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Camapuã-MS. Novembro de 2010 Ivanildo Pereira de Oliveira Os avanços tecnológicos e a resistência de professores Nelly Kazan Sancho Cruz

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Camapuã-MS. Novembro de 2010

Ivanildo Pereira de Oliveira

Os avanços tecnológicos e a resistência de professores

Nelly Kazan Sancho Cruz

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Ivanildo Pereira de Oliveira

Os avanços tecnológicos e a resistência de professores

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Especialização Tecnologias em Educação como requisito parcial para obtenção de título de Especialista em Tecnologias em Educação

Orientador

Prof. Nelly Kazan Sancho Cruz

Coordenação Central de Educação a Distância

Curso de Especialização Tecnologias em Educação

Camapuã-MS.

Novembro de 2010.

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização do autor, do orientador e da universidade.

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Perfil do aluno

Meu nome é Ivanildo Pereira de Oliveira, 46 anos, casado, 4 filhos. Formado em

Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul e Pós-Graduado em Tutoria e Planejamento pela mesma universidade. O meu

dia é um pouco cheio, no período matutino sou professor de (STE) de escola

estadual; no vespertino professor regente efetivo do município de Camapuã-MS e;

no noturno, tutor de turma de Pedagogia pela UFMS. Neste ano de 2010 estou

concluindo 4 cursos de Especialização Diversidade e Cidadania pela (UFMS),

Mídias na Educação (SED-MS), Integral Integrada (UEMS) e Tecnologias em

Educação (PUC-RIO).

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Agradecimentos

Aos meus filhos por que eles são a razão maior de tanto empenho em tudo que

faço, espero servir de exemplos em suas vidas como pai, professor e estudioso.

À minha esposa parceira em todos os momentos, bons ou ruins.

Aos meus colegas de curso que de alguma forma contribuíram para chegar até

aqui.

Aos meus professores que não os conheço, mas os estimo muito por fazer parte da

minha história como professor/educador.

Aos meus orientadores a distancia, José Ricardo e Claudia Nobre, pela dedicação

desenvolvendo um trabalho impar na orientação dos cursistas.

Aos meus colegas de trabalho que de alguma forma inspira as minhas produções.

À minha orientadora do TCC Nelly Kazan Sancho Cruz que não mediu esforços

para orientar as minhas produções.

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Resumo

Este artigo vem debater os avanços tecnológicos e a resistência de professores com relação à inclusão das tecnologias de informação e comunicação em suas práticas pedagógicas as (TICs) nas ultimas décadas, evidenciando para isso o desempenho de alguns profissionais da área. Que não tem dado a atenção devida a esses avanços e a importância que as tecnologias representam para o ensino e aprendizagem neste século. Nesse sentido em busca de entender, quais os motivos que levam os a recusarem capacitações em suas áreas de atuação. A principio temos duas linhas de raciocínio preliminares, que podem justificar esses acontecimentos, insegurança ou desconhecimentos. Então a busca é por autores que ampare teoricamente a pesquisa sobre o tema. O que fica meio implícito nessa questão é que a maioria dos que oferece resistência com relação ao uso das tecnologias são professores efetivos e com vários anos de experiência na educação, esses deveriam utilizar as conquistas da classe a seu favor e não ao contrário.

Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação; Resistência às

tecnologias; capacitação de professores.

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SUMÁRIO

1. Introdução ____________________________________________________07

2. Desenvolvimento _______________________________________________09

2.1. As TICs no cotidiano escolar____________________________________09

2.2. A Resistência ao novo _________________________________________ 13

2.3. Relato de Experiência _________________________________________16

Conclusão ______________________________________________________ 23

Referências Bibliográficas _________________________________________25

Apêndice A – Questionário ________________________________________ 28

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7 Introdução

Ser professor no século XXI não é nada fácil devido ao surgimento

acelerado de novas tecnologias e seus recursos. Há tempo atrás se falava da

possibilidade do computador ocupar o lugar do homem no seu trabalho, mas após

esclarecimentos e à disseminação melhor das informações, este pensamento

deixou de existir, nos deixando mais tranquilos com relação a esta situação, em

que o professor poderia ser substituído pelo computador.

Ramal (2000), afirma que o professor vai ser substituído pelo computador

se pensarmos pelo lado competitivo, burocrático e por vezes até acomodado da

escola em querer atribuir funções somente à máquina, pois esta saberá transformar

as exposições maçantes das aulas tradicionais em aulas multimídias interativas,

em hipertextos fascinantes, em telas multicoloridas e interfaces amigáveis em prol

da construção do conhecimento.

Neste contexto, percebemos que o professor não será substituído pela

máquina, mas terá que aprender a lidar/interagir com este recurso. O professor não

deve cair na “mesmice” ou ser tachado como o professor que ficou parado no

tempo; necessita se planejar, se atualizar e se tornar um educador qualificado a

lidar com as tecnologias, visando à melhoria de sua prática docente. Isto não

significa que os professores que não utilizam as tecnologias serão retrógrados,

mas necessitam acompanhar o novo contexto da cultura contemporânea, desta

atualidade sociotécnica informacional e comunicacional em que estamos

inseridos. (grifo meu)

Moran (s/d) diz que:

[...] há professores que inconscientemente fazem o mínimo possível para utilizar a tecnologia, no máximo usam o Word. Eles não usam técnicas de pesquisa ou de apresentação mais avançadas em sala de aula, nem trabalham com criação de páginas. Então, há uma parte dos professores de escolas particulares que, mesmo tendo laboratórios e acesso à Internet, resistem a métodos que não sejam tradicionais.

