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O O B B J J E E T T I I V V O O L L Í Í N N G G U U A A P P O O R R T T U U G G U U E E S S A A INSTRUÇÃO: As questões de números 01 a 03 tomam por base um trecho de uma carta do Padre Antonio Vieira (1608-1697) e um soneto do poeta simbolista brasileiro Péthion de Villar (Egas Moniz Barreto de Aragão, 1870-1924). Carta XIII – Ao Rei D. João IV – 4 de abril de 1654 (...) Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V.M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem. Primeiramente nenhum destes índios vai senão vio- lentado e por força, e o trabalho é excessivo, e em que todos os anos morrem muitos, por ser venenosíssimo o vapor do tabaco: o rigor com que são tratados é mais que de escravos; os nomes que lhes chamam e que eles muito sentem, feiíssimos; o comer é quase nenhum; a paga tão limitada que não satisfaz a menor parte do tempo nem do trabalho; e como os tabacos se lavram sempre em terras fortes e novas, e muito distante das aldeias, estão os índios ausentes de suas mulheres, e ordinariamente eles e elas em mau estado, e os filhos sem quem os sustente, porque não têm os pais tempo para fazer suas roças, com que as aldeias estão sempre em grandíssima fome e miséria. Também assim ausentes e divididos não podem os índios ser doutrinados, e vivem sem conhecimento da fé, nem ouvem missa nem a têm para a ouvir, nem se confessam pela Quaresma, nem recebem nenhum outro sacramento, ainda na morte; e assim morrem e se vão ao Inferno, sem haver quem tenha cuidado de seus corpos nem de suas almas, sendo juntamente causa estas crueldades de que muitos índios já cristãos se ausentam de suas povoações, e se vão para a gentilidade, e de que os gentios do sertão não queiram vir para nós, temendo-se do trabalho a que os obrigam, a que eles de nenhum modo são costumados, e assim se vêm a perder as conversões e os já convertidos; e os que governam são os primeiros que se perdem, e os segundos serão os que os consentem; e isto é o que cá se faz hoje e o que se fez até agora. (Padre Antonio Vieira. Carta XIII. 1949.) U U N NE E S S P P - - ( ( P P r r o o v v a a d d e e L L í í n n g g u u a a P P o o r r t t u u g g u u e e s s a a ) ) D D e e z z / / 2 2 0 0 0 0 5 5

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INSTRUÇÃO: As questões de números 01 a 03 tomampor base um trecho de uma carta do Padre AntonioVieira (1608-1697) e um soneto do poeta simbolistabrasileiro Péthion de Villar (Egas Moniz Barreto deAragão, 1870-1924).

Carta XIII – Ao Rei D. João IV – 4 de abril de 1654(...)Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia,

se serve quem ali governa como se foram seusescravos, e os traz quase todos ocupados em seusinteresses, principalmente no dos tabacos, obriga-me aconsciência a manifestar a V.M. os grandes pecadosque por ocasião deste serviço se cometem.

Primeiramente nenhum destes índios vai senão vio-lentado e por força, e o trabalho é excessivo, e em quetodos os anos morrem muitos, por ser venenosíssimoo vapor do tabaco: o rigor com que são tratados é maisque de escravos; os nomes que lhes chamam e queeles muito sentem, feiíssimos; o comer é quasenenhum; a paga tão limitada que não satisfaz a menorparte do tempo nem do trabalho; e como os tabacos selavram sempre em terras fortes e novas, e muitodistante das aldeias, estão os índios ausentes de suasmulheres, e ordinariamente eles e elas em mau estado,e os filhos sem quem os sustente, porque não têm ospais tempo para fazer suas roças, com que as aldeiasestão sempre em grandíssima fome e miséria.

