Janeiro 2008
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PropriedadeAssociação Portuguesa de FisioterapeutasRua João Villarett, 285 AUrbanização Terplana2785-679 – São Domingos de RanaPortugalTel: (+351) 214 524 156 Fax: (+351) 214528 922E-mail: [email protected]: http://www.apfisio.pt
NIF: 501790411
DirecçãoDirector: Marco JardimDirector Adjunto: Raúl OliveiraSub-Director: José Esteves
EditorGrupo de Interesse em Fisioterapia noDesporto da Associação Portuguesa deFisioterapeutas.
Alexandra Amorim, João Ribeiro, LuísRibeiro, Marco Jardim, Marc Reis, RicardoPinto e Telmo Firmino.
Serviços AdministrativosRicardo Pinto e Ruben Miranda
Conselho EditorialAntónio CartuchoHospital da CUF DescobertasAntónio Carvalhais FigueiredoClínica CUF – Stª Maria de BelémFernando PereiraFaculdade de Motricidade HumanaHenrique RelvasEscola Superior de Saúde da CruzVermelhaJacob FriscknetchFederação Portuguesa de JudoJan CabriFaculdade de Motricidade HumanaJoão Paulo SousaFaculdade de Motricidade HumanaJosé EstevesEscola Superior de Saúde do AlcoitãoMaria António CastroEscola Superior de Saúde de CoimbraPaulo CarvalhoEscola Superior de Saúde do PortoPaulo AmadoHospital de Stª Mª da FeiraOrlando FernandesFaculdade de Motricidade HumanaRaúl OliveiraFaculdade de Motricidade HumanaRicardo MatiasEscola Superior de Saúde de SetúbalRui TorresEscola Superior de Saúde do Vale doSousaRui Soles GonçalvesEscola Superior de Saúde de CoimbraSusana VelosoUniversidade LusófonaThemudo BarataFaculdade de Motricidade Humana
ObjectivoA Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação oficial do Grupode Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa deFisioterapeutas. Esta revista pretende divulgar um conjunto de informaçõesindispensáveis para a prática clínica e desenvolvimento profissional contínuo dosfisioterapeutas que actuam na área do desporto, bem como, temas de áreasrelacionadas. Pretende-se abranger temáticas relevantes sobre a prevenção,diagnóstico e tratamento de lesões resultantes da prática desportiva. Contemplaestudos experimentais, quasi-experimentais, descrit ivos/observacionais(levantamentos epidemiológicos, estudos de caso, descrição de experiências),revisões sistemáticas de literatura, meta-análises e artigos de opinião sobre a práticada fisioterapia no desporto, bem como em áreas relacionadas. Os artigos a publicarsão submetidos a análise criteriosa pelo Conselho Editorial da revista. Esta publicaçãodirige-se a todos os fisioterapeutas, bem como a outros profissionais da área daSaúde e do Desporto.
Submissão de TrabalhosPara submissão de trabalhos por favor consulte http://www.apfisio.pt/gifd_revistaAtravés deste endereço poderá ter acesso a todas as informações e procedimentosnecessários para submeter o seu trabalho a publicação.Para enviar o seu trabalho uti l ize o seguinte endereço electrónico:[email protected]. Para informações adicionais contacte o Editor – Grupo deInteresse em Fisioterapia no Desporto – [email protected]
SubscriçãoA Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação de distribuiçãolivre para todos os sócios da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas.
PeriodicidadeSemestral (Janeiro e Julho)
Projecto Gráfico e ConteúdosGrupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto
PublicidadePara anunciar na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto deverá entrar emcontacto com: Decoder – Tecnologias Criativas em Merketing e Publicidade, Lda.Tel. 214 358 596 – Fax: 214 358 598.
ISSN 1646-6586
Registo I.C.S nº 125207
Copyrigtht ©Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto © 2007. Todos os direitosreservados.Esta publicação e todo o seu conteúdo estão protegidos pelos direitos doGrupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto.
Tiragem3000 Exemplares
ContactosRevista Portuguesa de Fisioterapia no DesportoE-mail: [email protected]
Sede de RedacçãoAssociação Portuguesa de Fisioterapeutas
TipografiaSogapal, S.A.Telf:214 347 100 – Fax: 214 347 155
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
ÍNDICE
EDITORIAL
Os Desafios da EspecializaçãoLopes, A. 3
ESTUDOS ORIGINAIS
Influência da Posição Angular da Anca na Actividade Electromiográfica e no PeakTorque durante a Contracção Isométrica do Quadricípite.Alberto, M; Carvalho, P. 6
Importância da Intervenção do Fisioterapeuta no Tempo de Paragem Após Entorsedo Tornozelo – Um Estudo em Basquetebolistas da Liga Profissional Portuguesa.Castro, M.A.; Janeira, M.A.; Madail, J.; Fernandes, O. 13
Contributo para a Adaptação e Validação do Instrumento de Medida, Foot And AnkleOutcome Score (FAOS), para a realidade Portuguesa.Domingues, F; Esteves, J; Pascoalinho, J. 23
REVISÃO DE LITERATURA
Disfunções da Cervical - Whiplash associado à prática de Râguebi.Campos, D; Atalaia, T. 35
O Efeito da Variável Tempo de Estiramento Estático na Flexibilidade Muscular:Uma revisão sistemática da literatura.Coelho, L. 43
REVISÃO DE LIVROS
Shoulder Rehabilitation: Non-Operative TreatmentOliveira, R. 57
Tendinopathy in AthletesOliveira, R. 58
AssociaçãoPortuguesa deFisioterapeutas
1960 - 200848 anos de afirmação profissional
O desenvolvimento das profissões e do respectivo corpo
de saberes conduz ao que vulgarmente se chama de
especialização.
É assim que podemos considerar “especialista” alguém
que demonstra um conjunto de conhecimentos e
competências práticas (skills) dentro de uma determinada
área de intervenção, a um nível superior e/ou mais
avançado do que o que seria de esperar num recém
qualificado, que inicia o seu exercício profissional nessa
mesma área.
Os trajectos para atingir o estatuto de especialista são
diversos, mais ou menos formais, mais ou menos
exigentes, mas no essencial incluem duas dimensões que
importa compreender. Em primeiro lugar a especialização
é um processo, vivenciado por alguém, que o leva a atingir
determinadas competências. Em segundo lugar, o estatuto
de especialista é-lhe atribuído por uma entidade que
comprovou que ele tinha as competências exigidas, e que
mantém um exercício profissional nessa área, dentro dos
padrões exigíveis.
No que respeita ao processo de especialização importará
manter em aberto o maior número de vias possível, em-
bora seja facil itadora a existência de propostas
estruturadas oferecidas por entidades de formação
credíveis, em particular as escolas de ensino superior
autorizadas a atribuir graduações académicas mais ele-
vadas. Mas mais do que saber quem ajuda a formar, im-
porta compreender que competências se tornam neces-
sárias adquirir. Também porque, em última instância, qual-
quer que seja a entidade com poderes para atribuir o es-
tatuto de especialista, seja ela de natureza púbica ou pri-
vada, irá ser necessário estabelecer os critérios para essa
EDITORIAL
Os Desafios da Especialização
António Lopes1
Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas e da World Confederation for Physical Therapy - Região Europeia 1
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
atribuição, quanto mais não seja para poder avaliar todos
aqueles que sendo autodidactas ou tendo tido percursos
formativos menos convencionais, pretendem ser
reconhecidos como especialistas.
Quais são então os atributos de um especialista?
Numa reunião internacional de fisioterapeutas realizada
no Estoril em 1998, traçaram-se um conjunto de ideias
que viriam em 1999 a constituir a designada “Descrição
de Viena” sobre os atributos essenciais de um especialista
em Fisioterapia, no plano Europeu.
De acordo com essa descrição, que não traduzo para não
atraiçoar o conteúdo original, um especialista é alguém
que:
- Demonstrates advanced knowledge and skills within
specified areas of practice.
- Demonstrates evidence-based practice through the
process of clinical reasoning and decision-making, allowing
knowledge to be applied to complex and different situation.
- Demonstrates an educational role, for example as a
mentor.
- Participates in research.
- Generates new knowledge and skills.
- Disseminates knowledge and skills.
- Demonstrates leadership.
- Demonstrates a critical understanding of the context in
which practice occurs, for example: social, cultural, political,
inter-professional collaboration.”
Como se pode ver pelos atributos acima descritos, ser
especialista, e sobretudo manter o estatuto de especialista,
é muito mais do que apenas trabalhar na área de
especialização e saber mais do que os outros. Há muitas
obrigações inerentes ao estatuto de especialista.
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 3
Ainda não temos formalmente especializações em
Fisioterapia no nosso país, mas para lá caminhamos.
Todos os contributos serão importantes mas haverá que
respeitar uma linha condutora dentro do que são as
recomendações internacionais.
Nesse sentido é de salientar o esforço de todos quantos
têm levado por diante as actividades dos Grupos de
Interesse da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas
(APF), nomeadamente pela sua actividade de permanente
referência por padrões internacionais, sendo igualmente
justo referir o papel das Escolas, sobretudo no âmbito das
pós-graduações e mestrados, com particular relevo para
as iniciativas que têm sido realizadas em articulação com
a APF.
Os Fisioterapeutas Portugueses estão preparados para
enfrentar os desafios colocados pela especialização,
haverá que conjugar esforços e consolidar o trajecto.
Saúdo particularmente o GIFD por esta iniciativa concreta
4Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
que permitirá a todos os interessados em desenvolverem
os seus atributos de especialistas, enquanto
investigadores, produtores de novos conhecimentos,
educadores e líderes profissionais, para darem o seu
contributo concreto para uma melhor prestação de
cuidados a todos quantos requerem o apoio da Fisioterapia
e dos Fisioterapeutas.
Notas:
1 – Para conhecer a posição da Confederação Mundial
de Fisioterapia - WCPT sobre o processo de
especialização, recomenda-se a consulta da página - http:/
/www.wcpt.org/policies/position/index.php)
2 – Para analisar a evolução dos estudos sobre a
especialização em Fisioterapia desenvolvidos no âmbito
da Região Europeia da WCPT, recomenda-se a consulta
da página - http://physio-europe.org/public/File/
Recommendation%20on%20Specialisation.pdf
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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Influência da Posição Angular da Anca na Actividade Electromiográficae no Peak Torque Durante a Contracção Isométrica do Quadricípite
Márcio Alberto1, Paulo Carvalho2
Licenciado em Fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto. Prática Privada1
Correspondência para: [email protected]
Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Fisioterapia. Professor Assistente na Escola Superior de Saúde do Porto 2
ARTIGO ORIGINAL
Resumo
Introdução: A avaliação e fortalecimento muscular na posição “óptima” de uma articulação torna-se importante para conseguir contracçõesmáximas. Objectivo: Verificar se a posição angular da anca influencia o peak torque e a actividade electromiográfica do quadricípite.Relevância: A revisão da literatura mostrou que a posição “óptima” do joelho situa-se entre os 60º e 70º de flexão, no entanto, existepouca evidência sobre a posição “óptima” da anca. Metodologia: Quinze indivíduos saudáveis fizeram parte da amostra. Cada indivíduorealizou três contracções isométricas máximas do quadricípite em cinco posições da coxa (180º, 140º, 110º, 100º, 90º) com o joelho a60º de flexão. Foram realizadas contracções de 5 segundos e tempo de repouso com a mesma duração. O tempo de repouso entre asposições da anca foi de um minuto. Foi utilizado um dinamómetro isocinético para avaliação do peak torque e um electromiógrafo paraavaliação da actividade electromiográfica. Resultados: Verificaram-se alterações estatisticamente significativas no peak torque isométricoe na actividade electromiográfica do quadricípite na alteração da posição angular da anca. Discussão: Os resultados deste estudoestão de acordo com a literatura mais recente nesta área. Conclusões: Verificou-se que o peak torque do quadricípite é influenciadopela posição da anca. No que diz respeito à actividade electromiográfica, apenas se verificaram diferenças no vasto lateral.
Palavras-chave: Peak torque, electromiografia, anca, quadricípite, relação comprimento/tensão
Abstract
Introduction: Muscle evaluation and strengthening in the “ideal” joint position is important to produce maximal contractions. Objectives:Verify if hip angular position influences quadriceps peak torque and muscle electrical activity. Relevance: Research shows that “ideal”knee position is located between 60º and 70º of flexion, but there is lack of evidence about the “ideal” hip position. Methods: Fifteenhealthy subjects participated in this study. Each subject performed three maximal isometric contractions of the quadriceps in five differenthip positions (180º, 140º, 110º, 100º, 90º) with the knee flexed at 60º. Each contraction was held for five seconds with a five secondpause between each one. Between each hip position there was a one minute rest. We used an isokinetic dynamometer for evaluationof peak torque and an electromyograph to evaluate muscle electrical activity. Results: We verified statistical significance for quadricepsisometric peak torque and muscle electrical activity when hip angular position was changed. Discussion: The results of this study aresustained by recent literature. Conclusions: It was verified that quadriceps isometric peak torque is influenced by hip position. Quadricepsmuscle electrical activity was influenced only in the vastus lateralis.
Key words: Peak torque, electromyography, hip, quadriceps, length/tension relationship
Introdução
A força muscular é influenciada por uma variedade de
factores como o número de fibras estimuladas a contrair,
a frequência de estimulação, a espessura de cada fibra
muscular e o comprimento inicial das fibras musculares
quando estas se encontram em repouso (Fox, 2002).
Uma das características mais importantes do músculo-
esquelético é a sua relação comprimento/tensão. Há uma
Há uma relação directa entre a tensão desenvolvida por
um músculo e o seu comprimento (Norkin & Levangie,
1992. Há um comprimento muscular dito “óptimo” para o
músculo produzir a sua força máxima. Este normalmente
situa-se no seu estado de repouso ou com um
comprimento ligeiramente superior. Qualquer variação do
comprimento ideal irá fazer com que o músculo produza
menos tensão.
Ao longo dos anos, vários autores têm procurado
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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descobrir qual a amplitude articular ideal da anca e joelho
para a maior geração de força extensora do joelho com
base na posição angular “óptima” (Becker & Awiszus, 2001;
Bohannon, Gajdosik & LeVeau, 1986; Brown & Weir, 2001;
Currier, 1977; Hasler, Denoth, Stacoff & Herzog, 1994;
Kubo, Tsunoda & Kanchisa, 2004; Lieb & Perry, 1971;
Newman, Jones & Newham, 2003; Perumal, Wexler, Ding
& Binder-Macleod, 2002; Pincivero, Salfetnikov, Campy &
Coelho, 2004; Worrell, Karst, Adamczyk & Moore, 2001).
Vários estudos indicam que a posição óptima do joelho
para maior geração de força é entre os 60º e 70º de flexão
(Becker & Awiszus, 2001; Brown & Weir, 2001; Newman
et al, 2003; Perumal et al, 2002; Pincivero et al, 2004;)
mas os estudos realizados para indicar qual a amplitude
“ideal” da anca são contraditórios (Hasler et al, 1994;
Bohannon et al, 1986; Worrell et al, 2001).
Este estudo é relevante para a fisioterapia no desporto
uma vez que a avaliação e o fortalecimento muscular estão
intimamente ligados ao desporto e se torna importante
saber qual a amplitude “ideal” da anca para podermos
realizar uma avaliação correcta e um fortalecimento eficaz.
Métodos
Tipo de Estudo
- Estudo do tipo quasi-experimental.
Objectivo do Estudo
- Verificar se a posição angular da anca influencia o peak
torque e a actividade electromiográfica durante a
contracção isométrica do quadricípite.
Amostra
A população deste estudo foram alunos de várias escolas
tendo sido a população alvo constituída por jovens
estudantes universitários entre os 18 e os 25 anos não
praticantes de actividade física regular.
A amostra em estudo foi seleccionada por conveniência e
foi constituída por quinze indivíduos da população alvo,
cujas características (idade, peso, altura) podem ser
verificadas na tabela I.
A amostra foi constituída por estudantes de ambos os
sexos (5 do sexo masculino e 10 do sexo feminino) com
Tabela 1 – Caracterização da amostra
idades compreendidas entre os 19 e 25 anos. Seriam
excluídos do estudo todos os indivíduos que
apresentassem história de patologia neuromusculo-
esquelética, de patologia cardiovascular, de patologia
pulmonar ou presença de dor no membro em estudo.
Instrumentos
- Dinamómetro Isocinético Biodex Medical System 3pro®
(Biodex Medical Systems, Inc., Shirley, NY, EUA)
- Electromiógrafo Biopac MP100 e software de apoio ao
electromiógrafo de superfície Acqknowledge versão 3.8.1.
(Biopac Systems Inc. Goleta, CA, USA) para recolha e
tratamento do sinal electromiográfico;
Procedimentos
a) O membro em estudo foi sempre o membro
inferior esquerdo.
b) Foi realizada a pesquisa do local correcto para o
posicionamento dos eléctrodos em cada porção muscular,
seguida de uma limpeza de pele (retirar pelos, lixar e limpar
com álcool) nessa zona para reduzir a impedância e
recolher um sinal mais limpo. Foram utilizados eléctrodos
de AgCl de formato circular com diâmetro de 10mm. A
distância interelectrodos foi de 20mm;
c) De seguida cada indivíduo realizou um
aquecimento de cinco minutos no ciclo-ergómetro para
pré-activar as fibras musculares e prepará-las para o
esforço;
d) Foram colocados os eléctrodos fixando-os com
tape segundo Pincivero et al, (2001) e Rainoldi, Melchiorri
& Caruso, (2004): um eléctrodo bipolar em cada porção
muscular do quadricípite em estudo paralelamente às
fibras musculares e um eléctrodo monopolar (eléctrodo
aidéM oivseDoãrdaP omixáM ominíM
edadI 33,12 793,1 52 91
oseP 76,46 12,41 201 15
arutlA 07,1 311,0 50,2 06,1
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terra) no pólo superior da rótula. O indivíduo repousou
cinco minutos antes do início da recolha do sinal para
minimizar a impedância da pele;
e) Seguidamente foram definidos os parâmetros do
protocolo do Biodex System 3. Foi programado em modo
de realização de teste para contracção isométrica do
quadricípite a 60º de flexão com um tempo de contracção
de cinco segundos e tempo de repouso de cinco segundos
durante três contracções isométricas do quadricípite
esquerdo. Este protocolo foi repetido para cada posição
angular da anca;
f) Cada elemento da amostra foi posicionado na
cadeira do dinamómetro isocinético com a anca a 180º de
extensão. O eixo de rotação do braço de alavanca da
cadeira coincidiu com o centro de rotação do joelho,
tomando como referência o côndilo externo do joelho;
g) Os indivíduos foram estabilizados com uma
banda sobre a cintura pélvica, duas no tórax cruzadas
entre si, uma fixada no terço distal da coxa esquerda e
outra no terço distal da perna cerca de 3 cm acima do
maléolo interno;
h) Antes de iniciar a medição da força máxima
isométrica, foi pedido ao indivíduo em teste que colocasse
os seus braços cruzados sobre o tórax, e durante a
medição foi dado feedback verbal e visual através do
monitor do dinamómetro isocinético de modo a incentivar
o elemento da amostra a realizar a sua força máxima. O
feedback verbal foi dado sempre pelo mesmo indivíduo;
i) Em cada indivíduo foram medidos o peak torque
e a actividade electromiográfica do quadricípite em cinco
posições da anca (180º, 140º, 110º, 100º, 90º). A frequência
de aquisição de electromiografia foi 2000 Hz. A ordem pela
qual foi medida a força do quadricípite em cada uma das
posições da anca foi preestabelecida. Assim os indivíduos
iniciaram o estudo com a anca a 180º (deitado) e
progrediram até à posição de sentado, ou seja, com a
anca a 90º. A posição angular da anca foi controlada
utilizando um goniómetro universal. O tempo de repouso
entre cada posição da anca foi de um minuto;
j) Durante o teste foi registado simultaneamente o
sinal electromiográfico das diferentes porções musculares
no computador e o peak torque do quadricípite
nodinamómetro isocinético. A sincronização do sinal EMG/
Torque no tempo foi feito através de um “led” numa
câmara de filmar, o qual nos permitiu saber o início e fim
de cada contracção de ambas as variáveis na mesma base
temporal.
k) Para análise do torque foi utilizado o peak torque
obtido na melhor das 3 contracções realizadas em cada
uma das posições da anca. O torque foi dado
automaticamente pelo software do dinamómetro
isocinético;
l) Para o tratamento do sinal electromiográfico
foram utilizados os dados da melhor contracção das 3
repetições. Foram apenas analisados os 3 segundos
intermédios da contracção muscular porque o primeiro e
último segundo são respectivamente o tempo necessário
para o estiramento e relaxamento do componente elástico
em série. A filtragem digital foi realizada segundo Rainoldi
et al, (2004) utilizando um filtro de baixas frequências de
10 Hz e um filtro de altas-frequências de 450 Hz. Depois
foi efectuada a rectificação da curva, ou seja, todos os
valores foram tornados absolutos. A suavização foi feita
através da função “smoothing” – “Moving Average” – 10
amostras. Foi efectuado a normalização em amplitude
relativamente ao máximo do sinal EMG de cada sujeito
da amostra. Seguidamente foi realizada a integração do
sinal e posteriormente retirado o valor do integral de cada
uma das porções musculares da melhor contracção. Este
foi o valor utilizado na análise estatística.