Assim, percebe-se que há professores resistentes ao uso das tecnologias,

mas há os que as utilizam em seus planos de aula; no entanto de forma indevida

solicitando aos alunos cópias de conteúdos da internet; cópias literais de uma

mesma página a serem transportadas para o caderno de notas, subutilizando o

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8 computador como se fosse um livro que permitisse apenas uma leitura linear, sem

qualquer hipertextualidade.

Moran (1994, s/p) ainda afirma que:

A escola precisa repensar urgentemente a sua relação com os meios de comunicação, deixando de ignorá-los ou considerá-los inimigos. A escola também não pode pensar em imitá-los, porque nos meios predomina a função lúdica, de entretenimento, não somente a de organização da compreensão do mundo e das atitudes [...]; pode utilizá-los como motivação do conteúdo de ensino, como ponto de partida mais dinâmico e interessante diante de um novo assunto a ser estudado.

Nesse sentido, fica clara a preocupação em torno da educação quanto ao

uso das tecnologias e da prática pedagógica; não somente a escola em si necessita

repensar sua relação com as novas tecnologias, ou melhor, com o uso das diversas

mídias, mas principalmente, os professores que tanto relutam em não aprender a

lidar com estes recursos e se mostram totalmente contrários aos mesmos.

Vivenciamos uma nova era e não podemos ficar alheios ao surgimento de

inovações tecnológicas. Compreender a atual situação no contexto escolar e

conhecer as concepções pedagógicas quanto ao uso das tecnologias se faz

necessário.

Assim, surge o seguinte questionamento: Qual o motivo da resistência dos

professores em utilizarem as mídias em seu cotidiano escolar?

Este estudo visa investigar as principais dimensões desta resistência em

uma escola da rede pública, ha qual estou inserido como professor da sala de

tecnologias educacionais (STE).

A STE visa oferecer suporte aos professores regentes quanto ao

planejamento de suas aulas e desenvolvimento das atividades, estimulando-os a

utilizarem as salas em busca de recursos que possam potencializar sua prática

pedagógica; no entanto, muitos professores não as têm utilizado a contento e

sempre encontra alguns obstáculos para não participar dos trabalhos em STE,

transparecendo que não pretendem frequentá-las.

Torna-se preocupante, essa grande resistência pela maior parte dos

professores e geralmente, isto tem ocorrido mais por parte daqueles que são

efetivos e com vasta experiência em educação do que os novatos. Não se sabe

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9 ainda se pelo fato de ser efetivo o faz pensar que não precisa mais estar investindo

em sua carreira, ou por ter se acomodado por estar perto da aposentadoria.

Barros (2008) afirma que:

O mais importante é ter a mente aberta ao novo. Não como modismo, mas como meio de achar meios para cumprir melhor a missão dos educadores, buscando formas de ampliar o acesso de jovens e adultos à educação, quer na forma do ensino regular formal, quer como educação continuada ou educação permanente. Melhor ainda se essa ampliação das oportunidades de acesso estiver acompanhada da elevação da qualidade da educação.

Neste contexto, esta pesquisa reveste-se de relevância acadêmica por buscar

subsídios que estimulem a atuação do professor nos laboratórios de informática

como sujeitos ativos do processo de ensino e aprendizagem, buscando

metodologias inovadoras e prazerosas de trabalho de forma a inseri-lo neste novo

contexto sócio-cultural.

2. Desenvolvimento Este capítulo aborda a temática das tecnologias da informação e

comunicação (TICs) no cotidiano escolar à luz dos teóricos Lévy (1993, 2003,

2005), Demo (2007), Moran (2004) entre outros autores focando a resistência dos

professores quanto ao uso das novas tecnologias, direcionada ao relato de uma

experiência.

2.1 As TICs no cotidiano escolar.

O professor não precisa ser um especialista em computadores, mas precisa

ter conhecimentos necessários que possam facilitar o manuseio dos recursos que

estes oferecem. Esta habilidade se torna obrigatória nos dias atuais, até por que se

o aluno percebe que o professor não tem conhecimentos básicos para lidar com

estes recursos, poderá perder o incentivo para o uso dos mesmos durante as aulas.

Demo (2007) faz o seguinte comentário:

A escola está distante dos desafios do século XX. O fato é que quando as crianças de hoje forem para o mercado, elas terão de usar computadores, e a escola não usa. Algumas crianças têm acesso à tecnologia e se desenvolvem de uma maneira diferente - gostam menos ainda da escola porque acham que aprendem

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10 melhor na internet. As novas alfabetizações estão entrando em cena, e o Brasil não está dando muita importância a isso – estamos encalhados no processo do ler, escrever e contar.

O computador e a internet já fazem parte do cotidiano e devem ser

compreendidos como elementos potencializadores da mediação pedagógica. Essa

falta de conhecimento de alguns professores pode interferir no índice de

aprendizagem dos alunos, pois um professor com vastos conhecimentos

tecnológicos pode desenvolver projetos envolvendo as mídias em diversas áreas

do conhecimento, estimulando os alunos a participarem mais ativamente.

