Jussara Hoffmann Avaliação Da Apren

16

Click here to load reader

description

OK

Transcript of Jussara Hoffmann Avaliação Da Apren

Parte superior do formulrio

Parte inferior do formulrio

Parte superior do formulrio

Parte inferior do formulrio

Cadastre-se e receba nossos informativos

Parte superior do formulrio

Nome E-mail

Parte inferior do formulrio

Entrevista: Jussara Hoffmann

Por uma mudana efetiva da avaliao

Crtica da avaliao classificatria, a autora prope que a aprendizagem seja o objetivo da avaliao mediadora.

Por Luiza Oliva

Jussara Hoffmann nome obrigatrio quando se trata de discutir e repensar os rumos da avaliao. Mestre em Avaliao Educacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ex-professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conferencista e consultora em educao, Jussara tem diversos livros publicados sobre o assunto. Dos livros surgiu inclusive, h 10 anos, sua editora de livros, a Mediao. Virei editora na marra. Meus livros perderam a editora em que estavam, a Educao e Realidade, que passou a se dedicar s a revistas acadmicas. Outros colegas meus, autores, ficaram na mesma situao. Fui pesquisar e resolvi ter minha prpria editora, como um projeto paralelo a minha vida de educadora. Me aposentei da universidade e hoje temos 100 ttulos, sempre procurando livros que de fato auxiliem o professor em sala de aula, comenta Jussara.

Ela credita o sucesso de seu primeiro livro, Avaliao mito & desafio: uma perspectiva construtivista, justamente linguagem simples e objetiva. Na poca a maioria dos livros eram inatingveis, estratosfricos. Queria que meus livros fossem lidos por professores do Brasil todo, diz. Em seus livros, palestras e cursos, Jussara no se cansa de falar sobre a avaliao. Todo mundo d palpite e diz como a avaliao deve ser feita. A escola fica apertada em meio a crticas. A avaliao o que aparece, o que concretiza a educao. como a ponta de um imenso iceberg. Como no Titanic, ningum olha para a base, s para a superfcie. Os pais vem os resultados, mas se esquecem da aprendizagem, se seus filhos esto sendo formados para esta sociedade, completa. Leia, a seguir, a entrevista que Jussara Hoffmann concedeu a Direcional Escolas.

DIRECIONAL ESCOLAS - Em primeiro lugar, gostaria de saber h quanto tempo a senhora se dedica ao estudo da avaliao educacional?

JUSSARA HOFFMANN - Sou educadora h 37 anos. Fui uma entusiasmada professora de sries iniciais por vrios anos, e no menos envolvida professora de portugus de crianas e adolescentes do Ensino Fundamental e Mdio. Passei por experincias de coordenao pedaggica e exerci funes em secretaria de educao antes de chegar Faculdade de Educao. Em 1981, dez anos depois, procurei o Mestrado em Avaliao Educacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro, motivada e angustiada pelas experincias vividas em termos de avaliao da aprendizagem dos alunos nas funes exercidas em todas as escolas por onde passei.

Em 2005 completei 25 anos de pesquisas e estudos em avaliao educacional. Sou uma das educadoras e escritoras brasileiras mais persistentes nesse tema, com inmeros artigos escritos, um sem nmero de participaes em congressos de educao e tendo lanado meu dcimo livro em abril desse ano. Fico orgulhosa de dizer que todos os livros so muito lidos pelos professores. Basta dizer que o meu primeiro livro, Avaliao mito & desafio: uma perspectiva construtivista, de 1991, j est na 35 edio e os demais ttulos tambm tiveram muito sucesso entre os leitores.

Pode-se dizer que, atualmente, a avaliao a maior preocupao dos professores?

