Jornalismo Radiofónico e Internet – Um Estudo Da Evolução Do Uso Das Potencialidades Online Nas...

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Comunicação e Sociedade, vol. 20, 2011, pp. 29-41 Jornalismo radiofónico e Internet – Um estudo da evolução do uso das potencialidades online nas notícias dos sites da rádio Luís Bonixe* Resumo: Em Portugal, as principais rádios de informação assumiram uma dimensão de multiplataforma: estão nos dispositivos móveis, criaram sites na Internet, para além de existirem na versão hertziana. O que propomos neste artigo é uma análise ao modo como o jornalismo radiofónico está a utilizar, nas notícias disponibilizadas online, as fer- ramentas que a Internet lhe proporciona, como sejam interactividade, multimedialidade e hipertextualidade. Analisámos a frequência com que estas potencialidades são dispo- nibilizadas nas notícias de três eventos ocorridos em três anos consecutivos: campanha eleitoral para as Legislativas (2009); visita de Bento XVI a Portugal (2010) e campanha eleitoral para as Presidenciais (2011). O artigo conclui que ao longo de três anos tem havido evolução em todas estas dimensões, embora as percentagens de uso sejam ainda muito reduzidas como no caso de ferramentas que promovam a interactividade. Palavras-chave: rádio, jornalismo, Internet. Introdução O jornalismo radiofónico enfrenta hoje o desafio de se manter como uma janela para o mundo num contexto mediático extremamente povoado. A informação radiofónica já não tem a exclusividade quanto à marcação de uma agenda diária como sugeriam nos anos 1970 Peter Golding e Phillip Elliot (1979), mas continua a fazer parte de um menu informativo composto por mais protagonistas. O desafio do jornalismo radiofónico na era da Internet situa-se a três níveis: da expressividade, das plataformas e dos conteúdos. Ao nível da sua expressividade, por- que aos jornalistas da rádio se impõe hoje um conhecimento mais alargado que não se resume a contar os acontecimentos através do som. Exige-se uma linguagem multime- * Professor no Instituto Politécnico de Portalegre ([email protected]).

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Luís BonixeRevista Comunicação e Sociedade, vol. 20, 2011, pp. 29-41

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    Jornalismo radiofnico e Internet Um estudo da evoluo do uso das potencialidades online nas notcias dos sites da rdioLus Bonixe*

    Resumo: Em Portugal, as principais rdios de informao assumiram uma dimenso de multiplataforma: esto nos dispositivos mveis, criaram sites na Internet, para alm de existirem na verso hertziana. O que propomos neste artigo uma anlise ao modo como o jornalismo radiofnico est a utilizar, nas notcias disponibilizadas online, as fer-ramentas que a Internet lhe proporciona, como sejam interactividade, multimedialidade e hipertextualidade. Analismos a frequncia com que estas potencialidades so dispo-nibilizadas nas notcias de trs eventos ocorridos em trs anos consecutivos: campanha eleitoral para as Legislativas (2009); visita de Bento XVI a Portugal (2010) e campanha eleitoral para as Presidenciais (2011). O artigo conclui que ao longo de trs anos tem havido evoluo em todas estas dimenses, embora as percentagens de uso sejam ainda muito reduzidas como no caso de ferramentas que promovam a interactividade.

    Palavras-chave: rdio, jornalismo, Internet.

    IntroduoO jornalismo radiofnico enfrenta hoje o desafio de se manter como uma janela para o mundo num contexto meditico extremamente povoado. A informao radiofnica j no tem a exclusividade quanto marcao de uma agenda diria como sugeriam nos anos 1970 Peter Golding e Phillip Elliot (1979), mas continua a fazer parte de um menu informativo composto por mais protagonistas.

    O desafio do jornalismo radiofnico na era da Internet situa-se a trs nveis: da expressividade, das plataformas e dos contedos. Ao nvel da sua expressividade, por-que aos jornalistas da rdio se impe hoje um conhecimento mais alargado que no se resume a contar os acontecimentos atravs do som. Exige-se uma linguagem multime-

    * Professor no Instituto Politcnico de Portalegre ([email protected]).