Demo (2007) ainda relata que a escola utiliza a linguagem de Gutenberg

de 600 anos atrás e a sociedade da informação e comunicação exige mudanças que

devem ser retomadas pelo professor. Não basta a escola sofrer transformações; o

professor é figura fundamental e jamais será substituído pelas tecnologias.

Muito se discute sobre o analfabetismo funcionante, mas o indivíduo que

não detém os conhecimentos tecnológicos é denominado de analfabites, e o que

menos se espera nesta era digital é um grande número de professores

categorizados como analfabites; eles necessitam se capacitar para lidar com essas

inovações. Esta nova era não mais permite que o professor mantenha uma prática

tradicional de ensino engessada no “falar-ditar do mestre”, se comportando como

o dono do saber. O ciclo de inovação segue uma dinâmica que se dá de forma

descentralizada; as informações convergem em várias direções e assim

professores e alunos dialogam, criam, trocam experiências e agregam valores à

construção do conhecimento.

Silva (2002) e Demo (2007) afirmam que com a utilização da internet e

das novas tecnologias, o professor e o aluno ganham novas possibilidades capazes

de ampliar significativamente suas autorias; os alunos trocam informações entre si

e muitas vezes a escola se abstém desta situação; no entanto não há como nos

afastar, pois “a tecnologia vai se implantar aqui ‘conosco’ ou sem ‘nosco’

Seguindo esse raciocínio, não há como fugir dos avanços tecnológicos;

esses vão acontecer com ou sem a nossa permissão; as tecnologias estão em toda

parte, invadindo todos os espaços sociais; estão presentes nas coisas mais simples

que utilizamos como o giz, a caneta, o lápis, a borracha, o quadro negro, o

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11 telefone, televisão, entre outros. Mesmo sem querer todos já fazem uso de

tecnologias na prática diária.

E como tudo tem seu tempo, sua onda, ou moda; “ou você está dentro ou

está fora”. No momento, as tecnologias estão mandando no mercado e é

importante que o professor saiba integrar as dinâmicas de sua prática docente a

toda esta inovação; que possibilite a convergência de mídias em seu planejamento

e explore suas potencialidades comunicativas e interativas.

Lévy (1993, p. 40) diz que:

[...] quanto mais ativamente uma pessoa participa da aquisição de um conhecimento, mais irá integrar e reter o que aprender. Ora a multimídia interativa, graças a sua dimensão não reticular ou não linear, favorece uma atitude exploratória, ou mesmo lúdica, face ao material a ser assimilado.

Sob esta perspectiva, fica clara a necessidade de mudanças paradigmáticas

quanto à postura do professor. Este professor não é mais aquela pessoa que sabe

tudo e que detém todos os conhecimentos; o professor do século XXI é um

mediador do processo de ensino e aprendizagem, e assim, precisa entender que os

seus alunos são pessoas pensantes e detentoras de muitos conhecimentos, trazendo

consigo muita bagagem cultural e tecnológica.

A educação é capaz de transformar a sociedade e por isso, deve estar à

frente do processo de mudanças. O conhecimento não pode ser depositado no

aluno como se este fosse um receptáculo de informações. O conhecimento deve

ser construído através de um processo de interação entre professor e aluno. Assim,

as TICs podem contribuir para criar um ambiente de aprendizagem no qual a

criatividade e a participação colaborativa ganham merecido espaço.

Segundo Silva (2003, p. 52), a pedagogia da transmissão enfrentou

diversos críticos, mas pouco se modificou em sala de aula. “Os críticos da sala de

aula questionaram o professor guardião e transmissor da cultura; questionaram o

modelo de transmissão de conteúdo e de valores para memorização e repetição”.

O mesmo autor (ibid) ainda afirma que a educação via internet vem se

apresentando como grande desafio para o professor acostumado ao modelo

clássico de ensino. Enquanto a sala de aula tradicional está vinculada ao modelo

“um-todos”, separando emissão e recepção passiva, a sala de aula atual está

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12 inserida na perspectiva da interatividade entendida como colaboração “todos-

todos”.

A colaboração “todos-todos” que Silva preconiza nos remete à

participação colaborativa em que as informações são circuladas de forma

multidirecional, resultando em uma mobilização de competências com o objetivo

de enriquecimento mútuo das pessoas em um trabalho coletivo. Assim, o

computador e a internet podem fazer a diferença no âmbito escolar, pois estes

instrumentos nos permitem pesquisar, ter acesso a várias bibliotecas online, trocar

informações e experiências, além de diminuir os espaços e aproximar as pessoas,

principalmente alunos-alunos e alunos-professores.

Levy (2003, p.15) afirma que:

Nas sociedades orais, as mensagens discursivas são sempre recebidas no mesmo contexto em que são produzidas [...] e a cibercultura leva a co-presença das mensagens de volta a seu contexto, mas em uma escala universal por meio da interconexão das mensagens entre si, por vinculação permanente com as comunidades virtuais em criação, que lhe dão sentidos variados em uma renovação permanente.

As inovações seguem a dinâmica de uma nova cultura, a cibercultura que

se dá em redes, de forma descentralizada e em um curto espaço de tempo,

surgindo a possibilidade de aluno e professor caminharem rumo a uma rede de

inteligência coletiva1, na qual as mensagens se vinculam permanentemente no

sentido não linear, possibilitando as trocas e criação de novas comunidades nesse

universo(LÉVY, 2005).

