INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS APLICADAS ISCA FACULDADES
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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS
APLICADAS ISCA FACULDADES
FERNANDO HENRIQUE COVRE RA: 133740968
RAFAEL DE SOUZA COELHO RA: 133740987
DO RAÍZ AO MODERNO: A TRAJETÓRIA DA MÚSICA SERTANEJA
LIMEIRA/SP
2016
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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS
APLICADAS ISCA FACULDADES
FERNANDO HENRIQUE COVRE RA: 133740968
RAFAEL DE SOUZA COELHO RA: 133740987
DO RAÍZ AO MODERNO: A TRAJETÓRIA DA MÚSICA SERTANEJA
Trabalho apresentado pelos alunos do sétimo semestre de jornalismo, na disciplina Projeto Experimental I. A pesquisa teve como orientadora a professora Fátima Monis.
LIMEIRA/SP
2016
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SUMÁRIO
CONTRA-CAPA ........................................................................................................ 02
SUMÁRIO ................................................................................................................. 03
RESUMO................................................................................................................... 04
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 05
1 INÍCIO DA MÚSICA SERTANEJA ................................................................... 07
1.1 TRANSIÇÃO DE ESTILOS .............................................................................. 08
1.2 PRIMEIRA ERA - SERTANEJO RAÍZ .............................................................. 09
1.3 SEGUNDA ERA - INÍCIO DO SERTANEJO MODERNO11ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
1.4 TERCEIRA ERA - CONSAGRAÇÃO DO SERTANEJO MODERNO ............... 12
1.5 QUARTA ERA - O SERTANEJO UNIVERSITÁRIO ......................................... 15
2 A ECONOMIA DA MÚSICA SERTANEJA ........................................................ 16
3 METODOLOGIA .............................................................................................. 18
4 DESCRIÇÃO DO PRODUTO ........................................................................... 19
5 CRONOGRAMA .............................................................................................. 20
6 BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 22
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RESUMO
Este trabalho pretende estudar o caminho que a música sertaneja
percorreu até chegar aos dias de hoje, seus diferentes estilos, o
mercado financeiro e a partir disto realizar um documentário.
Diversas formas de expressão desse estilo musical, ritmos
inseridos e a presença de cantores que mudaram a forma da música
sertaneja ser vista, fazem parte dessa trajetória muito importante no
nosso país.
A proposta apresenta os vários estilos diferentes que podemos
encontrar na música sertaneja e o quanto a economia desse estilo é
significante.
Palavras-chave: música, sertanejo, caipira, cultura, ritmos, mudança.
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INTRODUÇÃO
O gênero música sertaneja se refere à música originalmente
produzida e consumida na área cultural caipira, nos estados de Goiás,
São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Rondônia e Tocantins. Segundo o dicionário Cravo Albin da Música
Popular Brasileira a execução composta ou executada no campo, a
antiga moda de viola, é conhecida como “caipira” ou “sertaneja”. A
música sertaneja deriva-se do termo sertanejo, que significa o habitante
do sertão, o que ou quem vive no sertão. (Dicionário do Aurélio Online,
2008 – 2016)
A música sertaneja surgiu em 1929, quando Cornélio Pires,
pesquisador, compositor, escritor e humorista, começou a gravar
"causos" e fragmentos de cantos tradicionais rurais da região cultural
caipira, que abrange a área do interior paulista, norte e oeste
paranaenses, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e mato-
grossense. Na época das gravações pioneiras de Cornélio Pires, o
gênero era conhecido como música caipira, cujas letras traziam a beleza
bucólica e romântica da paisagem, assim como o modo de vida do
homem do interior em oposição à vida do homem da cidade. Hoje tal
gênero é denominado música sertaneja raiz, com as letras dando ênfase
ao cotidiano e maneira de cantar. (Instituto Cultural Cravo Albin, 2002 –
2016)
O gênero se caracteriza pela forma de ser cantada e com letras
que trazem ênfase ao cotidiano do sertão. Com o avanço da tecnologia
e o passar dos anos, o estilo musical foi sofrendo uma mudança e se
adaptando aos novos meios de viver. O sertanejo tradicional, chamado
de sertanejo raiz, ganhou novas vertentes para alcançar um novo
público e sobreviver no meio da música brasileira, e até hoje essa
mudança acontece.
Os grandes eventos, como Rodeios e Festas de Peão fazem girar
muito dinheiro em torno desse estilo musical, que acaba se estendendo
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além da música. Roupas de grife e estilo de linguagem também
incorporam o sertanejo mais novo, o Sertanejo Universitário.
