Jornal Sem Terrinha janeiro de 2011

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Ano 4 № 29 Janeiro de 2011 O lá, Sem Terrinha! Já estou com saudades da escola... Também, já faz um tempão que as aulas acabaram, né? Logo que a gente entrou de férias, por aqui, foi uma correria geral. No começo, foi aquele alívio de não ter que acordar tão cedo e ir sacolejando no transporte escolar: ficou cada um na sua casa, descansando, ajudando no quintal, cuidando dos animais... Mas logo, logo, foi dando aquela agonia de querer fazer alguma coisa, de ver todo mundo de novo! Os dias estavam tão, mas tão quentes, que nem dava coragem de ir até o vizinho caçar alguém pra brincar. Mas aí, teve um domingo que minha mãe tinha uma reunião lá no Centro de Formação e disse que eu ia junto. Quando eu cheguei, você não vai acreditar: perto de onde os adultos estavam tinha uma arca cheia de livros, um mais lindo e colorido do que o outro! Peguei um bem velhinho, escrito na capa “Poesia”, e tratei de achar uma sombra pra me acomodar. Depois, foram chegando outras crianças que vieram com os pais. Me viram debaixo da árvore e vieram ver o que estava acontecendo. Perguntaram se eu tinha ficado de reforço, imagina só! Descobrimos, naquele dia, como ler é gostoso quando não é por obrigação... parece até que a gente cresce por dentro! Experimenta! Sem Terrinha que é Sem Terrinha não tem medo nem preguiça de aprender – a qualquer hora, em qualquer lugar! Nosso jornal este mês está cheio de coisas legais desse tipo, tem poesia, tem trava-língua, tem tanta coisa legal que é melhor ir logo ler! L E R também é B R I N C A R !!! Palavra de Sem Terrinha Perto do meu barraco, tem um corgo. Nós vamos tomar banho lá para ir para a escola. O ônibus busca perto de casa. Lá não tem energia e usamos lampiões a gás. É difícil, mas eu já acostumei. Eu tenho orgulho de ser Sem Terra.

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Jornal Sem Terrinha janeiro de 2011

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Ano 4 • № 29 • Janeiro de 2011

Olá, Sem Terrinha! Já estou com saudades da escola... Também, já faz um tempão que as

aulas acabaram, né? Logo que a gente entrou de férias, por aqui, foi uma correria geral. No começo, foi aquele alívio de não ter que acordar tão cedo e ir sacolejando no transporte escolar: ficou cada um na sua casa, descansando, ajudando no quintal, cuidando dos animais... Mas logo, logo, foi dando aquela agonia de querer fazer alguma coisa, de ver todo mundo de novo! Os dias estavam tão, mas tão quentes, que nem dava coragem de ir até o vizinho caçar alguém pra brincar.

Mas aí, teve um domingo que minha mãe tinha uma reunião lá no Centro de Formação e disse que eu ia junto. Quando eu cheguei, você não vai acreditar: perto de onde os adultos estavam tinha uma arca cheia de livros, um mais lindo e colorido do que o outro! Peguei um bem velhinho, escrito na capa “Poesia”, e tratei de achar uma sombra pra me acomodar. Depois, foram chegando outras crianças que vieram com os pais. Me viram debaixo da árvore

e vieram ver o que estava acontecendo. Perguntaram se eu tinha ficado de reforço, imagina só!

Descobrimos, naquele dia, como ler é gostoso quando não é por obrigação... parece até que a gente cresce por dentro! Experimenta! Sem Terrinha que é Sem Terrinha não tem medo nem preguiça de aprender – a qualquer hora, em qualquer lugar!

Nosso jornal este mês está cheio de coisas legais desse tipo, tem poesia, tem trava-língua, tem tanta coisa legal que é melhor ir logo ler!

LER também é BRINCAR!!!Palavra de Sem Terrinha

Perto do meu barraco, tem um corgo. Nós vamos tomar banho lá para ir para a escola. O ônibus busca perto de casa.

Lá não tem energia e usamos lampiões a gás. É difícil, mas eu já acostumei.

Eu tenho orgulho de ser Sem Terra.

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O é elaborado coletivamente pelos Setores de Educação, Comunicação e Cultura.

Os desenhos são feitos por crianças Sem Terrinha de todo o Brasil. Agradecemos também a todas as pessoas que

de alguma forma contribuíram para este trabalho, especialmente do Acampamento Terra Sem Males (Salmourão-SP).

Esta edição faz parte do Jornal Sem Terra nº 309Correio eletrônico: [email protected]

Página na internet: www.mst.org.br

2 Jornal SEM TERRINHA • Janeiro 2011

O Cavalinho BrancoCecília Meireles

À tarde, o cavalinho branco está muito cansado:

mas há um pedacinho do campo onde é sempre feriado.

