Jornal Notícias Junho 2014

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junho 2014

Fundao nacional do livro inFantil e juvenil | Seo BraSileira do

Notcias 6

A Feira de Bolonha de 2014 tinha um clima de casa, por ser o Brasil o pas homenageado do evento, apresentando a expo-sio das ilustraes dos nossos artistas - Incontveis Linhas, Incontveis Histrias e a presena de muitos autores na progra-mao oficial, motivando a ida de um nmero muito maior de brasileiros comparando com os anos anteriores.

A FNLIJ lembrava seus 40 anos de presena na Feira com um belo painel no seu estande, apresentando os principais destaques das quatro dcadas.

O anncio do prmio Hans Christian Andersen - IBBY, feito a cada dois anos, seria apresentado no final da coletiva de imprensa do IBBY, o que deixava, a todos, ansiosos. A FNLIJ, como seo na-cional da instituio, indica os seus candidatos ao prmio, que conferido a um escritor e a um ilustrador pelo conjunto das suas obras. Os indicados deste ano eram o escritor Joel Rufino dos Santos, finalista nas indicaes de 2004 e 2006, e Roger Mello, nas indicaes de 2010 e 2012 e que, neste ano, novamente como finalista, disputava o prmio com cinco excelentes ilustradores europeus, o que valorizou ainda mais a sua vitria.

Primeiro foi anunciado o nome do vencedor na categoria es-critor, a japonesa Nahoko Uehashi. Ausente, foi aplaudida, com descrio, pelos japoneses e presentes. A expectativa para ouvir o nome do vencedor do prmio para ilustrador se refletia nos an-siosos olhares, abraos e apertos de mo daqueles que ocupavam o auditrio. A espanhola Maria Jesus Gil, presidente do Jri, ini-ciou o anncio do ilustrador, descrevendo seu perfil e ao comear a dizer o nome do vencedor, ela no precisou terminar! A verba-lizao da primeira slaba do nome do Roger fez com que come-ssemos a pular e a gritar com a vitria.

Foi uma exploso de alegria indescritvel, fora do padro habi-tual da coletiva a que estvamos acostumadas a frequentar. Pela

terceira vez, o Brasil conquistava o Prmio HCA do IBBY, o mais alto reconhecimento internacional concedido obra de autores de livros de literatura para crianas e jovens. E, pela primeira vez, tnhamos um ilustrador como vencedor!

Vale ressaltar que se a maior manifestao foi nossa, dos bra-sileiros, foi emocionante ver os estrangeiros tambm vibrarem com a vitria, demonstrando que Roger e seus livros so admira-dos em outros pases. Todos queriam abraar o vencedor, encer-rando brasileira a coletiva de imprensa do IBBY.

Do auditrio, o pblico se dirigiu ao estande do IBBY come-morando as duas vitrias onde o Roger, como vencedor presen-te, continuava a receber parabns e abraos afetuosos em meio s fotos que todos queriam tirar ao seu lado, o que se repetiu no estande da FNLIJ/FBN.

ROGER MELLO: O caMinhO paRa O pRMiO hans chRistian andERsEn dO ibby

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Roger Mello ilustrador, escritor e dra-maturgo. Nasceu em Braslia, em 1965. Ilustrou mais de cem ttulos, dezenove deles, com textos de sua autoria. Formado em Design pela ESDI/UERJ, trabalhou com Zi-raldo na Zappin. Recebeu inmeros prmios no Brasil e no ex-terior por seu trabalho como ilustrador e escritor. considerado hors concours pela Fundao Nacional do Livro Infantil e Juvenil que, alm de lhe conceder vrios prmios, o indicou como can-didato brasileiro na categoria ilustrador para o prmio interna-cional Hans Christian Andersen em 2010 e 2012, ficando entre os cinco finalistas nos dois anos. Foi premiado pela Academia Brasileira de Letras e, na Unio Brasileira dos Escritores, pelo conjunto de sua obra. Participou de diversas feiras internacionais de livros como Catalunha; Roma; Frankfurt; Bolonha; Gotem-burgo; Brooklyn (Biblioteca Pblica do Brooklyn); Sarmede (Le Immagini Della Fantasia); Padua (I Colori del Sacro) e Nami Is-land (Coria do Sul).

Seu livro Meninos do Mangue recebeu o prmio Internacional da Fondation Espace Enfants (Suia) em 2002. Juntamente a ou-tros autores brasileiros, foi homenageado no Escale Brsil do Salo de Montreuil na Frana em 2005. No mesmo ano, suas ilus-traes sobre os versos populares do livro Nau Catarineta esti-veram em exposio itinerante pelas bibliotecas de Paris. Trs de seus livros (A Flor do Lado de L, Todo Cuidado Pouco!, Meninos do Mangue) constaram da lista de livros que toda criana deve ler antes de virar adulto, publicada pela Folha de So Paulo em 2007. Sua obra foi mostrada pela exposio indi-vidual intitulada Das Fantastiche Farbenreich Des Brasilianischen Illustrators Roger Mello de novembro de 2011 a fevereiro de 2012 na Internationale Jugendbibliothek, Castelo Blutemburgo Munique, Alemanha, com a curadoria da FNLIJ. A mesma cole-o atualmente parte do projeto de exposies itinerantes da Internationale Jugendbibliothek (em atividade at dezembro de 2014). Entre janeiro e abril de 2013, as ilustraes de seu livro, Joo por um fio), publicado na Frana pela editora MeMo, es-tava mostra na La Maison des Contes et des Histoires. Ele foi um dos autores brasileiros convidado para participar no Ano

do Brasil durante a Feira de Frankfurt em 2013, organizada pela Biblioteca Nacional. Segundo a escritora Ana Maria Machado, em entrevista ao jornal O Globo: ...A nova gerao est fazendo coisas maravilhosas, porque ns existimos antes. De sada, eu di-ria que tem dois autores brasileiros maravilhosos: Adriana Falco e Roger Mello. Meninos do mangue de Roger, uma obra-pri-ma... Ziraldo comentou: Roger autodidata. Ele captou isso do ar que respira. Ele tem a mesma mo do capeta como de um per-sonagem de um conto que transformaram num filme, lembra? A no ser pelo fato dele ser um anjo. Um anjo incansvel que sabe que apesar de suas mos serem poderosos e competentes instrumentos, a alma deve estar preparada se as mos os fizerem apropriadamente.

Roger autor de vrias peas de teatro, incluindo Curupira, Praise of Folly (baseada na obra de Erasmo de Roterd), Meninos do mangue e Entropia, todas apresentadas no Teatro III do CCBB/RJ em 1996, 2003, 2005 e 2008 respectivamente. Ele escreveu e di-rigiu a pea Dispare, apresentada no Brasil em 2011 e no Uruguai em 2012, no Teatro Solis em Montevidu. Roger ganhou o prmio Coca-Cola para Teatro Infantil (melhor texto) por Uma histria de boto vermelho. O curta-metragem Cavalhadas de Pirenpolis (dirigido por Adolfo Lachtermacher e baseado no livro de Roger com o mesmo ttulo) foi selecionado pelo Festival de Cinema de Gramado. O roteiro por Meninos do mangue (escrito junto com Adolfo Lachtermacher) foi selecionado pelo Laboratrio de roteiros para Cinema do SESC. Para a revista The Cricket Magazine Group / Carus editorial, ilustrou duas capas e fez ou-tras ilustraes.

Roger foi um dos membros do jri internacional do 1 Concurso Internacional de Nami Island 2013 NIIIC, Coria do Sul. O jri foi integrado por Anastasia Arkhipova (ilustradora/Rssia), Zoreh Ghaeni (Expert de literatura infantil / Ir), Byung-ho Han (ilustrador/ Coria do Sul), Yusof Ismail (ilustrador/Malsia), Wee-sook Yeo (Diretor Geral, Biblioteca Nacional para Crianas e Jovens / Coria do Sul) e Junko Yokota (anteriormen-te membro do Comit ALA Caldecott, jri do prmio IBBY Hans Christian Andersen / EUA).

