Jair Minoro Abe & Outros - Introdução à lógica para a ciência da computação
JAIR MINORO ABE ANAIS DO IV WORKSHOP ON … · reprodução autorizada pelo autor Abe, Jair Minoro...
Transcript of JAIR MINORO ABE ANAIS DO IV WORKSHOP ON … · reprodução autorizada pelo autor Abe, Jair Minoro...
JAIR MINORO ABE
ANAIS DO IV WORKSHOP ON
INTELLIGENT COMPUTING
SYSTEMS
UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
SÃO PAULO 2016
JAIR MINORO ABE
ANAIS DO IV WORKSHOP ON
INTELLIGENT COMPUTING
SYSTEMS
2016
Vice-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
WICS
WORKSHOP INTELLIGENT COMPUTING SYSTEM
reprodução autorizada pelo autor
Abe, Jair Minoro
Anais do IV Workshop On Intelligent Computing Systems/ Jair
Minoro Abe. - São Paulo, 2016.
Universidade Paulista, 2016.
ISBN 978-85-68328-02-6
Descritores: 1. Lógica paraconsistente 2.Teoria do risco 3. Tomada de
decisão 4.Automação 5.Redes neurais artificiais (Computação) 6. Robótica
Alguns Temas em Computação Inteligente 3
Prefácio
Os Anais do IV Workshop On Intelligent Computing Systems reúnem textos dos
principais trabalhos apresentados no WICS 2016, que aconteceu nas dependências da
Universidade Paulista – UNIP, Campus Ribeirão Preto, em 14 de maio de 2016. O evento
foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia de Produção
da UNIP-Universidade Paulista e teve o apoio institucional da Vice-Reitoria de Pós-
Graduação e Pesquisa, à qual somos gratos.
Esta obra é composta de contribuições de docentes pesquisadores e discentes do
Doutorado e do Mestrado do referido Programa da UNIP, cujos textos versam sobre temas
atuais em Computação Inteligente, área que se vem solidificando no campo da Inteligência
Artificial ou Sistemas Inteligentes, aliada às Lógicas Não Clássicas, notadamente as Lógicas
Paraconsistentes Anotadas, pano de fundo dos tópicos de estudo.
O WICS 2016 é a quarta versão que coordenamos com êxito, com o compromisso
de disseminar pesquisas e estudos da área de Inteligência Artificial de modo rápido e com
a qualidade que os meios de difusão têm exigido.
Agradecemos à Coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa, Profa. Dra. Marina
Ancona Lopez Soligo, pelo apoio financeiro, e a Profa. Melânia Dalla Torre, Vice-Reitora
de Unidades Universitárias e Diretora do Campus Ribeirão Preto.
Agradecimentos especiais ao Prof. Avelino Palma Pimenta e a Profa. Dra. Cristina
Correa de Oliveira pela ajuda inestimável para o êxito do WICS 2016.
Prof. Dr. Jair Minoro Abe
Prof. Avelino Palma Pimenta
Coordenador Geral do VI WICS2016
Alguns Temas em Computação Inteligente 4
Sumário
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não Clássicas ...... 5
Lógicas Anotadas: uma Visão ............................................................................................. 17
Um Analisador de Tráfego de Redes de Computadores Baseado na Lógica Paraconsistente
Anotada Evidencial E ........................................................................................................ 37
Método Lógico de Tomada de Decisão em Gestão da Inovação ........................................ 60
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Anotada Evidencial E ........................................................................................................ 77
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de
Especialistas ........................................................................................................................ 90
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de
Telefonia Móvel ................................................................................................................ 109
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI por meio de Competências
........................................................................................................................................... 138
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma ............................................ 163
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital ............................................ 179
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino .................. 209
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol) ...................... 221
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 5
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em
Lógicas Não Clássicas
Jair Minoro Abe1,2
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
Resumo – Neste trabalho discutimos sobre complementaridade e heterodoxia em lógicas
não clássicas, exemplificando com os sistemas paraconsistentes Cn introduzidos e
estudados principalmente por da Costa.
Palavras-chave: Lógicas heterodoxas, heterodoxia, complementaridade, lógica não
clássica
1. INTRODUÇÃO
Hodiernamente. é aceito por inúmeros lógicos que o cálculo de predicados de 1ª
ordem (com ou sem igualdade) juntamente com alguns de seus importantes subsistemas
como o cálculo proposicional e o cálculo implicativo e algumas de suas extensões como a
teoria de conjuntos de Zermelo-Fraenkel-Skolem (ZFS) constitui no que se denomina de
parte nuclear da lógica clássica.
O termo “lógica não clássica” é um termo genérico adotado por alguns especialistas
para designar sistemas lógicos outros que a clássica. Nós o adotamos neste trabalho.
O aparecimento de lógicas alternativas à lógica clássica constitui um marco na
história da lógica. Usualmente dividem-se em dois grupos: as lógicas complementares da
clássica e as lógicas heterodoxas (ou rivais) da clássica.
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 6
2. LÓGICAS COMPLEMENTARES DA CLÁSSICA
As lógicas complementares da clássica possuem duas características fundamentais:
As linguagens de tais lógicas suplementam a linguagem da lógica clássica.
Adicionam-se símbolos adicionais enriquecendo o vocabulário da lógica clássica.
Exemplos:
1. A lógica modal adiciona símbolos (ou operadores lógicos) tais como:
- (necessidade)
- (possibilidade)
I – (impossibilidade)
C – (contingência)
Assim, exemplificado, seja A a proposição “Eu estou presente na aula”. Temos
então
A É necessário que esteja presente na aula.
A É possível que esteja presente na aula.
IA É impossível que esteja presente na aula.
CA É contingente que esteja presente na aula.
2. A lógica deôntica adiciona símbolos (ou operadores lógicos) tais como:
O - (obrigação)
P - (permissão)
F – (proibição)
I – (indiferença)
Assim, exemplificado, seja A a proposição “Maria usa uniforme”. Temos então
OA É obrigatório que Maria use uniforme.
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 7
PA É permitido que Maria use uniforme.
FA É proibido que Maria use uniforme.
IA É indiferente que Maria use uniforme.
3. Lógica temporal
A lógica temporal adiciona símbolos (ou operadores lógicos) tais como:
F - (em algum tempo do futuro)
P - (em algum tempo do passado)
G – (em todos os tempos do futuro)
H – (em todos os tempos do passado)
Assim, exemplificado, seja A a proposição “João fuma”. Temos então
FA É verdadeiro que João fume em algum tempo do futuro.
PA É verdadeiro que João fumou em algum tempo do passado.
GA É verdadeiro que João fume em todos os tempos do futuro.
HA João fuma tem sido falsa em todos os tempos do passado.
O conjunto dos teoremas da lógica complementar suplementam os da lógica
clássica. Vejamos alguns exemplos.
1. Lógica modal.
Uma proposição que podemos considerar como axioma nessa categoria de lógica é
o esquema A A (A implica que é possível A).
No exemplo acima temos “Eu estou presente na sala de aula implica que é possível
que eu esteja presente na sala de aula” constitui um axioma.
2. Lógica temporal
Uma proposição que podemos considerar como axioma nessa categoria de lógica é
o esquema A HFA (A implica que “FA tem sido falsa em todos os tempos” ou seja, A
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 8
implica que “A é verdadeira em algum tempo do futuro” tem sido falsa em todos os tempos
passados).
Logo, escolhido um tempo no passado, a afirmação “A implica que A é verdadeira
em algum tempo do futuro” é falsa.
Portanto no passado inteiro a afirmação “A é verdadeira em algum tempo do futuro”
é falsa.
Assim, A acarreta que “A é verdadeira em algum tempo do futuro” é falsa vista do
passado. Dito de outro modo, no passado a veracidade ou falsidade de A não poderia ser
previsto.
3. Lógica deôntica
Uma proposição que podemos considerar como axioma nessa categoria de lógica é
o esquema OA PA (Obrigatório A implica permitido A).
No exemplo acima, temos que a obrigatoriedade de Maria usar uniforme implica
que é permitido a ela usar uniforme, constitui um axioma.
3. LÓGICAS HETERODOXAS
As lógicas heterodoxas derrogam alguns princípios da lógica dita clássica,
substituindo-o parcialmente ou inteiramente a mesma. Talvez o exemplo mais conhecido é
o do princípio do terceiro excluído que afirma: de duas proposições contraditórias (i.e. uma
é negação da outra) uma delas é falsa.
Lógica intuicionista
Nesta categoria de lógica o princípio do terceiro excluído, A A não é válido.
Como consequência, uma demonstração aceita na lógica clássica, a demonstração por
redução ao absurdo, não é aceita por seguidores da filosofia intuicionista. Como tal método
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 9
constitui numa dos mais poderosos métodos de demonstração em Matemática,
comentemos.
Tal método de demonstração, na forma mais simples assim se procede:
Temos um conjunto de hipóteses H e a tese T. Negamos T. A partir deste,
juntamente com regras permitidas da teoria chegamos numa contradição. Pressuposto que a
teoria é consistente, tal contradição não é admissível. Algum passo na dedução está
‘errado’. O único elo fraco é a primeira suposição, a negação da tese é falsa. Assim
concluímos que a tese é verdadeira e daí, a tese T está demonstrada.
Vejamos um exemplo com o fito de analisar nuances desse procedimento.
Consideremos a geometria Euclideana e a afirmação (proposição):
“Duas retas r e s distintas e perpendiculares a uma terceira reta t são paralelas. ”
Ilustrando:
Figura 1 - As retas r e s são paralelas
Suponha-se, por absurdo, que as retas r e s não sejam paralelas, ou seja r s ≠ .
Seja C um ponto de intersecção de r e s. elas se interceptam em um ponto C.
Eis aqui está um ponto delicado. Na demonstração por redução ao absurdo, a figura
quando se nega a tese é absurda, inimaginável. Para superar essa situação, necessitamos
invocar outro estágio de tratamento, qual seja outro nível de abstração.
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 10
Figura 2 - As retas r e s são paralelas, mas se ‘encontram’.
Portanto, no raciocínio por redução ao absurdo as figuras não podem acompanhar
nosso raciocínio.
Temos que trabalhar apenas com os dados abstrata e mecanicamente; ou seja, no
nível sintático.
Assim, temos que os pontos A, B e C não são colineares. Logo elas determinam o
triangulo ABC. Há um resultado (demonstrado) na geometria Euclideana que diz que a
soma dos ângulos internos de um triangulo é 180 graus.
Ora, os ângulos da base já perfazem 180º; somado com o ângulo ACB perfaz um
ângulo estritamente maior que 180º, o que configura uma contradição. Como pressupomos
que a geometria Euclideana é consistente, tal contradição ocorreu em algum passo ‘errado’.
Ora, o único elo fraco nessa cadeia de raciocínios é a suposição que as retas r e s não sejam
paralelas. Conclui-se, portanto, que tal suposição não pode ser sustentada. Ela é falsa. Por
conseguinte, as retas r e s são paralelas e demonstra o que se queria demonstrar.
O procedimento acima é aceito pela maioria absoluta dos matemáticos. Eles partem
explícita ou implicitamente da hipótese de ausência de contradição em suas teorias.
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 11
O sistema proposicional da lógica clássica apresentado por S. C. Kleene em 1952
tem os seguintes conectivos primitivos: ∨, ∧, → e ¬, e a única regra de inferência é Modus
Ponens.
Vocabulário:
1) Conjunto enumerável de variáveis proposicionais
2) Conectivos primitivos: ∨, ∧, → e ¬,
3) Símbolos auxiliares: parêntesis, colchetes e chaves.
Gramática: Expressões são sequencias finitas de símbolos de seu vocabulário.
Sintaxe: são expressões relevantes para o discurso da lógica. Os postulados
(esquema de axiomas e regras de inferência) são:
A → (B → A).
(A → (B → C)) → ((A → B) → (A → C)).
A → (B → A &B).
A & B → A.
A & B → B.
A → A ∨ B.
B → A ∨ B.
(A → C) → ((B → C) → (A ∨ B → C)).
(A → B) → ((A → ¬B) → ¬A).
¬A → (A → B).
A A
Vejamos agora o sistema paraconsistente Cn (1 n ) que constitui uma das
lógicas que por muito tempo foi considerada somente como rival da clássica.
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 12
No entanto surpreendentemente ela pode ser considerada como lógica
complementar da clássica como passamos a expor.
Consideremos a lógica clássica, na axiomatização de Kleene vista acima.
Introduzimos um operador (negação fraca) e postulados adicionais convenientes. Com isso
se mostra que se obtêm os cálculos Cn dentro da lógica clássica, ou seja, os cálculos Cn
são extensões da lógica proposicional clássica.
Vejamos os postulados da lógica proposicional clássica (Kleene) A, B, C denotam
fórmulas quaisquer.
O sistema proposicional da lógica clássica apresentado por S. C. Kleene em 1952
tem os seguintes conectivos primitivos: ∨, ∧, → e ¬, e a única regra de inferência é Modus
Ponens. Os axiomas são:
Vocabulário:
Conjunto enumerável de variáveis proposicionais
Conectivos primitivos: ∨, ∧, → e ¬,
Símbolos auxiliares: parêntesis, colchetes e chaves.
Gramática: Expressões são sequencias finitas de símbolos de seu vocabulário.
Sintaxe: são expressões relevantes para o discurso da lógica.
A → (B → A).
(A → B) → ((A → (B → C)) → (A → C)).
(Modus Ponens)
A → (B → A B)
A B → A
A B → B
A → A B
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 13
B → A B
(A → C) → ((B → C) → (A B → C))
(A → B) → ((A → ¬B) → ¬A)
A A
A axiomática do cálculo C1 proposta por da Costa consiste em
A → (B → A).
(A → B) → ((A → (B → C)) → (A → C)).
(Modus Ponens)
A → (B → A B)
A B → A
A B → B
A → A B
B → A B
(A → C) → ((B → C) → (A B → C))
A A
A A
Bo [(A → B) → ((A → ¬B) → ¬A)]
Ao B
o A B
o A B
o A B
o
Ao é uma abreviação para (A A)
Uma nova formulação para o cálculo C1 como extensão da lógica clássica é a
seguinte: além dos operadores lógicos usuais ∨, ∧, → e ¬, acrescentamos um operador *
(negação fraca).
Postulado desta nova formulação:
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 14
A → (B → A).
(A → B) → ((A → (B → C)) → (A → C)).
(Modus Ponens)
A → (B → A B)
A B → A
A B → B
A → A B
B → A B
(A → C) → ((B → C) → (A B → C))
(A → B) → ((A → ¬B) → ¬A)
A A
**A A
A *A
Bo [(A → B) → ((A → ¬B) → ¬A)]
Se F e G são fórmulas tais que G é obtida de F pela substituição de uma
subfórmula do tipo (A) por (Ao *A) ou G é obtida pela substituição de
uma subfórmula do tipo (Ao *A) por (A), então (F G).
Onde Ao é uma abreviação para *(A *A)
Pode verificar sem dificuldade que esta axiomatização é uma extensão da lógica
clássica e é equivalente ao cálculo C1 visto anteriormente.
O resultado anterior pode ser estendido aos demais cálculos Cn (1 n ).
Também se aplica às lógicas anotadas.
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 15
4. CONCLUSÕES
Como se viu, os cálculos Cn de da Costa por muito tempo forma caracterizados
como uma lógica heterodoxa. No início de década de 90, o próprio da Costa observou que
tais sistemas podem ser vistos como extensão da lógica clássica. Tal observação foi
incorporada na época em [1].
Com ver esses sistemas? A escolha de um sistema ser considerado como
complementar ou rival da lógica clássica deve claramente levar em conta aspectos
pragmáticos. Ainda tomando como exemplo as lógicas paraconsistentes, a negação
paraconsistente (negação fraca) pode ser útil na teoria da base de dados. Para outras
finalidades, como manipulação de dados por fórmulas não atômicas, a negação com
propriedades clássicas (negação forte) pode ser usada.
Alguns Aspectos sobre Complementaridade e Heterodoxia em Lógicas Não clássicas
Alguns Temas em Computação Inteligente 16
REFERÊNCIAS
1. Abe, J.M., Fundamentos da Lógica Anotada, Tese de Doutoramento, Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 136 pp.,
1992.
2. Abe, J.M., S. Akama, K. Nakamatsu, Introduction to Annotated Logics - Foundations
for Paracomplete and Paraconsistent Reasoning, Series Title Intelligent Systems
Reference Library, Volume 88, Springer International Publishing, Copyright Holder
Springer International Publishing Switzerland, ISBN 978-3-319-17911-7, Edition Number
1, 190 pages, 2015.
3. Abe, J.M., Paraconsistent Intelligent Based-Systems: New Trends in the Applications
of Paraconsistency, editor, Book Series: “Intelligent Systems Reference Library”,
Springer-Verlag, Vol. 94, ISBN: 978-3-319-19721-0, 306 pages, Germany, 2015.
4. Seiki Akama, Towards Paraconsistent Engineering, Intelligent Systems Reference
Library, Springer, Volume 110, 234 pages, 2016,
5. Haack, Susan (1974). Deviant logic: some philosophical issues. CUP Archive. p. 4.
ISBN 978-0-521-20500-9.
6. Haack, Susan (1978). Philosophy of logics. Cambridge University Press. p. 204.
ISBN 978-0-521-29329-7.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 17
Lógicas Anotadas: uma Visão
Jair Minoro Abe1,2
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
Resumo – Neste capítulo, apresentamos uma visão das lógicas paraconsistentes anotadas.
Trata-se de uma classe importante de lógicas não clássicas que se mostrou de grande
utilidade no tocante às aplicações.
Palavras-chave: Lógica Anotada, Lógica Paracompleta Lógica Paraconsistente, Lógica
Não alética
1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho tecemos algumas considerações sobre as lógicas anotadas que
ganharam relevo sobretudo pelas aplicações importantes que encontrou. Elas são um tipo
de lógicas bi-sortidas e paraconsistentes. Dependendo do reticulado associado que
desempenha papel importante nessas lógicas, elas são também lógicas paracompletas e, por
conseguinte, não-aléticas.
Loosely speaking, um sistema lógico pode não refletir formalmente a nossa
intenção de lidar com o universo como um conjunto homogêneo de objetos, mas dividi-lo
em subconjuntos convenientes. Por exemplo, podemos estar manipulando o conjunto dos
seres vivos, mas queremos considerar dois subgrupos: os animais e as plantas. Há muitas
maneiras de tratar a questão. Uma delas é utilizar o que se convencionou chamar de lógica
‘bi-sortida’. Outro exemplo, em matemática elementar, é quando consideramos
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 18
determinadas estruturas denominadas ‘espaços vetoriais’. Com efeito, nesse tipo de
estrutura consideram-se dois tipos de variáveis: os escalares (pertencendo ao um corpo) e
os vetores, regidos por axiomas convenientes.
Há muitos modos para formalizar a intenção acima bosquejada, como uma lógica
polissortida. Na maioria dos casos, consideramos os seguintes ingredientes:
Um conjunto de tipos, S
Uma generalização adequada da noção de associação para ser capaz de lidar
com a informação adicional que vem com os tipos.
O domínio do discurso de qualquer estrutura para a associação particionado
em subconjuntos disjuntos, um para cada espécie.
Uma teoria se diz inconsistente se existir uma proposição A e sua negação A como
teoremas. Uma teoria se diz trivial se todas suas fórmulas forem teoremas. Na maioria dos
sistemas conhecidos, se uma teoria é inconsistente, então ela é trivial e a recíproca também
é verdadeira: se uma teoria é trivial, então ela é inconsistente. Assim, em tais sistemas, os
conceitos de teoria inconsistente e de teoria trivial coincidem, ou seja, os conceitos não se
distinguem.
Uma lógica se diz paraconsistente se puder servir de base a teorias inconsistentes,
mas não triviais. Assim, em tais lógicas não é valido em geral o Princípio da Não
contradição, formulado da seguinte maneira: “de duas proposições contraditórias A e A,
uma deve ser falsa”. Por conseguinte, em teorias nas lógicas paraconsistentes existem
proposições A e A, ambas verdadeiras.
As lógicas “duais” das lógicas paraconsistentes são as lógicas denominadas lógicas
paracompletas. Tais lógicas são lógicas que derrogam o Princípio de Terceiro Excluído,
formulado da seguinte maneira: “de duas proposições contraditórias A e A, uma deve ser
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 19
verdadeira”. Por conseguinte, em teorias baseadas nas lógicas paracompletas existem
proposições A e A, ambas falsas. Equivalentemente, em uma lógica paracompleta,
existem conjuntos maximais não-triviais de fórmulas (fechadas) tais que A e A não
pertençam a elas.
Uma lógica diz-se não alética se for paraconsistente e paracompleta ao mesmo
tempo.
2. ESFORÇO HISTÓRICO
Como em inúmeros casos científicos, muitas vezes torna-se difícil patentear quem
ou quais cientistas tiveram as ideias iniciais de uma teoria. Assim se sucede com a lógica
paraconsistente. No entanto, podemos citar que paralelamente ao desenvolvimento da
lógica clássica, sempre houve filósofos que defenderam a existência de contradições
verdadeiras. Assim, em certo sentido, parece ter havido durante o desenvolvimento da
lógica clássica, lógicas distintas, de natureza paraconsistente, que subjazia às teorias de
muitos pensadores (Heráclito, Hegel e outros).
Porém, a ideia de paraconsistência como lógica subjacente de teorias inconsistentes
e não-triviais teve como precursores o lógico polonês J. Łukasiewicz, que em seus estudos
sobre a silogística aristotélica, por volta de 1910, percebendo que certos princípios da
lógica tradicional poderiam desempenhar papel semelhante àquele do 5O postulado de
Euclides na geometria, teria vislumbrado a possibilidade de, pelo menos em princípio, ser
possível estudar sistemas lógicos nos quais certos princípios lógicos não vigorariam, em
particular, o princípio da não contradição. Independentemente, na mesma época, o lógico
russo N.A. Vasil’év propôs ideias semelhantes, chegando a expressar as características de
um sistema lógico no qual certas “contradições” pudessem ser suportadas. O sistema por
ele elaborado é conhecido como lógica imaginária. Ao redor de 1948, o lógico polonês S.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 20
Jaskowski, [13] seguindo ideias de Łukasiewicz, estruturou pela primeira vez, de acordo
com os atuais padrões de rigor, um sistema lógico proposicional no qual contradições
podiam de certa forma ser toleradas sem haver trivialização. Tal sistema é conhecido como
lógica discussiva (ou discursiva).
Alguns anos posteriormente, em 1954, de forma independente, o lógico brasileiro
N.C.A. da Costa construiu pela primeira vez várias lógicas paraconsistentes contendo todos
os níveis lógicos comuns: cálculo proposicional, cálculo de predicados, lógica de ordem
superior (na forma de teoria de conjuntos) e cálculo de descrições. Também,
independentemente dos trabalhos de Da Costa [10], D. Nelson em 1959 [13] sugeriu uma
lógica paraconsistente como uma versão de seu sistema conhecido como lógicas
construtivas com negação forte.
3. OS SISTEMAS Cn (1 n ) DE DA COSTA
Apresentamos uma família de cálculos proposicionais paraconsistentes Cn (1 n
) introduzidos por Da Costa [10]. Para cada n, 1 n , temos diferentes cálculos
simbolizados por Cn. Tais cálculos foram formulados com o fito de satisfazer as seguintes
condições:
a) O princípio da não contradição, na forma (A A), não é válido em geral;
b) De duas proposições contraditórias, A e A, não podemos deduzir uma fórmula
qualquer B.
c) Os cálculos devem conter os esquemas mais importantes e as regras de inferência do
cálculo proposicional clássico compatíveis com as condições a) e b) acima.
A linguagem dos cálculos Cn (1 n ) é a mesma para todos eles; denotemos por
L. Os símbolos primitivos de L são os seguintes:
1. Variáveis proposicionais: um conjunto enumerável de símbolos.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 21
2. Conectivos lógicos: (negação), (conjunção), (disjunção) e (implicação).
3. Símbolos auxiliares: parêntesis.
Introduzem-se conceitos sintáticos usuais, por exemplo, a ideia de fórmula. Seja A
uma fórmula. Temos que Ao abrevia (A A). A
i abrevia A
o ... o, onde o símbolo
o aparece
i vezes, i 1. (Desse modo, A1 é A
o). Escrevemos, também, A
(i) para (A A
1 A
2 ...
Ai).
Os postulados (esquemas de axiomas e regra de inferência) de Cn (1 n ) são os
seguintes: A, B e C denotam fórmulas quaisquer.
(1) A (B A)
(2) (A (B C)) ((A B) (A C))
(3) ((A B) A) A
(4) A A B
B
,
(5) A B A
(6) A B B
(7) A (B (A B))
(8) A A B
(9) B A B
(10) (A C) ((B C) ((A B) C))
(11) B(i)
((A B) ((A B) A)
(12) (A(i)
B(i)
) ((A B)(i)
(A B)(i)
(A B)(i)
)
(13) (A A)
(14) A A
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 22
Os postulados de C são os de Cn com a exceção de (3), (11) e (12).
Escrevemos (i)
A para A A(i)
.
Temos o seguinte resultado correlacionando à lógica positiva clássica: em Cn (1 n
) valem todos os esquemas válidos da lógica proposicional positiva clássica. Em
particular, o teorema da dedução é válido em Cn (1 n ). C contém a lógica positiva
intuicionista.
Em Cn (1 n ) temos o seguinte metateorema:
├ A(i)
(A)(i)
Nos cálculos Cn (1 n ) a fórmula A(i)
expressa intuitivamente que a fórmula A
se “comporta” classicamente; por conseguinte, a motivação para os postulados (11) e (12)
é clara. Além disso, os postulados nos mostram que os demais conectivos , , possuem
todas as propriedades da conjunção, disjunção e a implicação clássicas. Também, o
conectivo definido (i)
possui todas as propriedades da negação clássica. Em consequência,
o cálculo proposicional clássico está contido em Cn (1 n ), ainda que este último
constitui um subcálculo estrito do primeiro. É imediato verificar que as condições a), b) e
c) acima estão satisfeitas. Assim, o princípio da não contradição (A A) não vale em
geral.
4. SISTEMAS ALGÉBRICOS SUBJACENTES AOS SISTEMAS
PARACONSISTENTES
Após desenvolvimentos sintáticos dos sistemas Cn adveio naturalmente a questão
de que tipo de álgebra subjaz tais sistemas. É bem sabido que, por exemplo, as álgebras de
Boole são associadas ao cálculo proposicional clássico, as álgebras cilíndricas e as álgebras
poliádicas são associadas ao cálculo de predicados clássico de primeira ordem.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 23
Os sistemas Cn foram algebrizados por um conceito que se denominou Álgebras de
Curry.
Reproduzimos aqui uma carta escrita para o autor pelo Prof. Newton Costa,
idealizador de tal noção, em fevereiro de 2015, nota que esclarece a origem das
investigações:
“O termo "Curry Álgebras", quando eu o empreguei a primeira vez, nada tinha
a ver, diretamente, com a lógica paraconsistente. Ao formular a teoria, com base na obra
de Curry, em 1965 ou 1966, elas foram concebidas como "álgebras" que tinham
operadores não monótonos no tocante às suas relações de equivalência básicas. Quando
algebrizei os sistemas paraconsistentes Cn, verifiquei que as negações não eram
monótonas em relação às equivalências dessas álgebras; logo, eram álgebras de Curry.
(O interessante é que eu falei pessoalmente com Curry, pedindo a ele permissão para
utilizar seu nome para essas álgebras e a resposta de Curry foi: "Pode, caso a teoria seja
digna de ser nomeada." Convém notar que o que chamo de álgebra de Curry não é uma
álgebra no sentido comum, pois estas têm, sempre, a igualdade como relação básica,
tendo sido Curry o primeiro a substituir a igualdade por uma relação de equivalência.) A
primeira apresentação da noção de álgebra de Curry apareceu nos C. R. Acad. Sc. Paris1,
que você conhece. Antes tinha figurado em meu pequeno livro "Álgebras de Curry"2, que
você também conhece e que contém toda a bibliografia da época.”
Pode-se introduzir uma semântica para tais cálculos, conhecida como semântica
de valorações.
1 N.C.A. da Costa, Opérations non monotones dans les treillis. Comptes Rendus de l'Académie des Sciences. Série 1,
Mathématique, Paris, v. 263, p. 429-432, 1966
N.C.A. da Costa, Filtres et idéaux d`une algèbre Cn, Comptes Rendus de l'Académie des Sciences. Série 1,
Mathématique, Paris, v. 264, p. 549-552, 1967.
2 N.C.A. da Costa, Álgebras de Curry, University of São Paulo, 1967.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 24
Reproduzimos aqui uma carta escrita para o autor pelo Prof. Newton Costa,
idealizador de tal noção, em fevereiro de 2015, nota que esclarece a origem das
investigações:
“A teoria das valorações apareceu, pela primeira vez, como eu a encaro, em meus
seminários na UNICAMP, nos anos 60 ou 70. Ela se aplica a qualquer lógica usual, como
a intuicionista e a positiva clássica. Assim, pode ser aplicada inclusive em lógica
paraconsistente. Foi o que fiz, na década de 70, no tocante às lógicas paraconsistentes Cn,
o que me conduziu, em especial, a processos de decisão para esses cálculos e para vários
outros, como o intuicionista, o que se deu pelo trabalho não apenas meu, mas, também, do
grupo de Campinas. Na verdade, demonstrei os teoremas de correção e de completude (de
Gödel) para qualquer sistema lógico, via valorações (não apenas cálculos proposicionais,
mas teorias da quantificação e, até, teorias de conjuntos...)”
Sejam A e B fórmulas quaisquer. F simboliza o conjunto das fórmulas de C1 e 2
indica o conjunto {0, 1}. Uma interpretação (ou validação) de C1 é uma função : F 2
tal que:
1) (A) = 0 (A) = 1;
2) (A) = 1 (A) = 1;
3) (Bo) = (A B) = (A B) = 1 (A) = 0;
4) (A B) = 0 (A) = 0 ou (B) = 1;
5) (A B) = 1 (A) = (B) = 1;
6) (A B) = 1 (A) = 1 ou (B) = 1;
7) (Ao) = (B
o) = 1 ((A B)
o) = ((A B)
o) = ((A B)
o) = 1.
Se denotarmos por C0 o cálculo proposicional clássico, então a hierarquia C0, C1, ... ,
Cn, ... , C é tal que Ci é estritamente mais forte que Ci+1, para todo i, 1 i . C é o
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 25
cálculo mais fraco da hierarquia. Observemos que podemos estender Cn à lógica de
primeira ordem e às lógicas de ordem superior; também se podem erigir teorias fortes de
conjuntos assentadas nessas lógicas de primeira ordem. Com a semântica bivalorada
apresentada acima provou-se vários metateoremas básicos: correção, completezas forte e
fraca, e tais cálculos provaram-se ser decidíveis.
Fixemos nossa atenção ao cálculo C1. Pode-se provar que ela é um cálculo
paraconsistente e, por conseguinte podemos utilizá-lo para manipular conjuntos
inconsistentes de fórmulas sem trivialização imediata (isto quer dizer que todas as fórmulas
da linguagem não podem ser deduzidas deste conjunto inconsistente de fórmulas, como já
foi observado anteriormente). Verifica-se que em C1 existem teorias inconsistentes que
possuem modelos e, como consequência, elas não são triviais. Em outras palavras, C1 pode
servir como lógica subjacente de teorias paraconsistentes. Entretanto, deve-se notar que
quando estamos trabalhando com fórmulas que satisfazem o princípio da não contradição,
então C1 se reduz a C0.
Em inteligência artificial, necessitamos tratar com sistemas de informações
contraditórias: por conseguinte, teorias baseadas em Cn (1 n ) podem, em princípio,
serem empregadas nessa tarefa.
Convém frisar que a semântica precedente é tal que o critério (T) de Tarski
mantém-se válido. Com efeito, se A for uma fórmula e [A] o seu nome, tem-se,
evidentemente:
[A] é verdadeira (numa validação) se, e somente se, A.
Em certo sentido, a semântica proposta para Cn constitui uma generalização da
semântica tradicional.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 26
As considerações precedentes estendem-se facilmente aos demais cálculos Cn (1
n ) bem como aos cálculos Cn* e Cn
= (1 n ). Uma semântica similar pode ser
construída para C, como também, para C* e C
=.
A semântica de Cn estende, pois, a semântica do cálculo proposicional clássico. De
modo geral, a semântica paraconsistente generaliza a clássica. Portanto, há “alternativas
tarskianas” da teoria da verdade de Tarski, e a lógica paraconsistente novamente se
converte em ponto de partida para uma dialética da doutrina clássica da logicidade.
Por outro lado, o caráter abstrato e idealizado da semântica pura, tradicional ou
não, evidencia que os sistemas lógicos são reconstruções teóricas de aspectos de nosso
contorno; e, tendo-se em mente toda a discussão anterior, fica patenteada a existência de
grande distância entre os sistemas lógicos e as estruturas lógicas reais.
5. OS SISTEMAS ANOTADOS Q
Com base nas referências [1], [2] apresentamos uma axiomatização das lógicas
anotadas. Tecnicamente, tal lógica se constitui no que conhecemos por lógica bi-sortida
(intuitivamente falando, tratamos de dois tipos de variáveis). Convém ressaltar que as
lógicas anotadas são lógicas paraconsistentes e em geral paracompletas e não aléticas,
como está exposto a seguir.
Seja = < ||, , > um reticulado finito com operador fixo. Tal reticulado
denomina-se reticulado de valores-verdade e o operador ~ constitui o “significado” do
símbolo de negação do sistema lógico que será considerado. Simbolizemos por L sua
linguagem. Associados ao reticulado têm-se, ainda, os seguintes símbolos:
T indica o máximo de ;
indica o mínimo de ;
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 27
sup indica a operação de supremo — com respeito a subconjuntos de ;
inf indica a operação de ínfimo — com respeito a subconjuntos de .
A linguagem L possui os seguintes símbolos primitivos:
1. Variáveis individuais: um conjunto enumerável de variáveis individuais;
2. Para cada n, símbolos funcionais n-ários. Os símbolos funcionais 0-ários chamam-se,
também, constantes individuais;
3. Para cada n, símbolos de predicados n-ários;
4. O símbolo de igualdade = ;
5. Cada membro de é uma constante de anotação;
6. Os símbolos , , , , e .
7. Símbolos auxiliares (, ) e ,.
Os termos da linguagem L são definidos de maneira usual. Utilizamos a, b, c e d
— com ou sem índices — como metavariáveis para os termos.
Definição 1. [Fórmula] Uma fórmula básica é uma expressão do tipo p(a1, … , an),
onde p é um símbolo predicativo n-ário e a1, … , an são termos de L. Se p(a1, … , an) é
uma fórmula básica e é uma constante de anotação, então p(a1, … , an) e a = b —
onde a e b são termos — chamam-se fórmulas atômicas. As fórmulas têm a seguinte
definição indutiva generalizada:
1. Uma fórmula atômica é uma fórmula;
2. Se A é uma fórmula, então A é uma fórmula;
3. Se A e B são fórmulas, então A B, A B e A B são fórmulas;
4. Se A é uma fórmula e x é uma variável individual, então (x)A e (x)A são fórmulas;
5. Uma expressão de L constitui uma fórmula se e somente se for obtida aplicando-se
uma das regras, 1 a 4 anteriores.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 28
A fórmula A é lida “a negação — ou negação fraca — de A”; A B , “a
conjunção de A e B”; A B, “disjunção de A e B”; A B, “a implicação de B por A”;
(x)A, “a instanciação de A por x”; e (x)A, “a generalização de A por x”.
Introduzem-se alguns símbolos definidos:
Definição 2. [Equivalência e Negação Forte] Sejam A e B fórmulas quaisquer de L.
Define-se, então: A B =def. (A B) (B A) e *A =def. A ((A A) (A
A)).
O símbolo * denomina-se negação forte; portanto, *A deve ser lido a negação
forte de A. A fórmula A B é lida, como usualmente, a equivalência de A e B.
Definição 3. Seja A uma fórmula. Então:
0
A indica A;
1 A indica A e
k A indica (
k-1A), (k N, k > 0).
Também, se , convenciona-se que:
~0 indica ;
~1 indica ~ e
~k indica ~(~
k-1), (k N, k > 0).
Definição 4. [Literal] Seja p(a1, … , an), uma fórmula atômica. Qualquer fórmula
do tipo kp(a1, … , an) (k 0) denomina-se uma fórmula hiperliteral ou, simplesmente,
literal. As demais fórmulas denominam-se fórmulas complexas.
É fornecida, agora, uma descrição da semântica para as linguagens L.
Definição 5. [Estrutura] Uma estrutura para uma linguagem L consiste dos
seguintes objetos:
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 29
1. Um conjunto não vazio denominado o universo de . Os elementos de ||
chamam-se indivíduos de .
2. Para cada símbolo funcional n-ário f de L, uma operação n-ária f de || em || — em
particular, para cada constante individual e de L, e é um indivíduo de .
3. Para cada símbolo predicativo p de peso n de L, uma função p: ||n ||.
Seja uma estrutura para L. A linguagem-diagrama L() é obtida de modo
habitual. Dado um termo livre de variável a de L(), define-se, também, de modo comum,
o indivíduo (a) de . Utilizam-se i e j como metavariáveis para denotar nomes.
Define-se, agora, o valor verdade (A) da fórmula fechada A de L(). A definição
é obtida por indução sobre o comprimento de A. Por abuso de linguagem utilizam-se os
mesmos símbolos para metavariáveis de termos da linguagem diagrama.
Definição 6. Seja A uma fórmula fechada e uma interpretação para L.
1. Se A é atômica da forma p(a1, … , an), então (A) = 1 se e somente se p((a1), …,
(an)) .(A) = 0 se e somente se não é o caso que p((a1), …, (an)) .
2. Se A é atômica da forma a = b, então (A) = 1 se e somente se (a) = (b). (A) = 0 se
e somente se (a) (b).
3. Se A é da forma k(p(a1, … , an)) (k 1), então (A) = (
k-1(p~(a1, … , an)).
4. Sejam A e B fórmulas fechadas quaisquer. Então, (A B) = 1 se e somente se (A) =
(B) = 1. (A B) = 1 se e somente se (A) = 1 ou (B) = 1. (A B) = 1 se e
somente se (A) = 0 ou (B) = 1.
5. Se A é uma fórmula fechada complexa, então (A) = 1 - (A).
6. Se A é da forma (x)B, então (A) = 1 se e somente se (Bx[i]) = 1 para algum i em
L().
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 30
7. Se A é da forma (x)B, então (A) = 1 se e somente se (Bx[i]) = 1 para todo i em
L().
Teorema 1. Sejam A, B, C fórmulas quaisquer de Q. Os conectivos , , , *
junto com os quantificadores e , possuem todas as propriedades da implicação,
disjunção, conjunção, e negação clássicas, bem como dos quantificadores e clássicos,
respectivamente. Por exemplo, tem-se que:
1. ├ *xA x *A
2. ├ *xB C x (B C)
3. ├ *xB xC x (B C)
4. ├ *xA *x *A
5. ├ *xA *x *A
O sistema de postulados — esquemas de axiomas e regras de inferência — para Q
que é apresentado a seguir será denominado de A.
A, B, C denotam fórmulas quaisquer, F e G denotam fórmulas complexas, p denota
uma variável proposicional e , j 1 j n, denotam constantes de anotação, x, x1, …, xn,
y1, …, yn são variáveis individuais.
