Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

12

description

ANO 11 • Edição 61Novembro/2011Jornal-Laboratório do Curso de ComunicaçãoSocial (Habilitação em Jornalismo)do Instituto Superior de Ciências Aplicadas(ISCA Faculdades), entidade mantida pelaAssociação Limeirense de Educação (ALIE).Coord. Comunicação Social:Profª Drª Audre AlberguiniEdição e Orientação de textos:Profª Me. Ingrid Gomes MTB 41.336Editora Assistente:Paloma BarbosaPlanejamento Gráfi co:Profº Renato FabregatReportagem:Alunos do 4º Semestre de Jornalismo -Andrey Vinicius Moral Figueiredo Pereira,Bruna Ragazzo Leme, Fernando Aparecidode Carvalho, Horacio Busolin Junior, IsisRenata do Espirito Santo, Matheus GranchiFonseca, Murillo Andre Veschi dos Santos,Raiza Tronquin, Sara Carolina Pizzol Tognin,Vanessa Martins Marcelino.Telefone: (19) 3404.4700Endereço: Via Deputado Laércio Corte,3000 - Chácara Boa Vista da Graminha –CEP: 13482-383 – Limeira - SPwww.iscafaculdades.com.brEdição virtual:emfoconaweb.blogspot.comTiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Tribuna Piracicaba

Transcript of Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

Page 1: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61
Page 2: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

2

ANO 11 • Edição 61Novembro/2011

Jornal-Laboratório do Curso de Comuni-cação Social (Habilitação em Jornalismo) do Instituto Superior de Ciências Aplicadas (ISCA Faculdades), entidade mantida pela Associação Limeirense de Educação (ALIE).

Coord. Comunicação Social: Profª Drª Audre Alberguini

Edição e Orientação de textos: Profª Me. Ingrid Gomes MTB 41.336

Editora Assistente: Paloma Barbosa

Planejamento Gráfi co:Profº Renato Fabregat

Reportagem:Alunos do 4º Semestre de Jornalismo - Andrey Vinicius Moral Figueiredo Pereira, Bruna Ragazzo Leme, Fernando Aparecido de Carvalho, Horacio Busolin Junior, Isis Renata do Espirito Santo, Matheus Granchi Fonseca, Murillo Andre Veschi dos Santos, Raiza Tronquin, Sara Carolina Pizzol Tognin, Vanessa Martins Marcelino.

Telefone: (19) 3404.4700Endereço: Via Deputado Laércio Corte, 3000 - Chácara Boa Vista da Graminha – CEP: 13482-383 – Limeira - SP

www.iscafaculdades.com.br

Edição virtual: emfoconaweb.blogspot.com

Tiragem: 2.000 exemplares

Impressão: Tribuna Piracicabana

Adaptação é a palavra-chave quando se trata de adolescentes. Nesse momento o mais importante é se identifi car com o outro, se encontrar, é por vezes parecer “descolado”. E por meio dessa busca incessante para se adequar os jovens acabam sendo estereotipados e rotu-lados. Os rótulos são como selos que pretendem qualifi car a pessoa de acordo com suas roupas, preferências e ati-tudes. São errôneos por serem superfi ciais e preconceitu-osos, na maioria das vezes, por assemelharem com a ideia da intolerância.

O Em Foco 2011 aborda nessa edição especial o tema (rótulos). Tenta desmistifi car a ideia de algumas tribos e certos comportamentos, como os cosplayers, es-portistas e adeptos do vegetarianismo. Além de abordar a relação da juventude com a internet, como na reportagem que destaca o grupo de poetas que criaram o movimento Pontoação no Facebook. Outra reportagem sobre adoles-centes e a web, conta sobre os membros dos clãs de jogos virtuais.

A escola e a família são as instituições mais im-portantes na vida de uma pessoa, consequentemente se tornam alvos de rótulos. A reportagem Nickname: Inde-sejável aborda os “apelidinhos” malvados e muitas vezes traumatizantes que marcam a vida escolar de muitos, que

em casos mais graves podem ser diagnosticados como bullying.

Os pais têm infl uência na vida de seus fi lhos, até da escolha profi ssional, a reportagem Sonhos que podemos ter faz um paralelo entre os fi lhos que são pressionados a seguir os mesmos passos dos pais e aqueles que inspira-dos por seus progenitores pretendem ter a mesma profi s-são. Outro exemplo de infl uência familiar é a virgindade, por ser um tabu, ainda mais na adolescência, o assunto é abordado com cuidado por cada família. E essa edição traz uma reportagem sobre sexo na adolescência e pontos de vista.

Há jovens que inspiram seu estilo em algo já tradi-cional, como traz a reportagem Adolescentes e as festas do peão sobre os frequentadores menores de 18, dos típicos rodeios da região.

A edição rótulos tem como objetivo mostrar que em todas as fases da vida as rotulações são inevitáveis. O próprio ser humano possui uma predisposição de julgar e desenvolver pré-conceitos, porém o mais importante é não deixar que certas aversões ao diferente prejudiquem a vida e o convívio com os demais. Afi nal respeitar é necessário, é bom e todo mundo gosta.

Tenham uma ótima leitura e até a próxima!

Editorial

Paloma Barbosa

Rótulos: todo mundo tem, todo mundo vai ter

Page 3: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

3

Como sobreviver aos rótulos da vida escolar? Isis Renata

Rótulos versus IndividualOs rótulos e grupos escolares tendem a

defi nir os jovens por determinados pontos, seja a roupa, os gostos, a fala, entre outros. O aluno en-tra na vida escolar e se depara com as famosas pa-nelinhas de grupos, cada qual com sua defi nição e características. Ele se vê, então, tendo que esco-lher em qual lugar se encaixa melhor.

Isso deixa claro que muitos dos jovens não descobrem seu talento ou no que podem se destacar por razão de seguir esses padrões de divisão escolar. Muitas vezes o adolescente nem mesmo possui tais pontos ou qualidades para o grupo, mas se coloca dentro dele para não pas-sar pela exclusão social como consequência. “Você ganha status depen-dendo do grupo ao qual pertence e isso tem grande importância para o jovem, mesmo que ele tenha que esconder alguns gostos pessoais”, afi rma a especialista em Psicologia.

