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14 O CBO e o ENSINO da OFTALMOLOGIA “A principal missão do CBO é contribuir para aprimorar o ensino da Oftalmologia no Brasil. Esta missão básica não entra em contradição com a promoção da saúde ocular da população e com a defesa das prerrogativas profissionais dos médicos oftalmologistas, mas ao contrário, é condição essencial para execução e para a unificação destes grandes objetivos num conjunto de ações que caracteriza a história da entidade e transcende a volatilidade das sucessivas conjunturas. Nos últimos anos, o rápido avanço técnico e científico da especialidade tornou esta realidade evidente e, por isto, intensificamos nossas ações no campo da difusão dos conhecimentos para os médicos oftalmologistas que estão em processo de formação e para os que já exercem a especialidade há mais tempo. ” Com estas palavras, o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Hamilton Moreira, explica a multiplicação dos esforços que entidade empreendeu nos últimos anos na realização de ações voltadas para o aprimoramento profissional. Tais ações se traduziram em modificações profundas nos congressos promovidos pelo CBO, no estreitamento da parceria com os cursos de especialização credenciados e com entidades e empresas do segmento, na edição da Série Oftalmologia Brasileira, na disponibilização de ferramentas de ensino pela internet e em outras iniciativas.

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O CBO e o ENSINO

da OFTALMOLOGIA

“A principal missão do CBO é contribuir para aprimorar o ensino da Oftalmologia no Brasil. Esta missão básicanão entra em contradição com a promoção da saúde ocular da população e com a defesa das prerrogativasprofissionais dos médicos oftalmologistas, mas ao contrário, é condição essencial para execução e para aunificação destes grandes objetivos num conjunto de ações que caracteriza a história da entidade e transcendea volatilidade das sucessivas conjunturas. Nos últimos anos, o rápido avanço técnico e científico daespecialidade tornou esta realidade evidente e, por isto, intensificamos nossas ações no campo da difusão dosconhecimentos para os médicos oftalmologistas que estão em processo de formação e para os que já exercema especialidade há mais tempo. ”Com estas palavras, o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Hamilton Moreira, explica amultiplicação dos esforços que entidade empreendeu nos últimos anos na realização de ações voltadas para oaprimoramento profissional. Tais ações se traduziram em modificações profundas nos congressos promovidospelo CBO, no estreitamento da parceria com os cursos de especialização credenciados e com entidades eempresas do segmento, na edição da Série Oftalmologia Brasileira, na disponibilização de ferramentas deensino pela internet e em outras iniciativas.

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Congressos

O XVIII CongressoBrasileiro de

Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual, realizado emFlorianópolis em setembro de 2008, foi o campo de umavasta experiência na forma de realizar os congressosmaiores da especialidade, com a priorização do ensino eda transmissão do conhecimento.“Isto não significa que os congressos anteriores do CBOnão houvesse a preocupação básica com a transmissão doconhecimento. Mas em Florianópolis conseguimos reunirtodas as condições favoráveis para obter mudançassignificativas, que foram aceitas e elogiadas pela esma-gadora maioria dos congressistas”, avalia WallaceChamon, 1º secretário do CBO e um dos incentivadoresdas transformações efetivadas. Entre as mudanças efe-tivadas, Chamon cita a redução substancial dos preçosdas inscrições, a criação do Dia Especial, a retomada dosCursos de Instrução propostos e organizados pela comu-nidade oftalmológica com o aval da Comissão Científicado CBO, o aumento do tempo médio dedicado às apre-sentações, a racionalização da programação científica emfunção dos pontos a serem abordados, a valorização dos

