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PROPOSTA DE REDAÇÃO Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema Valorização do idoso, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, Organize e Relacione, de forma coerente e coesa, Argumentos e Fatos para defesa de seu ponto de vista. ESTATUTO DO IDOSO Art. 3.º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. [...] Art. 4.º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. Disponível em: www.mds.gov.br/suas/arquivos/estatuto_idoso.pdf Acesso em: 07 maio 2009. Foto: Angeluci Figueredo Disponível em: <http://correio24horas.globo.com>. Acesso em: 18 ago. 2009. O aumento da proporção de idosos na população é um fenômeno mundial tão profundo que muitos chamam de “revolução demográfica”. No último meio século, a expectativa de vida aumentou em cerca de 20 anos. Se considerarmos os últimos dois séculos, ela quase dobrou. E, de acordo com algumas pesquisas, esse processo pode estar longe do fim. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/ envelhecimento/texto/env16.htm. Acesso em: 07 maio 2009. ENEM – Outubro/2009 PROVA 2 L LÍ ÍN NG GU UA AG GE EN NS S, , C CÓ ÓD DI IG GO OS S E E S SU UA AS S T TE EC CN NO OL LO OG GI IA AS S E E R RE ED DA AÇ ÇÃ ÃO O

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PROPOSTA DE REDAÇÃO

Com base na leitura dos seguintes textos motivadores enos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,redija texto dissertativo-argumentativo em norma cultaescrita da língua portuguesa sobre o tema Valorização doidoso, apresentando experiência ou proposta de açãosocial, que respeite os direitos humanos. Selecione,Organize e Relacione, de forma coerente e coesa,Argumentos e Fatos para defesa de seu ponto de vista.

ESTATUTO DO IDOSO

Art. 3.º É obrigação da família, da comunidade, dasociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, comabsoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, àsaúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte,ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,ao respeito e à convivência familiar e comunitária. [...]

Art. 4.º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo denegligência, discriminação, violência, crueldade ouopressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ouomissão, será punido na forma da lei.

Disponível em: www.mds.gov.br/suas/arquivos/estatuto_idoso.pdfAcesso em: 07 maio 2009.

Foto: Angeluci Figueredo

Disponível em: <http://correio24horas.globo.com>.Acesso em: 18 ago. 2009.

O aumento da proporção de idosos na população é umfenômeno mundial tão profundo que muitos chamam de“revolução demográfica”. No último meio século, aexpectativa de vida aumentou em cerca de 20 anos. Seconsiderarmos os últimos dois séculos, ela quase dobrou.E, de acordo com algumas pesquisas, esse processo podeestar longe do fim.

Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/envelhecimento/texto/env16.htm. Acesso em: 07 maio 2009.

ENEM – Outubro/2009

PROVA 2LLÍÍNNGGUUAAGGEENNSS,, CCÓÓDDIIGGOOSS EE SSUUAASS TTEECCNNOOLLOOGGIIAASS EE RREEDDAAÇÇÃÃOO

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Idoso é quem tem o privilégio de viver longa vida...

... velho é quem perdeu a jovialidade.

[...]

A idade causa a degenerescência das células...

...a velhice causa a degenerescência do espírito.

Você é idoso quando sonha...

...você é velho quando apenas dorme...

[...]Disponível em: http://www.orizamartins.com/ref-ser-idoso.html.Acesso em: 07 maio 2009.

Instruções:

– Seu texto tem de ser escrito à tinta, na Folha deRedação, que se encontra no final deste Cademo.

– Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração,nem poema.

– O texto com até 7 (sete) linhas escritas será consideradotexto em branco.

– O texto deve ter, no máximo, 30 linhas.

– O Rascunho da redação deve ser feito no espaçoapropriado, no final deste Caderno.

REDAÇÃOConfirma-se a tradição do Enem de propor comotema de redação um problema social, sobre o qual ocan di dato deve fazer considerações, sugerindo algu -ma forma de solução ou encaminhamento, num “textodissertativo-argumentativo”. O tema desta provafrustrada – Valorização do idoso – era desse teor. Os“textos motivadores” apresentados referiam-se aosdireitos dos idosos e o respeito a eles devido, aoaumento da população de idosos (sem menção aosproblemas sociais daí decorrentes) e ao “privilégio”de ser idoso, em confronto com as misérias de ser“velho de espírito”. São textos banais, que se esgotamem generalidades e ignoram todos os aspectos proble -má ticos, sociais ou pessoais, da longevidade. Acresceque tais textos, como que a negar qualquer relaçãocom o mundo dos livros, são apresentados comoanônimos sites da internet, vindo, para culminar,“ilustrados” por uma fotografia de um casal de meia-idade.Louve-se o tema da prova do Enem – como de hábito,um tema de pertinência geral, sobre o qual oscandidatos já deviam ter pensado ou, se não o tivessemfeito, deveriam ser capazes de pensar. Lamente-se apobreza dos textos apresentados, que não propõemnenhum problema, pouco informam e sugerem nãomais que lugares-comuns éticos e existenciais.

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Questões de 1 a 45

Instrução: para responder a essas questões, identifiqueAPENAS UMA ÚNICA alternativa correta e marque aletra correspondente na Folha de Respostas.

1 BBO texto a seguir é um trecho de uma conversa por meio deum programa de computador que permite comunicaçãodireta pela Internet em tempo real, como o MSNMessenger. Esse tipo de conversa, embora escrita,apresenta muitas características da linguagem falada,segundo alguns linguistas. Uma delas é a interação aovivo e imediata, que permite ao interlocutor conhecer,quase instantaneamente, a reação do outro, por meio desuas respostas e dos famosos emoticons (que podem serdefinidos como “ícones que demonstram emoção”).

João diz: oi

Pedro diz: blz?

João diz: na paz e vc?

Pedro diz: tudo trank

João diz: oq vc ta fazendo?

[...]

Pedro diz: tenho q sair agora...

João diz: flw

Pedro diz: vlw, abc

Para que a comunicaçnao, como no MSN se dê em temporeal, é necessário que a escrita das informações sejarápida, o que é feito por meio de

a) frases completas, escritas cuidadosamente com acentose letras maiúsculas (como “oq vc ta fazendo?”).

b) frases curtas e simples (como “tudo trank”) comabreviaturas padronizadas pelo uso (como “vc” – você– “vlw” – valeu!).

c) uso de reticências no final da frase, para que não setenha que escrever o resto da informação.

d) estruturas coordenadas, como “na paz e vc”.

e) flexão verbal rica e substituição de dígrafos consonan -tais por consoantes simples (“qu” por “k”).

ResoluçãoOs recursos que permitem a rapidez da escrita nascomunicações on-line em tempo real são, como ficaevidente no exemplo apresentado, a simplicidadeextrema das frases e as abreviaturas de palavrasusuais.

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2 DDObserve a tirinha da personagem Mafalda, de Quino.

QUINO, J. L. Mafalda. Tradução de Monica S. M. da Silva. SãoPaulo: Martins Fontes, 1988.

O efeito de humor foi um recurso utilizado pelo autor datirinha para mostrar que o pai de Mafalda

a) revelou desinteresse na leitura do dicionário.

b) tentava ler um dicionário, que é uma obra muitoextensa.

c) causou surpresa em sua filha, ao se dedicar à leitura deum livro tão grande.

d) queria consultar o dicionário para tirar uma dúvida, enão ler o livro, como sua filha pensava.

e) demonstrou que a leitura do dicionário o desagradoubastante, fato que decepcionou muito sua filha.

ResoluçãoA questão é clara e não deixa dúvida quanto àresposta, embora não esteja bem formulada. O enun -ciado adequado para o caput seria: “O humor datirinha deve-se ao fato de que o pai de Mafalda...”

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3 CCA maioria das declarações do imposto de renda érealizada pela Internet, o que garante maior eficiência erapidez no processamento das informações.

Os serviços oferecidos pelo governo via Internet visam

a) gerar mais despesas aos cofres públicos.

b) criar mais burocracia no relacionamento com ocidadão.

c) facilitar e agilizar os serviços disponíveis.

d) vigiar e controlar os atos dos cidadãos.

e) definir uma política que privilegia a alta sociedade.

ResoluçãoUm teste cuja resposta é evidente e depende apenas deleitura não equivocada: a “eficiência e rapidez”, notex to, corresponde “facilitar e agilizar”, na alter -nativa c.

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4 BBIscute o que tô dizendo,

Seu dotô, seu coroné:

De fome tão padecendo

Meus fio e minha muié.

Sem briga, questão nem guerra,

Meça desta grande terra

Umas tarefa pra eu!

Tenha pena do agregado

Não me dêxe deserdado

PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas.Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008 (fragmento).

A partir da análise da linguagem utilizada no poema,infere-se que o eu lirico revela-se como falante de umavariedade linguística específica. Esse falante, em seugrupo social, é identificado como um falante

a) escolarizado proveniente de uma metrópole.

b) sertanejo morador de uma área rural.

c) idoso que habita uma comunidade urbana.

d) escolarizado que habita uma comunidade do interiordo país.

e) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do suldo país.