Para a elaboração desse documentário serão realizadas
entrevistas com cantores sertanejos tradicionais, cantores sertanejos
das novas gerações, um produtor musical do gênero, estudiosos da
música caipira original e professores de música.
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1. Início da Música Sertaneja
Constituída a partir da fusão de elementos da cultura indígena,
africana e europeia, a música sertaneja de raiz começa a dar início a
sua história. Os jesuítas com seus cantos religiosos e os portugueses
colonizadores com suas modinhas oriundas de seu país, se misturaram
com os cantos e danças indígenas, originando a música caipira. Dessas
três raças, também surgiu o caipira. Segundo Sousa (2005), certamente
o caipira, da maneira que chega ao século XX, se formou no ritmo lento
da miscigenação, de modo que resultou não só da mistura do branco
com o índio, mas também a do negro com ambos.
A expressão cultural que ficou mais conhecida e se tornou
característica do caipira é a moda de viola. Um instrumento de dez
cordas e esculpida em toco de madeira, a viola foi trazida ao Brasil
pelos jesuítas portugueses. “Os colonizadores trouxeram-na para divertir
os patrícios desembarcados nem sempre por vontade própria nesse
paraíso imenso, desprovido dos confortos da corte, e para seduzir o
gentio.” (NEPOMUCENO, 1999, p. 55). O caboclo, outra denominação
de caipira, gostava de se reunir com os amigos para dançar e tocar
viola, onde surgiram as modas de viola.
A música caipira é uma manifestação espontânea do povo rural,
que reflete o dia-a-dia do trabalho, do lazer, da sua religiosidade e todas
as relações sociais existentes nessas comunidades. De acordo com
Nepomuceno (1999) o maior divulgador da música caipira nas primeiras
décadas do século XX foi o paulista Cornélio Pires.
Nascido na cidade de Tietê, interior de São Paulo, no dia 13 de
julho de 1884, Cornélio Pires é considerado um dos precursores na
divulgação da cultura caipira e principal nome na promoção da música
sertaneja. Denominado “Bandeirante do Folclore Caipira”, devido à
exposição da cultura caipira em todo o Brasil, o escritor, jornalista,
folclorista, poeta e cantor, foi o primeiro artista a gravar um disco
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independente sobre as diversas manifestações culturais e artísticas do
povo. (ASSIS, 1994).
Foi com ele que a música sertaneja passou a ser vista como
profissional. Por volta de 1914, Cornélio dedicava sua vida na
divulgação da arte caipira e organizava apresentações pelo interior de
São Paulo, a fim de apresentar artistas sertanejos. Eram chamadas de
“Conferências Cornélio Pires”.
As expressões verbais e dialetais criadas e citadas por Cornélio
Pires em seus livros e discos são utilizadas e encontradas até hoje em
cidades do interior de São Paulo e no Brasil. Ele faleceu em São Paulo
no dia 17 de Fevereiro de 1958, aos 74 anos, vítima de um câncer na
laringe. Seu nome é considerado até hoje como o principal divulgador e
pioneiro da cultura caipira e da música sertaneja raiz. Segundo o
jornalista Fábio Gomes, com essa iniciativa de gravar discos com duplas
caipiras, Cornélio foi o criador do gênero chamado música sertaneja.
“Não havendo como reproduzir em estúdio os desafios que podiam durar
horas, estrutura-se a música sertaneja, mais melódica e menos rítmica
que a caipira.” (GOMES, 2007, p. 9)
1.1 Transição de Estilos
A música sertaneja pode ser dividida em quatro etapas, onde
podemos ver claramente a mudança que ela sofreu com o passar do
tempo. A primeira apareceu em 1929 como a música sertaneja raiz que
conhecemos hoje, a segunda fase do sertanejo veio após a Segunda
Grande Guerra Mundial, a terceira fase surgiu no final da década de
1960 com a introdução da guitarra elétrica e a última era do sertanejo
apareceu na década de 2000, caracterizada como sertanejo universitário.
