Jornal OutrOlhar | Edição 14 | Dezembro de 2007

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Depressão na adolescência Porque esse mal se torna cada vez mais comum, principalmente entre os adolescentes? JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA VIÇOSA - DEZEMBRO DE 2007 - ANO 04 - NÚMERO 14 ( ( esporte )) Por que a relação entre meninas e peladas ainda é pouco estimulada? pág. 11 pág. 3 Fotografia: Gabriele Maciel/ Arte: Pato Domingues ( ( opinião )) ( ( cidade )) ( ( lazer )) ( ( entrevista )) pág. 8 pág. 12 pág. 9 pág. 2 Bloco “Vem quem quer” funda Sociedade Musical em Viçosa Até onde o homem pode ser levado por sua paixão pelo meio-ambiente Feira de artesanato na praça aos sábados de manhã é só diversão A difícil rotina dos jovens que se dividem entre trabalho e estudo

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O Jornal-Laboratório OutrOlhar é uma produção de alunos do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. A edição nº 14 foi produzida sob orientação do professor Joaquim Lannes.

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Depressãona adolescência

Porque esse mal se torna cada vez mais comum, principalmente

entre os adolescentes?

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAVIÇOSA - DEZEMBRO DE 2007 - ANO 04 - NÚMERO 14

(( esporte ))

Por que a relação entre meninas e

peladas ainda é pouco estimulada?

pág. 11

pág. 3

Foto

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(( opinião ))

(( cidade ))

(( lazer ))

(( entrevista ))

pág. 8

pág. 12

pág. 9

pág. 2

Bloco “Vem quem quer” funda Sociedade

Musical em Viçosa

Até onde o homem pode ser levado

por sua paixão pelo meio-ambiente

Feira de artesanato na praça aos

sábados de manhã é só diversão

A difícil rotina dos jovens que se

dividem entre trabalho e estudo

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crítica à mídia

(( opinião ))

MARIA ANTÔNIA PERDIGÃO

Os meios de Comunicação bombardeiam os indivíduos com propagandas que estimulam o consumo de fast-foods ao mesmo tempo em que cultuam um corpo esteticamente perfeito. Além da propaganda, a mídia, de um modo geral, no início de cada verão veiculam matérias que “ensinam” as pessoas a perderem peso e se manterem “elegantes”. Neste dilema, situa-se o adolescente que também

incentivado pelos meios vive o conflito de acompanhar a turma

e abusar de guloseimas e sanduíches e, ao mesmo tempo, conservar o seu corpo nos padrões

estabelecidos como ideal. O atrativo da publicidade que divulga

estereótipos de modelos famosos pode levar o adolescente a querer ter “um corpo” como

o dos seus ídolos, despertando o desejo

de se enquadrar em tal estilo, independente desse estilo ser

saudável ou não. É interessante notar, que a maioria dos jovens com excesso de peso quer emagrecer em pouco tempo. No entanto, dietas milagrosas veiculadas na Internet, na TV, e pelos jornais e revistas têm efeitos temporários, pois não levam à mudança dos hábitos alimentares. Após sua interrupção, o peso volta a aumentar como afirma a nutricionista Suely Neves. Por isso, a perda de peso deve ser lenta e progressiva, para que os resultados sejam duradouros e o organismo se adapte à sua nova condição.

Os hábitos alimentares e os padrões estéticos corporais divulgados massivamente pela mídia provocam a contradição entre os adolescentes: ter um corpo esbelto ou seguir o modismo da alimentação rápida. Fica claro então, que os meios de comunicação deixam os adolescentes confusos. Além disso, pode-se notar a escassez de programas de assistência ao adolescente, que levem informações corretas, desmistificando algumas idéias sobre como emagrecer e como conquistar o corpo ideal.

A estética corporal e os mecanismos para alcançá-la GISELE NISHIYAMA

Jornal Laboratório produzido pela turma de 2006 do Curso de Comuni-cação Social – Jornalismo da Univer-sidade Federal de Viçosa

Endereço: Vila Giannetti, casa 39, campus universitário CEP 36570-000 – Viçosa MGTel: 3899-2878 – [email protected]

ReitorProf. Carlos Sigueyuki Sediyama

Diretor do Centro de Ciências Huma-nas, Letras e ArtesProf. Walmer Faroni

Chefe do Departamento de Artes e HumanidadesProf. Fábio Faria Mendes

Coordenador do Curso de Comuni-cação SocialProf. Ricardo Duarte

Jornalista-responsávelJoaquim Sucena Lannes – MT/RJ 13173

EditoresAgnaldo Montesso, Debora Antunes, Gabriel Miranda, Maria Antônia Per-digão, Michelle Bastos, Tatiana Duarte, Zana Ferreira

Revisão de textoFelipe Menecucci, Gisele Nishiyama, Sabrina Areias, Talita Aquino

Diagramação, arte e revisão finalFelipe Menicucci, Pato Domingues, Ta-tiana Duarte, Tim Gouveia

RedaçãoAgnaldo Montesso, Ana Maria Pereira,

Ana Paula Nunes, Aramis Assis, Bárba-ra Gegenheimer, Carolina Reis, Débora Antunes, Débora Bravo, Diego Alves, Eloah Monteiro, Felipe Menicucci, Fe-lipe Pedroza, Fernanda Couto, Fernan-da Mendes, Fernanda Torquato, Gabriel Miranda, Gabriele Maciel, Geanini Hackbardt, Gisele Gonçalves, Gisele Nishiyama, Inês Amorim, José Tarcísio Filho, Joséllio Carvalho, Kirna Nasci-mento, Lúcio Érico, Manuella Rezende, Maria Antônia Perdigão, Mariana Aze-vedo, Marianna Giarola, Mário Vítor Filho, Maristella Paiva, Michelle Bas-

tos, Mônica Bento, Pablo Perei-ra, Pato Domingues, Paula Chaves, Sabrina Areias, Samira Calais, Talita Aquino, Tatiana Duarte, Tim Gou-veia, Vagner Ribeiro, Zana Ferreira.

ImpressãoDivisão de Gráfica Universitária

Tiragem 1500 exemplares

Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso e são de inteira responsabilidade de seus autores.

Ao LeitorPrezado leitor que gosta e espera as edições do OutrOlhar. Está aí mais um exem-plar do jornal feito pelos alunos do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa – UFV. Nunca é demais lembrar que você é um dos nossos objeti-vos. Por isso, OutrOlhar, além de servir como laboratório de experi-mentações e práticas dos estudantes de jornalismo, ainda tem o objetivo de proporcionar uma boa leitura, estimular a interpretação dos textos publicados e trabalhar com temas que possibilitem uma gama de co-nhecimentos gerais e informações de utilidade e interesse para você. Esperamos que esta edi-ção seja do seu agrado. Que não só os temas nela abordados, mas as formas como foram apresentados nas 12 páginas possam despertar o seu interesse e satisfação. Afinal, ela foi feita com muito carinho, muito trabalho e envolveu uma intensa e sistemática pesquisa, junto ao nosso público-alvo: você. Boa Leitura

Prof. Joaquim Sucena Lannes

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OUTR ((O)) LHAR

Acordar cedo, enfrentar uma longa jornada de trabalho e depois ir à escola.

Essa é a rotina de muitos estudantes do ensino médio e fundamental, que se vêem obrigados a trabalhar para contribuir na renda familiar.

