MARTIM-PESCADOR - 131

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Novembro 2014 Número 131 Ano XI Tiragem 3.000 exemplares www. jornalmartimpescador.com.br Seu Mauri Martins da Silva mantém a tradição da pesca artesanal em Ilha Diana, na área continental de Santos. Pág. 8 Valmir de Souza fala sobre o trabalho de piloto na travessia de barca para Ilha Diana. Pág. 6 Integrantes do Projeto Vida Caiçara de Ilha Diana visitam o ateliê Arte nas Cotas em Cubatão. Págs. 4 e 5

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Novembro 2014Número 131

Ano XI

Tiragem 3.000exemplares

www. jornalmartimpescador.com.br

PescaArtesanal

Seu Mauri Martins da Silva mantém a tradição da pesca artesanal em Ilha Diana, na área continental de Santos. Pág. 8

Valmir de Souza fala sobre o trabalho de piloto na travessia de

barca para Ilha Diana. Pág. 6

Integrantes do Projeto Vida Caiçara de Ilha Diana visitam o ateliê Arte nas Cotas em Cubatão. Págs. 4 e 5

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Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

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EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

DefesosCaranguejo-guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10/2014 a 31/03/2015

Caranguejo-uçá (Ucides cordatus) 01/10/2014 a 30/11/2014 (machos e fêmeas) 01/12/2014 a 31/12/2014 (somente fêmeas)

Mexilhão (Perna perna) 01/09/2014 a 31/12/2014Piracema na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná (IN 25 do Ibama)

de 1/11/2014 a 28/02/2015Proteção à reprodução natural dos peixes, nas áreas de abrangência das bacias

hidrográficas do Sudeste (IN 195) de 1/11/14 a 28/02/15Mexilhão (Perna perna) 01/09/2014 a 31/12/2014

Sardinha (Sardinella brasiliensis) 15/06/14 a 31/07/14 e 1/11/14 a 15/02/15

Moratórias Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015

Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)- tempo indeterminado

Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminadoRaia manta (família Mobulidae) - tempo indeterminado

Marlim-azul (agulhão-negro) – Makaira nigricans- comercialização proibidaMarlim-branco (agulhão-branco) - Tetrapturus albidus –comercialização proibida

A peça musicada “O pes-cador e o albatroz” estreou dia 6 de outubro em Santos no Clube Portuários. A ence-nação - estrelada por atores e bonecos - é dirigida pela Cia. Teatral Arueiras do Brasil e até o dia 16 de outubro foi apresentada para mais de mil alunos do Programa Escola Total no município. A inicia-tiva é mais uma ação de edu-cação ambiental do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras por meio do Progra-ma Petrobras Socioambiental,

que já atua nas escolas da região com o Programa de Educação Ambiental Ma-rinha ‘Albatroz na Escola’. O objetivo é sensibilizar as crianças para a importância da conservação de albatrozes e petréis, mostrando a interação destas aves oceânicas com a pesca. Para Edemilson Prado Dimas, da equipe pedagógica do Escola Total, o teatro foi bastante envolvente, uma oportunidade para as crian-ças aprenderem enquanto se divertem.

O Natal é tradicionalmen-te conhecido como uma festa com abundância e diversida-de de pratos à mesa. Nesse momento de festividades os familiares aproveitam para se confraternizar e degustar alimentos tradicionais, como: peru, leitão, pernil, lombo, tender, chester e até mesmo uma churrascada com carnes vermelhas, como picanha, costela, cupim, cortes de aves e linguiça. Lembramos que todos estes itens citados são ricos em gorduras saturadas que fazem mal à saúde, cau-sando problemas de coleste-rol, triglicerídeos que levam a doenças cardiovasculares.

Mas pensando em quali-dade de vida, cada vez mais a população vem introduzindo alimentos mais saudáveis ricos em ômega 3, como é o caso do pescado, que além de ter gordura boa é rico também em proteínas. É um alimento saboroso, bastante leve e atende crianças, adolescentes, adultos e idosos. A forma do peixe e a sua consistência influenciam no modo de pre-paro. Em casos onde a carne é muito delicada o ideal é fazer filés empanados, para que ao assar ou ao fritar ela não se desmanche. Há uma infinida-

de de espécies de peixes que se classificam em função da quantidade de gordura, em alimento gordo e magro. São considerados peixes gordos salmão, atum, robalo, lingua-do, congrio, corvina, merluza, tainha, sardinha, namorado, dourado e anchova e peixes de água doce como o pacu e o tambaqui. A forma ideal de servir estes alimentos é a assa-da, pois a carne não se resseca e mantém sua consistência e textura muito próxima ao fresco.

