Jus Março 2016

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    Página - 2 J ORNAL DE U MBANDA S AGRADA - MARÇO/2016

    Diretor Responsável: Alexandre Cumino -Tel.: (11) 5072-2112E-Mail: [email protected]ço: Av. Dr. Gentil de Moura, 380Ipiranga São Paulo - SP Diagramação e Editoração:Laura Carreta -Tel.: (11) 9-8820-7972E-Mail: [email protected]

    Revisão: Equipe Umbanda, eu curto!Site: www.umbandaeucurto.com

    Diretor Fundador: Rodrigo QueirózTel.: (14) 3019-4155E-mail: [email protected]

    Consultora Jurídica: Dra. Mirian Soares de LimaTel.: (11) 2796-9059

    Jornalista Responsável:Wagner Veneziani Costa - MTB:35032

    EXPEDIENTE:

    É uma obra flantrópica, cuja missãoé contribuir para o engrandecimentoda religião, divulgando material teo-lógico e unifcando a comunidadeUmbandista.

    Os artigos assinados são de in-teira res ponsabilidade dos auto-res, não refetindo necessaria-mente a opinião deste jornal.

    As matérias e artigos deste jornalpodem e devem ser reproduzidas emqualquer veículo de comunicação.Favor citar o autor e a fonte (J.U.S.).

    Produzida por: UMBANDA EU CURTOwww.facebook.com/umbandaeucurto

    O JORNAL DE UMBANDA SAGRADA não vende anúncios ou assinaturas

    A PALAVRA DO EDITORPor ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]

    Umbanda Sagrada II

    Nossa capa:

    DANDO SEQUENCIA ao primeirotexto sobre “Umbanda Sagrada” noqual citamos que, embora não existapretensão de criar uma vertente, jáse tornou um fato que neste universode diversidades da Umbanda, entretantas umbandas, podemos citar oque é “Umbanda Sagrada”.

    A quantidade de informações erevelações que vieram pela obra deRubens Saraceni é tão grande queé possível fazer a opção de seguir eviver a Umbanda sob esta perspectiva.

    Uma das características maisfortes da “Umbanda Sagrada” é suateologia, a fundamentação teórica detudo o que é possível explicar dentroda doutrina e ritual, compreendendosua estrutura espiritual, natural edivina. Teologia, Teogonia, Cosmo-logia, Cosmogênese, Androgenesia,Ontogenesia, Ancestralidade, Hierar-quia e etc. Tudo explicado por meiode sua obra.

    Na “Umbanda Sagrada” está aexplicação nal do que são as “SeteLinhas de Umbanda”: são as sete vi-brações de Deus e não importa quais

    os nomes ou maneiras se utilizampara identi ca-las. Não importa seexplicam as Sete Linhas por meio desete cores, sete anjos, sete santosou sete Orixás. Não há mais diver-gência ou discussão de quais são asverdadeiras Sete Linhas de Umban-da, todos estão certos, no entantoa visão de cada grupo em particular

    é que se torna uma visão parcial elimitada no momento em que nãoenxerga Sete Linhas nas outras SeteLinhas alheias que não seja as suasSete Linhas. Podemos dizer que oproblema das Sete Linhas e mesmoda Umbanda é esta miopia em queo umbandista de certa vertente sóenxerga a sua umbanda como Um-banda e apenas as suas Sete Linhascomo algo verdadeiro.

    Pai Benedito de Aruanda, por

    meio de Rubens Saraceni, explicaque existem muito mais que seteOrixás e que cabem todos nas SeteLinhas de Umbanda, cabem todosnas Sete Vibrações de Deus. Deusse manifesta por meio destas setevibrações e tem nas divindades, osOrixás, seus manifestadores divinos.

    Oxalá é a Fé de Deus, assim comoOxum é o Amor de Deus ou Xangô aJustiça Divina e assim por diante. Deusé Pai e portanto os Orixás que sãoindividualizações de Deus também sãoPais e Mães em nossa jornada divina.

    Na “Umbanda Sagrada” acredita-mos que estes 14 Orixás formam umahierarquia divina na qual encontram-seabaixo deles os Orixás Menores, inter-mediários e intermediadores, regentesde níveis vibratórios. Claro existemmuitos outros Orixás além desses 14,no entanto estes representam os 14Tronos de Deus mantenedores e sus-tentadores da Criação por meio dasSete Linhas Divinas, as “Sete Linhasde Umbanda”.

    Este mês completamos um ano do desencarne de Rubens Saraceni e parahomenageá-lo estamos dedicando esta edição do Jornal de Umbanda Sagrada.Para tanto, entendemos que a obra de Rubens Saraceni fala por si mesma e quenada melhor do que ler e reler alguns de seus textos que mudaram a nossapercepção do universo e dos fundamentos da religião.

    Para cada uma das Sete Vibra-ções temos no mínimo dois Orixás ummasculino e outro feminino. Esta nãoé uma verdade nal que todos devemreceber goela a baixo e sim umaproposta de interpretar e entenderas Sete Linhas de Umbanda e suarelação com os Pais e Mães Orixás.

    Deus se manifesta por meio deSete Vibrações e os Orixás são in-dividualizações de Deus. Estas setevibrações ou linhas tem sintonia comnossos sete chacras e os sete senti-dos da vida e estes com os Orixás.

    Cada vibração de Deus ou Linhade Umbanda é irradiada por meio deum par de Orixás, são eles:

    Fé.................... Oxalá e Logunan Amor................ Oxum e Oxumaré

    Conhecimento... Oxossi e ObáJustiça............. Xangô e OgumLei................... Ogum e OroináEvolução.......... Obaluayê e

    Nanã BuroquêGeração........... Iemanjá e Omolu

    DECLARAÇÃO

    Folhagráca Unidade de Negócios do GRUPO FOLHA,localizada na Alameda Barão de Limeira, 425 -7.º andar - Campos Elíseos - São Paulo/SP - CEP01202-900, inscrita no Cadastro Nacional de PessoaJurídica – CNPJ 60.579.703/0001-48, declara paraos devidos ns que executou em seu parque grácoo serviço de impressão do Jornal Umbanda SagradaEdição N.º 190 no dia 18/03/16 com tiragem de22.000 exemplares com papel imprensa fornecidopor esta Gráca, com periodicidade Mensal depropriedade do Colégio de Umbanda Sagrada PenaBranca, tendo como seu diretor responsável o Sr.

    Alexandre Cumino.