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    ditica, hipertextual e interactiva. Exigem-se, enfim, novos perfis profissionais com o que isso implica em termos de formao, valores e prticas profissionais. Ao nvel das plataformas, porque o jornalismo radiofnico tem que chegar aos indivduos j no apenas atravs da sua forma tradicional. A rdio informativa est na Internet, nos dis-positivos mveis, nas redes sociais e a que ter que continuar a ser importante para os cidados. Por fim, o nvel dos contedos, que representa hoje, e sempre, o maior desafio que congrega os anteriores. Nova expressividade, menor limitao temporal e espacial, multiplicao de plataformas devem significar mais temas e vozes nas notcias desta nova rdio.

    O presente artigo parte do pressuposto de que o jornalismo radiofnico portugus se encontra numa fase de transio que combina a sua verso, digamos, tradicional, mas que est presente em vrias plataformas, disponibiliza novos contedos e usa novas formas de expressividade que entretanto adquiriu. O estudo que apresentamos procura ser um contributo para compreender o modo como o jornalismo radiofnico portugus est a evoluir no que diz respeito ao uso das potencialidades que a sua presena online lhe confere. Outros autores tm estudado o aproveitamento das potencialidades por parte dos sites jornalsticos (Schultz, 1999; Zamith, 2008), procurando inferir acerca do grau de evoluo relativamente a um novo jornalismo.

    No estudo que aqui apresentamos, limitar-nos-emos a analisar as notcias colocadas online e no o site na sua totalidade e circunscrevemos a nossa anlise s trs principais caractersticas do ciberjornalismo (Deuze, 2001): multimedialidade, interactividade e hipertextualidade. nosso objectivo perceber qual o uso que as principais rdios de informao em Portugal, TSF, Renascena e Antena 1, tm feito dessas potencialidades porquanto isso representa um indicador que nos permite caracterizar o estado em que se encontram na transio para uma nova rdio.

    Da substituio multiplataformaA relao entre rdio e Internet comeou por ser vista como uma ameaa. Esta viso assentava sobretudo na ideia de que um novo meio, com muitas outras potencialidades (fragmentao do discurso, imagem, maior interactividade e proactividade dos ouvin-tes), acabaria por substituir a rdio. Posteriormente, o meio radiofnico, geneticamente mais limitado ao nvel da sua expressividade, baseada unicamente no som, e circuns-crito a uma narrativa linear e temporal, encontrou na Internet um parceiro para novos contextos narrativos, discursivos e de expanso junto das audincias. A relao entre a rdio e a Internet passou a basear-se na complementaridade: a rdio retira da rede global o que no possui geneticamente. Emergem novas formas expressivas e modos de expanso junto dos ouvintes. O fenmeno das web-rdios vistas como espaos para novos contedos ou a expanso geogrfica da rdio utilizando a rede global so bons exemplos desta complementaridade.

    Hoje, a rdio dissemina-se pela Internet, no perdendo as suas caractersticas iniciais (som e linearidade) mas retirando partido das ferramentas online. a fase multiplata-forma, segundo a qual a Internet no substitui a rdio (porquanto ela continua a existir

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    com som e modo linear) nem lhe serve apenas como complemento. A rdio expande-se pela rede global. Ou seja, para alm da rdio de sempre, existe tambm uma nova rdio que adquire novas formas, linguagens e modos de distribuio. Assistimos, por isso, a um fenmeno de multiplicao de contedos e formatos radiofnicos e no de substitui-o. A Internet no substituiu a rdio, absorveu-a e ao faz-lo acrescentou-a.

    A rdio hoje um conjunto. Existe nas ondas hertzianas, e a exclusivamente sonora e emite continuamente. Mas tambm existe nas plataformas digitais, multim-dia e disponibiliza contedos de modo fragmentado. A rdio multiplataforma, mais interactiva e mvel do que antes. Continua a privilegiar os contedos udio e o directo como armas na informao. Est nas redes sociais e nos telemveis.

    uma rdio perfeitamente compatvel com a ideia dos mdia em rede e que se insere numa terceira vida (Cardoso, 2009:35), aps a primeira nos anos 30 do sculo passado inspirada na viso do dramaturgo alemo Bertold Brecht que pensava que a rdio se utilizada por todos poderia representar um verdadeiro espao para a democracia; e a segunda idade, que Cardoso situa nas dcadas de 1970 e 1980 com a exploso das rdios livres. A terceira vida da rdio surge com o aparecimento da Internet e resulta no facto de ser o medium que melhor se adapta Web 2.0.