Porém para esses jovens, futuramente serão exigidos o diferencial, o novo, o individual, pois isso é que dará o ganho de bons empregos e carreiras. “Tenho a oportunidade, por ser pro-

fessor de informática, de fazer os alunos criarem logos e outras coisas e sempre ofereço alguma promoção para o mais criativo e o que use sem-pre daquilo que gosta e que eu veja isso em seu trabalho”, enfatiza o professor Mosna.

O individual é muito questionado atual-mente, e vale ressaltar que as qualidades indi-viduais são importantes, por isso a especialista afi rma que o adolescente não deve deixar de lado o gosto pessoal, mesmo sendo esse gosto

diferente do estabeleci-do. “O medo de ser julga-do é um dos bloqueios do individual e de mostrar seu verdadeiro eu, mas é preciso ressaltar ao jovem que temos que gostar de nós mesmos e assim outros também saberão

apreciar nosso trabalho”, completa a psicóloga.O necessário é saber notar seu diferen-

cial e querer mostrar o seu melhor durante o período escolar. No fi nal, o jovem levará lições para a vida inteira e, com isso, não irá se arre-pender de talvez ter perdido tempo com rótulos desnecessários e, com isso, usar de sua própria individualidade para o melhor de si e dos outros a sua volta.

“O jovem não quer parecer diferente, pois isso é ser estranho aos

olhos dos outros. Ele quer estar dentro do círculo em

que ele vive”

nickname: Indesejável ;)

Dunga, Zangado, Atchim, Feliz, Mes-tre, Soneca, Dengoso são simples nomes que compõem um conto de fadas, suas fun-ções reais são que seus nomes destacam a qualidade ou defeito de cada personagem da história. Contexto bem parecido com a realidade da história contada atualmente. O jovem tem sido alvo de rótulos, classifi -cações e julgamentos por seus gostos e cos-tumes. Ao entrar em sua vida escolar, o es-tudante tem contato com diversos gostos e maneiras de agir. “Todo indivíduo quer mos-trar seu potencial, seja criança, adolescente ou adulto e isso se trata de deixar visível ou em destaque a sua personalidade”, declara a psicóloga Paula Regina.

Nessa vontade de mostrar-se, o es-tudante tem seu rótulo defi nido por gostos e dividido em grupos específi cos: os nerds, as patricinhas, os bagunceiros e loosers (per-dedores). Porém esses rótulos são pequenas partes que fazem um todo de cada aluno. Por vezes, uma menina pode se vestir bem pelo simples fato de gostar de se arrumar, mas isso não signifi ca que ela tenha uma condição fi nanceira abundante como classi-fi cam as ‘patricinhas’. “Eu sou muito vaidosa, não tenho roupas de marcas, mas procuro sempre estar arrumada para ir à escola. É um local onde vão reparar e isso conta para uma garota da minha idade”, conta Jaqueline Ol-iveira Silva, de 15 anos, aluna do Centro de Capacitação Profi ssional do Adolescentes (CCPA).

Os meninos entram na escola com a fama de que bagunça é com eles mesmos. Vitor de Souza Santos, 15 anos, também aluno do CCPA, confessa. “Gostamos sempre de zoar um ao outro, não tem jeito. O mais famoso é o que sempre dá mais apelidos para a galera”.

Ação prejudicial de professores e pais

Adolescente necessita de incentivo durante essa época de “concorrências” de sua vida e, atualmente, as exigências são maiores. É preciso ter um toque único para que ele seja notável em seu período escolar. O apoio de pais e também de professores é essencial para que o aluno tenha a confi ança necessária e aposte em sua personalidade e genialidade. Por questão da qualifi cação de rótulos e separação entre grupos, a ideia da originali-dade se esconde e o aluno perde parte de sua identidade querendo ser igual a todo mundo ou aceito pela sociedade: “O jovem não quer parecer diferente, pois isso é ser estranho aos olhos dos outros. Ele quer estar dentro do cír-culo em que ele vive”, revela Paula.

Por esta razão, o aluno guarda todo tipo de palavra, seja ela boa ou ruim, le-vada até ele com relação aos seus feitos es-colares. Aconselha-se que não diga ao aluno palavras como “burro” ou faça piadas de seus trabalhos. Claro que o ambiente escolar é de brincadeiras também, porém existem jo-vens que podem deixar de gostar de certas coisas por essas razões. “Confesso ser sarcás-tico, meus alunos me conhecem, sabem que pego no calo de cada um, mas espero ver isso como uma forma de incentivo para o melhor de cada um sempre”, declara o professor de informática do CCPA, Roberto Mosna Júnior.

Os pais também têm parcela de culpa em relação aos rótulos de adolescentes, devido à maneira como chamam a atenção, ou como mantêm relacionamento dentro de casa. “As palavras têm grande peso, de fato elas podem causar mais dor que qualquer machucado, por isso o cuidado dos pais na hora do ‘puxão de orelha’”, esclarece a psicóloga.

“Gostamos sempre de zoar um ao outro, não

tem jeito. O mais famoso é o que sempre dá mais apelidos para a galera”

Page 4: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

4

Em décadas passadas a virgindade era considerada um rótulo de valorização feminina. A “moça” que se preservava para o marido conquistava respeito perante a sociedade. Por outro lado, aquela que dei-xava de ser virgem, ainda solteira, era consi-derada impura, imoral, entre outros rótulos impostos pelos costumes éticos e morais aplicados àquela época. Hoje essa questão é tratada diferente, adolescentes virgens são vistas como “caretas”, “atrasadas”. No entanto, cada família trata esse assunto de um modo, até mesmo baseada em preceitos religiosos. Em um momento em que as pes-soas falam tanto em liberdade, o tabu “em ser ou não virgem” ainda existe. O fato é que a maneira de ver esse assunto varia, mas os rótulos permanecem e passam (de maneira atualizada, dependendo da cultura) de ge-ração para geração.

Para Eliane Cristina Righetto, 46 anos, a decisão de perder a virgindade foi baseada no próprio medo do desconhecido. Diferente de algumas mulheres que optaram por es-perar por um “grande amor”, aos 19 anos ela não se prendia a esses conceitos morais. “Eu

já namorava há um ano e só não me entreguei antes porque tinha medo. Naquela época ha-via muitos mitos e eu não sabia exatamente o que poderia acontecer comigo. O medo da dor era o que mais me assombrava”, confessa. Ela simplesmente esperava a pessoa certa. “Em casa, não se falava sobre sexo, muito menos qualquer outro tipo de assunto delicado como esse. Na primeira vez que menstruei, fiquei apavorada, não sabia o que significava aquilo. No entanto, minha mãe, muito rígida, dizia que se algum dia eu aparecesse grávida em casa, ela me colocaria para fora”, lembra com humor.