Análise dos dados
O tratamento dos dados foi realizado no programa
estatístico Statistical Package for the Social Sciences
(versão 13.0 para Windows, SPSS, Inc., Chicago, IL), e o
nível de significância considerado foi de 5%.
Inicialmente foram calculadas as medidas de tendência
central e de dispersão (médias, desvios padrão, limites
máximos e mínimos) para os valores de peak torque e
integral obtidos.
Dado o tamanho amostral de 15 indivíduos, foi realizado
o teste de Shapiro-Wilk para verificação da normalidade
das distribuições dos valores do torque e do integral.
Uma vez que os resultados demonstraram que não
estávamos perante uma distribuição normal, foi utilizado
o teste não paramétrico de Friedman, para verificar se
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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existiam diferenças significativas do torque do quadricípite
e da actividade electromiográfica entre as diferentes
posições da anca. Dado que este evidenciou diferenças
significativas procedeu-se à comparação das médias
através do teste de Wilcoxon.
Resultados
Como se pode verificar no Gráfico I, a média dos valores
de peak torque a 90º e 180º foi muito inferior à média
obtida nas posições de 100º, 110º e 140º.
Como se pode verificar no Gráfico II, a média do integral
não teve variações significativas em cada porção muscular
nas diferentes posições.
Gráfico 1: Valores médios em Newton.metro (N.m) do torque do quadricípite nos diferentes ângulos da anca (90º, 100º,110º, 140º, 180º).
Gráfico 2: Valores médios em milivolts (mV.s) da actividade do vasto interno, recto femural e vasto externo nos diferentes
ângulos da anca (90º, 100º, 110º, 140º, 180º).
Através do teste de Shapiro-Wilk constatou-se que os
valores do peak torque e do integral não seguiram uma
distribuição normal.
Posteriormente, aplicado o teste de Friedman, verificou-
se que existiam diferenças significativas (p=0,000<0,05)
do torque e da actividade electromiográfica em cada uma
das cinco posições testadas. Foi realizado então o teste
de Wilcoxon.
É possível constatar, através da análise dos valores de
prova (Tabela II) que existem diferenças significativas entre
os valores do peak torque obtidos com a anca a 100º e
90º (p=0,003), 110º e 90º (p=0,02), 100º e 180º (p=0,002),
110º e 180º (p=0,011) e 140º e 180º (p=0,001).
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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Tabela 3: Níveis de significância para o teste de Wilcoxon para a actividade muscular (i ) do vasto lateral (VL), rectofemural (RF) e vasto medial (VM) medido nas cinco posições da coxo-femural.
Tabela 2: Níveis de significância do teste de Wilcoxon para o torque (T) medido nas diferentes posições da anca.
Não existem diferenças significativas entre as posições
de 100º e 110º (p=0,615), 100º e 140º (p=0,173), 110º e
140º (p=0,147), 90º e 180º (p=0,427) e 140º e 90º
(p=0,221).
Aplicado o teste, pode-se verificar através dos valores de
prova (tabela III) que não existem diferenças significativas
entre a actividade electromiográfica tanto para o recto
femural como para o vasto interno nas cinco posições da
anca. No que diz respeito ao vasto externo verificou-se
existirem diferenças significativas entre a actividade
electromiográfica registada aos 180º e 110º (p=0,041).
Discussão
Existem alguns factores limitantes neste estudo e assim
torna-se relevante referi-los.
A validade interna poderá estar limitada pelo facto de não
ter sido usado a melhor forma de sincronização do sinal
EMG/Torque por impossibilidade de adquirir o material
adequado.
A validade externa poderá estar limitada pelo facto de a
amostra ser de conveniência e constituída por um número
reduzido de indivíduos. Assim, não podemos generalizar
os resultados do estudo à população alvo.
Neste estudo foi possível verificar que a anca a 100º ou a
110º contribuiu para um aumento do torque do quadricípite
em relação às posições de 90º, 140 e 180º sendo que o
torque máximo foi encontrado aos 100º. Isto está de acor-
do com Pavol & Grabiner (2000), que apenas verificaram
a variação da força muscular do quadricípite em duas
amplitudes da anca (110º e 180º), sendo esta significati-
vamente superior aos 110º.
º09T-º001T º09T-º011T º09T-º041T º09T-º081T º001T-º011T
edrolaV)p(avorP 300,0 020,0 122,0 724,0 516,0
º001T-º041T º001T-º081T º011T-º041T º011T-º081T º041T-º081T
edrolaV)p(avorP 371,0 200,0 741,0 110,0 100,0
º09T-º001T º09T-º011T º09T-º041T º09T-º081T º001T-º011T
edrolaV)p(avorP
LV 000,1 724,0 588,0 383,0 694,0
FR 906,0 196,0 906,0 677,0 677,0
MV 677,0 019,0 056,0 493,0 064,0
º001T-º041T º001T-º081T º011T-º041T º011T-º081T º041T-º081T
edrolaV)p(avorP
LV 337,0 651,0 651,0 140,0 211,0
FR 724,0 377,0 906,0 056,0 196,0
MV 677,0 383,0 652,0 001,0 191,0
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 10
Os resultados do presente estudo estão tembém de acordo
com Rochette, Hunter, Place & Lepers (2003), que
verificaram um torque do quadricípite significativamente
superior na posição de sentado quando comparado com
a posição de deitado.
Os resultados deste estudo estão em parte de acordo com
Currier (1977). Este autor afirma que os torques nas
posições da anca entre 110º e 130º são significativamente
superiores às restantes não havendo grandes diferenças
entre si. Está em desacordo porque refere que a posição
de 100º da anca apresenta força do quadricípite menor e
que não é suficiente para tirar partido da relação
comprimento/tensão muscular do recto femural.
Por outro lado, este estudo está em desacordo com os
resultados de Bohannon et al, (1986), que compararam o
torque do quadricípite na posição de sentado e na posição
de semi-reclinado e referiram não haver diferenças
significativas entre as duas posições.
No que diz respeito à actividade electromiográfica das
porções musculares do quadricípite nas diferentes
posições da anca verificou-se que tanto o recto anterior
(actividade máxima aos 100º) como o vasto interno
(actividade máxima aos 140º) não variaram
significativamente entre as diversas posições da anca
enquanto que o vasto externo (actividade electromiográfica
máxima aos 110º) variou significativamente apenas entre
as posições de 110º e 180º. Isto está em parte de acordo
com os resultados de Hasler et al, (1994), que verificaram
que a actividade electromiográfica do recto femural não
variou significativamente ao longo das diferentes posições
da anca (90º, 112º, 135º, 157º, 180º). No entanto, a
actividade electromiográfica do vasto externo aumentou
significativamente nas posições de 90º e 180º e a do vasto
interno registou valores significativamente superiores aos
90º da anca, contrariando os valores do presente estudo.
Contudo, tendo como base os estudos realizados e os
dados obtidos no presente estudo, a posição da anca entre
os 100º e os 110º seria útil quer num momento de avaliação
muscular, sendo possível obter de facto a força máxima
do quadricípite, quer num plano de fortalecimento, pois
nesta posição o indivíduo é capaz de gerar maior tensão
muscular e entra em fadiga mais tarde (Fitch & McComas,
1985).
Possivelmente esta deverá ser a amplitude em que os
sarcómeros se encontram num comprimento mais eficaz
para a produção de força.
Assim, será possível tirar maior proveito do fortalecimento
muscular, fundamental em fisioterapia no desporto para
promover o retorno do atleta mais rapidamente possível à
prática desportiva.
Conclusões
A posição angular da anca influencia o valor do peak torque
produzido pela contracção isométrica máxima voluntária
do quadricípite. No entanto, não influencia a actividade
electromiográfica com excepção do vasto externo com a
anca a 180º, apresentando menor actividade quando
comparado com a posição a 110º.
Os resultados deste estudo são relevantes para a
fisioterapia no desporto no que diz respeito à avaliação
da força e na fase inicial do fortalecimento e reabilitação
de um determinado atleta visto terem sido realizadas
contracções isométricas. Uma vez que o músculo entra
em fadiga mais tarde quando trabalhado no comprimento
“ideal” (Fitch & McComas, 1985) achamos pertinente a
realização deste estudo.
Seria interessante realizar este mesmo estudo em atletas
realizando contracções concêntricas ou excêntricas pois
numa fase mais avançada da reabilitação são utilizados
principalmente estes tipos de contracção muscular.
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Artigo recebido a: 03 de Março de 2007
Artigo revisto a: 26 de Outubro de 2007
Aceite para publicação a: 14 de Novembro de 2007
Introdução
A importância dos fisioterapeutas no seio do corpo
Importância da Intervenção do Fisioterapeuta no Tempo de Paragemapós Entorse do Tornozelo. Um Estudo em Basquetebolistas da Liga
Profissional Portuguesa
Maria António Castro1 , Manuel António Janeira2 , João Madail3 , Orlando Fernandes4
Fisioterapeuta. Mestre em Ciências do Desporto - Actividade Física Adaptada. Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – InstitutoPolitécnico de Coimbra1 - Correspondência para: [email protected]
Doutor em Ciências do Desporto. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto2
Fisioterapeuta. Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – Instituto Politécnico de Coimbra3
Licenciado em Educação Física. Mestre em Treino de Alto Rendimento. Faculdade de Desporto da Universidade de Évora4
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ARTIGO ORIGINAL
Resumo
Introdução: No basquetebol, a lesão por entorse do tornozelo é, altamente limitante para o atleta e obriga a bastante tempo deparagem. Relevância: Um dos aspectos relevantes da intervenção do fisioterapeuta remete para a necessidade da redução do tempode paragem dos atletas, face às lesões ocorridas na prática desportiva. Objectivos: Os objectivos do presente estudo efectuado embasquetebolistas da Liga Profissional Portuguesa durante duas épocas consecutivas foram: (i)Avaliar o tempo de paragem dos atletasapós entorse do tornozelo em função da gravidade da lesão; (ii)Comparar a gravidade da entorse do tornozelo e os tempos deparagem após lesão em basquetebolistas pertencentes a equipas que dispõem do apoio permanente de fisioterapeuta e em equipasque não dispõem deste apoio. Metodologia: A amostra de atletas que sofreram entorse (n=81) foi dividida em dois grupos: umpertencente a equipas com fisioterapeuta (CF—n=44) e outro sem fisioterapeuta (SF—n=37). Resultados: As comparações entregrupos (CF vs. SF) evidenciaram diferenças estatisticamente significativas relativamente aos tempos de paragem, para a totalidadeda amostra (CF—3.7±4.04dias vs. SF—12.57±24.28dias; p=0.040), bem como por gravidade de entorse, ligeiro (CF—1.46±1.91diasvs. SF—3.2±2.24dias; p=0.006) e grave (CF—7.83±3.43dias vs. SF—41.12±41.13dias; p=0.011). Discussão e Conclusões: A entorsedo tornozelo afecta cerca de 50% dos atletas em estudo e o tempo de paragem que provoca aumenta proporcionalmente à maiorgravidade da lesão. Os resultados mostram inequivocamente a importância da intervenção do fisioterapeuta na redução do tempode paragem dos atletas após entorse, quer do ponto de vista da apreciação global, quer da apreciação da gravidade da lesão.
Palavras Chave: entorse do tornozelo, basquetebol, fisioterapeuta, tempo de paragem
Abstract
Introduction: In basketball, an ankle sprain is a very common injury that keeps athletes out of practice for a long time. Relevance:Among other things, the existence of sports’ physiotherapists in a team is justified by the need of reducing the time lost after an injury.Objectives: The aim of this study on Portuguese championship professional basketball players is to: (i) evaluate athletes’ lost timeafter an ankle sprain according to the severity of their injury; (ii) compare the time lost after an ankle sprain in teams with or withoutphysiotherapists and according to the injury’s severity. Methods: The sample of athletes with an ankle sprain (n=81) was divided intotwo groups: one of those which had a physiotherapist on their team (CF-n=44) and another one without physiotherapist (SF-n=37).Results: Comparing the groups (CF vs. SF) showed significant statistical differences in the time lost after an ankle sprain (CF-3.7±4.04days vs. SF—12.57±24.28 days; p=0.040). When analysed by severity both mild (CF-1.46±1.91 days vs. SF-3.2±2.24 days; p=0.006)and severe ankle sprains (CF-7.83±3.43 days vs. SF-41.12±41.13 days; p=0.011) showed significant statistical differences in the timelost. Discussion & Conclusions: During our study, half of all basketball players suffered an ankle sprain, although the number ofankle sprains tended to diminish as the injury’s severity increased. It has become evident that the time lost by athletes after an anklesprain in teams working with physiotherapists is largely smaller than in teams without physiotherapists. This was observed when anklesprains were analysed in general and when they were divided into the existing severity grades.
Key-words: ankle sprain, basketball, physiotherapist, time lost
técnico de equipas de alta competição é hoje uma
realidadee o basquetebol tem de tal sido um exemplo
pioneiro. Nesta modalidade em Portugal, cerca de
60% das equipas que participam na Liga Profissional de
Clubes incluem na sua equipa técnica um ou mais fisiote-
rapeutas com funções permanentes junto do corpo de atle-
tas. De igual modo, outras equipas de diferentes divisões
nacionais mantêm ligações privilegiadas com fisioterapeu-
tas ou com gabinetes privados servidos por estes profis-
sionais e que disponibilizam serviços de fisioterapia. Tam-
bém as selecções nacionais, masculinas e femininas, de
diferentes escalões competitivos recorrem aos serviços
profissionais dos fisioterapeutas, que incluem um acom-
panhamento sistemático a treinos e jogos durante os pe-
ríodos de concentração das equipas para a preparação
das competições. Esta intervenção, mais ou menos siste-
mática, reflecte a preocupação de todos os agentes en-
volvidos no fomento do basquetebol em conseguirem
potencializar ao máximo o rendimento dos seus jogado-
res e das suas equipas através de cuidados particulares
no campo da prevenção e da recuperação das lesões. As
lesões músculo-esqueléticas mais frequentes em
basquetebolistas são as que afectam as extremidades dos
membros inferiores e incluem contusões, roturas
ligamentares e musculares, inflamações músculo-
tendinosas, fracturas e luxações (Baumhauer, Alosa,
Renstrom, Trevino & Beynnon,1995; Butcher, et al.,1996).
A ocorrência destes tipos de lesões tem a ver com as par-
ticularidades específicas do jogo de basquetebol, ou seja
com os locais onde o jogo decorre, com os materiais com
que se lida e com os próprios constrangimentos do jogo.
De facto, o basquetebol é um jogo que privilegia a força
explosiva, praticado num espaço físico muito reduzido e
desenvolvendo-se em movimentos que requerem brus-
cas mudanças de velocidade e de direcção, rotações sú-
bitas e inúmeros saltos, o que, necessariamente, implica
variadíssimas situações de contacto físico não sanciona-
das pelas regras. Nesta modalidade desportiva, a lesão
por entorse do tornozelo não é só a mais frequente e a
que obriga a mais tempo de paragem, como também uma
das mais limitantes para o atleta. Um dos aspectos mais
relevantes da intervenção profissional do fisioterapeuta
tem a ver com a necessidade da redução do tempo de
paragem dos atletas, face às lesões que estes desenvol-
vem durante a prática desportiva. Todavia, a pertinência
deste assunto não está ainda devidamente esclarecida
14Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
literatura nacional. De facto, desconhecem-se quais os
benefícios efectivos que o acompanhamento em
permanência dos fisioterapeutas acarretam nas equipas
onde intervêm. Neste contexto, foram dois os objectivos
do nosso estudo: (i) Avaliar o tempo de paragem dos
atletas após entorse do tornozelo em função da gravidade
da lesão; (ii) Comparar a gravidade da entorse do tornozelo
e os tempos de paragem após lesão em basquetebolistas
pertencentes a equipas que dispõem do apoio permanente
de fisioterapeuta e em equipas que não dispõem deste
apoio.
Metodologia
A população foi constituída pelos basquetebolistas
pertencentes à totalidade das equipas da Liga Profissional
Portuguesa que disputaram os campeonatos em duas
épocas consecutivas. Destes, incluíram-se no estudo
exclusivamente aqueles que sofreram entorses do
tornozelo ao longo das épocas desportivas. A amostra
constituída por 81 jogadores seniores de basquetebol foi
dividida em dois subgrupos. Um, que incluía os atletas
pertencentes a equipas cujo corpo técnico dispunha dos
serviços de um fisioterapeuta (CF- n=44); o outro, que
incluía os atletas pertencentes a equipas cujo corpo técnico
não dispunha deste apoio (SF- n=37). Foram considerados
critérios de inclusão na amostra, fazer efectivamente parte
do conjunto de jogadores habitualmente convocados para
os jogos das suas equipas e terem sofrido pelo menos
uma entorse do tornozelo durante as duas épocas em
análise, na sequência da prática desportiva,
independentemente do facto de a lesão ter ocorrido
durante os treinos ou na competição. Os valores médios
de idade, peso e altura dos indivíduos em estudo são de
24.9± 3.72 anos, 90.55±11.7 kg e 193.7± 9.25 cm,
respectivamente.
A recolha de informação foi efectuada com recurso a um
questionário auto- administrado que indagava acerca (i)
da idade, peso e altura dos atletas; (ii) do volume de treino;
(iii) da posição específica em campo e do uso de
protecções articulares; (iv) da ocorrência de entorse do
tornozelo, gravidade e tempo de paragem motivado por
essa lesão e (v) se pertenciam ou não a equipas que
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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Quadro 1 – Entorses do tornozelo sofridas pela amostra
dispunham do acompanhamento permanente de
fisioterapeuta. A informação acerca da existência de
acompanhamento permanente de fisioterapeuta foi
cruzada com a informação fornecida pelos clubes e pelos
registos da Federação Portuguesa de Basquetebol.
Foram considerados indicadores em estudo, o tempo de
paragem do atleta, expresso em número de dias que o
mesmo esteve impedido de treinar e/ou jogar por motivo
de entorse do complexo articular do tornozelo, a gravidade
da entorse do tornozelo e o acompanhamento da equipa
ser realizado ou não por fisioterapeuta.
Foram consideradas as entorses de gravidade ligeira (GI),
moderada (GII) e grave (GIII). Para as comparações entre
grupos recorremos ao teste de Mann-Whitney e para as
comparações inter-grupo por graus de entorse, recorremos
ao teste de Kruskal-Wallis, ambos para medidas
independentes. O nível de significância foi estabelecido
em 5%.
