Jornal Brasil Atual - Zona Oeste 02

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Jornal Regional da Zona Oeste de São Paulo www.redebrasilatual.com.br ZONA OESTE nº 2 Agosto de 2010 NOVA áREA DE LAZER DA CIDADE Confirmado: Estrada Turística do Parque Estadual terá pista de cooper e ciclovia PICO DO JARAGUá PIRITUBãO A discussão continua, mas o estádio está mais longe do bairro Pág. 3 SAI OU NÃO SAI? CULTURA A Luneta do Tempo, filme de estreia de Alceu Valença Pág. 6-7 AMOR E CANGAÇO ELEIçõES 2010 Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula Pág. 2 DILMA NA FRENTE PEDáGIOS O negócio que dá bilhões de reais para empresas particulares Pág. 4-5 O custo de viajar nas estradas de São Paulo

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Dilma na frente piritubão amor e cangaço eleições 2010 Confirmado: Estrada Turística do Parque Estadual terá pista de cooper e ciclovia sai ou não sai? pág. 6-7 nº 2 Agosto de 2010 pág. 3 pág. 2 pág. 4-5 Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula Jornal Regional da Zona Oeste de São Paulo www.redebrasilatual.com.br A Luneta do Tempo, filme de estreia de Alceu Valença A discussão continua, mas o estádio está mais longe do bairro

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Jornal Regional da Zona Oeste de São Paulo

www.redebrasilatual.com.br Zona oeste

nº 2 Agosto de 2010

Nova área de lazer da cidadeConfirmado: Estrada Turística do Parque Estadual terá pista de cooper e ciclovia

pico do jaraguá

piritubão

A discussão continua, mas o estádio está mais longe do bairro

pág. 3

sai ou não sai?

cultura

A Luneta do Tempo, filme de estreia de Alceu Valença

pág. 6-7

amor e cangaço

eleições 2010

Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula

pág. 2

Dilma na frente

pedágios

O negócio que dá bilhões de reais para empresas particulares

pág. 4-5

o custo de viajar nas estradas de são paulo

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vamos em frenteCaro leitor, o Jornal Brasil Atual - Zona Oeste está novamen-

te em suas mãos. A gente espera ter a mesma acolhida da primei-ra edição, que nos encheu de orgulho. Os desejos de boas-vindas e vida longa soaram como um uníssono grito de felicidade.

O trabalho já deu frutos. A reportagem do número passado, que mostrou o desejo da população preservar o pico do Jaraguá, destinando-o ao lazer e à recreação, foi um passo no rumo que desejamos sempre trilhar, de ser porta-voz das justas aspirações e reivindicações populares. Hoje podemos dizer que a nova Es-trada Turística do Jaraguá, com pista de cooper e ciclovia, é, antes de tudo, obra da população da região.

O Jornal Brasil Atual é gratuito e distribuído em toda a co-munidade da zona oeste paulistana, por meio de associações de moradores, sindicatos e igrejas. Junte-se a nós, escrevendo para a rua São Bento, 365, 19º andar, CEP 01011-100.

editorial

As obras de contenção nas ruas José Vaz Guerreiro, às mar-gens do córrego Jardim Manacá, e Nicolas Bravo, além da pavi-mentação da Eduardo de Cápua (concluída recentemente), mu-daram a cara do Jardim Nardini, região noroeste, e deixaram os moradores mais felizes.

As obras foram incluídas no orçamento municipal de 2009 por iniciativa do vereador Francisco Chagas (PT). Mas, segundo o próprio vereador, a realização só foi possível gra-ças à participação da popula-ção nas audiências públicas re-

jardim NardiNi

cara nova

eleições 2010

a falha do datafolhaInstituto só considera opinião de quem tem telefone

31/07 23/07 25/07

ibope vox populi datafolha

As últimas pesquisas dos institutos de opinião pública do Brasil trazem dados semelhan-tes sobre a intenção de voto dos eleitores para o primeiro turno da eleição presidencial no país: todos eles, com pequena dife-rença, apontam a liderança da candidata do presidente Lula, a petista Dilma Roussef, seguida de José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda

Sampaio (PSOL) e dos demais candidatos, a maioria deles sem a preferência sequer de 1% do eleitorado.