As mulheres se sentem, atualmente, mais independentes e o costume antigo de se preservar para depois do casamento é vis-to como repressão, submissão e até mesmo “brega”. Homens que se consideram mais liberais acreditam que não há motivo para se privar do prazer, uma vez que as mulheres já conquistaram direitos iguais em todos os sentidos. Entretanto há uma tendência de jovens mulheres desejarem preservar a sexualidade, numa ideia de contracorrente à banalização da liberação sexual feminina.

Keila Dara Fernandes, 17 anos, namo-

ra há nove meses e garante que seu maior sonho é casar virgem. “Acredito que a es-sência de um relacionamento não mora ne-cessariamente no sexo. É possível namorar alguém, alimentando o sonho de construir uma família sem precisar ir para cama antes de oficializar a união. Penso que se o sexo antes do casamento fosse algo normal, não haveria necessidade de existir a famosa lua-de-mel”, se defende.

Nas novelas, seriados e filmes, a mídia vê como um fato natural o sexo na adolescência e estimula a aceitação social da gravidez fora do casamento. Com isso,

há um apelo sexual frequente expondo os adolescentes a situações que exigem uma compreensão que eles ainda não apresen-tam. “Querem ter maturidade e se portar como adultos, mas não possuem experiên-cia, responsabilidade e desconhecem o real significado de um envolvimento sexual. A conscientização é adquirida na base fami-liar, mas ainda falta muito discernimento e respeito da sociedade por essa fase tão importante no desenvolvimento do ser hu-mano”, afirma Patrícia Rossetti, psicóloga e psiquiatra infantil.

Perder a virgindade cedo já é con-siderado um fato natural. O que tem preo-cupado as famílias é a falta de experiência dos jovens envolvidos. “Podemos notar que eles se sentem pressionados a manterem relações sexuais para que possam ser acei-tos e considerados atuais. Mas, como sabe-mos, a exclusão social é um dos maiores problemas que eles enfrentam nessa fase do desenvolvimento, com isso muitos deles acreditam estar muito informados e pre-parados para esse passo, quando, na ver-dade, estão sendo manipulados pelo meio que estão”, conclui a psicóloga.

Raiza Tronquin

Falar de virgindadena adolescência ainda é tabu?

Keila: “Não vivemos em função do sexo”

Page 5: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

5

Andrey Vinicius MoralUma nova onda de entretenimento

vinda do Japão chegou ao Brasil. O cos-play é uma arte que envolve fantasias e acessórios de personagens de mangás (re-vistas em quadrinhos japonesas), jogos de videogame e personagem de desenhos. Os amantes dessa arte costumam andar en-tre eles, formando grupos frequentadores de eventos da área, contudo, o círculo de amizade costuma fi car entre os próprios cosplayers. Há inúmeros eventos no Brasil de cosplay, Animecom, Anime Storm, An-ime Friends. Neles ocorrem competições de melhor fantasia, apresentação e roupa mais parecida com a do personagem carac-terizado. É preciso entender essa arte como uma forma moderna de diversão e cultura, afi rmam os amantes.

Segundo o estudante Thiago Issamu Fukumizu, de 19 anos, é preciso ignorar o que a sociedade rotula preconceituosa-mente sobre os cosplayers. “Existem várias opiniões, há quem é indiferente, há quem apóie e há quem ache ridículo, isso vai do jeito que essas pessoas aceitam coisas dife-rentes. Eu particularmente não ligo para o que os outros pensam”, esclarece Kukumizu. O estudante fala ainda sobre a localidade dos eventos. “Geralmente eventos relacio-nados ao tema. Pode ser tanto na cidade quanto fora dela. Em São Paulo tem o bairro da Liberdade que há certos lugares que po-dem ir vestidos”.

Outro estudante, Renan Augusto Soares, de 21 anos, fala sua opinião sobre se a moda do cosplayers é passageira: “Eu sou fã desde criança, acredito que ela diminui quando fi camos mais velhos, mas nunca irei deixar de gostar, é um hobbie”.

Para a socióloga Marta Nunes “a so-ciedade julga o que é diferente e foge dos costumes. É o mundo moderno e o surgi-mento de novas tribos, algo que não pode ser dito se é ruim ou que faz mal, se é bom ou é certo”. Marta conclui dizendo que “existem diversas tribos, dos rockeiros, pa-godeiros, dos que gostam de fi lmes. O que não pode haver é preconceito. Não podemos julgar e rotular, por exemplo, dizer que todo mundo que gosta disso é culto ou que é excêntrico. É acima de tudo uma arte, pois envolve toda uma cultura e vestimenta”.

Cosplay, uma onda que veio do Japão

Alexandre SinottiNão é nenhuma novidade que as

novas tecnologias infl uenciaram o modo de vida do jovem no século XXI. Métodos de aprendizado, acesso e velocidade da informação foram dinamizados em novas fronteiras. Basta um clique e nada mais, essa é a solução para vários problemas do cotidiano.

Além de bate-papos e redes sociais, o que se destaca na rotina dos internau-tas são os jogos de PC. Soma-se aos jogos o conceito de “geração C”, que classifi ca como novo público consumidor de cultura e entretenimento, pensa a informação como uma “via de mão dupla”, ou seja, jovens que não querem apenas receber a informação, mas também conceber, criar, colaborar e criticar.

O fato é simples, a vida conectada mudou o modo de viver e pensar a vida. Não se escreve da mesma forma, as pes-soas se conhecem, se encontram, se casam das maneiras mais distintas nunca antes imaginada, só em fi cção. Nesse sen-tido, os jogos de computador vão além da simples imitação do real. Na fantasia medieval, fi cção científi ca e nos jogos de guerra que vários adolescentes e jovens constroem ou construirão suas tardes, noites e madrugadas em frente à telinha.

No terceiro colegial, Luiz Guilherme Remi, de 18 anos, conta como cresceu em

Diversão sob controle

Jogos virtuais têm cada vez mais adeptos E a pergunta que fi ca é se existe vida fora de Matrix

Pirassununga frente a essas tecnologias. “Jogo CS desde que me conheço por gente, mas agora levo mais de boa por causa do vestibular”, conta Remi. O rapaz enfatiza que há alguns anos participava de “clans” voltados ao “Counter Strike (CS)”.