Devido ao trabalho, alguns alunos chegam à escola cansados e muitas vezes desanimados. No entanto, o fato de trabalhar e estudar não significa que esses jovens terão um desempenho inferior aos demais.

O rendimento dos estudantes que trabalham é relativo, uma vez que existem os que não se interessam pelos estudos e aqueles que acreditam no sonho de ter um futuro melhor,

conforme inclusive afirma a professora de português Angelita Maria de Freitas.

O importante é que o estudante defina seus sonhos e objetivos e veja nos estudos uma

forma de crescer na vida, pois sem metas pessoais, a escola se torna uma mera obrigação e, após se formar, ele continua no mesmo

tipo de emprego, sem perceber que poderia ir além.

Um bom exemplo disso é o caso de Breno Ferreira, que trabalha doze horas por dia em

uma lanchonete e à noite faz cursinho pré-vestibular. Ele começou a trabalhar quando estava no primeiro ano do Ensino Médio e jamais pensou em parar de estudar só para trabalhar.

Conciliar os estudos com trabalho é uma tarefa difícil, mas não impossível. Para se sair bem nos dois o estudante deve saber administrar o tempo, dedicando uma parte dos horários para os estudos e outra ao lazer, uma vez que a vida não é feita apenas de estudo e trabalho.

Os desafios da dupla jornada

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(( ciência ))

Quando a diversão se transforma em depressãoGABRIELE MACIEL

As vontades já não são mais as mesmas dos tempos de criança. O corpo começa a tomar novas proporções e os questionamentos voam além do imaginário das brincadeiras. É a adolescência que chega sem pedir licença, trazendo uma carga explosiva de hormônios. E é nessa fase de tantas mudanças físico-psicológicas que uma companheira traiçoeira pode aparecer na vida do jovem: a depressão. Ao se considerar que a adolescência é uma das fases da vida mais bonitas e enérgicas da vida, as pessoas logo pensam que um adolescente não tem porque se sentir deprimido e muito menos

vir a desenvolver essa doença que, segundo dados estimativos

do Ministério da Saúde, atinge 10% dos jovens brasileiros. Pois é jovem, mas isso pode sim vir a acontecer!

A depressão pode surgir na a d o l e s c ê n c i a , pois essa é uma

fase de intensa instabilidade emocional. O adolescente não é mais uma criança, mas também não se considera responsável como um adulto. Seu corpo está mudado e suas idéias pipocam, mas a insegurança não o permite fazer uso de todas suas novas potencialidades. Ao enfrentar tudo isso o jovem pode não se adaptar a essa nova realidade que pinta a sua frente, o que acaba

por causar-lhe um alto grau de ansiedade, medo e desânimo. Mas, segundo a psicóloga Vanilda Tiburcio a depressão também pode ser motivada pela perda de alguém querido, pela separação dos pais ou até mesmo pela vivência de uma grande frustração.

Calma, não se assuste! Você, não está com depressão só porque às vezes fica cabisbaixo, como explicará a psicóloga Vanilda: “É necessário ter cuidado ao se identificar esses estados de humor. Entristecer-se faz parte de todo processo de elaboração de uma perda e é inerente e, inclusive necessário à condição humana. Porém quando esse quadro de tristeza e isolamento se estende por muito

tempo e impede o adolescente de seguir sua vida, aí sim, pode-se considerar como estado patológico”.

Para não confundir as coisas, o médico psiquiatra doutor Lairton Costa Andrade alerta para os sintomas mais recorrentes da depressão na adolescência: baixa auto-estima, baixo rendimento escolar, problemas em se relacionar

com as pessoas, irritação, dores de cabeça, alterações no sono e no apetite, enjôos, isolamento, i m p u l s i v i d a d e , dentre outros. Caso você apresente esses sintomas, procure a ajuda de um médico especialista. A depressão tem cura e

deve ser tratada para que assim você se sinta renovado pela força de sua juventude.

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“Coloca verdura nesse prato, menino!” Quem nunca ouviu isso da mãe? Com certeza ela estava querendo que você comesse algo saudável e natural. Mas nem sempre o alimento no seu prato é tão natural assim. Alguns vegetais, dependendo da sua origem, podem ter uma grande concentração de agrotóxicos e outros produtos químicos. Para quem não gosta da idéia de comer alimentos tão contaminados a opção são os orgânicos.

O que melhor define os alimentos orgânicos é o fato de que eles são produzidos sem usar agrotóxicos, e produtos químicos não são empregados na plantação, o que evita a contaminação do solo e da água. Mas para ser definido como orgânico são observadas também questões trabalhistas, ou seja, todos os envolvidos no processo têm que ter a carteira de trabalho assinada e receber

assistência à saúde. Apesar de todas as

vantagens, não se pode afirmar que os alimentos orgânicos sejam mais saudáveis. Pesquisas sobre o tema não chegaram a nenhum resultado conclusivo porque o tipo de solo, o clima e outras variáveis podem afetar a quantidade de vitaminas ou de proteínas dos orgânicos em relação aos alimentos convencionais. Mas para Ricardo Santos, professor da Universidade Federal de Viçosa e pesquisador especialista em alimentos orgânicos, independente da composição dos alimentos, eles são mais saudáveis para a sociedade e para o meio ambiente, e isso deve ser levado em conta na hora do seu consumo.

Ainda segundo Ricardo Santos, foi a partir do início da

década de 1980 que começaram as pesquisas sobre os orgânicos, partindo da sociedade e não das universidades. As pessoas queriam

alimentos que fossem melhores para elas e para a natureza também. Mas hoje grande parte da população não tem acesso a esses

alimentos, já eles são mais caros que os convencionais. Isso porque a produção ainda é pequena para atender todo o mercado, e muito do que é produzido no Brasil é exportado, principalmente para a Europa.

O cultivo de alimentos orgânicos é regulamentado por Lei Federal, e para serem comercializados é preciso um certificado, dado por instituições internacionais, que garanta que todo o processo de

plantação, distribuição e comercialização daquele

produto obedece às especificações.

Agora você já sabe que não é só porque o produto é natural que ele é orgânico, mas consumindo o orgânico você faz mais do que agradar a sua mãe: você protege o meio-ambiente e a sua saúde.

MÔNICA BENTO

Para fazer bem à saúde, à natureza e agradar sua mãeR

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Mônica Bento

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Todos os dias, às 6h30 da manhã, Ronaldo Lopez, mais conhecido como “Cebolinha”, levanta-se. Liga o rádio e ouve uma música. Toma seu café e faz alguma coi-sa até a hora de se arrumar para pegar o ônibus e ir para a Livra-ria UFV, onde trabalha há um ano e de onde retorna somente às 19 horas. “Jogava bola, agora parei um pouco. Namoro, vivo a vida numa boa!”, conta Cebolinha. Como a maioria das pessoas, Cebolinha vive a vida normalmente, mas diferente dos demais como ele, que tem de li-dar com deficiência física nos braços. Infelizmente, nem todos deficientes físicos da cidade con-seguem conciliar atividades do dia com as estruturas dos lugares públicos, geralmente inadequados às habilidades físicas de um defi-ciente, ruas mal planejadas, trans-porte de difícil acesso, etc. Com

a limitação dos movimentos, eles ficam impossibi-litados de viver uma vida nor-mal, assim como o Cebolinha.

