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1 M. C. Escher, Sky and Water II, 1938. UniFIAMFAAM Centro Universitário das Faculdades Integradas Alcântara Machado LABORATÓRIO DE REDAÇÃO APLICADA JORNALISMO Profa. Ma. Ana Tereza Pinto de Oliveira Agosto/2015

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M. C. Escher, Sky and Water II, 1938.

UniFIAMFAAM Centro Universitário das Faculdades Integradas

Alcântara Machado

LABORATÓRIO DE REDAÇÃO

APLICADA

JORNALISMO

Profa. Ma. Ana Tereza Pinto

de Oliveira

Agosto/2015

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PLANO DE ENSINO

Curso: Comunicação Social

Habilitação: Jornalismo

Disciplina: Laboratório de Redação Aplicada

Carga Horária: 80h

Período: 3º

Ano: 2015

Semestre: 2

EMENTA

Produção oral e escrita de textos voltados para o jornalismo. Enfatizam-se a os gêneros

opinativos (editorial, artigo, resenha e crônica) e os gêneros informativos (notícia,

reportagem (escolas norte-americana e europeia), perfil, entrevista, infográfico e release. A

coesão e a coerência, a legibilidade (clareza, concisão, propriedade e precisão vocabulares) e

a correção serão estudadas a partir da revisão sistemática dos níveis ortográfico,

morfossintático, semântico e estilístico da língua portuguesa aplicada ao texto e da leitura de

textos jornalísticos.

OBJETIVOS

Gerais: o aluno deverá ser capaz de:

• entender e valorizar a linguagem verbal, tanto na instância da produção

quanto na da recepção, como meio de organização do pensamento e

instrumento indispensável da comunicação humana;

• valorizar a leitura não apenas como atividade lúdica, mas sobretudo como

recurso de ampliação de vocabulário e de aquisição de conhecimento.

Específicos: desenvolver no aluno as habilidades de:

• produzir textos orais e escritos de forma clara, concisa, precisa, objetiva,

criativa e correta, sabendo utilizar as possibilidades que a língua oferece e

adequando-as ao contexto sociocomunicativo;

• utilizar-se, com segurança, do instrumental normativo para comunicar-se, de

acordo com a situação, segundo o padrão culto.

Conteúdo:

1) O texto jornalístico / Apoio funcional: ampliação de vocabulário

2) Gêneros jornalísticos / Apoio funcional: ampliação de vocabulário

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3) O gênero opinativo: editorial, carta do leitor, artigo / Apoio funcional: conectores

lógicos

4) O gênero opinativo: editorial, carta do leitor, artigo / Apoio funcional: uso da vírgula

no período simples

5) O gênero opinativo: resenha e crônica / Apoio funcional: uso da vírgula no período

composto por coordenação

6) O gênero informativo: notícia / Apoio funcional: uso da vírgula no período composto

por subordinação

7) O gênero informativo: notícia – escolas norte-americana e europeia/ Apoio

funcional: uso da vírgula com orações reduzidas e intercaladas

8) O gênero informativo: reportagem / Apoio funcional: uso dos demais sinais de

pontuação

9) O gênero informativo: entrevista / Apoio funcional: colocação pronominal

10) Infografia / Apoio funcional: Verbo – modos, tempos e formas nominais do verbo

11) Assessoria de imprensa: o release / Apoio funcional: Formas nominais – particípio e

gerúndio

12) Assessoria de imprensa: gerenciamento de crise – o comunicado à imprensa / Apoio

funcional: Formas nominais – infinitivo

13) Evento Acadêmico

14) Aferição de leitura: OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de; BARROS, Edgard Oliveira. Quem? Quando? Como? Onde? O quê? Por quê? São Paulo: Plêiade, 2010. // KOTSCHO, Ricardo; DIMENSTEIN, Gilberto. A aventura da reportagem. São Paulo: Summus, 1990.// CARVALHO, Claudia; REIS, Léa Maria Aarão. Manual prático de assessoria de imprensa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.// MAFEI, Maristela. Assessoria de imprensa. São Paulo: Contexto, 2004.

15) Avaliação regimental

16) Segunda chamada e vista de provas

17) Reavaliação

18) Encerramento do semestre

METODOLOGIA

Aulas teóricas e práticas semanais, envolvendo:

- leitura e discussão de textos selecionados;

- oficina de criação de textos;

- correção e comentário dos textos produzidos;

- exercícios gramaticais.

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AVALIAÇÃO

Avaliação continuada: obtida pela aplicação de diversos instrumentos de

avaliação, visando identificar o estágio de desenvolvimento do aluno e motivá-lo

a avançar no processo de aprendizagem: exercícios orais e escritos, participação

em sala de aula, resenhas, apresentação de produto midiático (3 pontos).

Avaliação regimental: conteúdo programático (7 pontos).

Bibliografia básica

FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto. 17. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. KOTSCHO, Ricardo; DIMENSTEIN, Gilberto. A aventura da reportagem. São Paulo: Summus, 1990. SOUZA, Luiz Marques de. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Vozes, 2010 Bibliografia complementar: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. São Paulo: ABL, 2009. Disponível em: <http://academia.org.br/vocabularioortografico)>. FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto. São Paulo: Ática, 1990. LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2001. MAFEI, Maristela. Assessoria de imprensa. São Paulo: Contexto, 2004. RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de comunicação.Rio de Janeiro: Campus, 2001.

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SUMÁRIO

1 .................................................................................................................................................................. 6  1.1   O TEXTO JORNALÍSTICO ............................................................................................................... 6  1.2   APOIO FUNCIONAL: VOCABULÁRIO ........................................................................................ 6  2 ................................................................................................................................................................ 15  2.1   GÊNEROS JORNALÍSTICOS ......................................................................................................... 15  2.2   APOIO FUNCIONAL: VOCABULÁRIO ...................................................................................... 15  3 ................................................................................................................................................................ 21  3.1   O GÊNERO OPINATIVO: EDITORIAL, CARTA DO LEITOR, ARTIGO .......................... 21  3.2   APOIO FUNCIONAL: CONECTORES LÓGICOS .................................................................... 21  4 ................................................................................................................................................................ 31  4.1   GÊNERO OPINATIVO: RESENHA E CRÔNICA ...................................................................... 31  4.2   APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – USO DA VÍRGULA NO PERÍODO SIMPLES ... 31  5 ................................................................................................................................................................ 43  5.1   O GÊNERO INFORMATIVO: NOTÍCIA ..................................................................................... 43  5.2   APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – USO DA VÍRGULA NO PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO .................................................................................................................................. 43  6 ................................................................................................................................................................ 47  6.1   O GÊNERO INFORMATIVO: ESCOLAS JORNALÍSTICAS ................................................. 47  6.2   APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – USO DA VÍRGULA NO PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO ................................................................................................................................. 47  7 ................................................................................................................................................................ 55  7.1   O GÊNERO INFORMATIVO: REPORTAGEM ......................................................................... 55  7.2   APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – USO DA VÍRGULA COM AS ORAÇÕES REDUZIDAS E INTERCALADAS ............................................................................................................... 55  8 ................................................................................................................................................................ 59  8.1   O GÊNERO INFORMATIVO: PERFIL ........................................................................................ 59  8.2   APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – USO DOS DEMAIS SINAIS DE PONTUAÇÃO . 59  9 ................................................................................................................................................................ 65  9.1   O GÊNERO INFORMATIVO: ENTREVISTA ............................................................................ 65  9.2   APOIO FUNCIONAL: COLOCAÇÃO PRONOMINAL ............................................................ 65  10. ................................................................................................................................................................ 62

10.1 INFOGRAFIA ........................................................................................................................................... 62  10.2 APOIO FUNCIONAL: VERBO – MODOS, TEMPOS E FORMAS NOMINAIS DO VERBO................................................................................................................................................................7211 ................................................................................................................................................................76

11.1 ASSESSORIA DE IMPRENSA: RELEASE...........................................................................................76

11.2   APOIO FUNCIONAL: FORMAS NOMINAIS – PARTICÍPIO E GERÚNDIO .................. 100  12 .................................................................................................................................................................86

12.1   ASSESSORIA DE IMPRENSA: COMUNICADO ...................................................................... 100  12.2   APOIO FUNCIONAL: FORMAS NOMINAIS – INFINITIVO ................................................. 91  BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 108  PEQUENO GLOSSÁRIO DE COMUNICAÇÃO JORNALÍSTICA .................................................... 109

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1 1.1 O TEXTO JORNALÍSTICO 1.2 APOIO FUNCIONAL: VOCABULÁRIO Ø O TEXTO JORNALÍSTICO Princípios que norteiam o texto jornalístico: • concisão: a concisão é uma exigência do leitor que não tem tempo a perder; • simplicidade: a simplicidade deriva da necessidade do jornalismo de ampliar ao

máximo seu espectro de público potencial; • comunicabilidade: a boa comunicabilidade propicia ao leitor a rápida assimilação do

texto; • adequação ao perfil do leitor: o discurso jornalístico procura colocar-se no nível de seu

leitor típico, isso inclui ajustar o repertório, a competência linguística, a sociabilidade; • respeito ao padrão culto da língua: essa regra é uma função da busca de sociabilidade. Regras práticas do discurso jornalístico

• Dê preferência aos substantivos e verbos. • Evite adjetivos e advérbios. • Palavras curtas, frases curtas, parágrafos curtos, textos curtos. • Evite neologismos, arcaísmos, regionalismos, palavras chulas, gírias, jargões,

raridades e modismos. • Use ordem direta = S+V e CV+AA

sujeito (quem?) + verbo e complemento verbal (o quê?) + adjunto adverbial (quando?/ onde?/ como?/ por quê?)

• Use uma frase para cada ideia. • Não repita ideias, palavras, estruturas sintáticas. • Busque o equilíbrio entre o discurso formal e o coloquial. • Não use clichês. • Use frases afirmativas, em vez de negativas. • Use voz ativa. Evite a passiva.

O texto a seguir está disponível em: http://www.tvl1.com.br/index.php/component/k2/item/196-noticias-a-materia-prima-do-jornalismo.

A notícia é um formato de divulgação de um acontecimento por meios jornalísticos. É a matéria-prima do Jornalismo, normalmente reconhecida como algum dado ou evento socialmente relevante que merece publicação numa mídia. Fatos políticos, sociais, econômicos, culturais, naturais e outros podem ser notícia se afetarem indivíduos ou grupos significativos para um determinado veículo de imprensa. Geralmente, a notícia tem conotação negativa, justamente por ser excepcional, anormal ou de grande impacto social, como acidentes, tragédias, guerras e golpes de estado. Notícias têm valor jornalístico apenas quando acabaram de acontecer, ou quando não foram noticiadas previamente por nenhum veículo. A "arte" do Jornalismo é escolher os assuntos que mais interessam ao público e apresentá-los de modo atraente. Nem todo texto jornalístico é noticioso, mas toda notícia é potencialmente objeto de apuração jornalística.

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Quatro critérios de noticiabilidade influenciam na qualidade da notícia:

1. novidade: a notícia deve conter informações novas, e não repetir as já conhecidas; 2. proximidade: quanto mais próximo do leitor for o local do evento, mais interesse a

notícia gera, porque implica mais diretamente na vida do leitor; 3. tamanho: tanto o que for muito grande quanto o que for muito pequeno atrai a

atenção do público; 4. relevância: notícia deve ser importante, ou, pelo menos, significativa.

Acontecimentos banais, corriqueiros, geralmente não interessam ao público.

Notícias chegam aos veículos de imprensa por meio de repórteres, correspondentes, agências de notícias e assessorias de imprensa. Eventualmente, amigos e conhecidos de jornalistas fornecem denúncias, sugestões de pauta, dicas e pistas, às vezes no anonimato, pelo telefone ou por "e-mail".

Trabalho do jornalista

A atividade primária do Jornalismo é a observação e descrição de eventos, conhecida como reportagem

• "O quê?" – O fato ocorrido. • "Quem?" – O personagem envolvido. • "Quando?" – O momento do fato. • "Onde?" – O local do fato. • "Como?" – O modo como o fato ocorreu. • "Por quê?" – A causa do fato.

A essência do Jornalismo, entretanto, é a seleção e organização das informações no produto final (jornal, revista, programa de TV etc.), chamada de edição.

O trabalho jornalístico consiste em captação e tratamento escrito, oral, visual ou gráfico, da informação em qualquer uma de suas formas e variedades. O trabalho é normalmente dividido em quatro etapas distintas, cada qual com suas funções e particularidades: pauta, apuração, redação e edição.

• A pauta é a seleção dos assuntos que serão abordados. É a etapa de escolha sobre quais indícios ou sugestões devem ser considerados para a publicação final.

• A apuração é o processo de averiguar informação em estado bruto (dados, nomes, números etc.). A apuração é feita com documentos e pessoas que fornecem informações, chamadas de fontes. A interação de jornalistas com suas fontes envolve frequentemente questões de confidencialidade.

• A redação é o tratamento das informações apuradas em forma de texto verbal. Pode resultar num texto para ser impresso (em jornais, revistas e sites) ou lido em voz alta (no rádio, na TV e no cinema).

• A edição é a finalização do material redigido em produto de comunicação, hierarquizando e coordenando o conteúdo de informações na forma final em que será apresentado. Muitas vezes, é a edição que confere sentido geral às informações coletadas nas etapas anteriores. No jornalismo impresso (jornais e revistas), a edição

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consiste em revisar e cortar textos de acordo com o espaço de impressão predefinido. A diagramação é a disposição gráfica do conteúdo e faz parte da edição de impressos. No radiojornalismo, editar significa cortar e justapor trechos sonoros junto a textos de locução, o que no telejornalismo ganha o adicional da edição de imagens em movimento.

Estas três mídias citadas têm limites de espaço e tempo predefinidos para o conteúdo, o que impõe restrições à edição. No chamado webjornalismo, ciberjornalismo ou "jornalismo online", estes limites teoricamente não existem.

A inexistência destes limites começa pela potencialidade da interação no jornalismo online, o que provoca um apagamento entre as fronteiras que separam os papéis do emissor e do receptor, anunciando a figura do interagente. Esta prática tem se difundido como jornalismo open source, ou o jornalismo de código aberto, em que informações são apuradas, redigidas e publicadas pela comunidade sem a obrigação de serem submetidas às rígidas rotinas de produção e às estruturas organizacionais das empresas de comunicação.

De acordo com a pesquisadora Catarina Moura, da Universidade da Beira Interior (Portugal), jornalismo open source "implica, desde logo, permitir que várias pessoas (que não apenas os jornalistas) escrevam e, sem a castração da imparcialidade, deem a sua opinião, impedindo assim a proliferação de um pensamento único, como o pode ser aquele difundido pela maioria dos jornais, cuja objectividade e imparcialidade são muitas vezes máscaras de um qualquer ponto de vista que serve interesses mais particulares que apenas o de informar com honestidade e isenção o público que os lê".

Mídias e veículos de imprensa

O Jornalismo é realizado em uma grande variedade de mídias: jornais, televisão, rádio e revistas, além do mais recente jornalismo online na Internet. Cada tipo de mídia define um determinado suporte, ou seja: papel, som, celuloide ou vídeo, por radiodifusão ou teledifusão eletrônicas.

O texto

O produto da atividade jornalística é geralmente materializado em textos, que recebem diferentes nomenclaturas de acordo com sua natureza e objetivos. Uma matéria é o nome genérico de textos informativos resultantes de apuração, incluindo notícias, reportagens e entrevistas. Um artigo é um texto dissertativo ou opinativo, não necessariamente sobre notícias nem necessariamente escrito por um jornalista.

Redatores geralmente seguem uma técnica para hierarquizar as informações, apresentando-as no texto em ordem decrescente de importância. Esta técnica tem o nome de pirâmide invertida, pois a "base" (lado mais largo, mais importante) fica para cima (início do texto) e o "vértice" (lado mais fino, menos relevante) fica para baixo (fim do texto). O primeiro parágrafo, que deve conter as principais informações da matéria, chama-se lead (do inglês, principal).

As matérias apresentam, quase sempre, relatos de pessoas envolvidas no fato, que servem para tanto validar (por terceiros) as afirmativas do jornal (técnica chamada de

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documentação) quanto para provocar no leitor a identificação com um personagem (empatia1). No jargão jornalístico, os depoimentos destes personagens chamam-se aspas.

Apesar de as matérias serem geralmente escritas em estilo sucinto e objetivo, devem ser revisadas antes de serem publicadas. O profissional que exerce a função de revisão, hoje figura rara nas redações, é chamado de revisor ou copy-desk.

Tipos de texto jornalístico 1 Factuais

• Notícia – de caráter objetivo, compõe-se do lead e do corpo: o no lead tenta-se responder a seis perguntas: quem, o quê, onde, quando,

por quê, como. A ausência de resposta a essas perguntas pode dever-se a dados não apurados;

o no corpo da notícia desenvolve-se gradualmente a informação em cada parágrafo, por isso a informação é cada vez mais detalhada.

• Matéria – todo texto jornalístico de descrição ou narrativa factual. Dividem-se em matérias "quentes" (sobre um fato do dia, ou em andamento) e matérias "frias" (temas relevantes, mas não necessariamente novos ou urgentes). Existem ainda os seguintes subtipos de matérias:

o matéria leve ou feature – texto com informações pitorescas ou inusitadas, que não prejudicam ou colocam ninguém em risco; muitas vezes este tipo de matéria beira o entretenimento;

o suíte – é uma matéria que dá sequência ou continuidade a uma notícia, seja por desdobramento do fato, por conter novos detalhes ou por acompanhar um personagem;

o perfil – texto descritivo de um personagem, que pode ser uma pessoa ou uma entidade, um grupo; muitas vezes é apresentado em formato testemunhal;

o entrevista – é o texto baseado fundamentalmente nas declarações de um indivíduo a um repórter; quando a edição do texto explicita as perguntas e as respostas, sequenciadas, chama-se de pingue-pongue;

o nota – texto curto sobre algum fato que seja de relevância noticiosa, mas que apenas o lead basta para descrever; muito comum em colunas;

o chamada – texto muito curto na primeira página ou capa que remete à íntegra da matéria nas páginas interiores.

1 Empatia: Psi. Experiência pela qual uma pessoa se identifica com outra, tendendo a compreender o que ela pensa e a sentir o que ela sente, ainda que nenhuma das duas o expressem de modo explícito ou objetivo.

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2 Opinativos • Opinião ou Editorial – reflete a opinião do veículo de imprensa (não deve ser

assinado por nenhum profissional individualmente) • Artigo – texto eminentemente opinativo, e geralmente escrito por

colaboradores ou personalidades convidadas (não jornalistas) • Crônica – texto que registra uma observação ou impressão sobre fatos

cotidianos; pode narrar fatos em formato de ficção • Resenha – análise crítica e breve de um texto ou livro; recensão. Resenhar

significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade ou textos e obras culturais.

3. Editorias e Cadernos

O trabalho em redações jornalísticas é geralmente dividido entre editorias temáticas, agrupando os assuntos mais comuns do noticiário. Assim como a classificação dos assuntos adequados a cada editoria pode variar.

Em jornais diários, as editorias podem ser organizadas em Cadernos e Suplementos, que são fascículos de encadernação separada incluídos no conjunto publicado e de periodicidade predeterminada.

Jornais diários de grande circulação e revistas de informação geral normalmente têm as seguintes editorias, que podem também ser tratadas em publicações especializadas:

• Geral – não exatamente uma editoria, mas o departamento e a equipe de reportagem e redação que tratam de assuntos diversos, como acidentes, cataclismos, intempéries, tragédias e até crimes (estes normalmente reservados para a página Policial);

• Local ou Cidade – assuntos de interesse local ou regional; • Nacional ou País – assuntos de outras localidades do país; • Política – às vezes, agrupada com a anterior; • Polícia – crimes e assuntos de segurança, às vezes incluindo também ações de

Defesa Civil e Bombeiros; • Internacional – assuntos diversos de política internacional, relações externas,

diplomacia, economia internacional, cultura estrangeira e ainda assuntos diversos (como os da Geral) desde que ocorridos no exterior;

• Economia – notícias relacionadas às atividades produtivas do país, região ou cidade onde se localiza o jornal, subdivididas em subeditorias:

o Macroeconomia – políticas de Estado para economia, comércio internacional, diretrizes nacional e internacionais; câmbio e divisas, políticas de integração regional;

o Mercado Financeiro – indicadores financeiros, mercado de ações, bancos; o Empresas – negociações entre empresas, balanços, expectativas de

faturamento; • Cultura – todas as manifestações culturais da sociedade, Cinema, Teatro, Literatura,

Artes Plásticas, Televisão, Música, Quadrinhos, etc.; • Ciência & Tecnologia – temas de interesse acadêmico-científico e de tecnologia

industrial; pesquisas e descobertas científicas, inovações tecnológicas, economia e empresas de setor de alta tecnologia;

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o Informática – às vezes editoria autônoma, outras incluída sob a anterior; o Astronomia ou Espaço – idem; o Meio Ambiente e Ecologia – idem;

• Esporte – todas as modalidades esportivas, competições, contratações, treinamentos e variedades sobre atletas e personalidades do Esporte;

• Turismo – roteiros de viagem, serviços sobre destinos turísticos; • Automobilismo – automóveis e outros veículos motorizados, incluindo aquáticos,

como lanchas e jet-skis; às vezes, inclui-se até aviação; • Comportamento, Saúde, Família e Moda – assuntos diversos sobre

comportamento social, consumo, relacionamentos, saúde e medicina; • Educação e Vestibular – temas educacionais, pedagógicos e educativos, auxílio a

material didático e pesquisa escolar, calendários de provas de acesso universitário e concursos públicos;

• Infantil e Feminino – cadernos especializados em assuntos estereotipadamente associados a gênero e faixa etária;

• Coluna Social – notas e comentários sobre vida em sociedade, geralmente sobre indivíduos de alto poder aquisitivo e "celebridades";

• Classificados, Imóveis e Empregos – anúncios pequenos, geralmente pagos por indivíduos.

