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IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS 11 a 14 de novembro de 2015, UFG – Goiânia, GO Grupo de Trabalho: MUSEUS, PATRIMÔNIO E DIREITOS CULTURAIS. Museus comunitários e patrimônio arqueológico: constrangimentos, desafios e possibilidades de diálogo. Dra. Camila A. de Moraes Wichers Profa. Adjunta do Curso de Museologia da FCS/ UFG

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IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS

11 a 14 de novembro de 2015, UFG – Goiânia, GO

Grupo de Trabalho: MUSEUS, PATRIMÔNIO E DIREITOS CULTURAIS.

Museus comunitários e patrimônio arqueológico:

constrangimentos, desafios e possibilidades de diálogo.

Dra. Camila A. de Moraes Wichers

Profa. Adjunta do Curso de Museologia da FCS/ UFG

 

Resumo

No Brasil, o patrimônio arqueológico é considerado Bem da União, conforme Lei 3924 de 1961 e Constituição Federal de 1988. Esse contexto reserva sua manipulação por especialistas e sua guarda por instituições chanceladas pelos órgãos de preservação patrimonial, colocando desafios para o pleno exercício do direito à produção, gestão e difusão dos patrimônios e memórias construídas pela prática arqueológica, a partir das comunidades envolvidas com aquele patrimônio. A compreensão da Arqueologia como prática de construção de narrativas e de leitura de paisagens aponta caminhos possíveis para esse diálogo, uma vez que a palavra do arqueólogo é só uma, dentre as possíveis interpretações do registro arqueológico. Nesse sentido, o enquadramento de lugares - elevados ao status de “sítios arqueológicos”, e a coleta e a guarda de objetos que conformam as coleções arqueológicas, devem ser decididos e encaminhados coletivamente. Nesse trabalho apresento alguns caminhos e descaminhos evidenciados no diálogo entre museus comunitários e práticas arqueológicas no cenário brasileiro, apontando as potencialidades e tensões evidenciadas nesses processos. Palavras-chave: Arqueologia – Museus – Museologia Social – Práticas comunitárias – Arqueologia Pública Introdução

Nesse texto apresento alguns constrangimentos no que concerne à

relação entre prática arqueológica - e o correspondente patrimônio construído a

partir da Arqueologia, e as práticas comunitárias e educativas em Memória e

Museologia Social (BAPTISTA & SILVA, 2013). Primeiramente, trago um

panorama sintético do movimento teórico que marca a Arqueologia

contemporânea, em direção a uma matriz plural de construção do

conhecimento no âmbito das arqueologias pós-processuais (HODDER, 1988).

Em um segundo momento, faço uma breve contextualização acerca da

Museologia Social e das práticas comunitárias relacionadas a esse campo.

Passo então, ao cerne desse texto, a partir da explicitação dos principais

constrangimentos que restringem o diálogo entre Arqueologia e museus

comunitários, assim como trago argumentos em favor dessa interlocução. Na

última parte do texto entrelaço essa potencialidade a partir do olhar da

Arqueologia Pública e do diálogo com as categorias de patrimônio, cultura,

ressonância, materialidade e subjetividade fornecidas por Gonçalves (2005).  

 

Da prática colonialista a uma Arqueologia no plural

Em uma perspectiva histórica, os vestígios arqueológicos estão

associados ao colecionismo, aos gabinetes de curiosidades e à própria gênese

das instituições museológicas. Assim como os museus, a Arqueologia também

esteve associada à colonização, ao saque e ao extermínio.

Herdamos um olhar forjado no século XIX, quando a Arqueologia iniciou-

se como disciplina científica, na esteira do imperialismo das grandes potências.

Conforme destacam Ferreira & Funari (2009), ao lado dessa vertente imperial e

colonialista,

a disciplina esteve imbricada na construção de identidades nacionais, de cunho masculino, tendo como objetivo a coesão social e a uniformidade, no presente e no passado. A disciplina, assim, surgia e firmava-se como parte do amplo espectro de agenciamentos das normatizações, tanto em âmbito interno, em cada Estado Nacional, como na relação com os sujeitos externos da opressão, nas periferias asiática, africana, médio-oriental e latino-americana. (FERREIRA & FUNARI, 2009: 01, grifo meu)

Gnecco (2009), ao examinar a Arqueologia latino-americana, chama

atenção para sua vinculação com uma violência epistêmica, denunciando a

estreita correlação entre Arqueologia e práticas colonialistas. Embora o cenário

brasileiro tenha sido marcado por especificidades no que tange ao contexto

trazido pelo autor, também trilhou caminhos marcados pela exclusão de

epistemologias distintas do olhar moderno e europeu. Um olhar branco, de

cunho masculino e homogeneizante.

