Jéssica Barreto

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J É S S I C A B A R R E T Oj r b a r r e t o . t u m b l r . c o m

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Meu ponto fraco é o teu

nome. Tão meu quanto todas

as tuas partes, todas as tuas

fases, todos os teus inícios e

fins.

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Jéssica Barreto:Feita de peda-

ços. Meus, seus, dos outros. Peda-ços esses que se unem na intenção de se explicarem, se transformando

em palavras.

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N

Na verdade sempre existe uma verdade. E a verdade da vez é que eu não sei ficar sem você. E você também não sabe ficar sem mim. Sabe, mesmo com tantas idas e vindas e desculpas e mágoas a gente ainda in-venta desculpa esfarrapada pra ficar junto. Nem que seja amizade. Nem que seja coleguismo, apenas. Um porto seguro só pra quando sentir dor ou quiser sorrir e se sentir melhor. Nem que seja de vez em quando. Nem que seja quase nunca. Mas ir embora de vez não está em questão,

nunca esteve. Nem faz parte do nosso vocabulário. Isso de ficar sem notícias não cabe à nós. Nunca coube. Te ter por perto a qualquer custo talvez signifique algo pra você. Me ter por perto pode ser que signifique algo pra mim. É cumplicidade, uma sintonia meio sem compasso e sem marcação mas que dá muito certo. Mais certo do que essas coisas ensaiadas. Sabe quando dizem por aí que duas coisas ou pessoas sempre se completam? Mesmo querendo ir, mesmo não dando muito certo, mesmo.. A

gente se completa. Já reparou? Presta atenção, a gente se completa.

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Queria poder te dizer que não precisa ter medo, mas eu não posso. Queria te pedir que confiasse em mim inteiramente, mas eu não consigo. Queria te prometer um pra sempre sem culpa, sem remorso, mas não dá. As coisas não conseguem ser as mesmas depois que um dos dois muda, e eu mudei. Mudei de volta. Sou o que eu era antes mas com sentimentos

de agora. Por isso minha confusão e meu medo. Medo de perder e de te ter. Medo que não dê certo nenhuma das opções. Por favor, entenda minhas idas. Não é algo que eu queira, mas te ver comigo inteiramente e eu não con-seguir retribuir minha outra metade da mesma maneira me deixa sem chão, meu bem. Fico porque sou fraca. Fraca demais. Não consigo te ver pedir por algo que eu também quero, entende? Quero muito. Mas não devo. Vem, fica perto, nem precisa me entender se quiser, só fica perto. Deixa que seus medos eu espanto e mando embora com

um assobio pausado soletrando um eu te amo bem baixinho pra só você ouvir, amor, só você.

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Queria eu, meu amor, ser forte o bastante para te ver chorar e conseguir coletar todas as tuas lágrimas para dentro de mim, para que sejam mi-nhas. Por mais que eu precisasse ir embora, eu sempre soube que de alguma forma estranha que não sei explicar, temos uma ligação. Ligação com pulsos rápidos e fortes que se fossem calculados a conta de telefo-

ne não teria mais tamanho. Principalmente quando escuto tua voz aí do outro lado. Queria eu acordar pela manhã e ver a cama bagunçada dos dois lados, mesmo que eu não consiga tomar conta do teu coração, já que também nem sei por onde anda o meu. Sei que anda perdido, meio lá e meio cá, como quem quer fugir mas não sabe como ir. Queria eu ser você. Para que todas essas confusões fossem minhas. Eu iria consertar todas e devolver emba-ladas à você, todas ajeitadinhas. Eu queria ser confiável pra você depois de tudo, de tantas idas. Mesmo querendo

ir, quero ficar. Mesmo. Queria eu ser tudo, meu bem, queria eu.

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Não se perca de mim. Mesmo que tudo dê errado e nem nos falemos mais. Não se perca de mim mesmo que nos afastemos e não tenhamos

mais assuntos como antigamente. Me escreva, me ligue, me chame. Me convide pra jantar enquanto trocamos fi-gurinhas de conversas e brincadeiras internas. Mande um alô por telegrama ou por email, ponha novas fotos nas redes sociais. Preciso saber que fica bem sem mim. Ou que não fica, mas preciso saber. Se perca de si mesmo, do mundo, dos amigos. Que falte tempo para ir ao cinema ou ao supermercado. Se perca nos livros, nas histórias, na sua própria vida, só não se perca de mim.