Jornais de grande porte também costumam ter editores específicos para a Arte e a Fotografia.

Ø APOIO FUNCIONAL: VOCABULÁRIO A riqueza vocabular permite a expressão do pensamento de maneira mais clara, fiel, flexível e precisa. Quanto mais variado o vocabulário de um indivíduo, maior a possibilidade de escolha da palavra adequada a um determinado contexto. Veja a diferença sutil de significado entre bonita, bela, linda e formosa. A leitura é, sem dúvida, a principal (e mais agradável) atividade para ampliação do vocabulário, por isso a necessidade de cultivar esse hábito desde cedo. Entretanto à leitura deve associar-se a prática constante da redação, pois só se domina o sentido das palavras quando estas passam a fazer parte do vocabulário ativo, quando você passa, efetivamente, a empregá-las. O uso constante do dicionário, sobretudo de sinônimos e antônimos, também deve incorporar-se ao seu cotidiano. Para evitar a repetição de palavras (e assegurar a coesão dos textos), existem sinônimos (ou quase-sinônimos, uma vez que não existe o sinônimo perfeito), antônimos, hiperônimos e hipônimos. Hiperônimo é o termo cujo significado é mais genérico. Por exemplo, móvel está numa relação de hiperonímia com mesa, ou seja, é mais genérico. O mesmo se pode dizer de talher em relação a faca. Hipônimo é o termo cujo significado é menos genérico. Por exemplo, mesa está numa relação de hiponímia com móvel, ou seja, é menos genérico. O mesmo se pode dizer de faca em relação a talher.

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Exercícios 1) Redistribua as seguintes palavras, partindo do mais geral (hiperônimo) para o mais específico (hipônimo)2: a) mecânico, operário, trabalhador, torneiro3 b) gado, animal, vaca, Mimosa, quadrúpede, mamífero c) casa, cidade, continente, bairro, rua, estado, país d) Chevrolet, veículo, carro, Impala e) geografia, potamografia, geografia física, afluentes do Amazonas, rio Negro 2) Troque as palavras repetidas por um hiperônimo: a) Acabamos de receber vinte termômetros clínicos. Os termômetros clínicos deverão ser encaminhados ao departamento de pediatria. b) Comprei um novo computador. O computador, no entanto, já começou a apresentar defeitos. c) Araras, tucanos e galos-da-serra estão sendo contrabandeados para a Europa. Como as araras, tucanos e galos-da-serra são frágeis, muitos deles morrem durante o transporte. 3) Forme pares de oposição, fazendo corresponder os nomes da primeira coluna coincidirem com os da segunda: Foz Sincero Franzino Semelhante Recusar Avançar Além Indigência Frívolo Essencial Inflação Imbecil Prólogo Amainar Letargia Bastardo Efeito Paulatino Supérfluo Modéstia

1- Hipócrita 2- Diferente 3- Nascente 4- Forte 5- Aceitar 6- Recuar 7- Aquém 8- Sagaz 9- Epílogo 10- Acessório 11- Deflação 12- Opulência 13- Útil 14- Agitar 15- Necessário 16- Rápido 27- Vaidade 18- Rapidez 19- Legítimo 20- Causa

4) Relacione os adjetivos com as particularidades humanas: (1) ímpeto vandálico ( ) que se deixa subornar (2) homem fleumático4 (ou fleugmático) ( ) que é inflexível (3) pessoa ignóbil ( ) que tem competência (4) pessoa cortês ( ) que tem agilidade (5) solteirão taciturno ( ) que destrói tudo

2 In: GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1974. 3 Torneiro: o que trabalha com o torno (máquina-ferramenta provida de um eixo horizontal rotativo, usado para dar forma ou acabamento a uma peça). 4 Fleuma (fleugma): frieza, impassibilidade.

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(6) governo arbitrário ( ) que não tem nobreza (7) nadador destro ( ) que tem frieza de ânimo (8) sujeito venal ( ) que não aceita restrições (10) indivíduo obstinado ( ) que fala pouco 5) Assinale o sinônimo exato de cada palavra; a) ceticismo ou cepticismo b) elasticidade c) aspiração

( ) indiferentismo ( ) animosidade ( ) expiração ( ) negativismo ( ) eficiência ( ) transpiração ( ) descrença ( ) flexibilidade ( ) inalação

d) nebuloso e) rígido f) rijo

( ) descolorido ( ) frígido ( ) idôneo ( ) turvo ( ) rápido ( ) vigoroso ( ) perturbado ( ) duro ( ) fleugmático

6) Relacione as colunas: (1) controvérsia ( ) ato que designa o curso de um processo, segundo as regras (2) erário ( ) ajuste, pacto, convênio (3) monopólio ( ) ação ou resultado de coagir; coação, ação de reprimir (4) plenário ( ) fiscalização de tributos; fazenda pública (5) tramitação ( ) contribuição pecuniária dada a uma instituição; auxílio, ajuda (6) impugnação ( ) conjunto de atos e diligências com que se pretende apurar alguma

coisa (7) sanção ( ) crime contra os costumes, favorecendo a prostituição (8) revogação ( ) assembleia ou tribunal em que tomam parte todos os

membros (9) subsídio ( ) aprovação por alguma autoridade; aprovação dada a uma lei pelo chefe de Estado (10) convenção ( ) vantagem exclusiva dos indivíduos de determinado grupo;

privilégio, regalia (11) sindicância ( ) debate, contestação; polêmica (12) lenocínio ( ) privilégio exclusivo, açambarcamento (13) prerrogativa ( ) contestação, refutação (14) coerção ( ) anulação, extinção, invalidação 7) Quais são os antônimos? (1) real, verdadeiro ( ) incongruente (2) intemperante, descomedido, imoderado ( ) ufano (3) congruente, apropriado, conveniente ( ) abstêmio (4) atraente, alegre, festivo ( ) hígido (5) fácil, leve, suave ( ) quimérico (6) longo, extenso, prolixo ( ) árduo (7) legítimo, legal, genuíno ( ) tétrico (8) incerto, obscuro, inevidente ( ) espúrio (9) modesto, despretensioso ( ) óbvio (10) doentio, mórbido, débil ( ) lacônico (11) reduzido ao essencial; em poucas palavras; preciso, sucinto, resumido ( ) correto, honesto (12) que usa palavras em demasia ao falar ou escrever; que não sabe sintetizar o pensamento ( ) prolixo (13) feito às ocultas; furtivo, dissimulado, sub-reptício ( ) conciso

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8) Agora preencha os espaços com os antônimos encontrados: 1) Por motivos , deixou de manifestar-se. 2) Os missionários vão cumprir junto aos desabrigados uma tarefa. 3) Sinto-me de ver minha pátria engrandecida. 4) Agrada-nos ver um animal de aspecto , bem de saúde. 5) É um disparate; sua vida está com o que ele ensina. 6) Ele é um homem ; não fuma nem bebe. 7) Disse-me num bilhete o que outros me diriam com muitas palavras. 8) O comércio teme as fiscalizações rigorosas. 9) Aquela noite tempestuosa tinha um aspecto. 10) O mundo de Júlio Verne não tardou em tornar-se realidade. 11) Seu estilo provocava tédio na plateia. 12) Agia às escondidas, de modo . 13) Tem um estilo sintético, econômico . Relação de alguns dicionários: AZEVEDO, Francisco Ferreira dos Santos. Dicionário analógico da língua portuguesa: ideias afins. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2010. BARBOSA, Osmar. Como adquirir um poderoso vocabulário em 30 dias. 8. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1979. CALDAS AULETE. Dicionário eletrônico. Rio de Janeiro: Lexicon.

FERNANDES, Francisco. Dicionário de sinônimos e antônimos da língua portuguesa. 39. ed. São Paulo: Globo, 2000.

HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss. Rio de Janeiro: Instituto Houaiss/Objetiva, 2009.

NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO versão 6.0 - Dicionário Eletrônico - Conforme a Nova Ortografia [CD-ROM], Positivo Informática, 2009.

POLITO, André G. Michaelis – dicionário de sinônimos e antônimos. São Paulo: Melhoramentos, 2005.

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2 2.1 GÊNEROS JORNALÍSTICOS 2.2 APOIO FUNCIONAL: VOCABULÁRIO

Ø GÊNEROS JORNALÍSTICOS

A principal função do texto jornalístico é informar de maneira clara, precisa, objetiva e imparcial. Porém, no domínio jornalístico – tomado como uma forma de comunicação social específica, com suas características, finalidade e gêneros discursivos próprios –, distinguem-se duas grandes categorias: o jornalismo informativo e o jornalismo opinativo, que produzem dois efeitos – o fazer saber e o fazer crer, respectivamente. Atualmente, uma terceira categoria (polêmica) começa a delinear-se, sobretudo em televisão – o infotainment (information+entertainment). Junção de jornalismo e entretenimento, tem como objetivo aumentar a popularidade e a audiência de programas midiáticos. São exemplos de infotainment o CQC e alguns programas esportivos

Ao gênero informativo pertencem os gêneros nota, notícia, reportagem, perfil, entrevista; ao opinativo, editorial, artigo, resenha, crônica, carta do leitor.

O jornalismo informativo se pauta pela imparcialidade, pela objetividade; e o opinativo, pela subjetividade, pois emite uma opinião sobre um fato. Ambos, no entanto, primam pela linguagem clara, pela concisão, por frases curtas, pela precisão vocabular e pela correção gramatical.

Quanto à função desses gêneros, a notícia informa, por exemplo, que houve um “rolezinho” num shopping de São Paulo; a reportagem interpreta, contextualiza, dá detalhes, apoia-se em fontes especializadas para explicar por que houve esse “rolezinho”; o artigo, o editorial, o comentário opinam com base em argumentos, apoiando o “rolezinho” ou condenando-o.

Veja a diferença entre a notícia (informativa, direta, objetiva, esquema de pirâmide invertida) e o artigo (opinativo, subjetivo).

Deputado quer proibir transmissão de lutas de MMA pela televisão5

Projeto de lei apresentado pelo deputado José Mentor (PT-SP) defende que programas como o UFC sejam proibidos em canais abertos ou pagos brasileiros

Mesmo depois da popularização do MMA no Brasil, a polêmica sobre o caráter do esporte, que muitos consideram violento, continua. A discussão foi parar na Câmara dos Deputados, onde tramita um Projeto de Lei que proíbe a transmissão de lutas marciais não olímpicas na TV.

Na última terça-feira, o Projeto de Lei foi discutido durante um seminário na Câmara. Caso seja aprovado, a emissora que veicular lutas de MMA estará sujeita a uma multa de R$ 150 mil, com perigo de o valor dobrar caso o descumprimento da norma ocorra novamente. A proposta prevê ainda a perda de concessão pública do canal se a infração ocorrer pela terceira vez.

O idealizador do projeto, o deputado José Mentor (PT-SP), defende há alguns anos a supressão de programas como o UFC, maior evento de MMA do mundo, da televisão brasileira, em canais abertos ou pagos.

5 Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/08/esportes/lutas/1458543-deputado-quer-proibir-transmissao-de-lutas-de-mma-pela-televisao.html. Acesso em 27 dez. 2013

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"É importante tirar essa luta da TV, porque a única lição que ela propagandeia é a violência. São golpes violentos, joelhadas, onde o sangue é o suor, como dizem aqueles que gostam do MMA", afirmou o deputado à reportagem da Agência Brasil. (...)

Proibir o mensalão, não o MMA6 Juca Kfouri

Que o MMA é sinônimo de barbárie, falta de civilidade e não é esporte nem aqui nem no quinto dos infernos é absolutamente óbvio, digam o que quiserem dizer seus adeptos.

Assim como o boxe, uma prática cujo objetivo é privar o rival de seus sentidos, não pode ser saudável, por mais que o treinamento possa ser.

Não se discute aqui tratar-se de uma prática em que os competidores estão de acordo em dela participar, na qual existem regras e busca de equilíbrio entre as partes.

Mas, de todo modo, um atentado à busca de civilidade, uma volta ao homem das cavernas, um estímulo aos piores instintos da raça humana.

E argumentos do tipo que defendem a falsa ideia de que, por exemplo, trata-se de prática menos violenta que o futebol, são simplesmente risíveis, típicas de quem já tomou tanta pancada na cabeça e perdeu milhões de neurônios.

“Ah, torcedores morrem em batalhas muito piores”, confundem alhos com bugalhos, como se o objetivo do futebol fossem tais descalabros.

Tudo isso para dizer que a tentativa do deputado do PT de São Paulo, José Mentor, em proibir a transmissão das lutas beira a simples insanidade autoritária.

Ele argumenta que, se até rinha de galo é proibida, mais sentido faz proibir seres humanos se engalfinhando, esquecido de que aos animais falta o livre-arbítrio e que alguém precisa zelar por eles.

Sim, não se sabe de um galo que tenha concordado em participar de rinhas. Em vez de ser mentor de práticas obscurantistas por mais selvagem que seja o MMA,

deveria o deputado se preocupar com suas relações mais íntimas, tais como as com o empresário Marcos Valério, o trem-pagador do mensalão, algo que manchou definitivamente a carreira do parlamentar.

Porque ainda pior que o vale-tudo foi o vale-rioduto… Ø APOIO FUNCIONAL: VOCABULÁRIO 1) Preencha o espaço com um dos verbos propostos. Depois construa a frase nominal correspondente: Exemplo: Expor um assunto. A exposição do assunto (frase nominal). abordar – expor – suprimir – incrementar – conceder – promulgar7 – redigir – promover – exercer – rescindir – prescrever-se8 – apurar – expor – emitir – infringir – depredar – persuadir – propor – deflagrar9 – fornecer 1) os atos de exceção. 2) uma lei rigorosa. 3) a pele ao sol.

6 Disponível em: http://blogdojuca.uol.com.br/2012/03/pribir-o-mensalao-nao-o-mma/. Acesso em: 27 dez. 2013. 7 Promulgar: Ordenar a publicação de (lei). 8 Prescrever: Ordenar de maneira explícita previamente; indicar como remédio; receitar; cair em desuso; perder a validade, ou a vigência. 9 Deflagrar: Inflamar-se com chama intensa, centelhas ou explosões; arder. Fig. Irromper repentinamente. Fazer inflamar-se com chama cintilante. Fig. Atear, provocar, excitar.

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4) subsídios para a defesa do réu. 5) uma entrevista. 6) reformas constitucionais. 7) uma ideia genial. 8) as mercadorias numa vitrina. 9) uma violenta revolução civil. 10) pareceres. 11) um assunto importante. 12) uma resposta à nota do governador. 13) os depósitos em cadernetas de poupança. 14) (uma ação penal). 15) atividades ilícitas. 16) os votos. 17) monumentos públicos. 18) todas as leis do país. 19) contratos 20) os jurados. 2) Complete os espaços com as seguintes palavras: cabal – arrefecer – resquício – abjeto – chafurdar – arauto – inerente – adunco – cercear – inócuo –altruísmo –canhestra – apanágio – hostil – acervo –assédio – acuidade – acirrar – senil – antídoto 1) O crime o tornou um ser , monstruoso. (vil, desprezível) 2) O do museu é valiosíssimo. (grande quantidade de) 3) O episódio nosso ódio contra todos. (incitar, estimular) 4) Era dono de uma auditiva incrível. (agudeza de percepção) 5) Tinha o nariz e as barbas ralas. (curvo, revirado) 6) Tudo fazia por puro , sem visar ao lucro. (amor ao próximo) 7) A clareza é do espírito francês. (propriedade característica, atributo) 8) As cigarras eram os da liberdade e da alegria. (mensageiro, pregoeiro) 9) Sua resposta nossos ânimos. (esfriar) 10) Fugiu ao dos jornalistas. (insistência) 11) Deu desempenho à sua tarefa. (completo, pleno, perfeito) 12) Seu estilo é uma imitação de Jorge Amado. (desajeitado) 13) Suas atitudes -lhe a liberdade. (limitar, restringir) 14) Alguns políticos novatos num ambiente de calúnias e devassidão. (atolar-se, perverter-se) 15) O cansaço estava estampado em seu rosto . (envelhecido, velho) 16) O sorriso é às pessoas felizes. (que é próprio ou característico de alguém ou algo, ou a ele intrínseco; específico) 17) Esse plano de salvação não vai funcionar, é inteiramente . (que não causa nenhum dano; que não é nocivo, que não tem a força de produzir o efeito que se pretendia) 18) Tornou-se à religião e fugiu de todas as igrejas. (que demonstra ou exprime oposição, rejeição) 19) O melhor contra o tédio é o trabalho. (medicamento que neutraliza o efeito de um veneno, (fig.) recurso, solução) 20) Havia de madeira no quintal. (resíduo de algum material ou substância; vestígio)

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3) Escolha o advérbio mais adequado às seguintes maneiras de falar ou expressar-se: 1) Afirmar algo de maneira sentenciosa e autoritária: 2) Afirmar de maneira terminante e decisiva: 3) Falar sem refletir: 4) Falar sem sofrer castigo ou punição: 5) Expor ideias de maneira superficial e apressada: 6) Dizer com palavras absolutamente necessárias: 7) Dizer com o mínimo de palavras necessárias: 8) Dizer com excesso de palavras: 9) Dizer com palavras que admitem duplo sentido: 10) Dizer com palavras que não expressam as ideias de maneira clara: 11) Expressar-se com ardor e entusiasmo: 12) Falar com o mesmo respeito que se deve às coisas sagradas, às pessoas idosas: 13) Concordar sem dizer palavra: 14) Falar sem cuidado, sem interesse: 15) Falar com humildade ou submissão: 16) Falar com orgulho ou insolência: tacitamente – insensatamente – displicentemente – submissamente – dogmaticamente – impunemente – peremptoriamente – perfunctoriamente – reverentemente – concisamente – veementemente – laconicamente – ambiguamente – prolixamente – arrogantemente – obscuramente 4) Relacione a primeira coluna à segunda: (1) rio ( ) viril (2) chuva ( ) bélico (3) gato ( ) pluvial (4) marfim ( ) ebúrneo (5) prata ( ) cutâneo (6) ouro ( ) felino (7) pele ( ) áureo (8) homem ( ) argênteo (9) guerra ( ) fluvial 5) Preencha as lacunas com a palavra mais adequada na seguinte relação: observar – contemplar – avistar – enxergar – distinguir – ver – olhar – fitar – espionar 1) Tentava _______________________ na escuridão alguma forma, mas nada conseguia ________________. 2) Cabral chegou a ____________________ alguns montes de terra. 3) O artista quis _____________________ por mais alguns minutos a bela estátua. 4) Nada conseguia ___________________________ na escuridão. 5) Pretendia seguir o criminoso, tentaria ___________________ a distância os seus passos. 6) O namorado queria ____________________ os olhos da amada, mergulhar naquele azul. 7) O oculista mandou-o ________________________ para o quadro de letras na parede. 8) No microscópio, pôde _____________________ as asas do inseto. 6) Substitua o verbo fazer por outros de significado mais específico: Ex.: A árvore faz sombra na parede. – A árvore projeta sombra na parede. 1) Ontem meu irmão fez dez anos.