Também assim ausentes e divididos não podem osíndios ser doutrinados, e vivem sem conhecimento dafé, nem ouvem missa nem a têm para a ouvir, nem seconfessam pela Quaresma, nem recebem nenhumoutro sacramento, ainda na morte; e assim morrem ese vão ao Inferno, sem haver quem tenha cuidado deseus corpos nem de suas almas, sendo juntamentecausa estas crueldades de que muitos índios já cristãosse ausentam de suas povoações, e se vão para agentilidade, e de que os gentios do sertão não queiramvir para nós, temendo-se do trabalho a que os obrigam,a que eles de nenhum modo são costumados, e assimse vêm a perder as conversões e os já convertidos; eos que governam são os primeiros que se perdem, e ossegundos serão os que os consentem; e isto é o que cáse faz hoje e o que se fez até agora.

(Padre Antonio Vieira. Carta XIII. 1949.)

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O Último Pajé

Cheio de angústia e de rancor, calado,Solene e só, a fronte carrancuda,Morre o velho Pajé, crucificadoNa sua dor, tragicamente muda.

Vê-se-lhe aos pés, disperso e profanado,O troféu dos avós: a flecha aguda,O terrível tacape ensangüentado,Que outrora erguia aquela mão sanhuda.

Vencida a sua raça tão valente,Errante, perseguida cruelmente,Ao estertor das matas derrubadas!

“Tupã mentiu!” e erguendo as mãos sagradas,Dobra o joelho e a calva sobranceiraPara beijar a terra brasileira.

(Péthion de Villar. A morte do pajé. 1978.)

1Embora separados por mais de dois séculos, os textosapresentados focalizam uma mesma questão socialsurgida no Brasil-Colônia, que tem repercussões até osdias atuais. Releia os dois textos com atenção e, aseguir,a) identifique a questão social abordada por ambos os

textos;b) explique em que medida o poema de Péthion de

Villar, escrito em 1900, simboliza, com certa drama-ticidade, um dos desfechos possíveis dos problemasapontados em 1654 por Vieira ao rei de Portugal.

Resolução

a) Nos dois textos, a “questão social” abordada é a dotratamento dado aos índios pelos colonizadores.Vítimas de “rigor” ainda mais brutal do que o dirigi-do aos escravos, privados de sua cultura sem serbeneficiados pela cultura de seus conquistadores, acena culminante do soneto de Péthion de Villarrepresenta o sacerdote indígena clamando patetica-mente contra a traição de seu deus, ao mesmo tem-po em que se entrega ao domínio dos novossenhores de sua terra.

b) O desfecho para a “questão indígena” simbolizadono soneto de Péthion de Villar é catastrófico (e, demuitas formas, confirmado pelos fatos): o Pajé,representante sagrado da cultura indígena, ao bradarcontra a “mentira” de Tupã, abandona sua cultura ese entrega, de forma rebaixada, humilhante, àcultura inimiga.

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2Podemos estranhar, por vezes, o emprego de certaspalavras nos textos, seja por não serem muito co-mumente usadas, seja por manobras estilístico-expressivas do escritor. O contexto em que taispalavras se encontram, todavia, permite percebermos osentido sem que precisemos socorrer-nos do dicio-nário. Com base neste comentário,a) aponte o que pretende significar Vieira, no terceiro

parágrafo, sob o ponto de vista religioso, com aexpressão “gentios do sertão”;

b) estabeleça, com base na leitura de todo o poema, osentido que a palavra “crucificado” apresenta noterceiro verso do soneto de Péthion.

Resolução

a) A expressão “gentios do sertão” refere-se aos índiosnão-convertidos que viviam afastados das po-voações.

b) “Crucificado” é uma metáfora da dor e do desespe-ro do Pajé, representado com uma imagem que oaproxima de Cristo. Há, pois, comparação implícitaentre o suplício de Cristo e o do “Último Pajé”.

3Ao focalizar como tema a mesma questão histórico-social, Vieira e Péthion o fazem sob pontos de vistadistintos. Lembrando que Vieira escreve uma carta aorei e que Péthion escreve um poema, responda.a) O que quer enfatizar Vieira com a frase final “... e isto

é o que cá se faz hoje e o que se fez até agora”?b) Por que, mesmo situando seu conteúdo num plano

imaginário, idealizado, simbólico, o poema dePéthion não desfigura a realidade em que se baseia?