O CS é uma variação do jogo “Half Life” que busca a ação através da simulação do armamento de guerra atual. Dividido entre os times do exército e dos terroristas, jovens trocam tiros e facadas até a morte. Uma tragédia? Não, segundo os partici-pantes é só diversão.

Também terminando o ensino médio, Matheus Schmidt é outro afi ccionado pela febre dos jogos. Entretanto os jogos predile-tos dele são “Ragnarok” e “Diablo 2”. São rea-lidades fantásticas em que dragões, demôni-os, magias e armas medievais se misturam. Tanto em “Raganarok” quanto em “Diablo 2” o objetivo é fi car cada vez mais forte por meio da progressão do nível do personagem, tornando-o, dessa forma, imbatível. “Hoje eu pego mais de leve por causa do vestibular, mas a gente joga ‘Ps3’ ou ‘Xboxlive’ de vez em quando”, garante Schmidt. Corujão, voando pela Web

Algumas cidades pequenas, às vezes, não oferecem muitas opções de lazer a diversas faixas etárias, como acontece em Pirassununga. Assim, o entretenimento virtual garante novas formas de repensar o

tempo livre. Uma das alternativas criadas foram os chamados “Corujões”.

A coruja é uma ave de rapina de hábito noturno, que se alimenta de peque-nos mamíferos como roedores e vagam pelas noites com mais frequência ao ver o sol se por. Pois bem, imagine um sábado à noite, em que você se veste, se arruma e vai pronto para a balada. Destino: a lan house, com mais oito amigos. Objetivo: matar, pilhar e destruir! Mas muita calma, tudo isso online.

E para quem pensa que a diversão durante a noite só rola de fi m de semana se engana. “Os corujões rolam não só de fi m de semana, às vezes jogamos para ir direto para escola no outro dia”, é o que garante Luiz Remi.

Será que usar o tempo de vida para uma atividade tão fora do ambiente natu-ral é, realmente, legítimo ou seria uma nova roda inventada? O fi lósofo da USP Andrés Eugui aponta para um novo pro-blema, em que a maquiagem cibernética não encobre os males da crise de identi-dade do homem atual. Há quem afi rme que a técnica não é algo neutro, e há quem afi rme o oposto. De qualquer maneira, existe a sensação de que os meios técnicos como, por exemplo, a internet, seja algo natural, o des-tino que o homem tem que aceitar e que ele mesmo criou.

Page 6: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

6Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo página 02

Horácio Busolin Júnior

ara que um poeta pudesse divulgar seu trabalho no século XX pre-cisava de apoio financeiro, e era necessário

publicar suas obras em livros para que todos tivessem acesso. O contato com a palavra e também o contato de artistas com outros artistas se davam por meio de encontros em confeitarias, bares e cafés. Assim aconteceu no Modernismo, movimento artístico or-ganizado em 1922, pelos escritores Mário de Andrade, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, entre outros, que se encontravam e se conheceram na Confeitaria Vienense.

No século XXI a evolução da comuni-cação por meio da internet criou um mundo paralelo. A cultura digital propiciada pela

internet influencia a sociedade aumentando a capacidade de se relacionar com pessoas cada vez mais distantes. No começo da dé-cada de 2000 surgiram as redes sociais que puderam aproximar pessoas com empatia de conteúdo e criar nichos diferentes e formar grupos dos mais variados gos-tos em comum para discutir política, cultura, esportes e inúmeros outros assuntos. Dentro desse novo espaço virtual se formou o Grupo Pontoação, que é um grupo existente no Facebook, formado por poetas ararenses apaixonados por arte e literatura. O conceito artístico, que foi criado pelo escritor e dono de sebo, Irineu Curtulo, em 1999, chama-se Pontoação, por misturar a pontuação da reticência com ação, movi-

“Minha ideia inicial era que uma obra de arte pudesse ser concluída a partir da criação de

outras pessoas”

mento dentro da manifestação artística.Quando Curtulo criou o Pontoação

sua ideia principal era convergir e integrar a arte. “Minha ideia inicial era que uma obra de arte pudesse ser concluída a partir da cri-

ação de outras pes-soas, promovendo assim uma inte-gração entre a obra e seus vários ramos como uma pintura inspirada em uma peça de teatro ou uma música com-pletando a ideia de

um poema”, explica.O conceito é simbolizado por meio da

reticência que é colocada no final dos textos e poemas escritos pelos componentes do grupo. “A reticência significa um símbolo fechado, que colocado sobre as últimas pa-lavras dos textos, permite que esse texto

seja aberto e concluído por outras pessoas que não só o autor”, definiu o organizador. De acordo com o escritor, que é autor de inúmeras obras, como Orbitas Paralelas I e II, a iniciativa de criar o conceito que migrou para o Facebook no começo de 2011 é exaltar e divulgar somente obras autorais. “Hoje a internet promove integração e permite que você di-vulgue sua obra e não dependa da indústria editorial que só seleciona livros com poder de venda e que não são necessariamente bons livros”, explica.

Desde que foi criado na internet no começo de 2011 o grupo já conta com 150 membros que postam poemas, letras de música, pensamentos e até trechos de livros e contos. Para o professor universitário da área de mídias digitais, Renato Frigo, as mí-dias digitais estão provocando a quebra de territorialidade, proporcionando que pes-soas de localidades distantes compartilhem conteúdos.

Irineu Curtolo, proprietário do sebo na Rodoviária de Araras, criou o conceito Pontoação em 1999

Poetasvirtuais

Pelo Facebook, grupo de poetas de Araras cria o movimento Pontoação, uma nova maneira de manifestação da arte

Page 7: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

7

Como forma de consolidar o conceito e até de promover a inte-gração dos membros do grupo Pon-toação foi realizado, no Centro Cultural Leny de Oliveira Zurita, no dia 12 de julho, o Mani-festo Pontoação, que consistiu no encontro presen-cial dos membros do grupo forma-do no Facebook, e contou com p e r f o r m a n c e s musicais, teatrais envolvendo a literatura, desenho e a poesia.

