Jornal Funk

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Quarta-Feira, 09 de Agosto de 2012. Edição 01 Ano 12 R$ 2,50 Preconceito no Funk O funk sofre com a taxação de ser música de pobre, de bandido e mesmo tocando em bairros como Ipanema, Morumbi, Leblon. Alguns se acham inteligentes demais para ouvir ou gostar de funk, outros se acham cultos demais para tal, mas a realidade é que toda essa "superioridade" intelecto-cultural não passa de limitação intelecto-cultural e o mais puro preconceito. Pág. 02. Eterno Boladão Retrato de Vida “Quem não tenta, não conquista.” Mr. Catra Pág. 03. DJ Felipe era o DJ do MC Felipe Boladão, eles faziam shows juntos e eram grandes amigos. Pág. 01. EM JORNAL SERVIÇO DO BRASIL WWW.JORNALFUNK.COM.BR

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Trabalho concluído no curso Cedaspy, para desenvolvimento de um jornal.

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Quarta-Feira, 09 de Agosto de 2012. Edição 01 – Ano 12

R$ 2,50

Preconceito no Funk O funk sofre com a

taxação de ser música

de pobre, de bandido e

mesmo tocando em

bairros como Ipanema,

Morumbi, Leblon.

Alguns se acham

inteligentes demais

para ouvir ou gostar de

funk, outros se acham

cultos demais para tal,

mas a realidade é que

toda essa

"superioridade"

intelecto-cultural não

passa de limitação

intelecto-cultural e o

mais puro preconceito.

Pág. 02.

Eterno Boladão Retrato de Vida “Quem não tenta, não

conquista.” Mr. Catra

Pág. 03.

DJ Felipe era o DJ do MC Felipe Boladão, eles faziam shows

juntos e eram grandes amigos. Pág. 01.

EM JORNAL SERVIÇO DO BRASIL WWW.JORNALFUNK.COM.BR

Felipe Boladão (foto 01) morava em São Vicente e Felipe da Silva (foto 02) na Praia Grande, no litoral de São

Paulo. Ambos tinham vinte anos de idade quando foram assassinados. DJ Felipe era o DJ do MC Felipe Boladão,

eles faziam shows juntos e eram grandes amigos.

Estavam indo para mais um

baile funk na cidade de São

Paulo, quando suas jovens

carreiras e vidas foram

interrompidas para sempre.

Parentes dizem que o MC

comunicou a sua família que

algo poderia acontecer com

ele, e se despediu de vários

deles. O único jeito de

sobrevier era se ele

conseguisse um carro e

viajasse até Guarulhos.

A policia ainda investiga a

morte dos dois, que até

agora está sem explicação.

A namorada do DJ deu a sua

opinião e disse que isso se

trata de inveja, pois a carreira

dele estava decolando e ele

estava muito feliz.

O crime ocorreu na noite do sábado, dia 10 de Abril de 2010, por volta das 23:30, na Rua A, em frente ao número 351,

na Vila Glória, onde o DJ Felipe morava. Enquanto o MC e o DJ aguardavam a carona, dois indivíduos em uma moto de

cor escura pararam no local.

A garupa, que trajava jaqueta preta e verde e estava de capacete, desceu do veículo e disparou contra os dois. A

pessoa que dirigia a moto também estava de capacete. As vítimas chegaram a ser socorridas, mas faleceram no

caminho ao Pronto Socorro Central.

Ricardo Amorim de Sousa, amigo de ambos também estava no local e teve ferimentos leves. De acordo com ele, os

tiros eram para matar "apenas" o MC e o DJ. Ele conseguiu fugir e se esconder em um canal. Após os demais disparos,

a dupla da moto fugiu no sentido do terminal Tude Bastos.

No dia seguinte, várias homenagens foram prestadas no

Youtube, Orkut e outros sites.

Felipe Boladão era conhecido pelas suas letras, sempre

conscientes. As de maior sucesso são "Tá difícil", "Residência

dos Loucos 1 e 2", "A viagem", "Um anjo me disse", "Town e

Country (Tony Coutry)" e "Eu sei"

Foto 01

Foto 02.

Felipe da Silva Gomes conhecido como Dj

Felipe, Felipe Wellington da Silva Cruz

conhecido como Felipe Boladão.

A morte de Felipe Boladão e Dj Felipe

assassinados a 02 anos atrás.

01.