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2)O governo vai fazer as escolas prometidas. 3) O ministro fez a carta em pedacinhos. 4)Ele se fez de bobo. 5) Maria fez o jantar. 6) A empregada fez a cama bem cedo. 7) Não devemos fazer mal a ninguém. 8) Fizemos seis pontos na Mega-Sena. 9) Fez a barba de manhã. 10) O policial fez o assaltante recuar. 7) É muito comum o uso de certas palavras que, pelo caráter genérico do seu significado, poderiam dar lugar a outras, bem mais apropriadas. Nas frases a seguir, procure substituir as palavras destacadas por outras de sentido mais preciso: a) Para essa doença tenho um remédio muito bom. b) Ele estava doente, mas já ficou bom. c) Eu acho a manga uma fruta boa, mas prefiro o pêssego. d) Respeito é bom e eu gosto. e) Ele acabou fazendo um bom acordo. 8) Leia o seguinte trecho: Quatro décadas atrás, a Coreia do Sul desfrutava uma situação bem menos favorável que a do Brasil. Com a economia em frangalhos e uma população iletrada, era um país paupérrimo, desprovido de recursos naturais e, aparentemente, sem futuro. (Exame, 17/7/96, p. 43) a) Procure, no dicionário, os diferentes significados do verbo desfrutar. b) Algum desses sentidos cabe no contexto em que o verbo foi usado no trecho da revista Exame? c) Que verbo seria mais apropriado no lugar de desfrutava nesse trecho? 9) Preencha as lacunas com uma das seguintes palavras:

comunicar – informar – declarar – avisar – participar 1) O diretor decidiu a resolução a todos. 2) A enfermeira achou melhor sobre os riscos da operação. 3) Queremos a todos o nosso casamento. 4) A testemunha resolveu o que havia ouvido. 5) Desejamos aos empregados que o salário deste mês será pago com atraso. 10) Preencha as lacunas com uma das seguintes palavras:

Abaixar – rebaixar – baixar 1) O governo não conseguiu a inflação. 2) Decidiu o teto da sala. 3) O general devia os militares acusados. 4) Tinha de a cabeça para passar pela porta. 11) (FGV) As questões de analogia aferirão sua habilidade em descobrir a relação entre palavras e em aplicar essa relação a outras palavras. Embora o teste de analogia verbal seja, em certa medida, um indicador de seu vocabulário, ele afere essencialmente sua habilidade em raciocinar. Em Matemática, esse tipo de situação é expresso como um problema de proporção, por exemplo: 2: 4 :: x : y. A seguir, tendo por base a relação existente entre as duas primeiras palavras, assinale a letra que corresponde à alternativa correta: I - Semente : princípio :: a) luz : noite c) bactéria : embrião b) germe : infecção d) origem : causa II – Plástico : sensível ::

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a) suave : brando c) branco : preto b) quente : frio d) nulo : ótimo III – Eminente : obscuro :: a) razoável : sensato c) notável : famigerado10 b) brilhante : insignificante d) tolo : estulto IV – Aliciar : persuadir :: a) arriscar : perder c)subir : cair b)chegar : ficar d) atrair : induzir V – Adiar : postergar :: a) andar : parar c) ficar : permanecer b) pernoitar : acordar d) sorrir : chorar VI – Selo : filatelia :: a) ermo : povoado c) falaz : carola b)beato : carola d) moeda : numismática VII – Constelação : estrela :: a) esteira : trilha c) livro : folha b) continente : ilha d) afluente : arquipélago VIII – Empreitada : tarefa :: a) espreita : vigia c) constituinte : assembleia b) emboscada: atalaia11 d) construção : discurso 12) Escolha na relação abaixo o adjetivo que melhor caracterize as ações, movimentos, gestos ou atitudes de12: Dançarino ( ) (1) ginasta ( ) roda-gigante ( ) lebre ( ) investida de um touro ( ) prestidigitador ( ) bêbado ( ) criança levada ( ) cavalo novo ( ) cavalo respirando de cansaço ( ) queda de árvore frondosa ( ) serpente ( ) respiração de pessoas idosas ( ) torneira pingando ( ) bandeira hasteada exposta ao vento ( ) vela de embarcação ( ) sangue nas veias ( )

(1) lépido (2) cadenciado, compassado, ritmado (3) impetuoso (4) ágil (5) giratório (6) cambaleante (7) irrequieto (8) fogoso (9) violento (10) resfolegante (11) tremulante (12) ofegante, arquejante (13) entufado (14) coleante (15) latejante (16) gotejante (17) hábil, destro

10 Famigerado: Que tem fama; muito notável; célebre, famoso [Como se vê, a palavra não se aplica só a malfeitores, embora no uso comum se observe tendência para isso.]. 11 Atalaia: Vigia, guarda, sentinela. 12 In: GARCIA, Othon M. Op. cit.

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3 3.1 O GÊNERO OPINATIVO: editorial, carta do leitor, artigo 3.2 APOIO FUNCIONAL: conectores lógicos Ø O GÊNERO OPINATIVO: editorial, carta do leitor e artigo

Para Luiz Beltrão13 é a opinião que “valoriza e engrandece a atividade do jornalista, pois quando expressa com honestidade e dignidade, com a reta intenção de orientar o leitor, sem tergiversar ou violentar a sacralidade das ocorrências, se torna fator importante na opção da comunidade pelo mais seguro caminho à obtenção do bem-estar e da harmonia social”.

O texto opinativo pressupõe um autor que tenha credibilidade, que esteja autorizado, por seu reconhecimento na sociedade, a emitir seu julgamento crítico. A valoração dos acontecimentos emerge de quatro núcleos: a) empresa, b) o jornalista, c) o colaborador e d) o leitor, constituindo, respectivamente, o editorial, o comentário, o artigo e a carta do leitor.

Disseminar conhecimento, compartilhar ponto de vista, engajar14 o público numa causa e construir reputação pessoal e/ou profissional são os motivos por que se veicula um texto opinativo. EDITORIAL

Trata-se de um texto jornalístico opinativo, publicado, normalmente, sem assinatura e referente a assuntos ou acontecimentos locais, nacionais ou internacionais de maior relevância. É a “opinião” do jornal ou da revista, representa seu ponto de vista, sua ideologia e o próprio modo de fazer jornalismo.

Características: 1) nos jornais, não é assinado; nas revistas, apresenta a reportagem principal,

mostrando sua relevância para o leitor e destaca as matéria principais, traçando um panorama da edição e normalmente é assinado pelo editor;

2) é impessoal, apesar de opinativo; 3) trata de um tema bem delimitado.

Freio de desarrumação

Sem anúncio prévio ou justificativa oficial, sem negociar com instituições envolvidas ou avisar jovens interessados, o governo federal decidiu mudar as regras para o financiamento do ensino superior.

Por meio de três portarias no final de dezembro, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu, por exemplo, que o subsídio estatal será concedido apenas a quem obtiver uma nota mínima no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Fixou, ademais, um novo calendário para os repasses do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Agora, entidades que tiverem pelo menos 20 mil matrículas bancadas por verbas públicas receberão pagamentos com intervalo mínimo de 45 dias – antes eram mensais.

Ao final do ano, terão sido pagas as mensalidades de janeiro a julho. As demais devem ser reembolsadas somente em 2016.

Se as inovações do MEC se limitassem ao campo dos critérios para concessão do benefício, talvez fosse possível debater as medidas sob a perspectiva de um necessário aprimoramento do Fies.

13 BELTRÃO, L. Jornalismo opinativo. Porto Alegre: Sulina, 1980. p. 14. 14 Engajar: abraçar um ideal filosófico, político etc. e lutar por ele.

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Enquanto a exigência de uma pontuação mínima é bem-vinda por catalisar melhorias do corpo discente, outros mecanismos poderiam ter sido adotados para desestimular a procura por carreiras saturadas e incentivar inscrições em cursos estratégicos.

Contudo, a modificação no fluxo de pagamentos revela a verdadeira motivação do governo: diminuir os gastos federais para recuperar as combalidas contas públicas.

Não se discute a necessidade de reequilibrar o Orçamento. O problema está na falta de transparência e na farsa democrática.

A presidente Dilma Rousseff (PT) reelegeu-se gabando-se da expansão do ensino superior, e o Fies contribuiu para isso. Destinado a camadas sociais intermediárias, cobra juros de 3,4% anuais, entre outras condições generosas.

De 2010, quando 76 mil alunos recorreram ao programa, a 2014, quando cerca de 700 mil o fizeram, são mais de 1,8 milhão de contratos de financiamento na rede privada. Em valores corrigidos, os desembolsos nesse período saltaram de R$ 1,1 bilhão para R$ 13,5 bilhões.

Quem votou em Dilma contando com essa agenda terá razão em se sentir traído. As instituições de ensino ainda tentam se articular para reduzir o desfalque, mas um baque na oferta de vagas parece inevitável. Quanto aos novos alunos, estes nem podem se inscrever no Fies, pois o site está fora do ar.

(Folha de S.Paulo, 20 jan. 2015)

CARTA DO LEITOR Esse editorial suscitou algumas cartas de leitores (outro gênero opinativo, que, embora não seja escrito por um jornalista, figura nas páginas de jornais e revistas), das quais selecionamos duas. x (8227) A arrogância de burocracia não tem limites. Mudanças frequentes de regras, uma das marcas registradas do país e que servem para afugentar investidores internacionais, existem porque as regras originais são mal feitas, de maneira impensada e sem pesar as consequências, como se a sociedade fosse um enorme balão de ensaio. Se a UNE não tivesse sido comprada, bem que pelo menos poderia emitir algum tipo de comunicado expressando a sua insatisfação. Spina (2563) O Levy [Joaquim Levy, ministro da Fazenda] está contendo os programas sociais. Por que ele não mexe na estrutura do executivo? Por exemplo, apenas 15 ministérios, acabar com os 22 mil cargos de livre nomeação, vender o avião presidencial, os jatinhos, as mansões, os palácios, os carros que estão à disposição dos ministros...

(Folha de S.Paulo, 20 jan. 2015) ARTIGO

Texto eminentemente opinativo, e geralmente escrito por colaboradores ou personalidades convidadas (não jornalistas, como políticos, cientistas, filósofos, etc.), o artigo é o gênero que democratiza a opinião no jornalismo, tornando-a não um privilégio da instituição jornalística e de seus profissionais, mas possibilitando seu acesso às lideranças emergentes na sociedade. Não representa, obrigatoriamente, a opinião do veículo (esta, sim, veiculada no editorial). Seus elementos constitutivos são o título, um parágrafo introdutório com a proposição do assunto sobre o qual se tomará uma posição crítica e os argumentos persuasivos, que consistem na tentativa de o emissor levar o leitor a adotar a opinião apresentada.

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Boa de apanhar

Ruy Castro RIO DE JANEIRO – Sem querer, Dilma Rousseff está realizando um sonho que deve ter passado pela cabeça de muitas mulheres: parecer-se com alguma personagem dos sambas de Chico Buarque. Que mulher não gostaria de ser a Rita, a Madalena, a Carolina, a Bárbara, a Januária, a Joana Francesa, a Ana de Amsterdã? E que mulher não gostaria de ser aquela que desatinou, viu chegar quarta-feira, acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando e continuou sambando? Ou a que ficou diferente, ficou pra lá de pra frente e passou o cara pra trás?

Pena que, em vez daquelas mulheres maravilhosas, a personagem de Chico Buarque com quem Dilma pode estar se identificando neste momento seja a infeliz Geni –mais exatamente, a que aparece nos versos "Joga pedra na Geni / Joga bosta na Geni / Ela é feita pra apanhar / Ela é boa de cuspir".

Desde as eleições, a oposição não lhe dá sossego. Mas, como o PT bem sabe, é para isso que existe a oposição – e, agora, mais do que nunca, com o argumento de que Dilma foi eleita demonizando uma política que ela própria está praticando. Por sinal, muitos que a elegeram estão com ganas de jogar-lhe pedras ao ver seus rendimentos encolherem, os benefícios desaparecerem e os encargos subirem. Os ambientalistas, se pudessem, jogar-lhe-iam bosta. E ela ainda tem de se preocupar com o escândalo da Petrobras, cada vez mais perto do seu quintal.

Como se não bastasse, o PT, sempre cioso do poder, tenta descolar-se do fracasso de seu governo. Acabou o amor – seu antigo "companheiro de armas" José Dirceu, sua ex-ministra Marta Suplicy e até seu atual ministro Juca Ferreira surram-na diariamente, em voz alta e às claras, sob o tonitruante15 silêncio de Lula. Pobre Geni, digo Dilma. Ninguém desce de um zepelim para acudi-la.

Dilma deve estar fazendo alguma coisa certa para apanhar tanto. (Folha de S.Paulo, 28 jan. 2015)

Elabore um artigo para a seguinte notícia

Brasileiro Marco Archer é fuzilado por tráfico de drogas na Indonésia16

Antes de morrer, Archer recebeu a última visita da família e foi atendido por um religioso

Foi executado, por fuzilamento, o brasileiro Marco Archer, condenado à morte por tráfico na Indonésia. A execução aconteceu neste sábado (17/1), às 15h31, horário de Brasília, apesar do apelo feito diretamente pela presidente Dilma ao presidente indonésio, Joko Widodo. Archer foi o primeiro brasileiro submetido à pena de morte por um Estado estrangeiro e o primeiro preso executado no governo de Widodo, que assumiu o país em outubro passado.

De acordo com a execução padrão do país, os presos são encapuzados e têm pés e mãos atadas a um tronco. Eles podem ficar em pé, sentados ou ajoelhados. O fuzilamento é feito logo em seguida por um pelotão composto por 12 soldados, a uma distância de cinco a 10 metros dos condenados. Após os tiros, um médico examina se ocorreu morte, mas, se a pessoa ainda apresentar sinal de vida, um tiro é dado na cabeça. Se o preso tiver origem estrangeiro, como Archer, pode haver o traslado do corpo para o país de origem.

15 Tonitruante: que troveja, muito ruidoso. 16 Disponível em: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2015/01/17/interna_mundo,466828/brasileiro-marco-archer-e-fuzilado-por-trafico-de-drogas-na-indonesia.shtml Acesso em: 5 fev. 2015.

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A execução incluiu outros cinco condenados pelo mesmo crime: um indonésio e quatro estrangeiros de Vietnã, Nigéria, Holanda e Malauí.

Um religioso, que prestou atendimento espiritual a Marco, e a outros cinco condenados à morte na Indonésia, declarou que ele estava resignado com a pena de morte. “Todos eles estão prontos e nenhum deles entrou com pedido de protesto. Disseram que aceitaram nossa decisão legal”, afirmou Hasan Makarim antes das execuções ao Jakarta Post.

Marco, 53, nasceu no Rio de Janeiro e era instrutor de voo livre. Ele foi preso ao tentar entrar na Indonésia, em 2004, com 13 quilos de cocaína escondidos dentro de uma asa delta. A droga, porém, foi descoberta pelo raio-x do Aeroporto Internacional de Jacarta. Apesar de fugir do aeroporto, Marco foi preso após duas semanas de buscas.

Exercício

“Carro oficial é um dos atributos, e dos mais decisivos, que substituem os títulos de nobreza no regime dito republicano. Engana-se quem pensa que eles foram feitos para transportar passageiros. Para isso os táxis bastavam. Foram feitos para impressionar e intimidar. A cada um dos 81 senadores da República corresponde um carro oficial. Quando, no mesmo dia em que Traumann foi demitido, o ministro Joaquim Levy recebeu para um café da manhã os membros da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, foi um nunca acabar de carros pretos que chegavam, a tresandar17 poder e prestígio. O ajuste fiscal que se cuidasse”. Sobre o texto, publicado na revista Veja de 27 de maio de 2015, com assinatura de seu autor, é correto afirmar: A) Trata-se de uma reportagem que utiliza do chamado “nariz de cera”, quando o texto protela a parte principal do fato com informações que não são importantes. B) Trata-se de um artigo no qual o autor, identificado, faz análise ligando os principais temas de interesse do país: o ajuste fiscal e a estrutura política do Legislativo. C) Trata-se de uma crônica na qual o autor identifica uma situação e escreve um desdobramento fictício a fim de dar o toque literário ao texto. D) Trata-se de um release da assessoria de comunicação do Senado Federal sobre a ida dos parlamentares ao café da manhã com o ministro da Fazenda. E) Trata-se de um editorial, no qual o veículo expressa sua opinião sobre o uso dos carros oficiais pelos parlamentares para se deslocar até o ministro, quando o mais econômico seria o ministro ir até os parlamentares.

Ø APOIO FUNCIONAL: CONECTORES LÓGICOS

As relações entre as diferentes partes do texto são estabelecidas por diversos mecanismos linguísticos, dentre os quais destacam-se: a elipse, os pronomes e as conjunções. • Elipse

Omissão deliberada de palavra(s) que se subentende(m), com o intuito de assegurar a economia da expressão.

17 Tresandar: cheirar mal.

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Ex.: O presidente foi o primeiro a criticar o adversário. (O presidente) Fez um discurso inflamado em que (o presidente) analisou o mandato do rival e (o presidente) estabeleceu metas para o final de sua administração.

• Pronomes Vocábulos que podem substituir um substantivo ou um sintagma nominal. Ex.: A moça saiu furiosa, ela (a moça) surpreendera o namorado com outra. (ela =

pronome pessoal) ou A moça, que (a moça) surpreendera o namorado com outra, saiu furiosa. (que =

pronome relativo) China e Japão tem-se destacado no Oriente. Este (Japão) pelo alto desenvolvimento

tecnológico e aquela (China) pela superpopulação. (este, aquela = pronomes demonstrativos)

• Conjunções A conjunção é a classe gramatical que serve para unir duas orações, acrescentando a elas uma relação lógica de explicação, de tempo, de condição, de adição, de contrário, etc. As conjunções podem ser coordenativas ou subordinativas.

• o período composto por coordenação é assim chamado porque suas orações são independentes, autônomas, isto é, cada uma tem sentido próprio. Elas não funcionam como termos de outra oração, ou seja, não desempenham uma função sintática na outra oração. Ex.: Aumentei o volume da televisão e prestei atenção, mas não consegui ouvir o depoimento do senador.

• período composto por subordinação: caracteriza-se pela presença de uma oração principal (aquela que contém a declaração principal do período) e de outra oração (ou outras), que é (são) dependente (s) da principal. Dependente, porque exerce uma função sintática dentro da oração principal (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial ou aposto). Ex.: Os professores esperam que o governador cumpra suas promessas depois que eles voltarem ao trabalho. 1ª oração: Os professores esperam - oração principal. 2ª oração: que o governador cumpra suas promessas - oração subordinada porque funciona como objeto direto da principal (quem espera, espera alguma coisa). 3ª oração: depois que eles voltarem ao trabalho - oração subordinada porque funciona como adjunto adverbial de tempo da oração anterior.

Exercícios Promova a coesão destes textos: 1) O urso branco é um animal. O urso branco vive no Polo Norte. O urso branco mede até

dois metros de altura. O urso branco chega a pesar 500 quilos. O urso branco está ameaçado de extinção. O aquecimento global está provocando o degelo das calotas polares.

2) Muitas pessoas têm preferido comprar CDs pela internet. As lojas virtuais oferecem um catálogo com a lista dos CDs mais vendidos e os clientes escolhem os CDs que desejam, sem pagar mais pelos CDs, já que o frete dos CDs geralmente é grátis.

3) As revendedoras de automóveis estão equipando cada vez mais os automóveis para vender os automóveis mais caro. O cliente vai à revendedora de automóveis com pouco dinheiro e, se tiver de pagar mais caro pelo automóvel, desiste de comprar o automóvel, e

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as revendedoras de automóveis têm prejuízo. (in: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1990.)

4) Todos os anos dezenas de baleias encalham nas praias do mundo e até há pouco nenhum oceanógrafo ou biólogo era capaz de explicar por que as baleias encalham nas praias do mundo. Segundo uma hipótese corrente, as baleias se suicidariam ao pressentir a morte, em razão de uma doença grave ou da própria idade, ou seja, as baleias praticariam uma espécie de eutanásia instintiva. Segundo outra hipótese corrente, as baleias se desorientariam por influência de tempestades magnéticas ou de correntes marinhas.

5) A multimídia é uma tecnologia que combina sons, imagens e textos. No futuro a multimídia apresentará recursos ainda mais sofisticados. Os preços dos equipamentos de multimídia tendem a ficar cada vez menores. Os preços dos equipamentos de multimídia continuarão inacessíveis para a maioria da população brasileira. O poder aquisitivo da maioria da população brasileira é baixo.

EMPREGO DOS PRONOMES E CONECTORES

Os conectores, elementos usados para fazer a ligação entre as partes do enunciado, estabelecem um determinado tipo de relação entre as orações e dão pistas para a leitura e compreensão dos enunciados. Eles podem ser: • conjunções ou locuções conjuntivas coordenativas: ligam orações independentes,

autônomas, que não funcionam como termos de outra oração, isto é, não desempenham uma função sintática na outra oração. Ex.: Discutimos as várias propostas e analisamos possíveis soluções, mas não chegamos a nenhum acordo.

• conjunções ou locuções conjuntivas subordinativas: os enunciados que apresentam

esses conectores caracterizam-se pela presença de uma oração principal (aquela que contém a declaração principal do período) e de outra oração (ou outras), que é (são) dependente(s) da principal. Dependente porque exerce uma função sintática dentro da

oração principal (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal,

agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial ou aposto).

Ex.: Os eleitores esperam que os candidatos cumpram suas promessas quando forem eleitos. 1ª oração: os eleitores esperam – oração principal. 2ª oração: que os candidatos cumpram suas promessas – oração subordinada porque funciona como objeto direto da principal . 3ª oração: quando forem eleitos – oração subordinada porque funciona como adjunto adverbial de tempo da oração anterior .

• pronomes relativos: são os que projetam, a uma segunda oração, um termo referido em

oração anterior: que (= o/a qual os/as quais ), quem, onde, cujo/cuja/cujos/cujas . Ex.: As flores que comprei já estão murchas.

Assim, além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido por Othon Moacyr Garcia em seu livro Comunicação em Prosa Moderna:

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Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico).

Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje, frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.

Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.

Condição, hipótese: se, caso, eventualmente. Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por

outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem como, com, ou (quando não for excludente).

Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que.

Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.

Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.

Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás.

Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.

Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.

Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo.

Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista.

Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que.

Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. Exercícios

3) A coesão integra um dos requisitos imprescindíveis à construção de todo e qualquer texto. Há alguns elementos que funcionam como principais agentes nesse processo, com vistas a fazer com que a mensagem se materialize de forma clara e precisa. O texto a seguir carece de tais elementos. Aponte-os.