O cavalo sacode a crina loura e comprida

e nas verdes ervas atira sua branca vida.

Seu relincho estremece as raízes e ele ensina aos ventos

a alegria de sentir livres seus movimentos.

Trabalhou todo o dia, tanto! Desde a madrugada!

Descansa entre as flores, cavalinho branco, de crina dourada!

Olha só quanta coisa saiu dessa arca... Um cavalinho branco, uma bailarina, uma palmeira, até uma televisão! Já pensou quanta coisa cabe dentro de um livro? A gente pode viajar para lugares que nem imagina,

conhecer muita gente e até fazer de conta que é outra pessoa... São poesias e histórias que nunca envelhecem, que foram escritas e lidas por mulheres e homens que já foram crianças também!

Vamos brincar de ler?Televisão

José Paulo Paes

Televisão é uma caixa cheia de imagens que fazem barulho.

Quando os adultos não querem ser incomodados, mandam as crianças ir assistir televisão.

O que eu gosto mais na televisão são os desenhos animados de bichos.

Bicho imitando gente é muito mais engraçado do que gente imitando gente, como nas telenovelas.

Não gosto muito de programas infantis com gente grande fingindo de criança.

Em vez de ficar olhando essa gente brincar de mentira, prefiro ir brincar de verdade com meus amigos e amigas.

Também os doces que aparecem anunciados na televisão não têm gosto de coisa alguma porque ninguém pode comer uma imagem.

Já os doces que minha mãe faz e que eu como todo dia, esses sim, são gostoso.

Conclusão: a vida fora da televisão é melhor do que dentro dela.

Oh, abre a roda tindolelêOh, abre a roda tindolalá

(roda a roda, fecha a roda, pula a roda, dá uma rodadinha,

de um pé só, imita o sapo, imita o tatu, dá um abraço, dá um beijim)

Trava LínguaO pinto pia perto da pia, quanto mais a pia pinga,

mais o pinto pia.

Uma folha verdonlenga é bom deverdonlengar, quem

não deverdonlengar bom deverdonlengador não será.

O sapo dentro do saco, o saco com sapo dentro, o

sapo batendo o papo e o saco soltando vento.

A Bailarina Cecília Meireles

Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si, mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu.

Esta menina tão pequenina

quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças, e também quer dormir

como as outras crianças.

Pico, pico, lé, que cor você quer; (a cor escolhida é o pique e quem

recebeu o último toque é o

pega).

BrincadeirasEu com as

quatro, eu com ela, eu sem ela, nós

por cima, nós por baixo(vai acelerando e fazendo os gestos,

correspondentes, com as mãos).

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Jornal SEM TERRINHA • Janeiro 2011 3

Olha só quanta coisa saiu dessa arca... Um cavalinho branco, uma bailarina, uma palmeira, até uma televisão! Já pensou quanta coisa cabe dentro de um livro? A gente pode viajar para lugares que nem imagina,

conhecer muita gente e até fazer de conta que é outra pessoa... São poesias e histórias que nunca envelhecem, que foram escritas e lidas por mulheres e homens que já foram crianças também!

Vamos brincar de ler?

Trava LínguaO pinto pia perto da pia, quanto mais a pia pinga,

mais o pinto pia.

Uma folha verdonlenga é bom deverdonlengar, quem

não deverdonlengar bom deverdonlengador não será.

O sapo dentro do saco, o saco com sapo dentro, o

sapo batendo o papo e o saco soltando vento.

A Palmeira EstremecePaulo Leminski

a palmeira estremece

palmas pra ela

que ela merece

A Bailarina Cecília Meireles

Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si, mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu.

Esta menina tão pequenina

quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças, e também quer dormir

como as outras crianças.

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Jornal SEM TERRINHA • Janeiro 20114

PALAVRA DO EDUCADOR

Eu não sei vocês, mas eu tenho um grande apreço pelo o que essas crianças fazem. Espero que esses desenhos cheguem até o Jornal Sem Terra e um dia eles vejam o que fizeram, e que não se tornem arquivo morto e fiquem mofando numa gaveta. Espero não ter falado demais, só estou sendo sincera e reconheço o que essas crianças fazem com tanto carinho e dedicação ao MST.

Atenciosamente,

Letícia Morais de AraújoAcampamento Terra Sem Males, Salmourão (SP)

O Que É, O Que É?Você consegue resolver essas charadas? Uma dica: os desenhos são as respostas.

Depois é só ligar cada imagem com sua pergunta e pintar.Divirta-se!

Tem

asa mas

não vo

a,

tem bic

o

mas não

belisca

?

Cai em pé, corre deitado e não é chuva?

Você tem um,

todos têm dois e eu não tenho nenhum?

Tem

coroa e

não é rei,

tem escama

e não é

peixe?