Paulo Felisberto, que é mem-

bro fundador do grupo e geógrafo, escritor e músico, afi rma que o grupo não é essen-cialmente virtual, tanto que o fato de ter migrado para o Facebook surgiu de conver-

sas entre os membros Augusto Meneguin e Danilo Carandina, que tiveram a ideia inicial de levar o Pontoação para a internet. “O grupo se organizou, primeiramente, na vida real, no contato pessoal e diálogos entre pessoas. Depois

decidimos pela divulgação por meio do Facebook, e a partir desse ponto tivemos que organizar o grupo, pois o número de integrantes já ultrapassa os 150. Nesse mo-

mento tivemos que ajustar as temidas regras para que o grupo, como se faz necessário em qualquer es-paço virtual, permanecesse coeso com os ideais do Pontoação e não fosse um espaço para postarem e divulgarem o que bem entendessem sem relação alguma com nossos objetivos”, ex-plica Felisberto.

Ainda de acordo com Felisberto, o encontro foi importante para que os mem-bros do grupo discutissem pessoalmente a arte e sua forma essencial. “O encontro, sem dúvida foi muito mais interessante e exci-tante que a interação virtual, que é muito inspiradora. Vimos pessoas interessadas e envolvidas convergindo em um momento

para fazer arte, discutir arte e viver arte. Para que o Pontoação sobreviva é preciso que as pessoas se reúnam como naquele dia, é preciso conviver entre artistas, é preciso ser artista fazendo arte de modo coletivo, com a maior possibilidade de interações que a criação permitir”, afi rmou. A intenção e objetivos discutidos no manifesto é divulgar artistas que pos-sam mostrar sua arte na internet sem vínculos com grandes corporações.

esia no Brasil é mal remunerada e nem sempre recompensa o trabalho do autor. “Não há motivo para se preocupar com direitos autorais de poesia: ela não vende mesmo. E, quando vende, o autor nunca recebe, porque as editoras não são transparentes ou lucram absurdamente, deixando al-gumas migalhas para o autor”, completa Meneguin.

É claro que o modelo de divul-gação da arte pela internet ainda não foi totalmente explorado e adaptado com a fi nalidade de remuneração. Porém, para o professor Renato Frigo, a internet e os canais digitais promovem maior divul-

gação do ar-tista, que pode criar e fazer o papel de edi-tora. ”O caminho digital é o caminho da coletividade. Prova disso é a tendência da auto-publicação. Hoje o artista cria a obra e lança a mesma nas mídias digitais sem precisar de uma editora, galeria ou espaço físico para mostrar seu trabalho. Hoje temos milhares de exemplos de novos escritores que lançaram seus livros digitais na internet e estão sobrevivendo dessa forma”, explica Frigo.

A discussão dos direitos autorais não é um assunto que interessa aos mem-bros do Pontoação. Afi nal, como defi niu Paulo Felisberto, “a arte é algo construído também pelo autor e por outras pessoas interessantes e interessadas. Isso é funda-mental para a construção e afi rmação da importância da arte para o ser humano e principalmente para que os artistas este-jam juntos e não segregados.

O direito à livre criação é pen-samento comum entre os membros do grupo. Augusto Meneguin, que também é músico da Banda Veludo Azul, não vê problema em ter sua obra continuada por outra pessoa. “É algo bem curioso, o fato de ver minhas obras completadas, já que acabo visitando a alma de outra pessoa, assim como ela visitou a minha. Estamos fazendo um tipo de sexo por palavras. Ela me lê, escreve em cima. Eu a leio e escrevo de novo. O mais interessante são as or-gias. Quando diversas pessoas escrevem no mesmo poema. É possível atingir um grau de surrealidade absurdo, já que cada mente tem uma história bem singular”, observa Meneguin.

O músico ainda aponta que a po-

Para Paulo Felisberto a criação do grupo visa a divulgação de artistas independentes

Augusto Meneguin, membro do Pontoação e vocalista da banda Veludo Azul

Encontro presencial do Pontoação ocorreu no Centro Cultural em Araras

ManifestoPONTOAÇÃO

Criação coletiva

Para que o Pontoação sobreviva é preciso que as pessoas se reúnam como naquele dia, é

preciso conviver entre artistas, é preciso ser artista fazendo arte de

modo coletivo”

Page 8: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

8

O mundo dos esportistas é sempre visto como atrativo. Fama, sucesso, di-nheiro e as seguidas oportunidades que surgem para os que conseguem ingressar fazem com que os que observam do lado de fora pensem que tudo é conquistado de maneira fácil e sem fazer muito esforço.

A partir disso, começam a surgir os diversos rótulos, que são carregados como verdadeiros estigmas pelos atletas, que nem sempre conseguem uma oportuni-dade de demonstrar o contrário.

E as adversidades ao longo do cami-nho do esportista? Quase sempre não são mostradas. Ao contrário do que a maioria pensa, a estrada para o sucesso é cercada de difi culdades como a falta de recursos, as falsas promessas e a grande quantidade de pessoas com o mesmo sonho, fato que difi culta ainda mais ao esportista realizar seu reconhecimento profi ssional.

Dois exemplos dessa difícil trajetória são os jogadores de futebol Maicon Souza, de 22 anos, que atua no Portugal e tam-bém no Brasil e Jeferson Correia, de 23

Esportistas, as verdades que nem sempre são reveladas Tiago Csehak

O apoio da família e, principalmente, a fé em Deus são a principais forças encontradas nesta difícil estrada para o sucesso

anos, que também passou por clubes de Portugal.

Souza e Correia apresentam opiniões diferentes sobre os rótulos sofridos pelos esportistas. Para Maicon Souza os rótulos nem sempre são injustos, mas ele acusa a imprensa de perseguir os atletas na maio-ria das vezes.

“Bom, a diferença é que a imprensa está sempre em cima das pessoas públicas, o que expõe muito mais as suas ‘falhas’, o que não acontece com pessoas comuns. Para Jeferson Correia, os rótulos são in-justos. Ele diz que as pessoas só conhecem os jogadores de futebol pelo que veem na televisão. “Muitas pessoas não sabem o que passamos para chegar onde tanto almejamos, não sabem das pessoas ruins que aparecem em nossas vidas”.Principais motivações

O motivo de terem escolhido a profi s-são é basicamente o mesmo para Jeferson e Maicon. A única diferença é que Jeferson Correia começou a treinar por escolha de seu pai, enquanto Maicon Souza esco-

lheu por conta própria. “Comecei a treinar com dez anos, então acho que a vontade mesmo foi do meu pai, que incentivou-me a entrar para o esporte. As adversidades fazem parte das carreiras desses dois guer-reiros. Maicon explicou que, para ele, o idi-oma, a falta da família e de sua terra natal são as maiores difi culdades enfrentadas.