Mas isso está mu-dando em Viço-sa. Já há lugares estruturados para as pessoas com os movimentos limitados. Como as construções de rampas para cadeirantes que podem ser vistas em frente às lojas e ao Fórum.

Além do mais, apesar de pou-cos, há orelhões adaptados aos d e f i c i e n t e s . Segundo o pre-

sidente da Apone (Associação dos Portadores de Necessidades Es-peciais), Ademir Leão, chegaram na cidade dois ônibus especiais adaptados aos portadores de de-ficiência. Somente na Apone são 250 associados. É um número considerável de pessoas que são beneficiadas quando estruturas são reabilitados às suas necessi-dades. “Queremos só ter liberdade na cidade, direito de ir e vir”, co-menta o presidente da Associação. Todo portador de defi-ciência tem a capacidade de ter uma vida independente, em qual-quer tipo de limitação que pos-suir. E todos, sem exceção, são capazes de ter uma vida própria, de trabalhar, produzir, e, conse-qüentemente, ser útil para si pró-prio. Logo a reabilitação de vá-rios pontos da cidade é essencial para o convívio do deficiente em sociedade, pois nem todos os de-ficientes são iguais ao Cebolinha.

(( cidadania ))

Cidade estruturada facilita vida de deficientes físicos

Se você acha que só pode começar a trabalhar após os 18 anos ou após ter concluído o Ensino Fundamen-tal e Médio está completamente enganado. Desde 2000, através da Lei do Aprendiz, as empresas de médio e grande porte são obriga-das a reservar de 5 a 15% das va-gas dos trabalhadores existentes, cujas funções demandem forma-ção profissional, para os “aprendi-zes” - jovens entre 14 e 18 anos. Vale ressaltar que o trabalho na adolescência só é permitido legal-men-te quando está relacionado à aprendizagem profissionalizante. Em Viçosa, há aprendizes no Banco do Brasil (BB) e na Cai-xa Econômica Federal, trabalhan-do no arquivamento, atendimento via telefone e em outros serviços diversos. “Procuramos sempre fazer com que eles consigam o máximo de possibilidades, quanto pessoais como profissionais. Não

focando somente no futuro, mas no presente”, ressalta o coordena-dor do Adolescente Trabalhador do Banco do Brasil, Jones Mora-es Oliveira. Para tanto, os jovens tem cursos e palestras profissio-nalizantes, além de um acompa-nhamento nas escolas, por meio do desempenho escolar, requisi-tos para continu-ar no programa. É tam-bém uma for-ma de conhecer mais a fundo as empresas, des-cobrir a área que os jovens poderão atuar após o término dos estudos e quebrar alguns para-digmas. “Eu sempre quis traba-lhar na área administrativa, mas nunca imaginei que trabalharia aqui. Está sendo uma forma de eu aprender e saber se é realmen-

te isso o que eu quero e ajudan-do muito a pensar no que vou ser futuramente”, ressalta a aprendiz do Banco do Brasil Ellen Cristina Martins da Silva, de 16 anos. No BB, o programa já era feito antes da promulgação da lei e vários funcionários que trabalham atual-

mente no banco passaram por ele. A Lei de Aprendizagem assegura carteira assinada, férias, 13º salário, entre outros encargos trabalhistas e previdenciários, mas que são menores em relação aos trabalhadores normais. De

acordo com o gerente geral da Caixa, Alexandre Pucci Lopes, o grande ganho para as empresas é social, pois dá uma nova pers-pectiva aos jovens, que, geral-mente, são carentes e desmistifica a questão que eles não vão con-seguir um trabalho melhor, por não terem acesso a muitas coisas. Entretanto, muitas em-presas de Viçosa descumprem a lei, fato que ocorre devido à falta de informação. A Casa do Empre-sário, que representa a categoria, não soube dar informações sobre o programa, nem informar quan-tas, nem quais, participavam. Mais informações so-bre a Lei do Aprendiz poderão ser consultadas na página http://www.leidoaprendiz.org.br, além da Apov (Associação Assisten-cial da Pastoral da Oração de Viçosa), que seleciona os candi-datos para o Banco do Brasil, por meio do telefone (31) 3892-4423.

Um foco no futuro, já pensando no presenteAGNALDO MONTESSO

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GISELE GONÇALVES

Sabrina Areias

Rampa facilita a vida de portadores de necessidades especiais

Lei do Aprendiz permite acesso dos jovens ao mercado de trabalho

Agnaldo M

ontesso

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Isso é um direito meu! O quê? Nada disso, é dever meu... Muitas vezes você já disse ou escutou alguém falar essas frases. “No Brasil, o dever é confundido com sacrifício, algo chato e sem importância, se eu não quero não vou fazer! O dever é uma atividade que todas as pessoas precisam praticar para uma me-lhor vida na sociedade. Ele pode ser feito a todo o momento em qualquer lugar (ônibus, banco, escola), por meio de ações como respeito mútuo, liberdade de ex-pressão dentre outras” afirma o so-ciólogo Jeferson Boechat Soares. O conceito de cidadania como temos hoje é herança da Carta dos Direitos Humanos da ONU de 1948, nela está escrito que todos somos iguais perante as leis e que obedecer às leis é uma obrigação de todos. A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à

pessoa a possibilidade de partici-par ativamente da vida e do gover-no de seu povo. Ser cidadão não é

somente exercer os seus direitos, mas cumprir com seus deveres. Quando tenho direitos possuo

também de-veres a cum-prir, ou seja,

um se liga ao outro. Pode parecer estranho dizer que uma pessoa tem o dever de exercer os seus direitos, por que isso dá a im-pressão de que tais direitos são convertidos em obrigações, mas sem dúvida a essa é a melhor ma-neira de se viver em sociedade. De acordo com o sociólo-go “o que prejudica a consciência de deveres são valores culturais” e que “o ‘jeitinho brasileiro’ é uma apropriação individual indevi-da”, ou seja, para fazer uma so-ciedade mais justa e igualitária temos que mudar a estrutura e trabalhar coletivamente. Por querer tirar vantagem nas coisas a galera costuma usar esse famoso ‘jeitinho brasileiro’, furar filas, atra-vessar fora de faixa, pedir aquele “favorzinho” e isso só

atrasa o desenvolvimento. Fi-que ligado, se você quer que

seus direitos sejam respeitados cumpra seus deveres primeiro.

(( cidadania ))

Voto na juventude é instrumento de inclusão políticaFERNANDA COUTO

O voto aos 16 e 17 anos é facul-tativo, ou seja, vota quem quer, assim como para os maiores de 70 e os analfabetos. Votar “antes da hora” pode ser uma maneira do jo-vem começar a se inserir no jogo democrático, conhecendo partidos e candidatos. Dessa forma, a polí-tica não seria pensada apenas no período eleitoral obrigatório, mas desde já. Em todo Brasil a taxa de eleitores jovens com voto facul-tativo é muito baixa. Por isso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) criou uma campanha para cons-cientização dos adolescentes so-bre a importância do alistamento eleitoral. A mensagem tenta con-vencer os jovens a tirar o título de eleitor para que “sejam ouvidos”. As opiniões deles ficam divididas. Há quem considere o voto um instrumento de cidada-nia.

Outros demonstram de-sinteresse e até mesmo apatia por política em geral.

