Jornal do Festival Silêncio

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JUNHO 2009 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA debates audiolivros poetry slam spoken word literatura poesia concertos vídeo rádio arte goethe-institut portugal instituto franco-português musicbox junho 18 | 19 | 20 | 23 | 25 | 26 | 27

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Trata-se de um evento internacional dedicado às novas tendências artísticas e novas expressões urbanas que cruzam a música com a palavra: dos concertos à poetry slam, dos debates às conferências, dos audiolivros às leituras encenadas e aos espectáculos transversais e de spoken word.

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JUNHO 2009 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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goethe-institut portugal instituto franco-português musicboxj u n h o 1 8 | 1 9 | 2 0 | 2 3 | 2 5 | 2 6 | 2 7

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02|FESTIVAL SILÊNCIO!

Uma iniciativa 101 Noites, Goethe-Institut Portugal, Instituto Franco-Português, MusicBox

Concepção, organização e produção: Alexandre Cortez, Claire Dupuy, Sandra Silva, Sven Mensing. Direcção Editorial: Mafalda Lopes da Costa. Assistente Imprensa: Débora Marques

Imagem e Design Gráfico: www.mackintoxico.blogspot.com

Goethe-Institut PortugalDirector: Joachim Bernauer /Organizador do Festi-val Silêncio! pelo GIP: Sven Mensing /Assistentes: Teresa Laranjeiro, Guilherme Dutschke, Astrid Grabow / Assistência técnica: António Ribeiro, João Basílio. www.goethe.de/portugal

Instituto Franco-PortuguêsDirectora: Laure Bourdarot /Organizadora do Fes-tival Silêncio! pelo IFP: Claire Dupuy /Assistentes: Equipa da mediateca IFP: Acidália Brito, Fernando Martins, José Neves. Embaixada de França: Anne-Claire Lainé / Som, desenho de luz: Dominique Le Guê / Assessoria de Imprensa: Margarida A. Silva / Website: Anaïs Desbois.www.ifp-lisboa.com

101 NoitesDirectora: Sandra Silva Produção e Coordenação: Fernanda BorbaAssistente: Patrícia Raimundo Website: Ricardo Rodas.www.101noites.com

MusicBoxOffice Team: Gonçalo Riscado, Alexandre Cortez, João Torres, João Riscado, Bárbara Viseu, Pedro Azevedo. Venue Team: Fernanda Gonçalves, André Pereira, Bruno Marinheiro, Dino Chainho, Leon-ardo Oliveira, Teresa Sousa, Luísa Damásio Leonel Paris, Emília Alves, Teresa Moreira, Julie Perrinot, João Pedroso.www.musicboxlisboa.com

Jornal Silêncio!Direcção Editorial:Sandra Silva e Mafalda Lopes da CostaCoordenação Editorial: Fernanda BorbaAssistente Editorial: Patrícia Raimundo Produção Editorial: 101 NoitesDesign: MackintóxicoCréditos Fotográficos:Carlos Ferreira, João Bessone, João Pinedrifts, Luísa Ferreira, Pedro Cláudio, Pedro GuimarãesImpressão: GRAFEDISPORT – Impressão e Artes Gráficas,S.A Tiragem: 10.000 exemplares. Distribuição gratuita.

Numa altura de crescente invasão de imagens, o Goethe-Institut Portugal volta a conceder especial atenção à Arte de Ouvir, fa-zendo referência à cada vez maior importância de audiolivros e de peças radiofónicas na Alemanha. No âmbito das peças radiofónicas, a Alemanha pode fazer referência a uma longa tradição de sucesso. Em muitas rádios alemãs, as peças radiofónicas têm um lugar fixo na programação. Paralelamente formou-se o mercado alemão de audiolivros, que é um dos maiores e com maior sucesso no mundo inteiro. Nos últimos dois anos, o Goethe-Institut em Portugal colaborou com vários agentes portugueses na formação de uma comunidade de audiolivros em Portugal.Desde meados dos anos 90 desenvolveu-se na Alemanha, no âmbito da Poetry Slam e da Spoken Word, um movimento muito dinâmico formado por poetas, que organizam regularmente duelos literários ou leituras de obras em muitas das grandes cidades alemãs. A Alemanha é um país da Arte de Ouvir e por isso congratulamo-nos pelo facto de poder recebê-lo a si no 1° Festival Silêncio!, uma iniciativa que conjuga variadíssimas formas de apresentação literária em torno do Ouvir.O Goethe-Institut Portugal não participa somente na organização deste Festival, mas é também palco dos mais diversos eventos. Participe nas conversas no nosso Auditório ou descontraia nas espreguiçadeiras do nosso jardim dos sons e faça do Goethe-Institut o seu Instituto da Arte de Ouvir!

Joachim Bernauer, Director /Sven MensingGoethe-Institut Portugal

O Instituto Franco-Português quis associar-se à estreia do Festival Silêncio! por desejar ver renovadas as formas de representação da literatura, em particular a francófona, e para mostrar que a literatura em França está bem e recomenda-se. Este espírito de renovação, consiste em privilegiar as leituras, as performances e os cruzamentos inéditos entre o texto e as outras disciplinas artísti-cas, tais como a música, a imagem, o digital, utilizando para tal, cenas de representação inéditas, como por exemplo o MusicBox.Demonstra-se a riqueza e a diversidade da criação literária francesa, dando a palavra aos escritores actuais e aos agitadores de ideias, produtores de cruzamentos de formas artísticas e também fazedores de cenas literárias dirigidas a todos.Para a primeira edição do festival, o Instituto Franco-Português põe em epígrafe o projecto /Fantaisie littéraire/ criação da equipa do festival “Les Correspondances” de Manosque, que ilustra essas «correspondências artísticas» entre autores e intérpretes fran-ceses contemporâneos. Os artesãos deste manifesto artístico são os mesmos que conceberam o novo festival literário parisiense «Paris en toutes lettres» cujo bater de coração se fará ouvir em cheio nas Festas de Lisboa.Por fim, com uma fórmula propositadamente contraditória, o Festival Silencio! convida-o a «baixar o som » da poluição sonora e da cacofonia geral, no sentido de reencontrar o desejo de leitura e de escrita.Em Junho, oiça ler, declamar e cantar em três línguas …

Laure Bouradarot, Directora /Claire Dupuy, Responsável pela MediatecaInstituto Franco-Português

A 101 Noites associa-se ao Instituto Franco-Português, ao Goethe-Institut Portugal e ao Musicbox para a primeira edição do Festival Silêncio! Este evento, que promete transformar Lisboa na capital da palavra durante o próximo mês de Junho, junta-se ao desejo da 101 Noites de apostar na nova dimensão que a palavra tem adquirido nos últimos anos.Com o lançamento da nossa colecção de audiolivros “Livros Para Ouvir”, aliámos o prazer de ler ao prazer de ouvir, convidámos grandes actores a emprestar a sua voz a textos de reconhecidos escritores, provando que as boas histórias ficam no ouvido. A colecção “Música Para Ler” criou, por seu lado, um diálogo entre poesia e música contemporânea ao editar projectos transdisciplinares e premiados como os Wordsong. Desbravar novos caminhos, apoiar projectos inovadores, tirar partido das novas tecnologias para divulgar a literatura, aliando-a a outras artes tais como a música, a ilustração ou o vídeo, tem sido o nosso principal desafio. O Festival Silêncio! é assim a concretização de um projecto há muito ambicionado: a criação de um evento que reunisse escritores, músicos, editores, criadores e leitores portugueses e estrangeiros em torno da palavra dita, dos audiolivros e da música.