    Relatrios produzidos sobre o meio em vrios pases da Europa e nos Estados Unidos sublinham a dimenso multiplataforma da rdio:

    Actualmente a rdio existe de diversas formas e utiliza vrias plataformas de distribuio. No h dvidas de que ser assim tambm no futuro. Mas um aspecto importante a conside-rar antes de qualquer mudana tecnolgica se a rdio precisa de uma nica forma particular de distribuio ou se deve ser distribuda por diversas tecnologias digitais suplementares. (Swedish Radio and TV Authorithy, 2008: 20)

    Num estudo elaborado por investigadores do Observatrio da Comunicao portu-gus (Obercom), sugestivamente titulado de Radiomorphosis, a rdio vista como um meio multiplataforma:

    () importa perceber num primeiro momento que a definio de rdio no poder passar exclusivamente pela indexao ao seu mdia ou suporte tecnolgico. A rdio ser sobretudo um estilo de comunicao, no precisando j de ondas hertzianas para cumprir o seu papel. (Vieira et al., 2010: 11)

    No relatrio anual elaborado pelo Pew Project for Excellence in Journalism (2011), referida a mesma ideia: a de uma rdio multiplataforma que conserva as suas caracte-rsticas originais e que na Internet ganha outras dimenses.

    Os novos desafios do jornalismo radiofnicoEste novo ambiente meditico convoca novos desafios para a rdio em geral e para o jornalismo radiofnico em particular, o que implica, nalguns casos, profundas modi-ficaes nos modos e prticas produtivas e de organizao dos jornalistas. Ben Scott refere que talvez um dia a difuso e o impresso deixem de existir em simultneo com o

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    digital, mas isso no o que sucede actualmente e por isso, sublinha o autor, o jorna-lismo online sobretudo um suplemento e um complemento das plataformas dominan-tes tradicionais (Scott, 2005: 93).

    Essa uma realidade que tambm identificada no caso da rdio informativa. Efectivamente, a rdio hertziana ainda prevalecente em relao a outras formas de dis-ponibilizao de contedos jornalsticos sonoros. No entanto, apesar de a organizao da redaco e de as rotinas produtivas da rdio portuguesa continuarem a responder em primeiro lugar ao seu dispositivo tradicional de produo noticiosa (Bonixe, 2009), emergem novas formas e formatos de apresentao de notcias que tm sobretudo a ver com o uso multimdia que as plataformas digitais possibilitam rdio.

    Atravs da Internet, a construo sonora da realidade feita em exclusivo pela rdio hertziana est a dar lugar a uma viso mais multifacetada, do ponto de vista da expres-sividade, dessa mesma realidade. A rdio informativa usa com frequncia elementos expressivos que no so prprios do cdigo gentico do meio rdio, como o vdeo, as infografias, a fotografia ou simplesmente a palavra escrita. A resposta da informa-o radiofnica ao cenrio multiplataforma observvel tambm atravs da criao de outros produtos, como sejam contedos em pdf, podcast ou mobile journalism. A pre-sena nas redes sociais igualmente uma linha de investimento que deve ser assinalada. As rdios no dispensam o Facebook ou o Twitter, plataformas nas quais passaram a colocar os tpicos principais das suas notcias, seguindo, sobretudo, uma lgica de expanso e disseminao da informao pela rede.

    Do imperativo sonoro exigncia multimediticaNum cenrio de multiplicao de contedos jornalsticos por vrias plataformas onde a rdio est presente, o desafio do jornalismo radiofnico o de manter o equilbrio entre as suas caractersticas tradicionais e os novos atributos que lhe so conferidos pelas plataformas digitais.

    A propsito das eleies norte-americanas em 1932, Tim Crook sublinhava uma das principais vantagens que a rdio poca apresentava face informao impressa. Essa vantagem tinha a ver com a rapidez com que o meio radiofnico podia difundir a infor-mao. Crook refere que o meio radiofnico provou ser mais rpido e mais imediato que a imprensa, que apenas poderia publicar um extra sobre as eleies mais de uma hora depois de os cidados terem ouvido tudo (Crook, 1998: 72). Efectivamente, a rapidez, o imediatismo e a actualizao da informao so atributos do jornalismo radiofnico frequentemente identificados por vrios autores como sendo mais-valias do meio em relao aos outros mdia (Prado, 1985; Soengas, 2003; Hendy, 2000; Crisell, 1994).

