Jornal A Selva n.º2 (Julho 2006)

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RESULTADOS... RESULTADOS! MINISTRA DA EDUCAÇÃO FESTA DA ESCOLA O ESPECTÁCULO DA FERREIRA DE CASTRO 24 de Maio Dia da Escola Lê: Jardins da Ferreira de Castro Educação em quadras Entrevista breve... ...ao Presidente da Assembleia de Escola ...ao Presidente do Conselho Pedagógico Um dia em Serralves POESIA... Visões juvenis Luís de Camões e Gil Vicente Chegou o momento do juízo nal... (teatro) EMRC - uma marca para a VIDA Passatempos DESPORTO ESCOLAR | E.S.F.C. DESPORTO ESCOLAR | E.S.F.C. CAMPEÕES NACIONAIS DE BASQUETEBOL CAMPEÕES NACIONAIS DE BASQUETEBOL A Selva Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro Junho de 2006 50 cênt.

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro Oliveira de Azeméis

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RESULTADOS... RESULTADOS!MINISTRA DA EDUCAÇÃO

FESTA DA ESCOLA

O ESPECTÁCULO DA FERREIRA DE CASTRO

24 de Maio

Dia da EscolaLê:

Jardins da Ferreira de CastroEducação em quadrasEntrevista breve...

...ao Presidente da Assembleia de Escola

...ao Presidente do Conselho PedagógicoUm dia em SerralvesPOESIA...Visões juvenisLuís de Camões e Gil VicenteChegou o momento do juízo fi nal... (teatro)

EMRC - uma marca para a VIDAPassatempos

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DESPORTO ESCOLAR | E.S.F.C.DESPORTO ESCOLAR | E.S.F.C.

CAMPEÕES NACIONAIS DE BASQUETEBOLCAMPEÕES NACIONAIS DE BASQUETEBOL

A SelvaJornal da Escola

Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

50 cênt.

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

Página 2NOTÍCIAS

EditorialAbril e Maio foram meses cheios de acontecimentos na Ferreira

de Castro: foi a Mostra de Actividades de Formação Profi ssional, foi a visita da Ministra da Educação, foi o Dia da Escola, foi a Festa da Es-cola e todas as outras iniciativas com mais ou menos impacto directo na vida escolar. Foi também durante este período que a equipa de bas-quetebol juvenil masculino da nossa escola se sagrou campeã nacional no âmbito do desporto escolar, e que quatro jovens do 7º ano foram também campeões nacionais “Compal AIR”. Não são muitas escolas que se podem congratular com tamanho dinamismo. E isto, no nosso entender, também são resultados que provam a capacidade empreen-dedora de toda a comunidade escolar. Quanto aos “outros” resultados, aqueles que preocupam a Sr.ª Ministra da Educação como mais adiante neste jornal se refere, vê-los-emos neste e no mês de Julho, meses de avaliações e de exames.

O segundo número de “A Selva” neste ano lectivo sai em for-mato diferente: tamanho de revista A4, com menos exemplares, mas com versão electrónica. A difi culdade (que parece quase inevitável) em conseguir reunir atempadamente o material necessário para o fazer é a principal razão deste facto. Como estamos quase no fi m do ano, já não haveria tempo para imprimir numa gráfi ca e esperar que chegasse a tempo de ser distribuído pelas turmas, como aconteceu com o pri-meiro número.

Fazer um jornal escolar é sempre uma aventura de prazer diferen-te, que dá muito trabalho e não é propriamente fácil, mas que tem o seu lado compensador quando é reconhecida. E foi o que aconteceu com “A Selva” que saiu em Março. Recebemos bom número de felicitações pelo trabalho, o que nos deixou bem felizes. Aqui agradecemos a todos quantos nos manifestaram o seu agrado. Cremos que estão de para-béns todos os que colaboraram e participaram no jornal. Esperemos que esta iniciativa não pare.

Este número de Junho ainda não consegue ser o ideal, mas já está mais de acordo com o que deve ser um jornal escolar, feito essencial-mente por alunos. Destacam-se os textos poéticos e os contos, alguns de óptimo recorte literário, mas também há notícias e artigos infor-mativos diversos com grande interesse feitos por alunos. Fica ainda a faltar uma secção condigna de desporto para a qual já tivemos uma oferta de colaboração, mas que não chegou a tempo desta edição. Tal-vez para a próxima.

Na capa, o primeiro plano vai para a visita da Sr.ª Ministra da Educação que, em ano de grandes alterações na vida escolar, poucas pessoas deixa indiferentes. Leiam o texto que começa já na página seguinte e que resume boa parte do nosso sentimento e põe o dedo na realidade, que às vezes parece esquecida por quem nos governa.

A terminar, porque estamos no fi m de mais um ano lectivo, não podemos deixar de começar a pensar nas férias... tão apetecidas... Bem as merecem aqueles que trabalharam, que estudaram e que enfrenta-ram as agruras de meses, semanas, dias e horas nem sempre feitos de doces encantos. Votos de BOAS FÉRIAS para todos. Para o ano cá estaremos e esperamos continuar e melhorar, se possível, este “A Selva” que é vosso.

JARDINS DA FERREIRA DE CASTROQuem chega pela primeira vez

à nossa escola não pode deixar de reparar em todo o espaço verde que tem. É que não só é amplo e viçoso como parece ter cuidados de jardineiro profi ssional e dedi-cado.

Certamente, alguém já quis saber como é isso possível numa escola. (Por incrível que pareça, o mais comum, infelizmente, é os espaços verdes da maioria das escolas andarem muito mal trata-dos.) A resposta está nas imagens que ladeiam este texto.

Nos períodos de férias dos alunos, são os funcionários auxilia-res da acção educativa que «dão o corpo ao manifesto» e velam pela limpeza e arranjo de todos os es-paços ajardinados da escola. As fotografi as são das “férias” da Pás-coa. Mas não é só. Nos outros dias também é preciso regar, recolher folhas e outro lixo que nem toda a gente tem o cuidado de evitar deitar para o chão. Quantas vezes temos observado o Sr. Vaz e com-panhia (“companhia” são todos ou quase todos os outros funcionários auxiliares), “entretido” a manter a saúde do nosso espaço verde mes-mo fora desses dias de “férias”.

Aqui fi ca o registo e também o agradecimento. Palavras há mui-tas, mas, digam o que disserem, as obras contam mais e alguém as re-conhecerá sempre.

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Página 3VISITA DA MINISTRA DA EDUCAÇÃO

Recebemos na nossa escola, no dia 11 de Maio, a visita da se-nhora ministra da Educação. Para muitos, terá sido uma honra e um prazer; para outros, apenas, uma honra e, para alguns, nem uma coisa nem outra.

Mas, independentemente dos estados de alma de cada um, todos eles legítimos e respeitáveis, a ver-dade é que a Sr.ª Ministra trouxe consigo um conjunto de propos-tas e medidas, que demonstram uma genuína tentativa, embora de efi cácia duvidosa, de solucionar um dos problemas mais graves da nossa sociedade: o abandono escolar. Infelizmente, trouxe con-sigo, também, o estafado discurso “anti”-professor (reafi rmado, mais tarde, num colóquio na Maia), o que foi, no mínimo, desproposita-do e, por isso, dispensável.

Mas vamos por partes.Na verdade, a extinção do

chamado ensino técnico, no pós 25 de Abril, ministrado pelas an-tigas escolas comerciais e indus-triais, foi um dos muitos actos insensatos e desastrosos que o PREC protagonizou, e que nunca nenhum governante teve a cora-gem de reparar. Ora, diferentes na forma mas semelhantes na essência, estes projectos apresen-tados e protocolados pela senhora Ministra da Educação em Oliveira

de Azeméis, vieram reabilitar essa fi losofi a educativa que consiste em criar vias alternativas e com-plementares de acesso ao ensino superior. Finalmente, nesta área, o PREC acabou o que, só por si, representa uma louvável coragem e sentido da responsabilidade por parte da Sr.ª Ministra.

Mas, infelizmente, não se fi -cou por aqui, nesta sua visita. Com efeito, a Dr.ª Maria de Lurdes Ro-drigues entendeu brindar-nos, “a seco”, com as suas já habituais pa-lavras muito desagradáveis e carre-gadas da quase demente acusação que os professores são os culpa-dos de todos os males da educa-ção, ainda que, neste caso, não o tenha dito de forma explícita.

E o que nos disse, afi nal, a Sr.ª Ministra? Disse que tínhamos uma escola muito bonita, que os espa-ços eram muito agradáveis, mas que tínhamos uma taxa de aban-dono escolar de 50% na passagem do 9º para o 10º ano, e que era isso que teríamos que corrigir. Nós!... Como se estivesse ao nosso alcan-ce fazê-lo, mesmo que admitamos, porque não somos perfeitos, que há sempre qualquer coisa que se pode fazer…

Tal imagem dos professores, fez-me lembrar, porque o intuito é o mesmo, o papel abjecto dos fa-migerados “rankings” das escolas.

Na verdade, estes colocam em pé de igualdade os Colégios de um tal Sagrado Coração – frequentado pelos fi lhos de uma elite, muito restrita, de elevado poder eco-nómico e estatuto cultural, pre-viamente triados e incluídos em turmas de 12 a 15 alunos, em salas de aula excepcionalmente bem equipadas – com escolas de um tal Cerco (em Gaia) ou Monte (da Caparica) – frequentadas por alu-nos provenientes de meios sócio-cultural e sócio-economicamente degradados, palcos de “colisões” brutais entre “gangs”, máfi as, trá-fi cos vários, armas (brancas e não só), violência a granel, de tal modo que confl itos religiosos, étnicos ou raciais nem chegam a ser conside-rados confl itos. Aliás, o programa a que assistimos recentemente na RTP 1, é bem elucidativo do que acabo de descrever.

E o que falta, então, quer aos “rankings, quer ao pensamento e discurso da Sr.ª Ministra? Enqua-dramento!

Saberá a Sr.ª Dr.ª que o con-celho de Oliveira de Azeméis é essencialmente rural − cerca de 80% − tem dos piores “ratios” do país no que diz respeito ao nível de escolaridade dos seus habitan-tes, tem uma cobertura de sanea-mento básico das mais precárias e o maior índice nacional de violên-cia doméstica? Provavelmente não sabe, o que é grave, porque é este tipo de d a d o s que per-mite fa-zer uma correcta r a d i o -g r a f i a social do meio de onde os n o s s o s

alunos são provenientes. E que têm de ser levados em conta para explicar essa realidade que nos foi “atirada à cara”! Como Ministra, deveria ser a primeira a compre-ender que o problema, que não é só de Oliveira de Azeméis, não é educativo, é sociológico e que as causas não estão na escola, estão na sociedade.

