Jornal Circulando

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ANO 14 NÚMERO 399 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE - MARÇO/ABRIL DE 2012 CIRCULANDO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Falta pouco para o 2º turno das eleições Para atingir os 200 mil eleitores necessários para um 2º turno das eleições municipais, a Justiça Eleitoral e a Câmara de Vereadores promovem campanha para conscientizar os jovens a emitirem o título de eleitor O Carioca de Valadares Como cuidar bem da memória Até novembro de 2011, foram realizadas visitas a dez escolas das três zonas eleitorais de Valadares Carioca nos tempos de jornalista Atualmente, Governador Valadares conta com 195.561 eleitores, o que sig- nifica que bastaria a emissão de 4.439 novos títulos para tirar a iniciativa do papel. A estratégia encontrada pela Justiça Eleitoral e Câmara para alcançar a marca dos 200 mil eleitores é mobilizar os jovens, de 16 e 17 anos, a obte- rem o documento. A questão do 2º turno das eleições divide opiniões e causa polêmica entre juízes, vereadores, presidentes de partidos e a população em geral. Confira reportagem completa na Página 3. Duas grandes paixões de sua vida foram o futebol e o jornalismo. A car- reira nos gramados começou nos idos de 1946, no Esporte Clube Democra- ta, mas o destaque como jogador veio mesmo no Esporte Clube Pastoril. Em 1950, migrou para o universo do jor- nalismo integrando, primeiramente, a equipe do Tribuna Fiel, passando pelo rádio até chegar ao Diário do Rio Doce, onde atuou por quase meio sé- culo. Prestes a fazer 81 anos, Sebastião Pereira Nunes, o Carioca, juntamente com seus filhos, rememora saudosas histórias e declara que a sua vida “foi muito bem vivida e se pudesse viveria tudo outra vez!”. Página 7 Arquivo pessoal Arquivo pessoal Arquivo Justiça Eleitoral Para os amantes da sétima arte, a estudante do 2º período de Pedagogia, Geanne D’arc de Carvalho, traz uma resenha sobre o filme Alexandria. A trama destaca a história da professora de filosofia Hipátia que, diferente das mulheres de seu tempo, não desejava casar-se e se dedicou unicamente ao estudo e ao magisté- rio. Sua preocupação era com o movimento da Terra. Página 2 OPINIÃO Engano de quem pensa que lapsos de memória são exclu- sividade apenas da terceira idade. Segundo a neuropsicó- loga Denise Vilela Silva (foto), o estresse, a ansiedade, a má alimentação e a privação do sono interferem negativamente no processo de memorização. A recomendação é simples, mas difícil de colocar em prática em meio à correria do dia-a- dia: adotar um estilo de vida saudável. Página 6 Cursos de mestrado e doutorado eram procurados, até pouco tempo atrás, por pessoas que queriam seguir a carreira acadêmica, seja como professor ou pesquisador. Contudo, essa realidade vem mudando e, cada vez mais, profissio- nais de diversas áreas optam pelos títulos como um diferencial no mercado de trabalho. O retorno financeiro é animador; no caso do mestrado, pode chegar a 30%. Segundo pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, as mulheres são maioria. Página 4 Profissionais apostam em títulos acadêmicos como diferencial Carlos Olavo da Cunha Pereira faz aniversário e o Circulando resgata um pouco da história desse importante jornalista Página 8 Adaptação é desafio para universitários Página 5 Você tem medo de ir ao dentista? Esta angústia é muito comum entre crianças, porém, muitos adultos têm pavor ou ficam ansiosos com a ideia de visitar o consultório odontológico. A maior parte dos que sentem medo afirma já ter vivenciado uma situação traumatizante relacionada ao trata- mento odontológico. Página 6

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Edição nº 399 do Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Vale do Rio Doce.

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ANO 14 NÚMERO 399 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE - MARÇO/ABRIL DE 2012

CIRCULANDODISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Falta pouco para o 2º turno das eleiçõesPara atingir os 200 mil eleitores necessários para um 2º turno das eleições municipais, a Justiça Eleitoral e a

Câmara de Vereadores promovem campanha para conscientizar os jovens a emitirem o título de eleitor

O Carioca de Valadares

Como cuidar bem da memória

Até novembro de 2011, foram realizadas visitas a dez escolas das três zonas eleitorais de Valadares

Carioca nos tempos de jornalista

Atualmente, Governador Valadares conta com 195.561 eleitores, o que sig-nifica que bastaria a emissão de 4.439 novos títulos para tirar a iniciativa do papel. A estratégia encontrada pela Justiça Eleitoral e Câmara para alcançar a marca dos 200 mil eleitores é mobilizar os jovens, de 16 e 17 anos, a obte-rem o documento. A questão do 2º turno das eleições divide opiniões e causa polêmica entre juízes, vereadores, presidentes de partidos e a população em geral. Confira reportagem completa na Página 3.

Duas grandes paixões de sua vida foram o futebol e o jornalismo. A car-reira nos gramados começou nos idos de 1946, no Esporte Clube Democra-ta, mas o destaque como jogador veio mesmo no Esporte Clube Pastoril. Em 1950, migrou para o universo do jor-nalismo integrando, primeiramente, a equipe do Tribuna Fiel, passando pelo rádio até chegar ao Diário do Rio Doce, onde atuou por quase meio sé-culo. Prestes a fazer 81 anos, Sebastião Pereira Nunes, o Carioca, juntamente com seus filhos, rememora saudosas histórias e declara que a sua vida “foi muito bem vivida e se pudesse viveria tudo outra vez!”. Página 7

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Arquivo Justiça Eleitoral

Para os amantes da sétima arte, a estudante do 2º período de Pedagogia, Geanne D’arc de Carvalho, traz uma resenha sobre o filme Alexandria. A trama destaca a história da professora de filosofia Hipátia que, diferente das mulheres de seu tempo, não desejava casar-se e se dedicou unicamente ao estudo e ao magisté-rio. Sua preocupação era com o movimento da Terra. Página 2O

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IÃO

Engano de quem pensa que lapsos de memória são exclu-sividade apenas da terceira idade. Segundo a neuropsicó-loga Denise Vilela Silva (foto), o estresse, a ansiedade, a má alimentação e a privação do sono interferem negativamente no processo de memorização. A recomendação é simples, mas difícil de colocar em prática em meio à correria do dia-a-dia: adotar um estilo de vida saudável. Página 6