    A rdio informativa afirmou-se pelo directo, maximizando a actualizao da infor-mao, a reiterao da informao ao longo do dia informativo e o acompanhamento dos acontecimentos em cima da hora. Mas, na era da Internet, a rdio concorre com uma multiplicidade de outras formas de comunicao/informao que disponibilizam igualmente contedos de modo rpido e actual. Cabe ao jornalismo radiofnico afirmar--se tambm neste domnio, disputando as novas plataformas, em particular as mveis.

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    A presena do jornalismo radiofnico nas plataformas digitais coloca uma srie de outros desafios. Em primeiro lugar, abre possibilidade para que algumas das tradicionais caractersticas do jornalismo radiofnico meream novos enquadramentos. Por exem-plo, a questo da interactividade. Se verdade que a rdio interactiva, pelos menos desde a introduo das ligaes telefnicas na emisso, no o menos que a Internet, que, com as suas enormes potencialidades interactivas, veio sublinhar e abrir novos caminhos para a rdio se expandir nesta matria, em particular no que diz respeito aos contedos jornalsticos. Para a equipa de investigadores do Obercom, o grande contri-buto da Internet para a rdio advm da interactividade proporcionada pela rdio online na procura do aprofundar da intimidade entre rdio e ouvinte (Amaral et al., 2006: 349). As notcias da rdio colocadas online podem hoje ser comentadas, sugeridas e partilhadas atravs das redes sociais.

    Um segundo aspecto tem a ver com as rotinas dos jornalistas da rdio que esto orientadas para a procura do som. Nas redaces das principais rdios informativas em Portugal (Bonixe, 2009), a organizao e a estruturao dos turnos de trabalho so criadas em funo da procura da actualidade sonora. Nada, ou muito pouco, funciona na rdio sem as declaraes dos protagonistas, ou sem a reaco dos polticos. O som atribui informao radiofnica credibilidade (Soengas, 2003) e os jornalistas sabem disso e procuram-no. Para os jornalistas da rdio, informar no tudo: preciso ter o som que ilustre essa informao.

    Nelson Traquina (2004) fala de visualidade para se referir dependncia que a infor-mao televisiva tem da imagem. Na rdio falaremos de sonoridade. O som como um valor-notcia, capaz, portanto, de aumentar a probabilidade de um acontecimento se tornar notcia e de o valorar no confronto com as outras notcias de um noticirio (Bonixe, 2009).

    No entanto, a Internet coloca o jornalismo radiofnico perante novos registos como a linguagem multimdia ou a hipertextualidade, realidades que convocam os jornalistas para a exigncia de novos perfis profissionais, implicando isso a capacidade para traba-lhar com linguagens que vo para alm do som e o desafio de enfrentar novas questes do foro deontolgico decorrentes, por exemplo, do uso da imagem nas notcias.

    Por fim, um dos maiores desafios para o jornalismo radiofnico na era da multipli-cao de contedos est relacionado com a reduo dos constrangimentos temporais. A rdio tradicional tem este grande problema: os contedos noticiosos tm que ser criteriosamente escolhidos em funo de uma relao interesse/tempo. A multiplicao de plataformas acarreta, pelo menos em teoria, novas possibilidades para a emergncia de novos temas e vozes para o jornalismo. Natalie Fenton sublinha que uma das expec-tativas criadas pela presena do jornalismo na Internet reside precisamente no facto de encorajar uma viso mltipla da realidade (Fenton, 2010: 8), na medida em que mais espao e tempo podem, em teoria, implicar mais vozes e temas. Sem as limitaes tem-porais impostas pela rdio tradicional, o jornalismo radiofnico tem na Internet a pos-sibilidade de alargar a sua cobertura a outros temas e protagonistas ou de aprofundar matrias j tratadas na emisso radiofnica.

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    A rdio informativa portuguesa na netA presena da rdio informativa portuguesa na Internet comea ainda na dcada de 1990 e surge no seguimento daquilo que sucedeu com a generalidade dos meios de comunicao em Portugal (Amaral et al., 2006). Hlder Bastos situa o aparecimento das rdios informativas no online na fase da implementao, ou seja, quando a maior parte dos mdia informativos portugueses descobriu a Internet (2010: 37). Nesta pri-meira fase, as principais rdios de informao em Portugal disponibilizavam sobretudo arquivos, emisses em directo, noticirios emitidos e apresentavam algumas notcias na homepage.

