Jornal A Laje — Dezembro/Janeiro 2011/2012
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Transcript of Jornal A Laje — Dezembro/Janeiro 2011/2012
dezembro e janeiro de 2011/12 14ª edição
Editorial O Movimento Nacional da Popu-
lação de Rua (MNPR) quer esse ano se aproximar mais da população que está em situação de rua. Sabemos que hoje 90% dessa população não tem acesso aos espaços públicos e à informação, portanto não chega a co-nhecer seus próprios direitos e nem o MNPR, que já há 3 anos está presen-te no Paraná. Por isso, o Movimento esse ano decidiu ter essa visibilidade junto ao morador de rua, dando con-dições para que os mesmos tenham acesso aos seus direitos políticos (saúde, trabalho, moradia, dignida-de, justiça e cidadania).
Temos muitas conquistas, como a construção do Centro de Defesa Esta-dual de Direitos Humanos (CNDDH) para população da rua e catadores, e outras tratadas nessa edição do jornal, como o almoço com a presidenta Dil-ma e o natal solidário, que mostram a evolução do Movimento no Paraná, que além de Curitiba tem se fortaleci-do em outras cidades como Londrina e está em processo de implantação em Paranaguá, mas sabemos que ain-da temos muito pela frente – e vamos fazendo uma coisa de cada vez.
Uma grande conquista para esse ano é a ampliação do jornal A Laje, que já na próxima edição terá um novo formato. Com certeza, ele será um ins-trumento ainda mais eficaz para apro-ximar o MNPR da população de rua, além de continuar sendo um espaço onde a população tem condições de falar sobre aquilo que eles precisam para ter uma vida mais digna.
Boa leitura!
PARTICIPE DO MNPR!Venha participar você também e ajude a fortalecer o Movimento! As reuniões do MNPR em Curitiba acontecem nas quartas-feiras, às 14:30h, no prédio do Ministério Público do Paraná, localizado na Rua Tibagi, 779 – Centro.
Movimento da População de Rua participa do 1º almoço com a presidenta Dilma
O dia 22 de dezem-bro de 2011 foi especial para centenas de cata-dores de material reci-clável e pessoas em si-tuação em rua. Ocorreu nesse dia, em São Paulo, o 1º almoço com a presi-denta Dilma, um encon-tro que teve atração ar-tísticas, debate político entre os dois movimen-tos com a presidenta e discursos das entidades. Na fala de Dilma Rous-sef, ela assumiu o compromisso de anualmente fazer esses encontros en-quanto estiver no mandato. “Quero ser a presidenta dos pobres”, afirmou.
Maria Lúcia Pereira, coordenadora nacional do MNPR, foi quem discur-sou sobre a população de rua. Ela es-clareceu que o governo está fazendo a parte dele, mas que o problema está nos municípios que não reconhecem as políticas públicas para a popula-ção de rua. “ Os municípios não estão dando condições, estão oferecendo os 142 mortos”, disse ela, se referindo ao
número oficial de pessoas em situa-ção de rua mortas em 2011.
No encontro, foram 37 os partici-pantes do Paraná, em um ônibus que reuniu os dois movimentos. Leonil-do Monteiro, também coordenador nacional do MNPR, esteve presente na reunião em que o Movimento en-tregou à Dilma propostas de políti-cas públicas para esse ano, referentes a questões como moradia e empre-go. “ Esperamos que esse ano a gen-te consiga essas propostas que foram apresentadas para ela”, afirma.
Nós, do Movimento da Popula-ção de Rua, temos recebido muita reclamação dos moradores de rua referente a higienização do albergue do Resgate Social. Estamos falando de uma velha conhecida que se cha-ma muquirana, um inseto que trans-mite doenças. É possível ver pelo pá-tio pessoas se coçando o tempo todo e na hora do banho alguns chegam a ter feridas na pele de tanto se coçar. Simplesmente nojento, nos coberto-res e nos lençóis também. A situação ficou ainda pior agora, pois só tem 1 chuveiro para atender a população que é de no minimo de 250 pessoas. Então fica difícil, pois tem um “xeri-
fão’’ que não permite a abertura dos outros banheiros.