Valendo-se da participação colaborativa e inteligência coletiva

preconizadas por Lévy (2003, 2005), percebe-se que o conhecimento se constrói

por meio da interconexão e interação, dando sentido a um trabalho em que todos

criam e co-criam e as TICs são capazes de potencializar este processo.

Muitas instituições públicas de ensino vêm evoluindo e acompanhando as

mudanças deste novo século. As salas de informática e as diversas tecnologias

1 A inteligência coletiva apresenta como objetivo o enriquecimento mútuo das pessoas em um trabalho coletivo, onde os saberes, as imaginações, as energias espirituais dos que estão conectados no ciberespaço sofrem um sinergismo (LEVY, 2005, p. 131).

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13 estão sendo disponibilizadas aos alunos, contribuindo assim com a inclusão digital

não somente destes, mas principalmente com a inclusão dos professores.

Belloni (2006, s/p.) diz que:

Foi possível observar também que o uso das TIC propicia uma significativa facilitação do processo de aprendizagem, da escrita, particularmente os aspectos relacionados à motricidade, minimizando as dificuldades decorrentes do uso do lápis e da borracha, erros e rasuras, percebidos como fracassos pela criança, sancionados pela escola, e que muitas vezes podem provocar bloqueios graves em crianças muito desfavorecidas. Isto significa que o uso pedagógico (como o uso domiciliar de função puramente lúdica) das TICs pode favorecer significativamente o processo cognitivo de aquisição do código da leitura.

Sob este contexto, as TICs podem potencializar este processo de

cognição, pois a educação cognitiva visa o desenvolvimento emocional

dos alunos, maximizando a capacidade de aprender a aprender, de

aprender a pensar e a refletir, estudar e a de comunicar, muito mais do

que memorizar e reproduzir informação.

Segundo Moran (2004), a educação já não pode ser pensada como

antigamente; a pratica pedagógica precisa ser repensada; “hoje a sala

de aula é um ponto de partida e um ponto de chegada, um espaço

importante que se combina com outros espaços para ampliar as

possibilidades de atividades de aprendizagem” .

Assim, o professor necessita aprender a gerenciar os vários espaços e

recursos e a integrá-los de forma significativa e não criar resistência às inovações

tecnológicas.

2.2. A Resistência ao novo

A todo o momento ouvimos alguém dizendo que precisamos mudar,

evoluir; às vezes até tentamos, mas por que será que é tão difícil adquirir essa

consciência de mudança? Por que será que as crianças têm mais facilidade em

adaptar as mudanças do que os adultos?

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14 As crianças de hoje, já nascem expostas a uma enormidade de informações,

às novas tecnologias; já fazem parte de uma nova geração inserida na “era

digital”, estes são os nativos digitais.

Os atuais professores não pertencem a esta geração, mas são considerados

imigrantes digitais, pessoas que nasceram antes destas inovações tecnológicas e

que necessitam desenvolver habilidades para lidarem com esses avanços. Muitos

destes imigrantes tentam se inserir neste novo contexto, mas há aqueles que ainda

resistem.

Para Lemes (2009), a explicação para a resistência do uso das TICs por

parte dos docentes é primeiramente, não ter conhecimento sobre as mesmas; o

segundo fator é o receio de não dominar essa nova linguagem, tão comum aos

nativos digitais; e em terceiro, a falta de um planejamento de ações voltadas para

o processo de ensino-aprendizagem com ferramentas tecnológicas.

Assim, o uso destes recursos se torna irrelevante se empregado para servir

de apoio pedagógico e reproduzir a prática exercida em uma sala de aula

tradicional. É preciso dar oportunidade ao professor de se apropriar do domínio da

tecnologia, analisando suas potencialidades e limitações.

Dawes (1999, apud CARBONI, s/d) afirma que o fornecimento de hardware

necessário não somente para os laboratórios, mas para utilização e familiarização

dos professores com os equipamentos pode mudar a opinião destes quanto à

resistência às TICs em sala de aula e esta resistência muita das vezes é atribuída

ao fato de que os alunos têm maior conhecimento sobre o equipamento do que o

próprio professor, mesmo não sendo nativos digitais.

Neste sentido, não se pode perder tempo quanto à capacitação de docentes

para o uso das TICs.Quanto mais tempo se perde, mais o professor se distancia

dos alunos e dos conhecimentos necessários à uma prática pedagógica coerente

com o que se espera no momento.

Segundo Demo (2009, p.96)

Na situação atual, o terreno está marcado pela resistência ou ausência tecnológica, tendo em vista que a pedagogia ainda não percebeu o desafio ou é induzida a não percebê-lo. Em muitos cursos existem iniciativas aproximadas, como educação a

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15 distância, informática educativa, uso das TICs etc., mas, em geral, uma visão instrucionista, o que leva a propor as novas tecnologias como recurso para aprimorar a didática tradicional.

No entanto, o domínio instrumental de uma tecnologia é insuficiente para

que o professor possa compreender seus modos de produção de forma a

incorporá-la na prática. É preciso criar situações de formação contextualizada para

que os professores possam utilizar as tecnologias em situações de aprendizagem,

interagindo com os seus pares em prol da construção coletiva do conhecimento.