(1)A (B A))
(2)(A (B C)) ((A B) (A C))
(3)((A B) A) A
(4) A, A B / B (Modus Ponens, que abrevia-se por MP)
(1) (A B) A
(2) (A B) B
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 31
(3) A (B (A B))
(1) A (A B)
(2) B (A B)
(3) (A C) ((B C) ((A B) C))
(1) (F G) ((F G) F)
(2) F (F A)
(3) F F
(1)p
(2)(kp) (
k-1p~) k 1 (
0 p é p)
(3)p p, onde
(4)3p1 p 2 … pn p, onde = sup j , j = 1, 2, … , n
(1) B A(x) / B xA(x)
(2) xA(x) A(t)
(1)A(t) xA(x)
(2) A(x) B / xA(x) B
(=1) x = x
(=2) x1 = y1 … xn = yn f(x1,…,xn) = f(y1, …, yn)
(=3) x1 = y1 … xn = yn p(x1,…,xn) = p(y1, …, yn)
com as restrições usuais.
Teorema 2. Q é paraconsistente se e somente se # 24.
3 Quando o reticulado for infinito, devido ao esquema (
4) caímos numa lógica infinitária, que resta ainda por ser
investigado.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 32
Teorema 3. Se Q é paracompleto, então # 2. Se # 2, existem sistemas Q
que são paracompletos e existem Q que não são paracompletos.
Teorema 4. Se Q é não alética então # 2. Se # 2, existem sistemas Q que
são não-aléticos e sistemas Q que não são não aléticos.
Por conseguinte, vê-se que os sistemas Q são em geral paraconsistentes,
paracompletos e não aléticos.
Teorema 5. O cálculo Q é não-trivial.
Em [1] foram demonstrados teoremas de correção e de completude para os cálculos
Q quando o reticulado for finito5. Além disso, J.M. Abe mostrou como a teoria padrão de
modelos, como está, por exemplo; em [25], pode ser estendida para as lógicas anotadas de
1a ordem.
6. DISCUSSÃO
A lógica paraconsistente anotada, descoberta em fins da década de 80 do século
passado, tem se mostrado muito interessante tanto do ponto de vista teórico como nas
aplicações [3]. Sua composição como lógica bissortida em que uma das variáveis possui
uma estrutura de ordem (normalmente um reticulado) permitiu incursões nas
implementações computacionais e eletrônicas, de modo ‘natural’ com características de
robustez e rapidez.
Conjecturamos que as lógicas anotadas constituem numa das candidatas a serem ‘a
lógica paraconsistente certa’ principalmente pelas inúmeras aplicações concretas que
encontrou.
4 O símbolo # indica o número cardinal de .
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 33
Em [1], [2], [14] evidencia-se que a teoria anotada dos conjuntos é
extraordinariamente forte, envolvendo, como caso particular, a teoria dos conjuntos difusos
— fuzzy sets.
Em consequência, a Matemática Anotada, que envolve a Matemática Fuzzy,
afigura-se da mais alta relevância; basta lembrar as aplicações feitas em Ciência da
Computação e o significado do ponto de vista das aplicações das lógicas e matemáticas
fuzzy.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 34
REFERÊNCIAS
1. Abe, J.M., Fundamentos da Lógica Anotada, Tese de Doutorado, FFLCH - USP, 135
PP, 1992.
2. Abe, J.M S. Akama & K. Nakamatsu, Introduction to Annotated Logics -
Foundations for Paracomplete and Paraconsistent Reasoning, Series Title Intelligent
Systems Reference Library, Volume 88, Publisher Springer International Publishing,
Copyright Holder Springer International Publishing Switzerland, DOI 10.1007/978-3-319-
17912-4, Hardcover ISBN 978-3-319-17911-7, Edition Number 1, 190 pages, 2015.
3. Abe, J.M., Paraconsistent Intelligent Based-Systems: New Trends in the Applications
of Paraconsistency, editor, Book Series: “Intelligent Systems Reference Library”,
Springer-Verlag, Vol. 94, ISBN:978-3-319-19721-0, 306 pages, Germany, 2015
4. Abe, J. M. & Papavero, N., “Teoria Intuitiva dos Conjuntos” MAKRON Books do
Brasil - São Paulo, 1992.
5. Abe, J.M., Some Aspects of Paraconsistent Systems and Applications, Logique et
Analyse, 157(1997), 83-96.
6. Akama, S., Abe, J.M., Natural Deduction And General Annotated Logics, atas do The
First International Workshop on Labelled Deduction (LD’98), Freiburg, Alemanha, 1-14,
1998. Também publicado na Coleção Documentos, Série Lógica e Teoria da Ciência, IEA-
USP, no 49, 14p., 1998.
7. Anand, R. & Subrahmanian, V.S., “A Logic Programming System Based on a Six-
Valued Logic” AAAI/Xerox Second Intl. Symp. on Knowledge Eng. -Madri-Espanha,
1987.
8. Arruda, A.I., N.C.A. Da Costa & R. Chuaqui, Proceedings of The Third Latin-American
Symposium on Mathematical Logic, North Holland, Amsterdam, 1977.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 35
9. Ávila, B.C., Uma Abordagem Paraconsistente Baseada em Lógica Evidencial para
Tratar Exceções em Sistemas de Frames com Múltipla Herança, tese de Doutoramento,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.
10.Banieqbal, B. And H. Barringer, “A study of an extended temporal language and a
temporal fixed point calculus”, Technical Report UMCS-86-10-2, Department of
Computer Science, University of Manchester, 1986.
11.Blair, H.A. & V.S. Subrahmanian, Paraconsistent Foundations for Logic Programming,
Journal of Non-Classical Logic, 5, 2, 45-73, 1988.
12.Blok, W.J. & D. Pigozzi, Algebraizable Logics, Memoirs of the A.M.S., 77, No 396,
1989.
13.Da Costa, N.C.A “O Conhecimento Científico” Discurso Editoral - São Paulo,1997.
14.Da Costa, N.C.A., Abe, J.M. & Subrahmanian, V.S. “Remarks on Annotated Logic
“Zeitschrift fur Mathematische Logik und Grundlagen der Mathematik, Vol.37, pp.561-
570,1991
15.Da Costa, N.C.A., Abe, J.M., Da Silva Filho, J.I., Murolo, A.C. Leite, C.F.S. Lógica
Paraconsistente Aplicada, ISBN 85-224-2218-4, Editôra Atlas, 214 págs., 1999.
16.Da Costa, N.C.A., On the theory of inconsistent formal systems, Notre Dame J. of
Formal Logic, 15, 497-510, 1974.
17.Da Costa, N.C.A., Subrahmanian, V.S. & Vago, C. “The Paraconsistent Logic P ”
Zeitschrift fur Mathematische Logik und Grundlagen der Mathematik, Vol.37, pp.139-
148,1991.
18.Da Silva Filho, J.I., Métodos de interpretação da Lógica Paraconsistente Anotada com
anotação com dois valores LPA2v com construção de Algoritmo e implementação de
Circuitos Eletrônicos, EPUSP, Tese de Doutoramento, São Paulo, 1999.
19.Haack, S., Deviant Logic, Cambridge University Press, Cambridge, 1974.
Lógicas Anotadas: uma Visão
Alguns Temas em Computação Inteligente 36
20.Jaskowski, S., Um calcul des propositions pour les systems déductifs contradictoires,
Studia Societatis Scientiarum Torunensis, Sect. A, 1, 57-77, 1948.
21.Nakamatsu, K., Abe, J.M., Suzuki, A., “Defeasible Reasoning Between Conflicting
Agents Based on VALPSN”, American Association for Artificial Intelligence - AAAI’99
Workshop on Agents’ Conflicts, ISBN 1-57735-092-8, TR WS-99-08, AAAI Press –
American Association for Artificial Intelligence, Menlo Park, California, USA, 20-27,
1999.
22.Negoita, C.V., Ralescu, D.A. Applications of Fuzzy Sets to Systems Analysis, John
Wiley & Sons, 1975.
23.Nelson, D., Negation and separation of concepts in constructive systems, A. Heyting
(ed.), Constructivity in Mathematics, North-Holland, Amsterdam, 208-225, 1959.
24.Prado, J.P.A., Uma Arquitetura em IA Baseada em Lógica Paraconsistente, tese de
Doutoramento, Universidade de São Paulo, 1996.
25.Shoenfield , J., Mathematícal Logíc, Addison Wesley, Reading, 1967.
26.Subrahmanian, V.S. “On the semantics of quantitative Lógic programs ”Proc. 4 th.
IEEE Symposium on Logic Programming, Computer Society Press,Washington D.C, 1987.
27.Torres, C.R., Sistema Inteligente Paraconsistente para Controle de Robôs Móveis
Autônomos, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, Itajubá,
2004.
28.Zadeh, L., Outline of a New Approach to the Analysis of Complex Systems and
Decision Processes” – IEEE Transaction on Systems, Mam and Cybernectics, vol. SMC-3,
No 1, p.p. 28-44, January, 1973.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 37
Um Analisador de Tráfego de Redes de Computadores Baseado
na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E
Avelino Palma Pimenta Júnior1, Jair Minoro Abe
1,2
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista,
São Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
[email protected], [email protected]
Resumo: As redes de computadores são um importante meio de difusão de informações
para as corporações, instituições de ensino, e também usuários comuns. A facilidade,
rapidez e baixo custo no acesso à conteúdos têm feito com que cada vez mais usuários se
conectem na rede mundial de computadores. Porém, esta demanda crescente por recursos
pode gerar também um aumento significativo de problemas na operação da infraestrutura
da rede, que por suas características distribuída e descentralizada acabam envolvendo todos
que nela se encontram conectados. Ainda que as redes de computadores possam utilizar
diferentes equipamentos e arquiteturas, os elementos para análise do desempenho
praticamente são os mesmos. Porém, o comportamento estocástico de cada um deles
dificulta uma análise determinística de eventuais problemas que possam ocorrer. Este
trabalho tem como objetivo determinar os atributos representativos para a análise e
estabelecer os parâmetros de funcionamento para cada rede de computadores em particular,
além de monitorar e detectar possíveis problemas na mesma com o uso da Lógica
Paraconsistente.
Palavras-chaves: Lógica Paraconsistente, redes de computadores, reconhecimento de
padrões, tomada de decisão.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 38
Abstract: Computer networks are an important means of disseminating information to
corporations, educational institutions, and ordinary users. The ease, speed and low cost to
content access have caused more and more users to connect to the World Wide Web.
However, this growing demand for resources can also generate a significant increase of
problems in the operation of the network infrastructure, which by their distributed and
decentralized characteristics end up involving all those connected. Although computer
networks may use different equipment and architectures, elements for performance
analysis are practically the same. However, the stochastic behavior of each one hinders a
deterministic analysis of any problems that may occur. This study aims to determine the
representative attributes to analyze and establish the operating parameters for each
particular computer network, and monitor and detect potential problems in the same using
the Paraconsistent Logic.
Keywords: Paraconsistent logic, computer networks, pattern recognition, decision
making.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As redes de computadores atualmente constituem-se como um importante meio de
troca de dados e serviços. Com o aumento crescente de usuários da World Wide Web, a
necessidade de um desempenho satisfatório torna-se cada vez mais relevante (BENADITP;
FRANCISF, 2015). Portanto, o monitoramento das informações acaba por se tornar um
fator fundamental nos departamentos de tecnologia (LIN; HUANG, 2013). Desde a sua
criação, a implantação de redes apontou para uma variedade de dispositivos de diferentes
fabricantes e arquiteturas, e muitas vezes possuem características significativamente
distintas. Os diferentes enlaces de rede podem operar em velocidades distintas e podem ser
executados em diferentes mídias, tais como 1 Gbps ou 100 Mbps, cobre ou fibra ótica
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 39
(KUROSE; ROSS, 2013). Além disso, o tráfego de dados pode apresentar um padrão
aleatório de comportamento, que por sua vez pode levar a interpretações imprecisas sobre
o funcionamento dos usuários e da rede.
Dada esta limitação, os analisadores de redes de computadores normalmente
procuram apresentar apenas uma visão instantânea do funcionamento das operações, sem
efetuar uma análise qualitativa do que de fato ocorre.
Neste trabalho, será utilizada uma abordagem que permita ao gerente de
informática identificar padrões de operação de uma rede em particular, detectar problemas
e eventualmente auxiliar na tomada a decisão adequada de acordo com o cenário de
operação apresentado.
2. INTRODUÇÃO
Os problemas relacionados à segurança da informação existem desde o surgimento
desta. Porém, a medida que a tecnologia avança e os sistemas de gerenciamento da
informação tornam-se cada vez mais poderosos, a questão de incremento da segurança da
informação torna-se cada vez mais crítica (WHITE; REA, 2006).
Uma rede de computadores consiste de vários dispositivos conectados, que podem
ser representados por um desktop, um laptop, um smartphone, entre outros. Em tal
ambiente altamente heterogêneo, a necessidade de serviços de entrega eficientes de
conteúdo está se tornando um requisito importante para a nova infraestrutura de serviços
de Internet (CANALI; CARDELLINI; LANCELLOTTI, 2006). Muitos destes
equipamentos podem ter diferentes arquiteturas, e também utilizar diferentes sistemas
operacionais e aplicativos.
Um dos problemas gerados por esta diversidade de dispositivos, arquiteturas e
sistemas operacionais relaciona-se com as dificuldades em medir o desempenho de uma
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 40
rede. Métodos de avaliação típicos, com referências preestabelecidas de desempenho, no
entanto, são limitados na sua aplicabilidade. Muitas vezes não são representativos das
características de tráfego de qualquer instalação (DAVISON; WU, 2004).
Considerando sua própria natureza, o funcionamento das redes de computadores é
significativamente afetado por eventos estocásticos, o que acaba por sua vez refletindo na
análise de desempenho efetuada. O argumento para esta afirmação se baseia no princípio
que as ações dos usuários se apresentam como elementos aleatórios (BEN-PORAT;
BREMLER-BARR; LEVY, 2014). De fato, a variabilidade de serviços disponíveis é
considerável, portanto, os tipos de comportamento dos usuários acabam por acompanhar
esta tendência.
O estabelecimento de um conjunto de critérios deve ser feito de forma a evitar
falsos positivos (FOSSACECA; MAZZUCHI; SARKANI, 2015), que por sua vez poderá
levar até mesmo a problemas de ordem legal.
Deve-se, portanto, procurar uma forma alternativa de analisar os parâmetros de rede
em busca de informações. Como exemplo, um sistema de análise dos Luiz de rede, de
modo a extrair informações e padrões significativos nas requisições e respostas.
É possível capturar os pacotes de dados que passam por estes dispositivos, e a
extração de dados a partir deles pode prover ao administrador uma importante ferramenta
de auxílio na tomada de decisões.
Alguns elementos podem ser interessantes para a análise do tráfego de pacotes,
dentre os quais: endereço lógico associado à requisição do recurso, horário da requisição,
tempo de espera da resposta, tipo de resultado obtido, quantidade de dados da resposta na
transação e destino da requisição (ROUSSKOV; SOLOVIEV, 1999).
O aumento crescente da dimensão da rede mundial de computadores também leva à
um aumento da complexidade de sua infraestrutura. Desta forma, os métodos clássicos de
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 41
análise do funcionamento da rede podem não ser os mais adequados para este cenário
(FERNANDEZ-PRIETO et al., 2012). Portanto, a Lógica Paraconsistente Evidencial Eτ
pode se apresentar como uma técnica viável para busca de indícios de problemas, sejam
eles causados tanto pela da operação padrão da rede, quanto por elementos intencionais
(ABE; CARVALHO, 2011). Neste último caso, pode ser constituído pela figura do usuário
ou mesmo de um aplicativo desta natureza (MISRA; VERMA; SHARMA, 2014).
A utilização da Lógica Paraconsistente Evidencial Eτ aparece como uma alternativa
viável para a tomada de decisões em situações de incerteza, inconsistência e contradição,
nas mais diversas áreas como robótica, eletrônica, controle de tráfego, dentre outros (DA
SILVA FILHO, J.I., 2010).
2.1. JUSTIFICATIVA
Alguns elementos importantes devem ser considerados na gerência de tráfego de
dados, tais como: confiabilidade, integridade e disponibilidade (KUROSE; ROSS, 2013)
(ROSEN, 2008).
A confiabilidade pode ser entendida com a capacidade da rede de computadores em
transmitir dados com sucesso, de uma determinada origem até um destino (LIN; YEH,
2011).
A integridade é a capacidade de manter intacta a informação, de modo a garantir a
qualidade da mesma (KUROSE; ROSS, 2013). A perda da integridade da informação
acaba por criar inconsistências no sistema e prejudicar de forma significativa o aspecto
funcional do mesmo. Um ambiente de rede que opera além de sua capacidade operacional,
ou seja, que gera altas taxas de erros de comunicação pode levar à situações
potencialmente perigosas de perda da integridade dos dados, o que pode impactar de
maneira significativa os sistemas que deles dependem.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 42
A disponibilidade é a capacidade de prover acesso aos sistemas de informação tão
logo os mesmos forem solicitados (KUROSE; ROSS, 2013). Um sistema com baixa
disponibilidade acaba por gerar insatisfação e baixa produtividade do usuário. Dentre os
elementos citados, este é o objeto principal da análise deste trabalho.
2.2. OBJETIVOS
2.2.1. OBJETIVO GERAL
Ao se considerar a utilização de um Para-analisador de tráfego de rede, a partir de
atributos obtidos a partir de logs de acesso da rede, tem-se como objetivo determinar como
os dispositivos de uma rede se comportam, ou seja, quais tipos de atividades os mesmos
desempenham, e com que frequência. Esta informação pode ser utilizada de diversas
maneiras. Por exemplo, é possível mapear as preferências das atividades desenvolvidas nas
redes, ou ainda fazer balanceamento de carga nos recursos computacionais quando
necessários, de modo a prover a disponibilidade máxima necessária nas operações de rede.
2.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Considerando-se que o Para-analisador poderá extrair padrões de funcionamento da
rede, é possível, a partir de eventuais desvios do que se considera dentro da faixa de
normalidade, detectar possíveis erros, tanto específicos quanto sistêmicos. Os erros
específicos podem ser considerados como aqueles que ocorrem a partir de pontos isolados
da rede, como por exemplo, um determinado equipamento com problemas físicos ou
lógicos. Já o erro sistêmico ocorre quando o funcionamento da rede é afetado como um
todo, devido à uma operação acima dos seus limites, que pode ser traduzido em problemas
de congestionamento (quando o meio não é capaz de suportar um tráfego de dados intenso)
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 43
ou fluxo (quando um ou mais receptores não são capazes de processar um volume de dados
suficientemente grande.)
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Ao se considerar uma hierarquia de complexidade nos protocolos de comunicação
de uma rede de computadores, uma abordagem possível passa pela seleção de níveis mais
baixos de abstração das operações de rede. Uma comparação possível neste caso poderia
ser feita com a comunicação humana. Ao invés de uma análise do conteúdo que é dito pelo
emissor, o foco se volta para a forma como este fala. De fato, ao se observar a maneira
como um indivíduo se comunica, é possível extrair diversas informações a respeito de seu
estado, tais como euforia, raiva, indiferença, etc.
O mesmo pode ser aplicado à uma rede de computadores. A partir de atributos
como tempo de resposta, quantidade de dados trafegados, número de transações e taxa de
erros, pode ser possível extrair padrões de acesso dos usuários, e consequentemente obter
informações importantes sobre o funcionamento da rede. Eventuais tomadas de decisão
sobre como atuar na rede tornar-se-ão mais fáceis e fiáveis.
Este trabalho divide a tarefa de análise de desempenho da rede em duas partes,
apresentadas a seguir. Ambas possuem o mesmo escopo, porém utilizam abordagens
distintas. Na primeira, foram utilizadas as avaliações de especialistas na área (analistas de
infraestrutura e gerentes de rede) com o objetivo de avaliar as crenças favoráveis e
contrárias para cada um dos atributos analisados, e consequentemente validando (ou não)
cada um deles. Já na segunda parte, as crenças foram estabelecidas a partir de cálculos
matemáticos, considerando os parâmetros e as especificidades da rede analisada.
Em ambos os casos, alguns procedimentos são comuns e foram executados
conforme a sequência a seguir.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 44
a. A partir de uma rede de computadores em operação, serão obtidos os
atributos de todos os equipamentos nela conectados, durante cinco dias úteis
da semana.
b. Os atributos escolhidos serão tempo de resposta, quantidade de dados
trafegados, número de transações e total de erros.
c. Os dados são então tabulados em planilhas e importados para tabelas de um
banco de dados relacional, para que possam ser acessados por uma
aplicação.
d. Serão definidos os diversos graus de crença e incerteza para cada uma das
faixas, tendo como objeto da proposição a operação normal da rede.
e. O Para-analisador será utilizado para a extração dos padrões de
funcionamento da rede, considerando o equipamento envolvido e o dia da
semana.
f. Com a informação obtida, será possível mapear o funcionamento dos
computadores da rede, e em caso de detecção de erros, apresentar sugestões
para a execução de ações cabíveis.
3.1. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE FUNCIONAMENTO E ANÁLISE
DE DESEMPENHO DE REDES DE COMPUTADORES COM LOGICA
PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL E
As redes de computadores são utilizadas atualmente na maioria das empresas, e
representam um importante meio de interoperabilidade e comunicação de dados. Como o
número de usuários na World Wide Web tem-se expandindo a uma taxa muito rápida, a
demanda por maior desempenho dos sistemas da World Wide Web acompanhou esta
tendência (BENADITP; FRANCISF, 2015). Desde a sua criação, os fundamentos para a
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 45
implantação de redes apontaram para uma variedade de dispositivos de diferentes
fabricantes e arquiteturas, e muita vez opera em velocidades variadas. Os diferentes
enlaces da rede local podem operar em velocidades diferentes e podem ser executados em
diferentes mídias, tais como 1 Gbps ou 100 Mbps, cobre ou fibra (KUROSE; ROSS, 2013).
Uma rede de computadores consiste em várias máquinas conectadas, que podem ser
representados por um desktop, um laptop, um smartphone, entre outros. Em tal ambiente
heterogêneo, eficientes serviços de entrega de conteúdo estão se tornando requisitos
importantes para a nova infraestrutura de serviços de Internet (CANALI; CARDELLINI;
LANCELLOTTI, 2006). Muitos destes equipamentos podem ter diferentes arquiteturas, e
também usar diferentes sistemas operacionais e aplicativos.
Um dos problemas relaciona-se com as dificuldades em medir o desempenho de
uma rede. Métodos de avaliação típicos, como os baseados em referência de desempenho,
no entanto, são limitados na sua aplicabilidade. Muitas vezes, eles não são representativos
das características de tráfego de qualquer instalação cliente (DAVISON; WU, 2004). A
questão de incerteza, por conseguinte, deve ser considerada. Uma possível solução poderia
ser a análise de especialistas na área de redes de computadores. Esta abordagem pode não
ser apropriada para todos os casos, uma vez que nem sempre o profissional conhece
profundamente a rede a ser analisado. Além disso, embora existam diferenças, alguns
elementos são comuns em comunicações de rede. Para o estabelecimento de comunicação
de rede, deve haver sempre uma requisição do lado do "cliente". É um protocolo típico de
requisição-resposta, que controla a transferência de dados entre o servidor e o cliente (tal
como um navegador web) (SYSEL; DOLEŽAL, 2014).
Esta requisição, quando respondida pelo lado do servidor, normalmente através de
um Proxy, produz uma resposta correspondente. Os servidores Proxy são projetados com
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 46
três objetivos: diminuição do tráfego de rede, redução da latência percebida pelo usuário
(cliente), e reduzir a carga nos servidores de origem (ROMANO; ELAARAG, 2010).
Cada requisição do cliente passa através do servidor Proxy, que por sua vez pode
ou não pode modificá-lo com base no seu mecanismo de aplicação (AGARWAL;
LEONETTI, 2013). Esta resposta é acompanhada por vários atributos que podem ser
utilizados para analisar o desempenho da rede, o objeto do presente trabalho.
Serviços responsivos desempenham um papel crítico na determinação da satisfação
do usuário final. Na verdade, um cliente que experimenta um grande atraso depois de
solicitar um recurso no servidor Web de uma empresa muitas vezes muda para um
concorrente que fornece um serviço mais rápido (AUSTIN et al., 2001). A infraestrutura de
rede precisa ser constantemente melhorada para satisfazer o QoS (Quality of Service), a
demanda dos usuários, incluindo os aspectos de tecnologia (por exemplo, enlaces mais
rápidos, proxies e servidores) e softwares relacionados (CÁRDENAS et al., 2004).
Para parametrizar o funcionamento da rede, um dia de operação devem ser
monitoradas, durante 15 horas, divididas em intervalos de 30 minutos. Alguns dos
atributos mais importantes devem ser utilizados, tais como:
1. Total de pacotes de rede (bytes).
2. Tempo total de resposta (ms).
3. Velocidade média (bytes/ms).
4. Número de requisições.
5. Número de respostas de bytes iguais a zero.
A partir dos registros de rede, é possível extrair os valores dos atributos, mostrados
na Tabela 1:
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 47
Tabela 1. Valores dos atributos obtidos a partir de um dia de operação de uma rede de
computadores
Fonte: Autores
O primeiro atributo é usado para analisar o tempo de resposta (em milissegundos)
relacionado com as requisições efetuadas. O segundo atributo está relacionada com o
volume de dados (em bytes) que foi solicitado durante um determinado intervalo. Em
relação ao primeiro, pode-se imaginar que, quanto maior o valor, mais eficiente a operação
da rede. No entanto, este atributo é carregado de incerteza, uma vez que também pode
denotar o congestionamento da rede. O terceiro atributo é calculado com base nos dois
primeiros, pela média aritmética simples, para calcular o uso de largura de banda de rede.
O quarto atributo é o número de requisições que ocorreram em um determinado intervalo.
Este atributo em si não é suficiente para determinar o nível da qualidade da rede. Uma rede
com muitas requisições pode indicar tanto um bom desempenho ou uma elevada taxa de
retransmissões, o que é considerado indesejável. O quinto atributo é especialmente
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 48
importante, quando considerado em conjunto com o quarto atributo, uma vez que permite
diferenciar as situações em que há grande número de retransmissões. Os valores obtidos
dos atributos são então tabulados e normalizados no intervalo de 0 a 1. Para uma visão
contextualizada, a imagem da Figura 2 pode dar uma boa ideia do funcionamento da rede a
partir de dois atributos importantes: a velocidade média e número de respostas zero bytes:
Figura 1 - Comparação entre velocidade média e número de respostas de bytes iguais a zero
Fonte: Autores
Com os valores obtidos, é possível analisar cenários específicos na operação de
uma rede, através do desenvolvimento de um ranking das evidências (favorável ou
contrária) utilizando a Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ.
Os conceitos de Lógica Paraconsistente Eτ serão utilizados a partir deste ponto. De
acordo com Abe (ABE; AKAMA; NAKAMATSU, 2015): "As fórmulas atômicas da
lógica E são do tipo p (μ, λ), onde (μ, λ) [0, 1]2 e [0, 1] é o intervalo unitário verdadeira
(p denota uma variável proposicional) ". Portanto, p (μ, λ) pode ser intuitivamente lido:
"Supõe-se que a evidência favorável de p é μ e evidência contrária é λ.". Isto levará à
seguinte conclusão:
(1) p(1.0, 0.0) pode ser lido como uma proposição verdadeira
(2) p(0.0, 1.0) como falsa
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 49
(3) p(1.0, 1.0) como inconsistente
(4) p(0.0, 0.0) como paracompleto, e
(5) p(0.5, 0.5) como uma proposição indefinida
Para determinar a incerteza e a certeza graus, as fórmulas são (ABE; AKAMA;
NAKAMATSU, 2015):
(6) Grau de incerteza: Gun(, ) = + - 1 (0 , 1);
(7) Grau de certeza: Gce(, ) = - (0 , 1);
Uma relação de ordem é definida em [0, 1]2: (1, 1) (2, 2) 1 2 e 1 2,
constituindo um reticulado que será simbolizado por .
Com os graus de incerteza e certeza, é possível determinar os seguintes 12 estados
de saída, apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 - Estados extremos e não-extremos
Todos os estados estão representados na Figura 1
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 50
Figura 2 - Todos os estados no reticulado
Com base nos valores dos atributos, obtidos a partir de uma operação dia da rede de
computadores, dois cenários diferentes de dois intervalos de tempo de um dia de operação
serão analisados a fim de verificar o funcionamento da rede. Nos intervalos selecionados,
foram obtidos os seguintes valores, conforme mostrado na Tabela 3:
Tabela 3 - Atributos de rede de dois cenários avaliados
Cenários
Total de
pacotes de
rede (bytes)
Tempo total
de resposta
(ms)
Velocidade média
(bytes/ms)
Número de
requisições
Número de
respostas de
bytes iguais
a zero
Cenário 1 99646060 228119138 0,4368158712 4086 40
Cenário 2 126428976 76538921 1,6518259514 11238 5532
Fonte: Autores
Uma rede de computadores que está operando em alta velocidade dentro de seus
parâmetros é tida como uma evidência favorável. Portanto, o atributo velocidade média
pode ser considerada uma grandeza diretamente proporcional. Este argumento também
pode ser aplicado para o atributo número de requisições, uma vez que indica que a rede foi
operada em completa capacidade de trabalho para atender as exigências dos utilizadores.
No que diz respeito ao atributo número de respostas de zero bytes, ocorre o inverso, pois
uma rede com elevadas respostas indica que os recursos procurados não puderam ser
localizados, e, portanto, deve ser considerada uma grandeza inversamente proporcional.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 51
Os valores normalizados devem ser usados como graus de evidências favoráveis
para os atributos velocidade média e número de requisições, grandezas diretamente
proporcionais. O oposto será aplicado ao atributo número de respostas de zero bytes. Neste
caso, devem ser definidas as evidências favoráveis como sua negação.
Os graus de evidência favorável ( e contrária ( são tomados a partir dos valores
normalizados dos atributos e são apresentados na Tabela 4:
Tabela 4 - Valores normalizados de evidência favorável ( e contrária ( dos atributos
Cenários
avaliados
Velocidade
média
normalizada
(atributo 1)
Número de
requisições
normalizado
(atributo 2)
Número de
respostas de
bytes iguais a
zero
normalizado
(atributo 3)
Evidências do
atributo 1
Evidências
do atributo 2
Evidências
do atributo
3
Cenário 1 0,093417539 0,1565117821 0,0038207711 0,9 0.91 0,1
5 0,85
1
0
0
0
Cenário 2 0,643085955 0,5875369132 0,3696885493 0,64 0,36 0,5
8 0,42
0
,
3
6
0,64
Fonte: Autores
Após a parametrização dos atributos da rede, a proposição "A rede de computador
está operando dentro dos seus valores normais de funcionamento?" Deve ser analisada.
Para este objetivo, o Para-analisador será aplicado aos cenários representados,
respectivamente, nas Figura 3 e Figura 4:
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 52
Figura 3 -Análise do cenário 1 pelo Para-analisador
.
Figura 4 - Análise do cenário 2 pelo Para-analisador
A análise global é calculada considerando-se as evidências favoráveis (μ)
multiplicados por seus respectivos pesos (todos iguais, em ambos os cenários), e,
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 53
finalmente, somados. O mesmo é feito com a evidência desfavorável () (DA SILVA
FILHO, J.I., 2010).
4. ANÁLISES DOS RESULTADOS
No cenário 1, a análise global apresenta um resultado quase-falso tendendo a
paracompleto e inconsistente em relação ao desempenho normal da rede. Embora o
atributo número de respostas de zero bytes possui uma alta evidência favorável, isso não
foi suficiente para representar uma operação padrão, uma vez que os outros dois atributos
não foram suficientes para suportar os resultados.
Diagnóstico: a rede analisada no cenário 1 não se encontra congestionada devido ao
baixo número de requisições e é capaz de localizar os recursos pesquisados. De modo
anormal, ainda opera em baixa velocidade, o que conduz à conclusão de que a rede é
subutilizada.
No cenário 2, a análise global apresenta um resultado quase-verdade, tendendo a
paracompleto e inconsistente em relação ao desempenho normal da rede. A velocidade
média e número de requisições altos representam uma situação de plena utilização da
capacidade da rede. No entanto, observa-se que esta começa a mostrar sinais claros de
degradação devido ao elevado número de respostas de zeros bytes.
Diagnóstico: a rede analisada no cenário 2 opera em um alto grau de utilização,
com sinais precoces de congestionamento e a degradação de desempenho.
Como pode ser isto em ambos os cenários apresentados, a determinação dos
parâmetros de operação de uma rede de computadores é uma tarefa complexa. Por sua
incerteza e características contraditórias, além da sua operação dinâmica, a Lógica
Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ surge como uma ferramenta importante para a
análise deste tipo de ambiente.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 54
No entanto, a escolha correta dos atributos que serão estudados é um elemento
chave na interpretação dos dados obtidos. Nos cenários estudados, três dos principais
atributos foram escolhidos. Como observado, os valores obtidos podem conduzir a um
comportamento imprevisível e estocástico, o que demanda certo grau de interpretação e
experiência do perito.
4.1. ABORDAGEM CORRETIVA DOS PROBLEMAS
O primeiro caso analisado (cenário 1) levou a conclusão de subutilização da
infraestrutura de comunicação de dados. Redes subutilizadas refletem um planejamento e
implantação de recursos acima das necessidades reais da empresa em determinado instante,
e, portanto, levando a gastos maiores de recursos financeiros e materiais.
Uma análise apressada desta situação poderia indicar que o problema poderia ser
diluído com o tempo, à medida que a infraestrutura superdimensionada acabaria por se
tornar utilizável com a necessidade crescente de novos e mais exigentes serviços de rede.
Porém, esta é uma análise que requer um pouco mais de profundidade.
Em primeiro lugar, é fato que a demanda por serviços de comunicação de dados
cada vez mais aumenta. A incerteza, porém, decorre do fato que nem sempre a razão com
que este crescimento ocorre pode ser prevista, e, portanto, em qual momento isto será
alcançado.
Outro problema decorre da depreciação e obsolescência dos equipamentos
adquiridos. Sabe-se que na área de computação são frequentes as mudanças de
equipamentos e implantação de novas tecnologias. Desta forma, no instante em que a
demanda por serviços estiver de acordo com a capacidade instalada, existe uma chance
considerável que esta já não poderá ser considerada o “estado da arte” em termos de
inovação.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 55
A solução para problemas desta natureza passa pelo processo denominado
“downsizing”, que demanda alguns passos, dentre os quais:
Levantamento dos pontos onde normalmente as redes sofrem
estrangulamento e podem no futuro sofrer congestionamento. Em geral, nos
denominados “backbones”. Estes locais normalmente não sofrem
modificações e são mantidos.
Localização de dispositivos com baixa utilização e que podem ser
removidos ou trocados por outros em locais de maior demanda.
Venda ou troca de dispositivos de rede (adaptadores, switches, roteadores,
cabos) cuja capacidade nominal esteja além da necessidade.
Quando possível, compartilhamento ou cessão em regime de comodato da
infraestrutura instalada, para outra empresa ou instituição.
Oferecimento de serviços em regime de “outsourcing” para empresas que
não desejam possuir sua própria infraestrutura.
Já no caso do cenário 2, tem-se a situação de uma rede que consegue atender às
requisições dos usuários e opera em sua capacidade plena. Porém já começa a apresentar
ocorrências significativas de erros.
De acordo com a análise efetuada, com a rede operando em alta velocidade e com
grande número de requisições, a percepção que o usuário tem é que o funcionamento da
rede ocorre dentro dos padrões de normalidade. Porém, a taxa de erros significativa aponta
para o surgimento, a médio e longo prazo, de problemas na qualidade de funcionamento da
infraestrutura.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 56
Desta forma, a Lógica Paraconsistente surge como uma ferramenta preditiva, e não
apenas corretiva, incorrendo em níveis menores de insatisfação e gastos por parte dos
usuários e responsáveis da área de TI, respectivamente.
Algumas ações podem ser consideradas com vistas a decrementar a taxa de erros
percebida na análise do tráfego de rede, dentre as quais:
Determinar em qual enlace se encontra o gargalo da rede. A aplicação do
Paranalisador de forma individual aos hosts é capaz de auxiliar nesta tarefa,
tendo em vista que os parâmetros de funcionamento global já foram
determinados sistemicamente.
A partir desta análise, verificar se o problema é pontual ou global. Esta
conclusão está diretamente relacionada à quantidade de áreas com
deficiência que foram observadas no item anterior.
Caso o problema seja pontual, a solução passa pela correção física ou lógica
do host envolvido na comunicação. Esta tarefa em geral é de resolução
simples e realizada por um técnico em informática.
Caso o problema seja global, a análise deve contemplar a possibilidade de
upgrading (quando possível) ou mesmo troca dos dispositivos comutadores
(switches) ou de interconexão de redes (roteadores) por outros de
capacidade superior, desde que suportados pelo projeto original da rede.
Ainda em relação à última possibilidade, é fundamental considerar que uma
infraestrutura de rede é um sistema descentralizado, porém suas partes têm
alto nível de acoplamento. Desta forma, muitas vezes a simples intervenção
em um dispositivo pode geral sobrecarga em outro que num primeiro
momento apresentava funcionamento normal.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 57
REFERÊNCIAS
1. ABE, J. M.; AKAMA, S.; NAKAMATSU, K. Introduction to Annotated Logics
- Foundations for Paracomplete and Paraconsistent Reasoning. 1. ed. [s.l.]
Springer International Publishing, 2015.
2. ABE, J. M.; CARVALHO, F. R. Tomadas de decisão com ferramentas da lógica
paraconsistente anotada. [s.l: s.n.].
3. AGARWAL, T.; LEONETTI, M. A. Design and Implementation of an IP based
authentication mechanism for Open Source Proxy Servers in Interception Mode. 17
fev. 2013.
4. AUSTIN, I. B. M. et al. Measuring client-perceived response times on the www.
the 3rd conference on USENIX Symposium on Internet Technologies and
Systems, n. March, p. 16, 2001.
5. BEN-PORAT, U.; BREMLER-BARR, A.; LEVY, H. Computer and network
performance: Graduating from the “age of Innocence”. Computer Networks, v.
66, p. 68–81, 2014.
6. BENADITP, J.; FRANCISF, S. ScienceDirect Improving the Performance of a
Proxy Cache Using Very Fast Decision Tree Classifier. Procedia - Procedia
Computer Science, v. 48, n. 48, p. 304–312, 2015.
7. CANALI, C.; CARDELLINI, V.; LANCELLOTTI, R. Content Adaptation
Architectures Based on Squid Proxy Server. World Wide Web, v. 9, n. 1, p. 63–
92, 2 mar. 2006.
8. CÁRDENAS, L. G. et al. The Multikey Web Cache Simulator: a Platform for
Designing Proxy Cache Management Techniques. Parallel, Distributed and
Network-Based Processing, 2004. Proceedings. 12th Euromicro Conference on,
p. 390 – 397, 2004.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 58
9. DA SILVA FILHO, J. I.; ABE, J. M. Paraconsistent analyzer module. [s.l: s.n.].
v. vol. 9
10. DA SILVA FILHO, J. I.; TORRES, G. L.; ABE, J. M. Uncertainty Treatment
Using Paraconsistent Logic - Introducing Paraconsistent Artificial Neural
Networks. [s.l: s.n.].
11. DAVISON, B. D.; WU, B. Implementing a web proxy evaluation architecture. n.
December, 2004.