Ora, existem nesta três fac-tores que concorrem para a situ-ação descrita pela Sr.ª Ministra. O primeiro é, de facto, educacional – não, educativo – e prende-se com uma trágica incapacidade dos educadores familiares. Na verdade, é generalizado o conhecimento e o reconhecimento de que os adoles-centes de hoje são egocêntricos (Daniel Sampaio chama-lhes os “meninos reis”), não têm capaci-dade de sacrifício (não admitem a ideia de que as conquistas pos-sam exigir paciência, disciplina e esforço), não sabem lidar com o fracasso (não suportam ouvir um “não”), estão genuinamente con-vencidos que a vida é uma teleno-vela e que o sucesso está ao alcan-ce de um estalar de dedos (o seu sonho é ser escolhido num “cas-ting”); são, enfi m, na sua maioria, futuros adultos fracassados e, pior do que isso, mal-educados. É claro que a culpa não é sua: é de quem lhes foi transmitindo, neste início de vida, todos os sinais contrários e todas as pistas erradas que, na-

Vias alternativas para o ensino básico e secundárioOS PRÓS E OS CONTRAS DA VISITA DE UMA MINISTRA

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Página 4VISITA DA MINISTRA DA EDUCAÇÃO

turalmente, nunca os conduzirão a um futuro feliz. Sê-lo-ão (?), ain-da assim, enquanto tiverem quem suporte todas as suas chantagens, birras e amuos, mas é previsível que tal não se possa manter para sempre.

Perante o quadro descrito, como promover o sucesso destes adolescentes? Uma parte, será pela via de cursos alternativos, como os que a Sr.ª Ministra veio anunciar: mais fáceis, mais práticos, eventu-almente, mais lúdicos, permitindo manter no sistema, desses 50% que abandonam, uns quantos. Mas desengane-se quem pensa que to-dos (ou, mesmo, quase todos) os que abandonam vão enveredar por essa via; serão, como disse, apenas, uma ínfi ma parte. Para os outros, só haverá uma solução: inventar um curso que seja ministrado ao computador, na net, em rede, em que os conteúdos apareçam de camufl ado militar, transformados em Counter Strike; em alternativa, poderá ser apresentado em forma de “chats”, disfarçando as maté-rias nas frases ocas da “conversa da treta” que constitui a sua prin-cipal, senão única, ocupação.

O segundo factor reside no facto de, nos últimos 30 anos, ter havido uma efectiva e apreciável promoção do nível de vida da população portuguesa. Este fenó-meno, sem dúvida positivo, tor-nou-se responsável por um outro que, embora compreensível é, de todo, inaceitável: os pais de hoje já

têm meios para proporcionar aos fi lhos as condições que eles pró-prios não tiveram, e projectam ne-les os seus próprios sonhos nunca alcançados. Ora, estes jovens aca-bam, muitas vezes, por sentir que carregam um cruz que não é sua, e vivem esmagados entre cursos, aulas e matérias com que não se identifi cam e pais que, autoritaria-mente, lhes impõem “Hás-de ser doutor!”. Mais do que fracassados, estes adolescentes são infelizes, não encontram qualquer motiva-ção, nem para a escola, nem, por vezes, para a vida. O fi lme “Clube dos Poetas Mortos”, e o trágico fi m da personagem Neel, poderia ajudar estes pais a refl ectir sobre esta questão e a reformular a sua própria atitude.

Para estes casos, o fracasso existirá enquanto os pais não per-ceberem que não podem “dirigir”, a este nível, o futuro e felicidade dos fi lhos. E também aqui os cur-sos profi ssionalizantes não serão solução.

Uma terceira razão para o abandono prende-se com questões puramente materiais. Mas, mesmo aqui, o problema é diverso.

Em reportagem do telejor-nal da RTP 1, de Domingo, 28 de Maio, dois adolescentes foram entrevistados, porque teriam aban-donado, prematuramente, o siste-ma de ensino.

Um, tê-lo-á feito porque os pais não conseguiam sustentá-lo a estudar, e a sua força de trabalho

ou o ordenado que pudesse aufe-rir, eram vitais ao agregado fami-liar. Tenhamos, pois, consciência que este problema é, sobretudo em meios rurais (e é o caso de Oliveira de Azeméis), real e grave. Para estes alunos, mais do que um curso profi ssionalizante, é necessá-ria uma ajuda, efectiva, monetária, às famílias. E, de todos, este será o “público alvo” em que julgo que valeria a pena apostar, pois trata-se, em muitos casos, de jovens que gostariam de estudar, ambicionam um “up-grade” da sua vida fami-liar e pessoal, quebrar o ciclo da pobreza que gera pobreza, e não o fazem por falta de meios eco-nómicos. A sua situação, e eles sentem-na como tal, é injusta e frustrante, mas para a alterar seria necessária uma outra cultura de governo, mais humana, mais cen-trada na pessoa, na criança, menos economicista e tecnocrática.

Já o segundo adolescente fora trabalhar porque queria ter calças e ténis de marca, iguais aos dos seus colegas de nível económico supe-rior. Recorde-se que esta ambição era a que motivava (e não seria, nem será, caso isolado) o “gang” que se tornou célebre há uns anos por assaltar a actriz Lídia Franco. Ora, mais uma vez, é a sociedade que deve ser questionada, e não a escola, por promover de forma tão invasiva e persistente este tipo de valores e, lamentavelmente, não são cursos profi ssionalizantes que os poderão inverter.

Em resumo, teríamos aqui “pano para mangas”. Mas volto à ideia inicial: o problema do aban-dono escolar é, fundamentalmen-te, de carácter sociológico. Ora, daqui terá que resultar, necessaria-mente, uma redistribuição de res-ponsabilidades quer por parte da Sr.ª Ministra, quer, no fundo, por parte de todos os outros agentes políticos (comentadores jornalísti-cos e televisivos, incluídos). E isto implicará reconhecer que nem os professores são assistentes sociais e, muito menos, pais dos seus alu-nos, nem a Escola é uma autar-quia, uma Igreja, um reformatório ou uma ONG.

O problema é que esta con-fusão de competências permite que os responsáveis possam ir sacudindo a “água do capote”; aliás, veja-se, por exemplo, o que se passa com os hospitais que re-bentam pelas costuras com idosos que não estão doentes mas que, pura e simplesmente, não têm para onde ir. Trata-se de uma situação semelhante à vivida pelas escolas, que se vêem perante problemas concretos, humanos, de pessoas abandonadas (num caso falamos de idosos, noutro de crianças e adolescentes) e espera-se que os homens e mulheres que ali traba-lham se comovam e não tenham coragem para lhes virar as costas. E é isto que acontece sempre, mesmo quando os Sr.es Ministros hostilizam estes profi ssionais…

Luís Neto

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Página 5VISITA DA MINISTRA DA EDUCAÇÃO

Que resultados, Sr.ª Ministra?Se tivessemos de destacar

uma palavra do que disse, Sr.ª Dr.ª Maria de Lurdes, durante a sua recente visita à nossa es-cola, essa seria “resultados”. Disse-a enquanto percorria os vários espaços da escola, guia-da por Ana Rio, Presidente do Conselho Executivo, acompa-nhada de toda a numerosa co-mitiva, disse-a quando se dirigiu aos professores, disse-a quando falou com os alunos, disse-a quando lhe perguntámos com que impressão tinha fi cado da

escola: «A impressão é óptima, bom clima, bons alunos... em ter-mos de resultados, acho que há muito trabalho a fazer.», disse.

Mas que resultados?Passar todos os alunos? Conseguir que todos os alunos que

terminam o 9º ano prossigam estudos? Fazer com que as notas dos exames sejam todas positivas?. Ou que outros resultados?...

Se pensa que resultados são notas muito boas, ou progressão de todos os alunos, ou abandono escolar nulo, a Sr.ª Ministra, com o devido respeito, parece que paira sobre os problemas, ou acha que não existem, ou, então, pensa que isto é uma máquina em que basta accionar um botão para que tudo funcione, para que os alu-nos estejam sempre atentos e sejam disciplinados e tragam sempre o material de estudo, e os professores tenham as melhores con-dições físicas e psicológicas de trabalho e tal e tal. A Sr.ª Ministra talvez pense que é só obrigar as pessoas a fazer, que as pessoas fazem e que os resultados aparecem.

Pois, Sr.ª Ministra, desta escola e deste belo outeiro em terras de Azeméis plantado lhe dizemos que não vivemos só de estatís-ticas, de números sem contexto ou de resultados. Porque, se só os resultados interessam, não é difícil de, em vez de um dois, “dar” um três, ou, em vez de um nove, “dar” um dez. Mas, certamente, não é desses resultados que todos estamos a precisar.

Talvez seja preciso mudar práticas, processos, cursos ou pro-gramas, mas, antes disso, não será essencial a aplicação do velho princípio que diz não ser possível melhorar, mudar ou reformar seriamente tomando atitudes contra os professores, ou contra os alunos, ou contra quem quer que seja?

A falta de respeito, o menosprezo, tanto como a frieza ou a insensibilidade com que se encaram as realidades educativas (se é que, na verdade, tem sentido da realidade social e educativa, Sr.ª Dr.ª Maria de Lurdes Rodrigues) não ajudam a resolver problemas ou a melhorar resultados.

Por tudo isto se justifi ca o luto de estudantes e professores.Manuel Borges

Uma quadra popularSobre a senhora ministraNão é trabalho vulgar,É aventura sinistra!

Que ela adora os professores,Isso é já matéria dada,Somos aqueles doutoresQue não ensinamos nada!

Depois de muito pensarChegou a uma conclusão:Primeiro há que congelar.Depois: plano de acção!

O rico plano de acçãoPretende atingir o progresso,Com aulas de substituição,Combatendo o insucesso.

Uma família ausente,Paixão dos computadores,Nada é sufi cienteO mal é dos professores!

Se o aluno não estuda,Falta, e é desleixadoA culpa ainda perdura,é do professor... coitado!

A incompetência docenteVai ter um forte remédio.A carreira está doente,O assunto é muito sério.

Existem a partir de agoraDois tipos de professores:Aquele que se vê à noraE depois alguns senhores...

Só um terço dos docentes Será professor titular,Os outros, incompetentes,Vão continuar a lutar.

Alcançar a excelênciaÉ um problema de quotaNão interessa a competência,Não há vaga, fecha a porta!

Quem já tem mais experiência,Embora sem nenhum jeito,Vai direito p’ro poderSem que sequer seja eleito.

E assim vai a educaçãoDeste povo, desta terra,Que por velha tradição,Tem medo de fazer guerra!

Luísa Oliveira

EDUCAÇÃO EM QUADRAS

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1. Violência/indisciplina na escola - há razão para nos preocuparmos ou não?

António Santos (A.S.) - Tem que existir sem-pre preocupação por estes problemas. Em-bora não exista uma violência “visível” na nossa Escola, a indis-ciplina está sempre presente. Pode não ter um grande desenvolvimento, pelas medidas rápidas adoptadas, mas nunca podemos “facilitar” na abordagem destes assuntos, até porque não podemos pensar que só acontece nas outras escolas.

2. Confi ança nos professores e no seu traba-lho autónomo - existe?

a. Como dignifi car na escola o trabalho docente?

b. Como reforçar a “autoridade” do pro-fessor?

A.S. - Penso que de uma forma geral existe confi ança nos professores e no seu trabalho.

a. Deve começar pelos professo-res a sua dignifi cação do trabalho na Escola. Esta postura deve ser transmitida a toda a comunidade educativa (encarregados de educa-ção incluídos).

b. A autoridade do professor não é necessário “reforçar”, se o mesmo a tiver “conquistado”. Existem professores que têm algu-ma difi culdade em lidar com esta questão da autoridade, querendo impor determinadas regras e pos-turas que provocam agressividade dos alunos.