Cursos de mestrado e doutorado eram procurados, até pouco tempo atrás, por pessoas que queriam seguir a carreira acadêmica, seja como professor ou pesquisador. Contudo, essa realidade vem mudando e, cada vez mais, profissio-nais de diversas áreas optam pelos títulos como um diferencial no mercado de trabalho. O retorno financeiro é animador; no caso do mestrado, pode chegar a 30%. Segundo pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, as mulheres são maioria. Página 4

Profissionais apostam emtítulos acadêmicos como diferencial

Carlos Olavo da Cunha Pereira faz aniversário e o Circulando resgata um pouco da história desse importante jornalista

Página 8

Adaptação é desafio para universitários

Página 5

Você tem medode ir ao dentista?Esta angústia é muito comum entre

crianças, porém, muitos adultos têm pavor ou ficam ansiosos com a ideia de visitar o consultório odontológico. A maior parte dos que sentem medo afirma já ter vivenciado uma situação traumatizante relacionada ao trata-mento odontológico. Página 6

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2CIRCULANDOMarço/Abril de 2012

Lançado no Brasil em 2009, o filme Alexandria, do diretor espanhol Ale-jandro Amenábar, relata a história da filósofa Hipátia (Rachel Weisz), pro-fessora de filosofia, matemática e as-tronomia, que viveu entre os séculos IV e V de nossa era.

Diferente do que se espera das mu-lheres de seu tempo, ela não deseja casar-se, mas se dedica unicamente ao estudo e ao magistério. Sua princi-pal preocupação, no relato do filme, é com o movimento da Terra.

Entre seus alunos estão Orestes (Oscar Isaac), que a ama sem ser cor-respondido, e Sinésio (Rupert Evans), convertido ao cristianismo e defensor do mesmo. Hipátia não permite que as constantes disputas religiosas entre judeus, cristãos e politeístas greco-ro-manos que agitam a cidade de Alexan-dria cheguem às suas aulas, desesti-mulando-as sempre que ocorrem.

Outro que nutre um amor secreto pela filósofa é o escravo Davus (Max Minghella). A paixão por sua senho-ra é o que a princípio o impede de se converter ao cristianismo.

Numa época em que política e reli-gião estão profundamente acopladas, Hipátia se recusa a tomar uma posição religiosa, optando pela neutralidade e pelo amor à filosofia, porque sua vi-são de mundo é puramente filosófica e não há espaço para religião.

Além de narrar a vida dessa famosa

A quantidade de informações ge-radas todos os dias é superior à capa-cidade de absorção das pessoas. A es-pecialização da notícia, a agilidade na divulgação e a diversidade de platafor-mas são os causadores da superprodu-ção de mensagens. A forma de interagir mudou e compreender as ferramentas utilizadas faz-se necessário.

A evolução da comunicação pode ser compreendida traçando-se um paralelo entre a realidade de 1830 e o ano de 2011. Uma pessoa postava uma carta na Inglaterra e a correspondên-cia gastava de cinco a oito meses para chegar à Índia. A resposta demorava até dois anos devido às monções no Oceano Índico. Há alguns anos, novos métodos de transmissão e recepção, de códigos possibilitaram a interação rápida. Atualmente, esse processo é

O Jornal-Laboratório Circulando é uma publicação bimestral do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC).

Fundação Percival FarquharPresidenteEdvaldo Soares dos Santos Universidade Vale do Rio DoceReitora Profa. Ana Angélica Gonçalves Leão Coelho Diretora de Área das Ciências Humanas e SociaisProfa. Cláudia Gonçalves Pereira Coordenadora do Curso de JornalismoProfa. Nagel Medeiros Editora e Jornalista ResponsávelProfa. Fernanda Melo (MG11497/JP)

Revisão TextualJosé Ilton de Almeida (5º Período de Letras) sob a supervisão da Profª Elisângela Rodrigues Andrade Vieira Helal

Editoração EletrônicaProf. Brian Lopes Honório (Editora Univale) Impressão / TiragemInforgraf / 500 exemplares RedaçãoLaboratório de Jornalismo Carlos Olavo da Cunha PereiraRua Israel Pinheiro, 2.000, Bairro Universitário - Campus Antônio Rodrigues Coelho - Edifício Pioneiros, Sala 4 - Governador Valadares/Minas Gerais - CEP: 35.020-220.Contatos: (33) 3279-5956 / [email protected]

HD humano?ANA CAROLINA OLIVEIRA / 5O PERÍODO DE JORNALISMO

ARTIGO

Arq

uivo

pes

soal

Goo

gle

Imag

ens

instantâneo. Dentro de algum tempo o avanço tecnológico se encarregará de criar novos mecanismos, como o de projeções holográficas.

Por mais que uma pessoa goste de ler e disponha de muito tempo para essa atividade, o conteúdo disponibi-lizado é inatingível. O importante é aproveitar ao máximo e extrair o me-lhor daquilo que se lê, ouve e o que assiste. Uma pessoa informada tem assunto para conversas entre amigos, colegas de trabalho e família. O hábito da leitura estimula a mente, a forma-ção crítica, melhora a fala e a escrita.

Mesmo aqueles que não possuem recursos financeiros para acesso às mídias pagas, podem utilizar as gra-tuitas. O ideal é conhecer de tudo um pouco, mas a seleção de conteúdo é uma maneira de ficar antenado nos acontecimentos do cotidiano. Ao mes-mo tempo em que a modernidade am-plia o universo comunicativo, expan-de-se também a necessidade de suprir a demanda. A corrida dos profissio-

nais de comunicação é intensa: mate-rial informativo para jornais, revistas, internet, celular, rádio, televisão; no-tícias nacionais e do resto do mundo; linguagens específicas do esporte, da política, da cultura, da economia, da sociedade e do lazer.

A mente humana é fonte de pes-quisa. Embora alguns cientistas falem em números, a capacidade ainda é um enigma. Ela retém milhares de infor-mações. Contrastar mensagens é pos-sível graças a essa qualidade. As re-cordações servem de instrumento na hora de associar ideias e estabelecer uma relação. Esquecer é um ato para limpar a mente, “excluir arquivos”.

As limitações de acesso ao conteúdo e armazenamento não são desculpa. Mesmo que o tempo seja curto, para todos os lados, existem informações e fontes geradoras. O mundo não para e os fatos transformam vidas. Conhecimento não é acessório que se exiba entre amigos, mas fica bem em qualquer um.

RESENHA

professora, pode-se observar de forma nítida, no filme, o conflito entre cris-tãos e não-cristãos e a forma como a mulher era vista, pois, segundo os ensinamentos cristãos "a mulher deve obediência ao homem" e Hipátia, pelo que se pode observar, não se permitia ser subordinada a ninguém.

