JT 5 Fevereiro 2010

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GIANNI CIACCIA Gastão Elias afina dentes e despede treinador No Jamor, Portugal está condenado a vencer hoje a Roménia (pouco provável) ou o playoff de amanhã (país a definir) para evitar a descida de divisão. Estagnação de Mi- chelle Larcher de Brito preocupa adeptos e abre questões sobre futuro ao mais alto nível. Portugal com tarefa complicada na Fed Cup A origem dos problemas físicos de Gastão Elias estava na sua dentadura! Foi detetado um desequilíbrio e fizeram-se as afinações exigidas para evitar as lesões colaterais que vinham afetando o jovem da Lourinhã, que já não é treinado por Rodrigo Nascimento. FERNANDO CORREIA PRÓXIMA EDIÇÃO 19 fevereiro 16Grand Slams! DMÁRIO GOUVEIA Novaproeza deFederermexe com bilheteira doEstoril Open Este número do Jornal do Ténis/Record faz parte integrante do n.º 11.258 de 5 de fevereiro de 2010 e não pode ser vendido separadamente 16Grand Slams! Novaproeza deFederermexe com bilheteira doEstoril Open

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Portugalcomtarefa complicadanaFedCup GastãoEliasafinadentes edespedetreinador PRÓXIMA EDIÇÃO 19 fevereiro No Jamor, Portugal está condenado a vencer hoje a Roménia (pouco provável) ou o playoff de amanhã (país a definir) para evitar a descida de divisão. Estagnação de Mi- chelle Larcher de Brito preocupa adeptos e abre questões sobre futuro ao mais alto nível. FERNAN DO CORREIA DMÁRIO GOUVEIA GIAN N I CIACCIA

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No Jamor, Portugal estácondenado avencerhoje aRoménia (pouco provável) ou oplayoffde amanhã(país adefinir) paraevitaradescidade divisão. Estagnação de Mi-chelle Larcherde Brito preocupaadeptos eabre questões sobre futuro ao mais alto nível.

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Aorigem dos problemas físicos de GastãoElias estavanasuadentadura! Foi detetadoum desequilíbrio e fizeram-se as afinaçõesexigidas paraevitaras lesões colaterais quevinham afetando o jovem daLourinhã, que jánão é treinado porRodrigo Nascimento.

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02 Sexta-feira, 5 de fevereirode2010

TÉNISNATV

Força,Portugal!

Match-point JOÃO LAGOS

CORAÇÃO. Há momentosque definem um jogador euma carreira. Apesar de der-rotado por Roger Federer, omomento de Andy Murrayterá surgido na cerimónia daentrega de prémios após umafinal do Open da Austráliaque lhe correu particularmen-te mal: mesmo sendo um ra-paz normalmente distante ede discurso frio, o escocêsreagiu de maneira brilhante a

um momento de grandeemotividade ao dizer “possochorar como o Roger, lamen-to é que não consiga jogarcomo ele” – numa espirituo-sa alusão às lágrimas do suí-ço após a derrota na final doano anterior diante de RafaelNadal. Num caso como nou-tro, a comoção não surgiu de-vido à derrota (como errada-mente se disse): foi de penapor não corresponder às ele-

vadas expectativas dos adep-tos e compatriotas. Afinal, onovoBraveheart tambémtemum coração sensível – talcomo Roger Federer, que jáchorou na vitória (Wimble-don em 2003, Open da Aus-trália em 2006, Roland Gar-ros em 2009) e na derrota(Open da Austrália 2009):nunca antes se viu um cam-peãosimultaneamente tão im-placável e tão humano... �

LIVREARBÍTRIO

MIGUELSEABRA Nota: a programação é fornecida pelos respetivos canais, pelo que quaisquer alte-

rações de última hora são da inteira responsabilidade dos emissores.

Director: João Lagos. Director adjunto: Rui Oliveira. Editores: Miguel Seabra (JT) e Luís Milhano (Record). Redacção: Manuel Perez, Pedro Carvalho, John Gonçalves eCarlos Figueiredo. Fotografia: Fernando Correia (editor JT), José Lorvão (editor Record), Mário Gouveia e Gianni Ciaccia. Departamento Gráfico Record: Eduardo de Sousa(director de arte), João Henrique, José Fonseca e Pedro Almeida (coordenadores gráficos), Cristiano Aguilar (editor Infografia) e Nuno Ferreira (coordenador digitalização).Redacção e Publicidade: Rua da Barruncheira, 6, 2790-034 Carnaxide Telefone: +351 21 303 49 00. Fax: +351 21 303 49 30. E-mail: [email protected]