Jeferson Correia também comentou sobre o momento mais difícil até então na sua curta carreira. “A maior foi ter ido jogar em Portugal e simplesmente ser abandonado num país desconhecido, sem dinheiro, sem nada, com as cozinheiras praticamente dando resto de comida para eu almoçar e jantar”. Correia se apega prin-cipalmente em sua fé em Deus, enquanto Souza diz sempre contar com sua família e amigos para seguir em frente.Mensagem aos críticos

Maicon Souza mais uma vez co-menta sobre a imprensa e pede para que os esportistas tenham mais liberdade para trabalhar e viver. “Espero que eu tenha aju-dado algumas delas a compreender e julgar

melhor os jogadores de futebol. Não quero que ninguém pense que somos perfeitos, mas sim que somos todos diferentes uns dos outros, e somos pessoas comuns como todo mundo, essa é uma profi ssão mara-vilhosa, cada um aproveita como quer. O grande problema é a imprensa que ado-ra publicar os podres e somente os podres. Pensem bem, se a imprensa estivesse na cola de cada pessoa comum, e postasse os podres que cada um faz, já imaginou?”

Jeferson Correia conclui que a maio-ria dos críticos sempre procura destruir a vida dos atletas, e também alerta sobre casos de suborno no mundo do futebol. “Os críticos sempre serão assim. Só sabem olhar o agora, o que acontece de ruim e com isso destroem a vida dos atletas. Por outro lado sempre tem aqueles que bus-cam a verdade. Hoje o mundo é muito sujo, quem manda é o dinheiro, é muito fácil subornar as pessoas e os esportistas. Perseverem, não desistam, porque o maior e melhor homem do mundo morreu de braços abertos por nós”, diz ele.

Page 9: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

9

Seria apenas mais uma história co-mum de adolescentes: a escolha da car-reira profi ssional. Jovens que sofrem com a indecisão sobre qual profi ssão seguir. Há aqueles que já têm um exemplo bem-sucedido dentro de casa e desejam segui-lo. Outros que admiram o trabalho dos pais e trilharão o mesmo caminho, porém sem satisfação pessoal. Essa dúvida traz a eles um “sofrimento” maior, o do rótulo. Pessoas os rotulam por seguirem ou não a profi ssão dos pais, criticam e depreciam seus valores. A sociedade cresceu de uma forma desordenada, padronizando concei-tos e costumes.

Por que não ser igual ao meu pai? Qual o problema, sendo que gosto desta profi ssão? Será então que não devo ser o que gosto só porque meu pai também o é? Estas dúvidas giram em torno da mente de muitos adolescentes, em que a polêmica é a essência. Filhos que  estudam em es-colas particulares e têm pais empresários

bem-sucedidos são rotulados pelo famoso jargão “este é fi lhinho de papai”: aquele rapaz protegido pelo pai.

Para o estudante de Engenharia de Produção, Bruno Cesar Pinto, de 24 anos, não devem existir preconceitos e, sim, valorização da profi ssão e apoio familiar. “Sempre gostei da Engenharia e meu pai, que também é engenheiro, me apoiou desde o início”. Sem se imaginar em outra profi ssão, Pinto garante que está na profi s-são certa e é aquilo que sempre desejou seguir. “No começo vários amigos me julgaram, diziam que eu não tinha deter-minação e vontade para seguir com meus próprios sonhos. Engano deles. Hoje, que estou no último ano da faculdade, me sin-to realizado em vencer mais esta etapa da vida. Não me arrependo da profi ssão que escolhi”. Ele ainda brincou que não terá di-fi culdades, pois seu pai já passou por elas e poderá lhe ajudar a vencê-las.

Já a estudante do 8º semestre de Ad-

nho. Para ela a fase da adolescên-cia é marcada por transformações intensas, como as do corpo, do pensamento, sentimentos e hábitos. Responsabilidades vão surgindo e difi culdades também. A dúvida so-bre qual profi ssão seguir é normal, mas desde que seja moderada. Os pais não devem obrigar os fi lhos a seguirem sua profi ssão, evitando di-fi culdades ou pensando na possibili-dade de emprego garantido. Podem sugerir, pois fazem parte do cresci-mento as escolhas e as difi culdades. Os fi lhos nesta fase consideram bas-tante a opinião de seus responsáveis e quando isso é voltado como desa-grado ao jovem, pode causar proble-mas depois, como a infelicidade e sentimento de incompletude.

“Todo adolescente passa por um período de mudanças naturais e vivenciar essas pressões dentro de casa pode atra-palhar seu processo de desenvolvimento e de autonomia. Muitos jovens ainda não sabem qual profi ssão seguir, por isso os pais têm de deixar que seus pássaros voem, voem para longe. Temos que ser o que que-remos ser. Devemos isso a nós mesmos”, conclui a psicóloga.

Sonhos que podemos

terJovens sofrem pré-julgamentos pela

escolha da carreira

Sara Pizzol Tognin

Bruno se dedica aos estudos para se tornar um grande engenheiro como seu pai

ministração, Mariana Lima, de 21 anos, so-freu com a indecisão de qual profi ssão seguir quando estava terminando o ensino médio, prestes a encarar o vestibular. Filha única, a pressão de seguir o mesmo caminho e cuidar dos negócios da família era permanente. Seu pai, que é empresário há mais de 20 anos, incentivou a seguir sua profi ssão, por ser uma área bastante extensa no mercado de trabalho. “Então resolvi entrar no curso de Administração. No começo eu estava um pouco contrariada com o curso, não me sen-tia realizada. Sofri muito com a indiferença, principalmente por parte dos meus amigos. Muitos me criticavam, falavam que eu tinha que estudar em uma universidade fora do Estado, seguir outro caminho.

Há quatro anos, Mariana reconhece que não estava feliz com o rumo que sua vida estava tomando, porém, hoje se sente madura e sem arrependimentos. Ela afi rma que desvendou o mistério da Administração. “Ensina como calcular, como planejar, como criar estratégias e lidar com pessoas, além de responsabilidade social e ética”.Tal pai, tal fi lho?

