Jornal ESCrito 28

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Escola Secundária de Casquilhos - Barreiro Diretor: Renato Albuquerque Ano VI N.º 28 abr 12 Preço: 0,50 • páginas 5 a 12 página 2 O próximo ano letivo ainda não começou mas já se anuncia cheio de novidades. Mais pormenores na Novidades História da escola Nas comemorações dos 50 anos deste espaço que ocupamos, divulgamos diversos elementos para a sua história. Um conjunto de artigos nas páginas 13 e 14 Dia das Artes Já vai na 5ª edição e para falar de Artes nada melhor do que uma reportagem fotográfica. Relembra o que aconteceu nas

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Jornal escolar da Escola Secundária de Casquilhos - Barreiro

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Page 1: Jornal ESCrito 28

Escola Secundária de Casquilhos - Barreiro Diretor: Renato Albuquerque

Ano VI N.º 28 abr12

Preço: 0,50 •

páginas 5 a 12página 2

O próximo ano letivo ainda nãocomeçou mas já se anuncia cheio denovidades.

Mais pormenores na

Novidades História da escolaNas comemorações dos 50 anos

deste espaço que ocupamos,divulgamos diversos elementos paraa sua história.

Um conjunto de artigos naspáginas 13 e 14

Dia das ArtesJá vai na 5ª edição e para falar de

Artes nada melhor do que umareportagem fotográfica.

Relembra o que aconteceu nas

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2 ABR.2012 N.º 28 ESCrito

Ficha técnica ESCrito Proprietário: Escola Secundária de Casquilhos – Barreiro Diretor: Renato Albuquerque (prof. G. 400) Colaboraramneste número: António José Almeida (ex-aluno); Mária Almeida(Prof. G. 500); Mestre Coelho (ex-Prof. G. 510) Fotos: Andreia Saraiva (12ºC); Leonor Inácio(Prof. G. 400). As fotos não identificadas são de Renato Albuquerque Maquetagem: ReAL Impressão: Serviços de Reprografia da Escola Capa: ReAL Correspondência: Jornal ESCrito. Escola Secundária de Casquilhos. Quinta dos Casquilhos. 2830-046 BARREIRO Telef.: 212148370 Fax: 212140265 E mail: [email protected] Tiragem desta edição: 250 exemplares

Os textos não assinados são da responsabilidade da Direção.O ESCrito adota a ortografia do Acordo de 1990.

António Mourão

(1937-2012)

Faleceu no passado mês de Março o Sr.António Mourão que trabalhou comoauxiliar de ação educativa durante váriosanos nesta escola.

o Sr. Mourão desempenhou as suastarefas principalmente no turno noturno(quando ainda existiam essas aulas nanossa escola), geralmente na portaria daescola pelo que todos os alunos oconheciam.

À família enlutada, apresentamos asnossas mais sentidas condolências.

Foto: Serviços Administrativos da ESC.

SaudadeO próximo ano letivo vai trazer

novidades, algumas já anunciadas epublicadas, outras que se vão sabendopela comunicação social.

De entre elas, destacamos:

- a escolaridade obrigatória passa parao 12º ano ou 18 anos. Esta medida vai seraplicada pela primeira vez aos alunos queterminam este ano o 9º ano e que terão deficar na escola até ao 12º ano ou atéconcluírem os 18 anos de idade;

- o ensino do inglês é reforçado,passando esta a ser a língua estrangeiraobrigatória no 2º e 3º ciclo e mantendo-sea opção por uma outra língua estrangeiraapenas no 3º ciclo;

- aumenta, no 3º ciclo, a carga letiva devárias disciplinas: História e Geografiapassam a ter, no seu conjunto, 5, 5 e 6tempos letivos no 7º, 8º e 9º anos,respetivamente (eram 4, 5 e 5 tempos);Ciências Naturais e Físico-Químicapassam a ter 6 tempos em cada um dosanos (em vez de 4, 4 e 5 tempos). Nestecaso, ainda não se sabe como serão feitosos desdobramentos, embora se avance ahipótese de serem feitos em semanasalternadas;

- a disciplina de Educação Visual passaa existir nos 3 anos do 3º ciclo (2 temposno 7º, 8º e 9º anos);

- a disciplina de Tecnologias deInformação e Comunicação (TIC) inicia-seno 7º ano, embora no próximo ano letivoseja lecionada também no 9º ano. Nodesenho curricular apresentado peloMinistério da Educação TIC passa a estarem alternativa com uma disciplina deOferta de Escola;

- no 12º ano a disciplina de Portuguêspassa de 4 para 5 tempos semanais;

- a disciplina de Desenho (do 10º ao12º ano) volta a ter 3 tempos semanais de90 minutos, perdendo 45 minutossemanais;

- as disciplinas de opção do 12º ano(Psicologia B, Química, Biologia,

Sociologia, Geografia C…) passam de 6para 4 tempos semanais;

- Formação Cívica, que já tinhadesaparecido do 3º ciclo, juntamente comÁrea de Projeto e Estudo Acompanhado,desaparece também do 10º ano.Esta disciplina tinha, aliás,começado a ser lecionada no10º ano apenas neste anoletivo;

- a disciplina que a escolapodia oferecer, no 7º e 8º anos,e que é constituída atualmentepor “Expressão Plástica”,desaparece;

- a escola pode oferecer, comcarga letiva a definir, uma“oferta complementar” emcada um dos 3 anos letivos do3º ciclo, embora essa ofertaseja retirada do crédito dehoras a que a escola tem direitoe não da carga letiva;

- para além de todas estasalterações, o Ministério daEducação permite ainda quesejam as escolas a organizaros tempos letivos, deixando deser obrigatório que cadadisciplina tenha 45 ou os 90minutos diários, desde que osprogramas sejam cumpridos,com o mesmo número de horas

anuais.

Entretanto, anuncia-se já para opróximo ano letivo o aumento do tamanhodas turmas, passando de 24-28 para ummínimo de 26 e um máximo de 30 alunos.

Novidades para2012/13

Cartoon de Antero. http://antero.wordpress.com/

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ESCrito N.º 28 ABR.2012 3

Editorial

Portugal e aspalmeiras Renato

Albuquerque

Human Rights and Digital Literacy forYoung Europeans

Esta parceria multilateral, inserida noPrograma de Aprendizagem ao Longo daVida (PROALV), da Comissão Europeia, tema duração de dois anos, ao longo dosquais serão desenvolvidas diversasatividades educativas, assim comoatividades de mobilidade a todos os paísesparticipantes.