12. FERNANDEZ-PRIETO, J. A. et al. Optimisation of control parameters for genetic
algorithms to test computer networks under realistic traffic loads. Applied Soft
Computing Journal, v. 12, n. 7, p. 1875–1883, 2012.
13. FOSSACECA, J. M.; MAZZUCHI, T. A.; SARKANI, S. MARK-ELM:
Application of a novel Multiple Kernel Learning framework for improving the
robustness of Network Intrusion Detection. Expert Systems with Applications, v.
42, n. 8, p. 4062–4080, 2015.
14. KUROSE, J. F.; ROSS, K. W. Computer Network: a top-down approach - 6th
ed. [s.l: s.n.]. v. 1
15. LIN, Y. K.; HUANG, C. F. Stochastic computer network under accuracy rate
constraint from QoS viewpoint. Information Sciences, v. 239, p. 241–252, 2013.
16. LIN, Y. K.; YEH, C. T. Using minimal cuts to optimize network reliability for a
stochastic computer network subject to assignment budget. Computers and
Operations Research, v. 38, n. 8, p. 1175–1187, 2011.
17. MISRA, A. K.; VERMA, M.; SHARMA, A. Capturing the interplay between
malware and anti-malware in a computer network. Applied Mathematics and
Computation, v. 229, p. 340–349, 2014.
18. ROMANO, S.; ELAARAG, H. A neural network proxy cache replacement strategy
and its implementation in the Squid proxy server. Neural Computing and
Applications, v. 20, n. 1, p. 59–78, 24 set. 2010.
Um analisador de tráfego de redes de computadores baseados na Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ
Alguns Temas em Computação Inteligente 59
19. ROSEN, R. Linux Kernel Networking advanced topics : Neighboring and
IPsec. [s.l: s.n.].
20. ROUSSKOV, A.; SOLOVIEV, V. A performance study of the Squid proxy on
HTTP/1.0. World Wide Web, v. 2, n. 1, p. 47–67, 1999.
21. SYSEL, M.; DOLEŽAL, O. An Educational HTTP Proxy Server. Procedia
Engineering, v. 69, p. 128–132, 2014.
22. WHITE, D.; REA, A. A Backpropagation Neural Network for Computer Network
Security. Journal of Computer Science, v. 2, n. 9, p. 710–715, 2006.
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 60
Método Lógico de Tomada de Decisão em Gestão da Inovação
Nélio Fernando dos Reis1,2
, Jair Minoro Abe1, 3
, Cristina C. Oliveira1,2
, Priscila Facciolli1,
Tavaves1
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista,
São Paulo, Brasil
2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
3Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
Resumo: Este trabalho pretende servir como suporte para decisão em gestão da inovação a
partir da Lógica E. Pretende-se propor um novo método para gestão da inovação, baseada
em critérios técnico-operacionais, de modo a fazer com que as decisões possam ser não
apenas confiáveis, mas também operacionalmente eficientes. Esta pesquisa apresenta
resultados que podem servir para gestores da inovação.
Palavras-chave: Inovação, Gestão, Lógica E
1. INTRODUÇÃO
Muitas empresas alegam ser inovadoras, criativas e de estarem à frente de seus
concorrentes, apesar do fato de que elas não estão usando métricas e métodos apropriados
para processos e resultados inovadores.
Tem havido muita discussão sobre gestão da inovação. O tomador de decisão é o
principal elemento na produção de inovação. Saber se a inovação deve abarcar recursos
para tal é uma decisão importante para qualquer organização.
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 61
Para tanto, o método apresentado pretende demonstrar saídas numéricas geradas de
tal sorte que sejam facilmente compreendidas pelos especialistas, sendo possível trabalhar
com dados contraditórios.
O modelo é construído através de uma abordagem da Lógica Paraconsistente
Anotada Evidencial E ), técnica que vêm ganhando espaço e consideração
nos diversos campos de pesquisa.
As principais vantagens do emprego da Lógica E derivam do fato de os
parâmetros de entrada ser estabelecidos pela estrutura do pensamento dos avaliadores,
consolidando uma lógica coletiva traduzida em termos matemáticos.
Espera-se que as saídas numéricas geradas pelo modelo sejam facilmente
compreendidas pelos gestores, auxiliando-os na tomada de decisão na gestão da inovação.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De Bes e Kotler (2011), afirmam que “sem inovação as empresas acabam”.
Inovação são o desenvolvimento e introdução de uma nova ideia, transformando-a em
processo, produto ou serviço. O'Sullivan (2000), afirma que: "inovação é o processo
através do qual são desenvolvidos os recursos produtivos e utilizada para gerar maior
qualidade e/ou produtos de menor custo em relação ao atual disponível”. Segundo Tidd e
Bessant (2009), inovação: “é mais do que simplesmente ter boas ideias: é o processo de
cultivá-las".
2.1. INOVAÇÃO
Sinsit et al (2014), distingui invenção de inovação da seguinte forma: “invenção é a
criação de uma nova ideia ou conceito. Enquanto inovação transforma o novo conceito em
sucesso comercial ou uso generalizado”. Ronan (2009), explica a inovação como
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 62
"implementação rentável de criatividade estratégica e que compreende quatro componentes
principais (1) criatividade, (2) estratégia, (3) implementação e (4) rentabilidade”.
A inovação é tanto um fator estratégico para as empresas dispostas a permanecer
competitivas no longo prazo, segundo Prahalad e Hamel (1990) e Gourville (2005), quanto
um dos aspectos menos conhecidos de negócios como afirma Takeuchi e Nonaka (1986).
Devido ao aumento da concorrência, mudanças na demanda e gosto do cliente, segundo
Danneels (2002), parecem extremamente importantes para as empresas gerir a inovação de
uma forma rápida e flexível a fim de superar os concorrentes e alcançar uma vantagem
competitiva sustentável.
De acordo com Vacek (2009), o escopo da inovação pode ser incremental ou
radical:
“incremental: tipicamente levada a cabo para melhorar um
produto ou serviço com uma nova característica que é facilmente
integrada; e radical: geralmente associada a ruptura para novos
passos e usos imprevisíveis para tecnologia existente.”
Ainda segundo Vacek (2009), os locais comuns de inovação são:
Produto: desenvolvimento de uma nova utilidade e/ou um novo bem ou
serviço;
Processo: produção ou entrega de método novo ou significativamente
melhorado que inclui mudanças significativas em técnicas, equipamentos
e/ou software;
Estrutura: inovações na funcionalidade da estrutura de trabalho, por
exemplo, a implementação de novos horários de trabalho, novos locais de
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 63
trabalho ou novos processos avançados de desenvolvimento dos recursos
humanos;
Mercado: mudanças significativas no posicionamento de bens ou serviços e
na identificação e satisfação de desejos de consumidores não atendidos.
2.2. MODELOS DE INOVAÇÃO
Muitas empresas alegam ser inovadoras, criativas e de estarem à frente de seus
concorrentes, apesar do fato de que elas não estão usando métricas e métodos apropriados
para processos e resultados inovadores. Segundo De Bes e Kotler (2011) “a inovação é um
processo desordenado: difícil de mensurar e difícil de administrar”.
De acordo com Sinsit et al (2014), existem vários modelos e definições para a
inovação, no entanto a maioria das teorias de inovação é baseada em processos. Poots e
Woodcock (2012), no entanto, afirmam que inovação é uma arte, não é uma ciência e por
isso não é possível prever o sucesso de uma inovação até que seja aceita pelo respectivo
mercado.
Desde a década de 1950 tem havido uma proliferação de modelos de inovação, cada
um com o propósito de orientar o processo de inovação dentro das empresas, conforme
resumo na Tabela 1.
Tabela 1: Desenvolvimento de Modelos de Inovação (Adaptado de Hobday, 2005)
Modelo Geração Característica
Tecnológico 1ª (1950-1960) Ênfase em P&D. Mercado recebe as ideias do P&D
Mercadológico 2ª (1960-1970) Ênfase no Marketing. Mercado é a fonte de novas
ideias para P&D
Acoplado 3ª (1970-1980) Laços de feedback entre Mercado e P&D
Interativo 4ª (1980-1990) Ênfase no ambiente externo, combinando
Marketing e P&D
Rede 5ª (1990-2000) Ênfase na acumulação de conhecimento e vínculos
externos, integração de sistemas e extensa rede.
Aberto 6ª (2000-atual)
Ênfase na interatividade. Ideias internas e
externas, bem como caminhos internos e externos
para o mercado podem ser combinados para fazer
avançar o desenvolvimento da inovação.
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 64
Para cada passo há várias ferramentas e técnicas que podem ser selecionadas com
base na estrutura da empresa, o mercado alvo ou tipo de produtos ou serviços.
Estabelecer um modelo lógico de tomada de decisão sobre gestão da inovação é um
avanço que pode ser conseguido traduzindo a linguagem humana em expressões
matemáticas através da lógica.
No próximo tópico será apresentada a Lógica E que está ganhando espaço mundial
em pesquisas científicas, dado sua facilidade de manipulação e os resultados confiáveis.
2.3. LÓGICA E
A Lógica E permite tratar dados subjetivos do mundo real em dados precisos com
saídas numéricas Reis (2014). Uma de suas vantagens é realizar a tradução da linguagem
natural (termos linguísticos) utilizada nas comunicações diárias em expressões
matemáticas. Isso é conseguido por meio das propriedades do reticulado de anotações.
De Carvalho e Abe (2011) afirmam que:
“Na lógica E associa-se a cada proposição p, no sentido comum,
um par (), representando pelas letras gregas mi () e lambda
(), representando da seguinte forma: p(). e variam no
intervalo fechado real [0, 1]. Portanto, o par () pertence ao
produto cartesiano [0, 1] x [0, 1]. Intuitivamente, representa o
grau de evidencia favorável expressa em p, e o grau de
evidencia contrária expressa por p. O par () é chamado de
constante de anotação ou, simplesmente, anotação. As proposições
atômicas da lógica E são do tipo p()”.
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 65
Segundo De Carvalho e Abe (2011), as vantagens na elaboração de sistemas
paraconsistentes são: rapidez com que a construção do sistema é realizada em relação aos
modelos baseados em Lógica “fuzzy” (comum ou booleana) e de tornar desnecessário o
desenvolvimento ou conhecimento de um modelo matemático robusto.
A lógica por si só não pode produzir resultados na gestão, contudo associada a
método de tomada de decisão é possível avançar em direção a resultados interessantes e
exequíveis.
3. MÉTODO DE TOMADA DE DECISÃO EM GESTÃO DA INOVAÇÃO
O processo de seleção para um sistema de gestão da inovação é o mesmo que o
processo de escolha de metodologia de melhoria. De Bes e Kotler (2011) afirmam:
“os executivos dizem que a inovação é muito importante, mas a
abordagem de suas empresas em relação a isso é, em muitos casos,
informal, e os líderes carecem de confiança em suas decisões sobre
inovação”.
O Método de Tomada de Decisão em Gestão da Inovação é estabelecido não como
um processo de inovação, mas através da interação entre seis fases distintas: identificação,
inteligência, idealização, instrumentalização, implementação e indicadores. Essas fases
foram identificadas no modelo A-F de De Bes e Kotler (2011) que afirmam:
“esse modelo resultada da análise de diversas empresas que
consideramos inovadoras e que obtêm bons resultados do tempo e
dos recursos investidos na inovação: Apple, Google, Netflix, 3M,
Procter & Gamble, General Electric, BMW, Frito Lay, IBM,
Toyota, Southwest Airlines, Starbucks, Microsoft, Tesco, Royal
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 66
Dutch/Shell, Walmart, Exxon, Ikea, Ericsson, Nokia e Corning
foram as principais empresas estudadas”.
A Figura 1 apresenta os 6 I’s adaptados do modelo A-F de De Bes e Kotler (2011).
Figura 1: Fatores 6I’s
Para melhor entendimento dos fatores 6I’s, é possível defini-los da seguinte forma:
- Identificação: utilidade e necessidade são variáveis importantes na etapa inicial de
inovação. Podem ser expressas através da porcentagem X da população que se beneficia
em relação ao todo;
- Inteligência: potencialidades de clientes que podem ser atendidos, gerando
insumos para a ideia, para o desenvolvimento e para estratégia da inovação. Traduzida de
forma global em tamanho do impacto no local de inovação;
- Idealização: método de geração de ideias, ideias selecionadas e conceito definido
são fundamentais nessa etapa. A quantidade Y, de atributos das ideias, pode ser
apresentada como medida de comparação com a média M de atributos em similares
disponíveis;
- Instrumentalização: inicialização do teste e adequação do conceito pode ser
representada pela função do gasto médio G em relação a similar disponível S;
Indicadores
inteligência
implementação
idealização identificação
instrumentalização
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 67
- Implementação: plano de ação expresso em prazo P para desenvolvimento e
implantação medidos em função do ciclo de vida C; e
- Indicadores: investimento I medidos em função do retorno R esperado sobre o
ciclo de vida da inovação.
A metodologia desta pesquisa será explicada a seguir.
4. METODOLOGIA
Metodologia utilizada neste trabalho se deu da seguinte forma:
1) Problema desta pesquisa foi definido em forma de questão:
- como fazer gestão da inovação tendo dados contraditórios?
2) Hipótese elaborada nesta pesquisa foi a seguinte:
- é possível tomar decisão na gestão da inovação com dados lógicos.
3) Revisão bibliográfica realizada:
- levantamento teórico e revisão sobre inovação e Lógica E
4) Coleta de dados realizada através:
- sistemas de especialistas, divididos em três grupos:
- A: 03 (três) especialistas em inovação tecnológica;
- B: 03 (três) especialistas em gestão de negócios; e
- C: 02 (dois) especialistas em investimentos de risco.
5) Objeto de estudo definido de tal sorte que fosse:
- observação direta extensiva de especialistas.
Os especialistas avaliaram os fatores 6I’s para inovação em produto, processo e
mercado. Num primeiro momento entendeu-se o modelo. Após isso, foram conduzidas
sessões de brainstorm para identificação dos fatores e construção da proposição lógica. Os
resultados e as proposições lógicas estão apresentados no quadro a seguir.
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 68
Quadro 1: 6 I’s e Proposições
Fatores Seções Proposição Descrição
Identificação – I1
S1 X >70% A população beneficiada X é
maior que 70% do todo.
S2 30% ≤ X ≤ 70%
A população beneficiada X é
maior ou igual a 30% e
menor ou igual a 70% do
todo.
S3 X < 30% A população beneficiada X é
menor que 30% do todo.
Inteligência – I2
S1 Z >70%
Grande impacto positivo Z no
local de inovação. Quando Z
receitas sobem acima de 70%
em relação a atual ou Z
custos são reduzidos em mais
de 70% em relação ao atual.
S2 30% ≤ Z ≤ 70%
Médio impacto positivo no
local de inovação. Quando Z
receitas sobem ou Z custos
são reduzidos em mais de
30% e menos de 70% em
relação ao atual.
S3 Z < 30%
Pequeno impacto positivo no
local de inovação. Quando Z
receitas ou Z custos reduzidos
em valor menor que 30% do
atual.
Idealização – I3
S1 Y > 1,5M Atributos Y da inovação são
maiores em 1,5 vezes a média
M similar.
S2 0,5M ≤ Y ≤ 1,5M
Atributos Y da inovação são
maiores ou iguais em 0,5
vezes e menores ou iguais em
1,5 vezes a média similar.
S3 Y < 0,5M Atributos Y da inovação são
menores em 0,5 vezes a média
M similar.
Instrumentalização – I4
S1 G < 40%S Gasto médio G da inovação é
menor que 40% de similar S.
S2 70%S ≤ G ≤ 40%S
Gasto médio G da inovação é
maior ou igual a 70% e
menor ou igual a 40% de
similar S.
S3 G > 70%S Gasto médio G da inovação é
maior que 70% de similar S.
Implementação – I5
S1 P < 30%C
Prazo P de desenvolvimento e
implantação da inovação é
menor que 30% do ciclo de
vida do atual.
S2 30%C ≤ P ≤ 70%C
Prazo P de desenvolvimento e
implantação da inovação é
maior ou igual a 30% e
menor ou igual a 70% do
ciclo de vida do atual.
S3 P > 70%C
Prazo P de desenvolvimento e
implantação da inovação é
maior que 70% do ciclo de
vida do atual.
Indicadores – I6
S1 I < 30%R Investimento na inovação é
maior que 70% do retorno
esperado no ciclo de vida.
S2 30%R ≤ I ≤ 70%R
Investimento na inovação é
maior ou igual a 30% e
menor ou igual a 70% do
retorno esperado no ciclo de
vida.
S3 I > 70%R Investimento na inovação é
menor que 30% do retorno
esperado no ciclo de vida.
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 69
Foram executadas 02 (duas) rodadas Delphi que buscaram: identificar a certeza do
especialista em relação a decisão de cada fator e a contradição possível em relação ao
especialista.
A consulta foi conduzida por formulário via e-mail. A maior diferença entre elas é
que, na segunda rodada, foi informado o resultado das respostas de cada uma das
proposições da primeira rodada de todos os especialistas, oferecendo ao respondente
oportunidade de rever suas evidencias anteriores, se assim o desejasse.
5. APLICAÇÃO
A fim de facilitar o entendimento por parte dos especialistas em relação a evidência
favorável e evidência contrária, desenvolveu-se a Tabela 1 para orientar os valores
atribuídos os graus de evidência.
Tabela 1. Orientação de cada valor de grau de evidência favorável
Grau Descrição
1,0 Quase não há nenhuma dúvida em relação a
evidência
0,9 Dúvida mínima em relação a evidência
0,8 Pequena dúvida em relação a evidência
0,7 Dúvida média em relação a evidência
0,6 Dúvida grande em relação a evidência
0,5 Dúvida muito grande em relação a evidência
0,4 Baixa certeza em relação a evidência
0,3 Muito baixa certeza em relação a evidência
0,2 Pouca certeza em relação a evidência
0,1 Pequena certeza em relação a evidência
0,0 Quase nenhuma certeza em relação a evidência
Em relação aos fatores, deve-se raciocinar que eles são independentes um do outro.
Assim sendo, os especialistas atribuíram seus graus de evidência favorável () e evidência
contrária () em cada proposição, conforme Tabela 2
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 70
.
Tabela 2. Base de dados das evidências dos especialistas F
ato
res
Seç
ões
Grupo A Grupo B Grupo C
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8
I1
S1 1,0 0,1 0,3 0,2 0,8 0,3 0,3 0,2 0,9 0,3 0,7 0,1 0,3 0,2 0,2 0,0
S2 0,5 0,5 0,4 0,6 0,6 0,4 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
S3 0,1 1,0 0,2 0,9 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 0,9 0,1 0,9 0,3 1,0 0,0 1,0
I2
S1 0,8 0,4 0,9 0,3 0,7 0,1 1,0 0,1 0,9 0,2 0,8 0,3 0,8 0,3 0,9 0,2
S2 0,5 0,5 0,4 0,6 0,6 0,4 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
S3 0,1 1,0 0,2 0,9 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 0,9 0,1 0,9 0,3 1,0 0,0 1,0
I3
S1 1,0 0,1 0,9 0,2 0,8 0,3 0,8 0,4 0,9 0,3 0,7 0,1 0,9 0,1 0,9 0,1
S2 0,5 0,5 0,4 0,6 0,6 0,4 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
S3 0,1 1,0 0,2 0,9 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 0,9 0,1 0,9 0,3 1,0 0,0 1,0
I4
S1 0,8 0,4 0,9 0,3 0,7 0,1 1,0 0,1 0,9 0,2 0,8 0,3 0,8 0,3 0,9 0,2
S2 0,5 0,5 0,4 0,6 0,6 0,4 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
S3 0,1 1,0 0,2 0,9 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 0,9 0,1 0,9 0,3 1,0 0,0 1,0
I5
S1 1,0 0,1 0,9 0,2 0,8 0,3 1,0 0,1 0,9 0,2 0,8 0,3 0,9 0,1 0,9 0,1
S2 0,5 0,5 0,4 0,6 0,6 0,4 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
S3 0,1 1,0 0,2 0,9 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 0,9 0,1 0,9 0,3 1,0 0,0 1,0
I6
S1 0,8 0,4 0,9 0,3 0,7 0,1 0,8 0,4 0,9 0,3 0,7 0,1 0,7 0,4 1,0 0,0
S2 0,5 0,5 0,4 0,6 0,6 0,4 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
S3 0,1 1,0 0,2 0,9 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 0,9 0,1 0,9 0,3 1,0 0,0 1,0
Com a base de dados da Tabela 1, podem-se extrair as evidencias dos especialistas
sobre os fatores 6 I’s. Eles são demonstrados na tabela 2 com utilização das regras Máx e
Mini.
5.1. REGRAS DE MAXIMIZAÇÃO (MÁX) E DE MINIMIZAÇÃO (MINI)
O passo seguinte é aplicar a regra de maximização (Máx) e de minimização (Mini)
às evidências dos especialistas para cada um dos fatores de inovação.
Aplicam-se as regras de maximização da evidência favorável intragrupos, sendo o
conectivo (Máx) na evidência favorável e o conectivo (Mini) na evidência contrária dentro
de cada grupo e a regra de minimização da evidência favorável entre os grupos, sendo o
conectivo (Mini) na evidência favorável e conectivo (Máx) na evidência contrária para os
resultados obtidos nos três grupos (entre grupos), agrupados, conforme Figura 2, ou seja:
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 71
Figura 2. Esquema da aplicação dos operadores MÁX e MÍN .
5.2. ANÁLISE
Tem-se evidência favorável ou contrária a aceitação da inovação, se houver um
grau de certeza em módulo igual ou maior que 0,6. Esse nível de exigência pode sofrer
alterações dependendo do foco da inovação. Contudo, neste estudo, foi o valor atribuído
após discussões com especialistas.
O Grau de certeza é definido da seguinte forma: Gcert =
Resumindo, o critério de divisão é o seguinte:
a) Gcert 0,6 Verdade (V), ou seja, FAVORÁVEL a inovação;
b) Gcert -0,6 Falsidade (F), ou seja, CONTRÁRIO a inovação; e
c) -0,6 < Gcert < 0,6 Região entre a Verdade e a Falsidade é DÚVIDA.
A base de dados foi tratada com os conectivos Máx e Mini e os resultados dos três
temas podem ser observados na Tabela 2.
Grupo A Grupo B Grupo C
Máx ; Míni Máx ; Míni
Máx ; Míni
Míni ; Max
-
Decisão
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 72
Tabela 2: Graus de evidência resultantes da aplicação das regras Máx e Mini
Observando-se os graus de evidência favorável e contrária resultantes da aplicação
das regras de maximização (OR) e minimização (AND) às evidências dos especialistas,
nota-se que o grau de certeza (Gcert) para S1 está acima de 0,6 como estabelecidos no
critério para certeza em relação a inovação. A título de exemplo, embora os especialistas
E3, E4 e E7 em I1 S1 tenham atribuído evidência ) que é uma afirmação de (F)
Falsidade, ou seja, há certeza de a afirmação é falsa e não se devem inovar, ao se levar em
consideração as demais evidências dos demais especialistas o resultado é de (V) Verdade,
ou seja, essa proposição é uma condição para inovar. Enfim, pode-se dizer em qual região
da certeza ele se encontra. Conforme se observa na figura abaixo o fator I1S1 está plotado
em () na região de OPJC= (V) verdade. Já I1S2 tem sua evidência coletiva na
região de () paracompleteza e está plotado em () na região central, evidenciando
Fa
tores
Seç
ões
Grupo A Grupo B Grupo C Entre
Grupos
Número de linhas: 18
(dezoito)
Nível de Exigência: ≥
0,600
Conclusões
M
áx
Min
i
Má
x
Min
i
M
áx
Min
i
Min
i
Máx
Gcer
t Decisão
I1
S1 1,0 0,1 0,9 0,1 1,0 0,0 0,9 0,1 0,8 FAVORÁVEL
S2 0,6 0,4 0,6 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,0 DÚVIDA
S3 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 1,0 0,3 1,0 -0,7 CONTRÁRIO
I2
S1 0,9 0,1 1,0 0,1 0,9 0,2 0,9 0,2 0,7 FAVORÁVEL
S2 0,6 0,4 0,6 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,0 DÚVIDA
S3 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 1,0 0,3 1,0 -0,7 CONTRÁRIO
I3
S1 1,0 0,1 0,9 0,1 0,9 0,1 0,9 0,1 0,8 FAVORÁVEL
S2 0,6 0,4 0,6 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,0 DÚVIDA
S3 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 1,0 0,3 1,0 -0,7 CONTRÁRIO
I4
S1 0,9 0,1 1,0 0,1 0,9 0,2 0,9 0,2 0,7 FAVORÁVEL
S2 0,6 0,4 0,6 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,0 DÚVIDA
S3 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 1,0 0,3 1,0 -0,7 CONTRÁRIO
I5
S1 1,0 0,1 1,0 0,1 0,9 0,1 0,9 0,1 0,8 FAVORÁVEL
S2 0,6 0,4 0,6 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,0 DÚVIDA
S3 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 1,0 0,3 1,0 -0,7 CONTRÁRIO
I6
S1 0,9 0,1 0,9 0,1 1,0 0,0 0,9 0,1 0,8 FAVORÁVEL
S2 0,6 0,4 0,6 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,0 DÚVIDA
S3 0,3 0,8 0,3 0,9 0,3 1,0 0,3 1,0 -0,7 CONTRÁRIO
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 73
dúvida em relação a inovar. Já o I1S3 tem sua evidência coletiva na região de (F) falsidade
está plotado em (), ou seja, a evidência dos especialistas é não inovar dada essa
proposição. O fator I2S1 está plotado abaixo no Quadrado unitário do plano cartesiano –
QUPC, adaptado dos estudos de De Carvalho e Abe, 2011. Os demais resultados
coincidem com I1S1, I1S2, I1S3 e I2S1.
Figura 3: Aplicação do dispositivo para-analisador no QUPC.
Se houver necessidade de um critério mais rigoroso para tomada de decisão, ou seja,
decisão mais segura, mais confiável, torna-se necessário aumentar o nível de exigência,
isto é, devem-se aproximar as linhas PQ e TU dos pontos C e D, respectivamente, e
também pode-se utilizar um número maior de especialistas, ou até mesmo ponderar a
evidência atribuída dependendo do peso de cada especialista.
Portanto, o suporte da Lógica Et na tomada de decisão em gestão da inovação
permite determinar possíveis inconsistências de dados e verificar até que ponto elas são
aceitáveis ou não nas regras de decisão. É possível ainda regular e calibrar os dados das
proposições para um melhor resultado na tomada de decisão.
AMN= Região de paracompleteza () BRS= Região de inconsistência (T)
CPQ= Região de verdade (V)
DTU= Região de falsidade (F) OFSL= Quase (T), tendendo à F
OHUL= Quase (F), tendendo à T
OHTI= Quase (F), tendendo à
OENT= Quase (), tendendo à F
OEMK= Quase (), tendendo à V
OGPK= Quase (V), tendendo à OGQJ= Quase (V), tendendo à T
OFRJ= Quase (T), tendendo à V
A
B
C
D
0,4 )
0,2 )
0,2 )
0,4 )
0,6 )
0,6 )
0,8 )
0,8 )
1,0
0,8
1,0 )
0,0
) 0,0 )
E )
F )
G )
H )
M )
N )
P
)
Q )
R )
S )
T )
U )
L )
I )
J )
Grau de evidência favorável )
Gra
u d
e e
vid
ên
cia c
on
trá
ria
Quadrado unitário do plano cartesiano - QUPC
)
K )
o )
I1S1
I1S2
I1S3
I2S1
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 74
6. CONCLUSÃO
Se houver necessidade de um critério mais rigoroso, ou seja, decisão mais segura,
mais confiável, torna-se necessário aumentar o nível de exigência, ou, utilizar um número
maior de especialistas, ou até mesmo ponderar a evidência atribuída dependendo do peso
de cada especialista.
Uma das grandes vantagens deste método é a sua grande versatilidade. Os
especialistas podem sofrer influência, mas de uma forma geral não são as mesmas para
todos. Certamente que, num momento de conflito latente, o especialista tende a
desacreditar a inovação mais do que acreditar e o contrário podem acontecer nos
momentos de euforia, de alegria, mas dificilmente todos os especialistas estarão com o
mesmo sentimento.
Por fim, virtualmente todos os problemas em que a incerteza, a ambiguidade ou a
linguagem natural do ser humano é relevante apresentam situações favoráveis a aplicação
da Lógica E.
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 75
REFERÊNCIAS
1. De Bes, F.T.; Kotler, P. (2011). A bíblia da inovação: princípios fundamentais para
levar a cultura da inovação contínua às organizações. São Paulo. Leya.
2. De Carvalho, F.R.; Abe, J.M. (2011) Tomadas de decisão com ferramentas da
lógica paraconsistente anotada. São Paulo. Editora Blucher. p, 37-47.
3. Gourville J.T. (2005). The Curse of Innovation: A Theory of Why Innovative New
Products Fail in the Marketplace, Harvard Business School. Marketing Research
Papers, No. 05-06.
4. Hobday , M. (2005). Firm-level Innovation Models, Technology Analysis &
Strategic Management. Vol. 17, No 2, pp. 121-145
5. O’Sullivan M. (2000). The Innovative Enterprise and Corporate Governance,
Cambridge Journal of Economics, Vol. 24, No. 4, pp. 393-416.
6. Tidd, J.; Bessant J. (2009). Managing Innovation: Integrating Technological,
Market and Organizational Change 4e - first ed. with Keith Pavitt.Chichester:
Wiley Press.
7. Vacek, J. (2009). Innovation Management, Department of Management,
Innovations and Projects of University Washington Bothell - UWB, Faculty of
Economics.
8. Prahalad C.K.; Hamel G. (1990). The core Competence of the Corporation,
Harward Business Review, Vol. 68, Issue 3, p. 79-91
9. Reis, N.F. (2014). Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos – Tese
apresentada para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção na
Universidade Paulista, UNIP-SP.
10. Poots A. J.; Woodcock T. (2012). Statistical process control for data without
inherent order, BMC Medical Informatics and Decision Making, Vol. 12 Issue 1,
p86
Método Lógico De Tomada De Decisão Em Gestão Da Inovação
Alguns Temas em Computação Inteligente 76
11. Ronan, D. (2009) A Study of innovation measurement and innovation management
at Irish medical device SME’s”. National University of Ireland.
12. Sinsit, Z.T.; Vayvay, O.; Ozturk, O. (2014). An outline of innovation management
process: building a framework for managers to implement innovation. 10th
International Strategic Management Conference. Procedia - Social and Behavioral
Sciences, vol.150, pp. 690 – 699.
13. Takeuchi H.; Nonaka I. (1986). The new new product development game, Harvard
Business Review, pp. 137-146.
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 77
Aspectos sobre Qualidade de Software em ERP utilizando a
Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E
Priscila Facciolli Tavaves1, Jair Minoro Abe
1,2, Genivaldo C. Silva
1,
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
[email protected]; [email protected]; [email protected]
Resumo - Este estudo apresenta a percepção dos usuários referente aos softwares ERP
(Enterprise Resource Planing). Utilizou-se a ISO/IEC 9126-1 para a avaliação dos quesitos
de qualidade. Como ferramenta de tomada de decisão, utilizou-se a Lógica Paraconsistente
Anotada Evidencial e Eτ, auxiliando as fábricas de software em qual item investir para a
melhoria do processo produtivo e por consequência de seu produto final.
Palavras-chave: Qualidade de Software, ISO 9126-1, ERP, Lógica Paraconsistente.
Abstract - This study shows the perception of users regarding the ERP software
(Enterprise Resource Planning). Utilizing the ISO / IEC 9126-1 for the evaluation of
quality concerns. As a decision-making tool, we used the Paraconsistent Logic Annotated
Evidential and Eτ, assisting software factories in which item invest to improve the
production process and consequently of the final product.
Keywords: Software Quality, ISO 9126-1, ERP, Paraconsistent Logic.
1. INTRODUÇÃO
A partir da segunda década dos anos 90, a implementação dos softwares ERP
(Enterprise Resource Planning) apresentou-se como um dos principais focos de
investimentos relacionados a utilização da Tecnologia da Informação nas empresas,
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 78
Laudon & Laudon (2014), que visavam obter vantagens competitivas por meio da redução
de custos e diferenciação de produtos com a utilização destes sistemas.
Com isso, houve a necessidade de integração dos processos de negócios nas
empresas e com esse propósito o ERP foi concebido.
À medida que cresce a popularização da utilização do ERP entre as empresas,
também cresce a preocupação com a qualidade desses sistemas Pressman (2011), visto que
há no mercado inúmeras fábricas de software neste segmento de atuação.
Para avaliar se os softwares atendem quesitos de qualidade, a ISO IEC/9126 (1991),
define seis grupos de características que visam garantir que os softwares sejam
considerados produtos com qualidade.
A proposição dessa pesquisa é: Como os usuários de TI avaliam os aspectos de
qualidade existentes nos ERP´s?
Como objetivo geral do estudo tem-se: avaliar, pela percepção do usuário, a
qualidade do produto de software ERP, utilizando como método a norma ISO/IEC 9126.
São os objetivos específicos da pesquisa:
Identificar e avaliar pela percepção do usuário, a qualidade do ERP, tendo por
base nos seis grupos propostos pela ISO/IEC 9126.
Aplicar a Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ, auxiliando na decisão
sobre em qual característica de qualidade investir, melhorando assim seus
processos e por consequência seus produtos de software.
A pesquisa se faz relevante, pois O’Brien (2013) afirma que as empresas investem
em ERP para: melhor eficiência operacional, inovar em produtos, serviços e negócio,
assertividade nas decisões e obter vantagem competitiva frente à concorrência.
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 79
Diante disso, os mercados globalizados criaram enorme demanda por qualidade,
motivando a comunidade de TI na utilização de normas internacionais para tal, por
exemplo, a ISO/IEC 9126 que é foco deste estudo.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. QUALIDADE DE SOFTWARE
Alguns pensamentos sobre qualidade: para Deming [5], a qualidade de um produto
tem um propósito: satisfazer o cliente. Já Crosby (1992) afirma que: “a qualidade é a
conformidade aos requisitos”.
Os pensamentos acima são atuais também nas fábricas de software, pois não é
aceitável entregar produtos com baixa qualidade e reparar seus problemas depois que o
produto foi entregue ao cliente (SOMMERVILLE, 2011).
Apresentam-se as abordagens sobre qualidade em software (COSTA, 2013)
Baseada no produto: Inicialmente definida no escopo do projeto;
Baseada no usuário: Atendendo ás necessidades dos clientes, qualidade
percebida,
Baseada no processo: Conformidade com as especificações, na ausência de
falhas,
Baseadas no valor: Durante a definição de prazo e custo.
2.2. ISO/IEC 9126-1
Divide-se em quatro normativas, porém utilizou-se apenas a Parte 1: Modelo de
Qualidade para este estudo. A ISO/IEC 9126-1 apresenta seis grupos que aferem qualidade
ao software, conforme Tabela 1 abaixo (ISO/IEC 9126, 1991):
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 80
Tabela 1 - Características da Qualidade de Software de acordo com ISO/IEC 9126-1
Características Descrição F1-Funcionalidade Funções que atendem ás necessidades explícitas e implícitas para a
finalidade que se destina o produto.
F2-Confiabilidade Desempenho se mantém ao longo do tempo sob condições
estabelecidas.
F3-Usabilidade Evidencia a facilidade para uso do software.
F4-Eficiência Os recursos e os tempos envolvidos são compatíveis com o nível de
desempenho requerido para o produto.
F5Manutenibilidade Evidencia se há facilidade para correções e atualizações.
F6-Portabilidade Utiliza-se multiplataformas, pequeno esforço de adaptação.
Fonte: Adaptado de Costa et al (2013)
2.3. ERP – ENTERPRISE RESOURCE PLANNING
O ERP surgiu da confluência de fatores como: integração de empresas
transnacionais exigindo tratamento único e em tempo real da informação; tendência de
substituição de estruturas funcionais por estruturas ancoradas em processos; e integração
dos vários sistemas de informação em um único sistema.
Mantém fluxo de informações único e consistente por toda a empresa sob uma
única base de dados. Demonstra as transações efetuadas pela empresa, desenhando
cenários de seus processos de negócios (DEMING, 1991).
Dispõe de um conjunto de programas que interligam e incorporam os
procedimentos administrativos ou dados gerados por outros aplicativos (CHERENE,
2014).
Ainda, o ERP integra a gestão da empresa, melhorando a tomada de decisão e
permitindo o monitoramento em tempo real (LAUDON & LAUDON, 2014).
2.4. LÓGICA PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL E
Quase todos os aspectos do mundo real trazem certo grau de imprecisão ou
inconsistência. Em certas ocasiões uma dada proposição pode não ser verdadeira e nem
falsa; ou pode ser verdadeiro e falso simultaneamente, denotando uma inconsistência (De
Carvalho & Abe, 2011).
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 81
A Lógica Paraconsistente é aquela que nos permite lidar com sistemas
inconsistentes e que auxilia na tomada de decisão assertiva (Abe, 2011). Os primeiros
sistemas formais foram introduzidos pelo lógico polonês Stanislaw Jaskowski (em 1948), o
lógico norte americano David Nelson (em 1959) e o lógico brasileiro Newton da Costa (em
1959-1963).
Quando consideramos a estrutura τ abaixo, a lógica correspondente é chamada
Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ. As fórmulas atômicas da lógica Eτ são do
tipo P (m, l), onde P é uma proposição e (m, l) Î [0, 1] é o intervalo real unitário fechado. P
(m, ,l) pode ser lido como: "A evidência favorável de P é m e a evidência contrária é l" (De
Carvalho & Abe, 2010).
Assim, apresentamos os seguintes conceitos: p (1.0, 0.0) pode ser lido como uma
proposição verdadeira, p (0.0, 1.0) é falso, p(1.0, 1.0) é inconsistente, p(0.0, 0.0) é paracompleto, e
p(0.5, 0.5) é uma proposição indefinida [10]. Também se apresenta a seguinte concepção
introdutória: Grau de Incerteza: Gin (m, l) = m + l - 1 (0 £ m, l £ 1) e Grau de Certeza: Gce (m, l)
= m - l (0 £ m, l £ 1) [11].
Outra relação é definida sobre [0, 1]2: (m1, l1) £ (m2, l2) Û m1 £ m2 e l1 £ l2,
constituindo um reticulado que será simbolizado por τ, conforme Figura 1:
Figura 3- Estados Paraconsistentes no Reticulado τ
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 82
Fonte: Adaptado de (Abe, 2011)
3. METODOLOGIA
Houve encaminhamento de um questionário on-line por e-mail á trinta usuários de
TI que utilizam o ERP em suas operações diárias, onde abordou-se perguntas sobre a
percepção dos usuários referentes ás 6 características da ISO 9126-1 indicadas na Tabela 1.
Seus resultados foram agrupados por grupos de especialistas (Usuários Finais,
Analistas de Sistemas e Gerentes de TI), onde se obtiveram dados quantitativos.
A partir destes dados, utilizou-se a Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E
para apoiar as Fábricas de Software na decisão de qual característica de qualidade referente
á ISO 9126-1 investir esforços na correção de problemas para, por consequência, melhorar
o produto e obter satisfação dos clientes de ERP.
Abaixo, segue procedimentos para a aplicação da Lógica Paraconsistente:
a) Definição da Proposição: Para iniciar os trabalhos, partimos para a seguinte
afirmação: Houve problemas na qualidade de software ERP.
b) Fatores para análise dos especialistas: Os fatores utilizados para a análise dos
entrevistados foram os mesmos citados na Tabela 1, a partir da ISO/IEC 9126.
c) Sessões para análise dos especialistas: As sessões questionadas de acordo com
cada fator estão assim relacionadas, conforme Tabela 2:
Tabela 2 - Fatores e Sessões utilizadas na estruturação da Base de Dados
Fatores Sessões
F1 Funcionalidade
S1 - As funções que o ERP contempla satisfazem as
necessidades atuais?