Outro modo de preparo é grelhar peixes como roba-lo, linguado, badejo, peixe espada, tainha e pintado, para diminuir a gordura. O salmão pode ainda ser servido defumado, enquanto que a sardinha pode ser consumida assada, à escabeche e frita. Por outro lado, tainha, pinta-do, pacu e tambaqui podem ser assados apenas em brasa. A tainha assada em brasa pode ainda ser servida recheada. O linguado pode ser cozido, assado no leite de coco, ou acompanhado de molho de alcaparras e ainda pode ser servido na forma de meda-lhão ou assado em creme. O badejo além de ser feito ao forno, pode ser assado com

ingredientes: ao molho de al-caparras, com alho-poró, com aspargos e com erva-doce. O congrio, apesar de ser espécie rara entre nós pode ser feito na manteiga e servido com batatas a doré ou grelhado.

A forma ensopada pode ser utilizada principalmen-te com as espécies magras como é o caso do bacalhau, e outras espécies como robalo, badejo, namorado, meca, corvina, pargo, cação, merlu-za, linguado, atum, anequim, peixe sapo, anchova, bagre, pacu, tambaqui, pintado e pirarucu. A meca santista é um prato típico servido acompanhado com farofa de banana e bacon. O bacalhau é um prato tradicional nos países europeus, mas já foi introduzido com sucesso no Brasil, principalmente nas festas natalinas. Em Portugal é o prato principal junto com arroz de polvo. Outra forma de preparo do bacalhau e cozido com batatas ou com legumes, ou então assado com creme.

Alguns países têm o há-bito de consumir pescado nessas datas. A ceia na Che-coslovaquia consiste na sopa de peixes, saladas, ovos e carpa, enquanto que no Cana-

dá, Polônia e Itália os pratos principais têm como base os de peixes, embora na Itália a massa sempre esteja presente. Na Noruega, apesar de cada região ter um costume dife-rente, o consumo de bacalhau está sempre presente. Na Su-écia é servida uma variedade de frutos do mar, arenque, caviar, além de pães, queijos e frutas. Na Finlândia, os peixes também estão presentes. Já na Austrália a preferência é para o churrasco de camarões. Na próxima edição falaremos sobre diferentes tipos de pre-paro e as espécies de peixes mais adequadas. O modo de preparo através do vapor é forma que melhor preserva os constituintes da carne e pode ser usada em robalo, tainha, truta, linguado e namorado. Já a forma frita deve ser abo-lida, pois encharca a carne deixando-a mais gordurosa. A recomendação de uso desta prática é para peixes magros: pescada, pescadinha, pargo, namorado, manjuba, lambari e pintado, que devem ser colocados após a fritura em papel-toalha para a absorção da gordura excessiva.

O preparo de filés pode ser feito com tainha, pescada, namorado, linguado, merlu-

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

Ceia de Natal com pescado

O Pescador e o Albatroz estreia em Santos

za, robalo e bagre. O filé de pescada pode ser utilizado empanado ou recheado. As postas podem ser feitas do robalo, namorado, cação, corvina, merluza, bagre, atum e pintado. As postas do cação podem se servidas ensopadas, grelhadas e assadas, enquanto que a do atum pode ser cozida ou grelhada. O robalo gre-lhado pode ser acompanhado com camarão. O pintado e o pirarucu podem ser assados ao forno, e até mesmo é possível preparar um prato de escondi-dinho com o pirarucu.

Temos ainda a culinária

oriental introduzida no Brasil, principalmente nas grandes capitais e cidades de grande porte, hábito que tem conquis-tado o paladar da população. Trata-se de filé de peixe cru, fatiado conhecido popular-mente como sashimi. Muitas são as maneiras de preparar o pescado, o que facilita que o cardápio seja variado, trazen-do prazer gastronômico na ceia de Natal, como é o caso de alguns pratos tradicionais como a moqueca, a caldei-rada e a paella que sempre acabam por reunir familiares e amigos.