Assim que, neste Notcias, a FNLIJ registra a merecida vitria de Roger Mello que lhe confere reconhecimento internacional, depois dos inmeros prmios recebidos no Brasil, partilhando com os leitores partes do dossi que enviou para os jurados e que fundamentou a sua premiao.

Pela importncia do Premio HCA do IBBY, a cerimnia de en-trega aos vencedores ocorre com grande destaque durante o Congresso do IBBY, que este ano ser na cidade do Mxico, em setembro.

L estaremos com Roger, sua famlia, amigos brasileiros e de

outros pases para comemorar mais essa grande vitria da litera-tura infantil e juvenil brasileira reconhecida por sua qualidade. Certamente iremos repetir a festa que fizemos em Bolonha.

Parabns Roger, pela qualidade do seu trabalho em torno do li-vro, como voc gosta de ressaltar, por sua alegria, seu profissiona-lismo e pela pessoa especial que voc e que tivemos, como FNLIJ, o privilgio de poder contribuir para apresent-lo ao mundo.

Desejamos que o Prmio HCA-IBBY abra novos e variados ca-minhos, para que as crianas e os jovens de outros pases possam desfrutar da leitura dos seus livros assim como no Brasil.

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Ao indicar Roger Mello, pela terceira vez, como candidato bra-sileiro ao prmio Hans Christian Andersen 2014, na categoria ilustrador, a FNLIJ reitera a qualidade, importncia e relevncia de seu trabalho para crianas e jovens como um ilustrador.

Entre 1990, o ano de incio da carreira de Roger Mello como artista, e no presente momento, temos visto duas dcadas de uma carreira brilhante, coroada por inmeros prmios pelas ilustra-es, pelo design grfico de livros e por livros nos quais Roger foi o autor dos textos e das imagens.

Tendo recebido o prmio FNLIJ todos os anos entre 1994 e 1998, passou a ser considerado Hors Concours pela instituio a par-tir de 1999, recebendo esse prmio 13 vezes, alm de vrios outros ttulos nacionais.

No cenrio internacional, Roger foi indicado pela FNLIJ para a Lista de Honra do IBBY pelo livro Maria Teresa, em 1998.

Vrios de seus livros j foram selecionados para o catlogo White Ravens da Biblioteca Internacional da Juventude de Munique - IJB. Em 2012, a IJB organizou a primeira exposio in-dividual de Roger na Europa: uma seleo de objetos pessoais, es-quetes e ilustraes no Castelo de Blutemburgo, com a presena do prprio artista. Assim ele pode interagir com as crianas alems em atividades com suas ilustraes e desenhos. Durante o ms de junho, 2013, a exposio esteve na cidade de Colnia, Alemanha, para a semana do Festival Brasileiro de Livros para Crianas.

Em 1995, quando o Brasil foi o pas homenageado para a Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha, apesar de estar no comeo de sua promissora carreira, Roger foi um dos 20 artis-tas selecionados pela FNLIJ para a exposio organizada para a Feira. Como um dedicado aprendiz, ele observou de perto as ilustraes dos artistas estrangeiros. Ele tambm admite que esta experincia foi um ponto de referncia em seu trabalho. Com este mesmo criterioso olhar, no ano anterior, em 1994, quando o Brasil foi o homenageado na Feira do Livro de Frankfurt, Roger soube aproveitar a oportunidade para apreciar a cena internacio-nal de livros ilustrados e o maior aperfeioamento de sua arte.

Para cada livro que ilustra, Roger dedica muito tempo para pesquisar sobre a criao e a concepo do livro como um ob-jeto de arte. Com um olhar curioso, alimentado por uma mente leitora, refletindo e questionando, suas ilustraes expressam sua inquietude quanto realidade, abastecida por uma viso crtica, que oferece ao leitor, crianas ou jovens, possibilidades de con-tato com a beleza, componente da arte e um trabalho que abrir a imaginao desses leitores, instigando o olho e a mente, numa perspectiva humanista de construo.

De temas folclricos (brasileiro e internacional) presentes em trabalhos como Maria Teresa, Cavalhadas de Pirenpolis, Nau Catarineta, para temas contemporneos (solido e o desejo por ex-plorar) presente em Selvagem e Contradana, as pesquisas de Roger se estendem alm das fronteiras sociais e culturais do Brasil.

A preocupao por temas sociais refletida em suas obras dedicadas ao trabalho infantil, como em Meninos do mangue e

Carvoeirinhos. Roger evita ter somente um olhar sociopoltico e foca-se na questo atual do letramento na vida cotidiana des-sas crianas. Estas so narrativas carregadas de lirismo, refle-tem a voz da infncia, na linguagem do texto e da ilustrao. De fato, para Roger, ilustrao texto e vice versa. O texto tambm ilustrao.

Roger um artista completo, algum que cria de forma origi-nal e artesanal metforas e alegorias para o encanto de seus leito-res de todas as idades.

Sonhos so temas frequentemente encontrados no trabalho de Roger, assim em Joo por um fio, Jardins e Zubair e os labirintos. Poder ser o sonho de um menininho (brasileiro ou estrangeiro), o sonho de uma nao, ou o sonho de toda humanidade, contri-buindo para manter um mundo de paz e tolerncia.

A oralidade, presena sempre marcante na cultura brasileira, aparece com frequncia em seu trabalho folclrico, assim como em Nau Catarineta, Maria Teresa. Reproduzida em textos e ima-gens, a tradio oral atualiza-se com o gosto popular.

Questes histricas e sociais permeiam seu trabalho de manei-ra sutil e intensa, podemos ver em Zubair e os labirintos e tam-bm em outros livros. Roger um artista em sintonia no so-mente com o seu tempo, mas tambm com o passado, com a his-tria da arte, sobre literatura para crianas, incorporando uma viso histrica em sua arte. Ele trata a intertextualidade como uma ferramenta que enobrece seu trabalho.

Fragmentao e um sentimento de no pertencimento, carac-tersticas da contemporaneidade, tem forte presena em traba-lhos como Contradana e Todo cuidado pouco!. Toda esta inves-tigao temtica e lingustica, tanto na escrita quanto na criao de imagens, enunciada em uma bem trabalhada metalingua-gem. Quando nos deparamos com o sentimento de no perten-cimento do personagem, notamos em Roger seu atento e curioso deslocamento.

com um grande orgulho que a FNLIJ apresenta Roger Mello como nosso candidato para o prmio HCA 2014!

A fNlij, seo brasileira do iBBy, apresenta o candidato Roger Mello ao Prmio hcA

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A relao com o mundo emocional das crianas a relao que se possibilita com o outro. O escritor e o ilustrador no tem as respostas. O autor de livros infantis, autor do texto escrito ou das ilustraes, pode atuar dentro desse encontro, sem induzir as respostas e sem querer dar solues nicas s crianas ou aos adultos, mas perguntando junto com elas.

A identificao livro-criana a possibilidade da afirmao de si atravs do outro. Quando Alice percebe toda a estranheza do mundo aps o espelho, a sua prpria estranheza que ela per-cebe. Espelho e livro. A aproximao do universo infantil talvez fosse uma das mais importantes questes para Charles Dodgson, conhecido como Lewis Carroll, ao escrever as aventuras de Alice para Alice ou a partir de Alice Liddel, a menina que conhecia e fotografou. Alice e no Alice Liddel, ou Lewis, ou o espe-lho. Os desenhos de Carroll eram to investigativos no proces-so de escrever os livros quanto as palavras. Esses mesmos ques-tionamentos desenvolviam o interesse lgico e matemtico de Dodgson.