Todas as atenções dos amantesportugueses da modalidade estãoneste momento voltadas para aNave de cortes cobertos do Jamor,

que pela primeira vez anfitria uma im-portante competição internacional – aFederation Cup, agora designada porFed Cup. Quando foi inaugurada, emdezembro de 2008, enalteceram-se assuas qualidades como Centro de AltoRendimento do ténis, uma infraestrutu-ra tão necessária à formação de jogado-res e ao salto competitivo que tanto seanseia para a modalidade em Portugal.Não se vislumbrava então que, sobretu-do tão cedo, pudesse essa estrutura afir-mar a sua polivalência, ao anfitriar umacompetição deste gabarito.

Com o improviso e criatividade quenos caracteriza, montaram-se bancadas,camarotes, zonas privadas de apoio àscomitivas nacionais… oferecendo à Se-leção portuguesa condições ideais parapoder jogar “em casa” e, assim, melhordefender a manutenção neste Grupo Ida zona Euro-Africana.

Mas se a evolução da seleção nacionalna prova constitui, naturalmente, o prin-cipal ponto de interesse atento ao objeti-

vo de manutenção neste muito competi-tivo escalão ao qual conseguiu regressarem 2009, o elevado nível das seleções pre-sentes e mediatismo de algumas jogado-ras – onde sobressaem nomes como aatual número 3 do Mundo, CarolineWozniacki, e a sexta jogadora do ranking,Victoria Azarenka, para além de ShaharPeer, Patty Schnyder, a ex-campeã do Es-toril Open, Katarina Srebotnik, ou outrasjogadoras de créditos firmados no circui-to feminino – faz desta competição umaexcelente jornada de propaganda da mo-dalidade. Quem se deslocou ao Jamorpara acompanhar as jornadas iniciais jápôde assistir a ténis de elevado nível, numambiente muito especial de fervor patrió-tico que sempre caracteriza as competi-ções entre seleções, onde a estratégia deequipa e intervenção em campo do sele-cionador constituem aliciantes extras.

É, pois, louvável a iniciativa e esforçoda Federação Portuguesa de Ténis e Se-cretaria de Estado do Desporto / IDP portrazerem ao Jamor esta etapa da Fed Cup,uma prova que já tínhamos organizadoem Portugal em 2003, nessa altura emcondições um pouco diferentes das atuais.Portugal disputava, então, o Grupo II, que

iria realizar-se na Turquia, em simultâneocom o Grupo I. Inesperadamente, umaconjuntura de conflitos naquela zona di-tou o cancelamento da prova e o apelolançado pela Federação Internacional deTénis para que, num espaço de somente15 dias – repito, 15 dias! – organizásse-mos em Portugal ambas as poules. Anos-sa seleção era então composta por Neu-za, Frederica e Ana Catarina, capitanea-das por José Nunes. No Grupo I evoluíamjogadoras do top 20 como Schnyder(13.ª), Maleeva (14.ª) e Coetzer (16.ª)...

Apesar de estarmos em plena semanado Estoril Open, dissemos SIM. Pude-mos então, sozinhos, socorrer a ITF nes-se momento de aflição e oferecer à FedCup o conforto de algumas estruturasdo Estoril Open, conquistando assimmais algum “crédito” e simpatia paraPortugal e a sua Federação. Pena é que,nos momentos em que nós próprios so-fremos na pele situações de cancelamen-to de eventos “Premium” por motivos deforça maior, para o que, aliás, parece quetemos uma infeliz inclinação (WCT desurf após o 11 de Setembro, Dakar2008) não nos acuda de tamanha catás-trofe um qualquer outro São Lagos! �

EUROSPORT 19/02 13h-18h WTA Tour Paris – 2.º Dia10/02 11h30-15h45 WTA Tour Paris – 3.º Dia

21h45-23h WTA Tour Paris – 3.º Dia11/02 13h-17h45 WTA Tour Paris – 1/8 final

18h20-20h15 WTA Tour Paris – 1/8 final12/02 12h-15h45 WTA Tour Paris – ¼ finalEUROSPORT 213/02 12h30-14h30 WTA Tour Paris – ½ finais14/02 17h15-18h30 WTA Tour Paris – final

11/02 10h-13h30 ATP World Tour 500 Roterdão13h30-14h World of Tennis Magazine

8/02 23h-0h30 Fed Cup Sérvia vs. Rússia:Encontro decisivo

9/02 23h30-0h30 Fed Cup:Resumo 1.ª Eliminatória

10/02 0h30-1h World of Tennis Magazine11/02 18h30-22h ATP World Tour 500 Roterdão