F2 Confiabilidade
S1 - O ERP mantém seu nível de desempenho (não trava)
mesmo em situações críticas?
F3 Eficiência
S1 - O nível de desempenho X tempo de resposta do ERP
é equilibrado?
F4 Usabilidade
S1 - O esforço necessário para que o usuário utilize o ERP
não é relevante, software fácil de aprender e de fácil
operação?
F5 Manutenibilidade
S1 - É necessário realizar grande esforço para o upgrade
ou para efetuar manutenção no ERP?
F6 Portabilidade
S1 - O ERP trabalha em multiplataformas. Ex.: Windows,
Linux, Os2, SQL, Oracle, DB2, etc.?
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 83
Fonte: Autores
d) Definição dos grupos de especialistas: O questionário foi encaminhado para 3
grupos de especialistas em TI: Usuários Finais, Analistas de Sistemas e Gerentes de TI,
(seguindo assim norma de avaliação ISO/IEC 9126-1), onde cada grupo obteve dez
respostas, totalizando trinta usuários de ERP entrevistados.
e) Respostas dos usuários: Cada fator de qualidade foi avaliado pelos usuários de
ERP sobre os aspectos positivos e negativos (, ) que variam de 0 até 1.
f) Atribuição de pesos ás respostas dos especialistas: Foi atribuído um peso "2" nas
respostas do grupo de usuários finais, pois este é esse é o eixo central da pesquisa.
g) Construção da base de dados: A partir da Tabela 2, as respostas dos
especialistas foram agrupadas de acordo com seu grupo e os dados foram
normalizados através de média aritmética e distribuídos dentre cada tipo de
especialidade, conforme Tabela 3:
Tabela 3 -Coleta de Dados a partir de especialistas
Fonte: Autores
Com os dados da Tabela 3, extraíram-se as evidências favoráveis e contrárias dos
especialistas sobre os fatores (F1 a F6). Foram aplicadas as regras de Máx e Min.
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 84
h) Regras de maximização (Máx) e de minimização (Min): Utilizaram-se
as regras de Máx e Min às evidências dos especialistas para cada fator e sessão
identificados.
Aplicou-se as regras de maximização da evidência favorável intragrupos, sendo o
conectivo (Máx) na evidência favorável e o conectivo (Min) na evidência contrária, e a
regra de minimização da evidência favorável entre os grupos, sendo o conectivo (Min) na
evidência favorável e (Máx) na evidência contrária para os resultados obtidos nos três
grupos.
4. ANÁLISES E DISCUSSÕES
Tem-se evidência favorável ou contrária relativa às características de qualidade do
software, se houver um grau de certeza em módulo igual ou maior que 0,6. O Grau de
certeza é definido da seguinte forma: Gcert =
O critério de divisão adotado foi:
a) Gcert 0,6 Verdade (V), ou seja, FAVORÁVEL, o fator de software avaliado
pode ser considerado com qualidade;
b) Gcert -0,6 Falsidade (F), ou seja, CONTRÁRIO, o fator de software avaliado
NÃO possui com qualidade; e
c) -0,6 < Gcert < 0,6 Região entre a Verdade e a Falsidade é DÚVIDA, onde a
quantidade de dados apresentados foi inconclusiva para determinar se o fator do software
possui qualidade ou não.
Foram aplicado nos dados da Tabela 3, as regras de Máx e Min, abaixo na Tabela
4.
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 85
Tabela 4 - Graus de evidência após aplicação das regras de Max e Mini
Fa
tore
s
Seç
ões
Número de Registros: 6
Nível de Requisito:≥ 0,6
Max e Mini
entre grupos Conclusão
1R 2R Gcert Gcontr Decisão
F1 S1 0,9 0,3 0,6 0,2 FAVORÁVEL
F2 S1 0,5 0,2 0,0 -0,3 DÚVIDA
F3 S1 0,7 0,3 0,4 0,0 CONTRÁRIO
F4 S1 0,0 0,0 0,0 -1 DÚVIDA
F5 S1 0,2 0,9 -0,7 0,1 CONTRÁRIO
F6 S1 0,8 0,0 0,8 -0,2 FAVORÁVEL
Fonte: Autores
Observando os graus de evidência favorável e contrária resultantes da aplicação das
regras de MAX (OR) e MINI (AND) às evidências dos especialistas, nota-se que o grau de
certeza (Gcert) para F1 (Funcionalidade) está como Gcert 0,6, ou seja, os especialistas
afirmam que o ERP atende os quesitos de qualidade neste item.
Ao analisarmos o fator F2 (Confiabilidade) o Gcert apresentou 0,0, ou seja, os
especialistas não chegaram a uma conclusão.
Para o fator F3 (Eficiência), o Gcert apresentou 0,4, ou seja, os especialistas
informam que o ERP não oferece bons tempos de resposta e utiliza muitos recursos
computacionais.
Em relação ao fator F4 (Usabilidade), o Gcert =0,0, ou seja, os especialistas não
chegaram a uma conclusão.
Em si tratando do fator F5 (Manutenibilidade) o Gcert apresentou -0,7, ou seja, a
manutenção em ERP seja por correção de bugs, melhorias no produto ou migração de
versão são complexas de se executar.
Finalizando, para o fator F6 (Portabilidade), o Gcert apresentou 0,8, onde os
especialistas concordam que o ERP pode trabalhar em multiplataformas computacionais,
não apresentando problemas significativos.
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 86
No Quadrado Unitário do Plano Cartesiano – QUPC, adaptado de Abe [11],
apresenta-se as coordenadas e abscissas a partir da Tabela 4.
Tabela 5 - Quadrado Unitário do Plano Cartesiano (QUPC)
Fonte: Autores
Para os fatores: F2 e F4 foram apresentadas dúvidas dentre os especialistas, onde
para esclarecê-las, seja necessário de um critério mais rigoroso para avaliação, ou seja,
para uma decisão mais segura e confiável, pode ser necessário aumentar o Nível de
Requerimento, ou utilizar um número maior de especialistas na pesquisa, ou até mesmo
considerar a evidência dada em função do peso de cada especialista.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a aplicação da Lógica Paraconsistente, notou-se que os fatores F3 (Eficiência)
e F5 (Manutenibilidade) necessitam de melhorias significativas relacionadas à qualidade
em software ERP, segundo os usuários de ERP questionados.
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 87
Com esta pesquisa, foi possível identificar e avaliar pela percepção do usuário,
respaldado pela ISO/IEC 9126, como os softwares ERP são caracterizados sob o aspecto
de qualidade.
Foi a partir da Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ, que se avaliou que
dentre as seis características de qualidade estudadas, duas delas, Eficiência e
Manutenibilidade, devem ser revistas e melhor estruturadas pelas fábricas de software.
Concluindo, a Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ foi fundamental para
eliminar as contradições, auxiliando a gestão das fábricas de Software em quais
características de qualidade devem investir, melhorando assim seus processos e, por
consequência, seus produtos de software ERP, atingindo assim os objetivos propostos no
início deste estudo.
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 88
REFERÊNCIAS
1. Abe, J.M., et al.: Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E, pp. 38–39.
Comunicar, Santos, 2011.
2. Cherene, Lumena Paes; DA SILVA, Luciano Souza; SILVA, Simone Vasconcelos.
Dificuldades e benefícios na implementação de um sistema de gestão empresarial
(Sap R/3). PerspectivasOnLine 2007-2010, v. 4, n. 16, 2014.
3. Costa, Ivanir, [et al.]. Qualidade em Tecnologia da Informação. São Paulo:
Atlas,2013.
4. Crosby,P.B. Quality is Free: the Art of Making Quality Certain. Denver: Mentor
Books, 1992.
5. De Carvalho, F.R., Brunstein, I., Abe, J.M.: Paraconsistent Annotated Logic in
Analysis of Viability: in approach to product launching. In: Dubois, D.M. (ed.),
vol. 718, pp. 282–291, 1997.
6. De Carvalho, F.R., Brunstein, I., Abe, J.M.: Decision Making based on
Paraconsistent Annotated Logic, pp. 55–62. IOS Press, 2005.
7. De Carvalho, F.R., Abe, J.M.: Tomadas de decisão com ferramentas da Lógica
Paraconsistente Anotada. São Paulo. Blucher, pp. 37–47, 2011.
8. Deming, W. Edwards. Qualidade: A revolução da administração. Tradução de
Clave comunicações e Recursos Humanos. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990.
9. International Organization for Standardisation. ISO/IEC: 9126 Information
Technology-Software Product Evaluation-Quality characteristics and guidelines for
their use, 1991.
10. Laudon, K. C., Laudon, J. P.: Management information systems. 6. ed. Upper
Saddle River: PrenticeHall, 2014.
11. O'Brien, James A. Administração de Sistemas de Informação. [S.l.]: AMGH,
2013. 620 p. ISBN 8580551110
Aspectos sobre qualidade de software em ERP utilizando a Lógica Paraconsistente
Alguns Temas em Computação Inteligente 89
12. Pressman, Roger S. Engenharia de Software. 8. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2011
13. Sommerville, Ian. Engenharia de Software. São Paulo: Pearson Addison-Wesley,
2011.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 90
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de
Semáforos - Escolha de Especialistas
Eduardo P. Dacorso1, Jair M. Abe
1,2
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
CEP 04026-002 – São Paulo – SP – Brasil
[email protected], [email protected]
Resumo - Esse artigo apresenta o detalhamento dos motivos de escolha dos especialistas
para o Sistema Especialista de Tomada de Decisão Paraconsistente. O Sistema apresenta
uma visão inovadora de Semáforos Inteligentes Autônomos que podem tomar decisão a
respeito do ciclo semafórico sem o uso de um Centro de Operação de Equipamentos, com
auxílio do Método Paraconsistente de Decisão e do Arduino. É importante reforçar que o
modelo apresentado nesse artigo está limitado a um trecho da Avenida Santo Amaro,
porém outros devem ser desenvolvidos, a fim de atender a vasta gama de cruzamentos de
vias passíveis de semaforização. Porém possibilita uma melhor compreensão do
pensamento embutido no sistema.
Palavras-chave: Mobilidade urbana, Semáforo inteligente, Arduino, Lógica
Paraconsistente.
Abstract - This paper provides a breakdown of the reasons for the specialists chosen for
Paraconsistent Decision Making Expert System, presented previously on (DACORSO, et.
al, 2016). The System presents an innovating idea of Freestanding Intelligent Traffic
Signals that can take decision about the traffic signal cycle without an Equipment
Operation Center, with the Paraconsistent Decision Making Method and Arduino. It is
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 91
important to emphasize that the model presented in this article is limited to a section of
Avenida Santo Amaro, but others must be developed in order to meet the wide range of
crossings of roads subject to signalization. However allows a better understanding of the
thought built into the system.
Keywords: Urban mobility, intelligent traffic light, Arduino, Paraconsistent Logic.
1. INTRODUÇÃO
O Método Paraconsistente de Decisão baseia-se na Lógica Paraconsistente e através
do uso de especialistas que opinam com graus de certeza e incerteza sobre uma
determinada proposição. Proporcionando uma tomada de decisão extremamente rápida e
com alto grau de confiabilidade.
Portanto esse artigo trata de que forma chegou-se aos especialistas necessários para
o controle semafórico, porém, antes do detalhamento é importante apresentar o modelo de
cruzamento eleito, composto por:
Uma via principal de duas pistas, sentidos opostos, separadas por um canteiro,
designada como Via Principal ou VP.
Duas vias transversais secundárias, de mão e pista únicas, sentidos opostos,
designadas como Vias Transversais ou VT.
Assemelhando-se a um trecho da Av. Santo Amaro; entre as Ruas Dr. Guilherme
Bannitz/João Lourenço e Dr. Alceu de Campos Rodrigues/Bueno Brandão, situada no
bairro Vila Nova Conceição, São Paulo Capital.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 92
Figura 1 - Mapa da região objeto do estudo
Fonte: Waze(2016)
A facilidade em encontrar esse tipo de cruzamento, tanto na própria cidade de São
Paulo, bem como em outras cidades do Brasil e exterior, foi o motivo principal de escolha
deste tipo de cruzamento. Outro fato é que a maioria das Avenidas principais de grandes
cidades assemelha-se a este modelo, necessitando pequenos ajustes de parâmetros apenas,
e, assim, permitindo uma melhora no controle semafórico de boa parte dos cruzamentos de
vias principais.
Outros modelos de cruzamentos tais como:
Semáforo de três fases;
Vias de mão dupla (VP e VT);
Rotatórias semaforizadas;
Será objeto de outros artigos uma vez que possuem características específicas, ou
ainda o tratamento da fase de pedestres, ou até mesmo semáforos apenas para pedestres
(aqueles que não estão instalados em um cruzamento de vias).
Como o intuito é analisar as possibilidades e condições do trânsito, será utilizado
um mapa ilustrativo mais simples do local conforme a Figura 2 abaixo.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 93
Figura 2 - Mapa ilustrativo da localidade
Fonte: Autores
2. O MÉTODO PARACONSISTENTE DE DECISÃO
Apesar de já existirem sistemas de controle semáforo em tempo real em uso, que
utilizam Contadores Veiculares (CV) e algoritmos especialistas para otimizar os ciclos
semafóricos, nenhum utiliza LPA ou MPD em seus algoritmos que trará uma série de
benefícios tais como: (BABICHEVA, 2015a), (BABICHEVA, 2015b), (ZHANG; XU;
CAI, 2012), (PASHCHENKO; KAMENEV; KHOLODILOV, 2015), (ZENG; ZHANG,
2011), (YU et al., 2013), (GOKULAN; SRINIVASAN, 2010), (VANCHERI;
GIORDANO; ANDREY, 2014), (YUN; YIN; BING-QUAN, 2010), (CASTÁN et al.,
2014), (JUNIOR; FROZZA; MOLZ, 2015), (MANNION; DUGGAN; HOWLEY, 2015),
(KAI, 2011).
Necessidade de poucos dados para tomada de decisão;
Rapidez na tomada de decisão;
Decisões com alto grau de precisão/confiabilidade.
Consequentemente, gerenciamento mais eficiente dos semáforos propiciando
melhor aproveitamento das vias e consequentemente maior fluidez.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 94
É importante ressaltar que há apenas um estudo proposto em (NAKAMATSU;
ABE; AKAMA, 2007) no qual o controle semafórico utiliza LPA com método
diferenciado. Porém é interessante citar outras propostas de melhoria de controle
semafórico tais como:
Segundo CARVALHO e ABE, 2011, o MPD parte de uma proposição inicial, que
no caso desse projeto é se o seguimento AVP03 necessita mais tempo de verde, e possui
oito etapas:
Estabelecer o nível de exigência para a decisão que se deseja tomar.
Selecionar fatores que causam maior influência na decisão.
Estabelecer as seções, se necessário, para cada um dos fatores. A quantidade de
seções não é limitada, porém não se deve exagerar. Quanto mais seções, maior a
granularidade de análise.
Construir a base de dados. Constituída pelos fatores e respectivos pesos e valores de
evidência favorável (grau de crença ) de evidência desfavorável (grau de descrença ),
atribuídos por especialistas escolhidos convenientemente para opinar. Quando há seções,
os graus e devem ser atribuídos a cada combinação Fator-Seção. A base de dados pode
ser formada por dados estatísticos provenientes de experiências anteriores.
Fazer a pesquisa de campo / levantamento de dados a fim de confrontar em que
Fator-Seção (condição) o caso em análise se encontra.
Mediante o resultado da etapa 5, obter os respectivos valores de e , para cada
Fator-Seção. Através das técnicas de maximização (operador MÁX) e de minimização
(operador MÍN) da lógica Et.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 95
Obter o grau de evidência favorável Grau de Certeza (Gce) e o Grau de Incerteza
(Gin), denominado como baricentro dos pontos que representam os fatores escolhidos no
reticulado .
Tomar a decisão, segundo a regra de decisão ou o algoritmo Para-analisador.
Figura 3 - Reticulado (ou Quadro Unitário do Plano Cartesiano - QUPC)
Fonte: Autores
A região que importa nesse projeto é a Área da Verdade (AV), pois uma vez que os
valores finais de e , que definem o baricentro geral mediante o cenário apresentado
(combinações de Fator-Seção). Quando as coordenadas se encontrarem nessa região o
sistema calculará o melhor ciclo semafórico para as condições de trânsito. É importante
notar que nos estudos realizados, o nível de exigência foi determinado em 0,60, porém isso
não significa que há uma certeza de mudança do ciclo de 60%, mas sim de 92% pois a AV
representa apenas 8% da área do Reticulado .
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 96
Para maiores detalhes a respeito da Lógica Paraconsistente e do Método
Paraconsistente de Decisão, recomenda-se a leitura de ABE, et al., 2011, COSTA, et al.,
1999 e CARVALHO e ABE, 2011.
3. ESCOLHA DOS ESPECIALISTAS
Esse capítulo apresenta a análise do cenário exposto no mapa da Figura 2 (repetido
abaixo para facilitar a visualização), para entender como foram escolhidos os especialistas,
como atuam cada um deles e como foram atribuídos os respectivos Graus e .
Figura 4 - Mapa ilustrativo da localidade
Fonte: Autores
Focando no seguimento designado como AVP03, controlado pelo semáforo SVP-
03, iniciando uma análise dos segmentos da VP e posteriormente pelos seguimentos das
VTs, e como os mesmos atuam sobre o AVP03, pode-se concluir que:
O seguimento AVP01 atua como agente de vazão para o seguimento AVP03 e
AVT01;
O seguimento AVP05 atua como agente de demanda para o seguimento AVP03 e
AVT03;
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 97
Os seguimentos AVP02, AVP04 e AVP06 não atuam nem como agente de vazão,
nem como agentes de demanda;
O seguimento AVT01 atua como agente de diminuição de vazão por ser agente de
demanda do AVP01 e AVT02, apesar do AVT02 não afetar diretamente o AVP03;
O Seguimento AVT02 não atua como agente de vazão nem de demanda para o
AVP03;
O Seguimento AVT03 atua como agente de diminuição de demanda por ser agente
de vazão para o seguimento AVP05 e AVT04;
O seguimento AVT04 atua com agente de demanda para os seguimentos AVP03 e
AVT03;
Com a finalidade de facilitar a visualização de como cada seguimento atua sobre o
AVP03, abaixo uma tabela de referência cruzada:
Tabela 1- Referência cruzada de ação entre seguimentos (Foco AVP03)
Fonte: Autores
Onde DEM representa agente de demanda, e VAZ agente de vazante.
Como o foco desse artigo é compreender a escolha dos especialistas, a análise será
somente sobre o seguimento AVP03, bastando efetuar o raciocínio reverso para o outro
sentido, do seguimento AVP04, e assim sucessivamente. Entretanto a título curiosidade, a
tabela 2 compreendendo o sentido contrário.
AVP01 AVP02 AVP03 AVP04 AVP05 AVP06 AVT01 AVT02 AVT03 AVT04
AVP01 VAZ VAZ VAZ
AVP02 DEM
AVP03 DEM VAZ DEM VAZ VAZ
AVP04
AVP05 DEM DEM
AVP06 VAZ
AVT01 DEM DEM DEM
AVT02 VAZ VAZ
AVT03 VAZ VAZ VAZ
AVT04 DEM DEM DEM
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 98
Tabela 2 - Referência cruzada de ação entre seguimentos (AVP03 e AVP04)
Fonte: Autores
A fim de propiciar melhor compreensão, no mesmo mapa apresentado
anteriormente são destacados todos os segmentos que atuam sobre o AVP03.
Figura 5 - Mapa com seguimentos destacados
Fonte: Autores
Portanto, os CVs que armazenam as quantidades e percentuais de ocupação são os
especialistas, que conforme a condição do trânsito, atribuirão os valores de e . Nesse
cenário especificamente serão representados pela mesma sigla que os respectivos
AVP01 AVP02 AVP03 AVP04 AVP05 AVP06 AVT01 AVT02 AVT03 AVT04
AVP01 VAZ VAZ VAZ
AVP02 DEM DEM
AVP03 DEM VAZ DEM VAZ VAZ
AVP04 VAZ DEM VAZ VAZ
AVP05 DEM DEM
AVP06 VAZ VAZ
AVT01 DEM DEM DEM DEM
AVT02 VAZ VAZ VAZ
AVT03 VAZ VAZ VAZ
AVT04 DEM DEM DEM DEM
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 99
seguimentos, sendo: AVP01, AVP03, AVP05, AVT01, AVT03 e AVT04. Seus
agrupamentos são mostrados no Capítulo 4.
4. MPD APLICADO AO PROJETO
O MPD parte de uma proposição inicial, geralmente uma pergunta, e a partir daí as
oito etapas definidas por Carvalho e Abe (2011), esse Capítulo se dedicará à explanação
destas etapas.
Portanto antes de adentrar às etapas do MPD, é necessário definir a proposição.
Deve ser dado mais tempo de verde ao semáforo SVP03?
Etapa 1 – Definição do Nível de Exigência (NE)
Através de várias simulações efetuadas em planilha eletrônica chegou-se à
conclusão que um NE de 0,60 como bastante, que representa de fato 92% de Grau de
Certeza, conforme demonstração dos cálculos a seguir.
O Reticulado possui a área 1, uma vez que e tem o valor máximo de 1.
Portanto 1 x 1 = 1
AV é definida pelo triângulo definido entre 0,60 e 1, portanto o tamanho de seus
catetos é 1 – 0,60 = 0,40
A área de AV é 0,40 x 0,40 / 2 = 0,08
Então o Nível de Exigência/Certeza é 1 – 0,08 = 0,92 ou 92%
Etapas 2 e 3 – Definição de Fatores e Seções
Para facilitar e acelerar o processo, as etapas 2 e 3 são tratadas de uma só vez.
Um dos pontos inovadores desse projeto, além do uso do MPD e da plataforma
Arduino para dar Inteligência a cada cruzamento semaforizado, é o fato de que o sistema
enxerga a lotação dos arredores que importam, conforme explicado no capítulo anterior.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 100
Os dois Fatores definidos foram justamente as condições de ocupação dos
seguimentos envolvidos na tomada de decisão conforme exposto no Capítulo 3. Sendo o
Fator 1 (F1), composto pelas taxas de ocupação provenientes dos CVs das VPs, dividido
em três Seções (S1, S2 e S3). O Fator 2 (F2), composto pelas taxas de ocupação
provenientes dos CVs das VTs, também dividido em três seções. Ambos conforme Tabela
3.
Tabela 3 - Fatores e Seções
Fonte: Autores
Etapa 4 – Construção da Base de Dados
A Base de Dados é representada em uma planilha eletrônica, na qual são mostrados
todos os dados referentes aos graus e . Ou seja, conforme a condição de trânsito
verificada pelo sistema, em tempo real, é atribuído os graus e respectivo.
Tabela 4 - Base de dados do MPD
Fonte: Autores
S1 AVP03 >= 50% < 70%, AVP05 <= 50%, AVP01 >= 90% F1S1
S2 AVP03 >= 70% <= 80%, AVP05 >= 70, AVP01 <=80 F1S2
S3 AVP03 > 80%, AVP05 >= 70, AVP01 <=70 F1S3
S1 AVT03, AVT01 e AVT04 > 66% F2S1
S2 AVT03, AVT01 e AVT04 > 33% <= 66% F2S2
S3 AVT03, AVT01 e AVT04 <= 33% F2S3
Fator
&
Seção
Fator Seção Condição
Estatísticas das Vias TransversaisF2
Descrição
Estatístias da Via PrincipalF1
1 1 2 2 3 3
S1 53% 60% 75% 55% 20% 75%
S2 95% 30% 90% 30% 90% 20%
S3 100% 10% 100% 5% 100% 10%
S1 20% 100% 20% 65% 22% 68%
S2 84% 20% 90% 20% 81% 20%
S3 100% 0% 100% 10% 100% 0%
Estatísticas
das VPsF1
Estatísticas
das VTsF2
Descrição
Grupo A Grupo B
AVT01 AVT04AVT03
AVP01AVP05AVP03
Fator Seção
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 101
Então para cada combinação Fator – Seção são atribuídos os graus de evidência e
.
Os especialistas foram agrupados como exposto acima pelos seguintes critérios:
AVP03 no grupo unitário A por ser o objeto em análise;
AVT03 no grupo unitário A por ser o único agente de vazão, entre as VTs, em
relação ao AVP03;
AVP01 e AVP05 no grupo não unitário B por serem pertencentes à mesma via
(VP), pois mesmo sendo um de vazão e outro de demanda representam a situação da VP;
AVT01 e AVT04 no grupo não unitário B por serem agentes de demanda, entre as
VTs, em relação ao AVP03;
É interessante frisar que as Seções S1 são as menos favoráveis à mudança do tempo
de verde, as S2 medianas e as S3 as mais favoráveis em ambos os Fatores.
Etapa 5 - Pesquisa de campo / Levantamento de dados
Essa etapa é realizada pelo sistema em tempo real, não cabendo aqui maiores
explicações ou detalhamentos a respeito. Porém compreende-se que está claro que tal
levantamento é efetuado pelos CVs.
Etapa 6 - Cálculo dos Graus de Certeza e Incerteza
Para chegar-se ao resultado que permite a tomada de decisão são necessários
executar primeiramente o processo de maximização. Este visa eliminar discrepâncias entre
opiniões dentro de um mesmo grupo através da função Máx. A função Máx é definida por:
Máx ()Gn e Mín()Gn
Sendo Gn cada grupo existente na base de dados, portanto o resultado da
maximização visa selecionar os maiores graus favoráveis e os menores desfavoráveis de
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 102
cada grupo. Estes serão utilizados na minimização. Abaixo o resultado da maximização da
base de dados, com os valores selecionados destacados em negrito.
Tabela 5 - Resultado da Maximização
Fonte: Autores
O processo a seguir, a minimização, visa eliminar as discrepâncias entre grupos
através da função Mín, e é definida por:
Mín ()GA, ...,Gn e Máx()GA, ...,Gn
Resultando na tabela abaixo.
Tabela 6 - Resultado da Minimização
Fonte: Autores
Finalizada a minimização é possível calcular os graus de certeza e incerteza para
cada combinação Fator – Seção, conforme equações abaixo:
Grau de Certeza: Gce(μ, λ) = μ - λ
Grau de Incerteza: Gin(μ, λ) = μ + λ – 1
A A B B
S1 53% 60% 75% 55% 20% 75% 53% 60% 75% 55%
S2 95% 30% 90% 30% 90% 20% 95% 30% 90% 20%
S3 100% 10% 100% 5% 100% 10% 100% 10% 100% 5%
S1 20% 100% 20% 65% 22% 68% 20% 100% 22% 65%
S2 84% 20% 90% 20% 81% 20% 84% 20% 90% 20%
S3 100% 0% 100% 10% 100% 0% 100% 0% 100% 0%
Estatísticas
das VPsF1
Estatísticas
das VTsF2
Descrição
Grupo A Grupo B Maximização
AVT01 AVT04AVT03
AVP01AVP05AVP03 Grupo B
Fator Seção
Grupo A
Grupo A Grupo B
A A B B
S1 53% 60% 75% 55% 53% 60%
S2 95% 30% 90% 20% 90% 30%
S3 100% 10% 100% 5% 100% 10%
S1 20% 100% 22% 65% 20% 100%
S2 84% 20% 90% 20% 84% 20%
S3 100% 0% 100% 0% 100% 0%
Estatísticas
das VPsF1
Estatísticas
das VTsF2
Descrição
Maximização
Grupo B
Fator Seção
Grupo A
Minimização
Grupo A Grupo B
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 103
Etapa 7 – Cálculo do Baricentro
Para obter-se o baricentro do Gce sendo b(Gce), e do Gin sendo b(Gin), deve-se
calcular a média ponderada das evidências favoráveis e desfavoráveis, conforme as
equações abaixo:
b(Gce) = Pi i
___________
Pi
b(Gin) = Pi i
___________
Pi
E em caso de todos os pesos serem iguais, basta calcular a média aritmética
conforme as equações abaixo:
b(Gce) = Pi i
___________
n
b(Gin) = Pi i
___________
n
Uma vez que o valor do Baricentro seja maior ou igual ao NE sabe-se que o ponto
referente às coordenadas (Gce,Gin) está na AV, permitindo a tomada de decisão com a
confiabilidade desejada.
Abaixo algumas demonstrações dos resultados dos cálculos para cenários os quais
apresentam condições favoráveis, incertas ou desfavoráveis à mudança de tempo de verde
do segmento AVP03.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 104
Tabela 7 - Cenário favorável ao aumento de tempo de verde
Fonte: Autores
Tabela 8 - Cenário incerto ao aumento de tempo de verde
Fonte: Autores
Tabela 9 - Cenário desfavorável ao aumento de tempo de verde
Fonte: Autores
Etapa 8 – Tomada de decisão
A decisão deverá ser tomada com uso do algoritmo para-analisador, mediante a
posição no Reticulado , ou Quadrado Unitário do Plano Cartesiano (QUPC). Nesse
projeto foi estipulado que somente quando estiver em AV, deve-se prover mais tempo de
verde ao objeto em análise, nesse exemplo o SVP03.
O fato de recalcular o ciclo semafórico somente quando na área AV traz não
somente alto grau de certeza, mas também economia de processamento, uma vez que
somente em situações de trânsito mais intenso, porém favorável à troca, invocarão a rotina
de cálculo, baseada na Fórmula de Webster (CET, 2015).
Fi Si G G
F1 S2 60% 20%
F2 S3 100% 0%
80% 10%
Grau de
Certeza
Baricentro Geral
70%
FAVORÁVEL
Grau de
Incerteza
Fi Si G G
F1 S2 60% 20%
F2 S1 -80% 20%
-10% 20%
Grau de
Certeza
Baricentro Geral
-30%
INCERTO
Grau de
Incerteza
Fi Si G G
F1 S1 -7% 13%
F2 S1 -80% 20%
-44% 17%
Grau de
Certeza
Baricentro Geral
-60%
DESFAVORÁVEL
Grau de
Incerteza
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 105
Conforme foi demonstrado anteriormente, o NE maior ou igual a 0,6, ou 60%,
corresponde ao grau de certeza de 92%. Para que seja mais fácil e consulta ao QUPC, o
mesmo é apresentado novamente na Figura 6, onde pode-se notar a AV destacada na cor
verde. Ou seja, quando as coordenadas resultantes de todas as combinações Fator-Seção
estiverem posicionadas na área AV, determinará que o sistema recalcule o CS.
Figura 6 - O Reticulado
Fonte: Autores
5. CONCLUSÕES
A escolha dos especialistas, neste projeto, possibilita a tomada de decisão
multifatorial de forma simples e rápida e com alta confiabilidade. O sistema leva em
consideração fatores tais como a condição de congestionamento do segmento subsequente,
sendo que, quando o mesmo se apresenta muito cheio, desfavorece o recálculo do tempo de
verde para maior.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 106
O MPD é um método rápido e simples, no qual é possível tomar decisões rápidas e
confiáveis, sem a necessidade de cálculos complexos, bem como sem necessidade de alto
poder computacional.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 107
REFERÊNCIAS
1. ABE, J. M. et al. Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Et. São Paulo:
Editora Comunicar, 2011.
2. CARVALHO, F. R. D.; ABE, J. M. Tomadas de decisão com ferramentas da
Lógica Paraconsistente Anotada. São Paulo: Editora Blucher, 2011.
3. CET. Manual Básico de Operação Semafórica, São Paulo, Mar 2015.
4. COSTA, N. C. A. et al. Lógica Paraconsistente Aplicada. 5. ed. São Paulo: Atlas
S.A., 1999.
5. BABICHEVA, T. S. The Use of Queuing Theory at Research and Optimization of
Traffic on the Signal-controlled Road Intersections. Procedia Computer Science,
v. 55, n. Itqm, p. 469–478, 2015.
6. BABICHEVA, T. S.; BABICHEV, D. S. Numerical Methods for Modeling of
Traffic Flows at Research and Optimization of Traffic on the Signal-controlled
Road Intersections. Procedia Computer Science, v. 55, p. 461–468, 2015.
7. CASTÁN, J. A. et al. Control de tráfico basado en agentes inteligentes. n. 50, p.
61–68, 2014.
8. GOKULAN, B. P.; SRINIVASAN, D. Distributed geometric fuzzy multiagent
urban traffic signal control. IEEE Transactions on Intelligent Transportation
Systems, v. 11, n. 3, p. 714–727, 2010.
9. JUNIOR, G. D.; FROZZA, R.; MOLZ, R. F. Simulação de controle adaptativo de
tráfego urbano por meio de sistema multiagentes e com base em dados reais.
Revista Brasileira de Computação Aplicada, v. 7, n. 3, p. 65–81, 30 out. 2015.
10. KAI, B. Study of Dynamic Area Coordination Control of Urban Traffic Based on
Reinforcement Learning. Electronic Technology, 2011.
Método Paraconsistente de Decisão para Controle Inteligente de Semáforos - Escolha de Especialistas
Alguns Temas em Computação Inteligente 108
11. MANNION, P.; DUGGAN, J.; HOWLEY, E. Parallel Reinforcement Learning for
Traffic Signal Control. Procedia Computer Science, v. 52, n. 0, p. 956–961, 2015.
12. NAKAMATSU, K.; ABE, J. M.; AKAMA, S. An Intelligent Coordinated Traffic
Signal Control Based on EVALPSN. In: Knowledge-Based Intelligent
Information and Engineering Systems. Berlin, Heidelberg: Springer Berlin
Heidelberg, 2007. p. 869–876.
13. PASHCHENKO, F. F.; KAMENEV, A. V.; KHOLODILOV, D. S. Modeling and
Control of Traffic Flows. Procedia Computer Science, v. 63, n. Euspn, p. 89–95,
2015.
14. VANCHERI, A.; GIORDANO, P.; ANDREY, D. FUZZY LOGIC BASED
MODELING OF TRAFFIC FLOWS INDUCED BY REGIONAL SHOPPING
MALLS. Advances in Complex Systems, v. 17, n. 03n04, p. 39 pages, 2014.
15. YU, Y. et al. The Design of Dual-Mode Traffic Lights Control System Based on
FPGA. Applied Mechanics and, 2013.
16. YUN, W.; YIN, H.; BING-QUAN, F. Modeling and simulation of intersection
based on multi-agents and fuzzy control strategy. Journal of University of
Shanghai, 2010.
17. ZENG, Z.; ZHANG, S. Notice of Retraction The design of traffic lights fuzzy
controller based on PLC. Mechanic Automation and Control, 2011.
18. ZHANG, M.; XU, J.; CAI, Y. Heuristic Ant Algorithm for Road Network Traffic
Coordination Control. 2012.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 109
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na
Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Luiz Carlos Machi Lozano1, Jair Minoro Abe
1,2, Caique Zaneti Kirilo
1, Renato
Hildebrando Parreira1
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
Resumo – Este trabalho aplica os conceitos da Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial
E, no processo de tomada de decisão de abertura ou não de um novo ponto comercial na
cadeia varejista de telefonia móvel. No Brasil, 48% das empresas encerram suas atividades
ou trocam de proprietários nos primeiros trinta e seis meses de existência. Fatores como
localização, faturamento da concorrência, fluxo de pessoas, classe social do público alvo,
produtos que serão ofertados, valor do investimento, quantidade de concorrentes, qualidade
da mão de obra local, logística e serviços essenciais oferecidos na região, devem ser
levados em consideração. Para os seres humanos quanto maior o número de elementos
envolvidos no processo decisório, maior será a chance de uma decisão errônea. O método
de análise utilizado imita o comportamento do cérebro humano utilizando conceitos de
certeza e incerteza, extraindo as contradições. Para tal, é criada uma base de conhecimento
dividida nas seguintes fases: Fase um, definir o problema a ser estudado (proposição),
definir o conjunto de elementos que farão parte da análise (fatores), definir subfatores caso
necessário (Seções), definir um conjunto de especialistas, que forneceram os graus de
evidência favorável (certeza) e desfavorável (incerteza), são indicados um número mínimo
de quatro especialistas, definir a importância de cada especialista no processo decisório
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 110
através da atribuição de pesos e atribuir os especialistas em grupos de conhecimento; Fase
dois, cada especialista deve definir a importância de cada fator no processo decisório
através da atribuição de um peso. Durante o processo de análise serão considerados os
pesos atribuídos a cada especialista e os pesos atribuídos por cada especialista aos fatores,
através do cálculo de um peso resultante para cada fator oriundo da média ponderada dos
pesos atribuídos, cada especialista deverá atribuir os graus de evidencia favorável e
desfavorável a cada fator e seção, neste estudo, as seções são necessárias representando
subfaixas em cada fator. Após a formação da base de conhecimento os usuários poderão
realizar uma análise real sobre a abertura de um novo ponto comercial, escolhendo os
subfatores correspondentes a situação de campo. Como ferramenta tecnológica foi
utilizado o software ParaDecision-making Conference Nott, versão Professional, que
aplica todos os conceitos da Lógica E. O software irá realizar o processo de maximização
e minimização e ao seu término, será apresentada, ao usuário, a decisão da análise: viável,
indefinido ou inviável. A saída pode ser customizada. O processo de abastecimento de
conhecimento pode ser realizado através de uma rede de computadores. O software
executa o processo decisório aproveitando as certezas e incertezas não apenas de uma
pessoa, mas sim do grupo de especialistas, extraindo as contradições dos participantes.
Como resultado, é obtida uma decisão compartilhada, e não mais uma decisão
individualizada, melhorando o nível de assertividade.
Palavras-chave: Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E, Abertura de Ponto
Comercial na Cadeia Varejista, Tomada de Decisão.
1. Introdução
Diariamente todos os seres humanos são submetidos a situações que necessitam de
tomadas de decisão, desde situações banais como decidir se irão correr ou ver mais um
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 111
programa de televisão, ou mesmo decidir se vão colocar o lixo para fora neste momento ou
mais tarde (Calado, Marques and Pinto 2007).
No caso particular das empresas, uma decisão equivocada pode resultar na perda do
investimento realizado ou até mesmo o fechamento do empreendimento. Auxiliar
comerciantes na aquisição de um novo ponto comercial para que este se torne sustentável,
é de suma importância, visto que 48% das empresas fecham as portas nos primeiros três
anos (Pequenas Empresas & Grandes Negócios 2012). Vários comércios foram fechados
por falta de fatores consistentes na tomada de decisão. Levando-se em consideração que a
pequena e média empresa são responsáveis por grande parte das vagas de trabalho. O
fechamento dessas empresas pode causar perdas irreparáveis de postos de trabalho.
Alguns fatores devem ser levados em conta no momento da escolha de um ponto
comercial, como por exemplo, a localização, faturamento da concorrência na região, fluxo
de pessoas que passam pelo local diariamente, tipo do público da região para adequação
dos produtos que serão ofertados, valor do investimento, quantidade de concorrentes na
região, mão de obra qualificada para administrar o negócio, logística e serviços essenciais
oferecidos na região.
1.1. Micro, Pequenas e Médias empresas no Brasil
As micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) não são responsáveis apenas pela
geração de empregos, também são responsáveis pela geração de divisas, pois
proporcionam inovação e redução de desequilíbrios regionais, com isso se tornam
indispensáveis à economia de um país (NETO and FILHO 2006).
