JORNAL MARTIM-PESCADOR 102

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www.jornalmartimpescador.com.br Junho 2012 Número 102 Ano VIII Tiragem 3.000 exemplares Luciano Candisani ALBATROZ Kenji Tuzuki conta a história do barco Falcon que fazia parte da paisagem santista na década de 40. Pág. 7 Professores de Rio Claro aprendem sobre os ecossistemas de Santos. Pág. 3 Jovens do Instituto Brasil Jr. participam de torneio em Conceiçãozinha, Guarujá. Págs. 4 e 5 Projeto Albatroz promove exposição de fotos na Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos, para estimular a conservação das aves marinhas. Pág. 8

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junho 2012 - Número 102 - Ano VIII - Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo.

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Junho 2012Número 102Ano VIII

Tiragem 3.000exemplares

Luci

ano

Can

disa

ni

ALBATROZPáginas 4,5 e 6

Kenji Tuzuki conta a história do barco Falcon que fazia parte da paisagem santista na década de 40. Pág. 7

Professores de Rio Claro aprendem sobre os ecossistemas de Santos. Pág. 3

Jovens do Instituto Brasil Jr. participam de torneio em Conceiçãozinha, Guarujá. Págs. 4 e 5

Projeto Albatroz promove exposição de fotos na Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos, para estimular a conservação das aves marinhas. Pág. 8

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Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

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EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

Novos parques serão criados em Santos

APAS MARINHASTrês áreas de proteção ambiental (APAS) marinhas

foram criadas em outubro de 2008 a partir de decretos as-sinados pelo governador José Serra (PSDB). O objetivo é disciplinar o uso de recursos ambientais, ordenar a pesca, o turismo recreativo e as atividades de pesquisa. Cada uma das três unidades de conservação tem seu próprio conselho

gestor, composto por 12 representantes do governo e 12 da sociedade civil. Desde sua criação em março, as reuniões têm sido mensais para debater temas relacionados a or-denamento pesqueiro, programas de educação ambiental, pesquisa, proteção e fiscalização. Além dos conselhos foram criadas Câmaras Temáticas nas áreas de Pesca, Planeja-

mento & Pesquisa, e Educação & Comunicação.As APAS pertencem ao grupo de Unidades de Uso Susten-

tável do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC. Além das três APAS Marinhas também foi criado o Mosaico das Ilhas e Áreas Protegidas que reúne as três novas unidades de conservação e outras já existentes.

A exploração de petróleo e gás foi um dos temas principais na reunião do Conselho Gestor da Área de Proteção Marinha Litoral Centro-APAMLC em 13 de junho. A bióloga Christine Braun, coordenadora de projeto da Petrobras, falou sobre a etapa 2 da atividade de produção e escoamento de petróleo e gás natural do polo pré-sal da Bacia de Santos. Os trabalhos agora se concentram no Pólo Pré-Sal, com a previsão de 11 testes de longa duração (TLDs) e 11 projetos de Desenvolvi-mento de Produção (DPs). Os testes servem para verificar se a operação é comercialmente viável, e avaliar equipamentos. Cada teste leva cerca de seis meses, e depois tem início a exploração que pode durar cerca de 20 anos. O pescador Antônio Alves, da Colônia Z-5 de Peruíbe questionou se os royalties que são enviados para as prefeituras podem de alguma maneira reverter para a comunidade pesqueira, que é afetada pela atividade. Per-guntou também como seriam conduzidos os programas direcionados a essas comunidades.

Alexandre Miranda, coordenador do Programa de Educação Ambiental e do Programa de Ação Participativa da Pesca (PAPP) da Pe-trobras, explicou que o IBGE que determina a divisão dos royalties. No entanto, afirmou que o programa desenvolvido pela Petrobras deve inserir a comunidade na discussão que determina para onde vão os royalties. Explicou também que os diagnósticos socioambientais que estão sendo realizados nas comunidades pesqueiras são o primeiro passo para futuras ações em prol desses grupos.