O funk não poderia ser diferente. Ele nasceu nos morros do Rio de Janeiro. Ele surgiu expondo uma realidade social que a

sociedade, de uma maneira geral, tenta não ver. Quem não lembra de versos como "eu só quero é ser feliz, andar

tranquilamente na favela onde eu nasci" ou ainda "era só mais um Silva que a estrela não brilha, ele era funkeiro mas era pai

de família"? Gênero musical ligado a uma população de baixa renda, à desigualdade social, e que foi se moldando (e até se

popularizando) com o tempo mas sem jamais deixarem de ser alvos dos mais variados tipos de preconceito.

O funk sofre com a taxação de ser

música de pobre, de bandido e

mesmo tocando em bairros como

Ipanema, Morumbi, Leblon. Alguns

se acham inteligentes demais para

ouvir ou gostar de funk, outros se

acham cultos demais para tal, mas

a realidade é que toda essa

"superioridade" intelecto-cultural

não passa de limitação intelecto-

cultural e o mais puro preconceito.

O caso do funk do Rio de Janeiro é

ainda pior, o funk é ligado

diretamente ao tráfico de drogas e

tudo que a sociedade tenta

esconder. Além de sofrer um

preconceito sócio-criminal, o funk,

recentemente, em uma de suas

mudanças, atraiu para si mais um

estereótipo: o da vulgaridade e das

"péssimas" letras.

Se for para se pautar pela

qualidade da letra, o heavy

metal, com suas músicas de

"o mal está vindo", "satanás

voltou", estaria morto e

enterrado. A maioria das

músicas internacionais, em

um país onde a minoria

consegue estudar um idioma

adicional, nem tocaria nas

rádios e baladas. Aliás,

quem é que sabe o

significado de todas (eu

disse todas!) as músicas que

ouve de bom grado? Quem

é que para de dançar na

balada para compreender ou

porque compreende e se

repudia com a letra de uma

música internacional?

Ninguém.

O funk é legítima manifestação cultural,

nascida dos morros e periferias que se

disseminaram por toda a sociedade. O

funk, em especial, é um ritmo

contagiante, dançante e alegre (quem é

que chora ouvindo um funk?). O gênero

incomoda, veio de baixo e veio para

ficar, incomoda porque não nasceu de

uma elite cultural, incomoda porque,

como diz um funk não muito antigo que

em sua letra combate o preconceito

contra o gênero, "é som de preto, de

favelado, mas quando toca, ninguém

fica parado", tá ligado?

Preconceito contra o Funk

02.

Nesta quarta-feira, 08 de Agosto, Izabella Rodrigues entrevista Wagner Domingues da Costa, mais conhecido como Mr.

Catra. O polêmico funkeiro de 43 anos nasceu no Morro do Borel, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, mas foi criado por

uma família de classe média alta. Catra vem ao programa para falar sobre sua história, a carreira no meio musical, religião,

casamento, filhos e outras questões:

• Eu não sou de muitas mulheres, só daquelas que eu amo. No momento são 3. • Sem camisinha, só com meus amores. • Eu já perdoei uma traição, mas deixa de ser minha mulher. • Meu pai biológico foi mais meu amigo e o que me criou foi mais pai. • Eu era o pretinho criado na classe média alta, então era difícil socializar com a playboyzada e difícil socializar com o pessoal da favela.

• A coisa mais fácil é entregar a vida

nas mãos de Deus, porque Deus não

erra.

• Eu sigo as doutrinas judaicas.

• Tenho 21 filhos. Tô indo rumo aos

30.

• No funk não adianta pagar jabá. Só

entra quem Deus quer.

• Eu sou rico. Tenho um montão de

amigos.

• A violência começa quando o

homem chama sua mulher de amante

e seu filho de bastardo.

• Homem chora quando perde uma

mulher de verdade.

• Eu não gosto de dinheiro, mas amo a

prosperidade.

• A mulher pode ter 300 amantes, mas

ela só ama um.

• Não sou brigão, sou diplomata.

“Tenho 21 filhos. Tô indo rumo aos 30.”

Mulheres de Mr. Catra falam da relação aberta com o funkeiro.

Além de ser um dos funkeiros mais

conhecidos do Brasil, Mr. Catra também é

conhecido por ser casado com duas

mulheres e ter 21 filhos de diferentes

mães. Em entrevista á coluna Retratos da

Vida, do Jornal Funk, Silvia, 32, e Sara,

22, falaram da relação com o cantor.

Silvia afirmou que Catra é carinhoso, que

manda flores e que a presenteia com

muitas joias. Para ela, não existe homem

fiel e prefere viver assim do que um

"casamento de mentira". Já Sara adisse

que ama o funkeiro e aceita a situação

para viver feliz ao lado dele. Segundo as

duas mulheres, uma não sente ciúmes da

outra.

“A coisa mais fácil é entregar a vida nas mãos de Deus, porque Deus não erra.” Mr. Catra

Silvia e Catra.

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