A imagem do cristianismo como instrumento de acusação e persegui-ção foi muito bem representada na pe-lícula, tanto por Teófilo (Manuel Cau-chi) quanto por Cirilo (Sami Samir), que ao substituir seu tio, tornou-se o grande propagador da proposta da conversão obrigatória: quem não acei-tasse a fé cristã automaticamente de-veria ser apedrejado.

Alejandro Amenábar conseguiu transpor para as telas de cinema toda a força dessas personagens históricas, criando um épico inesquecível. Com maestria, mostrou de forma sensível, porém verdadeira, a trajetória de uma mulher à frente de seu tempo, que teve a coragem de lutar por seus princípios.

A escolha das belíssimas locações na Ilha de Malta, o cuidado com os figurinos e cenários, o primoroso ro-teiro original assinado por Amenábar e Mateo Gil, fazem desse, um filme digno de nota e aplausos.

Mais do que um magnífico drama histórico, Alexandria é uma excelente fonte de lazer, cultura, reflexão e de-bate filosófico.

Hipátia de AlexandriaGEANNE D’ARC DE CARVALHO / 2O PERÍODO DE PEDAGOGIA

FICHA TÉCNICA: Título em Português: Alexandria. Título Original: Agora. Direção: Alejandro Amenábar. Elenco: Rachel Weisz, Max Minghella, Oscar Isaac, Ashraf Barhom, Michael Lonsdale, Rupert Evans, Richard Durden, Sami Samir, Manuel Cauchi. Gênero: Drama/História/Romance. País de Origem: Es-panha. Idiomas: Inglês e Português. Duração: 126 min. Ano: 2009. Classificação: 14 anos. Distribuição: Flashstar Filmes.

* Resenha produzida para a disciplina Comunicação Oral e Escrita, ministrada pela professora Elisângela Rodrigues Andrade Vieira Helal.

OPINIÃO

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3CIRCULANDOMarço/Abril de 2012 POLÍTICA

DENISE FERRARI5º PERÍODO DE JORNALISMO

A Justiça Eleitoral e a Câmara Mu-nicipal de Governador Valadares inicia-ram, há 6 meses, campanhas nas esco-las para conscientizar os jovens de 16 e 17 anos a fazerem o título de eleitor. O objetivo é atingir a marca dos 200 mil eleitores para que a população, pela primeira vez nos 75 anos de fundação do município, respire as emoções do segundo turno na disputa para pre-feito. E a cada dia a meta parece estar mais próxima de se tornar realidade.

Atualmente, Valadares conta com 195.561 eleitores, o que significa que bastariam a emissão de 4.439 novos títulos para tirar a iniciativa do papel. No entanto, a contagem regressiva rumo ao segundo turno ainda divide opiniões. Entre 2007 e 2008, quando Roberto Apolinário de Castro era juiz eleitoral, dedicou parte do trabalho forense para ir às escolas convencer os jovens a antecipar a retirada do título. “Envolvemos o Interact e o Rotaract, que são dois grupos de jovens do Rota-ry, e conseguimos a adesão de seis mil estudantes que, com certeza, fizeram a diferença nas últimas eleições para prefeito na cidade. Mas, infelizmen-te, não conseguimos atingir a marca dos 200 mil eleitores para chegar ao segundo turno”, lamenta.

O juiz explica que, em 2011, parti-cipou de algumas reuniões com o pre-sidente da Câmara Municipal de Go-vernador Valadares, vereador Heldo Armond (PTB), com o objetivo de re-petir a iniciativa. “O segundo turno é muito democrático. Podemos analisar todas as propostas e ter mais tempo para escolher o que é melhor para a ci-dade. Por isso a participação do jovem é muito importante”, defende. Apoli-nário ainda diz que o voto do jovem é mais qualificado, é um voto espontâ-neo e livre de obrigações. “Para mim, o jovem está muito bem preparado. É um sonho antigo e tenho certeza de que vamos atingir o segundo turno em Valadares”, aposta.

ContraMas a proposta do magistrado não

parece convencer o presidente do PSDB municipal, João Emídio Rodri-gues Coelho. Para ele, o segundo tur-no não deve ser encarado como uma prioridade política na agenda da cida-de. “A política tem que ser mais séria. O segundo turno aumenta o número de candidatos e acabam surgindo con-chavos entre os candidatos para con-seguirem ganhar a eleição, e isso não é bom para a cidade”, sustenta.

O dirigente acrescenta que os vala-darenses não necessitam do segundo turno, mas da conscientização sobre a importância do voto. “O povo está incrédulo em relação à política, e esse desestímulo passa para o jovem. Eu adoraria saber que os jovens de nosso

2º turno das eleições de 2012 emGovernador Valadares divide opiniões

país estão preparados para votar, mas infelizmente não estão. Tenho receio desses jovens acabarem escolhendo o candidato errado”, avalia.

ApoiadoresJá o presidente do PT de Valada-

res, vereador Geovanne Honório, manifesta otimismo em relação ao segundo turno. Para ele, mesmo com os empecilhos, Governador Valada-res deve atingir a marca dos 200 mil eleitores. “O valadarense só tem a ga-nhar, porque o segundo turno dá con-dições para o eleitor avaliar e reavaliar as propostas dos candidatos. Talvez o eleitor até mude de opinião devido aos projetos lançados nas campanhas eleitorais”, acredita.

Em meio às divergências, o estu-dante Hubert Silva Marques, de 16 anos, optou por tirar o título de elei-tor. Para ele, exercer o papel de ci-

dadania e escolher o futuro prefeito da cidade é de fundamental impor-tância. “Eu me sinto preparado para votar e vou saber escolher o melhor candidato para administrar nossa ci-dade sem precisar consultar a minha família”, sustenta o jovem. E garan-te que não é o único. Ele conta que boa parte dos amigos também teve consciência de que, mesmo numa idade em que o voto é facultativo, a escolha pela cidadania deve pre-valecer. A escolha de Hubert surgiu exatamente a partir de uma visita da Câmara de Vereadores em parceria com a Justiça Eleitoral em escolas da cidade.

A atendente de cartório da zona 118, Alessandra Siqueira César, con-firma o sucesso das campanhas. Até meados de novembro de 2011, foram realizadas visitas a dez escolas, tan-to na zona urbana quanto na rural.