pôsteres e dos temas livres, a inserção dos temas relacio-nados com a prevenção da cegueira na programação dossimpósios e a abertura da possibilidade dos congressistassolicitarem a devolução dos valores pagos na inscriçãodos eventos. Declara que cada um desses itens, bemcomo seu conjunto, que quando listados parecem simplesenunciados burocráticos, provocaram intensas discussõesentre os integrantes da Diretoria, da Comissão Científicado CBO e da Comissão Executiva do Congresso. Segundoele, não foram poucos os que previram o fracasso finan-ceiro do evento, ou a explosão de inúmeras queixas depessoas que deixariam de dar aulas e palestras em vir-tude da redução do número de atividades e de suaracionalização. “Nada disto aconteceu. Em Florianópolis, tivemos umcongresso de prevenção da cegueira com 4.487 inscritos,número pouco inferior ao que costuma comparecer aoscongressos brasileiros de Oftalmologia. Os congressistassentiram-se valorizados e as faltas foram mínimas. Aapresentação de temas livres e a discussão dos pôsterescriaram uma nova sistemática de valorização da pesquisaoftalmológica. O congresso foi um sucesso, inclusive emtermos financeiros e, o mais importante, todos puderamaprender. Tivemos erros e fomos criticados? Lógico, masos acertos foram incomparávelmente maiores e aprovei-tamos os erros e as críticas para aprimorarmos mais aindao caráter educativo dos congressos, como se verá em BeloHorizonte, no XXXV Congresso Brasileiro deOftalmologia”, explica Chamon.

Série Oftalmologia Brasileira“A maior obra da especialidade escrita no Brasil, editadapela mais importante entidade da especialidade”. Esta é adefinição dada pelo presidente do CBO à SérieOftalmologia Brasileira, coleção de 16 volumes, num totalde 5.972 páginas, escritas por mais de 400 professores,lançada durante o XVIII Congresso Florianópolis e queapenas um ano depois já exige a reimpressão de tiragemextra, que será colocada à disposição dos oftalmologistasno Congresso de Belo Horizonte.O trabalho de elaboração da Série Oftalmologia Brasileirateve início ainda em 2006, durante a gestão de Harley E.A. Bicas na presidência do CBO. Naocasião, a intenção era fazer aatualização dos Manuais do CBO,que haviam sido lançados em 1998,na gestão de Geraldo Vicente de

Almeida. Entretanto, logo ficou evidente que o trabalhoteria que ultrapassar os limites da atualização. Passou-sea elaborar uma nova obra, que foi assumindo proporçõescada vez maiores. Dentro desta nova sistemática detrabalho, a Coordenação do trabalho dos autores decapítulos e editores dos diferentes volumes passou a serfeita pelo professor Milton Ruiz Alves. A SérieOftalmologia Brasileira é disponibilizada aos associadosdo CBO por preços subsidiados e o subsídio só foi possívelgraças à parceria preferencial estabelecida entre o CBO eas empresas Alcon, Allergan, Johnson & Johnson, Essilor

e Vistatek, parceria esta quetambém possibilitou a realização deinúmeras outras atividades nocampo do ensino e da defesa dasaúde ocular da população.

Como consequência dasmedidas para valorizaçãodos temas livres, o espaçoreservado aos pôsteres foium dos mais movimentados do Congresso

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Outros LivrosAlém da Série Oftalmologia Brasileira, o ConselhoBrasileiro de Oftalmologia patrocinou a edição de outrastrês obras relacionadas com a especialidade. A primeira delas foi “Cirurgia da Catarata: NecessidadeSocial”, de autoria de Newton Kara José, Harley E. A.Bicas e Regina de S. Carvalho, lançado em 2008 pela C&D- Editora e Gráfica Ltda. Neste livro, é contada a históriada popularização da cirurgia de catarata no sistemapúblico de saúde do Brasil e as oscilações e desafios queo País enfrenta para fornecer a todos os portadores epossibilidade de curaram-se através do SUS. O segundo livro patrocinado pelo CBO é “A RefratometriaOcular e a Arte da Prescrição Óptica”, coordenado porMilton Ruiz Alves, Mariza Aparecida Polati e Sidney Júliode Faria e Sousa que será lançado no XXXV CongressoBrasileiro de Oftalmologia, em Belo Horizonte. A obra traz

o levantamento completo do conhecimento consolidado naprescrição de lentes de grau e analisa as diferentessituações nas quais a atuação do médico oftalmologistaocorre para a realização deste ato (veja matéria na página34)Por fim, o CBO também lançará em Belo Horizonte o TemaOficial do Congresso, “Prevenção e Recuperação dasPerdas Visuais”, organizado por Newton Kara José eMaria de Lourdes Veronese Rodrigues. Este livro contoucom a participação de 80 colaboradores e, entre outrospontos, abordará o histórico da prevenção da cegueira noBrasil, causas da baixa visão e cegueira nas diferentesfaixas etárias, desenho de projetos comunitários, bancosde olhos, educação da população para a saúde visual eocular e o futuro da Oftalmologia.