Outros assuntos discutidos abordaram a implantação de área de exclusão de pesca no Setor Itaguaçu, os conflitos entre legislação estadual e federal de pesca, andamento da regulamentação de redes utilizadas a partir de praias e estudo de implementação de Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) na Prainha Branca. Segundo o gestor da APA-MLC, Marcos Campolim, a implantação da área de exclusão de pesca no Setor Itaguaçu, no entorno imediato da Laje de Santos, tem

ocorrido de forma tranquila. Campolim acres-centou que foi organizado um amplo sistema de informações, incluindo setores pesqueiros de estados vizinhos, para informar detalhes sobre a proibição de pesca no local. Campo-lim também informou que o parecer jurídico junto ao Ministério da Pesca e Aquicultura sobre aplicação de norma estadual em águas da União, apresentado pelo presidente da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo, Tsuneo Okida, foi encaminhado pela APAMLC à Fundação Florestal e Polícia Ambiental para apreciação.

No dia 21 de junho acontecem duas reuni-ões organizadas pela APAMLC no auditório do Instituto de Pesca em Santos. A partir das 9h, será realizada a reunião da Câmara Temática de Pesca, com palestra de Diana Gurgel, do Ministério da Pesca e Aquicultura, sobre a legislação incidente sobre permissionamento de pesca. Também será apresentada análise do Relatório do Grupo Técnico de Trabalho sobre a Gestão da Pesca de Emalhe no Bra-

sil - GTTEmalhe (Instituído pela Portaria interministerial nº 2, de 14 de setembro de 2010). Às 14h, no mesmo local, acontece a 3° reunião do Programa de Pesca Sustentá-vel da APAMLC, com início da discussão sobre estruturação dos três projetos pilotos a serem desenvolvidos com o setor pesqueiro, abordando ainda exemplos internacionais de certificação de pesca, política do Ministério da Pesca e Aquicultura sobre a exigência de qualidade para o pescado.

Se você quer conhecer lugares inusitados na Baixada Santista, veja a programação de junho da Caiçara Expedições, que vai da canoagem ecológica no manguezal da Praia Grande a uma in-teressante visita na Usina de Itatinga, em Bertioga. Informações e reservas:[email protected].

Tel: (13) 3466-6905, (13) 8142-0151

DefesosCamarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis), camarão-branco (Litopenaeus

schmitti), camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri), camarão-santana ou vermelho (Pleoticus muelleri), camarão-barba-ruça (Artemesia longinaris)

01/03/12 a 31/05/12Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015

Mero (Epinephelus itajara) 23/09/2007 a 23/09/2012Lagosta-vermelha (Panulirus argus), lagosta-verde (Panulirus laevicauda)

01/12/11 a 31/05/12

Pescador artesanal: Procure a Colônia de Pescadores mais próxima para ter sempre sua

documentação atualizada. Além de representar e defender os direitos e interesses dos pescadores artesanais relativo ao setor da pesca, as colônias podem:

• Requerer ou renovar a licença de pescador profissional (RGP)• Requerer ou renovar a licença e registro de seu barco

• Requerer benefícios sociais como: aposentadoria rural, auxílio-natalidade,auxílio-enfermidade, auxílio-reclusão, seguro-defeso

Apa Marinha discute pré-sal

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Turismo na Baixada

Rio +20, hora de repensarPrefeitura de Santos irá criar quatro parques

naturais em Santos. O projeto passa por audiên-cias públicas para validar o processo. Os locais escolhidos são os vales do rio Quilombo e do Rio Jurubatuba, o Engenho de São Jorge dos Erasmos e a Ilha de Urubuqueçaba. Os parques são unidades de proteção integral, com objetivo de preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos. As atividades permitidas, nesse caso, são a pesquisa científica, o turismo monito-rado e a educação ambiental.

Qual será a meta de desen-volvimento sustentável para as próximas décadas? De 13 a 22 de junho, a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre De-senvolvimento Sustentável, será palco de muitas propostas. Já se passaram 20 anos da Rio-92, e a discussão agora gira em torno da economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para o de-senvolvimento sustentável. Um dos resultados da conferência é a negociação do estabelecimento de metas de redução de emissão de poluentes das cidades, feita por prefeitos de grandes cidades (G-40). No Brasil, onde se es-tima que 70% da população do país vive hoje nas cidades, seria preciso mais do que isso. Seria necessária uma distribuição mais

equilibrada de habitantes nesse grande espaço da nação. As ci-dades brasileiras hoje sofrem de uma superpopulação de pessoas, e número excessivo de veículos. E como pensar em desenvol-vimento sustentável quando a indústria cria incessantemente novos celulares, novos carros, novos eletrônicos, que logo ficam ultrapassados e são descartados, onde? A economia sustentável era praticada na época em que os va-silhames de vidro vazios podiam ser trocados no supermercado por vasilhames cheios, quando o pescador devolvia para o mar o peixe pequeno, quando se tro-cavam os colarinhos puídos das camisas para que elas durassem mais alguns anos. Será que essa cultura de utilizar com zelo os recursos tem volta? Esperamos que sim.