Resolução

a) Vieira chama a atenção do rei para os desmandos, osabusos e os absurdos com que os colonizadoresportugueses tratavam os habitantes da terra conquis-tada. Sendo o rei o responsável final pela colo-nização, cujos procedimentos brutais são execradospor Vieira, era natural que a ênfase do jesuíta incidis-se sobre “o que cá se faz e o que se fez”, uma vezque cabia ao rei providenciar mudanças na situaçãocalamitosa em que estava sua colônia.

b) O poema de Péthion de Villar apresenta uma alegoriada dizimação da sociedade indígena. Nela, en-contram expressão diversos aspectos da realidadecatastrófica vivida pelos índios: a profanação de suacultura, a perseguição cruel, a humilhante rendição.

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INSTRUÇÃO: As questões de números 04 a 07 fazemreferência a uma passagem da Bíblia Sagrada (Livro doEclesiastes) e um fragmento do livro Reflexões sobre aVaidade dos Homens, de Matias Aires (Matias AiresRamos da Silva de Eça, 1705-1763).

Livro do EclesiastesIntrodução

1 Palavras do Eclesiastes filho de David, rei deJerusalém.

2 Vaidade de vaidades, disse o Eclesiastes;vaidade de vaidades, tudo é vaidade.

3 Que proveito tira o homem de todo o trabalhocom que se afadiga debaixo do sol?

4 Uma geração passa, e outra geração lhe sucede;mas a terra permanece sempre estável.

5 O sol nasce e põe-se, e torna ao lugar dondepartiu, e, renascendo aí,

6 dirige o seu giro para o meio-dia, e depoisdeclina para o norte; o vento corre, visitando tudo emroda, e volta a começar os seus circuitos.

7 Todos os rios entram no mar, e o mar nem porisso trasborda; os rios voltam ao mesmo lugar dondesaíram, para tornarem a correr.

8 Todas as coisas são difíceis; o homem não aspode explicar com palavras. O olho não se farta de ver,nem o ouvido se cansa de ouvir.

9 O que é que foi? É o mesmo que há de ser. Queé o que se fez? O mesmo que se há de fazer.

10Não há nada novo debaixo do sol, e ninguémpode dizer: eis aqui está uma coisa nova, porque ela jáexistiu nos séculos que passaram antes de nós.

11Não há memória das coisas antigas, mas tambémnão haverá memória das coisas que hão de sucederdepois de nós entre aqueles que viverão mais tarde.

12Eu, o Eclesiastes, fui rei de Israel em Jerusalém,13e propus no meu coração inquirir e investigar

sabiamente todas as coisas que se fazem debaixo dosol. Deus deu esta penosa ocupação aos filhos doshomens, para que se ocupassem nela.

14Vi tudo o que se faz debaixo do sol, e achei quetudo era vaidade e aflição de espírito.

15Os perversos dificultosamente se corrigem, e onúmero dos insensatos é infinito.

(Bíblia Sagrada – Antigo Testamento. Livro do Eclesiastes, I, 1-15. 1952.)

Reflexões sobre a Vaidade dos HomensVivemos com vaidade, e com vaidade morremos;

arrancando os últimos suspiros, estamos dispondo anossa pompa fúnebre, como se em hora tão fatal omorrer não bastasse para ocupação: nessa hora em queestamos para deixar o mundo, ou em que o mundo estápara nos deixar, e entramos a compor e a ordenar onosso acompanhamento e assistência funeral; e comvanglória antecipada nos pomos a antever aquelacerimônia, a que chamam as nações últimas honras,devendo antes chamá-la vaidades últimas. Queremosque em cada um de nós se entregue à terra, comsolenidade e fausto, outra infeliz porção de terra: tributoinexorável! A vaidade no meio da agonia nos fazsaborear a ostentação de um luxo que nos é posterior,e nos faz sensíveis as atenções que hão de dirigir-se ànossa insensibilidade. (...)

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De todas as paixões, a que mais se esconde é avaidade: e se esconde de tal forma, que a si mesma seoculta e ignora: ainda as ações mais pias nascemmuitas vezes de uma vaidade mística, que quem a temnão a conhece nem distingue: a satisfação própria, quea alma recebe, é como um espelho em que nos vemossuperiores aos mais homens pelo bem que obramos, enisso consiste a vaidade de obrar o bem.

