Jornal Fraterno 57

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10 ANOS DIVULGANDO A DOUTRINA ESPÍRITA [email protected] “FÉ INABALÁVEL É SOMENTE AQUELA QUE PODE ENCARAR A RAZÃO, FACE A FACE, EM QUALQUER ÉPOCA DA HUMANIDADE” ALLAN KARDEC ANO X Nº 057 JORNAL BIMESTRAL MARÇO/ABRIL DE 2013 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Fraterno “A covardia coloca a questão: É seguro? O comodismo coloca a questão: É popular? A etiqueta coloca a questão: É elegante? Mas a consciência coloca a questão: É correto? E chega uma altura em que temos que tomar uma posi- ção que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta.” (Martin Luther King) | MISCIGENAÇÃO E SINCRETISMO | DISCUTINDO A BÍBLIA | EXEMPLO E PALAVRA | INTERPRETAÇÕES ERRÔNEAS DA HOMOSSEXUALIDADE | SUICIDAS - MORREM, MAS... NÃO DESENCARNAM | MORAL CRISTÃ | O ESPIRITISMO E OS CULTOS AFRO-BRASILEIROS

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10 anos DivulganDo a Doutrina Espírita

[email protected] “Fé inabalávEl é somEntE aquEla quE poDE Encarar a razão, FacE a FacE, Em qualquEr época Da humaniDaDE” allan KarDEc

ano X nº 057 Jornal bimEstral março/abril DE 2013 Distribuição gratuita

Fraterno

“A covardia coloca a questão: É seguro? O comodismo coloca a questão: É popular? A etiqueta coloca a questão: É elegante? Mas a consciência coloca a questão: É correto?E chega uma altura em que temos que tomar uma posi-

ção que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que

é essa a atitude correta.”(Martin Luther King)

| Miscigenação e sincretisMo | discutindo a bíblia | exeMplo e palavra | interpretaçõeserrôneas da HoMossexualidade | suicidas - MorreM, Mas... não desencarnaM | Moral cristã |

O ESPIRITISMO E OSculTOS AfRO-BRASIlEIROS

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[email protected] FRaTERno osasco | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 57 | MArço/Abril

A miscigenação consiste na mistura de raças, de povos e de diferentes etnias, ou seja, relações inter-raciais.

Estatisticamente, poucos países no mundo passaram pela rica interação de diferentes raças e etnias tanto quanto o Brasil. Os portugueses já trouxeram para o nosso país séculos de integração genética e cultural de povos europeus como o celta, romano, germânico e lusitano. Embora os portugueses sejam basi-camente uma população europeia, sete séculos de convivências com mouros do norte da África e com judeus deixaram um importante legado para o nosso povo.

No Brasil, uma parte substancial dos colonizadores portugueses se miscigenou com índios e africanos, em um processo muito importante para o país. A esse e a outros pro-cessos somou-se o processo de imigração de muitos mais europeus. Da metade do século XIX à metade do século XX, a nação recebeu cerca de 5 milhões de imigrantes europeus, em sua maioria portugueses, italia-nos, espanhóis e alemães. Um dos resultados da soma desses processos é a atual composição da população brasileira.

Os índios brasileiros não apresen-tavam relevantes diferenças genéti-cas entre si: seriam todos descenden-

tes do primeiro grupo de caçadores asiáticos que chegaram às Américas há 60 mil anos. Porém, culturalmente falando, os aborígenes brasileiros estavam inseridos numa diversidade de nações com línguas e costumes distintos. A chegada dos primeiros colonos portugueses, homens na maioria, culminou em relações e concubinatos com as índias. Em 4 de abril de 1755, D. José, rei de Portugal, assinou decreto autorizando a misci-genação de portugueses com índios.

Os africanos trazidos e escra-vizados no Brasil pertenciam a um leque enorme de etnias e nações. A maior parte eram bantos, originários de Angola, Congo e Moçambique. Porém, em lugares como a Bahia predominaram os escravizados da região da Nigéria, Daomé e Costa da Mina em alguns momentos, prin-cipalmente no século XVIII. Alguns escravizados islâmicos eram alfabe-tizados em árabe e já traziam para o Brasil uma rica e variada bagagem cultural. O governo libertou os escra-vizados no final do século XIX, mas não lhes deu assistência social e, por vários motivos, incluindo a necessi-dade de mão de obra e a ambição de “branquear” a população nacional, estimulou a vinda de imigrantes euro-peus. Havia entre os governantes do País a ideia de que se os imigrantes se casassem com pardos e negros, iriam “embranquecer” a população brasileira.

O sincretismo é usado desde a Antiguidade, e assim podemos dizer que todas as religiões existentes são uma miscigenação resultante de um processo evolutivo de tantas outras. Entretanto, o sincretismo também foi usado como um instrumento de autodefesa que permite a pro-teção de uma determinada cultura religiosa. No Brasil Colônia, o sincre-tismo obteve uma conotação, pelo menos no primeiro momento, de autodefesa.

Os índios e os escravos eram obrigados pelos padres jesuítas a

aceitar a imposição da religião Cató-lica, pois a missão jesuíta era retirar o espírito impuro dos considerados não-civilizados. Foi nesse instante que o sincretismo teve papel forte. Os escravos africanos, como forma de resistência, admiravam a imagem de santos católicos, mas, na verdade, estavam com o olhar e o pensamento voltado para os seus deuses e rituais africanos. Aqueles que não o fizessem sofriam todo tipo de castigo, como o açoite, entre outros. Tudo isso era feito para que os escravos deixassem de praticar os rituais e cultos da sua cultura. Foi aí que o sincretismo reli-gioso surgiu.

É devido a esse choque, ou seja, o conflito entre o culto e o cato-licismo, que surgiram as religiões dos afrodescendentes. No início do século XV, período da colonização brasileira, mais de quatro milhões de negros africanos cruzaram o Atlântico para se tornarem escravos na colônia portuguesa. Oriundos de diferentes regiões da África, entravam no país através de navios negreiros.

Para evitar que houvesse rebeli-ões, os senhores brancos agrupavam os escravos em senzalas, sempre evitando juntar originários da mesma nação. Por esse motivo, houve uma mistura desses povos e costumes que foram concentrados de forma diferente nos diversos Estados do país. Os escravos possuíam suas próprias danças, cantos, santos e festas religiosas. Aos poucos, eles foram misturando os ritos católicos presentes com os elementos dos cultos africanos, na tentativa de res-gatar a atmosfera mística da pátria distante. O contato direto com a natureza fazia com que atribuíssem todos os tipos de poder a ela e que ligassem seus deuses aos elementos nela presentes. Diversas divinda-des africanas foram tomando força na terra dos brasileiros. O fetiche, marca registrada de muitos cultos praticados na época, associado à luta de libertação e sobrevivência, à

formação dos quilombos e a toda a realidade da época, acabou impulsio-nando a formação de religiões muito praticadas atualmente — a Umbanda e o Candomblé.

Nesta edição, buscaremos discer-nir características afro-tendenciosas em nossa chamada sobre os pre-ceitos do Espiritismo, pois ainda há muitas dessas influências nos dias de hoje, atraindo miscigenações à Doutrina dos Espíritos. Segundo Allan Kardec, os avanços e o desenvolvi-mento de libertação e evolução do homem, tal como se referiu Jesus, para que buscássemos a verdade e que reservaria ao futuro-presente a “Codificação” através desse Consola-dor Prometido (O Paracleto).