No Brasil, anualmente, são abertas 470.000 novas empresas por ano, porém destas
50% fecham antes de terminar o segundo ano, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (NETO and FILHO 2006).
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 112
As MPMEs são definidas pelo faturamento anual ou seu número de funcionários,
porém como auxilio no entendimento desse tipo de empresa podemos classifica-las
qualitativamente (CONTANI, DE MELLO and SAVOIA 2012).
Segundo muitos estudos a questão empreendedora é vista como questão de sucesso
para as MPMEs, isso é muito importante quando se trata de empresas que estão adquirindo
outras empresas, produzindo assim ganhos com eventuais sinergias (CONTANI, DE
MELLO and SAVOIA 2012).
No Brasil o papel das MPMEs é muito significativo, pois a economia depende
muito dessas empresas. Elas são responsáveis por 60% da mão de obra empregada, por
90% das empresas existentes e 20% do PIB nacional (LONDON 2013).
A própria conceituação do que é uma pequena e uma média empresa deve ser
revista. O SEBRAE considera uma empresa média aquela que tem de 100 a 500
empregados. Em um mundo de forte aplicação de tecnologias, é cada vez mais comum
encontrar empresas com menos de 500 empregados entre as maiores do país em
faturamento (LONDON 2013).
No Estado de São Paulo, as micro e pequenas empresas (MPEs) registraram, em
julho de 2015, uma queda de 5,7% em seus faturamentos, considerando o mesmo período
do ano de 2014, tendo pela sétima vez consecutiva um recuo em comparação com um mês
igual ao ano anterior (G1 2015). O SEBRAE aponta a queda no faturamento das MPEs à
diminuição da demanda por produtos, tanto das famílias quanto de outras empresas, já que
os pequenos negócios dependem muito do mercado interno estar aquecido (G1 2015). As
expectativas dos empresários paulistas para o faturamento nos próximos seis meses
apontam: 61% acreditam em estabilidade, 18% esperam melhora e 10% esperam piora (G1
2015).
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 113
1.2. Abertura de um ponto comercial
Ao se tomar a decisão de abrir ou não um negócio, ampliar ou não o número de
pontos comerciais o risco de fracasso se apresenta de forma devastadora. Este trabalho se
apresenta com um método preventivo ao desperdício de recursos e até mesmo ao fracasso
de uma empreitada que poderia ter sucesso, caso o ponto onde o negócio deve ser
implantado fosse mais bem analisado e a opinião de conhecedores no assunto respeitada.
1.3. Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E
Cumpre destacar que foi o brasileiro, Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa,
que desenvolveu sua carreira de professor na Universidade Federal do Paraná e na
Universidade de São Paulo, o inventor da lógica paraconsistente, em 1958, tendo como
precursores os poloneses J. Łukasiewicz e S. Jaskowski e o russo N. A. Vasiliev
(CARVALHO e ABE 2011).
A tomada de decisão é o processo cognitivo pelo qual se escolhe um plano de ação
dentre vários outros (baseados em variados cenários, ambientes, análises e fatores) para
uma situação-problema. Todo processo decisório produz uma escolha final. A saída pode
ser uma ação ou uma opinião de escolha. Ou seja, a tomada de decisão refere-se ao
processo de escolher o caminho mais adequado, em uma determinada circunstância
(SHIMIZO 2006).
Qualquer decisão tomada, em uma empresa, afetará o estado geral, por isso, tem
que ser bem pensada a alternativa a ser escolhida, pois, deve-se pautar a tomada de decisão
orientando-se e definindo caminhos a serem percorridos e pesar o que poderá ser afetado
através desta decisão (SHIMIZO 2006).
Prof. Da Costa desenvolveu uma família de lógicas paraconsistentes, os sistemas
Cn, a teoria de conjuntos e a lógica de predicados correspondentes, ou seja, contendo todos
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 114
os níveis lógicos comuns. Sobre esse tema, Prof. Da Costa ministrou aulas e palestras em
todos os países das Américas do Sul e do Norte e em alguns países da Europa
(CARVALHO e ABE 2011). Ao se analisar o mundo real, lidamos com indefinições,
situações de inconsistências e muitas vezes temos apenas um reconhecimento parcial dos
fatos e objetos – isto, no entanto, não impede o desenvolvimento do raciocínio humano que
está além da relação binária de verdade e falsidade (MARTINS 2003). A necessidade de
demonstrar e dar tratamento a situações contraditórias e não triviais levou ao aparecimento
de uma lógica subjacente para os sistemas formais denominadas lógicas paraconsistentes
(DA COSTA, et al. 1999).
A necessidade de se tomar decisão ocorre num momento de impasse em que a mais
de uma opção a seguir. Cada um de nós toma decisão baseada em aspectos subjetivos, a
subjetividade não tem medida perfeita ela é organizada, sistemática e objetiva (SHIMIZO
2006).
A Lógica Paraconsistente figura entre as chamadas lógicas não clássicas, por conter
disposições contrárias a alguns dos princípios básicos da Lógica Aristotélica, tais como o
princípio da contradição. Sob a ótica aristotélica, qualquer afirmação é necessariamente
verdadeira ou falsa. Segundo a Lógica Paraconsistente, uma sentença e a sua negação
podem ser ambas verdadeiras (DA COSTA, et al. 1999). Trabalha com proposições do tipo
p (μ, λ), onde p é uma proposição e (μ, λ) indicam os graus de evidência favorável e
evidência desfavorável, respectivamente. O par (μ, λ) é denominado constante de anotação,
estando os valores de μ e λ limitados entre 0 e 1 (ABE 2009). O processamento dos dados
de entrada dá-se pela aplicação de conectivos de minimização e maximização entre as
formulas atômicas A e B que definem o estado resultante da saída, considerando os
proposicionais com seus respectivos graus de certeza e incerteza pA (μ 1, λ1) e pB (μ2,
λ2), inicialmente obtém-se o maior valor entre os graus de certeza (μ1 OR μ2) obtendo o
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 115
grau de certeza resultante (μR) em seguida minimizando os graus de incerteza (λ1 OR λ2)
obtendo o grau de incerteza resultante (λ R) (DA SILVA FILHO 1999).
Considerando o cenário de dois grupos de especialistas A(E1, E2) e B(E3, E4),
pode-se demonstrar a aplicação do conectivo OR representado pela disjunção A v B:
E1 (μ1, λ1) OR E2 (μ2, λ2) = (Máx { μ1, μ2}, Mín { λ1, λ2 }) = AR (μ1, λ1)
E3 (μ1, λ1) OR E4 (μ2, λ2) = (Máx { μ1, μ2}, Mín { λ1, λ2 }) = AR (μ2, λ2)
Em seguida, a aplicação do conectivo AND, entre os sinais anotados AR e BR,
representando a Conjunção AR ʌ BR:
R = AR (μ1, λ 1) AND BR (μ2, λ 2) = (Mín { μ1, μ2}, Máx { λ1, λ2 }) = R (μ1, λ1)
Após a aplicação da maximização e minimização, os graus de certeza e incerteza
são obtidos por:
Grau de Certeza: Gce(μ, λ) = μ - λ
Grau de Incerteza: Gin(μ, λ) = μ + λ – 1
2. Método Paraconsistente de Decisão
O fundamento teórico do Método Paraconsistente de Decisão (MPD) são as regras
de maximização e de minimização da Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E.
Essas regras são aplicadas aos graus de evidência favorável ou graus de
crença favorável () e aos graus de evidência desfavorável ou graus de
crença desfavorável (), que compõem as chamadas constantes de anotação:
p (;).
A aplicação das regras de maximização e minimização pode ser realizada de duas
maneiras:
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 116
I. Fazendo-se a maximização dos graus de evidência de um conjunto de
anotações, de modo a buscar. (Está forma permite identificar as
contradições existentes na base de dados)
a. Melhor evidência favorável
i. Maior valor do grau de evidência favorável ;
b. Pior evidência desfavorável
i. Maior valor do grau de evidência desfavorável ;
II. Fazendo-se a maximização ou minimização do grau de certeza:
Gce = - do conjunto de anotações, grau esse que, de certa forma, traduz
o quanto as informações contidas nesse conjunto permitem inferir pela
veracidade ou pela falsidade da premissa. (Está forma é mais intuitiva e leva
a resultados mais previsíveis e coerentes).
A maximização do grau de certeza (Gce) é obtida buscando-se:
a. Melhor evidência favorável
i. Maior valor do grau de evidência favorável
b. Melhor evidência desfavorável
i. Menor valor do grau de evidência desfavorável
Analogamente, a minimização busca:
a. Pior evidência favorável
i. Menor valor do grau de evidência favorável
b. Pior evidência contrária
i. Maior valor do grau de evidência desfavorável
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 117
3. Metodologia
De acordo com os objetivos do projeto, este trabalho caracteriza-se como pesquisa
aplicada, iniciando-se por pesquisa bibliográfica, identificação de alternativas de
implementação e realização de uma série de experimentos práticos, para se chegar à
solução pretendida. O desenvolvimento prático serve para validar as pesquisas
bibliográficas.
Para o estudo prático, será utilizado o software de tomada de decisão:
ParaDecision-making Conference Nott, versão Professional.
3.1. Estudo de Caso para Aquisição de Ponto Comercial
O MPD será aplicado na avaliação do projeto de aquisição de um ponto comercial.
A ideia é analisar a viabilidade de implantação de uma nova empresa ou filial.
Foram escolhidos nove fatores (F1 a F9) que influem na decisão de implantar ou
não o projeto de uma loja, ou seja, que influem na viabilidade do projeto. Para cada um
desses fatores, serão estabelecidas três seções (S1 a S3), de tal modo que S1 represente
uma situação favorável, S2 uma situação indiferente e S3 uma situação desfavorável à
implantação do projeto.
Na escolha dos fatores de influência, deve-se procurar abranger os diferentes
aspectos envolvidos na estrutura de um projeto: aspectos econômicos, técnicos, financeiros,
administrativos, jurídicos e contábeis.
3.1.1. Escolha dos Fatores
Para o exemplo foram definidos os seguintes fatores:
F1: LOCALIZAÇÃO – Avaliação do local pelo conhecimento empírico do usuário.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 118
•S1: BOA
•S2: REGULAR
•S3: RUIM
F2: FATURAMENTO DA CONCORRENCIA NA REGIAO – Valores estipulados
de faturamento de empresas do mesmo segmento na região.
•S1: ALTO
•S2: MEDIO
•S3: BAIXO
F3: FLUXO DE PESSOAS QUE FREQUENTAM O LOCAL DIARIAMENTE –
Trazida pela quantidade de pessoas que passam em frente ao estabelecimento todos os dias.
•S1: ALTO
•S2: MEDIO
•S3: BAIXO
F4: TIPO DE PUBLICO QUE FREQUENTA O LOCAL – Traduzida pela classe
social do público que frequenta o local.
•S1: CLASSE A
•S2: CLASSE B
•S3: CLASSE C
F5: VALOR DO INVESTIMENTO - Traduzida pelo valor que será investido para
aquisição do negócio.
•S1: ALTO
•S2: MEDIO
•S3: BAIXO
F6: QUANTIDADE DE CONCORRENTES NA REGIÃO – Traduzida pela
quantidade de empresas do mesmo segmento em um raio de 2 km quadrados.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 119
•S1: ATÉ 2 CONCORRENTES
•S2: ENTRE 2 E 5 CONCORRENTES
•S3: ACIMA DE 6 CONCORRENTES
F7: MAO DE OBRA PARA ADMINISTRAR O NOVO NEGOCIO – Traduzida
em quantidade de funcionários que a empresa tem em condições de administrar esse novo
negócio.
•S1: ACIMA DE 3 FUNCIONÁRIOS
•S2: APENAS 1 FUNCIONÁRIO
•S3: NÃO HÁ FUNCIONÁRIOS, SERÁ NECESSÁRIO CONTRATAR NO
LOCAL.
F8: LOGÍSTICA – Traduzida pela dificuldade que a empresa terá em incluir e
alterar suas rotinas para a logística da nova loja.
•S1: SIMPLES (FÁCIL).
•S2: MODERADA (ALGUMAS ALTERAÇÕES SERAO FEITAS)
•S3: DIFICIL (SERA FEITA DIVERSAS ALTERAÇÕES EM ROTINAS PARA
ADEQUAR A LOGÍSTICA PARA A NOVA LOJA).
F9: SERVIÇOS ESSENCIAIS – Traduzida pela oferta de serviços essenciais
próximo ao estabelecimento, como bancos, lotéricas, pontos de ônibus, mercados,
estacionamentos, etc.
•S1: TODA INFRAESTRUTURA OFERECIDA.
•S2: APENAS ALGUNS SERVIÇOS SÃO OFERECIDOS.
•S3: NENHUM OU QUASE NENHUM SERVIÇO OFERECIDO.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 120
3.2. Implementando o estudo de caso no software
3.2.1. Login no Software
O Software ParaDecision-making Conference, foi projetado para trabalhar em rede,
ou seja, vários usuários, que podem estar dividindo o mesmo ambiente de trabalho, ou
estar em qualquer parte do mundo. O seu banco de dados fica armazenado em ambiente de
nuvens, fornecendo mobilidade aos usuários, para utilizar os recursos disponíveis é
necessário ter uma versão instalado no computador e acesso à internet. As configurações
do software tratam o usuário em categorias, representadas por: Master, System Admin e
Standard, diferenciando o usuário por nível de privilégio. Para realizar o login, o usuário
deve ter sido realizado por um usuário da empresa ParaDecision, ou ser um usuário Master
ou System Admin. A Figura 1, apresenta o login do usuário: [email protected], com
privilégios de Master, que representam privilégios totais.
Figura 1. Acesso ao ambiente do software ParaDecision-making Conference Nott (elaborado
pelo autor)
3.2.2. Escolha da Organização
O software pode ser utilizado por uma empresa ou várias, portanto, a classificação
de empresa foi denominada por Organização. Somente usuários máster podem criar
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 121
organizações, unidades de negócio e departamentos. A Figura 2, ilustra a escolha de uma
organização.
Figura 2. Acesso ao ambiente do software ParaDecision-making Conference Nott (elaborado
pelo autor)
3.2.3. Registro da Proposição
A proposição é o problema que se deseja analisar. As Figuras 3 e 4, ilustra o
cadastramento deste estudo de caso.
Figura 3. Registro da proposição, Estudo Logístico para Abertura de Ponto Comercial na
Cadeia Varejista de Telefonia Móvel (elaborado pelo autor).
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 122
Figura 4. Apresentação das proposições cadastradas, para uma organização e para o
usuário que se encontra logado (elaborado pelo autor).
3.2.4. Elementos necessários à construção da base de conhecimento
Figura 5. Elementos necessários a construção da base do conhecimento. (Elaborado pelo
autor)
Os próximos passos serão associar os usuários, pré-cadastrados em uma
organização, unidade de negócio e departamento a proposição em análise; criar grupos
para os usuários, que no universo da proposição em estudo, poderá ter o privilégio de
facilitador, especialista ou analista. Privilégio de facilitador, o usuário poderá associar
usuários a proposição, criar grupos de especialistas, associar usuários da proposição aos
grupos de especialistas, criar fatores e criar Seções e atribuir pesos aos especialistas por
nível de importância, os pesos podem variar entre 1 e 10. Privilégio de especialista, o
usuário poderá atribuir pesos aos fatores e atribuir graus de evidência favorável e
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 123
desfavorável. Privilégio de analista, o usuário somente poderá realizar analises, sem
privilégio de registrar ou alterar qualquer elemento no banco de dados.
3.2.5. Associação de usuários a proposição e definição de privilégios internos
Os usuários previamente cadastrados devem ser associados a proposição objeto de
análise, onde devem ser atribuídos os seus privilégios, se está ativo ou inativo no processo
de cálculo dos graus de certeza e incerteza resultantes. Um usuário pode ser inativado a
qualquer momento. Permitindo que usuários classificados como especialistas e que durante
o processo de análise se mostraram inaptos a tal definição. O usuário poderá ser inativado
desde que, exista pelo menos mais um especialista no grupo ao qual faça parte (Figura 6).
Figura 6. Atribuição de privilégios, definição de peso e definição se o usuário d eve ou não
ser considerado no processo de cálculo dos graus de certeza e incerteza resultantes.
(Elaborado pelo autor)
Os usuários atribuídos a proposição exibidos em uma lista, onde se pode associar
grupos e usuários. Quando o usuário é associado a um grupo, ele deixa a lista de usuários
disponíveis. Com apenas alguns cliques, todos os usuários são atribuídos aos seus grupos
de conhecimento. Os usuários também podem ser transferidos de um grupo para outro
também com alguns cliques do mouse (Figura 7).
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 124
Figura 7. Atribuição dos usuários aos grupos (Elaborado pelo autor)
3.2.6. Registro dos Fatores
Durante o processo de inclusão dos fatores é possível definir, que o fator pode
receber seções que farão parte de outros fatores. Deve-se deixar claro que o processo em
questão visa acelerar o processo de cadastramento dos elementos. Haverá um registro de
seção exclusivo para cada fator, o que está sendo replicado é apenas o texto; são registros
independentes (Figuras 8 e 9).
Figura 8. Registro dos Fatores (Elaborado pelo autor)
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 125
Figura 9. Apresentação dos Registros dos Fatores Cadastrados (Elaborado pelo autor)
3.2.7. Registro das Seções
Durante o processo de inclusão das seções é possível definir, que a seção pode ser
replicada para os fatores com opção de receber seções selecionadas. Deve-se deixar claro
que o processo em questão visa acelerar o processo de cadastramento dos elementos.
Haverá um registro de seção exclusivo para cada fator, o que está sendo replicado é apenas
o texto; são registros independentes (Figuras 10, 11 e 12).
Figura 10. Escolha do fator, que será associação a Seção que está sendo criada (Elaborado
pelo autor).
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 126
Figura 11. Registro da Seção (Elaborado pelo autor)
Figura 12. Apresentação das Seções cadastradas e o fator correspondente (Elaborado pelo
autor)
3.2.8. Registro dos graus de evidência favorável e desfavorável aos fatores
Escolhidos os fatores e estabelecidas as seções, por meio de especialistas (ou
usando dados estatísticos), são atribuídos o grau de evidência favorável () e grau de
evidência contrária () ao sucesso do projeto, para cada um dos fatores, em cada uma das
seções, e, também, os pesos para cada um dos fatores. Neste exemplo, a opção é pelo uso
de especialistas. Foram escolhidos 3 especialistas e os mesmos divididos em 2 grupos
(Tabela 1).
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 127
Tabela 10 – Fatores, Pesos e Evidências Favoráveis e Desfavoráveis
Fi Pi Si 1 1 2 2 3 3
F1 1 S1 0,90 0,20 0,80 0,10 0,80 0,20
F1 1 S2 0,40 0,70 0,50 0,80 0,60 0,20
F1 1 S3 0,70 0,40 0,90 0.20 0,80 0,20
F2 1 S1 0,80 0,10 0,80 0.10 0,90 0,30
F2 1 S2 0,50 0,30 0,60 0,40 0.70 0.40
F2 1 S3 0.00 1,00 0,40 0,80 0.30 0.90
F3 1 S1 0,80 0,40 0,80 0,30 0,80 0,30
F3 1 S2 0,70 0,30 0,80 0,10 0,70 0,10
F3 1 S3 0,10 0,80 0.30 0,80 0,20 0,60
F4 1 S1 0.80 0,20 1,00 0.00 0.90 0,10
F4 1 S2 0,40 0,70 0.60 0.50 0,60 0,30
F4 1 S3 0,30 0.90 0,20 0,60 0,20 0,70
F5 1 S1 0,80 0,20 0.80 0,10 0,90 0,10
F5 1 S2 0,60 0,50 0,50 0.60 0,50 0,30
F5 1 S3 0.00 1,00 0,10 0,90 0,10 0,90
F6 1 S1 0,10 0,70 0,20 0,70 0,10 0,90
F6 1 S2 0.50 0,70 0,50 0.40 0,30 0,80
F6 1 S3 0,70 0,30 0,80 0,20 0,80 0,20
F7 1 S1 0,90 0.00 0,90 0.10 0,90 0.10
F7 1 S2 0,40 0,60 0.60 0,50 0,50 0.40
F7 1 S3 0.00 1,00 0.20 0,70 0,20 0.80
F8 1 S1 1,00 0,10 0,90 0,00 1,00 0,10
F8 1 S2 0,80 0,20 0,90 0,30 1,00 0,00
F8 1 S3 0.10 0,80 0,30 0,90 0,40 0,80
F9 1 S1 0,70 0,30 0,30 0,70 0,90 0,10
F9 1 S2 1,00 0,10 0,90 0,20 0,80 0,00
F9 1 S3 0.00 1,00 0,10 0,80 0,30 0,80
E1 E2 E3
Por padrão, o software apresenta os pesos com valor 1, os usuários podem realizar a
alteração apenas clicando com o mouse em cima da opção do peso, e em seguida digitar o
valor do peso desejado, respeitando a faixa de valores inteiros compreendida entre 1 e 10.
Após a troca dos pesos o usuário deve salvar a mudança, um check de confirmado será
exibido. Ao final do processo, o software fará uma validação de todos os dados esperados
para cadastramento, caso algum peso ou grau de evidência deixe de ser atribuído, não será
possível realizar a análise. Uma lista de pendências será exibida; somente no processo de
Análise.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 128
3.2.9. Registro dos Pesos dos Fatores Atribuídos a cada fator pelos especialistas
Figura 13. Registro dos pesos atribuídos a cada fator (Elaborado pelo autor)
Os especialistas somente terão acesso aos seus dados cadastrados. Não terão acesso
aos dados de outros usuários.
3.2.10. Registro dos Graus de Evidência Favorável e Desfavorável pelos especialistas
Figura 14. Registro dos graus de evidência favorável e desfavorável (Elaborado pelo autor)
A Lógica E trabalha com valores entre 0 e 1, porém para compreensão e utilização
dos usuários os valores são apresentados na faixa entre 0 e 100, o software se incumbe de
fazer a transformação dos valores.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 129
3.2.11. Processo de Análise
A Lógica E trabalha com valores entre 0 e 1, porém para compreensão e utilização
dos usuários os valores são apresentados na faixa entre 0 e 100, o software se incumbe de
fazer a transformação. Durante o processo de análise caso o fator tenha seções, serão
apresentadas telas para escolha, da seção de referência para cada fator (Tabela 2).
Fi Pi Si 1 1 2 2 3 3
F1 1 S1 0,90 0,20 0,80 0,10 0,80 0,20
F2 1 S1 0,80 0,10 0,80 0.10 0,90 0,30
F3 1 S2 0,70 0,30 0,80 0,10 0,70 0,10
F4 1 S1 0.80 0,20 1,00 0.00 0.90 0,10
F5 1 S1 0,80 0,20 0.80 0,10 0,90 0,10
F6 1 S3 0,70 0,30 0,80 0,20 0,80 0,20
F7 1 S1 0,90 0.00 0,90 0.10 0,90 0.10
F8 1 S1 1,00 0,10 0,90 0,00 1,00 0,10
F9 1 S2 1,00 0,10 0,90 0,20 0,80 0,00
GRUPO A GRUPO B
E1 E2 E3
Tabela 11 - Definição das seções utilizadas
3.2.12. Escolha das Seções
Figura 15. Para cada fator, serão apresentadas suas seções (Elaborado pelo autor)
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 130
É possível selecionar mais de uma seção por fator, neste estudo de caso não foi
necessária a escolha de múltiplas seções.
3.2.13. Escolha do método de análise e dos valores de controle.
O software implementa o Método Paraconsistente de Decisão com um valor geral
de controle, a Lógica EC, com quatro valores de controle (Verdadeiro, Falsidade,
Inconsistência e Paracompleteza) e Lógica E, com oito valores de controle, o que permite
maiores possibilidades na definição das regiões de Verdade, Falsidade, Inconsistência e
Paracompleteza. Também é possível definir o tipo de saída para a decisão, por exemplo,
Viável, Inviável ou Indefinido. No caso, da Lógica E, são possibilidades de saída. Este
estudo de caso irá se restringir ao MPD (Figuras 16 e 17).
Figura 16. Registro do método de análise, valor de controle e valores de saída (Elaborado
pelo autor)
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 131
Figura 17. Escolha, dos valores de controle e valores de saída armazenados na base de dados
(Elaborado pelo autor)
3.2.14. Processo oculto do software, maximização, minimização e cálculo dos graus de
certeza e incerteza.
Após a escolha das seções foi efetuado o processo de maximização e minimização e
calculados os graus de certeza e incerteza (GCE e GIN) (Tabela 3) e (Figura 18).
A A B B R R GCE GIN DECISAO
0,90 0,20 0,80 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 VIAVEL
0,80 0,10 0,90 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 VIAVEL
0,70 0,30 0,80 0,10 0,70 0,30 0,40 0,00 INDEFINIDO
0.80 0,20 1,00 0,00 0,80 0,20 0,60 0,00 VIAVEL
0,80 0,20 0,90 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 VIAVEL
0,70 0,30 0,80 0,20 0,70 0,30 0,40 0,00 INDEFINIDO
0,90 0.00 0,90 0,10 0,90 0,10 0,80 0,00 VIAVEL
1,00 0,10 1,00 0,00 1,00 0,10 0,90 0,10 VIAVEL
1,00 0,10 0,90 0,00 0,90 0,10 0,80 0,00 VIAVEL
0,64 0,00 VIAVEL
MAX GRUPO A MAX GRUPO B MINIMIZAÇAO LIMITE DE DECISAO 0.55
Tabela 12 - Aplicação da Maximização, Minimização e o cálculo dos graus de certeza e
incerteza
Figura 18. Saída geral apresentada pelo software (Elaborado pelo autor)
A saída do software apresentou o mesmo resultado, da análise feita de forma
manual, validando os conceitos teóricos incorporados ao software.
A cor Verde indica que o fator é viável, Amarelo, indefinido e o Vermelho, inviável.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 132
3.2.15. Relatórios
Para cada análise realizada é possível armazenar o seu resultado (Figura 19).
Figura 19. Armazenamento de uma nova análise (Elaborado pelo autor)
O software disponibiliza 5 tipos de relatórios, onde é possível analisar se um
especialista é realmente um especialista no tema tratado, ordenar a saída por prioridades,
consultar todas as análises realizadas em um período de tempo e saída com um nível de
detalhamento mais profundo (Figuras 20, 21, 22, 23, 24 e 25).
Figura 20. Escolha do tipo de relatório (Elaborado pelo autor)
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 133
Figura 21. Graus de evidência atribuídos por cada especialista a cada seção (Elaborado pelo
autor)
Figura 22. Relatório Geral (Elaborado pelo autor)
Figura 23. Seções selecionadas para cada fator, durante a análise (Elaborado pelo autor)
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 134
Figura 24. Relatório Geral por prioridade de grau de certeza (Elaborado pelo auto)
Figura 25. Análises realizadas por período com seus respectivos resultados (Elaborado pelo
autor)
4. Conclusão
A mescla da informática aplicada aos conceitos teóricos do método de tomada de
decisão se mostraram promissores. O estudo de caso confrontou os conceitos apresentados.
Os resultados dos testes com o software comprovaram as simulações manuais. Estudos
preliminares em uma rede de lojas de telefonia comprovaram os resultados obtidos de
forma real pela empresa, sendo que quinze de suas lojas foram fechadas recentemente. Se
no momento da abertura dos pontos comerciais analisados houvesse um software para
análise preliminar da viabilidade ou não da abertura do novo ponto, muito do capital
investido, não teria sido desperdiçado.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 135
As interfaces do software se mostraram muito eficientes e eficazes, onde foi
possível realizar o cadastramento do estudo de caso, com quatro usuários ao mesmo, sendo
um facilitador e três especialistas.
Conclui-se que através do software utilizado é possível chegar a resultados
relevantes e a utilização do mesmo pode auxiliar em quaisquer situações de tomadas de
decisão.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 136
REFERÊNCIAS
1. ABE, J. M. “Lógica Paraconsistente Evidencial Et.” Monografia. 2009.
2. AGUILHAR, Ligia. Estadão. Pequenas empresas de serviço serão maioria em
2015. 13 de 01 de 2012. http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,-pequenas-
empresas-de-servico-serao-maioria-em-2015,1423,0.htm (acesso em 31 de 10 de
2015).
3. Beraldi, Lairce Castanhera, e Edmundo Escrivão Filho. “As pequenas empresas no
geral não possuem sistemas informatizados, ou seja, seus controles são feitos quase
que exclusivamente por meio de papeladas intermináveis.” Ci. Inf., 17 de 1 de
2000: 46-50.
4. Calado, Alexandre Miguel Ferreira, João Filipe Ferreira Marques, e Nuno Miguel
Gomes Sá Pinto. “ALGUNS DOS ERROS MAIS COMUNS NA TOMADA DE
DECIS O.” O A A E EC O, 05 de 2007.
5. CARVALHO, F. R, e J. M. ABE. Tomadas de Decisão com Ferramentas da
Lógica Paraconstistente Anotada. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, 2011.
6. CONTANI, Eduardo Augusto do Rosário, Alexssandro Augusto Pereira Correa DE
MELLO, e José Roberto Ferreira SAVOIA. “Aquisições de Micro, Pequenas e
Médias Empresas no Brasil: um Estudo de suas Características de Gestão
Financeira.” Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e estão de equenas
Empresas, 3 de 2012.
7. DA COSTA, N. C. A., J. M. ABE, A.C. MUROLO, e J. I. & LEITE, C. F. S. DA
SILVA FILHO. Lógica paraconsistente aplicada. São Paulo: Atlas, 1999.
8. DA SILVA FILHO, J. I. “Métodos de Aplicações da Lógica Paraconsistente
Anotada com Dois Valores - LPA2v com Construção de Algoritmo e
Implementação de Circuitos Eletrônicos.” Tese de doutorado apresentada a
EPUSP. São Paulo, 1999.
Método Paraconsistente para Abertura de Ponto Comercial na Cadeia Varejista de Telefonia Móvel
Alguns Temas em Computação Inteligente 137
9. G1. Portal G1. PEQUENAS EMPRESAS E GRANDES NEGÓCIOS. 18 de 9 de
2015. http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2015/09/faturamento-das-micro-
e-pequenas-empresas-cai-57-em-julho.html (acesso em 30 de 10 de 2015).
10. LONDON, Jack. Revista PEGN. O verdadeiro papel e a dimensão das PMEs. 2013.
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI275831-17141,00-
O+VERDADEIRO+PAPEL+E+A+DIMENSAO+DAS+PMES.html (acesso em 21
de 8 de 2015).
11. MARTINS, H. G. “A Lógica Paraconsistente Anotada de Quatro Valores LPA4v
aplicada em Sistemas de Raciocínio Baseado em Casos para o Restabelecimento de
Subestações Elétricas.” Tese de Doutorado apresentada à Universidade Federal de
Itajubá. 2003.
12. NETO, Julio Vieira, e Jose Rodrigues de Farias FILHO. “Modelo de gestão como
apoio as Pequenas e Médias Empresas (PME s).” SIMPEP, 06 de 11 de 2006.
13. Pequenas Empresas & Grandes Negócios. 48% das empresas brasileiras fecham as
portas depois de três anos. 27 de 8 de 2012.
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI317221-17180,00-
DAS+EMPRESAS+BRASILEIRAS+FECHAM+AS+PORTAS+DEPOIS+DE+TR
ES+ANOS.html (acesso em 30 de 9 de 2015).
14. SANTOS, Luciana Cristina Machado, e Ines Teresa Lyra Gaspar DA COSTA.
“GER NCIA FINANCEIRA NA PR TICA: O papel do Gestor Financeiro dentro
das Pequenas e Médias Empresas no Brasil.” 2013.
15. SHIMIZO, T. Decisão nas Organizações. Vol. 2 ed. São Paulo, SP: Atlas, 2006.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 138
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI
Através de Competências
Lauro Henrique de Castro Tomiatti1, Jair Minoro Abe
1,2, Fábio Vieira do Amaral
1,
Henry Costa Ungaro1
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
3Instituto Federal de São Paulo, Campus São Roque, São Roque, Brasil
Resumo - Diante da competitividade observada no mercado, as empresas que promoverem
seus colaboradores a partir de suas competências serão beneficiadas por decisões mais
eficientes. A premissa adotada deve ser a pessoa adequada para posição certa. Este
trabalho registra o processo de tomada de decisão dos proprietários de uma Startup em
formação, onde o poder societário não deve ser confundido com o poder organizacional. O
organograma operacional da empresa foi divido em três, no topo da hierarquia se criou o
cargo de diretor geral, na parte intermediária, se criou o cargo de gerente e na base, se
criou o cargo de analista. A empresa em estudo desenvolve softwares especialistas em
tomada de decisões, portanto, se utilizou como ferramenta o próprio software da empresa
denominado de ParaDecision-making Conference Nott, que utiliza como método a Lógica
Paraconsistente Anotada Evidencial E. O processo de tomada de decisão foi dividido em
nove etapas: Etapa 1, Estabelecer os fatores de maior importância para cada cargo; Etapa 2,
Estabelecer quatro grupos de especialistas; Etapa 3, Definir os pesos dos especialistas;
Etapa 4, Estabelecer os pesos de cada fator por cada um dos especialistas; Etapa 5, Definir
os graus de Evidência Favorável e Desfavorável de cada especialista para cada fator em
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 139
relação a cada candidato aos cargos estabelecidos; Etapa 6, aplicação do processo de
maximização e minimização dos graus de evidência; Etapa 7, Cálculo dos graus de certeza
e incerteza para cada fator em relação a cada candidato a algum cargo; Etapa 8, Cálculo do
ponto de decisão e Etapa 9, Análise dos resultados. Apresentação dos resultados
Palavras-chave: Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E, Organograma, Tomada
de Decisão
1. INTRODUÇÃO
As Startups são empreendimentos resultantes de um modelo de negócio inovador,
escalável e flexível o suficiente para sofrer alterações durante o processo de
desenvolvimento, lançamento e maturação do negócio, com alto investimento de capital
humano e intelectual, equilibrando custos e resultados financeiros de modo a permitir o
sucesso dos empreendedores (TELLES, 2015) e (CAVALHEIRO, 2015).
A fórmula tem como base o Vale do Silício dos Estados Unidos (EUA), onde ideias
são transformadas em negócios. Os empreendedores devem ter consciência que não basta
desenvolver o produto, obter equilíbrio financeiro é o fator chave entre ser bem-sucedido
ou estar se preparando para uma nova tentativa.
Segundo a Associação Brasileira de Startups (CALDAS, 2014), estima-se que
existam 10.000 startups ativas no brasil. A revista PME (LAM, 2013) publicou alguns
relatos de empreendedores de startups premiadas no Brasil e a Veja (HONORATO 2013),
relatou cinco lições de jovens empreendedores com relação ao aprendizado:
1. A gestão de uma empresa inovadora usa o velho método de tentativa e erro. São
listadas e testadas todas as soluções que podem ser usadas no negócio. A que
apresentar o melhor desempenho será implementada.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 140
2. Em um mundo globalizado e conectado, é preciso tomar decisões muito rápidas e
assertivas.
3. O maior obstáculo é tirar a ideia do papel. Somos educados para planejar, criar
cenários hipotéticos e coloca-los em um papel. A má notícia é que o papel aceita
tudo, e o que for colocado em seu plano de negócio irá falhar no momento em
que começar a executá-lo.
4. Quem diz que nunca errou está errando em não olhar para trás e analisar bem as
próprias ações. Errei, sim, e não foram poucas vezes na condução de meu projeto.
O importante, porém, é resolver rapidamente o problema e aprender com isso
para não repetir a falha.
5. Se não está errando, não está empreendendo. Empreender consiste em tentar
resolver problemas por meio de soluções inovadoras e corrigir rapidamente os
erros. Para contorna-los, é preciso agir com atenção, identificar o equívoco e
encontrar a lição escondida. Erros geralmente são lições práticas. Em
empreendedorismo. Isso quer dizer que é preciso medir seus passos com muito
cuidado para encontrar os pontos que precisam ser aperfeiçoados.
Neste trabalho utilizaremos como estudo de caso a empresa ParaDecision
Technology, que tem na pesquisa a sua principal ferramenta de desenvolvimento humano e
de seus produtos, desenvolvidos por uma mescla de jovens pesquisadores, professores
pesquisadores e profissionais experientes. Todos os funcionários da empresa fazem parte
do quadro societário, portanto, existe uma necessidade administrativa de se separar o
quadro pessoal em: quadro societário e quadro operacional. Para tanto se estabeleceu um
universo hierárquico constituído por um líder, representado pelo cargo de diretor geral, um
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 141
nível intermediário formado por gestores de atividades que serão responsáveis pelo
controle das tarefas e o terceiro nível hierárquico formado pelos executores das atividades.
A definição de a quem serão atribuídos os cargos operacionais se dará através do
emprego do software especialista de tomada de decisão, ParaDecision-making Conference
Nott, que utiliza como método a Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E, capaz de
analisar as certezas e incertezas de um grupo de especialistas extraindo suas contradições.
O objetivo do estudo é selecionar os elementos mais indicados para cada função sem o
constrangimento de se designar as notações de vencedores ou perdedores, chefes e
subordinados. Os resultados serão baseados no conhecimento e entendimento de todos os
participantes. Um dos grandes atrativos do software está na capacidade de operar de forma
remota ou em rede, com independência para cada usuário.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. LÓGICA PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL E
Cumpre destacar que foi o brasileiro, Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa,
que desenvolveu sua carreira de professor na Universidade Federal do Paraná e na
Universidade de São Paulo, o inventor da lógica paraconsistente, em 1958, tendo como
precursores os poloneses J. Łukasiewicz e S. Jaskowski e o russo N. A. Vasiliev
(CARVALHO & ABE, 2011).
A tomada de decisão é o processo cognitivo pelo qual se escolhe um plano de ação
dentre vários outros (baseados em variados cenários, ambientes, análises e fatores) para
uma situação-problema. Todo processo decisório produz uma escolha final. A saída pode
ser uma ação ou uma opinião de escolha. Ou seja, a tomada de decisão refere-se ao
processo de escolher o caminho mais adequado, em uma determinada circunstância
(SHIMIZO, 2006).
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 142
Qualquer decisão tomada, em uma empresa, afetará o estado geral, por isso, tem
que ser bem pensada a alternativa a ser escolhida, pois, deve-se pautar a tomada de decisão
orientando-se e definindo caminhos a serem percorridos e pesar o que poderá ser afetado
através desta decisão (SHIMIZO, 2006).
Prof. Da Costa desenvolveu uma família de lógicas paraconsistentes, os sistemas
Cn, a teoria de conjuntos e a lógica de predicados correspondentes, ou seja, contendo todos
os níveis lógicos comuns. Sobre esse tema, o Prof. Da Costa ministrou aulas e palestras em
todos os países das Américas do Sul e do Norte e em alguns países da Europa
(CARVALHO & ABE, 2011). Ao se analisar o mundo real, lidamos com indefinições,
situações de inconsistências e muitas vezes temos apenas um reconhecimento parcial dos
fatos e objetos – isto, no entanto, não impede o desenvolvimento do raciocínio humano que
está além da relação binária de verdade e falsidade (MARTINS, 2003). A necessidade de
demonstrar e dar tratamento a situações contraditórias e não triviais levou ao aparecimento
de uma lógica subjacente para os sistemas formais denominadas lógicas paraconsistentes
(DA COSTA, ABE, MUROLO, & DA SILVA FILHO, 1999).
A necessidade de se tomar decisão ocorre num momento de impasse em que a mais
de uma opção a seguir. Cada um de nós toma decisão baseada em aspectos subjetivos, a
subjetividade não tem medida perfeita ela é organizada, sistemática e objetiva (SHIMIZO,
2006).
