Janeiro 2008

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PropriedadeAssociação Portuguesa de FisioterapeutasRua João Villarett, 285 AUrbanização Terplana2785-679 – São Domingos de RanaPortugalTel: (+351) 214 524 156 Fax: (+351) 214528 922E-mail: [email protected]: http://www.apfisio.pt

NIF: 501790411

DirecçãoDirector: Marco JardimDirector Adjunto: Raúl OliveiraSub-Director: José Esteves

EditorGrupo de Interesse em Fisioterapia noDesporto da Associação Portuguesa deFisioterapeutas.

Alexandra Amorim, João Ribeiro, LuísRibeiro, Marco Jardim, Marc Reis, RicardoPinto e Telmo Firmino.

Serviços AdministrativosRicardo Pinto e Ruben Miranda

Conselho EditorialAntónio CartuchoHospital da CUF DescobertasAntónio Carvalhais FigueiredoClínica CUF – Stª Maria de BelémFernando PereiraFaculdade de Motricidade HumanaHenrique RelvasEscola Superior de Saúde da CruzVermelhaJacob FriscknetchFederação Portuguesa de JudoJan CabriFaculdade de Motricidade HumanaJoão Paulo SousaFaculdade de Motricidade HumanaJosé EstevesEscola Superior de Saúde do AlcoitãoMaria António CastroEscola Superior de Saúde de CoimbraPaulo CarvalhoEscola Superior de Saúde do PortoPaulo AmadoHospital de Stª Mª da FeiraOrlando FernandesFaculdade de Motricidade HumanaRaúl OliveiraFaculdade de Motricidade HumanaRicardo MatiasEscola Superior de Saúde de SetúbalRui TorresEscola Superior de Saúde do Vale doSousaRui Soles GonçalvesEscola Superior de Saúde de CoimbraSusana VelosoUniversidade LusófonaThemudo BarataFaculdade de Motricidade Humana

ObjectivoA Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação oficial do Grupode Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa deFisioterapeutas. Esta revista pretende divulgar um conjunto de informaçõesindispensáveis para a prática clínica e desenvolvimento profissional contínuo dosfisioterapeutas que actuam na área do desporto, bem como, temas de áreasrelacionadas. Pretende-se abranger temáticas relevantes sobre a prevenção,diagnóstico e tratamento de lesões resultantes da prática desportiva. Contemplaestudos experimentais, quasi-experimentais, descrit ivos/observacionais(levantamentos epidemiológicos, estudos de caso, descrição de experiências),revisões sistemáticas de literatura, meta-análises e artigos de opinião sobre a práticada fisioterapia no desporto, bem como em áreas relacionadas. Os artigos a publicarsão submetidos a análise criteriosa pelo Conselho Editorial da revista. Esta publicaçãodirige-se a todos os fisioterapeutas, bem como a outros profissionais da área daSaúde e do Desporto.

Submissão de TrabalhosPara submissão de trabalhos por favor consulte http://www.apfisio.pt/gifd_revistaAtravés deste endereço poderá ter acesso a todas as informações e procedimentosnecessários para submeter o seu trabalho a publicação.Para enviar o seu trabalho uti l ize o seguinte endereço electrónico:[email protected]. Para informações adicionais contacte o Editor – Grupo deInteresse em Fisioterapia no Desporto – [email protected]

SubscriçãoA Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação de distribuiçãolivre para todos os sócios da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas.

PeriodicidadeSemestral (Janeiro e Julho)

Projecto Gráfico e ConteúdosGrupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto

PublicidadePara anunciar na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto deverá entrar emcontacto com: Decoder – Tecnologias Criativas em Merketing e Publicidade, Lda.Tel. 214 358 596 – Fax: 214 358 598.

ISSN 1646-6586

Registo I.C.S nº 125207

Copyrigtht ©Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto © 2007. Todos os direitosreservados.Esta publicação e todo o seu conteúdo estão protegidos pelos direitos doGrupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto.

Tiragem3000 Exemplares

ContactosRevista Portuguesa de Fisioterapia no DesportoE-mail: [email protected]

Sede de RedacçãoAssociação Portuguesa de Fisioterapeutas

TipografiaSogapal, S.A.Telf:214 347 100 – Fax: 214 347 155

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

ÍNDICE

EDITORIAL

Os Desafios da EspecializaçãoLopes, A. 3

ESTUDOS ORIGINAIS

Influência da Posição Angular da Anca na Actividade Electromiográfica e no PeakTorque durante a Contracção Isométrica do Quadricípite.Alberto, M; Carvalho, P. 6

Importância da Intervenção do Fisioterapeuta no Tempo de Paragem Após Entorsedo Tornozelo – Um Estudo em Basquetebolistas da Liga Profissional Portuguesa.Castro, M.A.; Janeira, M.A.; Madail, J.; Fernandes, O. 13

Contributo para a Adaptação e Validação do Instrumento de Medida, Foot And AnkleOutcome Score (FAOS), para a realidade Portuguesa.Domingues, F; Esteves, J; Pascoalinho, J. 23

REVISÃO DE LITERATURA

Disfunções da Cervical - Whiplash associado à prática de Râguebi.Campos, D; Atalaia, T. 35

O Efeito da Variável Tempo de Estiramento Estático na Flexibilidade Muscular:Uma revisão sistemática da literatura.Coelho, L. 43

REVISÃO DE LIVROS

Shoulder Rehabilitation: Non-Operative TreatmentOliveira, R. 57

Tendinopathy in AthletesOliveira, R. 58

AssociaçãoPortuguesa deFisioterapeutas

1960 - 200848 anos de afirmação profissional

O desenvolvimento das profissões e do respectivo corpo

de saberes conduz ao que vulgarmente se chama de

especialização.

É assim que podemos considerar “especialista” alguém

que demonstra um conjunto de conhecimentos e

competências práticas (skills) dentro de uma determinada

área de intervenção, a um nível superior e/ou mais

avançado do que o que seria de esperar num recém

qualificado, que inicia o seu exercício profissional nessa

mesma área.

Os trajectos para atingir o estatuto de especialista são

diversos, mais ou menos formais, mais ou menos

exigentes, mas no essencial incluem duas dimensões que

importa compreender. Em primeiro lugar a especialização

é um processo, vivenciado por alguém, que o leva a atingir

determinadas competências. Em segundo lugar, o estatuto

de especialista é-lhe atribuído por uma entidade que

comprovou que ele tinha as competências exigidas, e que

mantém um exercício profissional nessa área, dentro dos

padrões exigíveis.

No que respeita ao processo de especialização importará

manter em aberto o maior número de vias possível, em-

bora seja facil itadora a existência de propostas

estruturadas oferecidas por entidades de formação

credíveis, em particular as escolas de ensino superior

autorizadas a atribuir graduações académicas mais ele-

vadas. Mas mais do que saber quem ajuda a formar, im-

porta compreender que competências se tornam neces-

sárias adquirir. Também porque, em última instância, qual-

quer que seja a entidade com poderes para atribuir o es-

tatuto de especialista, seja ela de natureza púbica ou pri-

vada, irá ser necessário estabelecer os critérios para essa

EDITORIAL

Os Desafios da Especialização

António Lopes1

Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas e da World Confederation for Physical Therapy - Região Europeia 1

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

atribuição, quanto mais não seja para poder avaliar todos

aqueles que sendo autodidactas ou tendo tido percursos

formativos menos convencionais, pretendem ser

reconhecidos como especialistas.

Quais são então os atributos de um especialista?

Numa reunião internacional de fisioterapeutas realizada

no Estoril em 1998, traçaram-se um conjunto de ideias

que viriam em 1999 a constituir a designada “Descrição

de Viena” sobre os atributos essenciais de um especialista

em Fisioterapia, no plano Europeu.

De acordo com essa descrição, que não traduzo para não

atraiçoar o conteúdo original, um especialista é alguém

que:

- Demonstrates advanced knowledge and skills within

specified areas of practice.

- Demonstrates evidence-based practice through the

process of clinical reasoning and decision-making, allowing

knowledge to be applied to complex and different situation.

- Demonstrates an educational role, for example as a

mentor.

- Participates in research.

- Generates new knowledge and skills.

- Disseminates knowledge and skills.

- Demonstrates leadership.

- Demonstrates a critical understanding of the context in

which practice occurs, for example: social, cultural, political,

inter-professional collaboration.”

Como se pode ver pelos atributos acima descritos, ser

especialista, e sobretudo manter o estatuto de especialista,

é muito mais do que apenas trabalhar na área de

especialização e saber mais do que os outros. Há muitas

obrigações inerentes ao estatuto de especialista.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 3

Ainda não temos formalmente especializações em

Fisioterapia no nosso país, mas para lá caminhamos.

Todos os contributos serão importantes mas haverá que

respeitar uma linha condutora dentro do que são as

recomendações internacionais.

Nesse sentido é de salientar o esforço de todos quantos

têm levado por diante as actividades dos Grupos de

Interesse da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas

(APF), nomeadamente pela sua actividade de permanente

referência por padrões internacionais, sendo igualmente

justo referir o papel das Escolas, sobretudo no âmbito das

pós-graduações e mestrados, com particular relevo para

as iniciativas que têm sido realizadas em articulação com

a APF.

Os Fisioterapeutas Portugueses estão preparados para

enfrentar os desafios colocados pela especialização,

haverá que conjugar esforços e consolidar o trajecto.

Saúdo particularmente o GIFD por esta iniciativa concreta

4Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

que permitirá a todos os interessados em desenvolverem

os seus atributos de especialistas, enquanto

investigadores, produtores de novos conhecimentos,

educadores e líderes profissionais, para darem o seu

contributo concreto para uma melhor prestação de

cuidados a todos quantos requerem o apoio da Fisioterapia

e dos Fisioterapeutas.

Notas:

1 – Para conhecer a posição da Confederação Mundial

de Fisioterapia - WCPT sobre o processo de

especialização, recomenda-se a consulta da página - http:/

/www.wcpt.org/policies/position/index.php)

2 – Para analisar a evolução dos estudos sobre a

especialização em Fisioterapia desenvolvidos no âmbito

da Região Europeia da WCPT, recomenda-se a consulta

da página - http://physio-europe.org/public/File/

Recommendation%20on%20Specialisation.pdf

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 5

Influência da Posição Angular da Anca na Actividade Electromiográficae no Peak Torque Durante a Contracção Isométrica do Quadricípite

Márcio Alberto1, Paulo Carvalho2

Licenciado em Fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto. Prática Privada1

Correspondência para: [email protected]

Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Fisioterapia. Professor Assistente na Escola Superior de Saúde do Porto 2

ARTIGO ORIGINAL

Resumo

Introdução: A avaliação e fortalecimento muscular na posição “óptima” de uma articulação torna-se importante para conseguir contracçõesmáximas. Objectivo: Verificar se a posição angular da anca influencia o peak torque e a actividade electromiográfica do quadricípite.Relevância: A revisão da literatura mostrou que a posição “óptima” do joelho situa-se entre os 60º e 70º de flexão, no entanto, existepouca evidência sobre a posição “óptima” da anca. Metodologia: Quinze indivíduos saudáveis fizeram parte da amostra. Cada indivíduorealizou três contracções isométricas máximas do quadricípite em cinco posições da coxa (180º, 140º, 110º, 100º, 90º) com o joelho a60º de flexão. Foram realizadas contracções de 5 segundos e tempo de repouso com a mesma duração. O tempo de repouso entre asposições da anca foi de um minuto. Foi utilizado um dinamómetro isocinético para avaliação do peak torque e um electromiógrafo paraavaliação da actividade electromiográfica. Resultados: Verificaram-se alterações estatisticamente significativas no peak torque isométricoe na actividade electromiográfica do quadricípite na alteração da posição angular da anca. Discussão: Os resultados deste estudoestão de acordo com a literatura mais recente nesta área. Conclusões: Verificou-se que o peak torque do quadricípite é influenciadopela posição da anca. No que diz respeito à actividade electromiográfica, apenas se verificaram diferenças no vasto lateral.

Palavras-chave: Peak torque, electromiografia, anca, quadricípite, relação comprimento/tensão

Abstract

Introduction: Muscle evaluation and strengthening in the “ideal” joint position is important to produce maximal contractions. Objectives:Verify if hip angular position influences quadriceps peak torque and muscle electrical activity. Relevance: Research shows that “ideal”knee position is located between 60º and 70º of flexion, but there is lack of evidence about the “ideal” hip position. Methods: Fifteenhealthy subjects participated in this study. Each subject performed three maximal isometric contractions of the quadriceps in five differenthip positions (180º, 140º, 110º, 100º, 90º) with the knee flexed at 60º. Each contraction was held for five seconds with a five secondpause between each one. Between each hip position there was a one minute rest. We used an isokinetic dynamometer for evaluationof peak torque and an electromyograph to evaluate muscle electrical activity. Results: We verified statistical significance for quadricepsisometric peak torque and muscle electrical activity when hip angular position was changed. Discussion: The results of this study aresustained by recent literature. Conclusions: It was verified that quadriceps isometric peak torque is influenced by hip position. Quadricepsmuscle electrical activity was influenced only in the vastus lateralis.

Key words: Peak torque, electromyography, hip, quadriceps, length/tension relationship

Introdução

A força muscular é influenciada por uma variedade de

factores como o número de fibras estimuladas a contrair,

a frequência de estimulação, a espessura de cada fibra

muscular e o comprimento inicial das fibras musculares

quando estas se encontram em repouso (Fox, 2002).

Uma das características mais importantes do músculo-

esquelético é a sua relação comprimento/tensão. Há uma

Há uma relação directa entre a tensão desenvolvida por

um músculo e o seu comprimento (Norkin & Levangie,

1992. Há um comprimento muscular dito “óptimo” para o

músculo produzir a sua força máxima. Este normalmente

situa-se no seu estado de repouso ou com um

comprimento ligeiramente superior. Qualquer variação do

comprimento ideal irá fazer com que o músculo produza

menos tensão.

Ao longo dos anos, vários autores têm procurado

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 6

descobrir qual a amplitude articular ideal da anca e joelho

para a maior geração de força extensora do joelho com

base na posição angular “óptima” (Becker & Awiszus, 2001;

Bohannon, Gajdosik & LeVeau, 1986; Brown & Weir, 2001;

Currier, 1977; Hasler, Denoth, Stacoff & Herzog, 1994;

Kubo, Tsunoda & Kanchisa, 2004; Lieb & Perry, 1971;

Newman, Jones & Newham, 2003; Perumal, Wexler, Ding

& Binder-Macleod, 2002; Pincivero, Salfetnikov, Campy &

Coelho, 2004; Worrell, Karst, Adamczyk & Moore, 2001).

Vários estudos indicam que a posição óptima do joelho

para maior geração de força é entre os 60º e 70º de flexão

(Becker & Awiszus, 2001; Brown & Weir, 2001; Newman

et al, 2003; Perumal et al, 2002; Pincivero et al, 2004;)

mas os estudos realizados para indicar qual a amplitude

“ideal” da anca são contraditórios (Hasler et al, 1994;

Bohannon et al, 1986; Worrell et al, 2001).

Este estudo é relevante para a fisioterapia no desporto

uma vez que a avaliação e o fortalecimento muscular estão

intimamente ligados ao desporto e se torna importante

saber qual a amplitude “ideal” da anca para podermos

realizar uma avaliação correcta e um fortalecimento eficaz.

Métodos

Tipo de Estudo

- Estudo do tipo quasi-experimental.

Objectivo do Estudo

- Verificar se a posição angular da anca influencia o peak

torque e a actividade electromiográfica durante a

contracção isométrica do quadricípite.

Amostra

A população deste estudo foram alunos de várias escolas

tendo sido a população alvo constituída por jovens

estudantes universitários entre os 18 e os 25 anos não

praticantes de actividade física regular.

A amostra em estudo foi seleccionada por conveniência e

foi constituída por quinze indivíduos da população alvo,

cujas características (idade, peso, altura) podem ser

verificadas na tabela I.

A amostra foi constituída por estudantes de ambos os

sexos (5 do sexo masculino e 10 do sexo feminino) com

Tabela 1 – Caracterização da amostra

idades compreendidas entre os 19 e 25 anos. Seriam

excluídos do estudo todos os indivíduos que

apresentassem história de patologia neuromusculo-

esquelética, de patologia cardiovascular, de patologia

pulmonar ou presença de dor no membro em estudo.

Instrumentos

- Dinamómetro Isocinético Biodex Medical System 3pro®

(Biodex Medical Systems, Inc., Shirley, NY, EUA)

- Electromiógrafo Biopac MP100 e software de apoio ao

electromiógrafo de superfície Acqknowledge versão 3.8.1.

(Biopac Systems Inc. Goleta, CA, USA) para recolha e

tratamento do sinal electromiográfico;

Procedimentos

a) O membro em estudo foi sempre o membro

inferior esquerdo.

b) Foi realizada a pesquisa do local correcto para o

posicionamento dos eléctrodos em cada porção muscular,

seguida de uma limpeza de pele (retirar pelos, lixar e limpar

com álcool) nessa zona para reduzir a impedância e

recolher um sinal mais limpo. Foram utilizados eléctrodos

de AgCl de formato circular com diâmetro de 10mm. A

distância interelectrodos foi de 20mm;

c) De seguida cada indivíduo realizou um

aquecimento de cinco minutos no ciclo-ergómetro para

pré-activar as fibras musculares e prepará-las para o

esforço;

d) Foram colocados os eléctrodos fixando-os com

tape segundo Pincivero et al, (2001) e Rainoldi, Melchiorri

& Caruso, (2004): um eléctrodo bipolar em cada porção

muscular do quadricípite em estudo paralelamente às

fibras musculares e um eléctrodo monopolar (eléctrodo

aidéM oivseDoãrdaP omixáM ominíM

edadI 33,12 793,1 52 91

oseP 76,46 12,41 201 15

arutlA 07,1 311,0 50,2 06,1

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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terra) no pólo superior da rótula. O indivíduo repousou

cinco minutos antes do início da recolha do sinal para

minimizar a impedância da pele;

e) Seguidamente foram definidos os parâmetros do

protocolo do Biodex System 3. Foi programado em modo

de realização de teste para contracção isométrica do

quadricípite a 60º de flexão com um tempo de contracção

de cinco segundos e tempo de repouso de cinco segundos

durante três contracções isométricas do quadricípite

esquerdo. Este protocolo foi repetido para cada posição

angular da anca;

f) Cada elemento da amostra foi posicionado na

cadeira do dinamómetro isocinético com a anca a 180º de

extensão. O eixo de rotação do braço de alavanca da

cadeira coincidiu com o centro de rotação do joelho,

tomando como referência o côndilo externo do joelho;

g) Os indivíduos foram estabilizados com uma

banda sobre a cintura pélvica, duas no tórax cruzadas

entre si, uma fixada no terço distal da coxa esquerda e

outra no terço distal da perna cerca de 3 cm acima do

maléolo interno;

h) Antes de iniciar a medição da força máxima

isométrica, foi pedido ao indivíduo em teste que colocasse

os seus braços cruzados sobre o tórax, e durante a

medição foi dado feedback verbal e visual através do

monitor do dinamómetro isocinético de modo a incentivar

o elemento da amostra a realizar a sua força máxima. O

feedback verbal foi dado sempre pelo mesmo indivíduo;

i) Em cada indivíduo foram medidos o peak torque

e a actividade electromiográfica do quadricípite em cinco

posições da anca (180º, 140º, 110º, 100º, 90º). A frequência

de aquisição de electromiografia foi 2000 Hz. A ordem pela

qual foi medida a força do quadricípite em cada uma das

posições da anca foi preestabelecida. Assim os indivíduos

iniciaram o estudo com a anca a 180º (deitado) e

progrediram até à posição de sentado, ou seja, com a

anca a 90º. A posição angular da anca foi controlada

utilizando um goniómetro universal. O tempo de repouso

entre cada posição da anca foi de um minuto;

j) Durante o teste foi registado simultaneamente o

sinal electromiográfico das diferentes porções musculares

no computador e o peak torque do quadricípite

nodinamómetro isocinético. A sincronização do sinal EMG/

Torque no tempo foi feito através de um “led” numa

câmara de filmar, o qual nos permitiu saber o início e fim

de cada contracção de ambas as variáveis na mesma base

temporal.

k) Para análise do torque foi utilizado o peak torque

obtido na melhor das 3 contracções realizadas em cada

uma das posições da anca. O torque foi dado

automaticamente pelo software do dinamómetro

isocinético;

l) Para o tratamento do sinal electromiográfico

foram utilizados os dados da melhor contracção das 3

repetições. Foram apenas analisados os 3 segundos

intermédios da contracção muscular porque o primeiro e

último segundo são respectivamente o tempo necessário

para o estiramento e relaxamento do componente elástico

em série. A filtragem digital foi realizada segundo Rainoldi

et al, (2004) utilizando um filtro de baixas frequências de

10 Hz e um filtro de altas-frequências de 450 Hz. Depois

foi efectuada a rectificação da curva, ou seja, todos os

valores foram tornados absolutos. A suavização foi feita

através da função “smoothing” – “Moving Average” – 10

amostras. Foi efectuado a normalização em amplitude

relativamente ao máximo do sinal EMG de cada sujeito

da amostra. Seguidamente foi realizada a integração do

sinal e posteriormente retirado o valor do integral de cada

uma das porções musculares da melhor contracção. Este

foi o valor utilizado na análise estatística.