Contudo, a partir de década de 1980, vemos um crescente

questionamento das práticas arqueológicas pela sociedade. As respostas têm

sido múltiplas e acompanham a própria reordenação epistemológica das

ciências humanas. Nesse quadro destacam-se as práticas devotadas à

construção de arqueologias plurais, tais como a Arqueologia Pública, a

Arqueologia Comunitária, a Arqueologia Indígena, a Arqueologia Relacional, a

Arqueologia Colaborativa, a Arqueologia Reacionária, entre outras (ACUTO &

ZARANKIN, 2008). Essas arqueologias se orientam por paradigmas pós-

 

processuais1, cujas críticas envolvem o questionamento do caráter neutro do

conhecimento arqueológico e defendem que os arqueólogos são construtores e

intérpretes do passado a partir de sua classe social, ideologia, cultura e gênero

(REIS, 2004, p.73).

No Brasil, essas discussões tardaram a chegar, mas já mostram alguns

frutos no século XXI. Estudos têm buscado salientar a diversidade cultural das

populações indígenas com a participação ativa das mesmas

(HECKENBERGER, 2001), outros estão ressaltando as diversas interpretações

de um mesmo contexto arqueológico no âmbito de arqueologias híbridas

(CABRAL & SALDANHA, 2008). Diversos trabalhos têm encaminhado

reflexões acerca do desenvolvimento da Arqueologia Pública no Brasil

(FUNARI, 2001; CARVALHO & FUNARI, 2009), a inserção da Arqueologia em

terras indígenas (SILVA et al, 2011) e em comunidades tradicionais

(MACHADO, 2012), a relação entre comunidades ribeirinhas e objetos

arqueológicos (BEZERRA, 2011), entre outros. Destaca-se o potencial da

Arqueologia Histórica2 (FUNARI, HALL & JONES, 1999) em construir a história

de segmentos da sociedade que em raras ocasiões têm condições de deixar

registros escritos sobre si próprios (ORSER, 1996; FUNARI, 2002). Algumas

pesquisas arqueológicas vêm buscando construir narrativas polifônicas acerca

do passado, em seus múltiplos contextos, desde o estudo de populações

quilombolas (SYMANSKI & SOUZA, 2007), passando por vestígios associados

a revoltas populares (ZANETTINI, 1988), a valorização dos conhecimentos

tradicionais na construção de identidades historicamente marginalizadas

(AMARAL, 2012), o exame do cotidiano fabril (SOUZA, 2010), a Arqueologia

dos desaparecidos durante o regime militar (BASTOS, 2010), a questão da

repatriação dos objetos arqueológicos (FERREIRA, 2008), o papel ativo da

cultura material em contextos sertanejos (SOUZA, 2013), entre outros.

                                                            1 Como aponta Reis (2004), longe de ser homogênea, a Arqueologia pós-processual “É um saco de gatos. Esta arqueologia tem sido provocativa, inquietante, instigadora e ousada em suas propostas” (Reis, 2004, p. 69). Opto por utilizar as “arqueologias pós-processuais”, devido à pluralidade de abordagens mencionadas. Tais abordagens são influenciadas por distintas tendências teóricas contemporâneas, associadas a história, sociologia, teoria crítica, filosofia, semiótica, entre outros campos científicos. 2 Denominamos de Arqueologia Histórica as pesquisas que envolvem desde o exame de processos sociais já influenciados pela colonização europeia, iniciados no século XVI, até processos posteriores relacionados ao período imperial e republicano, chegando até mesmo a período recentes.

 

Esse fazer arqueológico plural tem a potência de alavancar práticas

arqueológicas mais democráticas, possibilitando construções identitárias

multifocais. Por sua vez, o fazer museológico solidário com o referencial teórico

da Museologia Social poderá lançar proposições para a musealização dessas

coleções, paisagens e narrativas. Mais do que isso, esse fazer museológico

possibilita uma leitura crítica do patrimônio arqueológico depositado nas

instituições museológicas, fruto de práticas coloniais e imperialistas. Nesse

sentido, as iniciativas comunitárias apresentam-se como um terreno fértil para

a construção de uma prática arqueológica crítica e engajada. Cabe então,

olharmos mais de perto as premissas e práticas da Museologia Social.