Sandra Silva101 Noites

A palavra é criação humana. Aqui, espaço de criadores, gostamos de tratar bem a palavra. É pois com entusiasmo que participa-mos do nascimento deste projecto, o Festival Silêncio! Uma iniciativa que junta um leque extraordinário de parceiros: a editora 101 noites, que assume a direcção deste festival, saudável representante da edição independente e pioneira na edição nacional de audiolivros, o Goethe-Institut Portugal e o Instituto Franco-Português, representantes de duas das mais marcantes e influentes culturas europeias e mundiais, sempre com uma intensa e muito relevante actividade no nosso país.Do Festival e do seu programa fala este jornal, e falarão os autores, intérpretes, editores, produtores, jornalistas e outros agentes da palavra que participam desta primeira edição. Dos inúmeros espectáculos, onde o texto tem o papel principal, destaque para a introdução em Portugal do conceito de Poetry Slam que apresentamos, tanto na vertente de espectáculo puro, como no original formato de concurso. Vão ajudar-nos a fazer de Lisboa a Capital da Palavra. E, também, porque as palavras são tantas vezes mal tratadas, Silêncio! Espaço à palavra dita e aos autores seus mestres.

Gonçalo Riscado / Alexandre CortezMusicBox

As entidades organizadoras agradecem à Câmara Municipal de Lisboa,

EGEAC – Festas da Cidade pela receptivi-dade ao Festival, à Pernod Ricard Portugal representante da marca Absolut, ao Fundo

Franco-Alemão para Países Terceiros, e a todos os que apoiaram e acreditaram

neste projecto.

[email protected]

“A relação entre a vida e a morte é a mesma que a que existe entre o silêncio e a música - o silêncio antecede e sucede a música”

Daniel Barenboim

Lisboa ainda não é uma capital da palavra, no sentido em que a palavra é o território da nossa existência plena. Em Lisboa cruzam-se com fúria manifestos e discursos que ensurdecem a palavra, que a afastam mais e mais do seu poder criador inicial. É por isso urgente voltar ao poder convocador e “demiúrgico” da palavra, permitir na cidade criar espaços onde, nela e por ela, a cidade se revele, se construa, se reinvente.Na programação das Festas 2009 quisemos inventar uma nova geografia de lugares oferecendo à Cidade não só novos pre-textos e formas de encontro, mas também – talvez o mais importante – novas formas de expressão e escuta, novos momentos de questionamento e diálogo. O Festival Silêncio!, situado no exacto ponto de intersecção entre música, palavra e cidade, é a materialização de tudo isso.A palavra é também a possibilidade de alargamento do nosso mundo a novos territórios. O Instituto Franco-Português, o Goethe-Institut Portugal, a 101 Noites e o Musicbox arriscam nessa “viagem de reconhecimento”. É neste espírito de incon-formidade e permanente descoberta que, em 2009, a EGEAC pretende irromper pela cidade. “O silêncio é de ouro”.

Miguel HonradoEGEAC

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JUNHO 2009|03

De 18 a 26 de Junho, Lisboa será palco de um evento em torno da palavra dita: o Festival Silêncio! Trata-se de um evento internacional dedicado às novas tendências artísticas e novas expressões urbanas que cruzam a música com a palavra: dos concertos à poetry slam, dos debates às conferências, dos audio-livros às leituras encenadas e aos espectáculos transversais e de spoken word.Promover encontros entre poesia, música e vídeo, reunindo alguns dos mais conceituados artistas portugueses, franceses e alemães. Debater o futuro de novos suportes como o audiolivro convocando escritores, jornalistas e edi-tores. Dar a conhecer as mais recentes tendências artísticas nesta área é o ob-jectivo do Festival Silêncio! A palavra tem adquirido nos últimos anos uma nova dimensão na arte urbana contemporânea, invadindo os palcos de inúmeros festivais internacionais, bem como de clubes e bares das grandes capitais. Cidades como Berlim, Londres, Nova Iorque e Paris oferecem uma programação diversificada de espectáculos onde a palavra se cruza com a música e com o vídeo.

Pela primeira vez, Lisboa vai integrar-se nessa dinâmica. Tendo como temáti-ca central a arte de escutar e a palavra dita, este festival reúne um conjunto de eventos de diversas áreas artísticas e pretende atrair a atenção para estes novos fenómenos que estão a agitar a indústria livreira e discográfica a nível mundial. Nesta primeira edição contamos com a participação de, entre outros, de Rodrigo Leão, José Luís Peixoto, Olivier Rolin, Adolfo Luxúria Canibal, Rogério Samora, JP Simões, Francisco José Viegas, Sam the Kid, Jorge Sil-va Melo, DJ Ride, Filipe Vargas, John Banzaï, Mark-Uwe Kling, Maria João Seixas, Alex Beaupain e Wordsong.Queremos que o Festival Silêncio! se posicione no futuro como um evento de referência em torno desta nova expressão trazendo aos palcos portugueses grandes nomes da cena artística actual.Queremos que a palavra passe e puxe a palavra!

Lisboa Capital da PalavraFestival Silêncio!

“o silêncio é a verdadeira música e todas as notas apenas emolduram esse silêncio.”

Miles Davis

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04|FESTIVAL SILÊNCIO!

Rodrigo Leão lembra-se de ouvir os dis-cos de João Villaret a declamar poemas em casa dos pais, ainda em criança. “Na altura eu era muito miúdo, mas deve ter ficado qualquer coisa”, re-corda. Apesar de ter sido aí que a se-mente foi plantada, o gosto pela poesia acabou por florescer mais tarde, pela mão de Hermínio Monteiro, editor da Assírio & Alvim, entretanto falecido. Com ele e com o acordeonista Gabriel Gomes, Rodrigo Leão fundou Os Po-etas, um projecto de música e poesia que ficou registado no álbum Entre Nós e as Palavras, de 1996. Nele, poemas de Al Berto, Mário Cesariny ou Herberto Helder – muitos deles lidos pelos próprios poetas – gan-haram uma nova vida, mais musical. “Ir buscar as gravações antigas foi quase como montar um puzzle. Tive-mos de procurar encaixar a música com a forma como o poema é dito”.Nas apresentações ao vivo, Os Poetas acabaram por convidar também alguns actores, como João Reis ou Margarida Marinho, para dar voz aos poemas. Em 2007, o 25º aniversário do Frágil foi um pretexto para voltar a reunir o projecto: “Passados quase 10 anos, decidi convidar o Rogério Samora e o

Fundador dos Sétima Legião, dos Madredeus e com uma sólida carreira a solo, Rodrigo Leão é também um homem ligado à poesia. No Festival Silêncio! o músico recupera o projecto em torno da obra de Mário Cesariny que partilha com Gabriel Gomes e Rogério Samora.