    São Paulo, 18 de março de 2.016

    Sidney SilvaFolhagráca

    Você cria, a Folha imprime

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    J ORNAL DE U MBANDA S AGRADA - MARÇO/2016 Página -3

    Um procedimento bem pensadoPorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    EM 1999 FOI FUNDADO o Co-légio de Umbanda SagradaPai Benedito de Aruanda coma proposta de tornar-se umainstituição de ensino religiosoumbandista.

    Em pouco tempo de fun-cionamento eu tornei-me umaglutinador único de pessoas epoderia ter procedido de formaconcentradora ou expansora.

    Após ouvir muitas orientaçõesdos meus Guias espirituais opteipelo procedimento expansor.

    Explico-me!Muitas pessoas vinham es-

    tudar a Umbanda e a Magiacomigo e, como os grupos de es-tudos eram formados, cada umcom centenas de pessoas, entreelas haviam muitas que, apósestarem preparadas poderiamdesenvolver grandes trabalhosdentro da Umbanda.

    Havia um selecionamentonatural e sem nenhuma inter-ferência minha onde os maisaptos iam sobressaindo-se e

    exteriorizando seus dons, suaslocações e seus talentos. Aos poucos cada um ia dan-

    do início às suas missões e com-promissos para com suas forçasespirituais e os seus Orixás, e euapoiava suas iniciativas torcendopara que prosperassem. Pudever pessoas crescerem de formaúnica dentro da Umbanda e rea-lizarem grandes trabalhos tantono campo do ensino religioso

    17 anos de Colégio de Umbanda

    como no auxílio a expansão daUmbanda, levando-a para pesso-as que di cilmente eu alcançariasozinho.

    O Colégio de Umbanda Sa-grada, como é conhecido cari-nhosamente o núcleo central deum movimento livre de revoluçãoe expansão da Umbanda aindaé um referencial para algunsdesses talentosos umbandistasaltamente capacitados para oque se propuseram. Não citareinomes aqui, pois são muitose não caberiam nesse espaço,apenas ressalto o meu acertoem con ar na capacidade e nas

    boas intenções de pessoas ma-ravilhosas que Deus e os Orixáscon aram-me por um instante desuas vidas; instante esse que foisu ciente para acender no íntimodelas a luminosíssima chama dacon ança em si mesmos e dein nitas possibilidades.

    O que eu quero que enten-dam é que se eu tivesse optadopela forma concentradora, emteria me transformado em uma

    árvore frondosa onde muitos seabrigariam, daria frutos e quandomorresse todos cariam ao re-lento e possivelmente só um ououtro vingaria individualmente,como tem acontecido tanto naUmbanda quanto em qualqueroutra religião.

    Como optei pela forma ex-pansora, optando por contribuirpara sua formação e estimulandoseu crescimento pessoal, hoje me

    sinto como uma árvore, aindamuito frondosa e frutífera, cer-cada de muitas outras árvorestambém frondosas e frutíferase que estão criando vicejantesbosques ao seu redor e, assim,todos nós estamos formandouma oresta que vem servindoa muitas pessoas necessitadas econstituindo-se em uma grandeforça expansora da Umbanda,com cada um formando novosumbandistas e auxiliando-os acrescerem frondosos.

    Poderia citar os nomes deoutros dirigentes espirituais um-bandistas que me concederamum instante de suas vidas para

    que juntos aprendêssemos noColégio de Umbanda Sagrada.Mas não há espaço suficienteaqui nesta página e não sei segostariam de ser citados nessecontexto; pois assim como há osque sentem orgulho de terem es-tudado nessa escola ímpar dentroda Umbanda, há os que depoisde terem adquirido nela tudo oque precisavam para iniciar suasmissões e cumprirem seus com-promissos espirituais, do Colégiose afastaram porque dele já nãoprecisam mais.

    A todos eu peço a Deus queabençoe e quero que saibamque sou grato a Deus, aos vos-

    sos Orixás e aos vossos GuiasEspirituais por terem me con-cedido a honra e a satisfaçãode ter convivido com vocês porum instante muito luminoso denossas vidas. Na comemoraçãodos onze anos de existência doColégio de Umbanda Sagrada,aceitem os meus sinceros votosde parabéns e de muito sucessoa todos!

    Nota da Redaçao: Estetexto foi escrito por RubensSaraceni na ocasião dos 11 anosde Colégio de Umbanda SagradaPai Benedito de Aruanda, queagora já conta com seus 17 anos

    de existência.Rubens Saraceni desencar-

    nou no dia 09/03/2015. Estemês completa um ano de suapassagem e este jornal é nossahomenagem a ele. Entre muitasiniciativas ele trouxe para nós oconceito de “Colégios de Um-banda” onde se ensina teoria epratica da religião de Umbanda.

    O “Colégio de UmbandaSagrada Pai Benedito de Aruan-da” continua ativo no bairro doBelenzinho, Zona Leste de SãoPaulo (Rua Serra da Bocaina,427, metrô Belém – (11) 4221-4288) e está sob o comandode sua esposa Alzira Saraceni,flhas Stela e Graziela e tambémde sua irmã Fátima Saraceni. Ostrabalhos de atendimento e oscursos continuam a ser ministra-dos neste Colégio de Umbandafundado por Rubens Saraceni.

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    PRECONCEITOS

    Muitos são os preconceitosquanto à educação mediúnica.Muitas pessoas temem certasinverdades divulgadas à so-lapa por desconhecedores dasreligiões espiritualistas.

    Vamos a algumas colocaçõescorrentes que pululam no meioreligioso:

    Comecemos pordesmentir estascolocações negativas:

    A mediunidade é umaprovação purgatória;

    1 – mediunidade não é umaprovação purgatória, mas simuma provação Divina e um Domque a orou no ser que alcançouuma certa etapa evolutiva e as-sumiu um compromisso no planoastral antes de encarnar. Se bemdesenvolvida, irá acelerar suaevolução espiritual;

    A mediunidade é umapunição cármica;

    2 – não é uma punição cár-mica, mas sim um ótimo recursoque a Lei nos facultou para nosharmonizarmos com nossas liga-ções ancestrais;

    A mediunidadeescraviza os médiuns;

    Educação MediúnicaMitos e Preconceitos

    PorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    QUANDO ALGUÉM ADENTRARpela primeira vez num templode Umbanda, notará que os pra-ticantes fazem certas saudaçõesrituais de signi cado ou valor poreles desconhecidos. O comporta-mento exterior dos praticantes sealtera, eles se tornam diferentesdentro do recinto consagrado àspráticas religiosas.