Resultados
Na análise dos resultados obtidos sobressai o elevado
número de atletas que sofreram entorses do tornozelo
(49.7%) o que ilustra bem, a relevância deste tipo de
traumatismo para os basquetebolistas estudados. Quando
avaliada em função do volume de treino a incidência de
entorse apresenta o valor de 0,76 por 1000 horas de treino,
mostrando claramente a importância da entorse do
tornozelo na prática do basquetebol.
As entorses de tornozelo que predominaram nos
basquetebolistas lesionados (n=81) foram as que se
enquadram como mais graves seguidas das mais ligeiras.
Quando analisadas separadamente, em função dos
grupos com fisioterapeuta (CF) e sem este profissional
(SF), constatamos que a progressão em número
inversamente proporcional à gravidade não ocorre (Quadro
1). Verificamos que nas equipas sem este profissional de
saúde ocorre maior número de entorses (60%) e ocorrem
mais entorses de maior gravidade. Com efeito, nas equipas
sem fisioterapeuta predomina a ocorrência de entorses
do tornozelo graves, ultrapassando largamente o número
de entorses ligeiras e moderadas. Este aspecto toma
especial relevância tanto ao nível da saúde do atleta como
da harmonia da própria equipa que deixa de poder contar
com os seus elementos lesionados.
É evidente também a relação entre a gravidade da lesão
e o tempo de paragem dos atletas ou seja, a entorses
Quadro 2 – Médias e desvios-padrão dos tempos de
paragem dos atletas avaliados por grau de entorse.
menos graves corresponde um tempo de paragem menor,
enquanto as entorses mais graves corresponde um tempo
de paragem mais dilatado (Quadro 2). Do ponto de vista
do tempo de paragem, as lesões de gravidade ligeira
implicam menor tempo de paragem que as de gravidade
moderada e estas menor tempo de paragem que as
graves, independentemente dos grupos em estudo, com
e sem fisioterapeuta.
Independentemente do grau da lesão, é evidente o menor
tempo de paragem dos atletas pertencentes a equipas com
esrotneedadivarG atueparetoisiFmoC)%(n
atueparetoisiFmeS)%(n
(oriegiL )%8.12(42 )%6.31(51
)n(odaredoM )%7.21(41 )%7.21(41
)n(evarG )%5.5(6 )%6.33(73
esrotneuarG n )said(PT
IuarG 93 1.7±31.2
IIuarG 82 7.6±40.6
)n(evarG )%5.5(6 )%6.33(73
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 16
fisioterapeutas relativamente ao outro grupo de atletas em
estudo. As comparações entre grupos, com fisioterapeuta
(CF) versus sem fisioterapeuta (SF) evidenciaram
diferenças estatisticamente significativas relativamente
aos tempos de paragem, para a totalidade da amostra
(CF-3.7±4.04 dias vs. SF-12.57±24.28 dias). A relevância
estatística avaliada pelo teste de Mann-Whitney (Z=-2.05,
p=0.040) expressa uma diferença de aproximadamente 8
dias para a recuperação dos atletas pertencentes aos dois
grupos em confronto. Para além destes resultados, refira-
se a elevada variabilidade do tempo de paragem dos
atletas que não tiveram apoio de fisioterapeutas, expressa
pelo valor do desvio padrão de ±24.28 dias.
Esta mesma tendência é verificada quando se avaliam os
tempos de paragem induzidos pela gravidade de entorse
do tornozelo nos dois grupos de atletas pertencentes a
equipas com e sem apoio permanente de fisioterapeutas
como se ilustra no gráfico seguinte.
À excepção do tempo de paragem provocado por entorses
de gravidade moderada (Z=-0.79, p=0.431), os valores
dos tempos de paragem decorrentes de entorses de
gravidade ligeira e grave revelam diferenças
estatisticamente significativas do grupo dos atletas com
apoio de fisioterapeuta relativamente aos que não o
possuem (ligeiro: Z=-2.72, p=0.006; Grave: Z=-2.53,
p=0.012).
De um modo muito específico, o contributo substancial do
fisioterapeuta no seio das equipas parece evidente se
atendermos, fundamentalmente, à diferença numérica
entre os tempos de paragem por entorses graves no seio
dos dois grupos em análise (cerca de 33 dias). As
comparações entre grupos (CF vs. SF), relativamente aos
tempos de paragem por grau de entorse, evidenciaram
diferenças estatisticamente significativas para a gravidade
ligeira (CF- 1.46±1.91 dias vs. SF-3.2±2.24 dias; Z=-2.72
dias, p=0.006) e grave (CF- 7.83±3.43 dias vs. SF-
41.12±41.13 dias; Z=-2.53, p=0.011). Relativamente às
entorses moderadas, os grupos expressaram semelhança
estatística (CF- 5.79±4.61 dias vs. SF- 6.29±8.43 dias;
Z=-0.79, p=0.431).
Discussão
Incidência e gravidade da entorse do tornozelo
Os resultados revelam que cerca de 49% da amostra
sofreu, durante as épocas desportivas em análise, pelo
menos uma entorse do tornozelo. Este valor corresponde
a uma frequência de entorse por mil horas de 0,76 para a
generalidade dos basquetebolistas portugueses
participantes no estudo. A partir da avaliação efectuada
parece inegável, a dimensão que a entorse do complexo
articular do tornozelo tem nos atletas em estudo (jogadores
de basquetebol profissionais da Liga Portuguesa de
Clubes - LCB). A importância destes valores afigura-se
Gráfico 1 – Tempo de paragem por gravidade de entrose do tronozelo
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Quadro 3 – Estudos sobre incidência de entorses do tornozelo em basquetebol
como um indicador relevante no planeamento da
prevenção das lesões em basquetebol. Nesta questão a
literatura parece ter consenso já que nos diversos estudos
em basquetebol a entorse surge como o tipo de lesão
mais frequente (Fong, Hong, Chan, Yung & Chan,2007;
Gomez, DeLee & Farney,1996; Harmer,2005; Messina,
Farney & DeLee,1999; NATA,1998; NCAA,2004a;
NCAA,2004b).Todavia, verificamos alguma disparidade de
valores na literatura acerca da incidência da entorse do
tornozelo, que estará certamente relacionada com vários
aspectos dos quais salientamos o facto de se usarem
diferentes formas de análise, apresentando o valor de
incidência por número de exposições do atleta à
modalidade, por número de dias de prática desportiva,
por horas ou minutos de participação desportiva. Para
além disso, os estudos reportam-se a diversos níveis
competitivos e, são efectuados com diferentes tempos de
duração. De facto, alguns destes autores estudaram
jogadores dos liceus americanos (Powell,1996; Smith &
Reischl,1986a) enquanto outros centraram a sua atenção
em populações de atletas profissionais (Leanderson,
Nemeth & Eriksson,1993). Por outro lado, alguns estudos
avaliam a incidência da entorse durante uma época
desportiva (Powell,1996; Smith & Reischl,1986a) e
outrosdurante o curto período de tempo inerente a uma
competição (Martin, Yesalis, Foster & Albright,1987a). Um
segundo momento de interpretação destes resultados
prende-se também com o grau de prevenção a que os
jogadores estarão sujeitos.A literatura tem vindo a
esclarecer o facto de os vários tipos de protecção para a
articulação do tornozelo (Bahr & Bahr,1997; Beynnon,
Murphy & Alosa,2002; Handoll, Rowe, Quinn & de
Bie,2001; Osborne & Rizzo,2003; Parkkari, Kujala &
Kannus,2001; Quinn, Parker, de Bie, Rowe &
Handoll,2000; Rosenbaum, et al.,2005; Thacker, et
al.,1999; Verhagen, van Mechelen & de Vente,2000)
constituírem verdadeiras protecções na ocorrência de
entorse, especialmente da sua reincidência ou ainda da
ocorrência de entorses de maior gravidade. Por essa
razão, alguns países obrigam mesmo os atletas a utilizar,
no jogo e no treino, protecções do tornozelo. De facto no
presente estudo a relação entre a ocorrência de entorse
e o uso de material de protecção revelou-se muito
significativa sendo a ocorrência desta lesão muito mais
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rotuA ovititepmoClevíN n olezonrotodsesrotneedaicnêdicnI
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odutseetneserP )lagutroP(lanoissiforP 361 )h0001/67,0(%7,94
sedadiladomsartuoelobeteuqsab*
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
baixa em atletas que usam protecção.
Para além dos aspectos anteriormente referidos,
verificamos no estudo realizado que nas equipas com
apoio permanente de fisioterapeutas, se verificam menos
entorses do tornozelo e que quando esta lesão ocorre ela
é com mais frequência de gravidade ligeira e moderada.
A relevância deste aspecto prende-se com a possibilidade
de nas equipas, os fisioterapeutas introduzirem medidas
preventivas de ordem diversa e promoverem essa
intervenção de cariz preventivo junto de treinadores e
atletas. Desde a utilização de meios externos de protecção
como sejam as ortóteses e as ligaduras funcionais, até à
implementação de programas de treino proprioceptivo
(Thacker, et al.,1999), as equipas com apoio permanente
de fisioterapeuta beneficiaram da redução do número de
entorses ocorridas. De referir ainda será a maior facilidade
no retorno à prática desportiva por parte dos atletas cuja
equipa dispõe de um fisioterapeuta para adequar a carga
de treino à condição clínica do atleta (Wolfe, Uhl, Mattacola
& Mccluskey,2001 )
Tempo de Paragem após lesão
Os níveis de sucesso desportivo são largamente
condicionados pela forma ajustada como o treinador toma
decisões em campos determinantes do processo de
orientação desportiva, dos quais, os cuidados clínicos e a
prevenção das lesões, são aspectos fundamentais
(Janeira,1998). Nesta abrangência, os tempos de
paragem, após lesões de diferentes gravidades,
constituem-se como uma das preocupações mais
importantes de treinadores e atletas. Os “custos” das
lesões e, consequentemente, a ausência dos atletas na
competição obrigam o treinador a equacionar a
importância deste efeito aditivo (lesão + tempo de
paragem), com repercussões no rendimento competitivo
das equipas (Amorim, Morais, Oliveira & Mamede,1989;
Comas,1991; Knight,1985; Stone & Steingard,1993) e,
muitas vezes, na integridade psicológica do
atleta(Smith,1996).
Na literatura revista (Baumhauer, Alosa, Renstrom, Trevino
& Beynnon,1995; Ellison,1995; Loosli, Requa, Garrick &
Hanley,1992; Watson & Ozanne-Smith,2000) foi possível
perceber que a maior gravidade da entorse requer tempos
de paragem mais dilatados, independentemente da
modalidade desportiva em causa e com referência
exclusiva a esta situação traumática e não à globalidade
das lesões (Voleibol: ligeira<7, moderada [8,21] e
grave>21; Futebol: ligeira <7, moderada [8,21] e Grau
III>21; Hóquei: ligeira <7 moderada >7)(NATA,1998). Do
mesmo modo, os nossos resultados confirmam os tempos
diferenciados de paragem dos atletas face à diferente
gravidade de entorse. Grosso modo, e em referência à
globalidade da amostra, as entorses de gravidade ligeira
provocaram, em média, tempos de paragem de 2 dias, as
moderadas tempos de paragem médios entre 4 e 12 dias,
enquanto as entorses graves provocaram tempos de
paragem médios superiores a 26 dias. Relativamente a
este assunto, a literatura referente ao jogo do basquetebol,
confirma os resultados do nosso estudo (Starkey, 2000).
De facto, Smith & Reischl (1986b) ao estudarem as
entorses do tornozelo em basquetebolistas americanos,
referem tempos de paragem, por grau de entorse,
semelhantes aos identificados no presente estudo.
Resultados afins foram encontrados por Bahr, Karlsen,
Lian & Ovrebo (1994), num estudo acerca da incidência
deste tipo de lesão em jogadores de voleibol.
Importa clarificar que tempos de paragem e tempos de
recuperação são questões substancialmente diferentes.
Por tempo de paragem, entende-se o período em que o
atleta está ausente da prática desportiva devido a uma
qualquer lesão, independentemente das estruturas
anatómicas lesadas, estarem completamente
recuperadas. Como se sabe, o retorno à prática desportiva
acontece, muitas vezes, sem que a recuperação
anatomofisiologica esteja completa. Ou seja, no caso
específico da entorse do tornozelo, a noção de retorno à
prática não é sinónimo de recuperação completa das
estruturas anatómicas envolvidas. Por tempo de
recuperação entende-se o período que decorre desde o
momento da lesão até ao restabelecimento total das
estruturas anatómicas lesadas. É nesta dupla dimensão
que a intervenção dos fisioterapeutas tem sido apontada
como decisiva, no âmbito da preparação desportiva
(Araújo,1986; Oliveira,1990). Para Garrick, Schelkun. &
Heinz (1997), o tempo de paragem por entorse do
tornozelo situa-se entre 3 dias e 6 semanas, valores
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 18
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
coincidentes com o actual estudo. Pese embora esta
igualdade nos tempos de paragem após lesão, a questão
que se coloca tem a ver com a importância que a presença
do fisioterapeuta na equipa desportiva poderá ter na
modificação desses mesmos tempos de paragem, após
lesão dos atletas. Os resultados do presente estudo
sustentam, claramente, a importância do fisioterapeuta na
diminuição dos tempos de paragem dos atletas com
entorses do tornozelo e, também, na diminuição dos
tempos de paragem por gravidade da lesão. Dos 81
indivíduos constituintes da nossa amostra, 44 pertenciam
a equipas com apoio permanente de fisioterapeutas e 37
a equipas sem este tipo de apoio. Ainda assim, foi possível
verificar a diminuição significativa dos tempos de paragem,
após lesão, nos atletas apoiados por fisioterapeutas,
relativamente aos que não possuíam este apoio (3.70±4,0
dias vs 12.57±24.3 dias). Assim, os resultados deste
estudo parecem sugerir que a intervenção do
fisioterapeuta diminui em cerca de três vezes o tempo de
paragem dos atletas, após lesão. Por outro lado, centrando
a apreciação em torno da gravidade da entorse, a
comparação entre o tempo de paragem nos dois grupos
em estudo (com fisioterapeuta e sem fisioterapeuta) vai
ao encontro dos resultados anteriormente expressos. Os
tempos de paragem dos atletas com apoio dos
fisioterapeutas são, efectivamente, sempre menores em
todos os níveis de gravidade de entorse e com relevância
estatística para os tempos de paragem após entorses de
gravidade ligeira (p=0.006) e grave (p=0.012).
As diferenças, atrás mencionadas, poderão esclarecer o
papel decisivo do apoio permanente do fisioterapeuta aos
atletas de basquetebol. A abrangência deste apoio pode-
rá manifestar-se segundo três níveis. Um, relacionado com
a prevenção da lesão, feita de um modo sistemático, por
exemplo através do aconselhamento de ortóteses, que
possam diminuir a incidência da entorse, e através da par-
ticipação activa no treino, trabalhando no sentido de me-
lhor “apetrechar” fisicamente os jogadores, para que a en-
torse do tornozelo possa ser evitada, nomeadamente atra-
vés do treino proprioceptivo. A outra, relacionada com a
especificidade do tratamento, domínio evidente da inter-
venção qualificada do fisioterapeuta. Por último, a
integração progressiva do atleta no treino, adequando de
forma particular o movimento efectuado pelo atleta às
capacidades da estrutura em recuperação, só possível,
também, com a presença deste profissional. Corroboran-
do estas posições, Powell (1996) verificou num período
de 10 anos que a presença do fisioterapeuta nas equipas
desportivas conduziu a uma redução elevada da gravida-
de das lesões ocorridas durante os treinos e as
competições. Segundo este autor, lesões com tempos de
paragem superiores a sete dias, foram reduzidas em
cerca de 31% pela intervenção permanente do fisiotera-
peuta junto dos atletas pertencentes a diferentes
modalidades desportivas. Também Foster, Yesalis,
Ferguson & Albright (1989) verificaram a diminuição do
tempo de recuperação após lesão em 70% dos atletas
acompanhados por fisioterapeutas. Reforçando a ideia da
importância do fisioterapeuta junto das equipas
desportivas, Martin, Yesalis, Foster & Albright (1987b)
referem que, da totalidade das lesões ocorridas no Tor-
neio Olímpico de Basquetebol (Júnior), 75,9% foram tra-
tadas pelo fisioterapeuta, facto que evidencia o papel
determinante desempenhado por estes profissionais de
saúde na recuperação dos atletas e favorece a
perspectiva da sua intervenção em primeira instância. Os
autores (Martin, Yesalis, Foster & Albright,1987b) questi-
onam mesmo a importância do apoio médico de forma
permanente em torneios desta natureza e sugerem, em
alternativa, o apoio permanente do fisioterapeuta. A
justificação desta sugestão tem a ver com o facto de
somente uma pequena parte dos atletas (4%) ter
necessitado de cuidados médicos, em oposição com o
elevado número de atletas (75,9%) que necessitaram
de cuidados fisioterapêuticos.
Conclusões
Da globalidade dos resultados por nós avaliados numa
população de basquetebolistas, decorre um conjunto de
constatações fundamentais, relativamente à incidência da
entorse do tornozelo, à sua gravidade e aos tempos de
paragem que esta lesão provoca nos jogadores. Afigura-
se relevante na população de basquetebolistas estudados,
a forte incidência da entorse do tornozelo. De facto, cerca
de 50% dos atletas em estudo sofreram, pelo menos, um
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 19
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
traumatismo desta natureza durante as duas épocas
competitivas avaliadas. Por outro lado, os resultados
revelaram de uma forma substantiva, que a importância
da intervenção do fisioterapeuta na redução do tempo
de paragem dos atletas após entorse do tornozelo é
manifesta, quer do ponto de vista da apreciação global,
quer do ponto de vista da apreciação da gravidade da
lesão. O que aqui se pretende sublinhar é que, de facto, e
a partir exclusivamente dos resultados do estudo
efectuado, as equipas parecem ter vantagem em dispor
dos serviços de um fisioterapeuta em permanência, visto
parecer ser possível que os seus cuidados, promovam
uma alteração nas consequências das lesões. Na
generalidade das entorses ocorridas, as equipas com
apoio permanente de fisioterapeutas viram os seus atletas
ser privados da prática de basquetebol, durante 4 dias ao
passo que nas equipas sem este apoio os atletas estiveram
ausentes 13 dias.
Deste modo torna-se evidente a importância da inclusão
de um fisioterapeuta na equipa técnica dos clubes. No
domínio da preparação desportiva, a intervenção do
fisioterapeuta mostra-se indispensável na formulação, em
conjunto com o treinador e toda a equipa, de um plano de
prevenção e de recuperação das lesões do atleta.
Acreditamos que os resultados do presente estudo
poderão constituir-se como um conjunto de referências
que, de facto, expressem bem a qualidade da intervenção
do fisioterapeuta e das vantagens que a sua presença
permanente representa para os atletas e para as equipas.
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Artigo recebido a: 23 de Maio de 2007
Artigo revisto a: 21 de Agosto de 2007
Aceite para publicação a: 26 de Outubro de 2007
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
23
Introdução
As fracturas e luxações do pé e tíbio-társica estão entre
as lesões mais frequentes do sistema músculo-esquelético
(Henning, 1998; Lynch 2002; Relvas 1990; Sanderlin &
Contributo para a Adaptação e Validação do Instrumento de Medida,Foot And Ankle Outcome Score (FAOS), para a Realidade Portuguesa
Felipe Domingues1, José Esteves2 , José Pascoalinho Pereira3
Fisioterapeuta.Centro de Saúde de Sacavém1
Correspondência para: [email protected]
Fisioterapeuta. Professor Adjunto da Escola Superior de Saúde do Alcoitão. Prática Privada 2
Fisioterapeuta. Professor Coordenador da Escola Superior de Saúde do Alcoitão 3
ARTIGO ORIGINAL
Resumo
Introdução: Sendo as lesões do complexo articular pé e tíbio-társica das mais comuns na sociedade, torna-se necessária a existênciade um instrumento de medida adaptado e validado que permita avaliar a funcionalidade do pé e tíbio-társica. Objectivo: Contribuir paraa validação e adaptação cultural e linguística de um instrumento de medida, a escala de avaliação da funcionalidade da articulaçãotíbio-társica e pé “Foot and Ankle Outcome Score (FAOS)” desenvolvida por Roos EM, Brandsson S, Karlsson J. (2001). Relevância:Permitir a utilização deste instrumento de medida validado e adaptado à população/realidade Portuguesa. Metodologia: Numa primeirafase procedeu-se à tradução por intermédio de 2 tradutores bilingues, seguido da retroversão por intermédio de 2 tradutores bilinguese posterior aprovação da autora original Ewa Roos da versão consenso Inglesa obtida. Na 2ª fase realizou-se a adaptação culturalatravés da verificação das características métricas validade de conteúdo pelo painel de peritos, e da fiabilidade intra-observador porteste-reteste através do intra class correlation (ICC) e da consistência interna através do Alpha de Cronbach (á) numa amostra de 35utentes. Resultados: Cada sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diária; funcionalidade, desporto e actividades de lazer;qualidade de vida), obteve bons indicadores de fiabilidade intra-observador (ICC = 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936) e bons indicadoresde consistência interna (á = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893). Conclusão: A versão final portuguesa da FAOS na amostra utilizadapossui bons índices de validade de conteúdo, de fiabilidade intra-observador e de consistência interna.
