JORNAL MARTIM-PESCADOR 105

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Setembro 2012 Número 105 Ano VIII Tiragem 3.000 exemplares SABORES DA ILHA Na Ilha de Búzios, no arquipélago de Ilhabela, a pescadora Ditinha prepara o peixe azul-marinho, tradicional da culinária caiçara. Pág. 4 e 5 No lado sul de Ilhabela, o chef Daniel Querino cria cardápio exclusivo no Bistrô Afrosul. Pág. 8 Instituto Gremar organiza mutirão na praia de Pernambuco, em Guarujá, no Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias. Pág. 6 Jorge Machado (2º à dir.) e representantes da pesca profissional falam sobre as dificuldades do setor. Pág. 3

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setembro 2012 - Número 105 - Ano VIII - Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo.

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Setembro 2012Número 105Ano VIII

Tiragem 3.000exemplares

SAboreS DA IlhA

Na Ilha de búzios, no arquipélago de Ilhabela, a pescadora Ditinha prepara o peixe azul-marinho, tradicional da culinária caiçara. Pág. 4 e 5No lado sul de Ilhabela, o chef Daniel Querino cria cardápio exclusivo no bistrô Afrosul. Pág. 8

Instituto Gremar organiza mutirão na praia de

Pernambuco, em Guarujá, no Dia Mundial de limpeza

de rios e Praias. Pág. 6

Jorge Machado (2º à dir.)e representantes da pesca profissional falam sobre as dificuldades do setor. Pág. 3

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Setembro 20122

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

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EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

APAS MArINhASTrês áreas de proteção ambiental (APAS) marinhas

foram criadas em outubro de 2008 a partir de decretos as-sinados pelo governador José Serra (PSDB). O objetivo é disciplinar o uso de recursos ambientais, ordenar a pesca, o turismo recreativo e as atividades de pesquisa. Cada uma das três unidades de conservação tem seu próprio conselho

gestor, composto por 12 representantes do governo e 12 da sociedade civil. Desde sua criação em março, as reuniões têm sido mensais para debater temas relacionados a or-denamento pesqueiro, programas de educação ambiental, pesquisa, proteção e fiscalização. Além dos conselhos foram criadas Câmaras Temáticas nas áreas de Pesca, Planeja-

mento & Pesquisa, e Educação & Comunicação.As APAS pertencem ao grupo de Unidades de Uso Susten-

tável do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC. Além das três APAS Marinhas também foi criado o Mosaico das Ilhas e Áreas Protegidas que reúne as três novas unidades de conservação e outras já existentes.

DefesosCherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015

Mero (Epinephelus itajara) 23/09/2007 a 23/09/2012Caranguejo-uçá (Ucides cordatus) 01/10 a 30/11 (machos e fêmeas)

01/12 a 31/12 (fêmeas)Caranguejo guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10 a 31/03

Mexilhão (Perna perna) 01/09 a 31/12

Pescador artesanal: Procure a Colônia de Pescadores mais próxima para ter sempre sua

documentação atualizada. Além de representar e defender os direitos e interesses dos pescadores artesanais relativo ao setor da pesca, as colônias podem:

• Requerer ou renovar a licença de pescador profissional (RGP)• Requerer ou renovar a licença e registro de seu barco

• Requerer benefícios sociais como: aposentadoria rural, auxílio-natalidade,auxílio-enfermidade, auxílio-reclusão, seguro-defeso

Reunião define praias permitidas para o arrastão

Acesse: www. jornalmartimpescador.com.br

Instrução normativa regulamenta pesca de rede de emalhe

Pratique o comércio e o consumo responsável!

A resolução SMA nº 51 foi um dos assuntos discutidos na reunião do Conselho Gestor da Apa Marinha Litoral Centro-APAMLC, dia 4 de setembro. A medida, editada em 28/06/2012, estabelece normas para atividades pesqueiras profissionais re-alizadas com o uso de redes em praias inseridas nos limites da APAMLC. Na ocasião foi elaborado o Anexo I, que será incorporado à resolução, defi-nindo as praias com baixa frequência de banhistas (veja relação no box). Nessas praias, de março a novembro, com exceção de finais de semana e fe-riados, a pesca com redes é permitida em qualquer horário.

Outro assunto em pauta foi uma proposta para descarte adequado de resíduos sólidos gerados por em-barcações, que vão desde petrechos

A Instrução Normativa Inter-ministerial nº 12 foi editada dia 22 de agosto de 2012 pelo Ministério da Pesca e Aquicultura e Ministério do Meio Ambiente. Dispõe sobre critérios e padrões para o ordena-mento da pesca praticada com o emprego de redes de emalhe nas águas jurisdicionais brasileiras das regiões Sudeste e Sul.

Nas águas jurisdicionais bra-sileiras adjacentes ao litoral do Estado de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espí-rito Santo, o comprimento máximo de rede de emalhe permitido, incluindo a soma do comprimento das panagens ou redes, é de:

a) 3.000 (três mil) metros para embarcações com arqueação bruta (AB) menor ou igual a 10 (dez);

b) 7.000 (sete mil) metros para embarcações com arqueação bruta (AB) maior que 10 (dez) e menor ou igual a 20 (vinte);

c) 15.000 (quinze mil) metros para embarcações com arqueação bruta (AB) maior que 20 (vinte) e menor ou igual a 50 (cinquenta);

d) 18.000 (dezoito mil) metros para embarcações com arqueação bruta (AB) maior que 50 (cin-quenta).