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Muito suor, pouca descoberta

O trabalho do arqueólogo tem emoções, sim. ________ não pense em Indiana Jones, bandidos e tesouros. É verdade _______ os arqueólogos passam um bom tempo em lugares excitantes, como pirâmides e ruínas. ________ as emoções acontecem mesmo é nos laboratórios, _______ _______ identificam a importância das coisas que acharam nos sítios arqueológicos. _______, é preciso persistência para encarar a profissão, _______ os resultados demoram, e muita gente passa a vida estudando sem fazer grandes descobertas. No Brasil, é necessário fazer pós-graduação, ________ não há faculdade de Arqueologia. ________, é preciso gostar de viver sem rotina, _______ o arqueólogo passa meses no laboratório e outros em campo. O prêmio é fazer descobertas que mudam a história.

(Super for Kids, nº 1)

porque – mas – eles – portanto – mas – além disso – que – porque – quando 2) Forme períodos compostos com os seguintes enunciados, servindo-se de conectivos adequados às relações exigidas: 2.1. a) O trabalhador chegou à fábrica. (ideia principal); b) O apito já havia soado. (ideia de tempo em relação a a)); c) O trabalhador não ficou preocupado. (ideia de oposição em relação a b)); d) O trabalhador ainda tinha dez minutos para se apresentar na seção. (ideia de causa em

relação a c)). 2.2.

a) Não é fácil conseguir uma alimentação saudável no dia a dia. (ideia de concessão em relação à ideia principal);

b) Uma alimentação saudável é essencial para uma vida melhor. (ideia principal); c) Uma alimentação saudável fortalece o organismo e o protege de doenças. (ideia de

explicação em relação à ideia principal). 3) A partir das três frases que seguem, elabore um só período, articulando-as da maneira que julgar mais adequada. Faça isso três vezes, dando relevância, cada vez, a uma das ideias 3.1. (in: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1990.) a) Muitas empresas multinacionais estão decepcionadas com alguns aspectos da nova Constituição. b) Muitas empresas multinacionais continuarão a investir no Brasil. c) Muitas empresas multinacionais acreditam no futuro do Brasil. 3.2. a) Alguns atletas consomem anabolizantes. b) Alguns atletas conhecem a consequência do uso de anabolizantes. c) Alguns atletas obedecem às exigências de seus treinadores e patrocinadores [eles exigiriam que os atletas consumam anabolizantes].

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4. Complete as frases que se seguem recorrendo aos conectores lógicos apresentados, de modo a elaborar um texto coeso.

na verdade apesar da ou seja bem como além de porque e não A obra Os Lusíadas é uma “epopeia de imitação”, , não pertence ao grupo das “epopeias primitivas”. , o modelo da epopéia portuguesa é A Eneida as obras homéricas. existência de um herói individual (Vasco da Gama), o verdadeiro herói é coletivo, é ao povo português que cabe o protagonismo18. Camões concretizou a feitura de uma obra que exalta o “nobre peito lusitano” demonstrar a riqueza da língua portuguesa. O nosso épico exalta a pátria e os seus feitos, as ideias renascentistas. 5) Que alternativa conserva as informações contidas nos cinco períodos a seguir de forma coerente, coesa e gramaticalmente correta? A baleia jubarte mede até 15 metros de comprimento. Ela chega a pesar 45 toneladas. Ela está ameaçada de extinção. Ela passou a ser vista no arquipélago de Abrolhos. O arquipélago de Abrolhos fica no litoral sul da Bahia. a) Ameaçada de extinção, a jubarte – uma baleia que mede até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas, que passou a ser vista no arquipélago de Abrolhos, onde está ao sul do litoral da Bahia. b) Ameaçada de extinção, a jubarte – uma baleia que mede até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas – passou a ser vista no arquipélago de Abrolhos, ao sul do litoral da Bahia. c) A jubarte, uma baleia que mede até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas, passou a ser vista no arquipélago de Abrolhos, ao sul do litoral da Bahia, pois está ameaçada de extinção. d) A jubarte – uma baleia que, apesar de ameaçada de extinção, mede até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas –, passou a ser vista no arquipélago de Abrolhos ao sul do litoral da Bahia. 6) Nas questões 6.1. e 6.2., numere os períodos de modo a constituírem um texto coeso e coerente e, depois, indique a sequência numérica correta. 6.1. ( ) Por isso era desprezado por amplos setores, visto como resquício da era do capitalismo

desalmado. ( ) Durante décadas, Friedman – que hoje tem 85 anos e há muito aposentou-se da

Universidade de Chicago – foi visto como uma espécie de pária19 brilhante. ( ) Mas isso mudou; o impacto de Friedman foi tão grande que ele já se aproxima do status

de John Maynard Keynes (1883-1945) como o economista mais importante do século. ( ) Foi apenas nos últimos 10 a 15 anos que Milton Friedman começou a ser visto como

realmente é: o mais influente economista vivo desde a Segunda Guerra Mundial. ( ) Ele exaltava a ‘liberdade’, louvava os ‘livres mercados’ e criticava o ‘excesso de

intervenção governamental’. (Baseado em Robert J. Samuelson, Exame, 1/7/1998)

Sequência correta: 6.2. ( ) Nesse processo, algumas regiões do cérebro funcionam com maior intensidade, de

acordo com as atividades exercidas pelo indivíduo em determinado momento. ( ) Além disso, neurônios não utilizados degeneram. Se 90% do cérebro humano não fosse

utilizado, os neurônios atrofiariam. 18 Protagonismo: Característica de quem é personagem principal de peça teatral, filme, livro etc. 19 Pária: Casta social mais baixa da Índia.

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( ) Tem origem incerta, foi popularizada por meios de comunicação, tenta impor "limites" a nosso cérebro, mas está equivocada. Trata-se da ideia de que usamos somente 10% da nossa capacidade cerebral.

( ) Mesmo com os avanços da ciência, ainda não existe um método para medir o que seria essa capacidade cerebral. Do ponto de vista fisiológico, o sistema nervoso funciona 24 horas por dia.

( ) As demais permanecem em atividades de rotina, como o controle da pressão arterial, da respiração e da temperatura do organismo.

Sequência correta: 7) Reúna as três orações em um único período composto, usando as conjunções adequadas: Os dias já eram quentes.//A água do mar ainda estava fria.//As praias permaneciam desertas. 8) Por que este fragmento de texto é incoerente? Depois de acenar para os excluídos, invisíveis para o tradicionalismo, o Papa Francisco exorcizou20 a pedofilia, promoveu o ecumenismo21 e reatou os laços entre os Estados Unidos e Cuba. Mas continua a sua revolução corajosa, a enfrentar o anacronismo22 que fez fugir da Igreja Católica uma legião de desalentados.

20 Exorcizar: usar de exorcismo(s) [oração e/ou cerimônia religiosa para esconjurar o Demônio e outros espíritos malignos] para expulsar demônios ou espíritos malignos do corpo de (alguém), o mesmo que exorcismar. 21 Ecumenismo: apelo à unidade de todos os povos contido na mensagem do Evangelho; por extensão de sentido, movimento favorável à união de todas as igrejas cristãs. 22 Anacronismo: erro de cronologia que geralmente consiste em atribuir a uma época ou a um personagem ideias e sentimentos que são de outra época, ou em representar, nas obras de arte, costumes e objetos de uma época a que não pertencem.

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4 4.1 GÊNERO OPINATIVO: resenha e crônica 4.2 APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – uso da vírgula no período simples Ø GÊNERO OPINATIVO: resenha e crônica RESENHA

A resenha jornalística é um texto opinativo cuja função é orientar a escolha do leitor. Ela deve fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar seus aspectos relevantes, contextualizá-lo, descrevendo as circunstâncias que o envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade ou textos e obras culturais. Vamos aqui tomar como referência o livro.

Os elementos constitutivos da resenha são: Ø o título (a linha fina opcional); Ø a referência bibliográfica: autor; título da obra; editora, número de páginas e preço. Sua localização é variável e sua apresentação gráfica também: ela pode aparecer entre parênteses abaixo do título, ao final da resenha, no meio do texto (como no exemplo a seguir), ou ainda em tópicos ao lado da ilustração da capa do livro; Ø o resumo da obra resenhada; Ø a apreciação crítica. A resenha crítica deve responder a três perguntas do leitor: Ø sobre o que é o livro (filme, CD, exposição, etc.)? Trata-se do resumo da obra. O jornalista responde a essa questão indicando, por exemplo, o tipo de história que o autor escreveu e a época em que ela se passa; diz algo sobre as principais personagens e indica o tipo de situação em que o autor as envolve. Neste item, o resenhador pode contextualizar a obra, referindo-se a seu autor e ao momento histórico, político e social em que foi escrita; Ø é bom? É o momento da apreciação crítica. O jornalista responde à pergunta pela exposição de seu juízo de valor sobre o livro em relação aos outros livros da mesma categoria que já leu. Dá sua opinião, influenciada por seus conhecimentos, gostos e preferências; Ø vou gostar? Respondendo satisfatoriamente às primeira e segunda perguntas, o jornalista já terá respondido a esta terceira. Embora haja pessoas que leem para informar-se, outras para divertir-se, outras para inspirar-se..., o resenhador, mantendo seu julgamento pessoal, pode dizer ao leitor a que gosto particular o livro atende. Veja um exemplo de resenha crítica:

MEMÓRIA – ricas lembranças de um precioso modo de vida

O Diário de uma garota (Maria Julieta Drummond de Andrade, Record) é um texto que comove de tão bonito. Nele o leitor encontra o registro amoroso e miúdo dos pequenos nadas que preencheram os dias de uma adolescente em férias, no verão antigo de 41 para 42. Acabados os exames, Maria Julieta começa seu diário, anotando em um caderno de capa dura que ela ganha já usado até a página 49. É a partir daí que o espaço é todo da menina, que se propõe a registrar nele os principais acontecimentos destas férias para mais tarde recordar coisas já esquecidas.

O resultado final dá conta plena do recado e ultrapassa em muito a proclamada modéstia do texto que, ao ser concebido, tinha como destinatária única a mãe da autora, a quem o caderno deveria ser entregue quando acabado.

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E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão? Foram muitos, pontilhados de muita comilança e de muita leitura: cinema, doce de leite, novena, o Tico-Tico, doce de banana, teatrinho, visita, picolés, missa, rosca, cinema de novo, sapatos novos de camurça branca, o Cruzeiro, bem-casados, romances franceses, comunhão, recorte de gravuras, Fon-Fon, espiar casamentos, bolinho de legumes, festa de aniversário, Missa do Galo, carta para a família, dor de barriga, desenho de aquarela, mingau, indigestão... Tudo parecia pouco para encher os dias de uma garota carioca em férias mineiras, das quais regressa sozinha, de avião.

Tantas e tão preciosas evocações resgatam do esquecimento um modo de vida que é hoje apenas um dolorido retrato na parede. Retrato, entretanto, que, graças à arte de Julieta, escapa da moldura, ganha movimentos, cheiros, risos e vida.

O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom autêntico de sua linguagem, que, se, como prometeu sua autora, evita as pompas, guarda, não obstante, o sotaque antigo do tempo em que os adolescentes que faziam diários dominavam os pronomes cujo/ cuja/ cujos/ cujas, conheciam a impessoalidade do verbo haver no sentido de existir e empregavam, sem pestanejar, o mais-que-perfeito do indicativo quando de direito... Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto gráfico, aos cuidados de Raquel Braga. Aproveitando para ilustração recortes que Maria Julieta pregava em seu diário e reproduzindo na capa do livro a capa marmorizada do caderno, com sua lombada e cantoneiras imitando couro, o resultado é um trabalho em que forma e conteúdo se casam tão bem casados que este Diário de uma garota acaba constituindo uma grande festa para seus leitores.

(LAJOLO, Marisa. Jornal da Tarde, 18 jan. 1986)

Já pelo título, o leitor sabe que se trata de um livro de memórias. No parágrafo inicial, há uma apreciação crítica e um pequeno resumo da obra. Aparece aí também a referência bibliográfica, à qual, no entanto, para realmente desempenhar sua função informativa, faltaram o número de páginas e o preço do livro.

O segundo parágrafo é dedicado ao resumo e o terceiro, à apreciação crítica. O quarto faz uma enumeração dos temas das crônicas que compõem o livro e o quinto volta à apreciação crítica, reforçada no sexto parágrafo por uma análise do estilo da escritora.

No último parágrafo, há uma referência elogiosa à perfeita união entre projeto gráfico e obra literária.

A presença constante da adjetivação reforça o caráter opinativo do texto. CRÔNICA

A crônica é o único gênero breve (de curta extensão), sem estrutura definida, produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja em que veículo for. Sua finalidade é agradar aos leitores sempre dentro de um espaço igual e com a mesma localização, o que cria uma familiaridade entre o cronista e aqueles que o leem. Veja o que diz Ivan Ângelo na crônica “Autor e leitor”: “E o leitor de crônicas? A viagem é bem mais curta: encontramo-nos no elevador, no ônibus, no metrô, no jogging, no shopping, no cinema, numa enchente, num engarrafamento. É o tempo de um alô e de um olhar de cumplicidade. O cronista se vê no outro, são parceiros da circunstância, e fala de assuntos comuns nascidos desse conchavo fugaz.” (Veja SP, 26/03/2000)

Gênero que participa de dois domínios discursivos – a literatura e o jornalismo –, a crônica aproveita os recursos literários para falar sobre o fato cotidiano, de uma forma subjetiva. Mas o faz num estilo que dá a impressão de naturalidade, para isso a língua escrita deve aproximar-se da oral.

Da descrição, a crônica tem a sensibilidade impressionista; da narração, a imaginação (para o humor ou a tensão); da dissertação, o teor crítico. A crônica pode ser

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narrativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, reflexiva... Ou combinar essas variantes com as singularidades do assunto. Desenvoltura e intimidade na linguagem aproximam o texto do leitor. Toda possibilidade de criação é permitida nesse gênero, que corresponde a um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, a uma abordagem humorística, a uma reflexão existencial, a uma passagem lírica ou a um comentário de interesse social.

Para o professor Antônio Candido, a fórmula da crônica é: o fato miúdo + um toque humorístico + o seu quantum satis23 de poesia.

Observe esses elementos nesta crônica de Nelson Rodrigues em que o fato miúdo (a bofetada, denominada por ele de incidente mágico) toma conta da cena, em que a descrição, a narração e o comentário se casam de maneira perfeita.

Conveniência de ser covarde24 Há tempos, fui à rua Bariri, ver um jogo do Fluminense. E confesso: sempre

considerei Olaria tão longínqua, remota, utópica como Constantinopla, Istambul ou Vigário Geral. Já na avenida Brasil, comecei a sentir uma nostalgia e um exílio só equiparáveis aos de Gonçalves Dias, de Casimiro de Abreu. Conclusão: recrudesceu em mim o ressentimento contra qualquer espécie de viagem. Mas, enfim, cheguei e assisti à partida. Nos primeiros trinta minutos, houve tudo, rigorosamente tudo, menos futebol. Uma vergonha de jogo, uma pelada alvar, que não valia os cinco cruzeiros do lotação. E, súbito, ocorre o episódio inesperado, o incidente mágico, que veio conferir ao match de quinta classe uma dimensão nova e eletrizante.

Eis o fato: um jogador qualquer enfiou o pé na cara do adversário. Que fez o juiz? Arremessa-se, precipita-se com um élan de Robin Hood e vem dizer as últimas ao culpado. Então, este não conversa: esbofeteia o árbitro. Ora, um tapa não é apenas um tapa: é, na verdade, o mais transcendente, o mais importante de todos os atos humanos. Mais importante que o suicídio, que o homicídio, que tudo o mais. A partir do momento em que alguém dá ou apanha na cara, inclui, implica e arrasta os outros à mesma humilhação. Todos nós ficamos atrelados ao tapa.

Acresce o seguinte: o som! E, de fato, de todos os sons terrenos, o único que não admite dúvidas, equívocos ou sofismas é o da bofetada. Sim, amigos: uma bofetada silenciosa, uma bofetada muda, não ofenderia ninguém, e pelo contrário: vítima e agressor cairiam um nos braços do outro, na mais profunda e inefável cordialidade. É o estalo medonho que a valoriza, que a dramatiza, que a torna irresgatável.

Pois bem: na bofetada de Olaria não faltou o detalhe auditivo. Mas o episódio não esgotara ainda o seu horror. Restava o desenlace: a fuga do homem. Pois o juiz esbofeteado não teve meias medidas: deu no pé. Convenhamos: é empolgante um pânico assim taxativo e triunfal, sem nenhum disfarce, nenhum recato. Digo “empolgante” e acrescento: raríssimo ou, mesmo, inédito.

Via de regra, só o heroísmo é afirmativo, é descarado. O herói tem sempre uma desfaçatez única: apresenta-se como se fosse a própria estátua equestre. Mas a covardia, não. A covardia acusa uma vergonha convulsiva. Tenho um amigo que faz o seguinte: chega em casa, tranca-se na alcova, tapa o buraco da fechadura e só então – na mais rigorosa intimidade – apanha da mulher. Mas cá fora, à luz do dia, ele é um Tartarin, um Flash Gordon, capaz de varrer choques de polícias especiais.

23 Quantum satis (Latim): Quanto baste, quanto for suficiente. 24 Disponível em: http://www.faroldoconhecimento.com.br/livros/Educa%C3%A7%C3%A3o%20f%C3%ADsica/Metodologia%20do%20futebol%20e%20do%20futsal/%C3%80_Sombra_das_Chuteiras_Imortais_-_Cr%C3%B4nicas_de_Futebol_-_Nelson_Rodrigues.pdf. Acesso em: 28 dez. 2013.

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Pois bem. Ao contrário dos outros covardes, que escondem, que renegam, que desfiguram a própria covardia, o juiz correu como um cavalinho de carrossel. Note-se: há hoje toda uma monstruosa técnica de divulgação, que torna inexequível qualquer espécie de sigilo. E, logo, a imprensa e o rádio envolveram o árbitro. Essa covardia fotografada, irradiada, televisionada projetou-se irresistivelmente. E quando, em seguida, a polícia veio dar cobertura ao árbitro, este ainda rilhava os dentes, ainda babava materialmente de terror.

Acabado o match, a multidão veio passando, com algo de fluvial no seu lerdo escoamento. Mas todos nós, que só conseguimos ser covardes às escondidas, tínhamos inveja, despeito e irritação dessa pusilanimidade que se desfraldara como um cínico estandarte.

[Manchete Esportiva, 17 dez. 1955] Exercícios I) Encontre no dicionário a significação de cada uma das palavras a seguir. Depois preencha com elas as frases seguintes: Utópico: Recrudescer: Alvar: Élan: Transcendente: Sofisma: Inefável: Taxativo: Desfaçatez: Convulsivo: Alcova: Inexequível: Rilhar: Pusilanimidade: Desfraldar: Estandarte: 1) Ao final da tarde, é comum a febre . 2) O ministro foi em seu parecer: não admitiria opiniões

contrárias. 3) Escondido num beco, os dentes de medo. 4) Argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que,

embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa é a definição de Houaiss para .

5) Teve uma crise de choro. 6) Poucos têm coragem de o da revolução. 7) Entidades estão para além da natureza física das coisas. 8) Deu-nos uma tarefa sobre-humana, . 9) No silêncio da pensava nos prazeres de que iria desfrutar. 10) A mentira, o engodo, o engano, a falsa aparência, a esnobação e a são

gêneros de primeira necessidade nos relacionamentos efêmeros entre pessoas fúteis. 11) Ao ver a cena, ficou boquiaberto entre o e o infando (de

que não se pode falar por ser execrável) 12) Era um projeto quimérico, . 13) Seu caráter revelava fraqueza moral, covardia, medo, .

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14) Movimento súbito, espontâneo; impulso; emoção, calor, vivacidade; entusiasmo criador; inspiração são alguns dos sinônimos de .

15) De cor branca ou esbranquiçada; alvacento; (fig.) que se caracteriza pela ingenuidade; boçal, parvo, tolo. Era dono de um sorriso .

II) (ENADE, 2012)

Os resistentes Não sucumbi ao telefone celular. Não tenho e nunca terei um telefone celular.

Quando preciso usar um, uso o da minha mulher. Mas segurando-o como se fosse um grande inseto, possivelmente venenoso, desconhecido da minha tribo.

Eu não saberia escolher a musiquinha que o identifica. Aquela que, quando toca, a pessoa diz “É o meu!”, e passa a procurá-lo freneticamente, depois o coloca no ouvido, diz “alô” várias vezes, aperta botões errados, desiste e desliga, para repetir toda a função quando a musiquinha toca outra vez. Não sei, a gente escolhe a musiquinha quando compra o celular?

Sei que alguns celulares vibram discretamente, em vez de desandarem a chamar seus donos com música. Infelizmente, os donos nem sempre mostram a mesma discrição. Não é raro você ser obrigado a ouvir alguém tratando de detalhes da sua intimidade. É como o que nos fazem os fumantes, só que, em vez do nosso espaço aéreo ser invadido por fumaça indesejada, é invadido pela vida alheia. Que também pode ser tóxica.

(VERÍSSIMO, L. F. Disponível em: <http://www.estadao.com.br>Acesso em: 12 jul. 2012 (adaptado))

Considerando as características do texto acima, infere-se que a crônica I. é uma composição breve relacionada à atualidade. II. realiza uma tradução livre da realidade, frequentemente com humor e ironia. III. é um gênero literário mais ficcional que opinativo. IV. é um gênero jornalístico relacionado com os gêneros literários clássicos25.

É correto apenas o que se afirma em A) I e II. B) I e III. C) III e IV. D) I, II e IV. E) II, III e IV

III) (ENADE, 2012) Prazeres da “melhor idade”

A voz em Congonhas anunciou: “Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência.” Em um rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a “melhor idade” – algo entre os 60 anos e a morte.

