar-se compreender o processo migratório do Piauí para o Maranhão que foi acompanhado pela coroa portuguesa visando disciplinar a ocupação através do mecanismo de sesmarias. Por outro lado, percebemos a ação dos migrantes que buscavam a legitimação e o reconhecimento de suas terras, com o intuito de garantir a defesa de suas ocupações frente aos litígios existentes. Assim, busca-se, de um lado, apreender a atuação da Coroa portuguesa na administração político-econômica das regiões denominadas de sertão. E de outro, compreender a trajetória dos indivíduos que se movimentaram nas teias desse espaço colonial em busca de riquezas e benefícios pessoais obtidos com a exploração das áreas cultivadas.

O abastecimento dos estabelecimentos da fronteira Oeste da América Portuguesa (1769-1822)

Vanda Silva

[email protected]

A presente comunicação tem por objetivo analisar o papel do Armazém Real na distribuição de gêneros alimentícios para o abastecimento dos estabelecimentos de fronteira, das expedições pelo “sertão” e também das vilas e arraiais na capitania de Mato Grosso. No termo do Cuiabá, o Juiz de Fora, entre outras funções por ele exercida, era quem ocupava o cargo de Intendente dos Armazéns e contava com a ajuda de um escrivão. Por ser responsável pela administração do

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52 Armazém Real , a correspondência dos juízes de fora aos governadores apresentam informações e medidas tomadas para o controle do fornecimento e envio de mantimentos para os estabelecimentos de fronteira. Neste sentido podemos constatar que a necessidade de produção para abastecimento contribuiu para a formação de um mercado local no termo do Cuiabá voltado para o fornecimento de gêneros alimentícios para o Armazém Real .

Mulheres índias e política de povoamento

Alessandra Resende Dias Blau [email protected]

O foco desta comunicação é apresentar algumas contribuições trazidas pelo segundo

capítulo da minha dissertação de mestrado intitulada “O ‘ouro vermelho’ e a política de povoamento da Capitania de Mato Grosso (1752-1798)”, onde foi discutida a utilização de grupos indígenas localizados na repartição do Mato Grosso, na dinâmica de povoamento praticada pelo Estado português na fronteira Oeste da América do Sul, no período compreendido entre 1752 — ano da fundação da vila capital, Vila Bela da Santíssima Trindade —, até 1798, quando foi extinto o “Diretório dos Índios”. Nesse estudo fronteira foi interpretada como limite entre as duas Coroas ibéricas, sem perder de vista as diversas outras conotações que podem ser conferidas ao conceito. Consideramos que as formações ameríndias, como quaisquer outras, não são imutáveis. Assim sendo, além de analisarmos o modo pelo qual as diversas sociedades indígenas participaram da dinâmica de povoamento, também buscamos desvendar as redes de sociabilidade estabelecidas no entorno dos grupos indígenas da região. O estudo é beneficiário basicamente de documentação existente no Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional - NDIHR, Arquivo Público do Estado de Mato Grosso – APMT, do “Diretório dos Índios”, das Instruções aos Capitães Generais e dos “Anais de Vila Bela: 1734 – 1789”.

As pulsações do atlântico: algumas considerações dos agentes sociais e do comércio aurífero

no extremo-oeste da América Portuguesa setecentista

Bruno Cezar Bio Augusto [email protected]

Maria Cela Borges

O presente trabalho visa estudar as relações comerciais e sociais no Exremo-Oeste da América portuguesa setecentista, especificamente nos arredores do rio Cuiabá, partindo da premissa do comércio transatlântico no império português. Objetiva-se desse modo, apresentar uma análise da pluricontinentalidade colonial, indagando o papel do pequeno comércio no cenário mineiro. O olhar histórico à procura dos agentes estudados será possível através do trabalho com fontes, encontradas online e impressas, procurando as pessoas denominadas ‘marginais’ ao sobreviverem do trabalho em meio às elites, especialmente concentrada em Vila Real do Cuiabá, as quais eram as responsáveis pelo comando da economia aurífera.

A fronteira em doação: a ocupação do Pará e Maranhão a partir da concessão de terras por

cartas de sesmarias na região de Turiaçu (1790-1822)

Sueny Diana Oliveira de Souza [email protected]

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Este trabalho analisa o processo de ocupação da região de Turiaçu, fronteira entre Pará e

Maranhão em fins do século XVIII e inicio do XIX, a partir de concessões de terras via carta e data de sesmarias, assim como as dificuldades e os conflitos desencadeados na região no decorrer desse processo. As doações de terras pela coroa portuguesa possibilitaram a ocupação do território por meio da agricultura, uma vez que a produção era um dos requisitos para obtenção e manutenção da terra. E, para o desenvolvimento da agricultura era necessária a compilação de mão-de-obra para o trabalho. O cultivo e ocupação do território foram, nesse sentido, essenciais para obtenção e manutenção de terras através de cartas de sesmarias. O cenário da fronteira de Turiaçu era marcado por muitas fazendas adquiridas através destas doações. Porém, se de um lado havia um esforço dos governadores e representantes portugueses na região para estabelecer colonos sesmeiros, dotando-os de grandes fazendas de lavoura e gado conquistadas por doações de cartas de sesmarias. Já de outro lado, as terras limítrofes entre as duas fronteiras eram um lugar em que muitos outros sujeitos encontravam espaço para desenvolverem atividades agrícolas ou outras. Estes ocupantes moravam, produziam e comercializavam quase sem conhecimento e aval dos governos maranhense e paraense, o que fez com que muitos conflitos fossem desencadeados.

Propriedade, agricultura e controle social em terras de aldeamentos e colônias agrícolas ao

norte do Império brasileiro

Francivaldo Alves Nunes [email protected]

A proposta deste artigo é compreender como os agentes públicos concebiam a concessão de

direitos de propriedade sobre a terra nos aldeamentos de índios e nas colônias agrícolas na Amazônia do século XIX. A concessão do direito de utilização da terra, ou seja, a garantia legal da permanência de índios e colonos nos seus direitos à utilização dos recursos fundiários afetados aos aldeamentos e às colônias agrícolas, estava condicionada à ocupação regular da terra e à agricultura. Apoiados nos relatórios e correspondências da administração provincial, mostraremos que os aldeamentos e colônias eram representados como espaços modelares de socialização, em que se observa a política governamental de institucionalização de direitos de propriedade sobre a terra, subordinada a uma disciplina do trabalho agrícola. Esta relação é representada como uma estratificação social, reconhecendo à partida aos colonos o estatuto social de agricultores autónomos, detentores de propriedade individual ainda que condicionada, e aos índios o de trabalhadores em aprendizado na terra coletiva gerida por um diretor de aldeamento, em transição para o estatuto de agricultor pela aquisição gradual e condicionada de direitos individuais sobre parcelas de terra.

A política de imigração nos anos finais do Império na província do Pará: o caso da colônia

Araripe

Francisnaldo Sousa dos Santos [email protected]

O objetivo pretendido com o presente artigo é refletir acerca das ações dos últimos

presidentes da província do Pará voltadas para a introdução de imigrantes europeus na região Nordeste, especificamente na chamada região Bragantina, entre os anos de 1885 quando assume o poder na província o conselheiro Tristão de Alencar Araripe até o ano de 1889 com a chegada dos migrantes cearenses. O artigo vai tratar da criação do núcleo Araripe em 1886, a última tentativa de implantação de uma colônia durante o império na província Pará. Com isso, pretende-se abordar as

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54 expectativas do governo em torno desse espaço, no que diz respeito, sobretudo, ao povoamento da região Bragantina, os motivos que levaram ao fracasso desse núcleo, as consequências políticas com ela advindas e a sua ocupação pelos cearenses. Trata-se de um núcleo colonial que ainda não ganhou a devida atenção pela historiografia local. A proposta visa, de um modo geral, discutir os impactos causados com o fracasso da implantação da colônia Araripe para o projeto de colonização que vinha sendo desenvolvido na província. Além de uma bibliografia clássica e também recente sobre o tema da imigração e da colonização no Pará no final do século XIX, nos utilizamos das falas e relatórios dos presidentes à Assembleia Provincial, juntamente com vários artigos de jornais, para retratar esse episódio marcante na política de imigração que vinha e que continuou sendo realizado no Pará.