Análise dos dados

O tratamento dos dados foi realizado no programa

estatístico Statistical Package for the Social Sciences

(versão 13.0 para Windows, SPSS, Inc., Chicago, IL), e o

nível de significância considerado foi de 5%.

Inicialmente foram calculadas as medidas de tendência

central e de dispersão (médias, desvios padrão, limites

máximos e mínimos) para os valores de peak torque e

integral obtidos.

Dado o tamanho amostral de 15 indivíduos, foi realizado

o teste de Shapiro-Wilk para verificação da normalidade

das distribuições dos valores do torque e do integral.

Uma vez que os resultados demonstraram que não

estávamos perante uma distribuição normal, foi utilizado

o teste não paramétrico de Friedman, para verificar se

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 8

existiam diferenças significativas do torque do quadricípite

e da actividade electromiográfica entre as diferentes

posições da anca. Dado que este evidenciou diferenças

significativas procedeu-se à comparação das médias

através do teste de Wilcoxon.

Resultados

Como se pode verificar no Gráfico I, a média dos valores

de peak torque a 90º e 180º foi muito inferior à média

obtida nas posições de 100º, 110º e 140º.

Como se pode verificar no Gráfico II, a média do integral

não teve variações significativas em cada porção muscular

nas diferentes posições.

Gráfico 1: Valores médios em Newton.metro (N.m) do torque do quadricípite nos diferentes ângulos da anca (90º, 100º,110º, 140º, 180º).

Gráfico 2: Valores médios em milivolts (mV.s) da actividade do vasto interno, recto femural e vasto externo nos diferentes

ângulos da anca (90º, 100º, 110º, 140º, 180º).

Através do teste de Shapiro-Wilk constatou-se que os

valores do peak torque e do integral não seguiram uma

distribuição normal.

Posteriormente, aplicado o teste de Friedman, verificou-

se que existiam diferenças significativas (p=0,000<0,05)

do torque e da actividade electromiográfica em cada uma

das cinco posições testadas. Foi realizado então o teste

de Wilcoxon.

É possível constatar, através da análise dos valores de

prova (Tabela II) que existem diferenças significativas entre

os valores do peak torque obtidos com a anca a 100º e

90º (p=0,003), 110º e 90º (p=0,02), 100º e 180º (p=0,002),

110º e 180º (p=0,011) e 140º e 180º (p=0,001).

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Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 9

Tabela 3: Níveis de significância para o teste de Wilcoxon para a actividade muscular (i ) do vasto lateral (VL), rectofemural (RF) e vasto medial (VM) medido nas cinco posições da coxo-femural.

Tabela 2: Níveis de significância do teste de Wilcoxon para o torque (T) medido nas diferentes posições da anca.

Não existem diferenças significativas entre as posições

de 100º e 110º (p=0,615), 100º e 140º (p=0,173), 110º e

140º (p=0,147), 90º e 180º (p=0,427) e 140º e 90º

(p=0,221).

Aplicado o teste, pode-se verificar através dos valores de

prova (tabela III) que não existem diferenças significativas

entre a actividade electromiográfica tanto para o recto

femural como para o vasto interno nas cinco posições da

anca. No que diz respeito ao vasto externo verificou-se

existirem diferenças significativas entre a actividade

electromiográfica registada aos 180º e 110º (p=0,041).

Discussão

Existem alguns factores limitantes neste estudo e assim

torna-se relevante referi-los.

A validade interna poderá estar limitada pelo facto de não

ter sido usado a melhor forma de sincronização do sinal

EMG/Torque por impossibilidade de adquirir o material

adequado.

A validade externa poderá estar limitada pelo facto de a

amostra ser de conveniência e constituída por um número

reduzido de indivíduos. Assim, não podemos generalizar

os resultados do estudo à população alvo.

Neste estudo foi possível verificar que a anca a 100º ou a

110º contribuiu para um aumento do torque do quadricípite

em relação às posições de 90º, 140 e 180º sendo que o

torque máximo foi encontrado aos 100º. Isto está de acor-

do com Pavol & Grabiner (2000), que apenas verificaram

a variação da força muscular do quadricípite em duas

amplitudes da anca (110º e 180º), sendo esta significati-

vamente superior aos 110º.

º09T-º001T º09T-º011T º09T-º041T º09T-º081T º001T-º011T

edrolaV)p(avorP 300,0 020,0 122,0 724,0 516,0

º001T-º041T º001T-º081T º011T-º041T º011T-º081T º041T-º081T

edrolaV)p(avorP 371,0 200,0 741,0 110,0 100,0

º09T-º001T º09T-º011T º09T-º041T º09T-º081T º001T-º011T

edrolaV)p(avorP

LV 000,1 724,0 588,0 383,0 694,0

FR 906,0 196,0 906,0 677,0 677,0

MV 677,0 019,0 056,0 493,0 064,0

º001T-º041T º001T-º081T º011T-º041T º011T-º081T º041T-º081T

edrolaV)p(avorP

LV 337,0 651,0 651,0 140,0 211,0

FR 724,0 377,0 906,0 056,0 196,0

MV 677,0 383,0 652,0 001,0 191,0

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 10

Os resultados do presente estudo estão tembém de acordo

com Rochette, Hunter, Place & Lepers (2003), que

verificaram um torque do quadricípite significativamente

superior na posição de sentado quando comparado com

a posição de deitado.

Os resultados deste estudo estão em parte de acordo com

Currier (1977). Este autor afirma que os torques nas

posições da anca entre 110º e 130º são significativamente

superiores às restantes não havendo grandes diferenças

entre si. Está em desacordo porque refere que a posição

de 100º da anca apresenta força do quadricípite menor e

que não é suficiente para tirar partido da relação

comprimento/tensão muscular do recto femural.

Por outro lado, este estudo está em desacordo com os

resultados de Bohannon et al, (1986), que compararam o

torque do quadricípite na posição de sentado e na posição

de semi-reclinado e referiram não haver diferenças

significativas entre as duas posições.

No que diz respeito à actividade electromiográfica das

porções musculares do quadricípite nas diferentes

posições da anca verificou-se que tanto o recto anterior

(actividade máxima aos 100º) como o vasto interno

(actividade máxima aos 140º) não variaram

significativamente entre as diversas posições da anca

enquanto que o vasto externo (actividade electromiográfica

máxima aos 110º) variou significativamente apenas entre

as posições de 110º e 180º. Isto está em parte de acordo

com os resultados de Hasler et al, (1994), que verificaram

que a actividade electromiográfica do recto femural não

variou significativamente ao longo das diferentes posições

da anca (90º, 112º, 135º, 157º, 180º). No entanto, a

actividade electromiográfica do vasto externo aumentou

significativamente nas posições de 90º e 180º e a do vasto

interno registou valores significativamente superiores aos

90º da anca, contrariando os valores do presente estudo.

Contudo, tendo como base os estudos realizados e os

dados obtidos no presente estudo, a posição da anca entre

os 100º e os 110º seria útil quer num momento de avaliação

muscular, sendo possível obter de facto a força máxima

do quadricípite, quer num plano de fortalecimento, pois

nesta posição o indivíduo é capaz de gerar maior tensão

muscular e entra em fadiga mais tarde (Fitch & McComas,

1985).

Possivelmente esta deverá ser a amplitude em que os

sarcómeros se encontram num comprimento mais eficaz

para a produção de força.

Assim, será possível tirar maior proveito do fortalecimento

muscular, fundamental em fisioterapia no desporto para

promover o retorno do atleta mais rapidamente possível à

prática desportiva.

Conclusões

A posição angular da anca influencia o valor do peak torque

produzido pela contracção isométrica máxima voluntária

do quadricípite. No entanto, não influencia a actividade

electromiográfica com excepção do vasto externo com a

anca a 180º, apresentando menor actividade quando

comparado com a posição a 110º.

Os resultados deste estudo são relevantes para a

fisioterapia no desporto no que diz respeito à avaliação

da força e na fase inicial do fortalecimento e reabilitação

de um determinado atleta visto terem sido realizadas

contracções isométricas. Uma vez que o músculo entra

em fadiga mais tarde quando trabalhado no comprimento

“ideal” (Fitch & McComas, 1985) achamos pertinente a

realização deste estudo.

Seria interessante realizar este mesmo estudo em atletas

realizando contracções concêntricas ou excêntricas pois

numa fase mais avançada da reabilitação são utilizados

principalmente estes tipos de contracção muscular.

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Artigo recebido a: 03 de Março de 2007

Artigo revisto a: 26 de Outubro de 2007

Aceite para publicação a: 14 de Novembro de 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 12

Introdução

A importância dos fisioterapeutas no seio do corpo

Importância da Intervenção do Fisioterapeuta no Tempo de Paragemapós Entorse do Tornozelo. Um Estudo em Basquetebolistas da Liga

Profissional Portuguesa

Maria António Castro1 , Manuel António Janeira2 , João Madail3 , Orlando Fernandes4

Fisioterapeuta. Mestre em Ciências do Desporto - Actividade Física Adaptada. Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – InstitutoPolitécnico de Coimbra1 - Correspondência para: [email protected]

Doutor em Ciências do Desporto. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto2

Fisioterapeuta. Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – Instituto Politécnico de Coimbra3

Licenciado em Educação Física. Mestre em Treino de Alto Rendimento. Faculdade de Desporto da Universidade de Évora4

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 13

ARTIGO ORIGINAL

Resumo

Introdução: No basquetebol, a lesão por entorse do tornozelo é, altamente limitante para o atleta e obriga a bastante tempo deparagem. Relevância: Um dos aspectos relevantes da intervenção do fisioterapeuta remete para a necessidade da redução do tempode paragem dos atletas, face às lesões ocorridas na prática desportiva. Objectivos: Os objectivos do presente estudo efectuado embasquetebolistas da Liga Profissional Portuguesa durante duas épocas consecutivas foram: (i)Avaliar o tempo de paragem dos atletasapós entorse do tornozelo em função da gravidade da lesão; (ii)Comparar a gravidade da entorse do tornozelo e os tempos deparagem após lesão em basquetebolistas pertencentes a equipas que dispõem do apoio permanente de fisioterapeuta e em equipasque não dispõem deste apoio. Metodologia: A amostra de atletas que sofreram entorse (n=81) foi dividida em dois grupos: umpertencente a equipas com fisioterapeuta (CF—n=44) e outro sem fisioterapeuta (SF—n=37). Resultados: As comparações entregrupos (CF vs. SF) evidenciaram diferenças estatisticamente significativas relativamente aos tempos de paragem, para a totalidadeda amostra (CF—3.7±4.04dias vs. SF—12.57±24.28dias; p=0.040), bem como por gravidade de entorse, ligeiro (CF—1.46±1.91diasvs. SF—3.2±2.24dias; p=0.006) e grave (CF—7.83±3.43dias vs. SF—41.12±41.13dias; p=0.011). Discussão e Conclusões: A entorsedo tornozelo afecta cerca de 50% dos atletas em estudo e o tempo de paragem que provoca aumenta proporcionalmente à maiorgravidade da lesão. Os resultados mostram inequivocamente a importância da intervenção do fisioterapeuta na redução do tempode paragem dos atletas após entorse, quer do ponto de vista da apreciação global, quer da apreciação da gravidade da lesão.

Palavras Chave: entorse do tornozelo, basquetebol, fisioterapeuta, tempo de paragem

Abstract

Introduction: In basketball, an ankle sprain is a very common injury that keeps athletes out of practice for a long time. Relevance:Among other things, the existence of sports’ physiotherapists in a team is justified by the need of reducing the time lost after an injury.Objectives: The aim of this study on Portuguese championship professional basketball players is to: (i) evaluate athletes’ lost timeafter an ankle sprain according to the severity of their injury; (ii) compare the time lost after an ankle sprain in teams with or withoutphysiotherapists and according to the injury’s severity. Methods: The sample of athletes with an ankle sprain (n=81) was divided intotwo groups: one of those which had a physiotherapist on their team (CF-n=44) and another one without physiotherapist (SF-n=37).Results: Comparing the groups (CF vs. SF) showed significant statistical differences in the time lost after an ankle sprain (CF-3.7±4.04days vs. SF—12.57±24.28 days; p=0.040). When analysed by severity both mild (CF-1.46±1.91 days vs. SF-3.2±2.24 days; p=0.006)and severe ankle sprains (CF-7.83±3.43 days vs. SF-41.12±41.13 days; p=0.011) showed significant statistical differences in the timelost. Discussion & Conclusions: During our study, half of all basketball players suffered an ankle sprain, although the number ofankle sprains tended to diminish as the injury’s severity increased. It has become evident that the time lost by athletes after an anklesprain in teams working with physiotherapists is largely smaller than in teams without physiotherapists. This was observed when anklesprains were analysed in general and when they were divided into the existing severity grades.

Key-words: ankle sprain, basketball, physiotherapist, time lost

técnico de equipas de alta competição é hoje uma

realidadee o basquetebol tem de tal sido um exemplo

pioneiro. Nesta modalidade em Portugal, cerca de

60% das equipas que participam na Liga Profissional de

Clubes incluem na sua equipa técnica um ou mais fisiote-

rapeutas com funções permanentes junto do corpo de atle-

tas. De igual modo, outras equipas de diferentes divisões

nacionais mantêm ligações privilegiadas com fisioterapeu-

tas ou com gabinetes privados servidos por estes profis-

sionais e que disponibilizam serviços de fisioterapia. Tam-

bém as selecções nacionais, masculinas e femininas, de

diferentes escalões competitivos recorrem aos serviços

profissionais dos fisioterapeutas, que incluem um acom-

panhamento sistemático a treinos e jogos durante os pe-

ríodos de concentração das equipas para a preparação

das competições. Esta intervenção, mais ou menos siste-

mática, reflecte a preocupação de todos os agentes en-

volvidos no fomento do basquetebol em conseguirem

potencializar ao máximo o rendimento dos seus jogado-

res e das suas equipas através de cuidados particulares

no campo da prevenção e da recuperação das lesões. As

lesões músculo-esqueléticas mais frequentes em

basquetebolistas são as que afectam as extremidades dos

membros inferiores e incluem contusões, roturas

ligamentares e musculares, inflamações músculo-

tendinosas, fracturas e luxações (Baumhauer, Alosa,

Renstrom, Trevino & Beynnon,1995; Butcher, et al.,1996).

A ocorrência destes tipos de lesões tem a ver com as par-

ticularidades específicas do jogo de basquetebol, ou seja

com os locais onde o jogo decorre, com os materiais com

que se lida e com os próprios constrangimentos do jogo.

De facto, o basquetebol é um jogo que privilegia a força

explosiva, praticado num espaço físico muito reduzido e

desenvolvendo-se em movimentos que requerem brus-

cas mudanças de velocidade e de direcção, rotações sú-

bitas e inúmeros saltos, o que, necessariamente, implica

variadíssimas situações de contacto físico não sanciona-

das pelas regras. Nesta modalidade desportiva, a lesão

por entorse do tornozelo não é só a mais frequente e a

que obriga a mais tempo de paragem, como também uma

das mais limitantes para o atleta. Um dos aspectos mais

relevantes da intervenção profissional do fisioterapeuta

tem a ver com a necessidade da redução do tempo de

paragem dos atletas, face às lesões que estes desenvol-

vem durante a prática desportiva. Todavia, a pertinência

deste assunto não está ainda devidamente esclarecida

14Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

literatura nacional. De facto, desconhecem-se quais os

benefícios efectivos que o acompanhamento em

permanência dos fisioterapeutas acarretam nas equipas

onde intervêm. Neste contexto, foram dois os objectivos

do nosso estudo: (i) Avaliar o tempo de paragem dos

atletas após entorse do tornozelo em função da gravidade

da lesão; (ii) Comparar a gravidade da entorse do tornozelo

e os tempos de paragem após lesão em basquetebolistas

pertencentes a equipas que dispõem do apoio permanente

de fisioterapeuta e em equipas que não dispõem deste

apoio.

Metodologia

A população foi constituída pelos basquetebolistas

pertencentes à totalidade das equipas da Liga Profissional

Portuguesa que disputaram os campeonatos em duas

épocas consecutivas. Destes, incluíram-se no estudo

exclusivamente aqueles que sofreram entorses do

tornozelo ao longo das épocas desportivas. A amostra

constituída por 81 jogadores seniores de basquetebol foi

dividida em dois subgrupos. Um, que incluía os atletas

pertencentes a equipas cujo corpo técnico dispunha dos

serviços de um fisioterapeuta (CF- n=44); o outro, que

incluía os atletas pertencentes a equipas cujo corpo técnico

não dispunha deste apoio (SF- n=37). Foram considerados

critérios de inclusão na amostra, fazer efectivamente parte

do conjunto de jogadores habitualmente convocados para

os jogos das suas equipas e terem sofrido pelo menos

uma entorse do tornozelo durante as duas épocas em

análise, na sequência da prática desportiva,

independentemente do facto de a lesão ter ocorrido

durante os treinos ou na competição. Os valores médios

de idade, peso e altura dos indivíduos em estudo são de

24.9± 3.72 anos, 90.55±11.7 kg e 193.7± 9.25 cm,

respectivamente.

A recolha de informação foi efectuada com recurso a um

questionário auto- administrado que indagava acerca (i)

da idade, peso e altura dos atletas; (ii) do volume de treino;

(iii) da posição específica em campo e do uso de

protecções articulares; (iv) da ocorrência de entorse do

tornozelo, gravidade e tempo de paragem motivado por

essa lesão e (v) se pertenciam ou não a equipas que

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 15

Quadro 1 – Entorses do tornozelo sofridas pela amostra

dispunham do acompanhamento permanente de

fisioterapeuta. A informação acerca da existência de

acompanhamento permanente de fisioterapeuta foi

cruzada com a informação fornecida pelos clubes e pelos

registos da Federação Portuguesa de Basquetebol.

Foram considerados indicadores em estudo, o tempo de

paragem do atleta, expresso em número de dias que o

mesmo esteve impedido de treinar e/ou jogar por motivo

de entorse do complexo articular do tornozelo, a gravidade

da entorse do tornozelo e o acompanhamento da equipa

ser realizado ou não por fisioterapeuta.

Foram consideradas as entorses de gravidade ligeira (GI),

moderada (GII) e grave (GIII). Para as comparações entre

grupos recorremos ao teste de Mann-Whitney e para as

comparações inter-grupo por graus de entorse, recorremos

ao teste de Kruskal-Wallis, ambos para medidas

independentes. O nível de significância foi estabelecido

em 5%.

Resultados

Na análise dos resultados obtidos sobressai o elevado

número de atletas que sofreram entorses do tornozelo

(49.7%) o que ilustra bem, a relevância deste tipo de

traumatismo para os basquetebolistas estudados. Quando

avaliada em função do volume de treino a incidência de

entorse apresenta o valor de 0,76 por 1000 horas de treino,

mostrando claramente a importância da entorse do

tornozelo na prática do basquetebol.

As entorses de tornozelo que predominaram nos

basquetebolistas lesionados (n=81) foram as que se

enquadram como mais graves seguidas das mais ligeiras.

Quando analisadas separadamente, em função dos

grupos com fisioterapeuta (CF) e sem este profissional

(SF), constatamos que a progressão em número

inversamente proporcional à gravidade não ocorre (Quadro

1). Verificamos que nas equipas sem este profissional de

saúde ocorre maior número de entorses (60%) e ocorrem

mais entorses de maior gravidade. Com efeito, nas equipas

sem fisioterapeuta predomina a ocorrência de entorses

do tornozelo graves, ultrapassando largamente o número

de entorses ligeiras e moderadas. Este aspecto toma

especial relevância tanto ao nível da saúde do atleta como

da harmonia da própria equipa que deixa de poder contar

com os seus elementos lesionados.

É evidente também a relação entre a gravidade da lesão

e o tempo de paragem dos atletas ou seja, a entorses

Quadro 2 – Médias e desvios-padrão dos tempos de

paragem dos atletas avaliados por grau de entorse.

menos graves corresponde um tempo de paragem menor,

enquanto as entorses mais graves corresponde um tempo

de paragem mais dilatado (Quadro 2). Do ponto de vista

do tempo de paragem, as lesões de gravidade ligeira

implicam menor tempo de paragem que as de gravidade

moderada e estas menor tempo de paragem que as

graves, independentemente dos grupos em estudo, com

e sem fisioterapeuta.