0h10-2h ATP World Tour 500 RoterdãoMelhor encontro do dia

12/02 11h30-15h10 ATP World Tour 500 Roterdão22h30-1h40 ATP World Tour 500 Roterdão

13/02 13h-15h ATP World Tour 500 Roterdão1.ª Meia-final

21h-22h50 ATP World Tour 500 Roterdão2.ª Meia-final

14/02 15h30-17h30 ATP World Tour 500 Roterdão– Final

6/02 15h-16h30 Fed Cup Sérvia vs. Rússia:1.º Dia

21h40-23h10 Fed Cup Sérvia vs. Rússia:1.º Dia

7/02 13h-18h Fed Cup Sérvia vs. Rússia:2.º Dia

13/02 19h20-20h20 Fed Cup: Resumo1.ª Eliminatória

14/02 11h40-12h40 Fed Cup: Resumo1.ª Eliminatória

DRRE

CORD

EPA/

LUSA

PARIS. Eurosport:quem sucederá

a Mauresmo?

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03Sexta-feira, 5 de fevereirode2010

MANUEL PEREZ

� Faminto de competição após pro-longada ausência do circuito mundial,desde julho do ano passado, será de“dentes afiados” que Gastão Elias iráregressar à atividade, dentro de 11dias, num Future de 15 mil dólares,no Texas – e a referência aos dentesnão surge por mero acaso. Após tersido observado por vários médicos,quer nos Estados Unidos (onde resi-de e treina-se na IMG/Bollettieri Aca-demy) quer no Brasil, foi em Portu-gal que o rapaz da Lourinhã encon-trou a cura para a lesão que o ator-

mentava nas costas. Tal como já se ti-nha verificado, em outubro passado,com Magali de Lattre, o selecionadornacional, Pedro Cordeiro, aconselhouPepê a ser visto por Nélson Puga, res-ponsável clínico do FC Porto. E ao fa-zero mesmo teste de Magali, que con-siste em colocar uma “folha” na bocae ranger os dentes, foi-lhe detetada aorigem do problema!

Da consulta no Porto, foi encami-nhado para Pombal e passou a estarnas mãos de um dentista especiali-zado em oclusão de postura, HélderMonteiro, que já teve alguns pacien-tes famosos do mundo do desporto,em particular do futebol, como Cris-tiano Ronaldo, José Bosingwa ou Ri-cardo Quaresma. Efetuado o primei-ro diagnóstico, em meados de de-zembro, Gastão Elias ficou a saberque ter uma boca desequilibradaprovoca um rendimento desequili-brado e dá origem ao mais variadotipo de lesões colaterais.

Chicotada.O jovem tenista teve deretirar os dentes do siso e passou ausar uma goteira oclusal. Deixou desentir dores na região do pescoço,bem como nas costelas e músculosadjacentes. Voltou também a treinar-se sem limitações e, no início desta se-mana, colocou um ponto final na li-

gação de quase um ano com o treina-dor brasileiro Rodrigo Nascimento.Este, recorde-se, tinha surgido na car-reira de Gastão após a rutura com oequatoriano Ricardo Ycaza, depoisde terem trabalhado juntos entre ja-neiro de 2008 e fevereiro de 2009.

Tendo completado 19 anos em no-vembro,oatual771.ºdo rankingATPeex-número6mundialde juniores re-gressou aos EUAnapassada terça-fei-ra. Como já ultrapassou a idade limi-te para continuarno dormitório da fa-mosa academia de Bradenton, na Flo-

rida, passará a ficaralojado na casa deuma família amiga do seu empresáriono âmbito da IMG, Ben Crandell,num condomínio nos terrenos dessafábrica de campeões. Ainda sem co-nhecer o nome do futuro treinador, oantigocampeão juvenilportuguês seráorientado pelo dominicano RodrigoVallejo, elemento do staff técnico da“Bollettieri”. Espera-se que possa re-cuperar rapidamente o tempo perdi-doeoseunívelde jogo–fazmuita fal-ta ao ténis português. �

PortuguesesnoCircuito

DIVÓRCIO.Associação com

técnico brasileiroRodrigo Nascimento

durou menosde um ano

APÓSMEIOANOINATIVOFOI “SALVO”PORMÉDICOSQUEDESCOBRIRAMAORIGEMDASLESÕESEDESPEDIUTREINADOR

Gastãoestádevolta!

ClínicodoFCPortodescobriuquealesão

nascostastinhaorigemnosdentes!