Rodrigo Leão

Gabriel Gomes e aí tivemos uma ex-periência ainda mais forte. Foi só à vol-ta dos poemas de Cesariny e o Rogério é uma pessoa que se entrega muito e que lê de uma forma inacreditável”.Esta reunião especial de aniversário abriu caminho aos ciclos de poesia que têm enchido o nº 126 da Rua da Atalaia. Já por lá passaram os poemas de Lui-za Neto Jorge, Ângelo de Lima, José Agostinho Baptista entre tantos outros poetas revisitados pela voz de actores e pelos sons de vários músicos convida-dos. Para Rodrigo Leão, que também é um dos sócios do Frágil, o saldo tem sido positivo. “É muito bom termos aqui actores e músicos a fazerem ex-periências diferentes, e as pessoas têm gostado precisamente por isso. Há um público específico para estas sessões de poesia, diferente daquele que vem assistir a um concerto de música pop”.Longe vão os tempos em que a poesia estava fechada num livro esquecido na estante mais alta. Hoje, os poemas saem à rua, sobem aos palcos dos clubes, misturam-se com música e essa promis-cuidade entre as duas artes, diz Rodrigo Leão “aproxima as pessoas, fazem-nas descobrir poemas e poetas novos, músi-cas novas. Em Portugal sempre houve

entre a músicae as palavras

uma relação muito forte entre a poesia e a música. Temos poesia de quali-dade por isso justifica-se fazer pro-jectos musicais em torno da palavra”.No Festival Silêncio!, o músico junta-se uma vez mais a Gabriel Gomes e Rogério Samora para pôr a poesia de Mário Cesariny em palco, com o es-pectáculo Os Malditos: Cesariny ou não fosse este “um poeta muito es-pecial” para Rodrigo Leão. “Fiquei muito entusiasmado com o convite. No fundo, tem muito a ver com o que temos vindo a fazer no Frágil. Mas também estamos a preparar al-gumas coisas novas. Uma das novi-dades é que vamos ter a participação

da Viviena Tupikova no violino”.Com tanta poesia, a vontade de “ressuscitar” Os Poetas é mais que muita: “Com este projecto será in-evitável, mais tarde ou mais cedo, registarmos em CD aquilo que te-mos vindo a fazer ao longo destes anos”. Virão aí mais novidades?

texto: patrícia raimundo

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JOSÉ LUÍS PEIXOTO

Que papel tem a música na sua escrita?

A música que conheço e de que gosto está presente naquilo que escrevo porque influência directamente as minhas decisões na hora de escrever. As minhas noções de musicalidade estão sempre presentes na hora de construir uma estru-tura e de me decidir por uma determinada palavra e não pelo seu sinónimo.

Tendo acompanhado a produção do álbum dos Moonspell, quais as diferenças entre o processo criativo musical e o processo de criação literária?

Para lá dos aspectos práticos e óbvios, naquilo que é essencial, as diferenças não são tantas quanto se imagina. A música tem um significado tanto quanto as palavras têm uma musicalidade. Em ambas as situações se tem de transfor-mar aquilo que são as diversas matérias da vida, numa outra matéria: som ou palavras. Num e noutro caso, existe um processo de transmutação que não será muito diverso daquele que os alquimistas imaginaram e desenvolveram.

Vai integrar o júri do primeiro torneio de Poetry Slam realizado em Portugal, tem acompanhado este novo movimento de poesia urbana?

Sim, há já vários anos que tento acompanhar um pouco daquilo que vai sendo feito na área do poetry slam, sobretudo nos Estados Unidos. A minha relação com essa forma de poesia aprofundou-se ainda mais quando tive o prazer de conhecer Saul Williams, cujo trabalho me toca de uma forma única e que, sob um ponto de vista literário, não deve nada aos maiores poetas do nosso tempo.

Convidado do Festival Silêncio! o escritor e dramaturgo José Luís Peixotoparticipa no debate “Criação e Produção de Audiolivros e Peças Radiofónicas: métodos, processo criativo e desenvolvimento de projectos” e integra o júri do concurso de Poetry Slam.

Entrevista

Haverá silêncio sem palavra? Talvez exista silêncio sem palavra, mas não há silêncio sem significado, e não há significado que não persiga a palavra. Herberto Helder escreveu “tantas pa-lavras que não há para dizer o silêncio” e, ainda assim, apesar dessa verdade evidente, o contrário é, ao mesmo tempo e com a mesma força, absolutamente real: são tantas as palavras que utilizamos para imaginar o silêncio. A forma que lhe damos é moldada por palavras. O silêncio é absoluto e nós não somos capazes de conhecer o absoluto. Mesmo que a ciência consiga criar o silêncio, como cria o vácuo, há que contar com o imenso ruído que trazemos dentro e que nos acompanha sempre.

O que é para si o silêncio? O silêncio é a morte.

Vai participar num festival em que a palavra é capital; numa era em que “uma imagem vale mil palavras” passou de lema a realidade quotidiana, qual o papel ainda reservado à palavra?

Mesmo essa frase – “uma imagem vale por mil palavras”– é dita com palavras. Não conheço nenhuma imagem que seja capaz de a dizer exactamente assim, com essa economia de meios e com essa eficácia. O papel que as palavras têm hoje em dia não é muito diferente daquele que sempre tiveram. Com palavras se declara guerra e amor, com palavras se constrói o mundo. A palavra é um dos elementos que mais repete a humanidade dos seres humanos, que mais os regenera. As palavras fazem tanto parte de nós que, às vezes, até nos parece que são naturais. Convém recordar que as palavras não são um elemento da natureza, foi o ser humano que as criou. A necessidade que levou a que se inventasse e se desenvolvesse um sistema tão harmonioso como a linguagem foi a urgência de comunicação entre os indivíduos. Os seres humanos sentiam, e sentem, vontade de se dar uns aos outros, de se conhecer uns aos outros, de erguer pontes uns entre os outros. Acreditar nas palavras é ter esperança.

Enquanto escritor, homem de palavras, quais são para si as principais es-pecificidades e diferenças entre a palavra dita e a palavra escrita? São dimensões diferentes de um mesmo corpo. Quando se escreve, é essen-cial que se tente ter atenção a essas duas possibilidades do texto. Quando essa atenção é bem sucedida, o texto é mais rico porque permite uma interpretação mais vasta. Escrita, a palavra tem um aspecto visual, físico; dita a palavra tem um som mais evidente, tem uma pronunciação, existe numa voz. Apesar destas diferenças óbvias, creio que a principal diferença existe na relação de cada uma dessas formas com o tempo. A palavra escrita chega-nos do passado e projecta--se no futuro, o leitor sabe disso. Essencialmente, a palavra dita existe no pre-sente. Desse modo, a palavra escrita afasta-se mais de quem a diz. Já a palavra dita, no momento em que existe, confunde-se com a identidade do sujeito que a diz.