    Nos anos seguintes, h a sublinhar algumas movimentaes e experincias. Em 2005, a TSF, que entretanto tinha deixado de pertencer ao site Lusomundo.net, criava uma rdio para surdos, iniciativa que passou pelo acompanhamento da emisso da rdio com linguagem gestual atravs do vdeo disponvel no site da emissora. No mesmo ano, a TSF anunciava que iria passar a disponibilizar contedos em podcast, o que viria a acontecer em Janeiro de 2006 com alguns programas da estao, tornando-se no pri-meiro meio de comunicao social portugus a faz-lo.

    A Media Capital Rdios, lder do sector da rdio em Portugal, afirmou-se tambm no online e, apesar de os projectos radiofnicos no seio do grupo no privilegiarem a informao jornalstica, aproveitou o Europeu de Futebol de sub-21 e o Mundial em 2006 para criar web-rdios dedicadas a esses eventos.

    As rdios de informao passam a investir fortemente nos seus sites a partir de 2006 oferecendo contedos, servios e procurando aproveitar as potencialidades do novo meio. A Internet entra definitivamente na estratgia das rdios de informao portugue-sas. O Rdio Clube Portugus, em 2007, aproveitando a reformulao da sua linha de programao na verso hertziana, lana em paralelo um novo site com mais contedos informativos. No caso da Renascena, com um novo posicionamento da estao desig-nado de Boa Onda da rdio, o site tambm renovado apresentando uma clara aposta nos contedos em vdeo.

    A Renascena investiu de forma evidente nos contedos jornalsticos disponibili-zados atravs da Internet. A emissora catlica criou um jornal em pdf, o Pgina UM, que, quando subscrito, recebido diariamente no mail dos utilizadores; foi a primeira rdio em Portugal a elaborar contedos jornalsticos com vdeo, em 2007, e vrias reportagens com o auxlio de infografias. tambm na Renascena que se encontra o melhor exemplo de uma redaco de rdio que procura combinar as suas dimenses hertziana e multimdia, visvel com a participao de vrios jornalistas em trabalhos conjuntos.

    Em 2006 e 2007, as principais rdios de informao aproveitam tambm para colo-car em prtica algumas experincias que, no entanto, no tiveram seguimento, como foi o caso da transmisso exclusivamente online de relatos de futebol no site da rdio pblica. A partir de 2009, e particularmente em 2010, as rdios de informao abrem--se finalmente a uma maior participao dos seus ouvintes nos contedos jornalsti-cos. TSF e Renascena passam a disponibilizar comentrios nas notcias, mas a grande aposta das rdios de informao virou-se de forma clara para as redes sociais. Antena 1

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    e TSF passaram a estar presentes no Facebook e no Twitter, colocando ali ligaes para as notcias disponveis no site. A Renascena, embora estando presente no Facebook, fez sobretudo uma aposta no Twitter.

    MetodologiaNo presente artigo pretende-se perceber qual a evoluo registada nos ltimos trs anos relativamente ao uso que as trs principais rdios de informao portuguesas fazem das potencialidades da Internet nas notcias que disponibilizam nos respectivos sites. O corpus da presente investigao constitudo pelas notcias disponibilizadas online nos sites da Renascena, TSF e Antena 1 em trs momentos especficos de cobertura noti-ciosa: Legislativas de 2009; visita de Bento XVI em 2010 e Presidenciais em 2011. A opo por estes temas prende-se com o facto de representarem eventos capazes de mobi-lizar a redaco para a sua cobertura com investimento ao nvel dos recursos humanos e materiais. Tm tambm a capacidade para modificar prticas e rotinas dos jornalis-tas. A escolha destas emissoras teve a ver com a circunstncia de, no caso portugus, serem as que fazem um maior investimento no campo da informao jornalstica. So, efectivamente, as maiores redaces da rdio portuguesa e aquelas que mobilizam mais recursos humanos e tcnicos para a cobertura de eventos de carcter informativo.

    O estudo, do tipo quantitativo, procurou identificar a frequncia com que as rdios utilizam nas notcias colocadas nos sites as ferramentas hipertextuais (ligaes internas e externas a partir das notcias), interactivas (possibilidade de comentar as notcias) e multimediticas (presena de vdeo ou som nas notcias). Com base nos dados apura-dos, procuraremos situar a evoluo do jornalismo que feito nos sites das emissoras de rdio portuguesas.