A discrepância tem sido o Datafolha, instituto ligado ao jornal Folha de São Paulo. Ele não aponta a vantagem de Dil-ma e ainda a coloca um ponto atrás do presidenciável tucano. Isso tem explicação. É que na pesquisa do Datafolha só valem

as opiniões de quem possui tele-fone (fixo ou celular). Por que? Por economia, para ficar mais fácil checar os dados dos entre-vistados, ainda que isso compro-meta a reputação técnica do ins-tituto. Além disso, não aparece no Datafolha a população rural brasileira, que representa 16% do eleitorado, e onde a diferença de Dilma representa 4 pontos no universo total de eleitores.

todos os institutos dão vantagem de dilma, exceto o datafolha

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serra

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expediente Jornal Brasil atual – Zona oesteeditora gráfica atitude ltda – Diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barrosrepórter José Américo revisão Betto Ferreira Diagramação Leandro Siman redação (11) 3241-0008 tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita

alizadas por ele na região. “As audiências são importantes porque obriga o poder público a debater os problemas da co-munidade com a comunidade”

– diz o vereador, que apresen-tou outros projetos para o bair-ro em 2010: a reforma do asfal-to da rua Orlando Villas Boas e trecho da Nicolas Bravos.

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As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP: 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

espaço do leitor obra no córrego jardim manacá

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copa 2014

turística em movimeNto ii

piritubão, uma ideia (quase) descartada

estrada turística vai sair do papel

A construção de um novo estádio na cidade de São Paulo para a Copa de 2014 está quase descartada. À imprensa, o gover-nador Alberto Goldman (PSDB) disse que a prefeitura não teria condições de cumprir com o prazo estabelecido pelo Comitê Organizador do evento.

Um dos motivos, segundo o governador, é que a área onde deveria ser erguido o Piritubão – como ficou conhecido o novo estádio – prevê apenas constru-ções residenciais. “Seria preciso aprovar um projeto que alterasse

a lei de zoneamento na região, o que levaria muito tempo para ser feito” – disse ele.

Além disso, o Ministério Público denuncia que existe ali uma vala de 1.200 metros contaminada por resíduos químicos. O órgão solicitou à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável pelo monitora-mento, mais informações so-bre o grau de contaminação no local. Segundo a Cetesb, há metais pesado com prejuí-zo do lençol freático, o que di-

ficulta ainda mais a realização de obras.

Edson Domingos, do Movi-mento em Defesa do Pico do Ja-raguá, entidade contrária ao pro-jeto do estádio, comemorou a de-cisão e disse que, se for necessá-rio, a entidade entrará com ação civil para impedir as obras: “As duas últimas Copas já tiveram uma forte conotação ambiental, não achamos conveniente, por-tanto, que justamente no Brasil, em 2014, construa-se um estádio numa área contaminada” – disse o ambientalista.

Moradores da região do Pico do Jaraguá e amantes de práticas esportivas receberam com entu-siasmo a notícia de que, finalmen-te, a Estrada Turística do Jaraguá, que dá acesso ao Parque Estadual do Jaraguá, será adaptada para es-paço de lazer e recreação. O pro-jeto anunciado pela subprefeita de Pirituba e Jaraguá, Andréa Pe-lizaro, prevê a construção de uma

pista de Cooper e uma ciclovia de 2,5 km de extensão.