Jovens entre 16 e 17 anos são o público-alvo da campanha da Justiça Eleitoral e da Câmara de Vereadores para atingir os 200 mil eleitores

“O segundo turno é muitodemocrático. Podemos ana-lisar todas as propostas e ter mais tempo para escolher o que é melhor para a cidade.

(Roberto Apolinário de Castro)

“O povo está incrédulo em relação à política, e esse deses-tímulo passa para o jovem. Eu adoraria saber que os jovens

de nosso país estão preparados para votar, mas infelizmente

não estão.(João Emídio Rodrigues Coelho)

“O valadarense só tem a ganhar, porque o segundo turno dá

condições para o eleitor avaliar e reavaliar as propostas dos candidatos. Talvez o eleitor até mude de opinião devido aos projetos lançados nas

campanhas eleitorais.(Geovanne Honório)

Cerca de 1.000 jovens das três zonas eleitorais de Valadares aderiram à campanha.

BaixasSegundo o diretor do Fórum da

Comarca de Governador Valadares, Marcelo Carlos Cândido, as campa-nhas de conscientização nas escolas estão sendo um sucesso, mas não tem certeza de que através delas irão con-seguir atingir os 200 mil eleitores. “O número de baixas em nosso cartório está grande por causa de eleitores que residem em outras cidades e pedem transferência de domicílio eleitoral, e também dos óbitos. Talvez seja um dos empecilhos para suprir os 4.439 eleitores que faltam para chegarmos ao segundo turno”, admite. Mesmo assim, deixa claro que não irá desani-mar, e garante que as visitas às escolas vão continuar até o mês de abril.

Arquivo Justiça Eleitoral

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4CIRCULANDOMarço/Abril de 2012 MERCADO DE TRABALHO

Ganhando a vida sobre duas rodas

GEORGE GONÇALVES5º PERÍODO DE JORNALISMO

Bastou um mês com o diploma de graduação nas mãos e a jornalista Ju-liana Vilela Pinto, 24 anos, não perdeu tempo; ingressou logo no programa de mestrado em Gestão Integrada do Território, concluído em abril de 2011, pela Universidade Vale do Rio Doce (Univale). O interesse pela área aca-dêmica surgiu ainda no tempo de uni-versidade. “Meus professores falavam que eu levava jeito para a docência”,

relembra. Hoje, com o título de mes-tre, divide a rotina entre duas paixões: lecionar e exercer a profissão que esco-lheu. Além de dar aulas em um curso de pós-graduação, também é assesso-ra de comunicação de uma altarquia federal na cidade. “Durante o mestra-do, me dediquei mais à pesquisa, por isso, não experimentei o dia-a-dia da profissão que gosto tanto. Agora, pos-so fazer isso”, comemora.

E como Juliana, milhares de brasi-leiros em todo o país optam pelos tí-tulos acadêmicos como um diferencial

na hora de enfrentar o mercado de tra-balho, principalmente as mulheres.

Mais mulheresUma pesquisa feita recentemente

pelo Ministério da Ciência e Tecnolo-gia, através da Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Supe-rior (Capes), apontou que, de 2004 a 2010, foram beneficiadas com o douto-rado 35.626 mulheres, frente a 33.765 homens, número 5% maior. Já no mes-trado, a diferença é ainda mais visível: 117.382 mulheres contra 100.202 ho-mens, o que representa 17% a mais.

Natural do Equador, a professora e também pesquisadora da Univale, Gulnara Patrícia Borja Cabrera, for-mou-se em medicina há 22 anos, mas não parou por aí. Depois do mestra-do e doutorado em Patologia, chegou ao pós-doutorado em 2003, expres-são máxima da academia. “Na sala do doutorado, por exemplo, 90% dos alunos eram mulheres. Até mesmo no setor que trabalho na Univale - Labo-ratório de Imunologia - todos os dou-tores são do sexo feminino”, afirma.

Ela lembra que, na condição de pós-doutora, precisa ter uma linha de

Títulos acadêmicos mais valorizadospesquisa. “O mestrado é mais voltado para o ensino, já o doutorado, para a pesquisa. O custo do financiamento dessas pesquisas é muito alto. Para despertar o interesse de investidores, preciso publicar, no mínimo, três ar-tigos por ano em revistas especializa-das”, explica. “Mas as empresas e as fundações universitárias sempre pre-cisam de pessoas com esse perfil, por isso, doutorado é um ótimo investi-mento”, garante.

O retorno financeiro do título acadêmico no currículo profissional é animador. Em alguns casos, um doutor chega a ganhar 37% a mais do que uma pessoa que só tem a gra-duação; já para os mestres, o acrés-cimo é de 30%.

O gerente de Recursos Humanos, Paulo César Pereira, lembra que, de-pendendo da área, outros cursos de especialização são mais vantajosos. “O MBA [Master Business Adminis-tration], por exemplo, é mais voltado para a realidade do comércio. Quem quer se aperfeiçoar e ter um salário melhor, sem passar pelo mestrado ou doutorado, pode investir nesse tipo de pós-graduação”, orienta.

Apesar dos riscos, a profissão de mototáxi atrai cada vez mais pela possibilidade de dinheiro rápido e autonomia

JÉSSICA SCARABELLI5º PERÍODO DE JORNALISMO

Pelas ruas da cidade, faça sol ou chuva, sempre estão trabalhando. Acostumados com a velocidade e a pressa de alguns clientes, os motota-xistas sobrevivem assim, de passagei-ro em passageiro e, com isso, conhe-cem todos os cantos da cidade.

A palavra que dá nome à profis-são foi estabelecida no Brasil a partir do sufixo moto que é uma redução da palavra motocicleta. É um tipo de transporte público que se tornou muito utilizado devido à facilidade de escolher o local de embarque e desembarque pelo cliente, que paga apenas a distância percorrida, ou seja, não há um local específico de chegada e partida, como por exemplo existe no caso do ônibus ou do me-trô. Em Valadares, a predominância do serviço é alta, traz benefícios para profissionais e passageiros, mas tam-bém oferece alguns riscos.

Hoje, praticamente em todas as cidades brasileiras é registrado esse tipo de serviço. Em Valadares, o ser-viço é muito utilizado por todos os tipos de pessoas, sejam estudantes ou trabalhadores. Até mesmo quem não sabe o endereço certo para onde quer ir apela para o auxílio de um mototáxi.