Os alunos de hoje frequentam as escolas já trazendo conhecimentos

adquiridos no próprio contexto cultural em que vivem; os alunos dos anos

vindouros virão com estes somados a outros que estão por vir e, não há como

dicotomizar uma educação de outra porque todo o processo é fruto de avanços

ocorridos em âmbitos sociais.

A esse respeito Damasceno (s/d) diz que:

Sabemos que essas ferramentas vêm a facilitar a forma do trabalho dentro e fora das escolas, o que não quer dizer que essa facilidade seja vista por todos com bons olhos, pois, há uma grande quantidade de profissionais da educação, principalmente professores, que não aceitam as novas tecnológicas como instrumento transformador na sua prática pedagógica. Essa rejeição muitas vezes se dá devido à falta de conhecimento, por parte desses, sobre a forma como utilizá-las para adquirir praticidade no processo de ensino-aprendizagem. Se as novas tecnologias educacionais não são usadas torna cada vez mais difícil o processo de inclusão digital tão discutido e esperado. O que não quer dizer que o uso desordenado dessas tecnologias será bem aproveitado, pois o que importa é saber usar-las e não apenas usá-las.

A proposta de educação para os professores atuante nesse momento é bem

definida com relação aos avanços ocorridos com as TICs e com as proposta de

inclusão digital das escolas publicas pelo MEC, as TICs vem ampliando os

aspectos metodológicos, demonstrando maior apoio a esse professor para

desenvolver estratégias de apresentação e articulação de conteúdos.

Damasceno (s/d) enfatiza que: O educador precisa ser flexível, paciente ou

crítico naquilo que se propõe fazer e ser. Esse mesmo compromisso deve assumir

ao orientar seus alunos para a vida. [...] Assim também deve acumular

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16 conhecimentos de modo que venha atender às exigências que a vida pode estar

propondo futuramente.

Ainda segundo Damasceno [...] ‘A resistência à aquisição de novos

conhecimentos é um fator negativo no processo de formação cultural intelectual

do individuo na relação ensino-aprendizagem. Assim, como enfrentar os novos

desafios? Como mostrar para seus alunos os caminhos da inclusão e participação

social?

A esse respeito Reis (s/d) diz que: “Assim, não somente o professor, mas a

escola como todo precisa assumir um papel de facilitador”. E que o processo de

incorporação das tecnologias requer cuidados a esse respeito Reis confirma “[...]

incorporando as tecnologias, requer cuidado com a formação inicial e continuada

do professor”.

Esse é um ponto relevante dentro do processo, é necessário oferecer

capacitações aos professores, mas por outro lado esse precisa estar aberto para as

mudanças e evoluções ocorridas em seu meio social, aceitando assim a aprender a

manusear novos objetos que lhes trarão novas metodologias de ensino.

2.3. Relato de Experiência

A mediação pedagógica é vista como um aspecto fundamental para dar

sentido à educação e se constitui em um movimento de relações que permitem a

recriação de estratégias para que o aluno possa atribuir sentido naquilo que se está

aprendendo. Portanto, a mediação demanda do professor abertura para aprender,

ter flexibilidade e assumir uma postura reflexiva para rever constantemente a sua

prática. (PRADO E MARTINS, s/d)

Às vezes precisamos parar e analisar a própria prática, repensar as nossas

ações dentro das possibilidades de se planejar dentro de uma perspectiva

inovadora e coerente, de forma compromissada e articulada acompanhando as

mudanças da própria época.

No entanto, nem todos os professores estão abertos à ressignificação de sua

prática e assim, pensando-se na possibilidade de reflexão e mudanças no

planejamento das escolas da rede estadual de ensino, foi criado em 2002, o Portal

do EducaRede pela telefônica no Brasil. À partir desse momento começou-se a

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17 pensar e a planejar cursos de capacitações para o uso de tecnologias digitais na

prática pedagógica

Dessas parcerias sugiram os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE),

órgãos jurisdicionados pela Secretaria de Estado de Educação (SED), do Mato

Grosso do Sul, com a finalidade de organizar ações visando à capacitação destes

professores, além de fornecer o suporte necessário à utilização das tecnologias

educacionais nas escolas estaduais e municipais.

O NTE Regional do município de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul

atende às várias escolas em outros municípios, distribuindo-se de maneira que

cada núcleo atende a uma determinada área geográfica aos professores do ensino

fundamental e médio da rede estadual. As escolas atendidas estão sob a jurisdição

deste núcleo intermediado pelas Salas de Tecnologias Educacionais (STE).

Assim, laboratórios de informática foram disponibilizados não somente para os

cursos de capacitação como para sua utilização durante o ensino regular junto aos

alunos.

Entende-se que o professor, além de buscar por novos conhecimentos que

atendam à demanda profissional, necessita se inserir no mundo digital.

Neste sentido, foi proposta no ano de 2009 a matrícula dos professores de

uma escola estadual localizada no município de Camapuã-MS, em cursos de

formação continuada através da Plataforma Freire, vinculado ao Programa

Nacional de Informática na Educação (PROINFO).

O PROINFO é um programa educacional que visa à introdução de TICs na

escola pública como ferramenta de apoio ao processo de ensino e aprendizagem. É

uma iniciativa do Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação a

Distância (SEED/MEC)

Para se fazer a inscrição na devida plataforma, certos pré-requisitos foram

exigidos e um deles foi o conhecimento básico em informática. No entanto, nem

todos os professores apresentavam este conhecimento pré-estabelecido.