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A história da música sertaneja pode ser dividida em três
fases, levando em consideração as inovações que vão sendo
introduzidas no gênero. De 1929 até 1944, como música caipira ou
música sertaneja raiz; do pós-guerra até os anos 60, numa fase de
transição; e do final dos anos 60 até a atualidade, como música
sertaneja romântica. (Marta Tupinambá Ulhôa, 2004, p.60)
1.2 Primeira Era – Sertanejo Raiz
A primeira era do sertanejo surgiu em 1929, e é conhecida hoje
como o sertanejo raiz. Ela apareceu por meio de Cornélio Pires, um
jornalista e escritor que gravava contos e fragmentos de cantos
tradicionais caipiras e rurais do interior paulista, sul e triângulo mineiro,
sudeste goiano e matogrossense.
No início dessas gravações, o gênero era chamado de música
caipira, onde relatavam a vida do homem do interior e às vezes fazendo
oposição à vida do homem da cidade grande ou a beleza bucólica e
romântica da paisagem interiorana. O sertanejo raiz, hoje, traz letras
enfatizadas no cotidiano e se diferencia também na maneira de cantar.
Na época que surgiu destacaram no sertanejo raiz as duplas
Alvarenga e Ranchinho, Torres e Florêncio, Tonico e Tinoco, Vieira e
Vieirinha. Nessa época as duplas utilizavam instrumentos típicos da
música sertaneja como a viola caipira e o violão popular.
Canções populares do sertanejo raiz que ganharam destaque
nessa época foram: "Sergio Forero", de Cornélio Pires, “O Bonde
Camarão" de Cornélio Pires e Mariano, “Sertão do Laranjinha”, de
Ariovaldo Pires e "Cabocla Tereza", de Ariovaldo Pires e João Pacífico.
A moda-de-viola, forma típica da música caipira, é cantada em
dueto paralelo na distância de uma terça (três notas), com um
acompanhamento de viola, instrumento de cordas duplas e vários
sistemas de afinação de nomes bastante peculiares como
“cebolinha”, “cebolão”, “rio abaixo” etc. Na moda depois de uma
introdução (repique) pela viola, o duo canta uma cantiga estrófica
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com um conteúdo narrativo, de temática essencialmente épica,
muitas vezes satírico-moralista e menos frequentemente amorosa.
[...] Artistas representativos desta tendência, mesmo que gravando
em época posterior, são Cornélio Pires e sua "Turma", Alvarenga e
Ranchinho, Torres e Florêncio, Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha,
Pena Branca e Xavantinho. (Marta Tupinambá de Ulhôa, 2004, p 59 e
60)
Esse estilo, o sertanejo raiz, sobrevive atualmente por meio de
pessoas que ajudam a divulgar como Mazinho Quevedo (Mazinho
Quevedo e Seus Convidados), Pe. Alessandro Campos (Família
Sertaneja), Kleber Oliveira (Terra da Padroeira) e até mesmo Inesita
Barroso, falecida em 2015, um grande nome do sertanejo raiz e que
apresentava o programa Viola Minha Viola, que até hoje é reprisado na
TV Cultura.
Exemplo: “Chico Mineiro” de Tonico & Francisco Ribeiro [1946]. In Tonico
e Tinoco, Os Grandes Sucessos de Tonico e Tinoco, 1983.
Fizemo' a última viaje'
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz
Viajemo muitos dias
Pra chegar a Ouro Fino
Aonde nós passemo a noite
Numa festa do Divino
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1.3 Segunda Era – Início Do Sertanejo Moderno
O sertanejo raiz sofre sua primeira transformação com o fim da
Segunda Grande Guerra Mundial, em meados da década de 1945,
nasceu aí o sertanejo moderno. Os cantores vão incorporando novos
instrumentos, como arpa e o acordeom, e introduzindo novos estilos
musicais na sua melodia, como a polca europeia, e a temática das
canções passam a ser mais amorosas, sem deixar de lado o caráter
autobiográfico.
Em meados dos anos 1940 surgem modificações na música
sertaneja, com a introdução de instrumentos (harpa, acordeom),
estilos (duetos com intervalos variados, estilo mariachi) e gêneros
(inicialmente a guarânia e polca paraguaia, e mais tarde o corrido e a
canção rancheira mexicanos). Surgem novos ritmos como o
rasqueado (andamento moderno entre a polca paraguaia e a
guarânia), a moda campeira e o pagode (mistura de catira e
recortado) A temática vai ficando gradualmente mais amorosa,
conservando, no entanto, um caráter autobiográfico. (Marta
Tupinambá de Ulhôa, 2004, p 60)
Nessa época apareceram alguns nomes de destaque para a nova
fase da música sertaneja, como os duos Cascatinha e Inhana, Irmãs
Galvão, Irmãs Castro, Sulino e Marrueiro, Palmeira e Biá, o trio Luzinho,
Limeira e Zezinha (percursores da música campeira) e o cantor José
Fortuna (adaptador da guarânia no Brasil).