DIA 28/05

Os limites da Fazenda Beija-Flor: disputas, política e mercado de terras na Província de São

Pedro no Segundo Reinado

Cristiano Luís Christillino [email protected]

Nesta comunicação discutimos as estratégias dos fazendeiros em torno da afirmação de

propriedade, em meio à aplicação da Lei de Terras. Esta análise foi desenvolvida a partir da investigação dos litígios de terras, envolvendo os Azambuja e os Ribeiro, no município de Taquari, ao longo das décadas de 1860 e 1870. Este caso permitiu mostrar que o impacto da Lei de Terras sobre o processo de transição ao capitalismo, no Brasil, foi limitado. Isso se deve aos fatos de que, por um lado, a regularização da estrutura fundiária não teve a abrangência esperada e, por outro, mesmo após a obtenção dos títulos de propriedade das terras, as redes de relações sociais, nas quais estavam inseridos os fazendeiros, eram mais importantes à afirmação de domínio do que o próprio título.

Os silêncios da História ou o dizer do não dito: Documentos oficiais na compreensão das

Mulheres em Santana de Paranaíba Sul de Mato Grosso (1871-1889)

Rejane Trindade Rodrigues [email protected]

A presente pesquisa objetiva compreender as relações de poder e de violência física e

simbólica vivenciadas pelas mulheres pobres e livres, escravizadas e libertas no século XIX, no Sul de Mato Grosso, precisamente em Santana de Paranaíba, entre os anos de 1871-1889. A análise dos processos criminais nos permitiu constatar que as mulheres, fossem como vítimas ou réus, agiam de acordo com seus interesses e anseios. Analisar essas mulheres é evidenciar uma parte da história marginalizada nas produções historiográficas do Sul de Mato Grosso. Neste sentido, a pesquisa também discute a noção de fontes, apontando, sobretudo, para as possibilidades de utilização dos documentos oficiais na análise da vida de pessoas comuns, atentando aqui, principalmente, para as formas de resistência e de consentimento vividas em ações cotidianas pela Vila e arredores, tal como no extraordinário das esferas pública e privada.

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Breve visão da política agrária no sertão nordestino durante a ditadura militar através de dois programas: Polonordeste e projeto sertanejo

Alexandre Black de Albuquerque

[email protected]

Neste artigo faremos uma breve análise da política de desenvolvimento da ditadura militar para o sertão do Nordeste através de dois programas postos em prática nos anos de 1970: O Polonordeste e o Projeto Sertanejo. O objetivo desses programas era desenvolver uma agricultura moderna, eficiente, produtiva e capitalista nessa região do país, que favorecesse o desenvolvimento industrial através da produção de alimentos baratos e insumos para a indústria. Não tinham, no entanto, a intenção de modificar a estrutura agrária local e não foram capazes de dinamizar a economia sertaneja no grau estipulado pelos realizadores dos referidos programas.

Migração e modernização em cidades de pequeno e médio porte da Amazônia Legal, MT:

Área de abrangência da BR 163

Rosana Lia Ravache [email protected]

A pesquisa partiu da indagação de como algumas cidades ao norte do estado de Mato Grosso

se desenvolveram acima da média nacional, mesmo que na última década tenham se desvinculando da dependência econômica exclusiva da produção de commodities. Se entre proprietários individuais e empresas que vivem na área da Amazônia Legal mato-grossense, aproximadamente 2% são responsáveis pela produção de commodities, em que atividade está inserida 98% dos habitantes que não atuam diretamente na produção agrícola? Embora existam ainda alguns setores direta ou indiretamente dependentes do agronegócio, o que se percebeu nessas cidades é a ininterrupta chegada de imigrantes e, mesmo assim, o nível de oferta de emprego tem se mantido estável, apesar da exigência, cada vez maior, de mão de obra tecnologicamente qualificada para as diversas atividades desenvolvidas em diferentes setores. Apesar de suas histórias recentes, a economia dessas cidades concentra uma das rendas per capita mais altas do estado, sendo que, paulatinamente, cada uma delas se aproxima mais e mais da ideia que mobilizou seus imigrantes pioneiros, e traça um perfil próprio através de projetos de expansão dos meios de produção calcados em tecnologias de ponta, modernização e políticas voltadas para os interesses econômicos da região.

O São João nos relatos dos festeiros tradicionais no município de Ladário/MS

Daiane Lima dos Santos [email protected]

Esse trabalho se propõe a apresentar o São João na memória dos festeiros tradicionais do

município de Ladário/MS situado à margem direita do Rio Paraguai, na fronteira oeste, dentro do Pantanal sulmatogrossense. Segundo a afirmação de alguns festeiros de São João entrevistados que residem no município há mais de 30 anos, o São João já foi algo que divertia a população, onde era possível ver os balões iluminando o céu durante a noite e a fogueira a esquentar as noites frias do mês de junho. Havia todo um cuidado na preparação do andor de São João e a reza (baseada na promessa ou não) era feita antes da descida do andor de São João para ser banhado às margens do rio Paraguai, no entanto, houveram algumas modificações significativas como por exemplo, a mudança do trajeto da descida em procissão luminosa com o andor de São João até o porto. Esse

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56 processo de mudança de alguns elementos considerados importantes para o festeiro e a criação de uma festa organizada pela prefeitura fez com que os festeiros tradicionais se adequassem a algumas situações que serão referenciadas aqui.

Aspectos da migração maranhense para Boa Vista/RR, a partir da década de 1990

Francisco Marcos Mendes Nogueira

Carla Monteiro de Souza Antonio Tolrino de Rezende Veras

[email protected]

A migração para Roraima não é um fenômeno recente, sendo possível observarmos diversas fases e/ou ciclos, que têm em comum a presença constante de migrantes procedentes do Nordeste brasileiro. Dentro dos diversos sujeitos que rumaram para este Extremo Norte do País, Roraima, destacam-se os maranhenses. Nesse contexto, jogamos um foco nestes migrantes e na sua inserção na cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima, a partir dos anos de 1990. Levamos em consideração que o ato de migrar envolve questões socioeconômicas, enquanto impõe rupturas sociais, culturais e “afetivas”. Este processo de des(re)territorialização, pode despertar angústias, dores e incertezas, sendo, porém, verdadeiro que o deslocamento migratório também promove construção de outras relações territoriais no lugar de destino. O presente trabalho apresenta e discute alguns aspectos da inserção de maranhenses na cidade de Boa Vista/RR, no período citado, ressaltando aspectos relativos à apropriação simbólico-cultural do território no lugar de destino.

As representações de desenvolvimento e colonização em Lucas do Rio Verde-MT

Fernanda Celina Nicoli da Silva

[email protected]

O município de Lucas do Rio Verde pertence à Amazônia Legal, esse local assumiu a solidificação e a valorização da grande propriedade, do latifúndio, da produção agrícola monocultora. Sobre essa perspectiva surgiu o interesse em compreender o processo pelo qual, no campo do imaginário, passou essa sociedade a chegar a tal configuração. Para alcançar esse resultado serão investigadas as representações sobre desenvolvimento e colonização na percepção dos indivíduos envolvidos no processo de ocupação, que permaneceram nesse espaço e se consideram “pioneiros”. Para isso a pesquisa contará com entrevistas utilizando a História Oral. Serão relacionadas as representações individuais nos discursos desses sujeitos, com o discurso dominante do período do início da ocupação. Dentro de um quadro geral, utilizando a documentação dos órgãos de colonização, fontes teóricas e fontes orais, será possível identificar o quê, nas das visões dos “pioneiros”, foi herdado do discurso oficial.

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ST7–Cidades,MemoriaseSujeitos

Antonio Clarindo Barbosa de Souza (UFCG) [email protected]

Paula Faustino Sampaio (UFMT/Rondonópolis) [email protected]

As cidades brasileiras tem sido alvo, nas últimas quatro décadas, de profundos estudos que

tratam das suas construções arquitetônicas, das reformas urbanas e da instalação dos equipamentos de conforto, das formas de higienização, sanitarização e disciplinarização dos corpos, da alteração, enfim, das sensibilidades e sociabilidades de seus moradores ao longo do século XX e inícios do século XXI. Todavia, nos últimos quinze anos, novos temas tem surgido e que tratam da recuperação da história das cidades através das memórias dos sujeitos, homens e mulheres, que tiveram suas vivências, e principalmente, a partir da sua inserção diferenciadas por gênero, faixa etária, condições socioeconômicas e inserção espacial (bairro, áreas, regiões). O objetivo deste Simpósio Temático é reunir trabalhos de pesquisadores (as) em torno da construção das memórias sobre cidades a partir de diferentes sujeitos (homens, mulheres, jovens e velhos, moradores, turistas, letrados e não letrados etc.) que as vivenciaram. Acreditamos, que as diferentes falas sobre as cidades permitem ampliar a noção de História feita somente a partir dos lugares de memórias das elites, do gênero masculino e dos brancos, assim, superar a ideia de uma história única, coesa, coerente e teleológica. Entendemos que a cidade é múltipla em sua oferta de experiências e que os sujeitos constroem diferentes relações, representações e, consequentemente, memórias sobre elas.