Educação Continuada pela InternetA utilização dos meios dos meios mais modernos para aeducação continuada em Oftalmologia é tradição do CBO.Foi uma das primeiras entidades médicas a se utilizaremda televisão e de fitas de vídeo para ministrarem aulas deeducação médica continuada, a partir de 1998. Em 2006,lançou o Programa de Educação Continuada com CD’sdistribuídos aos médicos oftalmologistas. Com aconsolidação da internet como ferramenta educacional, oCBO passou a utilizar-se da rede mundial para levaratualização profissional a seus associados. O primeiro passo foi a remodelação completa da homepage da entidade, processo iniciado ainda no final de2007, assim que a nova diretoria assumiu. Foi criada árearestrita com acesso através de login e senha; instaladoformulário para cadastro de novos associados on-line emecanismos de atualização cadastral.Nesta área restrita, primeiramente foi instalada aplataforma para implantação do conteúdo do Programa deEducação Continuada - PEC - que estava distribuído em 14CD’s.

Posteriormente começaram a ser elaborados os programasdo E-Learning, que têm como característica principal ofato de serem elaborados sob a supervisão dos maioresespecialistas em cada matéria. Foram disponibilizados aosassociados do CBO seis módulos: Glaucoma; Retina;Refrativa e Catarata; Doenças Externas e Lentes deContato; Neuroftalmologia e Visão Subnormal;Administração em Oftalmologia.

A participação no PEC através da internet e/ou doPrograma E-Learning envolve aulas e resposta a testespara avaliar o aproveitamento e os resultados sãoutilizados para somar pontos ao Programa deRecertificação do Título de Especialista, instituído pelaAssociação Médica Brasileira (AMB) e oficializado peloConselho Federal de Medicina (CFM). A partir de fevereiro de 2009, o CBO colocou à disposiçãode seus associados uma nova e poderosa ferramenta on-line de educação continuada e atualização profissionalpermanente: The Ophthalmic News and Education

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Projeto Faco

Network - o Programa O.N.E., desenvolvido pela AcademiaAmericana de Oftalmologia e que graças a entendimentosmantidos entre as duas entidades pode ser disponibilizadoaos oftalmologistas brasileiros. Para tanto, o CBO realizouinvestimentos da ordem de US$ 10 mil. A integração doO.N.E. às ferramentas de ensino do CBO foi coordenadapor Caio Regatieri e Bruno Diniz.

O Programa O.N.E., que está em constante atualização,permite o acesso às mais importantes publicaçõesoftalmológicas do mundo, a trabalhos e pesquisas, artigosde atualização, notícias, cursos, vídeos, posdcasts,permite a recuperação rápida de informações relevantesexistentes na rede internacional de oftalmologia, permiteacesso a bibliotecas e contém ferramentas de auto-avaliação, entre outras inúmeras ferramentas e possíveisutilizações e acessos.“Sem qualquer exagero, a somatória dos programas deeducação continuada em oftalmologia disponibilizada nainternet pelo CBO representa o que de mais avançadoexiste na medicina do Brasil. Existem interfaces queinteressam em graus específicos, a todos osoftalmologistas, do estudante dos cursos deespecialização ao pesquisador. O crescente número deacessos que todos os programas vem apresentandomostra o sucesso das iniciativas do CBO”, declara opresidente Hamilton Moreira.

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O Projeto Faco foi lançado com o propósito de difundir oensino da facoemulsificação nos Cursos de Especializaçãoem Oftalmologia credenciados pelo CBO com a utilizaçãodas mais atuais técnicas didáticas e de equipamentosmodernos em meados de 2008. Foi fruto de negociaçõesentre o CBO e a Alcon Brasil, envolvendo inclusive o chefeexecutivo da Alcon Mundial, CaryRayment. A empresa comprometeu-se a ceder em regime de comodatoaparelhos de facoemulsificaçãoLegacy aos cursos credenciadosapontados pelo CBO. A cessão dos aparelhos, entretanto,significa a primeira fase doprograma. A difusão de modernastécnicas de ensino dafacoemulsificaçãorepresenta a face maisrenovadora do programa.Uma das condiçõesessenciais para aparticipação no projeto éque a instituição beneficiada se compromete a utilizar oaparelho obtido apenas para o ensino.No primeiro momento, o Programa contemplou sete cursoscredenciados: Universidade Federal da Bahia (BA),Hospital de Olhos do Paraná (PR, Universidade EstadualPaulista - UNESP - de Botucatu (SP), Faculdade de

