JORNAL DE OUTUBRO - GW3 - Marketing & Negócios · implantadas na economia açucareira, ... onde...

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O Palácio ANO 2011 Nº 09 - OUTUBRO - TIRAGEM 1500 EXEMPLARES - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Capa da edição de 1904 do ALMANAQUE ALAGOANO DAS SENHORAS editado pelo Professor L. Lavenère. acervo da Biblioteca do Palácio do Comércio EDITORIAL Reservamos esta edição para homenagear o Barão de Wandesmet, como sócio e um dos maiores empreendedores do seu tempo, fundador da primeira usina de açúcar de Alagoas, a Usina Brasileiro. Um texto com mais informações encontra-se na página 3. Ao ensejo também destas poucas linhas queremos agradecer aos nossos anunciantes e convocar outros para esta adesão voluntária em prol da divulgação da cultura e do conhecimento, permitindo a ampliação do número de páginas de nosso encarte. Benedito Ramos Amorim Coordenador de Ação Cultural e Social O CARTÃO POSTAL COMO MEMÓRIA SÓCIO-HISTÓRICA Texto de Fernando Lobo, abordando a importância da cartofilia. A PRESENÇA DO BARÃO DE WANDESMET NA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓ Benedito Ramos comenta o tema. ALBUM Maceió como você nunca viu. JARAGUÁ, ESPAÇOS URBANO E GENTE - 1ª parte Extrato do pedido de tombamento da Sá e Albuquerque por Benedito Ramos. MEMÓRIAS DE UMA RUA - SÁ E ALBUQUERQUE Texto de Alcides Borges. CORREDOR CULTURAL SE FORTALECE Colaboração de Gerson Pontes.

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O PalácioANO 2011 Nº 09 - OUTUBRO - TIRAGEM 1500 EXEMPLARES - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Capa da edição de 1904 doALMANAQUE ALAGOANO DAS

SENHORASeditado pelo Professor L. Lavenère.

acervo da Biblioteca do Palácio do Comércio

EDITORIAL

Reservamos esta edição para homenagear o Barão de Wandesmet, como sócio e um dos maiores empreendedores do seu tempo, fundador da primeira usina de açúcar de Alagoas, a Usina Brasileiro. Um texto com mais informações encontra-se na página 3.

Ao ensejo também destas poucas linhas queremos agradecer aos nossos anunciantes e convocar outros para esta adesão voluntária em prol da divulgação da cultura e do conhecimento, permitindo a ampliação do número de páginas de nosso encarte.

Benedito Ramos AmorimCoordenador de Ação Cultural e Social

O CARTÃO POSTAL COMO MEMÓRIA SÓCIO-HISTÓRICATexto de Fernando Lobo, abordando a importância da cartofilia.

A PRESENÇA DO BARÃO DE WANDESMET NA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓBenedito Ramos comenta o tema.

ALBUMMaceió como você nunca viu.

JARAGUÁ, ESPAÇOS URBANO E GENTE - 1ª parteExtrato do pedido de tombamento da Sá e Albuquerque por Benedito Ramos.

MEMÓRIAS DE UMA RUA - SÁ E ALBUQUERQUETexto de Alcides Borges.

CORREDOR CULTURAL SE FORTALECEColaboração de Gerson Pontes.

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Em se vivendo hoje numa sociedade denominada de tecnológica, é importante dar-se o destaque a criação do austríaco Emmanuel Hermann, com a publicação em jornal local ocorrida em 29 de janeiro de 1869 em Viena, do CARTÃO-POSTAL,como meio de comunicação barato e simples. No entanto, a CARTOFILIA surge a partir de um outro momento, em 01 de outubro de 1869, com a circulação do primeiro cartão-postal enviado através dos correios.

Desde a data referenciada, que o cartão-postal tem sido utilizado como meio de comunicação entre pessoas e em quase todos os países, empregando diversas técnicas, com a expansão da fotografia e da indústria fotográfica. Com a modernização e industrialização, o processo de produção do cartão-postal adota as modernas tecnologias e passa a ser produzido em grande escala comercial.