DIA 27/05

A cidade enquanto jogo do esquecimento

Aline Stefânia Zim

[email protected]

Esse ensaio propõe uma investigação metodológica sobre a apropriação das cidades a partir da antítese entre o mapa e o percurso. Os métodos de se perceber, analisar e pensar a cidade são em sua maioria planos e reducionistas. Muitas vezes tomam o desenvolvimento criativo e problematizador pelas representações gráficas e abstratas, geralmente os mapas, os perfis urbanos e as modelagens tridimensionais. Francesco Careri (2013), propõe o percurso como forma estética à disposição da arquitetura e da paisagem, transgredindo as metodologias tradicionais da morfologia urbana. Segundo o autor, o termo percurso representa ao mesmo tempo a ação de caminhar, o objeto arquitetônico em si e o relato do espaço atravessado, ou seja, o percurso como estrutura narrativa (p.31). Diferente do roteiro elaborado para o turista - que geralmente obedece a uma demanda específica de mercado - a apropriação da cidade pelos percursos cotidianos está relacionada aos movimentos de sobrevivência e de afetividade, os quais determinam as rotinas das pessoas ao longo de suas vidas. Nem sempre, porém, estamos dispostos à aventura da percepção. A cidade é diariamente esquecida pelo excesso da sobreposição das imagens fabricadas e de seus percursos vazios ao ritmo acelerado do tempo das pessoas. Uma espécie de cartão postal, que apresenta uma paisagem distante e vista de fora. O ato de caminhar define o espaço de sua própria retórica e se faz pertinente nas discussões sobre desenho e planejamento urbanos. O traço pode aqui ser entendido pelo desenho de modelos de cidades desconectadas da realidade ou, em outra

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58 instância, há uma crítica expressa ao próprio planejamento. A partir do conceito de Michel de Certeau (1994, p.205) do percurso como um itinerário de uma série discursiva de operações e o mapa uma descrição redutora totalizante, pode-se deslocar a antítese entre o mapa e o percurso para o traço e a experiência, ou mesmo entre o ver e o fazer.

Cadeiras na calçada: construção de subjetividades e memórias nos espaços públicos de Cuiabá/MT

Douglas Luciano Lopes Gallo.

Maria Thereza de Oliveira Azevedo [email protected]

O resgate e manutenção da história das cidades podem ser realizados pelas memórias dos

sujeitos que tem suas vivências e constroem suas subjetividades nos espaços públicos de convívio social. O presente artigo visou discutir como o espaço da rua pode servir de palco para a construção de vivências e narrativas da memória de um povo e analisar o fenômeno “cadeiras na calçada” na cidade de Cuiabá como micropolítica de resistência cultural. Para entender e analisar a cidade contemporânea é necessário compreender a evolução histórica das cidades e as críticas ao urbanismo modernista. A cidade como obra arquitetônica é uma construção no espaço que só pode ser percebida no decorrer de longos períodos de tempo. Também é entendida como um palco onde os diversos atores sociais entram em cena, construindo subjetividades num espaço marcado por critérios de rentabilidade e eficiência capitalísticas. As cidades são construções históricas e sociais e são observadas diversas cidades dentro da mesma cidade, e é esta mistura, não forçada, que caracteriza a cidade contemporânea. As diversas imagens da cidade, suas diferentes paisagens estão relacionadas com a cidade sentida, imaginada ou pensada, fazem parte do imaginário coletivo. O espaço urbano e a experiência que seus cidadãos têm nele influenciam as diferentes subjetividades vividas. Cada vez menos as identidades coletivas encontram na cidade seu palco constitutivo, a esfera pública é ocupada por agentes que calculam tecnicamente suas decisões e organizam o atendimento às demandas segundo critérios de rentabilidade e eficiência.

Lugares de memória da cidade de Cáceres-primeiras décadas do século XX

Giuslane Francisca da Silva [email protected]

Tendo como fonte documental os relatos de memória de moradores que viveram na cidade

de Cáceres no início do século XX, propomos no presente trabalho uma reflexão sobre as lutas em torno da produção das memórias, analisando e problematizando algumas peculiaridades dos ditos “lugares de memória” na cidade de Cáceres nas primeiras décadas do século XX. Os lugares da cidade descritos pelos moradores, por se constituírem em espaços das experiências humanas, com suas complexidades tecidas por feixes de singularidades expressam, na memória das pessoas que deles se apropriam, a ressignificação do vivido, e se estabelecem também enquanto “lugares de memória” que se constituem enquanto verdadeiros patrimônios culturais projetando-se simbolicamente atrelados a um passado vivo, marcando a presença ao mesmo tempo em que reforça os laços indentitários do lugar. A rememoração nos possibilitou a (re)constituir alguns desses “lugares de memória” da cidade, que vão se perdendo com o decorrer do tempo.

O Espelho quebrado: As imagens da cidade de Manaus no pós-Borracha

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Pedro Marcos Mansour Andes [email protected]

O presente artigo tem como objetivo central analisar as imagens que se construíram de

Manaus durante o período da chamada “estagnação econômica da região”. Destacando os principais e demandas da cidade de Manaus durante o período marcado pela crise econômica, principalmente após o fim da Segunda Guerra Mundial e os anos que antecedem a instalação do Projeto Zona Franca e Distrito Industrial de Manaus. É importante destacarmos que as nossas principais fontes analisadas para construção desse pequeno artigo foram as obras dos memorialistas da cidade de Manaus, Thiago de Mello (Manaus – Amor e Memória), Moacir Andrade (Manaus: Ruas, fachadas e varandas) e Jefferson Peres (Evocação de Manaus: como a vi ou sonhei), nessas três obras da literatura de memória de Manaus encontramos várias indicações sobre as características e mazelas da cidade no período vai de 1945-1967. Outras fontes analisadas foram os jornais que circulavam na cidade durante o referido período, optamos em analisar o Jornal do Comércio, o Jornal da Tarde, o Jornal, o Jornal Acrítica e alguns periódicos menores que circulam em Manaus. Dentro desse quadro iremos apresentar as dificuldades enfrentadas pela população de Manaus durante uma fase de crise marcada pela falta de projetos reais para região e, principalmente, as dificuldades encontradas pelos trabalhadores urbanos em relação a estrutura urbana da cidade, moradia e lazer e as formas de resistência que os mesmos criaram para viver em uma cidade em crise. Manaus passa a ser vista com outro olhar. Sai o discurso da “cidade moderna” dos tempos áureos da economia gomífera e entra em cena a visão dos deserdados da borracha, que de uma forma ou de outra iram construir e reforçar toda uma representação da chamada Belle Époque Amazônica. Imagem essa muita reforçada pela historiografia tradicional e pela literatura desse momento.

Representações acerca da loucura nas páginas dos jornais manauras (1894-1930)

Lidiane Álvares Mendes

[email protected] [email protected]

O alvorecer da Primeira República no Brasil trouxe em suas configurações alterações não só

no cenário político e econômico, as modificações ocorridas no âmbito social, foram marcadas por constantes conflitos entre a modernidade que dava as caras sob a luz da Belle Époque e os antigos hábitos. Na Manaus, deste período, a faxina oriunda da modernização, higienização e urbanização do espaço público, patrocinados pela economia gomífera, e apoiados pelo Estado e pela elite local, não foi diferente do restante do país, segregar, higienizar e purificar era a ordem do momento. Para tal tarefa, entra em cena o saber médico-científico que influenciou na criação da Colônia de Alienados Eduardo Ribeiro, construída em 1894, e vinculada a Santa Casa de Misericórdia, teve como característica principal internar para tratamento mentes e corpos alienados, para tanto recebia em seu espaço físico, todos os tipos de loucos e seus companheiros de fama. Para atingir tais discussões acerca das representações e práticas sociais formuladas pelas autoridades locais, policiais e médicas em Manaus, no tempo cronológico em questão, concernentes a internações e segregação do louco, é que a utilização dos jornais são aqui analisados e discutidos. Neste aspecto, estabelecer uma abordagem que nos remeta as representações acerca das internações dos loucos, e seus companheiros de fama, da reestrutura do espaço público, através das linhas dos jornais, é o objetivo precípuo desta reflexão.