Até ao momento, este projeto Comenius,coordenado pela professora CristinaRamalho, já envolveu uma deslocação de2 professoras à Turquia entre 24 e 29 deoutubro do ano passado e uma outra àItália entre 12 e 18 de fevereiro. Nestasegunda deslocação, para além de 3professores, participaram também 3alunos do 10º ano da nossa escola.

Cada uma das duas turmas envolvidas(10º A e 10º C) realizou também um guiãopara um filme sobre os direitos humanos,tendo também recolhido, com acolaboração da Associação Cultural OsFilhos de Lumière, as imagens e os sonsque irão, em breve, ser editados.

Da esquerda para a direita: os alunos RuiBravo (10º C), Érica Santos e Lara Matos (10º

A) em Itália

A próxima visita está programada paraEspanha, no próximo mês de maio, e oponto alto para nós será a receção, nosCasquilhos, dos representantes de todasas escolas participantes em abril de 2013.

Entretanto, pela temática escolhida,este projeto recolheu também o apoio dasNações Unidas.

O logótipo deste projeto foi aprovadoem fevereiro na reunião das várias escolasque teve lugar na Sicília, em Itália, sendoescolhida uma proposta realizada pelaaluna Yuliya Pavelko do 11ºF (CursoProfissional de Design Gráfico).

A autora do logótipo, Yuliya Pavelko

A nossa escola está a desenvolver um projeto europeu com mais cinco países(Eslováquia, Espanha, Itália, Polónia e Turquia) subordinado ao tema “Human Rightsand Digital Literacy for Young Europeans” cujo objetivo principal é a promoção dosdireitos humanos através das novas tecnologias.

ESCOLAS ENVOLVIDAS

Eslováquia - Gymnazium Bl. Pavla PetraGojdica Presov, Prešov;

Espanha - IES Sácilis, Pedro Abad(Córdoba);

Itália - Istituto Tecnico IndustrialeStatale “Evangelista Torricelli”, Sant’AgataMilitello;

Turquia - Mehmet Gunes AnadoluOgretmen Lisesi, Sanlýurfa;

Polónia - Zespol Szkol W Libiazu, Libiaz;Portugal - Escola Secundária de

Casquilhos - Barreiro.

PARA SABER MAIS

h t t p s : / / s i t e s . g o o g l e . c o m / s i t e /comeniusescallrights

As imagens deste artigo são retiradasdeste site.

1.

Quando andava na escola primária, emLisboa, a minha professora, a D. Domitília,beirã da Guarda e admiradora de Salazar,cumpria escrupulosamente as funções queo Governo da altura (Governo com “G”maiúsculo, como queria Salazar) lhedeterminava.

Entre muitas outras coisas, lembro-mede como ela elogiava as muitas virtudesda Pátria que até no clima semanifestavam e que permitiam quecrescessem, por todo o lado, magníficaspalmeiras.

Essas palmeiras, majestosas, queforam crescendo um pouco por todo olado, em casas particulares mas tambémplantadas pelas autarquias nos espaçospúblicos, existentes até na nossa escola,estão doentes: uma praga de escaravelhosvermelhos vindos de África chegou a Por-tugal, nidificou dentro dos troncos destasárvores e vai-as corroendo até à morte.

A solução era possível se todas asentidades, públicas e privadas, se tivessemunido, investido algum dinheiro, efetuadoos tratamentos preventivos existentes eeliminado da forma correta as árvoresmortas.

Em vez disso, por todo o lado,encontramos palmeiras de folhas mais oumenos amarelecidas, caídas ou totalmentemortas, à espera de um sopro de vento queas derrube, talvez em cima de alguém.

As palmeiras estão irremediavelmentecondenadas.

2.

Acabou-se o país rico em que vivíamose que tinha dinheiro para, de uma só vez,reconstruir todas as escolas do ensinosecundário.

A promessa de termos grandes obrasde requalificação na nossa escola, talvezmesmo um pavilhão desportivo e melhorescondições de trabalho caiu por terra.

Este sonho está adiado.

3.

A crise chegou, vinda não se sabe deonde, e instalou-se dentro do país,corroendo-nos a vida e a alma.

O país está condenado?

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4 ABR.2012 N.º 28 ESCrito

Soluções da página 16Sudoku

Voltas à cabeça

Estudar é...

A. A face amarela.

B. Se cada bife demora 20 minutos agrelhar, isto significa que cada ladodemora 10 minutos. Se a cada bifeatribuirmos uma letra e a cada lado umnúmero (o primeiro bife seria A1 e A2) omelhor esquema seria do estilo: A1+B1,A2+C1, B2+C2. Assim, os 3 bifes estariamgrelhados ao fim de 30 minutos.

Galeria d’Arte

Abr.2012 | Reciclagem? Design? Arte? | 8º B e9º A | Coordenadora: professora Helena

Oliveira

A Galeria d’Arte mostra os projetos desenvolvidos pelos alunos de artes, renovando periodicamente o espaço da nossa escolasituado em frente da sala de professores.

"O que a reciclagem tem a ver com aarte?!? Tudo!!!

Os materiais que seriam jogados ematerros sanitários ou em papelões, quepassaria anos ou décadas decompondo-se e consequentemente poluindo o nossohabitat, servirá de matéria-prima para osmais variados objectos de arte.

Essa arte é voltada para aconsciencialização da população de queé possível sim, através da reciclagemmelhorar a nossa qualidade de vida eprincipalmente mostrar que até no 'lixo'existe arte.

Nem todos os artigos reciclados têmque ter um propósito funcional em mente,algumas das obras mais atraentes da artereciclada são apenas isso - pedaçoestético concebido para inspirar e provocara emoção do pensamento.

Desde design, escultura ou pintura delixo, aqui se apresentam algumas peçascriativas, embora não necessariamentefuncionais, obras de arte e designreciclado."

Fev.2012 | Cartão iluminado | 12º E

Coordenadora: professora Carmen Luís

O projeto “Cartão Iluminado” foirealizado no âmbito da disciplina deMateriais e Tecnologias, pelos alunos do12ºE.

Os objetivos do projeto foram baseadosnos princípios do eco-design:

Escolha de materiais de baixo

Celebrando o Halloween 2011prestamos homenagem a Edvard Munch(1863-1944) e a uma obra marcada pelodesespero, desencanto, ansiedade ouangústia.

O Grito, Desespero, Ansiedade ouAngústia foram algumas obras do pintornorueguês nas quais deixou vincada aperturbação emocional e psíquica quepercorreu a sua vida.

Acerca de O Grito registou no seu diárioo estado de espírito que o invadiu e serviude inspiração à obra:

Out.2011 | O terror das forças da NaturezaCoordenador: professor Paulo Nunes

impacto ambiental

Eficiência energética

Qualidade e durabilidade

Modularidade

Reutilização/Reaproveitamento

Partimos do material (cartão) e domódulo para criarmos objetos deiluminação, que fazem parte do nossoambiente. São peças funcionais, estéticase ecológicas.