Medicina de Marília - FAMEMA (SP), Centro de estudos ePesquisas Associados - CEPOA (RJ), Sociedadebeneficente Santa Casa de Campo grande (MS) eUniversidade de Santo Amaro - UNISA (SP). No total, 39alunos participaram de aulas e wet-labs para receberemas orientações relacionadas ao programa e transmiti-las

em suas respectivas instituições.Para a segunda fase, foramconvidados 13 Cursos deEspecialização em Oftalmologiacredenciados pelo CBO, que estãorealizando os últimos ajustesjurídicos e operacionais parapoderem participar do programa:Instituto de Oftalmologia deManaus (AM), Hospital Geral de

Fortaleza (CE), FundaçãoLeiria de Andrade (CE),Clínica de Olhos daSanta Casa de BeloHorizonte (MG),Fundação Altino Ventura

(PE), Instituto Benjamin Constant (RJ), Hospital dosServidores do Estado do Rio de Janeiro (RJ), Instituto deOftalmologia Prof. Ivo Corrêa-Meyer (RS), Escola Paulistade Medicina -UNIFESP (SP), Faculdade de Medicina deJundiaí (SP), Hospital Universitário UFRJ (RJ), CEROF -Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital das

As discussões iniciais para formatação do Projeto Faco: Amaury Guerrero(diretor presidente da Alcon), Paulo Augusto de Arruda Mello (coordenadorda Comissão de Ensino do CBO), Marcelo Montagnoli (então diretor daUnidade Cirúrgica da Alcon), Hamilton Moreira (presidente do CBO) eFernando D. Fernandes (diretor de relacionamento com o Cliente da Alcon)

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Comissão de Ensino

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Clínicas da UFGO (GO) e Universidade Estadual deLondrina - UEL (PR). Um curso especial, com wet-lab, está sendo organizadopara atender aos alunos dos cursos contemplados nestasegunda fase no XXXV Congresso Brasileiro deOftalmologia, em Belo Horizonte.O Projeto Faco tem a coordenação geral de Eduardo SoneSoriano, do Departamento de Catarata da UNIFESP. AComissão de Coordenação do programa também écomposta por Johathan Clive Lake e Gustavo RizziMalavazzi.De acordo com o coordenador da Comissão de Ensino doCBO, Paulo Augusto de Arruda Mello, o Projeto Faco estáprovocando a melhoria substancial do ensino das

modernas técnicas cirurgias nos cursos credenciados, oque se refletirá em futuro próximo na melhoria doatendimento dispensado à população.Considera também que a disponibilização de aparelhospara instituições que dificilmente teriam acesso aosmesmos em condições normais de mercado representa ummarco nas negociações entre o CBO e as empresas queoperam no segmento oftálmico.“Porém, o resultado maior é a difusão de novas técnicasde ensino e a perspectiva de uniformização doaprendizado neste importante ponto da Oftalmologia entretodos os cursos de especialização credenciados peloCBO”, concluiu Arruda Mello.

“As novas iniciativas tomadas pelo CBO nos últimos doisanos no campo do ensino da Oftalmologia não devem, deforma alguma, obscurecer o que a entidade faz hádécadas e que vem sendo constantemente aprimorado,com o apoio das sucessivas diretorias e de toda acomunidade oftalmológica. Temos que levar em conta quetudo faz parte de um grande conjunto no qual o grandeobjetivo é formar médicos oftalmologistas cada vezmelhor preparados em termos técnicos, científicos eéticos, que possam atender a população com a qualidadeque ela precisa e merece”, afirma o presidente do CBO,Hamilton Moreira.O credenciamento de cursos de especialização e amonitorização de seu funcionamento, a realização daProva Nacional de Oftalmologia, a concessão, em conjuntocom a Associação Médica Brasileira, do Título deEspecialista em Oftalmologia, a participação no Programa

de Recertificação de Atualização Profissional e a luta paraa constante valorização social desse documento sãooutros aspectos da ação permanente do CBO na melhoriado ensino da especialidade lembrados pelo presidente daentidade.De acordo com Moreira, a Comissão de Ensino é aespinha dorsal da ação do CBO. A elaboração e aplicaçãoda Prova Nacional de Oftalmologia a cada ano e apresença constante junto aos 52 Cursos de EspecializaçãoCredenciados são ações cotidianas que exigem aparticipação de dezenas de profissionais que, na maioriadas vezes, atuam anonimamente.A Prova Nacional de Oftalmologia já é copiada porassociações de países latino-americanos. É modelo delisura e preocupação com a medição dos conhecimentosdos candidatos. Sofreu uma longa evolução e atualmenteé dividida em duas fases. A primeira fase, feita em dois