Projeto Albatroz

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Monica, fisgada pela raia

Como evitar acidentes com raias

Estudar raias às vezes pode trazer surpresas

A publicação da Instrução Normativa n°7 de 31/10/14 do Ministério da Pesca e Aqui-cultura estabelece práticas a serem adotadas pelas frotas pesqueiras de embarcações de pequeno, médio e grande portes cujas espécies alvo sejam, especialmente, tu-nídeos (atum) e espadartes (meca), que utilizam espinhel pelágico. A medida visa a pre-servação de albatrozes e pe-tréis - animais extremamente relevantes para a conservação da biodiversidade marinha, e que são acidentalmente capturados durante a prática desta modalidade de pesca, quando, em busca de iscas, podem ser fisgados chegando à morte por afogamento. A IN n°7 do MPA regulamenta, em caráter transitório (em vigor durante seis meses a partir de 31 de outubro), a utilização de duas medidas mitigadoras simultaneamente; em caráter definitivo (após seis meses) das três medidas concomitan-temente. São elas:

Toriline ou Espanta-aves– mastro portador de linha de náilon adornada com fitas coloridas que tem o efeito de espantar as aves, posicionada na popa da embarcação e portadora de dispositivo de arrasto, garantindo posiciona-mento adequado.

Largada noturna – con-siderando serem albatrozes e petréis animais diurnos, a pes-ca citada deverá ser praticada somente no período noturno para minimizar a aproximação das aves em busca de iscas.

Regime de peso – con-siderando que quanto mais rápido as iscas afundam, o posicionamento do peso em relação ao anzol é fundamen-tal para minimizar a chance de albatrozes e petréis as alcança-rem tais iscas, minimizando o prejuízo para o pescador e risco para as aves.

A partir da publicação desta Instrução Normativa, os pescadores terão três opções para posicionamento do peso, o que lhes garante também maior segurança de acordo com a faina e características de cada frota. Assim sendo, o pescador poderá posicionar o peso da seguinte forma:

1. Contendo no mínimo 45 gramas, posicionado a não mais que 1 metro do anzol ou;

2. Contendo no mínimo

60 gramas, posicionado a não mais que 3,5 m do anzol ou;

3. Contendo no mínimo 90 gramas, posicionado a não mais que 4 metros do anzol.

Além disso, o Ministério da Pesca e Aquicultura permi-te por meio da IN n° 7 a utili-zação do safe lead (lumo lead ou peso seguro), que poderá reduzir consideravelmente o risco para o pescador: algumas vezes, durante a pescaria, a linha secundária com o peixe já fisgado arrebenta, lançando o peso em direção ao trabalha-dor, gerando risco de acidente. O peso seguro, diferentemente dos pesos fixos utilizados até o momento, escorrega pelo an-zol quando a linha se parte, po-dendo afundar, ou, em último caso, fazendo com que a linha perca velocidade na direção do pescador evitando o risco de o profissional ser atingido pelo peso. Tal medida, já testada em outros países, entrará agora em fase de testes nas águas brasileiras beneficiando toda a comunidade pesqueira.

A nova lei sinaliza avan-ços também em direção à pesquisa, e regulamenta o embarque de pesquisadores e observadores de bordo nas embarcações, prática funda-mental para o avanço tecno-lógico e monitoramento das frotas. Do mesmo modo, es-tabelece menor intervalo para a comunicação entre embar-cação e satélite que monitora velocidade e posicionamento da embarcação (no máximo a cada 20 minutos), o que certamente tornará a pescaria mais segura.

O Projeto Albatroz, pa-trocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, que há 24 anos trabalha pela preserva-ção das aves marinhas, e que sempre teve o pescador como aliado na busca de soluções viáveis nesta agenda, parti-cipou intensamente - ao lado de outros pesquisadores - do desenvolvimento desta nor-mativa. Seu caráter vanguar-dista foi resultado do diálogo entre os setores pesqueiro, científico, sociedade civil e poder público, provando que a atuação integrada dos setores é o melhor caminho para a construção de caminhos que levem à preservação da vida marinha respeitando o de-senvolvimento econômico e social, de forma sustentável.