Muitas vezes, as crianas me perguntam se eu coloco nos li-vros um pensamento meu de criana. Desenhei e escrevi um li-vro, o Todo Cuidado Pouco!, um conto acumulativo contempo-rneo, em que as relaes entre os personagens investiga o caos. Pode parecer estranho, mas esta era uma coisa em que eu sempre pensava quando era criana. Se um dia eu sasse sem amarrar o cadaro do meu sapato, poderia tropear e perder alguns minu-tos e, da por diante, tudo mudaria, minha vida inteira mudaria por um simples detalhe. J ouvi autores dizerem que voltam a ser crianas no momento de escrever para crianas. Para mim, pare-ce pretenso ou loucura querer pensar exatamente como eu pen-sava quando era criana para fazer um livro. No se trata disso, mas essa ideia que eu tinha, de algo pequeno progressivamen-te mudando tudo, permaneceu. A dita Teoria do Caos surgiu a partir de um raciocnio potico de causa e consequncia, mui-tas vezes direcionada as crianas. Por que no devolver o caos s crianas? So inmeros os personagens do livro Todo Cuidado Pouco! e a menor mudana no elo entre suas relaes, muda as vidas de todos os personagens, em maior ou menor intensidade e

s vezes muda at mesmo a personalidade de algum deles. Criar tantos personagens, a partir do texto escrito ou de seu desenho foi um desafio, mas muitas vezes, no ter tempo para criar algum personagem, me permitia conhec-lo melhor. Tentar entender o todo do personagem perd-lo. O personagem no permanece o mesmo, da mesma maneira que no somos um s eu. A crian-a sabe disso.

A criana exercita esse dilogo com o outro o tempo todo, em suas conversas com ela mesma. Em seu fascnio pelos animais e figuras de animais. Eu sempre tive fascnio por animais. Animal aquele que possui anima, alma, no se trata somente de falar de um ser animado, mas falar do outro. Entender o outro bus-car-se no outro. No so os autores que do a alma ao animal, o exerccio de observar a diferena do outro que nos faz perceber-nos. E perceber-nos como leitores. O livro o outro que nos leva a ns. A projeo da essncia da criana est nesse outro. Mostre uma figura de animal ou fale de um animal e a criana lhe dar ateno. Por qu?

Fiz um livro, o Contradana, que seria um exemplo dessa re-lao entre a criana e o animal. Uma menina quer ser bailarina, seu pai um vidraceiro e sua casa est cheia de espelhos. Sua me era bailarina e provavelmente morreu h pouco tempo. Tudo sugerido, desde a relao da menina com a figura da me, ainda presente, como a iminncia da figura do pai, em silncio, traba-lhando, talvez na outra sala. Mas a menina v reflexos e conversa com um macaco, ou melhor, o reflexo de um macaco. A contra-dana, o dilogo, permite se estranhar atravs do outro, no para se entender de maneira definitiva, mas para seguir. Para ilustrar este livro, fiz uma boneca em massa plstica da menina e costu-rei sua saia de organdi. Eu no sabia costurar, tive que aprender. Eu sempre mudo muito os estilos de ilustrao quando fao um livro. Neste caso, precisei fazer a boneca em trs dimenses, criar os espaos e o macaco para depois fotografar. A transposio do tridimensional para o bidimensional, para fotos em preto e bran-co, me fez compreender melhor as dimenses da menina.

Engraado, alguns cientistas dizem que o mundo na verdade bidimensional e a ideia de profundidade seria uma iluso. Mais

Roger Mello por ele mesmo

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uma vez, a fico que alimenta a cincia. O enredo, o ficcio-nal muito prprio do mundo da criana. Criana, na lngua portuguesa vem da palavra criar, inventar. A lngua portugue-sa tambm d as partes que constituem o livro, nomes de par-tes do corpo humano, como olho, folha de rosto, respirao (os espaos em branco que deixam a pgina respirar), orelha, p de pgina. Partes que formam um espelho meio cubista, mas um espelho do homem. No acredito, no entanto, que se chegue ao todo pelas partes. Muitos ilustradores como Drer, desenharam a partir das partes descritas por outros. Um rinoceronte feito de partes pode ou no recompor um rinoceronte. Amo ver o rinoceronte de Drer, porque o rinoceronte de Drer e no um rinoceronte ao mesmo tempo. O mesmo acontece quando se percebe um personagem. Na verdade, um personagem no se constri, ele percebido, revelado. Claro, em um determinado momento ele a mais pura e deliciosa inveno, por mais que o autor no assuma, s depois que vem a dor, e na dor e nas ausncias que o personagem vem. Mentira, s vezes a dor de onde o personagem aparece, por mais que a deliciosa inveno esteja tambm na dor. Eu percebo o personagem mais intensa-mente pelas coisas que no o compem, do que pelas coisas que o compem.

Uma coisa diferente acontece com a ideia de monstro. No caso do monstro, acrescenta-se o medo e o fascnio do desconhecido. O monstro tambm feito de partes. Vejam o caso de um mons-tro: a mantcora. Ela tem corpo de leo, rabo de escorpio, e o detalhe mais assustador, cara de gente. Os monstros mais assus-tadores, ao menos para mim, so os que tem cara de gente. A re-lao com o monstro a relao com o desconhecido.

Ainda no terminei de desenhar meu ltimo livro, Espinho de arraia. Novamente um macaco, o uacari, da Amaznia, afeta a vida de um menino. O menino est perdido e com febre. O ua-cari puxou o espinho da arraia que gerou a febre, mas o menino ainda tenta se lembrar dos ltimos acontecimentos, por onde es-teve, de suas dores, seus sentimentos, por trs da alucinao pro-vocada pelo espinho. O pesquisador Cmara Cascudo fala que a frase Macaco gente, s no fala para no ter que trabalhar est presente em todas as culturas do mundo. No ser considera-do humano humaniza o macaco. Como personagem, o macaco, ou qualquer outro animal se torna humano e o humano, por sua vez, volta a fazer parte da natureza. O livro permite isso, a fico de imagens ou de palavras.

No caso de outro livro que fiz, Zubair e os labirintos, o bombar-deio na guerra do Iraque em Bagd, 2003, revela bem aquilo em que acredito: no h um mundo privado separado para crianas e adultos, o desespero e a dor, no distinguem faixa etria. A dor avassaladora, por mais que doa de maneiras diferentes, entre crianas e outras crianas, entre adultos e outros adultos. O livro de Zubair contm dois livros, um lido da esquerda para a direi-ta, quase com um ritmo de vdeo game, em forma de biombo. O outro livro um livro que o menino encontra dentro deste pri-meiro livro, lido da direita para a esquerda, como se l no oriente.

Um dilogo entre as duas formas de leitura. A arquitetura de pa-pel procura ser to narrativa quanto a ilustrao e o texto verbal.

No livro, Griso, um unicrnio, procura um outro igual a ele. As representaes do animal fantstico mudam conforme se mu-dam as pginas. Quando fiz os desenhos, baseado na arte uni-versal, vrios adultos me disseram que isso poderia atrapalhar a leitura das crianas. O unicrnio muda de forma o tempo todo, ser que eles vo entender? Em todos os encontros com as crian-as, nunca me perguntaram por que ele mudava de forma, cor e tamanho o tempo todo e sim, por que estava to s? Por que era to difcil que algum lhe desse ateno? Enfim, as questes mais envolventes.

A ilustrao a possibilidade em si de investigar elemen-tos narrativos que passam pela experincia grfica. No livro Carvoeirinhos, o narrador um marimbondo, que muda de pon-to de vista para se confrontar com as questes do trabalho infan-til, do trabalho escravo. Olhar essas questes como quem olha o horror, o absurdo em si da coisa toda, poderia no nos deixar ver o menino. Aqui o animal que olha, sem entender nem ao menos o que vem a ser o humano. Assim, talvez possa haver um olhar sem preconceitos.

As imagens no surgem para decifrar as palavras. As imagens, os esboos, so componentes textuais que investigam os sen-timentos dos personagens e a relao com o leitor. A imagem puro enredo e resulta em enredo. Enredo tela, rede, trama, imagem. Fiz o livro Joo por um Fio, um menino deixado sozi-nho noite para dormir, enfrentando o desafio de atravessar a noite debaixo de sua colcha que parece ter o tamanho do mun-do. Debaixo da trama da colcha. A rede desenhada nas pginas de guarda tem objetos e restos jogados, preciso desses pedaos. So vestgios de uma histria que eu ainda precisava encontrar. Ento dediquei esse livro para as crianas da Ilha de Uros, no lago Titicaca, no Peru, no somente por me achar afetivamente ligado a elas, mas porque precisava da conexo com elas para en-frentar a solido de fazer esse livro.