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Eu que sou forte finjo que não penso em você o tempo inteiro. Finjo não te ver em outras pessoas e nem ouvir tua voz pelo caminho de algum lugar qualquer. Faço de conta que tirei toda aquela bagagem que é sua, todas as suas marcas e vontades e sonhos contados pra mim. Todos os teus medos que eu queria fazer desaparecer e te mostrar que se segurasse minha mão e confiasse em mim ia ficar tudo bem. Finjo que não lembro, finjo que não sei, finjo que não sou mais eu. Tudo pra não

dizer a verdade. Que você não sai da minha cabeça nem pra dar uma volta no quarteirão. Que não te trocaria por ninguém. Que tua bagagem está toda aqui, desarrumada, jogada por entre as minhas onde sempre estiveram. Todas as suas marcas e vontades e sonhos contados pra mim que viraram os meus também. É tudo meu. É tudo nosso. A verdade é que você é mais de mim do que de você, eu sou mais de você do que de mim, todas as partes, todas as páginas, todas as estrofes, toda nossa bagagem. Eu só

finjo que sou forte. Eu não sou, meu amor, eu não sou.

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UUm mistério, acho que seria a palavra exata que a definiria. Não que ela fale pouco, ou que se mostre pouco, muito pelo contrário, ela se mostra, não se esconde, fala o que pensa e ri sem medo de ser feliz, e tudo isso até demais. O mistério está nos olhos, no jeito de falar, na maneira que se move querendo disfarçar algo que os olhos não escondem e o sorri-so entrega vezenquando. O mistério está nas palavras, subentendidas, ditas pela metade, ou até mesmo não ditas. Tem olhos puxados amendo-

ados brilhantes e sorridentes. Tem covinhas no sorriso e um jeito fofo de virar a cabeça pro lado quando não sabe o que dizer. Jeito de menina num corpo de mulher. Ou será uma mulher camuflada de menina? Bom, cabe aos aventureiros descobrir, ou aventureiras, como preferir. Vou avisando que tento, tento descobrir e tento sua idéia firme de que não pode fazer aquilo que talvez vá se arrepender depois. Tentação é bom, mostra os limites, e ela sabe de-finir bem isso pra você. Ela é encantadora, medrosa, sabe o que quer - ou pensa que sabe - e não gosta de apelidos.

É mimada, dengosa, quer ser cuidada o tempo inteiro, lembrada. Conhe-cê-la não dá tanto trabalho, decifrar sim. É mistério desses de filme de suspense, você sabe aquilo que está vendo, que está ouvindo, mas não sabe o que tem por trás, o que se passa na sua cabeça. Mas quer saber? É aí que se esconde a graça de tudo.

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Temos um futuro pela frente, não temos? Só preciso ouvir de você um sim, ou não, que seja. Já não sei quantas vidas ainda temos, já morre-mos e ressucitamos tantas vezes, já fomos embora por dois, três dias e voltamos, como se nada tivesse acontecido. Será que é preciso novos planos a cada volta? Talvez. Talvez precisemos de tempo, meu bem, um tempo juntos, um tempo afastados.Talvez utilizamos mal o nosso tempo.

É que odeio tanta coisa em você, odeio tanto que chego a te amar por isso. Não dê ouvidos às bobagens inseguras que consigo deixar escapar vezenquando, só chega per-to, bem mais perto do que você já esteve antes. Não deixa que seus medos bobos e minha falta de atenção sejam maiores que os sorrisos que já demos. Se apoia em mim, deixa eu te cuidar, me cuida também. Sabe, acho mesmo que a gente se ama, meu amor, a gente se ama.

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Não, isso não é amor, nunca foi. É medo de perder, de ficar só, de ir embora. Não é amor, é ansiedade e um turbilhão de pensamentos de-sorientados. É a presença da presença tão viva que não se sabe mais viver sem ela. Não é amor, é um vício maldito que ninguém sabe de onde

vem. Uma atração que manda todas as emoções, que le-vou anos e anos para se estabilizar, para os ares. Não é amor, é loucura. Foi falta de atenção, falta de cuidado. É sorriso bobo dado para o vento, como se tivesse olhando para alguém. É coisa que ninguém vê. É discórdia, é falta de atenção, é grude. Dependência total, independência. O certo e o errado, contradições, o torto, o céu, o fundo do poço. Não, definitivamente não é amor, é melhor do que isso.

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IInvoluntariamente sorriu. Nada de diferente, nenhuma aparição de sur-presa, muito menos uma dessas piadas bobas qualquer. Sorriu de movimentar todo o corpo, a mente, os olhos, os dentes. Sorriu pensando sozinha, imaginando e criando sozinha, e ninguém viu.

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M Me perguntaram o que eu vi em você. Eu não soube res-ponder. Quando a gente não sabe explicar alguma coisa é porque essa coisa é tão grande que não cabe em nenhu-ma explicação, certo? Certo.