Coordenadores e instrutores do Projeto Faco, num momento dedescontração: Daniel Moon Lee, Jonathan Clive Lake, Gustavo RizziMalavazzi, Eduardo Sone Soriano, Hamilton Moreira, Fábio Henrique C.Casanova e Maurício César de Mambeli Barros

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dias seguidos, é composta de três provas, duas delasteóricas e a última teórico-prática na qual o candidato temque responder as questões baseado em fotografias. Asegunda fase, prática, que é feita pelos candidatos queobtiveram nota suficiente nas provas da primeira fase, érealizada nas semanas seguintes nos serviços deatendimento de cursos de especialização credenciados,sob supervisão.De acordo com o coordenador da Comissão de Ensino,Paulo Augusto de Arruda Mello, a elaboração dasquestões das provas obedece a uma sistemática complexaque envolve profissionais contratados e professores deoftalmologia que trabalham voluntariamente. A aplicaçãoda prova, por sua vez, obedece a critérios rígidos paragarantir a absoluta lisura dos procedimentos.“Nossa intenção é medir, da melhor forma possível, oconhecimento dos candidatos para poder garantir que oTítulo de Especialista que eles recebem ao final doprocesso lhes dá o pleno direito de tratar da saúde ocularda população”, afirma Arruda Mello.A Prova Nacional de Oftalmologia é obrigatória para osalunos que concluíram um dos Cursos de Especializaçãoem Oftalmologia credenciados pelo CBO e aberta acandidatos originários das residências do MEC eindependentes, desde que cumpridas as formalidadesestabelecidas pela Associação Médica Brasileira. Asnotas obtidas no processo de medição do conhecimentosão computadas e os cursos credenciados cujos alunosobtiveram rendimento sofrível em duas provas seguidas éautomaticamente listado para a realização de uma vistoriada Comissão de Ensino do CBO.“Esta vistoria tem o propósito de avaliar objetivamente asdeficiências da instituição e apontá-las, para que elassejam sanadas, se necessário com a ajuda do CBO. Nossaintenção, sempre, é contribuir para o progresso do ensinoda especialidade em nosso País”, explica o coordenadorda Comissão de Ensino do CBO.

A Comissão de Ensino do CBO, quando solicitada, tambémparticipa de vistorias aos serviços da Comissão Nacionalde Residência Médica, estabelecendo uma ponte entre asduas instituições credenciadoras de ensino de pós-graduação médica que, talvez, seja o embrião de umfuturo processo de unificação dos emissores do Título deEspecialista em Oftalmologia.A mesma Comissão de Ensino ainda acompanha,juntamente com a AMB, o processo de pontuação para aRecertificação dos Títulos de Especialista emOftalmologia. Instituído em 2004 pela AMB e oficializadomais tarde pelo Conselho Federal de Medicina, o processoestipula uma contagem de pontos que, a cada cinco anos,permite ao portador recertificar seu título de especialista.Outra atividade desenvolvida pela Comissão de Ensino doCBO é a operacionalização do Programa paraCoordenadores de Cursos de Especialização emOftalmologia, do qual já foram realizadas duas edições, aprimeira no XXXV Congresso Brasileiro de Oftalmologia,de 2007, em Brasília e a segunda no XVIII CongressoBrasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual,em 2008, em Florianpopolis. Em 23 de agosto, dia anteriorao XXXV Congresso Brasileiro de Ofttalmologia, em BeloHorizonte, será realizado o III Programa paraCoordenadores de Cursos de Especialização emOftalmologia.As duas primeiras edições do Programa tiveram aparticipação decisiva do Conselho Internacional deOftalmologia, ao passo que o evento de Belo Horizonteserá, pela primeira vez, promovido integralmente peloCBO.O Programa tem o objetivo de atualizar os conhecimentosdos coordenadores de curso sobre as técnicas maisapropriadas para o ensino da especialidade, bem comopromover debates e a troca de experiências entrerepresentantes de todas as regiões do País.