A partir da repetição do móduloconstruímos a estrutura que deu origemao objecto final, patente nesta exposição“Cartão Iluminado”.

Out.2011 | Casquilhos, 50 anos

Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-mesobre a muralha – havia sangue e línguasde fogo sobre o azul escuro do fiorde esobre a cidade – os meus amigoscontinuaram, mas eu fiquei ali a tremerde ansiedade – e senti o grito infinito daNatureza.

Nas suas pinturas de caráter fortementeexpressionista existe uma carga emotiva,ansiosa e perturbada onde amor einquietação, solidão e melancolia, dor emorte se conjugam naquilo que o pintordesignou de “o terror das forças danatureza".

Para lembrar os 50 anos dos Casquilhoscomo espaço educativo, um conjunto deprofessores passou a pente fino asdiversas arrecadações da escola edesenterrou autênticas peças de museuque foram, durante muitos anos, osinstrumentos didáticos e pedagógicosusados com os nossos alunos. (...)

Nesta foto vemos manuais escolares,do tempo em que eram o "livro único" (...),um projetor de diapositivos, globosterrestres e mapas, um sismógrafo (...) eaté um Spectrum (aquele que foi, de facto,o primeiro computador pessoal (...))

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ESCrito N.º 28 ABR.2012 5

A Escola Secundária de Casquilhos, no Barreiro, ocupa atualmente instalações que foram inauguradas a 9 de Outubro de 1961sob o primeiro nome de Externato João Manuel Venâncio, mais tarde Externato D. Manuel de Mello, posteriormente, secção doBarreiro do Liceu Nacional de Setúbal, Liceu do Barreiro e Escola Secundária do Barreiro, tendo sido aprovado o presente nome emDespacho de outubro de 1992.

Neste primeiro texto procuraremos ilustrar, recorrendo a jornais da época, a normativos e a artigos encontrados, a história danossa Escola.

A primeira referência a umestabelecimento de ensino secundárioexistente na vila do Barreiro, é de umcolégio particular, o “Colégio Barreirense”para o ensino liceal, comercial eindustrial, fundado em 1928 epropriedade do professor José JoaquimRita Seixas. No final da década de 20 einício da de 30, as famílias barreirenses,com poucos recursos financeiros, nãotinham, na sua maioria, condições paraque os seus filhos continuassem osestudos em Lisboa.

A necessidade de tornar a populaçãobarreirense mais preparada para odesempenho de tarefas numa vilaessencialmente operária, onde a mão-de-obra especializada constituía umanecessidade constante, será fundamentalpara o aparecimento de uma escolaessencialmente técnica.

Sobre essa tipologia de ensino, asprimeiras referências que encontramos auma escola oficial de nível secundário noBarreiro, aparecem no preâmbulo doDecreto n.º 35402, de 27 de dezembro de1945.

De há muito que se fazia sentir na vilado Barreiro a necessidade da criação deuma escola de ensino técnico; bastará dizerque desde há muitos anos atinge algumascentenas o número de alunos que residemnaquele grande centro industrial efrequentam as escolas industriais ecomerciais de Lisboa.

Muito se deve ali, neste campo, àiniciativa particular. E a Câmara Municipalque muito tem pugnado no sentido de serdotada aquela vila de uma escola técnica(…)

É também criada, nesse mesmodecreto, uma Comissão de Patronato que,em ligação com a Escola, é constituída pordelegados da Câmara Municipal,Organismos Corporativos locais –representativos das atividadesprofissionais e económicas cujo ensinoera ministrado na Escola – bem comopelas empresas industriais e comerciais

que pudessem empregar os alunos ediplomados pelos diversos cursos.

A escola a que nos referimos, a EscolaIndustrial e Comercial Alfredo da Silva,será inaugurada a 12 de janeiro de 1947.

Em 15 de dezembro de 1960 é criadana vila do Barreiro uma segunda escolado ensino técnico. No preâmbulo doDecreto n.º 43 401, é justificado a criaçãodessa nova escola – a Escola TécnicaElementar do Barreiro.

A par do alcance educativo quecomporta, a difusão do ensino técnicoconstitui uma das faces mais relevantes dosplanos de fomento económico. Por isso oGoverno lhes vem dedicando a melhoratenção. (…) criam-se, pelo presentediploma, mais sete escolas.(…) As duasrestantes destinam-se a assegurar odescongestionamento dos centros deensino existentes nas mesmas localidades:a cidade do Porto e a vila do Barreiro.

Assim, a partir do ano letivo de 1961/62 entrou em pleno funcionamento aEscola Técnica Elementar do Barreiro edeixou de ser ministrado o ensino do ciclopreparatório na Escola Industrial eComercial Alfredo da Silva.

Sendo este aparecimento coerente como plano de fomento já referido e com ocrescente operariado existente na vila doBarreiro, não era esta escola sentidacomo necessária para uma fatia dapopulação que procurava um futuro nãofabril.

Não existindo no Barreiro um grandeestabelecimento de ensino não técnico, apopulação jovem que não frequentava ocolégio Barreirense ou o ensino Comerciale Industrial, estudava entãomaioritariamente em Setúbal. Referiasobre essa temática o semanário da vila,o Jornal do Barreiro:

Existia um só comboio que partindo doBarreiro às 7.20 h devia chegar a Setúbalàs 8.06. Simplesmente, por isso ou aquilo,o comboio atrasa-se e nem sempre chega àcapital do distrito a tempo de permitir aosnumerosos estudantes do concelho do

Barreiro a entrada no liceu antes de iniciadaa primeira aula

Resultado: os alunos são consideradosfaltosos, o que os prejudica, visto que há,na lei, um limite de faltas, para além doqual se corre o risco de perder o ano. (Jornaldo Barreiro, n.º 531, de 8/12/1960, p.5)

Continua ainda o artigo com umnúmero que consideramos interessante:

São centenas esses estudantes (apropósito informamos os nossos leitores deque, da população estudantil do liceu deSetúbal, mais de 50% residem no concelhodo Barreiro). (idem)

Nesse mesmo jornal, ainda na mesmapágina, aparece um outro artigo intituladoO Barreiro carece de um Liceu oficial, emque se começa por referir ser uma dasgrandes aspirações do Barreiro a de terum liceu, quer pelo elevado número deestudantes que por um lado, ou estudavamem Setúbal, distante 30 quilómetros e compouco fiáveis comunicações, ouestudavam em Lisboa, requerendo atravessia do rio. Acrescentava ainda oinconveniente de quer uns quer outros,terem de se levantar “demasiado cedo”.Pela primeira vez encontramos uma notasobre a nossa escola. O artigo em causarefere:

Constou, há pouco, que a CompanhiaUnião Fabril está disposta a criar no Barreiroum liceu particular, para os filhos dos seusempregados. Seria bom, mas não é osuficiente. É preciso ir mais além,conseguindo do Ministério da EducaçãoNacional um liceu oficial, ao menos para oprimeiro ciclo. (idem)

A Companhia União Fabril (CUF), naaltura a maior empregadora do Barreirojá dispunha, para os filhos dos operáriosda empresa, de uma escola primária - OExternato C.U.F. - e de duas creches, umapara latentes e outra para crianças de 1 a3 anos. Contudo, sentia a necessidade deum outro estabelecimento de ensino paraos filhos dos quadros superiores e essadiferenciação já era referida ao mencio-

História de 50 anos de ensino nos Casquilhos – IMária Cristina AlmeidaAntónio José Almeida

Projeto financiado pelo FPdMC/07/2011/12

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6 ABR.2012 N.º 28 ESCrito

nar ser o externato para “os operários daempresa”.

Sente então a CUF e, como já referimos,a pedido dos engenheiros desta empresaque reclamavam pelo facto de os seusfilhos não possuírem nesta vila outro localpara estudar para além da EscolaIndustrial Alfredo da Silva e não

desejarem que os seus filhos abraçassemo ensino técnico, a necessidade deconstruir um liceu no Barreiro. Seráescolhido para a tarefa o arquitetoFormosinho Sanches. A revistaArquitectura, n.º 77, de jan. 1963,desenvolve um interessantíssimo artigoexplanando uma nota descritiva e ascaracterísticas e comentários técnicossobre a obra realizada. É referido, porexemplo, nesse artigo que

Na estrutura do liceu distinguem-seclaramente os dois sectores fundamentaisrelacionados com a idade dos alunos: o 1.ºciclo que constitui a primeira fase da obra ea que se referem as fotos da obra que sepublicam, os 2.º e 3.º ciclos, agrupados deforma mais compacta, com aulas em pisossobrepostos, ao contrário da solução dadaaos primeiros anos em que está asseguradoo contacto imediato com o espaço exterior.(Revista Arquitectura, n.º 77, Jan. 1963,p.6) (1)

A construção será acompanhadasempre com “elevado interesse” pelapopulação e pelo já referido Jornal doBarreiro.

No n.º 561, de 22 de junho de 1961, érelatado, em artigo intitulado Começou aconstrução do Colégio-Liceu do Barreiro, “tersido recentemente iniciada a construção do

Colégio-Liceu, no sítio dosCasquilhos. A obra orçada emmais de 4000 contos (2) estava acargo, não da Companhia UniãoFabril, embora com o seupatrocínio, mas da firma A. Silva& Silva, do Seixal”. Era essa“conceituada empresa”, referidaassim pelo artigo, que estavaconstruindo o «nosso» liceu,salientando não ser o colégioapenas para os familiares dosempregados da CUF mas paratodos os habitantes do Barreiroe ser o Patriarcado quemadministrava a construção.

No n.º 565, de 20 de julho,em artigo intitulado Externato D.Manuel de Mello, nome peloqual será posteriormenteconhecido, refere quecontinuava em bom ritmo aobra, “na Quinta dos Casquilhos,

Jornal do Barreiro, nº 568

local magnífico de localização e a que aabertura dum novo acesso irá integrar,perfeitamente no perímetro urbano”. Con-tinua o artigo acrescentando que o colégioentraria em funcionamento no próximomês de Outubro e desde logo com o 1.ºciclo (1.º e 2.º anos). Funcionaria o 3.º anose se verificassem inscrições em númerosuficiente. Nos anos seguintes seriamlecionados todos os anos do Curso Licealaté ao 7.º ano, para a frequênciamasculina e feminina. Era ainda referidaser a orientação do colégio asseguradapelo Rev. Sr. Padre Cabeçadas doPatriarcado de Lisboa e estar a secretariajá a funcionar, provisoriamente, na Ruada União, n.º 20.

A primeira imagem da construçãovamos encontrar no n.º 568, de 10 deagosto. Salientava que estava para breveo início dos trabalhos de construção darua de acesso por forma a que no iníciodas aulas fosse possível à Câmara Mu-nicipal levar os seus autocarros até aoExternato para transporte dos alunos eprofessores.

No n.º 569, de 17 de agosto,encontramos uma descrição doandamento da construção, pelo que deveo repórter do jornal ter visitado o localdas obras. Descreve então aquilo que viu.Vamos transcrever uma parte substancial

Jornal do Barreiro, nº 569 (1)

Casquilhos:

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ESCrito N.º 28 ABR.2012 7

do artigo pelo seu interesse ao descrevera nossa escola e os seus propósitos:

Quem for ver as obras do Colégio Liceupoderá apreciar que um corpo de dez aulasestá já no fim de acabamentos interiores eoutro já entrou em idêntica fase. Os recreiosestão delineados e aguardam apenas ascoberturas metálicas e o corpo centralnecessário à ligação em breve entrarátambém em acabamentos. A primeira faseestará portanto pronta a receber os alunosna data de abertura das aulas. (…) Narealidade o projecto do FormosinhoSanches é verdadeiramente sensacional.Não conhecemos em Portugal nada nogénero. O Barreiro vai ter um Colégio-Liceuque despertará pelas suas instalaçõesverdadeira curiosidade nos meios escolarese arquitectónicos. O local privilegiadopossui na moldura de floresta que o envolveem tom de interioridade e de estudo quenão podia ser quebrado por um edifício degrandes proporções e por isso se adoptouuma construção em corpos colados àencosta e espraiando-se por ela de maneiraque todos e cada aluno trabalhassemdentro da escola com se estivessem nobosque. Longe de ruas barulhentas e dasimetria monótona e triste de aglomeradospopulacionais, o Colégio-Liceu é um pulmãomagnífico em que o trabalho intelectual dacriança se pode fazer num ambientesaudável e tonificante. Sem luxos nemconfortos excessivos o traçado funcional ea construção sóbria revelam uma intençãode ordem e disciplina que permita aosrapazes e raparigas adquirirem uma noçãode trabalho e método sem a qual nãopoderão vir a ser elementos válidos dasociedade.

Esse mesmo número do jornal dava anotícia de que também se iria iniciar o 3.ºano liceal, já que existiam alunossuficientes para que tal fosse possível, eterminava com a publicação de mais trêsfotografias.