Conheça a lei na íntegra aces-sando o site: www.jornalmartim-pescador.com.br

Marcos Campolim coordena as discussões da reunião do conselho gestor

de pesca abandonados, perdidos ou descartados (chumbadas, anzóis, re-des sem uso) até embalagens, pilhas, resíduos de cozinha, entre outros. A sugestão será enviada às prefeituras dos municípios englobados pela APAMLC (que vai de Bertioga a Peruíbe). Segundo a FAO, em ní-vel mundial, 640 mil toneladas de petrechos de pesca são jogados ou perdidos no mar, causando a pesca fantasma, onde, por exemplo, uma

rede descartada continua matando animais marinhos. O Projeto Pe-trechos de Pesca Perdidos no Mar (bluelinesystem.blogspot.com), em pouco mais de dois anos já retirou cerca de 1 tonelada desses petrechos em cinco campanhas Clean Up Dive. A proposta inclui a criação de eco-pontos em terminais pesqueiros de desembarque da pesca profissional ou em locais de concentração da pesca amadora.

Anexo I da resolução SMA nº 51Praias com baixa de frequência de banhistas na APAMlCPeruíbe- Praia de Guarau, Praia Deserta.Guarujá- Praia do Perequê, Praia branca.bertioga- Praia do Indaiá, Praia de Itaguaré, Praia de Guaratuba e Praia de boraceia.

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Crédito não chega para os armadores de porte médio

Fazenda desonera folha de pagamento para o setor de pescado

Algumas novidades na política de crédito para a pesca e aquicultura po-derão alavancar o desenvolvimento do setor. As inovações estão previstas no Plano Safra da Pesca e Aquicultura 2012-2013 que deverão em breve ser

lançadas pelo Ministério da Pesca e Aquicultura –MPA. Os empréstimos são feitos através do Banco do Brasil. O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, afirmou que serão repassados recursos de R$ 6 bilhões

para o financiamento de aquicul-tores e modernização da indústria e frota pesqueira.”Também vamos incluir o pescado no Programa de Aquisição de Alimentos. Queremos dar preço mínimo aos pescadores e

seguro da safra”, disse o ministro.Outra novidade do Plano Safra será o incentivo para os pescadores a se tornarem aquicultores. O setor pes-queiro aguarda ansioso a divulgação do plano.

A partir de janeiro de 2013, a folha de pagamento da indústria do pescado será desonerada. A medida, anunciada pelo Ministério da Fazen-da dia 13 de setembro, prevê que

em lugar da contribuição sobre a folha, a indústria do pescado pagará alíquota de 1% sobre o faturamento. Outro ponto positivo será a eliminação da contribuição

previdenciária patronal de 20% so-bre a folha de pagamento. visa re-duzir o custo da mão-de-obra, sem diminuir os salários e os direitos dos trabalhadores, o custo de produção

e exportação. Para aproveitar os be-nefícios, os empresários do setor de-vem respeitar alguns condicionantes, como a não demissão de trabalha-dores e o aumento da formalização

do trabalho, dos investimentos, da produção, da produtividade e das exportações. A desoneração também será aplicada a parte da indústria, serviços e alimentos.

“As políticas de crédito do Ministério da Pesca e Aquicul-tura são bem favoráveis para

o pescador artesanal e aquicultor e grandes armadores, mas es-quecem dos armadores de pesca profissional de porte médio”, afirma Jorge Machado, presiden-te do Sindicato dos Pescadores e Assemelhados –Sinpescatraesp. “Dá vergonha da frota pesqueira brasileira”, acrescenta Marco Antonio Flor, encarregado de pesca há 22 anos em Santos. Ele se refere às poucas condições que o armador brasileiro tem para comprar barcos e equipamentos novos. Jorge Augusto da Silva, há oito anos na pesca do camarão-rosa, fala das dificuldades do setor.” Em cima do preço do camarão-rosa tem 25% de encar-gos sociais”, explica o armador. “Já tentei ir para a pesca atuneira, mas não consegui financiamento para adquirir o barco”, explica. Uma embarcação para praticar essa moda-lidade de pesca custa cerca de R$6 milhões, e o tomador do empréstimo tem que comprovar bens no mesmo valor, como garantia. “Nem juntan-do minha casa e meus dois barcos camaroeiros posso chegar a esse valor”, se queixa.

Jorge Machado afirma que o armador gera muitos empregos, por isso deveria ter mais apoio. Ricardo Siviero possui quatro barcos, dois para a pesca da sardinha e dois na pesca de emalhe. “São 50 pessoas diretamente ligadas à pesca que eu emprego”, explica. Ricardo também afirma que faltam linhas de crédito para armadores de seu porte.

Novas políticas de crédito para a pescaJorge Machado (dir.) com dirigentes do sindicato

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Azul-MArINho DA DITINhA

Contêineres são espécies de caixas padronizadas para o transporte de cargas.

O inventor foi Malcom McLean que em 1937, enquanto aguardava a carga de seu

caminhão ser lentamente retirado pelos estivadores, concluiu que a operação seria muito mais rápida se a carreta pudesse ser

colocada diretamente sobre o navio. McLean trabalhou durante duas décadas para colocar sua idéia em prática. Em abril de 1956, o Ideal X, navio utilizado na II Guerra e adaptado por

McLean para transportar carga, zarpou do Porto de Newark, em Nova Jersey, com destino ao Porto de Houston, no Texas, carregando 58

contêineres. Desde então, a caixa metálica se popularizou, e o transporte

de mercadorias nunca mais foi o mesmo.

ColunaColuna

Informações da Área de Comunicação da eMbrAPorT - email: [email protected]

operação Portuária: Como funciona?