    Tudo isto faz parte de edu-cação mediúnica e os comporta-mentos têm de estar a nizadoscom o que se realiza dentro deum espaço consagrado.

    Mas até aqui, ainda estamosabordando aspectos exteriores daformação religiosa, pois ao nosvoltarmos para o interior dela,deparamo-nos com a educaçãomediúnica. Para colocar o mé-dium em sintonia com o mundoinvisível, cria-se toda uma pré--disposição às manifestações es-pirituais e aos rituais magísticos.

    A educação mediúnica émuito importante, pois só sereeducando internamente ummédium alcança níveis vibrató-rios mentais e conscienciais quelhe facultam os níveis espirituaissuperiores, a sintonização men-tal com seu mestre individual, aneutralização de possíveis víciosantagônicos com as práticasreligiosas e a compreensão oupercepção do que está aconte-cendo à sua volta.

    Aí temos em poucas linhas,um apanhado de como a boaeducação mediúnica auxilia ospraticantes ou médiuns.

    MITOS

    Os mitos sempre têm umpouco de verdade e um poucode fantasia.

    É comum dizer-se que quemdesenvolve sua mediunidade

    torna-se mais capaz do que aque-le que não a desenvolve. Isto éuma verdade somente se aqueleque se desenvolveu mediunica-

    mente também compreendeu oscompromissos que assumiu. Masé pura fantasia se ele nada en-tendeu sobre seus compromissos.

    Uma vez que adquiriu um po-der relativo, começa a se chocarcom um poder absoluto, que éa Lei de Ação e Reação; assim,sua suposta superioridade logoo lança em um sensível abismoconsciencial.

    Portanto, quando o assuntoé mediunidade, todo cuidado épouco e toda precaução não é osu ciente, se não estiver presenteuma forte dose de humildade ecompreensão de que um médiumnão é um m em si mesmo, massim tão somente um meio.

    “Muita gente diz que a mediunidadeé uma missão bonita, mas dizem também

    que, se você não cumprir essa missão,será punido. Mas, se a mediunidadeé uma missão bonita, então não podehaver punição para quem não praticá-la.”

    Rubens Saraceni - Fundamentos Doutrináriosde Umbanda, pg.171, Ed Madras, 2012

    3 – não escraviza o médium,apenas exige dele uma condutaem acordo com o que esperam osespíritos que através dele atuam

    no plano material para socorrer osencarnados necessitados tanto deamparo espiritual quanto de umapalavra de consolo, conforto ouesclarecimento;

    A mediunidade limita o ser.

    4 – não limita o ser, pois éum sacerdócio. E, ou é entendidacomo tal ou de nada adianta al-guém ser médium e não assumirconscientemente sua mediuni-dade;

    Para concluir, podemos dizerque a mediunidade, por ser umDom, tem de ser praticada comfé, amor e caridade. Só assimnos mostramos dignos do Senhorde Todos os Dons: nosso DivinoCriador!

    Rubens Saraceni,Doutrina e Teologia de

    Umbanda Sagrada,Ed. Madras, 2003,

    Pg.38-39 Rubens Saraceni

    escreveu uma grandequantidade de textos sobrea mediunidade umbandista

    e deu o norte para queoutros autores pudessem

    abordar este tema comum olhar simples e puro

    de Umbanda.

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    J ORNAL DE U MBANDA S AGRADA - MARÇO/2016 Página -5

    Escola de DesenvolvimentoMediúnico Umbandista

    PorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    “Desenvolver a mediunidade não significa dar algo a quem nãoestá habilitado a recebê-lo, mas habilitar alguém a assumirconscientemente o dom com o qual foi ungido. Ao contráriodo que apregoam, mediunidade não é punição, e sim benção divina,concedida ao espírito no momento em que encarna.”

    NA UMBANDA o desenvolvimentodos médiuns acontece com as pes-soas possuidoras da mediunidadede incorporação, entrando paracorrente mediúnica e pouco apou-co irem desenvolvendo-se e sendodoutrinadas até que, com o passardos anos, comece a dar passes.

    Esta é a regra e tem sidoassim desde o inicio da Umbandacomo religião. A idéia de criarum curso voltado exclusivamen-te para o desenvolvimento dosmédiuns de incorporação e paraprepará-los mais rapidamentesurgiu em meados da década de80, quando eu abri o meu primei-ro centro de Umbanda e vierammuitas pessoas com mediunidadepedindo para entrarem nele e alise desenvolverem.

    Era muito positivo esse mé-todo porque separava o médiuminiciante do trabalho pesado(desobsessão corte de deman-da, descarrego etc) e quando omédium adquiria estabilidade em

    sua incorporação e já entendiao funcionamento da casa e dostrabalhos, então era integrado aosguias de atendimentos ao público,ajudando a cambonear os guias egradativamente começava a fazertransportes, descarregos e deso-bseções. Então, com o medium

    já seguro de sua mediunidadee conhecedor do seu universoespiritual, era hora de conduzi-loà sua missão.

    Nesse tempo a doação de umdia especi co para o desenvolvi-mento trouxe grande crescimentoà nossa modesta, mas amplaTenda espiritual localizada nobairro jardim Ercília, na zona lestede São Paulo.

    E, muitos anos depois, Já ins-talados no bairro do Belenzinho,capital, retornei a dinâmica dedesenvolvimento já testada mui-tos anos antes e criei a escola dedesenvolvimento mediúnico um-bandista, voltada exclusivamentepara o médium iniciante, no

    “Colégio de Umbanda Sagrada Pai

    Benedito de Aruanda”. O sucessoé inegável e são tantas as pessoasque buscam o desenvolvimentomediúnico que temos que contera entrada de novos médiuns porfalta de espaço físico.

    E a mesma receptividade temtido nestas escolas de desen-volvimento criadas em centrosde amigos nossos que tambémacreditam que está na hora daUmbanda organizar-se melhor eoferecer ao seus novos adeptosum pouco mais de conforto, dou-trina e con ança.

    Esperamos que em breve to-dos os centros criem suas escolasde desenvolvimento, separandoo iniciante e auxiliando-o em umcurto espaço de tempo, a conhe-cer melhor suas forças espirituais.

    Essa idéia já foi adotada pormuitos e todos estão satisfeitoscom os resultados obtidos. Um-bandistas, adotem esta idéia ecriem em seus centros as suasescolas de desenvolvimento me-diúnico!

    Rubens SaraceniCódigo de Umbanda, pg.87, Ed Madras, 2006

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    Exu Vazio Absolutoe Oxalá Espaço Infinito

    PorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    MUITOS TEM EXU como o primei-ro Orixá gerado, que, por isso,tem a primazia no culto.