Para muitos, a profissão é provi-sória, como no caso de Daniel Sou-za, 36 anos, que sempre trabalhou como caminhoneiro. Ele afirma ter

entrado nesse ramo há pouco tempo. “Para mim, é falta de outro serviço. Pretendo ficar assim até conseguir outra coisa [trabalho]”, diz. Normal-mente, o valor cobrado pelo serviço é seguido por tabela para distâncias semelhantes.

“É cansativo trabalhar assim, mas ao final de todos os dias tenho di-nheiro no bolso”, conta Presley de Souza, de 42 anos, que sempre tra-balhou como autônomo e agora está há um ano como mototaxista. Sou-za sempre trabalhou informalmen-te e vê na atual profissão um meio rápido de se obter dinheiro. Apesar disso, considera o ofício perigoso. “Corremos riscos de várias formas. Primeiro, por estarmos carregando pessoas que não conhecemos direito, depois, porque o trânsito, em geral, é muito turbulento em determina-dos momentos e oferece um grande perigo. Há pessoas que falam mal do motoqueiro, mas na verdade, os mo-toristas são os que menos respeitam a sinalização”, reclama.

Outro mototaxista, Mikel Abran-tes, diz não ser patrão, mas se define como uma pessoa que toma medidas cabíveis em caso de algum tipo de ne-gligência. Ele trabalha como motota-xista há dez anos e revela que o lado bom da profissão é o fato de o funcio-nário chegar quando quer e trabalhar no dia que quer. “O patrão é o nosso cliente. Ele é quem paga nosso salá-rio”, exemplifica.

Juliana Vilela durante apresentação de sua pesquisa de mestrado sobre mídia e migração

A profissão permite fazer o próprio horário de trabalho e garante dinheiro ao final do dia

AC

S/Univale

Jéssica Scarabelli

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5CIRCULANDOMarço/Abril de 2012 EDUCAÇÃO

Adaptação, a maior provado ensino superior

LabJor renovado

ANA CAROLINA OLIVEIRA5º PERÍODO DE JORNALISMO

Chegar ao ensino superior não é fá-cil. Além de investimento financeiro é necessário muito estudo e força de vontade. A vida do aluno muda bas-tante para atender às necessidades acadêmicas, o que exige adaptação. Sacrifício do lazer, muitas atividades, livros para ler, trabalhos.

A primeira mudança é a ligada ao saber, pois as maneiras de ensinar e aprender são bem diferentes do en-sino médio. A outra é a social, ligada aos relacionamentos com professores, colegas, além da vida externa, tam-bém distinta dos tempos de escola.

A aluna Aminy Anny Teixeira Gus-mão, de 20 anos, ingressou na univer-sidade logo após a conclusão do en-sino médio. Encontrou um ambiente bem diferente do colégio. “No começo do curso foi bem difícil. Antes tinha a cobrança dos professores e até mesmo dos colegas; na faculdade não existe essa preocupação. Se fiz, ótimo, se não fiz, o problema é meu”. Após al-guns ajustes, Aminy já não tem muita dificuldade. Ela entendeu que se não conseguisse se adaptar não consegui-ria seguir adiante com os estudos. Mas a aluna acredita que quando o profes-sor busca uma forma mais dinâmica de apresentar a matéria, cativa mais o aluno, além de ajudá-lo bastante na aprendizagem.

O administrador Antônio Mário de Oliveira, 38 anos, esteve fora das salas de aula por muito tempo. Quando in-gressou no ensino superior estava com mais de 30 anos. Ele não teve dificul-dades quanto ao relacionamento com colegas e professores, mas a adapta-ção acadêmica foi “complicada”. Para Mário, “tudo parecia diferente do que havia aprendido na escola”. O desejo de aprender e crescer na vida era in-tenso, mas “abrir mão de momentos com a família foi extremamente difí-cil”. Logo que voltou a estudar o admi-nistrador estava com uma filha ainda bebê e “perder os momentos mais in-

teressantes da criança foi muito mar-cante”. Mesmo com toda dificulda-de encontrada, está formado há dois anos e já vê resultados de seu esforço, que embora tenha sido muito grande, “realmente valeu a pena”.

Novos aprendizadosA professora do curso de Pedago-

gia da Universidade Vale do Rio Doce (Univale) e pesquisadora da educação no ensino superior, Maria Gabriela Parenti Bicalho, afirma que “estar na universidade requer aprendizagem de

regras, procedimentos e posturas dife-rentes”, que deve ser observada desde a matrícula até as avaliações. Através de seus estudos, a pesquisadora veri-ficou que “os autores da Sociologia da Educação que discutem esses aspectos falam em um processo de ‘afiliação’, que é fundamental para o sucesso do estudante no ensino superior.” Gabrie-la ressalta que as mudanças provocam um estranhamento, que é observado em alguns alunos com maior inten-sidade, e em outros em menor grau. Dentro dessa análise, existem os alu-

nos mais novos, que podem sofrer pela falta de maturidade, ou os de maior idade, por estarem há muito tempo longe dos estudos. “A adaptação não diz respeito apenas aos alunos, é tam-bém uma questão da instituição de ensino superior, nos processos admi-nistrativos e pedagógicos” quanto aos processos, à postura dos professores, às atividades e avaliações.

No ensino superior, o aluno será menos acompanhado e suas ativida-des e horários serão pouco supervisio-nados. O estudante de uma faculdade tem um espaço de maior autonomia, porém, os educadores precisam parti-cipar da construção dessa autonomia estando atentos aos processos viven-ciados pelo estudante.

Uma das maiores reclamações dos alunos é a falta de tempo, mais um aspecto de adaptação, comentado por Gabriela. “Certamente existe tem-po para tudo, e o estudante deverá saber identificar as prioridades em cada situação.” Quando o aluno não se ajusta à realidade da universida-de, podem acontecer dificuldades no ensino ou ainda a evasão que, con-forme as observações da professora, é um fenômeno visto em pesquisas. “Acontece, principalmente no primei-ro e segundo semestres, e pode ser causada pela não adaptação ao novo contexto acadêmico”.

Para ajudar aos alunos que estão com dificuldades, a pesquisadora dei-xa algumas orientações: o primeiro passo é entender que esse processo é normal, é muito comum a pessoa sen-tir-se “fora do lugar” no início do cur-so de graduação; é preciso calma e ao mesmo tempo procurar inserção nas atividades. Realizar os trabalhos de acordo com a orientação dos profes-sores é outro passo importante. Para a instituição de ensino também deixa recomendações: é preciso o reconheci-mento desse processo “dando atenção aos estudantes que demonstram di-ficuldades acadêmicas, e apresentam ausências frequentes”, conclui.