Em fevereiro, moradores, esportistas e defensores do Par-que promoveram uma grande manifestação em defesa do Pico do Jaraguá e cobraram das au-toridades as benfeitorias. Orga-nizada pelo Turística em Movi-mento, entidade criada por am-bientalistas da região, o evento

contou com o apoio do vereador Francisco Chagas (PT) e do ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Mar-colino, que intermediaram as negociações com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio-ambiente. Na ocasião, foram recolhidas mais de 2 mil assina-turas em defesa do projeto.

Projeto prevê a construção de pista de cooper e ciclovia

Em entrevista ao Brasil Atual, o ex-presidente do Sindicato dos Bancários, Luiz Cláudio Marcolino, exaltou a conquista dos moradores. “As obras re-presentam um aumento na qualidade de vida das pes-soas, em especial, porque muitos não precisarão se deslocar de carro para fazer exercícios físicos em outro

local; e carro na garagem significa menos poluição” – disse o sindicalista, que fez questão de lembrar o es-forço dos integrantes do Tu-rística em Movimento, dos membros da paróquia São João Gualberto e do grupo Jovens Unidos pelo Amor em Cristo – JUPAC. “Todos estão de parabéns por esta conquista” – finalizou.

a gente nunca esquece

primeiro apoio

integrantes do turística em movimento: enfim, a conquista

marcolino (de listrado) participou da paseata

local do estádio: contaminado

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Um levantamento realizado pela agência classificadora de crédito Austin Rating para o jor-nal Monitor Mercantil mostra que a rentabilidade média de 15 con-cessionárias de rodovias paulistas atingiu média de 30%, em 2008. O estudo indica que as empresas responsáveis pelos pedágios lu-cram mais que os bancos.

Em 2007, o subprocurador da República Aurélio Veiga Virgílio Rios comentara, numa reunião do Conselho de Desen-volvimento Econômico e Social (CDES), que essas empresas tinham “lucros exorbitantes”, comparáveis aos do “tráfico in-ternacional de drogas”.

“Só faltam pedágios no ca-minho da roça, é uma aberra-

ção” – ironiza Acir Mezzadri, coordenador do Fórum Nacional Contra o Pedágio. “Por trás da conversa mole de rodovias boas, as concessionárias querem é um contrato fantástico de 30 anos, sem risco algum” – sustenta.

Mezzadri planeja mani-festações públicas contra os pedágios, coleta de assinatu-ras nas rodovias e um com-promisso, por escrito, com registro em cartório, dos po-líticos que assumirem uma política antipedágio.

A ação contra os pedágios começou no Paraná e já chegou em São Paulo. Um produto pau-lista é onerado pelos pedágios, mas quem paga a conta é o con-sumidor do Brasil inteiro.

ação aNtipedágio

cresce movimentação contra pedágios paulistasEm julho, houve aumento de até 5,22% no preço da tarifa Por Suzana Vier

Durante todo o dia 1° de ju-lho, manifestantes se reuniram nas rodovias Castelo Branco, Raposo Tavares, Anhanguera, Santos Dumont e na Estrada Velha de Campinas e realiza-ram passeatas e paralisações de corredores rodoviários, no Dia de Luta Contra os Pedá-gios Abusivos.

O movimento aproveitou o reajuste dos 227 pedágios em até 5,22% para alertar e mobili-zar a sociedade sobre a política do governo estadual em favor das concessionárias. As tarifas abusivas estabelecem graves barreiras ao desenvolvimento econômico, social e cultural dos municípios.

o protesto de 1º de julho

Um pedagiômetro calcula, desde 1º de julho, a arrecada-ção das 227 praças de pedá-gio estaduais de São Paulo.

A ferramenta virtual esti-ma em tempo real a arreca-dação dos pedágios paulis-tas com base nos relatórios das concessionárias.