    As notcias nos sites da rdio: o estado da arteComearemos por nos deter no estudo realizado por uma equipa de investigadores do Observatrio da Comunicao (Amaral et al., 2006) no qual analisada a presena da rdio portuguesa na Internet. No que s rdios de informao diz respeito, o estudo refere que ainda no esto ao mesmo nvel dos seus referentes internacionais (BBC Radio ou Cadena Ser), antes de mais no que respeita interactividade entre a redaco e os utilizadores mas, e sobretudo, ao nvel do fomento da interactividade entre comu-nidades de utilizadores, assim como ao nvel da hipertextualidade e multimedialidade (Amaral et al., 2006: 36).

    O estudo faz referncia ao facto de, em 2006, Renascena e TSF online disponibili-zarem, sobretudo, o acesso gratuito a notcias actuais, curtas, utilizando um vocabul-rio simples e apresentadas sem a relao que a Internet possibilita ao nvel do enquadra-mento sob a forma de dossis, vdeos, som ou infografismo. Por outro lado, o mesmo estudo revela que existe uma complementaridade entre a rdio hertziana e os sites, ape-sar de haver alguma reproduo ao nvel da tematizao noticiosa, dos protagonistas e mbitos geogrficos predominantes (Amaral et al., 2006: 37).

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    Esta mesma concluso retirada de um outro trabalho de investigao sobre os sites das rdios portuguesas de informao (Bonixe, 2009). Ou seja, os stios online funcio-nam como uma plataforma complementar ao que emitido pela rdio hertziana, que continua a ser o centro da produo de uma redaco de rdio em Portugal. A anlise dos sites realizada em 2008 revelou que, no caso da Renascena, 97,36% das notcias colocadas no site j tinham sido escutadas na rdio, enquanto na TSF essa relao de 91,17%. Estes dados revelam a dependncia que os sites das rdios ainda tm das emisses tradicionais, pelo menos no que informao diz respeito.

    Relativamente ao aproveitamento das potencialidades da Internet, o mesmo estudo demonstrou que tanto Renascena como TSF fazem uso sobretudo do som nas notcias que colocam online e que a interactividade inexistente nos itens noticiosos disponibi-lizados nos sites. Ou seja, os assuntos que a rdio noticiou recebem na net um conjunto de elementos e recursos que enriquecem esses mesmos temas, proporcionando um olhar complementar ao da rdio. As notcias so as mesmas, o tratamento diferente (Bonixe, 2009: 378).

    O estudo de Isabel Reis (2010) conduz-nos a um outro patamar de anlise das not-cias sonoras na web. A autora analisou os sites de quatro rdios de informao em Portugal TSF, Antena1, Renascena e Rdio Clube e concluiu que ainda no h uma prtica de utilizao do hiper-udio, ou seja, a ligao atravs de links dos udios dispo-nveis nos stios online. Refere a autora: Os udios, por si s, no conduzem a outros udios, no estabelecem um fio condutor sonoro entre si, nem utilizam a expressividade da linguagem sonora (Reis, 2010: 16).

    Importa, pois, conhecer qual o uso que dado multimedialidade, hipertextuali-dade e interactividade, caractersticas elementares do ciberjornalismo (Deuze, 2001), ao longo de trs anos consecutivos nas notcias disponveis nos sites das trs principais rdios portuguesas de informao: TSF, Antena 1 e Renascena.

    HipertextualidadeAs notcias dos sites das rdios de informao portuguesas utilizam com frequn-cia o hipertexto. Essa uma realidade que se mantm estvel desde 2009 no caso da Renascena e com pequenas oscilaes no caso da TSF. No site da emissora catlica portuguesa, desde 2009 que todas as notcias tm hipertexto, valor que desce ligeira-mente na TSF, como se observa no Quadro I.

    Quadro I. Utilizao de hiperligaes nas notcias

    Perodo analisado / Site da rdio TSF Renascena Antena 1

    Legislativas 2009 95,45 100,00 0,00

    Visita de Bento XVI 2010 88,89 100,00 0,00

    Presidenciais 2011 93,55 100,00 0,00

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    Um olhar mais atento permite-nos verificar que a hipertextualidade utilizada nas notcias contituda sobretudo por ligaes que no esto embutidas nos textos. Em regra, esto colocadas ao lado ou no final das notcias. A esmagadora maioria das liga-es colocadas nas notcias remete para outras notcias relacionadas. Esse o cenrio encontrado na Renascena e na TSF. Ainda assim, uma pequena quantidade de notcias no site da Renascena inclui ligaes para documentos ou sites de jornais, ajudando a construir uma melhor compreenso do tema noticiado. Nos eventos que analismos na presente investigao, esse tipo de ligaes ocorreu sobretudo na cobertura da visita de Bento XVI a Portugal quando foram feitos links para o discurso completo do Papa ou para jornais estrangeiros que noticiavam a visita papal.