Em países como a Alemanha, os Estados Unidos e a França, o audiolivro tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos. Qual é a sua opinião sobre este novo suporte para o livro?

Sou bastante favorável a esse suporte que, de certa forma, não é completamente novo. Basta pensar na forma como tantos textos fundadores foram, em primeiro lugar, transmitidos pela tradição oral. Hoje, escutar um texto, gravado ou ao vivo, é actualizar toda essa herança à qual tanto devemos.

Música e literatura, o que lhe sugere este cruzamento?

A separação da música e da literatura é relativamente recente, como recente é a invenção de Gutenberg. A poesia nasceu cantada e, desde então, sempre tem aspirado à música. Entendendo a música, claro, como algo que nem sempre tem de seguir os padrões mais tradicionais, como uma matéria que pode ser atonal porque, em primeiro lugar, tem de ser livre. Desse modo, se para mim é claro que a poesia aspira à música, é igualmente claro que as outras formas de texto literário aspiram à poesia.

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O conto O Nariz foi publicado pela 1ª vez em 1836, na revista O Contemporâ-neo, fundada por Puchkín, que escreveu sobre o conto: “O Nariz de Gógol é um verdadeiro hino a este órgão. Uma técnica literária, própria do humor bruto carnavalesco em geral e das piadas russas sobre o nariz em particular. Gógol não consentiu durante muito tempo em publicar esta brincadeira, mas vimos nela tanto inesperado, tanta fantasia, alegre e original, que convencemos o autor a partilhar com o público o prazer que o manuscrito nos deu a nós.” É um dos contos cómico-satíricos clássicos da literatura russa.

06|FESTIVAL SILÊNCIO!

Fernando PessoaO Banqueiro Anarquista Voz: Filipe Vargas101noitesLançamento: 19 de Junho. 19h.Goethe-Institut de Portugal.

Mário CesarinyPoemas de Mário CesarinyVoz: Mário CesarinyAssírio & AlvimLançamento: 19 de Junho. 20h.Goethe-Institut de Portugal.

José Eduardo AgualusaUm Estranho em GoaVoz: Fernando AlvesBOCALançamento: 26 de Junho. 18h. Goethe-Institut de Portugal.

Nikolai GógolO Nariz Voz: Jorge Silva MeloMHIJ EditoresLançamento: 26 de Junho. 19h.Goethe-Institut de Portugal.

Um audiolivro é uma gravação áudio de um livro lido, ou melhor, inter-pretado, por um actor, locutor ou pelo próprio escritor e, na maioria dos casos, acompanhado de música expressamente concebida para ilustrar a obra em questão.

Audiolivros no Festival Silêncio!

O que é um audiolivro?

O Jardim dos Sons, uma ideia do Goethe-Institut Portugal, será palco de inúmeras sessões que focarão os diferentes aspectos artísticos do mundo “do ouvir”: da peça radiofónica à “Rádio Arte”, passando pelos audiolivros. As editoras 101 Noites, Boca, MHIJ e Assírio & Alvim irão apresentar leituras en-cenadas por actores de renome de audiolivros editados em língua portuguesa. Convidamo-lo a descontrair nas espreguiçadeiras do jardim do Goethe-Insti-tut numa tarde de Verão e descobrir o mundo dos audiolivros à conversa com escritores, editores, produtores e actores num cenário de vozes e de sons…

Jardim dos Sons

“A teoria anarquista, a verdadeira teoria anarquista, é só uma. Tenho a que sem-pre tive, desde que me tornei anarquista.” Fernando Pessoa.De uma actualidade surpreendente, este delicioso conto constitui uma das obras narrativas mais emblemáticas da vasta obra pessoana. Num estilo incisivo e im-buído de ironia, a personagem paradoxal do banqueiro discorre sobre o ideário anarquista. Publicado pela primeira vez em 1922 na revista Contemporânea, O Banqueiro Anarquista é considerado um dos melhores textos ficcionais de Fernando Pessoa. O Banqueiro Anarquista de Fernando Pessoa lido por Filipe Vargas e ilustrado com música de Alexandre Cortez integra a colecção de audio-livros “Livros Para Ouvir” que alia o prazer de ler ao prazer de ouvir.

Os 34 poemas aqui ditos por Mário Cesariny foram gravados por Vasco Pi-mentel durante o Verão de 2006, mantendo-se propositadamente na versão final todos os comentários do poeta recolhidos ao longo das 3 sessões de gravação. Os poemas foram escolhidos por Mário Cesariny a partir dos livros A Cidade Queimada, Pena Capital e Manual de Prestidigitação. Este audiolivro integra a colecção “Sons” da editora Assírio & Alvim.

Com o audiolivro do romance Um Estranho em Goa, a BOCA acrescenta ao seu catálogo um dos mais celebrados e traduzidos autores de língua portuguesa e uma obra que passa pelos quatro cantos da Lusofonia – Angola, Goa, Lisboa e o Brasil –, ajudando a deslindar as intrincadas relações culturais iniciadas pelos portugueses há mais de 500 anos. À mestria do texto de José Eduardo Agua-lusa, juntámos a leitura brilhante de Fernando Alves e a inspirada sonoplastia de Amélia Muge e António José Martins. A edição inclui ilustrações inéditas do autor e textos de Manuela Ribeiro Sanches, António Tomás e Marta Lança, entre outros.

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08|FESTIVAL SILÊNCIO!

Quinta-feira, 18.06programajunho 2009

Goethe-Institut de Portugal

Instituto Franco-Português

MUSICBOX

18hDebate: “O Audiolivro: uma nova forma de leitura’’Aurélie Kieffer, Francisco José Viegas, Kilian Kissling, Mafalda Lopes da Costa, Sandra Silva. Moderação: Oriana AlvesGoethe-Institut PortugalEntrada Livre

20hPeça Sonora: “Difference”De Christoph Korn em colabora-ção com Carlos ZíngaroGoethe-Institut Portugal Entrada Livre

22h30 Absolut PoetrySilent PartyFesta de abertura do Festival com: DJ Set - Mike Stellar + DJ Ride e Vj Set – Daltonic Brothers + Droid IDMusicBox - Entrada Livre

14h Conferência: “O Mercado do Audiolivro na Alemanha”Kilian Kissling, editora Argon-VerlagGoethe-Institut de Portugal Entrada Livre

18hLeitura EncenadaOlivier Rolin Encontro com o escritor.Instituto Franco-PortuguêsEntrada Livre

19hJardim dos SonsApresentação do audiolivro O Banqueiro Anarquista de Fernando Pessoa da editora 101 Noites. Leitura encenada por Filipe Vargas.Goethe-Institut PortugalEntrada Livre

