La Taille Resumo

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Publicado em 04 de abril de 2012 em Educação Imprimir RSS Resenha crítica sobre as teorias psicogenéticas em discussão Prof. Dr. Robson Luiz de França Disciplina: PPC Autora: Nilda Tavares da Silva Santos UMA – Universidade da Madeira / Funchal - Portugal

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ApresentaçãoEste livro é resultado de dois anos consecutivos (1989-1990) departicipação nas Reuniões Anuais da Sociedade de Psicologia de RibeirãoPreto, agora Sociedade Brasileira de Psicologia. Somos devedores deMaria Clotilde Rossetti Ferreira, professora titular da Faculdade deFilosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, pela idéia depublicar o conteúdo dos cursos e mesas-redondas que realizamos nessasreuniões.A receptividade que os temas apresentados, encontraram deve serinterpretada como um indicador seguro da necessidade que havia deabordá-los, tanto no plano da teoria, quanto no do embasamento da práxispedagógica. Ela sinaliza também um processo de filtragem, que vemconferindo à psicogenética um lugar de destaque cada vez maior. Estudaras funções psíquicas a luz de sua gênese e evolução tem dado frutosmuito ricos: aqueles que decorreram da teoria piagetiana, que tem semostrado capaz de absorver as concepções cognitivistas não genéticas, odemonstram à saciedade. Seu avanço, no entanto, requer fazê-la entrar emdiálogo com interlocutores de peso: dai a escolha de Vygotsky e Wallon,que vêm cumprindo esta função ativadora e dinamogênica.O confronto, em profundidade, desses três pontos de vista podecolocar o investigador na chamada "zona crítica" da ciência psicológica,nos seus confins, a região onde se travam as polêmicas e se geram osavanços. Neste sentido, o interesse pelo diálogo entre eles representa autilização de uma das duas formas possíveis de progresso em ciência,aquela que alterna seus efeitos com os que procedem da confrontação comos dados. Confrontam-se teorias com fatos, ou teorias com teorias.Essa última talvez seja a única forma possível de evolução para umsistema da solidez do piagetiano, que corre o risco de imobilizar-se,vítima de sua própria hegemonia. Esse papel de confrontação teórica temsido cumprido, nos últimos anos, pelas idéias de Vygotsky, em suainstigante abordagem sobre a dimensão social no desenvolvimentopsicológico.Um outro tiro de necessidade presidiu a escolha dos temas. Oseducadores pedem que as teorias psicológicas expliquem o funcionamentoda inteligência e da afetividade: mas disso elas não têm dado conta. Nocenário atual, a psicanálise e a psicogenética construtivista têm divididoessa tarefa, o que tornou aquelas dimensões paralelas e exteriores. Ademanda reflete então o desejo -- muito justificado -- de pedir àpsicogenética, aquela mais próxima da teoria acadêmica e da práxispedagógica, que dê solução a este impasse. Dai o acerto de incluir aperspectiva walloniana, que tem uma contribuição especifica para essetema.Em suma, a escolha dos autores reflete a necessidade de fazeramadurecer, pelo confronto, a psicologia genética; a seleção dosassuntos, a de integrar, em benefício tanto da teoria quanto da prática,o estudo dos dois grandes eixos da pessoa. Nossa contribuição foi a deaproximá-los; ao leitor a tarefa de instaurar o dialogo entre eles.