3. A Sr.ª Ministra da Educação quer “re-sultados”. A que resultados se refere a Ministra?

a. Que resultados tem a escola de apresen-tar?

b. O que falta na escola para que se obte-nham esses resultados / melhores resulta-dos?

A.S. - Penso que a ministra se refe-re a resultados globais, não só do aproveitamento dos alunos, mas

ENTREVISTA BREVE...

também do funciona-mento da Escola e da comunidade educativa em geral.a. A Escola deve ter o cuidado de apresentar os resultados globais do seu funcionamento a vários níveis, incluindo, obviamente, também, os resultados do apro-veitamento dos alunos.b. Em minha opinião, a

nossa escola tem resultados globais de aproveitamento, bastante satisfa-tórios e no seu funcionamento glo-bal tem bons resultados. Por isso, não temos que apresentar melhores resultados, mas sim tentar melhorar aspectos globais e de funcionamen-to que contribuirão na devida altura para essas melhoras.

4. Concorda com o “poder” (de avaliar) que o actual governo quer dar aos pais? Por-quê?

a. Aumentará ou não o descrédito dos professores?

b. Condicionará ou não a sua acção do-cente?

A.S. - Os pais têm sempre uma pala-vra a dizer em relação ao desempe-nho dos professores, pelo menos aqueles que se “interessam” pelos seus educandos. Quanto a avaliar os professores, depende do tipo e “peso” dessa avaliação.

a. Não acredito que aumen-te o descrédito dos professores, porque a sua avaliação não pode interferir no trabalho e desem-penho desses professores, mas sim contribuir para a melhoria do processo de ensino/aprendiza-gem.

b. Não acredito que condicione a actividade docente.

5. Que mensagem quer deixar neste fi nal de ano lectivo à comunidade escolar?

A.S. - Que esteja atenta e participe activamente em tudo o que diga respeito a esta comunidade, contri-buindo assim para a continuidade e se possível melhoria do funciona-mento da nossa Escola.

...ao Presidente da Assembleia de Escola

António Santos...ao Presidente do Conselho Pedagógico

Mário Luís Ferreira1 – Violência/indisciplina

na Escola – há ou não razão para nos preocu-parmos?

Mário Luís Ferreira (M.L.F.) – No caso específi co da nossa escola não parecem existir casos preocu-pantes de violência, sobretudo com ca-rácter sistemático, que sem dúvida têm expressão essencialmente nos esta-belecimentos de ensino dos grandes centros urbanos e, mais acentuada-mente, nos seus subúrbios.

Comparando com essas situações extremas e verdadeiramente preocu-pantes, a nossa escola é um verda-deiro paraíso.

2. Confi ança nos professores e no seu trabalho autónomo – existe?

a) Como dignifi car na Escola o trabalho do-cente?

b) Como reforçar a “autoridade” do profes-sor?

M.L.F. – A polémica em torno da competência dos professores não tem qualquer razão de ser. Como em todas as profi ssões, há e sempre haverá na classe dos docentes bons e maus profi ssionais e, por certo, ne-nhum terá a imodéstia de pretender atingir a perfeição. O que importa é que cada um cumpra o seu papel da melhor forma que puder e souber, potenciando as suas qualidades par-ticulares e tirando partido delas para fazer do exercício do ensino uma actividade rica e dignifi cante.

3. A Srª Ministra da Educação quer “re-sultados”. A que resultados se refere a Ministra?

a) Que resultados tem a escola de apresentar?b) O que falta na escola para que se obtenham

esses (melhores) resultados? M.L.F. – Não parece particularmente

preocupante esta situação: tem sido a própria ministra a afi rmar repeti-damente que o actual estado de coi-sas (entenda-se, os elevados níveis de retenção e abandono escolar) resultaram de políticas durante anos

emanadas pela própria tutela, que apostava, so-bretudo ao nível do se-cundário, na preparação rigorosa de bons alunos que deveriam prosse-guir estudos munidos de signifi cativos saberes e exigentes métodos de trabalho.Sublinhe-se, a este pro-pósito, o exagero da dimensão de determi-

nados programas, que a própria tutela de forma unilateral impunha, e recorde-se que quando uma situ-ação artifi cial provocou a entrada em funcionamento do actual 12º ano foram muitos os docentes uni-versitários que manifestaram a sua perplexidade relativamente à neces-sidade do ensino secundário passar a abordar determinados conteúdos que pela sua complexidade e exi-gência seria aconselhável continuar a leccionar apenas no espaço do ensino superior.

O salto para a democratização do ensino e a sua subsequente massifi -cação nunca, até ao momento, teve correspondência na alteração de práticas pedagógicas. É indiscutível que, sobretudo para o docente do ensino secundário, o sentido da sua missão só parece ser atingido pela satisfação das exigências de saberes específi cos e rigorosos que resul-tam da preocupante leccionação de extensos programas, impondo um ritmo e uma capacidade em muitas disciplinas que, como facilmente reconhecemos, não é alcançável por todos. E é preocupante a indiferen-ça com que muitas vezes as escolas tratam o grupo, signifi cativo, daque-les que não concluem com sucesso o seu percurso escolar.

É ainda indiscutível que neste quadro de funcionamento de uma escola com sentido elitista, foram fe-lizmente alguns professores capazes de, por iniciativa própria, enfrentar o problema da diversidade do uni-verso de estudantes sob sua respon-

(Continua na página 7)

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sabilidade, resultante da abertura do sistema de ensino a vários extractos sociais, apoiando e preocupando-se com os mais frágeis, enfrentando a parte simultaneamente mais difícil e estimulante do ensino, e sobretudo reconhecendo a necessidade adicio-nal de motivação e reforço positivo que estes alunos necessitam para obterem êxito num ambiente que lhes é naturalmente hostil.

Acreditamos que neste momento o factor da sociabilização que o sis-tema de ensino pode proporcionar é, perante um quadro de abertura a um número elevado de utentes, um factor primordial e sobretudo uma responsabilidade a que as escolas não se podem furtar. As escolas de-vem olhar menos para o seu umbigo e compreender o extraordinário po-

tencial que representam como ele-mento primordial para a integração e qualifi cação da população em ge-ral: este é, certamente, um dos seus maiores desígnios na actualidade.

Não quer isto dizer que a exi-gência e o rigor sejam bandeiras a ignorar: quer apenas isto dizer que a dose de exigência e rigor deve ser adequada ao universo em questão, isto é, não ser aplicada de forma cega e impessoal, e deve e pode ser progressivamente aprofundada, permitindo potenciar ao máximo a valorização de cada aluno de acordo com as suas capacidades.

Não nos preocupa, pois, se neste pro-cesso ou em torno desta polémica, fi cam a ganhar a ministra ou os professores, o que nos parece fun-damental é que fi quem a ganhar os actores fundamentais deste proces-so que dão razão de ser à nossa pro-

fi ssão e à existência das escolas, isto é, os alunos.

4. Concorda com o “poder” (de avaliar) que o actual governo quer dar aos pais? Porquê?

a) Aumentará, ou não, o descrédito dos pro-fessores?

b) Condicionará, ou não, a sua acção docente?

M.L.F. – Começando pelo fi m, não condicionará rigorosamente em nada a minha actuação como docente. A opinião e avaliação dos pais relativa-mente aos professores resulta sempre do eco da opinião veiculada pelo pró-prio aluno e, exactamente na medida em que entendo que o processo de ensino-aprendizagem deve estar cen-trado na relação pedagógica com o aluno, não alterarei em nada a minha actuação por causa desta questão.

Por outro lado, entendo a prestação do meu cargo como permanentemente

avaliada, quer pelos alunos, que têm sobre este aspecto uma inquestioná-vel capacidade e argúcia, quer pelos meus pares e restantes elementos da comunidade educativa de que faço parte.

5. Que mensagem quer deixar neste fi nal de ano lectivo à comunidade escolar?

M.L.F. – A fl exibilização de atitudes vai ser fundamental para o êxito do cum-primento das novas e complexas exi-gências que se avizinham. Se o nosso esforço e dedicação estiver centrado no aluno e se a contínua procura de valorização do nosso estabelecimen-to de ensino for uma preocupação fundamental, estou certo que será mais fácil distinguir o acessório do essencial e responder aos verdadeiros desafi os com que todos inevitavel-mente nos depararemos.

(Continuação da página 6)

Por que não falar de um dia di-ferente? Aí está! Em breves linhas, ou talvez não, vou relatar a minha visita de estudo à Fundação de Serralves.

Este tipo de eventos intelectuais para culturistas históricos costuma acontecer quando a professora Cristi-ninha Almeida tem aquelas ideias ilu-ministas de levar os seus ditosos segui-dores, ou até mesmo alguns profetas, até Serralves, porque lá está retratada a Arte Contemporânea, etc. e tal. Para lhe fazer a vontade, lá vai o rebanho, numa soalheira manhã de Maio, até à Avenida da Boavista, ou Bouabista, como se ouve dizer às peixeiras no Mercado do Bom Sucesso.

Meninos asseados, no que toca ao culto da história, chegámos a Serralves com imensa vontade de alargar o nos-so conhecimento sobre Siza Vieira e mais uns tantos loucos – perdoem-me a sinceridade. Sem dúvida que alguns arquitectos e pintores portugueses têm muito valor, mas também se vê cada coisa!

A exposição temporária que, des-ta vez, estava no Museu de Serralves era de um pintor açoreano chamado António Dacosta. Acho que até aos dias que correm foi o único português que me deixou feliz por poder conhe-cer obras tão interessantes.

Dacosta impressionou-me, apesar de não ser impressionista. Começou pelo surrealismo, pintando sonhos e imaginários.

As obras de que mais gostei foram o «necéssaire», onde está representada uma pequena caixa de guaches sobre um fundo de tela negra. Acho a obra uma sátira perfeita à vaidade feminina; as mulheres usam o «necéssaire» para esconderem o rosto do negrume das invejas e ciúmes.

Outras obras, que me tocaram de forma especial devido à sua origi-nalidade, foram as pinturas nas tam-pas das caixas de queijo Camembert. Achei giríssimo! Por último, simples-

mente adorei a obra «Dois limões na praia». Não faço ideia de como o ar-tista encontrou inspiração para aquela obra-prima, mas que está espectacular, está!

Ah! Os quadros não estavam ex-postos ao ar livre, não fossem moscas, ou outros animais se lembrarem de in-ventar um novo tipo de arte: o vanda-lismo. Estavam expostos bem no inte-rior do magnífi co Museu, aquele lugar único que Siza Vieira criou, onde a luz vem ao nosso encontro. O ambiente do museu é claro, calmo, com cores muito frescas, padrões muito direitos, o que nos faz lembrar portas ou jane-las de céu.

Após deixarmos o edifício, a passos largos, dirigimo-nos à Casa de Serralves. No meio do verde inten-so dos jardins há obras de escultura. Uma imensa pá colorida atrai todas as atenções.

Chegámos, fi nalmente, à casa. Mas que casa de um requinte especta-cular! A decoração é simples e exube-rante em certos pontos. Amei as casas de banho! Nunca me imaginei dentro de um lugar assim. Deixaram-nos an-dar em liberdade, como passarinhos. Então, deambulámos por tudo aquilo, tirando fotos alucinadas.