Cuiabá em memórias, imagens e narrativas (1960-1980)

Carlos Américo Bertolini

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Cuiabá experimentou, nos anos das décadas de 1960 e de 1970, um intenso processo de transformações. Alguns logradouros serviram de marco das ações de intervenção urbana, como a construção do Palácio Alencastro, a reforma do Jardim Alencastro e as obras de alteração da Catedral de Nosso Senhor Bom Jesus de Cuiabá, da inauguração da Ponte Nova, em 1963, da abertura da Avenida Cel. Escolástico e da Avenida Mato Grosso, com a retificação do córrego da Prainha, a partir de 1969, da ampliação da Avenida 15 de Novembro com a duplicação da ponte Júlio Müller, no mesmo ano. Tais eventos marcam também a ocupação de novas áreas contíguas ao centro da cidade, como a edificação do Palácio Felinto Müller, no antigo Campo do Ourique, e a abertura da ligação do Morro do Seminário com a Avenida Gen. Mello e a retificação da encosta do Morro da Luz, permitindo que, pela rua Ten. Cel. Duarte, se demandasse o caminho para o distrito do Coxipó. A criação da UFMT deslocou, a partir de 1971, o eixo de expansão nesta direção, implicando na instalação de novos bairros, como o IPASE e o Boa Esperança. O início da construção do Centro Político e Administrativo, a partir de 1972, implicou, no bojo do projeto de propagação urbana em seu entorno, na criação dos bairros da Morada do Ouro e Morada da Serra, bem como na articulação de um novo eixo de crescimento, com a abertura da Avenida Rubens de Mendonça. A enchente de 1974, dentre outras consequências, provocou a mudança da feira popular permanente para as imediações do Mercado do Peixe (construído em 1898), que passou a ser designada como “Feira do Porto”. Essas transformações chegam ao final do lapso temporal com a inauguração da nova Estação Rodoviária, em 1979, e a construção de algumas das obras do que seria a futura Avenida Miguel Sutil. Os projetos de duplicação da Avenida da FEB, em Várzea Grande, e da Avenida Fernando Correa da Costa, iniciados em 1980, constituem uma parte do conjunto de intervenções urbanas que alterou não só a paisagem, mas a distribuição da população pela área da urbe e modificou desde seus hábitos de apropriação coletiva da área central, suas relações sociais nos novos bairros, os hábitos de consumo das famílias e os padrões dos comportamentos de vizinhanças. A cultura local foi impactada pela alegada descaracterização promovida pelos migrantes que se dirigiram para a fronteira agrícola e pelos novos residentes da cidade. Mas a memória deste processo pode ser percebida pelas mudanças ocorridas dentro do espaço doméstico, pelos padrões de constituição de novas famílias e pelos novos hábitos coletivos que sucederam aqueles da pacata cidade que, em 1969, completara seu aniversário de 250 anos de fundação. Nos arquivos privados, em iconotecas familiares e nas narrativas de testemunhas entrevistadas, se pode perceber que tais transformações agiram de forma diversa sobre os vários grupos sociais, sobre as diversas regiões da cidade e manifestaram-se na implantação de novos padrões de comportamentos individuais. Estas alegações podem ser constatadas pela compilação de testemunhos orais de entrevistados residentes em Cuiabá, pelas imagens de suas iconotecas familiares, por um lado, e pelas memórias de protagonistas da cultura local, na forma de artigos e de reportagens jornalísticas, bem como nas autobiografias de setores letrados e na produção ficcional de alguns literatos. A evocação das lembranças, a compilação de narrativas das experiências aqui vivenciadas, bem como a contemplação de imagens fotográficas possibilitam uma mirada multifacetada sobre as manifestações, desejos e esperanças dos habitantes da capital dos mato-grossenses. O recorte temporal abarca, assim, desde os impactos regionais da fundação de Brasília, em 1960, até a percepção de que a divisão do estado e a instauração de Mato Grosso do Sul, não ocorreram, como propalavam os agentes do governo federal e seus aliados locais, para beneficiar a população do território remanescente. Ao par da crise econômica nacional de 1979 a 1981, o processo de ocupação das regiões do cerrado, ao sul do estado, e da parte da Amazônia meridional revelou que o ciclo de emancipação dos novos municípios, cujo auge se deu simultaneamente ao do evento mencionado, representou uma marca do alegado sucesso à época. Mas o folego que abastecia a região com recursos provenientes do governo federal vai diminuindo, progressivamente, à medida que os anos da década de 1980 avançaram. Mesmo com a divisão do estado, Cuiabá não perdeu sua característica de polo regional e setores dos contingentes de migrantes das áreas menos dinâmicas passaram a buscar a capital para consolidar sua posição, no novo contexto que ela passou

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61 a representar, como centro de acesso a serviços urbanos diversificados, dentre os quais a implantação da UFMT pode ser considerada um dos marcos mais relevantes. Dos encontros de cuiabanos com migrantes do próprio estado e das demais áreas do país, se constituiu uma sociedade com características culturais híbridas, moldando, reciprocamente, as atitudes e os comportamentos dos grupos que se fundiram em novos ramos familiares. Os indícios deste processo, bem como o aprofundamento da articulação econômica regional com o mercado nacional, podem ser recuperados em fotografias de álbuns de família, bem como nas narrativas das evocações das lembranças dos entrevistados. Dialogando com a abordagem da corrente da história cultural, que tem no estudo das cidades um dos seus temas consagrados, e com a contribuição de estudos de trajetórias de vida de personagens letrados de famílias cuiabanas e de residentes em Cuiabá, foi possível contrapor as experiências recolhidas como parte da história do vivido àquelas versões que tiveram na materialidade da urbe seu objeto específico. Os personagens arrolados, com seus testemunhos orais e as evocações propiciadas pelas cenas registradas em imagens fotográficas, permitem identificar as nuances e as particularidades das transformações vividas por setores da população. A metodologia da história oral, em uso desde os anos iniciais da década de 1990, bem como a análise das fotografias, pela ótica da história cultural das imagens, marcam a pesquisa com a incorporação de elementos referentes ao cotidiano e com apropriações de rastros atinentes ao espaço da vida privada. As festas religiosas dos santos padroeiros das paróquias, idealizadas pelas lembranças, os carnavais com folias de rua, que deixam nostálgicos os que deles participaram, bem como os demais espaços de convívio coletivo, como os banhos de rio e as pescarias de final de semana, também foram arrolados para compor a reconstrução histórica proposta pela presente investigação.

A Cidade de Salvador e as Doenças: Representações Literárias da "Bexiga Negra" em Capitães da Areia de Jorge Amado

Anne Micheline Souza Gama

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Nas primeiras décadas do século XX, novos conceitos históricos vão se fazendo presentes no contexto social, dentre os quais a medicalização e higienização, nas primeiras reformas urbanas que transformaram a fisionomia das cidades onde foram implantadas. A cidade de Salvador insere-se nesse circuito e, assim como em outras cidades, observamos que mesmo com as reformas urbanísticas ainda uma “fartura” de doenças assolaram habitantes e visitantes. Entre essas moléstias, está a varíola, conhecida popularmente como bexiga ou bexiga negra. Os “bexigosos” povoaram as ruas de Salvador, do mesmo modo povoam os livros de Jorge Amado. O presente trabalho, orientado pelas relações entre História e Literatura, tem por objetivo apresentar as possíveis representações literárias do “alastrim” da “bexiga negra” (varíola) na cidade de Salvador através da obra Capitães da Areia de Jorge Amado.