Para os que ainda não chegaram a ela, “melhor idade” é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida.

25 Gêneros clássicos tradicionais: lírico (passa uma emoção, um estado; centra-se no mundo interior do poeta apresentando forte carga subjetiva); dramático (os atores, num espaço especial, apresentam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento); épico (narrativa de fundo histórico; são os feitos heroicos e os grandes ideais de um povo o tema das epopeias).

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Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: “Voltando da farra, Ruy?”. Respondi, eufórico: “Que nada! Estou voltando da farmácia!”. E esta, de fato, é uma grande vantagem da “melhor idade”: você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.

(CASTRO, R. Folha de S.Paulo, 28/01/2012. Disponível em: <http://www.folha.uol.com.br> Acesso em: 13 jul. 2012 (adaptado)).

Notas, notícias, reportagens, editoriais, artigos, críticas e crônicas representam a variedade discursiva presente nas páginas de jornais e revistas. Em relação à crônica apresentada acima, quais características textuais podem ser identificadas? A) Linguagem conotativa e vocabulário erudito, pois a crônica representa o cruzamento entre jornalismo e literatura. B) Objetividade e linguagem argumentativa, uma vez que o autor tem a intenção de promover uma reflexão sobre o envelhecimento. C) Denotação e vocabulário coloquial, uma vez que a crônica se caracteriza pelo rebuscamento linguístico, ao mesmo tempo em que se molda aos interesses do leitor. D) Estrutura factual e presença de lide, já que o autor narra acontecimentos do cotidiano, a partir do princípio de relevância das informações relatadas. E) Subjetividade e recursos estilísticos, como a ironia e o humor, pois a crônica caracteriza-se pela impressão pessoal do autor e pela leveza de linguagem na abordagem de temas cotidianos.

Ø APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO

A pontuação tem uma tríplice função: 1) assinalar pausas e inflexões de voz: Todos estão bem (se é que se pode estar bem numa época como esta) e mandam lembranças.; 2) separar palavras, expressões e orações que devam ser destacadas: O Brasil, desde a época do descobrimento, vem sendo explorado.; 3) esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade: Enquanto o padre pasta a vaca, reza.

Pontue estas frases para atribuir-lhes sentido: 4) Um navio português entrava no Porto de Santos o navio norueguês 5) Levar uma pedra do Rio à Europa uma andorinha só não faz verão 6) Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura 7) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro 8) Maria toma café e sua mãe diz ela traga-me uma toalha

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ATENÇÃO A vírgula NUNCA pode quebrar uma sequência de sentido.

Assim, é pecado mortal a presença da vírgula entre termos que se completam, ou seja, entre

• o sujeito e o predicado (O supervisor, distribuiu as tarefas); • o verbo e seus complementos (Os alunos refizeram, todos os

textos); • o nome e o complemento nominal (A extração, do dente foi

dolorosa).

Como você deduziu do conselho acima, uma das maneiras26 de pontuar é conhecer a sintaxe, isto é, conhecer como se dispõem os termos numa frase e que função nela exercem. Comecemos pelo período simples, aquele que só possui um verbo e, portanto, uma só oração. Na ordem direta (que é sempre preferível no texto jornalístico), a disposição dos termos é a seguinte:

Sujeito + verbo + complementos verbais + adjunto adverbial

[Quem?] + [ O quê? ] + [Quando?/ Como?/ Onde?/ Por quê]

Quando a frase vem estruturada na ordem direta, não há vírgula!

Um ônibus lotado atropelou 15 corintianos na Avenida Paulista. Quem? O quê? Onde?

No entanto, se eu inverter a ordem, isto é, se eu produzir uma frase na ordem indireta27, a vírgula é obrigatória. Vamos ver:

Na Avenida Paulista, um ônibus lotado atropelou 15 corintianos. Onde? Quem? O quê?

O adjunto adverbial (onde?) iniciou a frase, por isso há a necessidade da vírgula!

Ainda, se eu intercalar o adjunto adverbial, é obrigatória a presença de duas vírgulas. Vamos ver:

Um ônibus lotado atropelou, na Avenida Paulista, 15 corintianos. Quem? O quê? Onde? O quê ▲---------------------------------------▲

26 A outra maneira, muito mais lúdica e agradável, é ler muito bons livros, boas revistas, bons jornais. Não se esqueça, porém, de que a Língua Portuguesa é seu instrumento de trabalho e você deve conhecer sua anatomia para dela extrair seus melhores recursos. 27 A ordem indireta é um recurso para que o texto jornalístico não se torne enfadonho, não tenha um ritmo previsível (tudo na ordem direta). Mas não se esqueça de que ele vai demandar mais sinais de pontuação que a ordem direta.

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É preciso, ainda, que falemos sobre o aposto (termo que explica aquilo que o antecede e que é fundamental no texto jornalístico). Ele sempre vem entre vírgulas ou entre travessões. Um ônibus lotado atropelou 15 corintianos , essa praga terrível, na Avenida Paulista. Quem? O quê? Aposto Onde? ou Um ônibus lotado atropelou 15 corintianos – essa praga terrível – na Paulista. Quem? O quê? Aposto Onde? Pontue as frases a seguir: 1) Para infortúnio dos 800 000 acionistas da Petrobras brasileiros e estrangeiros os papéis da estatal já se desvalorizaram mais de 20% neste ano 2) Há mais de 60 anos ninguém vende amortecedores como a Cofap 3) O Brasil país líder em recursos hídricos sente como poucos a escassez de água 4) Uma referência em medicina diagnóstica deve ser antes de tudo uma referência em medicina 5) Além da revisão aproveite também a megatroca de óleo Chevrolet

Mas um texto não é constituído só de períodos simples, ao contrário. Por isso é necessário saber como se estrutura o período composto:

S + V + CV + AA + CONJUNÇÃO + S + V + CV + AA + CONJUNÇÃO + + S + V + CV + AA (...)

Apareceu agora outro termo: a conjunção – classe gramatical que serve para unir duas orações, acrescentando a elas uma relação lógica de explicação, de tempo, de condição, de adição, de contrário, etc. Como você percebeu pelo esquema acima, o lugar da conjunção é no início do período que ela introduz e, normalmente, vem precedida de vírgula. Caso ela não ocorra nessa situação, deverá ser separada por duas vírgulas. Pontue os seguintes períodos compostos, lembrando-se de que a vírgula nunca pode separar termos que se completam. 1) O trabalhador já se aposentou mas continua trabalhando 2) Esta substância é tóxica por isso é necessário manuseá-la com cuidado 3) O trabalhador já se aposentou continua no entanto trabalhando 5) Esta substância é tóxica é necessário pois manuseá-la com cuidado 6) O povo espera que a situação se resolva rapidamente 7) Todo investimento é arriscado quando você não consulta um especialista 8) Quando você não consulta um especialista todo investimento é arriscado 9) Todo investimento quando você não consulta um especialista é arriscado 10) Reduzimos reciclamos e repomos mas pode colocar um “R” a mais nessa história o

de responsabilidade com a água e o meio ambiente 10) As leis econômicas podem ser desrespeitadas por algum tempo sem sanções28 drásticas imediatas mas seu abuso constante e prolongado traz consequências desastrosas 28 Sanção: 1. Pol. Ato pelo qual, num regime constitucional, o soberano ou chefe aprova e confirma uma lei; 2. Jur. A parte da lei em que se estabelece a pena contra os infratores da mesma; 3. Jur. Cláusula, condição ou circunstância que impede ou pune a violação e assegura a execução. 4. ato pelo qual o chefe do poder executivo aprova uma lei votada pelo órgão legislativo.

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Uso da vírgula no período simples A vírgula serve para: • separar termos coordenados (termos que exercem a mesma função sintática):

Meu tio, meu irmão, meus amigos e eu viajamos constantemente. (sujeitos) Lia tudo que encontrava pela frente: livros, revistas, bulas, propagandas. (apostos) Assistiu à peça às escondidas, ontem, no Teatro Cultura Artística. (adjuntos adverbiais)

• separar apostos e vocativos: Tiradentes, o mártir da independência, morreu enforcado. (aposto= explicação do termo anterior) Sr. Prefeito, como resolver o problema das enchentes? (vocativo= chamamento, interpelação)

• indicar inversão do adjunto adverbial no começo da frase: Durante o congresso, conheceu autores portugueses.

• indicar intercalações (neste caso sempre há duas vírgulas): • de expressões explicativas ou corretivas:

Estes casais, por exemplo, vivem muito bem. Ele não sabe, ou melhor, não quer saber a verdade.

• do adjunto adverbial: Conheceu, durante o congresso, autores portugueses.

• da conjunção: Gostava de loiras; casou-se, no entanto, com uma morena.

• indicar que o verbo está oculto: Eles gostam de maracujá e eu, de banana. (e eu gosto de banana)

Exercícios I) Use a vírgula onde julgar conveniente 1) A poesia a dança a escultura e a música são algumas das várias formas de expressão. 2) Meus sobrinhos estudam inglês francês alemão e árabe. 3) A terra o mar o céu tudo parecia uma só coisa. 4) Falante sorridente simpático conversador o homem deixou todos à vontade. 5) A vida é muito curta Tiago! 6) O Haiti país do Caribe foi arrasado por um violento tremor de terra. 7) Nós os brasileiros já perdemos várias batalhas contra a inflação. 8) Ninguém meus senhores tem esse direito. 9) Vejam amigos o resultado de nosso trabalho. 10) Na reunião de duas horas tratou-se de temas importantes para o grupo. 11) Na operação desencadeada em Londrina a Polícia Federal resgatou provas da inocência dos culpados. 12) Na síntese final do trabalho identificaram-se três erros. 13) Eu vi Paulo sair isto é acho que vi. 14) Naquela época por exemplo não se saía à rua depois das 10 horas.

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15) Os soteropolitanos ou seja os que nasceram em Salvador admiram Caetano e Gil. 16) O camaleão tem a propriedade do mimetismo ou seja a capacidade de se confundir com o meio ambiente. 17) O ministro lembrou durante a reunião a história recente do país. 18) Amaral Peixoto em seu discurso de posse fez críticas ao governo. 19) A poluição ambiental desde o começo do século tem sido um grave problema. 20) Certos animais durante o rigoroso inverno do hemisfério norte hibernam. 21) Ficarei com os livros não posso todavia pagá-los. 22) Não falava o árabe não devia pois aventurar-se pelo interior do Marrocos. 23) Tudo parecia acertado houve no entanto uma proposta em contrário. 24) Nós gostamos de dançar e vocês de viajar. 25) Márcia prefere cinema e Luciana teatro. II) Use a vírgula onde necessário: O álcool não é privilégio de nenhum povo sobre a Terra. Ao contrário é considerado a única droga comum a todas as civilizações. A fabricação do vinho começou provavelmente no período Neolítico 8 500 anos antes de Cristo. Nas montanhas de Zagros ao norte do Irã uma equipe do Centro de arqueologia Química da Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos encontrou uma jarra de 7 000 anos com capacidade para 9 litros de vinho. (Superinteressante, ano 14, n. 2, fev. 2000)

VÍRGULAS COM NOMES DE PESSOAS Maria Tereza de Queiroz Piacentini

Os nomes próprios de pessoas podem ou não ser separados por vírgulas – e disso entendem os jornais e revistas, que falam não só de chiques e famosos, mas de políticos e de outros simples mortais. Também o advogado, em seu trabalho, cita muitos nomes próprios. E aí a vírgula pode contribuir para aclarar uma situação, ou pelo menos dar uma informação correta. É o caso, por exemplo, de filhos ou funcionários envolvidos numa questão. Se determinada empresa tem vários funcionários e foi um deles que, digamos, abalroou o veículo X, a frase será assim: ● Afirma o réu que seu funcionário Mário Tadeu dirigia o veículo na ocasião. Se tal réu tivesse apenas um empregado, o nome deste iria entre vírgulas: ● Afirma o réu que seu funcionário, Mário Tadeu, dirigia o veículo na ocasião. Neste último caso, o nome se torna um aposto explicativo (o qual equivale a uma oração adjetiva explicativa sem o ‘que é’), o que justifica sua separação por vírgulas. Sendo assim, sempre que se referir a pessoa que tiver um cargo único e especificado na frase, como presidente da República, do Senado, da Câmara Federal, de um partido político, de uma empresa etc., ou governador de um Estado, faça a separação do nome por vírgulas – uma ou duas, conforme sua posição na frase. Também é o caso de pai e mãe, que temos um só, e de marido e mulher (podemos ter tido mais de um, mas aí já é “ex”): ● Quem tem incentivado a edição de bons livros é o atual reitor da UFSCar, José Rubens Rebelatto.

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● A presidente da República, Dilma Rousseff, promete investigar toda denúncia de corrupção. ● A mãe de Caetano e Bethânia, dona Canô, é quase tão famosa quanto os filhos. Mas quando se referir a um entre vários da mesma categoria – como ex-governador, ex-esposa, diretor de empresa (normalmente há mais de um diretor), professor de escola, habitante, ator, candidato etc. – não faça o destaque do nome entre vírgulas: ● Um dos palestrantes foi o economista e especialista em gestão condominial César Thomé Júnior. ● O ex-governador do Paraná Álvaro Dias concedeu entrevista a uma rádio de Maringá. ● Para a professora da USP Roseli Baunel, especializada em Educação Especial, a escola deve perceber o que pode oferecer ao aluno com deficiência visual. ● Os candidatos a vereador Tobias Sailor e Tadeu Pilli devem comparecer ao debate. No caso de irmãos e filhos, depende. Filho único vai entre vírgulas. Havendo mais de um filho ou filha, as vírgulas não devem ser usadas: ● O jornal publicou pequena entrevista com o filho de Celso Pitta, Victor. ● Vera Fischer e sua filha, Rafaela, aparecem juntas na foto. ● Os seus irmãos Samuel e Sandra estarão competindo em tênis de mesa. [deduz-se que haja outros irmãos] No caso de nomes estrangeiros ou desconhecidos, ou quando ocorrer uma repetição de nomes (Paulo Paulo), inverta a ordem dos termos. Em vez de: O líder da Frente Revolucionária Unida Foday Sankoh recebeu treinamento militar na Líbia / O ex-governador de São Paulo Paulo Maluf é candidato a prefeito, escreva: → Foday Sankoh, líder da Frente Revolucionária Unida, recebeu treinamento militar na Líbia. → Paulo Maluf, ex-governador de São Paulo, é novamente candidato a prefeito.

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5 5.1 O GÊNERO INFORMATIVO: notícia 5.2 APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – uso da vírgula no período composto por coordenação

Ø O GÊNERO INFORMATIVO: Notícia

Toda produção de texto, oral ou escrito, deve levar em conta os componentes básicos da comunicação: quem fala, o que fala, para quem fala, com que intenção e, mediante esses elementos, como fala.

O texto jornalístico informativo visa narrar de maneira imparcial e objetiva os acontecimentos, o que o jornalista consegue pela ausência de enunciados de opinião, uso da terceira pessoa verbal, ausência de adjetivos que possam dar a impressão de subjetividade: um homem não é velho, é um homem de 93 anos; um bairro não é distante, é um bairro de periferia, no extremo sul da cidade de São Paulo.

A notícia narra de maneira objetiva e imparcial os acontecimentos que devem ser compartilhados, respondendo a seis perguntas básicas o quê?, quem?, quando?, onde?, como? e por quê? (3Q+O+P+C).

A estrutura mais comum da notícia é a da pirâmide invertida. Segundo ela, já no primeiro parágrafo aparece o lead (3Q+O+P+C), que deve ser objetivo, pautar-se pela exatidão e despertar o interesse do leitor pela notícia. Depois do lead, todas as demais informações são dadas por ordem decrescente de importância.

Veja um exemplo:

São Paulo vence seleção dos EUA em 'jogo secreto' no CT da Barra Funda Os gols do Tricolor foram marcados pelo atacante Luis Fabiano e pelo meia Jadson. A atividade não pôde ser acompanhada pela imprensa, na manhã desta quinta-feira

Bruno Quaresma, Fátima Petronieri e Kaíque Ferreira

O São Paulo venceu o jogo-treino contra a seleção dos Estados Unidos por 2 a 1, na manhã desta quinta-feira, no CT da Barra Funda. A partida não pôde ser acompanhada pela imprensa. Por meio do seu perfil no Twitter, os americanos postaram o resultado final. Os gols do Tricolor foram marcados por Luis Fabiano e Jadson.

Fabuloso abriu o placar, aos seis minutos do primeiro tempo. Já na etapa final, aos 36, o atacante Chris Wondolowski, do San Jose Earthquakes (EUA), empatou. Quatro minutos depois, Jadson recebeu bom passe do atacante Osvaldo e deu a vitória ao Tricolor.

O confronto durou 90 minutos, dividido em dois tempos de 45 minutos. (...) Disponível em: http://www.lancenet.com.br/sao-paulo/Paulo-EUA-CT-Barra-Funda_0_1067293352.html. Acesso em 16 jan. 2014.

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Essa notícia trabalha com o esquema da pirâmide invertida: no primeiro parágrafo,

responde às questões quem?, o quê?, quando?, onde? e como?. O segundo e o terceiro parágrafos (assim como o restante do texto) são dedicado a informações acessórias. Neste texto, faltou o por quê?, talvez implícito para quem acompanhe o esporte.

Um dos elementos constitutivos da notícia é o título, cuja função é

Ø individualizar um texto jornalístico em relação a outros;

Ø fazer uma síntese do conteúdo do texto jornalístico que encabeça;

Ø suscitar o interesse e, junto com os eventuais elementos gráficos que possam acompanhar o texto, cumprir uma função de primeira linkagem para o olho do leitor.

Em textos que adotam o esquema da pirâmide invertida, o título deve respeitar a seguinte fórmula: S+V+C (sujeito+verbo+complemento) e usar o verbo no presente do indicativo, de preferência na voz ativa:

São Paulo vence seleção dos EUA em 'jogo secreto' no CT da Barra Funda Sujeito Verbo Complemento

Outro elemento constitutivo da notícia é a linha fina29, cuja função é explicar o título, acrescentar-lhe informações, em jornais e revistas vem geralmente logo abaixo do título, correspondendo a um subtítulo: Os gols do Tricolor foram marcados pelo atacante Luis Fabiano e pelo meia Jadson. A atividade não pôde ser acompanhada pela imprensa, na manhã desta quinta-feira Obs.: A nota é um texto curto sobre algum fato que seja de relevância noticiosa, mas que apenas o lead basta para descrever; muito comum em colunas. Veja o exemplo:

MULHERES NUAS FORA DA CAPA

Bild, o jornal mais vendido da Alemanha (4 milhões de exemplares por dia), decidiu retirar as imagens de mulheres seminuas da primeira página. A mudança atendeu a pedidos das leitoras. As fotos passarão a ser estampadas na página 3 do jornal. Exercício (ENADE, 2012) Em jornalismo impresso, o modelo da pirâmide invertida, em que as informações são dispostas em ordem decrescente de relevância, é a opção mais comum para a elaboração de textos noticiosos. Considerando esse modelo de construção textual, do ponto de vista da objetividade e com base nas características da redação jornalística, avalie as afirmações abaixo.

I. Na pirâmide invertida, o texto começa com o lide (ou lead) noticioso, em que são respondidas as seis questões centrais em torno do fato: Quem? O quê? Quando? Onde? Como? Por quê? II. Escrever o texto com base na pirâmide invertida exige do jornalista percepção quanto à hierarquia das informações, ou seja, percepção de tudo que apurou e identificação do que é mais importante, avaliando público e editoria a que se destina a matéria.

29 Tanto título quanto linha fina dispensam o ponto final. A linha fina é também chamada de sutiã.

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III. Para a redação do lide noticioso, é necessário utilizar citações das fontes consultadas durante o trabalho de reportagem. Elas devem ser apresentadas em discurso direto, privilegiando-se os verbos declaratórios ou declarativos.

É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Ø APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – Uso da vírgula no período composto por coordenação

No período composto por coordenação, encontram-se os seguintes tipos de orações:

Ø coordenadas assindéticas: não têm conjunção, ligam-se por vírgulas: Entrou no carro, acelerou, ziguezagueou, perdeu-se no trânsito.

Ø coordenadas sindéticas: são iniciadas por uma conjunção, por isso, de acordo com a

significação pretendida na frase, são classificadas como aditivas, adversativas, alternativas, explicativas e conclusivas. • aditivas: entre as orações ligadas por E e NEM não se usa vírgula, a menos que: √ os sujeitos das duas orações sejam diferentes:

Os leões comeram a carne, e as hienas roeram os ossos. √ haja repetição enfática da conjunção:

Não apareceu, nem telefonou, nem escreveu, nem mandou fax.

Obs.: Nunca use e nem, a conjunção nem é sinônimo de e não. Todas as outras orações coordenadas assindéticas são separadas por vírgula. • adversativas: nas adversativas, a vírgula vem sempre antes da conjunção. Caso a

conjunção esteja intercalada, usam-se duas vírgulas: A paisagem é menos aterrorizante, mas tão desolada quanto a daqueles dias. A paisagem é menos aterrorizante; tão desolada, porém, quanto a daqueles dias.

• alternativas: use a vírgula antes das conjunções alternativas: Ou nos portamos com civilidade, ou não seremos dignos de viver em sociedade.