Palavras-chave: Avaliação em fisioterapia; adaptação cultural de instrumentos; FAOS; tíbio-társica e pé; funcionalidade.
Abstract
Introduction: As the foot and ankle complex injuries are one of the most common injuries in society, it becomes necessary to have asuitable and validated instrument of measure that allows the evaluation of the foot and ankle functionality. Objective: To give onecontribution to cultural and linguistic validation and adaptation of a measure instrument, the evaluation scale of the foot and anklefunctionality “Foot and Ankle Outcome Score (FAOS)” developed by Roos EM, Brandsson S, and Karlsson J. (2001) Relevance: Toallow the use of this measurement instrument adapted and validated to the Portuguese population\reality. Methods: At the 1st phase, thetranslation was preceded by 2 bilingual translators, followed by the back translation preceded by 2 others Bilingual translators and lateron it was gotten the approval form the original author Ewa Roos of the gotten English consensus version. At the 2nd phase was made acultural adaptation through the verification of the metric characteristics, the content validity, the reliability intra-observer for test-retest byintraclass correlation (ICC) and the internal consistency through the Cronbach Alpha (á). Results: Each sub-scale (symptoms; pain;functionality, daily life; functionality, sport and activities of leisure; quality of life) had good scores for reliability intra-observer (ICC =0,876, 0,828, 0,909, 0,894 and 0,936) and good scores for internal consistency (á = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 and 0,893). Conclusion:The Portuguese ending version of the FAOS in the used sample, possess good content validity, reliability intra-observer and internalconsistency.
Key words: physiotherapy evaluation; instruments cultural adaptation; FAOS, foot and ankle; functionality.
Raspa 2003). Robbins & Waked (1998) afirmam que,
apesar de as lesões da tíbio-társica ocorrerem
frequentemente durante a locomoção normal, elas são
provavelmente mais comuns no desporto. Segundo Rego,
Reis e Oliveira (2007), em Portugal, na época de
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2005/2006, as lesões em ginastas de competição
afectaram maioritariamente o membro inferior, sendo a
seguir ao joelho, o pé, dedos e tornozelo as regiões
anatómicas mais lesionadas. Nyska & Mann (2002)
referem que as lesões laterais da tíbio-társica ocorrem
predominantemente nas populações jovens e masculina
e as lesões do médio-pé ocorrem predominantemente na
população mais idosa e feminina. Estes autores referem
que 45% das lesões ocorrem em actividades desportivas,
20% durante jogos e 16% em trabalho.
Daqui se depreende a existência de uma enorme
quantidade de utentes a requerer diariamente a
intervenção dos Fisioterapeutas para a resolução de
problemas relacionados com o pé e tíbio-társica. Assim
sendo, torna-se necessário a existência de um instrumento
de medida devidamente creditado para a avaliação da
funcionalidade do pé e tíbio-társica.
Os instrumentos de medida, devem de possuir certas
características métricas no sentido de garantirem uma boa
qualidade da medida para que estas nos permitam formular
conclusões válidas. Assim sendo, de acordo com a
literatura consultada, Rothstein (1985), Sim e Arnell (1993),
Cole, Finch, Gowland, Mayo (1994), Ferreira e Marques
(1998), Fitzpatrick et al (1998), Finch et al (2002), as
principais características métricas são a fiabilidade,
validade e a sensibilidade.
Apesar de existirem alguns critérios de selecção de
instrumentos de medida de diferentes autores, a confusão
parece ser considerável quando se pretende seleccionar
um instrumento de medida que avalie a funcionalidade da
tíbio-társica e pé. Exemplo disso é o trabalho de Schuh &
Hausel (2000), que alertam para o facto de que, a
publicação de vários e diferentes tipos de artigos sobre
lesões da tíbio-társica em que os resultados eram
avaliados com instrumentos de medida diferentes, torna
difícil ou mesmo impossível a comparação entre essas
publicações. Existem actualmente vários instrumentos de
medida publicados para medir a funcionalidade do pé e
tíbio-társica. No entanto, Akseki, Pinar, Bozkurt & Yaldiz,
(2002), após a comparação de 4 instrumentos de medida
usados em lesões da tíbio-társica, concluem que uma
pessoa com lesão da tíbio-társica pode apresentar uma
pontuação elevada num sistema e ao mesmo tempo pode
apresentar uma pontuação baixa noutro sistema de
avaliação.
Deste modo, salienta-se a importância e necessidade da
existência de um instrumento de medida que, contendo os
principais elementos métricos, seja também reconhecido
e utilizado a um nível internacional de modo a se obterem
resultados similares em condições similares permitindo
assim a comparação entre vários estudos de diferentes
origens.
Em 2001, Ewa Roos, em conjunto com os seus
colaboradores, publicou um artigo no qual apresenta o
instrumento de medida “Foot and Ankle Outcome Score
(FAOS)”. O conteúdo da FAOS baseia-se na Escala
Avaliativa da Osteoartrite (Knee injury and Osteoarthritis
Outcome Score (KOOS)) e foi desenvolvida para medir a
opinião dos pacientes sobre uma variedade de problemas
ligados à funcionalidade do pé e tíbio-társica. Este estudo
apresenta valores bastante elevados nas várias
características métricas estudadas. Na validade de
conteúdo, os pacientes não sugeriram questões adicionais
a acrescentar, todos os items foram considerados como
sendo pelo menos de alguma importância por mais de 67
% dos pacientes. Na validade de construção, segundo a
autora, obteve-se uma já esperada moderada correlação
(rs=0.58 a 0.67) quando se comparam as 5 sub-escalas
da FAOS com a escala Karlsson score. Na fiabilidade,
para cada sub-escala, (sintomas; dor; funcionalidade, vida
diária; funcionalidade, desporto e actividades de lazer;
qualidade de vida) foram obtidos os seguintes resultados:
na consistência interna o Alpha de Cronbach foi á = 0,88,
0,94, 0,97, 0,94 e 0,92; na fiabilidade intra-observador, o
coeficiente de correlação de Spearman foi 0.89, 0.96, 0.85,
0.92 e 0.92 e o coeficiente intra class correlation foi ICC =
0,86, 0,78, 0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala
respectivamente.
A FAOS é de auto-preenchimento pelo paciente e consiste
em 42 questões distribuídas em cinco sub-escalas: Dor,
Outros Sintomas, Funcionalidade na vida diária,
Funcionalidade no desporto e lazer, e Qualidade de Vida
relacionada com o pé e tíbio-társica. São apresentadas
opções estandardizadas de resposta e cada questão tem
uma pontuação de 0 a 4. É calculada uma pontuação
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 25
normalizada (100 indicando ausência de sintomas e 0
indicando sintomas extremos) para cada sub-escala. No
final obtém-se um score total através do somatório das
pontuações de cada sub-escala.
A FAOS apresenta como mais-valias o facto de ser uma
escala de avaliação simples, de aplicação relativamente
rápida (cerca de 10 minutos) e eficaz sem necessidade
de 1 observador, os dados são de fácil análise estatística
e interpretação, contando para isso o apoio dado pela
disponibilização on-line, no site www.koos.nu, de uma folha
de cálculo no programa EXCEL, com as devidas fórmulas
de cálculo já introduzidas, ou então, através da ficha de
pontuação manual da FAOS disponível no guia de
utilização da FAOS (para obter a versão traduzida do guia
de utilização da FAOS, deverá contactar via e-mail para
A nível internacional, esta é uma escala que é utilizada
em diferentes estudos de investigação por diferentes
autores tais como: “Foot orthoses for the treatment of
plantar fasciitis” de Roos, Engstrom, Soderberg (2006) ou
“Twenty-six-year results after Brostrom procedure for
chronic lateral ankle instability” de Bell, Mologne, Sitler,
Cox (2006).
O presente estudo tem como objectivo geral contribuir para
a validação e adaptação do instrumento de medida “Foot
and Ankle Outcome Score (FAOS)” para a realidade
portuguesa através do processo de tradução e verificação
das características métricas validade de conteúdo, a
fiabilidade intra-observador e a consistência interna.
Metodologia
Este estudo do tipo metodológico, compreende uma 1ª
fase na qual se procedeu à tradução da FAOS e uma 2ª
fase na qual se verificaram as características métricas
validade de conteúdo, a fiabilidade intra-observador e a
consistência interna. Estes procedimentos só foram
realizados após a autorização da autora, da escala original.
Foram seleccionadas duas amostras. A primeira, que foi
seleccionada por conveniência e qualidade, constituiu o
painel de peritos, sendo formada por oito fisioterapeutas
e um médico, todos eles experts na área das condições
músculo-esqueléticas. Estes elementos possuem no
mínimo 4 anos de experiência na área, com várias
comunicações livres realizadas e, alguns com trabalhos
publicados em revistas científicas.
A segunda amostra constituiu a amostra de utentes e foi
obtida por conveniência sendo formada por 35 sujeitos,
24 utentes do sexo feminino e 11 utentes do sexo
masculino, com idades compreendidas entre os 11 e os
80 anos. Foram incluídos todos os sujeitos, que saibam
ler e escrever, que apresentem uma e qualquer patologia
músculo-esquelética na tíbio-társica e/ou pé e que se
traduza numa diminuição da funcionalidade desse sujeito.
Foram excluídos do estudo os sujeitos que foram não
colaborantes, possuíam alterações cognitivas ou que
apresentaram outros problemas associados que impediam
a avaliação de qualquer dos itens constituintes da escala
FAOS, ou preenchimento indevido da FAOS.
Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram um
questionário, especialmente elaborado para verificar a
validade de conteúdo, e a própria FAOS – versão
portuguesa, para verificar a fiabilidade intra-observador e
a consistência interna.
Os dados qualitativos obtidos junto ao painel de peritos,
foram tratados através da técnica de análise de conteúdo.
Os dados quantitativos, recolhidos através da FAOS, foram
tratados através da estatística descritiva utilizando o
programa “SPSS 14,0”. Foi utilizado o coeficiente de
correlação intra class (ICC) para análise dos dados obtidos
da aplicação do instrumento em momentos diferentes por
cada utente – fiabilidade intra-observador. A consistência
interna foi verificada através do coeficiente de Alpha
Cronbach (á).
PROCEDIMENTOS NA 1º FASE – Tradução
O processo de tradução e adaptação da escala FAOS
baseou-se nas linhas orientadoras apresentadas por
Beaton, Bombardier, Guillemin, & Ferraz (2002), para o
processo de adaptação intercultural de instrumentos de
medida. Com base nestas linhas realizaram-se cinco
passos distintos:
Passo I – Tradução inicial
Foram realizadas duas traduções independentes da FAOS
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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(T1 e T2) a partir da versão Inglesa para a língua
Portuguesa.
As duas traduções independentes foram realizadas por
tradutores bilingues que têm como língua mãe a língua
Portuguesa. O tradutor T1 é profissional de saúde e
conhecedor do tipo de conceitos do questionário. O
tradutor T2 não está ligado à área da saúde, de modo a
reflectir uma linguagem utilizada pela população comum.
Passo II – Sintetização das duas traduções
Uma terceira pessoa imparcial serviu de mediador na
discussão das diferenças de tradução obtendo-se numa
tradução de consenso (T12).
Passo III – Retroversão
Trabalhando a partir da versão T 12, o questionário foi
novamente traduzido para a língua Inglesa através de duas
retroversões independentes do instrumento (RV1 e RV2)
por tradutores bilingues que têm como língua mãe a língua
Inglesa.
Passo IV – Sintetização das duas retroversões
Cruzaram-se as duas retroversões entre si e elaborou-se
uma terceira versão – versão consenso inglesa.
Comparou-se a versão inglesa original com a versão
consenso Inglesa obtida, para verificar se havia diferenças
de significado entre elas.
Passo V – Aprovação da autora original
Foi enviada uma cópia da versão consenso Inglesa obtida
ao autor original da escala para que fosse aprovada a
versão obtida. A autora Ewa Roos aprovou e deu a sua
permissão para continuar o estudo obtendo-se assim a
versão portuguesa a apresentar ao painel de peritos.
PROCEDIMENTOS NA 2º FASE – Verificação das
características métricas validade de conteúdo, a
fiabilidade intra-observador e consistência interna.
O painel de peritos analisou a validade de conteúdo da
versão portuguesa do instrumento através de um
questionário. Este instrumento de recolha de dados
requeria que cada item da FAOS fosse cotado segundo
uma escala ordinal de zero a cinco , com a respectiva
justificação e sugestão. Cada questionário, no início,
continha duas folhas de rosto onde figurava a identificação
do autor deste estudo, o objectivo do estudo e as
instruções de preenchimento do respectivo questionário.
No final de cada um destes instrumentos figurava uma
folha com três questões que solicitavam uma apreciação
global e pessoal sobre a FAOS. Desta análise resultaram
algumas sugestões e alterações da versão consenso
Portuguesa que conduziram à versão final Portuguesa da
FAOS (Anexo 1).
Para verificação da fiabilidade intra-observador e
consistência interna, aplicou-se a versão final Portuguesa
da FAOS na amostra de utentes em estudo. A cada utente
foi explicado o objectivo deste estudo e o método como
este estava a ser levado a cabo. Cada utente preencheu
duas vezes o questionário, com um dia de intervalo.
O procedimento do tratamento estatístico relativo ao
estudo da fiabilidade intra-observador e da consistência
interna, foi realizado a partir dos resultados obtidos, os
quais foram introduzidos numa base de dados, numa folha
em Excel, disponibilizada pela autora original no site
www.koos.nu , e de seguida, transportados e analisados
com o programa informático “SPSS 14,0”.
Resultados e discussão
No que respeita à validade de conteúdo, através da análise
das cotações atribuídas pelos peritos existiu um acordo
total em 16 das questões mantendo-se o seu conteúdo.
Em 7 questões apesar de terem sido realizadas algumas
sugestões de alteração, manteve-se a versão original
portuguesa por se aproximar mais da versão original em
inglês e manter todo o conteúdo de cada questão e por
possuírem uma boa facilidade de compreensão por parte
dos utentes. Em 19 questões foram aceites as sugestões
propostas devido ao facto de algumas das questões
estarem confusas na forma como estavam elaboradas.
Foram assim introduzidas alterações que iam no sentido
de clarificar a redacção, corrigir a semântica, especificar
melhor determinadas actividades solicitadas, utilizar a
mesma terminologia e o mesmo modo de construção
frásica ao longo de todo o questionário. As sugestões
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aceites encontram-se mais correctas em termos de
linguagem corrente mantendo todo o conteúdo da questão
e apresentando uma melhor facilidade de compreensão
por parte dos utentes e por se aproximar mais da versão
original. Nas três questões que solicitavam uma apreciação
global e pessoal sobre a FAOS, 89% do painel concorda
na generalidade com as questões da FAOS, sendo baixa
a percentagem de peritos que retiraria ou acrescentaria
alguma questão.
Ao chegar a um consenso final relativo ao conteúdo de
cada pergunta da versão portuguesa da FAOS, foi
concluído pelos autores do estudo que, o nível de
consenso atingido foi elevado, pois, 81% das questões
obteve uma concordância total, sem sugestão de
alterações, de pelo menos 2/3 do painel. Em 19% das
questões foram introduzidas algumas das alterações
introduzidas pelo painel de peritos. Como tal, considera-
se que o questionário na nossa amostra apresenta
validade de conteúdo.
Na análise da fiabilidade intra-observador por teste-reteste,
verifica-se que cada sub-escala (sintomas; dor;
funcionalidade, vida diária; funcionalidade, desporto e
actividades de lazer; qualidade de vida), obteve como valor
do ICC 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936 para uma
significância de 0,000. Pestana & Gageiro (2000), afirmam
que é considerado como bom indicador de consistência
um ICC com valor superior a 0,8. Assim sendo, os valores
obtidos representam um valor elevado e, segundo estes
autores são considerados como um bom indicador positivo
de fiabilidade intra-observador. Estes resultados vão ao
encontro dos valores obtidos pelo autor original da versão
original da FAOS que obteve como resultados 0,86, 0,78,
0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala respectivamente.
Na análise da consistência interna, verifica-se que cada
sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diária;
funcionalidade, desporto e actividades de lazer; qualidade
de vida), obteve como valor do Alpha de Cronbach á =
0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893. Fortin (2000), afirma
que o coeficiente de Alpha de Cronbach (á) varia de 0,00
a 1,00 e que, o valor mais elevado denota uma maior
consistência interna. Com base no anteriormente exposto,
constata-se que todas as sub-escalas possuem um bom
indicador de consistência interna, obtendo valores
similares aos valores obtidos pelo autor original da
versão original da FAOS que obteve como resultados 0,88,
0,94, 0,97, 0,94 e 0,92 para cada sub-escala
respectivamente.
Conclusões
Conclui-se que a versão final Portuguesa da FAOS, na
amostra em estudo, possui validade de conteúdo,
fiabilidade intra-observador e consistência interna,
podendo por isso ser utilizada na prática clínica, pelo que
se considera importante a sua utilização no sentido de
melhorar a intervenção da fisioterapia no desporto, ou
outras áreas, promovendo a qualidade da intervenção.
Este estudo apresenta como principal limitação à validade
externa, o facto de não se poder garantir a
representatividade da amostra face à população
portuguesa, devido ao reduzido número de sujeitos da
amostra, devido ao facto de a amostra ter sido obtida/
seleccionada por conveniência e por ter sido obtida numa
zona limitada do País, Lisboa. Também o facto de não se
ter realizado um pré-teste com o objectivo verificar se o
questionário era de fácil compreensão para o utente, uma
vez que se trata de um instrumento de auto –
preenchimento, representa outra limitação, esta relativa à
validade interna, no presente estudo.
Pretendeu-se dar um primeiro contributo no processo de
tradução e adaptação da FAOS, pelo que se sugere a
realização de estudos futuros com amostras mais
representativas e que visem outras características
métricas que não foram agora contempladas, tais como:
a validade de construção, validade critérios, sensibilidade
e aceitabilidade pelos utentes, assim como algumas
sugestões pertinentes, que se inserem no âmbito da
modificação da escala, levantadas pelo painel de peritos
na analise da validade de conteúdo.
Por último, considera-se importante a validação de outros
instrumentos de medida da funcionalidade da tíbio-társica
e pé, de forma a que os profissionais de saúde tenham
acesso a um leque mais alargado de instrumentos.
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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A versão integral deste estudo está disponível na biblioteca
da Escola Superior de Saúde do Alcoitão:
Domingues, F.; Pascoalinho, J. ; Esteves, J. (2006) Contributo
para a adaptação e validação do instrumento de medida, Foot
and Ankle Outcome Score (FAOS), para a realidade
portuguesa. Monografia final do curso de licenciatura em
Fisioterapia. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.
Cota – M24 FT A06.