    No h, pois, ainda a tradio de os sites das rdios portuguesas utilizarem o hiper-texto como uma forma frequente de contextualizao da informao, remetendo, por exemplo, para outros udios (Reis, 2010) ou para sites externos (Deuze, 2001). No caso da Antena 1, as notcias encontradas no tm qualquer tipo de ligaes, pois trata-se dos sons j emitidos pela rdio e colocados num menu na pgina da rdio pblica.

    MultimedialidadeA presena de udio nas notcias dos sites da rdio permite-nos inferir sobre a depen-dncia do online relativamente emisso tradicional. Tal como j aqui referimos, o som o principal instrumento de trabalho dos jornalistas da rdio. em funo do som que os jornalistas que trabalham no meio radiofnico organizam a sua estrutura na redac-o e determinam as suas rotinas profissionais.

    O que tem sido comum, como tem sido assinalado noutros estudos j referidos neste artigo, a transferncia para o site dos contedos noticiosos j transmitidos na emisso tradicional. Esta prtica significa o aproveitamento do saber acumulado que o jornalismo radiofnico possui e, quanto a ns, no ser de estranhar que assim seja numa fase de transio como aquela em que nos encontramos. Essa transio implica a mudana de prticas e de rotinas, o que nem sempre sucede com a rapidez que se possa desejar; da o frequente recurso aos sons j emitidos na emisso hertziana.

    A presena do udio nas notcias , por isso, muito frequente nas notcias disponi-bilizadas nos sites das rdios de informao, como se pode ver atravs da leitura do Quadro II.

    Quadro II. Utilizao de udio nas notcias

    Perodo analisado / Site da rdio TSF Renascena Antena 1

    Legislativas 2009 98,86 65,69 100,00

    Visita de Bento XVI 2010 37,04 21,82 100,00

    Presidenciais 2011 83,87 70,64 100,00

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    Uma vez mais, o caso da Antena 1 especfico. Ou seja, uma vez que na pgina da Antena 1 apenas so disponibilizados os sons das notcias j emitidas na rdio, a dependncia da pgina online face produo da verso hertziana total. A TSF regista valores mais elevados de utilizao do som nas notcias que disponibiliza no site. No caso das coberturas noticiosas das campanhas eleitorais que analismos, a percentagem de utilizao ultrapassa os 80% no stio online da rdio informativa. Relativamente Renascena, os valores apresentados no so to elevados, mas demonstram a clara opo que ainda feita pelo recurso aos udios j emitidos nas notcias da rdio.

    Quanto utilizao do vdeo nas notcias (Quadro III), os valores apurados revelam a opo da Renascena pela introduo cada vez mais frequente deste tipo de ferra-menta nas suas notcias online. No caso da TSF, tambm de registar um aumento, ainda que ligeiro, da utilizao do vdeo nas peas jornalsticas colocadas em linha. A Antena 1 no apresentou quaisquer vdeos nas notcias colocadas online.

    Quadro III. Utilizao de vdeo nas notcias

    Perodo analisado / Site da rdio TSF Renascena Antena 1

    Legislativas 2009 1,14 31,39 0,00

    Visita de Bento XVI 2010 11,11 45,45 0,00

    Presidenciais 2011 12,90 33,94 0,00

    TSF e Renascena registam uma tendncia de crescimento na utilizao do vdeo se comparados os anos de 2009 e 2011. Outro dado que nos parece relevante que um menor uso de udio nas notcias coincide com um maior uso do vdeo. Um outro dado complementar apurado diz respeito ao facto de, s em casos pontuais, a mesma notcia apresentar em simultneo udio e vdeo.

    InteractividadeNa curta histria do jornalismo radiofnico portugus na Internet, a interactividade tem um percurso curioso. Efectivamente, tem sido apontada como uma das principais caractersticas da rdio enquanto meio de comunicao, mas na sua verso digital a interactividade s mais tarde comeou a fazer parte dos sites.