• explicativas: use a vírgula antes das conjunções explicativas:

Ele não se mudou, pois todos os seus pertences ainda estão no armário. • conclusivas: nas conclusivas, a vírgula vem sempre antes da conjunção. Caso a

conjunção esteja intercalada, usam-se duas vírgulas: Chovia muito, por isso não saí de casa.

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Chovia muito; não saí, por isso, de casa. Exercícios Use a vírgula onde julgar conveniente: 1) Levantou-se pulou a janela atravessou a rua perdeu-se no matagal. 2) O nevoeiro embranquece novamente a sala as paredes somem-se o rosto da mulher mexe-se numa sombra leitosa. 3) “Vi um rosto na janela parei na beira da estrada cheguei na boca da noite saí de

madrugada.(Paulo Vanzolini) 4) Tinha um bom coração e não reincidiria no erro. 5) A tempestade derrubou árvores e arrancou cercas. 6) Os culpados foram eles e nós fomos punidos. 7) O homem inventou a máquina e ela revoltou-se contra ele. 8) E falou e pediu e insistiu. 9) “Há dois dias meu telefone não fala nem ouve nem toca nem tuge nem muge.” (Rubem Braga) 10) O Estado não só deve zelar pela segurança da população mas também propiciar educação básica para todos os cidadãos. 11) Este é um país rico mas seu povo é pobre. 12) A tempestade derrubou árvores porém fez germinar as sementes. 13) Este é um país rico seu povo no entanto é pobre. 14) João trabalha muito não é porém bem remunerado. 15) Ou destruímos a inflação ou ela nos destrói. 16) Ora o rapaz fica alegre ora diz que não suporta a vida. 17) A chuva fez germinar as sementes portanto os brotos logo aparecerão. 18) Não posso comparecer à reunião não contem portanto com a minha ajuda. 19) A situação econômica é delicada devemos pois agir com cuidado.

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6 6.1 O GÊNERO INFORMATIVO: escolas jornalísticas 6.2 APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – uso da vírgula no período composto por subordinação Ø O GÊNERO INFORMATIVO: Notícia – as escolas norte-americana e europeia O que vimos até agora caracteriza a escola norte-americana de jornalismo, que

Ø enfatiza a objetividade; Ø utiliza o esquema da pirâmide invertida, em que as informações são rigidamente hierarquizadas; Ø tem um título que responde ao esquema S+V+C e prepara o leitor para o assunto de que a notícia vai tratar.

Existe, no entanto, outra vertente – a escola europeia –, que Ø responde também às seis perguntas do lead, mas não utiliza o esquema da pirâmide invertida, havendo, portanto, uma hierarquização menos rígida das informações; Ø tem uma abordagem mais pedagógica e uma interpretação crítica e intelectualizada dos fatos; Ø tem um texto é mais narrativo, criativo, analítico e opinativo; Ø faz uso de recursos literários para organizar seu texto; Ø tem um título mais criativo, que não se prende ao esquema S+V+C. Ambas as escolas se prestam a objetivos próprios. A escola norte-americana tem um

texto mais conciso, prende-se à informação, ao o quê e dirige-se a leitores que têm pressa. A escola europeia pressupõe um leitor com mais tempo, que, além de informar-se, está atento à maneira como o texto é organizado. Observe como são escritos estes dois textos que tratam do mesmo assunto: Escola norte-americana

Ø Título: S+V+C Ø lead no primeiro parágrafo Ø esquema da pirâmide invertida: hierarquização das informações

Casas Bahia faz casamento coletivo para atrair clientes na superloja30

A rede de varejo Casas Bahia decidiu inovar neste ano e vai bancar o casamento de 400 casais na reedição da megaloja no Anhembi. O casamento coletivo vai acontecer em quatro segundas-feiras, nos dias 27 de novembro, 4, 11 e 18 de dezembro, com 100 casais em cada cerimônia.

As inscrições começaram hoje, na loja montada no Anhembi. Para participar, o interessado deve ter mais de 18 anos e morar na capital ou na Grande São Paulo. A Casas Bahia informou que os casais terão custos e que, no dia do casamento, terão direito a levar 30 convidados, champanhe, doces bem-casados e uma noite no hotel Holiday Inn. Um juiz de paz fará o casamento coletivo.

A rede pretende faturar R$ 80 milhões com quarta edição da Super Casas Bahia, que abriu hoje – foram cerca de R$ 100 milhões em 2005. Também informou uma queda de 1%

30 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u465344.shtml. Acesso em 20 dez. 2013.

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no seu faturamento até outubro (incluindo, nessa conta, o desempenho de vendas de novas lojas, abertas no ano).

A perspectiva de resultados menores e a retração nas vendas em 2006 são reflexo do atual momento econômico, com crescimento menor do PIB e menor velocidade de expansão do varejo basicamente no Sul e no Sudeste do país, segundo o IBGE – exatamente as regiões onde a rede atua.

A empresa planejava, no início de 2006, abrir 100 novos pontos de venda no ano. No segundo semestre, havia reduzido a projeção para algo em torno de 70 unidades. Ontem, Klein disse que deverá inaugurar 50 lojas novas em 2006, o que levará o grupo a fechar o ano com 550 unidades. O faturamento bruto previsto para 2006 deve atingir R$ 12 bilhões. No ano passado, foram R$ 11,5 bilhões. Para 2007, a expectativa é que o montante chegue aos R$ 12,5 bilhões.

Entre janeiro e outubro, segundo o diretor, a receita da Casas Bahia ficou perto de R$ 10 bilhões. O lucro líquido deverá permanecer igual ou ser um pouco superior aos R$ 200 milhões obtidos no ano passado. Escola europeia: Ao se valer de procedimentos da narrativa de ficção, o jornalista, longe de querer embelezar o texto, está empenhado numa indispensável empreitada de sedução – sem a qual corre o risco de simplesmente não ser lido.

Ø o título é composto por uma frase nominal (não tem verbo) e assemelha-se mais a um título de novela ou romance (os títulos de textos da escola europeia são muito mais sugestivos do que informativos). O mesmo ocorre com a linha fina Ø não há um lead, mas a apresentação das personagens e uma sequência temporal entrecortada. Só no terceiro parágrafo encontramos o que seria o lead Ø uso de palavras pouco comuns: cadinho, gói, jugo mátrio

Uma história de amor31

A segurança e o vendedor de roupinhas de bebê Cleusa Aparecida de Lima e Bencion Moisés Sznajedleder Rutko se conheceram no

final dos anos 60. Ela trabalhava como segurança no antigo Mappin da Praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. A indicação para o emprego viera do colega de uma cunhada, então delegada no Dops – o hoje senador Romeu Tuma. Era obrigatório fazer um curso de defesa pessoal, o que não intimidou aquela morena forte de 1,72 metro, que desde então correu atrás de muito punguista. Na maioria absoluta das vezes, conseguiu agarrar o larápio e arrastá-lo até a sala da segurança do magazine.

Moisés ia regularmente ao Mappin entregar mercadoria ou fazer cobranças para a Três Balões, confecção de roupinhas de bebê criada por seus pais, judeus poloneses que haviam chegado ao Brasil quando ele tinha 1 ano de idade. Aproveitava para pedir informações àquela moça vistosa. Solícita, a vigia o acompanhava até o setor adequado. Bastaram três ou quatro encontros desse tipo para que Moisés criasse coragem e propusesse a Cleusa que ela o esperasse no fim do expediente. Foram até uma lanchonete perto dali e Moisés disparou: "Quero namorar com você".

Cleusa e Moisés, hoje quase sexagenários, foram talvez o casal mais aplaudido na noite de 11 de dezembro passado, na cerimônia coletiva de casamento organizada pelas Casas Bahia no Pavilhão do Anhembi. Quatrocentos matrimônios foram realizados em quatro segundas-feiras consecutivas, durante a feira natalina da cadeia varejista. Sem custo para os noivos, a cerimônia civil foi celebrada simultaneamente por quatro juízes de paz.

31 Disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-4/esquina/uma-historia-de-amor. Acesso em 20 dez. 2013.

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Cada casal teve direito a trinta convidados, ganhou uma foto-suvenir que simula a capa da revista Tititi, docinhos bem-casados e champanhe, além de hospedagem para a noite de núpcias no Holiday Inn.

Naquela segunda-feira, entre os mais de mil espectadores, um grupinho de cerca de quinze pessoas estava em clima de final de Copa. Eram os convidados de Cleusa e Moisés, todos parentes da noiva. Os parentes de Moisés não foram nem avisados da cerimônia. É que as relações do casal com a família Rutko andam um tanto estremecidas – há mais ou menos 36 anos.

Ao se estabelecer no Bom Retiro, Rachela e Aron Rutko, sobreviventes do Holocausto, não estavam propriamente dispostos a mergulhar no cadinho32 de raças brasileiro. O casal Rutko logo refez seu pé-de-meia em São Paulo. A loja e confecção Três Balões, com sede na Rua José Paulino, funcionou a pleno vapor nas suas pouco mais de três décadas de existência. Jacó e Marcos, irmãos de Moisés, casaram-se com moças judias, em cerimônia celebrada pelo rabino Henri Sobel e festa no Buffet França da Avenida Angélica. Esse era o destino que os Rutko divisavam para sua descendência. Quando o namoro de Moisés e Cleusa veio à tona, o couro comeu na Rua Ribeiro de Lima. Dona Rachela jamais aceitou que o filho namorasse uma gói33. Segundo a própria Cleusa, a cor da pele tampouco ajudou. A mãe de Moisés costumava dizer que a diferença entre elas duas era grande: uma usava salto alto; a outra, sandália havaiana. Moisés não viu saída a não ser manter o namoro fora das vistas da família. Nos fins de semana, visitava Cleusa na casa dos pais dela ou então saíam para passear. Mas, sob o jugo34 do mátrio poder, devia estar de volta antes das 21 horas.

E assim se passaram 24 anos. Dura é a lei do homem, mais dura é a lei de Deus. Aron Rutko faleceu na década de

70; dona Rachela, em 1994, aos 64 anos. Poucos meses depois, Cleusa e Moisés passaram a morar juntos, no apartamento da família Rutko no Bom Retiro. Mudaram-se alguns anos mais tarde para a Avenida Cásper Líbero, no bairro da Luz, onde vivem até hoje. O apartamento é alugado por Helena, uma prima de Moisés, que paga também o condomínio. Contam ainda com a ajuda de outra prima, dona Lili, que dá ao casal uma cesta básica por mês. A única renda de Moisés é o auxílio-doença do INSS, por invalidez – as sequelas de um erro médico o impedem de andar direito. Cleusa continua a trabalhar no ramo da segurança.

O dia do casamento foi um grande momento, aguardado fazia mais de 36 anos. Por ironia, a festa teve como patrocinador um imigrante judeu que veio da Polônia e chegou ao novo continente na mesma época que Aron e Rachela Rutko. Samuel Klein é o fundador das Casas Bahia, que por sinal mantêm uma filial no prédio do antigo Mappin da Praça Ramos, palco do primeiro encontro entre Moisés e Cleusa. O casal só não quis aceitar a noite de núpcias no Holiday Inn. Preferiu receber os irmãos, irmãs e sobrinhos de Cleusa para uma festinha com kibe, coxinha, cuscuz e outros quitutes. Eles agora são a única família de Moisés Rutko.

32 Cadinho: Quím. Vaso utilizado para fundir minérios ou em reações químicas a temperatura muito elevada; crisol. Fig. Lugar onde coisas ou pessoas se misturam, amalgamam: A região era um cadinho de raças. 33 Gói: Designação dada pelos judeus àqueles que não são de origem judaica. 34 Jugo: Peça de madeira colocada sobre a cabeça dos bois e que os atrela a uma carroça, arado etc.; canga. Fig. Situação de submissão a alguém por meio de violência; opressão, sujeição: Encontravam-se sob o jugo do ditador.

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Exercícios 1) (ENADE, 2012)

Depois da filha, Antonio sepulta a mulher

No entardecer de 22 de junho, um homem chamado Antonio Antunes, 37 anos de idade, sepultou a filha em uma cova rasa do Campo Santo, no Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre. Ao final do enterro, Antonio, descascador de eucalipto no município de Butiá, pronunciou uma frase que calou os poucos que o acompanhavam no Campo Santo: — Esse é o caminho do pobre.

Antonio sabia o que estava dizendo, mas não tinha ideia de o quanto a frase se revelaria ao mesmo tempo sentença e profecia. Cinco dias depois de sepultar o bebê, sua mulher, Lizete, morreu em um leito de hospital.

(BRUM, E. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006.) No trecho de abertura da reportagem acima, a jornalista utiliza-se do recurso de evocação de imagens para compor a narrativa. A aplicação dessa técnica associa a reportagem ao gênero A) literário. B) ficcional. C) opinativo. D) descritivo. E) informativo.

2) (ENADE, 2012) Ouço uma explosão fantástica. É um tuimmm interminável que me atravessa os

ouvidos de um para o outro lado, dá-me uma sensação de grandiosidade. Sinto-me no ar, voando, mas, ainda assim, com uma certa tranquilidade para pensar: — A guerra é de fato emocionante. Agora entendo como há gente que possa gostar de guerra. Uma cortina espessa de fumaça bloqueou-me toda a visão. Tive a certeza, então, de que a bomba tinha explodido a alguns metros de mim, exatamente sobre o Henry (...) Foi aí que senti a perna esquerda. Os músculos repuxavam para a coxa com tal intensidade que eu não me equilibrava sentado. Para não cair, rodopiava sobre mim mesmo, em círculos e aos saltos. Instintivamente, levei as duas mãos para “acalmar”.

A calça no lado esquerdo havia desaparecido. A visão foi terrível. O sangue brotava como de torneiras. Depois do joelho, a perna se abria em tiras, e um pedaço largo de pele, retorcido, estava no chão. Olhei em volta e não achei meu pé. Fiz um balanço rápido da situação. Senti a cabeça muito quente e um fio de sangue no rosto. A perna direita, empapada de sangue, parecia ferida, mas estava com a perna da calça e com a bota — senti certo alívio. A mão direita, muito queimada, minava sangue. Não sentia absolutamente nenhuma dor. O que mais incomodava era o incrível retesamento dos músculos da perna esquerda.

(RIBEIRO, J. H. O repórter do século. São Paulo: Geração Editorial, 2006.) No fragmento acima, José Hamilton Ribeiro narra o acidente que sofreu quando estava cobrindo a Guerra do Vietnã. Depois de duas semanas no Vietnã, Ribeiro foi ferido quando pisou em uma mina, ao longo da Estrada sem Alegria, dez quilômetros a sudoeste da cidade de Quang Tri. Considerando o texto apresentado, avalie as afirmações a seguir. I. Percebe-se, no texto, influência do New Journalism, pois há envolvimento do repórter, que relata o que está vivendo, descrevendo o episódio em detalhes. II. No trecho “É um tuimmm interminável que me atravessa os ouvidos de um para o outro lado”, há uma onomatopeia, recurso comum no jornalismo literário.

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III. No jornalismo literário, não há compromisso com a objetividade, podendo o jornalista inventar cenas ou episódios como recurso narrativo. IV. A digressão e a utilização de texto em primeira pessoa são recursos presentes no jornalismo literário. É correto apenas o que se afirma em

A) I e II. B) I e III. C) III e IV. D) I, II e IV. E) II, III e IV

Ø APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – Uso da vírgula no período composto por subordinação

Dando prosseguimento ao período composto, vamos tratar daquele que apresenta orações dependentes, isto é, o período composto por subordinação. Ele é iniciado ou por uma conjunção subordinativa, ou por um pronome relativo. Nesse tipo de período existem as orações:

• substantivas - iniciadas por uma conjunção integrante (que, se, como); • adjetivas - iniciadas por um pronome relativo (que, quem, onde, cujo); • adverbiais - iniciadas por qualquer conjunção subordinativa, exceto as integrantes (quando, embora, caso etc.).

Ø Orações subordinadas substantivas

Entre a oração principal e a subordinada substantiva NUNCA existe vírgula! Está claro que, se houver intercalação de adjunto adverbial, aposto, vocativo, expressão explicativa ou corretiva, ocorrerão duas vírgulas.

Como descobrir que uma oração é substantiva? Ela sempre responde à pergunta o quê? e completa a oração principal da qual é sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo ou aposto. Como entre termos que se completam não pode haver vírgula, ela não existirá entre esse tipo de oração e a oração principal. Ex.: Convém que permaneçamos nos nossos lugares. (sujeito da principal)

Desconheço como ele chegou até aqui. (objeto direto da principal) O pai não se opunha a que o filho casasse tão cedo. (objeto indireto) Tenho medo de que os ratos invadam a cidade. (complemento nominal) Meu desejo é que eles viajem o mais rápido possível. (predicativo) Só um fato a afligia: que eles tivessem abandonado a cidade sem avisá-la. (aposto)

Exercícios Coloque a vírgula onde julgar conveniente: 1) Suponho que todos estejam de acordo. 2) Suponho que depois de tanta discussão todos estejam de acordo. 3) O presidente exige que os grevistas voltem ao trabalho. 4) É imprescindível que os partidos de oposição continuem a postos. 5) É imprescindível que nesta situação de emergência os partidos de oposição continuem a

postos. 6) As autoridades sanitárias estão receosas de que a epidemia se alastre.

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7) As autoridades sanitárias estão receosas de que com a chegada do verão a epidemia se alastre.

8) Não era verdade que o índice de poluição atingira o estado de alerta. 9) Não era possível que depois de tantas campanhas o índice de poluição tivesse atingido o

estado de alerta. 10) É importante que todos independentemente de partido político cooperem nesta

campanha. 11) Freire sugere que suplentes assumam vagas de faltosos. 12) Muito irritado com o número reduzido de parlamentares presentes à votação Freire

sugeriu que suplentes assumissem vagas de faltosos.

Ø Orações subordinadas adjetivas As orações subordinadas adjetivas têm valor de adjetivo. Elas são introduzidas por

um pronome relativo: que (= o/a qual os/as quais ), quem, onde, cujo/cuja/cujos/cujas. Ex.: Procuramos homens que sejam criativos.

Procuramos homens cuja criatividade seja elevada.

As orações subordinadas adjetivas classificam-se em explicativas e restritivas.

• As explicativas contêm uma simples explicação ou realçam um detalhe do termo antecedente, que já se encontra suficientemente definido. Na fala, são separadas da oração principal por pausa forte, adquirindo a função de um aposto. Essas orações podem ser eliminadas e, ainda assim, não se perde o sentido da frase. A oração subordinada adjetiva explicativa sempre é isolada por vírgulas (ou por duplo travessão). Ex.: O gato, que é um animal carnívoro, alimenta-se de pequenos roedores. • As restritivas delimitam, definem, restringem o sentido do termo antecedente. Na fala, essas orações são proferidas sem pausa acentuada. Ex.: Os homens que conhecem a si mesmos entendem melhor os outros homens. A oração subordinada adjetiva restritiva não se separa por vírgula da principal. No entanto, se ela for muito longa, podemos colocar uma vírgula em seu final. Ex.: As nações cujas economias estão atravessando um período problemático, deveriam solidarizar-se.

Obs.: Muitas vezes, a presença da(s) vírgula(s) altera o sentido da frase. Ex.: Meu namorado, que mora em Pinheiros, é advogado. Meu namorado que mora em Pinheiros é advogado. Na primeira frase (explicativa), só tenho um namorado e ele mora em Pinheiros; na segunda (restritiva), tenho vários namorados: o que mora em Pinheiros é advogado. Vamos a outros exemplos: Os jogos de ontem que foram disputados sob intensa chuva terminaram empatados. Os jogos de ontem, que foram disputados sob intensa chuva, terminaram empatados. Na primeira frase (restritiva), só terminaram empatados os que foram disputados sob chuva; na segunda (explicativa), todos terminaram empatados e todos foram disputados sob chuva.

Exercícios I) Coloque a(s) vírgula(s) onde for(em) necessária(s): 1) Nestor que é um bom cidadão recicla todo o seu lixo.

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2) A Capela Sistina onde foram realizadas todas as eleições papais nos últimos séculos tem acomodações para oitenta participantes. 3) O Sol que é uma estrela de quinta grandeza aquece nosso sistema solar. 4) A vida que é breve deve ser bem aproveitada. 5) O homem que fuma tem mais problemas que os outros. 6) Feliz o pai cujos filhos são ajuizados. 7) O pai que gosta dos filhos faz tudo por eles. 8) Na esquina havia crianças que pediam esmolas. II) Nos seguintes pares de frases, explique a diferença de sentido conferida a elas pela presença ou ausência de vírgulas: 1) a) Os delegados que eram íntegros não se venderam. b) Os delegados, que eram íntegros, não se venderam. 2) a) Todas as propostas que eram ilícitas foram rejeitadas. b) Todas as propostas, que eram ilícitas, foram rejeitadas. 3) a) A mulher que pensa apenas em casamento é um ser desprovido de amor próprio. b) A mulher, que pensa apenas em casamento, é um ser desprovido de amor próprio. 4) a) Os funcionários do hospital que se mostraram muito simpáticos e receptivos ganharam essas publicações. b) Os funcionários do hospital, que se mostraram muito simpáticos e receptivos, ganharam essas publicações.

Ø Orações subordinadas adverbiais As conjunções subordinativas classificam-se em causais, comparativas, concessivas,

condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais, temporais e integrantes. ● Se a oração subordinada adverbial iniciar o período, a vírgula depois dela é obrigatória.