Portanto, respeitamos as prá-ticas dos cultos afro-brasileiros e suas origens pela miscigenação e sincretismo históricos das religiões nacionais. No entanto, a causa da Doutrina Espírita não nasceu de algo semelhante à nossa história pela conotação espiritualista, tampouco os espíritas impuseram as crenças, como fez o Catolicismo a africanos e indígenas.

Contudo, não estão razoáveis os que lhes inspirem controvérsias místicas, abrasileiradas. O Espiritismo é um estudo circunspecto, uma codi-ficação elaborada por Allan Kardec e mais uma plêiade de Espíritos Supe-riores; sem personalismos, sem ritos, sem aparatos, sem oferendas, sem cultos a imagens e nem milagres, muito menos santos e anjos. Por isso, não se pode influenciar essa Doutrina por laços culturais ou raciais, muito menos espirituais. O Espiritismo está para todos que o aceitem tal como ele é... Não é a Doutrina que se cur-vará aos homens, mas os homens que se curvarão a ela. E o seu móvel é a lei de Causa e Efeito, a reencarna-ção, a transmigração dos mundos, o raciocínio e o bom senso através da comunicabilidade dos Espíritos instrutivos.

Boa leitura, o Editor

FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, CEp 06070-240, Osasco, Sp. [email protected]; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo Mendes, Jussara Ferreira da Silva e Giovanna Camila Ramalho; Financeiro: Alexandre Silva Melo; Diagramação: Jovenal Alves pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São paulo; e-mail: [email protected]; Telefones: (011) 3447-2006/7165-6437 ou (011) 3688-2440

editorial

miscigenação e sincretismoOs índios e os escravos eram obrigados pelos padres jesuítas a aceitar a imposição da religião Católica, pois a missão jesuíta era retirar o espírito impuro dos considerados não-civilizados

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Depois que descobri a Bíblia sob a ótica do Espi-ritismo, parei de dizer muitas besteiras sobre

ela, que eu só conhecia na visão milenar católica, estudante para padre que fui.

O Espiritismo é ignorado pela maioria dos cristãos, mas é bem conhecido hoje por muitos líderes religiosos, os quais, no entanto, fazem de conta que ele não existe, no que os seus fiéis simplórios acreditam, pois não estudam a Bíblia, deixando que seus dirigentes pensem por eles. E por ser o Espiri-tismo uma verdade incontestável, ele é muito atacado e, até hoje, falsamente tachado de feitiçaria por muitos pastores. Já os padres pararam de atacar a doutrina codi-ficada por Kardec, “o bom senso encarnado”.

“Eu era um bom rapaz, por isso caí num corpo perfeito” (Sabedoria 8:19 e 20). Temos aqui três doutrinas espíritas: a da preexistência bíblica do espírito, que já existe antes da concepção do corpo, preexistência essa indispensável para a reencarna-ção; a cármica, ou da lei de causa e efeito, possibilitando ao rapaz, por seu mérito de ter sido bom, um corpo saudável; e a da própria reen-carnação. E eis outro exemplo da preexistência do espírito: “Antes que eu te formasse no corpo da tua mãe, eu já te conhecia” (Jeremias 1:5).

Existe uma tradição de que só o próprio Espírito de Deus (Espírito Santo) – que presunção! – e os espí-ritos maus ou demônios (espíritos humanos atrasados) se manifestam a nós. Mas na Vulgata Latina, de São Jerônimo, fala-se em “spiritum bonum” (espírito bom), e não em Espírito Santo. E, é óbvio, que se há espírito bom, há também o mau. O grande teólogo Haraldur

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diSCUtiNdo a BÍBlia eveNtoS

a bíblia é um livro mediúnico, só não vê quem não quer ver

Nielson, a serviço da Sociedade Bíblica Inglesa, professor de teo-logia da Universidade da Islândia e tradutor da Bíblia para o islandês, com o seu livro O Espiritismo e a Igreja, mostra que a palavra “transe” equivale a “êxtase”. E ele reconhece de público que a Bíblia é um livro espírita.

Na sarça ardente, foi um anjo (espírito) que se comunicou com Moisés, ensina-nos Paulo (Atos 7:30 a 31). Realmente, os espíritos se manifestam bastante em forma de fogo e luz, como nos fenôme-nos mediúnicos de Pentecostes, quando espíritos em forma de línguas de fogo pousaram sobre os apóstolos, falando através deles em línguas diferentes (fenômeno mediúnico de xenoglossia): “Vós recebestes a lei por mistérios dos anjos” (Atos 7:53); “Porque a lei foi anunciada pelos anjos” (Hebreus 2:2); “Espíritos são administradores,

enviados para exercer o ministério” (Hebreus 1:14). E afirma o autor de Hebreus: “Sobre os anjos diz: o que faz seus anjos espíritos e os seus ministros chamas de fogo” (Hebreus 1:7). E é um anjo (espírito) que dita o Apocalipse para São João na Ilha de Patmos. Esse espírito se identificou como sendo humano e colega de João, que, por ajoelhar-se aos seus pés, foi repreendido: “Adore somente a Deus” (Apocalipse 22:8 e 9). E Samuel, já desencarnado, também se manifestou: “Ainda depois de morto profetizou e anunciou ao rei seu próximo fim; do seio da terra elevou sua voz em profecia, para apagar a iniquidade do povo” (Siracides ou Eclesiástico 46:20).

São muitas as referências de que a Bíblia é um livro mediúnico ou inspirado por espíritos, cha-mados por um dogma de Espírito Santo!

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[email protected] FRaTERno osasco | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 57 | MArço/Abril

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Orson Peter Carrara

Vez por outra, surgem polê-micas e discussões inúteis sobre o caráter religioso do Espiritismo, esquecidos os

protagonistas de defesas exclusivas do aspecto científico em detrimento do aspecto religioso, da existência do tríplice aspecto da Doutrina Espírita, tão clara para os que estudam o Espiritismo. Verdadeiramente, cau-saremos enorme prejuízo ao enten-dimento doutrinário dos postulados espíritas, se desejarmos excluir ou mesmo marginalizar o fundamental aspecto da moral religiosa em nossos estudos, reflexões e esforços para divulgação do Espiritismo.

Kardec abordou a temática muitas vezes, e Emmanuel, Espírito, entre outros autores, se postou firme em defesa do aspecto religioso de nossa incomparável Doutrina Espírita. Claro que ela tem embasamento científico, desdobramentos filosófi-cos e, não há qualquer dúvida, suas inevitáveis consequências religiosas. Como negar isso?

No livro Emmanuel, do Espírito Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier e de edição da FEB, diz o nobre benfeitor, em seu capítulo IV, com o significativo título “A Base Religiosa”: “No futuro, viverá a humanidade fora desse ambiente de animosidade entre a ciência e a religião, e julgo mesmo que em nenhuma civilização pode a primeira substituir a segunda. Uma e outra se completam no processo de evolução de todas as almas para o Criador (...). As suas aparentes antino-mias, que derivam, na atualidade, da compreensão deficiente do homem em face dos problemas transcenden-tes da vida, serão eliminadas dentro do estudo, da análise e do raciocínio. (...)”