Não há maior injúria que o desprezo; e é porque odesprezo todo se dirige e ofende a vaidade; por isso aperda da honra aflige mais que a da fortuna; não porqueesta deixe de ter um objeto mais certo e mais visível,mas porque aquela toda se compõe da vaidade, que éem nós a parte mais sensível. Poucas vezes se expõea honra por amor da vida, e quase sempre se sacrificaa vida por amor da honra. Com a honra que adquire, seconsola o que perde a vida; porém o que perde a honra,não lhe serve de alívio a vida que conserva: como se oshomens mais nascessem para terem honra, que paraterem vida, ou fossem formados menos para existiremno ser, que para durarem na vaidade. Justo fora queamassem com excesso a honra, se esta não fossequase sempre um desvario que se sustenta naestimação dos homens, esó vive da opinião deles.

(Matias Aires Ramos da Silva de Eça. Reflexões sobre avaidade dos homens. 1953.)

4Entre as acepções que fornece o dicionário Aurélio paravaidade encontramos: “1. Qualidade do que é vão,ilusório, instável ou pouco duradouro. 2. Desejoimoderado de atrair admiração ou homenagens.”Levando em consideração que o livro de Matias Airesapresenta em epígrafe o versículo 2 do Eclesiastes,releia os dois fragmentos apresentados e, em seguida,a) demonstre qual das duas acepções fornecidas pelo

Aurélio predomina no versículo 11 do Eclesiastes;b) considerando as duas acepções dadas pelo Aurélio,

defina o que quer significar, ironicamente, MatiasAires com a expressão “vanglória antecipada”.

Resolução

a) O versículo 11 do Eclesiastes preceitua que não hámemória das coisas passadas, nem haverá das vindou-ras, o que sugere a primeira acepção que o dicionárioAurélio fornece para vaidade: “1. Qualidade do que évão, ilusório, instável e pouco duradouro”. Esta acepçãoé corroborada, no texto bíblico, pelos dois versículosanteriores, especialmente o décimo, que preceitua:“Não há nada novo debaixo do sol e ninguém podedizer: eis aqui está uma coisa nova, porque ela já existiunos séculos que passaram antes de nós”.

b) A “vanglória antecipada” de que nos fala Matias Airesalinha-se à acepção do “desejo imoderado de atrairadmiração ou homenagens” (Aurélio), e de tal formaimoderado que se estende às “últimas honras”, àspompas fúnebres, que o prosador seiscentista, nomesmo tom de fina ironia, denomina “vaidadesúltimas”. Justificando a expressão de que se vale –“vanglória antecipada” –, Matias Aires invoca asolenidade e o fausto de que revestimos os ritosmortuários (“a ostentação de um luxo que nos éposterior”), como se pudéssemos saboreá-los post

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mortem. Lembra ainda o moralista barroco a fantasiaque nos faz, ainda na condição de mortais, “sensíveisàs atenções que hão de dirigir-se à nossainsensibilidade (...)”, antegozando as lembranças ehomenagens fúnebres. (O discurso fúnebre que BrásCubas antecipadamente encomendou para suasexéquias é um exemplo machadiano dessa vaidade.)

5A abordagem de Matias Aires sobre a vaidade, no frag-mento apresentado, fecha o foco sobre o comporta-mento social do indivíduo. Levando em consideraçãoeste comentário,a) comprove com elementos textuais que, para Matias

Aires, o sentimento da vaidade pressupõe um públi-co;

b) explique, com base na argumentação de MatiasAires, por que este considera existir vaidade atémesmo no homem piedoso.

Resolução

a) A convicção de Matias Aires de que “o sentimentoda vaidade pressupõe um público” é cabalmente afir-mada no final do fragmento, quando o prosadorbarroco sustenta que a “honra”, forma extremada davaidade, é “quase sempre um desvario que sesustenta na estimação dos homens, e só vive naopinião deles.” Em outras passagens, reitera-se essamesma relação: a necessidade de um público para ashomenagens póstumas e a vaidade que subsistemesmo na prática do bem, na ação do piedoso quetambém almeja o reconhecimento de sua virtude.

b) Essa vaidade, que existe até mesmo no homempiedoso, é a que Matias Aires chama “vaidade mís-tica”, que “a si mesma se oculta e ignora”, mas queocorre na “satisfação própria, que a alma recebe [eque] é como um espelho em que nos vemos su-periores aos mais homens pelo bem que obramos, enisso consiste a vaidade de obrar o bem”.