DIA 28/05

A cidade in (conclusa): Cuiabá, a Copa do Mundo de 2014 e a eterna espera pela

modernização

Nathália da Costa Amedi [email protected]

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A cidade de Cuiabá, capital de Mato Grosso tem a sua fundação e origem nas bandeiras paulistas e na atividade de mineração, no século XVIII. Sua formação irregular e as suas características arquitetônicas, sofreram forte influência da sua formação originária - a atividade mineira. Nos anos 1930, inicia seu processo de modernização através de reformas urbanas, com o alargamento de suas ruas e a construção de prédios e edifícios alinhados às concepções modernas da época. Nos anos 1960 e 1970, através das propostas da esfera federal, da política de integração e ocupação da região Centro Oeste, incluindo aí Mato Grosso e sua capital, intensificou-se a vinda de migrantes que ocupariam os “espaços vazios” dessa região, advindo nesse momento um considerável aumento populacional para Cuiabá e também o processo de favelização da cidade. Em 1977 ocorre a divisão do Estado de Mato Grosso finalizando uma disputa intensa com Campo Grande (capital do Mato Grosso do Sul) com Cuiabá ao longo do século XX, pela condição de capital de Mato Grosso. O desafio pós-divisão para a cidade era enfrentar os desafios políticos e econômicos que viriam pela frente. No ano de 2009, Cuiabá disputou com Campo Grande a sede da Copa do Mundo de 2014. Ao ser eleita e sediar esse evento mundial, foram prometidas inúmeras obras de modernização para sediar esse evento internacional, além de melhorias no trânsito com a construção do VLT, que fariam de Cuiabá, de acordo com os discursos políticos, uma cidade moderna de fato e uma metrópole reconhecida mundialmente. Essa comunicação que é parte da dissertação defendida no PPGHIS/UFMT em 2014, A invenção da capital eterna: discursos sensíveis de modernização de Cuiabá no período pós-divisão do estado de Mato Grosso (1977-1985), tem como objetivo fazer um balanço das promessas de modernização que não foram cumpridas em Cuiabá ao sediar o evento da Copa do Mundo de 2014, além de realizar alguns apontamentos sobre as questões identitárias e culturais para a cidade a partir desse evento. A Copa, passou de sonho cuiabano a pesadelo: o VLT não chegou, obras foram superfaturadas, não concluídas e algumas interditadas por problemas sérios de engenharia, o Estádio construído (Arena Pantanal) interditado, enfim uma vergonha para a cidade e sua população.

Imagens de Cuiabá produzidas pela imprensa matogrossense durante o Estado Novo

Carlos Alexandre da Silva Souza

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Nesta comunicação temos o objetivo de apresentar partes de nossa pesquisa enfocando algumas publicações jornalísticas produzidas durante o Regime do Estado Novo, referentes às imagens divulgadas acerca da cidade de Cuiabá. Debruçando-nos sobre um contexto de propagação das ideias de modernização que caracterizou o Brasil durante o governo de Getúlio Vargas, buscamos refletir sobre como jornais produzidos neste estado apresentavam as características da modernidade no que tange às imagens que se divulgavam da capital. Sem duvidar que imprensa e política se intercalam de variadas maneiras, buscamos compreender o que se concebia como modernidade, discurso característico e intrínseco à ideia propagada pelo DIP nacional e, claro, pelos Departamentos estaduais, para legitimar um Estado autoritário. Recorremos, neste sentido, aos escritos de Marshall Berman para pensar a modernidade como um processo ambíguo, prometedor de aventuras ao transformar tudo em volta, mas também capaz de destruir tudo o que somos. A partir de modelos como o Art Dèco, Cuiabá passou, durante a Era Vargas, por um processo de transformação por meio das “obras oficiais” do Estado Novo, e, neste sentido, a produção jornalística do período tem a contribuir aos que se empenham em compreender os modos como a modernidade foi pensada e experienciada nesta cidade durante a década de 1940.

Impactos e transformações do espaço urbano em Cuiabá-MT

Josiani Aparecida da Cunha Galvão

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Este artigo tem como objeto Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso; tem como tema os impactos e transformações do espaço urbano de Cuiabá/ MT. Entre 1970 a 1980, Cuiabá passava por um processo de reestruturação, que estaria respondendo a dois movimentos: o primeiro, que era a própria estruturação das capitais regionais, que davam suporte à expansão da fronteira agrícola. Outro movimento foi a reestruturação de Cuiabá enquanto capital político-administrativa que, no final dos anos de 1970 sofre com a divisão do estado e sua perda de parte do seu território com a criação de Mato Grosso do Sul. No que tange à reestruturação de Cuiabá, tem-se que considerar a implantação do Centro Político Administrativo do Estado de Mato Grosso (CPA/MT) e seu papel como indutor da expansão urbana após sua implantação, processo este iniciado em 1970, em plena ditadura militar. O objetivo deste trabalho é analisar os contextos e os impactos das políticas públicas federais na capital Cuiabá, a qual estaria dando suporte à expansão da fronteira agrícola. A hipótese é a de que Cuiabá, enquanto capital do estado de Mato Grosso, foi impactada pelas escalas regional, municipal e intraurbana. Enquanto resultado, espera-se o fortalecimento das reflexões acerca das questões que envolvem os contextos das politicas públicas federais de expansão da fronteira agrícola em Mato Grosso, bem como o processo de divisão do Estado iniciados na década de 1970. Na busca por analisar o impacto das escalas na capital Cuiabá, será realizada revisão bibliográfica.

Percepções dos projetos culturais de Vargas em Mato Grosso: Zulmira Canavarros e sua obra

(1937 – 1942)

Iza Debohra Godoi Sepúlveda. [email protected]

Como a elite político- intelectual matogrossense concebeu as políticas culturais financiadas

pelo governo da Getúlio Vargas (1930 – 1945) e de que forma foram apreendidas por essa elite? Ao pesquisar sobre o período de Vargas, em grande parte da historiografia é difícil não encontrarmos um consenso no que tange a disseminação das políticas culturais. Em diversas atividades culturais - música, literatura, cinema, teatro, imprensa, artes plásticas – instituíram-se políticas de disseminação e controle. No estado de Mato – Grosso, existiu uma tradição portuguesa teatral, na qual dados bibliográficos informam que a primeira crítica teatral brasileira, nos idos do século XVIII, fora feita em Mato Grosso, também evidenciando uma cultura teatral muito constante, sendo superior inclusive à Capital Federal. Essa longínqua tradição permaneceu em Cuiabá com constante grupos de teatro, encenações e Teatros na qual pode-se afirmar que havia uma apresentação constante de peças de alta circulação nos “centros” culturais brasileiros. Com as políticas culturais Vargas, que se deram em Mato Grosso não apenas na construção do Cine Teatro Cuiabá (1941- 1942), a produção teatral em Mato Grosso manteve-se com alguns ícones como Zulmira Canavarros e Dunga Rodrigues. Este trabalho consiste não apenas nos indices quantitativos da produção cultural em Cuiabá, mas nas percepções que essa elite cultural constituiu com essas políticas. Nas obras de Zulmira Canavarros, percebemos uma nítida crítica às novas formas de manutenção do poder que se instituíram no governo Vargas e, a partir daí, nos evidenciam questões das apreenssões que determinado grupo social teve diante desse processo de rompimento com alguns grupos dominantes do eixo São Paulo-Minas. Ao compreendermos a obra de arte não apenas como acessório ilustrativo, mas como um objeto concreto que possibilita perceber as relações de poder de determinado tempo e como é consolidada uma memória sobre determinado período. Assim, a obra teatral de Zulmira Canavarros nos possibilita perceber os “Espasmos de Energia Reacionária” qual Nicolau Sevcenko nos atenta no que tange as reações das elites com determinado receio de perderem seus poderes.