Destaco pequenos trechos do valioso capítulo e peço ao leitor consultá-lo na íntegra. Parece que nos esquecemos de tão importantes reflexões. No subtítulo seguinte, “O Tóxico do Intelectualismo”, pondera o autor espiritual: “Nos tempos

religião

Em lembrança do aspecto religioso do Espiritismomodernos, mentalidades existem que pugnam pelo desaparecimento das noções religiosas do coração dos homens, saturadas do cientificismo do século e trabalhadas por ideias excêntricas, sem perceberem as graves responsabilidades dos seus labores intelectuais, porquanto hão de colher o fruto amargo das semen-tes que plantaram nas almas jovens e indecisas. (...)”. E prossegue no que podemos considerar autêntica advertência: “Pede-se uma educa-ção sem Deus, o aniquilamento da fé, o afastamento das esperanças numa outra vida, a morte da crença nos poderes de uma providência estranha aos homens. Essa tarefa é inútil. Os que se abalançam a sugerir semelhantes empresas podem ser

sublime legado. (...) O que se faz pre-ciso, em vossa época, é estabelecer a diferença entre religião e religiões. A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios (...).”

Mas busquemos Kardec. É na Conclusão de O Livro dos Espíritos, item V, que afirma o Codificador em meio a importantes considerações: “(...) O Espiritismo é forte porque ele se apoia sobre as próprias bases da Reli-gião (...)” E no item VII, comentando os efeitos sobre os que compreendem o Espiritismo, nota com muita pro-priedade: “(...) o primeiro, e o mais geral, é desenvolver o sentimento religioso (...)” Não é preciso conti-nuar. Tais transcrições desdobram estudos amplos e oportunidades valiosas de raciocínio, entre outras tantas disponíveis no pensamento de Kardec e no ensino dos Espíritos. É verdade que a palavra religião sofreu desgastes, mas isso não invalida, de forma alguma, sua extrema utilidade na vida humana, os benefícios que espalha, as lúcidas orientações que oferece a tanta gente, independente de crença. Como vamos desprezar isso, como desconsiderar aspecto tão genuíno, tão marcante na pró-pria índole do Espiritismo? Afinal, o próprio Kardec afirmou, na Revista Espírita de dezembro de 1868, que “A caridade é a alma do Espiritismo”. Caridade que também é ciência e filo-sofia, mas essencialmente é originária da moral religiosa. Estamos perdendo muito tempo com discussões inúteis, que só desviam de foco a proposta viva de renovação moral trazida pelo Espiritismo. Ninguém deverá desprezar a Ciência, como o próprio Kardec propôs, mas igualmente não deveremos desprezar a Religião e a Filosofia, aspectos inseparáveis do magnífico Pentateuco Espírita. Será muito oportuno, para o tema, relermos a Conclusão de O Livro dos Espíritos, na íntegra e com a devida atenção que o assunto requer.

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dignos de respeito e admiração quando se destacam por seus méri-tos científicos, mas assemelham-se a alguém que tivesse a fortuna de obter um oásis entre imensos deser-tos. Confortados e satisfeitos em sua felicidade ocasional, não veem as caravanas inumeráveis de infelizes, cheias de sede e fome, transitando sobre as areias ardentes. (...)”

Claro, é fácil descartar o aspecto da moral religiosa, que inclui a fé – ainda que em diferentes manifes-tações na cultura popular – quando estamos satisfeitos materialmente. E pondera, nos tópicos seguintes, que peço ao leitor consultar, na íntegra, face à claridade de suas expressões: “O sentimento religioso é a base de

todas as civilizações. Preconiza-se uma educação pela inteligência, con-cedendo-se liberdade aos impulsos naturais do homem. A experiência fracassaria. É ocioso acrescentar que me refiro aqui à moral religiosa, que deverá inspirar a formação do caráter e do instituto da família, e não ao sec-tarismo do círculo estreito das igrejas terrestres, que costumam envenenar, aí no mundo, o ambiente das escolas públicas, onde deverá prevalecer sempre o mais largo critério de liber-dade do pensamento. (...)” Arquivo: Orson Peter Carrara - Em lembrança do aspecto... - RIE, página 2 de 2.

Sobre a falibilidade humana, diz o conhecido Espírito: “Em cada século o progresso científico renova a sua concepção acerca dos mais impor-

tantes problemas da vida. Raramente os verdadeiros sábios são compreen-didos por seus contemporâneos. Se as contradições dos estudiosos são o sinal de que a Ciência evolve sempre, elas atestam, igualmente, a fraqueza e inconsistência dos seus conheci-mentos e a falibilidade humana.” E conclui, com farto material para nossa reflexão: “Diz-se que o pensamento religioso é uma ilusão. Tal afirmativa carece de fundamento. Nenhuma teoria científica, nenhum sistema político, nenhum programa de ree-ducação pode roubar do mundo a ideia de Deus e da imortalidade do ser, inatas no coração dos homens. (...) A religião viverá entre as criaturas, instruindo e consolando, como um

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“Certa vez, um repórter me perguntou que

sugestão eu teria para as Nações Unidas, no

sentido de se evitar futuros confrontos

armados. Com todo o respeito à indagação

que me fora formulada, respondi que, caso me

atrevesse a respondê-la, reconhecer-me-ia

na posição de uma formiguinha que se decidisse, indebitamente, a

opinar em assuntos que competem a uma assembleia de sábios, com os quais a pobre

formiga nada tem a ver”.

Cláudio Bueno da Silva

Não se pode negar o valor da boa palavra, o poder de influência que ela tem na construção do pensamento.

Há coisas lindas, tão bem ditas! São verdadeiras descobertas que o gênio criador faz juntando palavras que, soltas, não teriam nem beleza, nem significação.

A palavra tem poder! Uns espe-ram com ela penetrar segredos, outros a revelação do desconhecido; há os que buscam a intimidade no reino da poesia ou da ciência. Há quem tente extrair dela a salvação de si mesmo, do mundo, como se só a palavra, sujeita às interpretações e aos desejos humanos, pudesse resgatar a culpa, o desvio, pulando etapas necessárias à conquista da compre-ensão. A palavra é uma coisa boa, e quando bem usada, faz maravilhas na material vida humana.

Mas há outro tipo de linguagem de que a massa de viventes na Terra pouco sabe: a linguagem do pen-samento.

Segundo o Espiritismo, o pensa-mento é a linguagem usada pelos espíritos no mundo invisível, próprio deles. Essa forma de comunicação talvez seja mais importante que a palavra, pois transporta as ideias na sua essência, como elas são, de espí-rito para espírito, impregnadas dos sentimentos que lhes deram origem. Não há como misturar o pensamento com a hipocrisia, com a mentira, como fazemos na Terra, com a pala-vra. Mas Deus faz as coisas certas e todos chegarão, mais cedo ou mais tarde, a testar esse método de comunicação de maneira bem usual, bastando para isso que morram.

Enquanto isso não acontece, no que se refira às nossas relações ainda bem materializadas, o exemplo é mais pujante que a palavra. Aquele é concreto, realizado; esta é concepção e está submetida ao filtro intelectual de cada um. A palavra insinua, sugere.

doUtriNa

Exemplo e palavra

O exemplo mostra como deve ser feito.

O bom exemplo contagia. Ver a boa ação nos faz ter esperança, inclusive em nós mesmos, pois sentimos vontade de copiá-la. Se o outro pode fazer coisas nobres, belas, justas, eu também poderei! Esta dedução nos motiva. Passamos a querer imitá-lo, queremos ser (ou ver-nos) comparados a ele. Ainda que não tenhamos força suficiente para isso, o que vemos se fixa em nossa mente como ideia realizável. Agir com correção, generosidade e justiça em relação ao próximo e a tudo requer maturidade do senso moral, na expressão feliz do educa-dor Allan Kardec.