Já não tínhamos força para andar,

tal era a fome! Abancámos no primeiro local mais resguardado, pegámos num banco a peso e fi zemos a merenda, como típicos campónios portugueses, abrindo os tupperware e deles fazendo sair panados e demais acepipes.

Os aromas a campo eram inten-sos: o cavalo relinchava, o burro zur-rava… Simpaticamente, porque não consegui saltar a cerca, por causa do pequeno pormenor da «high voltage», um colaborador da quinta foi buscar-nos o «Bugalho», o burro. Aí começou a sessão fotográfi ca. Até o professor Vítor Costa foi fotografado acompa-nhado por uma linda égua lusitana, a «Rola».

O passeio chegou ao fi m. Estáva-mos exaustos! Afi nal, fi camos muito mais agitados quando saímos da ro-tina. Mas valeu bem a pena porque Serralves é verde, Serralves é contem-poraneidade, Serralves é aquela mara-vilha!

Liliana Pinho, (11ºG)

Um dia em SerralvesVISITA DE ESTUDO

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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A Festa da Escola Secundária Ferreira de Castro teve lugar no Cine-Teatro Caracas de Oliveira de Azeméis no passado dia 26 de Maio. Ultrapassados alguns peque-nos problemas com a obtenção dos bilhetes por parte de alguns alunos, encheu-se a sala (plateia e balcão). Este ano, eram obrigató-rios bilhetes (gratuitos) para entrar por razões organizativas e de se-gurança.

Logo a começar, fomos brin-dados com uma agradável surpre-sa: a bombástica actuação de um até ali desconhecido grupo musical constituído por professores da Es-cola – os “OITL”. Paulo Martins, Rui Brandão, Carlos Matos (gui-tarras), António Manzarra (teclas), Abílio Santos (acordeão), Rui Sil-va (bateria), o empolgante Sérgio Cabral e a mais discreta Teresa de Jesus (vocalistas), na sua actuação “Rock in Caracas”, apareceram mascarados, incógnitos, mas rapi-damente levantaram a máscara e entusiasmaram o público.

Sucederam-se vários momen-tos de poesia pelos alunos da pro-fessora Maria João Moreira que gradualmente souberam atrair a atenção da plateia para textos de António Gedeão, Fernando Pes-soa, Eugénio de Andrade, Luís de Camões e outros tantos poetas.

Um estonteante grupo femini-no de dança apresentou dois nú-meros magnífi cos (dança moder-na e “Chicago”) que deixaram de boca aberta quem não as conhecia e quem as conhecia e gosta desta

arte sedutora.Os alunos do 10º A apresen-

taram o “Auto da Vergonha So-cial”, peça de teatro inspirada no Auto da Barca do Inferno, escrita por alunos e pela professora Dina Sarabambo que também foi ence-nadora.

Os alunos de Artes fi zeram um desfi le original, recorrendo, entre outros a materiais reciclados.

A equipa campeã de basquete-bol masculino juvenil de desporto escolar, que acabara de conseguir o feito, foi merecidamente home-nageada. Foi também feito o sor-teio de angariação de verbas para a ida destes campeões ao europeu que decorrerá na Hungria.

Os alunos da turma de Econo-mia do 11º ano foram os organiza-dores e apresentadores dos prémios “Ferreirinha”, um dos momentos mais altos da noite. Funcionários, professores e alunos foram agracia-dos com troféus que distinguiram o mais simpático, o mais fashion, o mais certinho, o mais beto...

FESTA DA ESCOLA.

A festa terminou, já depois da meia noite, e nem os problemas in-formáticos que quase impediram a passagem de um interessante fi lme animado feito por um aluno do 12º ano de Artes, ou mesmo a apre-sentação dos nomeados para os prémios “Ferreirinha”, ofuscaram os méritos de todo o espectáculo, apresentado com profi ssionalismo pelos alunos Mário, Luís, Luísa e Regina.

Resta reconhecer a acção deci-siva dos professores Maria Manue-la Pinho, Teresa de Jesus, Cristina Almeida, Dina Sarabando, Maria João Moreira, Rosa Moreira, Paulo Martins e todos os que com eles colaboraram para tornar tudo pos-sível. Os últimos são os primeiros.

PROFESSORES FORAM A GRANDE SURPRESA DA NOITE

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

Página 9DIA DA ESCOLA.

UM PRÉMIO PARA ESCOLA

30ª EDIÇÃO DO PRÉMIO NACIONAL DE LITERATURA JUVENIL

FERREIRA DE CASTRO _ 2006RELAÇÃO DE PREMIADOS

ESCALÃO A - POESIA:1º PRÉMIO:• Trabalho: «Conjunto de poesia»• Autora: Diana Salvado Nunes• E.B.2-3 Serra da Gardunha - Fundão1ª. MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «Os olhos do poeta»• Autora: Ana Rita Antunes de Castro• Costa da Caparica2ª. MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «Queda Transversal»• Autora: Mariana Sousa Ferreira da Costa• E.B.2-3 Fernando Pessoa – S. M. Feira3ª. MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «Ana... Ana»• Autor: Cláudio Narciso Azevedo Ferreira• Externato Delfi m Ferreira – Riba D’ Ave

ESCALÃO A - PROSA:1º PRÉMIO:• Trabalho: «Conjunto de textos»• Autora: Ana Sofi a Martins Ramos• Escola Secundária do Fundão1ª MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «Intuições não mais abafadas»• Autora: Letícia Nogueira Machado• E.B.2-3 São Bernardo – Aveiro2ª MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «Memória Descritiva»• Autora: Diana Salvado Nunes• E.B.2-3 Serra da Gardunha – Fundão3ª MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «A Morte da Bezerra»• Autora: Rita Isabel Pinto Balhico• E.S. P. Hortênsia de Castro – Vila Viçosa

ESCALÃO B - POESIA:1º PRÉMIO:• Trabalho: «Conjunto de poesias»• Autora: Emilie Dias Gomes• E.S. P. Benjamim Salgado – Famalicão

ESCALÃO B - PROSA:1º PRÉMIO:• Trabalho: «Visões de um outro mundo»• Autor: David Ricardo Serrano Sobral• Fac. Ciências da Universidade de Lisboa1ª MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «Menina da Avó»• Autora: Patrícia Andreia G. Rodrigues• Esc. Sup. Saúde – Universidade de Aveiro2ª MENÇÃO HONROSA:• Trabalho: «Opera Posthuma»• Autor: António Gomes da Costa Santos• F.C.S.H. – U.niversidade Nova de Lisboa

Sala dos afectos.

Sala da Esc. Sup. Enfermagem.

Expo reciclagem (Francês).

Des gaufres (Espace France).

Pinturas na pele.

Separação do lixo.

Alguns dos melhores alunos da ESFC entre professores, pais e amigos.

Experiências com “vulcões”.

Música e dança.

Os animais são nossos amigos.

Eco-Escolas.

Jogos para todos os gostos.

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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Construção do Eu

Acordar com vontade de correrVestida de branco e cantar felicidadeA cada fl or, a cada borboleta.Frágil e delicada,Como doce montanha de açúcar.Ouvir a melodia nas cordas dum violino.Qual a razão da permanente infelicidadeSe tudo o que nos faz falta está aqui?Porquê largar mão dos sorrisosCom que tanta gente assinaO livro de visitas que é o meu coração?Olhos brilhantes como diamantesQue, indescritivelmente, me levam para longe.Nada é fácil mas isso tambémNunca nos foi prometido.Ter nas mão a decisão de viverFeliz com o que tenho, ou infelizCom o que não tenho…Não é um apelo ao conformismoMas sim um grito de motivaçãoÀ diferença e originalidadeQue corre nas veias de cada um.O meu anti-conformismo começaPela visão colorida queTodos teimam em escurecer.Mudar o mundo? Não.Mudar para melhor a pessoa que sou!Incapacidade de aceitar a lágrimaQue corre na cara de quem estimo,Leva-me a aceitar essa minha faceta de criançaIrreverente e terna, que semeia fl oresPor onde passa!Querer partilhar o que não tomo por meu…Pois a sorte assim quis que fosse!Nascemos diferentes e incompletosPara nos completarmosPorque uma qualidade não é qualidadeSe preservada no nosso confortável egoísmoSem dar frutos junto de quem precisa!No incessante baloiço da vidaQue levemente nos canta eternidadeAos ouvidos cansados, mas motivadosPara continuar nesta construção do euEm prol de quem me rodeia!Passos na areia que embora o mar leve,Ficarão sempre gravados no olharDe quem me dá alento para continuar em frente…

Francisca Bastos (9ºD)

POESIA

Um soneto à maneira de Luís de Camões ...

UMA BOLA DE CRISTAL…Numa brilhante bola de cristal,Os pedaços encaixados da vida,Onde fl oquinhos de neve partidaCaíam sob a linda catedral.

O casamento seria fatalNaquela caixinha jamais vivida;Abandonando a princesa queridaO sangue derramou pelo punhal.

Sentimento invernal injustiçado…! E o príncipe e a princesa não casaramGraças ao seu amor estilhaçado.

Da princesinha as lágrimas gelaram -Só via no seu Mundo apaixonadoO desgosto que os fl oquinhos cantaram.

Catarina e Beatriz (10ºA)

Eu espero…Eu espero…

Dos pesadelos solta-se o medoDos pesadelos solta-se o medoDe não voltar a ver o verde da esperança;De não voltar a ver o verde da esperança;

A velocidade atroz com que os pensamentosA velocidade atroz com que os pensamentosSe cruzam na auto-estrada da minha menteSe cruzam na auto-estrada da minha menteAssusta-me exageradamente, sem perdão…Assusta-me exageradamente, sem perdão…

Sensações que se fundem no meu inconscienteSensações que se fundem no meu inconscienteE emoções que forçam a portaE emoções que forçam a porta

Da casa das lágrimas desesperadas, aprisionadas…Da casa das lágrimas desesperadas, aprisionadas…Confusão sussurrada aos meus ouvidosConfusão sussurrada aos meus ouvidos

Que de violenta e maldosa, abala a raiz do meu ser.Que de violenta e maldosa, abala a raiz do meu ser.A corrida frustrada por algo inatingívelA corrida frustrada por algo inatingível

Algo que me foge por entre os dedosAlgo que me foge por entre os dedosE me cega de tanta inutilidade;E me cega de tanta inutilidade;

Noites demoradas devido às horas forçadasNoites demoradas devido às horas forçadasNa lei frenética dos ponteiros do relógio.Na lei frenética dos ponteiros do relógio.

Lutas, batalhas e confrontos perdidos no meu interior,Lutas, batalhas e confrontos perdidos no meu interior,Que trazem por arrasto as culpas de ninguém.Que trazem por arrasto as culpas de ninguém.

As expressões esquecidas no caminho do absurdo,As expressões esquecidas no caminho do absurdo,O esforço em vão na altura em que parecia impossível.O esforço em vão na altura em que parecia impossível.

Palavras soltas, fúteis e sem nexoPalavras soltas, fúteis e sem nexoQue não trarão de volta a pessoa que procuro.Que não trarão de volta a pessoa que procuro.