Artigo recebido a:13 de Outubro de 2007
Artigo revisto a: 01 de Novembro de 2007
Aceite para publicação a: 10 de Novembro de 2007
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I
FAOS FOOT&ANKLE SURVEY
IAPT – INQUÉRITO AO PÉ & TORNOZELO
Data de hoje : ____ / _____ / ______ Data de nascimento : ____ / _____ / _____
Nome : _______________________________________________________________
INSTRUÇÕES: Este inquérito solicita-lhe a opinião sobre o seu pé/tornozelo. Esta informação ajudar-nos-á a acompanhara forma como se sente em relação ao seu pé/tornozelo, bem como a sua aptidão para realizar as actividades do dia-a-dia.Responda a cada questão assinalando com uma cruz o quadrado apropriado. Deverá inscrever apenas uma cruz paracada questão. Se tiver dúvidas quanto à forma de responder a alguma questão, dê por favor a melhor resposta queconseguir.
SintomasEstas questões referem-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última semana.
S1. Tem inchaços no seu pé/tornozelo? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre
S2. Sente ranger ou ouve estalar, ou qualquer outro tipo de ruído, quando movimenta o seu pé/tornozelo? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre
S3. O seu pé/tornozelo prende ou bloqueia quando se move? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre
S4. Consegue endireitar completamente o seu pé/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca
S5. Consegue flectir completamente o seu pé/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca
RigidezAs questões seguintes dizem respeito ao grau de rigidez que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana. Por rigidezentende-se a sensação de restrição ou de lentidão aquando da movimentação das articulações.
S6. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo de manhã logo após acordar?Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
29
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 30
Esta questão refere-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última semana.
S7. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo após estar sentado, deitado ou após ter repousado no final dodia?
Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
DorP1. Com que frequência sente dor no seu pé/tornozelo?
Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre
Qual a intensidade de dor que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana, durante as seguintes actividades?
P2. Torcer ou rodar sobre o pé/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
P3. Esticar completamente o pé/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
P4. Dobrar completamente o pé/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
P5. Caminhar numa superfície planaNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
P6. Subir ou descer escadasNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
P7. À noite quando está deitado na camaNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
P8. Sentado ou deitadoNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
P9. Na posição de péNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema
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Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 31
Funcionalidade, vida diáriaAs questões seguintes dizem respeito à sua função física. Por isto queremos dizer a sua capacidade para se deslocar epara cuidar de si próprio. Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu naúltima semana devido ao seu pé/tornozelo.
A1. Descer escadasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A2. Subir escadasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A3. Erguer-se após ter estado sentadoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A4. Estar de péNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A5. Baixar-se até ao chão / apanhar um objectoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A6. Caminhar numa superfície planaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A7. Entrar/sair do carroNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A8. Ir às comprasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A9. Calçar peúgas/meiasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A10. Erguer-se da camaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A11. Tirar peúgas/meiasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu na última semana devidoao seu pé/tornozelo.
A12. Estar deitado na cama (virar-se, mantendo a posição dos joelhos)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A13. Entrar/sair do banhoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
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A14. Sentar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A15. Sentar-se/erguer-se da sanitaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A16. Tarefas domésticas que impliquem esforço (mover caixas pesadas, esfregar o chão, etc.)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A17. Tarefas domésticas leves (cozinhar, limpar o pó, etc.)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo
Funcionalidade, desporto e actividades de lazerAs questões seguintes dizem respeito à sua função física quando desenvolve uma actividade mais exigente em termosde esforço. As questões devem ser respondidas considerando o grau de dificuldade que sentiu na última semanadevido ao seu pé/tornozelo.
SP1. Agachar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
SP2. CorrerNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
SP3. SaltarNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
SP4. Torcer/rodar sobre o pé/tornozelo lesadoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
A questão deve ser respondida considerando o grau de dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.
SP5. Ajoelhar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo
Qualidade de vida
Q1. Com que frequência se apercebe do seu problema no pé/tornozelo?Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre
Q2. Modificou o seu estilo de vida de forma a evitar actividades potencialmente prejudiciais ao seu pé/tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente
Q3. Até que ponto está preocupado com a falta de confiança no seu pé/ tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Extremamente
Q4. Em geral, qual o grau de dificuldade que sente no seu pé/tornozelo?Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo
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Whiplash Associado à Prática de Râguebi.
Diogo Campos1, Tiago Atalaia2
Fisioterapeuta. Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa. Equipa Sénior de Râguebi do Grupo Desportivo de Direito1
Correspondência para: [email protected]
Fisioterapeuta. Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa 2
Resumo
Introdução: Como outras modalidades desportivas, o râguebi reveste-se de um ambiente típico de uma modalidade colectiva, cujoobjectivo é o de lutar pela vitória, possível através de um jogo de 80 minutos entre duas equipas. O seu carácter intensamente físico,torna o atleta mais vulnerável à ocorrência de lesões. A maior incidência de lesões associa-se ao atributo técnico da placagem, quepode produzir um mecanismo de whiplash. Este mecanismo é uma das formas possíveis de originar lesões da coluna cervical ouincapacidades associadas. Objectivo e Relevância: O objectivo do trabalho é perceber através de uma análise de literatura, quais asactuais posições sobre esta temática, quais os conceitos e definições actuais e qual a associação entre whiplash e râguebi. Metodologia:Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados PubMed, ISI Web of Science e ISI Web of Knowledge tendo sido seleccionadas 23referências pela sua relação directa quer à lesão em si, quer pela sua associação ao ambiente da modalidade râguebi. Resultados:Através de uma revisão de literatura, podemos verificar que é importante uma visão bio-psico-social por parte do fisioterapeuta erestante equipa de saúde, de forma a poderem ser identificados os factores de risco e indicadores de prognóstico que permitem odesenvolvimento de estratégias de prevenção ou intervenção a este nível, onde quer a sua definição bem como as implicações a níveldo indivíduo e atleta ainda não são consensuais. Discussão: O whiplash é frequente no râguebi estando os atletas sujeitos a múltiplosmecanismos deste tipo ao longo da época desportiva. Contudo existe uma baixa incidência de lesões associadas. Como tal, é propostauma avaliação que dê particular importância à identificação de factores de risco, nomeadamente a existência de sintomatologia préviana coluna cervical, IMC <23, pescoço longo, atitude psicológica negativa, factores psico-sociais externos, fadiga e a preparação eantecipação do impacto. Conclusão: O ambiente desportivo e a forte atitude psicológica associada à modalidade podem ser a chaveda baixa incidência de lesões por este mecanismo a nível do râguebi. Uma normalização da avaliação torna-se então a chave de umaestratégia mais efectiva na prevenção e abordagem às lesões por mecanismo de whiplash.
Palavras chave: Whiplash, Râguebi, Fisioterapia, Bio-psico-social, Lesão Cervical, Coluna Cervical.
Abstract
Introduction: As other sport activities, rugby is a collective sports performed in a typical sport environment were the goal is to achievewinning by the mean of an 80 minute game between two teams. It’s an extreme physical intensity sport were the athlete is vulnerable toinjury. The higher incidence of injury is associated to tackling, which can produce a whiplash mechanism. This mechanism is one of thepossible ways that can lead to injuries of the cervical spine or associated disabilities. Objectives and Relevance: The goal of this paperis to understand which are the actual standings about this issue, it’s concepts and definitions and what kind of association betweenwhiplash and rugby. Methods: We perform a search for references in PubMed, ISI Web of Knowledge and ISI Web of Science databases,finding 23 references that we selected because of its relation with whiplash and it’s association with rugby. Results: By means of aliterature review, we could state the importance of a bio-psycho-social approach to this issue by the physical therapist and other elementsof health professionals team, in order to identify risk factors and prognostic indicators that could help define a well supported andadequate prevention and intervention, in a field were whiplash definitions and it’s implications to the subject or athlete is still not consensual.Discussion: Whiplash is frequent in rugby. During rugby season the athletes suffer multiple mechanisms of this type. However theincidence of associated injuries is low. In this paper is suggests an evaluation that highlights the identification of risk factors, as theexistence of previous symptomatic injury of the cervical column, BMI <23, long neck, negative psychological attitude, external psycho-social factors, fatigue and the preparation and anticipation of the impact. Conclusion: The sport environment associated to a strongpsychological attitude of the rugby player could be the key aspect of the reported low incidence of whiplash-associated disabilities inrugby. A consensus on whiplash definition and assessment normalization could conduct to a more effective and adequate intervention inthis condition.
Key words: Whiplash, Rugby, Physiotherapy, Bio-psycho-social, cervical injury, cervical spine.
Introdução
O ambiente desportivo sempre foi e sempre será um
REVISÃO DE LITERATURA
ambiente rico em lesões e condições clínicas de
importância académica e científica. O râguebi não é
excepção.
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 36
O râguebi é um desporto com uma grande componente
física, envolve muito contacto corporal e é considerado
uma forma de exercício intenso (Gabbett, 2002; Sherrard,
Lenne, Cassel, Stokes & Ozanne-Smith, 2002; Mashiko,
Umeda, Nakaji & Sugawara, 2004).
A sua prática abrange desde os escalões de formação a
juniores e destes até aos jogadores seniores podendo
estes ser amadores, semi-profissionais e profissionais,
dando a cada um destes escalões, e respectiva idade
associada, diferentes necessidades físicas e psicológicas
o que se reflecte na propensão para a lesão (Gabbett,
2002; Hoskins, Pollard, Hough & Tully, 2006).
Aos jogadores é requerido uma combinação de velocidade,
resistência, força e agilidade, de forma a torná-los capazes
de dar resposta às exigências do jogo em si mas também
para conseguirem suportar o impacto da colisão em
velocidade, e à consequente lista de lesões que daí
possam advir (Sherrard et al, 2002; Sye, Sullivan &
McCrory, 2006). No râguebi actual, o atleta é sujeito a
uma elevada pressão física e a um número de impactos
com cargas a serem absorvidas em particular pela coluna
cervical e lombar, além dos membros inferiores (Hoskins
et al, 2006; Castinell, Adam & Prat, 2007), com o impacto
consequente a nível da sua performance física (Gabbett,
2004).
O objectivo do trabalho é perceber quais as actuais
posições sobre esta temática, quais os conceitos e
definições actuais e qual a associação entre whiplash e
râguebi, através de uma pesquisa e análise aos termos
whiplash, lesão cervical e râguebi, nas bases de dados
PubMed, ISI Web of Science, ISI Web of Knowledge,.
Em nosso entender, é necessário proceder a uma breve
descrição do ambiente relacionado com o râguebi, definir
o conceito de whiplash, analisar a associação desta
condição com o gesto desportivo, quais as incidências,
mecanismos de lesão e factores de risco e indicadores de
prognóstico. Por fim esperamos proceder à elaboração
de pontos de vista, fruto da nossa pesquisa, que possam
de alguma forma contribuir para a compreensão da
temática, perceber que estratégias de prevenção podem
ser adoptadas e elaborar linhas pesquisa futuras.
O Râguebi
Como outras modalidades desportivas, o râguebi reveste-
se de um ambiente típico de uma modalidade colectiva,
cujo objectivo é o de lutar pela vitória, possível através de
um jogo de 80 minutos entre duas equipas.
O seu carácter intensamente físico, torna-o mais vulnerável
à ocorrência de lesões, como apontam os estudos de
Sherrard et al (2002) onde, a modalidade râguebi contribui
para a maior incidência de lesões em todos os desportos
praticados na Austrália, sendo que na Nova Zelândia
constitui a maior forma de utilização de subsídio de
compensação por lesão desportiva.
Estas lesões encontram-se associadas em maior
incidência à placagem (Sherrard, et al, 2002; Gabbett,
2003; Mashiko et al, 2004; Best, McIntosh, Savage, 2005;
Brooks, Fuller, Kemp, Reddin, 2005), gesto técnico através
do qual um jogador de râguebi impede a progressão no
terreno do jogador adversário. Sendo um gesto técnico
que na maioria das vezes é aplicado em alta velocidade e
potência a um corpo em deslocamento, que constitui o
corpo do oponente, esta colisão ou impacto pode conduzir
a várias lesões que podem ir desde lesão a nível do
membro superior (particularmente no complexo articular
do ombro e punho), do membro inferior (mais incidência
no joelho e tibio-társica) e outras regiões (usualmente
cabeça, coluna cervical e tronco) (Sherrard et al 2002;
Gabbett, 2003; Best, McIntosh e Savage, 2005; Brooks et
al, 2005). Num estudo realizado por Browne (2006) num
hospital de referência para lesões vertebrais pediátricas
australiano, onde durante 3 anos se registaram todas as
ocorrências de lesões cervicais, o autor verificou que de
1745 episódios de lesões da coluna cervical em crianças
com menos de 15 anos, 1610 eram oriundos de acidentes
de viação e atropelamentos, e os restantes 139 casos
oriundos da prática de desporto, sendo que 125 estavam
relacionados com a prática de râguebi.
Por outro lado, a intensidade física desta modalidade
desportiva leva a que a atitude psicológica dos atletas seja
de entrega total, aceitação do impacto associado à
modalidade e a capacidade de sofrimento e determinação
essenciais à vitória. Assim, levantam-se algumas questões
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 37
inerentes ao ambiente que podem levar a que o atleta
minimize a sua lesão ou os sintomas que possa estar a
sentir, facto que deve levar a um maior cuidado por parte
do fisioterapeuta e restante equipa de saúde.
Whiplash
Apesar de ainda não existir consenso quanto à melhor
definição de whiplash (Livingston, 2000), a que é mais
referenciada pelos artigos sobre esta temática é a da
Quebec Task Force. Este grupo de trabalho foi criado para
desenvolver uma definição de whiplash bem como
guidelines para a abordagem às desordens associadas a
esta condição clínica. A definição desenvolvida é a
seguinte:
“Whiplash é um mecanismo de aceleração desaceleração
de transferência de energia para o pescoço. Pode resultar
de uma colisão na retaguarda ou lateral de veículos
motorizados, mas também pode ocorrer durante um
mergulho ou de outros incidentes. O impacto pode resultar
em lesões ósseas ou de tecidos moles (lesão de whiplash),
que por sua vez pode levar a uma variedade de
manifestações clínicas” (Spitzer et al, 1995).
De facto a palavra whiplash descreve um movimento
dinâmico, mas devido a esta analogia em relação ao
movimento que ocorre a nível do pescoço durante os
acidentes de viação, também se viria a tornar num termo
que designa uma lesão do pescoço (Krafft, Kullgren, Lie
& Tingvall, 2005). Apesar da origem do termo, este
mecanismo lesivo pode decorrer de outras actividades,
tais como o mergulho, râguebi; futebol americano, ski ou
até numa aterragem dum avião (Spitzer et al, 1995;
Montazem, 2006; Lark & McCarthy, 2007).
Analisando o gesto desportivo de placagem, a brusca
alteração da velocidade provocada pela colisão entre os
dois atletas, provoca um mecanismo dinâmico com
consequente transmissão da energia cinética do impacto
à coluna cervical, ou seja, conduzindo a uma situação de
whiplash.
Assim sendo, seria de esperar que quanto maior a
velocidade do impacto, maior seria este mecanismo
dinâmico e, dessa forma, maiores as consequências a
nível cervical. Esta dedução seria igualmente aplicada aos
acidentes de viação. No entanto, estudos recentes
verificam que acidentes de viação de baixa velocidade
constituem a principal causa de whiplash (Quinlan, Annest,
Myers, Ryan & Hill, 2004; Giannoudis, Mehta & Tsiridis,
2007), ou seja, impactos mais compatíveis com aqueles
que ocorrem no decorrer de um jogo ou treino de râguebi.
Então porque razão o whiplash não constitui a maior
incidência de lesão nesta modalidade? Para nos ajudar a
responder a esta questão necessitamos de entender quais
são as incapacidades associadas ao mecanismo de
whiplash.
Incapacidades associadas ao mecanismo de whiplash
Como vimos anteriormente, whiplash é um mecanismo
dinâmico, não uma lesão. Através deste mecanismo
dinâmico poderemos desenvolver disfunções e
incapacidades em consequência do stress aplicado às
estruturas cervicais.
Segundo a American Academy of Orthopaedic Surgeons
(AAOS), os sintomas associados às lesões por whiplash
incluem dor e rigidez no pescoço, cefaleias, dor localizada
no ombro ou entre as omoplatas, dor lombar, dor ou
dormência no braço e/ou mão, tonturas, zumbidos, visão
turva, dificuldade de concentração ou de memória,
irritabilidade, disturbios do sono e fadiga (AAOS, 2000).
Estas alterações podem não se manifestar de imediato
mas sim ao longo das primeiras 48 horas, por vezes não
se consegue estabelecer uma correlação directa entre a
sintomatologia e os achados imagiológicos (Quinlan et al,
2004; Giannoudis, Mehta & Tsiridis, 2007).
Deste modo, sendo uma situação em que por vezes a
componente psico-social supera a biológica, é crucial que
a avaliação se centre numa visão bio-psico-social (Ferrari
& Russel, 1999; Hendriks, Scholten-Peeters, van der
Windt, Neeleman-van der Steen, Oostendrop & Verhagen,
2005; Holm, Carroll, Cassidy, Skillgate & Ahlbom, 2007).
A forma como o indivíduo reage ao mecanismo de whiplash
é preponderante para a sua capacidade de recuperação
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 38
e à ocorrência de sintomatologia. Vários autores têm-se
debruçado sobre este tema, com o intuito de identificar os
factores de risco e respectivos indicadores de prognóstico.
Factores de risco e indicadores de prognóstico
Na nossa pesquisa, a predisposição para a ocorrência de
incapacidades provocadas pelo mecanismo de whiplash
encontra-se mais associada a indivíduos do sexo
feminino, com a severidade da lesão a aumentar e
capacidade de recuperação a diminuir com o avanço da
idade (Hartling, Pickett & Briston, 2002). Por outro lado,
indivíduos com uma atitude psicológica mais forte e mais
positiva estão menos predispostos ao aparecimento de
sintomatologia do que aqueles com atitudes mais frágeis
ou depressivas (Holm et al, 2007; Jones & Elklit, 2007).
Também no que diz respeito à constituição e morfologia
corporal, indivíduos com um índice de massa corporal
(IMC) baixo ou que têm um pescoço mais longo, possuem
maiores probabilidades de desenvolverem lesões pelo
mecanismo de whiplash (Veronesi, 2005).
Um atleta de râguebi, por possuir uma atitude psicológica
forte, inerente à prática e vivência da modalidade,
associado ao facto de possuir uma aptidão físico elevada,
contribui para a diminuição da probabilidade de lesão
associada a whiplash , reduzindo igualmente os
indicadores de mau prognóstico. A estes factores podemos
ainda associar que normalmente o atleta possui um IMC
adequado, com um bom suporte muscular associado
(Sherrard et al, 2002).
Outro factor que tem vindo a ser estudado, relaciona-se
com a antecipação do embate, isto é, um indivíduo que
não se encontre preparado para o mecanismo de whiplash
ou o impacto que o origina, aumenta a probabilidade de
ocorrência de sintomas (Giannoudis, Mehta & Tsiridis,
2007). Fazendo uma analogia para a vertente desportiva,
a forma como o atleta encara e se prepara para o impacto,
habitualmente correlacionados com o nível de
concentração, contribui para a redução da incidência dos
sintomas habitualmente provenientes deste mesmo
mecanismo.
Estes conteúdos deverão ser incluídos na avaliação,
fazendo registos com terminologias o mais consensuais
possível em relação à especificidade da situação clínica
e da modalidade desportiva, de forma a conseguir
seleccionar informação pertinente que auxilie o
fisioterapeuta a identificar os factores de risco, medi-los
e, dessa forma, contribuir para uma abordagem mais
sustentada e estruturada (Fuller et al, 2007).
Discussão
O mecanismo de whiplash é frequente no ambiente do
râguebi. Dado o facto de se constituir uma modalidade de
elevado índice físico e onde o contacto é frequente, torna-
se importante a definição de estratégias de avaliação que
identifiquem factores de risco para a ocorrência de lesões
associadas ao mecanismo.