O exemplo, sendo moral ou factual, tem como testemunhas não somente os vivos, mas também os

mortos, já que estamos o tempo todo cercados deles, conforme insi-nua a expressão evangélica (Paulo, Hebreus, 12:1). Este é um aspecto em que poucos pensam.

O que caracteriza o bom exem-plo é o desinteresse moral e material de quem produz a ação; também a naturalidade, a isenção, o distan-ciamento de qualquer presunção pessoal.

O bom exemplo está associado, naturalmente, ao cumprimento do dever, a certo estado de equilíbrio da consciência, a um sentimento que transcende o comportamento civil e adentra o domínio da legisla-ção divina ou natural. Talvez seja por isso que o bom exemplo cause forte impressão até mesmo ao néscio e faça respeitado o indivíduo que o prodigaliza.

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Jorge Hessen

Para alguns confrades, o Espiri-tismo, no início do século XX no Brasil, ganhou uma tonalidade que o fez diferente daquele

existente na Europa. Sofreu uma defor-mação ou determinada construção original, sobretudo pelas relações entre ele e os cultos Afro-Brasileiros.

À época, o Espiritismo possuía, na Europa, um caráter mais científico e filosófico e, no Brasil, ganhou carac-terísticas mais religiosas. Atribui-se, a esse fator, o pendor místico da tradição cultural brasileira. Para esses estudiosos, o “abrasileiramento” do Espiritismo o levou a uma perda do caráter experimentalista e científico de sua origem, e isto correspondera a um abastardamento do Espiritismo no Brasil. Evidentemente, discordamos dessa tese que considera o Espiritismo brasileiro uma simples deturpação do europeu.

Tais teóricos acreditam até que não seria possível ao Espiritismo manter uma “pureza” para onde quer que fosse difundido. Será que o termo Espiritismo inclui as crenças afro-bra-sileiras? É óbvio que não! Porém, desde sua chegada ao Brasil, seus adversários tentam igualá-los. Contudo, reconhe-cemos que a Umbanda, por exemplo, mais se parece com o Catolicismo do que com o Espiritismo, devido aos rituais, aos atos sacramentais e à hierarquia sacerdotal, os quais não existem no Espiritismo. Kardec não enfrentou este tipo de problema à época. Entretanto, no Brasil, com as peculiaridades da índole brasileira, tudo tem que ter conotação especial. Para alguns, seríamos espíritas karde-quianos e eles, “espíritas” umbandistas. Para outros, somos espíritas “mesa branca” e eles, de terreiros. Os termos não têm razão de ser, mas a urgência

CUltUra eSpÍrita

Doutrina Espírita e os culto afro-brasileirosem nos diferençarmos de outras seitas religiosas tem levado certos espíritas a utilizarem essas inadequadas adjeti-vações. O Espiritismo é uma Doutrina religiosa que tem Jesus como guia e modelo de conduta. Não há como compreender o Espiritismo sem Jesus e sem Kardec, para todos, com todos e ao alcance de todos, a fim de que o projeto da Terceira Revelação alcance os fins a que se propõe.

Como diferença fundamental na prática doutrinária, o Espiritismo não adota em suas reuniões: paramentos ou quaisquer vestes especiais; vinho, cachaça, ou qualquer outra bebida alcoólica; incenso, mirra, fumo ou quaisquer outras substâncias que produzam fumaça; altares, imagens, andores e velas; hinos ou cantos em línguas mortas ou exóticas; danças ou procissões; atendimento a interesses materiais, terra-a-terra, mundanos; pagamento de qualquer espécie;

talismãs, amuletos, orações mira-culosas, bentinhos e escapulários; administração de sacramentos, con-cessão de indulgências, distribuição de títulos nobiliárquicos; horóscopos,

cartomancia, quiro-mancia e astrologia; rituais e encenações extravagantes; promes-sas e despachos; riscar cruzes e pontos; pra-ticar, enfim, a extensa var iedade de atos materiais oriundos de velhas e primitivas con-cepções religiosas.

Outro fator rele-vante, a palavra “espí-rita” foi criada por Allan Kardec em 1857 e designa, tão-somente, os adeptos do Espiri-tismo, cujas atividades estão sempre voltadas à prática da caridade em seu sentido mais amplo. Portanto, a denominação “espírita” não deve ser associada a práticas com bases em quaisquer

rituais, pela incoerência que isso representa. Rejeitamos, pois, qualquer associação do Espiritismo com práticas dis-tanciadas das orientações de Allan Kardec, da ética e dos preceitos codificados por ele. Seria a Umbanda o mesmo que Espiritismo? Com todo respeito que os umbandistas merecem, respondemos que

não! Umbanda é, basicamente, prática religiosa surgida entre os africanos bantos e sudaneses, trazidos para o Brasil como escravos. É o resultado do amálgama com o Catolicismo,

reunindo ainda folclore, superstições e crendices, sem doutrina codificada.

Com a vinda dos escravos africa-nos para o Brasil, o sincretismo reli-gioso se tornou uma prática comum entre os escravos, pois os senhores de engenho não permitiam nenhuma outra religião, exceto a católica. Desta forma, surgiu a Umbanda, ampla-mente difundida em todas as camadas sociais do país. Sua entronização aqui teve razões variadas. Uma delas é essa bagagem religiosa atávica que nos liga ao passado do negro e do índio (pretos-velhos e caboclos). Outro fator foi a de desenvolver junto ao povo uma prática mediúnica mais voltada para os interesses imediatistas e popu-lários. No meio religioso convencional,

Com a vinda dos escravos africanospara o Brasil, o sincretismo religiosose tornou uma prática comum entre

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os pastores e padres colocam como adeptos da Doutrina Espírita as pes-soas que “mexem” com os Espíritos, com macumba. Para tais religiosos, os seguidores da Umbanda, do Candom-blé, os jogadores de búzios, de tarô, os ledores de sorte etc., são todos prati-cantes do Espiritismo. Por causa dessa suprema ignorância, temos o dever de procurar esclarecer essas distorções, sempre que a confusão se estabelecer. Sabendo, porém, que o termo já está popularizado na linguagem comum, é aconselhável que se utilize o termo Doutrina Espírita em lugar de Espiri-tismo, quando a ocasião exigir. Vai aqui apenas uma singela sugestão.

A Umbanda é um culto com identidade específica e suas práti-

Doutrina Espírita e os culto afro-brasileiroscas, embora tenham alguns pontos de convergência com o Espiritismo, de um modo geral, as con-tradizem, por serem antagônicas. Em se tratando de prática doutrinária, não se pode ser umbandista e espírita ao mesmo tempo. A Umbanda tem público e fina-lidade apropriados. Seus cultos são vol-tados a rituais e pro-cedimentos que em nada se compatibili-zam com a Doutrina Espírita. Estranhíssi-mos são os santuários

que em alguns dias trabalham com o “Espiritismo” e em outros com a Umbanda. Seria possível existir uma roda quadrada? Se for de bom alvitre que os lídimos espíritas não trabalhem em duas casas espíritas simultaneamente, ima-gine então a confusão espiritual que se forma quando se par-ticipa de dois cultos que não possuem afinidade entre si. Isso tem sido fonte de desequilí-brio psíquico e emocional de praticantes pouco esclarecidos quanto a esse aspecto. O Espiritismo (Doutrina Espírita) codificado por Allan Kardec nos traz princípios racionais inobservados em outras doutrinas filosóficas e morais.