No projeto João Dorvalino tam-bém precisamos de bom senso, pois em dias de chuva a população sofre do lado de fora pela falta de cobertu-ra. Muitas coisas que nos foram pro-metidas não estão sendo cumpridas. Nessa história de bom senso, é bom que se note que nós ainda não saí-mos da rua. As pessoas simplesmen-te montam os seus projetos e querem que a gente se acostume logo.
Bom senso
No encontro entre população de rua e catadores, pro-postas de políticas públicas foram entregues à Dilma.
“Por acaso, é possível adoçar um bule cheio de café com apenas uma colher de açúcar?” - Vilmar Rodrigues
Violâncias gratuitas contra o povo da rua
População de rua aprova o 1º natal solidárioUm evento construído coletivamente alegrou o sá-
bado de 17 de dezembro de 2011. Na praça Rui Barbo-sa, ocorreu o 1º natal solidário da população em situa-ção de rua de Curitiba, organizado entre FAS, MNPR, Patoral de Rua e outras entidades. O evento contou com atividades ecumênicas, artísticas, recreativas, e teve a apresentação da banda da polícia militar.
“Foi espetacular conseguir reunir todas essas en-tidades em um evento para a população de rua”, afirma Vilmar Rodrigues, participante do encontro. Para o coordenador nacional do MNPR, Leonildo Monteiro: “O 1º natal solidário da população de rua de Curitiba foi uma demonstração do reconhe-cimento da organização do MNPR, junto com seus apoiadores, pelo poder público municipal de Curi-tiba. Ficamos feliz de ter realizado mais um sonho
Gostaríamos de parabenizar a professora de educação física “ Leca” do pro-jeto João Dorva-lino, que vem inovando na questão do la-zer e entreteni-mento, promo-vendo passeios e atividades esportivas – tra-balho este que
O esporte com seriedade!
Sinceramente, não consigo entender as ações que vem acontecendo em vá-rios Estados do Brasil pelas polícias no combate ao crack. É muito comum ver policiais batendo nos usuários que dia-riamente estão nas praças ou até mes-mo nos ‘’mocós’’, quando muitas vezes lá no fundo daquela casa abandonada é possível ouvir os gritos de um usuário de drogas que sofre a tortura pelo fato de as vezes não ter simplesmente onde dormir. As pessoas responsáveis por essas ações deveriam, antes de sair, ter uma aula de cidadania e de humanida-de para saber que aquelas pessoas já es-tão fragilizadas pelo estado atual e que precisam de ajuda, pois não passam de pessoas doentes. Quando vemos a ma-neira que eles agem temos a impressão de que estamos numa guerra igual a um filme de terror, onde os zumbis saem dos ‘’buracos’’ e chegam até a queimar a pele, pois já há muito tempo que não veem a luz do dia. O estado e o muni-cípio tem responsabilidade de acolher essas pessoas, e não só isso, têm o de-ver de cuidar delas. Combater o crack não é combater as pessoas que o usam. Vilmar Rodrigues
que tanto esperávamos há um bom tempo. Agradecemos a prefeitura de Curitiba por essa iniciativa”.A expectativa de todos é que esse evento ocorra novamente: e com certeza o natal de 2012 será ainda melhor!
vem sendo muito elogiado pela população de rua, que se sente muito à vontade quando as atividades acontecem. Pedimos aos diretores do João Dorbalino e da central da FAS, que desse mais apoio a esse projeto do es-porte, pois como todos nós sabemos, e temos visto, que o esporte tem aju-dado muitas pessoas a saírem do vício e se tornarem verdeiros campeões.
Arte da rua
A população de rua se divertiu bastante durante o evento.
Professora “Leca” tem desempenhado um bom trabalho segundo a população de rua.
O jornal A Laje é uma publicação mensal pro-duzida pela população em situação de rua de Curitiba através do MNPR em parceria com os seus apoiadores. Nossas reuniões são todas as quartas-feiras (16:30h) no prédio do Ministé-rio Público do Paraná (rua Tibagi, 779). Entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Acesse: jornalalaje.wordpress.com