A reunião do Conselho Gestor aconteceu no auditório do Instituto de Pesca de Santos

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Educadores visitam Santos

Crianças conhecem a história de Cubatão

A cidade de Santos tem uma natureza diversificada, que se desdobra em diferentes

ecossistemas. Nela encontramos praias, costões rochosos e mangues, entre outros. Pois além da área com 39,4 km, situada na Ilha de São Vicente, vizinha à cidade de mesmo nome, existem outros 231,6 km em sua área continental. Para conhecer toda essa diversi-dade, 30 professores da cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, participaram no final de junho do curso de capacitação “História e ecossistemas de Santos”, promovido pelo Aquário. Os educadores apren-deram a identificar os ecossistemas

de Santos, para atuar como multipli-cadores de informações e incentivar a observação de biodiversidade. A iniciativa é uma parceria do Aquá-rio com a OMT Miraterra, de Rio Claro. As visitas de campo incluíram Ilha Diana e Fazenda Cabuçu, ambas na área continental de Santos. A praia de Itaguaré, em Bertioga, também esteve incluída no roteiro. A parte teórica ficou a cargo dos biólogos Maricene Passos, coordenadora da Unidade de Ensino Ambiental-UEA do Aquário de Santos e Alex Ribeiro que fizeram palestras sobre os ecossistemas da região e sobre os danos do lixo e poluição no meio ambiente.

Cerca de 400 crianças já participaram de uma iniciativa que resgata a importância histórica e cul-tural de Cubatão, em São Paulo, além de promover a conscientização ambiental. O projeto “Vida e História de Cubatão – Voluntários do rio II”, foi lançado em 16 de março, idealizado e coordenado pelo empresário Daniel Ravanelli Losada, como resultado direto do projeto “Voluntários do rio”, desenvolvido e colocado em prática, em 2009, pelo Conselho Comunitário Consultivo Carbocloro (CCC Carbocloro). O objetivo é atender as cerca de 1600 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental da rede pública de Cubatão, promovendo atividades até o fim do ano letivo de 2012.

O projeto inclui visitas monitoradas para estudantes de escolas públicas

Alunos da U.M.E. Ilha Diana assistem a palestra

Maricene Passos, do Aquário de Santos, fala sobre os ecossistemas

Saborear pratos de pescado fei-tos pelo Curso de Gastronomia da Universidade Católica UniSantos foi uma maneira criativa de iniciar o V SIMCOPE, dia 19 de junho. O Simpósio de Controle de Qualida-de de Pescado, que se estende até dia 21 de junho, aborda aspectos relacionados à disponibilidade, ao acesso e inocuidade do pescado e seu aproveitamento integral. As palestras e discussões programa-das abrangem os temas inovação tecnológica, segurança alimentar e políticas públicas. Coordenado pelo Laboratório de Tecnologia do Pescado do Instituto de Pesca (IP-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), o evento é promovido pelo Centro do Pescado Marinho do IP e pela UniSantos.

Entre outras autoridades, esti-veram presentes na abertura o reitor Marcos Medina Leite, Henrique Figueiredo, do Ministério da Pesca e Aquicultura, Lúcio Akio, do Minis-tério da Agricultura, Edison Kubo, Instituto de Pesca (IP-APTA-SAA),

Júlio Cesar Novais, da Prefeitura de Santos, Reinaldo Takanaka, da Pre-feitura de São Vicente. Edison Kubo, diretor do IP-APTA abriu o evento com a palestra “O agronegócio do pescado”. A secretária da Agricul-tura, Mônika Bergamaski, enviou vídeo-mensagem aos participantes na abertura do simpósio (foto).