Museologia Social e práticas comunitárias

Nas últimas décadas, a Museologia tem passado por mudanças teórico-

metodológicas significativas, em um esforço constante de democratização não

apenas do acesso, mas também da seleção e da produção do patrimônio

cultural. Essas mudanças resultaram em novas designações como Nova

Museologia, Museologia Social, Sociomuseologia, Museologia da Libertação,

Museologia Comunitária, entre outras, expressões que correspondem a

diferentes enfoques sobre o objeto de estudo, mas que obedecem aos mesmos

princípios essenciais que constituem a Museologia (RECHENA, 2011).

A Museologia Social, conceituação aqui adotada, se caracteriza pelos

compromissos sociais que assume e com os quais se vincula, comprometendo-

se com a redução das injustiças e desigualdades sociais, com o combate aos

preconceitos e com a utilização do poder da memória (CHAGAS & GOUVEIA,

2015: 17).

Para Franco (2009), que adota o termo Sociomuseologia – a exemplo de

Moutinho (1993), devem ser destacados três preceitos nessas práticas: o

conceito de multi e interdisciplinaridade, o comprometimento com questões

sociais e patrimoniais de mais amplo espectro, e o olhar acurado para questões

de sustentabilidade das populações envolvidas.

Segundo Primo e Moutinho (2002), os modelos museológicos

relacionados aos Museus de Território, Museus Comunitários e Ecomuseus

 

têm em comum a articulação da tríade Território-Patrimônio-Comunidade, o

desenvolvimento integrado como meta, a sustentabilidade do projeto, a

valorização das identidades locais e a consolidação do exercício da cidadania.

Não obstante, alguns autores e atores comunitários têm designado suas

práticas museológicas como Museologia Comunitária, demarcando um espaço

específico, onde o pertencimento do pesquisador à comunidade torna-se

imperativo. Nesse contexto o ‘ator comunitário – pesquisador’ aparece como

elemento chave de uma Museologia que não constrói espaços onde a

animação da apresentação oculte a voz dos que falam, mas sim, espaços que

destacam o direito que têm os povos para falar de si mesmos, por si mesmos.

Uma Museologia onde sujeitos sociais, comunidades e povos, projetem sua

vida como interpretadores e autores de sua história, como conclamam Teresa

Morales Lersch e Cuauhtémoc Camarena Ocampo (2004). Dessa feita, o

museu comunitário é uma opção diferente do “mainstream museum” ou museu tradicional. A instituição do museu surgiu com base em uma história de concentração de poder e riqueza, que se refletia na capacidade de concentrar tesouros e troféus arrancados a outros povos. Para Napoleão, Paris era o lugar onde as obras tinham “seu verdadeiro lugar para honra e progresso das artes, sob o cuidado da mão de homens livres” e alimentou o Louvre de troféus de guerra dos lugares que caíam sob seu império. O museu comunitário tem uma genealogia diferente: suas coleções não provêm de despojos, mas de um ato de vontade. O museu comunitário nasce da iniciativa de um coletivo não para exibir a realidade do outro, mas para defender a própria. É uma instância onde os membros da comunidade livremente doam objetos patrimoniais e criam um espaço de memória (LERSCH & OCAMPO, 2004, p.03, grifo meu).

Para Baptista & SILVA (2013, p.11), faz-se “necessário que as

produções relacionadas à memória das comunidades sejam efetivamente

realizadas a partir de relações de pertencimento com as mesmas”, ou seja, a

figura do denominado ‘ator comunitário – pesquisador’ torna-se imprescindível.

Cabe destacar que o presente trabalho se debruça sobre a possível

integração entre prática arqueológica e práticas comunitárias e educativas em

Memória e Museologia Social, entendendo essas últimas como um campo

dinâmico, onde atuam perspectivas diversas, mas que partem da necessária

intervenção das comunidades3 na seleção, produção, circulação e usos de

                                                            3 “entende-se por comunidades grupo ou grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social unidas por vínculos históricos relacionados a aspectos territoriais, étnicos, culturais e ou

 

seus patrimônios. Essas práticas não estão restritas aos processos que se

autodenominam como museus comunitários, integrando experimentações e

intervenções que têm na memória e no patrimônio uma ferramenta de luta para

a valorização e visibilidade de memórias submetidas a contextos adversos que

negligenciam os Direitos Humanos e Culturais (BAPTISTA & SILVA, 2013),

envolvendo, assim, um diálogo profícuo com os movimentos sociais.

