Jornal forum de lutas

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Em junho e julho, os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil durante a Copa do Mundo. Se for campeão, nosso país poderá se consagrar como potência do futebol, mas continuará sustentando o vergonhoso título de quarto do mundo em mortes relacionadas ao trabalho. Essa triste realidade mostra sua face mais cruel nas próprias obras da Copa. Durante a construção de estádios para o Mundial, nove operários perderam suas vidas. Esse número pode ser ainda maior se somarmos as mortes em outras obras e serviços indiretos. Para garantir estádios “padrão Fifa”, o governo gasta bilhões de reais em verbas Jornal do Fórum de Lutas do Vale do Paraíba Abril de 2014 públicas, sem exigir das construtoras respon- sáveis a mínima contrapartida em relação à saúde e segurança ao trabalhador. FALTA DE SEGURANÇA As mortes ocorridas nas obras da Copa colocam em evidência a falta de seguran- ça a que os trabalhadores brasileiros são submetidos. A pressa para atender os prazos e as altas cargas horárias cumpridas são hoje as maiores causas de acidentes no país. Quando o lucro vale mais do que a vida, estamos sujeitos a enfrentar condições de trabalho das mais perigosas. Temos de virar esse jogo urgentemente! + 11/06/12 – Estádio Mané Garrincha, Brasília (DF). O ajudante de carpinteiro José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21 anos, caiu de uma laje. + 19/07/12 – Mineirão, Belo Horizonte (MG). Abel de Oliveira, 55 anos, teve uma parada cardiorrespiratória. + 28/03/13 – Arena da Amazônia, Manaus (AM). O pedreiro Raimundo Nonato Lima Costa, 49 anos, caiu de uma altura de 4 metros. + 27/11/13 – Itaquerão, São Paulo (SP). Fábio Luiz Pereira, 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos, morreram com a queda de um guindaste. +14/12/13 – Arena da Amazônia, Manaus (AM). Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, morreu após cair de uma altura de 35m, enquanto instalava refletores. +14/12/13 – Arena da Amazônia, Manaus (AM). José Antônio Nascimento, 49 anos, do setor de limpeza e terraplanagem, teve um infarto enquanto trabalhava. + 07/02/14 – Arena da Amazônia, Antônio José Pita Martins, 55 anos, morreu ao ser atingido por uma peça metálica. + 29/03/14 – Itaquerão, São Paulo (SP). Fábio Hamilton da Cruz morreu após cair de uma altura de oito metros. As vítimas das obras da Copa As mortes nos estádios da Copa 28 de abril - Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças no Trabalho 28 de abril é o Dia In- ternacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. É uma data que deve ser marcada pela lembran- ça das vítimas, luta por justiça e em defesa dos direitos e da saúde do trabalhador. TRABALHO QUE ADOECE E MATA Segundo a OIT (Orga- nização Internacional do Trabalho), por dia, uma média de 5.500 pessoas morrem no mundo por enfermidades relaciona- das ao trabalho. 28 de abril, um dia de luto e luta A cada 15 segundos morre um trabalhador no mundo vítima de acidentes ou doenças do trabalho A cada 15 segundos 115 trabalhadores no mundo sofrem um acidente relacionado ao trabalho A principal causa das mortes são as doenças ocupacionais. Em média, a cada ano, de um total de 2,34 milhões de mortes relacionadas ao trabalho, 2,02 milhões são causadas por doenças ocupacionais. O restante, 321 mil, se deve a acidentes. GANÂNCIA A verdadeira causa des- ses números de guerra é a ganância dos empresários e o descaso dos governos, que não fiscalizam nem punem as irregularidades. Essa situação não pode continuar!

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28 de abril: Dia Internacional em Memórias das Vítimas de Acidentes e Doenças no Trabalho

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Em junho e julho, os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil durante a Copa do Mundo. Se for campeão, nosso país poderá se consagrar como potência do futebol, mas continuará sustentando o vergonhoso título de quarto do mundo em mortes relacionadas ao trabalho.

Essa triste realidade mostra sua face mais cruel nas próprias obras da Copa. Durante a construção de estádios para o Mundial, nove operários perderam suas vidas. Esse número pode ser ainda maior se somarmos as mortes em outras obras e serviços indiretos.

Para garantir estádios “padrão Fifa”, o governo gasta bilhões de reais em verbas

Jornal do Fórum de Lutas do Vale do Paraíba Abril de 2014

públicas, sem exigir das construtoras respon-sáveis a mínima contrapartida em relação à saúde e segurança ao trabalhador.

Falta de segurançaAs mortes ocorridas nas obras da Copa

colocam em evidência a falta de seguran-ça a que os trabalhadores brasileiros são submetidos.

A pressa para atender os prazos e as altas cargas horárias cumpridas são hoje as maiores causas de acidentes no país.

Quando o lucro vale mais do que a vida, estamos sujeitos a enfrentar condições de trabalho das mais perigosas. Temos de virar esse jogo urgentemente!