A Embraport começará suas operações no primeiro trimestre do ano que vem e as comunidades do entorno poderão acompanhar diversas atividades a partir de casa, do trajeto para o trabalho e até mesmo do canal de navegação. A comunidade da Baixada Santis-ta já está acostumada ao tráfego de grandes navios, aos pátios de contêineres, mas muitos não sabem como é o funcionamento de um porto. Por este motivo, a coluna deste mês se dedica a es-clarecer alguns pontos principais da operação portuária.

Para começar, você sabe o que é essencial em um terminal? Em primeiro lugar, um caIs 1 capaz de receber grandes navios, que hoje atingem em média 300 metros de comprimento. Por este motivo, a Embraport está cons-truindo uma estrutura com 650 metros de cais para a primeira fase de operação, o que possibilitará a atracação de dois graNDEs NavIos 2 simultaneamente. Ao final do projeto, com cais de 1.100 metros de comprimento, este nú-mero dobrará e até quatro grandes navios poderão ser operados ao mesmo tempo, aumentando tam-bém a capacidade do terminal de 1,2 milhão de TEUs por ano para 2 milhões de TEUs 3 por ano.

Se a movimentação de coN-TêINErEs 4 estiver prevista entre as atividades do terminal, como é o caso da Embraport, também é fundamental que a pro-fundidade do berço de atracação atinja cerca de 15 metros, caso contrário os grandes navios não têm condições de atracar, pois correm o risco de encalhar - e hoje em dia, a frota de navios específicos para o carregamento de contêineres encontra-se cada vez maior e com calaDo 5 mais profundo. Atual-mente, a Codesp está em processo de dragagem de aprofundamento do

canal do Porto de Santos para que alcance estes 15 metros de profun-didade em toda a sua área.

Para a movimentação de con-têineres, também são necessários equipamentos específicos, entre eles guindastes gigantes que irão operar no cais e no pátio de arma-zenagem. Os guindastes de cais, popularmente conhecidos como PorTêINErEs 6 , no caso de uma operação de descarga, são responsáveis por retirar os con-têineres dos navios e colocá-los sobre os TErmINal Trac-Tors 7 , os quais levarão a carga até o pátio para que a mesma seja armazenada. O processo inverso ocorre quando a operação é de carregamento do navio.

Uma vez no pátio, é a vez do rTg 8 (Rubber Tyred Gantry) entrar em ação. Estes guindastes de pátio retiram os contêineres dos Terminal Tractors, empilhando-os em uma área específica da retroárea, localizada atrás do cais, e conforme uma ordenação pré-determinada pelo setor de Planejamento de Pátio, que é o cérebro de um terminal portuário. Após o empilhamento e a armaze-nagem, os contêineres são levados por carretas até o destino final das mercadorias. Durante todo este processo de movimentação e armazenagem, as cargas ficam à disposição dos órgãos DE INsPEção 9 para vistoria das mercadorias, documentação, etc.

Nas próximas edições do Martim Pescador, além dos temas relacionados ao Meio Ambiente, esta coluna permanecerá abor-dando assuntos sobre a atividade portuária. Há diversos deles: desde esclarecimentos sobre equipamentos até a descrição das funções dos trabalhadores que operacionalizam o terminal. Acompanhe a Coluna Embraport e fique por dentro!

ouVIDorIA eMbrAPorT: Telefone: (0800) 362-7276Website: www.terminalembraport.com.br/por/fale-conosco

Cais é o local onde o navio é atracado para operação.

É também o local onde ficam os guindastes de

cais, equipamentos que carregam e descarregam os navios com o auxílio dos veículos de transferência interna (ITV ou Terminal

Tractors)

Grandes Navios: Atualmente, os navios que operam as principais rotas do comércio internacional

encontram-se entre a 3a e a 5a geração, ou seja, possuem comprimento de 250 metros

a 322 metros. Recentemente, foram lançados os navios de 6a geração, os quais carregam até 15.000 TEUs e chegam a quase 400 metros de comprimento e

16 metros de calado.

TEU: Trata-se de uma unidade de medida

equivalente a um contêiner de 20 pés, proveniente do inglês “twenty-foot

equivalent unit”. Há ainda os contêineres de 40 pés, que são equivalentes a 2 teus. cuja unidade de medida utilizada é FEU (fourty-foot

equivalent unit).

Calado refere-se à profundidade a que se encontra o ponto

mais baixo da quilha de uma embarcação. A

profundidade do canal de navegação de um

porto é o que determina a possibilidade de recepcionar

navios de maior calado.

Os portêineres são guindastes sobre trilhos alocados no cais. Eles

percorrem o costado do navio para as movimentações de embarque e descarga de

contêineres, primando pela precisão dos movimentos para garantir eficiência às

operações e fazer com que os navios fiquem o menor tempo possível atracados.

Com capacidade de puxar dois contêineres cheios de 20 pés ou um contêiner cheio de 40

pés, os Terminal Tractors substituem as carretas para toda a movimentação de

contêineres entre pátio e cais, promovendo mais eficiência

neste transporte, uma vez que têm as manobras facilitadas

para as vias internas do terminal.

RTG: são estes equipamentos os responsáveis por empilhar os contêineres milimetricamente nos pátios de armazenagem de contêineres, poupando

espaço e garantindo agilidade às operações de pátio. Estes guindastes se movimentam sob pneus, possuem tração e guinchos hidráulicos com capacidade de levantar

até 41 toneladas.

A Alfândega é o departamento da Receita Federal que é responsável por vistoriar e controlar o

movimento de mercadorias e bagagens pelas fronteiras e aplicar tributos, quando

necessário. Existem ainda o Ministério da Agricultura e a ANVISA, entre os órgãos

intervenientes.