Contudo, a inserção do patrimônio arqueológico nesses processos

enfrenta alguns constrangimentos no contexto brasileiro, a seguir explicitados.

Constrangimentos para o diálogo entre práticas arqueológicas e

comunitárias

Primeiro Constrangimento

No contexto brasileiro, a inserção do patrimônio arqueológico como Bem

da União, conforme Lei 3924 de 1961 e Constituição Federal de 1988, reserva

a manipulação dessa categoria patrimonial por especialistas e sua guarda em

instituições chanceladas pelos órgãos de preservação, colocando desafios para

o pleno exercício do direito à produção, gestão e difusão dos patrimônios e

memórias construídas pela prática arqueológica, a partir das comunidades

envolvidas com aquele patrimônio.

A premissa de que os “os membros da comunidade livremente doam

objetos patrimoniais” (LERSCH & OCAMPO, 2004, p.03), já mencionada, não

encontra terreno fértil no campo da Arqueologia do ponto de vista legal. Assim,

o patrimônio arqueológico representa um desafio específico ao fazer

museológico contemporâneo, particularmente à Museologia Comunitária, pois

não permite a necessária intervenção das comunidades na seleção e

preservação do patrimônio.

Segundo Constrangimento

No Brasil, ao longo das últimas décadas, a consolidação da legislação

ambiental impulsionou o crescimento de projetos de pesquisa arqueológica no                                                                                                                                                                               de gênero, em especial quando movidas ou organizadas em prol da defesa e promoção do Direito à Memória e à História, assim como a outros tópicos dos Direitos Humanos e Culturais. (Carta das Missões, 2012 Apud BAPTISTA & SILVA, 2013, p.9).

 

âmbito de empreendimentos de natureza diversa, configurando o campo de

atuação da denominada Arqueologia Preventiva4 (MORAIS, 2006).

A correlação entre práxis arqueológica e um modelo de crescimento

econômico, que não significa, necessariamente, desenvolvimento, deve ser

considerada na análise da relação entre os campos da Arqueologia e da

Museologia. Esses projetos correspondem à grande parte dos estudos

arqueológicos realizados no país (98%) (ZANETTINI, 2009), gerando acervos

significativos, quer do ponto de vista quantitativo, quer qualitativo, os quais

podem e devem ser alvo de processos museológicos.

A violência epistêmica marca de forma perversa a antropofagia

arqueológica no contexto brasileiro (MORAES WICHERS, 2010), ainda mais

em um cenário onde, muitas vezes, o patrimônio arqueológico é atrelado a

empreendimentos que acarretam impactos negativos nas sociedades

envolvidas.

Alguns dilemas se colocam para a disciplina: Quais as repercussões

sócio-políticas da prática arqueológica associada a empreendimentos? Qual o

significado em falarmos sobre “um patrimônio arqueológico importante” em

contextos onde as comunidades são expropriadas economicamente,

socialmente e simbolicamente? Como nos posicionarmos ante ao “destino de

silêncio”5 das coleções formadas na contemporaneidade? Qual a relevância

dos programas de “educação patrimonial”6 e afins?

Potencialidades para o diálogo entre práticas arqueológicas e

comunitárias

 

                                                            4 O termo Arqueologia Preventiva foi instituído a partir da Portaria IPHAN 230, de 22 dezembro de 2002, antecedido por designações como Arqueologia de Salvamento e Arqueologia de Contrato. Essas denominações se referem ao mesmo fenômeno: pesquisas arqueológicas realizadas no âmbito de obras potencialmente lesivas ao meio ambiente. 5 Adriana Dias (2013) usa o termo “destino de silêncio” para denominar o processo no qual as coleções geradas pelas pesquisas têm sido destinadas às reservas técnicas das instituições, não sendo dinamizadas a partir da pesquisa e da socialização. 6 A partir da Portaria 230/02 foi determinada a obrigatoriedade de Programas de Educação Patrimonial nas diversas fases das pesquisas arqueológicas realizadas no âmbito do licenciamento de empreendimentos. Recentemente, a referida Portaria foi revogada com a Instrução Normativa n.01 de 25 de Março de 2015, contudo, a obrigatoriedade da realização desses processos, agora intitulados “Programas Integrados de Educação Patrimonial”, foi mantida e inclusive reafirmada a partir da definição de fases e itens desses programas.

