Jarbas fala sobre eleição para presidência do Senado

7/29/2019 Jarbas fala sobre eleio para presidncia do Senado

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17/ 01/ 2013 - 22:03

Jarbas Vasconcelos diz que Senado igual

mais esculhambada das cmaras municipais5

Josias de Souza

Dentro de 15 dias, o Senado deve reacomodar Renan Calheiros na cadeira de presidente,em substituio a Jos Sarney. Inconformado, o senador pernambucano JarbasVasconcelos, dissidente do PMDB, declara: O Senado igual mais esculhambada das

cmaras municiais do pas.

Jarbas disse ao blog que a volta de Renan mergulhar o Senado no impondervel.Responsabiliza Sarney ele conduz a bancada e o prprio Senado como se estivesse noAmap ou no Maranho e investe contra Dilma Rousseff preciso dizer, sem rodeios,que a presidente da Repblica conivente com tudo isso. Vai abaixo a entrevista:

- Acha mesmo que o Senado igual mais esculambada das cmaras devereadores do pas?Assemelha-se apenas s piores, igual mais esculhambadadelas, porque h cmaras municipais que so organizadas.


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- Esculhambao no um termo forte? forte, mas isso mesmo o que acontece.Basta observar a conduo dos trabalhos no Senado. O plenrio est sempre lotado delobistas, de pessoas que no tm nada a ver com o processo legislativo, a gente mal podese movimentar. Terminamos o ano de 2012 sem votar o Oramento da Unio. Descobriu-se que h mais de 3 mil vetos presidenciais sem votar. A desorganizao se manifesta nasmenores coisas. Quer que eu lhe d outro exemplo?- Sim, por favor.: Nas sesses do final do ano, eu fiz duas ou trs intervenes emplenrio, irritadio, porque no se votava nada. Pelo regimento, a Ordem do Dia tem quecomear s 16 horas. Dava cinco da tarde, Sarney no aparecia e nada acontecia.Indaguei a quem estava presidindo se haveria votao. E as pessoas respondiam:Estamos aguardando o presidente Sarney. E eu dizia: no estou perguntando isso. Querosaber se haver Ordem do Dia e se o horrio ser cumprido. Isso vai se acumulando e nose vota nada, a no ser as medidas provisrias, que interessam ao Executivo. Pior:quando chegam ao Senado, essas medidas provisrias j esto carregadas dependuricalhos, cheias de jabutis colocados dentro delas na Cmara.- S Sarney pode presidir as sesses?Claro que no. Para isso temos dois vice-presidentes no Senado.- O que ocorrer a partir do previsvel retorno de Renan presidncia?Vamosmergulhar no impondervel. O episdio da renncia dele presidncia do Senadoaconteceu ontem. Digo ontem por fora de expresso. Foi nessa legislatura, que de oitoanos.- Aconteceu em 2007.: Pois ento, o que eu digo. A coisa recentssima. O Renanempurrou com a barriga o calendrio para a definio do candidato do PMDB imaginandoque conseguiria se livrar das denncias. uma estratgia troncha, como dizemos aqui no

Nordeste. A coisa agora est em plena ebulio. E vai piorar.- Por qu? um erro imaginar que no vai acontecer nada. As pessoas se perguntam:ser que, numa bancada de 20 senadores, o PMDB no tem ningum melhor do queRenan para indicar como sucessor de Sarney? O PMDB no tem outro nome, um senadorcom menos desgaste? Fica difcil de explicar.- Por que, afinal, a bancada do PMDB sempre opta por Sarney ou por Renan quando chamada a indicar um presidente para o Senado?O grande responsvel por isso Sarney. Ele imprime uma orientao pouco democrtica e nada sadia bancada.- Como assim?Ao longo dos anos, Sarney foi acumulando prticas erradas. Quandoquestionado, sempre se faz de vtima. Ele conduz a bancada e o prprio Senado como se

estivesse no Amap ou no Maranho, onde ele resolve tudo pela fora e pela tradio. Elechega e diz: Vai ser fulano, vai ser beltrano, vai ser cicrano. Veja o que est ocorrendoagora: sem nenhum tipo de debate, a coisa j est toda definida. Sarney sai e o presidenteda Casa vai ser Renan. O lder da bancada do PMDB vai ser Euncio Oliveira. RomeroJuc vai para uma das vice-presidncias. tudo na base do voto de coronel, do voto decabresto. O pior que o Congresso continua dando esses exemplos de lamentveisprticas num instante em que o Judicirio brasileiro, por intermdio do STF, se afirmaperante a sociedade.- Por que senadores como o sr. e Pedro Simon no se apresentam como candidatospara disputar com Renan?Poderamos at nos apresentar como candidatos. Mas no

seria suficiente. Veja o meu caso: tenho a marca da oposio. Era preciso queencontrssemos dentro do PMDB uma pessoa como o senador Luiz Henrique, que est