A Lógica Paraconsistente figura entre as chamadas lógicas não clássicas, por conter
disposições contrárias a alguns dos princípios básicos da Lógica Aristotélica, tais como o
princípio da contradição. Sob a ótica aristotélica, qualquer afirmação é necessariamente
verdadeira ou falsa. Segundo a Lógica Paraconsistente, uma sentença e a sua negação
podem ser ambas verdadeiras (DA COSTA, ABE, MUROLO, & DA SILVA FILHO,
1999). Trabalha com proposições do tipo p (μ, λ), onde p é uma proposição e (μ, λ)
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 143
indicam os graus de evidência favorável e evidência desfavorável, respectivamente. O par
(μ, λ) é denominado constante de anotação, estando os valores de μ e λ limitados entre 0 e
1 (ABE, 2009). O processamento dos dados de entrada dá-se pela aplicação de conectivos
de minimização e maximização entre as fórmulas atômicas A e B que definem o estado
resultante da saída, considerando os proposicionais com seus respectivos graus de certeza e
incerteza pA (μ 1, λ1) e pB (μ2, λ2), inicialmente obtém-se o maior valor entre os graus
de certeza (μ1 OR μ2) obtendo o grau de certeza resultante (μR) em seguida minimizando
os graus de incerteza (λ1 OR λ2) obtendo o grau de incerteza resultante (λ R) (DA SILVA
FILHO, 1999).
Considerando o cenário de dois grupos de especialistas A(E1, E2) e B(E3, E4),
pode-se demonstrar a aplicação do conectivo OR representado pela disjunção A v B:
E1 (μ1, λ1) OR E2 (μ2, λ2) = (Máx { μ1, μ2}, Mín { λ1, λ2 }) = AR (μ1, λ1)
E3 (μ1, λ1) OR E4 (μ2, λ2) = (Máx { μ1, μ2}, Mín { λ1, λ2 }) = AR (μ2, λ2)
Em seguida, a aplicação do conectivo AND, entre os sinais anotados AR e BR,
representando a Conjunção AR ʌ BR:
R = AR (μ1, λ 1) AND BR (μ2, λ 2) = (Mín { μ1, μ2}, Máx { λ1, λ2 }) = R (μ1,
λ1)
Após a aplicação da maximização e minimização, os graus de certeza e incerteza
são obtidos por:
Grau de Certeza: Gce(μ, λ) = μ - λ
Grau de Incerteza: Gin(μ, λ) = μ + λ – 1
Dois valores limites externos e arbitrários (Vcve = Valor de controle de veracidade
e Vcfa = Valor de controle de falsidade) determinam quando o grau de certeza resultante é
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 144
alto o suficiente para que a proposição analisada seja considerada totalmente verdadeira ou
totalmente falsa.
Da mesma forma, dois valores limites externos e arbitrários (Vcic = Valor de
controle de inconsistência e Vcpa = Valor de controle de paracompleteza) determinam
quando o valor do grau de incerteza resultante da análise é tão alto que se pode considerar
a proposição totalmente inconsistente ou totalmente paracompleta (Tabela 1).
Tabela 1 - Valores limites externos arbitrários (ABE, 2011).
Valores limites externos
Vcve = Valor de controle de veracidade
Vcfa = Valor de controle de falsidade
Vcic = Valor de controle de inconsistência
Vcpa = Valor de controle de paracompleteza
Após determinação dos quatro valores limites e dos resultados do grau de certeza e
de incerteza é possível identificar o estado lógico resultante demonstrado adiante. Através
da utilização destes conceitos chegamos à Figura 1.
Figura 1. Diagrama com os graus de certeza e de incerteza, com valores ajustáveis de
controle limite indicados nos eixos (ABE, 2011).
Os estados lógicos que são representados pelas regiões que ocupam os vértices do
reticulado são os: Verdadeiro, Falso, Inconsistente e Paracompleto. Estes são denominados
de estados lógicos extremos. Os estados lógicos de saída representados por regiões internas
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 145
no reticulado que não são os estados lógicos extremos são denominados de estados lógicos
não extremos. Cada estado lógico não extremo é nomeado conforme sua proximidade com
os estados lógicos extremos.
A seguir, são apresentados os quatro estados lógicos extremos (Tabela 2) e os oito
não extremos (Tabela 3) que compõem o reticulado da Figura 2.
Tabela 2 – Estado Extremos (ABE, 2011).
Estados Extremos Símbolo
Verdadeiro V
Falso F
Inconsistente T
Paracompleto
Tabela 3 – Estados Não extremos (ABE, 2011).
Estados Não extremos Símbolo
Quase verdadeiro tendendo ao Inconsistente QVT
Quase verdadeiro tendendo ao Paracompleto QV
Quase falso tendendo ao Inconsistente QFT
Quase falso tendendo ao Paracompleto QF
Quase inconsistente tendendo ao Verdadeiro QTV
Quase inconsistente tendendo ao Falso QTF
Quase Paracompleto tendendo ao Verdadeiro QV
Quase Paracompleto tendendo ao Falso QF
Figura 2. Divisão do QUPC em 12 regiões (ABE, 2011)
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 146
Para caracterizar o estado lógico resultante aplicam-se as seguintes regras:
Tabela 4 – Caracterização dos Estados lógicos (ABE, 2009).
Condição Estado Resultante
Se Gcer(μ, λ) ≥ Vcve Verdadeiro
Se Gcer(μ, λ) ≤ Vcfa Falso
Se Ginc(μ, λ) ≥ Vcic Inconsistente
Se Ginc(μ, λ) ≤ Vcpa Paracompleto
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E Gcer(μ, λ) ≥ Ginc(μ, λ)
Quase Verdadeiro tendendo a Inconsistente
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E Gcer(μ, λ) < Ginc(μ, λ)
Inconsistente tendendo a Verdadeiro
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E Gcer(μ, λ) ≥ |Ginc(μ, λ)|
Quase Verdadeiro tendendo a Paracompleto
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E Gcer(μ, λ) < |Ginc(μ, λ)|
Paracompleto tendendo a Verdadeiro
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E |Gcer(μ, λ)| ≥ |Ginc(μ, λ)|
Quase Falso tendendo a Paracompleto
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E |Gcer(μ, λ)| < |Ginc(μ, λ)|
Paracompleto tendendo a Falso
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E |Gcer(μ, λ)| ≥ Ginc(μ, λ)
Quase Falso tendendo a Inconsistente
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E |Gcer(μ, λ)| < Ginc(μ, λ)
Inconsistente tendendo a Falso
3. METODOLOGIA
A empresa ParaDecision é composta por 12 membros, para o nosso estudo cada um
dos participantes deverá expor suas opiniões a partir de suas certezas e incertezas,
refletidas pelos graus de evidencia favorável e desfavorável.
O processo de escolha envolve a utilização do software ParaDecision-making
Conference Nott, que funciona em ambiente de rede, a partir de um banco de dados
localizado em portal na Internet. Todos os sócios têm permissão de acesso ilimitado a
todas as funcionalidades do software. O processo de utilização do software se inicia com a
criação de uma proposição, que irá tratar da escolha de um CEO e quatro gerentes, os
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 147
demais serão definidos como analistas. Em conjunto serão cadastros os fatores que serão
considerados na determinação das competências de cada sócio (Tópico 3.1). A seguir os
sócios serão distribuídos em quatro grupos (Tópico 3.2). Para todos os sócios se definiu
peso 1 e para cada fator também se atribui peso 1, o processo de decisão considera os pesos
atribuídos a cada especialista e os pesos atribuídos pelos especialistas a cada fator. O
cálculo envolve a média ponderada dos pesos. Cada especialista deverá fornecer suas
certezas e incertezas através do preenchimento dos campos fornecidos pelo software.
3.1. FATORES CONSIDERADOS PARA ESCOLHA
Empreendedorismo
EMP01 – CAPACIDADE DE IDENTIFICAR PRIORIDADES
EMP02 – DISPOSIÇÃO PARA CORRER RISCOS E RESPONSABILIDADES
EMP03 – HABILIDADE PARA IDENTIFICAR OPORTUNIDADES
EMP04 – CAPACIDADE DE OPERACIONALIZAR IDEIAS
Liderança
LEA01 – CAPACIDADE DE DELEGAR FUNÇÕES
LEA02 – CAPACIDADE DE TRABALHO EM EQUIPE
LEA03 – CAPACIDADE DE LIDERANÇA
Comunicação
COM01 – FACILIDADE DE RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
COM02 – CAPACIDADE DE ESTABELECER E CONSOLIDAR RELAÇÕES
COM03 – CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO, REDAÇÃO E
CRIATIVIDADE
COM04 – CAPACIDADE DE SUBORDINAR-SE E OBEDECER À
AUTORIDADE
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 148
Métodos
MET01 – DOMINIO DE METODOS E TECNICAS DE TRABALHO
MET02 – CAPACIDADE DE ADAPTAR-SE A NORMAS E PROCEDIMENTOS
3.2. GRUPOS DE ESPECIALISTAS
Administração
Científico
Desenvolvimento
Vendas
4. DESENVOLVIMENTO
4.1. UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE PARADECISION-MAKING CONFERENCE
NOTT PROFESSIONAL
Para conversão do modelo tradicional em modelo paraconsistente foi empregado o
software ParaDecision-making Conference Nott Professional. Todos os conceitos da
Lógica E são aplicados de forma fidedigna.
4.2. IMPLEMENTANDO O ESTUDO DE CASO NO SOFTWARE
4.2.1. LOGIN NO SOFTWARE
O Software ParaDecision-making Conference foi projetado para trabalhar em rede,
ou seja, vários usuários, que podem estar dividindo o mesmo ambiente de trabalho, ou
estar em qualquer parte do mundo. O seu banco de dados fica armazenado em ambiente de
nuvens, fornecendo mobilidade aos usuários, para utilizar os recursos disponíveis é
necessário ter uma versão instalada no computador e acesso à internet. As configurações
do software tratam o usuário em categorias, representadas por: Master, System Admin e
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 149
Standard, diferenciando o usuário por nível de privilégio. Para realizar o login, o usuário
deve ter sido criado por um usuário da empresa ParaDecision, ou ser um usuário Master ou
System Admin.
4.2.2. ESCOLHA DA ORGANIZAÇÃO
O software pode ser utilizado por uma empresa ou várias, portanto, a classificação
de empresa foi denominada por Organização. Somente usuários máster podem criar
organizações, unidades de negócio e departamentos. A Figura 4 ilustra a escolha de uma
organização.
Figura 4. Acesso ao ambiente do software ParaDecision-making Conference Nott
Fonte: Autor
4.2.3. REGISTRO DA PROPOSIÇÃO
A proposição é o problema que se deseja analisar. A Figura 5 ilustra as proposições
cadastradas
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 150
Figura 5. Registro da proposição, Modelo de Análise de Dependência Digital Corporativa
Fonte: autor
4.2.4. ELEMENTOS NECESSÁRIOS À CONSTRUÇÃO DA BASE DE
CONHECIMENTO
Figura 6. Elementos necessários a construção da base do conhecimento.
Fonte: Autores
Os próximos passos serão associar os usuários, pré-cadastrados em uma
organização, unidade de negócio e departamento a proposição em análise; criar grupos
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 151
para os usuários, que no universo da proposição em estudo, poderá ter o privilégio de
facilitador, especialista ou analista. Privilégio de facilitador, o usuário poderá associar
usuários a proposição, criar grupos de especialistas, associar usuários da proposição aos
grupos de especialistas, criar fatores e criar Seções e atribuir pesos aos especialistas por
nível de importância, os pesos podem variar entre 1 e 10. Privilégio de especialista, o
usuário poderá atribuir pesos aos fatores e atribuir graus de evidência favorável e
desfavorável. Privilégio de analista, o usuário somente poderá realizar analises, sem
privilégio de registrar ou alterar qualquer elemento no banco de dados.
4.2.5. ASSOCIAÇÃO DE USUÁRIOS A PROPOSIÇÃO E DEFINIÇÃO DE
PRIVILÉGIOS INTERNOS
Os usuários previamente cadastrados devem ser associados a proposição objeto de
análise, onde devem ser atribuídos os seus privilégios, se está ativo ou inativo no processo
de cálculo dos graus de certeza e incerteza resultantes. Um usuário pode ser inativado a
qualquer momento. Permitindo que usuários classificados como especialistas e que durante
o processo de análise se mostraram inaptos a tal definição. O usuário poderá ser inativado
desde que, exista pelo menos mais um especialista no grupo ao qual faça parte (Figura 7).
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 152
Figura 7. Atribuição de privilégios, definição de peso e definição se o usuário deve ou não
ser considerado no processo de cálculo dos graus de certeza e incerteza resultantes.
Fonte: Autores
Os usuários atribuídos a proposição exibidos em uma lista, onde se pode associar
grupos e usuários. Quando o usuário é associado a um grupo, ele deixa a lista de usuários
disponíveis. Com apenas alguns cliques, todos os usuários são atribuídos aos seus grupos
de conhecimento. Os usuários também podem ser transferidos de um grupo para outro
também com alguns cliques do mouse (Figura 8).
Figura 8. Atribuição dos usuários aos grupos
Fonte: Autores
4.2.6. REGISTRO DOS FATORES
Durante o processo de inclusão dos fatores é possível definir, que o fator pode
receber seções que farão parte de outros fatores. Deve-se deixar claro que o processo em
questão visa acelerar o processo de cadastramento dos elementos. Haverá um registro de
seção exclusivo para cada fator, o que está sendo replicado é apenas o texto; são registros
independentes (Figuras 9 e 10).
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 153
Figura 9. Registro dos Fatores
Fonte: Autores
Figura 10. Apresentação dos Registros dos Fatores Cadastrados
Fonte: Autores
4.2.7. REGISTRO DAS SEÇÕES
Durante o processo de inclusão das seções é possível definir, que a seção pode ser
replicada para os fatores com opção de receber seções selecionadas. Deve-se deixar claro
que o processo em questão visa acelerar o processo de cadastramento dos elementos.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 154
Haverá um registro de seção exclusivo para cada fator, o que está sendo replicado é apenas
o texto; são registros independentes (Figuras 11 e 12).
Figura 11. Registro da Seção
Fonte: Autores
Figura 12. Apresentação das Seções cadastradas e o fator correspondente
Fonte: Autores
Neste estudo de caso, as seções foram cadastradas uma única vez e replicadas para
os demais fatores, como ilustrado nas Figuras 9 e 11, com o check de replicação habilitado
tanto nos fatores como nas seções.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 155
4.2.8. REGISTRO DOS GRAUS DE EVIDÊNCIA FAVORÁVEL E
DESFAVORÁVEL AOS FATORES
Escolhidos os fatores e estabelecidas as seções, por meio de especialistas (ou
usando dados estatísticos), são atribuídos o grau de evidência favorável () e grau de
evidência contrária () ao sucesso do projeto, para cada um dos fatores, em cada uma das
seções, e, também, os pesos para cada um dos fatores. Neste exemplo, os graus de
evidência refletem a normalização realizada para a conversão entre os modelos. Foram
utilizados, dois especialistas e dois grupos por uma necessidade do software, que exige ao
menos dois grupos para poder realizar o processo de maximização e minimização. Por
padrão, o software apresenta os pesos com valor 1, os usuários podem realizar a alteração
apenas clicando com o mouse em cima da opção do peso, e em seguida digitar o valor do
peso desejado, respeitando a faixa de valores inteiros compreendida entre 1 e 10. Após a
troca dos pesos o usuário deve salvar a mudança, um check de confirmado será exibido.
Ao final do processo, o software fará uma validação de todos os dados esperados para
cadastramento, caso algum peso ou grau de evidência deixe de ser atribuído, não será
possível realizar a análise. Uma lista de pendências será exibida; somente no processo de
Análise.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 156
4.2.9. REGISTRO DOS PESOS DOS FATORES ATRIBUÍDOS A CADA FATOR
PELOS ESPECIALISTAS
Figura 13. Registro dos pesos atribuídos a cada fator
Fonte: Autores
4.2.10. REGISTRO DOS GRAUS DE EVIDÊNCIA FAVORÁVEL E
DESFAVORÁVEL PELOS ESPECIALISTAS
Figura 14. Registro dos graus de evidência favorável e desfavorável
Fonte: Autores
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 157
A Lógica E trabalha com valores entre 0 e 1, porém para compreensão e utilização
dos usuários os valores são apresentados na faixa entre 0 e 100, o software se incumbe de
fazer a transformação dos valores.
4.2.11. PROCESSO DE ANÁLISE
A Lógica E trabalha com valores entre 0 e 1, porém para compreensão e utilização
dos usuários os valores são apresentados na faixa entre 0 e 100, o software se incumbe de
fazer a transformação. Durante o processo de análise caso o fator tenha seções, serão
apresentadas telas para escolha, da seção de referência para cada fator.
4.2.12. ESCOLHA DAS SEÇÕES
Figura 15. Para cada fator, serão apresentadas suas seções
Fonte: Autores
É possível selecionar mais de uma seção por fator, neste estudo de caso em
particular isso foi necessário, para cada fator serão considerados os graus de evidência para
todas as seções. Os valores resultantes a cada fator serão os responsáveis por definir quais
candidatos possuem mais aptidão para os cargos gerenciais.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 158
4.2.13. ESCOLHA DO MÉTODO DE ANÁLISE E DOS VALORES DE
CONTROLE.
O software implementa o Método Paraconsistente de Decisão com um valor geral
de controle, a Lógica EC, com quatro valores de controle (Verdadeiro, Falsidade,
Inconsistência e Paracompleteza) e Lógica E, com oito valores de controle, o que permite
maiores possibilidades na definição das regiões de Verdade, Falsidade, Inconsistência e
Paracompleteza. Também é possível definir o tipo de saída para a decisão (Figura 16).
Figura 16. Escolha do método utilizado para saída
Fonte: Autores
5. CONCLUSÕES
Tabela 5. Graus de Certeza e Incerteza resultantes referente a análise de todos os sócios
(em %) (
Sócios
Soc0
1
Soc0
2
Soc0
3
Soc0
4
Soc0
5
Soc0
6
Soc0
7
Soc0
8
Soc0
9
Soc1
0
Soc1
1
Soc1
2
Gc
e
67 42 63 37 58 48 82 72 43 68 61 49
Gin 4 0,5 0 2 1 2 1 3 1 0 2 3
Fonte: Autores
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 159
Após a extração das incertezas, Gce - Gin
Tabela 6. Extração das incertezas em relação aos graus de certeza resultante de todos os
sócios (em %) (
Sócios
Soc0
1
Soc0
2
Soc0
3
Soc0
4
Soc0
5
Soc0
6
Soc0
7
Soc0
8
Soc0
9
Soc1
0
Soc1
1
So
c1
2
Gce
r
63 41,5 63 35 57 46 81 69 42 68 59 46
Fonte: Autores
Ao se analisar os resultados das análises individuais de cada sócio; o sócio 7 obteve
um grau de certeza resultante, após a extração da incerteza, de 81%, portanto, será o diretor
geral; o primeiro gerente será o sócio 8 com um grau de certeza de 69%; o segundo gerente
será o sócio 10 com um grau de certeza de 68%; o terceiro gerente será o sócio 1 com um
grau de certeza de 63%; e o quarto gerente será o sócio 3 com um grau de certeza de 63%.
Para os sócios, o resultado representa o desejo coletivo da equipe, não resultando
em traumas maiores entre vencedores ou vencidos. O resultado reflete o desejo e expertise
da equipe em relação a cada um dos seus membros
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 160
REFERÊNCIAS
1. HONORATO, Renata. As cinco lições dos jovens empreendedores brasileiros.
Veja, São Paulo, 7 mar. 2013. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/noticia/vidadigital/as-cinco-licoes-dos-jovens-
empreendedores-brasileiros>. Acesso em: 28 mar. 2014.
2. CALDAS, Cadu. O celular vai mudar o comercio tradicional. Zero Hora, Porto
Alegue, n. 17755, 6 abr. 2014. Disponível em:
<http://zh.clicrbs.com.br/rs/pagina/romero-rodrigues.html>. Acesso em: 07 fev.
2015
3. LAM, Camila. 15 dicas de empreendedores para escolher o negócio ideal. Exame,
25 nov. 2013. Disponível em: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/15-dicas-de-
empreendedores-para-escolher-o-negocio-ideal. Acessado em: 07 fev. 2015.
4. TELLES, André; Matos, Carlos. O empreendedor viável: uma mentoria para
empresas na era da cultura Startup. Rio de Janeiro: LeYa, 2013.
5. ABE, J. M. (2009). Lógica Paraconsistente Evidencial Et. Monografia.
6. AGUILHAR, L. (13 de 01 de 2012). Estadão. (P. e. 2015, Produtor) Acesso em 31
de 10 de 2015, disponível em Estadão: http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,-
pequenas-empresas-de-servico-serao-maioria-em-2015,1423,0.htm
7. BERALDI, L. C., & Filho, E. E. (1 de 1 de 2000). As pequenas empresas no geral
não possuem sistemas informatizados, ou seja, seus controles são feitos quase que
exclusivamente por meio de papeladas intermináveis. Ci. Inf., 29(1), pp. 46-50.
8. CALADO, A. M., Marques, J. F., & Pinto, N. M. (0 de 200 ). ALGUNS DOS
ERROS MAIS COMUNS NA TOMADA DE DECIS O. O A A E
EC O.
9. CARVALHO, F. R., & ABE, J. M. (2011). Tomadas de Decisão com Ferramentas
da Lógica Paraconstistente Anotada. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 161
10. CONTANI, E. A., DE MELLO, A. A., & SAVOIA, J. R. (3 de 2012). Aquisições
de Micro, Pequenas e Médias Empresas no Brasil: um Estudo de suas
Características de Gestão Financeira. Encontro de Estudos sobre
Empreendedorismo e estão de equenas Empresas, .
11. DA COSTA, N. C., ABE, J. M., MUROLO, A., & DA SILVA FILHO, J. I. (1999).
Lógica paraconsistente aplicada. São Paulo: Atlas.
12. DA SILVA FILHO, J. I. (1999). Métodos de Aplicações da Lógica Paraconsistente
Anotada com Dois Valores - LPA2v com Construção de Algoritmo e
Implementação de Circuitos Eletrônicos. Tese de doutorado apresentada a EPUSP.
São Paulo.
13. LONDON, J. (2013). Revista PEGN. (O. v. PMEs, Produtor) Acesso em 21 de 8 de
2015, disponível em Pequenas Empresas Grandes Negócios:
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI275831-17141,00-
O+VERDADEIRO+PAPEL+E+A+DIMENSAO+DAS+PMES.html
14. MARTINS, H. G. (2003). A Lógica Paraconsistente Anotada de Quatro Valores
LPA4v aplicada em Sistemas de Raciocínio Baseado em Casos para o
Restabelecimento de Subestações Elétricas. Tese de Doutorado apresentada à
Universidade Federal de Itajubá.
15. NETO, J. V., & FILHO, J. R. (06 de 11 de 2006). Modelo de gestão como apoio as
Pequenas e Médias Empresas (PME s). SIMPEP, 13.
16. Pequenas Empresas & Grandes Negócios. (27 de 8 de 2012). 48% das empresas
brasileiras fecham as portas depois de três anos. Acesso em 30 de 9 de 2015,
disponível em Pequenas Empresas & Grandes Negócios:
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI317221-17180,00-
DAS+EMPRESAS+BRASILEIRAS+FECHAM+AS+PORTAS+DEPOIS+DE+TR
ES+ANOS.html
17. SANTOS, L. C., & DA COSTA, I. T. (2013). GER NCIA FINANCEIRA NA
PR TICA: O papel do Gestor Financeiro dentro das Pequenas e Médias Empresas
no Brasil.
Elaboração do Organograma Operacional de uma Startup de TI através de competências
Alguns Temas em Computação Inteligente 162
18. SHIMIZO, T. (2006). Decisão nas Organizações (Vol. 2 ed.). São Paulo, SP,
Brasil: Atlas.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 163
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Caique Zaneti Kirilo1, Jair Minoro Abe
1,2, Luiz Carlos Machi Lozano
1, Renato
Hildebrando Parreira1
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
[email protected], [email protected]
Resumo - Os conceitos do Six sigma são amplamente utilizados na indústria como forma
de melhoria de processos baseado na diminuição da ocorrência de erros e falhas, sejam eles
de algum produto ou serviço. O Six Sigma já é bem eficiente quando aplicado de sua
forma mais básica, entretanto, quando somamos sua capacidade com a lógica
paraconsistente o processo de avaliação torna-se mais rápido e justo, pois o papel da lógica
para consistente é eliminar as contradições que eventualmente aparecem em qualquer
processo de avaliação na qual o ser humano tenha influência direta no processo. Será
apresentado neste artigo uma forma bem simples de unirmos os dois conceitos de forma
com que seja possível extrair o máximo de eficiência tanto do Six sigma quanto da lógica
paraconsistente.
Palavras-chave: Six Sigma, Qualidade, Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E·,
Método Paraconsistente de Decisão.
Abstract - The concepts of Six Sigma are widely used in industry as a way to improve
processes based on the reduction of the occurrence of errors and failures, whether any
product or service. Six Sigma is already very efficient when applied in its most basic form,
however, when we add capacity to paraconsistent logic the evaluation process becomes
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 164
faster and just as the role of logic for consistent is to eliminate the contradictions that
eventually appear in any evaluation process in which the human being has a direct
influence on the process . It will be presented in this article a simple way to unite the two
concepts it possible to extract maximum efficiency from both the Six Sigma as
paraconsistent logic.
Keywords: Six Sigma, Quality, Paraconsistent Annotated Evidential Logic Eτ,
Paraconsistent Decision-Making Method.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o interesse pelo Seis Sigma está crescendo a cada dia. Já há alguns anos,
as empresas cujas unidades de negócio no exterior estavam adotando esse programa o
conhecem. A pioneira na implementação do Seis Sigma com tecnologia nacional foi o
Grupo Brasmotor (Multibrás e Embraco), que, em 1999, obteve mais de 20 milhões de
reais de retorno, a partir dos primeiros projetos Seis Sigma concluídos. Atualmente, várias
outras empresas no país estão implementando a estratégia, geralmente com o suporte de
consultorias nacionais (1)
A Metodologia Seis Sigma tem sido o caminho escolhido pelas maiores empresas
mundiais para a busca do sucesso organizacional: maior rentabilidade e produtos de maior
qualidade. A utilização da Metodologia Seis Sigma já levou algumas empresas a resultados
notáveis: a GE, por exemplo, no período de 1998 a 2003, apresentou uma redução de
custos em mais de US$12 bilhões; já a Motorola, de 1987 a 2003, reduziu seus custos
industriais em US$15 bilhões (2).
No Brasil, diversas empresas têm adotado a Metodologia Seis Sigma, dentre elas
destacam-se: Ambev; Braskem; Celma/GE; Gerdau; Multibras; Nokia; Tigre Tubos e
Conexões; Tupy Fundições e Votorantim Cimentos (2).
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 165
Entretanto, o Six Sigma, mesmo não se baseando fundamentalmente no fator
humano, usa, como recurso, respostas que os funcionários em suas variadas hierarquias
retornam, isso não caracteriza um problema em si, mas é uma característica que pode vir a
acarretar em problemas decorrentes de falhas humanas, podendo comprometer toda a
avaliação da empresa.
Visando minimizar os erros ocasionados por fatores humanos, faz-se a proposta de
unir a métrica Six Sigma com a Inteligência Artificial Paraconsistente, a qual irá ficar
responsável por manipular as contradições, no caso, usou-se a vertente da Lógica que se
chama Método Paraconsistente de Decisão.
O Método Paraconsistente de Decisão (MPD) foi desenvolvido pelo estudo de
Carvalho (3), no qual buscou identificar fatores que influenciam no sucesso ou fracasso de
um empreendimento, ou seja, que acabam influenciando na decisão de levar adiante ou não
determinado projeto. Sua análise possibilitou identificar que os atributos podem em alguns
casos indicar condições favoráveis, em outros desfavoráveis e em outros casos indiferentes.
Esses fatores podem ser de diferentes ordens: econômicos, sociais, legais, ambientais,
técnicos, políticos, entre outros (4).
O MPD é um método que auxilia no processo decisório, utilizando a valoração dos
especialistas de maneira a selecionar a alternativa adequada em função dos fatores
estabelecidos, no qual possibilita verificar a indicação pela viabilidade (decisão favorável)
ou pela inviabilidade (decisão desfavorável) de determinado projeto (4).
2. SIX SIGMA
O Six Sigma nasceu na Motorola em meados dos anos 80. Naquela época, a
Motorola estava gastando entre 10% e 20% das receitas em baixa qualidade - direta e
indiretamente. Como o custo total da qualidade frequentemente fica oculto, os benefícios
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 166
do aperfeiçoamento da qualidade podem não ficar claros. Ao estudar o vínculo entre a
experiência de falha externa nos clientes e a experiência de defeitos internos em suas
fábricas, a Motorola começou a entender que a baixa qualidade tinha um impacto
significativo em sua lucratividade de linha básica (5).
A melhoria do processo e ferramentas associadas com o Six Sigma são muito
poderosas, e normalmente divididas em 5 fases de solução de problemas, geralmente
chamadas de DMAIC, que quer dizer: “DEFINE -MEASURE-ANALYZE-IMPROVE-
CONTROL”, ou DEFINIR-MEDIR-ANALISAR-APERFEIÇOAR-CONTROLAR (5).
O método DMAIC é constituído por 5 etapas (6):
D – Define: Definir com precisão o escopo do projeto.
M – Measure: Determinar a localização ou foco do problema.
A – Analyse: Determinar as causas de cada problema prioritário.
I – Improve: Propor, avaliar e implementar soluções para cada problema prioritário.
C – Control: Garantir que o alcance da meta seja mantido a longo prazo.
Baseado nos estudos de Cristina Werkema (1) nota-se que cada funcionário da
empresa, independentemente de seu nível hierárquico, assume um cargo no programa; os
cargos e suas responsabilidades são descritas a seguir:
Sponsor do Seis Sigma: É o executivo de mais alto nível na empresa, responsável
por definir todos os fatores necessários para a implementação do programa.
Sponsor Facilitador: É um dos diretores da empresa. Ele tem como função
assessorar o Sponsor do Seis Sigma na implementação do programa.
Champions: São diretores ou gerentes da empresa que tem como responsabilidade
apoiar os projetos e remover dificuldades para o seu desenvolvimento.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 167
Master Black Belts: São profissionais que assessoram os Sponsors e os Champions,
que precisam ter grande capacidade em ensinar e atuam como mentores dos Black Belts e
Green Belts.
Black Belts: São Líderes de equipes, que tem como função coordenar projetos. Ele
deve ter um elevado conhecimento técnico e uma série de qualidades que os caracterizem
como sendo capaz de executar essa função.
Green Belts: São integrantes das equipes lideradas pelos Black Belts ou lideram
equipes na condução de projetos funcionais.
Yellow Belts: São geralmente supervisores, devidamente instruídos e treinados para
compreender os conceitos básicos do programa. Ele tem como função supervisionar se o
programa está sendo bem implementado em toda a organização e também executar
projetos focados em desenvolvimento.
White Belts: São profissionais do nível operacional da empresa, devidamente
instruídos e treinados no programa. Eles têm como função dar suporte aos Green Belts e
Black Belts.
O fator humano sem dúvida é a parte mais sensível do Six Sigma, as pessoas que
são responsáveis por fazê-lo dar certo são as mesmas que o fazem falhar, pesando nisso
Werkema (7) abordou este tema baseada nos estudos de Schmidt (8), e o resultado foi uma
lista de fatores mais marcantes envolvendo erros humanos.
Má interpretação: Para garantir interpretações uniformes das palavras é necessário
prover definições precisas, acrescidas de instrumentos auxiliares, como listas de
verificação e exemplos. Também devem ser fornecidas informações detalhadas e exemplos
de como calcular, resumir, registrar etc. Em assuntos críticos, deve-se prover treinamento
formal, juntamente com exames para verificar a “capacidade” dos candidatos a sensores
em relação ao processo (7).
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 168
Erro inadvertido: O erro inadvertido é não intencional, imprevisível e muitas
vezes inconsciente, isto é, a pessoa que comete o erro não está, naquele momento,
consciente de tê-lo cometido. A característica imprevisível do erro produz um caráter
aleatório nos dados, que é útil para a identificação que os erros são do tipo inadvertido. A
escolha da solução para esse tipo de erro é um pouco limitada, porque a causa básica dos
erros inadvertidos é uma fraqueza inerente ao organismo humano: a incapacidade para se
manter atento indefinidamente (7).
Falta de técnica: O erro por falta de técnica é resultante do conhecimento
incompleto por parte do sensor humano. Algumas pessoas desenvolveram uma forma mais
habilidosa – algum tipo de “truque”, ou seja, uma pequena diferença no método – que
responde por uma grande diferença nos resultados. Aqueles que conhecem o “truque”
obtêm resultados superiores; os outros, não. A solução nesse caso é estudar os métodos
usados tanto por aqueles que têm desempenho superior, quanto por aqueles que apresentam
desempenho inferior. Esses estudos identificam os “truques”, que podem então ser
transferidos a todos os trabalhadores através de treinamento ou incorporados à tecnologia
(7).
Erro consciente: O erro consciente é intencional. A pessoa que comete esse erro
sabe quando o comete e pretende continuar a cometê-lo, muitas vezes como uma forma de
defesa contra injustiças reais ou imaginárias (7).
Dissimulação: A dissimulação é uma alteração deliberada dos dados coletados para
uma variedade de propósitos normalmente egoístas: redução da carga de trabalho, fuga de
tarefas desagradáveis, auto engrandecimento, medo de ser punido por ser portador de más
notícias. A redução da dissimulação pode ser alcançada, em parte, pelo estabelecimento de
um ambiente que favoreça a comunicação franca, o que exige liderança, por meio de
exemplos, da alta administração (7).
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 169
Distorção: A distorção e a dissimulação são semelhantes, mas existem diferenças
sutis. Na dissimulação o sensor humano conhece os fatos, mas os altera conscientemente.
A distorção não é necessariamente consciente, sendo possível a existência de forças
interiores que influenciam a resposta do sensor humano (por exemplo, ideias fixas devidas
ao hábito). A distorção pode até mesmo ser inerente à estrutura do plano de atuação dos
sensores humanos. Um exemplo é o teste conduzido por um fabricante de lâminas de
barbear, no qual os relatórios dos funcionários que faziam o teste estavam distorcidos pelo
fato de eles conhecerem o número de barbas já feitas com a lâmina que estava sendo
testada (7).
Inutilidade: A sensação de inutilidade é outra fonte de erro consciente. Se os
colaboradores descobrem que seus relatórios não levam a nada, eles deixam de fazê-los. A
situação é ainda pior se os trabalhadores descobrem que sua recompensa por agir como
sensores é uma culpa injustificada (7).
3. O MÉTODO PARACONSISTENTE DE DECISÃO
Baseado nos estudos de CARVALHO (3), é possível definir de forma sintetizada o
que é Método Paraconsistente de Decisão (MPD).
O MPD é um método de auxilio no processo de tomada de decisão baseado na
lógica paraconsistente, que usa a experiência dos especialistas como forma de verificar a
viabilidade ou inviabilidade de uma determinada situação.
Partindo de uma questão inicial chamada de proposição, determinam-se os fatores
que impactam na viabilidade ou inviabilidade da questão. Esses fatores podem ser
divididos em seções que são analisadas de forma a extrair ao máximo a experiência do
especialista.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 170
Para se fazer uma análise de viabilidade de um empreendimento para uma tomada
de decisão, o planejamento fica sob a coordenação de uma determinada pessoa (o próprio
empresário, um engenheiro, um consultor etc.) este trabalhará os dados de tal forma a
traduzi-los para a linguagem da lógica E. Esse especialista será chamado de engenheiro
do conhecimento (EC) (3).
Segundo CARVALHO (9), o Método Paraconsistente de Decisão consiste
basicamente de 8 etapas:
1. Fixar o nível de exigência da decisão que se pretende tomar.
2. Selecionar os fatores mais importantes e de maior influência na decisão.
3. Estabelecer as seções para cada um dos fatores (podem ser estabelecidas três,
quatro, cinco ou mais seções, dependendo do caso e do detalhamento desejado).
4. Construir a base de dados, que é constituída pelos pesos atribuídos aos fatores
(quando se quer distingui-los pela importância) e pelos valores da evidência favorável (ou
grau de crença); (a) e da evidência contrária (ou grau de descrença); (b) atribuídos a cada
um dos fatores em cada uma das seções; os pesos e os valores das evidências são atribuídos
por especialistas escolhidos convenientemente para opinar. (A base de dados pode,
também, ser construída com dados estatísticos armazenados, obtidos em experiências
anteriores na realização de empreendimentos similares).
5.Fazer a pesquisa de campo (ou levantamento de dados) para verificar, no caso em
análise, em que seção (condição) cada um dos fatores se encontra.
6. Obter o valor da evidência favorável (ai,R) e o valor da evidência contrária (bi,R),
resultantes, com 1 ≤ i ≤ n , para cada um dos fatores (Fi) escolhidos, nas seções
encontradas na pesquisa (Spj), por meio de aplicações das técnicas de maximização
(operador MÁX) e de minimização (operador MÍN) da lógica E.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 171
7. Obter o grau de evidência favorável (aw) e o grau de evidência contrária (bw) do
baricentro dos pontos que representam os fatores escolhidos no reticulado .
8. Tomar a decisão, aplicando-se a regra de decisão ou o algoritmo para-analisador.
4. UNINDO OS CONCEITOS
Partindo do princípio de que na lógica deve haver o engenheiro do conhecimento,
que ficará responsável por designar e coordenar as tarefas impostas aos especialistas do
programa, podemos deixar essa responsabilidade com o Sponsor do Six Sigma, por ser a
pessoa que tem a visão mais macro da empresa, entretanto tem acesso e poder sobre as
visões micro.
Em seguida temos outros especialistas que desempenham tarefas diferentes, estes
especialistas de acordo com a lógica paraconsistente podem exercer determinado peso na
tomada de decisão, este peso é manipulável de acordo com o grau de experiência que o
especialista tem com o tema em questão. Por exemplo um Green Belt pode opinar melhor
sobre uma determinada questão que o Black Belt não tenha o conhecimento operacional
mais aguçado, por se tratar de um nível mais gerencial.
Estes especialistas decidem sobre tarefas pré-determinadas, que serão estipuladas
pelo Sponsor do Six Sigma, ele fará o papel do engenheiro do conhecimento e particionará
a tarefa em vários fatores que serão estudados por todos os outros integrantes do programa,
desta forma, a experiência de todos os integrantes será aproveitada de maneira otimizada,
onde as contradições serão anuladas pela lógica, tornando todo o processo mais eficaz.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 172
Figura 1- Processo decisório.
Fonte: Autores
A imagem acima demonstra didaticamente como funciona o processo de tomada de
decisão, ilustrando as partes das quais a lógica paraconsistente entende como divisões e
subdivisões da decisão.
A decisão, que na lógica é chamada de Proposição, é o produto final da união de
todas as outras subdivisões. Para ilustrar melhor podemos usar como exemplo um estudo
de caso fictício:
Digamos que por algum motivo precisamos descobrir se é viável ou não a
construção de uma determinada fábrica de refrigerante em um local. A decisão que iremos
tomar é baseada nesse questionamento, então a proposição será “Viabilidade da construção
da fábrica X no local Y”.