A importância do seu uso vem sendo estudada há muito tempo e hoje não se perde de vista que inúmeros trabalhos acadêmicos e científicos nas áreas da Antropologia, Sociologia, História, Urbanismo, Arquitetura e Geografia dentre outros segmentos do conhecimento humano, fazem destaque como documento histórico.

Vários foram os autores no Brasil que fizeram referências a importância iconográfica do cartão-postal, dentre eles podemos destacar : Gilberto Freyre – Alhos e Bugalhos; Carlos Drummond de Andrade – Crônicas de 1930-1934 e Hildegardes Vianna – A Bahia já foi assim. Essas obras fazem distintas abordagens e referências literárias, com destaque para o postal como registro memorial.

Para os estudos relacionados com as questões das mudanças sócio-histórico-urbanas, bem como as decorrentes dos processos de modificações das estruturas agrárias e rural do Brasil contemporâneo dos séculos XIX e XX, como as que ocorrem no Brasil do século XXI, em plena evidência das transformações industriais e econômicas, o cartão-postal tem servido como subsídio documental e iconográfico para o registro dessas mudanças. Aí não bastam apenas as constatações. É necessário que se proceda a uma análise discursiva nos acervos e/ou coleções dos postais, como excelente registro para as reflexões. A abordagem toca em diversos aspectos e temas, como aqui destaco:

comunicação / vanguarda / belle epoque / art nouveu / propaganda / memória / arquitetura, apenas para algumas indicações.Em vários países e aqui mesmo no Brasil, alguns órgãos públicos de planejamento demográfico, urbanístico e estatístico se utilizam do cartão-postal para estabelecer novas estratégias e políticas públicas para tombamento, revitalização, ordenamento e reordenamento dos sítios urbanos, quando se trata especificamente do solo urbano, dos edifícios e monumentos históricos e de outros logradouros públicos. É fundamental que se dê importância documental ao cartão-postal, como elemento da memória sócio-histórica de uma área ou localidade, com a mesma significação de outros documentos, convencionalmente considerados como fonte de registro. É essa redefinição que defendo e que ela sirva aos novos estudos.

1 Fernando Lobo - pesquisador, professor universitário, coordenador do SAM - Sistema Alagoano de Museus e Diretor do MISA - Museu da Imagem e do Som de Alagoas.

O CARTÃO-POSTAL COMOMEMÓRIA SÓCIO-HISTÓRICA

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Geradores

15.0 HP

A presença de Felix Eugène Wandesmet, Baron du Saint Siège ou como era conhecido, Barão de Wandesmet na Associação Comercial de Maceió, precisamente, no dia da Inauguração do Palácio do Comércio em 16 de julho de 1928 é hoje um marco na iconografia do Museu do Comércio de Alagoas. O Barão teria se associado nos idos de 1920, quando aparece, pela primeira vez no livro de atas da entidade, anotado: «Felix Wandesmet».

É de se imaginar a sua visão de futuro com as inovações implantadas na economia açucareira, através de sua Usina Brasileiro, marcando como um divisor de águas a produção artesanal dos antigos engenhos para o período industrial. Com um título concedido pela Santa Sé o Cônsul da França no Brasil não só introduziu uma variedade de cana-de-açúcar, a irrigação com motor a lenha e telefone da usina até o município de Atalaia.

Logo na primeira moagem, esta rendeu 4 mil sacas de açúcar e veio atingir mais tarde 300 mil. Não é demais dizer o quanto o entorno da usina se tornou povoado e próspero com a «usina do francês» ou «do Barão» como era conhecido.