Os idealizadores do pe-dagiômetro, Eric Mantoani e Keffin Gracher, calculam que

os pedágios paulistas arreca-dam R$ 168,08 por segundo ou R$ 605,1 mil por hora, chegando perto de R$ 435,6 milhões por mês. “Quisemos criar algo que impacte e sen-sibilize as pessoas para que elas percebam que os valores são realmente muito altos” – diz Gracher. E finaliza: “o pedágio não deveria servir para lucro”.

pedagiometro.com.br

Este ano surgiu também o Movimento Estadual contra os Pedágios Abusivos de São Paulo. José Matos, morador de Indaiatuba, é o coordena-dor do movimento que reuniu grupos descontentes com as praças de pedágios do Estado.

Segundo ele, de 1998 a 2009, o governo de São Pau-lo arrecadou R$ 8,4 bilhões de outorga, uma espécie de

aluguel que as concessioná-rias pagam para o governo e que aumenta o valor das tari-fas de pedagiamento.

O movimento, afirma Matos, é a favor do modelo adotado pelo governo fede-ral, em que não há outorga e as tarifas são menores por-que o leilão dos trechos con-cedidos busca o menor preço e dispensa outorga.

“Pedágio é tarifa, não é imposto; e tarifa se paga pelo uso, como água, telefone” – propõe. Exemplo disso são os 20 km do trajeto Indaia-tuba – Campinas. Cobram-se pelos 62 km disponíveis, ao custo de R$ 8,80. “O justo seria pagar R$ 2,80, não R$ 8,80” – avalia. E completa: “Sem a outorga, o valor seria ainda menor: R$ 0,40”.

preços abusivos

pedágio, um negócio que dá bilhões de reais para as empresas particulares

saídamarília

um exemplo r$3,75aguDos

rod. marechal rondon, km 314 - sP-300

r$3,85areióPolis

rod. marechal rondon, km 285 - sP-300

r$3,45Botucatu

rod. marechal rondon, km 259 - sP-300

r$8,95itatinga

rod. marechal rondon, km 208 - sP-280

Segundo estimativa do pedagiômetro,

ao fechamento da matérias às

14h30min de 13 de agosto, os

pedágios de São Paulo arrecadaram mais de R$ 3,2 bi. P

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ação aNtipedágio

Em 2010 entram em operação 27 novas praças de pedágio no Estado

Em 1997, havia 40 praças de pedágio no estado, todas sob gestão estatal. Agora são 227, todas sob concessão pri-vada. Ou seja: em 13 anos, o PSDB autorizou a operação de 187 no-vos postos de cobrança. Só o Governo Serra, em três anos, permitiu o fun-cionamento de 80 novas praças de pedágio.

Para o usuário, o qui-lômetro das rodovias de São Paulo é o mais caro do mundo – o valor é oito vezes superior ao cobra-do em estradas federais.

a escalada de praças e preços

motorista agora tem de ter troco

O reajuste da tarifa de pe-dágios trouxe um transtorno adicional para os motoristas. Além de ter de pagar mais, o valor cobrado, em várias pra-ças, é quebrado, o que aumen-

ta a necessidade de moedas de cinco centavos.

Na rodovia Marechal Ron-don, por exemplo, o pedágio de Agudos agora custa R$ 3,75, ao passo que o de Avaí tem

preço de R$ 3,55. Com isso, há perda maior de tempo para efetuar o pagamento e o risco de o arredondamento ser fei-to em prejuízo do motorista é mais que evidente.

Pedro Otávio Silva qua-se mora em Franca. Quase, pois ele passa a maior parte do ano cruzando as estradas de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Pe-dro é vendedor autônomo de sapatos masculinos e o con-tato direto com seus clientes é imprescindível. No final de junho, Pedro estava em Garça e fazia as contas. Entre Bau-

ru e Botucatu, ele desembol-saria pouco mais de R$ 10. Caso viajasse dia 1° de julho, a despesa seria mais salgada. Naquele dia, os pedágios fo-ram reajustados e a viagem dele sairia por R$ 12,40 – lu-cro médio da venda de dois pares de sapatos populares.