 

Primeiro Argumento

Quando compreendemos a Arqueologia como leitura do mundo,

orientada para objetos, estruturas e paisagens, independentemente de sua

cronologia (MORAES WICHERS, 2011), abrimos um imenso leque de

possibilidades de diálogo. Um campo voltado ao estudo de mulheres, homens

e crianças por meio de sua cultura material,

“isto é, aquele segmento do universo físico que é socialmente apropriado (...) que engloba tanto objetos, utensílios, estruturas como a natureza transformada em paisagem e todos os elementos bióticos e abióticos que integram um assentamento humano” (MENESES, 1987a, p.186).

A cultura material é entendida como produto e vetor de relações

sociais, devendo ser explorada do ponto de vista analítico não só como produto

ou reflexo de atividades humanas. Numa perspectiva relacional, os artefatos

assumem um caráter ativo, dinâmico e polissêmico em sua trajetória no tempo

e espaço desde a sua geração, uso, reapropriações ou reciclagens até seu

descarte final. Tal processo envolve distintas formas de apropriação de acordo

com quem os cria e os manipula: um determinado grupo, classe ou

comunidade, num momento histórico preciso (ZANETTINI, 2005, pp.17-19).

Assim, os artefatos devem ser encarados, em sua forma e materialidade, como

a própria substância da vida social e cultural (GONÇALVES, 2005, p.23).

As críticas pós-processuais envolvem o questionamento do caráter

neutro do conhecimento arqueológico e defendem que a palavra do arqueólogo

é uma, dentre outras opiniões sobre essa cultura material, pois há muitas e

plausíveis interpretações sobre o registro arqueológico: o registro arqueológico

passa a ser considerado um texto polissêmico, podendo ser lido de diversas

maneiras (SHANKS & TILLEY, 1988; 1987/1992). Essa forma de compreender

a Arqueologia abre rotas de aproximação entre o fazer arqueológico e as

práticas comunitárias.

Segundo Argumento

Diversos autores têm criticado a separação do patrimônio entre

“material” e “imaterial”. Para Sant’Anna (2001), a ideia de patrimônio cultural

traz em si tanto o conceito de patrimônio material quanto imaterial. Segundo a

autora, esses dois conceitos devem ser entendidos não como opostos, mas

10 

 

como complementares, “um não faz sentido sem o outro, e um não pode ser

completamente apreendido sem o outro” (SANT’ANNA, 2001, p.160). O

patrimônio imaterial tem uma face material expressa em objetos concretos

(artefatos, vestimentas, locais de produção e reprodução) da mesma forma que

monumentos, edificações e sítios possuem uma face imaterial expressa em

valores e representações sociais a eles atribuídos.

Para Gonçalves (2005, p.21), não “há como falar em patrimônio sem

falar da sua dimensão material”. Da mesma forma, Arantes (2004) enfatiza que

produto e processo são indissociáveis:

As coisas feitas testemunham o modo de fazer e o saber fazer. Elas abrigam também os sentimentos, lembranças e sentidos que se formam nas relações sociais envolvidas na produção e, assim, o trabalho realimenta a vida e as relações humanas (ARANTES, 2004, p.13).

Para Toji (2009), a terminologia “material” e “imaterial” expressa, na

realidade, diferentes posturas das ações de patrimonialização. O “material”

referindo-se a atuação tradicional dos órgãos do patrimônio e o “imaterial”

refletindo o reconhecimento oficial de manifestações que sempre estiveram

alijadas desse processo (TOJI, 2009, pp.13-14).

Nesse sentido, o diálogo entre Arqueologia e iniciativas comunitárias em

Memória e Museologia Social pode contribuir, efetivamente, para um olhar

integrado entre patrimônio ‘tangível’ e ‘intangível’. A Arqueologia coloca-se

como prática construtora de patrimônio material, a partir do recorte de

paisagens e seleção de objetos, mas é na sua faceta imaterial, envolvendo

narrativas plurais acerca dessa materialidade que reside sua força.