Posso dizer que acompanho essa preocupao das escolas e professores ao longo de toda a minha vida de educadora. Hoje, como editora e diretora da Editora Mediao, converso com educadores de vrias reas e leio em seus textos, sobre outros temas, questes crticas nas escolas - reflexos da avaliao classificatria - modelo que perdurou no ltimo sculo. As dificuldades s aumentaram. O nmero de alunos aumentou, porque se resolveram em parte (e mal resolvidos, porque com aprendizagem mnima) os ndices de reprovao. As escolas empobreceram em termos de recursos humanos e materiais para atender a demanda dos alunos. As famlias ficaram mais pobres, mais ocupadas, a vida em sociedade mais violenta e agitada. Os professores tiveram de ser em nmero muito maior para dar conta da populao estudantil. Tambm os docentes ficaram mais pobres, com salrios piores, piores leitores, oriundos de cursos de formao muito menos exigentes.

E o mais grave: os gestores no se prepararam para o maior acesso e permanncia dos alunos nas escolas, embora todos os discursos polticos tenham sido nesse sentido - de uma escola inclusiva. No sabiam que tudo isso iria acontecer?

O que vemos agora? No sabem como lidar com as conseqncias dos seus prprios programas de governo. Diminuir os ndices de reprovao resultou, como era de se esperar, em maior heterogeneidade nas salas de aula, em exigncias de formao continuada dos professores nas escolas, na necessidade de amplo investimento de verbas pblicas na educao. Todas essas questes tm a ver com melhoria da aprendizagem nas escolas e, portanto, o processo de avaliao no sentido mais pleno da palavra - de avaliar para promover melhores oportunidades de uma educao digna para todas as crianas e jovens desse pas.

Por que, ento, os professores se sentem angustiados? Porque, hoje, o problema parece ser apenas de sua competncia profissional. Fala-se apenas que os professores no ensinam bem, por inmeros fatores. Ningum percebe toda a infra-estrutura necessria escola de nosso tempo, a questo referente vida e famlias de crianas e jovens de hoje, as questes scio-econmicas e culturais que interferem violentamente na educao.

Os sistemas de avaliao acompanharam a evoluo da educao nos ltimos anos?

preciso pensar na palavra sistemas. O que so sistemas? Ns podemos, de fato, falar em leis, resolues, normas, regimentos, que, no que se refere avaliao, recebem mltiplas interpretaes pelos gestores educacionais e/ou mudam da noite para o dia como quem muda de camisa. Sistemas, no. Sistema envolveria um conjunto de princpios claros, que contribuiriam para orientar a ao avaliativa das escolas, apontariam para os rumos que deveriam ser tomados por diretores, coordenadores, professores, em caso de decises sobre a avaliao dos alunos. No Brasil, no temos rumos claros nem princpios claros no que se refere avaliao da aprendizagem, principalmente nas escolas pblicas. Nem mesmo a LDB conhecida ou devidamente interpretada por gestores e escolas no quesito avaliao da aprendizagem. As duas ltimas LDB estabelecem claramente preceitos de avaliao contnua e formativa, e a maioria dos regimentos escolares estabelecem normas classificatrias que so aprovadas pelos Conselhos de Educao. Felizmente, muitos professores evoluram em suas concepes e efetivam uma avaliao formativa/mediadora da aprendizagem dos alunos, fechando a porta de suas salas de aula, no sentido de no se importar com as determinaes de regimentos das escolas onde atuam - que ainda defendem posturas classificatrias e excludentes. No que se refere aos governos, a tcnicos de secretarias, a direes, ainda h muita preocupao em mudar a avaliao apenas burocraticamente, como uma bandeira poltica, sem se aprofundar no que tais mudanas representam realmente em termos de melhoria das escolas. Ou seja, tornando o sistema uma colcha de retalhos de muitas normas e resolues para nada e os professores tremendamente ansiosos com tudo isso.

Qual deve ser o objetivo da avaliao hoje?