É ele o Consolador Prometido por Jesus para ajudar na edificação do futuro da humanidade. Cremos que nossa incapacidade de minimizar certas dificuldades de interpretação entre a Doutrina Espírita e doutrinas afro-brasileiras está na falta de estudo e de preparo moral e intelectual ade-quados de muitos líderes espíritas. Por razões diversas, algumas pessoas tornam-se dirigentes de centros espíritas sem possuírem condições doutrinárias para isso. Portanto, fundamentalmente, o grande mal ainda é o pouco interesse que os adeptos têm pelo estudo sério das Obras Básicas. Religião científico--filosófica, o Espiritismo não pretende demolir as bases de outras crenças. Antes, reconhece a necessidade da existência delas para grande parte da humanidade, cuja evolução se processa lentamente.

A mediunidade, presente em

ambas as doutrinas, é patrimônio comum a todos. Entretanto, cada seguidor registra-lhe a evidência ao seu modo. De nossa parte, é possível praticá-la com a simplicidade evan-

gélica, baseados nos ensinamentos claros do Mestre, que esteve em contato incessante com as potências invisíveis ao homem vulgar, curando obsedados, levantando enfermos, conversando com os grandes ins-trutores materializados no Tabor, ouvindo os mensageiros celestiais em Getsemâni e voltando Ele próprio a comunicar-se com os discípulos, depois da morte na cruz. O bom senso nos sussurra que não importa que os aspectos da verdade religiosa recebam vários nomes, conforme a índole dos seguidores. Vale a since-ridade com que nos devotamos ao bem. Muitos estudiosos espíritas con-sideram lícito trabalhar tão-somente com espíritos superiores, relegando as manifestações mediúnicas vulga-res à fossa da obsessão e da enfermi-dade, que, na opinião deles, devem ser entregues a si mesmas, sem qualquer atenção de nossa parte.

Há estudiosos espíritas que não suportam qual-quer manifestação pri-mitivista. Se o médium incorpora espíritos pri-mários, afastam-se dele, agastadiços, responsa-bilizando-o por fraude ou mistificação. Isso é um contra senso sem respaldo no Evangelho.

Importa considerar, nesse debate, que cultos afro-brasileiros e Doutrina Espírita devem estar cada qual em seu devido lugar sem miscelâneas, respeitando-se mutuamente sempre.

Até porque o Espiritismo nos remete ao tesouro da fé raciocinada, esclarecendo-nos e habilitando-nos a estender o bem, a partir de nós mesmos. Sabemos que uma religião digna, qualquer que seja o Templo em que se expresse, é um santuário de educação da alma, em seu gradativo desenvolvimento para a imortalidade.

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Se o médium incorpora espíritos primários, afastam-se

dele, agastadiços, responsabilizando-o por fraude ou mistificação.

Isso é um contrassenso sem respaldo no Evangelho.

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José Herculano Pires

Na palavra “homossexualidade”, o prefixo homo não se refere a homem, mas a igual ou semelhante. Esse é o sen-

tido do prefixo grego que equivale a homogêneo ou homogeneidade. A palavra abrange, portanto, todos os casos de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, homens e mulheres. Há no meio espírita a tendência de se atribuir essa perversão ao processo de reencarnação. Tornou-se mesmo comum dizer-se que um efeminado revela, com isso, que foi mulher na encarnação anterior, e que a mulher de aspecto e atitudes viris foi homem. O sexo é um caso de polaridade das funções genésicas. Essa polaridade é universal, mani-festa-se em todas as coisas e em todos os seres. A sexua-lidade é uma das condições gerais do organismo. As leis de evolução determinam o sexo de acordo com as necessidades evolu-tivas do individuo. Sexo forma o carma, mas não é carma. O homem e a mulher são seres complementares. Na dialética da evolução, eles se emparelham, formam a parelha humana destinada a conjugar-se, e não a opor-se recipro-camente. Essa é uma antiga concepção que vem da mais alta Antiguidade. Foi dela que nasceu o mito dos hermafro-ditas, filho de Hermes e Afrodite, que reuniam em si os elementos femini-nos e masculinos. Segundo Sócrates, os primeiros habitantes da Hélade eram os andrógenos, ligados pelas costas, que andavam girando com grande velocidade, e resolveram subir ao Monte Olímpio para desalojar os deuses. Zeus os castigou, cortando-os pelas costas, de maneira a separar o feminino e o masculino. Desde então as duas metades se perderam e procuram

reencontrar-se e se ligarem de novo no amor, sob o poder de Eros.

O mito representa a condição humana total, em que a sexualidade revela a sua unidade primitiva, que se diferenciou no tempo em feminino e masculino. As existências atuais con-firmam a essência simbólica do mito, mostrando o aspecto de polaridade das funções genéticas do homem. Todos os homens e mulheres, são igual-mente dotados da sexualidade única, que só se divide e se diferencia no plano funcional. Como ensina Kardec, homens e mulheres têm os mesmos direitos, mas funções diferentes. A natureza humana é una, mas sobre ela se recortam as figuras do homem e da mulher, diferenciando-se apenas pelas exigências do sexo. Mas há nessas

teorias um aspecto ainda mais depri-mente, que consiste no desrespeito à dignidade feminina. A mulher normal e decente não emprega suas funções sexuais no sentido aviltante que os teóricos analfabetos lhe atribuem. Se um espírito passou pela encarnação feminina para adquirir nela as virtudes da maternidade, da ternura, da paixão pela beleza e a harmonia, como pode-mos conceber esse espírito aviltando--se e aviltando a espécie humana na fonte sublime da maternidade? Onde estaria o senso dos espíritos benevolen-tes, a serviço de Deus nos laboratórios da reencarnação, para insistirem na técnica da perversão? Teorias dessa espécie defendidas levianamente no meio doutrinário, envilecem a doutrina e fazem as pessoas de bom-senso julgarem que somos uma tropilha de

ignorantes.Devemos ainda atentar

para os aspectos científicos da questão. Os desequilí-brios sensoriais podem ser provocados pela educação deformante da criança. As sensações mórbidas provocadas nas primeiras fases da infância levam geralmente a distúrbios perigosos. Freud é ainda hoje censurado por seu pansexualismo, mas os estudiosos sérios de suas obras sabem que a razão o assistia nesses exage-ros que não eram pro-priamente dele, mas da realidade queimante que a investigação da libido lhe punha nas mãos de pioneiro. O misticismo reli-gioso, com seu insistente e criminoso estrangulamento das energias gené-ticas da espécie, das quais depende a sobrevivência humana, produziu maior número de monstros de que geralmente se pensa. Durante dois mil anos, os pregadores de abstinências impossíveis violaram a naturalidade do sexo, entregando suas vítimas à sanha dos espíritos inferiores, íncubos e súcubos, que punham clérigos e freiras em delírio nos mosteiros e conventos. Aldous Huxley nos conta, em Os Demônios de Loudun, como foi estabelecida a taxa especial para a liberdade sexual dos padres celibatários durante o medievalismo. A hipocrisia e a depravação foram as flores mortais da semeadura de santidade forçada. É inacreditável que, agora, espíritas ingê-nuos, desconhecedores de sua própria doutrina – em que as leis de Deus são as próprias leis naturais – levantem essa acusação monstruosa à lei divina da reencarnação.