AC

S/U

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Danilo Guimarães

O Laboratório de Jornalismo Carlos Olavo da Cunha Pereira (LabJor) abre suas portas nesse semestre para uma nova equipe de trabalho. Os alunos do curso de Jornalismo terão a oportunidade de aprender sobre a produção de veículos impressos, bem como planejar e executar novos produtos de comu-nicação. Em andamento, já se encontra a elaboração de um jornal-mural vol-tado para o público estudantil da Universidade Vale do Rio Doce (Univale). O projeto é desenvolvido em parceria com o Laboratório de Design (LD).

A coordenadora do Laboratório de Jornalismo, professora Fernanda de Melo Felipe da Silva, explica que o ambiente é um espaço pedagógico de ensino, pesquisa e extensão e visa mediar práticas comunicativas. “Um dos objetivos deste ambiente é estimular os alunos na busca de uma postura autônoma, criativa, questionadora, ética e cidadã. É fundamental que eles sejam pró-ativos e experimentem ao máximo as possibilidades do universo da comunicação”.

O Laboratório de Design (LD) é parceiro do LabJor no projeto de um jornal-mural

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6CIRCULANDOMarço/Abril de 2012 SAÚDE

CRISTYANE ANDRADE MONTEIRO5º PERÍODO DE JORNALISMO

Quem não tem, ocasionalmente, esforçado para se lembrar da senha do caixa eletrônico, onde colocou o ce-lular, a chave e até mesmo encontrado com uma pessoa conhecida e não sa-ber o nome dela?

Segundo especialistas, esse mal não é exclusividade da terceira idade. Qualquer pessoa, independente da faixa etária, pode experimentar difi-culdades como essas em seu dia-dia.

De acordo com a neuropsicóloga Denise Vilela Silva, os problemas de memória estão muito relacionados aos hábitos de vida e podem ser agravados por uma série de fatores. “O hipocam-po é uma área que está localizada no centro do cérebro e tem o papel crucial nesse processo de memória, de apren-dizagem. Então, ele é muito suscep-tível aos efeitos tóxicos do álcool, do tabaco e de outras substâncias que podem interferir negativamente nesse processo de memorização. Distúrbios no sono, níveis elevados de estresse e

Hábitos saudáveis para uma boa memóriade ansiedade também são grandes vi-lões da memória”, explica.

O neurologista Francillon Roberto Silva Lopes, ressalta que a qualidade de vida do indivíduo pode interferir em sua saúde e desencadear doenças. “O estresse é um importante fator de risco das doenças cardiovasculares, de origem mental e física em geral”. De acordo com Lopes, o transtorno cog-nitivo leve, doença neurológica iden-tificada pela sigla TCL, pode ser um sinal de certos tipos de doenças que roubam a mente, mas enfatiza que esse problema só ocorre em pessoas acima de 60 anos. “Pode ser um sinal, mas não tem como predizer das pes-soas que tem TCL quais irão evoluir para Alzheimer”, explica.

Prevenção O remédio para os indesejáveis

lapsos de memória é bastante simples: adotar um estilo de vida saudável. “É preciso que o indivíduo organize a sua rotina de maneira que não se sobre-carregue com elevadas multifunções; minimize os efeitos do estresse atra-

vés da atividade física e até da própria respiração, e que também passe a dor-mir melhor, porque é através do sono que se consolida a memória; tenha uma alimentação balanceada, pois os nutrientes fornecem ao cérebro aquilo que ele precisa”, orienta Denise.

A especialista ainda acrescenta a importância de sair da mesmice e realizar coisas novas. “O cérebro tem aversão àquilo que é hábito. Por exem-plo, se você começa a escrever com a mão que não é a dominante, o cérebro vai estabeler outras conexões neuro-nais e, assim, ele vai ativar células que estavam paradas”.

Ana Carolina de Oliveira, 30 anos, editora de imagens e universitária, conta que desde a infância é dona de uma memória privilegiada e, atual-mente, apesar da rotina agitada, con-segue se sobressair em suas atividades diárias. “Minha mãe costumava me pedir para guardar os números para lembrá-la depois. Guardava na cabe-ça telefones e documentos”. Carolina ressalta que sempre foi muito obser-vadora e tem facilidade em registrar

conversas, rostos e acontecimentos. Diariamente tem que se lembrar de senhas de banco, da internet, três contas de e-mail, acessos de cadas-tros, entre outras.

A enfermeira Débora Cristina de Azevedo, 29 anos, diz que sofreu um desgaste físico e mental intenso no período em que fazia faculdade e trabalhava ao mesmo tempo. “Sabe quando o pendrive está com a memó-ria cheia e não há mais espaço para informações? É mais ou menos isso que acontece”, brinca. A sobrecarga mental fez com que Débora perdesse até o rumo de casa. “Peguei o ônibus errado e ainda esqueci minha bolsa com todos os meus documentos den-tro. Então, pequei um mototáxi e fui parar em um bairro do outro lado da cidade; foi uma maratona”, conta. Apesar de muitas atividades durante o dia, a enfermeira procura ter uma vida saudável. “Trabalho no Hospital Municipal e nos meus horários de in-tervalo faço academia, corrida e ando de bicicleta. Ainda faço hidroginástica duas vezes por semana”, contabiliza.

Medo de ir ao dentista não tem idade

CÁSSIA CARIOCA DE ALMEIDA5º PERÍODO DE JORNALISMO

Quem nunca teve medo de ir ao dentista? Esta angústia é muito co-mum entre crianças, porém, muitos adultos têm pavor ou ficam ansiosos com a ideia de visitar o consultório odontológico. A maior parte dos que sentem medo afirma já ter vivenciado uma situação traumatizante relacio-nada ao tratamento odontológico.

A servidora pública Clara Alcânta-ra de Oliveira, de 32 anos, conta que tem pavor de ir ao dentista. “Sei que é fundamental, mas quando vai che-gando o dia marcado, já vou ficando ansiosa e com medo. O dia de ir ao dentista é muito difícil para mim”. Quando criança, Clara teve uma ex-periência “muito ruim” no dentista que a marcou profundamente. “Esta-va tratando uma cárie; já estava mui-to nervosa com aquele barulho do

motorzinho, quando comecei a sentir dor, pois o efeito da anestesia já ti-nha passado. A dentista logo aplicou mais anestesia, mas foi o suficiente para ter medo até hoje”.