Legislação pesqueira defende albatrozes

A colombiana Monica Morales Betancourt, 36 anos, dedica sua vida ao estudo da fauna aquática e entre estas espécies estão as raias de água doce. Bióloga do Instituto Alexander Von Humboldt na Colombia realiza um fas-cinante trabalho de campo que envolve visitas a regiões selvagens com intenso contato com as populações ribeirinhas e indígenas que vivem nesses locais. Para realizar sua pes-quisa, Monica muitas vezes ficou em casa de colonos, ou mesmo acampada à beira do rio Putumayo na Colombia, onde as raias da família Pota-motrygonidae são abundantes. Este grande rio amazônico com 1.813 quilômetros, nasce na Colombia e desemboca no rio Solimões, no Brasil. O lo-cal escolhido para a pesquisa fica próximo à cidade de Ta-rapaca, com 1.300 habitantes. Este projeto foi desenvolvido

de 2009 a 2010. Desde 2012, Monica desenvolve outro pro-jeto no rio Orinoco, na reserva natural de Bojonawi, perto do povoado de Porto Carreño. “Vou ao local de pesquisa na temporada de águas baixas”, explica Mônica. Em janeiro de 2013 ao caminhar na beira do rio para seus estudos, a bióloga esbarrou numa raia comum, Potamotrygon orbignyi, e aca-bou levando uma ferroada no pé. “A dor é terrível”, explica contando que ficou dois meses sem poder caminhar direito.

Apesar do sofrimento, Monica não desistiu da pes-quisa que depois foi inserida no livro “Rayas de agua dulce (Potamotrygonidae) de Sura-mérica”. Como resultado do acidente, a bióloga ficou mais cuidadosa ao caminhar ao longo de rios. “Hoje eu tateio com uma varinha o chão onde vou pisar”, conta, explicando como evitar outra ferroada.

O trabalho de campo com raias pode representar um risco para os cientistas, por isso é necessário cuidado tanto ao caminhar em locais onde elas se encontram, como ao manipular os exemplares. As raias de água doce são muito resistentes e podem ficar algum tempo fora da água, suficiente para serem fotografadas e medidas para os estudos, para depois serem devolvidas à água. Para o trabalho científico o ideal é manipular esses animais em recipientes com água. As raias possuem toxinas na es-pinha caudal que se combina com um muco produzido pelo

epitélio que atuam juntos produzindo edemas, dores, inflamações e necrose na re-gião afetada. A dor pode ser atenuada mergulhando o local afetado em água morna.

Fonte: “Rayas de agua dulce (Potamotrygonidae) de Suramérica. Parte I. Co-lombia, Venezuela, Ecuador, Perú, Brasil, Guyana, Suri-nam y Guayana Francesa: diversidad, bioecología, uso y conservación”. A obra foi or-ganizada por Carlos A. Las-so, Ricardo S. Rosa, Paula Sánchez-Duarte, Mónica A. Morales-Betancourt, Edwin Agudelo-Córdoba.

A bióloga Monica Morales Betancourt

Raia comum (Potamotrygon orbignyi) Ferrão da raia que atingiu a bióloga

Carlos Lasso

Mónica M

orales

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Coluna

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Embraport estimula cultura empreendora por meio de apoio ao Projeto Neorama

A Embraport renovou pelo segundo ano a sua parceria com o projeto Neo-rama, voltado ao incentivo da cultura empreendedora entre jovens de 12 a 18 anos residentes na cidade de Santos.

A iniciativa, realizada pela Secre-taria de Desenvolvimento e Inovação (Sedes), por meio do Conselho Técni-co da Fundação Parque Tecnológico estimula o estudo de matemática e raciocínio lógico nos alunos, além de

incentivá-los ao exercício diário do empreendedorismo e inovação.

Os participantes competiram com trabalhos nas categorias dos níveis médio, técnico e superior, além da Olimpíada de Matemática (ensino fundamental). Nesta edição foram inscritos 24 trabalhos (17 de universi-dades e sete de escolas técnicas), com temas voltados para tecnologia e que abrangeram informação, energia eóli-

ca, mobilidade urbana, meio ambiente, petróleo e gás, alimentos e saúde.