Independentemente do grau da lesão, é evidente o menor

tempo de paragem dos atletas pertencentes a equipas com

esrotneedadivarG atueparetoisiFmoC)%(n

atueparetoisiFmeS)%(n

(oriegiL )%8.12(42 )%6.31(51

)n(odaredoM )%7.21(41 )%7.21(41

)n(evarG )%5.5(6 )%6.33(73

esrotneuarG n )said(PT

IuarG 93 1.7±31.2

IIuarG 82 7.6±40.6

)n(evarG )%5.5(6 )%6.33(73

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 16

fisioterapeutas relativamente ao outro grupo de atletas em

estudo. As comparações entre grupos, com fisioterapeuta

(CF) versus sem fisioterapeuta (SF) evidenciaram

diferenças estatisticamente significativas relativamente

aos tempos de paragem, para a totalidade da amostra

(CF-3.7±4.04 dias vs. SF-12.57±24.28 dias). A relevância

estatística avaliada pelo teste de Mann-Whitney (Z=-2.05,

p=0.040) expressa uma diferença de aproximadamente 8

dias para a recuperação dos atletas pertencentes aos dois

grupos em confronto. Para além destes resultados, refira-

se a elevada variabilidade do tempo de paragem dos

atletas que não tiveram apoio de fisioterapeutas, expressa

pelo valor do desvio padrão de ±24.28 dias.

Esta mesma tendência é verificada quando se avaliam os

tempos de paragem induzidos pela gravidade de entorse

do tornozelo nos dois grupos de atletas pertencentes a

equipas com e sem apoio permanente de fisioterapeutas

como se ilustra no gráfico seguinte.

À excepção do tempo de paragem provocado por entorses

de gravidade moderada (Z=-0.79, p=0.431), os valores

dos tempos de paragem decorrentes de entorses de

gravidade ligeira e grave revelam diferenças

estatisticamente significativas do grupo dos atletas com

apoio de fisioterapeuta relativamente aos que não o

possuem (ligeiro: Z=-2.72, p=0.006; Grave: Z=-2.53,

p=0.012).

De um modo muito específico, o contributo substancial do

fisioterapeuta no seio das equipas parece evidente se

atendermos, fundamentalmente, à diferença numérica

entre os tempos de paragem por entorses graves no seio

dos dois grupos em análise (cerca de 33 dias). As

comparações entre grupos (CF vs. SF), relativamente aos

tempos de paragem por grau de entorse, evidenciaram

diferenças estatisticamente significativas para a gravidade

ligeira (CF- 1.46±1.91 dias vs. SF-3.2±2.24 dias; Z=-2.72

dias, p=0.006) e grave (CF- 7.83±3.43 dias vs. SF-

41.12±41.13 dias; Z=-2.53, p=0.011). Relativamente às

entorses moderadas, os grupos expressaram semelhança

estatística (CF- 5.79±4.61 dias vs. SF- 6.29±8.43 dias;

Z=-0.79, p=0.431).

Discussão

Incidência e gravidade da entorse do tornozelo

Os resultados revelam que cerca de 49% da amostra

sofreu, durante as épocas desportivas em análise, pelo

menos uma entorse do tornozelo. Este valor corresponde

a uma frequência de entorse por mil horas de 0,76 para a

generalidade dos basquetebolistas portugueses

participantes no estudo. A partir da avaliação efectuada

parece inegável, a dimensão que a entorse do complexo

articular do tornozelo tem nos atletas em estudo (jogadores

de basquetebol profissionais da Liga Portuguesa de

Clubes - LCB). A importância destes valores afigura-se

Gráfico 1 – Tempo de paragem por gravidade de entrose do tronozelo

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Quadro 3 – Estudos sobre incidência de entorses do tornozelo em basquetebol

como um indicador relevante no planeamento da

prevenção das lesões em basquetebol. Nesta questão a

literatura parece ter consenso já que nos diversos estudos

em basquetebol a entorse surge como o tipo de lesão

mais frequente (Fong, Hong, Chan, Yung & Chan,2007;

Gomez, DeLee & Farney,1996; Harmer,2005; Messina,

Farney & DeLee,1999; NATA,1998; NCAA,2004a;

NCAA,2004b).Todavia, verificamos alguma disparidade de

valores na literatura acerca da incidência da entorse do

tornozelo, que estará certamente relacionada com vários

aspectos dos quais salientamos o facto de se usarem

diferentes formas de análise, apresentando o valor de

incidência por número de exposições do atleta à

modalidade, por número de dias de prática desportiva,

por horas ou minutos de participação desportiva. Para

além disso, os estudos reportam-se a diversos níveis

competitivos e, são efectuados com diferentes tempos de

duração. De facto, alguns destes autores estudaram

jogadores dos liceus americanos (Powell,1996; Smith &

Reischl,1986a) enquanto outros centraram a sua atenção

em populações de atletas profissionais (Leanderson,

Nemeth & Eriksson,1993). Por outro lado, alguns estudos

avaliam a incidência da entorse durante uma época

desportiva (Powell,1996; Smith & Reischl,1986a) e

outrosdurante o curto período de tempo inerente a uma

competição (Martin, Yesalis, Foster & Albright,1987a). Um

segundo momento de interpretação destes resultados

prende-se também com o grau de prevenção a que os

jogadores estarão sujeitos.A literatura tem vindo a

esclarecer o facto de os vários tipos de protecção para a

articulação do tornozelo (Bahr & Bahr,1997; Beynnon,

Murphy & Alosa,2002; Handoll, Rowe, Quinn & de

Bie,2001; Osborne & Rizzo,2003; Parkkari, Kujala &

Kannus,2001; Quinn, Parker, de Bie, Rowe &

Handoll,2000; Rosenbaum, et al.,2005; Thacker, et

al.,1999; Verhagen, van Mechelen & de Vente,2000)

constituírem verdadeiras protecções na ocorrência de

entorse, especialmente da sua reincidência ou ainda da

ocorrência de entorses de maior gravidade. Por essa

razão, alguns países obrigam mesmo os atletas a utilizar,

no jogo e no treino, protecções do tornozelo. De facto no

presente estudo a relação entre a ocorrência de entorse

e o uso de material de protecção revelou-se muito

significativa sendo a ocorrência desta lesão muito mais

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 17

rotuA ovititepmoClevíN n olezonrotodsesrotneedaicnêdicnI

a6891,lhcsieR&htimS laeciL 48 %07

a7891,thgirblA&retsoF,silaseY,nitraM roinúJ 743 %23

2991,regnirrofP&tsaG,refiefP ebulc 374 %6,42

3991,nosskirE&htemeN,nosrednaeL oãsividª2 69 )saroh0001/5,5(%29

6991,llewoP laeciL 0056 %83

)7991,dlanoDcM&rekcirF,yekciH aninimeFoãçceleS 94 %1,21

0002,rerraH&yeraC,aesoH oirátisrevinU/laeciL 08711 %9

1002,nostaW&sekaO,enyaP,eidloG,yaKcM ovitaerceR 063 seõçapicitrap0001/58.3

5002,rellaP&asolA,yhpruM,kecaV,nonnyeB oirátisrevinU/laeciL *109 oãçisopxesaid0001/86.0

odutseetneserP )lagutroP(lanoissiforP 361 )h0001/67,0(%7,94

sedadiladomsartuoelobeteuqsab*

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

baixa em atletas que usam protecção.

Para além dos aspectos anteriormente referidos,

verificamos no estudo realizado que nas equipas com

apoio permanente de fisioterapeutas, se verificam menos

entorses do tornozelo e que quando esta lesão ocorre ela

é com mais frequência de gravidade ligeira e moderada.

A relevância deste aspecto prende-se com a possibilidade

de nas equipas, os fisioterapeutas introduzirem medidas

preventivas de ordem diversa e promoverem essa

intervenção de cariz preventivo junto de treinadores e

atletas. Desde a utilização de meios externos de protecção

como sejam as ortóteses e as ligaduras funcionais, até à

implementação de programas de treino proprioceptivo

(Thacker, et al.,1999), as equipas com apoio permanente

de fisioterapeuta beneficiaram da redução do número de

entorses ocorridas. De referir ainda será a maior facilidade

no retorno à prática desportiva por parte dos atletas cuja

equipa dispõe de um fisioterapeuta para adequar a carga

de treino à condição clínica do atleta (Wolfe, Uhl, Mattacola

& Mccluskey,2001 )

Tempo de Paragem após lesão

Os níveis de sucesso desportivo são largamente

condicionados pela forma ajustada como o treinador toma

decisões em campos determinantes do processo de

orientação desportiva, dos quais, os cuidados clínicos e a

prevenção das lesões, são aspectos fundamentais

(Janeira,1998). Nesta abrangência, os tempos de

paragem, após lesões de diferentes gravidades,

constituem-se como uma das preocupações mais

importantes de treinadores e atletas. Os “custos” das

lesões e, consequentemente, a ausência dos atletas na

competição obrigam o treinador a equacionar a

importância deste efeito aditivo (lesão + tempo de

paragem), com repercussões no rendimento competitivo

das equipas (Amorim, Morais, Oliveira & Mamede,1989;

Comas,1991; Knight,1985; Stone & Steingard,1993) e,

muitas vezes, na integridade psicológica do

atleta(Smith,1996).

Na literatura revista (Baumhauer, Alosa, Renstrom, Trevino

& Beynnon,1995; Ellison,1995; Loosli, Requa, Garrick &

Hanley,1992; Watson & Ozanne-Smith,2000) foi possível

perceber que a maior gravidade da entorse requer tempos

de paragem mais dilatados, independentemente da

modalidade desportiva em causa e com referência

exclusiva a esta situação traumática e não à globalidade

das lesões (Voleibol: ligeira<7, moderada [8,21] e

grave>21; Futebol: ligeira <7, moderada [8,21] e Grau

III>21; Hóquei: ligeira <7 moderada >7)(NATA,1998). Do

mesmo modo, os nossos resultados confirmam os tempos

diferenciados de paragem dos atletas face à diferente

gravidade de entorse. Grosso modo, e em referência à

globalidade da amostra, as entorses de gravidade ligeira

provocaram, em média, tempos de paragem de 2 dias, as

moderadas tempos de paragem médios entre 4 e 12 dias,

enquanto as entorses graves provocaram tempos de

paragem médios superiores a 26 dias. Relativamente a

este assunto, a literatura referente ao jogo do basquetebol,

confirma os resultados do nosso estudo (Starkey, 2000).

De facto, Smith & Reischl (1986b) ao estudarem as

entorses do tornozelo em basquetebolistas americanos,

referem tempos de paragem, por grau de entorse,

semelhantes aos identificados no presente estudo.

Resultados afins foram encontrados por Bahr, Karlsen,

Lian & Ovrebo (1994), num estudo acerca da incidência

deste tipo de lesão em jogadores de voleibol.

Importa clarificar que tempos de paragem e tempos de

recuperação são questões substancialmente diferentes.

Por tempo de paragem, entende-se o período em que o

atleta está ausente da prática desportiva devido a uma

qualquer lesão, independentemente das estruturas

anatómicas lesadas, estarem completamente

recuperadas. Como se sabe, o retorno à prática desportiva

acontece, muitas vezes, sem que a recuperação

anatomofisiologica esteja completa. Ou seja, no caso

específico da entorse do tornozelo, a noção de retorno à

prática não é sinónimo de recuperação completa das

estruturas anatómicas envolvidas. Por tempo de

recuperação entende-se o período que decorre desde o

momento da lesão até ao restabelecimento total das

estruturas anatómicas lesadas. É nesta dupla dimensão

que a intervenção dos fisioterapeutas tem sido apontada

como decisiva, no âmbito da preparação desportiva

(Araújo,1986; Oliveira,1990). Para Garrick, Schelkun. &

Heinz (1997), o tempo de paragem por entorse do

tornozelo situa-se entre 3 dias e 6 semanas, valores

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 18

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

coincidentes com o actual estudo. Pese embora esta

igualdade nos tempos de paragem após lesão, a questão

que se coloca tem a ver com a importância que a presença

do fisioterapeuta na equipa desportiva poderá ter na

modificação desses mesmos tempos de paragem, após

lesão dos atletas. Os resultados do presente estudo

sustentam, claramente, a importância do fisioterapeuta na

diminuição dos tempos de paragem dos atletas com

entorses do tornozelo e, também, na diminuição dos

tempos de paragem por gravidade da lesão. Dos 81

indivíduos constituintes da nossa amostra, 44 pertenciam

a equipas com apoio permanente de fisioterapeutas e 37

a equipas sem este tipo de apoio. Ainda assim, foi possível

verificar a diminuição significativa dos tempos de paragem,

após lesão, nos atletas apoiados por fisioterapeutas,

relativamente aos que não possuíam este apoio (3.70±4,0

dias vs 12.57±24.3 dias). Assim, os resultados deste

estudo parecem sugerir que a intervenção do

fisioterapeuta diminui em cerca de três vezes o tempo de

paragem dos atletas, após lesão. Por outro lado, centrando

a apreciação em torno da gravidade da entorse, a

comparação entre o tempo de paragem nos dois grupos

em estudo (com fisioterapeuta e sem fisioterapeuta) vai

ao encontro dos resultados anteriormente expressos. Os

tempos de paragem dos atletas com apoio dos

fisioterapeutas são, efectivamente, sempre menores em

todos os níveis de gravidade de entorse e com relevância

estatística para os tempos de paragem após entorses de

gravidade ligeira (p=0.006) e grave (p=0.012).

As diferenças, atrás mencionadas, poderão esclarecer o

papel decisivo do apoio permanente do fisioterapeuta aos

atletas de basquetebol. A abrangência deste apoio pode-

rá manifestar-se segundo três níveis. Um, relacionado com

a prevenção da lesão, feita de um modo sistemático, por

exemplo através do aconselhamento de ortóteses, que

possam diminuir a incidência da entorse, e através da par-

ticipação activa no treino, trabalhando no sentido de me-

lhor “apetrechar” fisicamente os jogadores, para que a en-

torse do tornozelo possa ser evitada, nomeadamente atra-

vés do treino proprioceptivo. A outra, relacionada com a

especificidade do tratamento, domínio evidente da inter-

venção qualificada do fisioterapeuta. Por último, a

integração progressiva do atleta no treino, adequando de

forma particular o movimento efectuado pelo atleta às

capacidades da estrutura em recuperação, só possível,

também, com a presença deste profissional. Corroboran-

do estas posições, Powell (1996) verificou num período

de 10 anos que a presença do fisioterapeuta nas equipas

desportivas conduziu a uma redução elevada da gravida-

de das lesões ocorridas durante os treinos e as

competições. Segundo este autor, lesões com tempos de

paragem superiores a sete dias, foram reduzidas em

cerca de 31% pela intervenção permanente do fisiotera-

peuta junto dos atletas pertencentes a diferentes

modalidades desportivas. Também Foster, Yesalis,

Ferguson & Albright (1989) verificaram a diminuição do

tempo de recuperação após lesão em 70% dos atletas

acompanhados por fisioterapeutas. Reforçando a ideia da

importância do fisioterapeuta junto das equipas

desportivas, Martin, Yesalis, Foster & Albright (1987b)

referem que, da totalidade das lesões ocorridas no Tor-

neio Olímpico de Basquetebol (Júnior), 75,9% foram tra-

tadas pelo fisioterapeuta, facto que evidencia o papel

determinante desempenhado por estes profissionais de

saúde na recuperação dos atletas e favorece a

perspectiva da sua intervenção em primeira instância. Os

autores (Martin, Yesalis, Foster & Albright,1987b) questi-

onam mesmo a importância do apoio médico de forma

permanente em torneios desta natureza e sugerem, em

alternativa, o apoio permanente do fisioterapeuta. A

justificação desta sugestão tem a ver com o facto de

somente uma pequena parte dos atletas (4%) ter

necessitado de cuidados médicos, em oposição com o

elevado número de atletas (75,9%) que necessitaram

de cuidados fisioterapêuticos.

Conclusões

Da globalidade dos resultados por nós avaliados numa

população de basquetebolistas, decorre um conjunto de

constatações fundamentais, relativamente à incidência da

entorse do tornozelo, à sua gravidade e aos tempos de

paragem que esta lesão provoca nos jogadores. Afigura-

se relevante na população de basquetebolistas estudados,

a forte incidência da entorse do tornozelo. De facto, cerca

de 50% dos atletas em estudo sofreram, pelo menos, um

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 19

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

traumatismo desta natureza durante as duas épocas

competitivas avaliadas. Por outro lado, os resultados

revelaram de uma forma substantiva, que a importância

da intervenção do fisioterapeuta na redução do tempo

de paragem dos atletas após entorse do tornozelo é

manifesta, quer do ponto de vista da apreciação global,

quer do ponto de vista da apreciação da gravidade da

lesão. O que aqui se pretende sublinhar é que, de facto, e

a partir exclusivamente dos resultados do estudo

efectuado, as equipas parecem ter vantagem em dispor

dos serviços de um fisioterapeuta em permanência, visto

parecer ser possível que os seus cuidados, promovam

uma alteração nas consequências das lesões. Na

generalidade das entorses ocorridas, as equipas com

apoio permanente de fisioterapeutas viram os seus atletas

ser privados da prática de basquetebol, durante 4 dias ao

passo que nas equipas sem este apoio os atletas estiveram

ausentes 13 dias.

Deste modo torna-se evidente a importância da inclusão

de um fisioterapeuta na equipa técnica dos clubes. No

domínio da preparação desportiva, a intervenção do

fisioterapeuta mostra-se indispensável na formulação, em

conjunto com o treinador e toda a equipa, de um plano de

prevenção e de recuperação das lesões do atleta.

Acreditamos que os resultados do presente estudo

poderão constituir-se como um conjunto de referências

que, de facto, expressem bem a qualidade da intervenção

do fisioterapeuta e das vantagens que a sua presença

permanente representa para os atletas e para as equipas.

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Artigo recebido a: 23 de Maio de 2007

Artigo revisto a: 21 de Agosto de 2007

Aceite para publicação a: 26 de Outubro de 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 22

PUB

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

23

Introdução

As fracturas e luxações do pé e tíbio-társica estão entre

as lesões mais frequentes do sistema músculo-esquelético

(Henning, 1998; Lynch 2002; Relvas 1990; Sanderlin &

Contributo para a Adaptação e Validação do Instrumento de Medida,Foot And Ankle Outcome Score (FAOS), para a Realidade Portuguesa

Felipe Domingues1, José Esteves2 , José Pascoalinho Pereira3

Fisioterapeuta.Centro de Saúde de Sacavém1

Correspondência para: [email protected]

Fisioterapeuta. Professor Adjunto da Escola Superior de Saúde do Alcoitão. Prática Privada 2

Fisioterapeuta. Professor Coordenador da Escola Superior de Saúde do Alcoitão 3

ARTIGO ORIGINAL

Resumo

Introdução: Sendo as lesões do complexo articular pé e tíbio-társica das mais comuns na sociedade, torna-se necessária a existênciade um instrumento de medida adaptado e validado que permita avaliar a funcionalidade do pé e tíbio-társica. Objectivo: Contribuir paraa validação e adaptação cultural e linguística de um instrumento de medida, a escala de avaliação da funcionalidade da articulaçãotíbio-társica e pé “Foot and Ankle Outcome Score (FAOS)” desenvolvida por Roos EM, Brandsson S, Karlsson J. (2001). Relevância:Permitir a utilização deste instrumento de medida validado e adaptado à população/realidade Portuguesa. Metodologia: Numa primeirafase procedeu-se à tradução por intermédio de 2 tradutores bilingues, seguido da retroversão por intermédio de 2 tradutores bilinguese posterior aprovação da autora original Ewa Roos da versão consenso Inglesa obtida. Na 2ª fase realizou-se a adaptação culturalatravés da verificação das características métricas validade de conteúdo pelo painel de peritos, e da fiabilidade intra-observador porteste-reteste através do intra class correlation (ICC) e da consistência interna através do Alpha de Cronbach (á) numa amostra de 35utentes. Resultados: Cada sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diária; funcionalidade, desporto e actividades de lazer;qualidade de vida), obteve bons indicadores de fiabilidade intra-observador (ICC = 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936) e bons indicadoresde consistência interna (á = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893). Conclusão: A versão final portuguesa da FAOS na amostra utilizadapossui bons índices de validade de conteúdo, de fiabilidade intra-observador e de consistência interna.

Palavras-chave: Avaliação em fisioterapia; adaptação cultural de instrumentos; FAOS; tíbio-társica e pé; funcionalidade.

Abstract

Introduction: As the foot and ankle complex injuries are one of the most common injuries in society, it becomes necessary to have asuitable and validated instrument of measure that allows the evaluation of the foot and ankle functionality. Objective: To give onecontribution to cultural and linguistic validation and adaptation of a measure instrument, the evaluation scale of the foot and anklefunctionality “Foot and Ankle Outcome Score (FAOS)” developed by Roos EM, Brandsson S, and Karlsson J. (2001) Relevance: Toallow the use of this measurement instrument adapted and validated to the Portuguese population\reality. Methods: At the 1st phase, thetranslation was preceded by 2 bilingual translators, followed by the back translation preceded by 2 others Bilingual translators and lateron it was gotten the approval form the original author Ewa Roos of the gotten English consensus version. At the 2nd phase was made acultural adaptation through the verification of the metric characteristics, the content validity, the reliability intra-observer for test-retest byintraclass correlation (ICC) and the internal consistency through the Cronbach Alpha (á). Results: Each sub-scale (symptoms; pain;functionality, daily life; functionality, sport and activities of leisure; quality of life) had good scores for reliability intra-observer (ICC =0,876, 0,828, 0,909, 0,894 and 0,936) and good scores for internal consistency (á = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 and 0,893). Conclusion:The Portuguese ending version of the FAOS in the used sample, possess good content validity, reliability intra-observer and internalconsistency.