A estudante Jennifer Marques de Almeida, 18 anos, faz de tudo para evitar a ida ao consultório. “Sempre inventei todas as desculpas possíveis para não ter que ir ao dentista, tenho muito medo de sentir dor”. No caso de Jennifer não resolveu muita coisa, pois, como usa aparelho ortodôntico e precisa ir ao dentista todo mês.

A cirurgiã-dentista e coordenadora do curso de Odontologia da Universi-dade Vale do Rio Doce (Univale), Éri-ka de Aguiar Miranda Coelho, explica que, na maioria das vezes, um pouco de paciência e até mesmo experiên-cia do profissional pode ser o grande diferencial nessa situação. “Pacientes assim não devem ser atendidos na primeira consulta. Todo procedimen-to deve ser muito bem explicado, as-sim como os instrumentos que serão empregados para a realização do tra-tamento”. A cirurgiã-dentista comen-ta ainda que existem alguns casos extremos nos quais os pacientes são atendidos sob sedação, mas são ocor-rências raras nos consultórios. Érika

acredita que, muitas vezes o medo de ir ao dentista pode ser passado pelos pais. “Constantemente presenciamos pais ameaçarem os filhos dizendo que se alguma ordem não for obedecida serão levados ao dentista ou ao médi-co para tomar uma ‘injeção’. Ou seja, sem querer os pais acabam sendo os vilões da história”.

Em todo caso, a professora lembra ainda que cabe ao dentista compre-ender e entender o seu paciente. Ao ser atendido de forma mais tranqui-la, a pessoa torna-se mais coopera-tiva. O dentista não pode ignorar a parte emocional dos pacientes, pois essa é primordial para o tratamento odontológico.

Para quem sofre desse medo, a co-ordenadora do curso de Odontologia dá um conselho. “A dica é procurar um profissional capacitado; apto a atender às necessidades do paciente. No relacionamento entre profissio-nal e paciente precisa existir empa-tia e confiança. O importante é que a criança seja levada ao consultório do odontopediatra ainda bebê, para que os cuidados com a higiene oral sejam passados para o responsável e ela cres-ça familiarizada ao ambiente do con-sultório”, orienta.

“ O importante é que a criança seja levada ao consultório do odontopediatra ainda

bebê, para que os cuidados com a higiene oral sejam passados para o responsável

e ela cresça familiarizada ao ambiente do consultório.

Danilo Guimarães

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7CIRCULANDOMarço/Abril de 2012 ESPECIAL

SebastiãoCariocaNunes De jogador de futebol a “conselheira sentimental”

POR LORENA DUARTEREPÓRTER

Quando comecei a escrever este texto me perguntei várias vezes como fazê-lo com a graça e respon-sabilidade de contar a história de al-guém tão reconhecido em nossa ci-dade. Alguém que já recebeu tantas homenagens e teve sua vida recon-tada várias vezes. A resposta foi sim-ples, precisava apenas narrar uma vida cheia de acontecimentos como foi a de Sebastião Pereira Nunes, ou simplesmente, Carioca.

Fui recebida com um sorriso maro-to de um menino de 80 anos. Carioca ainda terminava de tomar o café da manhã com pão, sua comida predi-leta, e estranhou tão cedo alguém já chegar com um ‘interrogatório’, que-rendo saber de seus feitos durante a carreira como jogador de futebol e jornalista. Passado o susto, a conversa teve início. Daí em diante, foi um pas-so para um longo bate-papo em meio às fotografias.

A memória de Carioca já não é a mesma. O atleta que nunca bebeu ou fumou, hoje sofre com uma doença chamada Hidrocefalia de Pressão Nor-mal. Foi com a ajuda de um de seus quatro filhos, Kássio de Freitas Nunes, e de sua cuidadora, Maristela Dias da Costa, que consegui juntar partes des-sa longa história.

FutebolO garoto que nasceu em 5 de abril

de 1931, quando Governador Valada-res ainda se chamava Figueira do Rio Doce, começou a carreira como joga-dor de futebol no Esporte Clube De-mocrata, em 1946. Depois, jogou no Atlético Clube Pastoril, onde ele mes-mo diz que conseguiu destaque para a carreira. Após a saída do Pastoril, teve o América Mineiro como destino. E foi quando falávamos da carreira fu-tebolística que Kássio relembrou uma das histórias que ouvia envolvendo seu pai e a bola. “Minha avó lavava roupas para ajudar na renda familiar e meu pai era o responsável pelas entre-gas, mas a paixão pelo futebol era tão grande que, ao invés de entregar as trouxas, ele corria para o campo para jogar futebol”. Aliás, o apelido ‘Cario-ca’ veio dos amigos da bola. O jovem que passara algum tempo em Vitória retornou para GV puxando o “s”, e não deu outra, aconteceu o batismo.

Em 1950, a vida de jogador chegava ao fim, mas o esporte ainda continua a fazer parte do dia a dia do ex-atle-ta, que passou a integrar a equipe de jornalistas da Tribuna Fiel, atuando também nas rádios Educadora e Por Um Mundo Melhor. Em 1959, entrou para o jornal Diário do Rio Doce. Foi no DRD que além de marcar sua par-ticipação como comentarista esporti-vo, também viveu um de seus papéis

mais intrigantes. E aqui preciso abrir um parênteses, pois nesse momento da entrevista Carioca relutou, sorriu muitas vezes, até responder à pergun-ta que fazia desde o início da entre-vista. Sebastião Pereira Nunes foi por muitos anos a conselheira sentimen-tal Nádia Maria. Personagem herdado do companheiro de trabalho Marcon-des Tedesco, que recebia na redação do DRD muitas cartas com questiona-mentos sobre o amor.

Carioca e Kássio relembram que a maioria das dúvidas era de jovens grávidas, e também sobre jovens que estavam se relacionando com homens casados. Muito religioso, ou melhor, religiosa, Nádia aconselhava os jovens correspondentes a procurarem uma orientação espiritual.

Durante a conversa sobre Nádia Maria, pergunto sobre a vida amorosa do Sebastião jovem e, com uma car-reira de sucesso falar de amor era pre-ciso. Aos 80 anos, Carioca não hesitou em dizer que era namorador e fazia sucesso com as meninas. Sorrindo, Kássio conta mais uma das peraltices do pai. “Quem queria um lugarzinho escuro para namorar era só chamar o Sebastião, ele também era craque na arte de quebrar lâmpadas para ajudar os casais a terem um lugarzinho mais reservado para paquerar”.