A extrema sensibilidade dos órgãos sensoriais, apta à captação da estesia, complica-se no homem com o desen-volvimento da imaginação que o leva à

ComportameNto

interpretações Errôneas da homossexualidade

busca do prazer. A inquietação humana decorre da encarnação, da prisão do espírito na carne. Mas a própria carne lhe oferece as vias de fuga da imagina-ção e do prazer. O espírito é liberdade e quer se afirmar como tal na existência, mas as barreiras do seu condiciona-mento humano o impedem de ser realmente o que é. O instinto de liber-dade o arrasta para as vias de escape. As proibições formais da sociedade e da cultura, freando-lhes os impulsos genésicos e as influências de um pas-sado milenar de abusos e recalques, acrescido das restrições morais que o acuam na consciência em desenvolvi-mento, geram o trágico pandemônio da libido. Unamuno foi benevolente ao considerar o homem como um drama. Mais do que isso, ele se apresenta na existência como uma tragédia. Veja-se o desespero de Sartre, que impossibilitado de pôr ordem no caos, precipitou-se no suicídio conceptual da frustração e do nada. A ideia absurda da nadificaçãao o acalmou de tal forma que ele se empenhou a sustentá-la mesmo ante às conquistas científicas que o tornaram perempto antes do

O misticismo religioso, com seu insistente e criminoso estrangulamento das energias genéticas da espécie, das

quais depende a sobrevivência humana, produziu maior número de monstros de

que geralmente se pensa

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suposta criminosa conde-nada por suspeição.

Ver num jovem efemi-nado a reencarnação de uma mulher pervertida é fugir à realidade universal das perversões masculinas, sempre mais brutais que as femininas. Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo, colocou bem esse problema de transferên-cia estúpida e até mesmo covarde. As lésbicas gregas, como Safo, de inteligência e sensibilidade refinadas, viviam numa condição histórica e cultural muito diferente da nossa, inte-gradas numa concepção do mundo que era global, gestáltica e não fragmen-tária como a nossa. O ideal

do Belo, que Platão levara à suprema expressão, dominava o pensamento grego. A contemplação dos belos corpos, dizia o filosofo, eleva a alma aos planos divinos. Não era a sensação grosseira e banal, o refocilar dos porcos na lama, que atraía essas criaturas, mas a estesia pura ante a beleza perfeita. Já em Roma a situação era outra, e os anti-gos camponeses transformados em conquistadores do mundo geravam as messalinas, flores espúrias de um mundo em que a práxis esmagava a herança da Grécia, mas desenvolvendo os resquícios da barbárie romana. Por isso, chegamos ao cúmulo de atribuir a Sócrates, como o fizeram Anito e Melito, a pecha de perversão. Nossa incapacidade para compreender o mundo em que o ideal superava o pragmático é inegável. Ernst Cassirer, em A Tragédia da Cultura, mostra-nos como arrancamos das ruínas antigas civilizações, com guerras de primatas, a impregnação do passado. Não rece-bemos a herança viva, mas os resíduos mortos que trazem o frio mineral das estátuas. Não somos capazes de medir o passado pela sua dimensão

real e o reduzimos às nossas próprias dimensões. Benét Sanglé, fascinado pela figura do Cristo, colocou-o na retorta da psiquiatria e o transformou em louco no seu livro La Folie de Jesus. É geralmente assim que procedemos, com a sensibilidade embotada do nosso pragmatismo. Nosso refina-mento é exterior, e superficial. Por baixo das camadas de verniz da civilização atual carregamos os monstros que puseram suas garras de fora na última Conflagração Mundial, no genocídio atômico de Nagasáki e Hiroshima, nas escaladas americanas sobre o Vietnã. A prova disso está aí, flagrante e hor-renda, nas violências tecnológicas de nosso século. E isso porque imolamos o espírito à matéria. Esquecemos a nossa origem, essência e destino divi-

nos para nos proclamarmos senhores de um mundo de fome e miséria.

Outra explicação da homossexua-lidade atribui aos velhos a responsabili-dade da perversão. Segundo os autores dessa teoria, os velhos, ao perderem a virilidade, entregam-se a excitações indevidas, e quando o espírito volta a reencarnar-se, traz na sua bagagem esse estranho contrabando. Tivemos a oportunidade de contestar um dos autores em programa de televisão, no canal 13 de São Paulo. É incrível a leviandade com que certas pessoas, escudando-se em títulos universitá-rios, mas sem critério científico, fazem afirmações dessa espécie. A genera-lização é tremendamente ofensiva. A dignidade, que sempre encontrou na senectude a sua mais bela expressão, esboroa-se nas mãos desses teóricos

improvisados que nada respeitam. Os setores da Espiritualidade, incumbidos dos processos reencarnatórios tornam--se negligentes e insensíveis aos olhos desses teóricos do absurdo. A reencar-nação, por sua vez, perde a sua validade como instituto de reparação e evolução. A desoladora falta de compreensão dos objetivos naturais da reencarnação, por parte desses diplomados por acaso ou negligência, chega a escandalizar as pessoas de bom senso. A mesquinhez dessas suspeitas infundadas revela a mentalidade tacanha desses pseudo-cientistas, que se apresentam como pesquisadores. Todas as pessoas que compreendem a doutrina da reen-carnação sabem que esse processo universal é um dos meios de controle da evolução geral. Procurar motivos espe-

cíficos e ridículos para as manifesta-ções de desequi-líbrio já suficiente-mente conhecidos é querer confundir a questão. Não há razão para essas invenções ou inven-cionices, quando a perversão dos

instintos naturais é uma constante da evolução em todos os seus campos. Geração e corrupção, como ensina Aristóteles, são a antítese e a tese da dialética da criação, mas nos limites temporais do processo. A regularidade das leis naturais que determinam a sistemática evolutiva não comporta especulações bastardas. A própria grandeza do destino humano, da desti-nação superior do homem no Universo, repele essas tolices. Cada ser e cada espécie estão submetidos à lei da har-monia e perfeição que rege, do minério ao homem, o desenvolvimento das potencialidades da criação. O dínamo--psiquismo-inconsciente de Geley, a que já nos referimos, oferece-nos uma visão grandiosa do processo evolutivo que amesquinha por si mesmo essas especulações sem sentido.

interpretações Errôneas da homossexualidade

tempo. Alguns teólogos medievais costumavam dizer que o homem não pode colher os frutos do Paraíso antes do tempo. A simbólica expulsão de Adão do Paraíso dá-nos o quadro vivo dessa precipitação. A mulher, conside-rada inferior nas sociedades patriarcais, representa o instrumento da serpente (símbolo fálico) para levar o homem à desobediência. Agora, como se não bastasse essa injustiça mitológica, queremos também imputar-lhe a responsabilidade do homossexualismo através da reencarnação. O mito grego dos homens bissexuados, que Zeus separou para defender o Olimpo, repõe a mulher na sua dignidade aviltada. A metade perdida torna-se exigência vital, que o homem busca no plano existencial, reconhecendo nela a sua aspiração imediata, para fazê-la de novo sua companheira e parceira, sonho e ideal, mãe e irmã, apoio e estímulo, que nos tempos líricos da cavalaria medieval e castelã, senhora e mártir ao mesmo tempo, escravizada ao garrote vil dos cintos de castidade. Ambivalência monstruosa em que a dama sublime era transformada em

Por baixo das camadas de verniz da civilização atual carregamos os monstros

que puseram suas garras de fora na última Guerra Mundial, no genocídio atômico de Nagasáki e Hiroshima, nas escaladas americanas sobre o Vietnã

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No Espiritismo, é costume usar o termo “desencarnar” quando uma pessoa morre. Porém no caso do suicídio,

as coisas ocorrem de forma mais lenta.