Key words: physiotherapy evaluation; instruments cultural adaptation; FAOS, foot and ankle; functionality.

Raspa 2003). Robbins & Waked (1998) afirmam que,

apesar de as lesões da tíbio-társica ocorrerem

frequentemente durante a locomoção normal, elas são

provavelmente mais comuns no desporto. Segundo Rego,

Reis e Oliveira (2007), em Portugal, na época de

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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2005/2006, as lesões em ginastas de competição

afectaram maioritariamente o membro inferior, sendo a

seguir ao joelho, o pé, dedos e tornozelo as regiões

anatómicas mais lesionadas. Nyska & Mann (2002)

referem que as lesões laterais da tíbio-társica ocorrem

predominantemente nas populações jovens e masculina

e as lesões do médio-pé ocorrem predominantemente na

população mais idosa e feminina. Estes autores referem

que 45% das lesões ocorrem em actividades desportivas,

20% durante jogos e 16% em trabalho.

Daqui se depreende a existência de uma enorme

quantidade de utentes a requerer diariamente a

intervenção dos Fisioterapeutas para a resolução de

problemas relacionados com o pé e tíbio-társica. Assim

sendo, torna-se necessário a existência de um instrumento

de medida devidamente creditado para a avaliação da

funcionalidade do pé e tíbio-társica.

Os instrumentos de medida, devem de possuir certas

características métricas no sentido de garantirem uma boa

qualidade da medida para que estas nos permitam formular

conclusões válidas. Assim sendo, de acordo com a

literatura consultada, Rothstein (1985), Sim e Arnell (1993),

Cole, Finch, Gowland, Mayo (1994), Ferreira e Marques

(1998), Fitzpatrick et al (1998), Finch et al (2002), as

principais características métricas são a fiabilidade,

validade e a sensibilidade.

Apesar de existirem alguns critérios de selecção de

instrumentos de medida de diferentes autores, a confusão

parece ser considerável quando se pretende seleccionar

um instrumento de medida que avalie a funcionalidade da

tíbio-társica e pé. Exemplo disso é o trabalho de Schuh &

Hausel (2000), que alertam para o facto de que, a

publicação de vários e diferentes tipos de artigos sobre

lesões da tíbio-társica em que os resultados eram

avaliados com instrumentos de medida diferentes, torna

difícil ou mesmo impossível a comparação entre essas

publicações. Existem actualmente vários instrumentos de

medida publicados para medir a funcionalidade do pé e

tíbio-társica. No entanto, Akseki, Pinar, Bozkurt & Yaldiz,

(2002), após a comparação de 4 instrumentos de medida

usados em lesões da tíbio-társica, concluem que uma

pessoa com lesão da tíbio-társica pode apresentar uma

pontuação elevada num sistema e ao mesmo tempo pode

apresentar uma pontuação baixa noutro sistema de

avaliação.

Deste modo, salienta-se a importância e necessidade da

existência de um instrumento de medida que, contendo os

principais elementos métricos, seja também reconhecido

e utilizado a um nível internacional de modo a se obterem

resultados similares em condições similares permitindo

assim a comparação entre vários estudos de diferentes

origens.

Em 2001, Ewa Roos, em conjunto com os seus

colaboradores, publicou um artigo no qual apresenta o

instrumento de medida “Foot and Ankle Outcome Score

(FAOS)”. O conteúdo da FAOS baseia-se na Escala

Avaliativa da Osteoartrite (Knee injury and Osteoarthritis

Outcome Score (KOOS)) e foi desenvolvida para medir a

opinião dos pacientes sobre uma variedade de problemas

ligados à funcionalidade do pé e tíbio-társica. Este estudo

apresenta valores bastante elevados nas várias

características métricas estudadas. Na validade de

conteúdo, os pacientes não sugeriram questões adicionais

a acrescentar, todos os items foram considerados como

sendo pelo menos de alguma importância por mais de 67

% dos pacientes. Na validade de construção, segundo a

autora, obteve-se uma já esperada moderada correlação

(rs=0.58 a 0.67) quando se comparam as 5 sub-escalas

da FAOS com a escala Karlsson score. Na fiabilidade,

para cada sub-escala, (sintomas; dor; funcionalidade, vida

diária; funcionalidade, desporto e actividades de lazer;

qualidade de vida) foram obtidos os seguintes resultados:

na consistência interna o Alpha de Cronbach foi á = 0,88,

0,94, 0,97, 0,94 e 0,92; na fiabilidade intra-observador, o

coeficiente de correlação de Spearman foi 0.89, 0.96, 0.85,

0.92 e 0.92 e o coeficiente intra class correlation foi ICC =

0,86, 0,78, 0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala

respectivamente.

A FAOS é de auto-preenchimento pelo paciente e consiste

em 42 questões distribuídas em cinco sub-escalas: Dor,

Outros Sintomas, Funcionalidade na vida diária,

Funcionalidade no desporto e lazer, e Qualidade de Vida

relacionada com o pé e tíbio-társica. São apresentadas

opções estandardizadas de resposta e cada questão tem

uma pontuação de 0 a 4. É calculada uma pontuação

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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normalizada (100 indicando ausência de sintomas e 0

indicando sintomas extremos) para cada sub-escala. No

final obtém-se um score total através do somatório das

pontuações de cada sub-escala.

A FAOS apresenta como mais-valias o facto de ser uma

escala de avaliação simples, de aplicação relativamente

rápida (cerca de 10 minutos) e eficaz sem necessidade

de 1 observador, os dados são de fácil análise estatística

e interpretação, contando para isso o apoio dado pela

disponibilização on-line, no site www.koos.nu, de uma folha

de cálculo no programa EXCEL, com as devidas fórmulas

de cálculo já introduzidas, ou então, através da ficha de

pontuação manual da FAOS disponível no guia de

utilização da FAOS (para obter a versão traduzida do guia

de utilização da FAOS, deverá contactar via e-mail para

[email protected])”

A nível internacional, esta é uma escala que é utilizada

em diferentes estudos de investigação por diferentes

autores tais como: “Foot orthoses for the treatment of

plantar fasciitis” de Roos, Engstrom, Soderberg (2006) ou

“Twenty-six-year results after Brostrom procedure for

chronic lateral ankle instability” de Bell, Mologne, Sitler,

Cox (2006).

O presente estudo tem como objectivo geral contribuir para

a validação e adaptação do instrumento de medida “Foot

and Ankle Outcome Score (FAOS)” para a realidade

portuguesa através do processo de tradução e verificação

das características métricas validade de conteúdo, a

fiabilidade intra-observador e a consistência interna.

Metodologia

Este estudo do tipo metodológico, compreende uma 1ª

fase na qual se procedeu à tradução da FAOS e uma 2ª

fase na qual se verificaram as características métricas

validade de conteúdo, a fiabilidade intra-observador e a

consistência interna. Estes procedimentos só foram

realizados após a autorização da autora, da escala original.

Foram seleccionadas duas amostras. A primeira, que foi

seleccionada por conveniência e qualidade, constituiu o

painel de peritos, sendo formada por oito fisioterapeutas

e um médico, todos eles experts na área das condições

músculo-esqueléticas. Estes elementos possuem no

mínimo 4 anos de experiência na área, com várias

comunicações livres realizadas e, alguns com trabalhos

publicados em revistas científicas.

A segunda amostra constituiu a amostra de utentes e foi

obtida por conveniência sendo formada por 35 sujeitos,

24 utentes do sexo feminino e 11 utentes do sexo

masculino, com idades compreendidas entre os 11 e os

80 anos. Foram incluídos todos os sujeitos, que saibam

ler e escrever, que apresentem uma e qualquer patologia

músculo-esquelética na tíbio-társica e/ou pé e que se

traduza numa diminuição da funcionalidade desse sujeito.

Foram excluídos do estudo os sujeitos que foram não

colaborantes, possuíam alterações cognitivas ou que

apresentaram outros problemas associados que impediam

a avaliação de qualquer dos itens constituintes da escala

FAOS, ou preenchimento indevido da FAOS.

Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram um

questionário, especialmente elaborado para verificar a

validade de conteúdo, e a própria FAOS – versão

portuguesa, para verificar a fiabilidade intra-observador e

a consistência interna.

Os dados qualitativos obtidos junto ao painel de peritos,

foram tratados através da técnica de análise de conteúdo.

Os dados quantitativos, recolhidos através da FAOS, foram

tratados através da estatística descritiva utilizando o

programa “SPSS 14,0”. Foi utilizado o coeficiente de

correlação intra class (ICC) para análise dos dados obtidos

da aplicação do instrumento em momentos diferentes por

cada utente – fiabilidade intra-observador. A consistência

interna foi verificada através do coeficiente de Alpha

Cronbach (á).

PROCEDIMENTOS NA 1º FASE – Tradução

O processo de tradução e adaptação da escala FAOS

baseou-se nas linhas orientadoras apresentadas por

Beaton, Bombardier, Guillemin, & Ferraz (2002), para o

processo de adaptação intercultural de instrumentos de

medida. Com base nestas linhas realizaram-se cinco

passos distintos:

Passo I – Tradução inicial

Foram realizadas duas traduções independentes da FAOS

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 26

(T1 e T2) a partir da versão Inglesa para a língua

Portuguesa.

As duas traduções independentes foram realizadas por

tradutores bilingues que têm como língua mãe a língua

Portuguesa. O tradutor T1 é profissional de saúde e

conhecedor do tipo de conceitos do questionário. O

tradutor T2 não está ligado à área da saúde, de modo a

reflectir uma linguagem utilizada pela população comum.

Passo II – Sintetização das duas traduções

Uma terceira pessoa imparcial serviu de mediador na

discussão das diferenças de tradução obtendo-se numa

tradução de consenso (T12).

Passo III – Retroversão

Trabalhando a partir da versão T 12, o questionário foi

novamente traduzido para a língua Inglesa através de duas

retroversões independentes do instrumento (RV1 e RV2)

por tradutores bilingues que têm como língua mãe a língua

Inglesa.

Passo IV – Sintetização das duas retroversões

Cruzaram-se as duas retroversões entre si e elaborou-se

uma terceira versão – versão consenso inglesa.

Comparou-se a versão inglesa original com a versão

consenso Inglesa obtida, para verificar se havia diferenças

de significado entre elas.

Passo V – Aprovação da autora original

Foi enviada uma cópia da versão consenso Inglesa obtida

ao autor original da escala para que fosse aprovada a

versão obtida. A autora Ewa Roos aprovou e deu a sua

permissão para continuar o estudo obtendo-se assim a

versão portuguesa a apresentar ao painel de peritos.

PROCEDIMENTOS NA 2º FASE – Verificação das

características métricas validade de conteúdo, a

fiabilidade intra-observador e consistência interna.

O painel de peritos analisou a validade de conteúdo da

versão portuguesa do instrumento através de um

questionário. Este instrumento de recolha de dados

requeria que cada item da FAOS fosse cotado segundo

uma escala ordinal de zero a cinco , com a respectiva

justificação e sugestão. Cada questionário, no início,

continha duas folhas de rosto onde figurava a identificação

do autor deste estudo, o objectivo do estudo e as

instruções de preenchimento do respectivo questionário.

No final de cada um destes instrumentos figurava uma

folha com três questões que solicitavam uma apreciação

global e pessoal sobre a FAOS. Desta análise resultaram

algumas sugestões e alterações da versão consenso

Portuguesa que conduziram à versão final Portuguesa da

FAOS (Anexo 1).

Para verificação da fiabilidade intra-observador e

consistência interna, aplicou-se a versão final Portuguesa

da FAOS na amostra de utentes em estudo. A cada utente

foi explicado o objectivo deste estudo e o método como

este estava a ser levado a cabo. Cada utente preencheu

duas vezes o questionário, com um dia de intervalo.

O procedimento do tratamento estatístico relativo ao

estudo da fiabilidade intra-observador e da consistência

interna, foi realizado a partir dos resultados obtidos, os

quais foram introduzidos numa base de dados, numa folha

em Excel, disponibilizada pela autora original no site

www.koos.nu , e de seguida, transportados e analisados

com o programa informático “SPSS 14,0”.

Resultados e discussão

No que respeita à validade de conteúdo, através da análise

das cotações atribuídas pelos peritos existiu um acordo

total em 16 das questões mantendo-se o seu conteúdo.

Em 7 questões apesar de terem sido realizadas algumas

sugestões de alteração, manteve-se a versão original

portuguesa por se aproximar mais da versão original em

inglês e manter todo o conteúdo de cada questão e por

possuírem uma boa facilidade de compreensão por parte

dos utentes. Em 19 questões foram aceites as sugestões

propostas devido ao facto de algumas das questões

estarem confusas na forma como estavam elaboradas.

Foram assim introduzidas alterações que iam no sentido

de clarificar a redacção, corrigir a semântica, especificar

melhor determinadas actividades solicitadas, utilizar a

mesma terminologia e o mesmo modo de construção

frásica ao longo de todo o questionário. As sugestões

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 27

aceites encontram-se mais correctas em termos de

linguagem corrente mantendo todo o conteúdo da questão

e apresentando uma melhor facilidade de compreensão

por parte dos utentes e por se aproximar mais da versão

original. Nas três questões que solicitavam uma apreciação

global e pessoal sobre a FAOS, 89% do painel concorda

na generalidade com as questões da FAOS, sendo baixa

a percentagem de peritos que retiraria ou acrescentaria

alguma questão.

Ao chegar a um consenso final relativo ao conteúdo de

cada pergunta da versão portuguesa da FAOS, foi

concluído pelos autores do estudo que, o nível de

consenso atingido foi elevado, pois, 81% das questões

obteve uma concordância total, sem sugestão de

alterações, de pelo menos 2/3 do painel. Em 19% das

questões foram introduzidas algumas das alterações

introduzidas pelo painel de peritos. Como tal, considera-

se que o questionário na nossa amostra apresenta

validade de conteúdo.

Na análise da fiabilidade intra-observador por teste-reteste,

verifica-se que cada sub-escala (sintomas; dor;

funcionalidade, vida diária; funcionalidade, desporto e

actividades de lazer; qualidade de vida), obteve como valor

do ICC 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936 para uma

significância de 0,000. Pestana & Gageiro (2000), afirmam

que é considerado como bom indicador de consistência

um ICC com valor superior a 0,8. Assim sendo, os valores

obtidos representam um valor elevado e, segundo estes

autores são considerados como um bom indicador positivo

de fiabilidade intra-observador. Estes resultados vão ao

encontro dos valores obtidos pelo autor original da versão

original da FAOS que obteve como resultados 0,86, 0,78,

0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala respectivamente.

Na análise da consistência interna, verifica-se que cada

sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diária;

funcionalidade, desporto e actividades de lazer; qualidade

de vida), obteve como valor do Alpha de Cronbach á =

0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893. Fortin (2000), afirma

que o coeficiente de Alpha de Cronbach (á) varia de 0,00

a 1,00 e que, o valor mais elevado denota uma maior

consistência interna. Com base no anteriormente exposto,

constata-se que todas as sub-escalas possuem um bom

indicador de consistência interna, obtendo valores

similares aos valores obtidos pelo autor original da

versão original da FAOS que obteve como resultados 0,88,

0,94, 0,97, 0,94 e 0,92 para cada sub-escala

respectivamente.

Conclusões

Conclui-se que a versão final Portuguesa da FAOS, na

amostra em estudo, possui validade de conteúdo,

fiabilidade intra-observador e consistência interna,

podendo por isso ser utilizada na prática clínica, pelo que

se considera importante a sua utilização no sentido de

melhorar a intervenção da fisioterapia no desporto, ou

outras áreas, promovendo a qualidade da intervenção.

Este estudo apresenta como principal limitação à validade

externa, o facto de não se poder garantir a

representatividade da amostra face à população

portuguesa, devido ao reduzido número de sujeitos da

amostra, devido ao facto de a amostra ter sido obtida/

seleccionada por conveniência e por ter sido obtida numa

zona limitada do País, Lisboa. Também o facto de não se

ter realizado um pré-teste com o objectivo verificar se o

questionário era de fácil compreensão para o utente, uma

vez que se trata de um instrumento de auto –

preenchimento, representa outra limitação, esta relativa à

validade interna, no presente estudo.

Pretendeu-se dar um primeiro contributo no processo de

tradução e adaptação da FAOS, pelo que se sugere a

realização de estudos futuros com amostras mais

representativas e que visem outras características

métricas que não foram agora contempladas, tais como:

a validade de construção, validade critérios, sensibilidade

e aceitabilidade pelos utentes, assim como algumas

sugestões pertinentes, que se inserem no âmbito da

modificação da escala, levantadas pelo painel de peritos

na analise da validade de conteúdo.

Por último, considera-se importante a validação de outros

instrumentos de medida da funcionalidade da tíbio-társica

e pé, de forma a que os profissionais de saúde tenham

acesso a um leque mais alargado de instrumentos.

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 28

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A versão integral deste estudo está disponível na biblioteca

da Escola Superior de Saúde do Alcoitão:

Domingues, F.; Pascoalinho, J. ; Esteves, J. (2006) Contributo

para a adaptação e validação do instrumento de medida, Foot

and Ankle Outcome Score (FAOS), para a realidade

portuguesa. Monografia final do curso de licenciatura em

Fisioterapia. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Cota – M24 FT A06.

Artigo recebido a:13 de Outubro de 2007

Artigo revisto a: 01 de Novembro de 2007

Aceite para publicação a: 10 de Novembro de 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

FAOS FOOT&ANKLE SURVEY

IAPT – INQUÉRITO AO PÉ & TORNOZELO

Data de hoje : ____ / _____ / ______ Data de nascimento : ____ / _____ / _____

Nome : _______________________________________________________________

INSTRUÇÕES: Este inquérito solicita-lhe a opinião sobre o seu pé/tornozelo. Esta informação ajudar-nos-á a acompanhara forma como se sente em relação ao seu pé/tornozelo, bem como a sua aptidão para realizar as actividades do dia-a-dia.Responda a cada questão assinalando com uma cruz o quadrado apropriado. Deverá inscrever apenas uma cruz paracada questão. Se tiver dúvidas quanto à forma de responder a alguma questão, dê por favor a melhor resposta queconseguir.

SintomasEstas questões referem-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última semana.

S1. Tem inchaços no seu pé/tornozelo? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S2. Sente ranger ou ouve estalar, ou qualquer outro tipo de ruído, quando movimenta o seu pé/tornozelo? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S3. O seu pé/tornozelo prende ou bloqueia quando se move? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S4. Consegue endireitar completamente o seu pé/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

S5. Consegue flectir completamente o seu pé/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

RigidezAs questões seguintes dizem respeito ao grau de rigidez que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana. Por rigidezentende-se a sensação de restrição ou de lentidão aquando da movimentação das articulações.

S6. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo de manhã logo após acordar?Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

29

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 30

Esta questão refere-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última semana.

S7. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo após estar sentado, deitado ou após ter repousado no final dodia?

Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

DorP1. Com que frequência sente dor no seu pé/tornozelo?

Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre

Qual a intensidade de dor que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana, durante as seguintes actividades?

P2. Torcer ou rodar sobre o pé/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

P3. Esticar completamente o pé/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

P4. Dobrar completamente o pé/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

P5. Caminhar numa superfície planaNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

P6. Subir ou descer escadasNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

P7. À noite quando está deitado na camaNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

P8. Sentado ou deitadoNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

P9. Na posição de péNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 31

Funcionalidade, vida diáriaAs questões seguintes dizem respeito à sua função física. Por isto queremos dizer a sua capacidade para se deslocar epara cuidar de si próprio. Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu naúltima semana devido ao seu pé/tornozelo.

A1. Descer escadasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A2. Subir escadasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A3. Erguer-se após ter estado sentadoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A4. Estar de péNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A5. Baixar-se até ao chão / apanhar um objectoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A6. Caminhar numa superfície planaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A7. Entrar/sair do carroNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A8. Ir às comprasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A9. Calçar peúgas/meiasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A10. Erguer-se da camaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A11. Tirar peúgas/meiasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu na última semana devidoao seu pé/tornozelo.

A12. Estar deitado na cama (virar-se, mantendo a posição dos joelhos)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A13. Entrar/sair do banhoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

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Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 32

A14. Sentar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A15. Sentar-se/erguer-se da sanitaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A16. Tarefas domésticas que impliquem esforço (mover caixas pesadas, esfregar o chão, etc.)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A17. Tarefas domésticas leves (cozinhar, limpar o pó, etc.)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

Funcionalidade, desporto e actividades de lazerAs questões seguintes dizem respeito à sua função física quando desenvolve uma actividade mais exigente em termosde esforço. As questões devem ser respondidas considerando o grau de dificuldade que sentiu na última semanadevido ao seu pé/tornozelo.

SP1. Agachar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

SP2. CorrerNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

SP3. SaltarNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

SP4. Torcer/rodar sobre o pé/tornozelo lesadoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A questão deve ser respondida considerando o grau de dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.