A metade do “eu” que adormeceu;A metade do “eu” que adormeceu;A razão deste texto não ser pintado de cor-de-rosa.A razão deste texto não ser pintado de cor-de-rosa.

Mas eu espero até que a almaMas eu espero até que a almaDesperte do fundo do poçoDesperte do fundo do poço

Continuarei a esperar…Continuarei a esperar…

Francisca Bastos (9ºD)Francisca Bastos (9ºD)

LiberdadeLiberdade

Quero olhar o infi nito dos céusQue amortece os meus sonhosQuero falar, ajudar, libertar,Concretizar o que sempre achei impossível.Como barco de papel que naufraga e,À beira-mar, volta a secar, viverE acreditar no futuro.Deixar à deriva as minhas dúvidasCorrer e voar para não mais voltarSem sair daqui, com a cabeça noutro lugarUm ser pensante, sonhanteCom uma luta em liberdade de valoresSem propriamente um alvo constante…Aquela sede de liberdade;Liberdade para pensar, sentir…Comprometer-me e acarretar responsabilidade;Liberdade para errar e pedir desculpa.Liberdade… aquela liberdade altruísta Que me faz abdicar de um pouco de mimPara investir na felicidade dos outros.Porquê? Porque é a lei da naturezaQue, como outrora me sussurraram ao ouvido,“Um sorriso contraria as leis da matemática;Quando partilhado, aumenta sempre”.A força que manda nos meus sentidosEscondida nas profundidades do meu serVive e sobrevive porque é alimentada,Alimentada de sorrisos, palavras bonitas,Deveras reconfortantes, abraços esquecidos, sentidos…Quero que a vida assim seja,Unicamente intensa e verdadeira.E é neste conforto que dou aos meus pésOrdem para continuar,Que deito a cabeça na minha almofadaE fecho os olhos…Porque amanhã é outro dia!

Francisca Bastos (9ºD)

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A AmizadeA Amizade Não se descreve.Ela não se diz em duas palavrasNem em muitas;Não se escreve em duas letrasNem em todo o papel do Mundo;Não se ouve numa rimaOu até mesmo numa longa e intensa canção;Não se cheira nos bolinhos que se fazem para os amigosOu até mesmo nos grandes convívios entre eles;A amizade não se toca,Pois o coração é intocável pelo tacto,Mas tocável toda a vida pela mente e pelos sentimentosQue atravessam o que o ser humano é incapaz de perceber.

A Amizade Vê-se!A amizade vê-se no dia-a-dia:Nos actos Que o sentimento transborda para a realidadeCapaz de serem mirados Pelos faróis do nosso maravilhoso serQue nos concede o milagre da visão.

A Amizade É como o mar dos nossos sonhos:Aventureiro Mas nunca traiçoeiro;É como uma montanha fl orida descida de teleférico:Bonita, sem obstáculos menos fáceis, Pois estão lá as fl oresE o teleférico,(os nossos amigos),Para nos ajudarem a enfrentar os medosDe uma forma tão mágica que os esquecemos;É como a agricultura:Nos tempos menos bons, (as secas),Vem a chuvaPara ajudar as plantações a crescerem;É como a vida,Com altos e baixos que só os amigos,Só os amigos verdadeiros,A podem planar.

01/05/2006Carla Sofi a Pinto da Costa (7ºD)

AmigoAmigo sorri

Amigo choraAmigo aconselha

Amigo perdoaAmigo é amigo…

Quando estás sozinhoE precisas de alguémO teu Amigo está lá

Para se divertir também

Amigo não é aqueleQue acena sempre afi rmativamente

Mas aquele que te contradizQue não está de acordo contigo

Amigo é aquele que te alertaE então choras

Porque fi caste alertado

Vagueio pelo mundoNuma busca constanteNão sei pelo que procuroNem sei onde procurarPor isso vou apenas andadoCaminhando pelo mundoEntre paisagens verdejantesE paisagens esquecidasMortas pelo tempoVou andandoDebaixo de chuva e solPercorro estradas solitáriasEstradas movimentadasEstradas sem saídaEstradas caídasMas não paro de caminharNão deixo de meu caminho percorrerPorque sei que um dia vou lá chegarE aí vou saberO que procuroE onde o encontrarEntretanto vou caminhandoSempre em frente Sem pararSem recuarÉ assim que percorro meu caminhoSem fraquejarSempre ate ao fi m da estrada

Ana Cláudia (11ºA)

AMIZADE

Amizade é descobrir o outro fora de nós,amizade consiste em olhar o mesmo

horizonte que o nosso amigo.A amizade não tem idade,

está sempre a nascer e renascer em cada encontro.A amizade é sentimento nobre

do espírito que se sente com o coração e ofusca o olhar de quem tenta ver com os olhos.

Ter um amigo é nunca sabero que é a solidão.

É ter sempre alguém…

Hugo Silva (8ºC)

POESIA

Porque o teu Amigo foi teu AmigoE tu também lhe devesOferecer o teu ombroAmigo

Amigo é o jamais esquecidoE que não se esquece de ti

Amigo É a nossa sombraÉ o nosso anjo-da-guarda

Que nos guiaQue nos segueQue nos assombraQue nos persegue

BrincandoSorrindoAconselhandoE que no fundoTodos os diasNos empurraNos infi ltraE nos abandonaNo barco da amizadeNo seu braçoNo seu ombro

No seu coraçãoO teu AmigoTe deu tudoO que um Amigo te pode dar

Ana Cristina Vieira Moreira (8ºC)

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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POESIA/NARRATIVA

Invisibilidade

Invisibilidade. Sentimento, talvez por ironia do destino, nada subtil aos nossos corações. Sensação constante de não pertencer aqui. E de não te pertencer. De deambular constantemente em frente do teu rosto e da tua vida, mas passar ao lado do teu coração. De respirar o ar que tu respiras, e não ser digna de partilhar nada mais contigo. De mover mon-tanhas, sorrisos e lágrimas por ti. E por parecer, no entanto, a criatura

mais insignifi cante à face do chão que pisas. De gritar-te e ter a certeza de não ser ouvida. De sussurrar-te, e experimentar o fel de ser um mero soprar de vento no teu ouvido, que se repele ao mudar o corpo de direc-ção. De falar-te com toda a linguagem da mente e da alma, e receber em troca um mudo silêncio de indiferença.

Invisibilidade. Ao abraçar-te silenciosamente com o olhar e o cari-nho que irradia de mim. E sentir-te frio. Gélido. Distante demais para que o meu ser invisível te alcance. Ao demonstrar-te tudo o que quero transmitir ao mundo. E a ser vítima da inevitável fuga desta minha in-visibilidade. Que não é mais que um pretexto e uma falsidade. Porque apenas o mais belo de mim te é invisível. Porque o que deverias ver, preferes ignorar.

Invisibilidade. Que existe. Ou que fi nges simplesmente existir. E que tal abrires os olhos, verdadeiramente? Ou talvez o coração, já que parece ser o único portão que não me deixas penetrar. O único que tem uma chave transparente. Tanto, que é tão invisível como eu.

J. S. (10º Ano)

Era uma vez um rapaz, Horst, que vivia isolado nos campos, numa casa pequena e modesta. Toda a sua riqueza residia na agri-cultura e na forja.

Podia ter muito mais, pois era o fi lho do Rei, mas apenas ele o sabia. Não tinha a certeza de o próprio Rei, seu pai, o saber. Ele preferira o campo, onde era feliz e desfrutava de paz. Quanto ao Rei, não queria que o seu fi lho fosse conhecido como tal, pois era fi -lho ilegítimo.

Um dia, quando a rainha já tinha morrido, o rei, ven-do-se velho e pró-ximo da morte, resolveu fazer o seu testamento, por sinal muito curto e enig-mático. Dizia assim: «Não mencionarei nomes neste testamento, apenas digo que só um homem tem o direito de fi car com os meus bens, e essa pessoa aparecerá quando quiser, e provará ser meu herdeiro.»

Passados uns tempos, o Rei morreu, deixando o trono vazio. O povo adorava-o e, por isso, não

O Camponêsdeixou ninguém ser coroado, a não ser o verdadeiro herdeiro, cum-prindo a sua vontade. E o herdei-ro soube, através de um amigo que o ia visitar todos os meses. Horst sabia que devia reclamar o trono, pois sabia que era o homem do testamento. Não se decidiu logo, mas num dia de Inverno, acompa-nhado do seu fi el cavalo, deixou a casa que o acolhera durante anos.

– Será que algum dia cá voltarei? – pensava já com saudade.

A viagem não foi fácil, mas Horst chegou ao destino. Na ci-dade era mais um pobre, mas as pessoas acolheram-no de boa vontade. Então, passada uma se-

mana, Horst foi ao castelo falar com o governador temporário e disse-lhe:

– Procuras um herdeiro, pelo que sei. Aqui o tens.

O governador deu uma risada sarcástica, mas Horst sabia o que fazer. Tirou a camisa, virou-se e mostrou a tatuagem que tinha nas costas, a tatuagem da família real. O governador parecia ter visto um

fantasma, mas imediatamente se recompôs e espa-lhou a notícia. Horst foi coroado logo no

dia seguinte e uma enorme onda

de alegria per-correu todo o

reino.P a s s a r a m

anos. . . Horst já estava farto daquela vida e, então, teve uma ideia...

No aniversário do rei, o sol es-tava brilhante e o céu sem nuvens. Todos se divertiram bastante. Pelo menos foi o que disse o amigo de Horst que, mais uma vez, passou lá por casa para o visitar...

Rafael Garcia, 7ºC

SonharSonharé um mundo aberto.

Um mundoé um tormento vazio.

Um tormentoé uma afl ição.

Uma afl içãoé uma dor sofrida.

Uma doré uma realidade dura.

Uma realidadeé um sentimento perdido.

Um sentimentoé um desejo guardado.

Um desejoé sonhar.

Sonharé um mundo aberto.

Ana Paula Resende (7ºB)

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ChuvaGosto de sentir as gotas escorrerem-me pelo rostoAdoro senti-las deslizarFazem-me sonharSonhar com um futuro longínquoUm futuro incertoUm futuro contigoUm futuro em que tuas mãos deslizam por meu corpoEm que teus lábios acariciam os meusUm futuroOnde nos amaremos Sentindo a chuva acariciar-nosMas enquanto esse futuro não chegaContinuo a sonharSentindo a chuva acariciar-me

Ana Cláudia (11ºA)

Na palma das tuas mãosPassei demasiado tempo lá.Na palma das tuas mãosDemasiado tempo a viver para ti.Demasiado tempo a voar ao sabor do teu ventoDemasiado tempo a seguir na tua direcçãoFoi assim que passei este último anoNa palma das tuas mãosPresa ao calor de teu corpoIludida com o doce de teus beijosMas agora que o ano vai acabarSou fi nalmente livreLivre de tiSaltei da palma das tuas mãosE voeiVoei ao sabor do meu ventoVoei na minha direcçãoLibertei-me de teu corpoEsqueci o doce de teus beijosAgora não estou maisNa palma das tuas mãos

Ana Cláudia (11ºA)

Vagueio pelo mundoNuma busca constanteNão sei pelo que procuroNem sei onde procurarPor isso vou apenas andadoCaminhando pelo mundoEntre paisagens verdejantesE paisagens esquecidasMortas pelo tempoVou andandoDebaixo de chuva e solPercorro estradas solitáriasEstradas movimentadasEstradas sem saídaEstradas caídasMas não paro de caminharNão deixo de meu caminho percorrerPorque sei que um dia vou lá chegarE aí vou saberO que procuroE onde o encontrarEntretanto vou caminhandoSempre em frente Sem pararSem recuarÉ assim que percorro meu caminhoSem fraquejarSempre ate ao fi m da estrada

Ana Cláudia (11ºA)

POESIA

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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TVE AS SUAS LINGUAGENSA televisão é um meio que une

as pessoas para a sua audiência, e as repele cada vez mais no que diz respeito ao amor, à fraternidade, à comunicação, e à resolução de problemas entre os membros da família.