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Michellenopódio� Apesar de ter completado 17anos há uma semana, MichelleLarcher de Brito saltou para o ter-ceiro lugar da tabela das jogado-ras menores de 18 anos que figu-ram no ranking do WTA Tour.

A portuguesa, radicada nos Es-tados Unidos,ocupava a quin-ta posição, tendobeneficiado dasaída de duas jo-gadoras que es-tavam à suafrente e comple-taram 19 anosneste início de época; agora, sóestá atrás de duas tenistas que,ainda no decurso deste ano, irãocompletar 19 anos – a russaPavlyuchenkova (39.ª mundial) ea americana Oudin (53.ª) –, o quesignifica ter tudo a seu favor parase tornar na melhor jovem de umranking WTA em que ocupa a116.ª posição. Após a Fed Cup,tem agendada a presença em qua-tro torneios no continente ameri-cano: Memphis, Monterrey (Mé-xico), Indian Wells e Miami. �

� Já se sabia que fevereiro iria cons-tituir para Frederico Gil um dosmaiores desafios da sua carreira. Foiem duas semanas deste mesmo mês,no ano passado, que logrou os me-lhores desempenhos de sempre emeventos do ATP World Tour, ao atin-gir as meias-finais em Joanesburgo ena Costa do Sauípe. Arrecadou umtotal de 180 pontos, descontados nasua “conta” nas duas próximas se-gundas-feiras (dias 8 e 15). Atenden-do ao facto de não ter competido

esta semana, não defendeu os 90pontos da primeira meia-final e vaicair da 70.ª para perto da 84.ª posi-ção. Antes de ver desapareceremmais 90 pontos, tem a possibilidadede os “controlar”, na próxima sema-na, no regresso ao Open do Brasil.Só uma nova presença na penúltimaronda do torneio lhe garante a con-tinuidade no top 100, podendo, ain-da que de modo remoto, surgir no99.º ou no 100.º lugar, se ficar pelosquartos-de-final – a tarefa não se afi-

gura nada fácil. Entretanto, come-morou, na passada segunda-feira,um total de 50 semanas no top 100,algo nunca antes conseguido porqualquer outro tenista português.

Depois da Costa do Sauípe, Frede-rico Gil tem entrada direta em Bue-nos Aires, Acapulco e Indian Wells.Entre estes dois últimos torneios, noprimeiro fim-de-semana de março, es-tará na Maia em representação da Se-leção Nacional, na eliminatória daTaça Davis diante da Dinamarca. �

NÚMERO1PORTUGUÊSDEFENDEMANUTENÇÃONOLOTEDOS100PRIMEIROS

OmaiordesafiodeFredericoGil

Para a semana: Open do Brasil

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04 Sexta-feiDaAustráliaaoJamor

ROGERFEDERERREFORÇOUESTATUTODEIMORTALEMMELBOURNEPARKCOMPARTICIPAÇÃONOESTORILOPENÀVISTA

�Habituado a viver entre mulheres,agora ainda mais com as duas filhasgémeas a caminho do sétimo mês devida, dificilmente Roger Federer estra-nhará aquilo que o espera no contínuoreescrever dos recordes do ténis.

Cruzados todos os limites no seiodos seus pares masculinos, com par-ticular destaque para a regular con-quista de títulos do Grand Slam –ago-

ra 16 desde julho de2003 –, o campeão suí-ço descolou do aero-porto de Melbourne às20 horas da última se-gunda-feira com novoobjetivo de carreira:igualar ou ultrapassar

os grandes feitos femininos, tendocomo primeiro desígnio os 18 títulosdo Grand Slam ganhos por MartinaNavratilova e Chris Evert, rumo aos24 de Margaret Smith Court.

Novidades. Na 43.ªpresença num dosquatro torneios maiores, Roger Fede-rer surgiu uma vez mais como favori-to, apesar da elevada qualidade atual-mente patente no top 10. Finalista emtodos os Slams de 2009 – arrecadan-do mais dois títulos grandes que lhepermitiram enterrar o “fantasma” de

Roland Garros e “apagar” o recordede Pete Sampras em Wimbledon –, onúmero 1 mundial entrou em 2010sem qualquer pressão excessiva.