Os pratos servidos no coquetel de abertura do evento foram os vencedores de concurso realizado pelo Curso de Gastronomia da Uni-Santos, visando a utilização da carne mecanicamente separada, produzida experimentalmente pelo Laboratório de Tecnologia do Pescado do Institu-to de Pesca (IP-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) (Veja os detalhes na pág.8). A coordenação geral do encontro foi realizada por representantes do IP, o diretor Edison Kubo, as pesquisa-doras Cristiane Neiva, Agar Pérez, Érika Furlan, Marildes Lemos, Rú-bia Tomita, Thais Machado e Lilian Marques da UniSantos. Saiba mais em www.pesca.sp.gov.br.

Simpósio discute qualidade e aproveitamento de pescado

Edison Kubo falou sobre o agronegócio do pescado

A secretária de Agricultura, Mônika Bergamaschi, envia vídeo-mensagem aos participantes do simpósio

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ColunaColuna

Informações da Área de Comunicação da EMBRAPORT - email: [email protected]

Campeonato reúne jovens talentos do futebolJovens de Conceiçãozinha, em Guarujá, participam de torneio

A história da Baixada Santista por meio do resgate de sua cultura

Datações de sambaquis conservados pela Embraport variam de 1,1 mil a 1,8 mil anos atrás

É bom treinar, mas dia de competição tem mais adrenalina. Em cinco partidas acirradas, os alunos do Instituto Brasil Júnior de Conceição-zinha, em Guarujá, puderam avaliar o quanto

aprenderam nos treinamentos semanais. Sessenta das 120 crianças de 8 a 20 anos, estiveram presentes disputando a bola com dois times convidados, Cidadania, de Morrinhos e Vem que é Dez, de Vicente de Carvalho. Os times da casa foram campeões em três das cinco partidas. Além dos troféus, os participantes ganharam material didático da Gráfica Foroni/Ong Vivamar.

Para o treinador José Nilton Sena Santos, as compe-tições trazem muita motivação para a meninada. Além de Nilton, o Instituto que foi fundado há dois anos, conta com a cooperação dos técnicos Iranilde da Silva Gomes e Manoel da Silva Santos. A entidade conta com o apoio do TEG-TEAG, que doa uniformes e bolas. O treinamento é às segundas, terças e quintas das 8h ao meio dia. O Insti-tuto fica na rua do Estradão, 301, Sítio Conceiçãozinha, Guarujá. Mais informações: (13) 8838.8047.

Em 28 de maio de 2012, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) realizou uma vistoria às obras da Embraport com a finalidade de emitir um parecer técnico

quanto ao monitoramento arqueológico realizado pela empresa, com o objetivo de subsidiar o pedido de Licença de Operação para o IBAMA. O Programa arqueológico é uma exigência da Licença de Instalação nº 387/2006 – IBAMA. O técnico visitou dois sítios arqueológicos: Embraport 1 e Ilha Diana.

A ocasião também serviu para colocar em destaque o pri-meiro programa desenvolvido pela Embraport, cujo início foi anterior às obras de implantação do Terminal. Dois sítios arque-ológicos foram resgatados, um na área do Terminal e o outro na comunidade da Ilha Diana.

Após a avaliação e pesquisa destas áreas, através de uma rigo-rosa metodologia para a sua vali-dação, foram encontrados vestígios de ocupação humana com datações que variam de 1,1 mil e 1,8 mil anos. As datações comprovam a Baixada Santista como epicentro da cultura dos sambaquis.

Atualmente, a empresa con-serva um sambaqui e monitora outros sete sítios arqueológicos como forma de mitigação do seu impacto à área que ocupa, em con-formidade com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Além da pesquisa e resgate des-te patrimônio, ações de educação patrimonial capacitaram professo-res e possibilitaram levar o tema a 1.300 alunos de escolas de ensino fundamental da região.

Também foram detalhados os aspectos históricos, culturais, so-ciais e econômicos da Ilha Diana. O programa fez um levantamento da história da ocupação do local, desde a transferência de famílias que viviam na área onde hoje está a Base Aérea de Santos para a Ilha, até seus principais festejos e manifestações culturais, passando pelas técnicas de pesca e tipos de embarcações utilizados pelos pescadores.

Saiba mais: Sambaqui, da linguagem tupi, significa monte de conchas. E é exatamente isto ao que corresponde na realidade: trata-se de um depósito de conchas, restos de peixe e outros animais, criado por indígenas que habitaram regiões do litoral brasileiro há mais de mil anos.