Em diversas obras, encontramos trechos em que os espíritos afirmam que ficam presos ao corpo até sua completa extinção. Allan Kardec nos revela isso com propriedade na entre-vista publicada na Revista Espírita de junho de 1858 com o titulo O suicida de Samaritana:

“5. Qual foi o motivo que vos levou ao suicídio? R. Estou morto?... Não...

Habito meu corpo... Não sabeis o quanto sofro!... Eu estufo... Que mão compassiva procure me matar!

13. Que reflexões fizestes no momento em que sentistes a vida se extinguir em vós? R. Não refleti; senti... Minha vida não está extinta... minha alma está ligada ao meu corpo... Sinto os vermes que me roem.”

No livro Depois do Suicídio de Cleonice Orlandi de Lima, temos o depoimento de Jacinto : “Conti-nuei com o corpo morto, mas sem poder me separar do cadáver. Assim paralisado assisti aos funerais, ouvi os lamentos e as recriminações dos presentes pelo meu ato. Horrorizado, vi fecharem o caixão sobre mim.

Fui conduzido, assistindo a tudo e sempre sentindo a dor do ferimento na boca. Carregaram-me ao cemité-rio, enterraram-me e me deixaram sozinho. Senti a sufocação do fundo da cova, mas não podia fazer o mais leve movimento. Estava colado ao corpo morto! As dores que sentia eram fabulosamente insuportáveis. E, logo a seguir, passei a sentir o cheiro do corpo apodrecendo. Senti a mordedura dos vermes, milhões de mordidas ao mesmo tempo, por todo o corpo. Dores incríveis!

Muito tempo depois a carne foi se separando dos ossos, foi se acabando

e eu sempre ali, sentindo as dores e assistindo a tudo. A sede, a fome e o frio me torturavam. A dor do feri-mento da boca nunca me abando-nou. Jamais tive um único minuto de descanso, em que pudesse dormir.”

Emmanuel, no livro O Consolador, confirma:

“Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. (...) A pior emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da decomposição do corpo abandonado no seio da terra, vermi-nado e apodrecido.”

Yvone Pereira no livro Memória de um Suicida nos traz uma visão do que ocorre quando finalmente o espí-rito se desliga do corpo, contando a história de Camilo Castelo Branco que, desencarnado, foi para o Vale dos Suicidas, onde sofreu horrores durante 12 anos até ser resgatado em 1903.

Devemos ainda levar em conta que o suicídio não é só aquele ato brutal e relativamente rápido, há também o caso dos fumantes, alcoó-latras e/ou viciados de maneira geral.

“O suicídio brutal, violento, é crueldade para com o próprio ser. No entanto, há também o indireto, que ocorre pelo desgastar das forças morais e emocionais, das resistências físicas no jogo das paixões dissol-ventes, na ingestão de alimentos em excesso, de bebidas alcoólicas, do fumo pernicioso, das drogas adictí-cias, das reações emocionais rebeldes e agressivas, do comportamento mental extravagante, do sexo em uso exagerado, que geram sobrecargas destrutivas nos equipamentos físicos, psicológicos e psíquicos...”

Kardec é bem claro sobre a ques-tão do suicídio no Livro dos Espíritos entre as questões 944 até 946:

“Na morte violenta, as sensações não são precisamente as mesmas. Nenhuma desagregação inicial há começado previamente à separação

doUtriNa

suicidas - morrem, mas... não desencarnam

do perispírito; a vida orgânica em plena exuberância de força é subita-mente aniquilada. Nestas condições, o desprendimento só começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente. No suicídio, principal-mente, excede a toda expectativa. Preso ao corpo por todas as suas fibras, o perispírito faz repercutir na alma todas as sensações daquele. Com sofrimentos cruciantes.”

Muitos podem questionar se o suicídio pode ser induzido por um obsessor. Yvone Pereira novamente nos brinda com a resposta: “Não obs-tante, homens comuns ou inferiores poderão cair nos mesmos transes, conviver com entidades espiritu-ais inferiores como eles e retornar obsidiados, predispostos aos maus atos e até inclinados ao homicídio e ao suicídio. Um distúrbio vibratório poderá ter várias causas, e uma delas será o próprio suicídio em passada existência.”

A doutrina espírita nos ensina que a morte não é o fim; e que de outra forma a vida continua. Que muitas vezes somos influenciados por obsessores; porém esses só agem devido ao nosso desequilíbrio, e que precisamos ter consciência do que

ocorre, caso desistamos da vida a qual tivemos o privilégio de, através da reencarnação, buscar compreender e superar as provas e expiações.

“A certeza da vida futura, com todas as suas consequências, trans-forma completamente a ordem de suas ideias, fazendo-lhe ver as coisas por outro prisma: é um véu que se ergue e lhe desvenda um horizonte imenso e esplêndido. Diante da infinidade e da grandeza da vida além da morte, a existência terrena desaparece, como um segundo na contagem dos séculos, como um grão de areia ao lado da montanha. Tudo se torna pequeno e mesqui-nho e nos admiramos por havermos dado tanta importância às coisas efêmeras e infantis. Daí, em meio às vicissitudes da existência, uma calma e uma tranquilidade que constituem uma felicidade, comparadas com as desordens e os tormentos a que nos sujeitamos, ao buscarmos nos elevar acima dos outros; daí, também, ante as vicissitudes e as decepções, uma indiferença, que tira quaisquer motivos de desespero, afasta os mais numerosos casos de loucura e remove, automaticamente, a ideia de suicídio.”

Page 11: Jornal Fraterno 57

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não nos sentíamos preparados, são ricas em conteúdo se as apreciarmos de forma positiva.

Resistirmos às mudanças nos impedem de crescer e de vermos as inúmeras possibilidades que a vida nos trás, significando, ainda, a impos-sibilidade de manter as coisas como estão, pois, em muitos casos, não há como voltar no tempo. Tudo foi resolvido e só você não se adaptou.

Todo esse exercício nos capacita para vida.

Um dos exemplos que citei acima, acontecerá, em breve, no Seara de Jesus. Como uma associação que tem seu funcionamento regido por um estatuto social, como estabelece o Código Civil, o Seara de Jesus deve promover a troca da sua Diretoria a cada dois anos. Os procedimentos estabelecidos no Estatuto Social do Seara de Jesus para a troca de seus administradores são organizados por uma Assembléia Geral Ordinária quando são convocados os associa-dos da casa para participarem da eleição da nova Diretoria.

Realizados os procedimentos conforme estabelecido, inclusive os burocráticos, o Seara de Jesus pas-sará, a partir da última semana de abril, a ser administrado por um novo grupo de trabalhadores voluntários, dispostos a se dedicarem periodi-camente aos assuntos pertinentes à organização e decorrentes do funcionamento da casa.