Ao longo dos governos de Alckmin e Serra, o Esta-do de São Paulo aumentou

também o número de locais de cobrança. Agora, mais 27 novas praças de pedágio en-tram em operação em 2010. Aqui, na região, elas estarão entre Bauru e a divisa com Mato Grosso do Sul, na ro-dovia Marechal Rondon, e serão implantadas em Pirajuí (km 401), Glicério (km 498), Lavínia (km 591) e Guaraça-ri (km 621).

o custo de ir e vir nas estradas paulistas

o peso da nova tarifa Segundo Moacir Baldice-

ra, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Urbanos de Marília e Região, o valor do pedágio afeta a vida dos motoristas – o sindicato

conta com 600 associados e dois mil trabalhadores na base.

“Temos casos de pessoas que abandonaram a atividade, já que as cobranças dos pedá-gios passam do suportável” –

diz ele. Baldicera lembra que uma viagem entre Marília e São Paulo de carro consome mais de R$ 90 apenas em pe-dágio – cerca de 15% do salá-rio mínimo!

Acir Mezzadri, coordena-dor do Fórum Nacional Contra o Pedágio, conta que a entidade tem um projeto de lei com uma proposta ousada: a extinção da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e o fim da renovação das concessões de rodovias pedagiadas.

A nova lei autorizaria ape-nas a existência de pedágios em rodovias particulares, desde que houvessem outras estradas paralelas, públicas e gratuitas. Os novos pedágios também não poderiam iso-lar vias, bairros ou lugarejos densamente habitados.

rodovias gratuitas

Novas praças vão funcionar até o fim do ano

troco: transtorno adicional para os motoristas

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rod. marechal rondon, km 158 - sP-280

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rod. castello Branco, km 74 - sP-280

r$2,90Barueri

rod. castello Branco, km 20 - sP-280

r$6,55Boituva

rod. castello Branco, km 111 - sP-280 total:

r$46,30

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Alceu Valença sempre foi um inquieto militante da diversidade cultural brasileira. E da esperança, sentimento

presente em muitas de suas letrasPor Maria Ester Costa

sexagenário rebelde

Com 38 anos de carreira, o cantor e compositor per-nambucano Alceu Valença continua crítico da indústria cultural, da importação de modelos e da falta de divul-gação dos artistas brasileiros. Aos 64 anos, com a vitalida-de dos anos 1980, auge de sua carreira, ele ainda cativa o pú-blico jovem, que revisita suas canções, olha com curiosida-de para seus novos trabalhos, suas misturas de sons e ritmos.

Herdeiro musical de Luiz Gonzaga, de Jackson do Pan-deiro e de Dorival Caymmi, Alceu deu novo brilho aos

ritmos regionais, como baião, coco, toada, mara-

catu, frevo, caboclinhos, embolada, repentes.

Em seu primeiro dis-co, lançado em 1972 em dobradinha com

Geraldo Azevedo, já punha um tem-

pero rock’n’roll nas batidas tradicionais

nordestinas que conti-

nuaram m a r -c a n d o a sua história

musical, i n c l u s i v e

nos clássicos como Coração Bobo, Espelho Cristalino, Morena Tropicana, La Belle d’Jour, entre outros.

Com 28 álbuns lançados, Alceu Valença surgiu para o grande público na apresenta-ção ao vivo no 7º Festival In-ternacional da Canção – tido como o último dos grandes –, com Papagaio do Futuro. Era 1972, o clima de ebulição dos episódios anteriores não era mais tolerado pela ditadura, a Globo cedia a todas as pres-sões e as caras começaram a mudar. Despontavam nomes como Belchior, Ednardo, Fagner, Walter Franco, Raul Seixas, Sérgio Sampaio. A fase nacional foi vencida por Fio Maravilha (de Jorge Ben, com Maria Alcina), e Diálo-go, samba de Baden Powel e Paulo César Pinheiro.