ResoluçãoTrata-se de um dialeto rural, como se percebe até pelareferência ao trabalho no campo, um dialeto próximodo caipira (“meus fio e minha muié”), mas distintodele por alguns traços (iscuta, no dialeto caipira, seriaiscuita). A única alternativa cabível é a b, como ocandidato atento facilmente perceberia.

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5 DD

Disponível em http://www.heliorubiales.zip.net

A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O usodessa imagem no anúncio tem como principal objetivo

a) mostrar à população que a Mata Atlântica é maisimportante para o país do que a ordem e o progresso.

b) criticar a estética da bandeira nacional, que não refletecom exatidão a essência do país que representa.

c) informar à população sobre a alteração que a bandeiraoficial do país sofrerá.

d) alertar a população para o desmatamento da MataAtlântica e fazer um apelo para que as derrubadasacabem.

e) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicasem defesa da Amazônia.

ResoluçãoComo é frequente no Enem, este teste associalinguagem visual e problemática contemporânea degrande importância. Que se trate da Mata Atlântica,e não da Amazônia, percebe-se pelo nome daorganização responsável pelo anúncio.

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6 EEVera, Sílvia e Emília saíram para passear pela chácaracom Irene.

— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona Irene!— comenta Sílvia, maravilhada diante dos canteiros derosas e hortênsias.

— Para começar, deixe o “senhora” de lado e esqueça o“dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é um custoaguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo todo.

Meu nome é Irene.

Todas sorriem. Irene prossegue:

—Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai terde fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das flores. Eusou um fracasso na jardinagem.

BAGNO, M. A língua de Eulália: Novela Sociolinguística. São Paulo:Contexto, 2003 (adaptado).

Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou “senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito que devehaver entre os interlocutores. No diálogo apresentadoacima, observa-se o emprego dessas formas. Apersonagem Sílvia emprega a forma “senhora” ao sereferir à Irene. Na situação apresentada no texto, oemprego de "senhora" ao se referir à interlocutora ocorreporque Sílvia

a) pensa que Irene é a jardineira da casa.

b) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.

c) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem emárea rural.

d) deseja expressar por meio de sua fala o fato de suafamília conhecer Irene.

e) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com aqual não tem intimidade.

ResoluçãoAs formas de tratamento senhora e dona implicamrespeito por superiores hierárquicos ou, como é o casono texto, por pessoas mais velhas.

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7 DDA escrita é uma das formas de expressão que as pessoasutilizam para comunicar algo e tem várias finalidades:informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim,o conhecimento acerca das variedades linguísticas sociais,regionais e de registro torna-se necessário para que se usea língua nas mais diversas situações comunicativas.

Considerando as informações acima, imagine que vocêestá à procura de um emprego e encontrou duas empresasque precisam de novos funcionários. Uma delas exigeuma carta de solicitação de emprego. Ao redigi-la, você

a) fará uso da linguagem metafórica.

b) apresentará elementos não verbais.

c) utilizará o registro informal.

d) evidenciará a norma padrão.

e) fará uso de gírias.

ResoluçãoObserve-se que o verbo evidenciar, no contexto,significa “tornar evidente, manifesto” – ou seja, numacarta de pedido de emprego, o domínio da norma cultadeve ficar patente, por ser um trunfo importante.

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8 EEPáris, filho do rei de Tróia, raptou Helena, mulher de umrei grego. Isso provocou um sangrento conflito de dezanos, entre os séculos XIII e XII a. C. Foi o primeirochoque entre o ocidente e o oriente. Mas os gregosconseguiram enganar os troianos. Deixaram à porta deseus muros fortificados um imenso cavalo de madeira. Ostroianos, felizes com o presente, puseram-no para dentro.À noite, os soldados gregos, que estavam escondidos nocavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza para ainvasão. Daí surgiu a expressão “presente de grego”.

DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhiadas Letras, 1995.

Em “puseram-no”, a forma pronominal “no” refere-se

a) ao termo “rei grego”.

b) ao antecedente “gregos”.

c) ao antecedente distante “choque”.

d) à expressão “muros fortificados”.

e) aos termos “presente” e “cavalo de madeira”.

ResoluçãoA referência imediata do pronome oblíquo de“puseram-no” é “presente”, do mesmo período, quepor sua vez refere-se a “cavalo de madeira”, doperíodo anterior.

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9 EECada um dos três séculos anteriores foi dominado poruma única tecnologia. O século XVIII foi a época dosgrandes sistemas mecânicos que acompanharam a Re -volução Industrial. O século XIX foi a era das máquinasa vapor. As principais conquistas do século XX se deramno campo da aquisição, do proces samento e da dis -tribuição de informações. Entre outros desen vol vi mentos,vimos a instalação das redes de telefonia em escalamundial, a invenção do rádio e da televisão, o nascimentoe crescimento sem precedentes da indústria deinformática e o lançamento de satélites de comunicação.

TANEMBAUM, Andrew S. Redes de computadores. Rio deJaneiro: Elsevier, 2003.

A fusão dos computadores e das comunicações teveprofunda influência na organização da sociedade,conforme se verifica pela afirmação:

a) A abrangência da Internet não impactou a sociedadecomo a revolução industrial.

b) O telefone celular mudou o comportamento social, masnão impactou na disponibilidade de informações.

c) A invenção do rádio foi possível com o lançamento desatélites que proporcionam a transposição defronteiras.

d) A televisão não atingiu toda a sociedade devido ao altocusto de implantação e disseminação.

e) As redes de computadores, nos quais os trabalhos sãorealizados por grande número de computadores sepa -rados, mas interconectados, promoveram a aproxima -ção das pessoas.

ResoluçãoA única alternativa cujo conteúdo se refere ao impactosocial da informática é a e.

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10 DDEm uma escola, com o intuito de valorizar a diversidadedo patrimônio etnocultural brasileiro, os estudantes foram

distribuídos em grupos para realizar uma tarefa referenteàs características atuais das diferentes regiões brasileiras,a partir do seguinte quadro:

Considerando a sequência de características apresentadas,os elementos adequados para compor o quadro da Região

Sudeste são

a) mate amargo, embolada, elevador Lacerda, peão deestância.

b) acarajé, axé, Cristo Redentor, piá.

c) vatapá, Carnaval, bumba-meu-boi, industrial.

d) café, samba, Cristo Redentor, operário fabril.

e) sertanejo, pipoca, folia de Reis, Brasília.

ResoluçãoEstranha-se neste teste a substituição de comida porbebida na caracterização alimentar da região sudeste,sendo as demais associadas a algum prato típico, nãoa bebidas. De resto, a resposta não dá lugar a qualquerdúvida.

Região Norte NordesteCentro-Oeste

Sul Sudeste

alimentação peixe carne desol

prato commilho emandioca

churrasco

música ciranda baiãomúsicasertaneja

vaneirão

pontoturístico

zona francade Manaus

praias dolitoral

PantanalSerra deGramado

tipocaracterístico

seringueiro baiana vaqueiro prenda

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11 BBDario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdoe, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar,encostando-se à parede de uma casa. Por elaescorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida dachuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou trêspassantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem.Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviuresposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que deviasofrer de ataque.

TREVISAN, D. Uma vela para Derio. Cemitério de Elefantes. Riode Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).

No texto, um acontecimento é narrado em linguagemliterária. Esse mesmo fato, se relatado em versãojornalística, com características de notícia, seriaidentificado em:

a) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiarno guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede efui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos alimesmo. Um povo que passava falou comigo e tentoume socorrer. E eu, ali, estatelado, sem conseguir falarnada! Cruzes! Que mal!

b) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos, nãoresistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição, quaseesquina com a Padre Vieira, no centro da cidade, ontempor volta do meio-dia. O homem ainda tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas não conseguiu. Aospopulares que tentaram socorrê-lo não conseguiu darqualquer informação.

c) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu vinhalogo atrás. O homem, todo aprumado, de guarda-chuvano braço e cachimbo na boca, dobrou a esquina e foidiminuindo o passo até se sentar no chão da calçada.Algumas pessoas que passavam pararam para ajudar,mas ele nem conseguia falar.

d) Vítima

Idade: entre 40 e 45 anos

Sexo: masculino

Cor: branca

Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua daAbolição, quase esquina com Padre Vieira.Ambulância chamada às 12h34min por homemdesconhecido. A caminho.

e) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído nacalçada da rua da Abolição, quase esquina com a PadreVieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo depessoas em volta dele. Mas parece que ninguém aquipode ajudar. Ele precisa de uma ambulância rápido.Por favor, venham logo

ResoluçãoA alternativa b é a única que apresenta a funçãoreferencial típica da linguagem jornalística. Em apredomina a primeira pessoa, num relato subjetivoem que se destaca a função emotiva da linguagem; emc, o relato é objetivo, mas o predomínio da primeira

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pessoa é estranho à objetividade típica do texto denotícia; d exibe características de um relato policial ee, da linguagem oral de um chamado telefônico aopronto socorro.