Curiosidade (*): As populações sambaquieiras foram as pri-

meiras a povoarem a Baixada Santista e todo o litoral do estado de São Paulo. Estes depósitos de conchas serviam como espaço de habitação ou às vezes como espaço exclusivo para enterrar os mortos. As datações realizadas até o momento indicam que os grupos sambaquieiros começaram a ocupar a Baixada Santista há mais ou menos 5 mil anos.

Cuidando do Patrimônio: Cuidar do patrimônio cultural da cidade é interesse de todos. Preservar o patrimônio cultural é algo de enorme importância para o crescimento social e cultural de um povo, pois os bens culturais retêm todo um conjunto de informações. Eles podem refletir crenças, idéias e costumes, além de demonstrar um determinado gosto estético ou algum

tipo de conhecimento tecnológico, e servir como documento das con-dições sócio-políticas e mesmo da econômica das civilizações.

Além de tudo, o Patrimônio Cultural pode ser entendido como uma espécie de referencial social, permitindo com que o homem me-lhor se localize no tempo e no espa-ço, a partir deste patrimônio. Nesse sentido, o Patrimônio Cultural pode impulsionar à transformação social, potencializar a criatividade, desenvolver o enriquecimento cultural. Tudo isso justifica a sua preservação e conservação, e o seu restauro quando necessário. (Fonte: http://conservacaoerestauro.word-press.com/profissao/cuidando-do-patrimonio/)

Normalmente o patrimônio cul-tural é dividido em duas categorias: os bens intangíveis e os bens tangí-veis. O Conservador/restaurador é o profissional que irá atuar sobre os bens tangíveis. O patrimônio tangí-vel pode ser dividido em mais duas

categorias: bens culturais imóveis e bens culturais móveis. Veja o esquema abaixo para melhor compreender essa classificação.

A Constituição também estabelece que cabe ao poder pú-blico, com o apoio da comunidade, a proteção, preservação e gestão do patrimônio histórico e artístico do país. (Fonte: http://portal.iphan.gov.br)

(*) PLANO DE GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL TERMINAL PORTUÁRIO EMBRAPORT, SANTOS – SP co-

ordenado pela Responsável Técnico Científica L.D. Dra Erika Marion Robrahn-González.

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Campeonato reúne jovens talentos do futebolJovens de Conceiçãozinha, em Guarujá, participam de torneio

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Curso aborda Sanidade em Aquicultura

Agulhão-vela, um visitante inesperado

Um peixe de 33 quilos e 1,76 metro foi pego numa rede de emalhe, próximo à Ilha de Pinheiros,

em Guarujá, causando surpresa aos pes-cadores Nilson Alves de Oliveira, 49 anos, e seu irmão Adelson de Oliveira Alves, 45. A espécie, que tem como característica um longo bico e barba-tanas dorsais semelhantes a uma vela, é conhecido como agulhão-bandeira ou vela (Istiophorus platypterus) na pesca comercial e sailfish (traduz-se para peixe-vela) na pesca espor-tiva. Segundo o professor Alberto Amorim, do Instituto de Pesca, o agulhão-vela chega anualmente perto da costa sudeste do Brasil entre setem-bro e outubro, e raras vezes é pego em pequena profundidade.

Mais comum nas regiões de alto-mar,

ele desaparece da região em março. Daí o espanto de Nilson e Adelson, que pescam há mais de 30 anos, com a captura ocorrida dia 20 de abril, próxima à costa. O sailfish é um dos seis peixes-de-bico encontra-dos na costa brasileira. Os demais são o swordfish, espadarte ou meca na pesca comercial, spearfish (agulhão-estilete), marlim-polegar, marlim-azul (agulhão-negro) e marlim-branco (agulhão-branco). Os dois últimos, o marlim-azul e o bran-co, devido ao declínio acentuado de sua captura têm sua comercialização proibida desde 2005.

Nilson e Adelson, pescadores expe-rientes, nascidos na Prainha Branca, em Guarujá, um dos mais tradicionais redutos caiçaras da Baixada Santista, contam que os peixes mais comuns na rede são pesca-da, corvina, robalo, piranjica. O agulhão-

vela foi pego a 400 metros da costa, entre 4 e 5 metros de profundidade.