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Relações entre populares e forças policiais nas páginas dos jornais diários em Campina Grande – PB

Antonio Clarindo Barbosa de Souza

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O trabalho a ser apresentado no Simpósio nº 7- Cidades, Memórias e Sujeitos, trata das relações entre os populares e a forças policiais na cidade de Campina Grande-PB, no período de 1970-1990 e visa destacar como estas relações eram vistas e representadas pelos jornais locais (Jornal da Paraíba e Diário da Borborema) principalmente no que diz respeito à configuração de locais da cidade habitados por moradores populares e a caracterização dos tipos populares como malfeitores e desviantes. Palavras-chave: populares, cidade, forças policias

Mulheres nas páginas do Jornal "A Tribuna": as representações sobre a participação feminina nos discursos jornalísticos Rondonópolis-MT

Ana Gonçalves Sousa

[email protected]

Este trabalho busca tornar visível algumas reportagens sobre a representação da mulher no jornal A Tribuna. O presente trabalho mostra como participação feminina no processo de redemocratização do Brasil e no mercado de trabalho está representada no jornal A Tribuna e analisa a construção do discurso da imprensa local sobre o(s) feminino(s) e suas formas de atuação e o modo que as mesmas devem se portar diante da sociedade e na emergência de movimentos sociais com lideranças femininas no município de Rondonópolis, discutindo os papéis atribuídos frente às atuações públicas de mulheres. Este jornal foi fundado em 07 de junho de 1970, na cidade de Rondonópolis-MT. O objetivo do jornal era contribui para memória jornalística e defesa de Rondonópolis, lugar do centro-oeste brasileiro que desenvolveu sua economia entorno do agronegócio a partir dos anos 1970, recebendo forte fluxo migratório composto por homens e mulheres que sonhava com uma vida melhor e enriquecimento. Trata-se da principal mídia jornalística impressa em circulação desde sua fundação, com arquivo organizado e disponível para pesquisas. Ler, selecionar e analisar os discursos deste jornal regional, entendo as representações como discurso sobre o(s) femininos é parte da metodologia deste estudo. A pesquisa de reportagens publicadas nas décadas de 1980 e 1990 no jornal A Tribuna permitiu localizar textos e imagens que dão a ver representações sobre as práticas das mulheres na sociedade rondonopolitana, como as localizadas na chamada “Página da Mulher” e as reportagens sobre crimes envolvendo mulheres e reportagens sobre mulheres que despotam nas atuações políticas, bem como conflitos de idéias sobre a atuação profissional e política das mulheres, discriminações de gênero e reafirmação de lugares e papéis sociais de mãe, esposa e dona de casa para as mulheres. Os matérias jornalísticas do jornal A Tribuna mostram concepções sobre as mulheres no mercado de trabalho, atuantes na política, na saúde, na educação, nas igrejas e na justiça. Desse modo, compreendemos que a imprensa com seus artigos e noticias, possibilitam percebermos as representações sobre a atuação feminina na política e no mercado de trabalho na capital do agronegócio, as tensões entorno das redefinições dos lugares e papeis sociais propostos e postos por mulheres e a força das relações de poder heteronormativas na definição das identidades de gênero.

Reconstruindo os Passos da Política Nacional de Saúde para os Povos Indígenas no Brasil: o Místico e o Sagrado por um Fio?

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Ruteleia Cândida Souza Silva Márcia Cristina Verdego Gonçalves

[email protected] O presente artigo tem como objetivo descrever a trajetória histórica da organização dos serviços de saúde para a população indígena brasileira, enfatizando o desenvolvimento das políticas de saúde do índio desde a criação do Serviço de Proteção Indígena (SPI) até a atual conjuntura. E ainda, contextualizar a trajetória da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASI) no Brasil, considerando as condições da saúde vivenciadas pela população indígena em todo o país, bem como, as discussões centram-se na reconstrução da trajetória do atendimento à saúde dos povos indígenas, no percurso das suas conquistas e retrocessos. Inicialmente, cabe esclarecer que o atual quadro da saúde indígena no Brasil resulta de anos de iniciativas - ainda que parcas - desenvolvidas ao longo dos anos para que os povos indígenas tivessem atenção diferenciada no atendimento à saúde. Uma delas foi a criação do Serviço de Proteção ao Índio e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN), criado em 1910 pelo Decreto nº 8.072, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.

DIA 29/05

O espaço religioso na Paraíba Colonial: o caso dos azulejos setencentistas presentes no

conjunto franciscano

Michael Douglas dos Santos Nóbrega. [email protected]

No período setecentista, o conjunto franciscano da capitania da Paraíba passava por um de

seus períodos áureos, referente à construção e decoração da igreja e do convento. Nesse período, os azulejos de origem lusitana foram instalados no adro e na nave conventual da igreja. Esses quadros azulejares trazem gravuras que tematizam a Via sacra e a história de José do Egito. Tendo a ciência de que a Igreja fazia segregação religiosa e racial de seu espaço, e tomando por base que os quadros azulejares se apresentem em espaços diferentes, dentro e fora da igreja, pretendo expor qual o sentido que as imagens barrocas tinham no conjunto franciscano, através da análise iconográfica dos nichos, da estética relacional e da produção historiográfica sobre a Paraíba colonial. A cidade e a política: o engenheiro militar André Rebouças contra a “plutocracia” no segundo

reinado

Ana Paula Almeida Lima [email protected]

Monarquista e abolicionista, o engenheiro militar André Rebouças criticou avidamente a

“plutocratização” da política imperial na segunda metade do século XIX, bem como a estrutura escravocrata e centralizadora do estado brasileiro. Formado em engenharia pela Escola Militar, espaço que incluía discussões acerca dos usos do conhecimento científico para o progresso, pontuou em seus discursos o ideário compartilhado pelo público da instituição da qual foi aluno e posteriormente professor. A cidade – em particular a corte do Rio de Janeiro, mas não somente ela – serviu-lhe de cenário para a abordagem de temas como abolicionismo, higienismo e desenvolvimento industrial. Em suas falas, a “plutocracia”, que segundo Rebouças estava instalada

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66 na política nacional, deveria ser suplantada por uma “democracia” capaz de organizar racionalmente a cidade – polis – nos moldes da civilização moderna. Através da imprensa, a exemplo da Revista de Engenharia e do jornal Novo Mundo, projetou uma visão de mundo muito próxima do traçado cartesiano que dava forma aos currículos dos cursos de engenharia militar. Nesse sentido, essa comunicação objetiva aproximar o pensamento de André Rebouças à sua formação acadêmica na Escola Militar. Para tanto, busca-se em artigos escritos por esse engenheiro, descendente de escravos e próximo à família imperial, possíveis relações entre o racionalismo moderno e suas concepções de política e de cidade ideal.

Eco das vozes esquecidas: Ladário e o Arsenal de Marinha de Mato Grosso

Saulo Álvaro de Mello

[email protected]

Durante muito tempo a Cidade de Ladário ficou sem visibilidade histórica, somente alguns anos após a Guerra do Paraguai conseguiu sair do anonimato. A projeção nacional foi alcançada com a transferência do Arsenal de Marinha de Mato Grosso, de Cuiabá para Ladário em 1873. A presença do Arsenal ofereceu ao município status militar nacional e regional. Apesar da importância desse episódio poucos estudiosos se debruçaram sobre as questões que envolveram a história dessa cidade despontada no período colonial, juntamente com Corumbá, mas que assumiu uma forma distinta de organização da vida material e social. O pequeno arsenal do Porto de Cuiabá foi precursor do Arsenal de Marinha de Ladário, transferido para Ladário juntamente com operários civis, Companhias de Aprendizes e Imperiais Marinheiros e o material do pequeno arsenal de Cerrito Esta transferência alçou a Cidade Ladário de simples Retiro de Pescadores a sede do Arsenal de Marinha de Mato Grosso. Um dos objetivos do presente estudo é evidenciar o processo de instalação do Arsenal de Marinha de Mato Grosso e sua importância para o desenvolvimento da Cidade de Ladário.

Reflexos econômicos na arquitetura do pós-guerra: Cáceres-MT início do século XIX

Mayara Laura Silva de Arruda [email protected]

As possibilidades de problematizações estão intrínsecas entre documentos e monumentos,

proporcionando assim uma pluralidade de fontes e objetos ao historiador. Meio a infinitas probabilidades de criação e propagação de discursos, os traços arquitetônicos característicos dos estilos Neoclássico e Eclético, “tornam-se” objetos históricos capazes de retratar a evolução/transformação histórica e econômica de Cáceres-MT. A bicentenária cidade fundada em 1778, localizada ao oeste de Mato Grosso; em virtude a seus solos férteis propícios à criação de gado e produção agrícola, e sua posição hidrográfica privilegiada, fizeram-na obter destaque nos tramites políticos, econômicos, sociais e culturais do Estado. Decorrente ao seu destaque no comercio fluvial é que durante a Guerra do Paraguai, a cidade sofrera com o trancamento dos portos e o “congelamento” comercial. Após o fim da Guerra da Tríplice Aliança, a reabertura da navegação na bacia do Prata desencadeou o comércio em seus afluentes. Cáceres, através do Rio Paraguai, integrante dessa conjuntura, voltou a ser cenário de tramites comercial de natureza continental e intercontinental. Com a reabertura da navegação e a revitalização do comércio, emerge na cidade uma elite urbana ligada ao comércio de importação e exportação. Essa elite promove a transformação da paisagem citadina, inovando nos traços arquitetônicos conhecidos até então.