APRENDIZAGEM. APRENDIZAGEM. APRENDIZAGEM. A expresso MEDIADORA, que utilizo desde 1991, tem por objetivo salientar a importncia do papel do professor no sentido de observar o aluno PARA MEDIAR, ou seja, para refletir sobre as melhores estratgias pedaggicas possveis que visem promover sua aprendizagem. Avaliar no observar se o aluno aprende. Esta resposta j se tem: todos aprendem sempre, seno no estariam sequer vivos, pois enquanto se respira, se aprende, se descobrem novas coisas sobre o mundo em que vivemos. Entretanto, ningum aprende apenas sozinho, aprende muito melhor com o outro, em interao com seus pares e com desafios intelectuais significativos. O melhor ambiente de aprendizagem rico em oportunidades de convivncia, de dilogo, de desafios, de recursos de todas as ordens. Para cada aluno, entretanto, no podem ser oferecidos os mesmos desafios, em tempos programados ou do mesmo jeito. E a entra o professor, o avaliador. Olhando cada um, investigando e refletindo sobre o seu jeito de aprender, conversando, convivendo, organizando o cenrio dessa interao, fazendo a pergunta mais desafiadora possvel, escutando o silncio, se for o caso. O professor MEDIADOR o avaliador essencial. Cuidar para que o aluno aprenda mais e melhor, todos os dias. Isso avaliar.

Como possvel avaliar com base no pressuposto da diversidade, enfim, de que os alunos so diferentes?

Como possvel avaliar sem tal pressuposto? Ns somos diferentes, vivemos de jeitos diferentes, nos vestimos de formas diferentes, gostamos de pessoas e coisas diferentes, falamos, caminhamos, dormimos de jeitos diferentes. o que nos torna nicos, singulares, homens. Diferentes dos animais e dos outros seres vivos. Alm disso, somos especiais. Temos nossos sentimentos e jeitos especiais de ver a vida, momentos especiais, pessoas especiais para ns, necessidades de cuidados especiais em tantos detalhes... E a escola, via avaliao classificatria, quer uniformizar, padronizar, ritmar, programar, comparar, classificar. Deu certo at agora? No deu. Essa escola excluiu e no formou jovens felizes, com iniciativa, corajosos. Vemos muitos adolescentes formados, mas acrticos, sem iniciativa, violentos, submissos, sem gostar de ler e de escrever, sem lembranas boas do tempo de escola. Vamos continuar assim? Temos de aprender a fazer diferente. E o aprendizado vai muito alm de respeitar as diferenas. Significa muito mais: valoriz-las. Queremos ou no que as crianas e jovens sejam diferentes; que troquem idias e experincias prprias sobre o que vivem e pensam; que escrevam com suas prprias palavras; que defendam seus pontos de vista a respeito de valores de vida; que criem coisas novas? Se pretendemos assim, no podemos format-las a partir de critrios de avaliao predeterminados e rgidos como sinnimos de qualidade de ensino. Temos de multidimension-los, flexibiliz-los, questionar sempre o que consideramos certo ou errado em suas respostas e manifestaes. O que certo hoje, ou para algum professor, pode no ser mais o certo para o jovem ou para o futuro daquela cincia, de uma determinada gerao.

Dentro do sistema tradicional, crianas que no atingem notas altas se sentem diminudas frente aos colegas. Esse dano auto-estima das crianas pode ser irreversvel?

A comparao injusta quando as oportunidades e a ajuda so desiguais. A criana e o jovem costumam ser muito ticos. Eles sabem quando se comprometeram ou no em realizar um trabalho de aula, uma leitura ou em participar de uma atividade com todo o empenho que poderiam. Mas quando entra arbitrariedade nesse julgamento, eles no aceitam. Os alunos so diferentes. Portanto, natural que alguns escrevam melhor, joguem melhor, desenhem melhor que os outros. Mas no tarefa da escola fazer tal julgamento. O papel do professor cuidar para que os que no escrevem to bem sejam mais cuidados do que aqueles que j escrevem bem. O que se faz, entretanto? Apenas se enaltece a competio, divulgando notas e prmios. Divulgam-se resultados (avaliao classificatria) e nada se faz para oportunizar aos que precisam ajuda para avanarem naquelas reas. Com certeza, esses que no escrevem bem, por exemplo, tambm so melhores em outros aspectos da escola ou da vida. Muitas vezes so jovens que tm de trabalhar para sustentar a famlia, so timos msicos, so excelentes jogadores de futebol. E a escola tende a desconsiderar essas reas como de menor valor. No so! Trata-se de pessoas diferentes, s isso! Nem piores, nem melhores, diferentes, especiais, todos. A comparao nociva em qualquer circunstncia, porque sempre crianas e jovens sairo perdendo com isso. Por que se entende ainda que alguns devem perder? Esse o preceito bsico de uma sociedade excludente e elitista.