A tradição da pesca veio dos pais nascidos na Ilha do Montão de Trigo, em São Sebastião. Nilson, casado com Janete Altino de Oliveira, também ensinou os filhos Wilson, 23, Guilher-me, 19 e Lenon, 16, a pescar. A filha Janice, 25, é monitora ambiental da Fundação Florestal. Nilson e Adelson dão continuidade à tradição de pesca da família, e saem todo o dia para o mar às 5h30, voltando às 7h30. Navegam pró-ximo à Praia de Iporanga, São Pedro e Ilha Rasa. Dos fatos raros que trazem na lembrança, contam também ter pego um tubarão-martelo de grande porte. Os pei-xes que capturam são vendidos na própria Prainha Branca, no mercado de Bertioga ou direto para restaurantes.

Na edição anterior abordamos a importância da embalagem de forma genérica, seguindo conceitos do médico veterinário Nelson Avidalov, diretor-presidente da Infopesca. Na presente edição iremos enfocar os cuidados com a embalagem do pescado congelado. O consumo do pescado na forma congelada tem aumentado nos últimos anos e a tecnologia de congelamento tem permitido a ob-tenção de produtos congelados de boa qualidade. Porém, é importante que o consumidor esteja atento ao peso no ato da aquisição. Segundo o departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPCD) a embalagem do produto deve apresentar em destaque a identificação do lote, data da fa-bricação, prazo da validade, identificação do local e país de origem, nome ou razão social e endereço do estabelecimento produtor, entre outras especificações. Dessa forma, a venda a granel do pescado congelado é proibida, por não atender ao CDC, no que diz respeito ao direito básico à informação sobre o produto, tendo em vista ser impossível conhecer o peso líquido do produto. Quando o estabelecimento estiver autorizado a comercializar o pescado congelado fracionado, este deve acondicionado em bandejas com informações sobre o peso líquido, descontando a camada de água que se forma sobre o produto no processo de congelamento. Portanto, a embalagem tem a função de manter o produto final com as mesmas características dos produtos frescos ou recém-preparados. A embalagem funciona como uma barreira de proteção contra o meio ambiente evitando contaminações, manuseio inadequado, falta de higiene. Para garantir a qualidade é importante que as condições durante o processamento sejam adequadas, bem como o armazenamento das embalagens. As embalagens apre-sentam outras funções tais como: conter, evitar, informar e vender alimentos. A embalagem deve conferir garantia ao produto para evitar a evaporação superficial da água, pois este processo dá um aspecto de queimadura na carne, fazendo também que o produto perca o peso, não podendo ser comercializado. Na próxima edição iremos falar sobre as alterações que podem acontecer com o pescado con-gelado, relacionadas com a desnaturação de proteínas e a oxidação de gorduras. Abordaremos também as diferentes embalagens que podem ser usadas para esse produto, e seus pontos positivos e negativos.

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.

O curso de Sanidade em Aquicultura aconteceu de 14 a 25 de maio na sede do Conselho Regional de Medicina Veterinária-CRMV/SP, em São Paulo. O evento reuniu palestrantes de vários estados do Brasil, abordando temas como qualidade da água, doenças infecciosas e parasitárias de peixes, camarões, mo-luscos e anfíbios, medidas preventivas, epidemiologia, responsabilidade técnica e legislação sanitária pertinente à sanidade aquícola. O curso foi patrocinado pelo CRMV-SP e organizado pela Comissão de Aquicultura, com o apoio do presiden-te do conselho, Dr. Francisco Cavalcanti de Almeida.

Importância da embalagem para o pescado congelado

O agulhão-bandeira media 1,76 m e pesava 33 quilos

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Falcon perdura no tempo

Semana do Ambiente O dia do Meio Ambiente, 5 de junho, foi comemorado com ações que levam à reflexão.

A Prefeitura de Santos dedicou uma semana ao tema (30 de maio a 6 de junho), com exposições, palestras, e a tão esperada reinauguração do Or-quidário, fechado há dois anos para reformas.