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Reflexões sobre as representações de índios e bois no Palácio Paiaguás

Túlio Arruda [email protected]

Este artigo visa entender os motivos que levaram a gestão de José Manoel Fontanillas

Fragelli, governador de Mato Grosso (1971-1975) a tomar de empréstimo o nome de índios mortos, ou seja, os Payaguá, nação indígena que, no período colonial, ofereceu muita resistência à entrada dos colonizadores ibéricos no território mato-grossense, acabando exterminada e, bois, no corpo do edifício construído para sediar o governo, recebendo o nome de Palácio Paiaguás, no Centro Político Administrativo – CPA. Busca-se entender porque, ao criar o mural da fachada do palácio, se optou pelas representações de enormes cabeças de bois, de autoria do artista plástico Humberto Espíndola, homenageando a pecuária, que na década de 1970 alicerçava a economia do Estado em detrimento da figura indígena que dá nome de Paiaguás.

A periferia urbana brasileira como tematização do mundo na escrita contemporânea: um

olhar sobre as novas estéticas realistas

Joémerson de Oliveira Sales [email protected]

Rhegysmere Myrian Rondon Alves [email protected]

Através da análise de produções literárias contemporâneas feitas no Brasil é possível realizar

um estudo detido sobre o cotidiano das suas periferias e de seus habitantes possibilitando em certo ponto a construção histórica desses espaços. As falas de personagens marginalizados por suas condições socioeconômicas, possíveis nestes escritos, aproximam o leitor da construção de sujeitos que, do lugar em que estão, falam na e da cidade. É a partir desta noção que propomos neste artigo fazer uma análise do romance Manual prático do ódio, publicado pela primeira vez em 2003, de autoria do escritor brasileiro Reginaldo Ferreira da Silva – Ferréz. Utilizaremos como recurso o levantamento das características que compõem a narrativa discutindo-a sob a ótica do romance realista, em especial utilizando algumas das construções feitas pelo teórico George Lukács sobre o realismo. Palavras-chave: Narrativa brasileira contemporânea, realismo, engajamento literário.

As Marias nas Cidades Matogrossenses: (in) visibilidade feminina em obras de arte instaladas em cidades de Mato Grosso

Paula Faustino Sampaio

[email protected]

Na sociedade brasileira atual, os debates sobre os lugares e papeis sociais vividos e atribuídos às mulheres ganharam novos contornos à medida que as lutas históricas destes sujeitos históricos, atrelados aos movimentos sociais, a exemplo do movimento feminista, à modernização da economia e à ascensão social, ao longo dos séculos XX e XXI, vem se concretizando. Estes debates tem ocupado espaço significativo nos jornais, em programas televisivos e, mais recentemente, nas mídias digitais, sendo muito explorado no “Dia Internacional da Mulher”. Por sua vez, a historiografia produzida a partir dos anos 1980 tem mostrado que a maior presença das mulheres nos espaços públicos ao longo do século XX gerou e continua a gerar desconforto, críticas e polêmicas. Em espaços públicos da sociedade mato-grossense, frente às representações culturais

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68 sobre as mulheres, enquanto mãe-esposa-dona-de-casa, brancas e pertencentes a elite local, e sobre os homens branco-colonizador-bandeirante, a instalação de obras de artes que buscam representar mulheres populares gerou debates, controvérsias e polêmicas na mídia impressa regional. Neste artigo, a partir das mídias regionais e da historiografia sobre a presença de mulheres nos espaços das cidades de médio e grande porte, discuto as controvérsias entorno das obras Maria Taquara e Maria Sete Volta para compreender os porquês dos embates acerca das representações artísticas sobre mulheres em algumas cidades do Estado de Mato Grosso.

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ST 8 – Relaçoes entre o saber e o poder na Antiguidade Tardia e

IdadeMedia

Carlile Lanzieri Júnior (UFMT) [email protected]

No começo da primeira década do corrente século, Alain Guerreau lançou seu manifesto

acerca de como os medievalistas até então compreendiam os vestígios do passado que tinham em mãos. Em um texto de críticas vigorosas, Guerreau apontou os diversos equívocos comuns ao trabalho dos que se dedicam à escrita da história medieval, o principal: utilizar categorias conceituais forjadas nos séculos XVIII e XIX na tentativa de compreender os interstícios do medievo. Acreditamos que os enfrentamentos deste medievalista francês devem ser levados a sério em terras brasileiras, onde a historiografia por ele questionada ainda ecoa. Portanto, no caso específico deste Simpósio Temático, nossa intenção é, a partir das afirmações de Guerreau, reunir pesquisadores de diferentes formações que queiram apresentar seus trabalhos e debater de forma crítica as narrativas acerca das manifestações do saber e do poder na Antiguidade Tardia e na Idade Média. Ademais, tal proposta de trabalho se harmoniza com a temática central do seminário, uma vez que objetiva trazer a proscênio novos problemas, novas abordagens e novos objetos no ofício do medievalista. Este simpósio é mais uma das atividades desenvolvidas pelo Vivarium - Laboratório de Estudos da Antiguidade e do Medievo (site: vivarium.hist.com).

DIA 28/05

O monge que se faz guerreiro, o guerreiro que se faz monge: De Laude novae militiae e a

retórica militarista de Bernardo de Claraval (1090-1153)

Rebeca Bessa de Oliveira

Os séculos XI e XII presenciaram a formação de diversas ordens militares. De maneira geral, essas ordens surgiram para defender as conquistas cristãs na Terra Santa. Destas, destacaremos a que se tornou conhecida como Ordem do Templo ou simplesmente, Templários. Ao viver como monges e lutar como guerreiros, os templários exerceram um papel importante na “cristianização da guerra”, pois seu dever primordial era livrar a Terra Santa da presença dos infiéis inimigos da Igreja. Para entender melhor essa ordem e seu militarismo religioso, propomos o estudo particularizado de um dos escritos de Bernardo de Claraval, De laude novae militiae. Bernardo tomou a pena com a intenção de criar um sentido cristão para a missão desses cavaleiros. Monge ligado à Ordem de Cister e abade de Claraval, Bernardo é considerado por muitos historiadores como um dos personagens centrais na história da Igreja no século XII. Dono de uma retórica com nítidos laivos militarista, Bernardo incentivou a guerra contra o mal e em nome de Cristo. Com as palavras de Bernardo como referência, nosso objetivo é entender a ordem dos cavaleiros templários e sua importância para o fenômeno das cruzadas e como o cristianismo absorveu elementos do universo dos cavaleiros para construir seu discurso militarista.

A via do saber: beleza e ética em O caminho da felicidade de Al-Farabi (872-950)

Soraia Abdel Aziz

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Para o islã, o período medieval foi brilhante A união entre religião e saber caminhava a passos largos. Dessa fusão, a tolerância e a abertura ao conhecimento eram recorrente, diferentemente dos dias atuais. Homens como Al-Farabi (c.872-950), importante filósofo muçulmano com inspiração aristotélica, despertou jovens discípulos ávidos por conhecimento a segui-lo por todo o oriente. Em seu livro O Caminho da Felicidade, Al-Farabi expôs sua visão sobre o saber, elemento capaz de transformar o homem em um ser livre por pensar por si. Através desse personagem, nosso objetivo é apresentar o islã nos períodos Omíada e Abássida (750-1250), época de maior integração entre ciência e religião, o que impulsionou estudos aprofundados da Astronomia, Geografia, Matemática e Medicina. Portanto, pela ótica de Al-Farabi, veremos que a busca por conhecimento era um importante aspecto do Islã no medievo e que muitas de suas ações eram voltadas para essa finalidade.