Assim, em contato com a escola, como professor de STE e responsável por

tais inscrições, senti a necessidade de criar um projeto de formação continuada em

conhecimentos básicos de informática, para que se conseguisse futuramente,

inserir estes professores nos cursos da Plataforma Freire.

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18 A escola e os professores apoiaram a iniciativa e de imediato entrei em

contato com o NTE Regional em busca de apoio na elaboração deste projeto e

fornecimento de materiais para iniciarmos o curso. Continuei com as inscrições

dos professores na referida Plataforma, que se diziam aptos a lidar com as

tecnologias e a participar do curso utilizando o ambiente e-Proinfo de

aprendizagem.

Foi criado um termo no qual o professor declarava ter os conhecimentos

tecnológicos necessários para participar dos cursos oferecidos e estes se

inscreveram prontamente.

O quantitativo de professores que se interessou pela inscrição se constituiu

em 22 participantes e deste quantitativo somente 4 professores se inscreveram no

curso introdutório oferecido pela STE.

O acordo se deu da seguinte forma: seria disponibilizado um computador

da STE para o projeto e o aluno-professor matriculado no curso deveria frequentá-

lo por um período de uma hora dentro do planejamento semanal de suas aulas, já

que muitos não tinham tempo disponível para cursá-lo em horário extraclasse.

A primeira aula ocorreu normalmente dentro do combinado, mas a partir

da segunda, os 4 professores se ausentaram, alegando que estavam se sentindo

envergonhados e constrangidos em ter que pedir informações juntamente com os

alunos, de outras turmas.

A STE não tem horário fixo incluso dentro do plano de aulas de cada

professor e dessa forma, tornou-se difícil conciliar o planejamento do professor

com um horário em que a sala se encontrasse ociosa, o que obrigou os professores

a frequentarem a STE em horário comum à ocupação dos alunos.

Com esse impasse alguns professores se propuseram à procura de uma

escola de informática na cidade para suprir estas necessidades e suas próprias

dificuldades, o que de fato não ocorreu.

Cabe ressaltar que esses professores pertencem aos anos iniciais do 1º ao

5º ano e no planejamento escolar destas séries consta à disponibilidade de uma

aula por semana na STE. Como temos 6 turmas dos anos iniciais, seis aulas

seriam ofertadas por semana, um quantitativo de horas suficiente para a

capacitação destes. No entanto, o desinteresse foi total e a STE foi ocupada como

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19 espaço de lazer e descanso e não como um momento de aprendizagem

diferenciada em que “todos poderiam aprender com todos.” (grifo meu)

Outro aspecto relevante é a falta de parceria desses professores em relação

aos colegas de outras séries que necessitam ocupar a STE para algumas aulas

extras e este espaço não é cedido, mesmo estando ocioso ou subutilizado.

Como professor de STE, sinto que precisam ser articuladas ações

juntamente a esses profissionais no sentido de despertar-lhes o interesse pelas

mídias e conscientizá-los que no século em que nos encontramos, nós, professores

precisamos estar integrados às tecnologias existentes e capacitados para seu uso.

Em reuniões de colegiado junto ao NTE é comum serem apontadas as

dificuldades dos professores responsáveis pelas STEs quanto ao planejamento de

aulas junto aos professores regentes e à conscientização destes professores em

ministrarem suas aulas no laboratório de tecnologias das escolas. Sempre se é

discutido a resistência de uma grande massa em participar destes trabalhos; no

entanto, várias escolas do estado utilizam o planejamento rotativo fixo para

estimular a permanência destes nas STEs. Este planejamento consiste na

determinação de horas-aula disponíveis para cada professor, estabelecida pela

escola e STE, com o objetivo não somente de ocupação das salas, mas a

manutenção de um fluxo constante desta ocupação e planejamento prévio de cada

professor quanto à organização de seus planos de aula.

O índice de ociosidade das salas é medido a cada semestre pelo NTE

Regional, como forma de se avaliar a aceitação das TICs e também como forma

de se controlar o trabalho do professor na STE.

Pude observar que estes professores apresentam um excesso de confiança

quanto a não perderem seus empregos caso não sigam algumas determinações ou

sugestões da escola. O que ampara esses profissionais é a posição de pertencerem

ao quadro de funcionários concursados efetivo, será que esta conquista lhes dá o

direito de negligenciar algumas atribuições.

Para coletar dados mais concretos acerca desta investigação, elaborei um

questionário (Apêndice A), constituído de 12 perguntas fechadas e abertas que

versavam sobre: os conhecimentos básicos sobre as tecnologias utilizadas no

cotidiano escolar e fora deste; acessibilidade; planejamento quanto à utilização

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20 das STEs durante as aulas regulares e; fatores que facilitam ou dificultam o

aprendizado através das TICs.

Este questionário foi aplicado em 22 professores e dentro deste

quantitativo, 16 responderam prontamente e 6 professores se recusaram a

responder alegando que haviam esquecido o instrumento em casa, se abstendo do

compromisso.

Ao analisar as respostas, pude verificar que o tempo de atuação

profissional dos participantes se encontrava entre 5 a 25 anos, o que não explica o

comportamento daqueles com poucos anos de profissão quanto a estarem à beira

da aposentadoria e se acomodarem ao funcionalismo público como se supunha

anteriormente.