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Publicado em 04 de abril de 2012 emEducaoImprimirRSSResenha crtica sobre as teorias psicogenticas em discusso

Prof. Dr. Robson Luiz de Frana Disciplina: PPC Autora: Nilda Tavares da Silva Santos UMA Universidade da Madeira / Funchal - PortugalObra: LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa.Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenticas em discusso. So Paulo: Summus, 1992. Esta obra foi escrita por professores especialistas da Universidade de So Paulo que atravs de dois anos de Reunies Anuais da Sociedade Brasileira de Psicologia de Ribeiro Preto, traz uma discusso entre os trs principais telogos da psicologia que tentam entender a evoluo do ser humano tanto nos fatores biolgicos e scios, como tambm, nos aspectos afetivos e cognitivos. O livro est dividido em trs partes que subdividi em subcaptulos onde trata do tema em questo na viso dos trs tericos: Piaget na viso de La Taille, Vygotsky na viso de Oliveira e Wallon comentado por Dantas. A primeira parte traz um debate entre os fatores biolgicos e sociais do desenvolvimento humano sobre a linha de Piaget, o qual faz um dilogo sobre o lugar de interao social, na concepo de Vygotsky o debate sobre o processo de formao de conceitos e na teoria de Wallon, onde discutido o ato motor ao ato mental do indivduo. Na segunda parte a questo em foco a afetividade e cognio com Piaget. O tema o desenvolvimento do juzo moral e afetividade. Na linha de Vygotsky o debate sobre o problema da afetividade e na viso de Wallon a afetividade e a construo do sujeito na psicogentica. E finalmente, na terceira parte o leitor pode tirar algumas dvidas sobre os trs telogos, pois no apndice podem-se encontrar perguntas sobre a universalidade, autonomia do sujeito e a falsidade das respectivas teorias na viso Vygotskyanos (p. 104), Wallonianos (p. 107) e Piagetianos (p. 109). Inicialmente faz-se uma introduo sobre o lugar das interaes scias na obra de Jean Piaget, evidenciando que o mesmo no desprezou a importncia dos fatores sociais no desenvolvimento da inteligncia do indivduo, pois, o homem impossvel de ser pensado fora da sociedade em que vive. No entanto, o homem normal no social da mesma maneira aos seis meses que aos vinte anos de idade devido aos fatores biolgicos e sociais que o sujeito avana qualitativamente e passa a interagir dentro da sociedade a qual est inserido transformando o meio em que vive ou ajustando para favorecer o seu bem estar social. Ressaltando a existncia de dois aspectos nos estudos do epistemolgico, ou seja, o entendimento o qual se deve ter por ser social e os fatores sociais que explicam o desenvolvimento intelectual, La Taille (1992) afirma que, a lgica final para Piaget o equilbrio das aes apresentados no perodo sensrio motor, onde a criana vai esquematizando a lgica das aes e das percepes, a qual ser interiorizada pela mesma no processo de socializao. Nesse contexto, o sujeito evolui a partir das experincias pessoais transmitidas atravs das interaes vividas no meio, e um beb no tem o grau de maturao que tem um adulto. Para tanto, a socializao passa pela qualidade nas trocas intelectuais e vai evoluindo atravs das fases de desenvolvimento da criana. O autor demonstra esse raciocnio na aplicabilidade de uma equao em que para as trocas intelectuais Piaget pressupe um perfeito equilbrio e uma interao de pensamentos. Tal equilbrio das reaes sociais s possvel entre indivduos que tenham atingido o estgio operatrio de pensamento fazendo uma panormica sobre as etapas do desenvolvimento cognitivo relacionando o desenvolvimento das operaes lgicas aos estgios de desenvolvimento social. Sobre concepo de Vygotsky, Oliveira (1992) traz uma discusso sobre o processo de formao de conceitos a respeito dos fatores biolgicos e sociais no desenvolvimento do psicolgico. No entanto, as funes psicolgicas do indivduo so formadas ao longo de sua trajetria no contexto social em que vive. Nesse processo de formao de conceitos, a linguagem humana exerce um papel mediador entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Segundo Oliveira (1992), isto , alm de servir ao propsito de comunicao entre indivduos, a linguagem simplifica e generaliza a experincia, ordenando as estncias do mundo real em categorias conceituais cujo significado partilhado pelos usurios dessa linguagem. O estudo sobre Vygotsky na formao de conceitos aponta para duas linhas de investigao que so: o conhecimento do crebro que opera sem a influncia do meio, e do outro lado, a cultura contribuindo para o processo de formao do fator biolgico do sujeito. Em relao Wallon, Dantas faz uma sntese sobre a vida, ressaltando que sua principal obra surgiu a partir de sua tese de doutorado que foi transformada no livroLenfaut Turbulent(Infncia e Turbulncia) concludo aps observaes e experincias