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Ditinha colhe bananas nanicas verdes da árvore de seu quintal com o mesmo carinho que as avós e bisavós faziam. Afinal, fazer o peixe azul-marinho é uma arte que vem de gerações de famílias caiçaras. Por ser uma receita familiar, passada por tradição oral, ninguém faz um prato idêntico ao outro. Alguns pre-param o pirão no próprio prato, outros na panela. As diferenças ainda existem no uso da banana nanica ou são-tomé, ou na ordem de colocação dos ingredientes, pequenas variações que mostram a iden-tidade da pessoa que prepara. Ditinha, nasceu das mãos de uma parteira como Benedita Aparecida na Ilha de Búzios em julho de 1962. Casou-se em 1980 com Aristides Costa e teve dois filhos. Isaías, 25 anos, segue a profissão de pescador do pai, casou-se com Silvana, 23, e tiveram o menino Murilo, hoje com cinco meses. A filha Gisele, 31, mora em Ilhabela onde trabalha como enfermeira do posto de saúde.

A Ilha de Búzios hoje abriga 59 famílias, cerca de 200 pessoas. Nos últimos cem anos a população local não teve grande variação. Relatos do escritor Euclides da Cunha ao visitar a ilha em 1902 descreviam a presença de 52 famílias e 358 moradores. Segundo as professoras da escola local, Neide Maria Souza e Janaina Bento, as crianças

e os adolescentes gostam de morar no lugar e não demonstram vontade de se mudar dali. Esses jovens têm um grande conhecimento da natureza que os cerca. “Quando bate um vento, sabem que tipo é, e se vai trazer chuva ou não”, diz Janaina. “Além disso, conhecem bem os peixes e as artes de pesca e ao avistar um barco ao longe já sabem de quem é só pelo som”, contam.

A ilha se divide em três bairros, Porto do Meio, Guanxumas e Pitangueiras. A vida no local é de extremo contato com a natureza. A roça à moda antiga com mandioca, batata-doce, milho, café, não existe mais. Alguns ainda plantam mandioca e três famílias têm a casa para fazer a farinha de mandioca. As frutas são variadas, pinha, jabuticaba, pitanga, ameixa, manga, jaca e vários tipos de banana, nanica, maçã, branca e vinagre. A falta de chuva este ano afetou bastan-te a produção de frutas. A água não é abundante e vem de quatro nascentes. As escolas obtêm energia elétrica de painéis de luz solar usados nas escolas, e alguns moradores usam geradores que não pro-duzem energia suficiente para o uso de geladeiras. Por isso o tradicional hábito de salgar e secar o peixe ao sol ainda é mantido na comunidade. O marido de Ditinha, Aristides, afirma que grande parte do peixe usado para consumo

próprio é salgado. Outras artes tradicionais incluem a confecção de redes, que Aristides aprendeu com o pai, e a cestaria feita com taquaruçu, que Ditinha faz com rapidez e perfeição.

As mudanças mais observadas ao passar dos anos são as festas de cunho religioso, como São Pedro e Folia de Reis que se acabaram. Hoje Ditinha acredita que metade da população da ilha é evangélica, como ela própria. “São Pedro era tempo de fogueira, soltar foguete, a gente amanhecia dançando e tocando viola”, lembra-se Aristi-des. “Pessoal não quer mais isso, é só CD de rock, não canta mais música antiga”, conta o pescador com saudades da música de viola. Outra mudança muito observada é o declínio de produção dos pei-xes. “Antigamente a gente tinha em volta da ilha muita garoupa, badejo, anchova, até lagosta vinha no anzol”, lembra-se. “Hoje está difícil, tem que ir mais longe”, acrescenta. Aristi-des pesca com diversas artes, espinhel, linhada e rede de emalhe. Dependendo da época fica pior. “Este mês está mais fraco, muita frente fria”, conta Aristides. Com mar revolto, muitas vezes não dá para sair para pescar. Ditinha olha para o

neto Murilo, de cinco meses, e pergunta, “Será que meu neto vai ter peixe para pescar?” Como dirigente da Colônia de Pescadores Z-6 de Ilhabela, a pes-cadora participa de muitas reuniões com representantes do poder público e tem levado a eles sua preocupação. “Vem muitos barcos grandes de Santa Catarina com redes enormes e levam muito peixe”, queixa-se. A competi-

ção é desleal para os pequenos barcos artesanais. Enquanto discutem o futuro da pesca para as próximas gerações, o pequeno Murilo olha atento o trabalho de artesanato do avô Aristides esculpindo um remo. Talvez ele não entenda bem o que estamos falando, mas o brilho de seu olhar mostra um interesse incrível nas atividades da centenária profissão de pescador e artesão de seu avô.

Isaías segue a profissão do pai Aristides

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Setembro 2012 55

Azul-MArINho DA DITINhA

renda de exposição de fotos reverte para comunidades pesqueiras

Na ilha de Búzios, localizada no Arquipélago de Ilhabela, a tradição culinária caiçara persiste no peixe azul-marinho

Ditinha colhe bananas nanicas verdes da árvore de seu quintal com o mesmo carinho que as avós e bisavós faziam. Afinal, fazer o peixe azul-marinho é uma arte que vem de gerações de famílias caiçaras. Por ser uma receita familiar, passada por tradição oral, ninguém faz um prato idêntico ao outro. Alguns pre-param o pirão no próprio prato, outros na panela. As diferenças ainda existem no uso da banana nanica ou são-tomé, ou na ordem de colocação dos ingredientes, pequenas variações que mostram a iden-tidade da pessoa que prepara. Ditinha, nasceu das mãos de uma parteira como Benedita Aparecida na Ilha de Búzios em julho de 1962. Casou-se em 1980 com Aristides Costa e teve dois filhos. Isaías, 25 anos, segue a profissão de pescador do pai, casou-se com Silvana, 23, e tiveram o menino Murilo, hoje com cinco meses. A filha Gisele, 31, mora em Ilhabela onde trabalha como enfermeira do posto de saúde.