A iniciativa ainda contou com a participação de 44 estudantes do 8º ano (ensino fundamental), que participaram da Olimpíada de Ma-temática, e mais 40 alunos do 3º ano (ensino médio), selecionados para jogar ‘Ludo Parque’, voltado ao empreendedorismo, com simulações de negócios simples.

Arte nas CotasMoradoras do bairro Fabril em Cubatão participam de

um projeto que produz arte em diversos níveis. Fátima Maria Costa, artista plástica há quatro anos, afirma que o trabalho é uma grande realização para o grupo. “Gosto de criar imagens, fazer desenhos”, confessa. Segundo o arquiteto Marcel Marques e arte-educador, que orienta o projeto, o grupo buscou inspiração numa visita ao Parque Estadual da Serra do Mar Núcleo Itutinga Pilões. Fotografando plantas, flores e animais, as artistas foram delineando traços, cores, e toda a composição de sua arte. As fotos foram projetadas em um telão, e depois os desenhos foram passados para um aceta-to para depois virar estampa de camisetas, bolsas e outros objetos. “A gente não se intromete na arte delas”, afirma Marcel, mostrando que a criação é livre. Além do arquiteto há mais cinco educadoras: Fernanda Sagres, Ines Prata, Gabriela Carrasco, Natalia Girassol e Moema Torres. O projeto tem o apoio do CDHU e do BID. Maria José explica que o grupo foi contratado através do projeto para pintar a fachada das casas na Cota 200. “Assim a gente embeleza o nosso bairro”, explica. Com a boa qualidade do trabalho outras encomendas de outros parceiros, como o programa Guerreiro sem Armas (GSA) do Instituto Elos e o SESC. “Para pintar o muro com o tema da Copa, pesquisamos a cultura do país”, explica Maria José. Com a vinda do príncipe Harry ao ateliê para conhecer o projeto em junho deste ano, o projeto ganhou impulso e ficou mais conhecido. As artistas contam que pes-quisaram símbolos da Inglaterra para pintar um mural comemorativo da visita. Coisas brasileiras, como saci-pererê, colunas de Brasília foram desenhada ao lado de bules de chá e pequenas torres de Londres, que depois também se transformaram num belo tecido que o príncipe levou para a Inglaterra como recordação.

O exemplo do grupo é tão bom que entrou no roteiro tu-rístico da Caiçara Expedições. Renato Marchesini, que dirige a agência de turismo, explica que o roteiro é bom para quem para quem gosta de conhecer projetos comunitários e fazer turismo ao mesmo tempo. “O Turismo com Base Comuni-tária do Projeto Ateliê Arte nas Cotas mostra aos visitantes o trabalho da comunidade do bairro Cota 200 no projeto Ateliê Arte nas Cotas, cujas intervenções artísticas alegraram o bairro e proporcionaram renda e autoestima à comunidade”, conta Marchesini.

Dia 21 de outubro a Caiçara Expedições levou um grupo de moradoras de Ilha Diana, na área continental de Santos para conhecer o trabalho do ateliê. As moradoras desenvolvem o Programa Vida Caiçara, com o patrocínio da Embraport, para desenvolver turismo de base comunitária na ilha. Ali, além de conhecer o trabalho artístico do grupo, as visitantes arregaçaram as mangas e sob a orientação do arquiteto Marcel Marques produziram flâmulas coloridas com desenhos em acetato cria-do pelas artistas do ateliê Arte nas Cotas. Assim o grupo vai produzindo sua arte e deixando uma semente de boas ideias aos visitantes que vem ao ateliê buscar inspiração.

Fachadas de casas coloridas, flâmulas, camisetas, tudo é motivo para um grupo de 17 artistas de Cubatão expandir sua criatividade

Contato para agendar visita ao ateliê Arte nas Cotas [email protected]

site: www.caicaraexpedicoes.comblog caiçara: www.blogcaicara.com

facebook: www.facebook.com/caicaraexpedicoes.fanpage

twitter: @caicaraexp tel: (13) 3466.6905 - cel: (13) 9 8113.4819

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Novembro 2014 55Fotos: D

ivulgação

Arte nas CotasFachadas de casas coloridas, flâmulas, camisetas, tudo é motivo

para um grupo de 17 artistas de Cubatão expandir sua criatividade

Contato para agendar visita ao ateliê Arte nas Cotas [email protected]

site: www.caicaraexpedicoes.comblog caiçara: www.blogcaicara.com

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Artistas mostram estamparia que foi usada na criação de um mural na Cota 200