Não necessariamente. É o que diz a psicóloga Aline Maria Lazi-

Page 10: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

10

Quem nunca gostou de ouvir música? A resposta parece ser comum entre as pes-soas, mas se a pergunta for: Quem gosta de ouvir música gospel? Muitas pessoas vão pensar antes de responder. A música gospel

Renda extraO músico Everton Lima, guitarrista

profi ssional, gosta mais de tocar gênero gospel e garante que há respaldo fi nan-ceiro. Entre os estilos que mais surgem é o cantor solo que faz o estilo “pop star”. “Eles se dividiram em cantores individuais para

Fernando Carvalho

Boom da música gospel evidencia multidões de

jovens seguidores

nada mais é que a composição escrita para expressar a crença individual ou a de uma co-munidade com respeito à vida cristã.Trata-se de um gênero que surgiu no Sul dos Estados Unidos no fi nal do século XIX. Grande parte do público que absorve esses gêneros musi-

cais relacionados ao evangelho é composta por jovens. Com suas músicas variadas, muitos cantores alcançam sucesso. Nomes consagrados da música gospel, como Ofi cina G3, Aline Barros, Regis Danese, Fábio de Mello, banda Diante do Trono,

entre outros, contribuem para “quebrar” essa barreira entre música gospel e secular, além das canções dispararem entre as músicas mais tocadas nas rádios nacionais. Entretanto tem ocorrido, por parte da sociedade, de ro-tularem jovens adeptos desse som gospel. Fabiana Cristina Alves Bonfi m ouve tanto a música convencional como a música gospel. “Gosto de Reginaldo Manzotti e Fábio de Mello, eles trazem uma paz espiritual muito boa”, declara Fabiana.

O comportamento de lazer diferente, ou seja, ouvir músicas específi cas em “louvor a Deus” pode trazer consequências especí-

fi cas a cada grupo ou tribo social. Esses gru-pos apresentam características semelhantes em sua sociabilidade. “Ao compartilharem os mesmos valores, os indivíduos pertencentes a tal grupo formam sua subjetividade tendo-os como referencial”, conclui o sociólogo Marcos de Lima. As vendas do gênero gospel dispara-ram nos últimos dez anos com alta em torno de 70%. “São compradores fi éis que buscam a paz interior através das canções”, resume a proprietária da Discolândia, Silvia Nicoletto. O mercado ainda traz renda e satisfação aos envolvidos diretamente com o sucesso dos artistas gospel.

baratear suas contratações”, diz o produtor musical Enrico Cadorini, do Estúdio MG3. O jornalista e músico gospel, Denis Martins, frisa bem o número crescente de ouvintes não-evangélicos, da música gospel.

“O primeiro e principal motivo é a qualidade com que as músicas são feitas.

O pessoal que não é evangélico, católico ou cristão, principalmente os ateus, gostam do som e não das letras, pois elas remetem à salvação em Cristo e, consequentemente, quem não é cristão não dá atenção às letras, somente à qualidade do som”, conclui Mar-tins. Ainda assim, em geral, o seguimento

gospel é formado por pessoas cujo objetivo principal é difundir o evangelho por meio da música, independente do ritmo, como rock, blues, samba, pagode, frevo, rap ou até mesmo o baião. O sucesso quando acon-tece é consequência do bom trabalho, ga-rantem adeptos e músicos.

Fabiana: “A busca pela palavra de Deus nos leva ao ritmo Gospel”

Estúdio MG3: a tendência é aumentar ainda mais a demanda

Page 11: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

11

Murillo Veschi Durante o ano acontecem várias fes-

tas do peão. As das cidades de Jaguariúna, Americana, Barretos e Limeira estão entre as melhores do país. É uma festa que conta-gia multidões, por causa dos shows. Em sua maioria, trazem bandas e cantores do ritmo sertanejo. O estilo que se pode chamar de country, de tradição americana, vem cres- cendo e, segundo a psicóloga Rita de Cás-sia, “esse estilo que uns chamam de cowboy outros de peão, vem crescendo bastante no país. Podemos ver até crianças com chapéus, botas, uma cinta, calça mais justa no corpo. Talvez o motivo desse crescimento seja o aparecimento de tantas duplas sertanejas e a festa mesmo, que faz tanto sucesso em todo o Brasil”.

Higor Veschi frequenta rodeios desde os dez anos. Ao lembrar do lazer, comenta que já sofreu preconceito. “Vivo festa do peão, quando era criança ia com meus pais e hoje sempre vou a todas as festa quando estou de folga. Sempre fui vestido de cow-boy, com bota, chapéu, fivela, calça apertada e camisa. Gosto desse estilo, sou sertanejo, nasci no meio dos bois, não ligo quando alguns me chamam de apelidos relacio-nados. Em todo lugar vou assim”. Para a jovem Ângela Isaura, de 16 anos, esse tipo de evento tem seu lado positivo e negativo. “Gosto de ir a shows para sair um pouco com minhas amigas, mas tenho muito medo, pois sempre têm brigam e confusões, esse seria

Bruna LemeO vegetarianismo é um hábito antigo

que cresce continuamente, em especial entre adolescentes e jovens, seja por filosofia de vida, em prol do meio ambiente, ou mesmo por uma questão estética. Seja por ideologia ou por causa da saúde não há idade para se iniciar uma dieta desse tipo, de acordo com os especialistas.

Essa maneira de se alimentar trata-se de um regime baseado fundamental-mente em alimentos de origem vegetal. Os vegetarianos excluem da sua dieta carne e seus derivados, como a gelatina feita à base de ossos animais. Os adeptos mais restri-tos excluem da alimentação todo alimento proveniente de ser vivo. Já os veganos são mais radicais, excluem a dieta à base animal e deixam de adquirir qualquer artefato ad-vindo dessa origem, como alguns cosméti-cos, roupas, calçados, entre outros.

Com pais religiosos, Larissa Blumer, 17 anos, usou como pretexto a quaresma para se tornar vegetariana. “Nunca apreciei muito a ideia de precisar matar algum animal para me alimentar. Assim que notei, após quarenta dias que não senti falta alguma de carne, parei totalmente. Atualmente posso dizer que, além da questão do gosto pessoal, me preocupo com os animais e o meio ambi-ente. Achava hipocrisia alegar isso no início. Hoje, já é válido”, revela a adolescente. Com Maria Helena,19 anos, foi diferente. A ideia de ser vegetariana começou pouco antes de completar seus 12 anos. Traumatizada em ver sua avó matar galinha, decidiu pa-rar totalmente de comer qualquer tipo de carne animal. “Não como nada de carne nem frango, peixe ou frutos do mar. Só o cheiro me enjoa. Tomo leite e como ovo normal, apenas não como carne. Tento comer soja pelo menos uma vez na semana, procuro me alimentar diariamente de feijão e massas para não ter nenhum problema de saúde”, explica.