Tendo em mente nossa proposição, agora é necessário listar os fatores que
impactam nessa decisão, como por exemplo, “Meios de Transporte Acessíveis”, “Custo de
Manutenção”, “Localização” e assim por diante, quantos fatores o engenheiro do
conhecimento julgar serem necessários para a tomada de decisão.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 173
Cada fator será divido em seções, essas seções são diretamente ligadas com a
questão abordada, ela será a resposta do fator que será dada pelo especialista que estiver
sendo questionado, por exemplo, o fator “localização” pode ter as seções “ótima”, “boa”,
“razoável”, “ruim”, “péssima” e assim por diante.
O especialista irá entrar com a sua experiência e colocará o seu grau de certeza e
incerteza para cada uma das seções, por exemplo, o “Especialista 1” cadastra “ 0%” de
certeza e “40%” de incerteza para a seção “ótima” do fator “localização”, isso significa que
de acordo com a experiência dele, há 70% de chance de ter uma boa localidade, entretanto,
ele também tem “40%” de incerteza, o que significa que há chances de mesmo com a
experiência dele evidenciando que é favorável, acontecer de não existir uma boa
localização. Um ponto que deve ser ressaltado baseado no exemplo descrito, os valores
“ 0%” e “40%” não são complementares, a somatória daria 110%, mas o interessante da
Inteligência Artificial é que em primeiro momento isso é permitido, devido ao fato de que
isso é o valor do feeling do especialista, transcende a lógica clássica, por isso tanto a
Lógica Paraconsistente quanto outras Inteligências Artificiais são denominadas Lógicas
Não Clássicas.
O que irá acontecer de fato na união da Lógica e do Six sigma é uma adequação de
conceitos básica. Algumas informações deverão ser extraídas da metodologia Six Sigma e
convertidas para a Lógica Paraconsistente, como por exemplo quem fará o papel de
especialista durante a tomada de decisão. A imagem abaixo ilustra como podemos
converter os especialistas do Six Sigma para especialistas de Lógica paraconsistente.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 174
Figura 2 Especialistas –
Fonte: Autores
De forma prática podemos ver que a única tarefa em si foi designar uma hierarquia
nos especialistas já existentes. Os pesos retratados nos especialistas da lógica
paraconsistente dizem respeito ao nível de influência que a pessoa terá em relação a
determinado fator. Esses pesos são mutáveis e podem ser ajustados de acordo com a
proposição.
A Tabela 18 mostra um exemplo fictício de como será implementada uma parte do
Six Sigma na lógica paraconsistente. Os integrantes do programa vão responder a
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 175
determinados fatores com uma porcentagem de certeza de incerteza, e então a lógica irá
fazer os cálculos que irá eliminar as contradições.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 176
.
Fato
rSe
ssão
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
Favo
rável
Desfa
vorá
vel
S110
0%0%
90%
10%
100%
10%
90%
0%90
%0%
100%
10%
90%
0%90
%0%
S270
%20
%80
%30
%80
%20
%70
%30
%70
%30
%80
%20
%70
%30
%70
%30
%
S350
%50
%60
%50
%60
%40
%50
%40
%50
%40
%60
%40
%50
%40
%50
%40
%
S110
0%5%
95%
15%
100%
10%
85%
0%85
%0%
100%
10%
85%
0%85
%0%
S275
%25
%85
%25
%85
%30
%73
%35
%73
%35
%85
%30
%73
%35
%73
%35
%
S355
%45
%55
%45
%65
%40
%45
%55
%45
%55
%65
%40
%45
%55
%45
%55
%
S192
%8%
98%
18%
88%
12%
82%
7%82
%7%
88%
12%
82%
7%82
%7%
S267
%23
%83
%27
%77
%18
%63
%28
%63
%28
%77
%18
%63
%28
%63
%28
%
S352
%47
%57
%48
%62
%43
%52
%45
%52
%45
%62
%43
%52
%45
%52
%45
%
S417
%73
%24
%65
%37
%67
%33
%64
%33
%64
%37
%67
%33
%64
%33
%64
%
S510
0%98
%17
%83
%18
%2%
21%
95%
21%
95%
18%
2%21
%95
%21
%95
%
S192
%8%
98%
18%
88%
12%
82%
7%82
%7%
88%
12%
82%
7%82
%7%
S267
%23
%83
%27
%77
%18
%63
%28
%63
%28
%77
%18
%63
%28
%63
%28
%
S352
%47
%57
%48
%62
%43
%52
%45
%52
%45
%62
%43
%52
%45
%52
%45
%
S410
0%98
%17
%83
%18
%2%
21%
95%
21%
95%
18%
2%21
%95
%21
%95
%
Whit
e Belt
F01
F02
F03
Spon
sor 1
Spon
sor 2
Cham
pion
Mas
ter B
lack
Belt
Blac
k Be
lt
Grou
p 1
Grou
p 2
F04
Gree
n Belt
Yello
w Be
lt
Grou
p 3
Grou
p 4
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 177
Tabela 1 - Exemplo de Aplicação
Fonte: Autores
Deste modo será possível eliminar uma boa parte dos erros humanos, pois iremos
tratar o rumo de uma tarefa de forma mais detalhada antes mesmo dela ser executada, e
também é possível garantir que todos os integrantes do programa entendam efetivamente a
importância de determinada tarefa, ou então, a inutilidade da mesma.
Método Paraconsistente de Decisão Aplicado ao Six Sigma
Alguns Temas em Computação Inteligente 178
REFERÊNCIAS
1 WERKEMA, C. Criando a Cultura Seis Sigma. Nova Lima: Werkema Editora, 2004.
2 RODRIGUES, M. V. Entendendo, Aprendendo e Desenvolvendo Sistemas De
Qualidade 6 Sigma. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2013.
3 CARVALHO, F. R. Aplicação de lógica paraconsistente anotada em tomadas de decisão
na engenharia de produção. Tese de Doutorado, 2006. Disponivel em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3136/tde-13032007-155453/pt-br.php>.
Acesso em: 14 Março 2016.
4 RODRIGUES, S. G. Aplicação da Lógica Paraconsistente na seleção de alternativas de
transporte público. Dissertação de Mestrado em Transportes, Publicação T.DM-
003A/2013, Brasília, 2013. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade
de Brasília.
5 QUINTELLA, H. L. M. D. M.; TOLEDO, F. D.; MOKDISSE,. MATURIDADE CMM,
SIX SIGMA E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE PERCEBIDA PELO CLIENTE,
Rio de Janeiro.
6 WERKEMA, C. Métodos PDCA e DMAIC e suas ferramentas analíticas. Rio de
Janeiro: CAMPUS, 2013.
7 WERKEMA, C. Perguntas e Respostas sobre o Lean Seis Sigma. 2 Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2011.
8 SCHMIDT, P.; DOS SANTOS, J. L.; ARIMA, C.. Fundamentos de Auditoria de
Sistemas. São Paulo: Atlas, 2006.
9 CARVALHO, F. R. . &. A. J. M. Tomadas de Decisão com Ferramentas da Lógica
Paraconstistente Anotada. São Paulo: Edgard Blucher Ltda., 2011.
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 179
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Henry Costa Ungaro1, Jair Minoro Abe
1,2, Lauro Henrique de Castro Tomiatti
1,
Fábio Vieira do Amaral1
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
3Instituto Federal de São Paulo, Campus São Roque, São Roque, Brasil
Resumo – Os sintomas de dependência digital mudam de acordo o avanço da tecnologia.
Não há um padrão capaz de definir suas características, mas alguns tipos de
comportamentos começam a ser identificados como habituais, como uso compulsivo da
internet, estar sempre on-line, dificuldade de se relacionar na vida pessoal ou profissional
com outras pessoas de forma presencial. A internet passa a ser uma válvula de escape para
os problemas, se transformando em solução virtual, onde o usuário se encontra protegido
atrás do dispositivo de conexão. Este trabalho realizou em uma primeira etapa uma
pesquisa exploratória utilizando como referência um questionário contendo perguntas
elaboradas por Kimberly Young, a pesquisa foi realizada em âmbito acadêmico e
empresarial. Na segunda etapa se desenvolveu um método Paraconsistente de análise,
apoiado pela Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E, no qual se normalizou os
elementos do questionário para o universo da Lógica E. Na terceira etapa se utilizou o
software Paradecision-Making Conference Nott, que possui em seus fundamentos os
conceitos da Lógica E implementados, para confrontar os resultados obtidos pelo modelo
convencional. A comparação entre os modelos resultou em uma porcentagem de igualdade
de resultados de 100% para amostra avaliada.
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 180
Palavras-chave: Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E, Dependência Digital,
Tomada de Decisão.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Young, os sintomas de dependência digital mudam de acordo com o
avanço da tecnologia. Um agravante importante está na banalização do uso dos diversos
dispositivos, as pessoas incorporam novas formas de interagir com outras pessoas ou
buscar por informações sem se dar conta que o limite do aceitável foi ultrapassado.
Quando não se observa mais o que está acontecendo ao nosso redor, como a natureza, as
pessoas, as cidades, os objetos que nos rodeiam, estar sentado em uma mesa de restaurante
e não tirar os olhos de um dispositivo digital, ao invés de aproveitar a presença das pessoas,
que estão a nossa frente, ou o lugar que nos recebeu, pode ser um indicativo que alguma
coisa não está bem. Quando o olhar está focado apenas no mundo virtual, o sinal de alerta
deve ser disparado. Tudo que é em excesso se torna um problema difícil de ser revertido
(YOUNG, 1996)
Para Young, não há um padrão especifico que defina as características de um
dependente digital, mas alguns comportamentos acabam sendo frequentes, como o uso
compulsivo da internet, uma constante preocupação em estar on-line, mentir ou esconder a
natureza de seus comportamentos on-line e a incapacidade de reduzir o tempo que está
conectado. (TORRES, 2013) e (YOUNG, 2011).
A fuga das cobranças constantes do universo contemporâneo está afetando a vida
pessoal, social e profissional das pessoas. A internet se transforma em uma válvula de
escape de proteção onde as pessoas se encontram protegidas de seus semelhantes. No
mundo virtual, as pessoas revelam outras personalidades ou realizam fantasias sem expor
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 181
suas verdadeiras inseguranças. O mais importante não é o tempo que se está conectado,
mas como usa a internet afeta na vida do usuário. (TORRES, 2013) e (YOUNG, 2011)
Estima-se que 10% dos brasileiros estejam sofrendo com este problema. Número
que pode ser ainda maior dada à velocidade que a internet está chegando às casas das
pessoas ou aos dispositivos que as acompanham. De acordo, com as pesquisas de Navegg,
Companhia de Analise de Audiência Online, foi registrou 105 milhões de brasileiros
conectados no primeiro semestre de 2013. Dados da Serasa Experian mostram que os
brasileiros gastam mais tempo no YouTube, Twitter e Facebook que os usuários da
Inglaterra e dos Estados Unidos. As atividades da internet impulsionam as vendas de
smartphones. De acordo com a consultoria Internet Data Corporation, estes dispositivos
representaram 41% (5,5 milhões) de telefones móveis vendidos em março de 2012. Em
abril de 2013, o índice saltou para 49% (5,8 milhões) (OLIVEIRA, 2015).
2. LÓGICA PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL E
Cumpre destacar que foi o brasileiro, Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa,
que desenvolveu sua carreira de professor na Universidade Federal do Paraná e na
Universidade de São Paulo, o inventor da lógica paraconsistente, em 1958, tendo como
precursores os poloneses J. Łukasiewicz e S. Jaskowski e o russo N. A. Vasiliev
(CARVALHO & ABE, 2011).
A tomada de decisão é o processo cognitivo pelo qual se escolhe um plano de ação
dentre vários outros (baseados em variados cenários, ambientes, análises e fatores) para
uma situação-problema. Todo processo decisório produz uma escolha final. A saída pode
ser uma ação ou uma opinião de escolha. Ou seja, a tomada de decisão refere-se ao
processo de escolher o caminho mais adequado, em uma determinada circunstância
(SHIMIZO, 2006).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 182
Qualquer decisão tomada, em uma empresa, afetará o estado geral, por isso, tem
que ser bem pensada a alternativa a ser escolhida, pois, deve-se pautar a tomada de decisão
orientando-se e definindo caminhos a serem percorridos e pesar o que poderá ser afetado
através desta decisão (SHIMIZO, 2006).
Prof. Da Costa desenvolveu uma família de lógicas paraconsistentes, os sistemas
Cn, a teoria de conjuntos e a lógica de predicados correspondentes, ou seja, contendo todos
os níveis lógicos comuns. Sobre esse tema, Prof. Da Costa ministrou aulas e palestras em
todos os países das Américas do Sul e do Norte e em alguns países da Europa
(CARVALHO & ABE, 2011). Ao se analisar o mundo real, lidamos com indefinições,
situações de inconsistências e muitas vezes temos apenas um reconhecimento parcial dos
fatos e objetos – isto, no entanto, não impede o desenvolvimento do raciocínio humano que
está além da relação binária de verdade e falsidade (MARTINS, 2003). A necessidade de
demonstrar e dar tratamento a situações contraditórias e não triviais levou ao aparecimento
de uma lógica subjacente para os sistemas formais denominadas lógicas paraconsistentes
(DA COSTA, ABE, MUROLO, & DA SILVA FILHO, 1999).
A necessidade de se tomar decisão ocorre num momento de impasse em que a mais
de uma opção a seguir. Cada um de nós toma decisão baseada em aspectos subjetivos, a
subjetividade não tem medida perfeita ela é organizada, sistemática e objetiva (SHIMIZO,
2006).
A Lógica Paraconsistente figura entre as chamadas lógicas não clássicas, por conter
disposições contrárias a alguns dos princípios básicos da Lógica Aristotélica, tais como o
princípio da contradição. Sob a ótica aristotélica, qualquer afirmação é necessariamente
verdadeira ou falsa. Segundo a Lógica Paraconsistente, uma sentença e a sua negação
podem ser ambas verdadeiras (DA COSTA, ABE, MUROLO, & DA SILVA FILHO,
1999). Trabalha com proposições do tipo p (μ, λ), onde p é uma proposição e (μ, λ)
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 183
indicam os graus de evidência favorável e evidência desfavorável, respectivamente. O par
(μ, λ) é denominado constante de anotação, estando os valores de μ e λ limitados entre 0 e
1 (ABE, 2009). O processamento dos dados de entrada dá-se pela aplicação de conectivos
de minimização e maximização entre as formulas atômicas A e B que definem o estado
resultante da saída, considerando os proposicionais com seus respectivos graus de certeza e
incerteza pA (μ 1, λ1) e pB (μ2, λ2), inicialmente obtém-se o maior valor entre os graus de
certeza (μ1 OR μ2) obtendo o grau de certeza resultante (μR) em seguida minimizando os
graus de incerteza (λ1 OR λ2) obtendo o grau de incerteza resultante (λR) (DA SILVA
FILHO, 1999).
Considerando o cenário de dois grupos de especialistas A (E1, E2) e B (E3, E4),
pode-se demonstrar a aplicação do conectivo OR representado pela disjunção A v B:
E1 (μ1, λ1) OR E2 (μ2, λ2) = (Máx {μ1, μ2}, Mín {λ1, λ2}) = AR (μ1, λ1)
E3 (μ1, λ1) OR E4 (μ2, λ2) = (Máx {μ1, μ2}, Mín {λ1, λ2}) = AR (μ2, λ2)
Em seguida, a aplicação do conectivo AND, entre os sinais anotados AR e BR,
representando a Conjunção AR ʌ BR:
R = AR (μ1, λ 1) AND BR (μ2, λ 2) = (Mín {μ1, μ2}, Máx {λ1, λ2}) = R (μ1, λ1)
Após a aplicação da maximização e minimização, os graus de certeza e
incerteza são obtidos por:
Grau de Certeza: Gce(μ, λ) = μ - λ
Grau de Incerteza: Gin(μ, λ) = μ + λ – 1
Dois valores limites externos e arbitrários (Vcve = Valor de controle de veracidade
e Vcfa = Valor de controle de falsidade) determinam quando o grau de certeza resultante é
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 184
alto o suficiente para que a proposição analisada seja considerada totalmente verdadeira ou
totalmente falsa.
Da mesma forma, dois valores limites externos e arbitrários (Vcic = Valor de
controle de inconsistência e Vcpa = Valor de controle de paracompleteza) determinam
quando o valor do grau de incerteza resultante da análise é tão alto que se pode considerar
a proposição totalmente inconsistente ou totalmente paracompleta (Tabela 1).
Tabela 1 - Valores limites externos arbitrários
Valores limites externos
V cve = Valor de controle de veracidade
V cfa = Valor de controle de falsidade
V cic = Valor de controle de inconsistência
V cpa= Valor de controle de paracompleteza
Fonte:(ABE, 2011).
Após determinação dos quatro valores limites e dos resultados do grau de certeza e
de incerteza é possível identificar o estado lógico resultante demonstrado adiante.
Através da utilização destes conceitos chegamos à Figura 1.
Figura 1. Diagrama com os graus de certeza e de incerteza, com valores ajustáveis de
controle limite indicados nos eixos
Fonte:(ABE, 2011).
Os estados lógicos que são representados pelas regiões que ocupam os vértices do
reticulado são os: Verdadeiro, Falso, Inconsistente e Paracompleto. Estes são denominados
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 185
de estados lógicos extremos. Os estados lógicos de saída representados por regiões internas
no reticulado que não são os estados lógicos extremos, são denominados de estados lógicos
não extremos. Cada estado lógico não extremo é nomeado conforme sua proximidade com
os estados lógicos extremos.
A seguir são apresentados os quatro estados lógicos extremos (Tabela 2) e os oito
não extremos (Tabela 3) que compõem o reticulado da Figura 2.
Tabela 2 – Estado Extremos
Estados Extremos Símbolo
Verdadeiro V
Falso F
Inconsistente T
Paracompleto
Fonte:(ABE, 2011).
Tabela 3 – Estados Não-Extremos
Estados Não extremos Símbolo
Quase verdadeiro tendendo ao Inconsistente QVT
Quase verdadeiro tendendo ao Paracompleto QV
Quase falso tendendo ao Inconsistente QFT
Quase falso tendendo ao Paracompleto QF
Quase inconsistente tendendo ao Verdadeiro QTV
Quase inconsistente tendendo ao Falso QTF
Quase Paracompleto tendendo ao Verdadeiro QV
Quase Paracompleto tendendo ao Falso QF
Fonte:(ABE, 2011).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 186
Figura 2. Divisão do QUPC em 12 regiões
Fonte:(ABE, 2011).
Para caracterizar o estado lógico resultante aplicam-se as seguintes regras:
Tabela 4 – Caracterização dos Estados lógicos
Condição Estado Resultante
Se Gcer(μ, λ) ≥ Vcve Verdadeiro
Se Gcer(μ, λ) ≤ Vcfa Falso
Se Ginc(μ, λ) ≥ Vcic Inconsistente
Se Ginc(μ, λ) ≤ Vcpa Paracompleto
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E Gcer(μ, λ) ≥ Ginc(μ, λ)
Quase Verdadeiro tendendo a Inconsistente
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E Gcer(μ, λ) < Ginc(μ, λ)
Inconsistente tendendo a Verdadeiro
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E Gcer(μ, λ) ≥ |Ginc(μ, λ)|
Quase Verdadeiro tendendo a Paracompleto
Se 0 ≤ Gcer(μ, λ) < Vcve
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E Gcer(μ, λ) < |Ginc(μ, λ)|
Paracompleto tendendo a Verdadeiro
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E |Gcer(μ, λ)| ≥ |Ginc(μ, λ)|
Quase Falso tendendo a Paracompleto
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E Vcpa < Ginc(μ, λ) ≤ 0
E |Gcer(μ, λ)| < |Ginc(μ, λ)|
Paracompleto tendendo a Falso
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E |Gcer(μ, λ)| ≥ Ginc(μ, λ)
Quase Falso tendendo a Inconsistente
Se Vcfa < Gcer(μ, λ) ≤ 0
E 0 ≤ Ginc(μ, λ) < Vcic
E |Gcer(μ, λ)| < Ginc(μ, λ)
Inconsistente tendendo a Falso
Fonte:(ABE, 2011).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 187
3. DEPENDÊNCIA DIGITAL
O psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Grupo de Dependências
Tecnológicas, do Hospital das Clínicas de São Paulo, publicou o livro “Vivendo esse
Mundo Digital”, uma das primeiras referências ao tema. Nele, estão descritas as
consequências dessa dependência. "Os usuários são facilmente distraídos e têm dificuldade
para controlar o tempo gasto com o dispositivo", escreveu o especialista. O trabalho
também aponta os sintomas do vício. O que assusta é que eles são muito semelhantes aos
expressos por viciados em drogas. Um exemplo: quando a pessoa dependente não está com
o seu smartphone na mão, fica irritada, ansiosa. (YOUNG, 2014) (OLIVEIRA, 2015)
Como todas as dependências descritas pela psiquiatria, a digital não é facilmente
reconhecida. Mas, da mesma forma que as outras, pode ser diagnosticada a partir de um
critério claro. Ela está instalada quando o indivíduo começa a sofrer prejuízos na sua vida
pessoal, social ou profissional por causa do uso excessivo do meio digital. Na vida real,
isso significa, por exemplo, brigar com o parceiro/a porque quer ficar online mesmo com a
insatisfação do companheiro/a ou cair de produção no trabalho porque não se concentra na
tarefa que lhe foi delegada (YOUNG, 2014) (OLIVEIRA, 2015).
A gravidade do problema está levando a uma mobilização mundial em busca de
soluções. Uma das frentes – a do reconhecimento médico do transtorno – está em franca
discussão. Recentemente, a dependência foi um dos temas que envolveram a publicação da
nova versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, publicação da
Associação Americana de Psiquiatria adotada como guia para o diagnóstico das doenças
mentais. Na edição final, o vício, não citado em edições anteriores, foi mencionado como
um transtorno em ascensão que exige a realização de mais estudos. Muitos especialistas
criticaram o manual porque acreditam já ser o distúrbio uma doença com critérios
diagnósticos definidos (YOUNG, 2014) (OLIVEIRA, 2015).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 188
3.1. CLASSIFICAÇÃO
Em 1998, Young publicou o livro “Apanhado na Rede”, no qual foram
apresentados os resultados de anos de pesquisa na forma de vinte perguntas.
A dificuldade de separar o uso da internet pela necessidade e utilidade para o seu abuso,
pode facilmente mascarar o diagnóstico de dependência de Internet. (TORRES, 2013)
3.1.1. QUESTÕES DE YOUNG
O Quadro 1, representa as questões de Young e o Quadro 2, representa a escala
adotada.
1. Passa mais tempo na internet do que pretendia?
2. Abandona as tarefas domésticas para passar mais tempo na web?
3. Prefere a emoção da internet à intimidade com seu parceiro?
4. Cria relacionamentos com novos amigos na internet?
5. Ouve outras pessoas em sua vida se queixando sobre a quantidade de
tempo que você passa on-line?
6. Suas notas na escola pioram por causa da quantidade de tempo que você
passa na web?
7. Acessa seu e-mail antes de qualquer outra coisa que você precise fazer?
8. Seu desempenho ou produtividade no trabalho piora por causa da
internet?
9. Fica na defensiva ou guarda segredo quando alguém lhe pergunta o que
você faz on-line?
10. Bloqueia pensamentos perturbadores sobre sua vida pensando em
conectar-se para se acalmar?
11. Se pega pensando quando você vai entrar na internet novamente?
12. Teme que a vida sem a internet seria chata, vazia e sem graça?
13. Explode, grita ou se mostra irritado se alguém lhe incomoda enquanto
você está conectado?
14. Você dorme pouco por ficar on-line até tarde da noite?
15. Sente-se preocupando com a internet quando está desconectado,
imaginando que poderia estar conectado?
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 189
16. Se pega dizendo “só mais alguns minutos” quando está na web?
17. Tenta diminuir a quantidade de tempo que fica na internet e não
consegue?
18. Esconde quanto tempo você está na internet?
19. Opta por passar mais tempo on-line em vez de sair com outras pessoas?
20. Sente-se deprimido (a), mal humorado (a) ou nervoso(a) quando está off-
line e esse sentimento vai embora assim que você volta a se conectar à
internet?
Quadro 2 – Questões levantadas por Young
Fonte:(ABE, 2011).
Quadro 2 – Escala das respostas possíveis de cada questão
Escala
Sempre
Em geral
Frequentemente
Algumas vezes
Raramente
Não se aplica
Fonte: Autores
Ao término do preenchimento do questionário a pontuação referente a cada questão
será somada resultando em um número variável entre 0 e 100.
Quadro 3 – Resultados possíveis
0 a 20 Raramente usa o computador ou não gosta de usá-lo
Não dependente
21 a 49 Não mostra sintomas de dependência, mas de vês em quando passa muito tempo na web
Mediano
50 a 79 Tem problemas com o tempo gasto na internet com impacto considerável
Preocupante
80 a 100 Uso da internet está causando problemas, procure assistência especializada
Dependente
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 190
Fonte: Autores
4. METODOLOGIA
De acordo com os objetivos do projeto, este trabalho caracteriza-se como pesquisa
aplicada, iniciando-se por pesquisa bibliográfica, identificação de alternativas de
implementação e realização de uma série de experimentos práticos, para se chegar à
solução pretendida. O desenvolvimento prático serve para validar as pesquisas
bibliográficas.
Para o estudo prático, será utilizado o software de tomada de decisão:
ParaDecision-making Conference Nott, versão Professional (Quadro 4).
Quadro 4 – Metodologia
Fonte: Autores
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 191
5. APLICAÇÃO PRÁTICA DO MÉTODO
5.1. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
O questionário, Anexo 1, foi preenchido manualmente por doze pessoas a Tabela 1,
representa a pontuação em cada questão (1 a 5 e 7 a 20), por cada pessoa (P1 a P12). A
questão 6, não se encaixa no contexto amostral, portanto, não foi considerada.
Tabela 5 – Pontuação de cada pessoa em cada questão
Questão P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12
1 1 5 4 4 2 2 5 2 1 4 1 5
2 0 5 0 4 1 2 2 2 1 2 5 5
3 0 1 0 2 2 0 1 2 1 0 0 1
4 2 2 5 2 0 2 4 1 2 0 1 2
5 0 5 0 1 1 2 4 1 1 0 0 4
7 1 5 2 1 2 5 2 5 1 2 1 5
8 1 2 0 0 0 2 1 0 1 2 0 1
9 0 1 0 0 1 0 1 2 1 0 0 4
10 0 1 0 0 0 0 2 0 1 0 0 2
11 1 1 2 0 1 0 2 0 1 0 0 2
12 1 2 2 0 1 0 4 0 1 0 0 2
13 0 1 0 0 0 2 1 0 1 0 1 1
14 0 2 5 0 0 0 2 2 1 0 0 2
15 2 2 0 0 0 0 1 2 1 0 0 5
16 0 4 0 0 1 0 2 2 1 0 0 4
17 1 4 0 0 0 0 1 0 1 0 0 4
18 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1
19 1 1 0 0 1 0 2 1 1 1 0 1
20 0 2 0 0 0 0 1 0 1 0 0 2
Total 11 47 20 14 13 17 39 22 20 11 9 53
Fonte: Autores
5.2. NORMALIZAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
A normalização foi realizada a partir de seis testes onde o primeiro teste se atribui
peso 0 a todas as questões onde o zero significa estado “não se aplica”, o segundo teste se
atribuiu peso 1 a todas as questões onde o um significa estado “raramente”, o terceiro teste
se atribuiu peso 2 a todas as questões onde o dois significa estado “as vezes”, o quarto
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 192
testes se atribuiu peso 3 a todas as questões onde o três significa estado “frequentemente”,
o quinto teste se atribuiu peso 4 a todas as questões onde o quatro significa estado
“geralmente” e o sexto teste se atribuiu peso a todas as questões onde o cinco significa
estado “sempre”.
Como a Lógica E trata o grau de certeza na faixa de valores compreendida entre -1
e +1, onde -1 indica falsidade absoluta e +1 verdade absoluta. Associou-se zero pontos do
questionário ao valor -1 da lógica e 100 pontos do questionário ao valor +1 da lógica.
Como a faixa de valores do questionário a se atribuir o estado dependente compreende a
faixa de valores entre 80 e 100 pontos, na lógica associou-se à faixa entre 0,6 e 1. Como a
faixa de valores do questionário a se atribuir o estado preocupante compreende a faixa de
valores entre 50 e 79 pontos, na lógica associou-se à faixa entre 0 e 0,59. Como a faixa de
valores do questionário a se atribuir o estado mediano compreende a faixa de valores entre
20 e 49 pontos, na lógica associou-se à faixa entre -0,59 e 0. Como a faixa de valores do
questionário a se atribuir o estado raramente a faixa de valores entre 0 e 19 pontos, na
lógica associou-se à faixa entre -1 e -0,6. Sem a normalização, não seria possível converter
os dados obtidos das respostas para aplica-las nas questões quando as mesmas forem
selecionadas.
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 193
Figura 3. QUPC adaptada pela normalização
Fonte: Autores baseado em (ABE, 2011)
5.3. ESTADOS EXTREMOS E NÃO-EXTREMOS NORMALIZADOS
Tabela 2 – Estado Extremos Normalizados
Estados Extremos Normalizado
Verdadeiro Dependente
Falso Não dependente
Inconsistente Inconsistente
Paracompleto Paracompleto
Fonte: Autores baseado em (ABE, 2011)
Tabela 3 – Estados Não extremos Normalizados
Estados Não extremos Normalizado
Quase verdadeiro tendendo ao Inconsistente Preocupante
Quase verdadeiro tendendo ao Paracompleto Preocupante
Quase falso tendendo ao Inconsistente Mediano
Quase falso tendendo ao Paracompleto Mediano
Quase inconsistente tendendo ao Verdadeiro Preocupante
Quase inconsistente tendendo ao Falso Mediano
Quase Paracompleto tendendo ao Verdadeiro Preocupante
Quase Paracompleto tendendo ao Falso Mediano
Fonte: Autores baseado em (ABE, 2011)
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 194
5.4. UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE PARADECISION-MAKING CONFERENCE
NOTT PROFESSIONAL
Para conversão do modelo tradicional em modelo paraconsistente foi empregado o
software ParaDecision-making Conference Nott Professional. Todos os conceitos da
Lógica E são aplicados de forma fidedigna.
5.4.1. IMPLEMENTANDO O ESTUDO DE CASO NO SOFTWARE
5.4.1.1. LOGIN NO SOFTWARE
O software ParaDecision-making Conference foi projetado para trabalhar em rede,
ou seja, vários usuários, que podem estar dividindo o mesmo ambiente de trabalho, ou
estar em qualquer parte do mundo. O seu banco de dados fica armazenado em ambiente de
nuvens, fornecendo mobilidade aos usuários, para utilizar os recursos disponíveis é
necessário ter uma versão instalado no computador e acesso à internet. As configurações
do software tratam o usuário em categorias, representadas por: Master, System Admin e
Standard, diferenciando o usuário por nível de privilégio. Para realizar o login, o usuário
deve ter sido criado por um usuário da empresa ParaDecision, ou ser um usuário Master ou
System Admin.
5.4.1.2. ESCOLHA DA ORGANIZAÇÃO
O software pode ser utilizado por uma empresa ou várias, portanto, a classificação
de empresa foi denominada por Organização. Somente usuários máster podem criar
organizações, unidades de negócio e departamentos. A Figura 4 ilustra a escolha de uma
organização.
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 195
Figura 4. Acesso ao ambiente do software ParaDecision-making Conference Nott
Fonte: Autores
5.4.1.3. REGISTRO DA PROPOSIÇÃO
A proposição é o problema que se deseja analisar. A Figura 5 ilustra as proposições
cadastradas
Figura 5. Registro da proposição, Modelo de Análise de Dependência Digital Corporativa
Fonte: Autores
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 196
5.4.1.4. ELEMENTOS NECESSÁRIOS A CONSTRUÇÃO DA BASE DE
CONHECIMENTO
Figura 6. Elementos necessários a construção da base do conhecimento.
Fonte: Autores
Os próximos passos serão associar os usuários, pré-cadastrados em uma
organização, unidade de negócio e departamento a proposição em análise; criar grupos
para os usuários, que no universo da proposição em estudo, poderá ter o privilégio de
facilitador, especialista ou analista. Privilégio de facilitador, o usuário poderá associar
usuários a proposição, criar grupos de especialistas, associar usuários da proposição aos
grupos de especialistas, criar fatores e criar Seções e atribuir pesos aos especialistas por
nível de importância, os pesos podem variar entre 1 e 10. Privilégio de especialista, o
usuário poderá atribuir pesos aos fatores e atribuir graus de evidência favorável e
desfavorável. Privilégio de analista, o usuário somente poderá realizar analises, sem
privilégio de registrar ou alterar qualquer elemento no banco de dados.
5.4.1.5. ASSOCIAÇÃO DE USUÁRIOS A PROPOSIÇÃO E DEFINIÇÃO DE
PRIVILÉGIOS INTERNOS
Os usuários previamente cadastrados devem ser associados a proposição objeto de
análise, onde devem ser atribuídos os seus privilégios, se está ativo ou inativo no processo
de cálculo dos graus de certeza e incerteza resultantes. Um usuário pode ser inativado a
qualquer momento. Permitindo que usuários classificados como especialistas e que durante
o processo de análise se mostraram inaptos a tal definição. O usuário poderá ser inativado
desde que, exista pelo menos mais um especialista no grupo ao qual faça parte (Figura 7).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 197
Figura 7. Atribuição de privilégios, definição de peso e definição se o usuário deve ou não
ser considerado no processo de cálculo dos graus de certeza e incerteza resultantes.
Fonte: Autores
Os usuários atribuídos a proposição exibidos em uma lista, onde se pode associar
grupos e usuários. Quando o usuário é associado a um grupo, ele deixa a lista de usuários
disponíveis. Com apenas alguns cliques, todos os usuários são atribuídos aos seus grupos
de conhecimento. Os usuários também podem ser transferidos de um grupo para outro
também com alguns cliques do mouse (Figura 8).
Figura 8. Atribuição dos usuários aos grupos
Fonte: Autores
5.4.1.6. REGISTRO DOS FATORES
Durante o processo de inclusão dos fatores é possível definir, que o fator pode
receber seções que farão parte de outros fatores. Deve-se deixar claro que o processo em
questão visa acelerar o processo de cadastramento dos elementos. Haverá um registro de
seção exclusivo para cada fator, o que está sendo replicado é apenas o texto; são registros
independentes (Figuras 9 e 10).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 198
Figura 9. Registro dos Fatores
Fonte: Autores
Figura 10. Apresentação dos Registros dos Fatores Cadastrados
Fonte: Autores
5.4.1.7. REGISTRO DAS SEÇÕES
Durante o processo de inclusão das seções é possível definir, que a seção pode ser
replicada para os fatores com opção de receber seções selecionadas. Deve-se deixar claro
que o processo em questão visa acelerar o processo de cadastramento dos elementos.
Haverá um registro de seção exclusivo para cada fator, o que está sendo replicado é apenas
o texto; são registros independentes (Figuras 11 e 12).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 199
Figura 11. Registro da Seção
Fonte: Autores
Figura 12. Apresentação das Seções cadastradas e o fator correspondente
Fonte: Autores
Neste estudo de caso, as seções foram cadastradas uma única vez e replicadas para
os demais fatores, como ilustrado nas Figuras 9 e 11, com o check de replicação habilitado
tanto nos fatores como nas seções.
5.4.1.8. REGISTRO DOS GRAUS DE EVIDÊNCIA FAVORÁVEL E
DESFAVORÁVEL AOS FATORES
Escolhidos os fatores e estabelecidas as seções, por meio de especialistas (ou
usando dados estatísticos), são atribuídos o grau de evidência favorável () e grau de
evidência contrária () ao sucesso do projeto, para cada um dos fatores, em cada uma das
seções, e, também, os pesos para cada um dos fatores. Neste exemplo, os graus de
evidência refletem a normalização realizada para a conversão entre os modelos. Foram
utilizados, dois especialistas e dois grupos por uma necessidade do software, que exige ao
menos dois grupos para poder realizar o processo de maximização e minimização.
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 200
Por padrão, o software apresenta os pesos com valor 1, os usuários podem realizar a
alteração apenas clicando com o mouse em cima da opção do peso, e em seguida digitar o
valor do peso desejado, respeitando a faixa de valores inteiros compreendida entre 1 e 10.
Após a troca dos pesos o usuário deve salvar a mudança, um check de confirmado será
exibido. Ao final do processo, o software fará uma validação de todos os dados esperados
para cadastramento, caso algum peso ou grau de evidência deixe de ser atribuído, não será
possível realizar a análise. Uma lista de pendências será exibida; somente no processo de
Análise.
5.4.1.9. REGISTRO DOS PESOS DOS FATORES ATRIBUÍDOS A CADA FATOR
PELOS ESPECIALISTAS
Figura 13. Registro dos pesos atribuídos a cada fator
Fonte: Autores
5.4.1.10. REGISTRO DOS GRAUS DE EVIDÊNCIA FAVORÁVEL E
DESFAVORÁVEL PELOS ESPECIALISTAS
Figura 14. Registro dos graus de evidência favorável e desfavorável
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 201
Fonte: Autores
A Lógica E trabalha com valores entre 0 e 1, porém para compreensão e utilização
dos usuários os valores são apresentados na faixa entre 0 e 100, o software se incumbe de
fazer a transformação dos valores.
5.4.1.11. PROCESSO DE ANÁLISE
A Lógica E trabalha com valores entre 0 e 1, porém para compreensão e utilização
dos usuários os valores são apresentados na faixa entre 0 e 100, o software se incumbe de
fazer a transformação. Durante o processo de análise caso o fator tenha seções, serão
apresentadas telas para escolha, da seção de referência para cada fator.
5.4.1.12. ESCOLHA DAS SEÇÕES
Figura 15. Para cada fator, serão apresentadas suas seções
Fonte: Autores
É possível selecionar mais de uma seção por fator, neste estudo de caso não foi
necessária a escolha de múltiplas seções.
5.4.1.13. ESCOLHA DO MÉTODO DE ANÁLISE E DOS VALORES DE CONTROLE.
O software implementa o Método Paraconsistente de Decisão com um valor geral
de controle, a Lógica EC, com quatro valores de controle (Verdadeiro, Falsidade,
Inconsistência e Paracompleteza) e Lógica E, com oito valores de controle, o que permite
maiores possibilidades na definição das regiões de Verdade, Falsidade, Inconsistência e
Paracompleteza. Também é possível definir o tipo de saída para a decisão. Neste caso,
Dependente, Não dependente, Mediano e Preocupante (Figura 16)
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 202
Figura 16. Registro do método de análise, valor de controle e valores de saída
Fonte: Autores
As figuras 17, 18, 19 e 20 ilustram 4 análises com as saídas: Não dependente,
Mediano, Preocupante e Dependente.
Figura 17. Análise realizada, Não-Dependente
Fonte: Autores
Figura 18. Análise realizada, Mediano
Fonte: Autores
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 203
Figura 19. Análise realizada, Preocupante
Fonte: Autores
Figura 20. Análise realizada, Dependente
Fonte: Autores
A saída do software apresentou o mesmo resultado, da análise feita de forma
manual, validando os conceitos teóricos incorporados ao software.
5.4.1.14. RELATÓRIOS
O software disponibiliza 5 tipos de relatórios, onde é possível analisar se um
especialista é realmente um especialista no tema tratado, ordenar a saída por prioridades,
consultar todas as análises realizadas em um período de tempo e saída com um nível de
detalhamento mais profundo, para o estudo de caso utilizaremos apenas três (Figuras 21,
22 e 23).