Manoel Diegues Junior em sua memorável obra «O Banguê das Alagoas» se refere a Wandesmet com grande admiração:

Outra grande figura ligada a vida agrária alagoana: o Barão de Wandesmet. Francês de nascimento, trazendo no físico e no trato as marcas acentuadas de suas origens fidalgas e aristocráticas, integrou-se na aristocracia e na fidalguia dos canaviais alagoano. É certo que numa época em que esta aristocracia e esta fidalguia estavam já em declínio; modificava-se a paisagem social com a transformação econômica. O banguê evoluindo para usina.²

Sobre a representatividade desta mudança na produção açucareira, Moacir Medeiros de Sant’Ana escreve no seu - Contribuição a História do Açúcar em Alagoas:

Iniciara-se no século passado, na década de setenta, antes da abolição da escravatura, portanto, o declínio do banguê, em grande parte devido ao baixo rendimento industrial , consequente dos processos rotineiros adotados no cultivo da cana e no fabrico do açúcar, nos quais ainda eram empregados quase que somente a enxada para plantar, a foice e o machado para limpar, moendas movidas por animais e caldeiras a fogo nu. ³

Conclui-se que face aos avanços, da relação política, representados pela Associação Comercial de Maceió junto ao governo, em benefício das classes empreendedoras, a presença de Felix Wandesmet trazia ainda mais sintonia com o pensamento desenvolvimentista liderado pela entidade.

1 Coordenador de Ação Cultural e Social2 Diegues Junior, Manoel - Banguê das Alagoas, Ed. IAA - 1949p. 238.3. Sant’Ana, Moacir Medeiros - Contribuição à História do Açúcar em Alagoas, - publicado pelo IAA - 1970, p. 304

A PRESENÇA DO BARÃO DE WANDESMET NA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓ

Benedito Ramos ¹

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MACEIÓ COMO VOCÊ NUNCA VIU

Para entender esta sequência é preciso pensar no ponto onde você está: no final da

Rua Barão de Penedo, a a l t u r a d o a n t i g o H o t e l California.(1) Deste ponto você a i n d a a v i s t a a E s t a ç ã o Ferroviária. A foto seguinte o sobrado de três andares (2) aparece mais próximo. Observe a janela lateral que irá se repetir na sequência até a foto (3). Veja a propaganda do Emulsão de Scott na parede, foto (2 e 3)

A continuação (4) é a mesma cena vista pela Barão de Anadia(5 e 6) que dá continuação a Rua do Comércio. A foto (10) serve para demonstrar claramente a bifurcação da Praça dos Palmares, na época vendo-se o Hotel Bella Vista, ao centro e do outro lado o sobrado do Hotel Central, onde hoje fica o Edifício Delmiro Gouveia. Esta era, a popularmente conhecida «Boca de Maceió».

A sequência final permite visualizar a estação de três ângulos distintos. O primeiro (7) visto do centro da Praça dos Palmares, talvez do antigo Mercado das Flores. O segundo a fachada da estação.(8) E, por último(9) a estação vista, talvez da entrada da Rua da Pra ia ou L iber tadora Alagoana.

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ANTECEDENTES HISTÓRICOSSéculos XVI e XVIIA ancestralidade do espaço urbano, denominado Jaraguá, remonta da sua própria formação onomástica. A palavra é derivada da língua indígena tupi. Sua grafia, na bibliografia pesquisada varia entre Iaragoa, Jaragoa, Yaraguá e Yaragoa. Seu significado está entre Enseada das Canoas ou Enseada do Senhor. Há quem prefira a relação “Yg” com a “água” e aceite a primeira opção, atribuindo o prefixo Yagára a presença de “canoas” no local. Preferimos pensar na segunda opção imaginando a visão do aborígene perseguido pelo invasor, observando a distância as terras pertencentes a um determinado “senhor” ou Iara, um dono de terras. E nesta possibilidade vamos ver que este “senhor” poderia ser Manuel Antônio Duro, o donatário da sesmaria registrada em 1611, na Vila de Olinda na Capitania de Pernambuco, que se obrigava a construir na costa da Pajuçara(local vizinho a Jaraguá) uma casa de dois pavimentos, coberta de telha. O texto completo da escritura está reproduzido por Craveiro Costa em seu Livro Maceió, fazendo a mesma analogia em relação à formação da palavra. (1)

É um fato digno de registro, também que Gabriel Soares de Souza em 1587 já mencione o lugar com esse nome, anotando em seu livro: Tratado Descritivo do Brasil a seguinte passagem:

Do Porto Velho dos Francezes ao rio de S.Miguel são quatro léguas, que está em dez gráos, em o qual entram navios da costa, e entre um e outro entra no mar o rio da Alagoa , onde também entram caravelões,o qual se diz da Alagoa; por nascer de uma que está afastada da costa, ao qual rio chamam os indios o porto Jaragoá. (2)

A obra de Gabriel Soares, desbravador português que fixou residência na Bahia, representa um dos mais antigos documentos sobre a formação do Brasil Colonial. No entanto, vamos ver registro semelhante, nos tempos da Invasão Holandesa, pela mão de Gaspar Von Baerle ou como é conhecido Gaspar Barlaues, que em 1637 quando diz:

O Conde Maurício para aliviar os soldados fatigados da marcha embarcando-os na Barra grande (é uma enseada espaçosa comportando mais de vinte naus, vizinho de Porto Calvo), saltou em terra junto à ponta de Jaraguá, não longe das Alagoas e perseguiu o inimigo até o rio de São Francisco. (3)

Francisco de Brito Freire, no seu “História da Guerra Brasílica”, publicado em 1676, descreve o mesmo local já conhecido com a seguinte sentença:

Surgirão(surgiram) nossas armadas sobre a mesma barra das Lagoas; & na ponta de Jaraguá deitarão em terra o Mestre de Campo general Dom Luis de Roxas(...) (4)

Devemos lembrar também que no século XVII alguns livros publicados sobre o Brasil davam conta de Lagoa, todas as vezes que se referiam a parte ocidental da Capitania de Pernambuco. A existência das duas lagoas, Mundaú e Manguaba é suficiente para que o território seja chamado de “Lagoas do Sul”, que na linguagem da época se torna “Alagoas do Sul”. Historiadores dão conta da fundação da Vila de Santa Maria Magdalena das Alagoas do Sul em 1636. O Porto dos Franceses teria surgido como principal rota de escoamento do Pau Brasil, mais abundante na região e bem mais distante do Porto de Jaraguá. É bom lembrar que em 1676, Dom Pedro II, de Portugal ordenava ao Visconde de Barbacena que impedisse a qualquer custo o contrabando do Pau Brasil(...) e “(...) fortificasse o Porto de Jaraguá.”Felix Lima Junior, em 1966 publicou “Fortificações Históricas de Maceió”, onde aventa a existência de um forte. (5) Este forte de existência controvertida ficava na “ponta do Jaraguá” e suas baterias teriam sido construídas por Melo Póvoas. Segundo o mesmo autor, o livro “Centenário da emancipação de Alagoas” faz alusão as suas ruínas.

JARAGUÁ PORTO, ESPAÇO URBANO E GENTE

Extrato do pedido de tombamento feito ao IPHAN pela Associação Comercial de Maceió. em 16 de maio deste ano.

Benedito Ramos ¹parte 1

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fotografias curiosas

Século XVIII A relação do espaço urbano denominado Jaraguá com o desenvolvimento da Colônia de Portugal, a partir do século XVIII se dá pela produção e comércio do açúcar. Roberto Simonsen na sua “História Econômica do Brasil – 1500 a 1820” (6) nos apresenta um apêndice estatístico da exportação de açúcar do Brasil e Portugal a partir de 1560:

Mas o início dessa cultura, segundo Simonsen teria iniciado em 1533 por Martim Affonso de Souza. A carta de doação da Capitania de Pernambuco a Duarte Coelho Pereira é datada de 1534. É a partir daí que vamos observar o nascer e crescer das Alagoas do Sul.