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12 AATEXTO A

OITICICA, H Metaesqueme I, 1958. Guache si cartão. 52 cm x 64 cm.Museu de Arte Contemporânea - MAC/USP

Disponível em: http://www.macusp.br. Acesso em: 01 maio 2009.

TEXTO B

Metaesquema I

Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricasno sentido de permitir que o apreciador participe da obrade forma mais efetiva. Nesta obra, como o próprio nomedefine: meta - dimensão virtual de movimento, tempo eespaço; esquema - estruturas, os Metaesquemas sãoestruturas que parecem movimentar-se no espaço. Essetrabalho mostra o deslocamento de figuras geométricassimples dentro de um campo limitado: a superfície dopapel. A isso podemos somar a observação da precisão nadivisão e no espaçamento entre as figuras, mostrando que,além de transgressor e muito radical, Oiticica também eraum artista extremamente rigoroso com a técnica.

Disponível em: http://www.mac.usp.br Acesso em: 02 maio

2009 (adaptado).

Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricasno sentido de permitir que o apreciador participe da obrade forma mais efetiva. Levando-se em consideração otexto e a obra Metaesquema /, reproduzidos acima,verifica-se que

a) a obra confirma a visão do texto quanto à ideia deestruturas que parecem se movimentar, no campolimitado do papel, procurando envolver de maneiramais efetiva o olhar do observador.

b) a falta de exatidão no espaçamento entre as figuras(retângulos) mostra a falta de rigor da técnicaempregada, dando à obra um estilo apenas decorativo.

c) Metaesquema I é uma obra criada pelo artista paraalegrar o dia-a-dia, ou seja, de caráter utilitário.

d) a obra representa a realidade visível, ou seja, espelha omundo de forma concreta.

e) a visão da representação das figuras geométricas érígida, propondo uma arte figurativa.

ResoluçãoA alternativa a retoma o texto B e quase o repete(como, por falha de revisão, o caput da questão repetea frase inicial do texto). A resposta é ainda facilitadapelo fato de as demais alternativas se afastaremgritantemente do texto dado.

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13 EE

Observe a charge, que satiriza o comportamento dosparticipantes de uma entrevista coletiva por causa do quefazem, do que falam e do ambiente em que se encontram.Considerando-se os elementos da charge, conclui-se queela

a) defende, em teoria, o desmatamento.

b) valoriza a transparência pública.

c) destaca a atuação dos ambientalistas.

d) ironiza o comportamento da imprensa.

e) critica a ineficácia das políticas.

ResoluçãoNa charge reproduzida, a devastação da paisagemcircundante é a demonstração escandalosa da “ine -ficácia das políticas” antidesmatamento.

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14 AAO convívio com outras pessoas e os padrões sociaisestabelecidos moldam a imagem corporal na mente daspessoas. A imagem corporal idealizada pelos pais, pelamídia, pelos grupos sociais e pelas próprias pessoasdesencadeia comportamentos estereotipados que podemcomprometer a saúde. A busca pela imagem corporalperfeita tem levado muitas pessoas a procurar alternativasilegais e até mesmo nocivas à saúde.

Revista Corpoconsciêncla. FEFISA. v. 10, n° 2, Santo André,

jul./dez. 2006. (adaptado).

A imagem corporal tem recebido grande destaque evalorização na sociedade atual. Como consequência,

a) a ênfase na magreza tem levado muitas mulheres adepreciar sua autoimagem, apresentando insatisfaçãocrescente com o corpo.

b) as pessoas adquirem a liberdade para desenvolver seuscorpos de acordo com critérios estéticos que elasmesmas criam e que recebem pouca influência do meioem que vivem.

c) a modelagem corporal é um processo em que oindivíduo observa o comportamento de outros, sem,contudo, imitá-Ias,

d) o culto ao corpo produz uma busca incansável, trilhadapor meio de árdua rotina de exercícios, com poucointeresse no aperfeiçoamento estético.

e) o corpo tornou-se um objeto de consumo importantepara as pessoas criarem padrões de beleza quevalorizam a raça à qual pertencem.

ResoluçãoA alternativa a é a única que apresenta uma conse -quência – por sinal, notória – da obsessão corrente decorresponder a uma imagem corporal socialmentevalorizada: o culto da magreza por parte de “muitasmulheres” que, não sendo magras, depreciam suaautoimagem e se mostram insatisfeitas com seuscorpos.

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15 DDTexto 1No meio do caminhoNo meio do caminho tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

Tinha uma pedra

No meio do caminho tinha uma pedra

[.. .]

ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo:Record, 2000.(fragmento)

Texto 2

DAVIS, J. Garfleld. um charme de gato – 7. Trad. da AgênciaInternacional Press. Porto Alegre: L&PM, 2000.

A comparação entre os recursos expressivos queconstituem os dois textos revela que

a) o texto 1 perde suas características de gênero poéticoao ser vulgarizado por histórias em quadrinho.

b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque asescolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1.

c) a escolha do tema, desenvolvido por frasessemelhantes, caracteriza-os como pertencentes aomesmo gênero.

d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar daintertextualidade, foram elaborados com finalidadesdistintas.

e) as linguagens que constroem significados nos doistextos permitem classificá-los como pertencentes aomesmo gênero.

ResoluçãoOs textos apresentados pertencem a gêneros dife -rentes: o texto 1 é poético, não é humorístico e corres -ponde a um gênero de literatura erudita; o texto 2 éuma “tirinha”, ou seja, consiste num “segmento oufragmento de história em quadrinhos, geralmente comtrês ou quatro quadros, apresentado em jornais ourevistas numa só faixa horizontal” (DicionárioHouaiss), correspondendo a um gênero de literaturapopular humorística. Como é claro, o texto 2, numjogo intertextual, parafraseia o notório texto 1, com afinalidade humorística própria de seu gênero.

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16 DDEm , que a cinemateca lança nesta semana nos estados deSão Paulo e Rio de Janeiro, a dor maior e a violênciaverdadeira vêm dos demônios de La Motta - que fizeramdele tanto um astro no ringue como um homem fadado àdestruição. Oirigida como um senso vertiginoso dodestino de seu personagem, essa obra-prima de MartinScorcese é daqueles filmes que falam à perfeição de seutema (o boxe) para então transcendê-lo e tratar do queimporta: aquilo que faz dos seres humanos apenas issomesmo, humanos e tremendamente imperfeitos.

Revista Veja. 18 lev., 2009 (adaptado).

Ao escolher este gênero textual, o produtor do textoobjetivou

a) construir uma apreciação irônica do filme.

b) evidenciar argumentos contrários ao filme de Scorcese.

c) elaborar uma narrativa com descrição de tiposliterários.

d) apresentar ao leitor um painel da obra e se posicionarcriticamente.

e) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial e,por isso, perde sua qualidade.

ResoluçãoO autor apresenta um “painel da obra”, ao resumirseus elementos essenciais (ou dados como tal), e seposiciona criticamente, ao fazer afirmações sobre ovalor da obra tratada, assim como sobre “o queimporta” numa obra (ou na vida) em geral: “aquiloque faz dos seres humanos apenas... humanos etremendamente imperfeitos”.

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17 BBCada vez mais, as pessoas trabalham e administramserviços de suas casas, como mostra a pesquisa realizadaem 1993 pela Fundação Europeia para a Melhoria daQualidade de Vida e Ambiente de Trabalho. Porconseguinte, a 'central idade da casa' é uma tendênciaimportante da nova sociedade. Porém, não significa o fimda cidade, pois locais de trabalho, escolas, complexosmédicos, postos de atendimento ao consumidor, áreasrecreativas, ruas comerciais, shoppíng centers, estádiosde esportes e parques ainda existem e continuarãoexistindo. E as pessoas deslocar-se-ão entre todos esseslugares com mobilidade crescente, exatamente devido àflexibilidade recém-conquistada pejos sistemas detrabalho e integração social em redes: como o tempo ficamais flexível, os lugares tornam-se mais singulares àmedida que as pessoas circulam entre elas em um padrãocada vez mais móvel.

CASTELLS. M. A Sociedade em rede. V.1 São Paulo: Paz e Terra. 2002.

As tecnologias de informação e comunicação têm acapacidade de modificar, inclusive, a forma das pessoastrabalharem. De acordo com o proposto pelo autor

a) a ‘centralidade da casa’ tende a concentrar as pessoasem suas casas e, consequentemente, reduzir acirculação das pessoas nas áreas comuns da cidade,como ruas comerciais e shoppíng centers.

b) as pessoas irão se deslocar por diversos lugares, commobilidade crescente, propiciada pela flexibilidaderecém-conquistada pelos sistemas de trabalho e pelaintegração social em redes.

c) cada vez mais as pessoas trabalham e administramserviços de suas casas, tendência que deve diminuircom o passar dos anos.

d) o deslocamento das pessoas entre diversos lugares éum dos fatores causadores do estresse nos grandescentros urbanos.

e) o fim da cidade será uma das consequências inevitáveisda mobilidade crescente.

ResoluçãoA alternativa de resposta retoma o texto repetindosuas próprias palavras, enquanto as demais alter -nativas se afastam evidentemente dele ou mesmo ocontrariam. (No caput da questão consta “...a formadas pessoas trabalharem”, quando o correto seria “...aforma de as pessoas trabalharem”.)