Por outro lado, a existência de sintomatologia prévia na
coluna cervical, deve alertar o fisioterapeuta para uma
abordagem que vise o aumento da preparação e
antecipação do contacto. Para tal, deverá ser realizado
um trabalho consensual com a equipe técnica para um
correcto desenvolvimento das capacidades físicas. Neste
trabalho de equipa, o fisioterapeuta tem a obrigação de
informar os demais elementos da equipa técnica sobre os
factores de risco, para que no momento da tomada de
decisão estes sejam tidos em consideração. Seguindo esta
linha de pensamento, e tendo por base a literatura
consultada, enumeramos alguns factores de risco que
deverão ser debatidos com toda a equipe técnica:
• IMC abaixo de 23: Dada a maior predisposição
destes indivíduos para algumas lesões, deverá
ser efectuado um treino específico de força e
resistência muscular (Sherrard et al, 2002;
Veronesi, 2005);
• Pescoço Longo: Tal como em outras alterações
morfológicas, deverá ser dada uma atenção
particular a estes atletas, incidindo num programa
de estabilização dinâmica cervical (incluindo
trabalho de força e resistência) e automatização
da antecipação ao impacto (Incluindo trabalho de
reeducação do gesto) (Veronesi, 2005);
• Atitude psicológica: Identificar atletas com uma
atitude mais negativa, de forma a poder dar
múltiplos mecanismos de whiplash ao longo da época
desportiva. Dessa forma, ele deve antecipar este facto
através de uma avaliação continuada, que
preferencialmente deve começar antes da própria época
desportiva, identificando potenciais factores de risco,
permitindo o seu controlo e monitorização de forma a
minimizar as possíveis incapacidades que daí possam
surgir. Tal só é exequível através de uma interacção bio-
psico-social com os atletas.
Conclusão
O ambiente desportivo e a forte atitude psicológica
associada à modalidade podem ser a chave da baixa
incidência de lesões por este mecanismo a nível do
râguebi. Uma normalização da avaliação torna-se então
a chave de uma estratégia mais efectiva na prevenção e
abordagem às lesões por mecanismo de whiplash.
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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 39
reforços positivos (Holm et al, 2007; Jones &
Elklit, 2007);
• Factores psico-sociais externos: Identificar
eventuais problemas pessoais que possam estar
a afectar o atleta, influenciando negativamente a
sua atitude psicológica (Holm et al, 2007; Jones
& Elklit, 2007);
• Fadiga: Deve ser tido em consideração que
alguns estudos epidemiológicos referem uma
maior incidência de lesões desportivas durante
a segunda parte do jogo, associando este facto
à fadiga (Gabbett, 2002; Best, McIntosh &
Savage, 2005; Brooks et al, 2005). Como tal, e
sempre que possível, o tempo de exposição do
atleta à prática desportiva, e consequentes
possíveis lesões, deverá ser reduzido.
Nomeadamente em atletas com grande nível de
participação desportiva (como por exemplo os
atletas que para além da actividade desportiva
no clube que representam, fazem parte da
selecção nacional);
• Preparação e antecipação do impacto: A
introdução do impacto deverá ser progressiva e
contínua ao longo da época desportiva, existindo
um cuidado particular para a avaliação do gesto
desportivo (de placar e de ser placado), corrigindo
eventuais erros que recrudesçam os factores de
risco (Sherrard et al, 2002)
Várias adaptações às regras de jogo foram já efectuadas
de modo a prevenir a ocorrência de mecanismos de
whiplash, nomeadamente a punição com expulsão
temporária a todas as placagens altas. Muitas vezes é
fácil pensar-se que num desporto onde é permitido tanto
contacto físico, facilmente as regras podem ser esquecidas
dando origem a lesões. Analisando a literatura, podemos
verificar que apenas 6% das lesões ocorrem derivadas
de uma técnica que vá contra as leis de jogo (na gíria
denominada por falta), o que é um número bastante baixo
principalmente se tivermos em consideração dados de
outros desportos, como o futebol em que cerca de 44%
das lesões surgem de uma falta (Brooks et al, 2005).
O fisioterapeuta que trabalhe no râguebi deve ter em
atenção que todos os seus atletas vão ser sujeitos a
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 40
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Artigo recebido a: 8 de Outubro de 2007
Artigo revisto a: 10 de Novembro de 2007
Aceite para publicação:
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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 43
O Efeito da Variável Tempo de Estiramento Estático na FlexibilidadeMuscular: uma revisão sistemática da literatura.
Luís Coelho1
Fisioterapeuta. Consultório e Clínica de Reabilitação, Lda1
Correspondência para: [email protected]
Resumo
Introdução: A flexibilidade muscular pode ser caracterizada por diferentes variáveis. Dentro dessas, o tempo de estiramento tem sidosujeito a um número limitado de estudos. Objectivos: Este estudo teve como principal objectivo a realização de uma revisão bibliográficasistemática centrada na variável temporal de duração do estiramento estático e seu efeito na flexibilidade muscular. Relevância: Oconhecimento da variável tempo de estiramento pode ser considerado como de especial relevância para o trabalho de alongamentorealizado pelos fisioterapeutas no contexto clínico e pelos desportistas e treinadores no contexto desportivo, com vista à optimizaçãodos resultados. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa de artigos acerca da temática, referente aos últimos 15 anos de publicação(Fontes: Google, Medline, Medscape, PEDro, PhysioBase e Pubmed), assim como uma consequente análise comparada dos artigose discussão. Resultados: Verificou-se que tempos de estiramento de 30 segundos de duração parecem corresponder aos maisvantajosos no sentido do aumento das amplitudes de movimento activo. Não parece verificar-se eficácia significativa na realização deestiramentos analíticos com um tempo de duração superior a 30 segundos, exceptuando as populações com uma idade igual ousuperior a 65 anos. Discussão: Tempos de estiramento com um tempo superior a 30 segundos parecem não ser vantajosos noaumento da amplitude de movimento pelo facto de esse tempo ser suficiente para a produção da máxima deformação plástica dostecidos moles. Populações mais envelhecidas necessitam de tempos de alongamento maiores devido à natureza mais rígida dostecidos. Apresentam-se, no artigo, diferentes recomendações e linhas de orientação para a realização de estudos futuros dentro dalinha de investigação vigente. Conclusões: O tempo de estiramento estático considerado ideal parece corresponder a 30 segundosde duração, aumentando para um minuto para as populações mais idosas.
Palavras-Chave: Estiramento estático, Tempo de estiramento, Flexibilidade, Amplitude de Movimento.
Abstract
Introduction: Muscular flexibility is defined by different variables. Inside them, the time of static stretch has been reduced to a limitednumber of studies. Objectives: The purpose of this study was to undertake a systematic bibliographic review centred in the temporalvariable of the static stretch duration and its effects on the muscular flexibility. Relevance: Knowledge about the time of static stretchvariable may be considered as relevant for the stretching work done by physical therapists in the clinical context and by sportsmen andtrainers in the sport context, with the results optimisation purpose. Methodology: It was realized a research about the theme, includingthe last 15 years of publication (from Google, Medline, Medscape, PEDro, PhysioBase e Pubmed), and a consequent comparativeanalysis of the articles and discussion was done. Results: It was verified that stretching times of 30 seconds of duration may correspondto the most advantages times if we want to gain range of motion. It seems that there is no relevant evidence that it is effective to doanalytical stretch with a duration over 30 seconds, excepting people aged 65 years or older. Discussion: Times of stretching superiorto 30 seconds may be disadvantage to gain range of motion, because that time seems to be sufficient to produce maximal tecidulardeformation. Older populations need bigger times of stretching because of its rigid tecidular nature. Different recommendations andorientation lines for the realization of future studies inside the present line of investigation are presented in the article. Conclusions:Time of static stretch considered ideal seems to be 30 seconds duration, and it becomes one minute in the older persons.
Key Words: Static stretching, Time of stretch, Flexibility, Range of motion.
REVISÃO DE LITERATURA
Introdução
De modo a ser possível desempenhar a maioria das tarefas
quotidianas funcionais, assim como actividades
ocupacionais e recreativas, é necessário possuir uma
é necessário possuir uma amplitude de movimento sem
restrições e sem dor. Para que esta seja normal é
fundamental haver mobilidade e flexibilidade dos tecidos
moles que circundam a articulação, ou seja, músculos,
tecido conectivo e pele, e mobilidade articular.
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 44
Conceptualmente, a flexibilidade muscular tem sido
definida em termos da amplitude de movimento disponível
por parte de uma articulação, amplitude essa dependente
em grande parte da extensibilidade dos músculos.
Podemos atender à flexibilidade como “a habilidade para
mover uma articulação ou articulações através de uma
amplitude de movimento livre de dor e sem restrições,
dependente da extensibilidade dos músculos, que permite
que estes cruzem uma articulação para relaxar, alongar e
conter uma força de alongamento” (Kisner & Colby, 1998,
p. 142, cap. 5).
Um estiramento constitui um termo geral descritivo de
qualquer manobra terapêutica elaborada para aumentar
o comprimento de estruturas de tecidos moles e, desse
modo, aumentar a amplitude de movimento. Os
estiramentos tendem a ser realizados frequentemente nos
contextos clínico e desportivo, com todas as vantagens
que os mesmos apresentam para a mobilidade e a
prevenção de lesões e contraturas. Segundo Kisner &
Colby (1998), existem três métodos básicos de
alongamento: alongamento passivo aplicado manual ou
mecanicamente, inibição activa e auto-alongamento. A
literatura internacional tem tratado do tema referindo-se
ao estiramento estático, nomeadamente aquele que é
realizado mantendo sempre a mesma amplitude de
movimento (é este o tipo de alongamento que permite e
facilita a realização de estudos sobre flexibilidade). Os
principais métodos de estiramento estático incluem o
estiramento passivo manual (o típico alongamento,
realizado pelo terapeuta no contexto clínico ou pelo
treinador no contexto desportivo), o estiramento passivo
mecânico prolongado (realizado aplicando uma força
externa de baixa intensidade através do posicionamento
do paciente com tracção, pesos ou sistemas mecânicos),
o estiramento mecânico cíclico (mediante a utilização de
dispositivos mecânicos electrónicos) e o estiramento activo
ou auto-alongamento (Kisner & Colby, 1998).
A flexibilidade está dependente de diversas propriedades
mecânicas e neurofisiológicas do tecido contráctil e do
tecido não contráctil. As propriedades neurofisiológicas
do tecido contráctil estão dependentes do funcionamento
do fuso neuromuscular, do órgão tendinoso de Golgi e
das fibras neuronais associadas, estruturas envolvidas
num complexo processo de inervação recíproca (Kisner
& Colby, 1998).
As propriedades mecânicas do tecido muscular dependem
dos sarcómeros e respectivas pontes transversas de actina
e miosina. Quando um músculo é alongado passivamente,
o alongamento inicial ocorre no componente elástico em
série e a tensão aumenta agudamente. Após certo ponto,
ocorre um comprometimento mecânico das pontes
transversas à medida que os filamentos se separam com
o deslizamento e ocorre um alongamento brusco nos
sarcómeros (Flitney & Hirst, 1978). Se um músculo é
imobilizado na posição alongada por um período
prolongado de tempo, o número de sarcómeros em série
aumenta, dando origem a uma forma mais permanente
de alongamento muscular. O músculo irá ajustar o seu
comprimento com o tempo de modo a manter a maior
sobreposição funcional entre actina e miosina (Tardieu,
Tabary, Tabary & Tardieu, 1982).
As características mecânicas do tecido mole não contráctil
estão dependentes das forças de sobrecarga e distensão
tecidular, sendo que a curva sobrecarga – distensão
concebe o comportamento dos tecidos perante uma força
de deformação. Quando sobrecarregadas, inicialmente as
fibras de colagéneo alongam-se. Com sobrecarga
adicional, ocorre deformação recuperável na amplitude
elástica. Assim que o limite elástico é alcançado, ocorre
falha sequencial das fibras de colagéneo e no tecido na
amplitude plástica, resultando em libertação de calor
(histeresis) e um novo comprimento quando a sobrecarga
é libertada (Threlkeld, 1992; Tillman & Cxummings, 1992).
O comportamento visco-elástico dos tecidos moles durante
um alongamento compõe-se de uma deformação ou creep,
o qual pode ser expresso por uma equação (Etnyre &
Abraham, 1986): Índice de deformação = Força aplicada
/ Coeficiente de elasticidade x Tempo
A deformação muscular será maior em músculos mais
retraídos (com menor Coeficiente de elasticidade) e
depende proporcionalmente da Força aplicada e do factor
Tempo. Estes últimos factores parecem concorrer de igual
maneira para a deformação muscular aquando de um
alongamento. Porém, tal só acontece segundo a
perspectiva mecânica. Segundo a perspectiva
neurofisiológica, a deformação das fibras musculares do
fuso neuromuscular (fibras cuja contracção depende da
velocidade de estiramento) está dependente mais do
tempo do que da força aplicada (Zachazewski, 1989,
1990).
Neste contexto, é possível entender a importância da
realização de estudos e revisões da literatura acerca do
tempo de duração de um estiramento muscular. Aliás, a
presente revisão constitui uma sistematização dos
resultados e conclusões de estudos experimentais
relativos à respectiva temática, sendo que o principal
objectivo desta revisão consiste em analisar
comparativamente as diversas investigações que
estudaram o efeito da variável tempo de estiramento
estático na amplitude de movimento. Tais estudos
possuem relevância para a intervenção do terapeuta e do
professor de educação física, visto que o conhecimento
do tempo de estiramento é necessário à obtenção de um
máximo de prestação física dos utentes com o máximo
de resultados. Em especial, o conhecimento vigente possui
uma máxima relevância para a intervenção do
fisioterapeuta na prática desportiva, intervenção essa que
inclui a realização sobrepujada de alongamentos.
Metodologia
Foi efectuada uma pesquisa na Internet, nas seguintes
bases de dados: Google, Medline, Medscape, PEDro,
PhysioBase e Pubmed, com enfoque unicamente nos
últimos 15 anos de publicação. Uma pesquisa inicial
averiguou a inexistência de artigos sobre o tópico em
análise em português. Daí terem sido seleccionadas bases
de dados com palavras-chave em inglês. A preferência
pelos últimos 15 anos de publicação deve-se à
necessidade de incluir artigos fundamentais publicados
neste período, ao mesmo tempo que se prima pela
actualização das publicações.
As seguintes palavras-chave fizeram parte da pesquisa:
stretch, stretching, static stretching, flexibility, creep,
muscular deformation, range of motion, time e duration.
Foram incluídos somente estudos experimentais (de
qualquer tipo), independentemente da população em
estudo. Os estudos seleccionados teriam de ter qualquer
uma das palavras-chave principais referidas no título ou
nas palavras-chave, excluindo todos aqueles que
incluíssem nos seus métodos o controlo da duração do
estiramento mas não tivessem como objectivo principal o
seu estudo. Significa isto que foram seleccionados
somente os estudos que possuíssem a variável tempo de
estiramento como variável independente que se fez variar.
Outros estudos incluem este parâmetro; porém, o seu
objectivo não corresponde à utilização desse parâmetro
como variável manipulável. Estes estudos não entram
dentro dos objectivos específicos desta revisão
bibliográfica. Para além disso, foram seleccionados
somente os estudos em que o estiramento estudado
correspondesse ao estiramento estático, excluindo
técnicas como o hold-relax, o contract-relax, o
alongamento balístico ou o estiramento com mobilização
passiva contínua. Após a pesquisa, foi realizada uma
análise detalhada da bibliografia obtida, incluindo a
realização de fichas de leitura. A informação foi
sistematizada num quadro inclusivo dos aspectos
metodológicos mais importantes (Quadro 1): amostra/
participantes, métodos, resultados e conclusões (os
estudos estão ordenados por datas de publicação).
Efectuámos uma análise global e parcial dos estudos que
aparecem na Análise dos Resultados e na Discussão.
Resultados
Foram encontrados somente cinco estudos relativos aos
últimos 15 anos, em que a variável tempo de estiramento
foi manipulada de modo a medir os diferentes efeitos na
amplitude articular (variável dependente). O seguinte
quadro operacionaliza os estudos, apresentando os
principais aspectos metodológicos e procedimentais dos
mesmos. Após o quadro, é efectuada uma discussão, a
qual permite colocar alguns aspectos das investigações
em evidência.
Discussão
Após terem sido resumidos os principais aspectos relativos
a cada um dos estudos em vigência, procuramos agora
analisar os procedimentos metodológicos e os resultados.
O primeiro estudo atendido, o estudo de Bandy e Irion
(1994) apresenta-se bem definido em termos
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 45
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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 46
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 47
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Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 48
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
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savitacifingis
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m
metodológicos, sendo que destrinçou três grupos bem
definidos em termos dos tempos de estiramento: um grupo
com 15 segundos de estiramento, outro grupo com 30
segundos de estiramento e outro com 60 segundos de
estiramento. Os resultados levam a concluir que o
estiramento de 30 segundos é mais efectivo que o de 15
segundos e tão eficaz quanto o de 60 segundos para
melhorar a flexibilidade. Veremos que este não é o único
estudo com este tipo de conclusões.
O estudo de Bandy et al (1998) incluiu o maior número de
participantes jovens entre as investigações apresentadas.
Constitui um estudo de metodologia sólida, sendo que
controlou a variável independente através de quatro
grupos experimentais e um de controlo. Os participantes
foram sujeitos a estiramentos estáticos, com controlo do
tempo e método de estiramento (necessário ao evitamento
de compensações articulares). Como esperado, foram
encontradas diferenças entre os grupos experimentais e
o grupo de controlo. Por outro lado, não foram verificadas
diferenças significativas entre os diversos grupos
experimentais, tendo-se concluído que um estiramento de
60 segundos não é necessariamente mais eficaz no
aumento das amplitudes de movimento do que um
estiramento de 30 segundos. Aqui encontra-se uma
semelhança com os estudos de Bandy e Irion (1994) e de
Loannis et al (2005), os quais chegam a conclusões
similares.
O estudo de Bandy et al (1998) tem uma importante
limitação: não incluiu um grupo com um tempo de
estiramento de menos de 30 segundos, como fizeram nos
outros estudos. Teria sido importante fazê-lo, pois ainda
não está suficientemente explanada a efectividade da
realização de estiramentos com tempos de 10 ou de 20
segundos relativamente a 30 segundos de duração.
Por outro lado, Roberts e Wilson (1999) cometeram o erro
oposto, pois incluíram dois grupos experimentais, um a
realizar estiramentos de cinco segundos e outro a realizar
estiramentos de 15 segundos, tendo inquinado a utilização
de grupos com maior tempo de estiramento. Obviamente
que tal inclusão grupal obrigaria ao aumento do tamanho
da amostra, que, nesta revisão da literatura, é a segunda
mais pequena (n=24), comprometendo a validade externa
do estudo.
Aparte estas limitações, este é o estudo que investiga os
mais pequenos tempos de estiramento. Em termos de
resultados, concluiu-se haver um maior ganho de
amplitude de movimento para os estiramentos de 15
segundos do que para os estiramentos de cinco segundos;
mas apenas no relativo à amplitude activa de movimento.
As diferenças não foram significativas no respeitante à
amplitude passiva de movimento. Tal facto contradiz os
resultados do estudo de Bandy e Irion (1994), de Feland
et al (2001) e de Loannis et al (2005), investigações em
que foram realizados os testes de medição da amplitude
passiva.
Parece podermos afirmar que teria sido importante realizar
as medições das amplitudes activas de movimento nos
outros estudos em análise. Poderia ter sido obtido um
conjunto de novas informações, pois essa amplitude não
está dependente da realização de uma pressão adicional
por parte de um investigador, inclusivo da sua
subjectividade (restando a questão da subjectividade da
medição). Por outro lado, a medição da amplitude passiva
de movimento apresenta-se como mais efectiva no sentido
em que tal valor de amplitude está dependente unicamente
da flexibilidade do grupo muscular a testar, excluindo o
factor força dos músculos antagonistas ao grupo muscular
em teste; para além disso, consegue-se obter o máximo
de deformação muscular em alongamento, algo que não
poderia suceder sem o auxílio de uma força exterior ao
sujeito.