Quantas vezes não chega o pai estafado do trabalho, a mãe fa-tigada do impacto diário e ambos se instalam passivamente no sofá, depois de deixar um fast-food no micro-ondas, observando o conte-údo da caixinha mágica. Depois o fi lho que se encontrava no quarto fazendo os deveres dirige-se ao pai (para pedir ajuda), no momento mais importante da novela, e re-cebe em troco da ajuda um grito estrondoso: CAAALA-TE!!!. O fi -lho amedrontado com a atitude do pai retorna ao quarto e tenta fazer tudo sozinho. Então vai-se crian-do uma distância considerável na família durante o crescimento do fi lho, e este, não encontrando um ambiente saudável em casa (por-que necessita de carinho, conforto, comunicação) procura-o lá fora. É assim que muitos iniciam a vadia-gem e consequentemente os hábi-tos nocivos e a droga.

Ao longo do tempo, com a melhoria da programação, foi criado um “elo” de ligação entre a TV e os telespectadores. Para estes a TV é uma família em que o principal não é ser ouvido, mas sim ouvir.

Vasco Martins (8º B)

ALERTA AO AMBIENTEA ameaça ao ambiente é glo-

bal: o exagero e a sensibilidade aos sinais conduziram já a grandes catástrofes como Chernobil, que demonstrou implacavelmente que a poluição moderna desconhece fronteiras.

Deveria ter resultado do terrí-vel alerta que os Homens, com o seu bom senso, procurassem en-contrar soluções comuns para pro-blemas comuns, que eles próprios criam por necessidade de manter as suas comunidades utilizado meios extremamente nefastos para substituir um ou outro recurso esgotável ou acaban-do mesmo com esses recur-sos satisfazendo assim a sua insaciabilidade, ou seja, devido aos seus comportamentos, modelos de desenvolvimento e consumo inadequados e perigosos.

Actualmente produzem-se to-dos os anos vários biliões de tone-ladas de resíduos, dos quais muitos milhões são perigosos, reclaman-do a situação uma estratégia de promoção das tecnologias limpas e de gestão dos resíduos que se vêm desenvolvendo fundamen-talmente a três níveis: Prevenção, Reciclagem e a eliminação segura dos resíduos.

É assim que concordamos com os que defendem ser o de-senvolvimento sustentável consi-derado como objectivo nacional e global com abordagem integrada, introduzindo a consciência ecoló-

gica no vasto processo do planeamento em

todos os sectores.É fundamental

que todos refl icta-mos sobre o ambien-

te e actuais padrões de produção e consumo. O Homem ainda está a tempo de permanecer na Nature-za como sua parte integrante.

Vasco Martins (8º B)

O DESASTRE DE CHERNOBYL

Em 1986, no reactor quatro na Cen-tral Nuclear de Chernobyl, os operadores cometeram uma serie de erros fatais.

No dia 26 de Abril há 1h23m da madrugada activaram uma experiência que consistia no auto-abastecimento do reactor de forma a poder poupar energia. Mas a falta de arrefecimento do reactor fez com que o magma radiativo aquecesse demasiado e originasse uma explosão que libertou um jacto de vapor ultrapotente com urânio e grafi te.

Os primeiros bombeiros a lá chegarem despejaram tone-ladas de água, mas, aquele estranho incêndio parecia não se extinguir. Todos estavam expostos à radiação e, nessa noite morreram 2 homens e 28 morreriam nos próximos meses.

No dia 27 de Abril, as pessoas foram todas evacuadas da cidade após 23 horas da explosão para evitar o pior.

No dia 28 Abril a nuvem radiativa já andava pelos bálticos. Nesse dia, no fundo do reactor, 1200 toneladas de magma incandescente continua-vam a arder a mais de 3000 graus.

Nos dias seguintes tentaram tapar a cratera, lançando sacos com areia, mas a areia começou a derreter e não teve qualquer efeito na reso-lução do problema.

Após várias outras tentativas, decidiram construir uma armação em betão para o que foram necessários cerca de 3 mil homens. Tiveram de vestir um fato feito em chumbo para que não fossem contaminados.

Hoje em dia ainda se corre perigo, pois a armação só resiste 30 anos. Realizado por André Ferreira e Frederico Pereira (8ºD)

com base num documentário do “Discovery Channel”

O QUE ME MOTIVAO que mais me motiva a vir

para a escola é o facto de fu-turamente, com o meu estudo, poder ter melhores condições de vida. Aprendo várias coisas e isso, mais tarde, com certeza que infl uenciará o meu dia-a-dia.

Mas tenho um reparo a fa-zer: gostava que as aulas fossem dadas de outra maneira, gostava que fi zéssemos actividades ou algo do género. Não gosto que as aulas sejam sempre a mesma coisa porque começa a tornar-se um pouco aborrecido e desmo-tivante.

Mas, tipo... como deveriam ser as aulas?

Gostava de ter aulas ao ar livre ou até mesmo como a pro-fessora de Matemática fez, um projecto no computador para nós, alunos, fazermos os exercí-cios conforme um guia que ela nos distribuiu. Acho essa manei-ra de explicar a matéria bastan-te interessante. É uma maneira de motivar os alunos a estarem mais interessados nas aulas!

Andreia Ribeiro (7ºB)

VISÕES JUVENIS

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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RegionaisNo passado dia 29 de Abril, a

Escola Secundária Ferreira de Cas-tro sagrou-se Campeã Regional Norte na modalidade de Basque-tebol, no escalão de Juvenis Mas-culinos. Num dia cheio de fortes emoções, os nossos brilhantes alu-nos e atletas tiveram um compor-tamento extraordinário, só digno de grandes homens.

O primeiro jogo foi realizado da parte da manhã frente à Escola Secundária de Ponte de Lima. A vitória sorriu-nos já quase no fi m (65-60), o que ainda deu mais va-lor ao êxito alcançado.

Após o merecido almoço, o segundo jogo foi frente à Escola 3/S de Baião onde obtivemos uma vitória mais folgada mas onde os nossos adversários se bateram até ao último segundo.

NacionaisRealizaram-se em Torres No-

vas, nos dias 19, 20 e 21 de Maio, os jogos do Campeonato Nacional de Desporto Escolar, onde a nos-sa Escola esteve representada na modalidade de Basquetebol com a equipa de Juvenis Masculinos campeã regional. Foram com a es-perança de ter uma boa prestação e, acima de tudo, dignifi car o nome da nossa Escola, o que consegui-

ram em pleno: arrebataram o 1º lugar e o troféu de Campeões Na-cionais. O último jogo (no dia 21) foi contra a ES Artur Gonçalves da região de Lisboa e a nossa vitó-ria foi muito saborosa até porque jogamos com a equipa que parecia mais bem colocada para vencer o torneio. Para mais informações vá a http://selvasports.no.sapo.pt/

A homenagem e o aplauso que receberam na Festa da Escola foi mais do que merecido. A Es-cola está-lhes grata e também ao Professor Bruno Tavares, grande entusiasta, treinador e orientador do grupo. Parabéns!

Para que conste, aqui fi cam os nomes do heróis que querem agora levar longe o nome da Es-cola Secundária Ferreira de Castro, com a participação nos europeus de Desporto Escolar a realizar na Hungria no ano que vem:

Fernando CostaRicardo SantosBruno XaráRui CambraRonaldo JúniorGastão Valente

CAMPEÕES NACIONAIS DE DESPORTO ESCOLAR - BASQUETEBOL - JUVENIS MASCULINOS 2005/06

Dias inesquecíveis…

Tiago MarquesDiogo La-SaleteDiogo BrandãoDaniel LeiteLuís PinheiroDiogo CostaNelson SilvaRui LopesCarlos CarvalhoSão alunos que terminaram

agora os 8º, 9º e 10º anos. Deseja-mos-lhes muitos êxitos e que con-sigam conquistar os seus sonhos.

CAMPEÕES NACIONAIS “Compal AIR”

João Barbosa (7º E), Zé Silva (7ºD) Nuno Delgado (7ºE) e Francisco

Costa (não está na foto) acompanha-dos da prof.ª Vera Magalhães

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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Passou há pouco tempo o Dia de Camões, o que nos deu a ideia de lhe pres-tarmos uma singela homenagem porque, se há alguém que merece, esse alguém é Camões.

Assim, por uns momento, fechemos os olhos e imaginemos que, tal como Camões se dignou, um dia, cantar “Os Lusíadas” a el-rei D. Sebastião, agora, surpreendentemente, dirige-se a todos os alunos da Escola Secundária Ferreira de Castro. Oiçamos as suas palavras.

Que fi z eu nesta vida? Encon-tro-me agora em Lisboa, passean-do pelas ruas cheias de gentes no-vas, onde novos sabores e cheiros pairam no ar. Ao longe, avisto uma caravela … Tão pequena aparenta ser de tanta fragilidade; porém, já meio mundo atravessou, comba-tendo contra ventos e marés, que de tanta força tinham a ameaçavam engolir… Relembro velhos tem-pos, em que também eu, Luís Vaz de Camões, poeta lusitano, por esse mundo fora andei.

AUTOBIOGRAFIA - CAMÕESNascido no seio de uma família

cujo título de nobreza de muito não servia, passei parte da minha infân-cia com meu tio, Bento de Camões, em Coimbra, estudando e lendo. Homero, Vergílio- que fascínio me causaram! Consegui, deste modo, adquirir muita da minha grande cultura. Nessa altura, desejava ser grande, triunfar na vida, mas agora aqui me encontro, morrendo aos poucos, vendo o sonho escapar-se por entre as minhas mãos…

Tantas vezes servi a pátria, em África, em Goa, lutando des-temidamente! Ainda hoje guardo na memória as batalhas e o rosto daquele que, apontando a afi ada espada contra mim, me tirou um dos olhos, humilhando-me frente a todos aqueles mouros que, como animais selvagens, se riam sem pie-dade. Ao voltar para Lisboa, fui alvo de escárnio por parte de meus inimigos que, curiosamente, não eram poucos.

Apoiante e fanático da vida

Aos dez dias do mês de Fe-vereiro do ano de dois mil e seis, pelas catorze horas, reuniram-se as turmas do nono ano na Escola Secundária Ferreira de Castro, sob a presidência das professoras de Língua Portuguesa, Dina Saraban-do e Aida Bianchi, de acordo com a seguinte ordem de trabalhos:

Ponto único: Deslocação a

nocturna e desfrutando de uma vida de boémia pelas ruas de Lisboa, as brigas e rixas amorosas faziam parte do meu quotidiano. Recordo-me duma em particular que me levou a alguns anos na cadeia do Tronco.