Pelo sangue do inquisidor: Pedro Mártir, as comunas italianas e a Inquisição entre 1245 e 1265

Joyce Damaris Augusta Machado

Durante o século XIII, agravou-se a disputa pelo poder entre a Igreja e o Império, conflito

que ocorria na península italiana há mais de um século. A disputa pela superioridade travada entre as duas instituições resultou num vazio de poder, ocupado pelas cidades do norte italiano que, em consequência, ganharam autonomia para exercer uma política diferente. Essas cidades passavam por um crescimento populacional e econômico, desenvolvido, sobretudo, através do comércio, e eram organizadas em torno de assembleias e magistraturas próprias. Nessas assembléias havia diversos grupos influentes, que disputavam entre si o predomínio, tais como a camada média urbana (mais tarde chamada de burguesia) e a aristocracia local, ambos geralmente separados como guelfos (a favor das causas papais) e gibelinos (aderentes aos interesses imperiais). É neste cenário do norte italiano, que atuou o inquisidor Pedro Mártir. O dominicano Pedro de Verona (canonizado posteriormente) esteve à frente das ações inquisitoriais em cidades como Milão e terminou seus dias atacado e morto por um herege. O que a morte do inquisidor revela sobre este período da história inquisitorial? Tentaremos responder a esta pergunta através do estudo da Legenda Áurea. O pretérito sempre presente: o olhar para o passado, característica da historiografia medieval

Luciano José Vianna

Com o passar dos anos, a historiografia medieval, antes relegada à inexistência, tomou forma e corpo através das inúmeras produções sobre o período, principalmente as que se referiram aos aspectos historiográficos. Assim, as mais diversas manifestações da escrita, como os anais, as genealogias, as cronologias, as crônicas, os compêndios, entre outros, foram analisados cada vez mais como produções com sentido e simbolismo, ou seja, faziam parte de um mundo historiográfico e representavam diferentes aspirações no mundo da escrita medieval. Uma das principais características destas produções foi a sua referência (ao) e representação (do) passado, o qual utilizavam às vezes para ser transformado, às vezes para ser representado, mas sempre para ser utilizado em um determinado contexto. Com base nos postulados teóricos de Gabrielle M. Spiegel e Roger Chartier, nesta apresentação nos centraremos nas diversas utilizações do tempo pretérito pela historiografia, especificamente a relação entre o saber escrito e poder do passado no medievo, a partir de algumas manifestações historiográficas, para compreender não somente a utilização do tempo pretérito pela historiografia medieval, mas também o poder de sua referencialidade e representação.

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71 DIA 29/05

A ordem do relato e a pretendida veracidade na escrita cronística inglesa do século XIV

Fernando Pereira dos Santos

A composição cronística foi um dos cernes da escrita histórica na Inglaterra até o século

XVI. Nesta comunicação, inquirimo-nos acerca da relação estabelecida entre a ordenação textual e o pleito a veracidade nos relatos de cronistas durante o reinado de Eduardo III, período que testemunhou a transformação de uma história marcadamente monástica para outra com grande influência secular. Observaremos se nas crônicas do Anônimo de Canterbury, Geoffrey le Baker, Jean le Bel e Thomas Gray, indivíduos com diferentes papéis administrativos e militares durante as décadas de 1340 e 1360, existem similaridades que nos permitam traçar pontos em comum sobre a importância dada à cronologia das informações dispostas e a pretensa incontestabilidade de seu conteúdo entre o público para o qual tais escritos estavam voltados. Até que ponto haveria preocupações com o que seria digno de registro e o como fazê-lo para cronistas que escreveram simultaneamente, mas localizavam-se em diferentes regiões dentro e fora do reino? Uma das características daqueles empenhados no fazer histórico é o contato com guerreiros em decorrência dos conflitos contra franceses e escoceses, acedendo assim a documentos produzidos por aqueles que lá estiveram e a seu testemunho oral. Tal questionamento é pertinente ao considerarmos que os ingleses não contavam com um centro de produção da “história oficial” que delineasse seus parâmetros, como observou-se simultaneamente no monastério de Saint Denis, e por isso mesmo nos indagamos se partilharam de certas regras na sua disposição textual, possibilitando dizer se houve uma forma comum de conceber a história, e assim relacionar a ordem do relato com a pretendida veracidade que permeou as aspirações dos cronistas daquela época.

"De todas as coisas, a mais desejável é a sabedoria": os mestres de João de Salisbury e o método educacional de Bernardo de Chartres no Metalogicon (século XII)

Carlile Lanzieri Júnior

Ater-se às efemeridades e incertezas do presente e confiar que ele traz todas as respostas

para nossas demandas estão entre os grandes equívocos da humanidade nas décadas mais recentes. Se em sua essência o conhecimento histórico nos protege da propagação dos equívocos catastróficos de outrora, ele também rememora o que houve de bom em outras épocas e lugares. E se houve tantas coisas boas, por que não retomá-las ou mesmo aperfeiçoa-las? À luz das assertivas anteriores, nosso intento é debater aspectos da longeva pedagogia medieval através dos testemunhos de João de Salisbury no Metalogicon acerca dos mestres com os quais conviveu e daqueles cuja memória o alcançou, como Bernardo de Chartres.

A escrita hagiográfica a serviço do status: um modelo de paterfamilia em construção no interior da Ordem dos Frades Menores

Douglas de Freitas Almeida Martins

Nas ultimas décadas do século XX os historiadores passaram a considerar as hagiografias

como algo para além de um simples repositório de sentimentos religiosos e produto de certo espirito

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72 irracional. Este trabalho pretende analisar nas produções hagiográficas do movimento franciscano, ao longo da primeira metade do século XIII, as relações entre a escrita das obras e a construção da noção de paterfamilia. Tomando Francisco como um modelo, a Ordem consagra uma noção de status especifica como um valor central para ela. Desta forma, irei investigar também as funções de redistribuição e de circulação dos bens materiais, atreladas a este modelo e que a Ordem assumiria perante aquela sociedade. Por fim, este trabalho se insere na tentativa de um historiador desejoso de refletir e encontrar outras possibilidades de investigação da realidade material do século XIII.

As armas avisinas de Mercê Nova e as razões desta inovação

Franklin Maciel Tavares Filho

Até o advento da Dinastia de Avis, seguindo a concepção proposta por Sassoferrato, a aristocracia assumia a responsabilidade da feitura de seus escudos de armas. Com a ascensão de D. João I, entretanto, o poder régio chamou para si o privilégio exclusivo de outorgar mercês heráldicas através das chamadas armas novas. Tratavam-se, em essência, de armas de família criadas pelo rei para premiar alguém. A partir de então, estas armas pertenceriam apenas aos descendentes deste armigerado, embora, em momento posterior, tanto os irmãos quanto os sobrinhos do agraciado viessem a solicitar seu uso. Já a partir do reinado de D. João I, com a expansão da moda do uso do escudo de armas, tal como sucedia nas demais regiões da Cristandade e com a evolução da sociedade, os dirigentes sentiram a necessidade de adotar medidas convenientes em relação à heráldica familiar. De fato, sabe-se que esta ênfase em disciplinar o armorial português é certamente fruto da ação do rei D. João I, por motivos que igualmente se prendem com o exercício do poder, com a sua centralização e a chamada a si (e à Casa de Avis) de um esboço de poder concentrado, o que ia ao encontro das necessidades de legitimação.

Inserção social e formação na diplomacia afonsina: considerações iniciais acerca dos agentes da diplomacia portuguesa (1448-1481)

Douglas Mota Xavier de Lima

O presente estudo tem como objetivo apresentar os primeiros resultados do projeto de

pesquisa de doutorado “A Diplomacia portuguesa no reinado de D. Afonso V (1448-1481)”, estruturado em torno de três eixos: instituições, homens e práticas. A partir da proposição do Simpósio Temático “Relações entre o saber e o poder na Antiguidade Tardia e Idade Média”, o eixo a ser problematizado abordará o pessoal diplomático, os homens da diplomacia afonsina, tema ainda marcado por lacunas historiográficas, especialmente no que tange ao conjunto geral dos participantes das missões diplomáticas. Nesse sentido, tendo como base o levantamento de setenta e dois (72) agentes da diplomacia, material que compõe o catálogo prosopográfico da pesquisa, analisam-se a questão da inserção social e da formação desses personagens. A fim de discutir os dois aspectos selecionados, isto é, inserção social e formação, duas perspectivas serão utilizadas como fios condutores do texto: a noção de “elites do poder” e de “letrado”. Como será exposto, a abordagem inicial expressa a significativa presença de membros da nobreza, com destaque para a “nobreza cortesã”, nos assuntos diplomáticos, ao passo que também ressalta a inserção do grupo nas esferas institucionais, em especial no âmbito da justiça, o que indica a centralidade ocupada pela formação profissional desses agentes.