Enquanto objeto tangível, o patrimônio arqueológico pode assumir papel

de destaque em processos onde “a finalidade do museu é converter-se em

universidade popular, a universidade para o povo através dos objetos”

(VARINE, 1979). Essa citação assume especial relevância, pois vemos muitas

vezes uma Museologia Social ou Comunitária ser apresentada como uma

Museologia sem objetos. Entretanto, não é o caráter tangível de um patrimônio

que o aproxima ou afasta de uma comunidade, mas sua ressonância

(GONÇALVES, 2005).

É recorrente o colecionamento de objetos arqueológicos por

comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais, cujas relações envolvem

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sentimentos, lembranças e sentidos, construindo narrativas próprias acerca

desses vestígios, nos ensinando a observar a Arqueologia de outro ângulo,

certamente mais democrático e pleno de alternativas (BEZERRA, 2011; SILVA

et al, 2011).

Integrando argumentos: a Arqueologia Pública e processos comunitários

em Memória e Museologia Social

“Arqueologia Pública é uma vertente da Arqueologia preocupada em compreender as relações entre distintas comunidades e o patrimônio arqueológico, considerando o impacto do discurso acadêmico em sua visão de mundo, o lugar de suas narrativas na construção do passado e a gestão comunitária dos bens arqueológicos (...). Como se vê, a Arqueologia Pública é, ao mesmo tempo, produto e vetor de reflexões acadêmicas, de ações políticas e de estratégias de gestão” (BEZERRA, 2011, p.62).

“Já não se trata apenas de democratizar o acesso aos museus instituídos, mas sim de democratizar o próprio museu compreendido como tecnologia, como ferramenta de trabalho, como dispositivo estratégico para uma relação nova, criativa e participativa com o passado, o presente e o futuro” (CHAGAS, 2008, p.60).

Essas duas citações revelam as possibilidades de diálogo entre uma

Arqueologia Pública, inspirada em paradigmas pós-processuais, e uma

Museologia Social, pautada nas práticas comunitárias. Cabe então

desvelarmos o lugar da Arqueologia Pública nesse processo.

Para Funari (2001) a principal questão a ser abordada na Arqueologia

Pública está associada ao fato de quem se beneficia da Arqueologia, das suas

práticas, teorias e discursos, postura com a qual concordo. Uma Arqueologia

Pública inserida nos debates contemporâneos acerca dos patrimônios culturais

deveria envolver, antes de tudo, uma avaliação pública das formas de verdade

construídas pela prática arqueológica. No entanto, antes de enveredar por

autores brasileiros que têm abordado essa temática, discorrerei sobre as

origens do termo, em contexto norte-americano.

A obra Public Archaeology (1972), do arqueólogo norte-americano

McGimsey, é considerada um marco na inauguração deste campo da

Arqueologia. Essa obra discorre sobre as ferramentas jurídicas e estratégias

devotadas à preservação do patrimônio arqueológico inserido em terras

12 

 

estatais norte-americanas, elencando algumas ameaças a esse patrimônio,

como a urbanização, a industrialização, o comércio ilícito e a escavação por

amadores. Não obstante, se no início a participação da sociedade havia sido

um elemento fundamental para a contenção da destruição e promulgação de

leis de regulação e proteção do patrimônio, durante a década de 1970, a

crescente profissionalização da Arqueologia resultou no afastamento dessa

mesma sociedade. A partir de então, arqueólogos e Estado passaram a definir

a agenda ‘pública’ da Arqueologia. Nesse sentido, a preservação dessas

referências para as sociedades futuras passou a ser o mote justificador da

preservação do patrimônio (MERRIMAN, 2004).

Com a criação do Word Archaeological Congress (WAC), em 1986

outras questões vieram à tona. A partir de então, proliferaram abordagens que

enfatizam a necessidade da Arqueologia Pública integrar plataformas onde o

público pudesse avaliar as formas de verdade presentes no discurso

arqueológico.

Como postula Cornelius Holtorf (2007) existem três modelos gerais que

caracterizam as atuações dos arqueólogos dentro do campo da Arqueologia

Pública: 1) o modelo da Educação; 2) o modelo da Relação Pública e, por fim,

3) o modelo Democrático. No primeiro modelo temos uma Arqueologia,

creditada como ciência neutra e exata, como instrumento de educação das

massas. Por sua vez, a vertente da Relação Pública almeja melhorar a imagem

da Arqueologia na sociedade, garantindo um aval social para a continuidade

dos próprios trabalhos arqueológicos. Por fim, no modelo Democrático, todas

as pessoas são detentoras de conhecimentos válidos: esses saberes podem

variar de acordo com a trajetória de vida de cada um dos indivíduos, mas

possuem igual importância (HOLTORF, 2007).