Segundo Cristiane Giglio Brito, coordenadora de Políticas Am-bientais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a programação extensa esteve centrada no estímulo de práticas ambientais, como se-paração de resíduos, reciclagem e uso racional de recursos para evitar desperdícios. Uma feirinha montada no estacionamento do supermercado Extra, em Santos, reuniu entidades ambientalistas e de ensino, órgãos governamentais e artesãos levando conhecimentos do meio ambiente à população. No estande da artesã Maria Severina Ferreira, um panfleto explicava que para produzir 1 tone-lada de papel é necessário o corte de 14 árvores de 25 metros de altura e 20 centímetros de diâmetro e mais de 100 mil litros de água. Esse fato é motivador para que Maria desenvolva trabalho de reciclagem de papel. O jornal enrolado, pintado e envernizado produz peças semelhantes à fibra de madeira. Estiveram também presentes à exposição o Aquário Municipal de Santos, a Ong Gremar, especializada em resgate e reabilitação de animais marinhos em perigo, o Projeto Ci-ência sem Limites, da Unisanta, os artesãos Leopoldo e Inês Oliveira, a Ong Parcel,o Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura e Abasteci-mento em em parceria com as ONGs Vivamar e Nupec. A Ong Gremar e o Aquário de Santos deram ênfase aos malefícios que o lixo jogado no mar causa aos animais, mostrando que a ingestão de uma simples sa-

O barco Falcon não existe mais, mas sua imagem ficou gravada a óleo num quadro exposto no Museu de Pesca de Santos. Kenji Tuzuki, lembra-se que na década de 40 o barco, que pertencia a seu pai, parava para descarregar linguado, perna-de-moça, corvina, goete, cação, e até camarão-branco em frente ao local onde hoje está a Escola Senai, que não existia na época. No local havia apenas dois chalés de madeira, tipo tapamento americano. “Comecei na pesca aos 10 anos de idade, ajudando meu pai”, lembra-se Kenji, que de-

pois seguiu a carreira de armador de pesca. Iniciou ajudando a abastecer o barco em terra, com água e combustí-vel. A família toda ajudava, seus três irmãos e três irmãs. “As mulheres trabalhavam como homem”, recorda. “Ali, na Saldanha da Gama era tudo praia”, explica. A família também possuía os barcos Oriente I e II, com parelha e sardineira, que costumavam ficar uma semana no mar pescando. A peixaria na avenida Rei Alberto também pertencia aos Tuzuki. “Era estendida uma prancha de madeira do barco até a praia, onde os balaios

subiam e depois desciam carregados de peixes que eram descarregados em caixas para 50 quilos”, prossegue. Como a prancha de madeira tinha uma guia lateral, era só empurrar que os balaios iam. “Naquela época o motor do barco era fraco, dava muito problema, quando enguiçava, suspendia uma vela e vinha na força do vento”, comenta.

Kenji descreve uma paisagem bem diferente de hoje, na Ponta da Praia. Havia casas de pescador e três enormes chapéus-de-sol. “A gente não conseguia nem abraçar, de

tão grandes”, conta. A vida era bem agitada e cheia de responsabilidade para um menino de 10 anos. A rotina era abastecer o barco com água e combustível, na hora de escurecer ia dormir para acordar cedo para o colé-

gio. A diversão na época era nadar na praia e andar de canoa. Hoje a imagem desse tempo bom, de tranquilidade e fartura de peixe ficou gravada intacta na pintura a óleo, numa tranquila sala do Museu de Pesca de Santos.

O barco Falcon fazia parte da paisagem da Ponta da Praia na década de 40

cola plástica pode provocar a morte de tartarugas, pinguins e mamíferos marinhos. O professor Fábio Nunes,o Fabião, licenciado do cargo de secre-

tário do Meio Ambiente para concorrer à Prefeitura de Santos, também esteve presente ao evento. A diretora do do-cumentário Laje dos Sonhos, Raquel

Pellegrini, também esteve presente falando sobre o projeto, que divulga a história e da importância ecológica do patrimônio ambiental do Parque

Estadual Marinho da Laje de Santos, localizado a 40 quilômetros da cidade de Santos. Saiba mais em www.docu-mentario.lajeviva.org.br

Professor Amorim (centro) com professor Fabião e Mauro Nieri

Alex Ribeiro (direita) do Aquário Municipal fala sobre o impacto do lixo no ambiente marinho

Maria Severina e Reginaldo se dedicam a produzir artesanato com jornal reciclado O professor Fabião (centro) com os artesãos santistas

O público pode observar animaistaxidermizados no estande do Instituto dePesca/Vivamar/Nupec

Raquel Pellegrini (direita) com parceiros do Instituto Laje Viva

Ivan Gentil, da Ong Gremar, falou sobre resgate de

animais marinhos

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O voo do albatroz sob quatro olhares