Já em liberdade e farto da vida miserável, tomei a iniciativa de partir para Goa, com esperança de que a mi-nha sorte mudasse. Vivi aí um dos grandes amores da minha vida: co-nheci Dinamene, cujos pequenos e castanhos olhos me enfeitiçaram… Mas não demorou muito até que a má sorte se voltasse a apoderar de mim! A caravela onde viajáva-mos naufragou, Dinamene faleceu e, por pouco, não perdi a minha grandiosa obra, “os Lusíadas”, que consegui salvar a nado. Mas não consegui salvar o meu bem mais precioso, Dinamene, que tão cedo partiu desta vida descontente.

Decidi voltar à minha ocidental praia lusitana. Porém, tive de pedir ajuda a alguns amigos, já que nem dinheiro possuía. Que humilhação!

Finalmente consegui atingir um momento de glória e a minha grande obra, dedicada a El-Rei D. Sebastião, foi publicada, em 1572.

O cansaço apodera-se de mim, sinto-me doente… D. Sebastião desapareceu em Alcácer-Quibir e Portugal não tem rei! Que desgos-to, que desilusão! Morro, mas mor-ro com pátria…

Sara Fernandes 10ºC

Matosinhos para visionamento da peça de teatro “Auto da Barca do Inferno” da autoria de Gil Vicen-te, obra dramática estudada, an-teriormente, nas aulas de Língua Portuguesa.

Assim, após um pequeno atra-so do transporte, a viagem teve o seu início, tendo a chegada ao des-tino ocorrido pelas catorze horas e trinta minutos.

Seguidamente, os alunos di-rigiram-se ao local previsto, onde assistiram “in loco” à represen-tação da peça “Auto da Barca do Inferno”, escrita no ano de mil quinhentos e dezassete, pelo poli-valente Gil Vicente. Esta peça foi levada ao palco pela companhia teatral “O Sonho”.

Os presentes foram da opinião

de que a peça foi muito bem dra-matizada, visto que se encaixava, na perfeição, com o texto original de Mestre Gil, podendo entender-se a moralidade que se pretende transmitir através desta peça de teatro. Convém ainda salientar que a peça foi concebida de um modo bastante apelativo, não só pela uti-lização de diversos registos de lín-gua, ao longo da peça, como pela própria presença dos actores em cena, que se apresentaram de for-ma magnânima. Para além disso, a peça atraiu, deveras, a atenção do público, uma vez que houve inte-racção com o mesmo, algo inédito. Por conseguinte, pode confi rmar-se o seu lado bastante positivo para a formação de qualquer um enquanto ser humano, quer pela

transmissão de valores morais, quer ainda pelo seu contributo para a formação cultural de todos os alunos, pois são poucos aqueles que têm acesso a esta arte.

Depois desta magnífi ca in-terpretação, seguiu-se um breve período de tempo, destinado a actividades pessoais. Todos con-cordaram que se torna importante que haja mais iniciativas deste gé-nero, no nosso estabelecimento de ensino.

E, nada mais havendo a tra-tar, lavrou-se a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada nos termos da lei.

Presidentes: Dina Sarabando e Aida BianchiSecretários: Alunos do 9ºB

LUÍS e GIL

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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Cena IMúsica litúrgica

entra o Anjo, lentamente.Música diabólica - entra o Diabo.

Anjo – Bom dia. Pronto para mais um dia de trabalho?

Diabo – Bom dia, só se for para ti. Não me chateies, que eu hoje acordei com os azeites!

Anjo – Não sei porquê, mas penso que hoje as portas do céu vão ser abertas mais vezes.

Diabo – Se fosse a ti, não tinha assim tanta certeza. Cada vez há mais pecadores neste mundo. Que bom! E não se arrepen-dem, o que ainda é melhor!

Anjo – Bem, que entre o primei-ro!

Diabo – Que venha o primeiro!

Cena II

Chega ao outro mundo uma tia do jet set de nome Henriqueta du Sotto Menor, toda “empiriquitada”.

Tia – Ai, que horror! Onde eu vim parar! Nem elevador, até me falta o ar... Não terão em-pregada? Não me faltava mais nada... Tanto pó!... Que me faz espirrar. Deixa-me cá arranjar. (dá retoques no cabelo e na pin-tura) E ainda nem sei para onde

estou a ir...Diabo (impaciente) – Seguinte!

(aparte) Esta deve ser surda...Tia – Será que sou eu? Olha, vou

entrar.Anjo – Muito bem, minha senho-

ra. Pode começar agora. A con-tar os seus pecados...

Tia – Pecados?! Eu?! Mas eu só pratico o bem, passo a vida a ajudar as crianças pobrezinhas, com aquela querida da “Tinha Pudim” e o “José Palácio Pre-to”... Já estou a ver que não lê as revistas “Lix” nem a “SuperLi-mão”. As revistas mais famosas, onde aparecem as caras mais badaladas da society...

Diabo – Pois, pois, conheço per-feitamente. Mas guarde o pala-vreado, porque aqui ninguém nos mente. Pecou e não foi pouco!

Anjo – Quem fala assim não é rouco!

Tia – Que maçada! Mas eu não me estou a lembrar de nada!...

Diabo – Não se preocupe, refres-cadelas é connosco! Anjo, po-des começar a contar, porque eu não tenho vagar.

Anjo – Valha-me Deus! Vou per-der o meu Latim com uma pe-cadora assim?

Tia – Desculpe, querida, não que-ro ser atrevida, mas... está a falar de mim?

Diabo – Uma senhora tão chique não deve dar atenção a Anjos de comunhão, que ‘inda lhe dá um chilique!

Tia – Está coberto de razão! Olhe,

Chegou o momento do juízo fi nal...agora reparo: Uma graça, esse seu fato! É pra festa da Cane-ças?

Diabo – É, é...Assim pra uma coisa dessas... Onde passavas os dias, com todas as outras “tias”!

Tia – Ah, adoro festas! Há por cá cabeleireiro, manicure, mas-sagista? É que não estou nada bem...

Anjo - Assim vivias...amen!Diabo – Manicure, cabeleireiro...

E até banhos de calor, pra go-zares o tempo inteiro!

Tia – Ah, sauna... Pois, não pode faltar. Mas sabe, falta-me o ar...

É melhor ir para ali...Anjo – Mas eu não te quero aqui.Diabo – Venha cá, minha senhora,

venha pra esta, que vai começar a festa!

Tia – Pois irei. Mas p’ra melhor conversar, gostava de me sen-tar.

Anjo – Para ti não há cadeira, pois foste uma interesseira. Bem ouvi como falavas das crianças que...“ajudavas”.

Tia – Bem, para ser fotografada, aguentei cada estopada!...

Diabo – E ainda não viste nada! Ah!Ah!Ah!Ah! As chamas do meu Inferno são o que há de

mais moderno!Tia – Pensando bem, sei lá... Tal-

vez eu fi que por cá. Ficarei bem bronzeada e sem ter de pagar nada.

Anjo – Tanta vaidade só no Infer-no, realmente...

Tia – Ai, está-se aqui lindamente! Cuidado com o meu verniz!...

Diabo – Já cá canta quem eu quis! Ah! Ah! Ah! Estás bem acomo-dada?

Tia – Isso agora também não inte-ressa nada!...

Diabo – E continua a jornada. Se-guinte!

********

O que aqui se pode ver é somente a apresentação de duas cenas de uma peça de teatro, intitulada “Auto da Vergonha Social”, composta por dez cenas, que foi construída pelos alu-nos da turma B do nono ano, com a orientação da respectiva professora de Língua Portuguesa.

A mesma foi representada na Fes-ta da Escola, que teve lugar no dia 26 de Maio, no Cine-Teatro Caracas, por alguns alunos da turma A do 10º ano (Joana, Juliana, Diogo Silva, Andreia, Ana Margarida, Tiago, Pedro Gomes, Nelson, Rui).

Dina Sarabando

TEATRO

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Sabemos que nem sempre lhe damos a devida importância, ou por não contar para a média, ou porque é opcional. Mas quando a frequentamos depressa verifi ca-mos que essas são razões que não interferem com o valor desta dis-ciplina, já que as sobrepõe e nos coloca numa posição que nos faz ver o mundo, em nosso redor, bom, belo e bem.

A educação não pode abstrair, de forma alguma, o aluno da di-mensão religiosa e moral. Ao lon-go da nossa vida questionamo-nos acerca da nossa existência. Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos? Esta busca de identidade e de sentido ultrapassa o horizonte do espaço e do tempo, e desem-boca na dimensão da transcendên-cia. É aqui que a pessoa pode ir ao mais fundo de si mesma.

Acolhendo a realidade concre-ta do aluno, as suas experiências, as suas motivações, ele é levado a compreender a complexidade do agir humano com abertura à trans-cendência. A ver o mundo não em circuito fechado, previsível, térreo, mas como um jardim. Um jardim que é dádiva de Deus. Um mundo bom, belo e bem, conforme en-contramos na narrativa da criação do universo e dos seus habitantes, segundo a tradição sacerdotal (P), no livro dos Génesis. Importa que nós, ao sermos co-criadores de Deus, o “façamos” assim todos os dias da nossa vida.

De que vale toda a sabedoria científi ca e técnica que o ser hu-mano dispõe, se não a utilizar para o bem? Olhemos para a nossa so-ciedade que parece adormecida ou resignada perante tanto marketing agressivo, tantas violações à dig-nidade da pessoa humana, tantos desequilíbrios na distribuição de riquezas… Olhemos para a rea-lidade terrorismo global, para os atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos da América, para a guerra do Iraque, para a situa-ção alarmante dos refugiados no Darfur. Iremos, com certeza, des-cobrir muitas pessoas envolvidas nestes mantos do mal, com eleva-da formação científi ca e técnica, mas excessivamente escravizadas pelo poder que sonham e recriam interiormente, por uma ideologia, religião, dinheiro...

Aprender a ver e a fazer bem, é humanizar o pedaço de mundo que está ao nosso alcance. Por isso, nas aulas de Moral, a nossa prioridade não é moralizar, mas consciencializar os alunos para a necessidade e a urgência do bem. Todas as temáticas do programa são discutidas, refl ectidas, à bus-ca dos seus fundamentos e da sua importância para a felicidade humana. Não infundimos com-portamentos bons, mas semen-tes de esperança. É a partir daí que o aluno pode viver moral-mente. A Moral não se aprende, mas vive-se.

Trata-se de um engenho (que também é um jogo) “inventado” pelo Marco Ribeiro (7ºA). A inspiração veio do dia da Mostra de Actividades de For-mação Profi ssional realizada no fi nal de Abril.

Objectivo:Passar com uma argola de cobre por um arame dobrado em curvas

irregulares sem acender a luz vermelha (como mostra a primeira ima-gem). Ao chegar ao fi m, acende a luz verde.