Nos anos 1980 emplacou um clássico que fez história, o disco Cavalo de Pau, e nos anos 1990 outro, O Grande Encontro, na companhia de Geraldo Azevedo, Zé Rama-lho e Elba Ramalho.

Alceu é um entusiasta dos Pontos de Cultura, progra-ma criado pelo Ministério da Cultura em 2005 que, por meio de convênios, fortalece iniciativas artísticas desen-volvidas pela sociedade civil nas comunidades. Atualmen-te, existem mais de 650 deles espalhados pelo país: “Esse projeto favorece os mais ca-rentes, mas a barreira ainda está na mídia, na imprensa. Precisamos aprofundar a discussão e a divulgação da

cultura

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o pernambucano influenciou inúmeros artistas das gerações mais recentes como chico cesar e zeca baleiro e foi um divulgador do movimento manguebeat, de chico science e o Nação zumbi

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cultura brasileira, que têm de ser em escala bem maior”, disse numa entrevista.

Em seu blog, o músico expressou assim a percep-ção de mudanças que vêm acontecendo no país: “Des-de o início da minha carrei-ra, botei o pé na estrada, me doía ver a miséria berran-te da maior parte de nossa gente, quase sempre negros, caboclos, quase sempre nor-destinos. Mês passado, ao viajar, em busca de locações para a Luneta do Tempo (veja boxe), pelo interior do agreste de Pernambuco (São Bento, Pesqueira, Alagoinha, Cimbres), me comovi vendo que os lugares por onde pas-sei estão caminhando para um nível de vida mais digno. As cidades estão mais lim-pas, as casas bem pintadas, as praças ajardinadas, o povo mais feliz. Tenho consciên-cia que precisamos avançar muito mais, sobretudo, na educação e na saúde. Cada vez mais acredito no Brasil e em nossa gente”.

A esperança e a alegria que marcam sua poesia e sua mú-sica continuam firmes na sua forma de ver o Brasil: “De-morou, mas chegou um novo tempo. Conseguimos resistir, por décadas, a toda sorte de colonialismo, intempéries so-ciais, econômicas e políticas. Saímos fortalecidos, mais maduros, sabendo, inclusive, que o processo está no início e que, portanto, precisamos trilhar esse novo caminho. Não precisamos mais seguir a cartilha de ninguém. Agora negociamos com países afri-canos, árabes, europeus e asi-áticos sem tutor e sem chan-cela de ninguém. Alegria, mi-nha gente, alegria...”

cinema de cordelA estreia de Alceu Valença como diretor de cinema em A Luneta do Tempo, uma viagem musical embalada pela diversidade da arte popular nordestinaPor Guilherme Bryan

Primeiro filme do cantor e compositor Alceu Valença, A Luneta do Tempo foi realiza-do durante quase uma década, principalmente em São Bento do Una, terra natal do artista no sertão de Pernambuco. E tem previsão para estrear este ano. “Não é a minha história. Mas sempre criamos obras em cima de bases que pos-suímos”, explica Alceu. No blog Papagaio do Futuro ele revela: “É um mergulho que faço em minha infância, no meu passado, e esse passado tem a trilha sonora das ruas do Nordeste, dos cantadores anônimos, coquistas, vio-leiros, emboladores, cegos arautos de feira, da música de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, do samba-canção dos anos 50, da música con-temporânea brasileira. Um documento para pensar a cul-tura do Brasil e do Nordeste”.