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O dossi do candidato ao Prmio Hans Christian Andersen enviado ao IBBY tambm incluiu ensaios acadmicos sobre Roger Mello. Entre os artigos que constam no dossi, reproduziremos o publicado na revista Bookbird, editada pelo IBBY, em outubro de 2012. Os outros ensaios enviados foram: Dirio de Bordo: uma jornada atravs da arte de Roger Mello, de Tereza Harumi Kikuchi, Universidade de So Paulo Escola de Comunicao e Artes e A identidade na obra de Roger Mello, de Rosinha Campos - Recorte da Monografia Um olhar sobre os olhares de Roger Mello.

Roger Mello: tempo e transformaesComo ilustrador, escritor e dramaturgo, Roger Mello trouxe ale-gria para ambos, crianas e adultos, ao ilustrar mais de cem ttu-los, vinte dos quais so de sua autoria. Nascido no Brasil, em 1965, Roger Mello cresceu amando a leitura, o desenho e a escrita. Suas ilustraes fornecem aleias para explorar a histria e a cultura do Brasil. A fora motriz por trs do trabalho de Roger Mello a necessidade de contar uma histria, e ele satisfaz essa necessida-de sem impor uma agenda ou tentar moralizar ou ensinar uma lio. Roger no subestima a capacidade que a criana tem de re-conhecer e decodificar fenmenos culturais em imagens, e suas ilustraes permitem que a criana seja guiada pela imaginao atravs das histrias (Imgenes y palabras de Roger Mello y Graa Lima [Imagens e Palavras de Roger Mello e Graa Lima]). Viagens e descobertas so aspectos importantes da expresso artstica de Roger Mello. O contedo cultural e geograficamente rico de suas ilustraes reflete sua paixo pelo folclore e outras produes cul-turais, e tambm pela explorao do mundo. O contedo cultural identificvel parte integrante das notveis ilustraes de Roger Mello, permitindo que seus jovens espectadores, movidos pela imaginao, escapem para terras e civilizaes desconhecidas. As crianas pequenas podem desenvolver relaes tanto com suas prprias culturas, quanto com as culturas de outras crianas-lei-toras ao redor do mundo por meio de livros de histrias ilustra-das; imagens exticas, mas associveis, incentivam as crianas a mergulhar na experincia social e em formas diferentes de vida, estabelecendo um entendimento respeitoso e apreciativo das ou-tras culturas. Este ensaio explora os aspectos histricos e culturais reconhecveis das ilustraes de Roger Mello para crianas e traa as influncias internacionais de sua arte culturalmente inclusiva para os jovens.

Em entrevista concedida Gabriela Romeu em 2012, Roger dis-cute a importncia de cultivar o interesse das crianas pela litera-tura e contao de histrias. Ele encoraja o sentimento de respeito e confiana na capacidade que as crianas tm de entender e se en-volver com o imaginrio cultural e incentiva seus jovens especta-dores a assumirem a responsabilidade de pensar criticamente so-bre o contedo cultural implcito e a formularem perguntas com base em suas prprias percepes. Seu livro de imagem, A flor do lado de l, conta a histria de uma anta um mamfero florestal

nativo do Brasil em busca de uma flor excepcionalmente de-liciosa, mas, para saborear essa iguaria botnica, primeiro a anta deve superar vrios obstculos naturais. A flor do lado de l um livro sem texto que, ao mesmo tempo em que estimula a crian-a leitora-espectadora a observar a reconhecvel fauna nativa do Brasil, permite que a criana formule perguntas, faa previses e pense criticamente sobre a jornada da anta. Roger observa que, internacionalmente, os livros de imagem so entendidos como li-vros com ilustraes que acompanham as histrias escritas, mas no Brasil, os livros de imagem so inteiramente compostos de ilustraes, enquanto os livros com ilustraes e texto so referi-dos como livros de histrias ilustradas. Como Roger sugere em sua entrevista Gabriela Romeu, um livro sem texto no tem respostas, mas perguntas, e ao incorporar animais, vegetao e material cultural de forma proeminente em seus livros de hist-rias, ele incorpora o leitor-espectador na experincia brasileira (grifo da entrevista). A flor do lado de l no tem texto e, portan-to, universalmente acessvel a crianas de todo o mundo, mas como Roger Mello publica principalmente em portugus e tem como alvo o pblico jovem brasileiro, as crianas do Brasil con-seguem com mais facilidade estabelecer uma relao com a fau-na sul-americana distintamente incorporada por Roger. Porm, ao mesmo tempo em que ele confia a seus jovens espectadores a tarefa de observar o entorno dos personagens e a desenvolver os prprios entendimentos das ilustraes, a capacidade de Roger para criar com maestria imagens passveis de serem associadas a fenmenos culturais distintos, torna sua arte acessvel a crianas de todas as origens culturais.

Alm de retratar uma profunda e respeitosa compreenso da vida selvagem geograficamente distinta em suas ilustraes, Roger tambm exibe uma apreciao pelo folclore nacional iden-tificvel. Suas ilustraes oferecem significados profundos so-bre questes locais da identidade nacional e, embora seus tra-balhos sejam frequentemente acompanhados de textos, ele no depende de explicao textual para transmitir suas mensagens intencionais. Nas ilustraes que acompanham o livro Jorge da Capadcia, Roger complementa o conto popular brasileiro de So Jorge, personagem muito conhecida do folclore brasilei-ro, contado por meio de um poema infantil e movido pela ima-ginao. O poema descreve a famosa batalha de Jorge, e suge-re uma acepo mimtica infantil; o poema evoca imagens de uma criana, vestida e armada como So Jorge, partindo em uma aventura para matar o drago. O uso que Roger faz das cores, tex-turas e materiais culturais culmina na evocao de uma experi-ncia distintamente brasileira, e ele incorpora aspectos da cultura brasileira contempornea, mesmo quando narra um conto tradi-cional e histrico. Em Jorge da Capadcia, o olhar do espectador percorre as cores ricas do drago quase morto, passa pela crina do cavalo at chegar ao olhar determinado de Jorge e fica absorto na cena da noite estrelada sobre o escudo. O escudo atua como o ponto focal da pintura e desperta o espectador para as possi-bilidades imaginativas do conto; as mesmas possibilidades que movem o interesse das crianas pela tradio cultural. O uso das cores por Roger Mello magistral e confere s ilustraes uma qualidade de sonho. Os verdes, amarelos e azuis incorporam a

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pintura em um fundo distintamente brasileiro, enquanto a bola de futebol sugere um estado infantil imaginado. O poema, em si, parece criar uma cena de brincadeiras infantis, e a bola de fute-bol atrai o espectador de volta aos jogos da infncia, enquanto enfatiza a experincia brasileira contempornea. Essa obra to-talmente compreensvel para as crianas e, ao mesmo tempo que o futebol um aspecto importante do envolvimento cultural e da infncia brasileira, a bola de futebol um objeto universalmen-te reconhecido; essa imagem , at certo ponto, compreensvel para as crianas de todas as origens culturais. Roger usa mate-riais para inserir seus jovens espectadores na cultura brasileira, mas ao mesmo tempo ele capaz de atingir um pblico universal atravs de seu tema cultural naturalmente associvel.