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ligado base do governo. Algum que pudesse se lanar candidato e tivesse condiesde pegar o telefone e marcar uma audincia no Planalto e se apresentar presidenteDilma como candidato do governo. Coisa que o Simon no pode fazer e muito menos eu.- Por que menciona Dilma? preciso dizer, sem rodeios, que a presidente da Repblica conivente com tudo isso. Ela sabe que a eleio de Renan pode mergulhar o Senado e opas no impondervel. E no tem a capacidade de chamar Sarney para perguntar a ele seno tem outra soluo menos traumtica.- Ela esboou um movimento no ano passado, no?Fez isso de forma atabalhoada,tentando guindar o Edison Lobo. Ficou parecendo que queria se livrar dele no Ministriode Minas e Energia, no ajudar o Senado. Tudo isso sem mtodo, numa manobra pblica.Deveria ter chamado Sarney para dizer que o apoio do PMDB importante para ela, masque mais importante ainda para o pas e para a democracia um Senado revigorado,um Congresso altivo. evidente que um Legislativo bombardeado pela opinio pblica epela mdia no interessa a ningum, nem ao governo nem ao pas. Muito menos aoprocesso democrtico brasileiro.- No lhe parece equivocado atribuir relevo ao Planalto numa escolha que deve serfeita pelo Senado? uma anomalia. Mas assim que as coisas tm sido feitas. Essaprtica no nasceu com Lula nem com Dilma. Mas os dois se acomodaram nisso. Lula e oPT no inventaram a corrupo. Porm, foram coniventes com ela. A tal ponto que opartido est hoje igual ou pior do que as outras legendas existentes, como o PMDB eoutros.- O que Dilma deveria fazer?Ela se diz uma gerentona, uma mulher dura, inflexvel,combativa. Por que no combate isso, por que no enfrenta? Est na metade do governodela. Por que no chama o feito ordem? Ela poderia dizer a Sarney e a Renan: Estou

vendo os editoriais de jornais, as manifestaes de articulistas, as reaes da opiniopblica. A coisa est vista de todos. Ser que isso vai se acalmar depois de uma vitriade vocs? evidente que esse lado podre do PMDB pode ignorar o apelo dela. Mastambm evidente que, se eles resolvem esticar a corda, essa corda pode arrebentar. Searrebentar, prejudica o partido e o Congresso. Mas tambm prejudica o governo.- O que significa arrebentar a corda? uma iluso imaginar que tudo vai morrer no dia 2de fevereiro, depois da eleio para presidente do Senado. Todo mundo sabe o que vaiacontecer. Vai acontecer o pior.- O que o pior?A repetio do que aconteceu em 2007. Sero rememoradas asdenncias velhas. Viro denncias novas. As coisas envolvendo Renan so muito

recentes. No so desprezveis as chances de termos a repetio do que j ocorreu: apauta do Senado fica em segundo plano, ofuscada por um Renan forado a se defender,muitas vezes usando a presidncia do Senado para fazer isso. No estou criandodemnios. J aconteceu. E no foi em outra dcada. Foi agora, tudo recentssimo. Porisso digo que caminhamos para o impondervel. Agora, j surgem denncias envolvendotambm a Cmara, que no me cabe comentar. Mas imagine o que ser do pas secaminharmos para uma crise que leve ao estrangulamento simultneo das duas Casas doCongresso. Uma crise embalada por denncias, com ameaas de renncias de mandatos.Isso positivo? evidente que no. O processo democrtico brasileiro est consolidado.Mas nem por isso precisamos submeter as instituies a testes interminveis e repetitivos.

Sobretudo quando sabemos o que pode acontecer.