Quanto à facilidade de acesso a computadores, houve 10 respostas

favoráveis ao seu uso no domicílio e 6 no trabalho, sendo que 8 deles possuem

banda larga e somente dois acessam via rádio.

Dentre os que acessam a internet em casa, a maior parte faz uso de email e

Orkut semanalmente, e somente 1 nunca o utilizou.

Ao serem perguntados sobre o uso de tecnologias e seus recursos em sala

de aula, um quantitativo de 7 professores relatou o uso de CD ROM, TV, vídeos,

textos e aulas expositivas em PowerPoint, apesar das dificuldades em montar

aulas no PowerPoint com a utilização de imagens. Outra dificuldade apresentada

por eles foi quanto à instalação do data show, o que deveria ser realizado por uma

equipe de apoio.

Houve um relato de que para a criação de aulas através das TICs, “há

necessidade de muita pesquisa para se dar uma boa aula” e na maioria das vezes,

“faltam orientações de como utilizar a tecnologia em sala”. (Professor A)

Segundo Moran (2009, s/p.),

Por isso é tão importante dominar ferramentas de busca da informação e saber interpretar o que se escolhe, adaptá-lo ao contexto pessoal e regional e situar cada informação dentro do universo de referências pessoais. Muitos se satisfazem com os primeiros resultados de uma pesquisa. Pensam que basta ler para compreender. A pesquisa é um primeiro passo para entender, comparar, escolher, avaliar, contextualizar, aplicar de alguma forma. Cada vez temos mais informação e não necessariamente mais conhecimento. Quanto mais fácil é achar o que queremos, mais tendemos a acomodar-nos na preguiça dos primeiros resultados, na leitura superficial de alguns

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21 tópicos, na dispersão das muitas janelas que abrimos simultaneamente.

Provavelmente, as dificuldades em se pesquisar de forma adequada se dê

pelo grande número de informações advindas da internet o que pode causar uma

grande ansiedade e falta de compreensão do que se lê.

Quando perguntados sobre a utilização do laboratório/sala de informática

com seus alunos durante o período letivo, 6 responderam uma vez por semana, 4

professores, duas vezes por semana, 3 uma vez na quinzena e 3, uma vez por mês;

dificuldades estas devido ao número reduzido de computadores em relação à

quantidade de alunos das turmas. Esta fala também esteve presente em todas as

respostas dos professores quanto ao fator que tenha dificultado o aprendizado.

Apesar da maior parte dos respondentes terem relatado utilizar as salas

pelo menos uma vez por semana, pôde-se perceber que os recursos foram

subutilizados.

Oliveira (2002, p. 36) afirma que:

[...] estes recursos tecnológicos, ainda bastante caros para a nossa realidade, estão sendo subutilizados no interior da escola, uma vez que os professores desconhecem as formas de utilização desta tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Esta falta de conhecimento faz com que o trabalho vinculado às TICs seja visto pelos professores como desnecessário e, até em muitos momentos, inútil, chegando, inclusive, a se questionar a validade de sua prática profissional.

A falta de manutenção dos equipamentos e as dificuldades na busca de conteúdos que contribuíssem para o segundo ano e séries iniciais foram mais dois obstáculos apresentados quanto à utilização das salas.

O fato de alguns professores não saberem utilizar sites de busca para

pesquisas pode dificultar ou causar certa aversão às tecnologias, uma vez que os

alunos já o sabem fazer automaticamente, podendo assim causar certos

constrangimentos por parte dos professores.

Os sentimentos que estiveram presentes nos alunos durante o processo de

ensino e aprendizagem nos laboratórios foram “satisfação, entusiasmo e alegria.”

(Professores A, B e C)

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22 Quanto aos sentimentos dos professores durante o processo, um relato

chamou a atenção: “Muito bom, desde que a mídia utilizada seja interessante e

faça com que os alunos aprendam de maneira diferente”. (Professor A)

Não se pode atribuir às tecnologias a responsabilidade da aprendizagem,

cabe ao professor saber mediar este processo.

Para Moran (2000), com a internet podemos modificar a forma de ensinar

e aprender, mas são muitos os caminhos que dependerão da situação concreta em

que o professor se encontra como o número de alunos, tecnologias disponíveis,

duração das aulas, entre outros quesitos.

Os fatores que facilitaram o aprendizado foi a navegabilidade; o uso de

ferramentas que os alunos conhecem e que já fazem parte de seu cotidiano;

conteúdos atualizados de total importância para os alunos; motivação na leitura e

escrita promovendo o prazer em estudar e estímulo à participação.

Para Veiga (2007) [...] “A boa utilização deste na escola é uma ferramenta

para aprendizagem, que pode auxiliar no desenvolvimento de habilidades

intelectuais e cognitivas.” [...], no entanto ensinar no e com o computador só

atinge resultados significativos quando ele está integrado em um contexto

estrutural de mudança do ensino-aprendizagem, onde professores e alunos

vivenciam processos de comunicação abertos, de participação interpessoal e

grupal efetivos.