O estudante Lucas Lo-pes, 17 anos, não faz questão de votar. Ele se considera um “apo-lítico”, “meu voto não vai fazer diferença, você vota e não adianta quase nada, melhor ficar em casa descansando no domingo (da elei-ção).” Além disso, ele não acredi-

ta nos políticos e diz que a maioria das pessoas só vota porque é obri-gada.

Já o estudante Luiz Eduardo, de 17 anos, considera seu voto sua contribuição para o país. Ele quer votar nas próximas eleições e afirma que assim vai exercer seu direito de cidadão, “escolher o representante pode fazer a diferença. Os jovens estão

desacreditados com os candida-tos, mas devem votar de maneira consciente para eleger os hones-tos.”. Um direito, uma arma, ou apenas questão de consciên-cia. O voto, obrigatório ou não envolve responsabilidade, porque é o principal instrumento que o povo tem numa democracia representativa, como é a do nosso país.

Direitos cada um com o seu. E os deveres?ANA MARIA PEREIRA

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Onde tirar o Título de Eleitor em Viçosa?No Cartório Eleitoral, que fica na Rua Gomes Barbosa, 865. Quais os documentos necessários?

- RG original ou certidão de nascimento.- Comprovante de residência.- Para homens: comprovante de quitação do serviço militar (de 10 de janeiro do ano em que completar 19 anos até 31 de dezembro do ano que completar 45 anos).

Reprodução

Tim G

ouveia

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Você conhece algum ditado popu-lar? Se não conhece, é bom conhecer. Antes tarde do que nunca. Para quem já ouviu fa-lar deles, um pouco mais de informação e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Para matar dois coelhos com uma cajadada só, vai aqui uma pitada de conhecimento, pois de grão em grão a gali-nha enche o papo. Falar sobre qualquer assunto da Língua Portuguesa pode parecer algo chato e te-dioso. Porém, os ditados po-pulares constituem um ramo interessante e muitas vezes divertido da cultura nacional. São expressões popularizadas pelo uso que se mantêm inal-teradas ao longo das gerações e apresentam como ponto em comum uma lição moral. José Lacerda da Cunha, professor de Literatura Brasileira e Língua Portuguesa,

afirma que os ditos populares não podem ser desprezados, pois qua-

se sempre demonstram verdades que traduzem a cultura do povo

e contribuem para a riqueza da língua. O professor acredita que

o uso dessas expressões em reda-ções revela um conhecimento ge-

ral do aluno e uma sintonia com a história. “No dizer de Manoel

Bandeira, é quem fala gos-toso o português do Bra-sil”, lembra José Lacerda. Para Camila Faria, aluna do 2° ano do ensino médio da Escola Estadual Effie Rolfs, trabalhar com dita-dos populares é uma for-ma divertida de conhecer a tradição de nossos pais e avós e brincar com o jogo de palavras, pois não há preocupação com as regras da língua. Você provavelmente aprendeu muitas coisas em família e entre amigos, pois ninguém nasce saben-do. E como um homem prevenido vale por dois, é essencial conhecer o voca-bulário de seu povo e saber como surgiram tais expres-

sões, para que uma parte tão importante da cultura popular não se acabe. Quem avisa, amigo é!

(( cultura ))

Expressões que preservam o saber popularPABLO PEREIRA

Pastel da feira se destaca entre pratos de ViçosaFELIPE PEDROZA

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Os pratos típicos de uma cida-de ou região são um importante fator de unidade entre seus habitantes. Além dessa importância so-cial, eles possuem gran-de relevância econômica, uma vez que aumentam as vendas do comércio local. Em Viçosa, este quadro não é diferente. É bem provável que você já tenha visitado a feira de alimentos e ar-tesanato da Avenida Santa Rita e comido, ao menos uma vez, o famoso “pastel da feira”, vendido no local. O comerciante José Fran-cisco Vieira trabalha há 30 anos no local, sendo que os últimos 15 vendendo pastéis e caldo de cana. Zequinha, como é conhecido, conta que ven-de, em média, três mil pastéis por dia de trabalho e usa cerca de 700 quilos de cana para fazer o caldo.

Quando questionado se considera seu produto a comida mais popular da cidade, Zequinha

diz acreditar que sim. “Acho que, pelo tempo que estou no ramo, pela tradição que já atingi na cidade e pela grande vendagem, acho que pode se considerar, sim. É a comi-

da mais procurada na cidade, ain-da mais depois das festas”, opina. Mas não é só o “pastel da

feira” que agrada aos viçosenses. Outra comida popular na cidade é o pastel de angu, vendido em alguns bares e que também pode ser comprado em mercearias, com

preço médio de R$ 7,50 a bandeja com 20 pequenas unidades. Além dele, destaca-se os caldos vendidos em quase todos os bares de Viço-sa, principalmente no inverno. Os mais comuns são os caldos de fei-jão, de canjiquinha e de mandioca (veja receita no quadro abaixo).

Receitas viçosençes

Caldo de Mandioca

1 kg de mandioca picada1 calabresa 100 g de bacon4 cebolas grandes 2 tabletes de caldo de picanha 1 colher de sal com alho

•Frite o bacon com um pouco de óleo, a calabresa, a cebola, o tem-pero e o caldo de picanha e coloque 2 litros de água e a mandioca;•Quando a mandioca estiver cozida apague o fogo e bata tudo no liqui-dificador e volte para uma panela grande. Leve ao fogo e vá raleando até ficar na consistência certa;•Coloque cheiro verde a gosto.

“Chorar o leite derramado” é um dos ditados mais utilizados da nossa linguagem popular

Foto: Pablo Pereira/ Arte: Pato D

omingues

O pastel vendido na feira de Santa Rita todo sábado tem grande aceitação popular na cidade

Felipe Pedroza

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(( cultura ))

Azar aqui, sorte no outro lado do mundoJOSÉLLIO CARVALHO

Alguma vez um passarinho já fez cocô na sua cabeça? Inconveniente, não? Pois bem, no Japão isso seria considerado um sinal de sorte. Esse país oriental tem muitas superstições. Algumas delas podem nos parecer estranhas, como essa do cocô de passarinho, mas as nossas superstições também devem ser estranhas para eles.

Esse tipo de sabedoria nipônica é caracterizado pela transmissão das tradições pelas gerações das famílias. A neta de japoneses (sansei), Gisele Cristina, acredita em algumas delas, como: cruzar os hashis (palitinhos japoneses) é um ato deseducado e pode significar a morte. “Não sei

ao certo porque acredito nisso. Acho que é porque minha avó e minha irmã mais velha ficavam

falando sobre isso e me ensinaram dessa forma. Eu também não gosto

do número 4, por ele ter a mesma pronúncia da palavra morte (shi) no Japão. Na minha casa, tem um

F ao lado do 4 no número, por-que é uma letra que, acredita-se no

Japão, neutraliza o 4 da casa, pois a pronúncia dos dois juntos atrai sorte (shi-fu)”, explica a sansei.

A avó de Gisele, Tsuma Nara, conta que sempre seguiu as tradições e fez questão de passá-las à sua família, a fim de perpetuar sua cultura. Tsuma alega uma relação histórica entre as supers-tições japonesas e a Segunda Guerra Mundial. “As pessoas precisavam acreditar em algo depois de ver a família inteira acabada, por isso essas superstições ganharam tanta força”, relata a japonesa. Uma das coisas que Tsuma não faz é ser fotografada entre duas pessoas. De acordo com ela, a pes-soa do meio vai morrer primeiro.