    Essa primazia se justi ca seentendermos a criação como umencadeamento de ações divinasdestinadas à criação do Universoe dos meios para que os serespudessem evoluir.

    O Mistério Exu é em si o “va-zio absoluto” existente no exteriorde Deus e guarda-o em si, dando--lhe a existência e sustentaçãopara que, a partir desse estado,tudo o que é criado tenha seulugar na criação.

    Por ser Exu o guardião dovazio absoluto, e este ter sidoo primeiro estado da criaçãomanifestado por Deus, entãoExu é, de fato, o primeiro Orixámanifestado por Ele. Logo, Exu éo primeiro Orixá, o mais velho detodos, o primeiro a ser cultuado.

    Avançando um pouco mais nainter¬pretação das necessidadesprimordiais para que tudo pudes-se ser “exteriorizado” por Deus,

    como no “vazio absoluto” (Exu)não havia como se sustentar emalguma coisa, eis que, após esseprimeiro estado da criação, Olo-rum manifestou o seu segundoestado: o “estado do espaço”!

    Deus criou o espaço “emcima” do vazio absoluto. Esse se-gundo estado (o espaço) dentro oprimeiro (o vazio absoluto) criouuma base que se amplia segundo

    as necessidades do Criador ecomeça a nos mostrar os Orixáscomo estados da criação, pois seExu é o vazio absoluto, o Orixáque é si o espaço se chama Oxalá.

    Sim, Oxalá é o espaço in nitoporque é capaz de conter todasas criações da mente divina donosso Divino Criador.

    Como Olorum tem em si tudo,e tudo ocupa um lugar no espaço,então Oxalá, como estado pre-existente em Olorum, já existiano seu interior. E, como a mentecriadora de Olorum ocupa umespaço, este era Oxalá, pois foia Oxalá que Ele con ou a missãode criar os mundos e povoá-loscom os seres que seriam criados.

    Exu e Oxalá são ligados um-bilicalmente por causa dessesdois primeiros estados da cria-ção. Exu é o vazio exterior deOlorum, e Oxalá, o seu espaçoexteriorizado. Exu é a ausência, eOxalá é a presença. Em Exu nadasubsiste, e em Oxalá tudo adquireexistência.

    Exu, por ser o vazio absoluto,nada cria em si. Em Oxalá, por eleser o espaço em si mesmo, tudopode ser criado.

    Exu e Oxalá são opostos--complementares porque sema existência do vazio absoluto oespaço não poderia se expandirao infinito. Como ambos sãoestados, não são antagônicos,pois onde um está presente,

    o outro está ausente. O vazioabsoluto é anterior ao espaçoin nito. E, porque é anterior, Exué o primeiro Orixá manifestadopor Olorum e detém a primazia.

    E, se tudo preexistia emOlorum, ainda que não fosseinternamente o Orixá mais ve-lho é, no entanto, o primeiro aexistir no seu exterior.

    Observem que, aqui, estamosnos servindo dos estados dacriação para fundamentarmoso Orixá Exu em particular e osoutros Orixás em geral.

    Há uma lenda que fala queExu (o vazio) foi colocado parafora da casa de Oxalá (o espa-ço). Até esta lenda nos ofereceelementos interpretativos, pois

    como exu poderia habitar com osoutros Orixás na casa de Oxaláse, por seu estado ser o do vazioabsoluto, ao entrar nela com eleentrava este seu estado que aesvaziava.

    O jeito de as coisas voltaremao normal foi Oxalá colocar Exuno lado de fora (“despacha-lo”)para que os outros Orixás (osestados posteriores da criação)pudessem entrar na casa deOxalá (o espaço in nito).

    As lendas dos Orixás nosfornecem indícios preciosíssimossobre eles, seus estados e suasfunções na criação de Olorum.

    Por isso, a tradição nagô nosensina que só se deve assentarExu no lado de fora dos terreirose se dele oferendá-lo nos limites

    dos pontos de forças da natureza. A interpretação correta des-

    ses ensinamentos é a que nos dizque a casa de Oxalá é o espaçoe que o lado de fora dela estávoltado para o vazio, que é oestado do Mistério Exu.

    Os limites dos pontos deforças (como cada um é a “casa”do seu Orixá regente) são os seuslados voltados para o vazio, queé o estado de Exu.

    Na Os fundamentos dos atose dos procedimentos existem, sófalta entende-los, descobri-los einterpreta-los corretamente.

    Na casa de Oxalá (o espaço)cabem todos os Orixás, menosExu (que é o vazio). E mais algunsainda não nomeados.

    E dentro da casa de Oxalá(o espaço) cabem os estados dequase todos os outros Orixás, osmuitos estados da criação: o ar,a terra, o fogo, a água, o éter,o amor, a ordem, o equilíbrio, arazão, etc.

    Por isso Oxalá é descritocomo o Rei dos Orixás, e no seureino (o espaço) estão os reinosde todos os outros Orixás. Tam-bém nos esclarece a a rmaçãode que quem tem Oxalá em seuíntimo, tem tudo, e quem não otem, não tem nada e é um ser

    “vazio”.Fonte: livro “Orixá Exu” ,

    Rubens Saraceni, Editora Madras

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    J ORNAL DE U MBANDA S AGRADA - MARÇO/2016 Página -7

    A saída dos OrixásPorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    ENTÃO CHEGOU O MOMENTOque Olorun determinou que osseus lhos e lhas Orixás ini-ciassem a saída de sua moradainterior e começassem a ocuparsua morada exterior.

    A Oxalá coube a primazia,porque ao sair, ele que é o espaço

    em si mesmo, criaria o meio ou oespaço indispensável para que osoutros Orixás pudessem se des-locar e dar início à concretizaçãode sua morada exterior com acriação dos mundos que seriamocupados pelos seres espirituais.

    Não foi fácil para nenhum dosOrixás deixar de viver na moradainterior, no íntimo do Divino Cria-dor Olorun.

    Para Oxalá foi mais difícilainda, porque ele, o primogênito,iniciaria a saída. Quando se viudiante do portal de saída, virou--se e contemplou mais uma vezo rosto de Olorun que o contem-plava com os olhos xos e sérios,como a dizer-lhe: “Vá em frente,meu lho! Eu sou você por inteiroe você é parte de mim.”

    Oxalá olhou cada um dosseus irmãos e irmãs divinos, edos olhos deles corriam lágrimas.