6No Eclesiastes se verifica a adoção de períodos breves,de um vocabulário simples e eficaz e também deinterrogações habilmente colocadas nos versículos 3 e9, que esclarecem o argumento dominante. Tomandopor base este comentário,a) reescreva o versículo 9, substituindo as formas

verbais “foi”, “ser”, “fez” e “fazer” por outras for-mas de outros verbos, buscando preservar, porém, osentido das frases em que se encontram;

b) também procurando preservar ao máximo o sentido,reescreva o versículo 9, transformando cadaseqüência de “pergunta-resposta” em um períododeclarativo, de modo a produzir apenas umaseqüência de dois períodos declarativos.

Resolução

a) O que é que aconteceu? É o mesmo que há de acon-tecer (ocorrer). Que é o que se realizou? O mesmoque se há de realizar.

b) O que foi é o mesmo que há de ser. O que se fez éo mesmo que se há de fazer.

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7Alguns pronomes apresentam-se como anafóricos, istoé, referem-se a um sintagma nominal que os antecedeno enunciado, como é o caso, por exemplo, dopronome pessoal do caso oblíquo “a” (empregadoantes de “publiquei”), que se refere a “a reportagem”no período “Você me enviou com atraso a reportagem,e por isso eu não a publiquei logo.” De posse destainformação,a) indique o núcleo do sintagma nominal a que se refere

o pronome “as” empregado antes da forma verbal“pode” no versículo 8 do fragmento do Eclesiastes;

b) responda, com base na verificação da presença ouausência de um sintagma antecedente, se odemonstrativo “aquela” se apresenta ou não comoanafórico no período que vai de “Não há maiorinjúria” até “a parte mais sensível”, que inicia oúltimo parágrafo do fragmento de Matias Aires.

Resolução

a) O pronome oblíquo átono as refere-se ao sintagmanominal “as coisas”.

b) O pronome demonstrativo “aquela” é anafórico, poisretoma a palavra “honra”, presente no mesmoperíodo.

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INSTRUÇÃO: As questões de números 08 a 10 se ba-seiam na letra do samba-canção Vingança, de LupicínioRodrigues (1914-1974), na letra de Olhos nos Olhos, deChico Buarque de Hollanda (1944-) e numa tira do CasalNeuras, de Glauco (Glauco Villas-Boas, 1957-).

Vingança

Eu gostei tanto,Tanto quando me contaramQue lhe encontraramBebendo, chorandoNa mesa de um bar.E que quando os amigos do peitoPor mim perguntaramUm soluço cortou sua voz,Não lhe deixou falar.Eu gostei tanto,Tanto quando me contaramQue tive mesmo de fazer esforçoP’ra ninguém notar.

O remorso talvez seja a causaDo seu desesperoEla deve estar bem conscienteDo que praticou,Me fazer passar tanta vergonhaCom um companheiroE a vergonhaÉ a herança maior que meu pai me deixou;Mas, enquanto houver voz no meu peitoEu não quero mais nadaDe p’ra todos os santos vingança,Vingança clamar,Ela há de rolar qual as pedrasQue rolam na estradaSem ter nunca um cantinho de seuP’ra poder descansar.

(Lupicínio Rodrigues. Vingança. 1951.)

Olhos nos Olhos

Quando você me deixou, meu bemMe disse pra ser feliz e passar bemQuis morrer de ciúme, quase enlouqueciMas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser reverJá vai me encontrar refeita, pode crerOlhos nos olhos, quero ver o que você fazAo sentir que sem você eu passo bem demaisE que venho até remoçandome pego cantandoSem mais nem porquêE tantas águas rolaramQuantos homens me amaramBem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha simolhos nos olhos, quero ver o que você dizquero ver como suporta me ver tão feliz.