minuciosas com 214 crianas de 2 a 15 anos de idade, com profundas perturbaes de comportamento. Nesta obra o autor descreve etapas do desenvolvimento psicomotor como estgio impulsivo, emocional, sensrio-motor e projetivo, e tambm analisa as caractersticas e sintomas das morbidades psicomotoras, com um intuito no s de pesquisa, tambm para que seja viabilizada a cura para estes pacientes. Dessa forma, Wallon, ao estudar a psicopatologia, dedicou-se ao desenvolvimento da criana que tinha como questo fundamental o estudo da conscincia, considerando o melhor caminho para compreend-la e com isto, tendo como foco principal a sua gnese que atravs de sua pesquisa de campo explorou as origens biolgicas da conscincia do indivduo. A partir dos apontamentos enfatizados na obra entende-se que para La Taille (1992), Piaget faz uma clara distino entre dois tipos de relao social: a coao e a cooperao. Na coao o individuo recebe a afirmativa do adulto como verdadeira sem refletir sobre o que foi dito, ou seja, corresponde a um nvel baixo de socializao, enquanto que nas relaes de cooperao so as que permitem esse desenvolvimento efetivamente. Portanto, o autor evidencia que se tem em Piaget uma teoria que resgata a dimenso tica e poltica dentro do desenvolvimento da inteligncia do homem permitindo transparecer na sua anlise uma perspectiva interacionista como referencial e fundamento bsico do seu raciocnio. Somando a isso, Ferreiro e Teberosky (1999) pontuam elementos que fazem associaes condizentes e amplia a discusso sobre desenvolvimento intelectual e socializao do indivduo. Assim:O sujeito que conhecemos na teoria de Piaget aquele que procura ativamente compreender o mundo que o rodeia e trata de resolver as interrogaes que este mundo provoca. Neste contexto, o indivduo um ser cognoscente que est o tempo todo buscando aprimorar seus conhecimentos (FERREIRO E TEBEROSKY, 1999 p 29). No entanto, a sua psicogentica descreve as primeiras etapas do desenvolvimento psicomotor como estgios impulsivo emocional que vai de 0 a 1 ano, quando a criana vivncia atividade global ainda no estruturada, com movimentos bruscos, desordenados de enrijecimento e relaxamento muscular que ir indicar mal-estar ou bem-estar, e a partir do terceiro ms de vida j conhecido padres emocionais diferenciados como medo, alegria, raiva, entre outros. O sensrio motor e projetivo inicia de 1 aos 3 anos de idade, nesse perodo a criana comea a explorar o espao fsico agarrando, segurando, sentando, engatinhado, etc. Esta fase instrumenta efetivamente e cognitivamente o indivduo para o prximo estgio, o personalismo vai dos 3 a 6 anos de idade, nesta etapa inicia o processo de discriminao entre o EU e o OUTRO, no categorial que vai de 6 a 11 anos acontece a melhor organizao do mundo fsico, e de 11 anos em diante acontece puberdade e adolescncia determinada pela busca de explorar a si mesmo que tem como ponto de partida o patolgico. Ao fazer essas anlise apresenta em seguida as sndromes psicomotoras. Para Wallon, a afetividade o eixo central na construo do conhecimento durante todo o processo de sua vida, ora com aes exteriores e em outros momentos refletindo consigo mesmo. Nesse sentido, Dantas (1992) afirma que na concepo de Wallon, o ato mental - que se desenvolve a partir do ato motor - passa em seguida a inibi-la, sem deixar de ser atividade corprea. Para tanto, o grande eixo da questo a motricidade que trabalha no organismo como uma orquestra harmoniosa movimentando rgos, msculos e as estruturas cerebrais em busca de conhecer e interagir com dos os componentes da sociedade a qual pertence, ou seja, essa busca constante do indivduo ir favorecer o seu desenvolvimento mental. Vale salientar que, haver uma descontinuidade entre o ato motor e o ato mental na medida em que for se fortalecendo com o domnio de signos culturais, enquanto que, o ato motor vai reduzindo os seus movimentos a partir do segundo ano de vida que ir d mais espaos de tempos cada vez mais longos de imobilizao. Sobre o desenvolvimento do juzo moral e afetividade na teoria de Piaget, que fala em sua obra Le jugement moral chez I enfant.O desenvolvimento do juzo moral da criana est enraizado entre a afetividade e cognio, ou seja, impossvel de ser pensado separadamente, pois o indivduo descobre a afetividade no meio em que vive, e atravs do contato com os outros o desenvolvimento da sua personalidade formado atravs de percepes, assimilao, experincias e informaes vivenciadas pelo sujeito. Nesse sentido, Munari (2010 p.102) expressa que, a questo da influncia do meio sobre o desenvolvimento e o fato de que as reaes caractersticas dos diferentes estgios sejam sempre relativas a certo ambiente. Nesse sentido, para Piaget, as vivncias impem regras, as quais s podero ser confirmadas a partir do respeito que o sujeito tem por estas regras baseado em sua moralidade. Pois, toda