    Ele curvou-se, cruzou o solodivino que ainda pisava, tocou--o com a testa, beijou-o, e dosseus olhos caíram lágrimas quecintilaram ao tocá-lo.

    E ali suas lágrimas caramincrustadas no solo, como umamarca de sua partida. E, emcima dele muitas outras lágrimashaveriam de ser derramadas pe-los outros Orixás, a medida que

    fossem partindo.Oxalá levantou e virou-senovamente para o portal. E, járesoluto, avançou por ele compassos rmes mas, a medida quefoi saindo, seu corpo explodiue um clarão ofuscante que seprojetou no in nito, clareandoem volta da morada exterior donosso Divino Criador Olorun.

    E Oxalá curvou-se após terdado o primeiro passo e cruzou

    o espaço à sua frente. Entãolevantou, já não tão ereto comoquando saíra, deu um segundopasso e aí se curvou e cruzou oespaço à sua frente pela segundavez... e quando Oxalá se curvoupela sétima vez e cruzou o espa-ço a sua frente, já não conseguiu

    se levantar senão só um pouco,e ainda assim porque apoiava-seem seu cajado, que é o eixo sus-tentador do mundo manifestado,denominado paxorô.

    Ele voltou-se na direção emque cava a sua morada interiore já não a viu, pois o que viu foi

    o espaço vazio in nito em suavolta. E ele olhou para toda a suavolta e não viu nada além do es-paço vazio. Então, o peso da suaresponsabilidade foi tanto, queele caiu de joelhos e com a vozembargada emitiu essas frases:

    - Pai, por que fez isso comigose o amo tanto?

    - Pai, por que separou-mede você, se me sinto parte dosenhor?

    - Pai, sem o senhor eu sou oque vejo em minha volta, nada,meu pai amado!

    - Por que, meu pai amado?E Oxalá, de joelhos e apoiado

    em seu cajado, chorou o maisdolorido pranto já ouvido desdeentão na morada exterior. E todosos outros Orixás, que estavam dolado de dentro da morada interiore o viam a apenas sete passos doportal de saída, emocionaram-setanto com o pranto dele, que tam-bém se ajoelharam e choraramo mais sentido dos choros, poistanto choraram a angústia delequanto a que sentiam, porquetambém teriam que deixar a mo-rada interior.

    Olorum, vendo todos os Orixásajoelhados e chorando, ordenou:

    - Meu lho Ogum, o espaço jáexiste na minha morada exterior.

    Agora é sua vez de levar para elao seu mistério e abrir os caminhospara que seus irmãos e irmãspossam segui-los em segurançao vivenciarem os destinos quereservei para cada um. Siga sem-pre em frente, pois já existe umcaminho feito por mim e trilhadopor Oxalá. E, ainda após você daro sétimo passo só veja o espaçoin nito em sua volta e nada mais,no entanto, onde seu pé direitopousar no seu sétimo passo, ali seiniciará o caminho que o conduziráaté onde ele se encontra agora.

    - Meu amado pai Olorum, euvejo meu amado irmão bem ali,ajoelhado diante do portal desaída dessa sua morada, meu pai!

    - Ogum, assim que você der

    o primeiro passo depois da soleiradesse portal você só verá o vasto ein nito espaço vazio, à sua volta.Não titubeie pois só encontrará ocaminho que o levará até Oxalá,caso de sete passos resolutos,meu lho.

    - Assim diz o meu pai e meu

    Divino Criador Olorum, assimfarei, meu pai amado!

    E Ogum despediu-se e cruzouo portal de saída. E quando deuo primeiro passo e olhos à suadireita e à sua esquerda e nadaviu além do espaço ainda vazio,mas in nito em todas as direções,um tremor percorreu-lhe o corpode cima para baixo. Mas ele con-tinuou a caminhar.

    E ao dar o sétimo passo com oseu pé direito, Ogum ajoelhou-see cruzou o espaço vazio diante dosseus pés. E cruzou o espaço acimada sua cabeça; e cruzou o espaçoa sua frente; e cruzou o espaço asuas costas; e cruzou o espaço asua direita; e cruzou o espaço asua esquerda... e viu seu irmãoExu, que deu uma gargalhada e,à guisa de saudação, falou-lhe:

    - Ogum, meu irmão! Que bomvê-lo aqui do lado de fora da mo-rada do nosso pai e nosso DivinoCriador Olorum! Por que vocêdemorou tanto para sair?

    - Exu,é bom revê-lo, meuirmão! O que você faz por aqui?

    - O que eu faço por aqui?- Foi o que lhe perguntei, Exu.

    - Eu já ando por aqui há tantotempo, que eu nem sei a quantotempo eu ando por aqui, sabe?

    - Não sei não. Explique-se, Exu!- Ogum, lá vem você com seus

    pedidos de explicação de novo!- Explique-se, está bem?- Já que você insiste, digo-lhe

    que é por causa do fator adianta-dor que gero, sabe?- Não sei não, Que fator

    é esse?- Bom, até onde eu já

    sei, ele faz com que eu che-gue sempre adiantado nosacontecimentos e este é umacontecimento e tanto, não?

    - Que é um acontecimentoe tanto, disso não tenho dúvi-das. Mas, como você chegouaqui, se só Oxalá havia saído?

    - Ah, Oxalá passou poraqui mas, como ele estavamuito triste e derramandolágrimas, eu achei melhor iraté ele quando ele deixar dederramar lágrimas. A nal, eugero o fator hilariador, não oentristecedor, sabe?

    - Já estou sabendo... por-que Exu ri até sem motivos.

    - Ogum, a falta de moti-vos para se rir é algo hilário,ainda que muitos pensem

    o contrário. Mas, se irmos atrásdos motivos da falta de risos, aívemos que é algo tão tolo, que setorna hilário.

    - É se Exu está adiantado e dizisso, então você já sabe de algoque logo descobrirei, certo?

    - Foi o que eu disse, Ogum.- Então Oxalá não tinha ne-

    nhuma razão para sentir-se tãotriste e angustiado. É isso, Exu?

    - Não mesmo Ogum! Logologo, isso aqui estará fervilhando,de tantos seres que estão à esperada concretização dos mundos quetodos os que carem na moradainterior desejarão vir para cá. E istoaqui estará tão cheio, que muitosdesejarão retornar à ela, sabe?

    - Ainda não sei, mas, se você,que chegou aqui antes do espaçoexistir, e não sei como, está dizen-do, então logo saberei.

    - E então, para onde você estáindo, Ogum meu irmão à minhadireita?

    - Vou até onde está Oxalá, Exu.- Posso acompanhá-lo?- Pode sim, com você ao meu

    lado esquerdo, creio que não mesentirei tão só, não é mesmo?