Acreditar, ou não, em superstições depende de cada pessoa. Mas é importante conhecer novas culturas e procurar compreender a mensagem que elas tentam passar para nós: isso é respeito às diversidades culturais.

Apesar de ser uma das matrizes da formação histórica, étnica e cultural do Brasil, a população negra ainda convive com muitos problemas sociais no país. Em pleno século XXI, o preconceito e a discriminação se fazem presente em nossa sociedade e pouco valor é dado à cultura afro- brasileira, que não é inserida com a mesma ênfase da cultura européia, por exemplo, nas instituições de ensino do país.As escolas viçosenses também apresentam essa deficiência. No intuito de mudar esse panorama, alguns colégios da cidade promoveram alterações na sua forma de ensino e estão realizando atividades que levem a cultura afro- brasileira até seus alunos. O objetivo é buscar a conscientização em relação ao tema, desmistificando os estereótipos. A acadêmica do

curso de História da UFV, Letícia Destro, participa diretamente dessas atividades em duas escolas de Viçosa e ressalta a importância da iniciativa. “Nós buscamos oferecer subsídios para que os professores tenham condições de trabalhar o tema com os alunos. Recentemente analisei alguns livros didáticos que já trazem um capítulo inteiro sobre a história africana, e, além disso, nas escolas em que trabalho a receptividade é excelente”, afirma Letícia.Para Ângelo Assis, professor de Educação e história da África, um dos grandes entraves para que o tema seja trabalhado nas escolas é a falta de preparação dos professores, devido à ausência de disciplinas sobre a cultura afro- brasileira

em boa parte das universidades.

“A grande dificuldade é a forma

de preparação dos professores nas universidades, pois a questão africana é pouco abordada. Dessa forma os profissionais não estarão aptos para lecionar o assunto nos ensinos fundamental e médio”, ressaltou Ângelo.No ano de 2003 foi sancionada a Lei federal nº. 10.639, que modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino da cultura africana e Afro- brasileira nas escolas públicas e privadas. Além disso, ela exige que os sistemas de ensino ofereçam condições adequadas e materiais didáticos necessários para tornar práticos os seus preceitos de combate ao racismo e à discriminação,

de acordo com a Constituição brasileira.

Lei obriga o ensino da cultura afro-brasileira DIEGO ALVES

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Crianças assistem encenação temática sobre escravidão

Reprodução/ Tatiana C

ardeal

Segundo a tradição japonesa, alguns amuletos têm função de atrair paz, sorte e prosperidade

Joséllio Carvalho

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Sociedade ensina música para jovensINÊS AMORIM

Certa vez um sábio disse que a música é a linguagem universal. Mas não é essa linguagem que serve para se comuni-car com os outros, mas aquela que fala para o sentimento, com a própria emoção. O aprendizado de mú-sica consegue domar inquietações e insti-gar a criatividade. Já é comprovado que em lugares onde boa parte da população ensina e aprende música, a criminalidade diminui significativamente, como é observado na favela da Manguei-ra no Rio de Janeiro desde que o projeto Mangueira do Amanhã foi iniciada há 20 anos. Pensando nisso, o blo-co Vem quem quer, liderado por Francisco de Assis Castro, criou a Sociedade Musical Maestro Fran-cisco Salgado Amorim. A Socie-

dade pretende oferecer oficinas de instrumentos de sopro e percussão para toda criança e adolescente que quiser aprender música. Os alunos

da oficina formarão uma banda que tocará marchinhas de carnaval na abertura do Carnaval Solidário. O evento existe há dois anos e é uma parceria do bloco com o curso de Dança da Univer-sidade Federal de Viçosa. Reali-

zado sempre uma semana antes da data oficial do carnaval, seu objetivo principal é arrecadar ali-mentos e medicamentos para ins-

tituições beneficen-tes da cidade, além de proporcionar alegria aos foliões, resgatando o espíri-to das antigas mar-chinhas de carnaval. O nome es-colhido para a so-ciedade musical é uma homenagem ao maestro e prin-cipal compositor das marchinhas do bloco, que faleceu ano passado, no dia da padroeira dos

músicos Santa Ce-cília, 22 de novembro. O início das oficinas da sociedade estão previstas para começarem no início do ano leti-vo de 2008, na Estação Cultural Hervê Cordovil, a Estaçãozinha, localizada no centro da cidade.

Há quatorze anos um projeto que proporciona às crianças de todas as classes sociais a oportunidade de lidar com a produção artística é re-alizado pelo Centro Experimental de Artes da Prefeitura Municipal de Viçosa, em parceria com a academia Núcleo de Arte e Dança. A dan-ça é disponibilizada gra-tuitamente para alunos de escolas municipais e é trabalhada como meio de integração dessas crianças na sociedade. De acordo com a proprietária da Nú-cleo, Patrícia Lima, a arte é um meio de trans-formação social e de proporcionar esperança: “O grande objetivo é dar aos jovens a oportunidade de so-nhar, deles saberem que se pode ir além”. Quando surgem vagas para participar do projeto, a academia avisa o Centro Experimental da PMV, que informa as escolas para

que essas encaminhem os inte-ressados. Segundo Virgínia Mou-ra, da Secretaria de Cultura, é a prefeitura quem disponibiliza as vagas: “O repasse é feito via Se-cretaria de Educação ou Cultura”. São oferecidas aulas va-

riadas, como dança de rua, balé e dança contemporânea. O pro-fessor de dança de rua, Cleison Lana, ressalta que as aulas, além de importantes para a parte física dos alunos, contribuem para os

jovens adquirirem auto-estima e segurança, e abrem espaço para novas amizades. “O respeito ao próximo e o trabalho em equipe também são fatores importantes que vêm com a prática da dança”. As aulas estão sempre

cheias e a em-polgação dos alunos é con-tagiante. É o que demonstra a estudante da escola Santa Rita, Vanda Gomes, de 16 anos: “Meu sonho é ser professora de dança”, expli-ca. O programa já proporcio-nou oportuni-

dade a mais de 2.800 alunos e, hoje, conta com aproximada-mente 200 vagas preenchidas. Participantes da primeira tur-ma, já se profissionalizaram e hoje atuam como professores.

Iniciativa promove dança para criançasSAMIRA CALAIS

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(( cidade ))

Entre instrumentos e partituras, alunos resgatam a arte da música brasileira

Alunos dedicam-se e divertem-se nas aulas de dança

Samira C

alais

Inês Am

orim Quinta-feira no Bar do Leão. Sexta, Festa dos Dias. Sábado, Cervejada. O domingo fica para descanso. Se você se identificou com essa programação, saiba que nem tudo no que se refere a festas é diversão. Muitos bares e locais de festas de Viçosa têm funcionado sem autorização ou infra-estrutura adequada, e isso traz conseqüências desagradáveis para aqueles que moram ao redor desses estabelecimentos. O professor universitário Juliano Pires morava em frente a área de festas de um bar e o som alto freqüentemente impedia ele e sua família de dormir. A reclama-ção foi feita primeiro ao dono do bar e depois à fiscalização da pre-feitura, mas em ambos os casos a solução foi temporária. “Re-clamamos, mas como ninguém fez nada, resolvemos mudar de apartamento”, diz ele. No caso de Juliano, o ditado popular “os incomodados que se retirem” se fez valer. Mas aqueles que promo-vem festas na cidade também estão atentos para possíveis incô-modos em vizinhos. O organiza-dor da festa Quinta Vip, Neuber Rocha, lembra que quando a fes-ta se realizava no Subsolo ou no Saliva’s, os donos desses locais sempre tinham que pagar multa, mas que o valor era baixo. Atual-mente, ambos os estabelecimen-tos e outros mais estão sem lici-tação de funcionamento por não terem isolamento acústico. “Ou você consegue o alvará ou você não faz festa, porque não tem como o povo pagar e, ao chegar, não ter música”, admite ele. A fiscal da prefeitura Cleonice Cardoso explica à po-pulação que a prefeitura só age quando recebe reclamações e que muitos bares estão em processo na Justiça. No entanto, a demora nos processos faz com que mui-tos continuem a participar de uma festa involuntariamente. Para os que se sentirem incomodados, o telefone da fisca-lização é 9965-3841.