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- O que fazer?No tenho nada contra ningum. Mas no possvel, no razovel que oPMDB do Senado, numa bancada de 20 senadores, no encontre uma pessoa paracolocar no lugar de Renan, que est sendo bombardeado. Algo, alis, previsvel. Meespanta que Renan tenha imaginado que a imprensa no faria o strep-teasedele numahora como essas. muito despreparo. E Renan no um despreparado. Ele sabe disso.Tanto sabe que empurrou a definio da bancada para as vsperas do pleito. Imaginouque, desembarcando em Braslia no dia 28 ou 29 de janeiro, tudo se resolveria. Engano. Odebate aflorou.- Em dezembro, o grupo que o sr. integra cogitou lanar o nome de Luiz Henrique,do PMDB catarinense. Por que no evoluiu?Se Sarney no fosse o que , teriachamado Luiz Henrique para conversar no instante em que o nome dele foi cogitado. Diria:Voc no vai ser candidato dissidente, apoiado por independentes. Voc vai ser candidatodo Senado, com o meu apoio.- Luiz Henrique disse aos senhores que seria candidato. Por que recuou?Ele chegoua se animar. Dilma o convidou para uma viagem Rssia. Eu disse a ele que seria timoque viajasse. Ele me perguntou por qu. Respondi que ele poderia se apresentar a Dilmacomo candidato governista. E ela s apoiaria Renan se quisesse. Passaria a ter umaalternativa dentro do PMDB. S faria a opo pela banda podre se quisesse. Mas elevoltou da viagem e disse que Dilma no tocou no assunto. Ele tambm no se animou atocar.- Ele no poderia disputar sem falar com Dilma?Entendo que sim. Mas ele me disseque preferiria ser um candidato de consenso. Disse a ele que isso no existe. algo ques ocorreria se Sarney fosse outro, apoiando o Luiz Henrique como candidato da bancadado PMDB. Mas os compromissos de Sarney so subalternos. E todo mundo vai pagar por

isso, inclusive a Dilma.- Por que at a presidente Dilma?Porque ela est sendo conivente com essadesarrumao. Insisto: poderia dizer publicamente que discorda.- Se ela se contrape a Renan, no coloca em risco o que se convencionou chamarde governabilidade?Ela no precisa utilizar as expresses que eu uso, no precisa falarem banda podre. Basta dizer que esses nomes esto sob questionamento por fatos queocorreram, que no foram inventados. Renan renunciou presidncia do Senado para noser cassado. Se ela enfrentasse isso, se engrandeceria. Como no enfrenta, amanh nopoder simplesmente lavar as mos, dizer que no teve nada a ver com o processo.- H algo a ser feito?Ainda existe a possibilidade de surgir um nome do PMDB, algum

como o senador Ricardo Ferrao, do Esprito Santo. Fora disso, teremos de optar por umnome de fora do partido. Creio que o Randolfe [Rodrigues, do PSOL] foi precipitado ao selanar como candidato.- Por que dissidentes e independentes no conseguem se entender?Esse nvel dedesarticulao da gente no vem de hoje. coisa antiga. A oposio tornou-seinexpressiva em parte por conta de sua prpria desorganizao. O processo pobre. ORandolfe uma bela figura, mas j foi candidato. Disputou contra o Sarney e teve oitovotos, um deles o meu. Por que ser candidato de novo? Se no conseguimos um nome doPMDB, muito melhor concorrer com Pedro Taques [PDT-MT]. um nome novo, quedisputaria pela primeira vez. Esse argumento, alis, nem meu, do Cristovam Buarque

[PDT-DF].


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- Uma vez definido o nome, seja Ricardo Ferrao ou Pedro Taques, quantos votoster o adversrio de Renan?Se fosse Luiz Henrique, a gente concorreria em melhorescondies. Com Ferrao, teramos de 20 a 30 votos. Com um nome como o de Taques, 18ou 20 votos.- esse o tamanho do pedao do Senado que o sr. chassifica de srio, em torno de20 votos?Infelizmente isso mesmo. As pessoas que poderiam contribuir com a melhoriado ambiente no fundo esto atrs de espao poltico. No querem ser excludos decomisses, tm medo de ficar isolados. O que um erro.- Portanto, o jogo est jogado. Renan presidir o Senado.: Se tivssemos o retorno dacandidatura de Luiz Henrique, poderamos sonhar com algo diferente. Do contrrio, semfatos novos, muito difcil alterar o quadro.- E da?Bem, a consequncia disso que nada muda no Senado. A Casa j estequiparada mais esculhanbada das cmaras municipais do pas e tende a ficar pior.Ser aprofundada a degradao do Senado, j combalido pela sequncia de escndalos,desacertos polticos e m administrao que levaram ao cho a imagem da instituio nosltimos anos.


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