A Ilha de Búzios hoje abriga 59 famílias, cerca de 200 pessoas. Nos últimos cem anos a população local não teve grande variação. Relatos do escritor Euclides da Cunha ao visitar a ilha em 1902 descreviam a presença de 52 famílias e 358 moradores. Segundo as professoras da escola local, Neide Maria Souza e Janaina Bento, as crianças

e os adolescentes gostam de morar no lugar e não demonstram vontade de se mudar dali. Esses jovens têm um grande conhecimento da natureza que os cerca. “Quando bate um vento, sabem que tipo é, e se vai trazer chuva ou não”, diz Janaina. “Além disso, conhecem bem os peixes e as artes de pesca e ao avistar um barco ao longe já sabem de quem é só pelo som”, contam.

A ilha se divide em três bairros, Porto do Meio, Guanxumas e Pitangueiras. A vida no local é de extremo contato com a natureza. A roça à moda antiga com mandioca, batata-doce, milho, café, não existe mais. Alguns ainda plantam mandioca e três famílias têm a casa para fazer a farinha de mandioca. As frutas são variadas, pinha, jabuticaba, pitanga, ameixa, manga, jaca e vários tipos de banana, nanica, maçã, branca e vinagre. A falta de chuva este ano afetou bastan-te a produção de frutas. A água não é abundante e vem de quatro nascentes. As escolas obtêm energia elétrica de painéis de luz solar usados nas escolas, e alguns moradores usam geradores que não pro-duzem energia suficiente para o uso de geladeiras. Por isso o tradicional hábito de salgar e secar o peixe ao sol ainda é mantido na comunidade. O marido de Ditinha, Aristides, afirma que grande parte do peixe usado para consumo

próprio é salgado. Outras artes tradicionais incluem a confecção de redes, que Aristides aprendeu com o pai, e a cestaria feita com taquaruçu, que Ditinha faz com rapidez e perfeição.

As mudanças mais observadas ao passar dos anos são as festas de cunho religioso, como São Pedro e Folia de Reis que se acabaram. Hoje Ditinha acredita que metade da população da ilha é evangélica, como ela própria. “São Pedro era tempo de fogueira, soltar foguete, a gente amanhecia dançando e tocando viola”, lembra-se Aristi-des. “Pessoal não quer mais isso, é só CD de rock, não canta mais música antiga”, conta o pescador com saudades da música de viola. Outra mudança muito observada é o declínio de produção dos pei-xes. “Antigamente a gente tinha em volta da ilha muita garoupa, badejo, anchova, até lagosta vinha no anzol”, lembra-se. “Hoje está difícil, tem que ir mais longe”, acrescenta. Aristi-des pesca com diversas artes, espinhel, linhada e rede de emalhe. Dependendo da época fica pior. “Este mês está mais fraco, muita frente fria”, conta Aristides. Com mar revolto, muitas vezes não dá para sair para pescar. Ditinha olha para o

neto Murilo, de cinco meses, e pergunta, “Será que meu neto vai ter peixe para pescar?” Como dirigente da Colônia de Pescadores Z-6 de Ilhabela, a pes-cadora participa de muitas reuniões com representantes do poder público e tem levado a eles sua preocupação. “Vem muitos barcos grandes de Santa Catarina com redes enormes e levam muito peixe”, queixa-se. A competi-

ção é desleal para os pequenos barcos artesanais. Enquanto discutem o futuro da pesca para as próximas gerações, o pequeno Murilo olha atento o trabalho de artesanato do avô Aristides esculpindo um remo. Talvez ele não entenda bem o que estamos falando, mas o brilho de seu olhar mostra um interesse incrível nas atividades da centenária profissão de pescador e artesão de seu avô.

Mario Barila, economista, velejador e fotógrafo nas horas vagas, decidiu usar sua arte em prol de três comunidades de pescadores em Ilhabela. Com sua câmara em punho registrou cenas de cotidiano dos caiçaras locais, na Ilha de Búzios, e nas praias da Serraria e da Figueira. Ao visitar a Escola Mu-nicipal da Ilha de Búzios se entusiasmou ao ver a professora Carla Brito ensinando as crianças com o uso de seu computador pessoal. Quando Mario viu a utilidade do computador como instrumento de ensino, teve a ideia de doar outros para o uso de todas as comunidades que fotografara. Assim, montou uma exposição com as fotos na Pousada Armação dos Ventos, em Ilhabela, de fevereiro a junho, e com o dinheiro das vendas comprou quatro computadores que foram doados à Escola Municipal Porto do Meio e Ilha de Búzios, e às escolas das praias de Serraria e Figueira. A professora Neide Maria Souza, da E.M. Porto do Meio, diz que o ensi-no fica mais interessante com o uso do computador. “É uma ferramenta a mais”, explica. Sua colega a professora Janaina Bento, afirma que a internet aju-da na alfabetização e abre horizontes. “A internet dá acesso ao mundo”, diz Janaina, confirmando o uso do aparelho como poderosa ferramenta de ensino. A professora Carla que antes usava seu próprio computador para ensinar, ficou satisfeita em ter um novo na sala de aula. Mario Barila, que desenvolveu a ideia, acredita que é importante para a educação das crianças ter acesso a esse tipo de instrumento, que dá uma visão do mundo.