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1. Aplicação de uma das etapas daProva Nacional de Oftalmologia2. Paulo Augusto de Arruda Mello,coordenador da Comissão de Ensino3. O II Programa para Coordenadores deCursos de Especialização em Oftalmolo-gia, realizado em Florianópolis, em 2008

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Arquivos Brasileiros de Oftalmologia

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A revista Arquivos Brasileiros de Oftalmologia (ABO)passou por expressiva reformulação interna com oobjetivo de aprimorar o processo de seleção e edição dasmatérias publicadas. O cargo de Editor Chefe continuou sendo ocupado porHarley E. A. Bicas. Foram nomeados três co-editores:Cristina Muccioli, Mauro Campos e Paulo E. CorrêaDantas. Também houve alterações na lista dos editores

associados e dos integrantes do Conselho Editorial.Na avaliação do Editor Chefe da publicação, “os A.B.O.prosseguem em seus enfretamentos de novos desafios,com o entendimento de que seja elemento refletor docrescimento contínuo de nossa oftalmologia e, ao mesmotempo, fator com que ela se consolida no conceitointernacional”. (Veja artigo de Harley Bicas na página 22)

Palavra do Presidente

“Ao longo de seus mais de 60 anos de existência, foraminúmeras as ações do CBO para melhorar o ensino daespecialidade. Hoje, continuando neste caminho, o CBO reafirma suaidentidade de entidade independente, mas ao mesmotempo participante e peça fundamental, do sistema deensino da Oftalmologia no Brasil. O avanço técnico e científico da Medicina em geral e daOftalmologia em particular tornou a Educação Continuadae o aprimoramento profissional cotidiano necessidades detodos os especialistas. Abrir possibilidades para que todosos oftalmologistas, de qualquer ponto deste paíscontinente, seja qual for sua disponibilidade financeira,possa atualizar-se, aprimorar-se e estar ao par do

progresso da ciência que ele pratica em sua clínica, é umamissão da qual o CBO jamais se furtou e na qual vemcolecionando vitórias e conquistas, que orgulham a todosos oftalmologistas brasileiros. Nem sempre tal trabalho é reconhecido em sua plenitude,sendo por vezes até criticado. Masminha avaliação é que contribuircom o ensino da especialidade écontribuir, decisivamente, para amelhoria da saúde ocular dapopulação e, mais decisivamenteainda, para a defesa dasprerrogativas profissionais detodos os médicos oftalmologistas.”

Hamilton MoreiraPresidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

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A importância dos Arquivos

Brasileiros de Oftalmologia

(*) Harley Edison Amaral Bicas

ublicações em revistas científicasconstituem o critério mais comumenteusado por Universidades e agênciasde fomento a pesquisas brasileiraspara aquilatar o valor acadêmico deum cientista, ao revelar a quantidadee o impacto de sua produção. Emboraesse aspecto (o das publicações) sejaapenas um entre os dos múltiplosmodelos com que as Universidadesdevam se mostrar à nação, o que levaa discussões sobre a conveniência daexacerbação de tal conceito relati-vamente ao papel dos demais, éinegável a importância dele. De fato,o número e a qualidade das publica-ções científicas brasileiras têm cres-cido de modo acelerado e, proporcio-nalmente, mais do que na maioria deoutros países, o que vem sendoatribuído à adoção dessa política,embora ela não seja apenas nossa. Dequalquer modo, dela resulta o célebreaforisma “publish or perish”, cujosignificado é o de que a inserção e aeventual progressão numa carreiraacadêmica passam a ser dirigidas emedidas por publicações. Daí anecessidade e o prestígio das revistas

científicas, veículos pelos quais seescoa essa produção. Mas, como as pessoas, revistascientíficas são também avaliadas.Basicamente, há dois critérios paraserem assim diferenciadas. Um éinformal, subjetivo, formulado porleitores, se e quando tiverem que emi-tir opiniões sobre a revista e quedependeria do tipo de informaçõesaproveitadas e por ela trazidas.Raramente são feitos levantamentosdesse tipo. A outra medição é aformal, acadêmica; vários itens sãoentão valorizados, desde a perio-dicidade e a regularidade da publi-cação, aos cuidados com a seleçãoqualitativa dos artigos recebidos e,principalmente, por índices numéricosde biblioteconomia, entre os quais sesobressai o do chamado “fator deimpacto” (a relação entre o número decitações de artigos da revista e onúmero deles por ela publicado, numdeterminado período).