    - Se é Ogum! Comigo no seulado esquerdo ninguém nunca sesentirá só.

    - Então vamos, Exu. Já vejoo caminho que conduz até Oxalá.

    - Você vai seguir os passosdele?- Vou, Exu.

    - Você não quer seguir poruma caminho alternativo que émais curto?

    - Caminho alternativo? Quecaminho é esse?

    - É um atalho, um desviozi-nho! Mas leva até ele do mesmo

    jeito, certo?- Errado, Exu! Atalhos ou des-

    viozinhos podem levar a muitoslugares, mas nunca levarão al-guém até Oxalá ou qualquer outrolugar, pois todos eles levam aosseus domínios, que estão locali-zados na vazio. Isso sim, é certo!

    - Tudo bem que isso é certo.Mas uma passadinha nos meusdomínios não faz mal a ninguém,sabe?

    - Não sei e não quero saber.Quem quiser que siga seus con-vites. Vamos?

    - Vamos para onde?- Ao encontro de Oxalá, oras!- Não, não!- Por que não?- Esse caminho que leva a

    Oxalá é muito reto, é retíssimomesmo! E Exu só trilha caminhostortos ou tortuosos, sei lá!

    - Até a vista, Exu!Ogum seguiu o caminho que

    conduzia até Oxalá. Logo chegou

    onde ele estava. Após saudá-locruzando o solo e o espaço àfrente dele, levantou-se e os doisabraçaram-se.

    Então ficaram no aguardoda chegada dos outros Orixásque não demoraram a chegar. Equando passou muito tempo semmais nenhum outro aparecer, ini-ciaram suas funções de poderescriadores na morada exterior donosso Divino Criador, gerando

    essas e muitas outras lendassobre eles, que contaremos emoutro livro.

    Texto extraído do livro“Lendas da Criação - A saga

    dos Orixás” de RubensSaraceni, Editora Madras.

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    O Guardião Exu na Umbanda PorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    E eu pensei: “Como era poderoso o Guar-

    dião dos Sete Portais das Trevas”,que leu o meu pensamento.

    - Não pense que consegui omeu poder sendo um tolo. Sempredormi com um olho aberto. Nuncadeixei uma ofensa sem resposta,nem um inimigo mais fraco semconhecer o meu poder. Nuncadeixei de respeitar um igual ou detemer a um mais forte.

    Foi assim que consegui tantopoder. Também nunca saí da lei

    do carma. Não derrubo quemnão merece, nem elevo quemnão zer por merecer.

    Não traio a ninguém mastambém não deixo de castigarum traidor. Leve o tempo quefor necessário, eu o castigo. Nãocastigo um inocente, mas nãoperdôo um culpado. Não dou aum devedor, mas não tiro de umcredor. Não salvo a quem quer seperder, mas não ponho a perder

    quem quer se salvar.Não ajudo a morrer quemquer viver, mas não deixo vivoquem quer se matar. Não tomode quem achar, mas não devolvoa quem perder. Não pego o poderdo senhor da Luz, mas não recusoo poder do senhor das Trevas.

    Não induzo alguém a aban-donar o caminho da Lei, mas nãoculpo quem dele se afastou. Nãoajudo alguém que não queira serajudado, mas não nego ajuda aquem merecer. Sirvo à Luz, mastambém sirvo às Trevas.

    No meu reino eu mando esei me comportar. Não peçoo impossível mas dou apenaso possível. Nem tudo que me

    pedem eu dou, mas nem tudoque dou é porque me pediram. Sórespeito à Lei do Grande da Luze das Trevas e nada mais. É porisso que o Grande exige de mim,portanto é isto que eu exijo dosque habitam, o meu reino. Nãofaço chorar o inocente, mas nãodeixo sorrir o culpado.

    Não liberto o condenado, masnão aprisiono o inocente. Nãorevelo o oculto, mas não ocultoao que pode ser revelado. Nãoinfrinjo à Lei e pela Lei não souincomodado. Agora sabe de ondevem meu poder, senhor da Meia--Noite. Eu sou um dos sete guar-diões da Lei nas Trevas; os outrosseis, procure e a Lei lhe mostrará.

    - Obrigado, Guardião dos SetePortais das Trevas deu-me umalição sábia. Sou seu devedor.

    - Nada me deve, Senhor daMeia-Noite. Gosto de ensinar aquem quer aprender mas tambémgosto de castigar a quem aprendee faz mau uso do saber.

    Ele bateu o pé esquerdo eo recinto se encheu de entidadesque haviam sido religiosos quandona carne.

    - Eis aí um exemplo do mauuso do saber. Eles aprenderamtudo o que precisavam para suasmissões na terra mas não segui-ram o que pregaram. Usaram doque sabiam em benefício próprioou para arruinar aos que acredi-taram neles.

    Olhe bem, Guardião daMeia-Noite e verá que os que sediziam sábios, iluminados, profe-tas, grandes lideres religiosos ougrandes sacerdotes não passavamde otários, idiotas, tolos, imbecis,cegos e mal intencionados. Verá

    entre eles todo tipo de defeito enenhuma qualidade.

    Eram lobos uns pois se apro-veitavam e comiam suas ovelhase hienas outro pois se contenta-vam em consumir os restos dei-xados pelos lobos. Uns e outros

    hoje choram pelo erro cometidopela oportunidade perdida e pelaluz não conquistada. Viveram domundo e não pelo mundo.

    A Lei não os perdoou e osentregou a mim. Eu dou-lhes oque merecem porque sou umguardião da Lei das Trevas e estaé minha função. A Lei não iriacolocar um ser bom e iluminadopara castigar os canalhas nemcolocaria um carrasco como eupara premiar aqueles que vence-ram suas provas.

    Não! Os guardiões da Lei naLuz tem uma função como a mi-nha mas afeta à Luz: não deixamcair quem se fez por merecerà ascensão. Eu não deixo subiraos que se zeram por merecera queda. Eu sou a mão que cas-tiga, a outra é a que acaricia. Eusou a mão que derruba, a outraa que levanta. Tudo isto eu sou eainda assim não sou infeliz, triste,arrependido ou ruim.

    Não sofro de remorso por cas-tigar aquele que a Lei derrubou,assim como um guardião da Leina Luz nada sente ao premiar aquem merecer. Eu sou o que sou,um guardião da Lei nas Trevas eme orgulho disto porque sei quesou necessário à Lei. E tudo istovocê também é, ou será se assu-mir todo o seu passado, resgata-

    -lo e se sentir feliz em servir àLei. Ela o recompensará quandoassim quiser, não porque vocêpeça qualquer recompensa peloseu trabalho mas porque serve-asem se lamentar por estar nasTrevas pois Luz e Trevas são osdois lados do Criador.