A ArTe Do beM

As professoras Neide, Carla e Janaina moram na Ilha de búzios

Mário barila entrega o computador na escola Porto do Meio, na Ilha de búzios

Aristides e Ditinha na Ilha

de búzios

Salgar e secar o peixe ainda é hábito na ilha

A mãe de Ditinha, Aparecida, se dedica à costura

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Setembro 20126

local e forma de captura influenciam a qualidade do pescado

Na edição anterior falamos sobre a importância da escolha do local de pesca e dos cuidados a bordo da embarcação. Dando continuidade às boas práticas para a preservação da qualidade do pescado, o pescador ao retornar da pescaria deve iniciar a limpeza do convés e a separação do pescado por tamanho e espécie. O pescado deve ser totalmente envol-vido por gelo de qualidade compro-vada. Após a pescaria o barco deve ser lavado e higienizado para a reti-rada de resíduos de peixes e sujeira de qualquer tipo. O pescador deve ter muito cuidado para que produtos químicos não alcancem o pescado para evitar contaminação. Todo lixo gerado durante a pescaria deve ser recolhido em sacos biodegradáveis e nenhum lixo como plástico, garrafas pet, latas deve ser jogado no oceano. O pescador também deve cuidar do meio ambiente, assim é importante

verificar se está ocorrendo vazamen-to de óleo da embarcação e corrigir antes de sair para a pescaria, para evitar a contaminação da água e consequentemente o pescado.

Os trabalhadores devem evitar se machucar durante a viagem, prin-cipalmente quando a manipulação envolve peixes agressivos como bagres, tubarões, etc. Porém, se isto acontecer o manipulador deve ser afastado de suas atividades, pois os ferimentos são fonte de infecção e podem contaminar o pescado. Assim, é essencial o uso de luvas grossas e alicates para cortar anzóis e ferrões. Esses equipamentos são importantes, também para a garan-tia da saúde dos trabalhadores, que devem ser sobretudo saudáveis, bastante asseados, banhados, e com unhas cortadas.

A qualidade do pescado também é influenciada pelo modo como

ocorre a captura, que pode ser atra-vés de rede de arrasto, de cerco ou de espera. Qualquer uma dessas mo-dalidades tem a vantagem de gerar pescaria com grande quantidade de pescado em uma única vez, mas tem a desvantagem de deixar os peixes um grande tempo na rede de espera, se debatendo muito, e provocando o esmagamento devido ao peso dos peixes que leva a traumatismos que deformam os animais.

A pesca toma ainda aspectos diferentes dependendo do tamanho do pescado que é capturado. Quando se trata de animais grandes, a evisce-ração ocorre no próprio barco para que não ocorra perda de qualidade. Já os peixes médios e pequenos são trazidos inteiros para o entreposto para comercialização.

A pescaria de camarões, lagostas e siris exige para a captura desses animais o uso de covo, manguezá,

A praia de Pernambuco, em Guarujá, recebeu voluntários dia 15 de setembro para a ação do Dia Mun-dial de Limpeza de Rios e Praias. O projeto foi organizado pelo Instituto Gremar, que contou com o apoio da FundaçãoFlorestal/SMA — Parque Estadual Marinho Laje de Santos (PE-

MLS) e APA MarinhaLitoral Centro (APAMLC) —, do Projeto Petrechos de Pesca Perdidos, Abandonados ou Descartados no Mar (PP-APD), de mergulhadores e universitários. Entre os resíduos recolhidos em toda a orla da praia foram encontrados latinhas e copos plásticos. Já em torno da Ilha

do Arvoredo os mergulhadores reco-lheram restos de petrechos de pesca, uma corda e um cabo de aço. Para finalizar o evento, o Instituto Gremar realizou a soltura de uma tartaruga ao mar. O animal passou por tratamentos na entidade após ter ingerido lixo descartado no oceano.

baixada Santista: muito além do turismo de praia

Mutirão limpa a Praia do Pernambuco em Guarujá

Roteiros históricos, religiosos, culturais, arqueológicos, ecológicos, náuticos, de aventura e até mesmo observação de aves, yoga e bike tour.

A Baixada Santista vai muito além do turismo de praia. Um passeio inusitado é a visita à Usina e Vila de Itatinga. Começa com uma

travessia de rio em barco, e tem sequência num passeio de tren-zinho pelo sopé da Serra do Mar, visita à vila histórica e parte externa da Usina de Itatinga, trilha em meio à Mata Atlântica preservada, cachoeira e piscina natural.

Tudo isso em um roteiro dife-

renciado, situado em Bertioga, com muitas informações históricas e ambientais.

Saiba mais:Caiçara Expedições Agência de Viagens e Turismo/www.caicaraexpedicoes.com - [email protected]/tel: (13) 3466.6905/(13) 8142.0151.

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.

ou jereré que mantêm os animais vivos até a coleta, o que garante a boa qualidade desse pescado.

Com a finalidade de coordenar a pesca, o governo federal criou o Ministério de Pesca e Aquicultu-ra – MPA, para formular políticas públicas para o desenvolvimento e o fomento da produção pesqueira, promover medidas de apoio ao de-senvolvimento da pesca artesanal e industrial, promover ações voltadas para a implantação de infraestrutura de apoio à produção e comercializa-

ção do pescado e fomento à pesca. Essas atribuições têm a finalidade de aproveitar melhor os recursos pesqueiros e evitar desperdícios de qualquer forma. Nesse sentido, destaca-se a importância de treina-mento constante dos manipuladores que estão a bordo e em terra, a melhora do nível socioeconômico e cultural do embarcado para que este possa entender todo o processo de inocuidade e assim valorizar a ne-cessidade da garantia da qualidade do pescado.