No campo dos “detalhes”, estreouuma nova raqueta – em tudo seme-lhante à anterior (fora as cores), masanunciada ao grande público comcomponentes vulcânicas para melho-res desempenhos. Todavia, foi no seujogo, já de si considerado como ro-çando a perfeição técnica, que ressal-tou um dado novo. Em 2008, quan-do perdeu para Federer nos quartos-de-final do Estoril Open, FredericoGil ficou impressionado ao ver o ad-versário em todo o lado. “A formacomo cobre todo o campo é incrível.Pode não parecer, mas o seu jogo depés é simplesmente fabuloso e issopermite-lhe fazer a diferença”, desta-cou na altura o sintrense, precisa-mente numa temporada em que ohelvético até vinha exibindo-se bemabaixo do seu melhor devido a umadebilitante mononucleose.

Perfeição. Volvido cerca de ano emeio – e com o regresso a Portugalmarcado para a 21.ª edição do torneioportuguês (1 a 9 de maio) – Federersurgiu em Melbourne Parkainda maisveloz, depois de uma pré-temporadano Dubai na qual confessou ter traba-lhado mais do que nunca a componen-

te física. Com isso, conseguiu ganharuns microssegundos extras, traduzidosnuma maiorantecipação das suas pan-cadas – as quais se tornam ainda maisdemolidoras, com especial destaquepara a velocidade gerada na execuçãotécnica de direita, mas também comreflexo na esquerda e demais opçõesdo seu vasto arsenal.

“Definitivamente, senti claramenteter sempre um segundo extra parapensar em como iria jogar ou o queiria fazer com a bola. Acabei por ter

sempre uma segunda opção na maio-ria das jogadas”, explicou aos jornalis-tas após o corretivo aplicado a Jo-Wil-fried Tsonga nas meias-finais e antesde repetir a mesma receita diante deAndy Murray na final.

Treinador.Há muito que se fala queRoger Federer necessita de um trei-nador a tempo inteiro. Mas precisa-rá mesmo? Taticamente o trabalhode casa na preparação para a finalcom Andy Murray foi feito com o

fiel amigo Severin Luthi (consultortécnico e capitão da seleção suíça naTaça Davis), que foi espetador dis-creto, mas atento, na semifinal en-tre o escocês e Marin Cilic. E fisica-mente pareceu melhor do que nun-ca, ajudado pelo seu novo fisiotera-peuta – esse sim, a tempo inteiro,com quem tem insistido numa má-xima que deveria ser seguida pormuitos dos seus colegas: trabalhara elasticidade dos músculos em de-trimento do volume.

Face a um adversário que tinha opeso da história sobre si (74 anos doReino Unido sem um campeão doGrand Slam) mas um saldo favorávelde 6-4 nos duelos com o suíço, Fede-rer assumiu-se como favorito, emboraescondidono idiomasuíço-alemãopar-tilhado em exclusivo com os jornalis-tas suíços. “Ganhar a final vai depen-dersódemim, sobretudodiantedeumjogador que não é particularmenteagressivo.” Ganhar o Estoril Opentambém dependerá só dele. �

ENVIADOS

PEDRO CARVALHOE GIANNI CIACCIA,

MELBOURNE

Helvéticotemtempoparaatingiruma

vintenadetítulosdoGrandSlam

QUE LIMITE?Aos 28 anos,Roger Federermostrou estarno auge dassuas enormescapacidades

Inverterahistória

MAIORAISDOGRANDSLAM(HOMENS E MULHERES)1º MargaretSmith Court 242º Steffi Graf 223º Helen Wills-Moody 194º Martina Navratilova 184º Chris Evert 186º RogerFederer 167º Pete Sampras 148º Billie-Jean King 128º Serena Williams 12

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05ra, 5 de fevereirode2010 DaAustráliaaoJamor

EMREEDIÇÃODAFINALDOESTORILOPENCOMDAVYDENKO

Omomentodecisivo�Na primeira ronda, Roger Federeresteve prestes a ficar a perder por doissets face a um russo, Igor Andreev –mas o momento decisivo no trajetopara o título surgiu no aguardado em-bate dos quartos-de-final frente aNikolay Davydenko, graças a uma ar-timanha… solar. O espirituoso tenistado Leste, mais concorrido do que nun-ca nas suas conferências de imprensae com destaques de primeira páginana imprensa local, conquistou o pri-meiro set de rajada e teve ponto para

4-1 no segundo; Federer viu tambémno sol um adversário e tratou de con-tornar a questão com recurso aos re-gulamentos: “Para além de o Nikolayestar a jogar muito bem, tive proble-mas com o posicionamento do sol. Fuià casa de banho porque precisava deir, mas também aproveitei para ver seo sol se tinha deslocado mais uns cen-tímetros”, confessou, relembrando oaproveitamento de um dos dois “toi-let breaks” a que os jogadores têm di-reito. E deu a volta ao resultado! �

2008. Guarda dehonra no Jamor

HISTÓRICO.Suíço podebaterrecorde desemanascomo n.º 1

ESTORILOPENATENUOUCRISE

2008foiépocadepesadelo�No rescaldo do triunfo sobreAndyMurraye diante de um restri-to grupo de jornalistas ainda emMelbourne, Roger Federer recor-dou a fase mais negra da sua carrei-ra – que coincidiu com o períodoque antecedeu o seu triunfo de hádois anos no Estoril Open. “Em2008 comecei a duvidar do meucorpo. No final do ano anterior es-tava a jogaro meu melhor ténis, im-pressionado com o meu nível, asbolas que recuperava, as esquerdasna linha… depois, fiquei doente[com uma mononucleose]. Foi umagrande deceção. Dizia-se que já nãoera o mesmo”, relembrou, desta-cando “a perda de mobilidade e daeficácia na pancada de direita”como fatores mais determinantespara a “crise de confiança”. Aques-tão de não ter um treinador perma-nente foi também algo com queaprendeu bastante, apesar das crí-ticas: “Uma das grandes lições de-rivou de não ter nem agência de re-presentação nem treinador. Apren-di muito. Agora estou com o Seve-rin [Luthi, capitão da Taça Davis],que é um amigo, ajuda-me e acre-dito nele. Temos sempre um planoe quando me dizem que preciso deum treinador, respondo: não preci-so, tenho o Severin.” �

FAMÍLIAEMPESONOJAMOR?

MulherefilhasrelaxamRoger�É segredo o local onde Roger Fe-derer irá pernoitar durante o Esto-ril Open – mas o certo é que o pe-dido de uma suite com dois quar-tos remete para a presença da mu-lher e das gémeas. Charlene Riva eMyla Rose celebraram em Mel-bourne os primeiros seis meses devida –precisamente no mesmo paísonde Roger Federer e Mirka Vavri-nec começaram a namorar, há 10anos, e na mesma cidade onde des-cobriram, há um ano, que iriam serpais de duas gémeas – e o suíço fezquestão de partilhar com as filhasa conquista de mais um GrandSlam, que foi o seu primeiro nacondição de pai. “Acordei cedo enão conseguia dormir mais e brin-quei um pouco com elas. Mesmoque não tenham ainda noção doque se passa e do significado dascoisas, é sempre bom partilharmosas alegrias com elas”, confessou nodia seguinte à vitória: “Tê-las porperto transmite-me calma e sinto-me mais relaxado”. �

ABRIU CONCURSOPARAAPANHA-BOLASEJUÍZESDELINHA

NocampocomRoger�Para se partilhar o campo com Ro-ger Federer não é necessário ser-seum jogador de eleição – basta fazerparte das equipas de arbitragem e deapanha-bolas do Estoril Open. A se-leção final para a edição de 2010 éefetuada na sequência das avaliaçõesfeitas nos fins-de-semana de prepa-ração devidamente agendados parao efeito: 20 e 21 de março, 10 e 11de abril, e 24 e 25 de abril – haven-do um curso especialmente destina-

do a novos elementos nos dias 6 e 7de março. Para além da convivência“direta” com o campeoníssimo suíçoe demais vedetas do maior torneio te-nístico nacional, os apanha-bolas têmrefeições gratuitas, bilhetes para otorneio e podem ficar com o equipa-mento; os juízes de linha recebem 40euros por dia. Para inscrições, con-tactar o endereço e-mail: [email protected]. Mais infor-mações em estorilopen.net. �

Títulos do Grand SlamAdistribuiçãodos“SweetSixteen”doRogerFederer,desdeaestreiacomotriunfodeWimbledonemjulhode2003atéàrecenteproezanosAntípodas:

• Open da Austrália: 42004, 2006, 2007, 2010

• Roland Garros: 12009

• Wimbledon: 62003, 2004, 2005, 2006,2007, 2009

•Open dosEstadosUnidos:52004,2005,2006,2007,2008

Mais semanas no poleiroFedererpoderáeste ano alcançarolíderde permanênciano ranking,Pete Sampras, bastando para issochegaraRoland Garros naprimeiraposição e defenderem Paris o títu-lo ganho em 2009. Em princípio,tem garantidaa liderançaaté ao

Estoril Open; o recorde de sema-nas consecutivas (237) jáé dele.