Publicações de melhorqualidade e tradição e, emdecorrência, as com maiorvisibilidade (por sua vez

dependente de agências que asreconhecem e difundem, as basesde dados, “indexadoras”), obtémos melhores conceitos e fatoresde impacto, consolidando seuprestígio, o que, desse modo,

fecha um círculo reverberante ao

atrair os melhores artigos.

Os níveis de reconhecimento

A forma mais simples dereconhecimento de uma revistacientífica é a dos autores, que enviammatérias para publicação. A deassinaturas, ou vendas de exemplares,representaria a demanda de leitores,mas esse controle nem sempre é fácil,pois a tiragem de exemplares não édiretamente ligado a essa procura. Nocaso dos A.B.O., por exemplo, adistribuição é feita aos membros doC.B.O., automaticamente. A quantidade e qualidade deencaminhamentos propicia seleçõesde conteúdos, justificando que re-vistas que tenham alcançado essenível sejam catalogadas por agências,servidoras como “bases de dados”referenciais, “indexadoras” da produ-ção científica e que aumentam a pro-pagação (visibilidade) de um artigo esua revista. Essas agências sãotambém valorizadas pela maior, oumenor, dificuldade com que outorgama integração de revistas às suas listas.LILACS e Latindex (Periodica) são asque há mais tempo reconhecem osA.B.O. Há poucos anos, veio o da(também relativamente nova, mas jámuito respeitada no Brasil e naAmérica Latina) SciELO (ScientificElectronic Library On-Line). Contudo,sem dúvidas, os prestígios dasindexações pela EMBASE (Elsevier) e,principalmente, pela MEDLINE/PubMed são os que mais distinguiram

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os A.B.O., elevando a revista a umpatamar só por ela alcançado, entretodas as de Oftalmologia da AméricaLatina. O elo que faltava parapreencher os requerimentos sobre aqualidade de uma revista científica, amedição de seus fatores de impacto,veio a ser dada pela Scopus.A progressão, entretanto, não temfim: sempre interessará o aumentodos fatores de impacto, quaisquer queeles sejam e a melhoria dasclassificações daí advindas.

O funcionamento da revista

Na quebra desse paradigma e para aascensão a mais altos níveis dereconhecimento, a revista deveaprimorar os padrões de análise dasmatérias que lhe são enviadas,selecionando-as com eficiência erapidez. Encaminhamentos dependemde autores; julgamentos, com pres-teza, de um corpo de analistas de mui-to boa qualidade. No processo deanálise, além da assunção decompromissos preliminares peloautor, como o de exclusividade (nãosão aceitos encaminhamentos simul-tâneos a duas ou mais revistas), o deineditismo, o do envio de “certifi-cação” sobre a ética do trabalho(aprovação por comitê da instituição),observa-se a adequação do conteúdo(uma revista de Oftalmologia não é oveículo apropriado para um excelenteartigo de Bioquímica), a originalidadedo assunto, a importância, direta ouindireta, do objetivo e da proposta deestudo, o embasamento bibliográfico,

o delineamento da investigação(constituição dos grupos, número deobservações, métodos e instrumentosutilizados, etc.), o tratamento dasinformações obtidas e suas análisescríticas, enfim, toda a estrutura dotrabalho, além de aspectos formais,como o de adequação de linguagens(redação, unidades de medidas, recur-sos expositivos, como tabelas, gráfi-cos ou figuras). As análises são feitasmantendo-se o sigilo sobre as partes(as identidades dos autores sãodesconhecidas pelo julgadores e vice-versa). Raramente um trabalho é tãoperfeito que não mereça qualquersugestão de melhora por quem o lêcriticamente. As sugestões deaprimoramento são então comunica-das aos autores que podem, ou não,aceitá-las, reiniciando-se o ciclo deavaliação, agora, obviamente,circunscrita a alguns pontos. Aintermediação entre os autores e osanalistas (Conselheiros Editoriais) éfeita pelos Editores, aos quais cabemas decisões sobre se o trabalho deve,ou não, ser aceito para a publicação.Em certos casos as mudançasnecessárias são tantas e de tal ordemque se recomenda aos autores aeventual reapresentação do trabalhoem nova oportunidade. Uma vez aprovado, o trabalho aindapassa por revisões “técnicas”, porequipes especializadas, sobre aredação, a adequação das referênciasbibliográficas (as conceituais jádevem ter sido objeto de atenção peloanalista de conteúdo), a diagramaçãode recursos expositivos, etc.