A primeira mostra uma das salas comvista para o que atualmente chamaríamoso eucaliptal, à altura referido por o bosque.

A segunda, uma das salas de aulas quepensamos serem as atuais B´s.

Por fim uma imagem do caminho quea Câmara Municipal do Barreiro teve deconstruir. Esta imagem é expressiva do

Jornal do Barreiro, nº 569 (2)

afastamento da nossa escola em relaçãoà vila do Barreiro em 1961.

Chegamos finalmente ao dia 9 deOutubro de 1961. Encontramos duasnotícias referentes à inauguração. Aprimeira e a mais curiosa das que vamosmencionar durante este trabalho é apublicada pelo Diário de Lisboa na suaedição desse mesmo dia, na secçãointitulada “Diário da Outra Banda”.

Jornal do Barreiro, nº 569 (3)

Insere-se aí a notícia, recebida pelotelefone, de que tinham aberto nesse dia“as aulas no ‘Externato João ManuelVenâncio (3)’ de que é director o padre JoãoSoares Cabeçadas. A frequência éaproximadamente de 100 alunos de am-bos os sexos.” Continuava referindo que “Ainauguração oficial desse importanteestabelecimento de ensino que muito veiovalorizar o concelho, deverá efectuar-se

cinquenta anos de ensino

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quando estiver terminada a segunda fasedo gio e dos problemas do Algarve”.

Certamente que o tipógrafo quetrabalhou nesta página trocou a últimafrase pelo que pensamos que se referia à“segunda fase do estabelecimento deensino” e não do “gio e dos problemas doAlgarve”. Podemos dizer que até a notíciada sua inauguração foi atribulada (4).

O Jornal do Barreiro dá uma notíciamais pormenorizada. Descreve que asessão inaugural, realizada pelas 16horas, primeiro com a alocução de boasvindas pelo diretor do colégio “que a todosagradou pela elevação de conceitos”, tevea comparência das famílias dos alunos,terminando a mesma com uma visita àsinstalações escolares. Assinalou ainda acolaboração da Câmara Municipal doBarreiro pela construção dos acessos epela criação de duas carreiras deautocarros que serviam o colégio. Nãoterminou a notícia sem um reparo críticoà notada falta de presença de algumasindividualidades:

O Jornal do Barreiro aproveita o ensejopara renovar os agradecimentos de toda apopulação a quem tão generosamentedotou esta terra de mais uma excelenteescola, suprindo uma impossibilidade quese deparou ao Estado de o fazer – os Srs. D.Manuel de Mello e Dr. Jorge de Mello e SuaEminência, o Senhor Cardeal Patriarca.

abril de 1962 e publicado no Diário doGoverno n.º 130 de 1 de junho dessemesmo ano. Esse alvará concedia à Dio-cese do Patriarcado de Lisboa aautorização para o funcionamento de umestabelecimento de ensino particularliceal (1.º e 2.º ciclos) (o que seria hoje o2.º e 3.º ciclo do ensino secundário - do5.º ao 9.º ano), fixando a lotação em 320alunos externos no total, sendo 160 paracada uma das secções – masculina efeminina, em regime de planos eprogramas oficiais, ainda sob a direçãodo “R. P. (7) João Soares Cabeçadas”.

A segunda, era nunca se referir umapossível autorização para se poderlecionar o 3.º ciclo (6.º e 7.º ano), mas tersido essa possibilidade referida pordiversas vezes nos jornais, assim como

estaria prevista numa 2.ª fase do projetode construção, em que era referido ser umprojeto para 600 alunos.

A última mas talvez a mais importantee que ainda hoje não se resolveu, ajustificação para a interrupção naconstrução da 2.ª fase. Essa fase teria tido,e a imagem o demonstra (8), um ginásio eum anfiteatro assim como um novo blocopara o 2.º e 3.º ciclo.

(continua no próximo número)

Diário de Lisboa, 9 de outubro de 1961

Revista Arquitectura, nº 77, pág. 8

Sobre a continuação das obras foi, nasessão de inauguração referido que

As obras de construção da 2.ª fasecontinuarão em ritmo acelerado mas semprejuízo das aulas e por forma a quequando se iniciar o ano lectivo de 1962-1963 todo o excelente conjunto de edifíciosque o Sr. Arquitecto Formosinho Sanchesconcebeu se encontre em plenofuncionamento.

Da leitura das notícias acima descritase do normativo que autoriza a abertura doexternato notamos algumas discrepânciasem relação à realidade atualmenteencontrada.

A primeira, o nome do externato “JoãoManuel Venâncio”. Em conversa com oúltimo reitor do Externato (5), foi referidoterem acontecido situações semelhantes

com outros colégios. Por não terem sidoemitidos os alvarás definitivos a tempodo início do ano letivo, eram utilizadosalvarás já licenciados. Pensamos ter oExternato, durante a espera para a emissãodo alvará, utilizado provisoriamente umalvará anteriormente concedido. Só maistarde será emitido o alvará com o n.º 1674,para o funcionamento do “ExternatoManuel de Melo (6)” situado na Quinta dosCasquilhos, que acontecerá no dia 16 de

Casquilhos:

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ESCrito N.º 28 ABR.2012 9

NOTAS:(1) Este artigo pode ser consultado no site

da escola, em www.esec-casquilhos.rcts.pt/historia.htm

(2) Vinte mil euros em moeda atual.(3) Sobre este nome revelou-se, até ao

momento, infrutífera a nossa pesquisamas não a daremos por terminada até

se deslindar este nome.(4) Procurámos em todo o jornal qual seria

a troca existente no texto, mas tal buscarevelou-se inglória.

(5) Professor Fernando Alves Cristóvão,membro da diocese de Lisboa.

(6) De notar que o alvará refere o Externato

por “Externato Manuel de Melo” e nãocomo normalmente o designamos“Externato Diocesano D. Manuel deMello”.

(7) R.P. - Reverendo Padre.(8) Revista Arquitectura, n.º 77, jan. 1963,

p. 8. Ver Nota 1 deste artigo.

A Quinta dos Casquilhos vai à praça[1]

no Seixal, então comarca do Barreiro, em1902, conforme cita o jornal daquela vilaseixalense, “O Sul do Tejo”. Dessa notíciasoubemos que [a] Quinta se compõe depropriedade urbana e rústica, “comentrada por um portão de ferro colocadopara um caminho de servidão.

A parte rústica compõe-se de horta, terrade semeadura, vinha, oliveira e algunspinheiros, tendo poço com uma nora,tanque, poço com moinho automático,tanque e bomba para levar água para ojardim, parreira com esteios de ferro,tanque para lavar e para regas, mina comregadeiras para condução de água, ebosque.