20hApresentação do audiolivroPoemas de Mário Cesarinny da editora Assírio&AlvimGoethe-Institut Portugal Entrada Livre

16hJardim dos SonsAventura Radiofónica - Rádio ZeroGoethe-Institut PortugalEntrada Livre

22h30Absolut PoetrySpoken WorldEspectáculo de spoken word por Marc-Uwe KlingMusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

23h30Absolut PoetrySpoken WorldEspectáculo“Al Berto-Pessoa” pelo grupo WordsongMusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

02h30Silêncio! ClubbingDJ Set - Bernd Kinski + Mike Stellar; VJ Set - Droid IDMusicBox

19hDebate: “A Rádio, o Acesso Doméstico e a Revolução Digital”Jean Lebrun, Radio France-Culture.Instituto Franco-Português Entrada Livre

20h30O Serviço Cultural da Embaixada de França em Portugal e o INA apresentam:“A Voz dos Poetas na Escuridão” Montagem sonora de poesia francesa declamada pelos próprios poetas e exibição de um filme sobre Jacques Prévert. Institut Franco-Português, auditório Entrada Livre. Língua: Francês

18h Debate: “Criação e Produção de Audiolivros e Peças Radiofónicas: métodos, processo criativo e desenvolvimento de projectos”Amélia Muge, António José Martins, Arnaud Cathrine, João de Sousa, José Luís Peixoto, Leonhard Koppelmann. Moderação: Alexandre CortezGoethe-Institut PortugalEntrada Livre

21h30Spoken World meets Fantaisie LittéraireEspectáculo “Tout ira bien” por Alex Beaupain, Kéthévane Davrichewy, Valentine Duteuil, DiastèmeInstituto Franco-Português Entrada Livre

22h30Absolut PoetrySpoken WorldEspectáculo “Os Malditos:Cesariny” com Rodrigo Leão (teclados), Gabriel Gomes (acordeão), Rogério Samora (voz) e Viviena Tupikova (violino).MusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

Sexta-feira, 19.06

22h30 Absolut PoetrySpoken World“Estilhaços” com Adolfo Luxúria Canibal, António Rafael (teclados) e Henrique Fernandes (Contrabaixo)MusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

23h30Absolut PoetryPoetry SlamEspectáculo de poetry slam com Sam the Kid, Viriato Ventura, John Banzaï e Marc-Uwe Kling MusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

01h30Absolut PoetryLive Act“Loverdose” com John Banzaï (MC) e DaVido (DJ)MusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

02h30Silêncio! ClubbingDJ Set - Tiago Santos (Cool Hip-noise), VJ Set - Daltonic Brothers.MusicBox

Sábado, 20.06

Terça-feira, 23.06

Quinta-feira, 25.06

campo mártires da pátria,37

avenida luís bívar,91

rua nova do carvalho,24

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JUNHO 2009|09

Sexta-feira, 26.06

22h30Absolut PoetryA Poesia Está na RuaEspectáculo com os MC’s, Ruas (Yellow W Van), Sagas, NBC e Bob da Rage Sense acompanhados por DJ Ride (Turntablism).MusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

14hConferência: “Peças Radiofónicas e Leituras de Audiolivros: Especificidades e diferenças”Leonhard Koppelmann. Moderação: João AlmeidaGoethe-Institut PortugalEntrada Livre

18hJardim dos SonsApresentação do audiolivro da Editora Boca Um estranho em Goa de José Eduardo AgualusaGoethe-Institut PortugalEntrada Livre

19hApresentação do audiolivro da Editora MHIJO Nariz de GógolApresentação de Maria João Seixas, leitura encenada por Jorge Silva MeloGoethe-Institut PortugalEntrada Livre

20hFantaisie Littéraire meets Jardim dos SonsEncontro entre música e litera-tura por Arnaud Cathrine, Olivier Chaudenson e Valérie Leulliot.Goethe-Institut PortugalEntrada Livre

22h30Absolut PoetryPoetry Slam (Concurso)Concurso / Torneio de Poetry Slam com 8 participantes, apresentado por JP Simões e com um júri composto por 6 elementosMusicBox(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

01h30Silêncio! ClubbingDJ Set - Llorca + Rui Murka e VJ Set - Daltonic BrothersMusicBox

Sábado, 27.06

01h30Silêncio! ClubbingDJ Set - DJ Ride + X-Acto e VJ Set - Droid IDMusicBox

“O silêncioé a concretizaçãosuprema da linguagem e da consciência”

J.M.G. Le Clézio

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10|FESTIVAL SILÊNCIO!

Vai participar num Festival chamado Silêncio, o que é que esta palavra lhe sugere?

Curiosamente, silêncio é a minha palavra favorita! Por um lado, devido à sua consonân-cia, pela paz que inspira, o lado meditativo... Mas, sobretudo, pelo encantador paradoxo que consiste em designar a ausência de som através de uma palavra. Por outro lado, a escolha deste título para um festival de poesia deste género, leva-me a pensar numa co-munhão de almas e espíritos. Sendo o silêncio universal e não tendo, nem bandeira, nem fronteira, este ergue a poesia a um nível que transcende a palavra e as suas origens.

Enquanto artista ligado à escrita e ao som, como é que encara a sua participação no contexto de um festival “silêncio”?

O silêncio é também a melhor forma de respeitar e de ouvir perante quem toma a pala-vra... Vou para Lisboa com toda a serenidade... por já ter aí partilhado a minha poesia no ano passado - com Souleymane Diamanka - e por aí ter descoberto um público atento e curioso.

O Festival Silêncio! Declara Lisboa “Capital da Palavra”, será que uma cidade deve declarar desta forma o seu amor à palavra?

Lisboa… capital da palavra! Não é de estranhar! Se eu decompuser a palavra em duas sílabas, Lis-Boa… já consigo imaginar uma boa leitura! Ainda assim, sou mais partidário da ideia de que a capital da palavra se situa numa terra em movimento e, mesmo, movediça. Trata-se, para mim, do coração e do espírito de cada ser que faz com que as frases viajem, que lhes toma o sabor e lhes vai recolhendo mais sentido ao longo das viagens!

Poetry Slam? Spoken word? Como definir as suas actuações ?

O Slam nasceu nos Estados Unidos e aplica-se a uma competição de poetas num de-terminado espaço temporal e sobre um tema em concreto. O termo foi recuperado em França para designar uma forma de expressão poética a capella representada em locais públicos mas, sem a ideia de concurso. Portanto, na verdade, teria sido mais correcto designar estas manifestações como “spoken word”, que é como é designada nos Esta-dos Unidos.

Quando imagina uma voz a ler poesia… Que voz lhe ocorre?

Não existe uma voz única que possa representar a poesia! Existem tantas vozes quanto poetas… tantas vozes quanto dicções e poemas... e, a existir uma única voz, essa teria que ser a voz de Deus... Mas, de qual Deus? As vozes do Senhor são insondáveis...