Material utilizado:Fio de cobre com cerca de 30 cm de comprimento.Outro fi o de cobre maleável com cerca de 60 cm.Duas luzes “pisca-psica”: uma verde e uma vermelha.Arame de ferro.Transformador para 4 ou 9 volts.Uma tábua com pouco mais de um palmo de comprimento e meio

palmo de largura.Fita isoladora.Um interruptor.

Texto de Rui Costa (7º A)

PassatempoEMRC

O JOGO/ENGENHO

O jovem inventor, Marco Ribeiro, demonstrando o funcionamento da sua criação.

EMRC, uma marca

para a VIDA

por Sérgio Cabral

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Registo de nome

Na Conservatória do Registo Civil, um angolano, residente em Portugal, quer registar o seu fi lho recém-nascido:

- Bô dia! Eu quer registrar meu minino que nasceu otem.

- Muito bem. O seu fi lho nas-ceu ontem, é do sexo masculino... e qual é o nome?

- Marmequer Bicicreta.- Desculpe?! Quer chamar ao

seu fi lho Malmequer Bicicleta?!- É.- Desculpe, mas não posso

aceitar esse nome.- Não pode porque tu é racis-

ta! Si meu minino fosse branco tu punha.

- Não tem nada a ver com ra-cismo. Esse não é um nome admi-tido em Portugal.

- Tu é racista. Si meu minino fosse branco tu punha esse nome a ele. Tu não põe porque meu mi-nino é preto.

- Já lhe disse que não tem nada a ver com racismo. Malmequer Bi-cicleta não é nome de gente.

- Ai não?! Então por que é que tu tem uma branca chamada Rosa Mota?

Escola

Qual é a diferença en-tre uma loira burra e uma loira inteli-gente?

É que a loira burra passa para o caderno o que a professora escre-ve no quadro, mas quando a pro-fessora apaga ela apaga também.

A loira inteligente não passa, porque já sabe que a professora vai apagar.

Ficha TécnicaPropriedade:

Escola Secundária Ferreira de Castro

3720 Oliveira de Azeméis

Tel. 256 666 070

Professores responsáveis pela edição,

redacção e composição deste número:

Luís Neto e Manuel Borges

Divulgação web:

www.esfcastro.pt

Impressão:

Serviço de Reprografi a da ESFC

Tiragem: 100 ex.

Agradecemos mais uma vez reco-

nhecidamente a todos quantos co-

laboraram nesta edição de A Selva.

O GÉNIO

Um homem caminhava pela praia e tropeçou numa velha lâmpada. Pegou nela, esfregou-a e... um génio saltou lá de dentro e disse: “O.K.! O senhor libertou-me da lâmpada, blá, blá, blá! Esqueça aquela história dos três desejos! Tem di-reito a um desejo apenas e ponto fi nal.”

O homem sentou-se e pensou por um instante. Depois disse: “Eu sempre quis ir aos Açores, mas tenho medo de voar. E no mar costumo fi car enjoado. Poderia construir uma ponte até aos Aço-res, para que eu pudesse ir de carro?”

O génio riu muito e disse: “Isso é impossível. Pense na logística do assunto. Como é que as colunas de sustentação poderiam chegar ao fundo do Oceano Atlântico? Pense em quanto betão ar-mado, quanto aço, quanta mão-de-obra... Não, de maneira nenhuma! A ponte não pode ser! Pense noutro desejo...”

O homem compreendeu e tentou pensar num desejo realmente bom.

Finalmente disse: “Sabe... Eu fui casado quatro vezes e quatro vezes me divorciei. As minhas esposas sempre disseram que eu não me importava com elas e que sou um insensível. Então, o meu desejo é que eu possa entender as mulheres; saber como elas se sentem por dentro e o que elas estão a pensar quando não falam com a gente. Saber porque é que estão a chorar... Saber o que elas real-mente querem quando não dizem nada... Saber como fazê-las realmente felizes!

Ao que o génio respondeu: “Queres a ponte com 2 ou 4 faixas?”

1. O que mais pesa no mundo?2. O que dá o cruzamento de uma girafa com um papagaio? 3. Quando é que o cachorro fi ca desconfi ado? 4. O que é que tem 8 letras e tirando metade, ainda fi cam 8? 5. O que é que quanto mais se tira mais se tem? 6. Três homens caíram de um barco, mas só dois molharam o cabelo.

Porquê? 7. Sabem qual é o cúmulo dos cúmulos?8. Sabem qual o conceito masculino de ajudar na limpeza da casa? 9. Qual é o cúmulo da vaidade? 10. Como é que se diz auto-estrada em árabe?11. Como é que se diz rapaz jovem em árabe?12. Como é que se diz cara em árabe? 13. O que é que quanto mais quente está mais fresco é?

adivinhaSAnedotas

Soluções das adivinhas:1. A balança. 2. Um alto-falante. 3. Quando fi ca com a pulga atrás da orelha. 4. Biscoito. 5. Fotografi as. 6. Porque o outro era careca. 7. É um mudo telefonar a um surdo, para convidar um cego, para ver uma corrida de paralíticos. 8. Levantar os pés para o aspirador passar. 9. Comer fl ores para enfeitar os vasos sanguí-neos. 10. Alpista. 11. Almoço. 12. Alface. 13. É o pão.

Curiosidades

O dia 4 de Maio passado fi ca marcado, entre outros factos importantes, como sendo o único da tua vida em que se verifi cou uma sequência perfeita.

À 1:00 da manhã, 2 minutos, e 3 segundos de quarta-feira, 4 de Maio, 2006:01:02:03 04/05/06 - as horas e o dia foram, assim, sequência perfeita!

Origem de... OK!Uma das explicações para a origem de OK é a seguinte:Durante a Guerra, nos Estados Unidos da América , quando as tropas voltavam

para o quartel após uma batalha sem baixas, escreviam numa placa “0 Killed” (zero mortos) o que deu origem à expressão OK para indicar que tudo está bem.

Origem de... BICAQuando o café “A Brasileira” vendeu os primeiros cafés “expressos” em Lisboa,

o público achou-os amargos e daí que o proprietário da casa tivesse inventado o slogan para ajudar nas vendas: “Beba Isto Com Açúcar”.

E não é que pegou!! Hoje, a palavra foi reduzida às suas iniciais: BICA!Afi nal, a BICA tem uma razão forte de existir!!...

Boas férias para todos. Boas férias para todos. Boas férias para todos. Boas férias para todos. Boas férias para todos.

Passatempos

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Jornal da Escola Secundária Ferreira de CastroJunho de 2006

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Quem é?

A pessoa da caricatura abaixo premeia quem primeiro ou-sar descobri-la e identifi cá-la claramente. Só não podem con-correr os alunos do 11ºE e muito menos o Magnusson que é o feliz autor de tão extraordinária representação.

As fériasPortuguês posso estudar Computador posso jogar Mas tudo o que queroÉ banhos de Sol apanharPara moreno fi car

À praia eu ireiCorrer, saltar, jogar Se com algum problema fi carA descansar fi carei

Pode estar friaPode estar quenteMas com hipotermiaNão fi carei certamente

CAPITÃO GANCHO NA TERRA DO NUNCA

Será que sim?Será que não?O gelado está aíÉ melhor fazer a digestãoPara não apanhar congestão

Está na hora de recolherQue será que vou fazer?As férias estão a acabarPara às aulas regressarE daqui a um ano À praia voltar

Ai, Senhor!...Já tenho saudades das férias!

Vasco Martins (8º B)

Hoje, 12 de Março de 2006, enquanto lutava por acabar um penoso trabalho escolar a fi m de subir uma nota que alguns já conside-rariam sufi cientemente alta, deparei-me com a seguinte citação diária, numa enciclo-pédia de computador: “Uma coisa não é necessariamente verdadeira só porque um ho-mem deu a vida por ela”, de Oscar Wilde.

E apeteceu-me escrever sobre esta pequena frase que me fez lembrar muitas situ-ações e vidas oferecidas (ou talvez sacrifi cadas!) em nome de verdades que apenas quem vive sabe se são verdadeiras ou não.

Isto fez-me pensar: o que será realmente verdadeiro? Não será a subjectividade tão natural neste mundo como o ar que respiramos? Não estará ela tão intrínseca ao ser huma-no, que as nossas escolhas são sempre alvo de julgamentos pelos outros? Até que pon-to podemos nós defender as nossas convicções, se aquilo em que acreditamos pode não estar certo?

Na minha opinião, a vida apenas faz sentido se tivermos um mapa, no qual um tesouro esteja marcado algures com uma cruz. Sim, somos piratas errantes em busca do ouro da felicidade. Piratas em busca de lutas travadas e riquezas con-quistadas, apenas porque não temos um cérebro irracional, e somos incapazes de passar ao lado de tudo o que se passa

no Mundo. Mas quando en-contrámos essa cruz traçada a vermelho e, aparentemente, o caminho para ela? Se esse caminho for a morte, valerá o tesouro a nossa própria vida? Porquê oferecê-la, se depois o tesouro não vai ser nosso, mas sim de alguém que não travou as batalhas, que não sentiu o suor, o sangue e as lágrimas da conquista?

São estas dúvidas que me assaltam quando vejo relatos de ataques bombistas reali-zados por suicidas. Quando leio a história da vacina, e me deparo com alguém que criou uma, e a testou em si próprio. Quando me apercebo que há homens que, frequentemente, se dirigem para o interior de vulcões em plena actividade com o objectivo de os estu-darem, e acabam por morrer. Quando tantos homens via-jaram para o Espaço, e de lá nunca voltaram porque algo não coreu bem. E penso: serão estas verdades de uma vida, para que ela valha a pena ser aniquilada?

É este o valor incontestá-vel da fé e da crença. Da pai-xão genuína. Da coragem em prole de um objectivo de vida concretizado. E, na realidade, a verdade é e sempre será um conceito abstracto. Uma condição com necessidade de existência de duas pessoas: uma para falar a verdade, e ou-tra para ouvir. Enquanto as-sim for, e enquanto a espécie humana for constituída por uma consciência e um espírito

ocultos que nos guiam e não nos deixam ser simplesmente apáticos, a verdade não vai ser aquilo que deveria. Vai conti-nuar a ser uma incerteza. Por-que nem sempre é aceite por quem ouve da mesma forma de quem fala.

E nós, devemos seguir que caminho? Perseguir o nos-so tesouro, ou deixá-lo perdi-do algures por esses mares? A beleza da vida é esta mesma: a luta constante. O prazer não apenas no conseguir. Mas igualmente no tentar e no es-forçar para tal. Se a morte for o último passo para a glória, para a vitória poder ser alcan-çada, que seja. Não gozaremos os louros da conquista. Mas a sabedoria da descoberta do tesouro será sempre nossa. Aconteça o que acontecer. Porque os feitos maravilhosos de que a raça humana é capaz, são admiráveis pela força inte-rior com que são alcançados. E não pelo seu tamanho ou verdade.

Eu só quero encontrar uma verdade. Não uma real-mente verdadeira, mas um ob-jectivo em que pôr a minha in-teira confi ança, um leme para guiar o meu navio para ventos favoráveis. Dedicar a minha vida apenas a uma crença? Não. Apenas acordar e olhar à minha volta. Sentindo que a tarefa ainda não está termi-nada. E que há ainda muitas ondas a superar, nesta Terra do Nunca encantada. Que é o Universo.

Joana Silva – 10º D