A dupla que mais marcou essa fase da música sertaneja, foi
Milionário e José Rico, na década de 1970, eles modernizaram de vez o
gênero e introduziram mais instrumentos como floreios de violino e
trompete para preencher espaços entre frases e golpes de glote (Golpe
de Glote – significa cantar com ataques vocais bruscos, golpeando uma
prega vocal contra a outra) que produzem uma qualidade soluçante na
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voz. Isso rendeu a dupla o apelido no meio musical de “Os Gargantas de
Ouro e pais do sertanejo moderno”.
Outros nomes, como a dupla Pena Branca e Xavantinho, seguiam
a antiga tradição caipira, enquanto o cantor Tião Carreiro inovava ao
fundir o gênero com samba e coco (ritmo típico da Região Nordeste do
Brasil), destacando na época o nome da dupla Tião Carreiro & Pardinho
com o pagode sertanejo.
Exemplo: "Estrada da Vida" de José Rico. In Estrada da Vida, vol.
5, 1977.
Nesta longa estrada da vida
Vou correndo não posso parar
Na esperança de ser campeão
Alcançando o primeiro lugar
Mas o tempo cercou minha estrada
E o cansaço me dominou
Minhas vistas se escureceram
E o sinal da tormenta chegou
1.4 Terceira Era – Consagração do Sertanejo Moderno
A década de 1960 consagrou a era do sertanejo moderno com a
adição da guitarra elétrica na melodia das músicas, e os pioneiros no
chamado “estilo jovem” foi a dupla Léo Canhoto & Robertinho. Mais
tarde, na década de 1970, um dos integrantes do movimento musical
“Jovem Guarda”, o cantor Sérgio Reis e o cantor e compositor Renato
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Teixeira, passaram a gravar o sertanejo moderno ajudando a divulgar e
espalhar a nova cultura dentro do estilo jovem sertanejo.
A fase moderna da música sertaneja inicia-se no final dos anos
60 com a introdução da guitarra elétrica e o "ritmo jovem" (leia-se
Jovem Guarda), por Leo Canhoto e Robertinho. Nessa modalidade de
música sertaneja os cantores alternam solos e duetos para
apresentar canções, muitas vezes em ritmo de balada, que tratam
principalmente de amor romântico, de clara inspiração urbana. (Marta
Tupinambá de Ulhôa, 2004, p 60)
Naquela época os meios de divulgação do sertanejo eram
principalmente em circos, rodeios e as emissoras de rádio AM.
Posteriormente, já na década de 1980, a sua divulgação se espalhou
para a televisão, em programas dominicais, em emissoras de rádio FM e
também em trilhas sonoras de novelas ou programas especiais.
(NEPOMUCENO,1999)
Foi na terceira era do sertanejo que surgiram os principais nome
desse gênero musical. Durante os anos 80 o mercado da música
aproveito o sucesso do sertanejo moderno e a comercialização foi
notória. Surgiram então, para alavancar o sertanejo, os nomes como:
Milionário & José Rico (que tiveram grande destaque e ascensão nessa
época), Trio Parada Dura, Chitãozinho & Xororó, Matogrosso & Mathias,
Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano, Chrystian & Ralf,
João Paulo & Daniel, Chico Rey & Paraná, João Mineiro & Marciano,
Gian & Giovani, Rick & Renner, Gilberto & Gilmar, além das cantoras
Nalva Aguiar e Roberta Miranda. Alguns dos sucessos desta fase estão
"Sonhei Com Você", de José Rico e Vicente Dias, "Fio de Cabelo", de
Marciano e Darci Rossi, "Apartamento 37", de Leo Canhoto, "De Igual
Pra Igual", de Roberta Miranda e Matogrosso, "Pense em Mim", de
Douglas Maio, "Entre Tapas e Beijos", de Nilton Lamas e Antônio Bueno,
"É o Amor", de Zezé Di Camargo e "Evidências", de José Augusto e
Paulo Sérgio Valle. (ULHÔA, 2004)
14
Nesse período do sertanejo moderno, começamos a notar a
introdução da música country, a influência do estilo norte-americano no
figurino dos artistas, um jeito mais cowboy para a identificação com os
rodeios, festas de peão e feiras agrícolas. (GUTEMBERG, 2011)
Segundo Waldenyr Caldas (1979) contra toda essa tendência que
o estilo do sertanejo moderno estava seguindo, estavam artistas que
resgatavam os valores tradicionais, como Pena Branca & Xavantinho que
buscavam os sucessos do MPB e traziam para a viola caipira e o jeito
mais tradicional do sertanejo. Surgiam também nessa época violeiros
mais sofisticados, como Almir Sater que misturava as modas de viola
com o ritmo norte-americano do blues. Na década seguinte, uma nova
geração de artistas surgiu dentro do sertanejo disposta a se reaproximar
das tradições caipiras, como Roberto Corrêa, Ivan Vilela, e Miltinho
Edilberto.