Como neste exemplo, por mais um determinado período, novas pessoas, cada uma detentora de experiências e técnicas diferentes, passam a integrar uma organização, se é que dela já não faziam parte, e a contribuir no fortalecimento e cumprimento da sua missão.

É uma via de duas mãos. É dando que se recebe. Doamos trabalho enri-quecido com o nosso conhecimento e recebemos mais conhecimento enriquecido pelo trabalho de outro irmão.

Tornar estas mudanças satis-fatórias para nós só depende da forma como estamos dispostos a recebê-las.

E como atualmente as coisas estão acontecendo numa veloci-dade impressionante, mantermo--nos atualizados pode parecer algo impossível.

Mas a receitinha é simples. Pode-mos dar as mãos àqueles que estão dispostos a ajudar para que essa corrente de conhecimento e determi-nação, regrada por uma considerável dose de boa vontade, se espalhe e alcance a tantos outros mais.

O que você planeja realizar com o novo da sua vida? Como você imagina lidar com aquela mudança que, recentemente, te acometeu? Como você pensa em mudar aque-las situações que emperram o seu crescimento pessoal, emocional ou profissional?

Que sejam bem vindas as mudan-ças. Que os seus autores sejam motivo de uma grande recepção. Pois vivemos e aprendemos. Vivemos e evoluímos.

E é vivendo que ajudaremos o próximo ainda mais!

Um grande abraço!

momeNto FraterNo

mudançasJussara Ferreira da Silva

Amigos leitores,É comum o aborreci-

mento quando nos depara-mos com as mudanças que

a vida nos coloca. Bem vindas ou não, esperadas ou não, é verdade que as mudanças acontecerão de um jeito ou de outro.

A acomodação no que já está instalado em nossas vidas, a dúvida do novo ou a insegurança pelas conseqüências que as mudanças trarão são as possíveis causas na nossa inércia. E por essa inércia vamos vivendo e vivendo, muitas vezes sem percebermos que situações novas também podem ser satisfatórias em nossas vidas.

Com certeza todos nós já viven-ciamos algum tipo de mudança.

E é assim que acontece: mudanças promovidas por nós mesmos como de emprego ou de casa, aquelas que são causadas pelas pessoas que nos acompanham diariamente como um casamento ou uma viagem de alguém querido, mudanças no ambiente pro-fissional como a transferência de local de trabalho ou de serviço, mudanças na comunidade religiosa que fre-quentamos, mudanças nas amizades, mudança de escola, etc.

Mas as mudanças nos mostram que nada fica estagnado, porque tudo passa, o bom e o ruim passarão. Os relacionamentos mudam. O nosso amadurecimento muda a cada dia vivido. Nós mudamos. Nada é para sempre.

São as mudanças que nos apre-sentam pessoas novas e que passa-rão a fazer parte do nosso convívio. Novas idéias e novos ideais. Novas experiências de vida. Novos conhe-cimentos. Novos ânimos. Novas téc-nicas de trabalho. Quantos benefícios colocados à nossa disposição. Basta querermos alcançá-los.

As mudanças, mesmo as repen-tinas que nos obrigam a uma certa criatividade ou entusiasmo quando

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[email protected] FRaTERno osasco | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 57 | MArço/Abril

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Atendendo a certas inter-rogações de Simão Pedro, no singelo agrupamento apostólico de Cafarnaum,

Jesus explicava solícito:– Destina-se a Boa Nova, sobre-

tudo, à vitória da fraternidade.“Nosso Pai espera que os povos

do mundo se aproximem uns dos outros e que a maldade seja esque-cida para sempre.

“Não é justo se combatam as cria-turas reciprocamente, a pretexto de exercerem domínio indébito sobre os patrimônios da vida, dos quais somos todos simples usufrutuários.

“Operemos, assim, contra a inveja que ateia o incêndio da cobiça, contra a vaidade que improvisa a loucura e contra o egoísmo que isola as almas entre si...

“Naturalmente a grande trans-formação não surgirá de inesperado.

“Santifiquemos o verbo que ante-cipa a realização.

“No pensamento bem conduzido e na prece fervorosa, receberemos as energias imprescindíveis à ação que nos cabe desenvolver.

“A paciência no ensino garantirá êxito à sementeira, a esperança fiel alcançará o Reino Divino, e a nossa palavra, aliada ao amor que auxilia, estabelecerá o império da infinita bondade sobre o mundo inteiro.

“Há sombras e moléstias por toda a parte, como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas viciadas. É imperioso reconhecer, porém, que, se regenerarmos a fonte, aparece adequada solução ao grande pro-blema. Restaurando o espírito, em suas linhas de pureza, sublimam-se--lhe as manifestações”.

Em face da pausa natural que se fizera, espontânea, na exposição do Mestre, Pedro interferiu perguntando.

– Senhor, as tuas afirmativas são sempre imagens da verdade. Com-preendo que o ensino da Boa Nova estenderá a felicidade sobre toda a Terra... No entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis fla-

gelos para a criatura? E se curássemos todas as doenças? Se proporcionás-semos duradouro alívio a quantos padecem aflições do corpo? Não acreditas que, assim, instalaríamos bases mais seguras ao Reino de Deus?

E Felipe ajuntou algo tímido:– Grande realidade... Não é fácil

concentrar ideias no alto, quando o sofrimento físico nos incomoda. É quase impossível meditar nos proble-mas da alma, se a carne permanece abatida de achaques...

Outros companheiros se exprimi-ram, apoiando o plano de proteção integral aos sofredores.

Jesus deixou que a serenidade reinasse de novo, e, louvando a pie-dade, comunicou aos amigos que, no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados, antes da pregação.

Com efeito, no outro dia, desde manhãzinha, o Médico Celeste, aco-litado pelos apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre os doentes de todos os matizes.

No curso de algumas horas, foram libertados mais de cem pri-sioneiros da sarna e do cancro, do reumatismo, da paralisia, da cegueira, da obsessão...

Os enfermos penetravam o gabi-nete improvisado ao ar livre, com manifesta expressão de abatimento, e voltavam jubilosos.

Tão logo reapareciam de olhar fulgurante, restituídos à alegria, à tranquilidade e ao movimento, for-mulava Pedro o convite fraterno para o banquete de verdade e luz.

O Mestre em breves instantes falaria com respeito à beleza da Eter-nidade e à glória do Infinito; demons-traria o amor e a sabedoria do Pai e descortinaria horizontes divinos da renovação, desvendando segredos do Céu para que o povo traçasse luminoso caminho de elevação e aperfeiçoamento na Terra.

Os alegres beneficiados, contudo, se afastavam céleres, entre frases apressadas de agradecimento e des-

moral CriStã

o bendito aguilhão

culpa. Declaravam-se alguns ansio-samente esperados no ambiente doméstico e outros se afirmavam interessados em retomar certas ocu-pações vulgares, com urgência.

Com a cura do último feridento, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze aprendizes.

O pescador de Cafarnaum ende-reçou significativo olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo falou compassivo:

– Pedro, estuda a experiência e guarda a lição. Aliviemos a dor, mas

não nos esqueçamos de que o sofri-mento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta.

E sorrindo expressivamente arre-matou:

– A carne enfermiça é remédio salvador para o Espírito envenenado. Sem o bendito aguilhão da enfermi-dade corporal, é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do Paraíso.

Mensagem extraída do livro Contos e Apólogos, cap. 6