Os interesses culturais de Roger no se limitam experincia brasileira, e uma ampla compreenso dos meios de vida interna-cionais um aspecto importante de sua carreira. Em sua entre-vista Gabriela Romeu, ele observa que viajar , de fato, uma arte em si, e que sua paixo por fazer novas descobertas em culturas e rituais desconhecidos, impulsiona sua expresso artstica. Roger , ao mesmo tempo, consciente e atuante em questes interna-cionais, especialmente em termos de impacto pessoal e resposta emocional a questes polticas. Em Zubair e os labirintos, ele con-ta uma histria assombrosa de como a vida de uma criana em Bagd, em 2003. Atravs de um texto eloquente e rico de imagens instigantes, Roger consegue tornar as questes adultas acessveis s crianas e criar um cenrio associvel incorporado na experi-ncia iraquiana. Zubair precisa navegar pelo labirinto que se tor-nou a sua vida e, medida que a criana imerge em sua histria, ela consegue ir alm das folhas do livro e usar as ilustraes in-trincadas e lgicas de Roger para estreitar a relao com o meni-no iraquiano. Roger usa cores ricas na capa, como amarelos, la-ranjas e verdes intensos, que so reminiscentes da tapearia e da arte iraquiana tradicionais, e, com o auxlio de seu estilo cubista, ele consegue capturar a sensao de medo e da absoluta melanco-lia que se espalha pela nao devastada. A guerra no Iraque e seus resultantes motins e levantes so de fato temas adultos, mas en-quanto ele se arrisca ao expor as crianas a esse tema, Roger de-posita confiana em seu pblico jovem para reconhecer os temas culturais subjacentes nessas imagens e tirar lies valiosas a par-tir delas (Imgenes y palabras de Roger Mello y Graa Lima). Ele, mais uma vez, deixa uma grande quantidade de imagens decifra-doras para o espectador e incorpora uma grande dose de mistrio e ambiguidade em suas ilustraes. Roger respeita seus jovens es-pectadores e mantm o poder da imaginao em mente em toda a sua obra, mesmo quando explora questes internacionais de confrontos e crises polticas.

Roger Mello, claro, no dirige seu foco meramente a ques-tes internacionais de crises polticas, mas investiga a beleza e os aspectos profundamente significativos dos rituais e materiais culturais internacionais. Ele acredita que a paz mundial pode ser alcanada atravs da Biblioteca Internacional da Juventude em Munique, e aprecia a capacidade que a biblioteca tem de integrar o contedo cultural de todas as partes do mundo, enquanto re-cebe as crianas para conhecer e discutir as culturas que, de ou-tra forma, seriam para elas desconhecidas. Roger Mello, assim

como a Biblioteca Internacional da Juventude, prioriza o interes-se por viagens ao redor do mundo e a curiosidade dos pequenos leitores. Atravs de seus contos ilustrativos e incrivelmente colo-ridos e emocionantes, Roger incentiva os jovens leitores a explo-rar aquilo que eles no entendem e defende um conhecimento cultural extenso e profundo. Maria Teresa, um de seus livros de imagem mais populares, narra a aventura do navio homnimo navegando pelo Rio So Francisco. Enquanto Maria Teresa per-manece em seu pas natal, o Brasil, Roger defende as viagens e a explorao cultural ao manter um mistrio criativo e o senso de aventura durante toda a histria. Com cores quentes e brilhan-tes, os pequenos leitores-espectadores so constantemente esti-mulados, e Roger lana uma fasca de curiosidade cultural no incio da jornada de Maria Teresa a novos territrios. Ignorando as regras de perspectiva, tamanho e escala, ao mesmo tempo em que incorpora continuamente cores fantsticas, Roger cria uma fantasia dramtica baseada em viagens e exploraes (selo White Ravens). Ao defender uma relao respeitosa e intrigan-te com outras culturas e territrios, Roger coloca em primeiro plano a possibilidade da paz mundial que ele atribui Biblioteca Internacional da Juventude, em Munique.

As ilustraes de Roger Mello para crianas so ao mesmo tempo inovadoras e inclusivas, e sua capacidade de perfeio in-corporada ao contedo cultural em suas imagens promove re-lacionamentos tolerantes e respeitosos entre indivduos de dife-rentes culturas e tradies. Ao entender, de forma consistente, as viagens como uma arte em si, Roger desperta um interesse irre-sistvel por culturas internacionais e formas de arte tradicionais, um interesse que afeta o pequeno leitor/espectador desde a mais tenra idade. Ilustraes como as encontradas em A flor do lado de l, Jorge da Capadcia, Zubair e os labirintos e Maria Teresa estimulam uma curiosidade apaixonada por materiais culturais, quer pelo Brasil, terra natal de Roger, quer por outras regies do mundo, e ele continua a desempenhar um papel fundamental-mente positivo na vida de jovens leitores. Com sua incrvel ha-bilidade ilustrativa e respeito pelas crianas, vamos esperar pou-co tempo para ver a obra de Roger Mello publicada e traduzida internacionalmente.

Samantha Christensen, Erin PetersBookbird: A Journal of International Childrens Literature Volume 50, Number 4, October 2012

8 Notcias 6 | junho 2014

carvoeirinhos De l do alto da telha de barro, o marimbondo admira a casa de um menino diferente. Queria entender por que aquele lar abraa o fogo. Sob as labaredas, o garoto coloca lenha para virar carvo. Depois, senta e conversa com outra criana que solta fumaa pelo nariz. Esto no centro de um forno. Fazendo o qu? O marimbondo instiga-se e, aos poucos, sobrevoa o cenrio vergonhoso do trabalho infantil que macula o Brasil, pas que aspira ser a nao do futuro.

Como o marimbondo que v o mundo de cabea pra baixo, Roger Mello narra Carvoeirinhos quase ao p do ouvido do leitor, sem agredi-lo jamais. Mostra, do ponto de vista desse marimbondo, essa tragdia motivada pelo desenfreado sistema econmico, que desemboca na milionria classe dos usineiros. A sensibilidade do autor est na harmnica combinao entre trao e palavra. Roger se comunica nesse jogo, que conduz os olhos do leitor por um processo de criao cuidadoso.

Srgio Maggio Correio Brasiliense, Outubro, 2009

Ilustraes do livro Carvoeirinhos. Companhia das Letrinhas, 2009.Capa do dossi de 2014 do ilustrador Roger Mello.

livros enviados ao jri do Prmio hans christian Andersen iBByDe acordo com o regulamento do IBBY para o prmio HCA, a FNLIJ apresentou ao jri dez ttulos que considerou representativos da obra do Ilustrador. Foram preparadas 15 caixas que continham o dossi e os livros para os 11 integrantes do jri, o presidente do IBBY ou seu representante, para a sede do IBBY e para a revista Bookbird.

A FNLIJ j havia enviado ao IBBY dois dossis de Roger Mello, em 2004 e 2006. Para o dossi do prmio de 2014, foram selecionados os dez ttulos a partir desse material anterior.

Veja, a seguir, os ttulos enviados ao IBBY com as respectivas resenhas numa verso editada do dossi.

Notcias 6 | junho 2014 9

Meninos do mangueA vida no mangue tem l suas peculiaridades. Por exemplo: o dia est dividido em quatro fases, cada qual com seis horas, regidas pela mar. Quando baixa, hora de pegar caranguejo. Quando sobe, pode-se pescar. Os meninos andam sempre em bando e as mulheres transformam lixo em peas de casa. Nesse universo de gente, mars e lama, acontecem as aventuras narradas pela Preguia, personagem que conduz, ao lado da Sorte, as tramas do livro.

O enredo rene oito histrias que a Preguia conta Sorte. As duas personagens alegricas esto na beira do rio Capibaribe, no Recife, e se dedicam pesca de siri. Em cada um dos contos, Roger exercita diferente estilo narrativo da fbula contempornea ao conto cumulativo.

O autor define o texto como um colar de contas pelo encadeamento das narrativas, costuradas pelas idas e vindas do bando de 12 meninos desse mangue urbano exposto no livro. Aos poucos, tem-se um retrato do cotidiano na regio de casas suspensas.

Alethea MunizCorreio Braziliense. Abril, 2002

cavalhadas de PirenpolisAs Cavalhadas de Pirenpolis ganham as pginas de um livro infantil assinado por Roger Mello. Apaixonado pelas manifestaes culturais brasileiras, ele se inspira na arte e no folclore regional para compor suas obras dirigidas ao pequeno leitor.