SP5. Ajoelhar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

Qualidade de vida

Q1. Com que frequência se apercebe do seu problema no pé/tornozelo?Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre

Q2. Modificou o seu estilo de vida de forma a evitar actividades potencialmente prejudiciais ao seu pé/tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente

Q3. Até que ponto está preocupado com a falta de confiança no seu pé/ tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Extremamente

Q4. Em geral, qual o grau de dificuldade que sente no seu pé/tornozelo?Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 33

PUB

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 35

Whiplash Associado à Prática de Râguebi.

Diogo Campos1, Tiago Atalaia2

Fisioterapeuta. Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa. Equipa Sénior de Râguebi do Grupo Desportivo de Direito1

Correspondência para: [email protected]

Fisioterapeuta. Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa 2

Resumo

Introdução: Como outras modalidades desportivas, o râguebi reveste-se de um ambiente típico de uma modalidade colectiva, cujoobjectivo é o de lutar pela vitória, possível através de um jogo de 80 minutos entre duas equipas. O seu carácter intensamente físico,torna o atleta mais vulnerável à ocorrência de lesões. A maior incidência de lesões associa-se ao atributo técnico da placagem, quepode produzir um mecanismo de whiplash. Este mecanismo é uma das formas possíveis de originar lesões da coluna cervical ouincapacidades associadas. Objectivo e Relevância: O objectivo do trabalho é perceber através de uma análise de literatura, quais asactuais posições sobre esta temática, quais os conceitos e definições actuais e qual a associação entre whiplash e râguebi. Metodologia:Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados PubMed, ISI Web of Science e ISI Web of Knowledge tendo sido seleccionadas 23referências pela sua relação directa quer à lesão em si, quer pela sua associação ao ambiente da modalidade râguebi. Resultados:Através de uma revisão de literatura, podemos verificar que é importante uma visão bio-psico-social por parte do fisioterapeuta erestante equipa de saúde, de forma a poderem ser identificados os factores de risco e indicadores de prognóstico que permitem odesenvolvimento de estratégias de prevenção ou intervenção a este nível, onde quer a sua definição bem como as implicações a níveldo indivíduo e atleta ainda não são consensuais. Discussão: O whiplash é frequente no râguebi estando os atletas sujeitos a múltiplosmecanismos deste tipo ao longo da época desportiva. Contudo existe uma baixa incidência de lesões associadas. Como tal, é propostauma avaliação que dê particular importância à identificação de factores de risco, nomeadamente a existência de sintomatologia préviana coluna cervical, IMC <23, pescoço longo, atitude psicológica negativa, factores psico-sociais externos, fadiga e a preparação eantecipação do impacto. Conclusão: O ambiente desportivo e a forte atitude psicológica associada à modalidade podem ser a chaveda baixa incidência de lesões por este mecanismo a nível do râguebi. Uma normalização da avaliação torna-se então a chave de umaestratégia mais efectiva na prevenção e abordagem às lesões por mecanismo de whiplash.

Palavras chave: Whiplash, Râguebi, Fisioterapia, Bio-psico-social, Lesão Cervical, Coluna Cervical.

Abstract

Introduction: As other sport activities, rugby is a collective sports performed in a typical sport environment were the goal is to achievewinning by the mean of an 80 minute game between two teams. It’s an extreme physical intensity sport were the athlete is vulnerable toinjury. The higher incidence of injury is associated to tackling, which can produce a whiplash mechanism. This mechanism is one of thepossible ways that can lead to injuries of the cervical spine or associated disabilities. Objectives and Relevance: The goal of this paperis to understand which are the actual standings about this issue, it’s concepts and definitions and what kind of association betweenwhiplash and rugby. Methods: We perform a search for references in PubMed, ISI Web of Knowledge and ISI Web of Science databases,finding 23 references that we selected because of its relation with whiplash and it’s association with rugby. Results: By means of aliterature review, we could state the importance of a bio-psycho-social approach to this issue by the physical therapist and other elementsof health professionals team, in order to identify risk factors and prognostic indicators that could help define a well supported andadequate prevention and intervention, in a field were whiplash definitions and it’s implications to the subject or athlete is still not consensual.Discussion: Whiplash is frequent in rugby. During rugby season the athletes suffer multiple mechanisms of this type. However theincidence of associated injuries is low. In this paper is suggests an evaluation that highlights the identification of risk factors, as theexistence of previous symptomatic injury of the cervical column, BMI <23, long neck, negative psychological attitude, external psycho-social factors, fatigue and the preparation and anticipation of the impact. Conclusion: The sport environment associated to a strongpsychological attitude of the rugby player could be the key aspect of the reported low incidence of whiplash-associated disabilities inrugby. A consensus on whiplash definition and assessment normalization could conduct to a more effective and adequate intervention inthis condition.

Key words: Whiplash, Rugby, Physiotherapy, Bio-psycho-social, cervical injury, cervical spine.

Introdução

O ambiente desportivo sempre foi e sempre será um

REVISÃO DE LITERATURA

ambiente rico em lesões e condições clínicas de

importância académica e científica. O râguebi não é

excepção.

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 36

O râguebi é um desporto com uma grande componente

física, envolve muito contacto corporal e é considerado

uma forma de exercício intenso (Gabbett, 2002; Sherrard,

Lenne, Cassel, Stokes & Ozanne-Smith, 2002; Mashiko,

Umeda, Nakaji & Sugawara, 2004).

A sua prática abrange desde os escalões de formação a

juniores e destes até aos jogadores seniores podendo

estes ser amadores, semi-profissionais e profissionais,

dando a cada um destes escalões, e respectiva idade

associada, diferentes necessidades físicas e psicológicas

o que se reflecte na propensão para a lesão (Gabbett,

2002; Hoskins, Pollard, Hough & Tully, 2006).

Aos jogadores é requerido uma combinação de velocidade,

resistência, força e agilidade, de forma a torná-los capazes

de dar resposta às exigências do jogo em si mas também

para conseguirem suportar o impacto da colisão em

velocidade, e à consequente lista de lesões que daí

possam advir (Sherrard et al, 2002; Sye, Sullivan &

McCrory, 2006). No râguebi actual, o atleta é sujeito a

uma elevada pressão física e a um número de impactos

com cargas a serem absorvidas em particular pela coluna

cervical e lombar, além dos membros inferiores (Hoskins

et al, 2006; Castinell, Adam & Prat, 2007), com o impacto

consequente a nível da sua performance física (Gabbett,

2004).

O objectivo do trabalho é perceber quais as actuais

posições sobre esta temática, quais os conceitos e

definições actuais e qual a associação entre whiplash e

râguebi, através de uma pesquisa e análise aos termos

whiplash, lesão cervical e râguebi, nas bases de dados

PubMed, ISI Web of Science, ISI Web of Knowledge,.

Em nosso entender, é necessário proceder a uma breve

descrição do ambiente relacionado com o râguebi, definir

o conceito de whiplash, analisar a associação desta

condição com o gesto desportivo, quais as incidências,

mecanismos de lesão e factores de risco e indicadores de

prognóstico. Por fim esperamos proceder à elaboração

de pontos de vista, fruto da nossa pesquisa, que possam

de alguma forma contribuir para a compreensão da

temática, perceber que estratégias de prevenção podem

ser adoptadas e elaborar linhas pesquisa futuras.

O Râguebi

Como outras modalidades desportivas, o râguebi reveste-

se de um ambiente típico de uma modalidade colectiva,

cujo objectivo é o de lutar pela vitória, possível através de

um jogo de 80 minutos entre duas equipas.

O seu carácter intensamente físico, torna-o mais vulnerável

à ocorrência de lesões, como apontam os estudos de

Sherrard et al (2002) onde, a modalidade râguebi contribui

para a maior incidência de lesões em todos os desportos

praticados na Austrália, sendo que na Nova Zelândia

constitui a maior forma de utilização de subsídio de

compensação por lesão desportiva.

Estas lesões encontram-se associadas em maior

incidência à placagem (Sherrard, et al, 2002; Gabbett,

2003; Mashiko et al, 2004; Best, McIntosh, Savage, 2005;

Brooks, Fuller, Kemp, Reddin, 2005), gesto técnico através

do qual um jogador de râguebi impede a progressão no

terreno do jogador adversário. Sendo um gesto técnico

que na maioria das vezes é aplicado em alta velocidade e

potência a um corpo em deslocamento, que constitui o

corpo do oponente, esta colisão ou impacto pode conduzir

a várias lesões que podem ir desde lesão a nível do

membro superior (particularmente no complexo articular

do ombro e punho), do membro inferior (mais incidência

no joelho e tibio-társica) e outras regiões (usualmente

cabeça, coluna cervical e tronco) (Sherrard et al 2002;

Gabbett, 2003; Best, McIntosh e Savage, 2005; Brooks et

al, 2005). Num estudo realizado por Browne (2006) num

hospital de referência para lesões vertebrais pediátricas

australiano, onde durante 3 anos se registaram todas as

ocorrências de lesões cervicais, o autor verificou que de

1745 episódios de lesões da coluna cervical em crianças

com menos de 15 anos, 1610 eram oriundos de acidentes

de viação e atropelamentos, e os restantes 139 casos

oriundos da prática de desporto, sendo que 125 estavam

relacionados com a prática de râguebi.

Por outro lado, a intensidade física desta modalidade

desportiva leva a que a atitude psicológica dos atletas seja

de entrega total, aceitação do impacto associado à

modalidade e a capacidade de sofrimento e determinação

essenciais à vitória. Assim, levantam-se algumas questões

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 37

inerentes ao ambiente que podem levar a que o atleta

minimize a sua lesão ou os sintomas que possa estar a

sentir, facto que deve levar a um maior cuidado por parte

do fisioterapeuta e restante equipa de saúde.

Whiplash

Apesar de ainda não existir consenso quanto à melhor

definição de whiplash (Livingston, 2000), a que é mais

referenciada pelos artigos sobre esta temática é a da

Quebec Task Force. Este grupo de trabalho foi criado para

desenvolver uma definição de whiplash bem como

guidelines para a abordagem às desordens associadas a

esta condição clínica. A definição desenvolvida é a

seguinte:

“Whiplash é um mecanismo de aceleração desaceleração

de transferência de energia para o pescoço. Pode resultar

de uma colisão na retaguarda ou lateral de veículos

motorizados, mas também pode ocorrer durante um

mergulho ou de outros incidentes. O impacto pode resultar

em lesões ósseas ou de tecidos moles (lesão de whiplash),

que por sua vez pode levar a uma variedade de

manifestações clínicas” (Spitzer et al, 1995).

De facto a palavra whiplash descreve um movimento

dinâmico, mas devido a esta analogia em relação ao

movimento que ocorre a nível do pescoço durante os

acidentes de viação, também se viria a tornar num termo

que designa uma lesão do pescoço (Krafft, Kullgren, Lie

& Tingvall, 2005). Apesar da origem do termo, este

mecanismo lesivo pode decorrer de outras actividades,

tais como o mergulho, râguebi; futebol americano, ski ou

até numa aterragem dum avião (Spitzer et al, 1995;

Montazem, 2006; Lark & McCarthy, 2007).

Analisando o gesto desportivo de placagem, a brusca

alteração da velocidade provocada pela colisão entre os

dois atletas, provoca um mecanismo dinâmico com

consequente transmissão da energia cinética do impacto

à coluna cervical, ou seja, conduzindo a uma situação de

whiplash.

Assim sendo, seria de esperar que quanto maior a

velocidade do impacto, maior seria este mecanismo

dinâmico e, dessa forma, maiores as consequências a

nível cervical. Esta dedução seria igualmente aplicada aos

acidentes de viação. No entanto, estudos recentes

verificam que acidentes de viação de baixa velocidade

constituem a principal causa de whiplash (Quinlan, Annest,

Myers, Ryan & Hill, 2004; Giannoudis, Mehta & Tsiridis,

2007), ou seja, impactos mais compatíveis com aqueles

que ocorrem no decorrer de um jogo ou treino de râguebi.

Então porque razão o whiplash não constitui a maior

incidência de lesão nesta modalidade? Para nos ajudar a

responder a esta questão necessitamos de entender quais

são as incapacidades associadas ao mecanismo de

whiplash.

Incapacidades associadas ao mecanismo de whiplash

Como vimos anteriormente, whiplash é um mecanismo

dinâmico, não uma lesão. Através deste mecanismo

dinâmico poderemos desenvolver disfunções e

incapacidades em consequência do stress aplicado às

estruturas cervicais.

Segundo a American Academy of Orthopaedic Surgeons

(AAOS), os sintomas associados às lesões por whiplash

incluem dor e rigidez no pescoço, cefaleias, dor localizada

no ombro ou entre as omoplatas, dor lombar, dor ou

dormência no braço e/ou mão, tonturas, zumbidos, visão

turva, dificuldade de concentração ou de memória,

irritabilidade, disturbios do sono e fadiga (AAOS, 2000).

Estas alterações podem não se manifestar de imediato

mas sim ao longo das primeiras 48 horas, por vezes não

se consegue estabelecer uma correlação directa entre a

sintomatologia e os achados imagiológicos (Quinlan et al,

2004; Giannoudis, Mehta & Tsiridis, 2007).

Deste modo, sendo uma situação em que por vezes a

componente psico-social supera a biológica, é crucial que

a avaliação se centre numa visão bio-psico-social (Ferrari

& Russel, 1999; Hendriks, Scholten-Peeters, van der

Windt, Neeleman-van der Steen, Oostendrop & Verhagen,

2005; Holm, Carroll, Cassidy, Skillgate & Ahlbom, 2007).

A forma como o indivíduo reage ao mecanismo de whiplash

é preponderante para a sua capacidade de recuperação

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 38

e à ocorrência de sintomatologia. Vários autores têm-se

debruçado sobre este tema, com o intuito de identificar os

factores de risco e respectivos indicadores de prognóstico.

Factores de risco e indicadores de prognóstico

Na nossa pesquisa, a predisposição para a ocorrência de

incapacidades provocadas pelo mecanismo de whiplash

encontra-se mais associada a indivíduos do sexo

feminino, com a severidade da lesão a aumentar e

capacidade de recuperação a diminuir com o avanço da

idade (Hartling, Pickett & Briston, 2002). Por outro lado,

indivíduos com uma atitude psicológica mais forte e mais

positiva estão menos predispostos ao aparecimento de

sintomatologia do que aqueles com atitudes mais frágeis

ou depressivas (Holm et al, 2007; Jones & Elklit, 2007).

Também no que diz respeito à constituição e morfologia

corporal, indivíduos com um índice de massa corporal

(IMC) baixo ou que têm um pescoço mais longo, possuem

maiores probabilidades de desenvolverem lesões pelo

mecanismo de whiplash (Veronesi, 2005).

Um atleta de râguebi, por possuir uma atitude psicológica

forte, inerente à prática e vivência da modalidade,

associado ao facto de possuir uma aptidão físico elevada,

contribui para a diminuição da probabilidade de lesão

associada a whiplash , reduzindo igualmente os

indicadores de mau prognóstico. A estes factores podemos

ainda associar que normalmente o atleta possui um IMC

adequado, com um bom suporte muscular associado

(Sherrard et al, 2002).

Outro factor que tem vindo a ser estudado, relaciona-se

com a antecipação do embate, isto é, um indivíduo que

não se encontre preparado para o mecanismo de whiplash

ou o impacto que o origina, aumenta a probabilidade de

ocorrência de sintomas (Giannoudis, Mehta & Tsiridis,

2007). Fazendo uma analogia para a vertente desportiva,

a forma como o atleta encara e se prepara para o impacto,

habitualmente correlacionados com o nível de

concentração, contribui para a redução da incidência dos

sintomas habitualmente provenientes deste mesmo

mecanismo.

Estes conteúdos deverão ser incluídos na avaliação,

fazendo registos com terminologias o mais consensuais

possível em relação à especificidade da situação clínica

e da modalidade desportiva, de forma a conseguir

seleccionar informação pertinente que auxilie o

fisioterapeuta a identificar os factores de risco, medi-los

e, dessa forma, contribuir para uma abordagem mais

sustentada e estruturada (Fuller et al, 2007).

Discussão

O mecanismo de whiplash é frequente no ambiente do

râguebi. Dado o facto de se constituir uma modalidade de

elevado índice físico e onde o contacto é frequente, torna-

se importante a definição de estratégias de avaliação que

identifiquem factores de risco para a ocorrência de lesões

associadas ao mecanismo.

Por outro lado, a existência de sintomatologia prévia na

coluna cervical, deve alertar o fisioterapeuta para uma

abordagem que vise o aumento da preparação e

antecipação do contacto. Para tal, deverá ser realizado

um trabalho consensual com a equipe técnica para um

correcto desenvolvimento das capacidades físicas. Neste

trabalho de equipa, o fisioterapeuta tem a obrigação de

informar os demais elementos da equipa técnica sobre os

factores de risco, para que no momento da tomada de

decisão estes sejam tidos em consideração. Seguindo esta

linha de pensamento, e tendo por base a literatura

consultada, enumeramos alguns factores de risco que

deverão ser debatidos com toda a equipe técnica:

• IMC abaixo de 23: Dada a maior predisposição

destes indivíduos para algumas lesões, deverá

ser efectuado um treino específico de força e

resistência muscular (Sherrard et al, 2002;

Veronesi, 2005);

• Pescoço Longo: Tal como em outras alterações

morfológicas, deverá ser dada uma atenção

particular a estes atletas, incidindo num programa

de estabilização dinâmica cervical (incluindo

trabalho de força e resistência) e automatização

da antecipação ao impacto (Incluindo trabalho de

reeducação do gesto) (Veronesi, 2005);

• Atitude psicológica: Identificar atletas com uma

atitude mais negativa, de forma a poder dar

múltiplos mecanismos de whiplash ao longo da época

desportiva. Dessa forma, ele deve antecipar este facto

através de uma avaliação continuada, que

preferencialmente deve começar antes da própria época

desportiva, identificando potenciais factores de risco,

permitindo o seu controlo e monitorização de forma a

minimizar as possíveis incapacidades que daí possam

surgir. Tal só é exequível através de uma interacção bio-

psico-social com os atletas.

Conclusão

O ambiente desportivo e a forte atitude psicológica

associada à modalidade podem ser a chave da baixa

incidência de lesões por este mecanismo a nível do

râguebi. Uma normalização da avaliação torna-se então

a chave de uma estratégia mais efectiva na prevenção e

abordagem às lesões por mecanismo de whiplash.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 39

reforços positivos (Holm et al, 2007; Jones &

Elklit, 2007);

• Factores psico-sociais externos: Identificar

eventuais problemas pessoais que possam estar

a afectar o atleta, influenciando negativamente a

sua atitude psicológica (Holm et al, 2007; Jones

& Elklit, 2007);

• Fadiga: Deve ser tido em consideração que

alguns estudos epidemiológicos referem uma

maior incidência de lesões desportivas durante

a segunda parte do jogo, associando este facto

à fadiga (Gabbett, 2002; Best, McIntosh &

Savage, 2005; Brooks et al, 2005). Como tal, e

sempre que possível, o tempo de exposição do

atleta à prática desportiva, e consequentes

possíveis lesões, deverá ser reduzido.

Nomeadamente em atletas com grande nível de

participação desportiva (como por exemplo os

atletas que para além da actividade desportiva

no clube que representam, fazem parte da

selecção nacional);

• Preparação e antecipação do impacto: A

introdução do impacto deverá ser progressiva e

contínua ao longo da época desportiva, existindo

um cuidado particular para a avaliação do gesto

desportivo (de placar e de ser placado), corrigindo

eventuais erros que recrudesçam os factores de

risco (Sherrard et al, 2002)

Várias adaptações às regras de jogo foram já efectuadas

de modo a prevenir a ocorrência de mecanismos de

whiplash, nomeadamente a punição com expulsão

temporária a todas as placagens altas. Muitas vezes é

fácil pensar-se que num desporto onde é permitido tanto

contacto físico, facilmente as regras podem ser esquecidas

dando origem a lesões. Analisando a literatura, podemos

verificar que apenas 6% das lesões ocorrem derivadas

de uma técnica que vá contra as leis de jogo (na gíria

denominada por falta), o que é um número bastante baixo

principalmente se tivermos em consideração dados de

outros desportos, como o futebol em que cerca de 44%

das lesões surgem de uma falta (Brooks et al, 2005).

O fisioterapeuta que trabalhe no râguebi deve ter em

atenção que todos os seus atletas vão ser sujeitos a

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 40

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Artigo recebido a: 8 de Outubro de 2007

Artigo revisto a: 10 de Novembro de 2007

Aceite para publicação:

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O Efeito da Variável Tempo de Estiramento Estático na FlexibilidadeMuscular: uma revisão sistemática da literatura.