(OS+OP= vírgula obrigatória)

● Se ela não iniciar o período, será optativa. (OP+OS= vírgula optativa)

● Se a oração subordinada estiver no meio da oração principal, haverá duas vírgulas obrigatórias (ou duplo travessão).

(OP+OS+OP= duas vírgulas obrigatórias separando a oração subordinada)

Ex.: A vírgula será optativa(,) se a oração adverbial vier depois da principal.

Se a oração adverbial vier antes da principal, a vírgula será obrigatória.

As duas vírgulas, se a oração adverbial vier no meio da principal, serão obrigatórias. (veja, no entanto, como neste último exemplo a frase é menos legível, menos clara que as outras)

Exercício Coloque a(s) vírgula(s) onde for(em) necessária(s):

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1) O tambor soa porque é oco. 2) Admirava-o muito embora não o conhecesse pessoalmente. 3) Se o conhecessem não o condenariam. 4) A fim de que me ouvissem melhor aproximei-me dos alunos. 5) Para que a administração pública funcione melhor é preciso mudar mentalidades. 6) Não me impedirão de comparecer à reunião ainda que o tentem. 7) À medida que o governo perdia a força a oposição aumentava sua influência. 8) A poluição ambiental conforme os técnicos denunciam tem sido um grave problema. 9) João quando soube do ocorrido ficou furioso. 10) Eu embora creia no bem não nego o mal. 11) Lá pelas sete da noite quando escurecia as casas se esvaziavam. 12) Decisões importantes devem ser tomadas a fim de que se evitem mais danos. 13) Fizemos conforme fora combinado todo o possível para vencer. 14) Se tudo der certo logo estaremos em casa. 15) Logo estaremos em casa se tudo der certo.

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7 7.1 O GÊNERO INFORMATIVO: reportagem 7.2 APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – uso da vírgula com as orações reduzidas e intercaladas Ø O GÊNERO INFORMATIVO: Reportagem

A reportagem informa, de modo mais aprofundado que a notícia, fatos de interesse público, investiga, levanta questões, contextualiza. Enquanto a notícia se atém a um acontecimento isolado – por exemplo, a morte de um ciclista no trânsito de São Paulo –, a reportagem, partindo da notícia, amplia e contextualiza, incorpora a fala de fontes, interpreta, apresenta diferentes opiniões sobre o fato para informar e orientar o leitor, contribuindo para formar sua opinião.

A reportagem pode ser considerada a própria essência de um jornal e difere da notícia pelo conteúdo, extensão e profundidade.

Seus elementos constitutivos são os mesmos da notícia: título, linha fina (ou olho, também chamado janela, pequeno trecho da reportagem, diagramado em corpo maior e colocado em destaque) e o corpo do texto, no qual aparecem as fontes35 (estas, sim, podem dar opinião, sempre entre aspas) e a personagem, que dá interesse humano à reportagem.

A reportagem apresenta maior liberdade de composição tanto no título, que não precisa forçosamente, seguir o esquema S+V+C, quanto no corpo, que pode aproximar-se do estilo da escola europeia.

A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmica e clara, ajustada ao padrão culto, mas que pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina.

QUEM INVENTOU O CACHORRO VEGETARIANO?

A moda de negar carne a animais carnívoros mostra que a humanização (cada vez maior) dos bichos domésticos não tem limites – e pode prejudicá-los.

Cachorros e homens vivem juntos há pelo menos 12 mil anos, numa relação contínua que se revelou benéfica para as duas espécies. Sem a proteção do homem, dificilmente o cão teria chegado aos dias atuais. Não era um predador de sucesso. Mas revelou-se brilhante no poder de transmitir conforto e confiança aos seres humanos – e de acompanhar as mudanças de seus hábitos e valores. O bicho ganhou um papel afetivo que antes era desempenhado por parentes e vizinhos. Agora, o poder de adaptação dos cachorros está novamente em teste. Pessoas que não querem comer carne – por implicar a morte de um outro ser vivo – estão impondo a seus cães domésticos dietas vegetarianas ou veganas, ainda mais radicais. Os veganos não comem nenhuma espécie de proteína de origem animal, como leite. Aplicar esses valores aos animais de estimação representa, para muitos, uma manifestação de respeito. Mas obrigar cães e gatos a viver de vegetais e passar o dia sozinhos dentro de apartamentos representa uma prova de carinho?

A treinadora de animais Ana Aleirbag, de 22 anos, não come um único pedaço de carne desde 2007. Nem ela nem seus seis cães. Ana estendeu aos bichos de estimação a dieta vegetariana que adotou para si mesma, na mesma época. “Era incoerente eu não comer carne e dar uma ração com restos de cadáveres para minha melhor amiga”, diz, referindo-se a Fly, uma cadela da raça border collie de 5 anos. “Consultei o veterinário, planejei a transição 35 A fonte pode ser primária (é o contato direto, de preferência pessoal) e secundária (a informação foi obtida na internet, em livros, em revistas e jornais. Neste caso, cite sempre a fonte consultada).

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alimentar e nenhum deles estranhou a mudança.” Eles obviamente não teriam meios de se queixar, mas é provável que adoecessem se a troca de dieta fosse muito nociva. Ana serve uma porção de ração vegetariana misturada a frutas. Em horário alternado, dá leite de vaca, iogurtes e queijo branco – fontes de cálcio e proteína animal.

O desenvolvedor de software curitibano Anderson dos Santos, de 27 anos, foi além. Impôs a sua vira-lata Cindy uma alimentação vegana – ou seja, inteiramente à base de vegetais, sem nenhuma proteína de origem animal. “Não tinha cabimento causar sofrimento a um bicho para alimentar outro”, diz Santos. Isso foi há cinco anos. Hoje tem outros dois cães veganos. Para propagar a filosofia, traduziu para o português o livro Cães veganos: nutrição com compaixão, do veterinário e pesquisador James O’Heare. “Hoje, eu mesmo fabrico a ração caseira com suplementos de cálcio, vitamina B12 e zinco”, afirma Santos. O mais famoso cão vegano do mundo foi a cadela Bramble. Quando morreu, em 2003, ela somava 27 anos e 11 meses de vida – o terceiro cão mais longevo registrado pelo Guinness Book. Alimentava-se de uma pasta com arroz integral, lentilhas e vegetais orgânicos. Sua dona, a inglesa Anne Heritage, de 52 anos, é vegana radical. “Ela viveu feliz”, disse na ocasião da morte.

Mas, esperem um pouco – não há algo de estranho nessa aparente normalidade? Cães pertencem, por definição, à ordem dos carnívoros – junto com os felinos. O poodle cheiroso que dorme no sofá da sala é geneticamente da mesma espécie do lobo selvagem, que se alimenta de carne. Aquilo que se chama erroneamente de Canis lupus familiaris, o cão doméstico, é uma invenção humana sem correspondência exata na natureza. Cientificamente, só há o Canis lupus, que se apresenta em vários formatos. Todos eles são carnívoros. Transformá-los em onívoros como nós, criaturas que comem de tudo, foi o primeiro passo da humanização alimentar desses animais. Torná-los vegetarianos, e, agora, veganos, apenas aprofunda o fenômeno conhecido como antropomorfização – a compulsão de imputar atitudes e sentimentos humanos ao que nos cerca no mundo natural. No passado, fizemos isso criando deuses com características humanas. Agora, humanizamos os cachorros.

“Todo dia alguém me pergunta ‘Como alimentar meu animal sem carne’”, diz Andrew Knight, veterinário, especialista em bioética e pesquisador do Centro Oxford para Ética Animal. Andrew mantém um site em cinco línguas sobre o tema (vegepets.info), com mais de 5 mil acessos diários – só do Brasil são registradas 800 visitas por semana. O hábito de alimentar animais com vegetais começou nos Estados Unidos, no fim dos anos 1960. Grupos de veganos radicais passaram a considerar natural alimentar seus bichos de estimação com sua própria dieta – impondo a criaturas irracionais uma interdição ética ou religiosa essencialmente humana. Como outros orientalismos, esse também é uma invenção que nada tem a ver com a religião ou a ética originais. Na Índia, berço das crenças hinduístas abraçadas no Ocidente, cães e gatos não são tratados com cuidados humanos. “Algumas tradições hindus os veem como animais impuros. São maltratados mesmo”, diz o paulistano Erick Schulz, diretor do Instituto de Cultura Hindu Naradeva Shala, em São Paulo. “Lá tem veterinário para cavalo e para elefante, mas são raros os veterinários que atendem cães e gatos.” Os cães e os gatos da Índia comem carne à vontade, embora a população de religião hinduísta não coma. “A cultura hindu respeita o animal como realmente é: se ele é carnívoro, come carne, se não é, não come”, diz Schulz.

A dieta vegetariana para cães e gatos tem fortes opositores – mesmo entre vegetarianos. Presidente da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), com sede no Rio de Janeiro, Izabel Cristina Nascimento tem 60 anos e não come carne desde os 18. Nem por isso acha razoável impor sua dieta a um cão. “Como posso levar meu cachorro a comer cenoura e soja? O animal tem o dente canino mais acentuado justamente para comer carne”, diz ela. Aulus Cavalieri Carciofi, médico veterinário especialista em nutrição de cães e gatos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é vegetariano há 20

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anos. Seus quatro cães, não. “Não como carne porque não quero matar animais. Mas para conviver com eles é preciso entendê-los”, afirma. “Se a ideia de permitir a entrada de carne em qualquer forma em casa é inaceitável para um vegetariano, que ele tenha um bicho com outros hábitos. Um passarinho, por exemplo.”

Gatos e cachorros precisam mais da proteína animal do que os homens. “O vegetarianismo para bichos de estimação é antinatural. O organismo do animal aproveita melhor a proteína de uma ração feita com proteína originária do frango do que da soja”, diz Mario Marcondes, diretor clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira, em São Paulo. Com uma dieta pobre em proteína animal, o cachorro pode acabar consumindo os próprios músculos para gerar energia. Para os gatos, a dieta vegetariana é ainda mais arriscada. Os bichanos dependem da carne para metabolizar a taurina, composto envolvido na formação e no funcionamento da retina. Sem taurina, os gatos podem desenvolver cegueira e problemas cardíacos. Seria um exemplo extremo de como uma excentricidade humana, revestida de carinho, pode prejudicar dramaticamente o animal que gostaria de proteger. Vestir, carregar como um bebê e lavar frequentemente os bichos podem ser atos cruéis ou opressivos, que ferem a anatomia e a natureza do animal. Mario Gisi, subprocurador-geral da República, é contra esse tipo de coisa. “Ainda que muitos donos sejam bem-intencionados, algumas práticas não deixam de ser cruéis”, afirma. Izabel, da União Internacional Protetora dos Animais, também critica. “É um erro impor nossas crenças ao animal. Daqui a pouco vão querer que ele caminhe em duas patas”, diz ela. Izabel condena a “humanização” animal que passa pela utilização de fantasias e roupas de marca: “Roupinha da Valentino e coleira da Gucci? Será que o cão gosta? Duvido.”

(Época, 26 mar. 2011) Observe o uso da declaração, recurso importante para garantir o acesso do leitor ao

discurso concreto da fonte entrevistada. A declaração pode ser introduzida de duas formas: discurso direto (por meio de aspas) ou indireto (em vez de reproduzir a fala do entrevistado, o jornalista conta o que ele disse – sem aspas). Em ambas destaca-se a presença de verbos dicendi (verbo de dizer, em latim). O mais comum, neutro e simples é o verbo dizer, mas sua repetição constante torna o texto monótono. No verbete DIZER do Manual de redação e estilo OESP36, você encontrará uma rica lista de substitutos para esse verbo dicendi. Cuidado que o jornalista da reportagem a seguir não tomou, pois dizer foi o único verbo dicendi utilizado. Outro cuidado é não misturar no mesmo texto verbos dicendi em tempos verbais diferentes. Ø APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – Orações reduzidas e orações intercaladas

√ Orações reduzidas São assim denominadas porque não têm conjunção e seu verbo apresenta-se numa

destas formas nominais: • de infinitivo: Penso estar preparado. (= que estou preparado) • de gerúndio : Chegando, avise-me. (= quando chegar) • de particípio: Terminado o filme, voltamos para casa. (= quando terminou...)

Sua pontuação é a mesma da oração desenvolvida que lhe deu origem.

36 MARTINS, Eduardo. Manual de Redação e Estilo OESP. São Paulo: Moderna, 1997.

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Exercício Coloque a(s) vírgula(s) onde for(em) necessária(s): 1) Ao perceber o engano desorientou-se. 2) Para melhor fotografarem o eclipse os astrônomos subiram a 12 mil pés. 3) Prevendo uma resposta indelicada não o interroguei. 4) Encerrando o ciclo de palestras o engenheiro falou sobre as agressões do homem contra o meio ambiente. 5) Não obtendo resposta saiu da sala. 6) Concluída a tarefa adormeceram exaustos. 7) Surpreendidos pela chuva repentina procuraram um abrigo. 8) É possível haver algumas vagas disponíveis. 9) É bom ficarmos atentos. 10) Esperavam conseguir o empréstimo. 11) Disse-me estar sendo perseguido pelo irmão. 12) Penso estar preparado para a prova. 13) É necessário prepararmos os originais. 14) O tiroteio inesperado violentando a paz da noite fez a cidade estremecer. 15) A moça sem dizer palavra atirou-se da ponte. 16) Dali eu via sem ser visto toda a cena.

√ Orações intercaladas ou interferentes Funcionam no período como observação, ressalva, opinião ou declaração.

Ex.: “Espero”, disse o presidente, “que estas medidas resolvam o problema da inflação”. Exercícios 1) Agora use as vírgulas: 1) “Com esta providência” garantiu o prefeito “a cidade resolverá o problema das enchentes”. 2) “Esses recursos” opinou o médico “deveriam ser utilizados na compra de vacinas”. 3) Disse-nos como era seu hábito os piores desaforos possíveis. 4) Não explicou até porque nada lhe perguntaram o porquê daquela estranha atitude. 5) Nenhum dos repórteres que eu saiba fez referência àquele episódio. 6) Meus irmãos digo-o com tristeza são todos estelionatários. 7)“Deixo” disse Alexandre ao morrer “o meu império ao mais digno”. 2) Virgule este texto: Os urubus eram tantos que formavam nuvens negras e nem assim davam conta de devorar os milhares de cadáveres. Muitos secavam ao sol impregnando o sertão de um cheiro indescritivelmente podre. Cachorros cujos donos jaziam mortos por ali acostumaram-se a comer carne humana e apavoravam os poucos desavisados que ousassem visitar a região. Do arraial restavam escombros e no lugar das casas de barro montes de cinzas. (Superinteressante, ano 14, n. 2, fev. 2000)

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8 8.1 O GÊNERO INFORMATIVO: perfil 8.2 APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – uso dos demais sinais de pontuação Ø O GÊNERO INFORMATIVO: Perfil

“O perfil busca traçar as opiniões da personalidade em pauta, sua inserção cultural ou política na sociedade e os fatos mais relevantes de sua vida, além dos detalhes de seu cotidiano” (Manual da Folha de S.Paulo)

O perfil é uma reportagem que mistura dados biográficos, declarações e comentários sobre o personagem em foco. É um subgênero do jornalismo literário (escola europeia), por isso não se utiliza de técnicas como o lead e a pirâmide invertida. Trata-se de uma notícia apresentada em dimensões que vão além de seu caráter factual e imediato, em estilo mais criativo e menos formal, com enfoque na pessoa – uma celebridade ou um tipo popular.

O perfil conta passagens relevantes da vida e carreira do entrevistado, colhe suas opiniões sobre assuntos importantes, pode ouvir o que dizem dele os amigos e os inimigos.

A observação neste tipo de texto é fundamental, pois são os detalhes que humanizam a personagem. A descrição do tom de voz, das características físicas do perfilado, de seus tiques, do ambiente em que ele está iluminam o texto.

É da autoria de Juliana Monteiro, aluna do sexto semestre de Jornalismo do UniFIAMFAAM, de São Paulo, este perfil:

O colecionador de mitos Para manter a fama de mau, João Gordo diz “não ser legal”, mas passa uma tarde

inteira falando sobre gibis, vinis e zumbis com a reportagem O quase meio século vivido por João Gordo não o livra do ar de menino bonachão

viciado em guloseimas, quadrinhos e rock n’roll. Ele dobra a esquina da rua Harmonia, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, numa tarde de sol oblíquo, andando de mansinho e estudando como se aproximar da reportagem sem deixar transparecer que sua notoriedade irascível37 é apenas lenda.

De bermuda, boné, óculos escuros, anel de pentagrama e camiseta preta com estampa ardilosa de Baphomet, João Francisco Benedan, pai e marido dedicado, senta-se à mesa mais iluminada do café. Ao pedir um refrigerante dietético, ele dispara: “Parei de fumar maconha no meu aniversário porque não queria completar bodas com ela”.

À frente do Ratos de Porão há três décadas, o vocalista e apresentador decidiu ser músico ao se apaixonar por um vinil dos Ramones à primeira vista. Nerd convicto, João era um menino tímido que trocava jogar bola na rua por ler enciclopédias de biologia, mas a catarse38 do rock arrebatou João das garras do ostracismo39 e o projetou como um colecionador nato.

“Eu pegava dinheiro escondido da minha mãe para comprar vinis importados. Hoje tenho mais de 10 mil deles em casa e gosto mais de discos que de sexo”, Gordo adianta. Tão fã de música quanto de críticas latentes, o Rato de Porão se apresentou pela primeira vez com a respectiva banda em meados de 1980 no campus da PUC e não imaginava que, dez anos depois, dividiria o palco do Hollywood Rock com o Nirvana, atração mais esperada do festival.

37 Irascível: Que demonstra irritação ou que se irrita facilmente (motorista irascível); iracundo. 38 Catarse: Psi. Sentimento de alívio ao se trazerem à consciência sentimentos, traumas etc. que estavam reprimidos. 2 Liberação desses sentimentos através de encenação etc. 39 Ostracismo: Afastamento do convívio social ou da participação em determinada atividade; proscrição.

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A partir daí, João e sua gangue passaram a excursionar pela Europa e, entre albergues pulguentos e overdoses em backstages, o vocalista foi conclamado pela MTV a se tornar apresentador. Começou como brincadeira no game interativo “Garganta e Torcicolo” e, com o passar do tempo, JG, que já colecionava enciclopédias, vinis e shows, passou a incluir confusões constantes em seu repertório.

De Padre Marcelo a Dado Dolabella, Gordo não poupou munição diante de convidados que, de certa forma, ofendessem sua inteligência. Entre brigas, discussões e trocas de farpas, inaugurou o século XXI com fama de beligerante40 e internações diversas para se livrar dos vícios e do sobrepeso. Humanizado pelo medo de morrer, João voltou às boas com a vida e se casou com ViviTorrico, jornalista argentina que se apaixonou perdidamente pelo rebelde com causa desde a primeira vez em que o entrevistou.

Victoria e Pietro, frutos do enlace amoroso, tanto aplacaram41 a fúria do coração inquieto de JG quanto fizeram do Rato de Porão um hamster dócil e com hábitos saudáveis. A coleção de drogas, baladas e excessos foram substituídas por corridas na esteira, passeios com o bulldog francês da família e um contrato com outra emissora de TV.

“A MTV começou a me sacanear diminuindo o tempo dos meus programas e eu fui para a Record por pirraça”, Gordo comenta com ar de menino travesso que se vangloria por suas peripécias. Ao lado de Marcos Mion, João apresenta o “Legendários” e, recentemente, foi convocado para também fazer parte da banca de jurados da atração “Ídolos”.

A despeito da extensa coleção de desafetos42 semeados e riscos vividos, João Francisco Benedan é, na verdade, um difusor de mitos. “Eu não sou legal”, ele ironiza ao comentar que só concedeu a entrevista porque a reportagem tem “sorte de principiante”. A máxima, no entanto, cai por terra quando JG saca seu smartphone, pede para fotografar a repórter e a zumbifica para brincar num aplicativo do aparelho.

Observe que o perfil começa descrevendo hobbies de João Gordo, em seguida o insere na paisagem e, para dizer que é final de tarde, usa a expressão sol oblíquo, que pressupõe um leitor que tem intimidade com a linguagem conotativa.

A descrição, aliada a uma narrativa que selecionou os momentos mais significativos de JG e à escolha certeira das declarações, torna o texto vivo. Tudo muito bem embalado no uso da linguagem figurada – arrebatar das garras do ostracismo, overdoses de backstages, aplacar a fúria, o Rato de Porão é um hamster dócil, por exemplo. Para deliciar-se com perfis: Ø Revista piauí (com minúscula mesmo). Ø Revista Rolling Stone Brasil Ø Revista Caros Amigos

Ø APOIO FUNCIONAL: PONTUAÇÃO – Os demais sinais de pontuação √ PONTO E VÍRGULA usa-se para:

• separar considerandos de um decreto, sentença, lei, etc.: Nosso projeto pretende:

a) tirar o menor carente das ruas; b) instalá-lo em casas comunitárias assistidas por profissionais especializados; c) levá-lo de volta à escola;

40 Beligerante: Que está em guerra ou que promove guerra (exército beligerante; países beligerantes); belicoso. 41 Aplacar: Fazer diminuir a força, o ímpeto de; tornar mais brando, plácido; acalmar; serenar. 42 Desafeto: Bras. Adversário, inimigo.