As ilustraes por si s j contam uma histria e superam o prprio texto da obra. Em cada pgina o leitor se depara com uma figura tpica: mouros e cristos em trajes vermelhos e azuis, enfileirados e prontos para a guerra; o mascarado com o seu cavalo coberto de adereos; pessoas annimas que participam da festa; o casario histrico, as ruas, becos e ladeiras; a doceira; os pssaros, as flores e as frutas do cerrado, Roger no perdeu nenhum detalhe.

Valbene BezerraJornal O Popular, Goinia, novembro de 1998

Ilustraes do livro Meninos do Mangue. Companhia das Letrinhas, 2001. Ilustraes do livro Cavalhadas de Pirenpolis. Editora Agir, 1997.

10 Notcias 6 | junho 2014

Nau catarinetaA histria do navio chamado Catarineta, passado de uma gerao para outra atravs de contao de histrias, bem conhecida no mundo lusfono. O autor e ilustrador brasileiro Roger Mello estudou minuciosamente numerosas verses deste conto. O resultado um texto vvido, escrito para os palcos, que faz os jovens leitores viverem atravs do desastroso naufrgio e estranha calmaria, e compartilhar a fome, a solido, o anseio e o desespero dos protagonistas.

O estilo artstico j muito premiado de Roger Mello pode ser facilmente reconhecido nas pginas duplas do imaginativo livro e pequenas vinhetas.

O selvagem, o animado e o divertido nas ilustraes formam cores brilhantes que capturam a intensa atmosfera da histria de maneira singular.

Catlogo White Ravens Internationale Jugendbibliothek (IJB) Munique

Maria Teresa...Tambm bem editado Maria Teresa, de Roger Mello, premiado ilustrador agora tambm autor de textos narrativos. Neste livro ele confirma as duas faces do seu talento. Trata-se da histria de uma carranca do Rio So Francisco contado por ela mesma em versos ritmados.

Entre Minas e Bahia l vai Maria Teresa levando alegria aos moradores da margem do Velho Chico. Tmida, ela tem medo de saci, boitat, caipora, assombraes. Mas diante do bicho-dgua lembra-se de que uma obra de arte popular, patrimnio da humanidade, inserida para sempre no folclore brasileiro, e o enfrenta sem medo.

O texto curto cede espao s grandes ilustraes coloridas, lembrando a pintura naif. Mais um belo trabalho de Roger Mello em busca do conhecimento da cultura popular brasileira.

Laura SandroniJornal O Globo, agosto de 1996

Ilustraes do livro Nau Catarineta. Manati, 2004.Ilustraes do livro Maria Teresa. Editoria Agir, 1996.

Notcias 6 | junho 2014 11

contradanaO livro infantil Contradana de Roger Mello utiliza a fotografia como expresso grfica. Na narrativa uma menina e um macaco brincam de se mirar em uma loja de espelhos.

As imagens fotogrficas ilustram o texto e ambos sugerem a ideia de que cada um possui vrias identidades (ou reflexos). O recurso utilizado o da fotografia em contraluz, resultando em um efeito semelhante a uma ilustrao em silhueta. O livro finalizado utilizando esse mesmo recurso, trocando um dos personagens.

Em algumas imagens o resultado esttico da fotografia permite que esta seja lida quase como ilustrao. Pelo contexto da produo sugere-se uma fotografia, mas o aspecto aparenta ilustrao.

Patricia Kiss Spineli, Marizilda dos Santos Menezes, Luis Carlos PaschoarelliRevista Projetica Londrina/PR

SelvagemEm fino acabamento, esta obra encanta leitores de diferentes idades, pelo carter universal que aborda. Sem linearidade, nem concluso, Roger brinca com uma fotografia, um homem, um tigre... A curiosidade e a busca pelo novo seriam caractersticas exclusivas dos humanos?

E o que seria o selvagem? Selvagem para quem: para o homem sentado a observar o tigre na fotografia? Ou selvagem para o tigre que escapa da foto? Ou ainda para o leitor que passa as pginas e estranha o novo?

Selvagem pode ser nosso sentimento de estranhamento frente ao que no nos familiar. Olhares, descobertas e estranhamentos surgem em imagens com pouca cor. O artista explora o contraste entre preto e branco e a cor laranja. Estampas e ngulos nos mostram quo ilimitada a imagem visual criada em um livro.

Ninfa ParreirasSite Do Centro Educacional Anisio Teixeira (CEAT) e blog Canto Crnica.

Ilustraes do livro Contradana. Companhia das Letrinhas, 2011. Ilustraes do livro Selvagem. Global, 2010.

12 Notcias 6 | junho 2014

jardinsCultivando palavras como quem cuida de delicados canteiros, Roseana Murray presenteia seus jovens leitores com um jardim de versos. As primorosas imagens de Roger Mello para fecundar (e no apenas acompanhar) o texto, exemplo singelo de que a poesia descansa em (e alcana) qualquer cenrio da existncia humana.

A beleza simples dos versos ganha mais vio no meio do rico canteiro de desenhos de Roger, cujos coloridos bordados grficos provocam grata surpresa a cada pgina. Presente para olhos e alma em tempo de tanta indelicadeza, estes Jardins merecem ser cultivados com suavidade. Com a alegria desobrigada de quem se rende aos encantos de uma flor. Ou de vrias. Flores que alimentam sonhos, em toda a beleza criada por Roger Mello, ilustram o livro.

Manya MillenCaderno Prosa E Verso O Globo, outubro 2001

joo por um fioO brasiliense Roger Mello um dos mais premiados autores de livros infanto-juvenis da atualidade. Autor, porque escreve e desenha com a mesma destreza. Entre os prmios que recebeu est o Jabuti 2002, por Meninos do mangue, e o suo Espace-enfants. Em Joo por um fio, o personagem um filho de pescador que, noite, deixa o pensamento e as ideias correrem com um rio caudaloso. Por meio das figuras que estampam a colcha feita mo que cobre Joo, como girinos, redes de pesca e cordilheiras, o leitor conduzido a submergir nos medos e nos sonhos do menino. As belas ilustraes so inspiradas nas tramas dos bordados brasileiros.

Daniel Almeida Tam Magazine, maio 2006

Ilustraes do livro Joo por um fio. Companhia das Letrinhas, 2005.Ilustraes do livro Jardins. Roseana Murray. Manati, 2001.

Notcias 6 | junho 2014 13

justificativa do jriAps a anlise do dossi dos candidatos pelo jri, seis escritores e seis ilustradores foram selecionados a partir de 58 nomes apresentados por 33 sees nacionais do IBBY para o Prmio Hans Christian Andersen de 2014. O jri era formado por Anastasia Arkhipova, Russia; Fanuel Hanan Diaz Editor, Venezuela; Sabine Fuchs, ustria, Sang-Wook Kim, Coreia do Sul; Enrique Prez Daz, Cuba; Deborah Soria, Itlia; Susan M. Stan, Estados Unidos; Sahar Tarhandeh, Ir; Erik Titusson, Sucia; Ayfer Grdal nal, turquia; e presidido por Mara Jess Gil, Espanha.

Roger Mello estava em companhia dos melhores ilustradores da Europa: Rotraut Susanne Berner, Alemanha; John Burningham, Reino Unido; Eva Lindstrm, Sucia; Franois Place, Frana e yvind Torseter, Noruega.

No dia 24 de maro, ao final da coletiva do IBBY, na Feira de Bolonha, Mara Jess Gil anunciou Roger como vencedor e, nesse momento, apresentou a justificativa do jri, reproduzida a seguir.