+ 11/06/12 – Estádio Mané Garrincha, Brasília (DF). O ajudante de carpinteiro José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21 anos, caiu de uma laje.+ 19/07/12 – Mineirão, Belo Horizonte (MG). Abel de Oliveira, 55 anos, teve uma parada cardiorrespiratória.+ 28/03/13 – Arena da Amazônia, Manaus (AM). O pedreiro Raimundo Nonato Lima Costa, 49 anos, caiu de uma altura de 4 metros.+ 27/11/13 – Itaquerão, São Paulo (SP). Fábio Luiz Pereira, 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos, morreram com a queda de um guindaste.+14/12/13 – Arena da Amazônia, Manaus (AM). Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, morreu após cair de uma altura de 35m, enquanto instalava refletores.+14/12/13 – Arena da Amazônia, Manaus (AM). José Antônio Nascimento, 49 anos, do setor de limpeza e terraplanagem, teve um infarto enquanto trabalhava.+ 07/02/14 – Arena da Amazônia, Antônio José Pita Martins, 55 anos, morreu ao ser atingido por uma peça metálica.+ 29/03/14 – Itaquerão, São Paulo (SP). Fábio Hamilton da Cruz morreu após cair de uma altura de oito metros.

As vítimas das obras da Copa

As mortes nos estádios da Copa

28 de abril - dia Internacional em Memória das Vítimas de acidentes e doenças no trabalho

28 de abril é o Dia In-ternacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. É uma data que deve ser marcada pela lembran-ça das vítimas, luta por justiça e em defesa dos direitos e da saúde do trabalhador.

trabalho que adoece e MataSegundo a OIT (Orga-

nização Internacional do Trabalho), por dia, uma média de 5.500 pessoas morrem no mundo por enfermidades relaciona-das ao trabalho.

28 de abril, um dia de luto e luta

a cada 15 segundosmorre um trabalhador no mundo vítima de acidentes ou doenças do trabalho

a cada 15 segundos 115 trabalhadores no mundo sofrem um acidente relacionado ao trabalho

A principal causa das mortes são as doenças ocupacionais. Em média, a cada ano, de um total de 2,34 milhões de mortes relacionadas ao trabalho, 2,02 milhões são causadas por doenças ocupacionais. O restante, 321 mil, se deve a acidentes.

ganâncIaA verdadeira causa des-

ses números de guerra é a ganância dos empresários e o descaso dos governos, que não fiscalizam nem punem as irregularidades. Essa situação não pode continuar!

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Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região - Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e Região - Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais de Jacareí - Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos - Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Vale do Paraíba - Sindicato da Alimentação de São José dos Campos e Região - Sindicato dos Vidreiros Subsede Vale do Paraíba - Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São José dos Campos - Sindicato dos Trabalhadores das Cozinhas Industriais do Vale do Paraíba - Servidores de São José dos Campos - SINTARESP - Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Privada (Sindsaúde ) - SINPRO Jacareí - Oposição Alternativa SJC Apeoesp (Subsede Sul, Avaré e Lapa) - Oposição dos Condutores do Vale do Paraíba - Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais (ADMDS) - CSP-Conlutas Regional Vale do Paraíba - ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre) - Movimento Mulheres em Luta (MML) - Minoria CSP-Conlutas no SASP (Sindicato dos Advogados do Estado de SP) - ADMAP (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas) Movimento Quilombo Raça e Classe da CSP-Conlutas.

Falta de fiscalização põe trabalhador em riscoO Governo Federal tem sua parcela

de culpa para o grave quadro em que se encontra a saúde do trabalhador brasileiro.

Nos últimos anos, tem ocorrido um verdadeiro desmonte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e outras instituições responsáveis por fiscalizar e punir as empresas que descumprem a legislação.

A falta de auditores fiscais do tra-balho, que deveriam cumprir esse importante papel, é um exemplo disso. Atualmente, o MTE conta com pouco mais de 2 mil profissionais para realizar

esse serviço no país inteiro. A tendência é que esse número di-

minua a cada ano, já que o governo não abre concurso público para preencher as vagas deixadas por aqueles que se aposentam.

Com isso, os empresários têm toda liberdade para fazer o que bem enten-dem, submetendo o trabalhador às condições mais precárias e, até mesmo, similares à escravidão.

Os servidores do INSS também sen-tem as consequências desse processo, uma vez que têm de atuar em condi-ções cada vez mais precárias.

Como em todo o país, no Vale do Paraíba são muitas as vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Nos últimos anos, tivemos mortes por acidentes de trabalho em categorias como servidores municipais de Jacareí, construção civil, metalúrgicos e trabalhadores do setor de alimentação.

Tudo isso sem contar as mortes decorrentes de doenças ocupacionais, que dificilmente são contabilizadas, e os casos que são subnotificados (não são comunicados).

O Brasil enfrenta uma

verdadeira epidemia de doenças relacionadas ao trabalho.

Esses são apenas alguns dos fatores que põem em risco a saúde dos trabalhadores de nossa região e que precisamos combater:

Movimentos repetitivos Problemas ergonômicos contato com os produtos químicos altamente tóxicos ou material infectadoFalta de equipamentos de segurançaJornadas excessivasritmo acelerado de trabalhoassédio moral

Acidentes também causam estragos em nossa região

Metalúrgicos da MWL, de Caçapava, durante velório de Robson Moura,

morto em acidente de trabalho, em novembro do ano passado

Participe das atividades:

Vamos protestar contra o descaso com que a Delegacia Regional do Trabalho (Ministério do Trabalho) vem tratando a saúde o trabalhador. Na sede do órgão, vamos exigir fiscalização rigorosa e ágil nas empresas da região

28 de abril, às 7h - Vigília na DRT

Microfone aberto para discutir a situação dos trabalhadores brasileiros e da nossa região em uma Audiência Pública, que será realizada às 18h, na Câmara Municipal de São José dos Campos

23 de abril, às 18h - Audiência Pública na Câmara

Flávio Pereira