Dessa forma, não existe uma Arqueologia Pública, mas diferentes

Arqueologias Públicas, assertiva que corresponde plenamente à realidade

brasileira contemporânea, pautada por uma ampla gama de experiências

marcadas pelos três modelos mencionados.

Nas últimas décadas, a Arqueologia Pública tem crescido no Brasil.

Entretanto, o desconhecimento da trajetória desse campo, bem como dos

diferentes modelos que ele congrega, tem levado, muitas vezes, à banalização

13 

 

do termo. Por vezes, a Arqueologia Pública é até mesmo entendida como

sinônimo de Educação Patrimonial.

Não pretendo aqui examinar de forma aprofundada como essa

problemática tem sido tratada no Brasil, existem trabalhos que delinearam tais

questões: Funari (2001) traçou um painel da área a partir da perspectiva latino-

americana; Almeida (2002) inaugurou no país os trabalhos acadêmicos sobre

esse campo, trazendo ainda uma experiência inédita da prática de Arqueologia

Pública; Robrahn-González (2005) inseriu essa abordagem na compreensão

da relação Arqueologia e Sociedade; Bastos (2006) trouxe uma reflexão

aprofundada acerca da Arqueologia Pública a partir da ação do estado; e, por

fim, Fernandes (2007) fez uma ampla revisão da literatura especializada,

procurando sintetizar o desenvolvimento da Arqueologia Pública no país.

Almeida (2002), Funari (1994, 2001) e Carvalho & Funari (2009) deixam

claro que não se trata de educar ou divulgar nossas pesquisas, obtendo uma

aparente sustentação social para nosso trabalho, afirmando, como alerta

Gnecco (1999), de forma irreflexiva a hegemonia de um conhecimento

cientifico Ocidental sobre outras visões de mundo, mas sim de realmente nos

questionarmos: a quem interessa o conhecimento que produzimos?

Embora essa visão de Arqueologia Pública venha se fazendo premente

no contexto contemporâneo brasileiro, vemos ainda abordagens marcadas

pelos dois primeiros modelos de Holtorf (2007). Dessa forma, a Arqueologia

Pública não pode ser tomada como sinônimo de uma ‘Arqueologia engajada’,

uma vez que ainda é marcada por experiências influenciadas por uma

abordagem de interesse público, segundo definição trazida por Merriman

(2004). Muitas vezes essas ações visam ‘ensinar’ o que é Arqueologia, obter a

‘aprovação’ das pesquisas pelas comunidades ou ainda ‘corrigir’ visões acerca

da prática arqueológica. Essa abordagem de interesse público se insere nos

modelos de Educação e de Relação Pública, sugeridos por Holtorf (2007).

Fernandes (2007), ao se dedicar ao exame aprofundado do tema, indica

a persistência de ações da public education no Brasil, marcados por um desejo

de se construir uma confiança no trabalho arqueológico. Carneiro (2009) indica

o mesmo predomínio de processos inseridos na educação formal, onde impera

uma abordagem devolutiva do patrimônio, sendo raros os processos nos quais

14 

 

ocorrem redirecionamentos das pesquisas por conta dos interesses envolvidos,

ou mesmo a inserção de outras interpretações ‘não científicas’ nesses

contextos.

O exame da historicidade do termo Arqueologia Pública e a constatação

dos diversos rumos que essas ações têm tomado no país, me levou a optar

pela integração das Arqueologias Pós-Processuais com a Museologia Social,

marcando de forma mais direta minha vinculação com ideias que primam por

questionar o papel da Arqueologia no mundo contemporâneo. Ideias que visam

construir Arqueologias verdadeiramente híbridas (CABRAL & SALDANHA,

2008). Essa opção envolve um diálogo profícuo com uma Arqueologia Pública

devotada à discussão acerca dos interesses subjacentes ao fazer arqueológico

(FUNARI, 2001).