Como a senhora analisa o procedimento de escolas que colocam aulas de recuperao ou reforo durante o recreio ou no horrio das aulas de Educao Fsica? um desestmulo ao estudo?

A pergunta corrobora o que disse acima. No horrio de Educao Fsica? Esta a disciplina que comprovadamente recebe a melhor aceitao da maioria dos alunos hoje. H excelentes depoimentos de dilogos entre professores dessa rea e seus alunos que mostram que servem para aparar muitos problemas que vm ocorrendo nas escolas justamente por falta de conversa com crianas e jovens sobre suas vidas.

Em segundo lugar, preciso dizer que sou contra recuperao extraclasse, por princpio. O assunto complexo. Defendo tal princpio no livro Avaliar para promover: as setas do caminho (2001). Vou tentar explic-lo da seguinte forma: quando se tem trs filhos e um deles est adoentado, amolado ou com problemas, costuma-se mandar os outros dois passear com a av, com uma tia, para ficar mais pertinho e mais tempo com o que est precisando da me. Ou seja, quem gosta, cuida, no manda para outra pessoa cuidar. Ou melhor ainda, quando o filho mais velho, a gente busca a ajuda e o consolo dos prprios irmos para cuidar dele.

Traduzindo o exemplo, penso que se deve ajudar o aluno em suas dificuldades durante o prprio transcorrer das atividades escolares, seja por meio de breves intervenes do professor na prpria sala de aula, por meio de colegas mais prximos que possam auxili-lo, seja utilizando o recurso de leituras para casa e tarefas individuais, acompanhadas dia-a-dia pelo professor, e de outras formas.

Essa uma tarefa que no pode ser exclusiva de um professor, mas de vrios, discutida em primeiro lugar com os prprios alunos a quem se diz que se quer ajudar -, e muito bem planejada em termos do que se pretende fazer e do por que fazer (mediao). Esse tambm o tema do meu livro mais recente, O jogo do contrrio em avaliao (abril de 2005), onde relato e fundamento, justamente, estudos de casos de alunos com dificuldades de aprendizagem em escolas. Em suma, quem gosta, cuida da aprendizagem dos alunos no tempo certo e durante todo o tempo, no deixa para depois ou para a hora do recreio...

O que significa promover a avaliao contnua?

O termo continuidade significa seqncia, processo, gradao. O que vemos muitas vezes nas escolas e que se denomina de processo avaliativo? Uma soma de tarefas que resulta numa soma de notas ou conceitos. Ora, o conhecimento no linear e muito menos calculvel - uma etapa que se soma outra e da qual se calcula um resultado.

Avaliar interpretar um percurso de vida do aluno durante o qual ocorrem mudanas em mltiplas dimenses. Avaliar acompanhar para promover o processo de construo do conhecimento do educando. Nessa frase, relativamente curta, encontram-se expresses altamente complexas. Analisemos algumas delas para entender avaliao contnua:

Acompanhar , segundo o dicionrio Aurlio, quer dizer tambm vir-a-ser, no apenas estar junto a ou ao lado de. Tomemos, ento, o primeiro sentido acompanhar como favorecer o aluno em seu vir-a-ser , de desenvolver-se. O que sugere ao professor observ-lo, compreend-lo, admir-lo em seu jeito de ser e de aprender.

Promover significa proporcionar, oferecer, propiciar diferentes oportunidades. Nesse sentido, expresso promover difere de dirigir, predeterminar, controlar. Significa organizar situaes mltiplas de aprendizagem que contemplem a diversidade das crianas e jovens de uma sala de aula.