Exemplo: "Fio de Cabelo" de Marciano & Darci Rossi. In
Chitãozinho e Xororó, 1982.
Quando a gente ama, qualquer coisa serve, para relembrar
Um vestido velho da mulher amada, tem muito valor
Aquele restinho, do perfume dela que ficou no frasco
Sobre a penteadeira mostrando que o quarto
Já foi o cenário de um grande amor
E hoje o que eu encontrei me deixou mais triste
Um pedacinho dela que existe
Um fio de cabelo no meu paletó
Lembrei de tudo entre nós, do amor vivido
Aquele fio de cabelo comprido
Já esteve grudado no nosso suor
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1.5 Quarta Era – O Sertanejo Universitário
Na década de 2000, vendo um grande potencial econômico no
meio musical, a indústria fonográfica lançou no mercado o sertanejo
universitário, estilo que até hoje não parou de crescer e de mudar. Os
principais nomes do gênero são: Guilherme & Santiago, Maria Cecília &
Rodolfo, João Bosco & Vinícius, César Menotti & Fabiano, Jorge &
Mateus, Victor & Leo, Fernando & Sorocaba, Gusttavo Lima, Luan
Santana, Michel Teló, Marcos & Belutti, Thaeme & Thiago, Cristiano
Araújo, Lucas Lucco, Henrique & Juliano, Fred & Gustavo, Matheus &
Kauan, Henrique & Diego, Israel Novaes, Munhoz & Mariano, Loubet,
Pedro Paulo & Alex, João Neto & Frederico.
A transformação do sertanejo universitário é constante e a cada
ano são lançados novos nomes e estilos que fundidos com outros ritmos,
impulsionam o mercado do sertanejo. (ANTUNES, 2012)
Exemplo: “Camaro Amarelo”, de Munhoz & Mariano. In Ao Vivo em
Campo Grande, 2011.
Agora eu fiquei doce igual caramelo
Tô tirando onda de Camaro amarelo
Agora você diz: "Vem cá que eu te quero!"
Quando eu passo no Camaro amarelo
Quando eu passava por você na minha CG
Você nem me olhava
Fazia de tudo pra me ver, pra me perceber
Mas nem me olhava
Aí veio a herança do meu „véio',
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Resolveu os meus problemas, minha situação
E do dia pra noite fiquei rico
Tô na grife, tô bonito
Tô andando igual patrão
2. A economia da música sertaneja
A fase que se estendeu de 1969 até meados dos 80 foi marcada pela
consolidação da indústria cultural e a constituição de um mercado de bens
simbólicos no país, processos impulsionados pela política de modernização
conservadora da economia brasileira (ORTIZ, 1988), que acabou por
transformar a “promessa de socialização em massificação da cultura”
(RIDENTI, 2000: 13).
Foram crescendo, nesse período, os investimentos estrangeiros na
indústria fonográfica, ao mesmo tempo em que se registrou forte expansão do
mercado de fonogramas (MORELLI, 1991). Houve o reaparelhamento desse
setor com maior especialização das funções e aprofundamento da divisão de
trabalho no interior da indústria do disco.
Foi uma época marcada pela consolidação dos departamentos de
marketing nas gravadoras e pela implantação dos grandes estúdios. Em 1972,
por iniciativa do grupo econômico que mantém os jornais O Estado de São
Paulo, Jornal da Tarde e a Rádio Eldorado, foi construído o Estúdio Eldorado,
em São Paulo, na época o único estúdio de 16 canais do Brasil e o mais
moderno da América Latina. Nos anos seguintes, gravadoras de grande porte
montaram estúdios com padrões semelhantes. (ORTIZ, 1994).