Luís Coelho1

Fisioterapeuta. Consultório e Clínica de Reabilitação, Lda1

Correspondência para: [email protected]

Resumo

Introdução: A flexibilidade muscular pode ser caracterizada por diferentes variáveis. Dentro dessas, o tempo de estiramento tem sidosujeito a um número limitado de estudos. Objectivos: Este estudo teve como principal objectivo a realização de uma revisão bibliográficasistemática centrada na variável temporal de duração do estiramento estático e seu efeito na flexibilidade muscular. Relevância: Oconhecimento da variável tempo de estiramento pode ser considerado como de especial relevância para o trabalho de alongamentorealizado pelos fisioterapeutas no contexto clínico e pelos desportistas e treinadores no contexto desportivo, com vista à optimizaçãodos resultados. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa de artigos acerca da temática, referente aos últimos 15 anos de publicação(Fontes: Google, Medline, Medscape, PEDro, PhysioBase e Pubmed), assim como uma consequente análise comparada dos artigose discussão. Resultados: Verificou-se que tempos de estiramento de 30 segundos de duração parecem corresponder aos maisvantajosos no sentido do aumento das amplitudes de movimento activo. Não parece verificar-se eficácia significativa na realização deestiramentos analíticos com um tempo de duração superior a 30 segundos, exceptuando as populações com uma idade igual ousuperior a 65 anos. Discussão: Tempos de estiramento com um tempo superior a 30 segundos parecem não ser vantajosos noaumento da amplitude de movimento pelo facto de esse tempo ser suficiente para a produção da máxima deformação plástica dostecidos moles. Populações mais envelhecidas necessitam de tempos de alongamento maiores devido à natureza mais rígida dostecidos. Apresentam-se, no artigo, diferentes recomendações e linhas de orientação para a realização de estudos futuros dentro dalinha de investigação vigente. Conclusões: O tempo de estiramento estático considerado ideal parece corresponder a 30 segundosde duração, aumentando para um minuto para as populações mais idosas.

Palavras-Chave: Estiramento estático, Tempo de estiramento, Flexibilidade, Amplitude de Movimento.

Abstract

Introduction: Muscular flexibility is defined by different variables. Inside them, the time of static stretch has been reduced to a limitednumber of studies. Objectives: The purpose of this study was to undertake a systematic bibliographic review centred in the temporalvariable of the static stretch duration and its effects on the muscular flexibility. Relevance: Knowledge about the time of static stretchvariable may be considered as relevant for the stretching work done by physical therapists in the clinical context and by sportsmen andtrainers in the sport context, with the results optimisation purpose. Methodology: It was realized a research about the theme, includingthe last 15 years of publication (from Google, Medline, Medscape, PEDro, PhysioBase e Pubmed), and a consequent comparativeanalysis of the articles and discussion was done. Results: It was verified that stretching times of 30 seconds of duration may correspondto the most advantages times if we want to gain range of motion. It seems that there is no relevant evidence that it is effective to doanalytical stretch with a duration over 30 seconds, excepting people aged 65 years or older. Discussion: Times of stretching superiorto 30 seconds may be disadvantage to gain range of motion, because that time seems to be sufficient to produce maximal tecidulardeformation. Older populations need bigger times of stretching because of its rigid tecidular nature. Different recommendations andorientation lines for the realization of future studies inside the present line of investigation are presented in the article. Conclusions:Time of static stretch considered ideal seems to be 30 seconds duration, and it becomes one minute in the older persons.

Key Words: Static stretching, Time of stretch, Flexibility, Range of motion.

REVISÃO DE LITERATURA

Introdução

De modo a ser possível desempenhar a maioria das tarefas

quotidianas funcionais, assim como actividades

ocupacionais e recreativas, é necessário possuir uma

é necessário possuir uma amplitude de movimento sem

restrições e sem dor. Para que esta seja normal é

fundamental haver mobilidade e flexibilidade dos tecidos

moles que circundam a articulação, ou seja, músculos,

tecido conectivo e pele, e mobilidade articular.

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 44

Conceptualmente, a flexibilidade muscular tem sido

definida em termos da amplitude de movimento disponível

por parte de uma articulação, amplitude essa dependente

em grande parte da extensibilidade dos músculos.

Podemos atender à flexibilidade como “a habilidade para

mover uma articulação ou articulações através de uma

amplitude de movimento livre de dor e sem restrições,

dependente da extensibilidade dos músculos, que permite

que estes cruzem uma articulação para relaxar, alongar e

conter uma força de alongamento” (Kisner & Colby, 1998,

p. 142, cap. 5).

Um estiramento constitui um termo geral descritivo de

qualquer manobra terapêutica elaborada para aumentar

o comprimento de estruturas de tecidos moles e, desse

modo, aumentar a amplitude de movimento. Os

estiramentos tendem a ser realizados frequentemente nos

contextos clínico e desportivo, com todas as vantagens

que os mesmos apresentam para a mobilidade e a

prevenção de lesões e contraturas. Segundo Kisner &

Colby (1998), existem três métodos básicos de

alongamento: alongamento passivo aplicado manual ou

mecanicamente, inibição activa e auto-alongamento. A

literatura internacional tem tratado do tema referindo-se

ao estiramento estático, nomeadamente aquele que é

realizado mantendo sempre a mesma amplitude de

movimento (é este o tipo de alongamento que permite e

facilita a realização de estudos sobre flexibilidade). Os

principais métodos de estiramento estático incluem o

estiramento passivo manual (o típico alongamento,

realizado pelo terapeuta no contexto clínico ou pelo

treinador no contexto desportivo), o estiramento passivo

mecânico prolongado (realizado aplicando uma força

externa de baixa intensidade através do posicionamento

do paciente com tracção, pesos ou sistemas mecânicos),

o estiramento mecânico cíclico (mediante a utilização de

dispositivos mecânicos electrónicos) e o estiramento activo

ou auto-alongamento (Kisner & Colby, 1998).

A flexibilidade está dependente de diversas propriedades

mecânicas e neurofisiológicas do tecido contráctil e do

tecido não contráctil. As propriedades neurofisiológicas

do tecido contráctil estão dependentes do funcionamento

do fuso neuromuscular, do órgão tendinoso de Golgi e

das fibras neuronais associadas, estruturas envolvidas

num complexo processo de inervação recíproca (Kisner

& Colby, 1998).

As propriedades mecânicas do tecido muscular dependem

dos sarcómeros e respectivas pontes transversas de actina

e miosina. Quando um músculo é alongado passivamente,

o alongamento inicial ocorre no componente elástico em

série e a tensão aumenta agudamente. Após certo ponto,

ocorre um comprometimento mecânico das pontes

transversas à medida que os filamentos se separam com

o deslizamento e ocorre um alongamento brusco nos

sarcómeros (Flitney & Hirst, 1978). Se um músculo é

imobilizado na posição alongada por um período

prolongado de tempo, o número de sarcómeros em série

aumenta, dando origem a uma forma mais permanente

de alongamento muscular. O músculo irá ajustar o seu

comprimento com o tempo de modo a manter a maior

sobreposição funcional entre actina e miosina (Tardieu,

Tabary, Tabary & Tardieu, 1982).

As características mecânicas do tecido mole não contráctil

estão dependentes das forças de sobrecarga e distensão

tecidular, sendo que a curva sobrecarga – distensão

concebe o comportamento dos tecidos perante uma força

de deformação. Quando sobrecarregadas, inicialmente as

fibras de colagéneo alongam-se. Com sobrecarga

adicional, ocorre deformação recuperável na amplitude

elástica. Assim que o limite elástico é alcançado, ocorre

falha sequencial das fibras de colagéneo e no tecido na

amplitude plástica, resultando em libertação de calor

(histeresis) e um novo comprimento quando a sobrecarga

é libertada (Threlkeld, 1992; Tillman & Cxummings, 1992).

O comportamento visco-elástico dos tecidos moles durante

um alongamento compõe-se de uma deformação ou creep,

o qual pode ser expresso por uma equação (Etnyre &

Abraham, 1986): Índice de deformação = Força aplicada

/ Coeficiente de elasticidade x Tempo

A deformação muscular será maior em músculos mais

retraídos (com menor Coeficiente de elasticidade) e

depende proporcionalmente da Força aplicada e do factor

Tempo. Estes últimos factores parecem concorrer de igual

maneira para a deformação muscular aquando de um

alongamento. Porém, tal só acontece segundo a

perspectiva mecânica. Segundo a perspectiva

neurofisiológica, a deformação das fibras musculares do

fuso neuromuscular (fibras cuja contracção depende da

velocidade de estiramento) está dependente mais do

tempo do que da força aplicada (Zachazewski, 1989,

1990).

Neste contexto, é possível entender a importância da

realização de estudos e revisões da literatura acerca do

tempo de duração de um estiramento muscular. Aliás, a

presente revisão constitui uma sistematização dos

resultados e conclusões de estudos experimentais

relativos à respectiva temática, sendo que o principal

objectivo desta revisão consiste em analisar

comparativamente as diversas investigações que

estudaram o efeito da variável tempo de estiramento

estático na amplitude de movimento. Tais estudos

possuem relevância para a intervenção do terapeuta e do

professor de educação física, visto que o conhecimento

do tempo de estiramento é necessário à obtenção de um

máximo de prestação física dos utentes com o máximo

de resultados. Em especial, o conhecimento vigente possui

uma máxima relevância para a intervenção do

fisioterapeuta na prática desportiva, intervenção essa que

inclui a realização sobrepujada de alongamentos.

Metodologia

Foi efectuada uma pesquisa na Internet, nas seguintes

bases de dados: Google, Medline, Medscape, PEDro,

PhysioBase e Pubmed, com enfoque unicamente nos

últimos 15 anos de publicação. Uma pesquisa inicial

averiguou a inexistência de artigos sobre o tópico em

análise em português. Daí terem sido seleccionadas bases

de dados com palavras-chave em inglês. A preferência

pelos últimos 15 anos de publicação deve-se à

necessidade de incluir artigos fundamentais publicados

neste período, ao mesmo tempo que se prima pela

actualização das publicações.

As seguintes palavras-chave fizeram parte da pesquisa:

stretch, stretching, static stretching, flexibility, creep,

muscular deformation, range of motion, time e duration.

Foram incluídos somente estudos experimentais (de

qualquer tipo), independentemente da população em

estudo. Os estudos seleccionados teriam de ter qualquer

uma das palavras-chave principais referidas no título ou

nas palavras-chave, excluindo todos aqueles que

incluíssem nos seus métodos o controlo da duração do

estiramento mas não tivessem como objectivo principal o

seu estudo. Significa isto que foram seleccionados

somente os estudos que possuíssem a variável tempo de

estiramento como variável independente que se fez variar.

Outros estudos incluem este parâmetro; porém, o seu

objectivo não corresponde à utilização desse parâmetro

como variável manipulável. Estes estudos não entram

dentro dos objectivos específicos desta revisão

bibliográfica. Para além disso, foram seleccionados

somente os estudos em que o estiramento estudado

correspondesse ao estiramento estático, excluindo

técnicas como o hold-relax, o contract-relax, o

alongamento balístico ou o estiramento com mobilização

passiva contínua. Após a pesquisa, foi realizada uma

análise detalhada da bibliografia obtida, incluindo a

realização de fichas de leitura. A informação foi

sistematizada num quadro inclusivo dos aspectos

metodológicos mais importantes (Quadro 1): amostra/

participantes, métodos, resultados e conclusões (os

estudos estão ordenados por datas de publicação).

Efectuámos uma análise global e parcial dos estudos que

aparecem na Análise dos Resultados e na Discussão.

Resultados

Foram encontrados somente cinco estudos relativos aos

últimos 15 anos, em que a variável tempo de estiramento

foi manipulada de modo a medir os diferentes efeitos na

amplitude articular (variável dependente). O seguinte

quadro operacionaliza os estudos, apresentando os

principais aspectos metodológicos e procedimentais dos

mesmos. Após o quadro, é efectuada uma discussão, a

qual permite colocar alguns aspectos das investigações

em evidência.

Discussão

Após terem sido resumidos os principais aspectos relativos

a cada um dos estudos em vigência, procuramos agora

analisar os procedimentos metodológicos e os resultados.

O primeiro estudo atendido, o estudo de Bandy e Irion

(1994) apresenta-se bem definido em termos

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 45

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avaçemoc

otiejuso

etsedritrapA.)artuen

oãçisopa

munes-evetna

manuloc

edop

meto

es-uidem

eoãçisop

aes-evetna

motnop

oãçisopa

munes-evetna

metnapicitrap

O.otnemaritse

.atueparetod

oiopames,axif

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).ges51

edotne

maritse

;º87,3:ohnag,29,7º63,64:etset-sóp,90,6

-érp-

).ges03

edotne

maritse,41=n(2

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,45,9º41,93:etset-sóp,47,9

º46,15:etset

edotne

maritse,41=n(3

opurG;º05,21:ohnag

:etset-sóp,29,4º70,05:etset-érp

-).ges

06

olortnoced

opurG;º68,01:ohnag,95,9

º12,93

:etset-sóp,92,7º74,54:etset-érp

-)51=n(

.º72,0:ohnag,86,6º02,54

siamres

uortsnomed

sodnuges03

edotne

maritseO

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mivom

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maad

otnemua

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.seroirefnisop

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sotnemaritse

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edotne

maritseo

ertnesaçnerefid

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maritseo

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meted

sotnemaritse

adanoitseuqreseved)sodnuges

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93

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sod

.)ralucsum

otnematrucne

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moh

21(

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opur

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53,344,42:aidé

medadi;serehlu

m

21(2

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13-12:setimil,sona

:aidém

edadi;serehlum

7,snemoh

.)sona13-12:seti

mil,sona06,5

23,72

edadi;serehlum

6,snemoh

21(3

opurG

93-12:setimil,sona

06,733,72:aidé

m

;serehlum

6,snemoh

21(4

opurG.)sona

:setimil,sona

73,287,42:aidé

medadi

adoãçide

M.siaibitoiuqsí:odatsetralucsu

mopur

G

adazilaer:ortemóinog

mued

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ma

so

pa

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edutilpma

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M.sotnemaritse

meetnapicitrap

mocadazilaer,otierid

ohleojod

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otibúced

1ed

sotnemaritse

sêrtuozilaer

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soertne

olavretnied

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03ed

sotnemaritse

3uozilaer

2opur

G.)sotnemaritse

muuozilaer

3opur

G.)olavretnied.ges

01(adac.ges

otnemaritse

muuozilaer

4opur

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1ed

otnemaritse

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opur

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mem

oodnacoloc,ép

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ertne)aicnâcifingise(

saidém

saçnerefiD

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oe

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50,01(2

opurG,)10.0<p,97,6=t,71=fd;sia

m

54,01(3

opurG,)10.0<p,07,6=t,81=fd;suarg

05,11(4

opurG,)10.0<p,34,6=t,71=fd,suarg

06,00(5

opurG

e)10.0<p,32,7=t,71=fd,suarg

eso

ãN.)

10.

0>

p,9

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1=f

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g

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,88,4=fd;15,1=F(

siatnemirepxe

sopurg

.)50.0>p

soertne

savitacifingissaçnerefid

es-maratsige

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olortnocopurg

oe

siatnemirepxe

sopurg

.)50.0<p,88,4=fd,99,3=F(

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sodnuges03

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.ovitcefesia

mo

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es-atneserpa

mocsotne

maritseed

oãçazilaeran

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oãN

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03ed

siam

ed

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qerf

ad

me

gass

ap

aas

ojatn

avé

.aidropsezev

3arap

1ed

otnemaritse

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 46

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 47

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto7,sne

moh31(

5opur

G.)sona92-22

97,402,72:aidé

medadi;serehlu

m

edopurg

oé)sona

63-22:setimil,sona

.olortnoc

oeuq

meotnop

oaéta

etnerfà

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a(ralucsu

motne

magnolao

ritnesa

avaçemoc

otiejus

etsedritrapA.)artuen

oãçisopa

munes-evetna

manuloc

edop

meto

es-uidem

eoãçisop

aes-evetna

motnop

oãçisopa

munes-evetna

metnapicitrap

O.otnemaritse

.atueparetod

oiopames,axif

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m,soirátisrevinusonula,42=

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sedadied

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amu

moc,)sagirapar

sopurg2:sopurg

3.sona53,1

5,02ed

.olortnoced

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siatnemirepxe

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opurG

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sotnemaritse

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2:sopurg3

5edlatot

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mesropsezev

3sovitca

e5

edop

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otnemaritse

oodnetna

m,sanames

oãnolortnoc

edopurg

O.etnemavitcepser,sodnuges

51

.sotnemaritse

uozilaer

5"ed

opurgO.odalortnociof

otnemaritse

edop

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opurgo

esezev

9otne

maritseadac

uozilaer"sodnuges

sezev3

otnemaritse

adacuozilaer

"sodnuges51"

ed

sotnemaritse

sO.)opurg

adacarap.ges

54edlatot(

oodnacoloc,ép

edetnapicitrap

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munoãsnetxe

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otiejuso

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ralucsum

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o

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odavitca

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sosodazilaer

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esetna,odreuqse

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.sotnemaritse

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oãnolortnoc

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O

.aicnêirepxead

siopede

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ededutilp

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M

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eavitca

otnemivo

m

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M.siatnemirepxe

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so

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ed

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ma

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mavitalersiatne

mirepxe

saçnerefidmaracifirev

esoãN.)50.0<p(

olortnoc

51"ed

opurgo

e"sodnuges5"

edopurg

oertne

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edutilpma

aarap

"sodnuges

edutilpma

àetnatiepser

on,méroP.otne

mivom

uotneserpa"sodnuges

51"ed

opurgo,avitca

oaetne

mavitaleredutilp

maed

serolavseroia

m

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edopurg

edop

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A

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51

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.otnemivo

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ma

otnemaritse

edop

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mmu,otnatne

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edutilpma

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ma

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7,48:aidém

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4,61,58

,sona5,4

5,58:aidém

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39-08:setimil

-56:setimil,sona

5,62,58:aidé

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opurgo

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sotnemaritse

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6etnarud,ana

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sotnemaritse

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sotnemaritse

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maritse

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odoiopa

omoc

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otnemaritse

O

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m

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maritse;anamesrop

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otnemaritse;ana

mesropº3,1ed

ohnag:.ges03

.)anamesropº6,0

edohnag:.ges

51ed

.ges06

edotne

maritseod

sodatlusers

O

soeuq

odop

metsia

metnarud

maritsisrep

sopmet

edsotne

maritsesod

sodatluser

mematluser

otnemaritse

edsognol

siam

sopmeT

,otnemivo

med

edutilpma

edsohnag

seroiam

.edadisia

mmoc

sotiejusme

oduterbos

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siam

soudívidniso

N

edsohnag

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selom

sodicetsod

,.ges06

edotne

maritseed

sopmet

mocedutilp

ma

soaovitaler

onsetneserp

oãnsacitsíretcarac

.snevojsia

mseõçalupop

asetnatiepser

sodutse

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 48

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

09-86:setimil,sona

6,42,38:aidé

m

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ad

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oe

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odoãçazilaer

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m

omoc

otnemivo

med

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oãçideM

,oãxelfedº09

aacna

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.ortemóinog

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oãçazilitua

etnaidem

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4opurg

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otnematart

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ma

edutilpma

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etnemavitarap

moc,etset-érpon

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5002tpeS

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3,13,41

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medadi

amu

moc

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G

odserosnetxe,acna

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sedutilpma

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eohleoj

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etnaidem,)acisrát-oibít

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marap(

ortemóinog

mued

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seõçidem

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.onierted

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edsioped

esetna

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marazilaersetnapicitrap

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06

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03ed

sotnemaritse

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sotnemaritse

4edneerp

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21edneerp

mocolocotorp

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mirpO.adac

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marazilaer

olavretnied

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amu

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olepmoc,airótaela

messaroh

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adacertne

.avitropsededadivitca

edoãçazilaer

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arapolocotorp

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oditboiofotne

mivom

.otnemivo

med

sedutilpma

sasadot

sedutilpma

sadovitacifingis

siam

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O

03ed

sotnemaritse

sodolocotorp

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ed.ges

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maritseed

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oãsnetxea

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e.ges51x4

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sópaº7,2:acna

aN.ges

5x21sópa

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51x4sópa

º6,3

sópaº7,4,.ges06x1

sópaº8,3:ohleojod

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5x21sópaº3,3

e.ges51x4

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sópaº8,1:lasrodoãxelf

aN.ges

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51x4sópaº9,2,.ges

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sotnemaritse

mocsotne

maritseed

oãçazilaeran

savitacifingis

.ges03

edsia

m

metodológicos, sendo que destrinçou três grupos bem

definidos em termos dos tempos de estiramento: um grupo

com 15 segundos de estiramento, outro grupo com 30

segundos de estiramento e outro com 60 segundos de

estiramento. Os resultados levam a concluir que o

estiramento de 30 segundos é mais efectivo que o de 15

segundos e tão eficaz quanto o de 60 segundos para

melhorar a flexibilidade. Veremos que este não é o único

estudo com este tipo de conclusões.

O estudo de Bandy et al (1998) incluiu o maior número de

participantes jovens entre as investigações apresentadas.