1.º Pete Sampras 2862.º Ivan Lendl 2703.º Jimmy Connors 2684.º RogerFederer 268

ÊXITOAUSTRALIANODEROGERFEDERERMEXEUCOMABILHETEIRADOESTORILOPEN

Descontossóatéaofimdomês�O triunfo de Roger Federer noOpen da Austrália repercutiu-sede imediato na venda de bilhetes.“A reação positiva do público foinotória, sobretudo através daven-da de ingressos pela internet logoa partir de segunda-feira”, referiuJoãoLagos. “Poreste caminhopo-deremos bater os recordes de2008 e ter várias sessões esgota-das antecipadamente –aconselhoos adeptos a precaverem-se!” E

acrescentou: “Em 2008, numa se-mana que foi a mais chuvosa deabril em 150 anos, batemos todosos recordes de assistência graçasao Roger Federer!” Uma vez con-cluída a primeira fase de venda aopúblico, até ao dia 28 de feverei-ro de 2010 e consoante a disponi-bilidade de ingressos, serão anun-ciadas outras modalidades no querespeita à aquisição de ingressospara o Estoril Open 2010. �

Coleção do Torneio 195 euros Nove bilhetes: um ingresso diário de sábado (1/05) a domingo (9/05)35% de desconto sobre o somatório do valorfacial dosbilhetesdiários

Coleção Fase Final 130 euros Quatro bilhetes: um ingresso diário de quinta-feira (6/05) a domingo (9/05)30% de desconto sobre o somatório do valor facial dos bilhetes diários

Coleção Fase Inicial 80 euros Cinco bilhetes: um ingresso diário de sábado (1/05) a quarta-feira (5/05)30% de desconto sobre o somatório do valor facial dos bilhetes diários

Onde comprar?: www.estorilopen.net; www.blueticket.pt; LISBOA: Bilheteirasdo Pavilhão Atlântico (diariamente das13 h e as19 h);LojasFnac(FórumAlmada,Chiado,CCColombo,CascaisShopping eAlfragide);ElCorte InglésLisboa;AgênciaAbep;AgênciaAlvala-de;MediaMarkt(Alfragide,SintraeBenfica);TurismodeLisboa:AeroportoePraçadoComércio;PORTO:LojasFnac(GaiaShopping,NorteShopping,SantaCatarinaeBraga);ElCorteInglésGaia;MediaMarkt(Braga,Porto,RioTintoeGaia);CENTRO:LojasFnac(Coim-bra e Viseu); Media Markt(Aveiro e Leiria); SUL: Fnac Algarve Shopping; Portimão Arena; MADEIRA: Fnac Madeira Shopping. Maisinformações: call centerdaBlueTicketno número 707 780000. Gémeas poderão vir a Portugal

DOMINANTE.Federer só

cedeu duaspartidas em

sete encontros

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06 Sexta-feira, 5 de fevereirode2010FedCupemPortugal

MENINA-PRODÍGIOPORTUGUESAESTÁNUMADIFÍCILENCRUZILHADANASUACARREIRAETÊMDESERTOMADASASDECISÕESCERTAS

MIGUEL SEABRA

O que se passa com Michelle Larcherde Brito que parece ter estagnado des-de julho? “Talvez sinta uma certapressão”, respondeu enigmaticamen-te Pedro Cordeiro após o desaire daSeleção portuguesa nos dois embatesjá realizados na poule de qualificaçãodo Grupo 1 da Fed Cup (que decor-re até amanhã nos courts cobertos doJamor). E o capitão ainda acrescen-tou: “Quando acabar a semana fala-mos melhor sobre isso.”

Afinal, que pressão é essa? A pres-são competitiva é um privilégio doscampeões e a jovem portuguesa jádeu mostras de se galvanizar quandoatua em grandes palcos e perante ad-versárias mais credenciadas. Depois,

há outro tipo de pressões: a de atual-mente ser o ganha-pão da família, ada imprensa internacional que tem ri-dicularizado os seus berros estriden-tes quando bate na bola, a das expec-tativas de todo um país.

Messias.Michelle teve de contar comajudas externas para financiar a suatransição para a Florida aos 9 anos –mas, de há alguns anos para cá não

pode queixar-se da falta de apoio emPortugal: rapidamente se tornounuma figura grada do desporto lusoe rosto de campanhas publicitárias deempresas portuguesas, para além deacumular prémios pelas suas presta-ções desportivas e de granjear prota-gonismo nos media.

Ou seja, Michelle desde cedo quese tornou numa espécie de messiasdo ténis luso – a grande campeã quePortugal esperava. E os seus preco-ces resultados auguravam grandescometimentos: bateu recordes noranking e em torneios do GrandSlam. Mas o trajeto da sua carreiratem assumido contornos preocu-pantes nos últimos meses devido àtal estagnação exibicional e de re-sultados, sobretudo porque não sevislumbra um suporte técnico ao ní-vel das pretensões.