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 204
Figura 21. Graus de evidência atribuídos por cada especialista a cada seção
Fonte: Autores
Figura 22. Relatório Geral Ordenado pelo G ce
Fonte: Autores
Figura 23. Seções selecionadas para cada fator, durante a análise
Fonte: Autores
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 205
6. CONCLUSÃO
Fazendo uma comparação direta entre o software ParaDecision-making Conference
e a aplicação do questionário, houve uma concordância dos resultados de 100% para
amostra de estudo. A mescla da informática aplicada aos conceitos teóricos da Lógica E
se mostraram promissores. O estudo de caso, confrontou os conceitos apresentados. Os
resultados dos testes com o software comprovaram as simulações manuais. A pesquisa
indicou que o modelo com lógica paraconsistente pode ser usado em adição ao
questionário. O mesmo estudo foi realizado com os desenvolvedores da empresa
ParaDecision, com monitoramento da comunicação pelos meios digitais realizada pelos
membros da equipe. O resultado não apresentou nenhum caso de dependência, mas
indicou dois casos preocupantes, sete medianos e três não dependentes.
Conclui-se que através do software utilizado é possível chegar a resultados
relevantes e a utilização do mesmo pode auxiliar em quaisquer situações de tomadas de
decisão.
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 206
REFERÊNCIAS
1. ABE, J. M. (2009). Lógica Paraconsistente Evidencial Et. Monografia.
2. AGUILHAR, L. (13 de 01 de 2012). Estadão. (P. e. 2015, Produtor) Acesso em 31
de 10 de 2015, disponível em Estadão: http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,-
pequenas-empresas-de-servico-serao-maioria-em-2015,1423,0.htm
3. Beraldi, L. C., & Filho, E. E. (1 de 1 de 2000). As pequenas empresas no geral
não possuem sistemas informatizados, ou seja, seus controles são feitos quase que
exclusivamente por meio de papeladas intermináveis. Ci. Inf., 29(1), pp. 46-50.
4. Calado, A. M., Marques, J. F., & Pinto, N. M. (0 de 200 ). ALGUNS DOS
ERROS MAIS COMUNS NA TOMADA DE DECIS O. O A A E
EC O.
5. CARVALHO, F. R., & ABE, J. M. (2011). Tomadas de Decisão com Ferramentas
da Lógica Paraconstistente Anotada. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda.
6. CONTANI, E. A., DE MELLO, A. A., & SAVOIA, J. R. (3 de 2012). Aquisições
de Micro, Pequenas e Médias Empresas no Brasil: um Estudo de suas
Características de Gestão Financeira. Encontro de Estudos sobre
Empreendedorismo e estão de equenas Empresas, .
7. DA COSTA, N. C., ABE, J. M., MUROLO, A., & DA SILVA FILHO, J. I. (1999).
Lógica paraconsistente aplicada. São Paulo: Atlas.
8. DA SILVA FILHO, J. I. (1999). Métodos de Aplicações da Lógica Paraconsistente
Anotada com Dois Valores - LPA2v com Construção de Algoritmo e
Implementação de Circuitos Eletrônicos. Tese de doutorado apresentada a EPUSP.
São Paulo.
9. G1. (18 de 9 de 2015). Portal G1. (P. E. NEGÓCIOS, Produtor) Acesso em 30 de
10 de 2015, disponível em Portal G1:
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2015/09/faturamento-das-micro-e-
pequenas-empresas-cai-57-em-julho.html
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 207
10. LONDON, J. (2013). Revista PEGN. (O. v. PMEs, Produtor) Acesso em 21 de 8 de
2015, disponível em Pequenas Empresas Grandes Negócios:
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI275831-17141,00-
O+VERDADEIRO+PAPEL+E+A+DIMENSAO+DAS+PMES.html
11. MARTINS, H. G. (2003). A Lógica Paraconsistente Anotada de Quatro Valores
LPA4v aplicada em Sistemas de Raciocínio Baseado em Casos para o
Restabelecimento de Subestações Elétricas. Tese de Doutorado apresentada à
Universidade Federal de Itajubá.
12. NETO, J. V., & FILHO, J. R. (06 de 11 de 2006). Modelo de gestão como apoio as
Pequenas e Médias Empresas (PME s). SIMPEP, 13.
13. Pequenas Empresas & Grandes Negócios. (27 de 8 de 2012). 48% das empresas
brasileiras fecham as portas depois de três anos. Acesso em 30 de 9 de 2015,
disponível em Pequenas Empresas & Grandes Negócios:
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI317221-17180,00-
DAS+EMPRESAS+BRASILEIRAS+FECHAM+AS+PORTAS+DEPOIS+DE+TR
ES+ANOS.html
14. SANTOS, L. C., & DA COSTA, I. T. (2013). GER NCIA FINANCEIRA NA
PR TICA: O papel do Gestor Financeiro dentro das Pequenas e Médias Empresas
no Brasil.
15. SHIMIZO, T. (2006). Decisão nas Organizações (Vol. 2 ed.). São Paulo, SP,
Brasil: Atlas.
Método Paraconsistente de Análise da Dependência Digital
Alguns Temas em Computação Inteligente 208
ANEXO 1 - DEPENDÊNCIA DIGITAL
Teste composto por 19 perguntas para ver o quanto o usuário está dependente
Nu
nca
Ra
ram
ente
Às
vez
es
Fre
qu
ente
men
te
Ger
alm
ente
Sem
pre
Passa mais tempo na internet do que pretendia?
Abandona as tarefas domesticas para passar mais tempo na web?
Prefere a emoção da internet à intimidade com seu parceiro?
Cria relacionamentos com novos amigos na internet?
Ouve outras pessoas em sua vida se queixando sobre a
quantidade de tempo que você passa on-line?
Acessa seu e-mail antes de qualquer outra coisa que você precise
fazer?
Seu desempenho ou produtividade no trabalho piora por causa
da internet?
Fica na defensiva ou guarda segredo quando alguém lhe
pergunta o que você faz on-line?
Bloqueia pensamentos perturbadores sobre sua vida pensando
em conectar-se para se acalmar?
Se pega pensando quando você vai entrar na internet
novamente?
Teme que a vida sem a internet seria chata, vazia e sem graça?
Explode, grita ou se mostra irritado se alguém lhe incomoda
enquanto você está conectado?
Você dorme pouco por ficar on-line até tarde da noite?
Sente-se preocupando com a internet quando está desconectado,
imaginando que poderia estar conectado?
Se pega dizendo “só mais alguns minutos” quando está na web?
Tenta diminuir a quantidade de tempo que fica na internet e não
consegue?
Esconde quanto tempo você está na internet?
Opta por passar mais tempo on-line em vez de sair com outras
pessoas?
Sente-se deprimido(a), mal humorado(a) ou nervoso(a) quando
está off-line e esse sentimento vai embora assim que se conecta ?
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 209
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open
Source Arduino
Genivaldo Carlos Silva1, Jair Minoro Abe
1,2, Priscila Faccioli
1
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
[email protected], [email protected], [email protected]
Resumo: Este artigo apresenta uma nova construção do Controlador Lógico
Paraconsistente implementado por Da Silva Filho, em seu trabalho: “Métodos de
Aplicações da Lógica Paraconsistente com Anotação LPA2v” em 1999, utilizando a
plataforma de desenvolvimento Open Source Arduino, utilizada em muitos projetos de
automação e robótica.
Palavras-chave: Lógica Paraconsistente, Arduino
Abstract. The aim of this paper is present a construction of Paraconsistent Logical
Controller implemented by Da Silva Filho and others by using the open source platform
Arduino Uno in order to update the previous ones, making it available for automation and
robotics projects.
Keywords: Paraconsistent Logics, Arduino, Paraconsistent Lógica Controle.
1. INTRODUÇÃO
A Lógica clássica utiliza apenas dois estados lógicos: Verdadeiro ou falso. Se por
um lado ela oferece facilidades em ser implementada em sistemas computacionais, por
outro, é justamente esta característica binária que a impossibilita de ser aplicada em
algumas situações do mundo real, visto que, inconsistências ocorrem naturalmente [3]. O
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 210
uso da Lógica Paraconsistente se mostra útil nas áreas de Inteligência Artificial e Robótica
em que um comportamento mais próximo ao humano é desejável. Entretanto, há a
necessidade de se encontrar novas formas de adequação para aplicações diretas e
melhoradas. A implementação de Da Silva Filho resultou no primeiro robô móvel
autônomo baseado na Lógica Paraconsistente [1]. Muito se evoluiu em sistemas de
hardware e software nesses últimos anos, portanto, em face das muitas limitações técnicas
encontradas por Da Silva à época, este artigo se justifica e propõe uma nova construção do
Controlador Lógico Paraconsistente tendo por base o uso da plataforma Open Source
Arduino, a qual acrescenta muitas melhorias em termos de simplicidade no hardware,
maior capacidade de memória e velocidade.
2. LÓGICA PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL EΤ
Quase todos os aspectos do mundo real trazem um certo grau de imprecisão ou
inconsistência. Em certas ocasiões uma dada afirmação pode não ser verdadeira e nem
falsa; ou pode ser verdadeiro e falso simultaneamente, denotando uma inconsistência [2].
A lógica paraconsistente nos permite lidar com Sistemas inconsistentes, cujos primeiros
foram introduzidos pelos lógicos Stanislaw Jaskowski (em 1948), David Nelson (em 1959)
e Newton da Costa (em 1959-1963). Uma das lógicas paraconsistentes mais úteis são os
sistemas anotados. Quando consideramos a estrutura τ abaixo, a lógica correspondente é
chamada Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ. As fórmulas atômicas da lógica
Eτ são do tipo P(µ,λ), onde P é uma proposição e (µ,λ) ϵ [0, 1]. P(µ,λ) pode ser lido como: "A
evidência favorável de P é µ e a evidência contrária é λ " [2].
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 211
Assim, apresentamos os seguintes conceitos na Figura 1:
Figura 1 – Reticulado τ
Na Figura 2:
Grau de Incerteza: Gin(µ,λ) = µ + λ - 1 (0 , 1); (1)
Grau de Certeza: Gce(µ,λ) = µ - λ (0 , 1); (2)
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 212
Figura 2 - Graus de Certeza e Incerteza
Com os graus de certeza, incerteza e o valores de (µ, λ) representados no reticulado
das figuras 1 e 2, podemos elaborar equações para os 12 estados paraconsistentes. Figura 3
Figura 3 - Estados Paraconsistentes
2.1. EQUAÇÕES PARA O CONTROLADOR LÓGICO PARACONSISTENTE
Valores de controle dos Graus de Certeza e Incerteza
Vscc = C1 Valor Superior do controle de certeza
Vicc = C2 Valor Inferior do controle de certeza
Vsci = C3 Valor Superior de controle de incerteza
Vici = C4 Valor Inferior de controle de incerteza
Entradas: µλ
Saídas: S1 S2a (Gin, Gce)
Estados Paraconsistentes
Se Gce ≥ C1 então S1 = V
Se Gce ≤ C2 então S1 = F
Se Gin ≥ C3 então S1 = T
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 213
Se Gin ≤ C4 então S1 =
Para 0 ≤ Gce ˂ C1 e 0 ≤ Gin < C3
Se Gce ≥ Gin então S1 = QV T
Se Gce < Gin então S1 = QT V
Para 0 ≤ Gce < C1 e C4 < Gin ≤ 0
Se Gce ≥ |Gin| então S1 = QV
Se Gce < |Gin| então S1 = Q V
Para C2 < Gce ≤ 0 e C4 < Gin ≤ 0
Se |Gce| ≥ |Gin| então S1 = QF
Se |Gce| < |Gin| então S1 = QF
Para C2 < Gce ≤ 0 e 0 ≤ Gin < C3
Se |Gce| ≥ Gin então S1 = QF T
Se |Gce| < Gin então S1 = QT F
3. PLATAFORMA OPEN SOURCE ARDUINO
Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica, criado por Massimo Banzi e
David Cuartielles em 2005 com objetivo de permitir o desenvolvimento de controle de
sistemas interativos, de baixo custo e acessível a todos [4][5].
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 214
3.1. CONTROLADOR LÓGICO PARACONSISTENTE AΤ
O controlador lógico paraconsistente Aτ, Figura 4, foi desenvolvido utilizando a
plataforma Arduino, cujo componente principal é um microcontrolador ATMEGA 328P.
Figura 4 - Controlador Lógico Aτ
No circuito temos dois potenciômetros usados como sensores de posição angular
entre 0 e 270o. Configurados como divisores de tensão, fornecerem valores para µ e λ
entre 0 e 1 volt dependendo da posição angular. O sinal dos sensores é aplicado às entradas
analógicas A0 e A1 para serem analisados pelo controlador paraconsistente. Podem-se
utilizar vários outros tipos de sensores, tais como sensores de temperatura, pressão, de
proximidade dentre outros.
O protótipo possui uma saída digital de 4 bits que mostra os estados
paraconsistentes em função dos valores de µ e λ fornecidos pelos sensores nas entradas
conforme tabela na Figura 2.
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 215
Figura 5 - Estados Paraconsistentes de saída no controlador
A saída digital poderá ser enviada para entrada de um estágio de controle de tomada
de decisão para uma fornecer uma resposta em função dos estados paraconsistentes
gerados pelo controlador. Na Figura 6, temos simulações onde variando-se os valores de µ
e λ obtemos os valores de Gce, Gin e os estados paraconsistentes correspondentes.
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 216
Figura 6 - Simulação dos Estados Paraconsistentes
3.2. ALGORITMO PARAANALIZADOR EM LINGUAGEM C PARA
PLATAFORMA ARDUINO
#include <LiquidCrystal.h>
LiquidCrystal lcd(12, 7, 5, 4, 3, 2);
float C1 = 0.5,C2 = -0.5,C3 = 0.5,C4 = -0.5,Gin, Gce;
String Saida;
int S,time = 3000;
float Prev_Val_Mi = 0.0,Prev_Val_La = 0.0;
void setup() {
DDRB = DDRB | B00001111;
lcd.begin(16, 2);
lcd.setCursor(2,0);
lcd.print("PARAANALIZE");
Serial.begin(9600);
Serial.println("PARAANALIZE");
delay(1000);
}
void loop() {
int Mi_Sensor_Val,La_Sensor_Val;
float Pres_Val_Mi,Pres_Val_La;
do
{
delay(time);
Mi_Sensor_Val = analogRead(A0);
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 217
La_Sensor_Val = analogRead(A1);
Pres_Val_Mi = Mi_Sensor_Val * (5.0/1023.0);
Pres_Val_La = La_Sensor_Val * (5.0/1023.0);
} while ((Pres_Val_Mi == Prev_Val_Mi) && (Pres_Val_La ==
Prev_Val_La));
if (((Pres_Val_Mi >= 0) && (Pres_Val_Mi <= 1)) && ((Pres_Val_La >= 0)
&& (Pres_Val_La <= 1)))
{
Gce = Pres_Val_Mi - Pres_Val_La;
Gin = Pres_Val_Mi + Pres_Val_La - 1;
if (Gce >= C1)
{
Saida = "V";
PORTB = B11110001;
}
else if (Gce <= C2)
{
Saida = "F";
PORTB = B11110010;
}
else if (Gin >= C3)
{
Saida = "I";
PORTB = B11110011;
}
else if ( Gin <= C4)
{
Saida = "P";
PORTB = B11110100;
}
else if (((Gce >= 0) && (Gce < C1)) && ((Gin >= 0) && (Gin <
C3)))
{
if (Gce >= Gin)
{
Saida = "Qv->T";
PORTB = B11110101;
}
else
{
Saida = "Qi->V";
PORTB = B11110110;
}
}
else if (((Gce >= 0) && (Gce < C1)) && ((Gin > C4) && (Gin <=
0)))
{
if (Gce >= (abs(Gin)))
{
Saida = "Qv->P";
PORTB = B11110111;
}
else
{
Saida = "Qp->V";
PORTB = B11111000;
}
}
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 218
else if (((Gce > C2) && (Gce <= 0)) && ((Gin > C4) && (Gin <=
0)))
{
if ((abs(Gce)) >= (abs(Gin)))
{
Saida = "Qf->P";
PORTB = B11111001;
}
else
{
Saida = "Qp->F";
PORTB = B11111010;
}
}
else if (((Gce > C2) && (Gce <= 0)) && ((Gin >= 0) && (Gin <
C3)))
{
if ((abs(Gce)) >= Gin)
{
Saida = "Qf->I";
PORTB = B11111011;
}
else
{
Saida = "Qi->F";
PORTB = B11111100;
}
}
else
{
Saida = "ESTADO Desconhecido";
PORTB = B11111111;
}
}
else
{
Serial.println("Valores FORA da faixa");
}
printSerial(Pres_Val_Mi, Pres_Val_La, Gce, Gin, Saida);
printLCD(Pres_Val_Mi, Pres_Val_La, Gce, Gin, Saida);
Prev_Val_Mi = Pres_Val_Mi;
Prev_Val_La = Pres_Val_La;
}
void printSerial(float Pres_MI, float Pres_LA, float GCE, float GIN,
String SAIDA)
{
Serial.println("");
Serial.print("Mi = " );
Serial.print(Pres_MI);
Serial.print(" La = " );
Serial.print(Pres_LA);
Serial.print(" Gce = " );
Serial.print(GCE);
Serial.print(" Gin = ");
Serial.print(GIN);
Serial.print(" S = ");
Serial.print(SAIDA);
}
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 219
4. CONCLUSÃO
O protótipo funcionou corretamente comportando de acordo com o proposto pela
lógica paraconsistente. Mostrou-se que é possível obter uma nova construção do
Controlador Lógico paraconsistente obtendo-se um circuito mais simples à versão anterior
utilizando-se de uma tecnologia de hardware mais atual, didática e possibilitando
desenvolvimentos futuros. Demonstrou a possibilidade de usar vários tipos de sensores e
algumas limitações técnicas puderam ser minimizadas, tais como, hardware complexo,
baixa velocidade e pouca quantidade de memória, visto que o algoritmo ocupou apenas 8,7
Kbytes.
Controlador Lógico Paraconsistente Aτ – Plataforma Open Source Arduino
Alguns Temas em Computação Inteligente 220
REFERÊNCIAS
1. Da Silva Filho, J.I. “Métodos de Aplicações da Lógica Paraconsistente Anotada de
Anotação com dois valores LPA2v com construção de Algoritmo e Implementação
de Circuitos Eletrônicos”, in Portuguese, PhD thesis, EPUSP, São Paulo, 1999.
2. Abe, J.M. & Akama, S. & Nakamatsu, K., Introduction to Annotated Logics -
Foundations for Paracomplete and Paraconsistent Reasoning, Series Title
Intelligent Systems Reference Library, Volume 88, Publisher Springer
International Publishing, Copyright Holder Springer International Publishing
Switzerland, eBook ISBN 978-3-319-17912-4, DOI 10.1007/978-3-319-17912-4,
Hardcover ISBN 978-3-319-17911-7, Series ISSN 1868-4394, Edition Number 1,
190 pages, 2015.
3. da Costa, N. C., & Abe, J. M. (2000). Paraconsistência em informática e
inteligência artificial. Estudos Avançados, 14(39), 161-174.
4. Daniel K, F. (2012). Open-source hardware is a low-cost alternative for scientific
instrumentation and research. Modern Instrumentation, 2012.
5. Entinger, A. (2014). Arduino based I/O-system for rapid prototyping of robotic
systems.
6. https://www.arduino.cc/ - Arduino Web Site acessado em 13/03/2016
7. Encheva, S., Tumin, S., & Kondratenko, Y. (2007). Application of paraconsistent
annotated logic in intelligent systems. In Advanced Intelligent Computing Theories
and Applications. With Aspects of Theoretical and Methodological Issues (pp. 702-
710). Springer Berlin Heidelberg.
8. Nakamatsu, K. (2008). The paraconsistent annotated logic program EVALPSN and
its application. In Computational Intelligence: A Compendium (pp. 233-306).
Springer Berlin Heidelberg.
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 221
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado
(Portugol)
Genivaldo Carlos Silva1, Priscila Faccioli Serafim L. Tavares
1, Jair Minoro Abe
1
1Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Universidade Paulista, São
Paulo, Brasil
2Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
[email protected], [email protected], [email protected]
Resumo — O objetivo deste trabalho é apresentar a implementação de um algoritmo
derivado da lógica paraconsistente Evidencial Eτ, chamado CLPa, desenvolvido em
português estruturado (portugol). A implementação em portugol se faz necessária devido a
não existência de uma aplicação de testes através de uma abordagem genérica básica que
permita uma melhor compreensão e implementação da lógica paraconsistente àqueles que
queiram iniciar o desenvolvimento de um sistema especialista para tomada de decisão em
seus projetos de automação e/ou robótica, possibilitando o desenvolvimento posterior em
outras linguagens de programação.
Palavras-chave: Lógica Paraconsistente, Portugol, para-analisador.
Abstract - The aim of this paper is to present the implementation of the algorithm derived
of paraconsistent Evidential logic Eτ, called para-analyzer in structured Portuguese
(Portugol). The implementation in Portugol is necessary, because in addition there isn’t an
application that provides a generic approach to the algorithm, will allow a better
understanding of Paraconsistent Logic applied to those who want a more practical
approach to the subject and who wish to apply it in their developing projects in other
programming languages.
Keywords:- Paraconsistent Logic, Portugol, para-analyzer
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 222
1. INTRODUÇÃO
Os cursos de programação têm tradicionalmente elevadas taxas de reprovação em seus
níveis iniciais. Este fenômeno, geralmente, não é exclusivo a um grupo de instituições, de
um curso em específico, ou mesmo de um grupo de alunos com um determinado perfil de
formação. Este nível de insucesso no ensino da programação vai desde aspectos mais
técnicos até aspectos pedagógicos, o que causa perda de interesse por parte do aluno e
consequentemente a sua desistência do curso. [13]
Outro fator que agrava a situação é a pobre fundamentação em algumas disciplinas tais
como matemática, inglês e lógica de programação. O uso de linguagens de programação
reais, bem como as ferramentas utilizadas para tal, se tornam inadequadas para a
codificação de soluções algorítmicas, pois em função, muitas vezes, de sua complexidade,
acabam por desviar o foco da resolução do algoritmo para a compreensão da ferramenta e
linguagem em questão. [11]
Um algoritmo é uma maneira de resolver problemas de lógica em passos ordenados e
estruturados, sendo que todo problema lógico pode ter várias soluções algorítmicas [14].
As dificuldades em abstrair problemas do cotidiano em um conjunto de tarefas
sequenciais a serem executas por um computador, estão entre os grandes desafios que
permeiam o desenvolvimento do chamado raciocínio lógico computacional. Este tipo de
raciocínio é fundamental na programação de computadores e para o desenvolvimento de
todos os tipos de dispositivos eletrônicos utilizados direta ou indiretamente em nosso
cotidiano. [1]
A aprendizagem de algoritmos é um tema de grandes debates, pois existem dificuldades
amplamente relatadas e vivenciadas por educadores, e estes, por sua vez, propõem
soluções variadas e que algumas vezes divergem em alguns pontos cruciais ao aprendizado.
A construção de ferramentas para apoio a aprendizagem de programação é talvez uma das
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 223
áreas de pesquisa com maior número de contribuições dentro da Ciência da Computação, e
em geral os trabalhos focalizam na construção de ferramentas para apoio a prática com
programação em pseudocódigo. [2]
Na construção de algoritmos é necessário estar ativo, agir, explorar e principalmente,
fazer experimentos. [10]
1.1. CONTEXTO E MOTIVAÇÃO
Na pesquisa sobre lógicas não clássicas, em especial a Lógica Paraconsistente Anotada
Evidencial Eτ, aplicada à análise de sinais provenientes de sensores em automação e
robótica, foi necessário o desenvolvimento de algoritmos para a mesma. Assim,
vivenciamos as mesmas dificuldades relatadas pela literatura pesquisada, pois o fato da
lógica paraconsistente apresentar conceitos de não tão fácil compreensão ao leigo, as
dificuldades em propor soluções à problemas envolvendo lógica, dificuldades em
compreender a língua inglesa [15] e as ferramentas de desenvolvimento das várias
linguagens de programação existentes à iniciantes em programação de sistemas, torna a
técnica pouco aplicada na área de automação e robótica.
A construção de ferramentas de apoio à prática de programação é talvez uma das áreas
de pesquisa com maior número de contribuições dentro da Ciência da Computação e em
geral focam na construção de ferramentas com programação em pseudocódigos. [12]
Neste contexto surgiu a motivação de se propor um modelo de teste para a Lógica
Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ mais didático, o qual poderá servir de ponto de
partida para o desenvolvimento de sistemas em outras linguagens.
Portanto, este trabalho tem foco em dois objetivos principais: Primeiro construir um
algoritmo de teste, em português estruturado, em segundo, promover o melhor
entendimento da Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ.
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 224
O trabalho se justifica pela inexistência de um método de testes prático que possa ser
usado como ponto inicial para o desenvolvimento de sistemas voltados à automação,
robótica e Inteligência Artificial.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. PORTUGUÊS ESTRUTURADO
O português estruturado é uma linguagem algorítmica que permite a codificação de
programas com instruções expressas no léxico em língua materna, também conhecido por
pseudocódigo em português ou portugol, e permite representar de forma clara e inequívoca
as instruções a serem executadas pelo computador. [13]
Os conceitos básicos de programação, apreendidos mais facilmente com o uso de
uma linguagem como o Portugol, podem ser transpostos posteriormente para linguagens
profissionais. Vale observar que a linguagem Portugol já é utilizada, com variações, nos
cursos brasileiros de computação. Atualmente, a maioria dos livros sobre introdução à
programação adotados pelas universidades brasileiras utilizam alguma variação de
Portugol como recurso didático. [16]
Observa-se que atualmente existem vários softwares que permitem escrever código
em Portugol. Dentre eles podemos destacar as ferramentas G-Portugol6, Visualg
7, Portugol
Studio8, Portugol Viana
9 e Portugol IDE
10 como exemplos de ferramentas construídas para
apoiar a aprendizagem de programação introdutória através da linguagem Portugol. A
existência dessas ferramentas deixa evidente que existe um interesse significativo por parte
6 http://sourceforge.net/projects/gpt.berlios/
7 http://apoioinformatica.inf.br/produtos/visualg
8 http://univali.br/webportugol
9 http://sourceforge.net/projects/portugolviana
10 http://www.dei.estt.ipt.pt/portugol
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 225
de professores e estudantes na utilização do Portugol como linguagem de apoio a
aprendizagem de programação. [15]
Dos programas citados utilizaremos o Visualg para construir o algoritmo do
controlador lógico paraconsistente, que chamaremos de CLPa.
2.2. VISUALG - EDITOR E INTERPRETADOR DE PORTUGOL
O Visualg apresentado na Figura 1, é um programa de livre uso e distribuição que
fornece ferramentas para digitar, executar e depurar o pseudocódigo em português
estruturado. [4]
Possui execução passo a passo, visualização do conteúdo das variáveis, exame da pilha
de ativação no caso de subprogramas, contador de execuções de cada linha do programa,
etc. [5]
Figura 1 - Visualg
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 226
2.3. LÓGICA PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL E
Quase todos os aspectos do mundo real trazem certo grau de imprecisão ou
inconsistência. A lógica paraconsistente é útil ao lidar com Sistemas Especialistas que
trabalham com variáveis inconsistentes e imprecisas, os chamados Sistemas Inconsistentes.
Em certas ocasiões uma dada afirmação pode não ser verdadeira e nem falsa; ou pode
ser verdadeiro e falso simultaneamente, denotando uma inconsistência [6].
A lógica paraconsistente nos permite lidar com Sistemas inconsistentes, onde os
primeiros foram introduzidos pelos lógicos Stanislaw Jaskowski (em 1948), David Nelson
(em 1959) e Newton da Costa (em 1959-1963). Uma das lógicas paraconsistentes mais
úteis são os sistemas anotados. Quando consideramos a estrutura τ abaixo, a lógica
correspondente é chamada Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial Eτ. As fórmulas
atômicas da lógica Eτ são do tipo P (µ, λ), onde P é uma proposição e (µ, λ) ϵ [0, 1]. P
(µ,λ) pode ser lido como: "A evidência favorável de P é µ e a evidência contrária é λ "[ ].
Todos os estados são representados no Reticulado , conforme mostrado na Figura 2.
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 227
Figura 2 - Reticulado E
Assim, na Figura 3, apresentamos os seguintes conceitos: [8]
Grau de Incerteza: Gin (µ, λ) = µ + λ - 1 (0 , 1); (3)
Grau de Certeza: Gce (µ, λ) = µ-λ (0 ,1); (2)
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 228
Figura 3 - Graus de Certeza e Incerteza
Figura 4 - Estados Paraconsistentes
Com as regiões descritas no Reticulado, Figura 2, e dos graus de certeza e
incerteza, Figura 3, como demonstrado em [9] foi possível elaborar equações que
descrevem os Estados Paraconsistentes demonstrados na Figura 4.
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 229
2.4. EQUAÇÕES DO ALGORITMO PARACONSISTENTE A
2.4.1. VALORES DE CONTROLE DOS GRAUS DE CERTEZA E INCERTEZA
Determinam o nível de exigência, isto é, a sensibilidade utilizada para a determinar
se uma determinada proposição será verdadeira ou não.
Vscc= C1 Valor Superior do controle de certeza
Vicc = C2Valor Inferior do controle de certeza
Vsci = C3Valor Superior de controle de incerteza
Vici = C4Valor Inferior de controle de incerteza
2.4.2. ENTRADAS: µ E Λ
Determinam os graus de evidência favorável e contrária respectivamente de uma
proposição. (Figura 1)
2.4.3. SAÍDAS: S1S2A (GIN) S2B (GCE)
Saídas geradas pelo algoritmo, onde S1 é a saída para os estados paraconsistentes e
S2ae S2b são os graus de certeza e incerteza respectivamente, variam entre -1 e +1 e
determinam o quanto uma proposição está próxima dos estados verdadeiro, falso,
inconsistente e para completo. (Figura 2).
2.4.4. ESTADOS PARACONSISTENTES
Definidas as saídas S2a e S2b no item 1.3 e os valores ajustáveis no item 1.1, temos as
equações que definirão o software.
Se Gce ≥ C1 então S1 = V
Se Gce ≤ C2 então S1 = F
Se Gin ≥ C3 então S1 = T
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 230
Se Gin ≤ C4 então S1 = Ʇ
Para 0 ≤ Gce ˂ C1 e 0 ≤ Gin< C3
Se Gce ≥ Gin entãoS1 = QV T
Se Gce <Gin entãoS1 = QT V
Para 0 ≤ Gce< C1 e C4 <Gin ≤ 0
Se Gce ≥ |Gin | então S1 = QVꞱ
Se Gce < |Gin | então S1 = QꞱ V
Para C2 <Gce ≤ 0 e C4 <Gin ≤ 0
Se |Gce| ≥ |Gin | então S1 = QFꞱ
Se |Gce| < |Gin | então S1 = QꞱF
Para C2 <Gce ≤ 0 e 0 ≤ Gin< C3
Se |Gce| ≥ Gin então S1 = QFT
Se |Gce| <Gin então S1 = QTF
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 231
Figura 5 -Fluxograma do algoritmo Para-analisador (CLPa)
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 232
2.5. ROTINA DO ALGORITMO “PARAANALISADOR” EM PORTUGOL NO
VISUALG
Algoritmo: "Para-analisador V2"
// Seção de Declarações
var mi, la, Gin, Gce, C1, C2, C3, C4,S2a, S2b: Real
Saida, resposta: caractere
Inicio
// Seção de Comandos
C1 0.5
C2 -0.5
C3 0.5
C4 -0.5
limpatela
escreval (" +------------------------------------+")
escreval (" ")
escreval ("ALGORITMO PARAANALIZADOR V2 ")
escreval (" ")
escreval (" ")
escreval (" Variáveis de Controle ")
escreval (" ")
escreval (" C1 = C3: “, C1)
escreval (" C2 = C4: ",C2)
escreval (" ")
repita
Escreva ("Digite o valor de mi (entre 0 e 1): ")
Leia (mi)
Escreva ("Digite o valor de la (entre 0 e 1): ")
Leia (la)
escreval (" ")
se ((mi < 0) ou (mi > 1) ou (la< 0) ou (la> 1)) entao
escreval("Mi = ",mi:1:2)
escreval(" La = ",la:1:2)
escreval("")
escreval("Valor fora do intervalo")
senão
Gce mi - la
Gin mi + la - 1
se (Gce >= C1) entao
S1 "1"
senao
se (Gce <= C2) entao
S1 "2"
senao
se (Gin >= C3) entao
S1 "3"
senao
se (Gin <= C4) entao
S1 "4"
senao
fimse
se ((Gce >= 0) e (Gce < C1) e (Gin >= 0) e (Gin < C3)) entao
se (Gce >= Gin) entao
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 233
Saida "5"
senao
Saida "6"
fimse
fimse
se ((Gce >= 0) e (Gce < C1) e (Gin > C4) e (Gin <= 0)) entao
se (Gce >= (abs(Gin))) entao
Saida "7"
senao
Saida "8"
fimse
fimse
se ((Gce > C2) e (Gce <= 0) e (Gin > C4) e (Gin <= 0)) entao
se ((abs(Gce)) >= (abs(Gin))) entao
Saida "9"
senao
Saida "10"
fimse
fimse
se ((Gce >= C2) e (Gce <= 0) e (Gin >= 0) e (Gin < C3)) entao
se ((abs(Gce)) >= Gin) entao
Saida "11"
senao
Saida "12"
fimse
fimse
fimse
fimse
fimse
escolha(Saida)
caso "1"
escreval("S1: Verdadeiro")
caso "2"
escreval("S1: Falso")
caso "3"
escreval("S1: Inconsistente")
caso "4"
escreval("S1: Paracompleto")
caso "5"
escreval("S1: Quase Verdadeiro -> Inconsistente")
caso "6"
escreval("S1: Inconsistente -> Verdadeiro")
caso "7"
escreval("S1: Quase Verdadeiro ->Paracompleto")
caso "8"
escreval("S1: Paracompleto -> Verdadeiro")
caso "9"
escreval ("S1: Quase Falso ->Paracompleto")
caso "10"
escreval("S1: Paracompleto -> Falso")
caso "11"
escreval("S1: Quase Falso -> Inconsistente")
caso "12"
escreval("S1: Inconsistente -> Falso")
outrocaso
escreval ("Estado Desconhecido")
fimescolha
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 234
escreval(" ")
escreval ("S2a(Gin): ",Gin:1:1)
escreval ("S2b(Gce): ",Gce:1:1)
fimse
fimse
escreval(" ")
escreval(" ")
repita
escreva ("Deseja continuar(S/N): ")
leia(resposta)
ate ((resposta = "S") ou (resposta = "N"))
escreval(" ")
ate ((resposta="n"))
escreva ("FIM")
Fimalgoritmo
3. CONCLUSÃO
Conforme as simulações mostradas na Figura 5, verificamos o funcionamento do
algoritmo desenvolvido em portugol utilizando o Visualg.
O próximo passo será aplicar o algoritmo em um sistema utilizando o
microcontrolador ATMEL modelo ATMega328P que utiliza a linguagem C em sua
programação.
Figura 5 – Simulação do software para-analisador em Portugol
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 235
REFERÊNCIAS
1. Cambruzzi, E., & de Souza, R. M. O Uso da Robótica Educacional para o Ensino
de Algoritmos - Anais do EATI Frederico Westphalen - RS Ano 4 n. 1 p. 40 -47
Nov/2014 ;
2. Hostins, H., &Raabe, A. (2007). Auxiliando a aprendizagem de algoritmos com a
ferramenta Webportugol. XV WEI.
3. Site https://sourceforge.net/projects/portugolviana/. Visitado em 01 de Setembro de
2015;
4. de Souza, CM:Visualg - Ferramenta de Apoio ao Ensino de Programação. Revista
TECCEN – volume 2 – número 2 - setembro de 2009 – ISSN 1984-0993;
5. Site SourceForge https://sourceforge.net/projects/Visualg30/. Visitado em 01 de
Setembro de 2015;
6. ABE, Jair Minoro. Introdução à Lógica Paraconsistente Anotada. Seleçao
Documental: Inteligência Artificial e novas Tecnologias, n. 1, p. 11-17, 2006;
7. Abe, JM. “Some AspectsofParaconsistent Systems andApplications” – Logique et
Analyse, 1007:157; 83-96, 1997;
8. Jair Minoro Abe, Seiki Akama, Kazumi Nakamatsu, Introduction to Annotated
Logics - Foundations for Paracomplete and Paraconsistent Reasoning, Series Title
Intelligent Systems Reference Library, Volume 88, Publisher Springer
International Publishing, Copyright Holder Springer International Publishing
Switzerland, eBook ISBN 978-3-319-17912-4, DOI 10.1007/978-3-319-17912-4,
Hardcover ISBN 978-3-319-17911-7, Series ISSN 1868-4394, Edition Number 1,
190 pages, 2015.
9. da Silva Filho, J. I. (2006). Métodos de Aplicações da Lógica Paraconsistente
Anotada de anotação com doisvalores-LPA2v. Rev. Seleção Doc, 1, 18-25.
10. Cristovão, H. M. (2008). Aprendizagem de Algoritmos num Contexto Significativo
e Motivador: um relato de experiência. SBC, 30.
Controlador Lógico Paraconsistente em Português Estruturado (Portugol)
Alguns Temas em Computação Inteligente 236
11. Koliver, C., Dorneles, R. V., & Casa, M. E. (2004). Das (muitas) dúvidas e
(poucas) certezas do ensino de algoritmos. In XII Workshop de Educação em
Computação. Item 2.3, página 3.
12. Hostins, H., & Raabe, A. (2007). Auxiliando a aprendizagem de algoritmos com a
ferramenta Webportugol. XV WEI.
13. Manso, A., Oliveira, L., & Marques, C. G. (2009). Ambiente de Aprendizagem de
Algoritmos–Portugol IDE. In Conferência Internacional de TIC na Educação (Vol.
6, pp. 969-983).
A. I. Orth, Algoritmos e Programação. Porto Alegre: AIO, 2001, p. 174.
14. Noschang, L. F., Fillipi Pelz, E. A., & Raabe, A. L. (2014). Portugol studio: Uma
ide para iniciantes em programaçao. In Workshop sobre Educação em
Computação (Vol. 22, pp. 1288).
15. Medeiros, A. V. M. UM INTERPRETADOR ONLINE PARA A LINGUAGEM
PORTUGOL. (Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade
Federal de Sergipe, Curso de Ciência da Computação, 2015. P. 23-26).
Nesta obra, reunimos alguns temas correntes em Computação
Inteligente, em sua maioria, textos de palestras do Quarto Workshop on
Intelligent Computing Systems – WICS 2016 – realizado no Anfiteatro do
da Universidade Paulista, Campus Ribeirão Preto.
As contribuições fazem uso de lógicas alternativas clássicas,
principalmente da lógica paraconsistente anotada, por tratar incertezas,
paracompletezas e contradições em seu interior sem o perigo de
trivialização. Um de seus descobridores é um lógico brasileiro, Newton C.
A. da Costa.
Além da compreensão de seus fundamentos, paulatinamente,
diversas aplicações foram obtidas nas diferentes áreas do conhecimento
humano, da Filosofia à Inteligência Artificial e Automação, quebrando um
paradigma do pensamento humano de mais de dois mil anos.
ISBN 978-85-68328-02-6