Barulho de festas causa incomôdo

ZANA FERREIRA

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Não tem como negar: por mais que a alimentação fast food (do inglês: “comi-da rápida”, feita na hora) não seja tão saudável, ela faz um enorme sucesso. Quem nunca ficou sem fazer nada em casa e ,de repente, bate aquela fome? Muitos ligam e pedem para entregar um lanche em casa. Mas ou-tros aproveitam e unem diversão ao ato de comer. Um bom exemplo está nos trailers da cidade. Nesses am-bientes, os sanduíches servem de pretexto para reunir os amigos no final de noite. Os trailers fun-cionam quase 12 horas e, em muitos casos, tor-nam-se pontos de encontro da mo-çada antes e após a aula. O geren-te do trailer que fica na praça da prefeitura, Adir Íris Viana, disse que, enquanto comem ou esperam

seus lanches, os clientes aprovei-tam para se divertir. “Sempre fica

cheio de gente, então enquanto a gente faz o hambúrguer, eles conversam, ouvem música, sem preocupação nenhuma”, garante. A estudante Roberta

Dias, 15, freqüenta esses lugares. Ela faz um curso à noite, e vez por

outra come na rua com as amigas. Para Roberta e muitas outras pes-soas, as casas de lanches são mais práticas, uma vez que preparar jantar demora muito, e às vezes,

é tarefa muito chata. “A gente se diverte e come ao mesmo tempo.

É bom porque tenho pre-guiça de esquentar comi-da, e aqui é bem mais rá-pido”, afirma a estudante. A média de preço de um lanche varia de um a cin-co reais e o movimento “é direto”, como informa Adir Viana. “No final de semana fica mais cheio. Os jovens fazem do trai-ler a extensão da festa, e o trabalho é dobrado”, diz Adir, que há 12 anos tra-balho no ramo. Ali, uma TV distrai quem espera o lanche, e as mesas ficam sempre cheias de pessoas, na maioria de estudantes. Em Viçosa, as casas de lanches são bem freqüen-

tadas. Seja por aqueles que querem matar a fome, ou por aque-les que buscam uma forma de la-zer. Mas numa coisa todos concor-dam: é uma boa pedida para quem quer se divertir de barriga cheia.

Um encontro entre o artesanato e a diversãoDÉBORA ANTUNES

Sábado de manhã, o clima agra-dável na cidade de Viçosa torna o horário bem adequado para um passeio, a me-lhor opção é a Praça da Matriz que recebe a Feira de Artesanato, permitindo à pesso-as de todas as idades um momento tran-qüilidade e de apreço aos objetos artesanais de muito bom gosto. A Feira já se tornou uma tradição de Viçosa, e conta com uma grande va-riedade de produtos, como roupas, biju-terias, acessórios e pequenos presentes. Em certas ocasiões há também apre-sentações de danças e outros eventos culturais. Tais eventos são um dos pontos principais para o lazer na praça e, segundo a vendedora de

artesanato Regiane Santos, deve-riam acontecer com mais freqü-ência, pois ajudaria a atrair a po-

pulação para o local. Ela ressalta ainda que a feira pode ser vista com um dos pontos de atração da cidade, pois possui produtos

para todos os gostos e Sônia já avisou que vai propor, no encon-tro que ocorre entre artesãos e

organizadores da feira, a amplia-ção das apresentações na praça, transformando a feira não só em um ponto de comércio alterna-

tivo, mas também num ponto de encontro para jovens e adultos. Ana Luíza, de 15 anos,

concorda com a idéia da vendedora, Ana cos-tuma ir à Feira atrás de bijuterias e afirma que sempre fica por mais tempo na praça quan-do há algum evento ocorrendo. Lembrou também que a mãe cos-tuma ir a feira todos os sábados, por conta da irmã menor, que adora brincar no pula-pula. Atraindo cada vez mais pessoas, a feira é o programa ideal das manhãs de sábado, atuando não somente na venda de produtos artesanais, mas também como

um ponto de encontro entre os habitantes da cidade, que aproveitam o espaço para conversar ou simplesmente rela-xar lendo algum livro ou jornal.

Lazer e boa comida em um só lugarFELIPE MENICUCCI

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(( lazer ))

Os trailers e casas de lanche ficam abertos durante toda a noite, e são locais de encontro dos jovens da cidade

Felipe Menicucci

Com a praça cheia, o artesanato é vendido nas barracas, e as crianças brincam em um clima de muita descontração

Débora A

ntunes

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Dieta, exercícios e corpo sarado. Essa é a seqüência normal para chegar ao corpo idealizado. Po-rém, alcançar o padrão é um tra-balho que se faz em meses, com dedicação na alimentação e, prin-cipalmente, na musculação. O único problema para conquistar esse objetivo é o tempo, muitos jovens querem um resultado ime-diato e vão além do esporte para conseguir isso, apelando para o uso de esteróides anabolizantes. A expressão “Fast Body” não foi criada a toa. O ex-judoca da Seleção Brasileira, Daniel Car-reira, criou o termo para descrever como jovens e adultos se empe-nham na busca de resultados óti-mos em pouco tempo, sem atentar para os riscos de exageros e dos perigos do uso indevido de remé-dios. O anabolizante é um remé-dio que promove o crescimento dos músculos esqueléticos e o de-senvolvimento das características

sexuais masculinas. O uso indevi-do dos esteróides causa problemas à saúde como tremores, acne se-vera, aumento da pressão sangü-ínea, impo-

tência, infertilidade, entre muitos outros. Porém, são conside-rados medicamentos e por mais que só possam ser vendi-dos mediante receita médica não é o que acontece de fato. O consu-mo do anabolizante é evidente no Brasil, mas são poucos que assu-mem que o fazem. E a realidade

em Viçosa não é diferente, muitos freqüentadores de academias usam o remédio e não comentam com o instrutor. O professor da acade-

mia “Fit Body”, formado em Educação Física, Fernando Mendes, afirmou que nunca soube de casos de uso de anabolizan-tes utilizado na academia. Ao

conversar com pessoas que fazem musculação sobre o consumo de esteróides, ninguém afirma o uso.