Processo envolve transformao, evoluo, algo que muda de forma e de jeito. O termo subentende dois princpios essenciais em avaliao contnua: provisoriedade e complementaridade. O primeiro significa que toda a resposta ou manifestao do aluno ponto de partida para novas perguntas ou desafios do professor. Uma s tarefa nunca deve ser tomada como definitiva para se dizer que ele aprendeu ou no algo, porque ele est em processo de aprendizagem. O segundo complementaridade -, quer dizer que novas observaes que se faam iro permitir compreender melhor o processo em andamento, serviro para complementar a observao do processo. Ou seja, necessrio que se ofeream aos alunos muitas oportunidades de expressar suas idias sobre um mesmo assunto ou no que est aprendendo, para observar as hipteses em construo, e/ou construdas.

Construo do conhecimento envolve uma viso epistemolgica muito diferente da viso bancria, de memorizao de contedos e de treinamento que ainda perdura em muitas escolas. Tal concepo pano de fundo para os preceitos aqui defendidos, tal como a viso que se tem sobre a construtividade do erro e das concepes prvias dos educandos. Sem tais fundamentos, no se concebe, de fato, um processo de avaliao contnua nas escolas.

Embora minha resposta tenha sido um pouco longa, pretendi dizer que h que se debruar sobre uma srie de preceitos que constituem a concepo de avaliao contnua. No to simples essa resposta. Ela se baseia em teorias de conhecimento, em preceitos filosficos, polticos, sociolgicos mais profundos do que simplesmente metodolgicos.

Qual a importncia da auto-avaliao?

Se tomarmos o conceito acima de avaliao contnua poderemos responder tambm esta pergunta. Auto-avaliar-se significa o educando promover e acompanhar seu prprio processo de construo de conhecimento. Difcil? No. Primeiro, no h criana ou jovem que j no faa isso, pois seno no aprenderia. Pois ningum aprende caso no seja um aprendiz ativo, curioso, interessado pelo objeto de conhecimento. Segundo, o que a escola, hoje, chama de auto-avaliao, no isso. costumeiro, isto sim, o aluno ser levado a julgar-se, por meio de fichas ou descries, em relao a atitudes e comportamentos em sala de aula e na escola. De fato, diria, burrocratizou-se a auto-avaliao. Para dar exemplos de processos significativos de auto-avaliao, citaria: alunos fazendo perguntas em sala de aula; chamando professores em suas classes; solicitando que leiam o que escreveram; recorrendo s salas dos professores quando tm dificuldades; pedindo sugestes de leituras; a orientao de estagirios-supervisores em encontros; a relao de mestrandos com orientadores; a consulta de alunos em laboratrios aos seus professores; e muitos outros...

Todos os exemplos acima revelam que os prprios alunos tomam a iniciativa, espontaneamente, de buscar ajuda dos professores para melhor progredir em seus estudos, a partir da tomada de conscincia de que apresentam necessidade em uma ou outra rea de estudo. Este e deveria ser o ambiente natural de uma escola. E tal atitude dos alunos deveria ser gradativamente intensificada medida de seu avano na escolaridade. Alunos maiores solicitando mais a ajuda dos professores por estarem mais independentes e autnomos em termos de seus estudos e, portanto, mais capazes de se auto-regular em termos de suas necessidades de auxlio e/ou sugestes de leitura e outros.

Entretanto, isto o que acontece de fato? No! E o que mais srio: algumas escolas do pas chegam a controlar adolescentes com cmeras de vdeo nas salas de aula. sinal de que no esto sendo favorecidos processos sadios de auto-avaliao espaos de confiana, de dilogo e de oportunidade ao jovem de se comprometer com seus prprios rumos, de definir projetos de estudo, etapas de trabalho, individuais e em grupo. Controle em demasia, denncias, fichas de atitudes e comportamento, esto na total contramo do desenvolvimento da autonomia ensinam aos alunos que s devem se comportar quando estiverem sendo vigiados e em risco de serem punidos. o bero de uma sociedade violenta!