A esse respeito Eduardo Chaves (2007) pontua que:

De um lado estão os que vêem a educação escolar como processo de transmissão de conteúdos informacionais pelos professores aos alunos. O computador é utilizado apenas como máquina de ensinar, ou melhor, como máquina para ajudar o professor ensinar melhor. Do outro lado estão os que vêem a educação escolar como processo de desenvolvimento pelos alunos, tendo como base o papel desses na construção ou elaboração de sua própria aprendizagem. Os defensores dessa visão acreditam que a escola deva oferecer ambientes favoráveis de aprendizagem para os alunos desenvolverem estruturas cognitivas que se traduzem em competências e habilidades permitindo-lhes sempre aprender. O computador, portanto, dentro dessa visão é utilizado com ferramenta de aprender.

Aqui fica evidente que são dois pontos diferentes de ver o processo de

ensino e aprendizagem, ainda é possível pensar a educação pela segunda

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23 afirmação do autor, que o aluno é aquela pessoa responsável pela sua própria

aprendizagem e dessa forma o professor não é quem ensina mais quem estimula e

facilita a aprendizagem, oferecendo meios estimulantes e que faça sentido para a

compreensão dos alunos.

4. Conclusão

Ser professor não é nada fácil com a avalanche de informações existentes e em

circulação no meio social e escolar.

O professor de hoje se encontra desafiado e muitas vezes acomodado em

sua prática docente, por lhes faltar alguns conhecimentos que anteriormente não

eram necessários para o exercício de sua profissão. No contexto atual, estes

profissionais se vêem obrigados a acompanhar a linha do tempo quanto à

utilização de TICs e seus recursos, uma vez que seu alunado pertence a uma nova

geração, no entanto não é isto o que tem acontecido..

Apesar das inovações tecnológicas, a prática pedagógica ainda está

estruturada no contexto de valores culturais do ensino tradicional. Os resultados

demonstraram que muitos professores fazem uso do computador e internet em

suas casas e no trabalho, no entanto não desenvolvem esta prática em sala de aula.

Moran (2002, p. 41) afirma que:

[...] o professor não pode acomodar-se, porque a todo o momento surgem soluções novas e que podem facilitar o trabalho pedagógico. Quanto mais situações diferentes experimentar, melhor estará preparado para vivenciar diferentes papéis, metodologias, projetos pedagógicos, muitos ainda em fase de experimentação.

Em certos casos os professores até participa dos trabalhos em sala de

tecnologias educacionais, mas faz o possível para não interagir com a maquina, se

parece mais com um espectador do que um professor. Nesse sentido fica muito

difícil esse profissional adquirir conhecimentos dos recursos educativos que essas

ferramentas podem promover em sua prática pedagógica, e a tão sonhada inclusão

digital a cada dia mais longe de acontecer.

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24 As mudanças são necessárias e vão acontecer de qualquer maneira, não

importa se aceitamos ou não, o que fica a impressão é que fazer critica, ou se opor

a elas também não será a melhor maneira para resolver o problema, é preciso,

repensar, articular, negociar, planejar novas maneiras de enfrentar os transtornos

que as mudanças nos trás.

Nos dias atuais as crianças precisam ser assistidas em todos os momentos,

em casa, na escola em todos os setores sociais, então os conhecimentos de

manuseio de objetos de informação e comunicação serão necessários, pelos pais,

tios, avós, empregadas domésticas, em fim, alguém precisa cuidar de como essas

tecnologias estão sendo utilizadas, pelas crianças, adolescentes, jovens na escola e

em casa.

Pensando assim, as pessoas que tem dificuldades em manusear esses

objetos de informação e comunicação, precisam começar a interagir com eles o

mais rápido possível por que somente através da interação e manuseio que as

pessoas aprendem a manuseá-los.

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25 Referências:

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28 Apêndice A – Questionário

Identificação: Idade: Tempo de atuação profissional: Disciplina que leciona: E-mail: 1) Você tem facilidade de acesso a computadores? ( ) Sim, em casa ( ) Sim, no trabalho ( ) Sim, em Lan Houses ( ) Não 2) O computador que você utiliza tem acesso à internet? ( ) Sim. O acesso é realizado por banda larga ( ) Sim. O acesso é realizado via rádio ( ) Sim. O acesso é realizado por meio de linha telefônica discada ( ) Não 3) Ao acessar a internet, você faz uso com que frequência por semana de cada recurso abaixo? E-mail- Orkut- Blogs- MSN- Skype ou similares- Sistema de busca (Google ou outros)- 4) Já utilizou mídias em sala de aula? ( ) Vídeo ( ) TV ( ) rádio ( ) fotografias ( ) textos ( ) internet ( ) CD Rom –aulas em Power point ( ) Não 5) Encontra dificuldades em utilizar as mídias no processo de ensino-aprendizagem? ( ) sim ( ) não Por que? ______________ 6) Quais as suas expectativas em relação ao aprendizado através das TICs? 7) Quantas vezes tem utilizado o laboratório/sala de informática com seus alunos durante o período letivo?

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29 ( ) 1 vez por semana ( ) 2 vezes por semana ( ) 1 vez ao mês ( ) 1 vez a cada dois meses ( ) nunca 8) Quais as dificuldades encontradas quanto à utilização do laboratório/sala de informática durante as aulas? 9) Em caso de ter utilizado o laboratório/sala de informática, quais os sentimentos que estiveram presentes em você e nos alunos diante deste processo? 10) Quais os fatores que você considera que tenham facilitado o aprendizado através das TICs? 11) Quais os fatores que você considera que tenham dificultado o aprendizado através das TICs? 12) Coloque aqui algum questionamento que você queira acrescentar.