Na opinião de Mendes, existem dois fatores principais que levam o jovem a consumir o esteróide, a influência da mídia e a busca da auto-estima. Para o médico José Lúcio Barbosa, é difícil o paciente assumir o consumo do esteróide, ele afirma que a maioria alega que não usa ou que já usou uma vez. Se existe usuário que

assume, ou não, o consumo, não deve ser questionado. O im-portante é que todo instrutor de

academia ou médico, deve orien-tar jovens, ou até mesmo adultos que não utilizem o esteróide ana-bolizante. Barbosa aconselha que caso haja o consumo, seja suspen-so imediatamente, e que se faça uma reposição hormonal. Para não ter estresse com problemas de saúde é melhor que os adoles-centes recorram ao método mais demorado, porém, mais benéfico. Coma bem e faça exercícios sau-dáveis e, antes de tudo, consulte os especialistas sobre o assunto.

(( esporte ))

Adrenalina e segurança nas alturas ganha adeptosKIRNA NASCIMENTO

A escalada esportiva surgiu na Ucrânia nos anos 70, quando um atleta teve a idéia, durante a fase mais fria do ano, de pendu-rar em uma parede pedras para que ele pudesse treinar o esporte. No Brasil, a prática teve início, no fim da década de 80 sen-do marcado pelo I Campeonato Sul Americano de Escalada Esportiva, em Curitiba. A partir de então no-vos atletas e patrocinadores passa-ram a apoiar e praticar o esporte. É uma opção muito in-teressante para quem quer fugir do stress do dia-a-dia como afir-ma a psicóloga Bernadeth Gau-dereto, de Rio Pomba. O contato com a natureza e o momento de descontração leva as pessoas a se sentirem melhor – “Não há nada como o silêncio e a paz da natu-reza para revigorar as pessoas.” Hoje , a escalda é um es-porte cada vez mais praticado. Em Viçosa existem dois irmãos Thia-

go e Matheus Veloso que se pro-fissionalizaram através de um curso e hoje são especialistas na modali-dade Boulder (escalada sem corda). Eles praticam o esporte há seis anos, começaram em São Pau-lo, cidade de origem dos irmãos Veloso e ao pas-sarem no vestibular em Viçosa precisavam con-tinuar treinando, fizeram um projeto e com a aju-da de alguns patrocínios construíram e adaptaram a parede para a prática do esporte no Sítio Cristais, na Rua José Rodrigues de Oliveira em Viçosa. C o n s i d e r a d a um esporte radical, a escalada exige algumas medidas de segurança para evitar acidentes. “O esporte é seguro, desde que se use os equipamentos adequados”

– Afirma Thiago ao ser questiona-

do sobre as medidas de seguran-ça – “Nós contamos com cordas,

cadeirinha, mosquetões (anéis metálicos que possuem um segmento móvel, chamado gatilho, que se abre para permitir a passagem da corda),sapatilhas, ou seja, equipamentos normais de segurança.”,explica. O esporte deve ser sem-pre praticado com acom-panhamento de pessoas especializadas para que não haja problemas. Um equipamento inapropriado ou a falta de técnica pode gerar danos irreversíveis, porque, muitas vezes, os lugares onde se pratica a escalada são muito altos. Se você é adepto ao espor-te e quer fazer algo diferen-te, procure os irmãos Velo-so e aprenda a escalada, a modalidade Boulder a qual

eles são especializados. Além de praticar esporte você estará em contato diário com a natureza.

Seja saudável e não se arrisque com anabolizantesDÉBORA BRAVO

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Fotografia: Débora B

ravo/Arte: Tim

Gouveia

Esportes radicais, como a escalada, são praticados em Viçosa

Kirna N

ascimento

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Peladas agitam e mobilizam meninas de ViçosaPATO DOMINGUES

Se quando você viu o título aci-ma achou que leria sobre futebol feminino, marcou um golaço. Se não, sinto muito, mas seu gol foi contra. O “show de bola” que levei do “time” de Emmi Myo-tin, XX, talvez ajude a entender a tendência que temos de não re-lacionarmos mulheres ao futebol, mesmo quando lemos o infame trocadilho do título. Conheci Emmi ao ten-tar desvendar os tabus do esporte feminino, em especial do futebol. Só percebi que estava diante de um Pelé, ou melhor, de uma Marta no assunto, quando descobri que ela é professora do Departamento de Educação Física da UFV e que, em seu doutorado, estudou o pa-pel social da prática esportiva fe-minina (destaque da Seleção Bra-sileira de Futebol Feminino ouro no Pan e vice-campeã da Copa do

Mundo, ambos em 2007, Marta foi eleita a melhor jogadora do mundo em 2006). Apesar da visão machis-ta de que o futebol é um esporte masculino, o preconceito parece estar jogando mais no time das mulheres que não batem bola e acham o jogo bruto do que no time dos homens. É o que atestam as “boleiras” Eva Myotin-Grant, filha de Emmi, e as amigas Valkíria Coe-lho, Luiza Nogueira, de 13 anos, e Gabrie-la Fernandes, de 12. “Até hoje só vi uma menina ser tratada de forma diferente por jogar bola. Mas os meninos só me-xem porque ela joga melhor que eles. Não é preconceito, é inveja” (risos), afirma Eva.

As adolescentes, que brincam dizendo que, além de futebol e natação, praticam leitu-ra e “levantamento de mochila”, mostram bastante entrosamento ao dizerem que gostam do esporte pela pura diversão. “Pô, qualquer preconceito é ridículo. A gente

joga porque gosta, não porque é obrigada”, protesta Valkíria. De acordo com

Emmi, além da criação que as meninas recebem não incentivá-las a jogar,

a mídia torna-se um gran-de adversário ao dar ênfase apenas à feminilidade das atletas.

“Ao mostrar que as mulhe-res mantêm seu lado feminino

apesar de jogarem bola, continu-ando a cuidar da beleza, da casa e dos filhos, a mídia reforça a idéia

de que elas têm de ser donas-de-casa, se cuidando para o marido,

em vez de estimular a prática do esporte”, sustenta a professora. Ela ainda observa que, em busca de projeção, algumas esportistas que obtêm notoriedade adotam posicionamentos que po-dem levar as adolescentes a colo-car o esporte para escanteio. “Muitas vezes, tentando transgredir esse mundo dominado pelos homens, elas tomam atitu-des, como posar nua, que forta-lecem o pensamento de priorizar a aparência, ainda mais para as adolescentes, que têm essa preo-cupação cada vez mais precoce”, acrescenta Emmi. Se você não quer dar bola fora, é melhor não entrar de “sal-to alto” nesse campo e começar a torcer para que as “peladeiras” consigam virar esse jogo, fazendo com que o respeito e o reconhe-cimento sejam as revelações das próximas temporadas do futebol feminino em nosso país.

Correr, saltar e lançar são movi-mentos básicos do ser humano. Não é à toa que, juntos, formam o esporte-base ou o atletismo, a modalidade mais antiga dentre os desportos.

E s s a m o d a l i d a d e

nasceu dos en-contros entre os

povos gregos, nos anti-gos Jogos da Grécia. A maratona, uma variação do atletismo, por exemplo, surgiu, segundo a len-da, em homenagem ao soldado grego chamado Pheidippides. Ele correu 40 km levando notícias da vitória de Atenas sobre a Pérsia na Batalha da Maratona, e, ao chegar, acabou caindo e morren-do, mas não sem antes transmitir a notícia.