Os pais tm uma ansiedade natural por notas. Como uma escola que muda seus processos de avaliao tradicionais deve justificar essa medida aos pais?

No basta uma escola trocar de notas para outra forma de apresentao de resultados quando pretende desenvolver um processo de avaliao mediadora. O contedo muito mais importante do que o invlucro do qual ele se reveste. O perigo revestir o pacote de um papel colorido e com laos de fita e a caixa estar vazia, sem sentido. E as famlias percebem claramente isso. Discursos vazios. Muitas vezes muda-se por mudar, porque outros mudaram, porque moderno, porque a direo mudou. preciso mudar por princpios e no por mtodos. So as concepes e as crenas que determinam as metodologias e no o contrrio.

Nem sempre a mudana no regimento garante que as mudanas de fato ocorram. J vi escolas trabalhando com notas e seus professores desenvolvendo processos de avaliao mediadora de uma forma mais consistente do que outras que diziam trabalhar com avaliao mediadora, mas praticavam posturas classificatrias. Por onde vi que as escolas efetivavam processos de avaliao contnua/mediadora? Pelo trabalho desenvolvido com os alunos - que o que conta -, pelo tempo que ofereciam aos professores para estudar e discutir, pelo respeito com que os pais eram recebidos na escola; pela luta que travavam para ajudar cada criana ou jovem que aparecia com alguma dificuldade. Principalmente, pela participao da direo e da coordenao em todas as reunies de estudo, pelo clima de envolvimento e de satisfao entre os professores, pela continuidade em torno de um mesmo tema de estudo. Isso os pais vem tambm. As escolas no precisam se esforar em justificar. Basta ser!

Entrevista publicada edio 09 - outubro/2005 da Revista Direcional Educador

Visitantes mais recentes

keeley30d

ettalangl

seymourtu

julianct

ateunaarea

< Anterior | Para visualizar todos os artigos | Seguinte >

JUSSARA HOFFMANN - AVALIAO MEDIADORA (CONCURSO - LIVROS E ARTIGOS) escrito emtera 29 dezembro 2009 12:42

AVALIAO MEDIADORA, CURSINHO SOLIDRIO - EMEF ANTONIO D'VILLA "CID. TIRADENTES", EDSON LUIS AMARIO, JUSSARA HOFFMANN, POR QUE O ALUNO NO APRENDE?

Jussara HoffmannPesquisadora, Escritora e Consultora Educacional. Autora de vrios best-sellers em educao. Fundadora e Diretora da Editora Mediao.

Avaliao Mediadora

Objetivo da autora: problematizar a prtica de avaliao na escola, refletindo sobre o cotidiano escolar

Concepo de avaliao para Hoffmann:

A avaliao est ligada concepo de conhecimento e aAvaliao Mediadora exige observao individual de cada aluno, atenta ao seu momento no processo de construo do conhecimento. Professor e aluno tm papis diferentes, seno poderamos falar da relao entre dois alunos. O professor como parceiro mais experiente tem como papel facilitar o acesso do aluno a este conhecimento. Para a autora, da mesma forma que o professor faz a mediao entre o conhecimento e o aluno, a avaliao deveria mediar todo esse processo. Assim como o mdico, atravs de exames laboratoriais e de sua avaliao clnica prescreve medicamentos e outras medidas conforme o estado de sade de seu paciente, o professor deveria utilizar a avaliao durante todo o processo de ensino-aprendizagem, observando como o aluno est apreendendo o conhecimento, que dificuldades enfrenta, que reformulaes em seu mtodo de ensino devem ser feitas, etc. Ou seja, a avaliao passa a ser um instrumento de regulao da aprendizagem.