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Setembro 2012 7

receita de Yoko dá mais sabor à tilápia

Semana do Peixe se inspira na alimentação dos atletas olímpicos

Antonio Misashi Miki nasceu em Santos em 1960, recebendo como herança séculos da tradi-ção japonesa na pesca. Seu pai, Hiyosuke Miki, veio da província de Mie no Japão em 1913, para trabalhar nas fazendas de café no interior de São Paulo. Acostumado a viver da pesca artesanal em sua terra natal, logo foi em busca do cheiro da maresia, caminho que o trouxe a Santos. Casou-se com Mariko Okazaki, nascida em Lins, no interior de São Paulo. A família, com seis filhos, quatro homens e duas mulheres, morou na praia de Guaiuba, em Guarujá, antes de ser loteada. “As famílias moravam em chalés de madeira cobertos de sapé”, lembra-se Antônio, re-cordando sua infância. “Meu pai pescava como caiçara em canoa de madeira e a vida toda a remo”, explica. Antônio explica que as artes de pesca eram variadas e a

pescaria farta. “Na rede de espera se pegava corvina, pescada, na linha de mão e na vara, garoupa, sargo”, diz. “Na década de 70, os caiçaras faziam cerco na praia do Guaiuba, pegavam 5 mil tainhas de uma vez”, conta com saudade. Antônio aprendeu ainda criança muitas artes de pesca, e mais tarde ingressou na pesca profissional de barcos atuneiros. Hoje está aposentado e se dedica ao traba-lho de dirigente do sindicato dos pescadores profissionais, o Sinpes-catraesp. Da culinária ficou com um pé na cozinha japonesa e outro na caiçara. Um prato que perma-nece em sua lembrança é o peixe feito com o molho típico japonês, usando shoyo, açúcar e gengibre. Os peixes mais usados eram os de pedra, como garoupa ou sargo, em postas. Como hoje essas espécies são difíceis de encontrar, testamos a receita com meca.

“Pescado. Dá água na boca e faz bem pra saúde”. Este é o slogan da campanha da Semana do

Peixe 2012, promovida pelo Minis-tério da Pesca e Aquicultura-MPA, de 3 a 17 de setembro. A campanha,

que está em sua 9ª edição, incentiva o consumo de pescado no País. Veiculada na televisão e na internet, tem a participação de Thiago Perei-ra, medalhista olímpico. Eventos gastronômicos e mobilizações foram

promovidos nos Estados e no Distri-to Federal. No site do MPA (www.mpa.gov.br), as pessoas podem im-primir a cartilha com dicas incríveis para manipulação de pescado, além de orientações sobre como verificar

a qualidade do produto na hora da compra, e diversas receitas regio-nais. Um aplicativo permitirá que esse conteúdo possa ser acessado, a todo o momento, pelo celular.

O lançamento oficial, em âmbito

nacional, foi realizado pelo ministro Marcelo Crivella, da Pesca e Aqui-cultura, no dia 1° de setembro, no Rio de Janeiro. Durante a Campa-nha, o ministro visitou regiões do País para mobilizar a população.

INgrEDIENTEs:½ kg de filés de tilápiaSal, pimenta-do-reino e limão1 ovo batido com uma colher(sobremesa) de leite5 colheres (sopa) cheias de fubá Mimoso2 colheres (sopa) cheias de farinha de trigoqueijo parmesão ralado a gostoespeciarias a gosto (oréga-no, páprica ou alecrim)óleo de soja para fritar

PrEParo:Cortar os filés em filetes. Aproveitar para descartar as espinhas centrais. Temperar com sal, pimenta-do-reino e limão. Misturar farinha de trigo, fubá, queijo parmesão. Reservar. Passar o peixe no ovo batido e em seguida na mistura de farinha. Fritar em óleo quente. Escorrer em papel-toalha.

Antônio e a herança japonesa da pesca

INgrEDIENTEs:½ kg de meca em postas1 xícara (chá) mal cheia de água1 colher (sopa) cheia de açúcar7 rodelas finas de gengibre6 colheres (sopa) de shoyo

PrEParo:Colocar açúcar, gengibre, shoyo e água numa panela. Depois que

levantar fervura, deixar por mais cinco minutos no fogo baixo. Colocar as postas de peixe, tampar a panela e dei-xar por cinco minutos. Virar as postas e deixar por mais c inco minu tos . Depo i s de pronto, colocar numa travessa e regar com mais um pouco de shoyo. Servir com arroz branco.

Um tempero especial dá mais cor e sabor à tilápia. A receita é de Laurice Yoko Arita, presidente há dois anos da Colônia de Pescadores Z-12, de Santa Fé do Sul, no noroeste paulista. “Sou pescadora e filha de pescador”, explica Yoko, que aprendeu a arte com o pai Norio Oshima, que praticava a pesca artesanal com rede, tarrafa pescando peixes de água doce como corvina, tucunaré, mandi, traíra, tilápia, corimba, porquinho. O marido, Mário, também pesca e se prepara para ser aquicultor. Nascida em Aparecida do Oeste, Yoko hoje mora em Santa Fé do Sul, próximo aos encontros dos rios Gran-de e Paranaíba, onde ocorre a formação do rio Paraná, próximo ao reservatório da Hidrelétrica de Ilha Solteira. “Seguindo a tradição de toda família oriental, em casa não pode faltar peixe”, explica. A tilápia é um peixe que está sempre presente à mesa. A receita preferida dos filhos Fernanda, 25, Gustavo, 23, Juliana, 21, é rápida e simples de fazer. Experimente!