A parte urbana está dividida em trêscorpos: o primeiro é para habitação, com

lojas e primeiro andar, tendo este dozecompartimentos, e na casa de jantar umatorneira para água com um recanto emmármore e estuque: num doscompartimentos existe uma retrete emmármore e madeira, lavatórios em pedrabranca com uma torneira, noutrocompartimento tem retrete para creados;além dos referidos compartimentos hádespensa e um pequeno sótão. Tem entradapelo jardim por meio duma escada depedra com grades de ferro e além daentrada principal há outra entradareservada. Nas lojas tem adega, celeiro ecasa para caseiro com quatro compar-timentos; junto à casa está um jardimguardado por um gradeamento de ferromontado sobre um muro de pedra e cal;tem um largo, canteiros, árvores de jardim

A Quinta dos Casquilhos em 1902

NOTAS:[1] Ir à praça: ser posta à venda.[2] Casa de malta: dormitório para

trabalhadores rurais ocasionais.[3] Lugar para guardar gado, carros e

utensílios agrícolas.[4] Curral.

Reproduzido de Um Olhar Sobre o Barreiron.º 4 – II Série – abril de 1991

e palmeira. O segundo corpo compõe-sede casa de malta[2] com forno e abegoaria[3]

grande com uma mangedoura e pia depedra. O terceiro corpo compõe-se de casapara guardar carro, arribana[4], casa paracreação com três compartimentos evedada à frente com rede de arame e casade arrecadação.”

Foto tirada sobre parte da Quinta dos Casquilhos a partir do local da atual escola(foto: Silvestre. 1965?)

cinquenta anos de ensino

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10 ABR.2012 N.º 28 ESCrito

Evolução do número de alunos (1972/1995)Fazer a história de uma escola é sempre falar dos alunos que por lá passaram.

Neste artigo não falamos de pessoas concretas mas de números, ou melhor, da evolução do número de alunos desde o ano letivode 1972/73, em que a escola apenas funcionava no período diurno, até 1994/95.

Socorremo-nos dos dados contidos num trabalho realizado em 1995/96 para a disciplina de História, lecionada pela professoraBebiana Gonçalves, e que, graças ao esforço enquanto desempenhou a função de bibliotecária nesta escola, se mantém arquivado nanossa biblioteca(1).

Chamamos a atenção para uma ou outraincongruência: por exemplo, em 1973/74,ano letivo do 25 de abril, a soma de alunosdo ensino noturno e do ensino diurno nãocoincide com a soma dos alunos por tipode ensino. Numa época em que não haviacomputadores e tudo era feito à mão,bastava que uma contagem fosse feita nummês e outra meses depois para que osvalores não batessem certo. Os dadosapresentados foram recolhidos à épocanos serviços administrativos e, mesmo comalgumas pequenas divergências, mostram-nos de forma segura a evolução do númerode alunos desta escola.

Antes do 25 do abril apenas existiamduas escolas secundárias no concelho doBarreiro: a Escola Industrial Alfredo daSilva e o Liceu do Barreiro que funcionavanestas instalações. O ensino liceal, com aduração de 5 anos, estava dividido emcurso geral (equivalente aos atuais 7º, 8º e9º anos) e curso complementar (atuais 10ºe 11º anos, indicado no quadro comoCompl.). Estes cursos passaram a serlecionados também à noite desde 1973/74.

A partir de 1975, este ensino começa aser substituído pelo ensino unificado (do7º ao 11º anos). Em 1977/78 introduziu-seum ano propedêutico de preparação parao acesso ao ensino superior, frequentadoapós o 11º ano. Este ano propedêutico seriasubstituído, a partir de 1980/81, pelo 12ºano.

A partir de 1991/92, seriam introduzidosos chamados cursos experimentaisnoturnos (indicados no quadro comoExper.) que viriam a dar origem aos cursosnoturnos por unidades capitalizáveis(SEUC e SUC). Todo o ensino noturnotermina na nossa escola no final do anoletivo de 1988/99.

Em 1977/78 é inaugurada uma nova

escola secundária na freguesia de SantoAndré e uma outra na Baixa da Banheira.Em 1987/88 começa a funcionar a EscolaSecundária de Alto do Seixalinho.

A evolução do número de alunos nanossa escola reflete estas realidades.

Veja-se como o número total de alunos(Gráfico 1) quase duplica até 1976/77,diminui bruscamente quando abre aescola de Santo André, e recupera desdeessa altura até 1989/90, ano em que atingeo máximo na história da nossa escola:3468 alunos matriculados.

Se olharmos para a divisão entrealunos matriculados no ensino diurno enoturno (Gráfico 2 - página seguinte),vemos que a diminuição de alunos se deveà redução de matrículas de alunosdiurnos, visto que à noite os alunos são

Gráfico 1

(1) Escola Secundária de Casquilhos. Ano lectivode 96/97. Trabalho elaborado em 96/97 pelosalunos Anabela Ferreira, Filomena Martins,Nuno Ventura e Rosa Magalhães do 12º Ano,Turma O [para a disciplina de História,professora Bebiana Gonçalves]. Cota daBiblioteca da Escola Secundária de Casquilhos:908(469.42) ESC FER

cada vez mais, ultrapassando os de diano ano de 1992/93.

Por outro lado, o quadro resumo (verpágina seguinte) revela-nos que estaescola teve sempre mais alunos naquiloque hoje chamamos ensino secundário doque no ensino básico.

Casquilhos:

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ESCrito N.º 28 ABR.2012 11

Gráfico 2

Evolução do número de alunos dos Casquilhos (1972/1995)

Desde o 25 de abril de 1974 aresponsabilidade da gestão daescola esteve sempre entregue aum professor. Nos primeiros anosfaziam também parte osrepresentantes dos alunos e dosfuncionários.

Lembremos os diversosresponsáveis desde essa data:

até 25.04.74 - dr. Vitorino (Reitor)

26.4.74 até ao fim de 73/74 - drªFelismina (ex-vice-reitora)

1974/75 - Durães (Presidente)

1975/76 (a partir de Fev. 76) - FernandaRosa (Presidente)

1976/78 - Alda Barata (Presidente)

1978/79 - Lurdes Cardoso (Presidente)

1979/81 - Julieta Neves (Presidente)

1981/83 - Rosário Vaz (Presidente)

1983/85 - José António Dias (Presidente)

1985/87 - Ivone Garrido (Presidente)

1987/89 - Ivone Garrido (Presidente)

1989/90 - Manuela Rodrigues (Presidente)

1990/91 - José António Dias (Presidente)

1991/93 - Renato Albuquerque(Presidente)

1993/95 - Orlando Nunes (Presidente)

1995/97 - Orlando Nunes (Presidente)

1997/99 - Orlando Nunes (Presidente)

1999/02 - Orlando Nunes (Presidente)

2002/05 - Jorge Duarte (Presidente)

2005/08 - Jorge Paulo Gonçalves(Presidente)

2008/09 - Jorge Paulo Gonçalves(Presidente)

8.Jun.2009/... - Jorge Paulo Gonçalves(Diretor)

Gestão(1974/2012)

cinquenta anos de ensino

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12 ABR.2012 N.º 28 ESCrito

Os piqueniques nos Casquilhos durante a ditaduraOs piqueniques a que este artigo faz referência eram uma forma de convívio mas também de contestar a ditadura militar que se

instala em Portugal após o 28 de maio de 1926 e o Estado Novo que Salazar formaliza em 1933.