Os balanços da revista

Para quem ainda não sabe, apublicação dos Arquivos Brasileirosde Oftalmologia não remunera osautores dos trabalhos, nem osanalistas editoriais, nem os editores.Apenas os profissionais das áreastécnicas e de apoio (secretaria darevista) recebem por suas atividades.Mas com uma tiragem grande (setemil, ou mais, exemplares),

principalmente pela distribuição aosmembros do C.B.O., as despesas comimpressão e distribuição superam oque é arrecadado de anunciantes. Masé um grave erro interpretar-se que, porisso, a revista seja “deficitária”. Emprimeiro lugar, porque os seus custossão contra-partidas do que o C.B.O.oferece aos filiados e, pois, a decisãode não se aumentar anuidades paracobrir essa diferença é política defavorecimento do C.B.O. a essesmembros.

O incentivo à leiturade temas científicos

e a melhor formação dos oftalmologistas

brasileiros é objetivoinerente ao C.B.O.

Em segundo lugar, por que essescustos, ainda que financeiros, devemser encarados como econômicos,como investimentos na Oftalmologiade nosso país, como quando umafamília apóia os estudos de um filho,fora de casa. Aliás, nesse pontotemos, mesmo, muito do que nosorgulhar: por conseguir manter,ininterruptamente, por já mais desetenta anos (uma idade respeitável,mesmo para uma revista), umapublicação científica em áreacircunscrita (apenas Oftalmologia) etão altamente reconhecida noconcerto internacional. Fruto do laborde nossos autores e selecionadores,da infra-estrutura oferecida para essedesenvolvimento e do decidido apoiode toda a comunidade, por meio doC.B.O.

O modo de apresentação da revista

Entre as questões que me fazem sobreos A.B.O. há duas aparentementeantagônicas, mas complementares.“Por que se publica em inglês?”, oque, para uma revista “brasileira”,parece um desrespeito às nossasraízes e uma contradição aos seusfundamentos. Por outro lado, “Por quenão se publica só em inglês?”, o que

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favoreceria a difusão internacional doconteúdo da revista, já que o inglês éa linguagem da ciência e dacomunicação. Na verdade, não devecaber a uma só cabeça, a do Editor-Chefe, uma decisão dessa magnitude,mas ao Conselho Administrativo darevista. Mas, pessoalmente, acho quenossa revista tem, sim, objetivos defavorecer, tanto quanto possível, adifusão internacional de seus artigos(aliás, todos com, pelo menos, oresumo estruturado em inglês) e daraos seus autores essa oportunidade.Afinal, é uma revista de ciência. Mas,além de sua distribuição eletrônica,sem fronteiras, ela é direcionadaespecificamente a membros do

C.B.O., brasileiros, muitos dos quaisapresentam dificuldades para aleitura em inglês. Para esses, leitores,deve-se respeitar o direito de suasorigens e a possibilidade de queusufruam da revista em outra de suasvertentes: afinal ela é uma revista deensino.

As finalidades da revista

Em suma, a revista também seincumbe de aprimorar aspectospedagógicos sobre a ciênciaoftalmológica, não só oferecendonovos conhecimentos à comunidade(a “ciência”, propriamente dita), masreforçando e ampliando os já antes

difundidos. Embora os “Relatos decasos” e muitos dos “Artigosoriginais” possam ser enquadradoscomo possuindo essa dupla face, ostextos de “Atualização continuada”são os que, como o nome indica,devem representar a principal fontede recapitulação abrangente e críticade um determinado assunto,revisando-o de modo sucinto e claro.O que, aliás, não é fácil.

(*) Harley Edison Amaral Bicas, éeditor da revista Arquivos Brasileirosde Oftalmologia, ex-presidente doCBO e integrante do Conselho deDiretrizes e Gestão da entidade•

O CBO e o ENSINO da OFTALMOLOGIA

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