"Se o aluno considerado um receptor passivo dos contedos que o docente sistematiza, suas falhas, seus argumentos incompletos e inconsistentes no so considerados seno algo indesejvel e digno de um dado de reprovao. Contrariamente, se introduzirmos a problemtica do erro numa perspectiva dialgica e construtivista, ento o erro fecundo e positivo, um elemento fundamental produo de conhecimento pelo ser humano. A opo epistemolgica est em corrigir ou refletir sobre a tarefa do aluno. Corrigir para ver se aprendeu reflete o paradigma positivista de avaliao. Refletir a respeito da produo de conhecimento do aluno para encaminh-lo superao, ao enriquecimento do saber significa desenvolver uma ao avaliativa mediadora.""Ou seja, o acompanhamento do processo de construo de conhecimento implica favorecer o desenvolvimento do aluno, orient-lo nas tarefas, oferecer-lhe novas leituras ou explicaes, sugerir-lhe investigaes, proporcionar-lhe vivncias enriquecedoras e favorecedoras sua ampliao do saber.""As exigncias avaliativas, desprovidas muitas vezes de significado quanto ao desenvolvimento efetivo das crianas e dos jovens, favorecem a manuteno de uma Escola elitista e autoritria"

Publicao: Srie Idias n. 22. So Paulo: FDE, 1994Pginas: 51-59

Proposta de Mediao

Por uma escola de Qualidade

Crtica ao sistema tradicional de avaliao que enfatiza a testagem

Problemtica do Acesso e Permanncia

Qual o papel da Escola nesse processo? Escola que percebe a educao como um direito da criana e um compromisso da escola em torn-la capaz de reivindicar.

Defesa de uma proposta pedaggica coerente. No pode ser vista como uma proposta de no-avaliao.

Questo: Como os professores vm interpretando as propostas de promoo automtica?

Sucesso na escola tradicional: memorizao, notas altas, obedincia e passividade.

Desenvolvimento Mximo Possvel: aprendizagem, compreenso, questionamento e participao.

As charadas da Avaliao

Por que um aluno no aprende?

Crtica ao modelo behaviorista

nfase nas tcnicas de motivao

Sugere que o aluno no aprende porque no faz as tarefas previstas, no presta ateno nas explicaes

Quem so os responsveis pelo fracasso?

Professor, Aluno ou Sociedade

Uma viso construtivista do erro

Pista: Cotidiano do Professor

A questo da subjetividade na elaborao das atividades escritas ou orais

A subjetividade e objetividade na correo do professor

A importncia das tarefas: observao das hipteses construdas pelos alunos

Por que corrigir, professor?

Qual o significado da ao corretiva para o aluno, para o professor e para os pais?

Como proceder o registro do que se observou nas tarefas dos alunos sem incorrer na prtica tradicional e autoritria?

Como partir dessas observaes para uma ao mediadora, de fato, que provoque o aluno a refletir e descobrir gradativamente melhores solues sem a imposio de nossas respostas?

Avaliao Classificatria: corrigir tarefas e provas dos alunos para verificar as respostas certas e erradas e, com base nessa verificao peridica, tomar decises quanto ao seu aproveitamento escolar, sua aprovao ou reprovao em cada srie ou grau de ensino

Avaliao Mediadora: Analisar teoricamente as vrias manifestaes dos alunos em situao de aprendizagem (verbais ou escritas, outras produes), para acompanhar as hipteses que vm formulando a respeito de determinados assunto, em diferentes reas de conhecimento, de forma a exercer uma ao educativa que lhes favorea a descoberta de melhores solues ou a formulao de hipteses preliminarmente formuladas.

Avaliao Mediadora:Uma postura de vida

Como romper com uma prtica que se constitui fortemente pela estria de vida dos professores, reveladora, sem dvida, de posturas pedaggicas que parecem condizentes a suas posturas de vida?

A autora no acredita em mudanas por meio de decretos e regimentos.

Defesa de uma avaliao que promova a aprendizagem do aluno

Referncias:

Material encaminhado por:

EDSON LUIS AMARIO (CURSINHO SOLIDRIO - EMF ANTONIO D'VILLA"CID. TIRADENTES").

SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR EM:

http://www.jussarahoffmann.com.br/site/curriculo.asp?m=1

http://www.crmariocovas.sp.gov.br/int_a.php?t=008

pesquisar...