    At 2009, o comentrio aos itens noticiosos, as votaes ou os fruns, que so fer-ramentas frequentes nos sites jornalsticos, no estavam disponveis nas trs rdios que aqui analisamos. S em 2009 TSF e Renascena abriram espao para a participao dos utilizadores nos contedos informativos. A emissora catlica passou a permitir que os utilizadores deixassem comentrios nas notcias e a TSF abriu um espao no seu site para a participao no programa da rdio Frum TSF. A mesma rdio em 2010 abriu tambm espao para comentrios nas notcias disponveis no site. No caso do servio pblico de rdio, a Antena 1 no disponibiliza estas formas de participao dos utiliza-dores nas notcias que coloca na sua pgina. Isso s possvel nas notcias de desporto.

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    Relativamente ao estudo que aqui apresentamos, verificamos que a Renascena, ape-sar de disponibilizar espao para comentrios, no tem qualquer notcia comentada. Muito pelo contrrio, a TSF apresenta valores interessantes ao nvel do comentrio s suas notcias. Como se pode observar no Quadro IV, no primeiro ano de anlise no houve qualquer comentrio pois, como referimos, essa opo no estava disponvel. Nos anos seguintes, regista-se uma tendncia crescente: em 2010, 25,92% das notcias colocadas no site da TSF foram comentadas pelos utilizadores, em 2011 o valor subiu para 43,54%.

    Quadro IV. Presena de comentrios nas notcias

    Perodo analisado / Site da rdio TSF Renascena Antena 1

    Legislativas 2009 0,00 0,00 0,00

    Visita de Bento XVI 2010 25,93 0,00 0,00

    Presidenciais 2011 43,55 0,00 0,00

    Apesar disso, ainda estamos muito longe daquilo a que se poderia chamar de jorna-lismo conversacional (Gillmor, 2006) que representaria um espao no qual jornalistas e ouvintes comentariam/debateriam as notcias disponibilizadas. Efectivamente, as not-cias merecem comentrios, mas no h da parte da rdio qualquer resposta. Nos raros casos em que houve conversao, esta existiu entre os cibernautas que comentam os comentrios uns dos outros.

    ConclusoGlobalmente, desde 2009, os sites das trs principais rdios portuguesas de informao tm feito uso com maior frequncia nas suas notcias das principais potencialidades do ciberjornalismo. certo que TSF, Antena 1 e RR continuam a privilegiar aquela que tem sido a sua tradio expressiva, o som, mas, tal como verificmos, com excepo da emissora pblica, h cada vez mais uso do vdeo nas notcias, o que implica por si s um maior investimento por parte das empresas radiofnicas no sentido de se adequarem a uma linguagem multimdia.

    A interaco com os utilizadores um dado que tambm nos merece um sublinhado. Se em 2009, nenhuma rdio analisada disponibilizava a funcionalidade de comentrio nas notcias, ela passou a ser uma realidade no ano seguinte. H, no entanto, aqui nuan-ces que tero a ver com a prpria rdio e os seus utilizadores. Se, no caso da TSF, h cada vez mais notcias comentadas, no caso da Renascena, apesar de a funcionalidade existir, os utilizadores no fazem uso dela. De registar, a nosso ver pela negativa, que a rdio pblica no permita esta funcionalidade, que contribuiria para abrir o debate aos cidados, funo que nos parece condicente com as obrigaes de um servio pblico de rdio.

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    Relativamente hipertextualidade, de referir que se trata de uma funcionalidade j comum nas notcias dos sites das rdios TSF e Renascena, mantendo-se em nveis elevados de utilizao, particularmente no caso da emissora catlica cujas notcias tm invariavelmente ligaes. Ainda assim, falta passar para um nvel em que as notcias se relacionem com outras ligaes com o objectivo de melhor contextualizar os aconteci-mentos noticiados.

    Emerge ainda o caso da Antena 1, rdio de servio pblico, que, estando integrada no site da RTP, acaba por obscurecer algumas das suas funcionalidades. Ao apenas dis-ponibilizar no site os sons das notcias (ou a pea radiofnica na sua totalidade), abdica de um conjunto de outras potencialidades como seja a possibilidade de comentrio, de hiperligao, de uso do vdeo, etc.

    Numa fase de transio como aquela em que o jornalismo radiofnico se encontra, os valores registados, apesar de globalmente apresentarem uma tendncia de cresci-mento no uso de muitas ferramentas, demonstram que ainda preciso alterar rotinas e prticas que agilizem melhor esta realidade multiplataforma da rdio.

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