Chicago 1984: noite dentro, Prince brilha com “Purple Rain” e a banda sonora do filme Footloose invade as pistas de dança. Longe do burburinho do mainstream, Mark Smith, operário e poeta nas horas vagas, decide que é chegada a altura de dar à poesia um novo impulso. No clube de jazz Green Mill Tavern, organiza um ciclo de leituras que, sob a forma de concurso, pretende levar a poesia a um público mais vasto e inscrevê-la na cultura popular urbana. Inspirando-se na ter-minologia do baseball, Smith cria as regras básicas desta competição em

que a tónica é posta na palavra. De-safiando os poetas a centrarem-se na qualidade do texto e na interpretação do mesmo, nascem as Uptown Poetry Slam: autênticos torneios de poesia em que, para além da performance dos poetas, a novidade está na par-ticipação activa do público. De boca em boca, rapidamente os concursos de Slam ganham milhares de adep-tos, conquistam outras cidades norte--americanas e atravessam o Atlântico. Em breve, Londres, Paris e Amester-dão acolhem estes torneios de palavra. O conceito é simples: perante um júri,

ao poeta é pedido que escolha um tex-to, suba ao palco e o declame de for-ma crítica e espirituosa no espaço de apenas três minutos. Depois de cada actuação, e tendo em consideração, quer a qualidade do poema, quer a per-formance do poeta, o júri atribui pon-tos de 1 a 10. Consoante os torneios, o público poderá ser convidado a participar na votação. Mas, mais do que ganhar pontos, para os slammers, o ponto é outro: “The points are not the point; the point is poetry”, as palavras de Allan Wolf, um dos precursores do Slam e fundador dos Dead Poets, re-

sumem a atitude e a ambição destes concursos que, tendo sempre lugar em espaços públicos como clubes, cafés, salas de espectáculos, cinemas, livrarias, ou, ainda, em espaços insóli-tos como hospitais, mercados, prisões e jardins, têm como objectivo único e último a partilha e divulgação da poesia.Juntando-se ao movimento e ao momento, O Festival Silêncio! vai promover o primeiro concurso de Poetry Slam em Lisboa e um espectáculo com grandes nomes do slam nacional e internacional.

Poeta, escritor, cantor e letrista, John Banzaï é considerado um dos maiores poetas do Slam e Spoken Word em França.

5 Perguntasa John Banzaï

Solta o poeta que há em ti!

Poetry Slam

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JUNHO 2009|11

18 de Junho. 18h. Debate“O Audiolivro: uma nova forma de leitura”Com Aurélie Kieffer, Francisco José Viegas, Kilian Kissling, Mafalda Lopes da Costa, Sandra Silva. Moderação: Oriana Alves.

(Debate com tradução simultânea).Local: Goethe-Institut Portugal.Entrada Livre

Nos últimos anos, uma nova for-ma de leitura tem vindo a con-quistar cada vez mais adeptos em todo o mundo: os audiolivros.Graças às novas tecnologias, milhares de pessoas aderiram a este suporte que veio revolucionar o mercado editorial. Com o ritmo acelerado das vidas nas grandes cidades, as filas de trânsito, a falta de tempo para ler, mui-tas pessoas adoptaram os audiolivros para poder “ler” enquanto conduzem, fazem desporto ou andam de trans-portes públicos. Ouvir um livro tor-nou-se, deste modo, a actividade cul-tural do homem moderno apressado.Na Alemanha ou em França, o au-diolivro está a alcançar um enorme sucesso atingindo em alguns casos já 10% do mercado editorial. Apesar de algumas editoras independentes já terem começado a apostar na edição de audiolivros, em Portugal este suporte está a dar os primeiros passos.Como está a reagir o mercado edito-rial e o público português a este novo fenómeno? De que forma o audiolivro pode ajudar na promoção da leitura e no combate à iliteracia em Portugal? Poderá o audiolivro contribuir para a divulgação da literatura de língua por-tuguesa? Será o audiolivro um con-corrente do livro em papel? Ou, pelo contrário, poderá complementá-lo?Estas e muitas outras questões serão discutidas pelos editores, escritores e jornalistas convidados para este debate.

19 de Junho. 14h. Conferência“O mercado do audiolivro na Alemanha”Com Kilian Kisslingda editora Argon-Verlag.

(conferência em língua inglesa)Local: Goethe-Institut Portugal.Entrada Livre

Kilian Kissling, director de vendas e de marketing da Editora Argon-Verlag de Berlim, abordará a história e situa-ção actual do audiolivro na Alemanha. Nesta conferência serão apresentados os principais dados deste segmento de mercado editorial, articuladas questões ligadas ao público-alvo e seu compor-tamento, e discutida a evolução das ofertas informáticas de download. A partir de alguns exemplos práticos, será efectuada uma descrição de al-guns dos problemas que surgiram no passado e as suas resoluções, termi-nando com breves considerações so-bre as dificuldades actuais que se veri-ficam na Alemanha. No final, haverá a possibilidade de trocar impressões so-bre a situação do mercado português de audiolivros e sobre outras dúvidas que surjam durante a conferência.

23 de Junho. 19h. Conferência“A Rádio, o Acesso Doméstico e a Revolução Digital”Com Jean Lebrun da Radio France-Culture

(conferência em língua francesa)Local: Instituto Franco-Português.Entrada Livre.

A força da rádio é a de um homem in-visível. O sopro duma voz que nos es-tremece, o grão de uma outra que nos alimenta. A força da rádio pública ad-vém da ausência de publicidade. Mas, em contrapartida, ao aceitar ser unica-mente financiada pelo Estado, a rádio pública teve que enfrentar o desafio

de conseguir não ser dirigida pelo governo. Ainda que a actual grande mudança no panorama mediático francês seja a nomeação dos dirigentes do audiovisual público directamente pelo poder político, a verdadeira trans-formação da rádio enquanto media foi induzida pela revolução digital. A NET funciona de forma mais rápida do que a rádio e chega de forma mais directa ao espaço doméstico, íntimo. Por outro lado, enquanto a rádio se tinha restringido à intenção conhecida de exaltar um único sentido, o ouvido, a era digital reintroduz a visão. Neste universo, o homem da rádio deixou de ser o homem invisível. Será que a rádio, sentinela da intimidade, desa-parecerá ao mesmo tempo que a in-timidade à qual a rádio nos habituou?

25 de Junho. 18h. Debate“Criação e Produção de Audiolivros e peças radiofónicas: métodos, processo criativo e desenvolvimento de projectos”Amélia Muge, António José Martins, Arnaud Cathrine, João de Sousa, José Luís Peixoto, Leonhard Koppelmann. Moderação: Alexandre Cortez.