Já no respeitante à forma como os estiramentos foram
realizados, nos três estudos até agora analisados, estes
corresponderam a estiramentos na posição de pé, sem
auxílio do investigador. Este auxílio corresponderia a um
factor de subjectividade acrescida, limitando, de alguma
forma, o estudo e o conjunto dos seus resultados.
Ora é precisamente esta a grande limitação do estudo de
Feland et al (2001). O estiramento efectuado
correspondeu ao straight-leg-raising test realizado, como
se sabe, por um agente externo que impõe uma certa
força adicional no estiramento. Tal procedimento poderá
ter-se devido ao facto de a população em estudo possuir
esta população a realização de estiramentos autónomos,
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 49
os quais requerem um maior esforço.
Não sabemos se o facto de terem sido realizados
estiramentos passivos é responsável pelos resultados
obtidos, os quais contrariam aquilo que Bandy e Irion
(1994) e Bandy et al (1998) referiram relativamente ao
estiramento com 60 segundos de duração. Feland et al
(2001) concluíram que o estiramento de 60 segundos é
mais eficaz na melhoria da flexibilidade do que os
estiramentos de tempos inferiores. Para além do tipo de
estiramento realizado, também a população estudada é
diferente. Os autores estudaram indivíduos com 65 anos
de idade ou mais anos. A explicação possível poderá residir
sobretudo nas idades estudadas. Visto que a elasticidade
muscular nos idosos é menor (ex. Feland et al, 2001),
poderá ser necessário um maior tempo de estiramento
para que determinada deformação necessária ao
alongamento total de um músculo possa surgir. Assim
sendo, registar-se-iam diferenças maiores em tempos mais
alargados.
O estudo de Loannis et al (2005) apresenta-se aqui como
especialmente relevante, pois foram efectuados pelos
investigadores estiramentos passivos aos participantes,
à semelhança do que aconteceu no estudo anterior, mas
os participantes eram adolescentes. Ora, tendo em conta
que se concluiu não existirem vantagens na realização de
estiramentos com um tempo superior a 30 segundos, e
tendo em conta que foram realizados estiramentos
passivos, fortalece-se aqui a hipótese de que a razão pela
qual os estiramentos de 60 segundos levam a resultados
relevantes no estudo de Feland et al (2001) está na idade
avança dos participantes.
O estudo de Loannis et al (2005) possui uma metodologia
diferente dos outros quatro estudos analisados. Os
participantes não foram divididos em diversos grupos.
Realizaram na sua totalidade os diversos tipos de
estiramentos com pelo menos uma semana de intervalo
entre os protocolos. É um tipo de desenho de série
temporal, comum nos estudos quasi-experimentais, apesar
de que, neste caso, o estudo, pelo facto de possuir
aleatorização e um protocolo que serve de grupo de
controlo, preenche os critérios dos desenhos
experimentais.
O estudo prima pela originalidade metodológica e por ter
incluído o mais abrangente conjunto de tipos de
estiramento e o maior número de grupos musculares
testados. Por outro lado, possui uma amostra muito
reduzida (a mais pequena da revisão, n=13) e compreende
uma população desportiva. A diferença metodológica torna
o estudo dificilmente comparável com os outros que foram
analisados. As características da amostra dificultam a
generalização dos resultados obtidos com o estudo.
Passemos agora a uma análise ou discussão aprofundada
dos resultados obtidos.
A literatura acerca da temática da flexibilidade é pouco
abundante. Muitos foram os estudos realizados acerca
da influência dos exercícios de flexibilidade na prevenção
de lesões, assim como muitas são as investigações que
permitiram manipular as diferentes variáveis relativas a
diferentes métodos de treino de flexibilidade ou diferentes
posições de estiramento (músculos encurtados vs.
músculos estendidos) de modo a se comparar os mesmos
na sua eficácia no aumento da amplitude de movimento.
Contudo, se tivermos em conta a variável tempo de
estiramento como factor a manipular nos estudos, é, no
mínimo, surpreendente o reduzido número de estudos
publicados em língua inglesa (ou mesmo noutras línguas)
que têm sido realizados com o referido objectivo. As razões
para tal poderão variar entre a consideração, por parte
dos investigadores, da irrelevância do tipo de estudo
aludido, até à consciencialização da dificuldade que tal
tipo de estudo pode acarretar. A dificuldade que aqui
apontamos constitui-se na possibilidade de a realização
de estiramentos durante um maior período de tempo poder
constituir um factor de sobrecarga e fadiga para os
participantes dos estudos, levando a que sujeitos
pertencentes aos grupos de maiores tempos de
estiramento possam, eventualmente, reagir com certa
contrariedade.
Por outro lado, sublinhando agora a questão da
irrelevância do tipo de estudo realizado, é possível que
os investigadores se sintam mais motivados para a reali-
zação de investigações em que as variáveis independen-
tes possam revelar uma diferença mais significativa
entresi. Eventualmente, para muitos autores, o tipo de
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 50
estiramento realizado importa mais no aumento da
flexibilidade do que o tempo dedicado ao estiramento;
esquecendo a importância da variável temporal, que o
mesmo será dizer que poderão subestimar a tendência
teorética dos diversos dados científicos de base
neurofisiológica e biomecânica, que é o de afirmarem que
é necessário um período mínimo de tempo para que o
estiramento possua determinado efeito.
Em concordância com o que anteriormente ficou dito, não
podemos deixar de sublinhar o quanto poderá ser inditoso
realizar uma revisão bibliográfica com um número tão
parco de estudos. De modo a se compensar tal limitação
quantitativa, procurou-se analisar os quatro estudos
presentes com um rigor qualitativo mínimo.
Desta análise tentamos tirar algumas conclusões. Porém,
tendo em conta a já referida escassez numérica dos
estudos da natureza vigente, tentamos sobretudo retirar
desta revisão um conjunto de linhas de orientação para a
realização de estudos futuros.
Todos os estudos, exceptuando Loannis et al (2005),
investigaram a flexibilidade dos músculos ísquiotibiais, o
que se deve ao facto de ser este o grupo muscular com
maior tendência para o encurtamento muscular (Bertherat,
1976; Busquet, 1998; Souchard, 2004) e um dos que mais
facilmente pode ser testado no respeitante à amplitude
de movimento.
Todos os estudos incluem na amostra maior número de
homens do que de mulheres, o que se relaciona com os
critérios impostos de um mínimo de limitação articular do
joelho, associados ao facto de que os homens são, em
média, menos flexíveis do que as mulheres, tal como
estudos recentes tão bem têm mostrado (Youdas et al,
2005). Aliás, em nenhum dos estudos houve divisão dos
resultados da variável dependente pelos diferentes sexos,
ficando sem se saber se o comportamento dos resultados
tem exactamente a mesma expressão em ambos os sexos.
Todos os estudos incluíram critérios de inclusão na
amostra, assim como critérios precisos de medição do
tempo de estiramento.
Em todos os estudos, a amplitude de movimento foi
mensurada mediante a utilização de um goniómetro,
incluindo métodos de avaliação da fiabilidade como o
desenho teste-reteste. Apenas em Loannis et al (2005) foi
utilizado outro instrumento para além do goniómetro, na
medição da maioria das amplitudes de movimento.
Em todos os estudos, os estiramentos efectuados não
foram precedidos de aquecimento ou exercício prévio. Este
é um aspecto de importância cabal, pois tal como estudos
(clássicos e recentes) têm demonstrado, a amplitude de
movimento aquando da realização de um estiramento
poderá ser mais elevada se o treino de flexibilidade for
precedido de aquecimento directo (Henricson, 1985;
Lehman et al, 1970; Lespargot, Robert & Khouri, 2000;
Zachazewski, 1989, 1990) ou na forma de exercício
(Anderson, 2005; Gillette, 1991; Johansson et al, 1999;
Smith, 1994). Seria difícil objectivar os resultados obtidos
se diferentes sujeitos tivessem realizado alguma forma
de aquecimento, pois é tarefa complexa operacionalizar
os efeitos desse mesmo aquecimento em diferentes
indivíduos.
Os primeiros três estudos analisados (Bandy & Irion, 1994;
Bandy et al, 1998; Roberts & Wilson, 1999) foram muito
semelhantes entre si em termos das idades dos
participantes e do tipo de estiramento realizado, diferindo
cabalmente do quarto (Feland et al, 2001) no respeitante
a esses factores. Este último incluiu uma população mais
velha. Loannis et al (2005) incluíram, por outro lado, a
mais jovem e activa das populações, tendo em comum
com o estudo de Feland et al (2001) somente o facto de
também ter utilizado estiramentos passivos no tratamento
experimental.
Em termos dos resultados alcançados, no seu conjunto,
os diversos estudos permitiram concluir que a variável
tempo de estiramento é significativa no respeitante ao
ganho de flexibilidade. Os estudos de Bandy e Irion (1994),
de Roberts e Wilson (1999) e de Feland et al (2001)
permitem concluir que tempos de estiramento mais
elevados resultam num maior ganho de flexibilidade. Os
estudos de Bandy e Irion (1994), de Bandy et al (1998) e
de Loannis et al (2005) levam a concluir que 30 segundos
correspondem ao tempo óptimo de realização de um
estiramento. Todos estes estudos concluem que um tempo
maior de estiramento (para além de 30 segundos) não é
mais vantajoso no ganho de flexibilidade. Por outro lado,
o estudo de Feland et al (2001) não corrobora estes
resultados, tendo demonstrado que o tempo de
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 51
estiramento de 60 segundos levava a ganhos de
flexibilidade superiores aos obtidos com estiramentos com
uma duração de 30 segundos. Como explicar estas
divergências? Uma análise cuidadosa e reflectida dos
estudos, de outra literatura encontrada, e até da
experiência clínica partilhada por terapeutas e professores
de educação física, poderá ajudar a esclarecer a questão
dos tempos necessários aos estiramentos.
Nos diversos estudos, duas variáveis foram
particularmente controladas: o número de estiramentos e
o tempo de duração do estiramento. Os dois factores foram
conciliados de modo a que o tempo total de estiramento
pudesse ser equitativo nos diferentes grupos testados.
Assim, podiam ser realizadas verdadeiras comparações
entre os grupos em termos do tempo de estiramento
realizado. Agora, a questão tem de se colocar da seguinte
maneira: será que merece a pena prolongar um
estiramento para além de um determinado período de
tempo? Será que existe um tempo óptimo/ideal para que
a realização de estiramentos seja mais eficiente? E esse
tempo variará segundo factores como a idade, género,
grupos musculares testados e condição clínica presente?...
Diversas razões têm sido apresentadas para defender a
realização de estiramentos com um tempo mínimo de
duração. Essas mesmas razões poderão explicar os
resultados consecutivos relativos aos estudos analisados.
Referimo-nos às questões de ordem mecânica e
neurofisiológica que foram apresentadas na introdução.
É necessário um período de tempo mínimo de estiramento
para que possa ser inibido o reflexo miotático de
encurtamento das fibras musculares alongadas, por um
lado, e para que possa ser obtida uma deformação
adicional dos componentes visco-elásticos do músculo,
por outro (Threlkeld, 1992, Tillman & Cxummings, 1992).
Seguindo a lógica da equação Índice de deformação =
Força aplicada / Coeficiente de elasticidade x Tempo, pode
ser argumentado que o ganho de flexibilidade (dependente
da quantidade de deformação tecidular obtida) está
dependente do tempo de estiramento, numa razão de
proporcionalidade directa. O mesmo será dizer que quanto
mais longo for o estiramento mais vantagens daí advém
para o ganho de flexibilidade (Zachazewski, 1989, 1990).
Daí se explica que um estiramento de 15 segundos seja
mais efectivo que um estiramento de cinco segundos
(Roberts & Wilson, 1999) ou que um estiramento de 30
segundos seja mais eficaz que um estiramento de tempo
inferior (Bandy & Irion, 1994; Feland et al, 2001). Por ou-
tro lado, como se explica que a partir de 30 segundos não
pareça existir qualquer vantagem em termos do aumento
da flexibilidade, como referido por Bandy e Irion (1994),
Bandy et al (1998) e Loannis et al (2005)? A explicação
parece residir no facto de 30 segundos constituir o tempo
necessário para que a deformação tecidular possa ven-
cer a resistência do reflexo miotático de encurtamento e a
resistência mecânica do próprio tecido músculo-tendinoso.
A partir do momento em que a deformação máxima foi
obtida, o prolongamento da posição de deformação não
apresenta vantagens, pois o tecido mole passou a apre-
sentar uma certa libertação, uma pequena margem de
amplitude que faz com que a tensão de estiramento pas-
se a ser progressivamente menor. Se no estudo de Feland
et al (2001) os resultados indicam que um estiramento
superior a 60 segundos apresentou vantagens é porque
foi realizado um estiramento em tecidos moles de pesso-
as com mais idade, ou seja, em músculos com capacida-
de de deformação mais lenta (mais stiffness). Significa
isto que, proporcionalmente, em pessoas de idade mais
avançada, um estiramento de maior duração tem os mes-
mos efeitos que um de menor duração em indivíduos mais
jovens. A explicação proposta é apoiada pelos dados. Uma
rápida verificação da tabela, nomeadamente à coluna dos
resultados dos estudos, permite perceber que os ganhos
de graus de amplitude que os jovens dos estudos de Bandy
e Irion (1994) e de Bandy et al (1998) conseguiram em
seis semanas com estiramentos de 30 segundos ou que
os adolescentes do estudo de Loannis et al (2005) conse-
guiram durante um período semelhante com estiramentos
com a mesma duração são muito similares aos ganhos
de graus de amplitude que os idosos de Feland et al (2001)
conseguiram com estiramentos de 60 segundos, também
em seis semanas.
O ponto de deformação máxima dos tecidos musculares
dos idosos demora mais tempo a ser obtido do que um
ponto de deformação equivalente nos jovens.
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 52
As propriedades biomecânicas do tecido muscular alteram-
se significativamente com a idade, com os idosos a
possuírem uma resposta mecânica da unidade contráctil
ao alongamento mais lenta, em parte devido à progressiva
transformação do tecido muscular em tecido conectivo,
ao aumento do conteúdo tecidular de colagéneo, à
maturação e aumento do número de cross-links elásticos
e à diminuição da quantidade tecidular de água, elastina
e glicosaminoglicanos (James & Parker, 1980; Kappeler
& Epelbaum, 2005; Oken et al, 2006).
O estudo de Loannis et al (2005) é o único que fornece
alguma evidência de que o número de estiramentos é tão
importante quanto o tempo de duração do estiramento
propriamente dito no que diz respeito aos ganhos de
flexibilidade. Os dados assim o sugerem, demonstrando
ganhos de amplitude após a administração do protocolo
dos 12 estiramentos de cinco segundos comparáveis aos
ganhos após a administração do protocolo de dois
estiramentos de 30 segundos. Sendo assim, este estudo
contraria mais directamente os resultados de Bandy et al
(1998), investigação em que os mesmos parâmetros foram
objecto de análise própria, tendo-se verificado que não
se registavam alterações relevantes no aumento do
número de estiramentos. Que tipo de explicação pode ser
avançada para tal discrepância? Podemos avançar que,
provavelmente, um aumento de um para três estiramentos
pode não ser significativo para produzir resultados
relevantes. Eventualmente, se Bandy et al (1998) tivessem
criado outros grupos em que o aumento da frequência de
estiramentos seria de um para, por exemplo, seis ou nove
ou doze, seria possível deparar-nos com resultados mais
significativos. A diferença justifica-se, pois tal como
argumentou Taylor et al (1990), é necessário um mínimo
de quatro repetições do mesmo estiramento para se
produzir uma máxima deformação tecidular
Recomendações para a realização de estudos futuros
Apesar de existir uma grande quantidade de literatura
respeitante às alterações biomecânicas e neurofisiológicas
subjacentes ao treino de flexibilidade, a temática em
questão peca por uma grande escassez de estudos
experimentais, os quais compreendem o único
método de tornar objectivos os dados que os modelos
teoréticos sustentam. Daí a necessidade de realizar mais
estudos futuros sobre a temática vigente.
A análise realizada na presente revisão bibliográfica
poderá ajudar a criar linhas de orientação metodológica e
heurística para futuros estudos a realizar.
Recomenda-se, portanto, que sejam realizados estudos
com amostras mais estratificadas, divididas em grupos
de diferentes tempos de estiramento (ex. cinco segundos,
10 segundos, 15 segundos, 20 segundos, 30 segundos,
45 segundos, 60 segundos, 90 segundos, 120 segundos),
com controlo (e estratificação mais abrangente) do factor
frequência do estiramento, e com inclusão e controlo dos
factores sexual e etário e da forma como estes se
relacionam com os resultados obtidos. Será vantajosa a
realização de estudos com populações de diferentes
idades, como por exemplo, adolescentes, adultos jovens,
adultos de Meia-idade e sujeitos com 65 anos ou mais,
com controlo inclusivo das variáveis desportiva,
ocupacional, profissional e nutricional. Quanto mais
avançada for a idade dos participantes, mais importante
será a inclusão de grupos com a realização de
estiramentos de maior duração.
Será fundamental a realização de estudos futuros em que
as diferentes populações sejam submetidas ao mesmo
tipo de estiramento, efectuado pelo mesmo investigador
e realizado com durações diferentes em grupos
correctamente estratificados.
Os estudos a efectuar no futuro deverão ter em conta a
realização de dois grandes tipos de estiramento estático:
o estiramento em cadeia funcional realizada
autonomamente pelo participante e o estiramento analítico
efectuado passivamente pelo investigador. É importante
perceber se há ou não diferenças em termos da forma
como o estiramento é realizado, no respeitante aos tempos
de estiramento e consequentes ganhos na flexibilidade.
Recomenda-se, em acrescento, a realização de
estiramentos durante pelo menos seis semanas, à
semelhança do que foi realizado na grande parte dos
estudos analisados. Um tempo superior a este poderá ser
ainda mais recomendável. Para além disso, é
recomendável a realização entre quatro e dez estiramentos
por dia, pois quatro corresponde ao número mínimo de
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 53
estiramentos necessários ao máximo alongamento
tecidular, enquanto que mais de 10 estiramentos parece
ser desnecessário na obtenção de mais deformação dos
tecidos (Taylor et al, 1990).
No respeitante à medição da amplitude de movimento,
efectuada tanto no pré-teste como no pós-teste, seria
vantajosa a medição tanto da amplitude passiva (com
pressão adicional) como da amplitude activa de movimento
em cada participante. A medição deverá sempre ser
realizada em decúbito dorsal com a anca flectida a 90º,
tal como efectuado nos estudos analisados (isto se nos
estivermos a referir aos músculos ísquiotibiais). Não se
recomenda a efectuação de medições da amplitude com
testes como a medição do comprimento do espaço entre
os dedos e o chão com o participante inclinado à frente,
entre outros, pois não são suficientemente específicos,
dependendo muitos destes testes da flexibilidade de
diferentes grupos musculares.
Ainda em termos da medição efectuada, recomenda-se,
dentro do possível, a efectuação de testes de fiabilidade,
do tipo intra-observador (teste-reteste) e inter-observador.
O ideal corresponde à realização de várias medições (no
mínimo três) e à efectuação de uma média final das
mesmas.
Para além dos métodos de avaliação, importa recomendar
a realização de estudos incluindo outros grupos
musculares para além dos ísquiotibiais. É fundamental
escolher grupos com tendência para o encurtamento e
que facilitem a medição angular; é o caso do tricípete sural,
grupo muscular fácil de estirar e de avaliar.
No domínio da investigação dos tempos dos exercícios
de flexibilidade está quase tudo por fazer, e esta limitação
dificilmente pode deixar de se repercutir negativamente
no mundo das experiências clínica e desportiva.