O atletismo deu origem aos Jogos Olímpicos na Grécia em 776 a.C. quando, na cidade

de Olímpia, aconteceram os pri-meiros Jogos Olímpicos da Anti-güidade. O lema das Olimpíadas, “citius, altius, fortius”, que signi-fica mais rápido, mais alto, mais forte, também é derivado do es-porte.

De acordo com o professor do curso de Educação Física da UFV Adilson Oses, hoje as pro-vas de atletismo estão um pouco diferentes e a maioria tem origem britânica. A forma moderna desse esporte foi criada pelos ingleses, que também são os autores das regras que estão em vigor atual-mente.

Hoje o esporte é dividido em corridas de 100 a 3000 me-tros, rasos, com barreiras ou obs-táculos, individuais ou de equipe; lançamento de dardos ou discos; arremesso de peso ou de mar-telo; salto em altura, em distân-cia, triplo ou com vara; heptatlo (praticado exclusivamente por mulheres, contendo sete provas) e decatlo (composto por dez pro-vas, praticado somente por ho-mens). As provas mais famosas são as de corrida.

Em Viçosa, existe uma pista própria para a prática des-se esporte, localizada nas ins-talações do curso de Educação Física da UFV. Mas é fácil per-ceber a quantidade de adeptos da modalidade nas próprias ruas da cidade e principalmente nas do campus da Universidade.

Reduzino Miranda prati-ca o esporte há onze anos. Atleta veterano, ele conta que começou a correr para curar um resfriado. Hoje, com 66 anos, já completou 27 maratonas e corre em média 20 km por dia. Com essa marca ele já percorreu o equivalente a duas voltas ao mundo. Na últi-ma, no 4° Campeonato Mineiro de Atletismo, em Mariana - MG, em 2007, chegou em 1° lugar. Reduzino acredita que correr faz muito bem à saúde e que só vai parar aos 100 anos.

A praticidade e simplici-dade desse esporte podem ser al-gumas das explicações para que ele continue existindo e tenha tantos adeptos. Além disso, mui-ta gente, mesmo sem uma pista, vive no corre-corre do dia-a-dia.

Atletismo continua popular mesmo com 2800 anosFERNANDA TORQUATO

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Nativo da cidade de Viço-sa, José Espírito Santo de Sant´anna, o Zé Bóia, en-canta a todos com a sua arte. Atualmente, participa do Conjunto de Seresta do Zé Bóia e ministra aulas de música na Oficina de Criati-vidade da UFV. O violonista revela ao OutrOlhar os pon-tos mais marcantes de toda a sua carreira. Tudo isso, é cla-ro, sem perder a simpatia e o bom humor. Sonhos, medos, erros e acertos de um dos maiores artistas da região.

OutrOlhar: Quando e como você começou a tocar violão? Zé Bóia: Eu comecei a tocar com uns 16, 17 anos. Muita coisa eu iniciei com meu pai. Mas individualmente eu tam-

bém tentava fazer minha mú-sica. Com uns vinte anos eu comecei a apresentar e a to-car nas festinhas. Hoje tenho carteira licenciada da Ordem dos Músicos do Brasil.

OO: Quais as pessoas mais importantes para quem você já tocou? ZB: Já fiz um trabalho para os pobres. As pessoas rece-biam uma carta, avisando que iam seresteiros lá. Eu levava a turma da seresta e cada um que recebesse a serenata doava o que quises-se, o que pudesse. Já toquei também para JK (Juscelino Kubitschek), Bernardes Fi-lho, Nelson Gonçalves. Até para Fernando Sabino, ele tocou um pouco de bateria comigo na época, coisa rápi-da também.

OO: Por que Zé Bóia?ZB: Zé Bóia é um nome muito tradicional. Eu tava um dia viajando pro Rio com minha irmã, com muita fome, sem agüentar. Então eu rou-bei o lanche da minha irmã. Ela começou a falar comigo, “Foi você que roubou!”, eu falei, “Eu não, eu seria in-capaz disso!”. Ela disse, “Zé Comida, Zé Comida”, um outro companheiro falou, “Ô Zé Comida, ô Zé Bóia” e lá se foi pelo Brasil todo. Se al-guém per-gunta pelo meu nome de batismo, n i n g u é m sabe dizer.

OO: Como você gos-

taria de ser lembrado pelo seu público?ZB: Pelo o que eu fiz pelos pobres. Eu também sou po-bre, mas por aqueles que es-tão na casa São Vicente de Paula e em outras entidades, toco sempre para ganhar ali-mentação para eles. Gostaria de ser lembrado também pe-las apresentações com meus alunos, tenho saudades. É um trabalho muito bom, gra-ças a Deus.

(( entrevista ))

Um Zé aqui ...ELOAH MONTEIRO

TALITA AQUINO

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“Muitos sonhos!” Foi assim que José Geraldo de Souza Castro, o “Zé do Pedal”, 50 anos, respondeu ao ser per-guntado sobre o que costuma levar em suas viagens pelo mundo. O mineiro natural de Viçosa trabalha, desde 1983, em projetos de preservação do meio ambiente. A idéia é chamar a atenção para causas como o aquecimento global, poluição e o desmatamento. Para ele, a pre-ocupação ambiental e o desejo de fazer alguma coisa surgiram em via-gem por diversos paí-ses do mundo em uma bicicleta. “Na região da Etiópia eu via mu-lheres, crianças e ido-sos caminharem vários quilômetros em busca de água. Na maioria

das vezes os poços estavam cheios de lama. Assim, eles coletavam água barrenta, que deixavam decantar e a partir daí estava em melhor quali-dade para o consumo”, disse. Para Zé do Pedal, os cidadãos dos países desen-volvidos são mais preocupa-dos com as questões ambien-tais, não necessariamente incluindo seus governantes.

“Eles fazem coleta seletiva e evitam o desperdício. O que me parece é que a fartura aju-da a promover o descaso”, explicou. Além da “Volta ao mundo em bicicleta” (1983), figuram em seu currículo as seguintes aventuras: “Bra-sil – Espanha em Bicicleta” (1981), “De Pedalinho no Velho Chico” (2002), “De

Nova Iorque ao Rio de Janeiro em Pedali-nho” (2004), e o pro-jeto recém-iniciado “Piracicaba a Buenos Aires Navegando garrafas Pet”. (O Pet Bateau é um barco feito com 250 garra-fas de refrigerante, acopladas a uma bi-cicleta e a uma roda no estilo moinho, que suporta até 420 kg). As dificul-

dades vividas nas viagens são muitas. Mas, Zé do Pe-dal afirma que os problemas com idiomas e comunicação são revertidos facilmente. “Quando se precisa trans-mitir algo, você consegue. É a comunicação na base da emoção”. Para ele é mara-vilhoso perceber que muitas das pessoas encontradas pelo caminho gostariam de estar fazendo exatamente as mes-mas aventuras. “As pessoas transformam os nossos so-nhos nos seus sonhos. Pegam os nossos sonhos empresta-dos”, conclui. Para 2008, o ambien-talista está se programando para ir de Paris à África num percurso de 16.600km. A via-gem foi batizada de “Mundos Extremos” e terá início em 1º de maio. A rota será cumpri-da com a ajuda de um velocí-pede.

Eloah Monteiro

... e outro lá, pelo mundo.

Defensor da natureza, Zé do Pedal parte em aventuras pelo mundo

Bár

bara

Geg

enhe

imer

Zé Boia abrilhanta a música viçosense com seus violões e seu talento