Roger Mello no subestima a capacidade da criana de reconhecer e decodificar fenmenos e imagens culturais. Suas ilustraes permitem a criana ser guiada por meio de histrias de suas imaginaes. Viagens e descoberta so aspectos importantes e o rico contedo das ilustraes reflete uma paixo pelo folclore e pela explorao do mundo. Atravs de histrias coloridas e incrveis, as crianas podem desenvolver relaes com suas prprias culturas e tambm com as de outros leitores ao redor do mundo, o que os incentiva a mergulhar em diferentes modos de vida, estabelecendo assim um entendimento respeitoso e gratificante por outras culturas. As histrias mostram a compreenso entre as naes. As ilustraes so tanto inovadoras, quanto inclusivas e promovem a tolerncia e o respeito entre as pessoas de diferentes culturas e tradies.

Por todas essas consideraes, o jri decidiu que o vencedor do Prmio 2014 Hans Christian Andersen para ilustrao Roger Mello, do Brasil.

Mara Jess Gil, Presidente do Jri HCABolonha, 24 de maro de 2014

Zubair e os labirintosZubair e os labirintos o livro exige cuidado. Cuidado no sentido de ateno. um livro acima da mdia. 0 olhar surpreendido pela forma, pelo enredo e por suas ilustraes. O livro so dois. Os dois so um. Mas no pense que ler Zubair e os labirintos uma tarefa difcil como tentar sair de um labirinto. Zubair s pede ateno. Um lugar em silncio para ouvir as bombas, o corao do menino, o medo da cidade que corre, corre, corre.

Zubair tem ainda suas entrelinhas. Fala sobre o histrico saque ao Museu de Bagd nos dias da guerra. Peas de valor incalculvel, como vasos da Mesopotmia, esculturas assrias de marfim, cermicas do cemitrio real da cidade de Ur, ficaram merc de vndalos e oportunistas. O menino Zubair corre sobre os destroos, se encanta com um tapete dobrado, toma-o para si e corre dos msseis, de um soldado da coalizo e de um miliciano. Enfim, um lugar seguro para Zubair e seu precioso tapete.

Tino FreitasRoedores De Livros, outubro 2007

Ilustraes do livro Zubair e os labirintos. Companhia das Letrinhas, 2007.

14 Notcias 6 | junho 2014

A agenda de Roger Mello, j atribulada, deu uma reviravolta aps o anncio do Prmio HCA como melhor ilustrador, que o obrigou a antecipar sua volta ao Brasil. Menos de dois meses depois, em maio, ele estava de malas prontas para expor no Japo e Coreia do Sul. No Japo, Roger esteve em Tquio, no Parque Ueno, centro de cultura, educao e lazer, onde fez atividades no Dia da crian-a (5 de maio) e dia do Ueno Park Book Festival. Na Biblioteca Internacional Infantil do Japo, no mesmo local, o ilustrador foi recebido pela equipe e direo da Biblioteca, que o levou a uma visita guiada na exposio internacional de picture books , alm de ser convidado para fazer uma palestra e workshop em 2015. Em Azumino, regio onde viveu a ilustradora Chihiro, Roger foi exposio sobre sua obra, organizada pela Biblioteca de Munique IJB o Ibby alemo, no Chihiro Art Museum.

Na ilha de Nami, Coreia do Sul, atual patrocinador do prmio HCA, e onde j foi outras vezes, Roger teve exposio monta-da ao ar livre, com reprodues de seus trabalhos. Roger tam-bm participou de workshop na Ilha de Jeju com 40 jovens

empreendedores da Coria, no Crazy Camp, evento que estimula a criatividade por meio da arte ficcional, promovido pelo KOOCA (rgo do Governo da Coria do Sul).

De volta ao Brasil, Roger vai participar do 19 COLE - Congresso de Leitura do Brasil, em Campinas, promovido pela Associao de Leitura do Brasil - ALB, nos dias 22 e 23 de julho.

Em agosto prximo, Roger retorna Coreia do Sul, em Seul, com Mariana Massarani e Graa Lima, que juntos formam o gru-po Capa Dura em Cingapura, para ajudar na execuo e promo-o da exposio dos trs ilustradores, no Seoul Art Center, a ser realizada de setembro a outubro.

A ida ao Mxico para o 34 Congresso Internacional do IBBY, de 10 a 13 de setembro, ser emocionante: quando Roger vai re-ceber o to esperado Prmio Hans Christian Andersen.

Em outubro, Roger vai fazer parte do jri do Concurso de Ilus- trao da Ilha de Nami, voando novamente para Coria do Sul. A agenda termina na China, com o convite feito pela Feira do Livro em Shangai, para participar do evento no ms de novembro.

Viagens aps o anncio do Prmio

Performance do ilustrador Roger Mello com as crianas durante o Dia do Menino no Ueno Park.

Obra Red Garden - Interveno de Roger Mello no Chihiro Art Museum AzuminoMontagem do Red Garden - Escultura relacionada a exposio e ao livro Jardins na parte externa do museu interagindo com a natureza.

Roger Mello na entrada da exposio.

Exposio: L do Brasil! Roger Mello, artista das cores.

Notcias 6 | junho 2014 15

Orgulhosa pelo resultado de mais uma indicao vitoriosa para o Prmio HCA-IBBY, a FNLIJ deu continuidade celebrao da vitria de Roger durante o 16 Salo FNLIJ para Crianas e Jovens. Na cerimnia de abertura, recordamos a emoo passando o vdeo do momento do anncio, que foi seguido de uma explosiva salva de palmas e inauguramos a exposio Roger e seus jardins.

A exposio foi concebida a partir dos dossis preparados pela FNLIJ para apresentao da candidatura, cuja feitura fsica foi to-talmente criada e confeccionada pelo prprio artista, refletindo a sua maneira de trabalhar, colocando literalmente, a mo na mas-sa ao preparar cada um dos 15 exemplares enviados ao IBBY.

Com projeto arquitetnico e vdeos da Arco Arquitetura e Produes - Heloisa Alves , Sergio Mu rilo Carvalho e Pedro Cunha e design grfico do Estdio Versalete - Christiane Mello e Mara Lacerda a exposio foi um dos destaques do 16 Salo FNLIJ. O pblico teve a oportunidade de conhecer o artista, sua obra e seu processo criativo atravs dos dez livros enviados aos jurados do prmio - Maria Teresa, Cavalhadas de Pirenpolis, Meninos do Mangue, Jardins, Nau Catarineta, Joo Por um Fio, Zubair e os Labirintos, Carvoeirinhos, Selvagem e Contradana e objetos pessoais do ilustrador. A exposio tambm apresenta-va vdeos onde Roger falava do processo de criao de cada livro.

Rodeada de pequenos canteiros de flores, a exposio lembrou o fascnio de Roger pelas plantas, presentes no seu prprio jar-dim de casa e tema recorrente em sua obra.

Exposio Roger Mello e seus jardins no 16 Salo fNlij do livro

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Como aconteceu?No sei.Foi como um brilho que cintilou sem que a gente

esperasse. Notei a passagem de Roger numa tarde de autgrafos.

Ele, ilustrador, passava rpido e decidido de um lado ao outro no auditrio. Autografava pouco, como acontece com os ilustradores.

Esse profissional no usa apenas elementos decorativos que esto presentes em seus ltimos trabalhos com muito bom gosto. Ele compartilha com imagens a histria do texto. Roger acrescenta, com isso, o seu criar alm do que foi escrito. Domina a figura humana como poucos artistas plsticos brasileiros. No se estereotipa a si prprio, buscou o que h de mais nacional e regional nas histrias populares e jogou a sua imaginao no que encontrou em seu pas para contar e mostrar. Pas este que em cada recanto ainda se descobre o que foi quase sepultado. Essas razes brasileiras sobrevivem agora nas mos de jovens que buscam e valorizam esse pensar. Nesta fase passou a ser, alm de autor de ilustrao, autor do texto,

O que vir pela frente?No se sabe. Confiamos em sua capacidade.Vamos acompanh-la!

texto de Regina Yolanda ilustradora e especialista em literatura infantil

Veja a bibliografia completa de Roger Mello na verso digital do Notcias 06 no site www.fnlij.org.br

Bibliografia Roger Mello

TexTos e ilusTraesO Gato Viriato. Ediouro, 1993O prximo dinossauro. FTD, 1994Uma histria de Boto-vermelho.