(Chico Buarque. Letra e música. 1989.)

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(Glauco. Casal Neuras. Folha de S.Paulo, 05.06.2005.)

8As duas letras e a tira apresentadas têm como iden-tidade o fato de focalizarem e expressarem o ciúme eoutros sentimentos a este associados, que podemsurgir durante a relação ou com a separação de umcasal. Tendo em mente esta orientação,a) mencione um desses sentimentos associados ao

ciúme que a personagem masculina da letra deLupicínio Rodrigues nutre e expressa com relação àex-companheira;

b) demonstre que, no texto de Chico Buarque, a perso-nagem feminina expressa seus sentimentos demodo mais sutil e refinado do que a personagemmasculina no texto de Lupicínio.

Resolução

a) Os sentimentos associados ao ciúme são o da ver-gonha (“Me fazer passar tanta vergonha”) e o davingança (“Vingança clamar”).

b) O sentimento de vingança, em Olhos nos Olhos,aparece de forma irônica e sutil. O eu lírico femininorebaixa e despreza o ex-companheiro, já que refez avida amorosa e sente-se mais feliz com outros ho-mens. Essa agressão irônica aparece inclusive novocativo “meu bem”. Distancia-se, portanto, do pas-sionalismo destrutivo presente em Vingança.

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9Em ambas as letras o eu-lírico se refere à ex-com-panheira (letra de Lupicínio) e ao ex-companheiro (letrade Chico), sendo diferente, porém, a forma gramaticalde fazerem essa referência. Examine atentamente oemprego dos pronomes pessoais e de tratamento nasduas letras e, a seguir,a) determine a forma de tratamento pela qual a perso-

nagem feminina faz referência ao ex-companheiro naletra de Chico Buarque;

b) considerando que em versões mais recentes da letrade Vingança alguns editores, provavelmenteinfluenciados pelo emprego de “lhe” na primeiraestrofe, substituem na segunda estrofe “ela” por“você”, justifique a razão dessa troca.

Resolução

a) A forma de tratamento pela qual a personagem femi-nina faz referência ao ex-companheiro é o pronomede terceira pessoa do singular você ou a sua formaapocopada (cê). As formas imperativas mantêm amesma pessoa (venha), assim como a forma nopresente do indicativo (“como suporta”).

b) Os editores apontados como responsáveis pela alte-ração teriam pensado que lhe correspondesse ape-nas ao pronome de tratamento você. Ocorre, porém,que você tem a vantagem de permitir que a cançãoseja interpretada por uma cantora, sem com issoatribuir um sentido homossexual à letra. É isso, aliás,que faz Dircinha Batista em sua célebre gravação deVingança. Portanto, não é correto supor que amudança do pronome tenha ocorrido apenas em“versões mais recentes da letra”. Outra razão quepode ter motivado a troca de pronome é que você,embora reja a terceira pessoa verbal, é na verdadepronome de segunda pessoa, pois designa ointerlocutor. Assim sendo, o eu lírico da canção deLupicínio estaria dirigindo suas palavras à (ou ao)amante, e não a terceiros.

10Embora explore o mesmo tema das duas letras, a tirade Glauco diferencia-se pelo tipo de abordagem, quenão apresenta a emotividade intensa da letra deLupicínio, nem o sentimento sutil da letra de Chico.Com base nesta observação e tendo em mente anatureza das tiras de jornais ou revistas,a) aponte essa diferença de tipo de abordagem do tema

na tira de Glauco;b) explique a relação aparentemente absurda entre a

imagem e a frase no último quadrinho.Resolução

a) Na tira de Glauco, a intenção humorística, o espaçoexíguo e a necessidade de ilustrar sentimentos eemoções por meio de imagens fazem que o ciúmeseja representado, alegoricamente, por um bichomonstruoso e a dor do ciúme, metaforicamente, poruma facada.

b) A relação entre a fala e a imagem não é, de fato,absurda, pois a facada representada na imagem é aforma de o ciúme “matar a saudade” que tem dapersonagem.

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INSTRUÇÃO: Leia atentamente os seguintes textos.