Como o trato e negócio principal do Brasil é de assucar, em nem uma outra coisa se ocupam os engenhos e habilidades dos homens tanto como em inventar artifícios com que o façam, e por ventura por isso lhe chamam engenhos.(7)

O texto é de Frei Vicente do Salvador, escrito na Bahia em 1627 faz, mais adiante, um relato do modo de produzir açúcar, referindo-se a Pernambuco já com 100 engenhos. Leve-se em conta que esse número contempla também Alagoas. Uma das primeiras anotações sobre a produção do território alagoano aparece na obra de Humberto Bastos – Assucar & Algodão (8). Em 1718 Alagoas já contava com 23 engenhos, este número pula em 1730 para 47 e mais tarde, a partir de 1749 sobe para 61, de um total de 276 de toda a Capitania de Pernambuco. Vislumbrar este cenário é imaginar a formação de três núcleos povoadores das Alagoas do Sul, todos eles produtores de açúcar. É Manuel Diegues Junior (9) que aventa cada um destes pontos. O primeiro ao norte – Porto Calvo, o segundo no centro leste e o terceiro em torno das lagoas. Por volta do século XVII aparece um quarto núcleo formado após a tomada do Quilombo dos Palmares.

O modo de produzir açúcar implantado no Brasil quinhentista pelo colonizador português é, muitas vezes, relatado por alguns autores, sobretudo João Antonil – Cultura e Opulência do Brasil (10) e o próprio Frei Vicente

PERÍODO NUMERO DE ENGENHOS NO BRASIL

NUMERO DEENGENHOS EM PERNAMBUCO

ARROBAS FONTE(*)

1560 - 1570 60 160.000

1580 118 350.000

1600 120 2.450.000

1600 200 2.800.000

1600 2.000.000

1600 1.200.000

1610 735.000

1610 400 4.000.000

1610 230

1617 1.000.000

1628 235 100(*) 900.000 Vicente Salvador p.420

1630 166 70 (*) 1.300.000 Barlaeus p.42

1640 1.800,00

1645 200 1.000.000

1645 300 1.200.000

1670 4.000.000

1670 2.000.000

1700 1.750.000

do Salvador com muita semelhança, mas percebe-se claramente as diversas formas de moagens da cana, seja por tração animal ou por impulso hidráulico. Fernão Cardim em seu livro Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica(11) faz a seguinte narrativa:

Tornando aos engenhos cada um delles é uma machina e fabrica incrível, uns são de água rasteiros, outros de água copeiros, os quais movem mais e com mais gasto, outros não são d'agua, mas movem com bois, e chamam-se trapiches; estes tem muito maior fabrica e gasto, ainda que moem menos, moem todo o tempo do anno, o que não tem os d'agua, porque as vezes lhe falta. (...) Os trapiches requerem sessenta bois, os quaes moem em doze revesados; começa-se de ordinario a tarefa a meia noite e acaba-se ao dia seguinte as três ou quatro horas depois do meio dia.

BIBLIOGRAFIA(1) Costa, Craveiro – Maceió, Livraria José Olímpio

Editora, 1939, p.2,3, 108 e 109.(2) Souza, Gabriel Soares de – Tratado Descriptivo

do Brasil, Typographia Universal Laemmert, Rio de Janeiro, 1831, P.37.

(3) Barlaeus, Gaspar – História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil, Fundação de Cultura da Cidade do Recife – 1980. P.43

(4) Freyre, Francisco de Brito – História da Guerra Brasílica, Secretaria de Educação e Cultura, Recife, Pernambuco, p. 376.

(5) Lima Junior, Felix – Fortificações Históricas de Maceió, Departamento Estadual de Cultura, Estado de Alagoas, 1966.

(6) Simonsen, Roberto – História Econômica do Brasil – 1500 a 1820, Ed.Companhia Editora Nacional, 1937, p. 147 e 171.

(7) Salvador, Frei Vicente – História do Brasil, Weiszflog Irmãos – Editores Proprietários, São Paulo, 1918, p. 420.

(8) Bastos, Humberto – Assucar & Algodão, Casa Ramalho Editora, Maceió, 1938, p.21 e 22.

(9) Diegues Junior, Manoel – O Banguê das Alagoas, Edição do Instituto do Açúcar e do Álcool, Rio de Janeiro, 1949, p. 17

(10) Antonil, João André – Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas, oficina Real Deslandesiana, Lisboa 1711.

(11) Cardim, Fernão – Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica, publicado em Lisboa 1817.

Obs: A bibliografia continua na parte 2¹ Benedito Ramos - Coordenador de Ação Cultural

da Associação Comercial de Maceió.