Salamandra, 1995

Maria Teresa. Agir, 1996Bumba meu boi Bumb. Agir, 1996Viriato e o leo. Ediouro, 1996Cavalhadas de Pirenpolis. Agir, 1997 Griso, o Unicrnio. Brinque-Book, 1997A pipa. Rovelle, 1997 Todo o cuidado pouco! Companhia das

Letrinhas, 1999

A flor do lado de l. Global, 2000 Meninos do mangue. Companhia das

Letrinhas, 2001

Em cima da hora. Companhia das Letrinhas, 2004

Nau Catarineta. Manati, 2004 Joo por um fio. Companhia das Letrinhas,

2005

Zubair e os labirintos. Companhia das Letrinhas, 2007

Carvoeirinhos. Companhia das Letrinhas, 2009

Ossos do ofcio. Nova Fronteira, 2009 Selvagem. Global, 2010 Contradana. Companhia das Letrinhas, 2011 Espinho de arraia. Companhia das Letrinhas,

em produo

ilusTraesBolinha de jornal. Ftima Portilho. Estao

Liberdade, 1991

Eu quero uma coisa. Pedro Pesso. Nova Fronteira, 1991

Atria na Amaznia. Lcia Machado de Almeida. Salamandra, 1992

Fita verde no cabelo. Guimares Rosa. Nova Fronteira, 1992

Mistrios do mar oceano. Ana Maria Machado. Nova Fronteira, 1992

isso ali. Jos Paulo Paes. Salamandra, 1993 s querer. Pedro Pessoa. Nova Fronteira,

1993

O Golem e outras aventuras do Rabino Jud Levi. Jayme Brener. FTD, 1993

A lenda da noite. Daniela Chindler. Revan, 1993

No gosto, no quero. Luciana Savaget. Ediouro, 1993

Rmulo e Jlia: Os Caras-pintadas. Rogrio Andrade Barbosa. FTD, 1993

Em boca fechada no entra estrela. Leo Cunha. Ediouro, 1994

Fulustreca. Luiz Raul Machado. Ediouro, 1994O macaco e a boneca de cera. Sonia

Junqueira. Atual, 1994

Praa das Dores. Jos Louzeiro. Salamandra, 1994

Ver-de-ver meu pai. Celso Sisto. Nova Fronteira, 1994

Coleo Assim se lhe parece. Angela Carneiro, Lia Neiva, Sylvia Orthof. Ediouro,

1994

O Caapora. Herbeto Sales. Civilizao Brasileira, 1995

O Dinossauro: mais uma histria

ecolgica...Leo Cunha e Marcus Tafuri. Ediouro, 1995

Flor-do-mato. Herbeto Sales. Civilizao Brasileira, 1995

Gugu mania. Jos Louzeiro. Civilizao Brasileira, 1995

O inventor de palavras. Angela Carneiro. Jose Olympio, 1995

O mistrio das sete estrelas. Herbeto Sales. Civilizao Brasileira, 1995

Pink: Viagem ao submundo mgico. Jos Louzeiro. Civilizao Brasileira, 1995

Sundjata: o Prncipe Leo. Rogrio de Andrade Barbosa. Agir, 1995

Coleo Eles so sete. Angela Carneiro; Ivanir Calado; Leo Cunha; Lia Neiva; Luiz Antonio

Aguiar; Sonia Rodrigues Mota; Sylvia

Orthof. Ediouro, 1995

O dia da rvore: redao. Patricia Bins. Bertrand Brasil, 1996

Em cima do ringue. Henrique Flix. Atual, 1996

Gente bem diferente. Ana Maria Machado. Ediouro, 1996

S.O.S. Tartarugas marinhas. Rogerio Andrade Barbosa. Melhoramentos, 1996

The Sweater of Mrs. Better. Telma Guimares Castro Andrade. Atual, 1996

Coleo Que bicho ser? Angelo Machado. Nova Fronteira, 1996

Pedro e Pietrina: Uma histria verdadeira. Patricia Bins. Bertrand Brasil, 1997

O penltimo Drago Branco. Mrcio Trigo. tica, 1997

encarTe noTcias 06 | junho 2014

Fundao nacional do livro inFantil e juvenil

Responsvel: Elizabeth DAngelo Serra

O pequeno cantador. Celso Sisto. Dimenso, 1997

Seis vezes Lucas. Lygia Bojunga. Ilustraes: Regina Yolanda, capa: Roger Mello. Agir,

1995

Perigo na Grcia. Elisabeth Loibl. Melhoramentos, 1997

Coleo Tio Parada: O Rei da Estrada. Rosa Amanda Strausz. Moderna, 1998

O seco e o amoroso. Stela Maris Rezende. Ediouro, 1998

Tchau. Lygia Bojunga. Agir, 1998 Carta a El Rey Dom Manuel. Pero Vaz de

Caminha verso atual de Rubem Braga.

Record, 1999

Na marca do pnalti. Leo Cunha. Atual, 1999 O pintor. Lygia Bojunga, ilustrao da capa

Roger Mello. Agir, 1999

Jonas e a sereia. Zlia Gattai. Record, 2000 Jardins. Roseana Murray. Manati, 2001Coleo Grandes poemas em boca mida.

Organizao Laura Sandroni e Luiz Raul

Machado. Arte Ensaio, 2001

Ana e a margem do rio. Godofredo de Oliveira Neto. Record, 2002

O Homem que no queria saber mais nada e outras histrias. Peter Bichsel. tica, 2002

A cristaleira. Graziela Bozano Hetzel. Manati, 2003

Memrias da Ilha. Luciana Sandroni. Companhia das Letrinhas, 2003

Pequeno pode tudo. Pedro Bandeira. Moderna, 2003

A terra dos meninos pelados. Graciliano Ramos. Record, 2003

Nuno descobre o Brasil. Jos Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Objetiva, 2004

Cricket Magazine (2 covers and other illustrations). The Ckicket Magazine Group/Carus Publishing. USA, 2004

Nan descobre o Brasil. Jos Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Objetiva, 2005

Desertos. Roseana Murray. Objetiva, 2006 Peace Story. Organizao Ellis Vance.

Contos escritos por um grupo de autores

internacionais para o Festival do Livro

Infantil da Ilha de Nami, na Coria do Sul.

Histria brasileira, escrita por Luciana

Sandroni, ilustrao Roger Mello. Nambook

Seoul, 2006

Zoo. Joo Guimares Rosa. Seleo de Luiz Raul Machado. Nova Fronteira, 2008

A Feather. Cao Wenxuan. Publication Group. Beijing, 2013

TexTosCurupira. Ilustraes Graa Lima. Manati, 2002 Vizinho vizinha. Ilustraes Graa Lima,

Mariana Massarani. Companhia das

Letrinhas, 2002

Ines. Ilustraes de Mariana Massarani. Companhia das Letrinhas (no prelo)

edies TraduzidasRaimundo im Land Tatipirn (A terra dos

meninos pelados Alemo). Graciliano Ramos, ilustraes Roger Mello. Verlag

Nagel & Kimche AG Zurique | Frauenfeld,

Sua, 1996

Catarineta Lgende anonyme du xvie sicle (Nau Catarineta Francs). Les ditions du Ppin. Bruxelas, Belgica, 2005

Vecino, vecina (Vizinho vizinha Espanhol). Texto Roger Mello. Ilustraes Mariana Massani, Graa Lima. Primera

Sudamericana. Buenos Aires, Argentina,

2008

Salvaje (Selvagem); La flor del Lado de Alla (A flor do lado de l) Espanhol. Global, Brazil

Jean fil fil (Joo por um fio Francs). ditions MeMo Nantes, Frana 2009

Joo por um fio. Texto e ilustraes Roger Mello. NAMBOOK. Seoul (no prelo)

Cavalhadas de Pirenpolis; Meninos do mangue; Joo por um fio Chins. (no prelo)

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