DespedidaForam 45 anos trabalhando no

DRD, dando os conselhos de Nádia Maria, falando sobre esporte, prin-cipalmente o futebol, que sempre foi a paixão de ‘Cari’, como também é carinhosamente chamado por Ma-ristela, até que chegou a hora de dizer adeus também às redações. Eu pergunto a Carioca do que mais sente saudade, se do futebol ou do jornalismo? Ele é direto ao dizer sem meio termo: do futebol.

Mas para quem pensa que o menino travesso, o jovem conquistador, não era um rapaz sério, está muito enganado. Carioca, como todo romântico à moda antiga, gosta de ouvir Roberto Carlos, foi casado uma vez, por 30 anos, com Maria Selma de Freitas Nunes. Kássio diz que o pai foi namorador enquanto solteiro, após o casamento se tornou um marido responsável e um pai de dedicação inigualável. O jovem diz que a responsabilidade do pai com o traba-lho e a família ensinou a ele e aos ir-mãos valores muito preciosos. Carioca já não tem mais os movimentos da per-na e o problema de saúde já levou parte das lembranças. Só que durante toda a conversa ficou claro como é impossível separar o ex-atleta da paixão. A sau-dade do futebol, as histórias de Nádia Maria, os amigos que fez durante toda a vida que, como ele mesmo exclama, “foi muito bem vivida e se pudesse vi-veria tudo outra vez!”.

Atlético Clube Pastoril

Época do Rádio

Como Nádia Maria

No Diário do Rio Doce

Com os filhos

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8CIRCULANDOMarço/Abril de 2012 COTIDIANO

O dia a dia dos vendedores ambulantesQuando menos se espera, eles aparecem com diversos produtos para tirar as donas de casa do sufoco

EDERSON FERREIRA5O PERÍODO DE JORNALISMO

Eles estão por toda parte, dos bair-ros mais periféricos aos mais nobres da cidade. Comercializam verdura, legume, fruta, churros, picolé, salga-do, desinfetante e muitos outros pro-dutos. De dentro de casa, é possível ouvir seus anúncios com frases feitas para chamar a atenção da clientela. São os vendedores ambulantes, que animam e colorem as ruas dos bairros e do centro da cidade.

Em um dos bairros mais populo-sos de Governador Valadares, o Santa Rita, atua Geraldo Anedino Rosa, de 56 anos. Ele vende verduras, frutas e legumes há cerca de 15 anos. Com alto astral e carisma percorre as ruas do bairro com sua bicicleta carregada de couve, alface, almeirão, salsa, al-face americano, rubra, agrião, couve-flor, banana, cebolinha, coento, espi-nafre, tomate, repolho, água de coco e demais verduras que variam de R$ 0,50 a R$ 3,00.

“Compro as verduras de Caratinga, mas não tenho e nem quero ter a mi-nha própria plantação, pois as verduras de lá já vem bonitas, limpas e com uma qualidade muito boa”, explica Anedino que hoje tem clientes fixos e durante todos os anos de trabalho como ven-dedor nunca ouviu uma reclamação da clientela. O trabalhador, que foi criado na roça, declara que sempre lutou, jun-to com a esposa e os filhos, para con-quistar tudo o que tem hoje e é agra-

decido pela vida que leva. Ele explica que sua vida sempre foi corrida, mas nunca deixou de atender os clientes com atenção e cordialidade.

Já Júlio César Gomes de Almeida, de 45 anos, há cinco percorre com seu carrinho de mão vários bairros da ci-dade para vender desinfetante. Antes, Júlio era pedreiro, mas depois de al-gum tempo sem conseguir trabalho, resolveu se tornar autônomo e come-çou a produzir desinfetante caseiro. Ele fez o teste e garante que deu certo. “Eu trabalhava como pedreiro, mas o dinheiro não dava para pagar todas as despesas de casa. Então pensei: o que dá pra eu fazer sem gastar muito di-nheiro? Um dos meus amigos me deu a ideia de fazer desinfetante caseiro. Não sabia como, mas ele me explicou tudo. Hoje, faço vários litros e reven-do. Cada um custa R$ 4,50; vendo uns 15 por semana, o que dá um total de R$ 67,50”.

O trabalhador avalia que consegue tirar uma boa renda com a venda dos desinfetantes, mas não o suficiente para as despesas da família. “Con-tinuo sendo pedreiro, mas não paro mais de vender os desinfetantes, pois gosto disto e meus clientes também”. César conclui que, mesmo com todas as dificuldades, o melhor a fazer é persistir. “A vida nunca é fácil, mas quando se quer alguma coisa temos que lutar para conseguir; e a melhor maneira é trabalhando. Quando fe-cha um lado temos que procurar ou-tro”, finaliza. Há cerca de 15 anos, Geraldo Anedino Rosa vende seus produtos pelas ruas do bairro Santa Rita

Eder

son

Ferr

eira

Ele marcou profundamente o jornalismo, a política e os rumos da história de Governador Valadares. Nascido em 16 de março de 1923, em Abaeté, o jornalista Carlos Olavo da Cunha Pereira chegou à cidade em meados da década de 1950. Aqui, fundou o jornal satírico O Saci que tinha como slogan “Fala de todos, não briga com ninguém”. Nesse pe-ríodo, em Valadares e região, a luta pela terra, o assassinato de possei-ros, a exploração dos trabalhadores urbanos, as ações policiais arbitrá-rias e a corrupção de políticos foram ocupando as páginas do jornal. En-tão, O Saci foi reformulado e nas-

Carlos Olavo da Cunha Pereiraceu o semanário O Combate, com o slogan “Não conhecemos assuntos proibidos”. A atuação do periódico foi interrompida no dia 31 de março de 1964, quando teve sua sede pra-ticamente destruída por um grupo paramilitar a serviço de setores lati-fundiários locais. Após o golpe mili-tar de 1964, Carlos Olavo foi exilado na Bolívia e no Uruguai, retornando ao Brasil em 1979.

Atualmente, vive em Belo Hori-zonte na companhia da esposa e de sua filha mais velha. Os muitos epi-sódios da disputa pela terra no Vale do Rio Doce foram imortalizados no romance Nas Terras do Rio Sem Dono, publicado pelo jornalista em 1988. E é por essa densa história de vida que, em 2001, o Laboratório de Jornalismo Impresso foi bati-zado pelos alunos da primeira tur-ma do curso de Jornalismo com o seu nome. Por isso, nesta edição do jornal-laboratório Circulando, não poderíamos deixar de parabenizar Carlos Olavo pelos seus 89 anos. Carlos Olavo no sossego da varanda de sua casa, junto à máquina de escrever comprada na Bolívia

Flávia Xavier