Ana Maria Marins, coordenadora do Projeto Vida Caiçara

A artista Madalena e Madalena Panhoci da Prefeitura de Santos mostram a flâmula criada no workshop

O arquiteto Marcel Marques e o artista Gildásio Pereira

Marcel mostra o Boi Bumba criado por Gildásio

Renato Marchesini (acima) e Renata Antunes (abaixo à direita) com as artistas do ateliê

O princípe Harry arregaçou as mangas para pintar o mural Como recordação o príncipe ganhou um tecido

com a estampa usada no mural comemorativo

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Gelatina de mocotó

Ingredientes:1 pé de boi½ litro de leite ou vinho do Porto1 pau de canela e 6 cravosPreparo:Lavar bem o pé de boi em água

corrente. Colocar na panela de pressão, cobrir com água. Deixar cerca de 40 minutos no fogo depois que a panela apitar. Espetar com garfo para ver se está macio. Dei-xar esfriar, coar e guardar o caldo na geladeira. Depois que a gelatina

endurecer, com uma colher, retirar a camada amarela de gordura que se forma na superfície. Lavar em água corrente a gelatina endureci-da para retirar o restinho de resíduo da gordura. Colocar numa panela grande e levar ao fogo. Jogar ½ litro de leite em cima (ou vinho do Porto). Acrescentar um pau de canela, seis cravos e açúcar a gosto. Deixa ferver por cerca de 15 minutos, despejar numa vasilha e deixar esfriar na geladeira.

Valmir de Souza, o Mica, sempre gostou de viver em contato com o mar e com o estuário. É para ele um prazer pilotar a embarcação da CET que faz a ligação do centro de Santos com a Base Aérea em Vicente de Carvalho, Ilha Diana e Caruara. A viagem de barca que sai do centro de Santos e vai até a Ilha Diana, na área conti-nental, dura apenas 20 minutos e depois segue seu percurso para Caruara gastando cerca do mesmo tempo. No trajeto é possível apreciar a bela paisagem do estuário com árvores do mangue e pássaros. Nascido em 1972, Mica está há cinco anos tra-balhando como piloto da embarcação. Filho das famílias mais tradicionais da Ilha, Souza e Hypolito, aprendeu a arte da pesca que pratica até hoje nas horas vagas. É nesse estreito contato com o mar que Valmir encontra sua identidade.

Na travessiaValmir pilota a barca para Ilha Diana há cinco anos

Com uma colher, retirar a gordura da superfície

Conheça o decreto SMA número 60.133, de 7 de fevereiro de 2014, que declara as espécies da fauna silvestre ameaçada de extinção, as quase ameaçadas e as deficentes de dados para avaliação no Estado de São Paulo e das providências correlatadas. Mediante proposta da Secretaria do Meio Ambiente deverão

ser atualizadas a cada quatro anos as listas que integram os anexos desse decretos. Esse decreto entrou em vigor na data de sua publicação (07/02/14), ficando revogado o decreto número 56.031, de 20 de julho de 2010. Veja o decreto na íntegra em www.jornalmartimpescador.com.br (Legislação).

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Ilha Diana, para todos os gostos

Como agendar visitas monitoradas à

Ilha Diana

Tainha na brasa na Ilha Diana

Bar do Chilico

A apenas 20 minutos do agitado centro de Santos, está a ilha Diana, con-siderada um dos últimos redutos de pes-cadores artesanais do município. Com a comemoração da Festa do Bom Jesus, os moradores descobriram a vocação turís-tica da ilha, montando bares em espaços anexos a suas casas. Um programa de visita monitorada pelos próprios mora-dores também está sendo desenvolvido

através do Projeto Vida Caiçara através de iniciativa do Terminal Portuário Embraport. Para chegar à ilha, que fica na área continental de Santos, é só pegar a barquinha na rua de trás da Alfândega no Centro de Santos e curtir um passeio de 20 minutos com uma agradável vista do estuário. O horário das barcas está em www.cetsantos.com.br (transportes/barca para área continental).