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18 BBSom de preto

O nosso som não tem idade, não tem raça

E não tem cor.

Mas a sociedade pra gente não dá valor.

Só querem nos criticar, pensam que somos animais.

Se existia o lado ruim, hoje não existe mais,

porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real.

Essa história de ‘porrada’, isso é coisa banal

Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’:

se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança.

É som de preto

De favelado

Mas quando toca ninguém fica paradoMúsica de Mc's Amilcka e Chocolate. In: Dj Malboro. Bem funk.

Rio de Janeiro. 2001 (adaptado).

À medida que vem ganhando espaço na mídia, o vemabandonando seu caráter local, associado às favelas e àcriminalidade da cidade do Rio de Janeiro, tornando-seuma espécie de símbolo da marginalização dasmanifestações culturais das periferias em todo o Brasil.O verso que explicita essa marginalização é:

a) “O nosso som não tem idade, não tem raça”.

b) “Mas a sociedade pra gente não dá valor”.

c) “Se existia o lado ruim, hoje não existe mais”.

d) “Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’”.

e) “se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança”.

ResoluçãoA única alternativa que se refere à rejeição do funkpela sociedade é a b; as demais contêm afirmaçõessobre outros aspectos do funk e seu contexto ou, nocaso da d, uma simples exortação ao ouvinte.

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19 AACientistas da Grã-Bretanha anunciaram ter identificado oprimeiro gene humano relacionado com o desenvol -vimento da linguagem, o FOXP2. A descoberta podeajudar os pesquisadores a compreender os misteriososmecanismos do discurso – que é uma característicaexclusiva dos seres humanos. O gene pode indicar porquee como as pessoas aprendem a se comunicar e a seexpressar e porque algumas crianças têm disfunções nessaárea. Segundo o professor Anthony Monaco, do CentroWellcome Trust de Genética Humana, de Oxford, alémde ajudar a diagnosticar desordens de discurso, o estudodo gene vai possibilitar a descoberta de outros genes comimperfeições. Dessa forma, o prosseguimento das inves -tigações pode levar a descobrir também esses genesassociados e, assim, abrir uma possibilidade de curartodos os males relacionados à linguagem.

Disponível em http:// www.bbc.co.uk Acesso em: 4 maio 2009(adaptado).

Para convencer o leitor da veracidade das informaçõescontidas no texto, o autor recorre à estratégia de

a) citar autoridade especialista no assunto em questão.

b) destacar os cientistas da Grã-Bretanha.

c) apresentar citações de diferentes fontes de divulgaçãocientífica.

d) detalhar os procedimentos efetuados durante oprocesso da pesquisa.

e) elencar as possíveis consequências positivas que adescoberta vai trazer.

ResoluçãoDas estratégias mencionadas nas alternativas, a únicautilizada no texto com o objetivo de “convencer oleitor da veracidade das informações” é a citação deum especialista. Embora elenque “as possíveisconsequências positivas que a descoberta vai trazer”,isso não é feito para “convencer o leitor da veracidadedas informações”. (Numa prova que exige o domíniodo padrão culto da língua, a Banca Examinadorapoderia ter sido mais atenciosa e exigente, mudando oporque que duas vezes aparece no texto transcrito nolugar de por que.) (Numa prova..., alterando a palavraporque, empregada duas vezes no texto, para a formacorreta por que.)

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20 AALuciana trabalha em uma loja de venda de carros. Ela temum papel muito importante de fazer a conexão entre osvendedores, os compradores e o serviço de acessórios.Durante o dia, ela se desloca inúmeras vezes da sua mesapara resolver os problemas dos vendedores e doscompradores. No final do dia, Luciana só pensa em deitare descansar as pernas.

Na função de chefe preocupado com a produtividade(número de carros vendidos) e com a saúde e a satisfação dosseus funcionários, a atitude correta frente ao problema seria

a) propor a criação de um programa de ginástica laboralno início da jornada de trabalho.

b) sugerir a modificação do piso da loja para diminuir oatrito do solo e reduzir as dores nas pernas.

c) afirmar que os problemas de dores nas pemas sãocausados por problemas genéticos.

d) ressaltar que a utilização de roupas bonitas e do saltoalto são condições necessárias para compor o bomaspecto da loja.

e) escolher um de seus fundonários para conduzirasatividades de ginástica laboral em intervalos de 2 em 2horas.

ResoluçãoDas possibilidades apresentadas, a única que pareceadequada e racional é a proposta de um programa de“ginástica laboral”. As demais ou evitam o problema(c e d) ou são irrelevantes (b) ou implicam que umasolução para ele já tivesse sido decidida (e).

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21 EEQuer evitar pesadelos? Então não durma de barriga paracima. Este é o conselho de quem garante ter sido atacadopela Pisadeira. A meliante costuma agir em São Paulo eMinas Gerais. Suas vítimas preferidas são aquelas quecomeram demais antes de dormir. Desce do telhado – seuesconderijo usual – e pisa com muita força no peito e nabarriga do incauto adormecido, provo cando os pesadelos.Há controvérsias sobre sua aparência. De acordo comalguns, é uma mulher bem gorda. Já o escritor CornélioPires forneceu a seguinte descrição da malfeitora:"Essa é ua muié muito magra, que tem os dedos cumpridoe seco cum cada unhão! Tem as perna curta, cabelodesgadeiado, quexo revirado pra riba e nari magro muntoarcado; sobranceia cerrado e zoio aceso..."Pelo sim, pelo não, caro amigo barriga para baixo e bonssonhos.

Almanaque de Cultura Popular. Ano 10, out. 2008, n.o 114 (adaptado)

Considerando que as variedades linguísticas existentesno Brasil constituem patrimônio cultural, a descrição dapersonagem lendária, Pisadeira, nas palavras do escritorCornélio Pires,a) mostra hábitos linguísticos atribuídos à personagem

lendária.b) ironiza vocabulário usado no registro escrito de

descrição de personagens.c) associa a aparência desagradável da personagem ao

desprestígio da cultura brasileira.d) sugere crítica ao tema da superstição como integrante

da cultura de comunidades interioranas.e) valoriza a memória e as identidades nacionais pelo

registro escrito de variedades linguísticas poucoprestigiadas.

ResoluçãoCornélio Pires, citado no texto, registra em sua lite ra -tura a linguagem oral inculta que é precon ceituo -samente desprezada pelos defensores do “portuguêscorreto” (ou seja, o de padrão lusitano, não brasileiro).Tal linguagem, assim valorizada, representa um traçoessencial da comunidade que a utiliza e nela sereconhece.

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22 CCA ética nasceu na pólis grega com a pergunta peloscritérios que pudessem tornar possível o enfrentamentoda vida com dignidade. Isto significa dizer que o pontode partida da ética é a vida, a realidade humana, que, emnosso caso, é uma realidade de fome e miséria, deexploração e exclusão, de desespero e desencanto frentea um sentido da vida. É neste ponto que somos remetidosdiretamente à questão da democracia, um projeto que serealiza nas relações da sociabilidade humana.

Disponível em: http://www.jomaldeopinião.com.br. Acesso em: 03maio 2009.

O texto pretende que o leitor se convença de que a

a) ética é a vivência da realidade das classes pobres,como mostra o fragmento "é uma realidade de fome emiséria".

b) ética é o cultivo dos valores morais para encontrarsentido na vida, como mostra o fragmento "dedesespero e desencanto frente a um sentido da vida".

c) experiência democrática deve ser um projeto vivido nacoletividade, como mostra o fragmento "um projetoque se realiza nas relações da sociabilidade humana".

d) experiência democrática precisa ser exercitada embenefício dos mais pobres, com base no fragmento"tornar possível o enfrentamento da vida comdignidade".

e) democracia é a melhor forma de govemo para asclasses menos favorecidas, como mostra o fragmento"É neste ponto que somos remetidos diretamente àquestão da democracia”.

ResoluçãoA alternativa c respeita o texto, correlacionando ade -quadamente dois elementos dele; nas demais, as asso -ciações propostas não são congruentes nem são fiéisao sentido do texto.

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23 DDDIGA NÃO AO NÃO

Quem disse que alguma coisa é impossível?Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que,segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido."Impossível.""Impraticável.""Não".E ainda assim, sim.Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar abordo de um avião, impulsionado por um motor aeronáutico. Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores empreendedoresdo Brasil, inaugurou a primeira rodovia pavimentada do país.Sim, uma empresa brasileira também inovou no país.Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro.Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo naBacia de Campos.Desenvolveu um óleo combustível mais limpo, o OC Plus.

O que é necessário para transformar o não em sim?Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.E quando o problema parece insolúvel, quando o desafioé muito duro, dizer: vamos lá.Soluções de energia para um mundo real.

Jornal da ABI n° 336. dez. de 2008 (adaptado).