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Quem se destina à Pajuçara e decide pela Sá e Albuquerque, a principal do histórico bairro de Jaraguá não precisará de muito tempo para fazer o percurso que vai da esquina da Capitania dos Portos a antiga sede da Administração do Porto. O tempo é curto, mas o trajeto precisará ser feito à pé para quem vai do centro naquela direção: os carros só passam por ali voltando. Aos turistas e os que nunca trafegaram por aquela artéria, o choque do primeiro encontro com a rua é grande. A arquitetura do lugar projeta no transeunte um estranhamento, prazer e curiosidade por atravessar uma rua onde o passado sobreviveu ao tempo. Ali, o registro da cidade desde os seus primeiros momentos como vila permanecem de pé quase intacto na arquitetura dos prédios; quase inalterado em suas fachadas e em alguns lugares outros foram demolidos para dar lugar ao contemporâneo sem que a memória fosse respeitada.

Quem conhece a História deste bairro e principalmente de sua rua principal não passa por ela como um turista que vê apenas aquilo que a rua tem para lhe mostrar. Antigos armazéns, casas de comércio, a Associação Comercial e sua imponência. São figuras que remontam ao passado e a cada passo que dá por toda a via de acesso até aquela rua voltam no tempo como se abrissem um álbum de fotografias. Confrontados com o que sobrou da arquitetura do antigo bairro passam a ver um enumerado de pessoas que se o tempo permitisse a sua materialização, assombrariam seus ocupantes atuais. A antiga rua da Alfândega está tomada por todo o tipo de barulho e esses andantes se mistura a sua gente. Moleques gazeteiros, biscateiros de trajes simples e pés descalços, trapicheiros, marinheiros de diferentes nacionalidades passam por essa rua em direção à Maceió, ao centro na procura de conhecer a cidade e em busca de diversão.

Houve um tempo em que antes de ser pavimentada por paralelepípedos e em seu leito ser deitados os trilhos dos primeiros bondes puxados a burros, presenciou a passagem de governantes que aqui chegavam de longe para administrar o Estado por um curto período de tempo. Quanta gente para guardar na memória de uma rua e como essa artéria presenciou a chegada e partida de pessoas da aristocracia alagoana, políticos do império, capitalistas e exportadores do produto da região, como o açúcar, o algodão entre outros para abastecer o mercado europeu e de outros países. Por ela passou sua Alteza Real D. Pedro II e D. Teresa Cristina. Se Maceió, ou o centro e seus poucos bairros era o destino final de toda essa gente, Jaraguá era o começo dessa história. Ali nunca uma partida era um fim, mas o princípio de uma nova página nas crônicas de quem aqui chegou e foi embora.

A rua Sá e Albuquerque teve vida bem vivida e não perdeu seu status de rua importante para nenhuma outra do centro. Tudo o que uma rua tem de característico, original, abundante e problemática não lhe foi negado. Terá ela sido agraciada em algum momento de seus mais de cem anos com a beleza e a sombra de algumas árvores? Talvez não... Mas, em outras coisas se superou. Andar por suas calçadas e em seu leito foi em tempos passados conviver com o rangir das carroças transportando mercadorias dos Trapiches; o barulho dos bondes que trazia e levava passageiros desembarcados no antigo ancoradouro. Os passos cadenciados dos militares do quartel do .

vinte, da escola de Aprendizes de marinheiros que constantemente desfilaram por ela ao som dos instrumentos de Rua de cheiros, dos mais diversos; cheiro de açúcar, de fumo, de bacalhau importado e de tantos outros que se esvaíram com o tempo.O tempo passou e ela aos poucos foi presenciando as transformações em seu entorno para satisfazer o “progresso”. Alinhamento de ruas, proibições, ausências das pessoas que por ela passaram por mais de uma década. Quanta coisa mudou. A imponência de suas construções ficou jogada ao abandono e os viventes antigos passaram, envelheceram e deixaram de existir porque para esses a vida tem limites e prazo de término. Há se os novos soubessem quanta história tem essa rua... levariam mais tempo para atravessá-la buscando com os olhos os detalhes de cada parede, de cada sacada visualizando coisas que só se consegue enxergar quem tem o conhecimento de sua História.