Bezerra (2011) propõe como percurso a articulação da Arqueologia

Pública com a Etnografia, onde a “Archaeology is a Subject of Ethnography” e

torna-se o “fio condutor do projeto” (BEZERRA, 2011: 61), perspectiva também

aqui adotada. Nesse caminho, a Arqueologia Pública seria ao mesmo tempo,

produto e vetor de reflexões acadêmicas, de ações políticas e de estratégias de

gestão, assim, a sua articulação com a Arqueologia Etnográfica (CASTAÑEDA,

2008) evidenciaria as “relações entre distintas comunidades e o patrimônio

arqueológico, considerando o impacto do discurso acadêmico em sua visão de

mundo, o lugar de suas narrativas na construção do passado e a gestão

comunitária dos bens arqueológicos” (BEZERRA, 2011: 62).

Considerações finais

 

Mesmo que constrangimentos marquem a relação entre Arqueologia e

práticas comunitárias no Brasil, sobretudo, pelo fato da manipulação desse

patrimônio ser restrita a especialistas e pela associação da prática

arqueológica com grandes empreendimentos, vejo caminhos profícuos a partir

da integração das arqueologias pós-processuais com a Museologia Social e,

em especial, entre a Arqueologia Pública e as práticas comunitárias em

memória e Museologia Social.

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Gonçalves (2005) ao explorar o potencial descritivo e analítico da

categoria patrimônio, apontando as suas múltiplas dimensões sociais e

simbólicas, explora as categorias “ressonância”, “materialidade” e

“subjetividade”. Essas categorias são rotas interessantes para pensarmos o

diálogo aqui proposto.

Por ressonância podemos entender o poder de um objeto exposto atingir

um universo mais amplo. O patrimônio não depende apenas da vontade e

decisão políticas de uma agência de Estado, dos profissionais do campo do

patrimônio – em sua acepção moderna, nem depende exclusivamente de uma

atividade consciente e deliberada de indivíduos ou grupos (GONÇALVES,

2005). Os objetos que compõem um patrimônio precisam encontrar

“ressonância” junto a seu público e isso é válido também para o patrimônio

arqueológico. A perspectiva da Arqueologia Pública, entendida como

Arqueologia Etnográfica, e as práticas comunitárias em memória e Museologia

Social possibilitam a necessária mediação entre olhares, possibilitando essa

ressonância.

No que concerne à materialidade, Gonçalves (2005) destaca que uso

analítico da categoria “patrimônio” poderá colocar em primeiro plano a

materialidade da cultura no âmbito das teorias antropológicas. Para o autor, o

material e o imaterial aparecem de modo indistinto nos limites dessa categoria.

Conforme exposto no primeiro argumento em favor da relação entre

Arqueologia e Museologia Social, entendo a Arqueologia como forma de ler o

mundo a partir da sua cultura material, não obstante, entendo essa

materialidade como carregada de sentidos, significados, afetividades e

subjetividades.

Por sua vez, a categoria subjetividade apresenta-se como potente para

uma compreensão mais ampla da categoria analítica de patrimônio. Essa

categoria desempenha papel fundamental no processo de formação de

subjetividades individuais e coletivas, “não há patrimônio que não seja ao

mesmo tempo condição e efeito de determinadas modalidades de

autoconsciência individual ou coletiva” (GONÇALVES, 2005, p.27).

É no plano de construção de subjetividades individuais e coletivas que a

prática arqueológica pode assumir um papel fundamental. Para tanto, ainda

16 

 

que sua inserção no âmbito de uma semântica moderna e ocidental de

patrimônio seja importante – domínio do primeiro constrangimento aqui

apontado, é a partir de uma concepção mais alargada de patrimônios culturais,

como elementos mediadores entre diversos domínios social e simbolicamente

construídos, que vejo uma rota plena de possibilidades.

O potencial estratégico da Arqueologia no cenário brasileiro

contemporâneo reside em sua abordagem da diversidade cultural, trazendo as

múltiplas apropriações das paisagens na longa-duração (DE BLASIS, 2014),

perpassando os patrimônios consagrados e não consagrados e evidenciando o

caráter arbitrário da divisão entre material e imaterial. Dessa forma, a

Arqueologia poderia trazer discursos alternativos ante uma força hegemônica,

‘vencendo’ o segundo constrangimento aqui delineado, por meio de práticas

colaborativas onde as comunidades participem da construção de seu passado

e da gestão de seus territórios.

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