Constitui um estudo de metodologia sólida, sendo que

controlou a variável independente através de quatro

grupos experimentais e um de controlo. Os participantes

foram sujeitos a estiramentos estáticos, com controlo do

tempo e método de estiramento (necessário ao evitamento

de compensações articulares). Como esperado, foram

encontradas diferenças entre os grupos experimentais e

o grupo de controlo. Por outro lado, não foram verificadas

diferenças significativas entre os diversos grupos

experimentais, tendo-se concluído que um estiramento de

60 segundos não é necessariamente mais eficaz no

aumento das amplitudes de movimento do que um

estiramento de 30 segundos. Aqui encontra-se uma

semelhança com os estudos de Bandy e Irion (1994) e de

Loannis et al (2005), os quais chegam a conclusões

similares.

O estudo de Bandy et al (1998) tem uma importante

limitação: não incluiu um grupo com um tempo de

estiramento de menos de 30 segundos, como fizeram nos

outros estudos. Teria sido importante fazê-lo, pois ainda

não está suficientemente explanada a efectividade da

realização de estiramentos com tempos de 10 ou de 20

segundos relativamente a 30 segundos de duração.

Por outro lado, Roberts e Wilson (1999) cometeram o erro

oposto, pois incluíram dois grupos experimentais, um a

realizar estiramentos de cinco segundos e outro a realizar

estiramentos de 15 segundos, tendo inquinado a utilização

de grupos com maior tempo de estiramento. Obviamente

que tal inclusão grupal obrigaria ao aumento do tamanho

da amostra, que, nesta revisão da literatura, é a segunda

mais pequena (n=24), comprometendo a validade externa

do estudo.

Aparte estas limitações, este é o estudo que investiga os

mais pequenos tempos de estiramento. Em termos de

resultados, concluiu-se haver um maior ganho de

amplitude de movimento para os estiramentos de 15

segundos do que para os estiramentos de cinco segundos;

mas apenas no relativo à amplitude activa de movimento.

As diferenças não foram significativas no respeitante à

amplitude passiva de movimento. Tal facto contradiz os

resultados do estudo de Bandy e Irion (1994), de Feland

et al (2001) e de Loannis et al (2005), investigações em

que foram realizados os testes de medição da amplitude

passiva.

Parece podermos afirmar que teria sido importante realizar

as medições das amplitudes activas de movimento nos

outros estudos em análise. Poderia ter sido obtido um

conjunto de novas informações, pois essa amplitude não

está dependente da realização de uma pressão adicional

por parte de um investigador, inclusivo da sua

subjectividade (restando a questão da subjectividade da

medição). Por outro lado, a medição da amplitude passiva

de movimento apresenta-se como mais efectiva no sentido

em que tal valor de amplitude está dependente unicamente

da flexibilidade do grupo muscular a testar, excluindo o

factor força dos músculos antagonistas ao grupo muscular

em teste; para além disso, consegue-se obter o máximo

de deformação muscular em alongamento, algo que não

poderia suceder sem o auxílio de uma força exterior ao

sujeito.

Já no respeitante à forma como os estiramentos foram

realizados, nos três estudos até agora analisados, estes

corresponderam a estiramentos na posição de pé, sem

auxílio do investigador. Este auxílio corresponderia a um

factor de subjectividade acrescida, limitando, de alguma

forma, o estudo e o conjunto dos seus resultados.

Ora é precisamente esta a grande limitação do estudo de

Feland et al (2001). O estiramento efectuado

correspondeu ao straight-leg-raising test realizado, como

se sabe, por um agente externo que impõe uma certa

força adicional no estiramento. Tal procedimento poderá

ter-se devido ao facto de a população em estudo possuir

esta população a realização de estiramentos autónomos,

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 49

os quais requerem um maior esforço.

Não sabemos se o facto de terem sido realizados

estiramentos passivos é responsável pelos resultados

obtidos, os quais contrariam aquilo que Bandy e Irion

(1994) e Bandy et al (1998) referiram relativamente ao

estiramento com 60 segundos de duração. Feland et al

(2001) concluíram que o estiramento de 60 segundos é

mais eficaz na melhoria da flexibilidade do que os

estiramentos de tempos inferiores. Para além do tipo de

estiramento realizado, também a população estudada é

diferente. Os autores estudaram indivíduos com 65 anos

de idade ou mais anos. A explicação possível poderá residir

sobretudo nas idades estudadas. Visto que a elasticidade

muscular nos idosos é menor (ex. Feland et al, 2001),

poderá ser necessário um maior tempo de estiramento

para que determinada deformação necessária ao

alongamento total de um músculo possa surgir. Assim

sendo, registar-se-iam diferenças maiores em tempos mais

alargados.

O estudo de Loannis et al (2005) apresenta-se aqui como

especialmente relevante, pois foram efectuados pelos

investigadores estiramentos passivos aos participantes,

à semelhança do que aconteceu no estudo anterior, mas

os participantes eram adolescentes. Ora, tendo em conta

que se concluiu não existirem vantagens na realização de

estiramentos com um tempo superior a 30 segundos, e

tendo em conta que foram realizados estiramentos

passivos, fortalece-se aqui a hipótese de que a razão pela

qual os estiramentos de 60 segundos levam a resultados

relevantes no estudo de Feland et al (2001) está na idade

avança dos participantes.

O estudo de Loannis et al (2005) possui uma metodologia

diferente dos outros quatro estudos analisados. Os

participantes não foram divididos em diversos grupos.

Realizaram na sua totalidade os diversos tipos de

estiramentos com pelo menos uma semana de intervalo

entre os protocolos. É um tipo de desenho de série

temporal, comum nos estudos quasi-experimentais, apesar

de que, neste caso, o estudo, pelo facto de possuir

aleatorização e um protocolo que serve de grupo de

controlo, preenche os critérios dos desenhos

experimentais.

O estudo prima pela originalidade metodológica e por ter

incluído o mais abrangente conjunto de tipos de

estiramento e o maior número de grupos musculares

testados. Por outro lado, possui uma amostra muito

reduzida (a mais pequena da revisão, n=13) e compreende

uma população desportiva. A diferença metodológica torna

o estudo dificilmente comparável com os outros que foram

analisados. As características da amostra dificultam a

generalização dos resultados obtidos com o estudo.

Passemos agora a uma análise ou discussão aprofundada

dos resultados obtidos.

A literatura acerca da temática da flexibilidade é pouco

abundante. Muitos foram os estudos realizados acerca

da influência dos exercícios de flexibilidade na prevenção

de lesões, assim como muitas são as investigações que

permitiram manipular as diferentes variáveis relativas a

diferentes métodos de treino de flexibilidade ou diferentes

posições de estiramento (músculos encurtados vs.

músculos estendidos) de modo a se comparar os mesmos

na sua eficácia no aumento da amplitude de movimento.

Contudo, se tivermos em conta a variável tempo de

estiramento como factor a manipular nos estudos, é, no

mínimo, surpreendente o reduzido número de estudos

publicados em língua inglesa (ou mesmo noutras línguas)

que têm sido realizados com o referido objectivo. As razões

para tal poderão variar entre a consideração, por parte

dos investigadores, da irrelevância do tipo de estudo

aludido, até à consciencialização da dificuldade que tal

tipo de estudo pode acarretar. A dificuldade que aqui

apontamos constitui-se na possibilidade de a realização

de estiramentos durante um maior período de tempo poder

constituir um factor de sobrecarga e fadiga para os

participantes dos estudos, levando a que sujeitos

pertencentes aos grupos de maiores tempos de

estiramento possam, eventualmente, reagir com certa

contrariedade.

Por outro lado, sublinhando agora a questão da

irrelevância do tipo de estudo realizado, é possível que

os investigadores se sintam mais motivados para a reali-

zação de investigações em que as variáveis independen-

tes possam revelar uma diferença mais significativa

entresi. Eventualmente, para muitos autores, o tipo de

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 50

estiramento realizado importa mais no aumento da

flexibilidade do que o tempo dedicado ao estiramento;

esquecendo a importância da variável temporal, que o

mesmo será dizer que poderão subestimar a tendência

teorética dos diversos dados científicos de base

neurofisiológica e biomecânica, que é o de afirmarem que

é necessário um período mínimo de tempo para que o

estiramento possua determinado efeito.

Em concordância com o que anteriormente ficou dito, não

podemos deixar de sublinhar o quanto poderá ser inditoso

realizar uma revisão bibliográfica com um número tão

parco de estudos. De modo a se compensar tal limitação

quantitativa, procurou-se analisar os quatro estudos

presentes com um rigor qualitativo mínimo.

Desta análise tentamos tirar algumas conclusões. Porém,

tendo em conta a já referida escassez numérica dos

estudos da natureza vigente, tentamos sobretudo retirar

desta revisão um conjunto de linhas de orientação para a

realização de estudos futuros.

Todos os estudos, exceptuando Loannis et al (2005),

investigaram a flexibilidade dos músculos ísquiotibiais, o

que se deve ao facto de ser este o grupo muscular com

maior tendência para o encurtamento muscular (Bertherat,

1976; Busquet, 1998; Souchard, 2004) e um dos que mais

facilmente pode ser testado no respeitante à amplitude

de movimento.

Todos os estudos incluem na amostra maior número de

homens do que de mulheres, o que se relaciona com os

critérios impostos de um mínimo de limitação articular do

joelho, associados ao facto de que os homens são, em

média, menos flexíveis do que as mulheres, tal como

estudos recentes tão bem têm mostrado (Youdas et al,

2005). Aliás, em nenhum dos estudos houve divisão dos

resultados da variável dependente pelos diferentes sexos,

ficando sem se saber se o comportamento dos resultados

tem exactamente a mesma expressão em ambos os sexos.

Todos os estudos incluíram critérios de inclusão na

amostra, assim como critérios precisos de medição do

tempo de estiramento.

Em todos os estudos, a amplitude de movimento foi

mensurada mediante a utilização de um goniómetro,

incluindo métodos de avaliação da fiabilidade como o

desenho teste-reteste. Apenas em Loannis et al (2005) foi

utilizado outro instrumento para além do goniómetro, na

medição da maioria das amplitudes de movimento.

Em todos os estudos, os estiramentos efectuados não

foram precedidos de aquecimento ou exercício prévio. Este

é um aspecto de importância cabal, pois tal como estudos

(clássicos e recentes) têm demonstrado, a amplitude de

movimento aquando da realização de um estiramento

poderá ser mais elevada se o treino de flexibilidade for

precedido de aquecimento directo (Henricson, 1985;

Lehman et al, 1970; Lespargot, Robert & Khouri, 2000;

Zachazewski, 1989, 1990) ou na forma de exercício

(Anderson, 2005; Gillette, 1991; Johansson et al, 1999;

Smith, 1994). Seria difícil objectivar os resultados obtidos

se diferentes sujeitos tivessem realizado alguma forma

de aquecimento, pois é tarefa complexa operacionalizar

os efeitos desse mesmo aquecimento em diferentes

indivíduos.

Os primeiros três estudos analisados (Bandy & Irion, 1994;

Bandy et al, 1998; Roberts & Wilson, 1999) foram muito

semelhantes entre si em termos das idades dos

participantes e do tipo de estiramento realizado, diferindo

cabalmente do quarto (Feland et al, 2001) no respeitante

a esses factores. Este último incluiu uma população mais

velha. Loannis et al (2005) incluíram, por outro lado, a

mais jovem e activa das populações, tendo em comum

com o estudo de Feland et al (2001) somente o facto de

também ter utilizado estiramentos passivos no tratamento

experimental.

Em termos dos resultados alcançados, no seu conjunto,

os diversos estudos permitiram concluir que a variável

tempo de estiramento é significativa no respeitante ao

ganho de flexibilidade. Os estudos de Bandy e Irion (1994),

de Roberts e Wilson (1999) e de Feland et al (2001)

permitem concluir que tempos de estiramento mais

elevados resultam num maior ganho de flexibilidade. Os

estudos de Bandy e Irion (1994), de Bandy et al (1998) e

de Loannis et al (2005) levam a concluir que 30 segundos

correspondem ao tempo óptimo de realização de um

estiramento. Todos estes estudos concluem que um tempo

maior de estiramento (para além de 30 segundos) não é

mais vantajoso no ganho de flexibilidade. Por outro lado,

o estudo de Feland et al (2001) não corrobora estes

resultados, tendo demonstrado que o tempo de

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 51

estiramento de 60 segundos levava a ganhos de

flexibilidade superiores aos obtidos com estiramentos com

uma duração de 30 segundos. Como explicar estas

divergências? Uma análise cuidadosa e reflectida dos

estudos, de outra literatura encontrada, e até da

experiência clínica partilhada por terapeutas e professores

de educação física, poderá ajudar a esclarecer a questão

dos tempos necessários aos estiramentos.

Nos diversos estudos, duas variáveis foram

particularmente controladas: o número de estiramentos e

o tempo de duração do estiramento. Os dois factores foram

conciliados de modo a que o tempo total de estiramento

pudesse ser equitativo nos diferentes grupos testados.

Assim, podiam ser realizadas verdadeiras comparações

entre os grupos em termos do tempo de estiramento

realizado. Agora, a questão tem de se colocar da seguinte

maneira: será que merece a pena prolongar um

estiramento para além de um determinado período de

tempo? Será que existe um tempo óptimo/ideal para que

a realização de estiramentos seja mais eficiente? E esse

tempo variará segundo factores como a idade, género,

grupos musculares testados e condição clínica presente?...

Diversas razões têm sido apresentadas para defender a

realização de estiramentos com um tempo mínimo de

duração. Essas mesmas razões poderão explicar os

resultados consecutivos relativos aos estudos analisados.

Referimo-nos às questões de ordem mecânica e

neurofisiológica que foram apresentadas na introdução.

É necessário um período de tempo mínimo de estiramento

para que possa ser inibido o reflexo miotático de

encurtamento das fibras musculares alongadas, por um

lado, e para que possa ser obtida uma deformação

adicional dos componentes visco-elásticos do músculo,

por outro (Threlkeld, 1992, Tillman & Cxummings, 1992).

Seguindo a lógica da equação Índice de deformação =

Força aplicada / Coeficiente de elasticidade x Tempo, pode

ser argumentado que o ganho de flexibilidade (dependente

da quantidade de deformação tecidular obtida) está

dependente do tempo de estiramento, numa razão de

proporcionalidade directa. O mesmo será dizer que quanto

mais longo for o estiramento mais vantagens daí advém

para o ganho de flexibilidade (Zachazewski, 1989, 1990).

Daí se explica que um estiramento de 15 segundos seja

mais efectivo que um estiramento de cinco segundos

(Roberts & Wilson, 1999) ou que um estiramento de 30

segundos seja mais eficaz que um estiramento de tempo

inferior (Bandy & Irion, 1994; Feland et al, 2001). Por ou-

tro lado, como se explica que a partir de 30 segundos não

pareça existir qualquer vantagem em termos do aumento

da flexibilidade, como referido por Bandy e Irion (1994),

Bandy et al (1998) e Loannis et al (2005)? A explicação

parece residir no facto de 30 segundos constituir o tempo

necessário para que a deformação tecidular possa ven-

cer a resistência do reflexo miotático de encurtamento e a

resistência mecânica do próprio tecido músculo-tendinoso.

A partir do momento em que a deformação máxima foi

obtida, o prolongamento da posição de deformação não

apresenta vantagens, pois o tecido mole passou a apre-

sentar uma certa libertação, uma pequena margem de

amplitude que faz com que a tensão de estiramento pas-

se a ser progressivamente menor. Se no estudo de Feland

et al (2001) os resultados indicam que um estiramento

superior a 60 segundos apresentou vantagens é porque

foi realizado um estiramento em tecidos moles de pesso-

as com mais idade, ou seja, em músculos com capacida-

de de deformação mais lenta (mais stiffness). Significa

isto que, proporcionalmente, em pessoas de idade mais

avançada, um estiramento de maior duração tem os mes-

mos efeitos que um de menor duração em indivíduos mais

jovens. A explicação proposta é apoiada pelos dados. Uma

rápida verificação da tabela, nomeadamente à coluna dos

resultados dos estudos, permite perceber que os ganhos

de graus de amplitude que os jovens dos estudos de Bandy

e Irion (1994) e de Bandy et al (1998) conseguiram em

seis semanas com estiramentos de 30 segundos ou que

os adolescentes do estudo de Loannis et al (2005) conse-

guiram durante um período semelhante com estiramentos

com a mesma duração são muito similares aos ganhos

de graus de amplitude que os idosos de Feland et al (2001)

conseguiram com estiramentos de 60 segundos, também

em seis semanas.

O ponto de deformação máxima dos tecidos musculares

dos idosos demora mais tempo a ser obtido do que um

ponto de deformação equivalente nos jovens.

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 52

As propriedades biomecânicas do tecido muscular alteram-

se significativamente com a idade, com os idosos a

possuírem uma resposta mecânica da unidade contráctil

ao alongamento mais lenta, em parte devido à progressiva

transformação do tecido muscular em tecido conectivo,

ao aumento do conteúdo tecidular de colagéneo, à

maturação e aumento do número de cross-links elásticos

e à diminuição da quantidade tecidular de água, elastina

e glicosaminoglicanos (James & Parker, 1980; Kappeler

& Epelbaum, 2005; Oken et al, 2006).

O estudo de Loannis et al (2005) é o único que fornece

alguma evidência de que o número de estiramentos é tão

importante quanto o tempo de duração do estiramento

propriamente dito no que diz respeito aos ganhos de

flexibilidade. Os dados assim o sugerem, demonstrando

ganhos de amplitude após a administração do protocolo

dos 12 estiramentos de cinco segundos comparáveis aos

ganhos após a administração do protocolo de dois

estiramentos de 30 segundos. Sendo assim, este estudo

contraria mais directamente os resultados de Bandy et al

(1998), investigação em que os mesmos parâmetros foram

objecto de análise própria, tendo-se verificado que não

se registavam alterações relevantes no aumento do

número de estiramentos. Que tipo de explicação pode ser

avançada para tal discrepância? Podemos avançar que,

provavelmente, um aumento de um para três estiramentos

pode não ser significativo para produzir resultados

relevantes. Eventualmente, se Bandy et al (1998) tivessem

criado outros grupos em que o aumento da frequência de

estiramentos seria de um para, por exemplo, seis ou nove

ou doze, seria possível deparar-nos com resultados mais

significativos. A diferença justifica-se, pois tal como

argumentou Taylor et al (1990), é necessário um mínimo

de quatro repetições do mesmo estiramento para se

produzir uma máxima deformação tecidular

Recomendações para a realização de estudos futuros

Apesar de existir uma grande quantidade de literatura

respeitante às alterações biomecânicas e neurofisiológicas

subjacentes ao treino de flexibilidade, a temática em

questão peca por uma grande escassez de estudos

experimentais, os quais compreendem o único

método de tornar objectivos os dados que os modelos

teoréticos sustentam. Daí a necessidade de realizar mais

estudos futuros sobre a temática vigente.

A análise realizada na presente revisão bibliográfica

poderá ajudar a criar linhas de orientação metodológica e

heurística para futuros estudos a realizar.

Recomenda-se, portanto, que sejam realizados estudos

com amostras mais estratificadas, divididas em grupos

de diferentes tempos de estiramento (ex. cinco segundos,

10 segundos, 15 segundos, 20 segundos, 30 segundos,

45 segundos, 60 segundos, 90 segundos, 120 segundos),

com controlo (e estratificação mais abrangente) do factor

frequência do estiramento, e com inclusão e controlo dos

factores sexual e etário e da forma como estes se

relacionam com os resultados obtidos. Será vantajosa a

realização de estudos com populações de diferentes

idades, como por exemplo, adolescentes, adultos jovens,

adultos de Meia-idade e sujeitos com 65 anos ou mais,

com controlo inclusivo das variáveis desportiva,

ocupacional, profissional e nutricional. Quanto mais

avançada for a idade dos participantes, mais importante

será a inclusão de grupos com a realização de

estiramentos de maior duração.

Será fundamental a realização de estudos futuros em que

as diferentes populações sejam submetidas ao mesmo

tipo de estiramento, efectuado pelo mesmo investigador

e realizado com durações diferentes em grupos

correctamente estratificados.

Os estudos a efectuar no futuro deverão ter em conta a

realização de dois grandes tipos de estiramento estático:

o estiramento em cadeia funcional realizada

autonomamente pelo participante e o estiramento analítico

efectuado passivamente pelo investigador. É importante

perceber se há ou não diferenças em termos da forma

como o estiramento é realizado, no respeitante aos tempos

de estiramento e consequentes ganhos na flexibilidade.

Recomenda-se, em acrescento, a realização de

estiramentos durante pelo menos seis semanas, à

semelhança do que foi realizado na grande parte dos

estudos analisados. Um tempo superior a este poderá ser

ainda mais recomendável. Para além disso, é

recomendável a realização entre quatro e dez estiramentos

por dia, pois quatro corresponde ao número mínimo de

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 53

estiramentos necessários ao máximo alongamento

tecidular, enquanto que mais de 10 estiramentos parece

ser desnecessário na obtenção de mais deformação dos

tecidos (Taylor et al, 1990).