Conclusões
De acordo com os estudos analisados, o tempo de
estiramento estático considerado ideal parece
corresponder a 30 segundos de duração. Porém, em
indivíduos com idades mais avançadas, esse tempo
parece aumentar, devido à natureza mais rígida dos
tecidos. Recomenda-se a realização de estudos com a
utilização de metodologias renovadas, incluindo a
utilização de diferentes tempos de estiramento aplicados
a diferentes grupos musculares.
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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 54
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Artigo recebido a: 30 de Maio de 2007
Artigo revisto a: 28 de Outubro de 2007
Aceite para publicação: 05 de Novembro de 2007
Tillman, L.J., Cummings, G.S. (1992). Biologic mechanisms ofconnective tissue mutability. In: Currier, D.P., Nelson, R.M. (Eds.).Dynamics of human biologic tissues. Philadelphia: FA Davis.
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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 55
Shoulder Rehabilitation: Non-Opera-tive Treatment é um
livro editado por um prestigiado Fisioterapeuta americano
(Director of Physiotherapy Associates Scottsdale Sports
Clinic in Scottsdale, Arizona e Chairman of the USTA Sport
Science Committee) com uma vasta experiência na área,
que apresenta, analisa e discute os conhecimentos mais
recentes relacionados com a evidência no tratamento de
Fisioterapia das perturbações músculo-esqueléticas do
complexo articular do ombro (CAO), fornecendo guidelines
orientadoras dos planos de intervenção para as diferentes
condições.
Organizado para servir quer como base de referência
clínica quer como um suporte sólido de revisão actual de
conceitos e modelos de intervenção nas disfunções do
CAO, está dividido em 2 grandes secções e conta com o
contributo de outros vários autores:
1) Reabilitação da patologias especificas do Ombro com
6 capítulos: Reabilitação nos Síndromes de conflito
(primários, secundários e internos); Reabilitação da micro-
instabilidade; Reabilitação da macro-instabilidade;
Reabilitação da capsulite adesiva; Reabilitação das lesões
da articulação acromio-clavicular; Classificação e
tratamento das patologias da omoplata.
2) Temáticas especiais na Reabilitação do Ombro com 3
capítulos: Modificação dos exercícios tradicionais e
oregresso à actividade desportiva; Aplicação de Tape e
uso de aparelhos externos na reabilitação do ombro;
Programas específicos de reintegração desportiva. Na 1ª
secção o capítulo 1 relacionado com os síndromes de
conflito, especifica de forma clara, lógica e objectiva a
fisiopatologia, classificação dos diferentes tipos de conflito
bem como as diferentes formas de intervenção em
fisioterapia. Os outros capítulos desta secção contam com
a preciosa colaboração de vários autores onde se destaca
o de W.Ben Kibler que apresenta de forma analítica as
disfunções da escápula (biomecânica, fisiopatologia e
guidelines para a Fisioterapia).
Na 2ª secção são abordadas temáticas específicas muito
úteis ao Fisioterapeuta que tem de tomar decisões sobre
a forma e timing de regresso à actividade desportiva pós-
lesão, analisando particularmente a reintegração de 4
desportos (ténis, natação, lançamento e golfe)
Todos os capítulos são de leitura fácil, acompanhadas por
imagens, fotografias de exercícios, esquemas e tabelas
que sistematizam as ideias-chave que suportam o texto.
No final de cada capítulo há uma extensa e actual lista de
referências bibliográficas.
Este livro reúne as condições para ser uma excelente fonte
de recurso para os Fisioterapeutas que lidam com as
disfunções do complexo articular do ombro quer nos
pacientes em geral quer no caso de atletas em particular.
Raul Oliveira
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 57
Shoulder Rehabilitation: Non-Opera-tive Treatment
Todd S. EllenbeckerNew York, NY: Thieme, 2006180 páginas, 220 ilustrações; SoftcoverISBN 978-1-58890-370-9, US $49,95ISBN 978-3-13-140221-9, EU 39,95
REVISÃO DE LIVROS
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 58
Este livro editado por autores de renome internacional com
vasta experiência e investigação nesta temática constitui
um volume que se integra na Encyclopaedia of Sports
Medicine series e que foi publicado neste ano de 2007
sob os auspicious do Comité Olímpico Internacional.
É um livro que actualiza os conhecimentos sobre as
tendinopatias, analisando o “estado da arte” desde as
áreas das ciências básicas (bases moleculares e
bioquímicas; alterações biomecânicas e comportamento
dos tendões in vivo) até aos aspectos das diversas
intervenções clínicas. Em cada um dos capítulos há
contributos de diversos autores internacionalmente
reconhecidos pela investigação já produzida nos diversos
domínio (quer investigadores quer clínicos).
Apesar da elevada prevalência e incidência das
tendinopatias quer no desporto quer na prática da
actividade física bem como na actividade profissional, a
etiopatogénese precisa e as estratégias de intervenção
mais eficientes ainda levantam muitas questões que não
estão bem explicadas e/ou resolvidas.
Este livro constitui um excelente recurso para se
acompanhar a progressão dos conhecimentos mais
actuais das ciências-base nesta temática e sua aplicação
aos contextos clínicos dando aos fisioterapeutas
fundamentos mais sólidos e credíveis na selecção das
suas estratégias de intervenção (quer na prevenção,
querno tratamento).
Apresenta secções do tipo “What We Need to Know” que
constituem linhas de investigação futuras quer para
clínicos quer para novos investigadores.
Está organizado em 15 capítulos com uma extensa e actual
lista de referências bibliográficas no final de cada um.
Temas abordados em cada capítulo:
1 - Tendinopatias: um problema major em medicina
desportiva.
2- Etiologia da tendinopatia
3- Biologia molecular da tendinopatia
4- As respostas celulares do tendão às alterações da
carga: implicações na etiopatogénese da tendinopatia
5- Como são os tendões ao vivo? Actividade metabólica e
circulatória associada ao exercício
6-Patologia de sobrecarga nos tendões: aspectos
histopatológicos e histoquímicos
7- Estudos mecanobiológicos dos mecanismos
moleculares e celulares nas tendinopatias
8- Comportamento in vivo dos tendões de Aquiles e patelar
durante a marcha normal
9- Inervação tendinosa: compreensão da fisiopatologia e
implicações para o tratamento
10- Modelo neuropático da etiologia e tratamento das
tendinopatias do tendão de Aquiles
11- Abordagem terapêutica integradora das tendinopatias:
aspectos biomecânicos e biológico
12- Patologia crónica do tendão de Aquiles: conceitos de
biologia básica e suas implicações para o tratamento
13- Tendinopatias do pé nos atleta
14- Abordagens alternativas no tratamento das
tendinopatias: medicina tradicional chinesa
15- Cirurgia nas tendinopatias crónicas
Os capítulos 4, 5, 8, 10 e 11 são particularmente
interessantes e com informação muito actual e relevante
Tendinopathy in Athletes
Savio Woo, Per Renstrom, Steven ArnoczkyBlackwell Publishing; 1 Edição (February 14, 2007)233 páginas, 83 ilustrações; HardcoverISBN-10: 1405156708, US $125ISBN-13: 978-1405156707, EU 92,21
REVISÃO DE LIVROS
relacionada com o comportamento neuromecânico em
condições fisiológicas bem como as alterações/
perturbações ao equilíbrio homeostático que caracterizam
as diferentes lesões tendinosas.
É um livro que constitui uma referência incontornável nesta
matéria não só para os fisioterapeutas do desporto mas
também para todos os fisioterapeutas que lidam com esta
problemática no campo da saúde ocupacional.
Raul Oliveira
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 59
INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES
A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto saúda-o e
congratula-se pelo interesse na publicação do seu artigo. Antes
de o enviar, sugerimos que leia atentemente todas as instruções
que se seguem:
SUBMISSÃO DOS ARTIGOS
Todos artigos para submissão na Revista Portuguesa de
Fisioterapia no Desporto são realizados por correio electrónico.
Comece por guardar o seu trabalho como documento Word da
seguinte forma: data_nome do autor (exemplo:
janeiro2006_antónio manuel silva)
· Enviar o documento em anexo para o seguinte endereço
electrónico: [email protected]
· Após a recepção do documento, o Editor, através de e-mail,
enviará o aviso de recepção do mesmo. Nesse mesmo aviso
receberá o número do código atribuído ao seu trabalho
(Consultar – http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/revisao.php )
· Este processo deverá ser acompanhado pelo preenchimento
do documento “Formulário de Autorização dos Autores para
Publicação do Artigo” (disponível para download em http://
www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/autores/submeter-um-trabalho.php).
Depois de preenchido, certifique-se que constam as
assinaturas de todos os autores e envie-o por correio para a
Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (consultar a morada
neste documento).
· Após estes procedimentos o Coordenador do Conselho
Editorial enviará uma cópia do trabalho para dois ou mais
elementos do Conselho Editorial para iniciar-se o processo de
revisão (em: http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/revisao.php )
REQUISITOS GERAIS
· Os resultados e/ou dados apresentados no trabalho nunca
deverão ter sido publicados noutros jornais ou revistas quer
de carácter geral quer de natureza científica.
· O artigo deve estar sobre revisão exclusiva da Revista
Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
· O trabalho deve estar relacionado com aspectos científicos,
clínicos, profissionais relevantes para a fisioterapia no
desporto em particular e para as ciências do desporto em
geral.
· Os artigos devem ser redigidos de acordo com as Normas
de Redacção e Formatação da Revista Portuguesa de
Fisioterapia no Desporto.
TIPOLOGIA DOS ARTIGOS
Estudos Experimentais e Quasi-Experimentais – Trabalhos
originais sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreas
relacionadas. Descrever de forma clara o tipo de estudo, os
critérios de selecção e a caracterização da amostra, os
instrumentos aplicados, os procedimentos seguidos e a análise
estatística efectuada. Máximo de 3500 palavras. Estes tipos de
estudos devem de ter um resumo/abstract estruturado.
Estudos Descritivos / Observacionais – Trabalhos originais
sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreas relacionadas.
Descrever de forma clara o tipo de estudo (pode incluir estudos
de levantamento epidemiológico, estudos de caso, descrição de
experiências, entre outros), os critérios de selecção e a
caracterização da amostra, os instrumentos aplicados, os
procedimentos seguidos e a análise estatística efectuada. Máximo
de 3500 palavras e resumo/abstract estruturado.
Levantamento Epidemiológico – Estudos retrospectivos
ou prospectivos para determinação da prevalência, incidência
de lesões e caracterização dos factores de risco associados ás
lesões das diferentes modalidades desportivas e/ou actividades
físicas. Máximo de 3000 palavras e resumo/abstract estruturado.
Estudos de Caso – Descrição detalhada de um caso
clínico, contendo características relevantes do utente, avaliação
e diagnóstico em fisioterapia bem como a descrição da
intervenção. No conjunto devem existir, pelo menos, 10
referências bibliográficas distintas. Máximo de 850 palavras e
resumo/abstract estruturado.
Descrição de Experiências – Descrever de forma clara
os aspectos inovadores da experiência e as bases teóricas em
que esta se enquadra ou a descrição de novos instrumentos,
procedimentos ou tecnologias relevantes para a prática ou
investigação clínica em fisioterapia no desporto ou áreas
relacionadas. Máximo de 1500 palavras e resumo/abstract
estruturado.
Revisões Sistemáticas da Literatura e Meta-Análises –
Revisões detalhadas sobre novas temáticas ou temáticas
estabelecidas na área da fisioterapia no desporto, bem como em
áreas relacionadas. Descrever de forma clara os procedimentos
e meios utilizados no decorrer da revisão, explicitando se esta
foi sistemática, exaustiva e actualizada. Máximo de 4000 palavras
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 60
e resumo/abstract estruturado.
Artigos de Opinião: Ponto de vista de um expert sobre um artigo
publicado na revista. Os comentários surgem a título de convite
por parte do Editor. Os autores do artigo sob comentário têm a
oportunidade de responder ao ponto de vista do expert. Máximo
de 750 palavras.
NORMAS DE REDACÇÃO E FORMATAÇÃO DOS ARTIGOS
Todos os artigos sujeitos a submissão à Revista Portuguesa de
Fisioterapia no Desporto devem seguir as seguintes normas de
redacção e formatação:
• Devem ser escritos em português.
• Todas as páginas numeradas (incluindo a página de
rosto) com margens laterais, superior e inferior de 2,5 cm.
• Texto escrito em documento Word, com alinhamento
justificado e espaçamento entre linhas de 1,5 cm. Tipo de
letra: Arial com tamanho 12.
• Não podem ser utilizados outros procedimentos de
formatação, como por exemplo, rodapés, cabeçalhos, etc.
Página de Rosto
• Título do artigo.
• Nome de cada um dos autores com o respectivo título
profissional e/ou académico e a instituição a que pertencem.
• Endereço do correio electrónico ou morada de um dos
autores, para correspondência.
Resumo / Abstract
• Não deve exceder as 250 palavras e deve estar
estruturado da seguinte forma: Introdução, Objectivos,
Relevância, Metodologia, Resultados, Discussão, Conclusão
e Palavras-chave. Deve-se fazer igualmente um resumo/
abstract em inglês com a mesma estrutura.
Texto
• Estudos Experimentais, Quasi-Experimentais,
Descrit ivos/Observacionais (levantamentos
epidemiológicos, descrição de experiências) Revisões
Sistemáticas de Literatura e Meta-Análises devem estar
estruturados da seguinte forma: Introdução, Métodos,
Resultados, Discussão e Conclusões.
• Estudos de Caso devem estar estruturado da seguinte
forma: Introdução, Descrição do Caso, Resultados e
Discussão.
Citações e Referências Bibliográficas
· Todas as referências que fazem parte da lista final de
Referências Bibliográficas devem estar citadas no texto
(Consultar o documento: Normas de Citações e da Lista Final de
Referências Bibliográficas disponível para download em http://
www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/autores/normas-de-redaccao-e-
formatacao.php )
· As referências citadas durante o texto devem contemplar
o nome do autor (apelido), seguido de vírgula e o ano de
publicação (ex. Campbell, 1999). Se a referência for de dois
autores deve-se colocar a ligação “&” entre os nomes dos
mesmos, seguido de vírgula e o ano de publicação (ex.
Campbell & Fortis, 2000). Se a referência for mais de dois
até seis autores, deve citar-se todos os nomes numa primeira
vez e nas subsequentes, o apelido do primeiro autor seguido
de “et al”. Quando são mais de seis autores utiliza-se sempre
“et al” (ex. Garth et al, 1997).
· Na lista final de Referências Bibliográficas, quando a
referência tem 7 ou mais autores, citam-se os primeiros três
seguido de “et al”.
· Regra geral, as entradas da lista final de Referências
Bibliográficas devem ser ordenadas por ordem alfabética
do apelido do primeiro autor.
· Caso existam vários trabalhos do mesmo autor, coloca-
se em primeiro lugar os trabalhos individuais, seguidos dos
trabalhos colectivos, utilizando o apelido do segundo autor
como critério de ordenação. Para vários trabalhos do mesmo
autor utiliza-se o ano de publicação como critério de
ordenação (do mais antigo para mais recente).
· Referências a trabalhos aceites mas não publicados
devem ser designados como “in press”. Teses de
Doutoramento ou de Mestrado são considerados trabalhos
publicados. Não são aceites informações provenientes de
documentos, apresentações ou apontamentos pessoais.
· Todas as normas de citações e de referências
bibliográficas devem de ser verificadas pelo(s) autor(es).
Quaisquer erros ou omissões sobre as mesmas são da
exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).
Tabelas, Quadros e Gráficos
· As tabelas, quadros e gráficos devem estar inseridas no
texto e apresentadas como imagem em formato JPEG.
Devem de ser digitais com resolução mínima de 150 dpi e
um tamanho máximo de 80 kb (bytes)
· Todas as tabelas, quadros e gráficos devem ser
numeradas sequencialmente e ter o respectivo título. Este
deve ser colocado acima das mesmas com o tipo de letra –
Arial de tamanho 10 com espaçamento entre linhas de 1,0.
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto
Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 61
· No caso de existirem abreviaturas, a respectiva legenda
deve figurar fora e imediatamente abaixo das tabelas,
quadros e gráficos. Estas devem de ser escritas em Arial
de tamanho 9.
· Todas as tabelas, quadros e gráficos devem estar
referidas no texto.
· As tabelas e quadros não devem ter linhas verticais. Usar
sempre linhas horizontais para o cabeçalho e finalização
das mesmas.
Figuras, Imagens e Fotos
· As figuras, imagens e fotos devem estar inseridas no
texto. Devem ser digitais com resolução mínima de 150 dpi
e um tamanho máximo de 80 kb (bytes)
· Todas as figuras, imagens e fotos devem estar em formato
JPEG (JPG).
· Todas as figuras, imagens e fotos devem ser numeradas
sequencialmente e ter o respectivo título. Este deve ser
colocado acima das mesmas com o tipo de letra – Arial de
tamanho 10 e com espaçamento entre linhas de 1,0.
· Todas as figuras, imagens e fotos devem de ser referidas
algures pelo texto.
· São excluídas quaisquer figuras, imagens e fotos não
originais, que sejam retiradas de livros ou outras fontes
desde que não tenham a autorização expressa dos autores
e/ou editores.
DOCUMENTOS ADICIONAIS
Para publicação dos artigos os autores devem de preencher o
Formulário de Autorização dos Autores para Publicação do
Artigo (disponível para download em http://www.apfisio.pt/gifd_revista/
pages/autores/submeter-um-trabalho.php) e envia-lo por correio para
seguinte morada:
Por um lado, este documento formaliza a autorização de todos
os autores para a publicação do artigo na Revista Portuguesa de
Fisioterapia no Desporto assegurando a originalidade de todo o
seu conteúdo (imagens, fotos, quadros, tabelas, etc), a
exclusividade e os direitos de publicação por parte do Editor. Por
outro, certifica uma participação activa do (s) autor (es) na
realização do estudo/trabalho, e que este, envolveu a obtenção
do consentimento informado de todos os sujeitos envolvidos no
Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto Rua João Villarett, 285 A Urbanização Terplana 2785-679 – São Domingos de Rana Portugal
mesmo (quando aplicável) e que uma entidade competente e
responsável aprovou este projecto de investigação (quando
aplicável). Este mesmo documento pretende ainda refutar,
qualquer interesse comercial e/ou outro tipo de conflito de
interesses.
POLITICAS EDITORIAIS
· É responsabilidade exclusiva do Director pronunciar-se
sobre a decisão final de publicação do artigo.
· Os autores devem estar disponíveis para realizarem as
alterações propostas ao seu artigo antes da decisão formal
para publicação.
· Em caso de necessidade, os revisores podem partilhar
ou recorrer a outros profissionais para complementarem a
sua revisão.
· Os autores não estão autorizados a fazer qualquer
alteração ao artigo proposto para publicação, durante o
processo de revisão, excepto para corrigir erros ou
omissões.
· O Editor pode recusar-se a publicar, se o autor efectuar
alterações substanciais ao artigo depois do mesmo ter sido
sujeito ao processo de revisão e aceite para publicação.
· O Editor pode solicitar revisões adicionais para
complementar as opiniões do Conselho Editorial.
SUGESTÕES
Quando submeter o artigo certifique-se que:
· Tem uma cópia do e-mail enviado para a Revista
Portuguesa de Fisioterapia no Desporto.
· Tem uma cópia do seu artigo guardada no disco rígido
do seu computador e que fez uma cópia para uma disquete,
CD ou outro tipo de dispositivo.
· Enviou o Formulário de Autorização dos Autores para
Publicação do Artigo com as assinaturas originais de todos
os autores.
· Fez um resumo/abstract estruturado em português e um
outro em inglês.
· Todas as referências que fazem parte da lista final de
Referências Bibliográficas estão citadas no texto e que se
encontram ordenadas por ordem alfabética.
Para informações adicionais consulte o seguinte endereço: http:/
/www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/inicio.php. Para qualquer outro
esclarecimento contacte o Director ou o Grupo de Interesse em
Fisioterapia no Desporto através do seguinte endereço
electrónico: [email protected]
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