O texto publicitário apresenta a oposição entre "impos -sível", "impraticável", "não" e "sim", "sim", "sim". Essaoposição, usada como um recurso argumen tativo, tem afunção dea) minimizar a importância da invenção do avião por

Santos Dumont.b) mencionar os feitos de grandes empreendedores da

história do Brasil.c) ressaltar a importância do pessimismo para promover

transformações.d) associar os empreendimentos da empresa petrolífera

a feitos históricos.e) ironizar os empreendimentos rodoviários de

Visconde de Mauá no Brasil.

ResoluçãoTrata-se, como fica claro, de propaganda da Petro brás,que se atribui a realização do que era consideradoimpossível ou impraticável, à semelhança das perso -nagens históricas citadas, empregadas mencionadas –no texto como exemplos paralelos ao da grande em -presa petrolífera.

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24 DD

Para convencer o leitor, o anúncio emprega como recursoexpressivo, principalmente,

a) as rimas entre Niciga e nicotina.

b) o uso de metáforas como "força de vontade".

c) a repetição enfática de termos semelhantes como"fácil" e "facilidade".

d) a utilização dos pronomes de segunda pessoa, quefazem um apelo direto ao leitor.

e) a informação sobre as consequências do consumo do \cigarro para amedrontar o leitor.

ResoluçãoO pronome você é classificado nas gramáticas conven -cionais, não como pronome pessoal, mas como prono -me “de tratamento” e, pois, de terceira pessoa, comoos pronomes possessivos e oblíquos que lhe correspon -dem – seu/sua, o/a, lhe. Ocorre que, no portuguêsbrasileiro, esses pronomes são empregados para asegunda pessoa, pois você tomou o lugar do pronometu, devendo portanto ser também classificado comopronome pessoal. É o que se faz, adequadamente,neste teste, na descrição da estratégia de apelo aointelocutor empregada no anúncio publicitário.

COM NICIGA, PARAR DE FUMAR FICA MUITO MAIS FÁCIL

1. Fumar aumenta o número de receptores do seu cérebro que seativam com nicotina.

2. Se você interrompe o fornecimento de uma vez, eles enlouqueceme você sente os desagradáveis sintomas da falta do cigarro.

3. Com seus adesivos transdérmicos. Niciga libera nicotinaterapêutica de forma controlada no seu organismo. facilitando oprocesso de parar de fumar e ajudando a sua força de vontade.Com Niciga. você tem o dobro de chances de parar de fumar.

Revista Época, 24 nov. 2008 (adaptado).

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25 AASentimental

ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro:Record, 1995.

Com base na leitura do poema, a respeito do uso e dapredominância das funções da linguagem no texto deDrummond, pode-se afirmar que

a) por meio dos versos "Ponho-me a escrever teu nome"(v.1) e "esse romântico trabalho" (v.5), o poeta fazreferências ao seu próprio ofício: o gesto de escreverpoemas líricos.

b) a linguagem essencialmente poética que constitui osversos "No prato, a sopa esfria, cheia de escamas edebruçados na mesa todos contemplam" (v.3 e 4)confere ao poema uma atmosfera irreal e impede oleitor de reconhecer no texto dados constitutivos deuma cena realista.

c) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagemcentrada na amada, receptora da mensagem, mas, nasegunda, ele deixa de se dirigir a ela e passa a exprimiro que sente.

d) em "Eu estava sonhando..." (v. 10), o poeta demonstraque está mais preocupado em responder à perguntafeita anteriormente e, assim, dar continuidade aodiálogo com seus interlocutores do que em expressaralgo sobre si mesmo.

e) no verso "Neste país é proibido sonhar." (v.12), o poetaabandona a linguagem poética para fazer uso da funçãoreferencial, informando sobre o conteúdo do "cartazamarelo" (v.11) presente no local.

ResoluçãoA resposta a este teste implica a identificação dareferência metalinguística ao ofício poético nos versosque se referem ao ato de escrever o nome da amada,num “trabalho” cujo teor lírico é sugerido no adjetivo“romântico”.

Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.

No prato, a sopa esfria, cheia de escamas

e debruçados na mesa todos contemplam

esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,

uma letra somente

para acabar teu nome!

— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando...

E há em todas as consciências este cartaz amarelo:

“Neste país é proibido sonhar.”

1

4

7

10

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26 CCPobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínuaimportunação de senhores e de escravos, que não adeixam sossegar um só momento! Como não devia viveraflito e atribulado aquele coração! Dentro de casa contavaela quatro inimigos, cada qual mais porfiado em roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração: três amantes,Leôncio, Belchior, e André, e uma êmula terrível edesapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as importunaçõese insolências dos escravos e criados; mas que seria dela,quando viesse o senhor?!...

GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. São Paulo: Ática, 1995(adaptado).

A personagem Isaura, como afirma o título do romance,era uma escrava. No trecho apresentado, os sofrimentospor que passa a protagonista

a) assemelham-se aos das demais escravas do país, o queindica o estilo realista da abordagem do tema daescravidão pelo autor do romance.

b) demonstram que, historicamente, os problemas vividospelas escravas brasileiras, como Isaura, eram mais deordem sentimental do que física.

c) diferem dos que atormentavam as demais escravas doBrasil do século XIX, o que revela o caráter idealista daabordagem do tema pelo autor do romance.

d) indicam que, quando o assunto era o amor, as escravasbrasileiras, de acordo com a abordagem lírica do temapelo autor, eram tratadas como as demais mulheres dasociedade.

e) revelam a condição degradante das mulheres escravasno Brasil, que, como Isaura, de acordo com a denúnciafeita pelo autor, eram importunadas e torturadasfisicamente pelos seus senhores.

ResoluçãoEste teste depende de conhecimentos históricos, rela -tivos às condições de vida dos escravos brasileiros,para complementar o conteúdo do texto e permitir aconclusão de que os sofrimentos da protagonista nãoeram iguais aos que “atormentavam as demaisescravas do Brasil do século XIX”. A alternativa e, queparece verossímil, refere-se a torturas físicas, quandoo texto fala em tortura psicológica (“torturar-lhe ocoração”).

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27 DD

O SERTÃO E O SERTANEJO

Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tãodiversos pelo matiz das cores, o capim crescido eressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejantetapete de relva, quando lavra o incêndio que algumtropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com umafaúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira,queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualqueraragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogoesguia e trêmula, como que a contemplar medrosa evacilante os espaços imensos que se alongam diante dela.O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com maislentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até seextinguir de todo, deixando como sinal da avassaladorapassagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo osvelozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos oslados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a diascopiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andoupor aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardinsencantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalhoíntimo de espantosa atividade. Transborda a vida.

TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado).

O romance romântico teve fundamental importância naformação da ideia de nação. Considerando o trechoacima, é possível reconhecer que uma das principais eperma nentes contribuições do Romantismo paraconstrução da identidade da nação é aa) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhe -

cida da natureza nacional, marcada pelo subdesen -volvimento e pela falta de perspectiva de renovação.

b) consciência da exploração da terra pelos colonizadorese pela classe dominante local, o que coibiu a explora -ção desenfreada das riquezas naturais do país.

c) construção, em linguagem simples, realista e docu -mental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem daterra que revelou o quanto é grandiosa a naturezabrasileira.

d) expansão dos limites geográficos da terra, que promo -veu o sentimento de unidade do território nacional edeu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aosbrasileiros.

e) valorização da vida urbana e do progresso, em detri -mento do interior do Brasil, formulando um conceitode nação centrado nos modelos da nascente burguesiabrasileira.

ResoluçãoÉ curioso e impróprio que, numa prova destinadainclusive a habitantes dos “lugares mais distantes doBrasil”, se proponha um teste tão centrado naperspectiva do Brasil urbano e litorâneo, pois foi aoBrasil urbano e litorâneo que o romance românticorevelou “os lugares mais distantes do país”.

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28 DDCanção amiga

Eu preparo uma canção,

em que minha mãe se reconheça todas as mães se reconheçam

e que fale como dois olhos.

[...]

Aprendi novas palavras

E tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção

que faça acordar os homens

e adormecer as crianças.

ANDRADE, C. D. Novos Poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1948. (fragmento)

A linguagem do fragmento acima foi empregada peloautor com o objetivo principal de

a) transmitir informações, fazer referência a aconteci -mentos observados no mundo exterior.

b) envolver, persuadir o interlocutor, nesse caso, o leitor,em um forte apelo à sua sensibilidade.

c) realçar os sentimentos do eu lírico, suas sensações,reflexões e opiniões frente ao mundo real.

d) destacar o processo de construção de seu poema, aofalar sobre o papel da própria linguagem e do poeta.

e) manter eficiente o contato comunicativo entre oemissor da mensagem, de um lado, e o receptor, deoutro.

ResoluçãoTrata-se, neste teste, de identificar o emprego dafunção metalinguística da linguagem, na referência dopoema ao próprio trabalho poético. Na alternativa aalude-se à função referencial; na b, à função conativa;na c, à função emotiva; na e, à função fática.

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29 EEIsto

Dizem que finjo ou minto

Tudo que escrevo. Não.

Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo

O que me falha ou finda,

É como que um terraço

Sobre outra coisa ainda.

Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,

Livre do meu enleio,

Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

PESSOA, F. Poemas escolhidos. São Paulo: Globo, 1997.

Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários doséculo XX. Sua obsessão pelo fazer poético nãoencontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo doque no plano concreto, e criar foi a grande finalidade desua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu uma atitudeirreverente.

Com base no texto e na temática do poema Isto, conclui-se que o autor

a) revela seu conflito emotivo em relação ao processo deescritura do texto.

b) considera fundamental para a poesia a influência dosfatos sociais.

c) associa o modo de composição do poema ao estado dealma do poeta.

d) apresenta a concepção do Romantismo quanto àexpressão da voz do poeta.

e) separa os sentimentos do poeta da voz que fala notexto, ou seja, do eu lírico.

ResoluçãoEm sua obra dita “ortônima” (isto é, atribuída ao seunome, não aos seus heterônimos), como é o caso dopoema transcrito, Pessoa separa analiticamente aemoção expressa no poema (isto é, a emoção do eulírico) da experiência real do poeta, como fica explícitoneste poema e no célebre “Autopsicografia” (“O poetaé um fingidor...”).

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30 DDAs imagens seguintes fazem parte de uma campanha doMinistério da Saúde contra o tabagismo.

Disponível em: http://www.cafesemfumo.blogspot.com. Acesso em:10 abr. 2009 (adaptado).

O emprego dos recursos verbais e não-verbais nessegênero textual adota como uma das estratégias persua -sivas

a) evidenciar a inutilidade terapêutica do cigarro.

b) indicar a utilidade do cigarro como pesticida contraratos e baratas.

c) apontar para o descaso do Ministério da Saúde com apopulação infantil.

d) mostrar a relação direta entre o uso do cigarro e oaparecimento de problemas no aparelho respiratório.

e) indicar que os que mais sofrem as consequências dotabagismo são os fumantes ativos, ou seja, aqueles quefazem o uso direto do cigarro.

ResoluçãoAs três primeiras imagens são acompanhadas delegendas que se referem à “relação direta entre o usodo cigarro e o aparecimento de problemas no aparelhorespiratório”.

O Ministério da Saúde adverte:

FUMAR CAUSACÂNCER DE PULMÃO.

O Ministério da Saúde adverte:

CRIANÇAS QUE CONVIVEMCOM FUMANTES TÊM

MAIS ASMA, PNEUMONIA,SINUSITE E ALERGIA.

O Ministério da Saúde adverte:

FUMAR CAUSACÂNCER DE LARINGE.

O Ministério da Saúde adverte:

FUMAR CAUSACÂNCER DE BOCA E PERDA

DOS DENTES.

O Ministério da Saúde adverte:

EM GESTANTES, FUMARPROVOCA PARTOS PREMATUROSE O NASCIMENTO DE CRIANÇASCOM PESO ABAIXO DO NORMAL.

O Ministério da Saúde adverte:

AO FUMAR VOCÊ INALAARSÊNICO E NAFTALINA,

TAMBÉM USADOS CONTRARATOS E BARATAS.

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31 AATexto I

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra

[...]

ANDRADE, C. D. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971(fragmento).

Texto II

As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra norio: cada pedra é herança de família, passando de mãe afilha, de filha a neta, como vão passando as águas notempo[...]. A lavadeira e a pedra formam um ente especial,que se divide e se reúne ao sabor do trabalho. Se a mulherentoa uma canção, percebe-se que nova pedra aacompanha em surdina...

[.. .]

ANDRADE, C. D. Contos sem propósito. Rio de Janeiro: Jornal doBrasil, Caderno B, 17/7/1979 (fragmento).

Com base na leitura dos textos, é possível estabeleceruma relação entre forma e conteúdo da palavra "pedra",por meio da qual se observa

a) o emprego, em ambos os textos, do sentido conotativoda palavra "pedra".

b) a identidade de significação, já que nos dois textos,"pedra" significa empecilho.

c) a personificação de "pedra" que, em ambos os textos,adquire características animadas.

d) o predomínio, no primeiro texto, do sentido denotativode "pedra" como matéria mineral sólida e dura.

e) a utilização, no segundo texto, do significado de"pedra" como dificuldade materializada por um objeto.

ResoluçãoEmbora, nos dois textos, sejam explorados sentidosassociados ao significado básico, denotativo, da pa -lavra pedra, que é “matéria mineral sólida, dura,constituída da natureza das rochas” (DicionárioHouaiss), deve-se ter em conta também o sentidoconotativo que essa palavra adquire, significando, noprimeiro texto, “obstáculo” e, no segundo, um enteanimado, companheiro da lavadeira, capaz de acom -panhá-la em surdina quando ela entoa uma canção.

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32 DDEsta gramática, pois que gramática implica no seuconceito o conjunto de normas com que torna conscientea organização de uma ou mais falas, esta gramática pareceestar em contradição com o meu sentimento. É certo quenão tive jamais a pretensão de criar a Fala Brasileira. Nãotem contradição. Só quis mostrar que o meu trabalho nãofoi leviano, foi sério. Se cada um fizer também dasobservações e estudos pessoais a sua gramatiquinha muitoque isso facilitará pra daqui a uns cinquenta anos sesalientar normas gerais, não só da fala oral transitória evaga, porém da expressão literária impressa, isto é, daestilização erudita da linguagem oral. Essa estilização éque determina a cultura civilizada sob o ponto de vistaexpressivo. Linguístico.

ANDRADE, Mário. Apud PINTO, E. P. A gramatiquinha deMário de Andrade: texto e contexto. São Paulo: Duas Cidades:

Secretaria de Estado da Cultura, 1990 (adaptado).

O fragmento é baseado nos originais de Mário deAndrade destinados à elaboração da sua gramatiquinha.Muitos rascunhos do autor foram compilados, com basenos quais depreende-se do pensamento de Mário deAndrade que elea) demonstra estar de acordo com os ideais da gramática

normativa.b) é destituído da pretensão de representar uma

linguagem próxima do falar.c) dá preferência à linguagem literária ao caracterizá-la

como estilização erudita da linguagem oral.d) reconhece a importância do registro do português do

Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressãooral e literária.

e) reflete a respeito dos métodos de elaboração dasgramáticas, para que ele se torne mais sério, o que ficaclaro na sugestão de que cada um se dedique a estudospessoais.

ResoluçãoÉ explícita no texto de Mário de Andrade a impor -tância atribuída à linguagem oral brasileira, expressaem seu interesse na sistematização não apenas dessamodalidade oral, “transitória e vaga”, mas tambémda “expressão literária impressa”, que ele define como“estilização erudita da linguagem oral”.

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33 AAA figura a seguir trata da "taxa de desocupação" no Brasil,ou seja, a proporção de pessoas desocupadas em relaçãoà população economicamente ativa de uma determinadaregião em um recorte de tempo.

Disponível em: http://www.ibge.gov.br Acesso em: abro 2009(adaptado).

A norma padrão da língua portuguesa está respeitada, nainterpretação do gráfico, em:a) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a taxa

de desocupação no Brasil.b) Nos primeiros meses de 2009, houveram acréscimos

na taxa de desocupação.c) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa de

desempregados foram reduzidos.d) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08 e 02/09, é

estatisticamente igual: 8,5.e) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9 entre

100 pessoas desempregadas.

ResoluçãoNeste teste tenta-se, vãmente, misturar alhos e buga -lhos. O gráfico e as referências ao que ele representasão totalmente inúteis, pois na verdade se trata de umteste puramente linguístico, em que o decisivo não éverificar a correção da alternativa em relação aográfico, pois sob esse aspecto todas são corretas, massimplesmente apontar a frase que respeita a normaculta da língua. Em b, houveram está por houve; em c,o verbo no plural (foram reduzidos) não concorda como sujeito singular (a taxa); em d, a vírgula separa opre di cado do sujeito; em e, o sinal grave indicativo decrase é indevido.

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34 DDÓ meio-dia confuso,ó vinte-e-um de abril sinistro,que intrigas de ouro e de sonhohouve em tua formação?Quem ordena, julga e pune?Quem é culpado e inocente?Na mesma cova do tempocai o castigo e o perdão.Morre a tinta das sentençase o sangue dos enforcados...– liras, espadas e cruzespura cinza agora são.Na mesma cova, as palavras,o secreto pensamento,as coroas e os machados,mentira e verdade estão.[.. .]

MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro:Aguilar. 1972.(fragmento)

O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partidaum fato da história nacional, a Inconfidência Mineira.Nesse poema, a relação entre texto literário e contextohistórico indica que a produção literária é sempre umarecriação da realidade, mesmo quando faz referência aum fato histórico determinado. No poema de CecíliaMeireles, a recriação se concretiza por meioa) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que,

recriado, passa a existir como forma poética desas -socia da da história nacional.

b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico,transformado em batalha épica que exalta a força dosideais dos Inconfidentes.

c) da recusa da autora de inserir nos versos o desfechohistórico do movimento da Inconfidência: a derrota, aprisão e a morte dos Inconfidentes.

d) do distanciamento entre o tempo da escrita e o daInconfidência, que, questionada poeticamente, alcançasua dimensão histórica mais profunda.

e) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder àrealidade, foi atribuído ao fato histórico pela autora, afim de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes.