À proibição de reunião e de concentração, as forças do oposição respondiam com estes convívios feitos geralmente no único diade descanso, o domingo, mas que não esqueciam nunca o 1º de maio, data que assinala o dia do trabalhador e que, pelo menos em1951, era feriado municipal.

Veja-se como, após o final da guerra, em 1945, e perdidas as esperanças de que Salazar fosse demitido pelas países democráticosvencedores, o programa para o piquenique de setembro de 1946 refere que este será um dia alegre numa existência sombria. Note-setambém que a resistência ao Estado Novo se fazia com o recurso a uma música diferentes da cultura de espírito do regime - o Jazz.

Apesar de o texto citar outros locais para além da Quinta dos Casquilhos, achamos por bem reproduzi-lo na íntegra.

17 Junho 1928[1] — Excursão doscaixeiros de Lisboa, para confraternizaçãocom os caixeiros do Barreiro (Associaçãode Classe dos Empregados no Comércio elndústria do Barreiro). Bilhetes paraentrada na Quinta dos Casquilhos, da CUF.

27 Agosto 1933[1] — Agradável tarde deconvívio familiar proporcionada pelaS.l.R.B. «Os Penicheiros», na Quinta dosCasquilhos, cedida pela CUF.

1 Maio 1935[2] — Concerto pela Bandada Liga Instrução e Recreio da CUF; corridade velocidade e estafetas (entre as Secçõesde Tecidos, F iação, Carpetes, Obras,Caldeiraria e Cordoaria), saltos emcomprimento e altura, corridas de sacos,três pernas, agulhas, luta de tracção(equipas dos Tecidos, Fiação, Obras, Cais,Caldeiraria, Serração, Adubos —carga—eBombeiros da CUF); bailes populares porGrupos da Banda. Saída do Barreiro às 14horas e final da Festa às 20, na Quinta dosCasquilhos.

26 Maio 1935[1] — Horas de verdadeiraalegria, no viveiro da Mata da Machada,onde a Banda da Soc. Filarmónica U.Agrícola 1º Dezembro, de Santo António daCharneca, executará trechos musicais,seguidas de bailes abrilhantados pelosseus dois grupos de jazzes e outrosatractivos. Tarde de Festa—Tarde deAlegria.

1 e 3 Maio 1936[3] —Corrida deobstáculos (cross-country) com passagemda sébe, despacho da carta, passagem dopinhal, saltos dos valados, recepção dogalhardete, passagem das barricas;gincana ciclista com os seguintesobstáculos: passagem da cancela e daprancha, abrir e beber refresco,deslocação de burros, contorno depaulitos, recepção de linha e agulha;corrida de burros com obstáculos,aparelhar, abrir cancelas, apanhar eencher saco de ervas; demonstração deJogo de Pau por José e Alfredo Ribeiro

Chulas; início das toirinhas, sendo lidadosalguns animais, pela quadrilha “Los Niñosdel Barrio”, cavaleiros e oito toureiros erespectivos grupos de forcados eandarilhos; há para divertimento dascrianças um Teatro de Fantoches eBarracas de Pim-Pam-Pum; bailespopulares abrilhantados pelos três Jazzsda CUF, na Quinta dos Casquilhos.

7 Junho 1936[1] —Tarde alegre edivertida aos sócios e famílias da Soc. F.União Agrícola 1º de Dezembro, de SantoAntónio da Charneca, no recinto do viveiroda Mata da Machada, com surpresas,bailes, etc..

5 Junho 1942[4] — Pic-Nic na agradávelQuinta dos Lóios, no Lavradio, organizadopela “Penicheiro Orquestra-Jazz”, privativada S. I. R. B., com a colaboração de trêsdas melhores orquestras amadoras dodistrito de Setúbal, Imperial Orquestra-Jazz (CUF), Ritmo Orquestra-Jazz(Franceses) e Royal Orquestra-Jazz(Penicheiros); atracções desportivas,esmerado serviço de bufete, sendo aentrada para esta Festa a partir das 9

horas.

15 Setembro 1946[1] — GrandiosoPiquenique organizado pelo GrupoCampista do Barreiro, lugar do Pinhal emfrente da Telha (Antigo Tónita), cedido pelaFirma Francisco Rodrigues & Filhos, coma participação de duas magníficasOrquestras (Penicheiro Orquestra Jazz eOrquestra Mista) e um acto de Variedades,por conceituados artistas amadores, EvaPinto, Lisete Pires, Guilherme Fragata,Lenine Silva e Deodoro Neto, FernandoCorreia, para além da colaboração dosartistas Domingos Silva, José Coelho,Militão Hilário e Francisco Ferreira;esmerado serviço de bufete, “será um diaalegre numa existência sombria”; queninguém falte ao Piquenique.

Reproduzido de Um Olhar Sobre o Barreiro,n.º 5 – II Série – dezembro de 1991

[1] Domingo.[2] Quarta-feira.[3] Sexta-feira e domingo.[4] Sexta-feira.

PIQUENIQUES

NOTAS EXTRAÍDAS DE PROGRAMAS DA “COLECÇÃO” JOSÉ ANTÓNIO MARQUES

Piquenique - corrida de três pernas. Canadá, 1946. (http://2.bp.blogspot.com/-EYpePEHs4K8/TZRv6cwVNRI/AAAAAAAAHtg/Uk_dqXEQZso/s1600/picnicrace1946.jpg)

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ESCrito N.º 28 ABR.2012 13

Dia das Artes: 5ª ediçãoNo passado dia 19 de abril o grupo de professores de Artes Visuais

e os seus alunos mobilizaram-se para levar a cabo mais um Dia dasArtes, aberto à escola e à comunidade.

Este ano, contámos com duas visitas excecionais: a chuva quecaiu durante parte do dia e impediu a realização do concerto debandas de garagem, e o Secretário de Estado do Ensino e daAdministração Escolar, Dr. João Casanova de Almeida.