Estudar a vida marinha é uma paixão que vai além dos estudos acadêmicos. Fotografar o mar, os ani-

mais, entrar em contato com os pes-cadores, tudo isso é conhecimento de vida. Assim o oceanólogo Fabiano Peppes e o biólogo Dimas Gianuca, coordenadores do Projeto Albatroz, resolveram mostrar seus anos de trabalho em prol da conservação de aves marinhas, numa exposição

de fotos, “Projeto Albatroz: conser-vando a biodiversidade marinha”. Uniram-se à empreitada o biólogo e fotógrafo Luciano Candisani, da revista National Geographic e o oce-anógrafo Guy Marcovaldi do Projeto Tamar, dedicado à conservação de tartarugas marinhas. A mostra, que vai de 2 a 22 de junho, acontece na sala verde da Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos.

O projeto entusiasmou os fotó-

grafos, pela possibilidade de esti-mular a conservação através da arte. Para Dimas, mostrar a beleza dessas aves é um modo de sensibilizar as pessoas e motivá-las a apoiar a con-servação. Peppes, com 10 anos de experiência em viagens de alto-mar, acrescenta que a exposição é uma oportunidade de mostrar ao público cenas exclusivas de albatrozes em seu hábitat natural. Em constante contato com os pescadores, o biólo-

go Dimas também focou suas lentes nestes bravos profissionais. A mostra é itinerante e de Santos viaja para Rio Grande (RS), Itaipava (RJ) e Itajai (SC). A exposição faz parte de uma série de eventos em comemoração ao dia do Meio Ambiente, em 5 de junho. “I Mostra Albatroz de Vídeo Socioambiental”, aconteceu dias 4 e 5 de junho, no teatro Guarany, com filmes do Projeto Albatroz e Tamar, além do documentário “Laje dos

Sonhos”, que pré-estreou em maio em Santos.

A realização da Exposição e da Mostra tem o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, e apoio da Secretaria Municipal de Turismo (SETUR). A Pinacoteca Benedito Calixto fica na av. Bartolomeu Gus-mão, 15 – Boqueirão-Santos, Fone (13) 3288-2857, aberta das 9 às 18h de terça a domingo.

Exposição de fotos estimula a conservação das aves marinhas

Fabiano Peppes, do Projeto Albatroz, organiza mostra fotográfica na Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos

Dimas Gianuca, Tatiana Neves e Fabiano Peppes

abriram a exposição.

Representantes da pesca e da pesquisa marinha estiveram presentes ao evento

O fotógrafo Luciano Candisani retrata um casal de albatrozes com filhote

Uma desafio se transformou numa tarefa bem agradável para alunos do Curso de Gastronomia da Universi-dade Católica UniSantos. A proposta era criar pratos com a carne mecani-camente separada (CMS), produzida pelo Laboratório de Tecnologia do Pescado do Instituto de Pesca (IP-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). O concurso aconteceu em junho, durante os preparativos do V SIMCOPE (veja pág. 3).

Os vencedores foram Williams Koji, Priscila Gouveia, Edison Lanzo-ni e Bruno Correia. Koji garfou o pri-

meiro lugar apresentando uma criativa produção de bolinho com molho de tarê. Ele, como os outros participantes, explicam que nunca haviam trabalha-do com o produto, que consiste numa massa de carne de pescado separada de espinhas, ossos, pele e escamas. “Achei muito interessante, e procurei preservar bem o sabor do pescado”, explica o primeiro colocado. Koji adicionou apenas temperos e massa de batata ao bolinho, que depois de frito foi servido com tarê, um acom-panhamento produzido com molho de soja e partes de peixe num caldo reduzido. Em segundo lugar, Priscila

Gouveia, apresentou peixe com crosta de carpaccio e banana flambada, e os alunos Lanzoni e Correia, em terceiro, criaram due poisson calmar Benediti-ne, acrescentando lula à receita. Todos concordam que a carne mecanicamen-te separada (CMS) é uma boa opção na culinária por seu aproveitamento integral e sabor agradável. Segundo a pesquisadora Cristiane Neiva, do IP-APTA, que desenvolve o projeto da CMS, o produto além de saboroso é vantajoso, pois aproveita peixes de baixo valor comercial que apresentam espinhas, que são retiradas durante o processo.

Pescado: desafio na Gastronomia

Alunos de Gastronomia exibem os pratos vencedores