(Debate com tradução simultânea)Local: Goethe-Institut Portugal. Entrada Livre

Este debate visa uma abordagem aos processos e metodologias de criação e produção do audiolivro. Desde a cria-ção do projecto, à escolha das vozes, passando pelos métodos de grava-ção e sonoplastia, serão debatidas as questões que tornam o audiolivro um produto com um enorme futuro no actual panorama das indústrias cul-turais. Quais as tipologias, como se processa a adaptação de uma obra literária, que formatos eleger? Estas são

algumas das questões que se pretende abordar tomando como exemplos os casos de sucesso que na Alemanha e em França transformaram o audiolivro num segmento de grande importância nos respectivos mercados editoriais. Para além das características técnicas e conceptuais relativas aos diferentes formatos físicos ou digitais, serão de-batidos também aspectos relaciona-dos com direitos, adaptações literárias e música na criação de audiolivros.

26 de Junho. 14h. Conferência“Peças Radiofónicas e Leituras de Audiolivros: Especificidades e diferenças” Com o produtor e autor de teatro radiofónico e de audiolivros Leonhard Koppelmann. Moderação:João Almeida, director da Antena2

(Conferência com tradução simultânea)Local: Goethe-Institut Portugal. Entrada Livre

Depois de uma breve introdução histórica à evolução da peça radiofónica no espaço de lín-gua alemã, desde o seu início nos anos 1920 até hoje, o produtor deteatro radiofónico e audiolivros Leonhard Koppelmann irá apresentar as condições e o contexto de trabalho actuais, terminando por abordar as possibilidades e qualidades de uma mediação da literatura através da peça radiofónica. Será apresentada uma visão do futuro nos media com as suas diferentes formas de distribuição e possibilidades estéticas e de con-teúdo. Nesta palestra serão também apresentados vários exemplos áudio.

Debates e Conferências do Festival Silêncio!

“Existirá algomais completo do que o silêncio?”

Honoré de Balzac

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12|FESTIVAL SILÊNCIO!

Quinta feira, 18.06 Jardim dos Sons Goethe-Institut de Portugal Entrada Livre 20h

“Difference”, uma composição de Christoph Korn em participação com Carlos ZíngaroApresentação da versão de Rádio por Carlos Zíngaro

Sexta-feira, 19.06 Leitura encenadaInstituto Franco-PortuguêsEntrada Livre 18h

Olivier Rolin Encontro com o escritor e leitura

Neste encontro, convidamos o públi-co a ouvir na voz de Olivier Rolin o narrar do seu último livro O Caçador de Leões (Ed. Sextante, no prelo), um romance que encena os destinos cruzados de Edouard Manet e do seu admirador e modelo ocasional, Eu-gène Pertuiset, aventureiro, caçador de leões, pinga-amor, grande come-

Há cerca de 40 anos atrás, o musi-cólogo corso Michel Giacometti gra-vou numa aldeia remota do Minho um canto improvisado do lamento das carpideiras. O artista sonoro Chris-toph Korn foi à procura de vestígios desta tradição e criou “Difference”, um trabalho que não pretende ir ao encontro ou apenas reconstituir o canto das carpideiras, mas sim “dar a ouvir” o que desapareceu: o silên-

cio, o espaço vazio, a ausência de lugar. Esta peça sonora é uma adaptação radiofónica da com-posição que Korn estreou em Maio de 2009 na Fundação Serralves.

dor e bebedor. Uma viagem pelo espaço e pelo tempo, fervilhando de anedotas e recordações literárias e pessoais. Um encontro que se quer com o de um romance vivo, divertido e de uma formidável potência visual.

Marc-Uwe Kling (GER) Iniciou a sua carreira de slammer em 2003, tendo criado o seu próprio palco de leitura com o nome “Lesedüne”. Trabalha, desde 2007, na organização e moderação de Po-etry Slams em Berlim e Potsdam estando actualmente em digressão pela Alemanha com o seu mais recente projecto, “Die Känguru Chroniken” (“As Crónicas do Canguru”).

Sexta- feira, 19.06 MusicBox 23h30

Espectáculo de poetry slam com Sam the Kid, Viriato Ventura, John Banzaï e Marc-Uwe Kling.

MARGUERITE YOURCENAR

“o silêncio é feito de palavras que não foram proferidas.”

John Banzaï (FRA) Simultaneamente poeta, escritor, cantor e letrista, este artista de ori-gem anglo-polaca costuma dizer que declama em francês numa lín-gua estrangeira.

Sam The Kid (PT) Um dos mais bem sucedidos rappers portugueses e o impulsionador do grande boom do hip hop nacional no final dos anos noventa. Aclamado pe-las suas poesias marcadamente críticas e mordazes, a sua música distingue-se pelo recurso criativo a samples e grava-ções. O seu álbum Pratica(mente) alcançou o Disco de Ouro.

Viriato Ventura (PT) Cedo descobriu a alquimia das pala-vras, e com ela, entreteve grande parte da juventude, publicando ocasional-mente algum do seu material. Depois de um longo interregno foi convidado por Sam The Kid (seu filho) a ressuscitar o personagem Viriato Ventura, que viria a colaborar no disco Pratica(mente) com dois poemas de sua autoria, Pratica(mente).

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Sexta-feira, 19.06 Absolut Poetry Spoken WorldMUSICBOX 22h30(10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

“Estilhaços” com Adolfo Luxúria Canibal, António Rafael (teclados e programações) e Henrique Fernandes

Criado na sequência de um con-vite para uma das Quintas de Leitura, o nome das sessões men-sais com que o Teatro do Campo Alegre, no Porto, homenageia a poesia e os poetas, “Estilhaços” é um espectáculo de Spoken Word em que Adolfo Luxúria Canibal lê alguns textos e poemas do seu livro homónimo, acompanhado ao piano e outros teclados por António Rafael.

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Sexta feira, 19.06 Absolut Poetry-Live ActMUSICBOX 01h30

“Loverdose” com John Banzaï (MC) e DJ DaVido (DJ)

O funk em âncora, o hip-hop como linguagem e o jazz como uma fonte de liberdade. O multi-facetado produtor musical e Dj DaVido e John Banzaï irão apre-sentar temas do álbum Loverdose inspirado nas declinações do amor.

Sábado, 20.06 Absolut Poetry Spoken WorldMUSICBOX 22h30 (10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

Espectáculo de spoken word por Marc-Uwe KlingAs Crónicas do Canguru:“Revelações espectacu-lares! Escândalos! Intrigas!”

Sábado, 20.06 Jardim dos Sons Goethe-Institut Portugal 16h Entrada Livre

Rádio Zero (GER), Jardim dos sons experimen-tal, aventura radiofónica

A Rádio Zero com a colaboração do curso de expressão dramática do IST realiza no Jardim do Goethe uma aventura radiofónica com a participação do público. Este último será convidado a entrar no mundo fictício das ondas radioeléctricas. A peça será transmitida em directo na Rádio Zero em www.radiozero.pt

O canguru foi realmente membro do Vietcong? Sim.Marc-Uwe Kling toca realmente fagote e canta a “Internacional”? Não.Quem deu início a este estranho boato? Ninguém.Mas o programa dele será divertido? Pois.De qualquer maneira, o canguru diz que tudo isto é uma mentira pegada. No máximo será metade da verdade. Pelo menos terá uns erros de factos. Ou alguma troca de números. Ou melhor, há problemas com a construção da frase. Às vezes.Por outro lado, a “Associação dos Amigos de Fagote” reclama que neste programa só raramente se toca o fagote.