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Uma paisagem paradisíaca e pratos de fino sabor fazem a receita do Bistrô Afrosul, em

Ilhabela. Num local de intensa comu-nhão com a natureza aliado ao prazer da boa gastronomia entendemos melhor o significado da expressão “comer com os olhos”. O cardápio que inclui frutos do mar, variadas carnes e saladas em molhos especiais tem por trás as habi-lidosas mãos do chef Daniel Guimarães Querino. Nascido em Minas Gerais, na cidade de Guaranésia, desde menino se encantava com as artes culinárias da avó Lourdes Querino, que ganhou do marido o ca-rinhoso ape-lido de Lin-da. “Aprendi por osmose”, brinca Daniel, enaltecendo as habilidades da avó na culi-nária mineira, que iam do frango caipira ao angu.

A o s 2 7 anos, numa viagem para a Irlanda, firmou seu gosto pela gastronomia. Seu primeiro mestre, o chef O´Brian o orientou para os primeiros cursos. Com o chef Tom Reeves, no The Morgue Restaurant, recebeu ensinamentos e o estímulo para cursar a faculdade de gastronomia no Dublin Institute Of Te-chnology (DIT). Da comida irlandesa, aprendeu as especialidades das carnes de caça, como perdiz, pato, coelho e javali. Estudando a teoria e desenvol-vendo muita prática em 14 horas de trabalho no restaurante, pode fazer um aprendizado completo. Após cinco anos na Irlanda, Daniel consolidou seus co-

nhecimentos na técnica da cocção, que ele considera um dos pontos básicos da gastronomia. Cada carne tem um ponto diferente, como o filé mignon, por exemplo, que deve selado, ficando bem passado por fora e macio por den-tro, explica. Na volta ao Brasil, aos 31 anos, continuou a se dedicar a gastrono-mia, assumindo o cargo de subchefe de eventos no Leopolldo do Itaim.

Há cinco meses no Bistrô Afrosul, no Solar Singuitta, Daniel montou um cardápio com diferentes influências, tailandesa, indiana, italiana e brasi-leira. Os pratos são exclusivos, feitos

com toda a cria-tividade do chef. Hoje o Bistrô, que antes atendia apenas os hós-pedes do hotel, tem portas aber-tas para o público em geral. “Estou montando um cardápio diferen-te, com produtos locais e seguindo a abundância das

estações”, explica Daniel. “O grande desafio é transformar ingredientes simples num bom prato”, afirma. O diálogo é im-portante, por isso Daniel gosta de consultar o cliente, fazendo um prato personalizado. O Pepper Salmon é uma de suas receitas favoritas, e aí vão todos os segredos para o preparo. Pela riqueza dos detalhes e possível afirmar que a receita é uma pequena obra de arte da gastronomia. Experimente!

O Bistrô Afro Sul fica no Solar Singuit-ta, a 6 km da praia do Curral em Ilhabela. Av. Gov. Mário Covas Jr, 14.500- [email protected] Informações e reservas: (12)3894.9164/3894.1414/8101.4142/9123.7499.

INgrEDIENTEs:220 g de tranche de salmão150 g de mandioquinha-salsa (miúda)3 colheres (sopa) de leite1 colher (sobremesa) de manteiga1 colher (chá) de óleo de sojatomilho e alecrim para enfeitarIngredientes para a guarnição:150 ml de vinagre balsâmico2 colheres (sopa) de melIngredientes para o tempero:1/3 de um pimentão verde, um vermelho e um amarelo25 g de alho poro cortado em rodelas1 pitada de lemon pepper1 colher (sopa) de cebola roxa picada1 colher (sopa) de leite de coco2 colheres (sopa) de vinho brancoIngredientes para o molho de pesto:75 g de manjericão2 dentes de alho picados25 g de nozes 180 ml de azeite extra-virgemSal e pimenta a gosto

Pepper Salmon

o SAbor DA IlhA

Máxim

o Jr

PrEParo:Preparar o molho de pesto batendo os ingredien-

tes no liquidificador. Reservar.Preparar o molho da guarnição colocando o

vinagre balsâmico e o mel numa panela e deixar no fogo até caramelar. Reservar.

Preparar um purê espremendo a mandioquinha cozida e levando ao fogo com leite e manteiga. Reservar.

Cortar o salmão em filé (com pele) de forma transversal, de modo a respeitar as fibras. Colocar uma pitada de sal e espalhar. Pingar 1 colher (chá) de óleo numa frigideira antiaderente. Ajeitar o sal-mão com a pele para baixo e deixar três minutos em fogo moderado. Retirar com uma espátula (a pele irá ficar aderida à frigideira). Ajeitar o filé numa forma refratária e deixar por mais três minutos em forno pré-aquecido a 180 graus.

Saltear os ingredientes do tempero numa frigi-deira besuntada com óleo de soja por um minuto. Jogar o vinho branco por cima e deixar ferver. Acrescentar o leite de coco e deixar por mais 30 segundos. Ajeitar o salmão no prato e jogar o mo-lho por cima. Enfeitar com tomilho, alecrim e fios formados com o molho da guarnição. Colocar ao lado o purê de mandioquinha regado com apenas ¼ do molho de pesto.

o chef Daniel Querino no terraço do

bistrô Afrosul, em Ilhabela