¹ Alcides Borges - jornalista e pesquisador.

MEMÓRIAS DE UMA RUA - Sá e Albuquerque

Alcides Borges dos Santos¹

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fotografias curiosas

Segundo Edward B. Tylor, a cultura é “todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. O Corredor Cultural de Maceió, do qual comentamos na edição anterior, é um “complexo” formado pelos 33 'Pontos de Cultura', cujo conjunto contempla esta teoria. Na prática, vemos estes 'Pontos' evoluindo e ensinando, não só aos pequenos alunos do Ensino Fundamental, que ávidos por informações, visitam os museus mais conhecidos, mas também as pessoas de todas as formações e idades que ao se depararem com salas repletas de objetos das mais variadas utilidades, sempre encontram um inédito aos seus conhecimentos...

A Associação Comercial de Maceió, por intermédio da Coordenadoria de Ação Social, está reformulando o Museu de Tecnologia do Século 20. Nestes últimos anos, muitos objetos foram doados para o Museu, cujo acervo cresceu em número e qualidade, nascendo, assim, a 'Reserva do Museu' cujo acervo é trocado periodicamente com o 'Acervo Fixo', bem como com o 'Acervo em recuperação'.

A reformulação será radical. Onde antes havia dois espaços, agora, serão quatro. No projeto, a primeira sala é destinada a mostrar as tecnologias (mecânicas) existentes no ano de 1900, que beneficiaram e visaram à produção, na 'Revolução Industrial'... Portando, o espaço é denominado 'Sala 1900'; A 'Sala 1940' traz a evolução tecnológica dos primeiros 40 anos do Século 20; A 'Sala Intermediária' está sendo planejada a fim de preparar o visitante para a grande evolução tecnológica que aconteceu após a 2ª Grande Guerra Mundial; A 'Sala 2000' mostra a evolução tecnológica que passou a contemplar o 'indivíduo' e não só as 'corporações', como a invenção do computador pessoal, do celular, etc, fase esta chamada também de 'Era da Comunicação ou Digital'.

Há pessoas que dedicam parte de seu tempo a “hobbys” como o de colecionar “coisas”, as mais diversas e estranhas possíveis. Deste passatempo, nascem coleções, acervos que normalmente são guardados a “sete chaves”. Benedito Ramos, o Diretor dos Museus da Associação Comercial, viu uma oportunidade de reunir alguns acervos de “objetos antigos” particulares, para transformá-los em museu público, cultural, curioso, nostálgico, histórico... com a finalidade de mostrar às gerações futuras. Esta ação que, no início, parecia como a de um “hobby” - cujo

tomou volume e, hoje, está sendo tratada dentro dos padrões da museologia, cujas técnicas de exposição são incorporadas com os avanços da comunicação e da ciência da informação, já prevendo, para uma segunda etapa, o uso de multimídia, a fim de dar-lhe uma dimensão que, somente com os espaços disponíveis no Palácio do Comércio, não seria possível.

Benedito Ramos, dentro da sua honestidade de propósitos e senso econômico, tem conseguido, com sua credibilidade, verdadeiros milagres, tanto na captação de peças valiosas como nos gastos contidos para aparelhar o Museu. Nesta sua caminhada, conseguiu parceiros que depositaram nele a

principal motor que faz um colecionador prosseguir é a intensidade da paixão dedicada a ele -

confiança de que não poderiam estar em melhores mãos as doações feitas ao Museu. Entre estes parceiros, estão: o Dr. Luiz de Novais, hoje com 96 anos, que doou sua biblioteca de livros raros sobre as tecnologias de sua época; O Moinho Motrisa; a Casas Jardim e o Sindaçúcar – empresas que estão patrocinando a modernização do Museu.

¹ Gerson Pontes - Editor da Revista Em Foco.

Corredor Cultural se fortalece com a reforma do Museu da Tecnologia do Século 20

Gerson Pontes ¹

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