    Há os que trabalham duran-te o dia e dormem à noite mastambém há os que trabalham denoite e dormem durante o dia. Háos animais que só saem de suamorada sob o sol e aqueles que sóo fazem sob o luar. Há o verão mashá também o inverno. O que umaquece o outro esfria e vice-versa.Há a primavera mas há tambémo outono: O que um faz brotar ooutro faz se recolher e vice-versa.Há o fogo para queimar e a águapara saciar a sede. Há a terra paragerminar e há o ar para oxigenar.

    Há tantas coisas e no m sãosomente partes do Um. Por istolhe digo, Guardião da Meia-Noitehá os anjos e há os demônios.Os anjos habitam na Luz e osdemônios nas Trevas. Uns nãocondenam aos outros pois sabemque são o que são porque assimquis o Criador.

    Aqueles que vivem no meioé que criam tanta confusão comsuas descidas na carne. Do nossolado não há nada disto. Cada umsabe a que lado pertence. E osque não sabem, são os primeirosde quem nos apossamos. Esta é aLei que nos rege e a todo o restoda Criação. Mais não vou falar poisprecisaria de muito tempo paratal coisa. Espero que possa sairdaqui melhor servidor da Lei do

    que quando chegou.- Eu agradeço suas palavras,

    Guardião dos Portais. Pena queeu seja muito pequeno paraajuda-lo, senão eu diria: se pre-cisar de minha ajuda é só pedir!

    - Pois ainda lhe digo que amaior das pirâmides não pres-cinde da menor de suas pedras;a maior das aves de sua menorpena nem o maior teto de suamenor telha; e nem o maior cor-po do seu menor dedo. O maiorrio não rejeita a menor gota dachuva nem o maior exercito aoseu mais fraco soldado.

    O maior rico é aquele quevaloriza o menor dos seus bens.Muito mais eu poderia dizer masme satisfaço em dizer-lhe: obri-gado Guardião da Meia-Noite!Se eu precisar de seu auxilionão terei vergonha em lhe pedirpois por terem vergonha muitosmorrem. Morrem por terem de-sejado algo e não terem provadoseu gosto. Vergonha não fazparte do meu vocabulário e apalavra que mais prezo é a quese chama”respeito”. Aja assim enão será traído nem odiado, masrespeitado. Nem os maiores pas-sarão por cima de você e nem osmenores lhe escaparão.

    Ele parou de falar.- Até à vista, Guardião dos

    Sete Portais das Trevas!- Até à vista, Guardião da

    Meia-Noite!Fonte: “O Guardião da Meia

    Noite”, Rubens Saraceni, EditoraMadras (www.madras.com.br).

    Temos abaixo um texto do livro “O Guardião daMeia Noite”, de Rubens Saraceni.Este livro mudou a forma de ver quem é o Exuna Umbanda, trouxe para a religião o conceito deliteratura psicografada ao mesmo tempo em que

    desmistifica esta entidade amada e reverenciadapelos umbandistas. Todo umbandista deverialer este livro, que é sem duvida o romance mais lidoe mais importante de toda a obra de Rubens Saraceni.Procure nas melhores livrarias.

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    ESCREVER SOBRE Teologia deUmbanda não é tarefa fácil porqueantes precisamos de nir o que éTeologia e o que é Doutrina deUmbanda.

    • TEOLOGIA: tratado deDeus; doutrina que trata dascoisas divinas; ciência que tempor objeto o dogma e a moral.

    • DOUTRINA: conjunto deprincípios básicos em que sefundamenta um sistema religio-so, losó co e político; opinião,em assuntos cientí cos; norma(do latim doctrina).

    Pelas de nições acima, teologiae doutrina acabam se entrecruzan-do e se misturando, tornando difícilseparar os aspectos doutrináriosdos teológicos, principalmente emuma religião nova como é a Umban-da que, para di cultar ainda maisesses campos distintos, está com-partimentada em várias correntesdoutrinárias.

    Panteões formados pelas mes-mas divindades mas com nomes

    diferentes confundem quem desejaaprofundar-se no seu estudo. Autores umbandistas temos

    muitos! Mas as linhas doutrináriasos separam e em um século deUmbanda ainda não foi possíveluma uniformização teogônica oudoutrinária. Então, imaginem a di-

    culdade em tentar algo no campoteológico.

    Quando iniciei um curso nomea-do por mim “Curso de Teologia deUmbanda”, isto no ano de 1996,foram tantas as reações contráriasque esse meu pioneirismo gerouaté um certo auto-isolamento, queme impus para preservar-me e aomeu trabalho no campo da mediu-nidade, da psicogra a e do ensinodoutrinário.

    Ser pioneiro e iniciar algo atéentão não pensado por nenhumoutro umbandista gerou para mimuma certeza inaba-ável:

    • Na Umbanda, tirando a parteprática ou os trabalhos espirituais,tudo mais ainda está para ser uni-formizado e normatizado.

    • Batizados, casamentos, fu-nerais, iniciações, etc., cada cor-rente doutrinária tem seus ritos

    PorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    A teologiade Umbanda

    e ninguém abdica doseu modo e práticaparticular em benefíciodo geral ou coletivo.

    Eu mesmo, orien-tado pelos mentoresespirituais, desenvolviritos de batismo, decasamento, de funerale de iniciação funda-mentais e possíveis deserem ensinados emaulas coletivas e deserem realizados comgrande aceitação por quem a elesse submetesse, já que são muitobem fundamentados. Mas, nãopara surpresa minha, já que nãoesperava que fossem aceitos, foramrecusados por muitos e admitidos só

    por uma minoria.E mais uma vez os umbandistasdesdenharam ritos fundamentais empé de igualdade com os das outrasreligiões e continuaram casando-seem outras religiões e batizando seus

    lhos fora da Umbanda.Só uma minoria é fel

    aos seus ritos! Com isso,perde a religião e perdemos umbandistas.

    Lembro-me que, quando come-cei o meu curso de Teologia, umgrupo que pratica uma Umbandadiferenciada (segundo eles) criticou--me violentamente e tudo fez paradesacreditar-me e aos meus livros,mostrando-me como um ignorante ea eles como doutores nisto, naquiloe naquilo outro.