O “demônio” dos ciúmes

Quaisquer que sejam os pontos de vista em que seachem colocados os psicólogos para estudar os váriosaspectos do ciúme, é comum nas suas conclusões ocaráter profundamente disfórico, molesto e torturante desua vivência. O próprio Santo Agostinho, em suasConfissões, afirma que era “flagelado pela férrea eabrasadora tortura dos ciúmes”; antes e depois dele, aLiteratura e a História coincidiram em conceder-lhes acategoria de “máximo tormento” e, mais recentemente, aPsicologia o confirma, ao analisar o ressentimento, que éseu ingrediente básico.

Efetivamente, se de algum modo se pode caracterizar oestado do Ser ciumento é definindo-o como umaperseverante e complexa frustração: sente amor e julga-senão correspondido (ou, o que é ainda pior, falsamentecorrespondido); sente raiva, mas compreende a ineficáciade demonstrá-la; sente temor e não pode fugir; sente, pois,intensamente, uma necessidade de ação, e,simultaneamente, percebe sua impotência, desde que asolução do caso não depende dele e sim dos outros ... enão consiste precisamente em “atos” mas em“sentimentos”... que não podem imporse nem suprimir-se,que não obedecem a razões nem coações... Assim, o Serque é devorado ou consumido pelos ciúmes vive emperpétua tensão, sem poder assumir uma atitude mentaldefinitiva, bamboleando-se continuamente entre a fé e odesespero.

Os ciúmes são vividos de modo diferente pela mulher epelo homem, e também o são, em cada sexo, de acordocom o tipo de Amor.

(Emilio Mira y López. Quatro gigantes da alma. 1966.)Nas Garras do Ciúme

Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu enciumado,ainda que tenha mantido o fato em segredo. Sutil ouavassalador, esse é um dos sentimentos mais contundentesdo ser humano. Talvez por isso seja fonte de inspiração paraescritores e compositores. O ciúme está no centro do infernoemocional de Bentinho, personagem esculpido por Machadode Assis no romance Dom Casmurro que passa os diasdominado por incertezas e fantasias sobre a possível traiçãoda idolatrada Capitu. Em Otelo, de William Shakespeare, eleé o “monstro de olhos verdes” que leva ao assassinato deDesdêmona. Na música, também não faltam exemplos. “Ociúme foi cantado por Orlando Silva, Roberto Carlos eCaetano Veloso, entre tantos outros”, lembra Luiz Tatit,compositor e professor da Universidade de São Paulo (USP).E, claro, não há novela que não leve um toque dessa pimentanas relações.

Na vida real, o ciúme é um dos temas que aparecem comfreqüência nas conversas com amigos, nas sessões deterapia. É compreensível. Afinal, no dia-a-dia, é difícil ignorá-lo. “É natural sentir ciúme. É como sentir dor ou fome”, dizo especialista Ailton Amélio da Silva, da USP. Também éverdade que, no Carnaval, o monstro ataca com volúpia. Emsã consciência, nessa época de barriguinhas lindas à mostra,quem deixaria o parceiro passar o feriado sozinho? Noentanto, para desespero dos mais preocupados, além doCarnaval e das situações comuns que podem ser estopins deuma crise, como uma simples ida a um restaurante, surgemoutras capazes de despertar o monstro. As imensaspossibilidades de contato com outras pessoas abertas pelasrelações virtuais estão entre elas. Não é exagero dizer que as

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novas ferramentas de comunicação da internet estão para ociúme como a gasolina está para apagar incêndio. O Orkut,por exemplo, é uma janela para o mundo que permite fazercontatos ou reencontrar antigos amores. Mas, para quemtem tendência ao ciúme, é mais uma trincheira de briga. Emgeral, por causa de recados deixados nas páginas de visita. Ocorreio eletrônico é outro cenário que atrai desconfiadosdecididos a escarafunchar as mensagens eletrônicas atrás depistas de traição.