Seleção.Para já, e ao cabo dos doisprimeiros embates da Seleção Nacio-nal feminina tendo em vista a perma-nência no Grupo 1, Michelle nãoconseguiu fazer a diferença. Na quar-ta-feira perdeu por 6-4 e 6-1 com acroata Petra Martic – e surpreendeuque a partir do meio do segundo setenha desistido de lutar, ela que ga-nhou fama pelas suas capacidades deguerreira. Ontem recebeu uma liçãoda experiente suíça Patty Schnyder,que se impôs por 6-2 e 6-4. ComoNeuza Silva também perdeu os res-petivos encontros, a desvantageminultrapassável de 2-0 tornou o en-

contro de pares apenas relevante noplano estatístico... ou nem isso.

Atualmente,asadversárias jásabemcomo jogar com Michelle – variar aomáximo a velocidade, os efeitos e ocomprimento de bola, para impedir aportuguesadeentrarnoritmo infernal(masunidimensional) emqueelaéex-celente. O serviço é atacável e conti-nua propenso a duplas faltas. Fatoresque a impedem de ganhar a cadênciaque lhepermiteentraremtranseeme-dir meças com as melhores; porque,senãoconsegueentraremtranse, tor-na-se numa jogadora… banal. E nosúltimosdois compromissosdaseleçãoé preciso que a número 1 nacionalseja…especial–oembatedehojecoma Roménia dificilmente será ganho,mas o playoffde amanhã (que pareceinevitável, faceaseleçãoadeterminar)tem forçosamente de ser ganho paragarantir a manutenção de divisão. �

Com17anosena116.ªposiçãodoranking,Michellemantém-semuitopromissora

MARIAJOÃOCOMATITUDE

Umasuplentecompotencial� Maria João Koehler, 509.ª doranking WTA, derrotou todas asoutras jogadoras portuguesas nostreinos de preparação e mais doque justificou a chamada à sele-ção em detrimento da melhorclassificada Magali de Lattre,atuando bem no encontro de pa-res (ao lado de Frederica Pieda-de) perdido in extremis para aSuíça. Claro que os encontros “adoer” são completamente diferen-tes dos treinos, mas a jovem es-querdina portuense mostrou tero espírito ideal para uma compe-tição por equipas como a FedCup: tem garra, é destemida eapresenta um enquadramentopsicológico que fará dela uma lí-der da Seleção no futuro. �

VESTIUASPORTUGUESAS

Augustusfezerrodecasting�No jantar oficial, as quatro joga-doras portuguesas surgiram vesti-das pelo prestigiado costureiroportuguês, Augustus. No entanto,para lá da sofisticação foi possívelfazer uma constatação: os vestidoscompridos pareciam ser mais ade-quados a mulheres bem mais ve-lhas, retirando às tenistas lusas aforça da sua juventude. Esse foi overedicto final – mas houve quemestivesse ainda pior: a bielorrussaVictoria Azarenka, que apresen-tou um visual “vagabond chic”(que incluía t-shirt, calças de gan-ga rotas e boné) perfeitamente des-propositado. Caroline Wozniackie o seu microvestido centrou asatenções, deixando Nuno Gomes(o Benfica estava no mesmo hotel)muito bem impressionado… �

Treinador commuita experiênciaé fundamental• Na história do ténis feminino

houve inúmeros talentos quese perderam devido à pres-são de carregarem uma famí-lia às costas, sendo o papelmisto de pai/treinador poucorecomendável pela complexi-dade inerente – Sharapova eWozniacki são exceções, nãoa regra. E enquanto AntónioBrito, que teve grande méritona formação da filha, conti-nua a assumiro papel deprincipal responsável técnico,foram ficando para trás váriasopções goradas: desvincu-lou-se do staffdaexperienteAcademiaBollettieri; aasso-ciação àacademiade PatrickMouratoglou parece terdura-do pouco e a tentativade re-correràvelhaglóriado ténisaustraliano, Phil Dent, paraafi-naro gesto de serviço foi efé-mera. Pormais que digaqueestábem como está, Michelleprecisade um treinadorcomcurrículo no ténis feminino aomais alto nível. Com 17 anosacabados de fazer, ainda vaimuito a tempo.

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Dupla: Frederica e Maria João

DE GALA. Frederica, Michelle, Maria João e Neuza no jantar oficial

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07Sexta-feira, 5 de fevereirode2010

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