ResoluçãoÉ o distanciamento no tempo que permite ao eu líricose interrogar sobre eventos que agora repousam na“cova do tempo”, portanto sobre eventos como que“mortos e enterrados”, cujos elementos formadores ecujos sentidos se confundem e embaralham.

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35 AAA falta de espaço para brincar é um problema muitocomum nos grandes centros urbanos. Diversas brinca -deiras de rua tal como o pular corda, o pique pega e outrostêm desaparecido do cotidiano das crianças. As brinca -deiras são importantes para o crescimento e desenvol -vimento das crianças, pois desenvolvem tanto habilidadesperceptivo-motoras quanto habilidades sociais.

Considerando a brincadeira e o jogo como um importanteinstrumento de interação social, pois por meio deles acriança aprende sobre si, sobre o outro e sobre o mundoao seu redor, entende-se quea) o jogo possibilita a participação de crianças de

diferentes idades e níveis de habilidade motora.b) o jogo desenvolve habilidades competitivas centradas

na busca da excelência na execução de atividades docotidiano.

c) o jogo gera um espaço para vivenciar situações deexclusão que serão negativas para a aprendizagemsocial.

d) através do jogo é possível entender que as regras sãoconstruídas socialmente e que não podemos modificá-las.

e) no jogo, a participação está sempre vinculada ànecessidade de aprender um conteúdo novo e dedesenvolver habilidades motoras especializadas.

ResoluçãoA alternativa a não decorre do texto, mas é a única quenão o contraria nem contém algum elemento imper ti -nente. Erros: b) “habilidades competitivas”, “busca deexcelência”, “atividades do cotidiano”; c) “situaçõesde exclusão...”; d) “...as regras são construídassocialmente e não podemos modificá-las”; e)“...necessidade de aprender um conteúdo novo”.

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36 CCTexto I

Principiei a leitura de má vontade. E logo emperrei nahistória de um menino vadio que, dirigindo-se à escola, seretardava a conversar com os passarinhos e recebia delesopiniões sisudas e bons conselhos. Em seguida vinhamoutros irracionais, igualmente bem-intencionados e bemfalantes. Havia a moscazinha que morava na parede deuma chaminé e voava à toa, desobedecendo às ordensmaternas, e tanto voou que afinal caiu no fogo. Essescontos me intrigaram com o [livro] Barão de Macaúbas.Infelizmente um doutor, utilizando bichinhos, impunha-nos a linguagem dos doutores. – Queres tu brincarcomigo? O passarinho, no galho, respondia com preceitoe moral, e a mosca usava adjetivos colhidos no dicionário.A figura do barão manchava o frontispício do livro, e agente percebia que era dele o pedantismo atribuído àmosca e ao passarinho. Ridículo um indivíduo hirsuto egrave, doutor e barão, pipilar conselhos, zumbiradmoestações.

RAMOS. G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1988 (adaptado).

Texto II

Dado que a literatura, como a vida, ensina na medida emque atua com toda sua gama, é artificial querer que elafuncione como os manuais de virtude e boa conduta. E asociedade não pode senão escolher o que em cadamomento lhe parece adaptado aos seus fins, enfrentandoainda assim os mais curiosos paradoxos, pois mesmo asobras consideradas indispensáveis para a formação domoço trazem frequentemente o que as convençõesdesejariam banir. Aliás, essa espécie de inevitávelcontrabando é um dos meios por que o jovem entra emcontato com realidades que se tenciona escamotear-lhe.

CANDIDO. A. A literatura e a formação do homem. Duas Cidades.São Paulo: Ed. 34, 2002 (adaptado).

Os dois textos acima, com enfoques diferentes, abordamum mesmo problema, que se refere, simultaneamente, aocampo literário e ao social. Considerando-se a relaçãoentre os dois textos, verifica-se que eles têm em comumo fato de quea) tratam do mesmo tema, embora com opiniões

divergentes, expressas no primeiro texto por meio daficção e, no segundo, por análise sociológica.

b) foi usada, em ambos, linguagem de caráter moralistaem defesa de uma mesma tese: a literatura, muitasvezes, é nociva à formação do jovem estudante.

c) são utilizadas linguagens diferentes nos dois textos,que apresentam um mesmo ponto de vista: a literaturadeixa ver o que se pretende esconder.

d) a linguagem figurada é predominante em ambos,embora o primeiro seja uma fábula e o segundo, umtexto científico.

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e) o tom humorístico caracteriza a linguagem de ambos ostextos, em que se defende o caráter pedagógico daliteratura.

ResoluçãoO primeiro texto é narrativo e acrescenta aos fatosnarrados uma reflexão do narrador; o segundo textoé dissertativo e analisa o mesmo fato que motiva areflexão do primeiro texto, expondo a mesmaconclusão sobre a dissociação entre literatura e“manual de boa conduta”.

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37MetáforaGilberto Gil

Uma lata existe para conter algo,Mas quando o poeta diz: “Lata”Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo,Mas quando o poeta diz: "Meta"Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poetaQue determine o conteúdo em sua lataNa lata do poeta tudonada cabe,Pois ao poeta cabe fazerCom que na lata venha caberO incabível

Deixe a meta do poeta não discuta,Deixe a sua meta fora da disputaMeta dentro e fora, lata absolutaDeixe-a simplesmente metáfora.

Disponível em: http://www.letras.terra.com.br Acesso em: 5 fev. 2009.

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela com -paração subjetiva, pela semelhança ou analogia entre ele -mentos. O texto de Gilberto Gil brinca com a lingua gemremetendo-nos a essa conhecida figura. O trecho em quese identifica a metáfora é:a) "Uma lata existe para conter algo".b) "Mas quando o poeta diz: 'Lata'".c) "Uma meta existe para ser um alvo".d) "Por isso não se meta a exigir do poeta".e) "Que determine o conteúdo em sua lata".

ResoluçãoA “lata” do poeta é “simplesmente metáfora”, comose afirma no final da canção. Portanto, trata-se demetáfora em b (“Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”) eem e (“Que [o poeta] determine o conteúdo em sualata”), pois em ambos os casos a referência é à “lata dopoeta”. Não se entende, portanto, a razão de a BancaExaminadora do Enem ter considerado que só naalternativa e se “identifica a metáfora”. (Além disso,observe-se a imprecisão com que o verbo identificarfoi aí empregado, e talvez desse emprego decorra aimprecisão do próprio teste.)

TTEESSTTEE DDEEFFEEIITTUUOOSSOO::RREESSPPOOSSTTAASS:: BB e EE ((OOFFIICCIIAALL EE))

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38Texto 1

O Morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:Na bruta ardência orgânica da sede,Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolhoE olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. ChegoA tocá-lo. Minh'alma se concentra.Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!Por mais que a gente faça, à noite, ele entraImperceptivelmente em nosso quarto!

ANJOS, A. Obra Completa, Rio de Janeiro: A9uilar. 1994.

Texto 2

O lugar-comum em que se converteu a imagem de umpoeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso,dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, oolhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certafrieza, certa impessoalidade científica.

CUNHA, F, Romantismo e modernidade na poesia, Rio deJaneiro: Cátedra, 1988 (adaptado).

Em consonância com os comentários do texto 2 acerca dapoética de Augusto dos Anjos, o poema O morcegoapresenta-se, enquanto percepção do mundo, como formaestética capaz dea) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais

são revestidos na poesia.b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por

meio do gosto pelo macabro.c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano

sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.d) abordar dilemas humanos universais a partir de um

pon to de vista distanciado e analítico acerca do coti -diano.

e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de ele -mentos das histórias de horror e suspense na estruturalírica da poesia.

ResoluçãoNa alternativa dada como correta fala-se em “pontode vista distanciado e analítico acerca do cotidiano”.Não se entende como possa ser considerado “distan -ciado” o ponto de vista do eu lírico, que se exprime demaneira fortemente emotiva por meio do relato deuma situação íntima, subjetiva.

TTEESSTTEE DDEEFFEEIITTUUOOSSOO,,SSEEMM RREESSPPOOSSTTAA ((OOFFIICCIIAALL DD))

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39 BBObserve a obra "Objeto Cinético", de Abraham Palatnik, 1966.

Disponível em: http://www.cronopios.com.br. Acesso em: 29 abr. 2009.

A arte cinética desenvolveu-se a partir de um interesse doartista plástico pela criação de objetos que se moviam pormeio de motores ou outros recursos mecânicos. A obra"Objeto Cinético", do artista plástico brasileiro AbrahamPalatnik, pioneiro da arte cinética,

a) é uma arte do espaço e da luz.b) muda com o tempo, pois produz movimento.c) capta e dissemina a luz em suas ondulações.d) é assim denominada, pois explora efeitos retinianos.e) explora o quanto a luz pode ser usada para criar

movimento.

