Um conto maori adaptado por Sílvia Moral

Ilustrado por Sandra Aguilar

Kahukura e a rede

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Há muitos anos, as pessoas pescavam com linha e anzol. E só podiam apanhar

os peixes um a um.

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Um dia, um jovem chamado Kahukura estava a passear numa praia deserta.

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Depois de caminhar durante algum tempo, o jovem encontrou um grande

amontoado de peixes na areia. Eram mais de mil!

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Kahukura percebeu que havia umas estranhas pegadas junto dos peixes

e pensou logo que aquilo só podia ser obra dos «patupaias».

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Os «patupaias» eram uns seres mágicos, de pele muito clara, que só podiam ser

vistos à noite.

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Para ter a certeza se eram eles os pescadores, Kahukura decidiu esconder-se

e esperar que a noite caísse.

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A certa altura, começou a ouvir umas vozes que repetiam, uma e outra vez,

«Atira a rede, da rede hás de tirar.»

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Kahukura não compreendia o que os «patupaias» estavam a fazer,

porque nunca antes tinha visto alguém a usar uma rede para pescar!

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Aqueles seres mágicos começaram a puxar umas cordas de dentro da água

para dentro das suas canoas.

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A luz da Lua refletia-se nos seus corpos de uma forma que os fazia parecer

de prata.

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Apesar de a pele de Kahukura ser muito mais escura, também brilhava

iluminada pela Lua. E Kahukura decidiu juntar-se ao «patupaias» para

aprender como usar as redes.

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Kahukura e as pálidas criaturas trabalharam sem descanso durante toda

a noite e descarregaram mais mil peixes na areia da praia.

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Tinham de trabalhar depressa, pois um simples raio de sol na pele

dos «patupaias» poderia provocar-lhes a morte. E rapidamente os primeiros

raios de sol começaram a iluminar o céu…

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Com a fraca luz da manhã, os «patupaias» perceberam que Kahukura não

era um deles e fugiram assustados mar adentro, esquecendo-se das suas redes

na areia da praia. E foi assim que os homens aprenderam a apanhar muitos

peixes de uma só vez…

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