Há 16 anos o bar do Chilico atende visitantes e moradores da Ilha Diana. Bem ao lado do por-tinho, recepciona quem quer ficar apreciando a paisagem do estuário e saborear frutos do mar e outros petiscos. “Servimos peixe frito, camarão, bebidas, almoços, porções de pescado, camarão, caranguejo, batata frita”, explica Chilico. Pão francês assado na hora também é vendido de manhã e à tarde. Almoço caseiro bem gostoso tem que ser agendado no telefone (13) 99741.8690.

Chilico, Adriani da Silva Alves, nasceu em 1971, filho de tradicio-nais moradores da ilha, Adriano da Silva Alves e Geni Hypolito Alves. Aos 11 anos aprendeu a pescar peixes como parati, tainha e ro-balo na tarrafa e camarão-branco. Casado com Patrícia, tem as filhas Sabrina, 18 anos, Samantha, 16 e Adriana, 13. Como muitos outros moradores de Ilha Diana a possi-bilidade de aproveitar o fluxo de turistas que chegam à ilha surgiu com a comemoração da Festa do Bom Jesus, que acontece em agos-to. Na década de 90, o morador

O Bar e Lanchonete da Ilha Diana oferece todos os fins de semana tainha assada na brasa. Tudo é feito com especial carinho pelo casal Hélio e Terezinha, é só agendar a visita no telefone (13)3019.5418. Muitas outras especialidades podem ser pedidas, que variam da culinária caiçara à nordestina. Os pratos mais pedidos são o peixe azul-marinho, camarão na moranga, tainha assada e mui-

tos outros. Hélio França passou a maior parte de sua vida na Ilha Diana, ao lado da tia Antonia Bit-tencourt de Sousa, a dona Dina. Nascida no Saco da Embira, em Guarujá em 1918, foi uma das primeiras moradoras da ilha onde viveu até falecer em 2011. Tere-zinha prossegue com a tradição da culinária caiçara e também acrescenta outras variedades em seu cardápio.

Ilha Diana, localizada na Área Continental de Santos, é uma co-munidade pesqueira a apenas 20 minutos do Centro. A visita ao local é organizada por monitores da própria comunidade que irão falar sobre a história, hábitos e características do meio ambiente do entorno da ilha, atra-vés do Programa Vida Caiçara, iniciativa do Terminal Portuário Embraport. Os moradores recebem os visitantes para um café da manhã e almoço com comidas típicas. O programa pode atender grupos de 15 a 30 pessoas todos os dias da semana. Os passeios devem ser agendados com, no mínimo, três

dias de antecedência, pelo telefone: (13) 98132-8372 (Graziela ou Elisa). O passeio tem o valor de R$ 63,00 por pessoa (pacote completo) e os visitantes têm direito e ir e voltar da ilha em um passeio de barco pelo estuário. O valor contempla, ainda, café da manhã, almoço e monitoria. A iniciativa prevê condições especiais para grupos maiores, como escolas e outras instituições da região, além da possibilidade de montar outros tipos de pacotes. O ponto de encontro é no atracadouro ao lado do embarque da CET, localizado atrás do Prédio da Alfândega, no centro de Santos.

Altidório Quirino, já falecido, era o organizador da festa e com sua experiência deu várias dicas para que Chilico começasse seu bar. No início vendia apenas bebidas, mas em 2001 passou também a servir comida feita com capricho pela esposa Patrícia. Hoje, o bar funciona dias de semana das 7h às 22h. Fins de semana das 7h à meia noite, horário da última barca.

O casal Terezinha e Hélio atende no bar da Ilha

Chilico e o pai Adriano

Chilico e a esposa Patrícia

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Seu Mauri, com a pesca no sangue

Pescador de Ilha Diana, em Santos, mantém a verdadeira tradição do artesanal

“Trago a pesca no sangue” afirma seu Mauri Martins da Silva, morador da Ilha Diana há 53 anos. A vocação vem de família, com avô embarcadiço, pai marinheiro e tio pescador. “Aos 10 anos peguei minha tarrafinha e fui pescar na canoa do meu tio”, conta Mauri, que aos 16 anos tirou sua car-teira profissional de pescador. Nascido em 1935 no bairro da Bocaina, em Guarujá, mudou-se com os tios e os avós para a ilha em frente à Ilha Diana, numa casa de madeira, típica dos pescadores da época. Ali a comida era preparada no fogão a lenha, e a avó Flora chegou a ter uma rocinha com verduras, mandioca, batata-doce e milho. Os produtos da pequena roça e da pesca eram preparados no fogão a lenha. Na época era preciso buscar água no Morro do Sandi no barco a remo. “A nascente brotava gela-dinha, gostosa, clarinha que era um espelho”, lembra-se. Enchiam latas com canequinha de ágata e a água era armazenada na casa num tanque grande de ferro.