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Morrer devia ser proibido. Assim como estacionar em vaga para táxi. É, eu sei, ainda assim tem gente que estaciona, e por livre e espontânea vontade. O problema é que ficam tantas coisas inacabadas. O jantar marcado com a fulaninha na sexta e o trabalho que tem que ser entregue na faculdade amanhã à tarde. Os planos para daqui 1 ano de viajar para conhecer alguém, o sonho de se formar, seguir carreira e dar a volta ao mundo como comemoração de aniversário. Segredos guardados, senti-mentos que despertou em outras pessoas. Músicas preferidas, cartas,

objetos de valor sentimental que ninguém chegava perto. Promessas e expectativas, uma voz e uma letra, uma ma-nia, um jeito de piscar os olhos e um sorriso que ninguém mais vai ter, ninguém mais veria. Todos falam em seguir a ordem natural das coisas, mas qual a ordem natural das coisas? Deixar anos de sorrisos e lágrimas e companhias para trás às 5h da tarde num banheiro, num quarto, no meio da rua, não é natural. Mesmo que não planejado, mesmo que de repente, não devia ser. Sabe, viver devia ser lei.

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Pior que viciar em bebida, em comida, ou em qualquer objeto comestível ou fumante que seja, é viciar numa pessoa. É incrível mas você vicia. E você fica louco, desconcertado, agitado e nervoso quando passa 5 mi-nutos sem sentir o cheiro ou ouvir a voz. É uma abstinência destrutiva, destrói sua capacidade de pensar, de agir, de se concentrar em alguma coisa que não seja nos ponteiros do relógio que passam o mais devagar possível na espera da próxima onda sonora que a voz dela emite quando está chegando perto. A incansável espera de um ‘bom dia’, a falta do

‘eu te amo’ quando se está fazendo qualquer outra coisa que não se falando. Vontade desesperada de ouvir a res-piração pelo telefone, o sinal de vida, de que está ali com você num silêncio totalmente confortável para ambos, como se estivessem um sobre o peito do outro arfando por uma briga de travesseiros que acabou em algumas pou-cas horas de sorrisos e afagos e olhares que se resumem agora em apenas um subir e descer de duas respirações

num mesmo compasso. É bom, sabe. É realmente bom sentir quem você gosta perto, mesmo que seja na ausência.

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Mas as pessoas acreditam, acreditam mesmo. Acreditam em finais feli-zes e em histórias de terror contadas ao pé de uma fogueira. Acreditam em contos de fadas e em filmes de besouros assassinos que aparecem

na cidade vez ou outra querendo exterminar a raça huma-na. Mas não são capazes de acreditar em sentimento, em brilho nos olhos e sorriso que não seja forçado. Acreditam em super-heróis mas não acreditam no super poder adqui-rido quando se ama alguém, o poder de fazer alguém se sentir bem só por estar perto, por sorrir, por simplesmen-te existir. O poder de fazer loucuras por alguém a ponto de arriscar a própria vida só para ter um sorriso, um ‘eu te amo’ sussurrado sequer. Super-heróis são corajosos, e sabe, só ama quem tem coragem.

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Mania de jogar o cabelo pro lado. Mania de sorrir quando sente alguém olhando demais. Mania de coçar os olhos e olhar o visor do celular como se houvesse chegado alguma coisa e não viu. Mania de estudar escutando música e revirar os olhos sempre que escuta, ouve ou vê alguma bobagem. De sor-risos, de olhares, de vozes e cheiros. Mania de achar que nem tudo é aquilo que se vê. De imaginar situações com quem nunca viu e se arrepiar, sorrir, se desesperar por isso. Mania de fechar os olhos antes de dormir e te dese-jar boa noite em pensamento, dorme bem, sonha comigo, te quero muito e bem.

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CCoisa é quando esses textos melosos começam a fazer sentido pra você de vez em quando. É sinal de que está perdido, entregue, acorrentado, já era. Aquela sensação de prisão perpétua, mas uma sensação boa, de prisão por livre e espontânea vontade, sem esforço. Sorrir sozinho vendo um programa idiota qualquer na televisão ao lembrar de alguma boba-gem que foi dita na noite anterior por ele(a) já se torna mais frequen-te do que escovar os dentes. Numa fração de segundos, tudo aquilo

que te prendia a não deixar que esses repentinos sorrisos saíssem acabam sendo esquecidos, desaparecem junto com o lixo que você jogou porta a fora semana passada. Você está apaixonado. Entregue aos encantos do som de uma voz e de um sorriso. Entregue ao barulho que ele(a) faz quando está tentando arrumar algo enquanto fala com você ao telefone. Entregue aos sussurros e palavras es-critas trocadas por ambos numa noite sem graça numa rede social qualquer da internet. Encanto não é vendido

por porção em qualquer esquina por aí, é construído a cada troca de sensações, a cada troca de olhares e pernas ou somente palavras. En-canto antecede a paixão e o amor. Acho que estou encantadoramente apaixonado(a) por você.

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É E M V O C Ê S Q U E M E A C H O !

m e a c h e i . t u m b l r . c o m n a o d i g i t e . t u m b l r . c o m

P R O J E T O :