Adolescentes e as festas do peão Vegetarianismo

precoce

um lado que a organização poderia ter um pouco mais de cuidado”. Ângela também fala sobre as bebidas alcoólicas. “Eu não bebo, então não vou atrás para comprar, mas ami-gos meus que bebem compraram e, quando não conseguiam, só pediam para um amigo mais velho comprar”. Nesse tipo de festa é comum encontrar jovens entre 15 e 18 anos que entram sozinhos na festa. A psicóloga Rita de Cássia esclarece que não há problema “do menor poder entrar, proibir o menor de ir sozinho à festa não é o caminho, o que temos que analisar é a educação dos pais. A partir do momento que o filho pede para ir a qualquer festa sozinho o que tem que ser feito é uma educação, para que o menor não consuma bebida alcoólica, não pegue coisas de estranhos, enfim, uma série de coisas que tem que partir dos pais”.

Sobre o preconceito, a frequentadora da festa Franciele Werneck diz que nunca sofreu nenhum tipo de brincadeira. “Sobre usar esse estilo country, talvez seja porque para as mulheres é um estilo mais comum, pois usamos sempre uma bota e uma outra roupa que combina, e praticamente toda mulher usa uma bota no inverno, então acho que as mulheres não sofrem esse tipo de preconceito e, para ser sincera, hoje em dia nem os homens que são cowboys sofrem al-guma brincadeira”. A música sertaneja é uma tradição do país e é muito forte no interior dos estados paulista e goiano.

No que se refere à saúde, os argumen-tos do vegetarianismo são muito fortes. Parte das denominadas doenças da civilização, como a diabetes, as doenças cardiovascu-lares, câncer e problemas intestinais estão diretamente ligadas à alimentação, nome-adamente a dietas ricas em açúcar refinado, gorduras, sal e baixos níveis de fibras. Uma dieta vegetariana diminuiu a ingestão total de gorduras substituindo as gorduras animais por gorduras vegetais. A ingestão de cereais, leguminosas, vegetais e frutos garante a quantidade necessária de fibras e, ao con-sumir alimentos integrais, consegue evitar que elevados níveis de sal e açúcar contidos em muitos alimentos sejam transformados e refinados.

Assim, quando uma pessoa decide se tornar vegetariana, o primeiro passo é procurar ajuda de um nutricionista, para que, futuramente, não apresente deficiências nutricionais, causando sérios problemas de saúde, visto que o produto de origem animal é mais rico em proteína do que o produto vegetal, porém pode ser combinado com outros. “Todos os alimentos vegetais têm nutrientes, mesmo que em níveis menores. Existem muitas formas de compor uma di-eta equilibrada. Até mesmo grandes atletas adotam o vegetarianismo. Se o indivíduo se alimentar todos os dias de alimentos como leguminosas, cereais, hortaliças, frutas, gor-dura insaturada, independentemente de ser vegetariano ou não, ele será uma pessoa sau-dável, lembrando que a alimentação deve ser feita de pequenas porções e, de preferência, de três em três horas”, explica a nutricionista Fernanda Corte.

A opção de comer ou não carne sempre existirá, cabe à pessoa decidir, cuidando ob-viamente para que se esteja ofertando uma dieta saudável, com todos os nutrientes, para a idade. O correto é deixar que, no futuro, a pessoa decida o que é melhor para ela, para os animais e para o ambiente em que vive.

Page 12: Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

12

Vanessa Martins

Rafaela Davolli diz estar cansada de sofrer preconceito por seu estilo alternativo

Diferença, preconceito e rotulagem:

Diferença é algo difícil de lidar e não são todos que a respeitam, bem como nem todos conseguem perceber que o tradicional não é exatamente o conceito de certo, e sim mais um ângulo de se observar. E os que sofrem com essa rejeição do preconceito?

Vários jovens que são rotulados precon-ceituosamente têm medo de seguir seus pen-samentos e lemas, porque partem da premissa de que a sociedade não irá aceitar. Rafaela Da-volli, 19 anos, afi rma que tem medo de se vestir como quer, porque pode ser “massacrada” pelo olhar da sociedade, pela forma como os outros lidam com as diferenças. Rafaela completa que as pessoas costumam se colocar na defensiva e acabam a maltratando com a rejeição.

Para a psicóloga Maria Angela Vargas

Bueno a rejeição tem peso na vida do adoles-cente. Eles temem ser socialmente rejeitados, pois suas relações são essenciais para apren-der lições que lhes permitirão participar da sociedade adulta. Portanto, senti-mento de pertença a um grupo é tão importante ao ser humano que ele pode desajustar-se psicologicamente quando não consegue sentir-se incluído no grupo. “As identifi cações com um grupo e com uma identidade grupal são decisivas à formação in-dividual, enquanto modelos de liderança e de personalidade desde a infância”.

Maria Angela afi rma que há possibi-lidades de redução do preconceito na sociedade

se as pessoas se integragem mais aos membros de diferentes grupos, gerarem interdependência mútua, igualdade de status no contato, e tarefas cooperativas, bem como terem contato informal

com os membros do outro grupo, e pres-sionarem o poder público a aprovar normas sociais que promovam a igual-

dade, indica a especialista.Outro ato preconceituoso acontece

quando pessoas ofendem outras, devido a rótulos ligados às características genéticas e naturais da pessoa. Essas pessoas rotuladas são apontadas pela comunidade como se es-colhessem ser distintos, e suas características físicas fossem o que mais importa e, na ver-

dade, não há diferença nelas. Normalmente o preconceito com pessoas

que apresentam geneticamente características que não são da “moda” começa na adolescên-cia. A psicóloga Maria Angela pontua que a infl uência dos colegas durante a adolescência é expressiva, e costuma exercer poder coercitivo considerável – isto é, os amigos são rápidos para dispensar, desaprovar, provocar e rejeitar o jovem quando normas sociais não são seguidas. A dor de ser rejeitado por um grupo de colegas pode ser “uma questão de vida ou morte” para um adolescente. Quanto maior o poder de referência que o amigo exerce, maior a proba-bilidade de infl uência. Portanto, o preconceito causa problemas de sociabilidade, além de ser um ato que diminui e rejeita no outro a pos-sibilidade de ser e se apresentar como quiser.

A dor de ser rejeitado por um grupo de colegas pode

ser “uma questão de vida ou morte” para um adolescente

polêmicas sempre em discussão