moral consiste num conjunto de normas a ser seguida, e toda sua essncia est no respeito a estas normas. Para facilita a compreenso, Piaget apud La Taille (1992) classifica em trs etapas de evoluo da prtica e da conscincia da regra que so: anomia: de 5 a 6 anos quando a criana no seguir as regras coletivas criando suas prprias normas medida que se sentirem ameaadas no transcorrer do processo em que est participando; heteronomia: de 6 a 9 anos quando no compreende, mas seguir; e autonomia: de 9 a 10 anos quando seguem as regras e compreende o acordo firmado coletivamente visando favorecer o bem comum. No entanto, o dever moral acontece a partir das normas estabelecidas pelos pais e os adultos que vivem no seu dia a dia, e tambm pelo respeito que elas tem sobre tais regras que podem ser traduzido como realismo moral caracterizado por trs etapas distintas como: bom todo ato de obedincia, culpem ao p da letra e o julgamento feito pelo ato e no pela intencionalidade. Todavia, a noo de justia rene todas as noes morais que regulam e determinam as normas dentro da sociedade, includo as ideias matemticas e outras. Fato bastante curioso e equivocado o smbolo da justia ser determinado pela imagem da balana como forma de estabelecer o direito e igualdade para todos, mas no podero esquecer-se dos seus deveres e o respeito ao prximo. No entanto, cada cidado que se sentir ameaado ou prejudicado poder recorrer s leis para que a justia seja conquistada e o seu direito prevalecido. Sendo assim, a partir da investigao constante a criana desenvolve seus conhecimentos interagindo com o meio em que vive superando obstculos conforme o grau de maturidade do mesmo. Nesse livro, Oliveira (1992) relata que Vygotsky aborda o problema da afetividade no campo de pesquisa da atividade cognitiva. Segundo Oliveira, Vygotsky contrrio o estudo da afetividade e cognio separadamente como faz a psicologia tradicional. Ele pesquisou os processos internos do desenvolvimento humano mostrando a importncia de diferenciar as funes mentais elementares (involuntrias) e superiores que so as aes conscientes (voluntria) e tambm compreende que uma est ligada a outra no podendo ser dissociada uma da outra. Entende-se que, para Vygotsky a conscincia formada atravs de sua participao no meio em que vive, no qual o sujeito se relaciona e aprimora seus conhecimentos com base nas praticas sociais dos mais experientes tendo a linguagem Intersubjetividade que a questo simblica como meio facilitador dessa integrao social que vai favorecer um processo de internalizao deste contexto cultural para a formao da sua prpria conscincia (subjetividade). Segundo Vygotsky (1984) a ideia de que os processos mentais superiores so processos mediados por sistemas simblicos, sendo a linguagem o sistema simblico bsico de todos os grupos humanos. Neste contexto, o referencial para se compreender essa linguagem verificando o sentido e o significado das palavras como forma de mediao para o individuo compreender o mundo, sabendo que, o significado exclusivo do domnio da conscincia humano numa conexo entre o cognitivo e afetivo. Em primeira estncia a linguagem tem a funo de socializao pelo sujeito, e ao longo de sua trajetria ela internalizada, passando a servir o prprio sujeito, o que Vygotsky considera de discurso interior. Segundo Dantas (1992), a afetividade e a construo do sujeito na psicogentica de Wallon um tema central em sua teoria que gentica (estuda o desenvolvimento funcional) e dialtica (indica direes e possibilidades), impossvel de se pensar como processo direto que s vai adiante ao contrrio tem idas e vindas . Relatando assim, que a plateia desempenha o papel do oxignio que alimenta a chama emocional. O ser humano no conseguiria vive sem o contrato com os outros, ou seja, toda atividade que envolva a emoo trabalha lado a lado com o social e o biolgico. Para tanto, a emoo tem sua origem na vida orgnica do sujeito que ao nascer mediado pelo afeto que simultaneamente envolve o social e o biolgico criando no indivduo uma ligao forte com o ambiente. A emoo pode ser classificada de natureza Hipottica (susto e depresso) e hiprottica (ansiedade). O sujeito puramente afeto. Enquanto, segundo Wallon apud Dantas (1992) quando a inteligncia e afetividade esto misturadas e ao longo da vida ser marcado por momentos afetivos ou cognitivos. De forma que, para o sujeito se desenvolva necessrio que afetividade e inteligncia simultaneamente estejam juntas. A partir do momento que a inteligncia evolui a emoo tambm. Para tanto, o ser est continuamente em construo no podendo ser considerado um sujeito acabado. Afirma-se ento que, o livro retrata uma discusso sobre a psicologia gentica to indispensvel para compreender como ocorre o desenvolvimento humano necessrio para o estudo das diversas reas afins.

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