O sentimento também se infiltra nas baladas. Por trás doclima aparentemente descomprometido das festas, estãojovens que muitas vezes não se dão o direito de admitir odesconforto quando o parceiro acha nova companhia. O quea moçada tenta fazer é administrar a situação. Na verdade, nageração adepta do ficar (trocar carícias sem compromisso), ociúme perdeu espaço. “O ficar transformou a relação com ociúme, que se mantém mais escondido”, avalia o psicólogoAilton.

(ISTOÉ. Nas garras do ciúme. 09.02.2005.)

ProposiçãoOs textos apresentados como base para esta redação

colocam a questão do sentimento do ciúme. Este sentimento,que pode tornar-se muito intenso e perturbar o comportamentodo indivíduo, surge em todas as formas do relacionamentohumano, mas é particularmente notável na relação amorosa, oque explica a freqüência com que é abordado na literatura e naarte. Os textos que serviram de base às questões de números08 a 10 abordam igualmente a questão do ciúme e de outrossentimentos a ele associados, que podem assumir bastanteintensidade durante a relação ou até mesmo após a separaçãodo casal. Com base neste comentário e, se julgar necessário,nos textos mencionados, faça uma redação em prosa, degênero dissertativo, sobre o tema

O SENTIMENTO DO CIÚME EM NOSSAS RELAÇÕES.

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Comentário à proposta de Redação

Fragmentos denominados O "demônio" dos ciúmes, deQuatro gigantes da alma, de E. Mira y López, e Nas garras dociúme, da revista ISTOÉ, foram apresentados como base paraque o candidato redigisse uma dissertação sobre o tema: Osentimento do ciúme em nossas relações. Além desses frag-mentos, o vestibulando pôde contar com idéias contidas emduas letras de músicas que constaram da Prova de LínguaPortuguesa ( Vingança, de Lupicínio Rodrigues, e Olhos nosOlhos, de Chico Buarque). Ambas, acompanhadas por uma tirado Casal Neuras, do desenhista Glauco, caracterizam-se por "fo-calizarem e expressarem o ciúme e outros sentimentos a eleassociados".

Caberia observar que a própria Banca Examinadora, em suaproposição, descreve o ciúme como um "sentimento que surgeem todas as formas do relacionamento humano, mas éparticularmente notável na relação amorosa". Diante de tantasinformações sobre o tema, explorado à exaustão na literaturade todos os tempos, bem como na música e em outras formasde arte, caberia ao candidato a tarefa de selecionar os aspectosque julgasse mais relevantes a sua análise.

No que diz respeito às relações amorosas, seria apropriadomencionar as causas mais comuns das manifestações deciúme, como possessividade, insegurança, desconfiança emrelação ao parceiro, além do medo da rejeição e do abandono.Caberia apontar, entre as conseqüências desse sentimento, osofrimento do próprio ciumento, que muitas vezes temsuficiente lucidez para perceber o ridículo de suas ações, masao mesmo tempo se sente impotente para controlá-las,resultando daí atitudes passionais que levam à corrosão dosrelacionamentos, quando não a traumáticas separações.

Outro aspecto a ser considerado seria o surgimento denovas formas de contato entre pessoas do mundo todo, viainternet. Assim, “Orkut”, salas de bate-papo e correioeletrônico forneceriam combustível suficiente para inflamar oscorações enciumados.

Como forma de se controlar tal sentimento, caberia sugerir aprocura de ajuda especializada para aquilo que a Literatura e aHistória qualificaram como "máximo tormento", tendo ainda co-mo ingrediente básico, segundo a Psicologia, o "ressentimento".

CCCCOOOOMMMMEEEENNNNTTTTÁÁÁÁRRRRIIIIOOOO EEEE GGGGRRRRÁÁÁÁFFFF IIIICCCCOOOO

Boa prova – bem elaborada e inteligente na maioriade suas questões –, que mantém o padrão dos ves-tibulares de Português da Vunesp, sempre marcadospor competência e sensatez. Como tem ocorrido emexames anteriores, há, por vezes, uma desproporçãoentre o enunciado longo, elaborado, aparentemente“difícil”, e a questão, que lhe corresponde, simples,quase banal. É possível que esta seja a intenção doExaminador, de qualquer forma inusual e responsávelpor desnecessárias dificuldades para os candidatos.

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