No respeitante à medição da amplitude de movimento,

efectuada tanto no pré-teste como no pós-teste, seria

vantajosa a medição tanto da amplitude passiva (com

pressão adicional) como da amplitude activa de movimento

em cada participante. A medição deverá sempre ser

realizada em decúbito dorsal com a anca flectida a 90º,

tal como efectuado nos estudos analisados (isto se nos

estivermos a referir aos músculos ísquiotibiais). Não se

recomenda a efectuação de medições da amplitude com

testes como a medição do comprimento do espaço entre

os dedos e o chão com o participante inclinado à frente,

entre outros, pois não são suficientemente específicos,

dependendo muitos destes testes da flexibilidade de

diferentes grupos musculares.

Ainda em termos da medição efectuada, recomenda-se,

dentro do possível, a efectuação de testes de fiabilidade,

do tipo intra-observador (teste-reteste) e inter-observador.

O ideal corresponde à realização de várias medições (no

mínimo três) e à efectuação de uma média final das

mesmas.

Para além dos métodos de avaliação, importa recomendar

a realização de estudos incluindo outros grupos

musculares para além dos ísquiotibiais. É fundamental

escolher grupos com tendência para o encurtamento e

que facilitem a medição angular; é o caso do tricípete sural,

grupo muscular fácil de estirar e de avaliar.

No domínio da investigação dos tempos dos exercícios

de flexibilidade está quase tudo por fazer, e esta limitação

dificilmente pode deixar de se repercutir negativamente

no mundo das experiências clínica e desportiva.

Conclusões

De acordo com os estudos analisados, o tempo de

estiramento estático considerado ideal parece

corresponder a 30 segundos de duração. Porém, em

indivíduos com idades mais avançadas, esse tempo

parece aumentar, devido à natureza mais rígida dos

tecidos. Recomenda-se a realização de estudos com a

utilização de metodologias renovadas, incluindo a

utilização de diferentes tempos de estiramento aplicados

a diferentes grupos musculares.

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Artigo recebido a: 30 de Maio de 2007

Artigo revisto a: 28 de Outubro de 2007

Aceite para publicação: 05 de Novembro de 2007

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 55

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 56

Shoulder Rehabilitation: Non-Opera-tive Treatment é um

livro editado por um prestigiado Fisioterapeuta americano

(Director of Physiotherapy Associates Scottsdale Sports

Clinic in Scottsdale, Arizona e Chairman of the USTA Sport

Science Committee) com uma vasta experiência na área,

que apresenta, analisa e discute os conhecimentos mais

recentes relacionados com a evidência no tratamento de

Fisioterapia das perturbações músculo-esqueléticas do

complexo articular do ombro (CAO), fornecendo guidelines

orientadoras dos planos de intervenção para as diferentes

condições.

Organizado para servir quer como base de referência

clínica quer como um suporte sólido de revisão actual de

conceitos e modelos de intervenção nas disfunções do

CAO, está dividido em 2 grandes secções e conta com o

contributo de outros vários autores:

1) Reabilitação da patologias especificas do Ombro com

6 capítulos: Reabilitação nos Síndromes de conflito

(primários, secundários e internos); Reabilitação da micro-

instabilidade; Reabilitação da macro-instabilidade;

Reabilitação da capsulite adesiva; Reabilitação das lesões

da articulação acromio-clavicular; Classificação e

tratamento das patologias da omoplata.

2) Temáticas especiais na Reabilitação do Ombro com 3

capítulos: Modificação dos exercícios tradicionais e

oregresso à actividade desportiva; Aplicação de Tape e

uso de aparelhos externos na reabilitação do ombro;

Programas específicos de reintegração desportiva. Na 1ª

secção o capítulo 1 relacionado com os síndromes de

conflito, especifica de forma clara, lógica e objectiva a

fisiopatologia, classificação dos diferentes tipos de conflito

bem como as diferentes formas de intervenção em

fisioterapia. Os outros capítulos desta secção contam com

a preciosa colaboração de vários autores onde se destaca

o de W.Ben Kibler que apresenta de forma analítica as

disfunções da escápula (biomecânica, fisiopatologia e

guidelines para a Fisioterapia).

Na 2ª secção são abordadas temáticas específicas muito

úteis ao Fisioterapeuta que tem de tomar decisões sobre

a forma e timing de regresso à actividade desportiva pós-

lesão, analisando particularmente a reintegração de 4

desportos (ténis, natação, lançamento e golfe)

Todos os capítulos são de leitura fácil, acompanhadas por

imagens, fotografias de exercícios, esquemas e tabelas

que sistematizam as ideias-chave que suportam o texto.

No final de cada capítulo há uma extensa e actual lista de

referências bibliográficas.

Este livro reúne as condições para ser uma excelente fonte

de recurso para os Fisioterapeutas que lidam com as

disfunções do complexo articular do ombro quer nos

pacientes em geral quer no caso de atletas em particular.

Raul Oliveira

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 57

Shoulder Rehabilitation: Non-Opera-tive Treatment

Todd S. EllenbeckerNew York, NY: Thieme, 2006180 páginas, 220 ilustrações; SoftcoverISBN 978-1-58890-370-9, US $49,95ISBN 978-3-13-140221-9, EU 39,95

REVISÃO DE LIVROS

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 58

Este livro editado por autores de renome internacional com

vasta experiência e investigação nesta temática constitui

um volume que se integra na Encyclopaedia of Sports

Medicine series e que foi publicado neste ano de 2007

sob os auspicious do Comité Olímpico Internacional.

É um livro que actualiza os conhecimentos sobre as

tendinopatias, analisando o “estado da arte” desde as

áreas das ciências básicas (bases moleculares e

bioquímicas; alterações biomecânicas e comportamento

dos tendões in vivo) até aos aspectos das diversas

intervenções clínicas. Em cada um dos capítulos há

contributos de diversos autores internacionalmente

reconhecidos pela investigação já produzida nos diversos

domínio (quer investigadores quer clínicos).

Apesar da elevada prevalência e incidência das

tendinopatias quer no desporto quer na prática da

actividade física bem como na actividade profissional, a

etiopatogénese precisa e as estratégias de intervenção

mais eficientes ainda levantam muitas questões que não

estão bem explicadas e/ou resolvidas.

Este livro constitui um excelente recurso para se

acompanhar a progressão dos conhecimentos mais

actuais das ciências-base nesta temática e sua aplicação

aos contextos clínicos dando aos fisioterapeutas

fundamentos mais sólidos e credíveis na selecção das

suas estratégias de intervenção (quer na prevenção,

querno tratamento).

Apresenta secções do tipo “What We Need to Know” que

constituem linhas de investigação futuras quer para

clínicos quer para novos investigadores.

Está organizado em 15 capítulos com uma extensa e actual

lista de referências bibliográficas no final de cada um.

Temas abordados em cada capítulo:

1 - Tendinopatias: um problema major em medicina

desportiva.

2- Etiologia da tendinopatia

3- Biologia molecular da tendinopatia

4- As respostas celulares do tendão às alterações da

carga: implicações na etiopatogénese da tendinopatia

5- Como são os tendões ao vivo? Actividade metabólica e

circulatória associada ao exercício

6-Patologia de sobrecarga nos tendões: aspectos

histopatológicos e histoquímicos

7- Estudos mecanobiológicos dos mecanismos

moleculares e celulares nas tendinopatias

8- Comportamento in vivo dos tendões de Aquiles e patelar

durante a marcha normal

9- Inervação tendinosa: compreensão da fisiopatologia e

implicações para o tratamento

10- Modelo neuropático da etiologia e tratamento das

tendinopatias do tendão de Aquiles

11- Abordagem terapêutica integradora das tendinopatias:

aspectos biomecânicos e biológico

12- Patologia crónica do tendão de Aquiles: conceitos de

biologia básica e suas implicações para o tratamento

13- Tendinopatias do pé nos atleta

14- Abordagens alternativas no tratamento das

tendinopatias: medicina tradicional chinesa

15- Cirurgia nas tendinopatias crónicas

Os capítulos 4, 5, 8, 10 e 11 são particularmente

interessantes e com informação muito actual e relevante

Tendinopathy in Athletes

Savio Woo, Per Renstrom, Steven ArnoczkyBlackwell Publishing; 1 Edição (February 14, 2007)233 páginas, 83 ilustrações; HardcoverISBN-10: 1405156708, US $125ISBN-13: 978-1405156707, EU 92,21

REVISÃO DE LIVROS

relacionada com o comportamento neuromecânico em

condições fisiológicas bem como as alterações/

perturbações ao equilíbrio homeostático que caracterizam

as diferentes lesões tendinosas.

É um livro que constitui uma referência incontornável nesta

matéria não só para os fisioterapeutas do desporto mas

também para todos os fisioterapeutas que lidam com esta

problemática no campo da saúde ocupacional.

Raul Oliveira

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 59

INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES

A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto saúda-o e

congratula-se pelo interesse na publicação do seu artigo. Antes

de o enviar, sugerimos que leia atentemente todas as instruções

que se seguem:

SUBMISSÃO DOS ARTIGOS

Todos artigos para submissão na Revista Portuguesa de

Fisioterapia no Desporto são realizados por correio electrónico.

Comece por guardar o seu trabalho como documento Word da

seguinte forma: data_nome do autor (exemplo:

janeiro2006_antónio manuel silva)

· Enviar o documento em anexo para o seguinte endereço

electrónico: [email protected]

· Após a recepção do documento, o Editor, através de e-mail,

enviará o aviso de recepção do mesmo. Nesse mesmo aviso

receberá o número do código atribuído ao seu trabalho

(Consultar – http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/revisao.php )

· Este processo deverá ser acompanhado pelo preenchimento

do documento “Formulário de Autorização dos Autores para

Publicação do Artigo” (disponível para download em http://

www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/autores/submeter-um-trabalho.php).

Depois de preenchido, certifique-se que constam as

assinaturas de todos os autores e envie-o por correio para a

Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (consultar a morada

neste documento).

· Após estes procedimentos o Coordenador do Conselho

Editorial enviará uma cópia do trabalho para dois ou mais

elementos do Conselho Editorial para iniciar-se o processo de

revisão (em: http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/revisao.php )

REQUISITOS GERAIS

· Os resultados e/ou dados apresentados no trabalho nunca

deverão ter sido publicados noutros jornais ou revistas quer

de carácter geral quer de natureza científica.

· O artigo deve estar sobre revisão exclusiva da Revista

Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

· O trabalho deve estar relacionado com aspectos científicos,

clínicos, profissionais relevantes para a fisioterapia no

desporto em particular e para as ciências do desporto em

geral.

· Os artigos devem ser redigidos de acordo com as Normas

de Redacção e Formatação da Revista Portuguesa de

Fisioterapia no Desporto.

TIPOLOGIA DOS ARTIGOS

Estudos Experimentais e Quasi-Experimentais – Trabalhos

originais sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreas

relacionadas. Descrever de forma clara o tipo de estudo, os

critérios de selecção e a caracterização da amostra, os

instrumentos aplicados, os procedimentos seguidos e a análise

estatística efectuada. Máximo de 3500 palavras. Estes tipos de

estudos devem de ter um resumo/abstract estruturado.

Estudos Descritivos / Observacionais – Trabalhos originais

sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreas relacionadas.

Descrever de forma clara o tipo de estudo (pode incluir estudos

de levantamento epidemiológico, estudos de caso, descrição de

experiências, entre outros), os critérios de selecção e a

caracterização da amostra, os instrumentos aplicados, os

procedimentos seguidos e a análise estatística efectuada. Máximo

de 3500 palavras e resumo/abstract estruturado.

Levantamento Epidemiológico – Estudos retrospectivos

ou prospectivos para determinação da prevalência, incidência

de lesões e caracterização dos factores de risco associados ás

lesões das diferentes modalidades desportivas e/ou actividades

físicas. Máximo de 3000 palavras e resumo/abstract estruturado.

Estudos de Caso – Descrição detalhada de um caso

clínico, contendo características relevantes do utente, avaliação

e diagnóstico em fisioterapia bem como a descrição da

intervenção. No conjunto devem existir, pelo menos, 10

referências bibliográficas distintas. Máximo de 850 palavras e

resumo/abstract estruturado.

Descrição de Experiências – Descrever de forma clara

os aspectos inovadores da experiência e as bases teóricas em

que esta se enquadra ou a descrição de novos instrumentos,

procedimentos ou tecnologias relevantes para a prática ou

investigação clínica em fisioterapia no desporto ou áreas

relacionadas. Máximo de 1500 palavras e resumo/abstract

estruturado.

Revisões Sistemáticas da Literatura e Meta-Análises –

Revisões detalhadas sobre novas temáticas ou temáticas

estabelecidas na área da fisioterapia no desporto, bem como em

áreas relacionadas. Descrever de forma clara os procedimentos

e meios utilizados no decorrer da revisão, explicitando se esta

foi sistemática, exaustiva e actualizada. Máximo de 4000 palavras

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 60

e resumo/abstract estruturado.

Artigos de Opinião: Ponto de vista de um expert sobre um artigo

publicado na revista. Os comentários surgem a título de convite

por parte do Editor. Os autores do artigo sob comentário têm a

oportunidade de responder ao ponto de vista do expert. Máximo

de 750 palavras.

NORMAS DE REDACÇÃO E FORMATAÇÃO DOS ARTIGOS

Todos os artigos sujeitos a submissão à Revista Portuguesa de

Fisioterapia no Desporto devem seguir as seguintes normas de

redacção e formatação:

• Devem ser escritos em português.

• Todas as páginas numeradas (incluindo a página de

rosto) com margens laterais, superior e inferior de 2,5 cm.

• Texto escrito em documento Word, com alinhamento

justificado e espaçamento entre linhas de 1,5 cm. Tipo de

letra: Arial com tamanho 12.

• Não podem ser utilizados outros procedimentos de

formatação, como por exemplo, rodapés, cabeçalhos, etc.

Página de Rosto

• Título do artigo.

• Nome de cada um dos autores com o respectivo título

profissional e/ou académico e a instituição a que pertencem.

• Endereço do correio electrónico ou morada de um dos

autores, para correspondência.

Resumo / Abstract

• Não deve exceder as 250 palavras e deve estar

estruturado da seguinte forma: Introdução, Objectivos,

Relevância, Metodologia, Resultados, Discussão, Conclusão

e Palavras-chave. Deve-se fazer igualmente um resumo/

abstract em inglês com a mesma estrutura.

Texto

• Estudos Experimentais, Quasi-Experimentais,

Descrit ivos/Observacionais (levantamentos

epidemiológicos, descrição de experiências) Revisões

Sistemáticas de Literatura e Meta-Análises devem estar

estruturados da seguinte forma: Introdução, Métodos,

Resultados, Discussão e Conclusões.

• Estudos de Caso devem estar estruturado da seguinte

forma: Introdução, Descrição do Caso, Resultados e

Discussão.

Citações e Referências Bibliográficas

· Todas as referências que fazem parte da lista final de

Referências Bibliográficas devem estar citadas no texto

(Consultar o documento: Normas de Citações e da Lista Final de

Referências Bibliográficas disponível para download em http://

www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/autores/normas-de-redaccao-e-

formatacao.php )

· As referências citadas durante o texto devem contemplar

o nome do autor (apelido), seguido de vírgula e o ano de

publicação (ex. Campbell, 1999). Se a referência for de dois

autores deve-se colocar a ligação “&” entre os nomes dos

mesmos, seguido de vírgula e o ano de publicação (ex.

Campbell & Fortis, 2000). Se a referência for mais de dois

até seis autores, deve citar-se todos os nomes numa primeira

vez e nas subsequentes, o apelido do primeiro autor seguido

de “et al”. Quando são mais de seis autores utiliza-se sempre

“et al” (ex. Garth et al, 1997).

· Na lista final de Referências Bibliográficas, quando a

referência tem 7 ou mais autores, citam-se os primeiros três

seguido de “et al”.

· Regra geral, as entradas da lista final de Referências

Bibliográficas devem ser ordenadas por ordem alfabética

do apelido do primeiro autor.

· Caso existam vários trabalhos do mesmo autor, coloca-

se em primeiro lugar os trabalhos individuais, seguidos dos

trabalhos colectivos, utilizando o apelido do segundo autor

como critério de ordenação. Para vários trabalhos do mesmo

autor utiliza-se o ano de publicação como critério de

ordenação (do mais antigo para mais recente).

· Referências a trabalhos aceites mas não publicados

devem ser designados como “in press”. Teses de

Doutoramento ou de Mestrado são considerados trabalhos

publicados. Não são aceites informações provenientes de

documentos, apresentações ou apontamentos pessoais.

· Todas as normas de citações e de referências

bibliográficas devem de ser verificadas pelo(s) autor(es).

Quaisquer erros ou omissões sobre as mesmas são da

exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).

Tabelas, Quadros e Gráficos

· As tabelas, quadros e gráficos devem estar inseridas no

texto e apresentadas como imagem em formato JPEG.

Devem de ser digitais com resolução mínima de 150 dpi e

um tamanho máximo de 80 kb (bytes)

· Todas as tabelas, quadros e gráficos devem ser

numeradas sequencialmente e ter o respectivo título. Este

deve ser colocado acima das mesmas com o tipo de letra –

Arial de tamanho 10 com espaçamento entre linhas de 1,0.

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I 61

· No caso de existirem abreviaturas, a respectiva legenda

deve figurar fora e imediatamente abaixo das tabelas,

quadros e gráficos. Estas devem de ser escritas em Arial

de tamanho 9.

· Todas as tabelas, quadros e gráficos devem estar

referidas no texto.

· As tabelas e quadros não devem ter linhas verticais. Usar

sempre linhas horizontais para o cabeçalho e finalização

das mesmas.

Figuras, Imagens e Fotos

· As figuras, imagens e fotos devem estar inseridas no

texto. Devem ser digitais com resolução mínima de 150 dpi

e um tamanho máximo de 80 kb (bytes)

· Todas as figuras, imagens e fotos devem estar em formato

JPEG (JPG).

· Todas as figuras, imagens e fotos devem ser numeradas

sequencialmente e ter o respectivo título. Este deve ser

colocado acima das mesmas com o tipo de letra – Arial de

tamanho 10 e com espaçamento entre linhas de 1,0.

· Todas as figuras, imagens e fotos devem de ser referidas

algures pelo texto.

· São excluídas quaisquer figuras, imagens e fotos não

originais, que sejam retiradas de livros ou outras fontes

desde que não tenham a autorização expressa dos autores

e/ou editores.

DOCUMENTOS ADICIONAIS

Para publicação dos artigos os autores devem de preencher o

Formulário de Autorização dos Autores para Publicação do

Artigo (disponível para download em http://www.apfisio.pt/gifd_revista/

pages/autores/submeter-um-trabalho.php) e envia-lo por correio para

seguinte morada:

Por um lado, este documento formaliza a autorização de todos

os autores para a publicação do artigo na Revista Portuguesa de

Fisioterapia no Desporto assegurando a originalidade de todo o

seu conteúdo (imagens, fotos, quadros, tabelas, etc), a

exclusividade e os direitos de publicação por parte do Editor. Por

outro, certifica uma participação activa do (s) autor (es) na

realização do estudo/trabalho, e que este, envolveu a obtenção

do consentimento informado de todos os sujeitos envolvidos no

Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto Rua João Villarett, 285 A Urbanização Terplana 2785-679 – São Domingos de Rana Portugal

mesmo (quando aplicável) e que uma entidade competente e

responsável aprovou este projecto de investigação (quando

aplicável). Este mesmo documento pretende ainda refutar,

qualquer interesse comercial e/ou outro tipo de conflito de

interesses.

POLITICAS EDITORIAIS

· É responsabilidade exclusiva do Director pronunciar-se

sobre a decisão final de publicação do artigo.

· Os autores devem estar disponíveis para realizarem as

alterações propostas ao seu artigo antes da decisão formal

para publicação.

· Em caso de necessidade, os revisores podem partilhar

ou recorrer a outros profissionais para complementarem a

sua revisão.

· Os autores não estão autorizados a fazer qualquer

alteração ao artigo proposto para publicação, durante o

processo de revisão, excepto para corrigir erros ou

omissões.

· O Editor pode recusar-se a publicar, se o autor efectuar

alterações substanciais ao artigo depois do mesmo ter sido

sujeito ao processo de revisão e aceite para publicação.

· O Editor pode solicitar revisões adicionais para

complementar as opiniões do Conselho Editorial.

SUGESTÕES

Quando submeter o artigo certifique-se que:

· Tem uma cópia do e-mail enviado para a Revista

Portuguesa de Fisioterapia no Desporto.

· Tem uma cópia do seu artigo guardada no disco rígido

do seu computador e que fez uma cópia para uma disquete,

CD ou outro tipo de dispositivo.

· Enviou o Formulário de Autorização dos Autores para

Publicação do Artigo com as assinaturas originais de todos

os autores.

· Fez um resumo/abstract estruturado em português e um

outro em inglês.

· Todas as referências que fazem parte da lista final de

Referências Bibliográficas estão citadas no texto e que se

encontram ordenadas por ordem alfabética.

Para informações adicionais consulte o seguinte endereço: http:/

/www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/inicio.php. Para qualquer outro

esclarecimento contacte o Director ou o Grupo de Interesse em

Fisioterapia no Desporto através do seguinte endereço

electrónico: [email protected]

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Informaçõeswww.fisiotroia.org

[email protected]