“As palavrasque não proferimossão as floresdo silêncio”

provérbio japonês

(Contrabaixo)

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14|FESTIVAL SILÊNCIO!

Terça-feira, 25.06 Instituto Franco-Português 20h30Entrada Livre

O Serviço Cultural da Embaixada de França em Portugal e o INA apresentam: A Voz dos Poetas... Na Escuridão

A voz e a imagem, eis o fio condu-tor de um programa em três anda-mentos proposto pelo Ina e que per-mitirá ao público descobrir a riqueza sonora e audiovisual do Instituto.

1º Andamento: Jacques Prévert / Montagem so-nora

Retrato impressionista de Jacques Prévert desenhado a partir de recorda-ções e confidências do poeta. À sua voz juntam-se as vozes de Paul Gri-mault, Jean Renoir, Pierre Prévert, Jean-Louis Barrault, Marcel Carne, Alexandre Trauner e Arletty. A en-riquecer este retrato sonoro, alguns extractos de filmes cujos textos mol-dados por Prévert ficaram para sempre gravados na memória colectiva como Arletty (On m’appelle Garance),

Jean Gabin (t’as d’ beaux yeux tu sais…), Louis Jouvet e Michel Simon (… bizarre, bizarre…), entre outros.

2º Andamento: Jacques Prévert, palavras de um rebelde / Filme

Exibição do filme de Camille Clavel que, a partir de arquivos, testemun-hos e poemas ditos por jovens slam-mers contemporâneos, nos leva à descoberta do poeta corrosivo, do argumentista inconformado e do artista engagé que era Prévert.

3º Andamento: A Voz dos poetas / Montagem Sonora Documento sonoro de poesia fran-cesa da segunda metade do século XX constituído por poemas decla-mados pelos próprios autores. As vozes de Eluard, Ponge, Aragon, Char, Pérec, Norge... mas, tam-bém, Valéry, Tardieu, Césaire, Breton, Michaux e, ainda os contemporâ-neos Charles Juliet, Valérie Rouzeau, Danielle Collobert e Jacques Roubaud.

Sábado, 20.06 Absolut Poetry Spoken WorldMUSICBOX 23h30

Espectáculo “Al Berto-Pessoa” pelo grupo Wordsong

O inovador projecto de poesia, constituído pelos músicos Pedro D’Orey (Mler If Dada), Alexandre Cortez (Rádio Macau), Nuno Grácio, Filipe Valen-tim (Rádio Macau) e alguns artistas convidados

Combina poesia, música e vídeo em torno das palavras de dois poetas por-tugueses, Al Berto e Fernando Pessoa. A este universo musical inovador, acresce o excelente trabalho em vídeo da artista plástica Rita Sá e do realizador Nuno Franco. Considerado pela impren-sa italiana como “o melhor projecto de

poesia multimédia europeu”, os Wordsong revisitam a obra de grandes poetas criando uma linguagem mu-sical inovadora e abordando com total liberdade a palavra poética.

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Sábado, 27.06 Absolut Poetry A Poesia Está na RuaMUSICBOX 22h30 (10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

Espectáculo com os MC”s Ruas (Yellow W Van), Sagas, NBC, Bob da Rage Sense acompanhados por DJ Ride (Turntablism)

Neste espectáculo dedicado à poesia de rua vários MC´s (mestres de cerimónias) de renome irão im-provisar sobre as batidas de reconhecidos DJ´s; o rap, o hip hop e beatbox num duelo poético-musical pela voz de alguns dos melhores representantes nacionais.

Quinta-feira, 25.06Absolut Poetry Spoken World MUSICBOX 22h30 (10€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite)

Espectáculo ”Os Malditos: Cesariny” com Rodrigo Leão (tecla-dos), Gabriel Gomes (acordeão), Rogério Samora (voz) e Viviena Tupikova (violino)

Que a palavra poética ganhe a sua música, que a poesia viva dentro de outra poesia: eis a proposta d’Os Malditos, colectivo formado por Rogério Samora, Viviena Tupikova, Gabriel Gomes e Rodrigo Leão. Os dois últimos já trazem consigo a ex-periência ainda nova d’Os Poetas, que veio ao de cima no disco Entre Nós E As Palavras. Agora, Cesariny, outra vez e sempre. Para que se descubra outra luz sobre o poeta que disse de si: “Sou um homem um poeta uma máquina de passar vidro colorido”.

Sexta-feira, 26.06 Fantaisie Littéraire meets Jardim dos SonsGoethe-Institut Portugal 20hEntrada Livre

Encontro entre música e litera-tura por Arnaud Cathrine, Olivier Chaudenson, Valérie Leulliot.As sessões auditivas dos fins de tar-de no Jardim dos Sons juntam-se à iniciativa Fantaisie Littéraire que contará com a presença de alguns dos artistas que participaram neste projecto. O projecto Fantaisie Lit-téraire nasceu por ocasião do Fes-

tival “Les Correspondances de Manosque” que há 10 anos cruza as vozes de escritores contemporâneos com as da nova cena musical fran-cesa. Este manifesto artístico resul-tou na edição de um livro-disco que alia a literatura e a música e no qual participaram 17 duplas de músicos e escritores de renome.

Quinta-feira, 25.06 Fantaisie LittéraireInstituto Franco-Português 21h30Entrada Livre

“Tout ira bien” Espectáculo por Alex Beaupain (FRA), Kéthévane Davrichewy, Valentine Duteuil, Diastème

Quando as Canções de Amor de Alex Beaupain (música do filme de C. Honoré) interagem com o romance de Kéthavane e com violoncelo de Valentine. Em Setembro de 2004, enquanto a escritora Kéthévane Davrichewy publica o seu primeiro ro-mance Tout Ira Bien, Alex Beaupain finaliza aquele que será o seu primeiro álbum Garçon d´honneur. Por ocasião do Fes-tival Cultural “Lille 2004”, os programadores deste festival dão carta-branca a Davrichewy e Beaupain para criarem uma leitura musical das suas respectivas obras. Da fusão das letras e do texto de cada um nasce o espectáculo “Tout Ira Bien” que alia a voz dos autores ao som do violoncelo de Valentine Duteil sob a encenação de Diastème. “Tout Ira Bien” é assim, entre a leitura e o concerto, uma história para voz, piano e violoncelo.

Alex BeaupainAutor, compositor e intérprete. Compôs a música para três filmes de Christophe Honoré, tendo vencido o César 2008 para melhor Banda Sonora com As Canções de Amor. O seu último disco, 33 tours (Naïve), tem vindo a acolher o louvor da crítica.

“Nunca o homemestá mais seguro de si do que no silêncio”

Abade Dinouart

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“Que valor têm as palavras que não rompem o silêncio?”

Georges Bataille

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