O filme começa com Lampião (Irandhir Santos, de Besouro) e seu compar-sa Severo Brilhante (Bahia, caseiro de Alceu Valença) perseguidos pelos policiais de Antero Tenente (Aramis Trindade). Severo Brilhante chega a capturar o tenente e a torturá-lo. Tempos depois leva o troco e é morto por Antero. Lampião, junto com Maria Bonita (Hermila Gue-des, de O Céu de Suely), tem o mesmo destino. No Purga-tório, Maria Bonita tenta con-vencê-lo de que morreram, mas ele não aceita. Encontra

consagrado diretor de fotografia (Abril Despedaçado, Carandi-ru, Entreatos) e diretor de obras como Cazuza, Budapeste e o re-cém-acabado Raul – O Início, o Fim e o Meio, documentário so-bre o mito do rock nacional. Ao ler o trabalho de Alceu, Carva-lho decretou: “Isto é cinema!” Mas acabou não levando adiante o convite para trabalhar com a descoberta. O músico pernam-bucano decidiu então estudar ro-teiro e cinema e tocar o projeto.

Enquanto o produtor Tui-nho Schwartz o inscrevia na Agência Nacional de Cinema (Ancine), Alceu Valença cuida-va da seleção dos atores. Antes de filmar, passou a realizar um “storyboard sonoro” (uma es-pécie de rascunho do que será efetivamente gravado), que teve

uma luneta com a qual conse-gue ver o passado e o futuro. E toma conta do pedaço.

A história começou a ser escrita em 1999, ano da morte do pai de Alceu Valença, Décio de Souza Valença, advogado, deputado constituinte de 1946 e proprietário da fazenda Ria-chão, onde foram rodadas al-gumas cenas do filme. O texto girava em torno da história de Lampião, que rodeou a sua in-fância – em 1997, Alceu Valen-ça interpretou o cangaceiro na telenovela Mandacaru, da Rede Manchete, com Daniela Mer-cury de Maria Bonita.

Quando começou a rabiscar A Luneta do Tempo, o autor de Tropicana escrevia textos alea-toriamente. Um dia os mostrou ao paraibano Walter Carvalho,

No purgatório, maria bonita

(hermila guedes) tenta convencer

lampião (irandhir santos) de que morreram, mas ele não aceita. encontra uma

luneta com a qual consegue ver o

passado e o futuro

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quatro versões, com todos os diálogos, músicas e efeitos como tiros e cavalo corren-do e relinchando. “Apesar de achar que existem grandes atores no Brasil, eu queria um trabalho muito forte do ator, partindo do método que criei” – conta Alceu.

Muitas das canções de Al-ceu Valença também são cine-matográficas. “O que eu faço é cinema, mas só depois de A Luneta do Tempo é que come-cei a observar essa caracterís-tica em várias músicas”, diz. Como em Casaca de Couro: “Corte brusco para a aveni-da/ Os sinais estão fechados/ Uma égua campolina/ Galo-pava entre os carros/... Vinha em câmera lenta/ Projetada quadro a quadro”.

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horizontal - 1. Cachoeiras 2. Inócua 3. O santo conhecido como ‘Bom La-drão’; Sufixo da 2ª conjugação verbal 4. Gostar muito; A menor quantidade de uma substância elementar 5. Sofrimento; Vestígio petrificado 6. Lavre; Um Volks cupê 7. Tomei conhecimento; Argola; Abreviatura de sargento, em inglês 8. Facção rival do Comando Vermelho; Reles; Nome de série americana de televisão 9. Segmento de uma curva; Mãe d’água 10. Observatório do Recife (abrev.); Feixe de luz 11. Observam; Depósito de pólvora

vertical - 1. Fortaleza defensiva 2. Alma, espírito; Tempo de vida 3. Oxalá; Designa cólera 4. Associação Farmacêutica de Araraquara; Símbolo do rádio 5. Quadrúpede usado na alimentação humana; ardor 6. Alcoólicos & Neuróticos; Combinação da preposição a com o artigo o; Certo cumprimento; Escola Poli-técnica 7. Mosca africana; Áspera (ant.) 8. Formosos; Agência de Tecnologia da Informação 9. Iniciais de São Vicente; O que é impossível explicar 10. Roca; Cálice usado por Jesus na Última Ceia

palavras cruzadasuma imagem respostas

palavras cruzadas

CATARATAS

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DIMASERT

AMARATOMO

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