Voltado para as faixas mais populares de consumo, formou-se um
segmento identificado como brega que abrigava remanescentes da Jovem
Guarda. As duplas sertanejas Léo Canhoto & Robertinho e Milionário & José
Rico, começam a se modernizar, introduzindo instrumentos eletrônicos nos
arranjos e incorporando influências de gêneros como a rancheira mexicana, a
guarânia e o bolero. De um modo geral, esses artistas apresentavam um
17
repertório com o predomínio de canções românticas e de traços
melodramáticos.
No fim dos anos 80 e início dos 90, duplas como Chitãozinho & Chororó,
Leandro e Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano, juntamente com os
intérpretes Roberta Miranda e Sérgio Reis lideraram a venda de discos no país
e passaram a ser objetos de disputas pelas firmas estrangeiras como
Polygram, Sony Music, Warner e BMG-Ariola.
Leandro & Leonardo, que venderam 1,8 milhões de cópias em
1989, atingiram a invejável cifra de 2,8 milhões no ano seguinte. Em
1992, Zezé Di Camargo & Luciano ultrapassaram a marca dos 700
mil discos vendidos, acompanhados de perto por outros nomes desse
segmento. (José Roberto Zan, 1995, p 114).
18
3. Metodologia
Esse trabalho será desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas e
entrevistas realizadas com estudiosos e historiadores da música sertaneja, com
uma linha cronológica das quatro eras do sertanejo e o mercado financeiro que
se movimenta em torno desse gênero.
19
4. Descrição do Produto
O trabalho realizado será um documentário de aproximadamente 15 minutos
baseado nos conceitos de sociologia, cultura, economia e jornalismo. Também
serão utilizados recursos eletrônicos disponibilizados em sites, como também
vídeos.
O objetivo é documentar a trajetória da música sertaneja em seus diferentes
estilos.
Serão entrevistados pesquisadores do gênero musical, especialistas no
assuntos e cantores da música sertaneja.
20
5. Cronograma
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Revisão do
trabalho
X
Apresentação
banca de
qualificação
X
Seleção de
fontes
X
Preparação
das
entrevistas
X
Montagem do
pré-roteiro
X
Gravações
X
X
X
Decupagem
das
entrevistas
X
X
X
Montagem do
roteiro
X
Gravação dos
Offs
X
Edição do
documentário
X
X
21
Finalização do
documentário
X
Montagem do
relatório
X
Revisão do
relatório
X
Preparação da
apresentação
X
Entrega do
trabalho à
Faculdade
X
Apresentação
a banca
examinadora
X
22
6. Bibliografia
ANTUNES, Edvan. De caipira a universitário: a história do sucesso
da música sertaneja. São Paulo: Matrix Editora, 2012
ASSIS, Ângelo, texto no encarte do CD Cornélio Pires – Som da Terra,
1994
CALDAS, Waldenyr. Acorde na aurora: música sertaneja e indústria
cultural. 2ª ed. São Paulo, Ed. Nacional, 1979.
Dicionário do Aurélio Online - Dicionário Português, 2008 – 2016. Disponível
em: https://dicionariodoaurelio.com/. Acesso em: 29 de maio de 2016, às
21h10.
GOMES, Fábio. Panorama Histórico da Música Brasileira. Brasileirinho
Produções: 2007. Disponível em:
http://www.jornalismocultural.com.br/panoramampb.pdf. Acesso em: 29 de
maio de 2016, às 20h38.
GUTEMBERG, Jaqueline. No Limiar Entre a Música Sertaneja e o
Caipira. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São
Paulo, julho 2011. Disponível em:
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300892880_ARQUIV
O_textoanpuh.pdf. Acesso em: 29 de maio de 2016, às 21h04.
Instituto Cultural Cravo Albin, 2002 – 2016. Disponível em:
http://www.dicionariompb.com.br/. Acesso em: 29 de maio de 2016, às 21h12.
MORELLI, Rita. Indústria fonográfica: um estudo antropológico. Campinas,
Ed. da Unicamp, 1991.
NEPOMUCENO, Rosa. Música Caipira: da roça ao rodeio. São Paulo: 1999.
ORTIZ, Renato. Moderna tradição brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1988.
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994
RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução,
CPC à era da TV. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SOUZA, Walter de. Moda inviolada: Uma história da música caipira. São
Paulo: Quiron, 2005.
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ZAN, José Roberto. Da roça a Nashville. Rua – Revista do Núcleo de
Desenvolvimento da Criatividade, Campinas: Unicamp, n. 1, mar. 1995.
Disponível em:
http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8638928/6531.
Acesso em: 29 de maio de 2016, às 20h57.