O tio Guilherme foi seu grande professor de pesca. Seguindo a tradi-ção dos antigos pescadores aprendeu diversas artes: cerco fixo, rede de espera, de lance, tarrafa, caniço, ar-

rasto de camarão, e captura de ostra, siri, marisco e caranguejo. Aposen-tado há oito anos, seu Mauri diz que mais gosta de pescar siri, atividade que faz sem muita frequência. “Sou sirieiro”, diz. O cerco fixo era uma pesca muito apreciada na juventude. Cerca de cinco pessoas montavam um cerco. “Eu ajudava os outros e os outros me ajudavam na amizade, no carinho”, afirma seu Mauri. “Nós trabalhavamos numa comunidade, agora é cada um se vira”, comenta. Para despescar também um ajuda-va o outro. Em cerca de 10 dias o cerco estava montado, uma espécie de armadilha circular com pedaços de madeira fixados no fundo do estuário, onde o peixe entrava e não conseguia sair. Na época não era proibido cortar as árvores do man-gue que eram usadas para montar o artefato em lugares como o canal de Bertioga, Monte Cabrão, Largo do Candinho, Pompeba, entre outros. “Tinha mais de cem cerqueiros por esta região”, afirma. Além das artes da pesca, ainda hoje seu Mauri cons-trói e reforma barcos, assim como sabe fazer e remendar redes.

Seu Mauri conheceu a esposa, Yolanda Biscardi da Silva, ainda

menina, moradora da Ilha Diana. Seu Mauri casou-se aos 26 anos, e aos 35 anos mudou-se para a ilha, quando construiu sua casa ao lado dos sogros. Do casamento nasceram Ademir, 51 anos, Ivair, 48, Suely, 46, Edneia, 38, Mauri Jr., 35, Waldecy, 35 e Wilson, 32. Ademir e Ivair foram os únicos que aprenderam a pescar. Do tempo em que se mudou para a Ilha, seu Mauri lembra-se que havia apenas 20 casas, todas de madeira. Ali moravam Antonia Bittencourt, a dona Dina, Pedro Sousa, o Pedro Rato, Waldomiro, Pedro Quirino, Otaviano, Zé Calado, Sebastião. A primeira igrejinha foi construída em 1940, feita de tijolo, ofertada por um dono de padaria na Bocaina, um húngaro chamado Ste-fano. A segunda igrejinha foi cons-truída por volta de 1980. “Lembro que na primeira festa do Bom Jesus a gente pegava tainha no cerco”, afirma. Na época já faziam procissão marítima e terrestre, e a Base Aérea fornecia a condução de barco. O ca-pelão da Base, Pedro Baster, rezava a missa, lembra o amigo Adriano, antigo morador da ilha. “Vinha bas-tante gente de fora”, lembra-se. A festa começava à tarde no sábado e o

pessoal dançava até o amanhecer do dia. Vinha conjunto de fora tocando samba, com sanfona, timba, violão, cavaquinho regional de cordas, pessoal todo conhecido de Vicente de Carvalho e Santos.

Além das tradições locais, a vida em Ilha Diana oferece um forte contato com a natureza. Apesar de aposentado, seu Mauri não conse-gue ficar longe da água. “Eu amo o peixe, eu amo o mar”, afirma. “Eu

amo a pesca, tenho que remar um pouco, ligar motorzinho, sair por aí, sentir a água. Me sinto melhor numa chata, numa canoa do que em terra”, confessa. Hoje seu Mauri se diz feliz assim, e quem chegar a Ilha poderá avistar o pescador saindo com seu barco para a pesca, ou consertando sua embarcação e seu equipamen-to. A imagem do homem que é o símbolo do pescador artesanal de nosso litoral.

Seu Mauri construindo seu barco de pesca

Seu Mauri e o amigo Adriano da Silva Alves