Acompanhado por vários vereadores da Câmara e, mais tarde,pelo próprio presidente, Carlos Humberto, pelo diretor do Centro deFormação de Professores, por representantes dos pais, por elementosda comunicação social e pela Direção da escola, o Secretário deEstado visitou demoradamente as instalações dos Casquilhos,sempre guiado pelo professor Paulo Nunes, coordenador dodepartamento de Expressões.

Para além destas visitas, o Dia das Artes decorreu com aanimação a que já nos acostumou e que as imagens ilustram melhorque as nossas palavras.

Cartaz do 5º Dia das Artes: professor Miguel Brinca

Uma estátua gigante aponta o caminho aosvisitantes.

A comitiva que acompanha o Secretário de Estado ouve asexplicações do professor Paulo Nunes

O início da intervenção no muro... e o resultado final

Fantochesconstruídos para

receber osconvidados mais

pequenos

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14 ABR.2012 N.º 28 ESCrito

Body painting

Instalação com octaedros no bar dos alunos

Flash mob no pátio da escola

Exposição: ténis e flores

Exposição: pintura com acrílico sobre tela

Exposição: esculturas de pacotes

Jovens visitantes deram largas à imaginação...

... e imprimiram linogravuras

Instalação interativa: 5 sentidos

Esculturas de animais

Mais uma iniciativa que fica namemória de todos os que a viveram e quefica para a história dos Casquilhos.

Um dia dirão aos vossos filhos: Euestive lá!

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ESCrito N.º 28 ABR.2012 15

Escritores e leitoresA Biblioteca Escolar continua a

desenvolver atividades para fomentar en-tre os alunos o gosto pela leitura.

Nesse sentido, para além de continuara participa no projeto “Oficina Saramago”trouxe à escola, em momentos diferentes,2 escritores de língua portuguesa.

Dia 8 de fevereiro foi a vez de Ondjaki(pseudónimo do escritor angolano Ndalude Almeida) que prendeu a plateia comos seus dotes de grande comunicador.

A 13 de março Rui Zink veio falar com osalunos dos Casquilhos sobre as suasexperiências de vida e de escrita.

No final, cada um dos autoresautografou algumas das suas obras.

Entretanto, a aluna Vanessa Duarte, daturma C do 11º ano, alcançou o primeirolugar na eliminatória distrital do ConcursoNacional de Leitura que teve lugar nopassado dia 26 de abril, em Álcácer do Sal.

Assim, a nossa aluna irá representar odistrito de Setúbal na final desse concursoque se irá realizar em Lisboa, no final domês de maio.

Ondjaki. Foto de Andreia Saraiva

Rui Zink na Biblioteca da escola

Vanessa Duarte (11ºC), ao centro, com asrestantes participantes da nossa escola: Joana

Veríssimo (10ºB), à esquerda e Inês Costa(12ºB), à direita. Foto de Leonor Inácio.

Esta iniciativa do Ministério daEducação pretende valorizar o esforço dosalunos que concluem o ensino secundárioem cada ano letivo. Assim, os alunosfinalistas que terminaram o 12º ano(cursos científico-humanísticos eprofissionais) no final de 2010/2011,receberam a 30 de setembro de 2011 osdiplomas comprovativos das mãos dos ex-diretores de turma, numa cerimónia quedecorreu a partir das 18:30.

Na mesma altura foram atribuídos peladireção prémios pecuniários ao melhoraluno dos cursos científico-humanísticose ao melhor aluno dos cursosprofissionais.

Foram também atribuídos prémiospecuniários aos alunos do ensino básicoque tiveram média de 4 ou superior.

Dia do diploma

Nicolas Encarnação, do curso de Marketing,recebe do diretor, professor Jorge Paulo

Gonçalves, o prémio para o melhor aluno doscursos profissionais. Leonor Parra, do curso

de Artes, viria a receber mais tarde o prémiopara o melhor aluno dos cursos científico-

humanísticos

No dia 7 de novembro de 2011 osprofessores, funcionários, alunos eencarregados de educação puderamobservar as crateras da Lua, o planetaJúpiter e 4 das suas luas.

Esta iniciativa do Departamento deMatemática e Ciências Experimentais, foidinamizada pelo astrónomo amador, pro-fessor Carlos Bernardino.

Observaçõesastronómicas

O professor Carlos Bernardino, regulando otelescópio da nossa escola.

A campanha eleitoral para a direção daAssociação de Estudantes decorreu nosdias 23 (lista S) e 25 de novembro de 2011(lista X). As votações foram na segunda-feira, dia 28, tendo ganho a lista X.

Associação deEstudantes

Miguel Pedro, do 11º A, o novo presidente dadireção da associação de estudantes

A D. Rosa Maria Mil-Homens atingiu, emjaneiro, o limite de idade que a obrigou aaposentar-se da função pública. Desde1975 que a D. Rosa trabalhava neste espaçoa que agora chamamos Escola Secundáriade Casquilhos.

Ao longo destes quase 38 anos, conviveucom centenas (milhares?) de alunos edezenas (centenas?) de professores,principalmente da área das ciências, quese habituaram a que ela lhes resolvessetodos os problemas, com uma abnegaçãoe uma entrega permanente e inexcedível.

D. Rosa

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16 ABR.2012 N.º 28 ESCrito

Sudokufornecido por Mestre Coelho

No Sudoku* é precisopreencher os espaços embranco de forma a que cadaum dos quadrados possua os9 algarismos (de 1 a 9)apenas uma vez. Depois depreenchidos, cada linha, ver-tical ou horizontal, tambémterá os mesmos 9 algarismos,sem repetições.

Grau de dificuldade: difícil.

* Abreviatura da expressão japonesa suuji wa dokushin ni kagiru que significa osdígitos devem permanecer únicos.Voltas à cabeça

Soluções na página 4

A.

B.

A figura representa o mesmo cubo em 4 posições diferentes. Sabendo que cada face tem uma cor diferente, de que cor é a facedesconhecida?

(Problema retirado do manual Matemática, 5º ano, Parte 1, de Maria Augusta Neves e outros, pág. 65)

O Sr. Francisco tem um pequeno grelhador no exterior da sua casa que leva apenas doisbifes. A sua mulher e filha estão ansiosas por comer. Qual é a maneira mais rápida degrelhar três bifes no mínimo tempo possível, sabendo que são precisos vinte minutos paragrelhar ambos os bifes?

(Problema retirado da Gazeta Casquilhense - publicação do Núcleo de Estágio deMatemática da nossa escola, 2ª edição, janeiro de 1998)