    Os leitores, que não desinforma-dos, ainda que a maioria não sejadoutores, não deixariam de notar afalta de fundamentos ou de funda-mentação em tais críticas.

    Pressa e oportunismo não sãobons companheiros de quem desejasemear algo duradouro no tempo ena mente das pessoas, principal-mente entre os umbandistas, tãorefratários a mudanças.

    Eu, com muitos livros teológicose doutrinários já escritos há muitotempo, não me animei em publicá--los antes de ter iniciado o meucurso em 1996, e só anos apósministrá-lo a centenas de pessoas eser aprovado por elas ousei colocarao público livros de Doutrina e Teo-logia de Umbanda Sagrada.

    Mas antes, tomei a precauçãode testar minha teoria de que havia

    criado um novo campode estudo para os um-bandistas já que, sema aprovação deles, denada adiantaria lançá--lo pois cairia no vazioe no esquecimento, talcomo já está aconte-

    cendo com os livrosdos meus mais afoitoscríticos, detratores evilipendiadores.

    Quem tenta seapropriar das idéias e

    das criações alheias e das criaçõesalheias corre o risco de ser tachadocom a pecha de oportunista e devetentar destruir a todo custo quemteve a idéia primeiro e criou algode bom.

    Caso contrário, este alguémsempre os acusará e mostrará atodos que oportunismo e espertezaem religião têm vida curta porquenão prosperam no tempo, além denão contarem com a aprovação daespiritualidade e dos sagrados ori-xás, que não delegaram a ninguémo grau de reformador da Umbanda,pois ela ainda não ultrapassou asua fase de implantação no planomaterial.

    Os meus livros também seinserem nessa fase e espero queeste meu comentário sirva de es-tímulo a outros umbandistas (nãoapressados e não oportunistas) eque venham a contribuir para queseja criada uma verdadeira “lite-ratura teológica umbandista”, tãofundamental quanto indispensávelà doutrina de Umbanda.

    Eu sei que isso demorará muitotempo para acontecer, mas souobstinado e continuarei a contribuircom o calçamento do caminho queconduzirá as gerações futuras àconcentração dessa nossa neces-sidade.

    Também sei que os atuaisadversários de uma normatizaçãosão muitos e não deixarão que talaconteça, pois contrariará seusinteresses pessoais e seus desejosde dominarem a Umbanda.

    Entretanto, nós somos pacien-tes e perseverantes, certo?

    Texto de Rubens Saraceniextraído do livro “Tratado

    Geral de Umbanda - Aschaves interpretativas

    teológicas” – Editora Madras.

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    PorRUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

    As crianças na Umbanda

    A LINHA DAS CRIANÇAS, cujos membrosbaixam nos centros de Umbanda, é detodas a mais misteriosa.

    Esses espíritos infantis nos surpre-endem pela ternura, inocência, argúcia,carinho e amor que vibram quandobaixam em seus médiuns.

    O arquétipo não foi fornecido pelolado material da vida, pois uma criançacom seus 7, 8 ou 9 anos de idade, pormais inteligente que seja, não está aptaintelectualmente a orientar adultos ator-mentados por profundos desequilíbriosno espírito ou na vida material. Quemforneceu o arquétipo foram os seres quedenominamos “encantados da natureza”.

    Não foi baseado em espíritos decrianças que desencarnaram que essa li-nha foi fundamentada, e sim nas criançasencantadas da natureza, que os acolhemem seus vastos reinos na natureza emseu lado espiritual e os amparam até quecresçam e alcancem um novo estágioevolutivo, já como espíritos naturais.

    Os espíritos que se manifestam nalinha das crianças atendem pessoas eauxiliam-nas com seus passes, seusbenzimentos e suas magias elementais,tudo isso feito com alegria e simplicidadeenquanto brincam com seus carrinhos,apitos, bonecas e outros brinquedos bemcaracterizadores do seu arquétipo. Ele étão forte que adultos encarnados sisudosse trans guram e se tornam irreconhe-cíveis quando incorporam sua criança.

    A presença desses espíritos infantis étão marcante que mudam o ambiente empouco tempo, descontraindo todos os queestiverem à volta deles.

    Todo arquétipo só é verdadeiro se

    for fundamentado em algo pré-existente.O arquétipo “Caboclo” fundamentou-seno índio brasileiro e no sertanejo mestiço.

    O arquétipo “Preto-Velho” fundamen-tou-se no negro já ancião, rezador, man-dingueiro e curador. O arquétipo “Criança”fundamentou-se na inocência, na franque-za e na ingenuidade dos seres encantadosainda na primeira idade: a infantil.

    E, caso não saibam, há dimensõesinteiras habitadas só por espíritos nesseestagio evolutivo conhecido, no ladooculto da vida, como “estágio encantado”.Nessas dimensões da vida há eles e suasmães encantadas, todas elas devotadas àeducação moral, consciencial e emocional,contendo seus excessos e direcionando-osà senda evolucionista natural, pois eles nãoserão enviados à dimensão humana paraencarnarem.

    A elas compete suprí-los com o in-dispensável para que não entrem em

    depressão e caiam no autismo ou re-gressão emocional, muito comum nessasdimensões. Nelas há reinos encantadosmuito mais belos do que os “contos defadas” do imaginário popular foi capazde descrever ou criar.

    Cada reino tem uma senhora, umamãe encantada a regê-lo. E há toda umahierarquia a auxiliá-la na manutençãodo equilíbrio para que os milhares deespíritos infantis sob suas guardas não

    regridam, e sim, amadureçam lentamen-te até que possam ser conduzidos aosestágio evolutivo posterior.

    O arquétipo é forte e poderoso por-que por trás dele estão as mães Orixás,sustentando-o, e também estão os paisOrixás, guardando-o e zelando pelaintegridade desses espíritos infantis. Aliteratura existente sobre esse estágio serestringe a alguns livros de nossa autoriaque abordam o estágio encantado daevolução dos espíritos.

    Mas que ninguém duvide da existên-cia dele porque ele realmente existe enão seriam “crianças” humanas recém--desencarnadas e que nada sabiam damagia que iriam realizar os prodígiosque os “Erês” realizam em benefício dosfreqüentadores das suas sessões de tra-balhos ou com forças da natureza quandooferendados em jardins, à beira-mar, nascachoeiras ou em bosques frutíferos.

    Há algo muito forte por trás doarquétipo e esse algo são os Orixás en-cantados, os regentes da evolução dosespíritos ainda na “primeira idade”.

    Texto extraído do livro “Os ar- quétipos da Umbanda de Rubens

    Saraceni, Editora Madras.

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