ResoluçãoA alternativa a poderia ser dada como resposta, já queé aplicável em geral a obras de artes plásticas, que são“artes do espaço e da luz”. No caso especial da obrareproduzida, porém, como o próprio título a filia à“arte cinética” e como o texto informa que estaconsistia em “objetos que se moviam por meio demotores ou outros recursos mecânicos”, o candidatodeveria concluir que ela “muda com o tempo, poisproduz movimento”.

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40 CCManuel Bandeira

Filho de engenheiro, Manuel Bandeira foi obrigado aabandonar os estudos de arquitetura por causa da tuber -culose. Mas a iminência da morte não marcou de formalú gubre sua obra, embora em seu humor lírico haja sem -pre um toque de funda melancolia, e na sua poesia hajasempre um certo toque de morbidez, até no erotismo.Tradutor de autores como Marcel Proust e WilliamShakespeare, esse nosso Manuel traduziu mesmo foi anostalgia do paraíso cotidiano mal idealizado por nós,brasileiros, órfãos de um país imaginário, nossa Cocanhaperdida, Pasárgada. Descrever seu retrato em palavras éuma tarefa impossível, depois que ele mesmo já o fez tãobem em versos.

Revista Língua Portuguesa, n.° 40, fev. 2009.

A coesão do texto é construída principalmente a partir do (a)a) repetição de palavras e expressões que entrelaçam as

informações apresentadas no texto.b) substituição de palavras por sinônimos como "lúgubre"

e "morbidez", "melancolia" e "nostalgia".c) emprego de pronomes pessoais, possessivos e demons -

trativos: "sua", "seu", "esse", "nosso", "ele".d) emprego de diversas conjunções subordinativas que

articulam as orações e períodos que compõem o texto.e) emprego de expressões que indicam sequência, pro -

gressividade, como "iminência", "sempre", "depois".

ResoluçãoA função coesiva dos pronomes mencionados naalternativa c está em que eles retomam elementosanteriores do texto: “sua obra” (= de Manuel Ban -deira), “seu humor” (idem), “sua poesia” (idem) etc.

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41 DDOuvir estrelas

"Ora, (direis) ouvir estrelas! Certoperdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,que, para ouvi-las, muita vez despertoe abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquantoa Via-Láctea, como um pálio aberto,cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto,inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas?" Que sentidotem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas".

BILAC. Olavo. Ouvir estrelas In: Tarde, 1919.

Ouvir estrelas

Ora, direis, ouvir estrelas! Vejoque estás beirando a maluquice extrema.No entanto o certo é que não perco o ensejoDe ouvi-las nos programas de cinema.

Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejoque mais eu gozo se escabroso é o tema.Uma boca de estrela dando beijoé, meu amigo, assunto p'ra um poema.

Direis agora: Mas, enfim, meu caro,As estrelas que dizem? Que sentidotêm suas frases de sabor tão raro?

Amigo, aprende inglês para entendê-las,Pois só sabendo inglês se tem ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas.

TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas In: Becker, I. Humor e humorismo:Antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961.

A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que,

a) no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deuem linguagem denotativa, enquanto no de Tigre, emlinguagem conotativa.

b) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes,e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis aos que asouvem e as entendem.

c) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, maistrabalhada, como se observa no uso de estruturas como"dir-vos-ei sem pejo" e "entendê-las".

d) no texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagemmetalinguística no trecho "Uma boca de estrela dandobeijo/é, meu amigo, assunto p'ra um poema."

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e) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada paraalcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe deseu poema com a recomendação de compreensão deoutras línguas.

ResoluçãoNeste teste se desperdiçam dois sonetos inteiros e arica relação que há entre eles, para apenas sequestionar uma referência metalinguística que nãodepende sequer do contexto inteiro do poema em quese encontra. Com apenas um pequeno trecho poder-se-ia propor teste igual, com o mesmo poder deverificar o conhecimento das funções da linguagem ea discriminação da função em causa, já que asalternativas erradas, em geral obviamente erradas,não exploram as implicações dos textos nem justificama apresentação dos dois poemas.

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42 BBEm uma famosa discussão entre profissionais das ciênciasbiológicas, em 1959, C.P. Snow lançou uma frasedefinitiva: "Não sei como era a vida antes do cloro -fórmio". De modo parecido, hoje podemos dizer que nãosabemos como era a vida antes do computador. Hoje nãoé mais possível visualizar um biólogo em atividade comapenas um microscópio diante de si; todos trabalham como auxílio de computadores. Lembramo-nos, obviamente,como era a vida sem computador pessoal. Mas nãosabemos como ela seria se ele não tivesse sido inventado.

PIZA, D. Como era a vida antes do computador? OceanAir emRevista, n.o 1, 2007 (adaptado).

Neste texto, a função da linguagem predominante éa) emotiva, porque o texto é escrito em primeira pessoa

do plural.b) referencial, porque o texto trata das ciências biológicas,

em que elementos como o clorofórmio e o computadorimpulsionaram o fazer científico.

c) metalinguística, porque há uma analogia entre doismundos distintos: o das ciências biológicas e o datecnologia.

d) poética, porque o autor do texto tenta convencer seuleitor de que o clorofórmio é tão importante para asciências médicas quanto o computador para as exatas.

e) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, oredator está tentando convencer o leitor de que éimpossível trabalhar sem computador, atualmente.

ResoluçãoMais um teste sobre funções da linguagem. Trata-sede linguagem referencial porque o elemento centralda mensagem é o universo exterior a ela eindependente dos fatores integrantes do processo decomunicação.

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43 EEFolclore designa o conjunto de costumes, lendas, pro -vérbios, festas tradicionais/populares, manifestaçõesartís ticas em geral, preservado, por meio da tradição oral,por um povo ou grupo populacional. Para exemplificar,cita-se o frevo, um ritmo de origem pernambucanasurgido no início do século XX. Ele é caracterizado peloandamento acelerado e pela dança peculiar, feita demalabarismos, rodopios e passos curtos, além do uso,como parte da indumentária, de uma sombrinha colorida,que permanece aberta durante a coreografia.

As manifestações culturais citadas a seguir que integrama mesma categoria folclórica descrita no texto sãoa) bumba-meu-boi e festa junina.b) cantiga de roda e parlenda. c) saci-pererê e boitatá. d) maracatu e cordel.e) catira e samba.

ResoluçãoO teste visa a verificar o conhecimento de elementos dacultura popular brasileira ou a capacidade do can -didato de discriminá-los no contexto do teste. Como otexto trata de uma dança, a resposta contém referênciaa duas outras danças populares: o samba e o (ou a)catira ou cateretê (“dança rural muito difundida emque os participantes formam duas filas, uma de homense outra de mulheres e, ao som de música, sapateiam ebatem palmas”, Dicionário Houaiss).

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44 CCTexto 1

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

[.. .]Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar – sozinho, à noite –Mais prazer eu encontro lá;Minha terra tem palmeirasOnde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu'inda aviste as palmeirasOnde canta o Sabiá.

DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1998.

Texto 2

Canto de regresso à Pátria

Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o marOs passarinhos daquiNão cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosasE quase tem mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosasEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morraSem que volte para lá

Não permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que eu veja a rua 15E o progresso de São Paulo

ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São Paulo:Círculo do livro. s /d.

ENEM – Outubro/2009

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Os textos 1 e 2, escritos em contextos históricos eculturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: apaisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os,conclui-se quea) o ufanismo, atitude de quem se orgulha

excessivamente do país em que nasceu, é o tom de quese revestem os dois textos.

b) a exaltação da natureza é a principal característica dotexto 2, que valoriza a paisagem tropical realçada notexto 1.

c) o texto 2 aborda o tema da nação, como o texto 1, massem perder a visão crítica da realidade brasileira.

d) o texto 1, em oposição ao texto 2, revela distancia -mento geográfico do poeta em relação à pátria.

e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagembrasileira.

ResoluçãoO caráter humorístico e crítico é notável no poema deOswald de Andrade, ao contrário do texto puramentelaudatório, ufanista de Gonçalves Dias.

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O homem desenvolveu seus sistemas simbólicos parautilizá-los em situações específicas de interlocução. Anecessidade de criar dispositivos que permitissem odiálogo em momentos e/ou lugares distintos levou àadoção universal de alguns desses sistemas.Considerando que a interpretação de textos codificadosdepende da sintonia e da sincronia entre o emissor e oreceptor, pode-se afirmar que aa) recepção das mensagens que utilizam o sistema

simbólico da figura 1 pode ser feita horas depois de suaemissão.

b) recepção de uma mensagem codificada com o auxíliodo sistema simbólico mostrado na figura 2 independedo momento de sua emissão.

c) mensagem que é mostrada na figura 4 será decodi -ficada sem o auxílio da língua falada.

d) figura 3 mostra um sistema simbólico cuja criação éanterior à criação do sistema mostrado na figura 2.

e) figura 4 representa um sistema simbólico que recorre àutilização do som para a transmissão das mensagens.

ResoluçãoA notação musical, embora se utilize de palavras paradeterminadas indicações de andamento (como, noexemplo dado, a expressão italiana “Allegro molto evivace”), não depende da língua falada para suadecodificação, já que os signos por ela utilizados sãoexclusivamente visuais.

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