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d) profissionalizá-lo.

• separar orações que mantêm simetria ou oposição entre si: Algumas pessoas preocupam-se em construir; outras só minam a iniciativa alheia.

• separar orações coordenadas já marcadas por vírgula: Os populares, enfurecidos, exigiam providências; os policiais, porém, conseguiram acalmar os ânimos.

√ DOIS-PONTOS usam-se para:

• anunciar ou introduzir citação: Disse Napoleão no Egito: “Do alto destas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam”. • introduzir enumeração: Esqueceu-se de comprar muitas coisas: cigarro, cerveja, leite, pão e manteiga. • introduzir esclarecimentos. Após dez anos, mulher não desiste: acha que marido está vivo.

√ PARÊNTESES usam-se para:

• intercalar num texto qualquer palavra, expressão ou oração acessória, representada em geral por uma explicação, uma reflexão, um comentário, uma observação: Finalizando, quero dizer-lhe que todos estão bem (se é que se pode estar bem numa época como esta) e mandam lembranças. • transcrever siglas de nome de órgão ou entidade: Eles eram alunos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). • indicar referências bibliográficas (sobretudo em resenhas): O Diário de uma garota (Record, Maria Julieta Drummond de Andrade) é um texto que comove de tão bonito. • indicar datas: (1818-1853).

Obs.: Se o segundo parêntese coincidir com uma vírgula, usam-se os dois sinais: Depois de toda a euforia do início do século XX (aliás típica de momentos históricos em que há muito progresso científico), o mundo viu-se às voltas com a Primeira Guerra Mundial.

√ TRAVESSÃO usa-se para:

• intercalar uma expressão explicativa ou complementar no período, equivalendo, conforme o caso, a vírgulas ou parênteses: O governador de Goiás – o Estado mais afetado pela medida – recusou-se a dar entrevista. • substituir os dois-pontos: Eram assim seus dias – muito trabalho, pouco descanso.

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• introduzir uma pausa mais forte no período ou destacar a parte final de um enunciado: Estava estudando a vida de Átila – ele mesmo, o rei dos hunos.

Obs.: Se o segundo travessão coincidir com uma vírgula, usam-se os dois sinais: Após ter quitado 24 prestações, de um total de 50 – a última foi de R$300,00 –, o consumidor tentou transferir o contrato.

√ ASPAS usam-se, principalmente, para indicar reprodução literal de um período, oração,

palavra, etc. Atenção para o uso do ponto e das aspas nas declarações: • Quando há duas vozes no texto(a do jornalista e a do entrevistado), o ponto vem

depois das aspas. Ex.: Segundo o líder revolucionário, “o terrorismo é a única forma de defender as culturas locais”. O senador garantiu: “Faremos tudo para fortalecer o poder do nosso presidente”.

• Quando há uma só voz no texto (i. é, só a do entrevistado), o ponto vem dentro das aspas. Ex.: O líder revolucionário afirmou que uma das formas de conter o avanço das superpotências é o terrorismo. “Só assim estaremos defendendo nossa cultura.” “Faremos tudo para fortalecer o poder do nosso presidente.” Com essas palavras, o senador serenou os ânimos.

ASPAS EM DECLARAÇÕES TEXTO I: “O verbo dicendi é tão importante que, ao trocá-lo, você pode virar uma declaração pelo avesso. Por exemplo: “Sou inocente”, disse. “Sou inocente”, esclareceu. “Sou inocente”, insistiu. “Sou inocente”, alegou. “Sou inocente”, mentiu. Neutro, simples e direto, o verbo dizer costuma ser o melhor na maioria dos casos. Seu emprego constante, entretanto, deixa certos textos frios e monótonos. Para fugir da mesmice, socorra-se na riqueza vocabular da língua portuguesa. Mas consulte o dicionário quando tiver dúvidas sobre o sentido preciso do termo. Escolhido o verbo, veja se ficou claro quem disse o quê. Esse cuidado elementar é muitas vezes negligenciado. Numa declaração mais longa, facilite a vida do leitor. Identifique o autor antes de abrir aspas ou logo depois da primeira frase — não ao final da última. Escreveu o jornalista Lago Burnett: “Bom jornalista é aquele que, além da informação, possui condições de transmitir essa informação em linguagem acessível ao mercado comprador. Para isso, ele deve ter tido no passado e precisa manter no presente um contato íntimo com os bons autores”. ou

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“Bom jornalista é aquele que, além da informação, possui condições de transmitir essa informação em linguagem acessível ao mercado comprador”, escreveu o jornalista Lago Burnett. “Para isso, ele deve ter tido no passado e precisa manter no presente um contato íntimo com os chamados bons autores.” Nas declarações com duas ou três frases, dispense o segundo verbo dicendi. O último é quase sempre redundante. (Manual de estilo Editora Abril, p. 32 e 33) TEXTO II:

Ao reproduzir uma declaração textual, o jornalista não deve alterar a literalidade do que foi dito, a não ser para eliminar repetições ou palavras próprias da linguagem oral, desde que jornalisticamente irrelevantes, ou para ordenar ideias com o objetivo de facilitar a leitura. Em textos noticiosos, o objetivo de reproduzir declarações é garantir o acesso do leitor ao discurso concreto de quem declarou. Devem ser reproduzidas apenas as frases mais importantes, expressivas e espontâneas do personagem da notícia. Não devem ser reproduzidas ideias que possam ser melhor expostas através do discurso indireto do jornalista*. As declarações textuais devem ser valorizadas pela sua raridade. Quanto menos forem usadas, mais valor terão perante o leitor. Sua importância é medida pelo inusitado que determinada opinião possa ter na boca de uma personalidade ou pelo impacto que possa causar junto ao público. Recomenda-se não abrir textos com declarações textuais. Deve-se evitar reproduzir declarações textuais com mais de três linhas. (...) Quando houver necessidade de chamar a atenção do leitor para algo errado ou estranho no texto original, admite-se o uso da palavra latina sic43 entre parênteses.

(Manual Geral da Redação – Folha de S.Paulo) TEXTO III: Em princípio, os verbos mais recomendáveis para textos que envolvam declarações são os insubstituíveis dizer, afirmar, declarar, garantir, prometer e poucos mais. No seu lugar, podem ser usados outros, desde que com muito critério, entre os quais acreditar, achar, julgar, admitir, esclarecer, explicar, concluir, prosseguir, etc.* (Manual de redação e estilo – OESP) Obs.: Veja relação dos possíveis substitutos no verbete dizer desse manual. Exercícios I) Nas frases seguintes, use todos os sinais de pontuação que forem exigidos: 1) Alguns animais são independentes e solitários outros são gregários 2) Consideram-se sujeitos à taxação a) produtos cosméticos e produtos de toucador b) bebidas fermentadas ou destiladas c) joias e casacos de pele d) artigos eletroeletrônicos 3) Cláudio é ótimo filho Paulo ao contrário desafia a autoridade dos pais. 4) Art. 187 – O processo será iniciado por

I - auto de infração II - petição do contribuinte interessado III - notificação ou representação verbal ou escrita

5) Após reunião com o presidente o ministro do Educação prometeu Os salários dos professores ganharão da inflação 43 Sic: palavra latina que significa assim, desta maneira. Palavra que se pospõe a uma citação, ou que nesta se intercala, entre parênteses ou entre colchetes, para indicar que o texto original é bem assim, por errado ou estranho que pareça.

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6) O sequestrador fez duas ameaças matar a refém e suicidar-se em seguida 7) Todos achavam que o presidente deveria ser criticado e duramente por seus desmandos 8) As exportações do chamado complexo soja grão óleo e farelo cresceram 20% em dois anos 9) Solteiro foi um menino turbulento casado era um moço alegre viúvo tornara-se macambúzio A. de Azevedo 10) Descobri nele qualidades de um verdadeiro amigo sinceridade e desprendimento 11) Fique tranquilo a meu respeito sei guardar segredos 12) Em Moçoró RN as empresas não pagam impostos 13) À hora do almoço notou que reinava entre as doze pessoas sentadas à sua mesa filhos sobrinhos cunhados um curioso silêncio 14) Harmonia e coesão a vida do texto escrito não podem estar ausentes da preocupação de nenhum escritor 15) Quando Machado diz Capitu tinha os olhos de ressaca descreve com pouquíssimas palavras o interior e o exterior da personagem II) Pontue o seguinte texto: Durante a última década a culinária japonesa consagrada como a comida predileta da geração yuppie44 dominou o cenário da gastronomia oriental Hoje de carona no revival dos anos 70 e dos ícones da geração do incenso e da boca de sino45 a cozinha indiana pode acabar com a ditadura do sushi Em São Paulo onde o restaurante indiano Govinda reinou sozinho durante doze anos três casas da mesma especialidade abriram suas portas nos últimos quatro meses

44 Yuppie é uma derivação da sigla "YUP", expressão inglesa que significa Young Urban Professional, ou seja, Jovem Profissional Urbano. A palavra é usada para referir-se a jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe média e a classe alta. Os yuppies em geral possuem formação universitária, trabalham em suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda. 45 Boca de sino: expressão usada em calça boca de sino: em forma de boca de sino, ou com boca larga, muito usada na década de 1970, apogeu do movimento hippie de contracultura, surgido nos anos 1960..

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9 9.1 O GÊNERO INFORMATIVO: entrevista 9.2 APOIO FUNCIONAL: COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Ø O GÊNERO INFORMATIVO: Entrevista

Reza a lenda que o jornalista tem um oceano de conhecimentos, mas com a profundidade de cinco centímetros. Sua maior riqueza são suas fontes e sua capacidade de interagir com elas. Assim a entrevista é o material básico de todo jornalista. Ela está na base da maior parte das notícias e reportagens seja de forma direta (entrevista pingue-pongue), seja indireta (aproveitamento da entrevista para compor notícias e reportagens, sob a forma de discurso direto (aspas), ou no discurso indireto).

Essencialmente oral, a entrevista requer uma postura adequada do jornalista, que deve dar a maior atenção à linguagem. Dependendo do veículo e do entrevistado, na maioria das entrevistas, uso de gírias, de chavões e de uma linguagem informal não é aconselhável. É de suma importância que o jornalista vá para a entrevista sabendo tudo sobre o entrevistado não só para evitar algumas falhas indesejáveis, mas também para conseguir informações inéditas.

Estruturalmente, a entrevista compõe-se dos seguintes elementos: Ø título: que deverá despertar interesse; Ø apresentação (cabeça ou abre) – momento em que se apresenta o perfil do entrevistado; Ø a entrevista. A entrevista de opinião ou conceitual veicula a opinião de experts sobre determinado

assunto. É o caso das páginas amarelas da revista Veja, em que a edição é tal que se apagam os traços de oralidade e de contexto situacional. Prevalece nesse tipo de entrevista a função referencial, pois seu objetivo é a informação.

Na entrevista de perfil, o assunto é o entrevistado. Seu objetivo é fazer o leitor ter a impressão de que já conhece a personagem. Assim, tão importante quanto o que a pessoa diz é como, onde e por que diz. Normalmente, são entrevistas que preservam as marcas de oralidade (reproduzem as frases como foram faladas, com marcadores conversacionais – aí, né?, entende? –, gírias, coloquialismos) e recuperam dados do contexto situacional (indicação entre parênteses: risos, ironizando, imitando criança, etc.). A revista Caros Amigos, de julho de 2000, assim iniciava a entrevista com Paulo César Pereio (o grifo é nosso). Selecionamos apenas a primeira resposta de Pereio, após a cabeça ou abre da entrevista, para exemplificar as marcas de oralidade e a recuperação do contexto: Paulo César Pereio é pra ser assistido, por isso o leitor tem de ir usando a imaginação enquanto ele vai falando. A entonação, os gestos, a grandiloquência são indescritíveis, seria preciso abrir parênteses em cada linha para tentar transmitir o que ocorreu a cada lance da entrevista. Que, mesmo sem as imagens e o som, acaba sendo um espetáculo. Pereio: Não tinha nome, era o Bar do Equipe, porque era Teatro de Equipe, aí apelidaram uma época de Buraco do Pereio (risos), mas foi um sucesso filha da mãe, bicho. E tinha também um clube de cinema, que descolei um contrato com a cinemateca do Museu do Rio de Janeiro, e os caras mandavam todo domingo uns filmes que eu queria ver, Orson Welles, Resnais, Chabrol, e consegui um projetor de 35 milímetros no consulado da Alemanha, carregava na mão aquele troço, pra todo domingo fazer uma sessão no Clube de Cinema, que eu vendia cotas de sócio pro Clube de Cinema e pro Teatro de Equipe, que aí entrava uma grana, só que, quando a gente apresentava o espetáculo, ninguém pagava o ingresso, todo mundo era sócio, entendeu? (risos).

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Exemplos 1)

Confira entrevista com o inventor do videogame46 Ele criou o primeiro videogame doméstico da história, o Odyssey 100 (que seu irmão mais velho deve ter jogado na infância) e deu origem a um mercado multibilionário, maior que o

de Hollywood por André Bernardo

O engenheiro alemão Ralph Baer é um sujeito modesto. Criador do primeiro videogame da história, o Odyssey 100, ele insiste em dizer que não passa de “um engenheiro que deu sorte com sua invenção”. Mas, para quem é aficionado em jogos eletrônicos – uma “brincadeira” que movimenta, só nos EUA, mais de US$ 10 bilhões por ano –, Baer é mais do que um inventor sortudo. Aos 87 anos, é uma lenda viva. Sem ele, alguns dos maiores games de todos os tempos talvez nunca tivessem existido. “Sempre imaginei que um aparelho de TV poderia fazer algo mais do que exibir programas e comerciais. Mas, na época, nem desconfiava o que estava prestes a inventar”, afirma Baer.

Apesar de todo o ineditismo da façanha, Ralph Baer lembra que não foi nada fácil vender a ideia. O protótipo – batizado inicialmente de “Brown Box”, devido à semelhança com uma caixa de sapatos – chegou a ser mostrado para grandes empresas, como RCA, Zenith e General Electric, mas nenhuma se interessou. Até os mais próximos torceram o nariz para a engenhoca. “Meus amigos perguntavam como eu conseguiria ganhar dinheiro com aquilo.” Mas Baer não desistiu. Até que a Magnavox – braço da Philips holandesa – se propôs a lançar o produto. Já rebatizado de Magnavox Odyssey – ou, simplesmente, Odyssey 100 –, ele chegou ao mercado em março de 1972.

Para os padrões atuais, o Odyssey 100 é capaz de provocar risos. O videogame não marcava pontos, não reproduzia sons e só exibia imagens em preto e branco. Ganhou inúmeras outras versões até 1977, quando foi lançado o último Odyssey, o 2100, que fez bastante sucesso no Brasil. O senhor ainda joga videogame? Qual é o seu jogo favorito? Baer: Sempre foi e continua sendo pingue-pongue, dá para acreditar? [risos] Apesar do fato de ser feito com gráficos muito primitivos, é um jogo bastante interessante. Mas já joguei muito Pac-Man e Space Invaders também. Dos atuais, prefiro o Wii. Na minha opinião, os jogos de Wii retomaram a ideia original da diversão em família. São jogos que exigem, por parte do jogador, interação física. Mas, confesso, só jogo mesmo quando meus netos vêm me visitar. E o senhor está envolvido em algum novo game? Baer: Ah, sim! O tempo todo. Mas, infelizmente, sobre isso, não posso falar muita coisa... Como avalia sua importância na indústria dos videogames? Baer: Sempre pensei que um aparelho de TV poderia fazer algo mais do que simplesmente exibir programas e comerciais. Tive a ideia de fazer algo interativo em 1951, mas o projeto só avançou mesmo em 1966. O conceito de jogos eletrônicos usando um aparelho de TV era um mundo em constante mudança. Um verdadeiro paradigma. Na época, eu não desconfiava, nem remotamente, o que estava prestes a inventar. Qual é a lembrança mais forte que guarda do primeiro crash do mercado de videogames, em 1984? Baer: Ainda hoje, lembro das pilhas de cartuchos da Atari sendo enterradas em um aterro sanitário.

46 Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI113896-17779,00-CONFIRA+ENTREVISTA+COM+O+INVENTOR+DO+VIDEOGAME.html

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Qual era a reação das pessoas quando o senhor apresentava o protótipo do que viria a ser o primeiro videogame da história? Baer: Reconheço que o projeto era novíssimo. E de difícil entendimento também. Para falar a verdade, eu não conseguia, sequer, convencer os meus amigos. Muitos perguntavam para que serviria aquele pingue-pongue virtual. [risos] Outros não imaginavam como eu conseguiria ganhar dinheiro com aquilo. Em outras palavras, era praticamente impossível imaginar o que estava por vir. Como é a sua relação com Nolan Bushnell, cofundador da Atari e que, dizem, roubou a sua ideia original do jogo Pong? Baer: Tenho tentado, repetidas vezes, me encontrar com Bushnell. Sempre procurei ser o mais cordial e amigável possível com ele. Mas nunca recebi uma resposta. Quando uma determinada relação não é recíproca, não há muito a fazer. É ir embora e procurar se associar com pessoas que não têm esse tipo de problema. O senhor anda às voltas com um livro de memórias. De tudo o que fez, do que mais se orgulha? Baer: Como qualquer pai ou avô, tenho orgulho da minha família. E, é claro, das minhas realizações profissionais também. O videogame é apenas uma delas. Há quem diga que, na época, o Odyssey não alcançou o sucesso esperado? O que o senhor pensa disso? Baer: Mais de 350 mil aparelhos do Odyssey foram produzidos e vendidos até 1974. Para uma máquina que apresentava uma maneira totalmente nova de jogar, se isso não é sucesso, então, sinceramente, não sei o que é sucesso. Recentemente, Call of Duty: Modern Warfare 2 vendeu, em um só dia, 4,3 milhões de cópias. Como o senhor avalia a indústria dos videogames? Baer: O futuro da indústria de videogames é brilhante. Há uma variedade crescente de gêneros, que continuará a atrair um número cada vez maior de admiradores. Mas não se iluda. Como em qualquer outra forma de arte, como livros, filmes e CDs, haverá sempre uma sucessão interminável de videogames muito bons. Mas haverá, também, uma tonelada de lixo. Que conselhos daria para quem quer ingressar no mercado dos videogames? Baer: Conselhos? O mesmo conselho que eu daria para qualquer pessoa em qualquer outro negócio: não espere fazer um milhão rápido. Faça o que você faz de melhor. Você vai ser feliz e, quem sabe, até rico. 2)

Bruna Marquezine abre o jogo Entrevista de Simone Magalhães, disponível em: http://asdigital.tv.br/portal/?p=6611

Aquela menininha que chorava horrores em Mulheres Apaixonadas (2003) virou um mulherão. Embora ainda tenha um quê de menina no jeito doce de falar e nas preocupações de toda adolescente, Bruna Marquezine, aos 17 anos e 1,70m, quer mais é fazer bem a sua Lurdinha, em Salve Jorge, novela das 21h da Globo. Se está namorando Neymar? Se ficou noiva dele? Se é “a mulher que deixou o jogador de quatro”, como o jornal português A Bola publicou há alguns dias? Bruna não fala sobre isso, e não está nem aí para o que dizem ou escrevem. Prefere desconversar… Embora, num instante em que a mãe dela se ausentou da entrevista, ao perguntarmos: “E aí, já conheceu seu futuro enteado?” Ela deixou escapar: “Ele é uma gracinha!” E mais não disse. Em compensação, sobre o trabalho, e planos para a sua carreira, Bruna abriu o jogo… E mostrou que tem muito a dizer… E a fazer.

No bem decorado apartamento dos pais, Neide e Telmo, na Barra da Tijuca, a atriz – sempre com o celular, com capa de urso panda, nas mãos – mostra um pouco de sua personalidade. Aliás, desde a Salete, da trama de Manoel Carlos, ela já sabia o que queria.

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No casarão onde a família morava, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Bruna, do alto dos seus oito anos, fez questão de escolher as combinações das roupas que usaria nas fotos, em uma reportagem que fiz na época por conta da repercussão de sua estreia na TV. E disse até onde eu deveria me sentar para conversar com ela, e apreciar melhor os brinquedos, no quarto cor-de-rosa. Bruna é assim: linda, simpática e sabe o que quer.

Interpretar uma periguete como a Lurdinha, depois da Suelen (Isis Valverde) de Avenida Brasil, deve ser difícil… São personagens diferentes, atrizes diferentes. A Lurdinha tem várias leituras, pela realidade que ela vive, os sonhos que tem… Na verdade, ela gosta mesmo é de curtir a vida. Pode ser considerada uma periguete por expor o corpo daquele jeito, sair com um cara diferente amanhã, e querer uma vida melhor. Mas ela quer dar o golpe do baú no Caíque (Duda Nagle)? Não. É um namoro despretensioso. Ela quer é curtir. Não vê como ela circula pela casa dele, abre a geladeira e fala com o Thompson (Odilon Wagner), que é um lord? (risos). Ela é muito espontânea. No início da novela, Lurdinha queria ser a preferida do traficante, o “dono do morro”… Muitas meninas de comunidade acham isso interessante pelo poder que esses caras têm no local, pela ‘segurança’ que podem dar. Na cabeça delas é uma coisa de status, de ser mais valorizada onde moram. Estava conversando com o Renê (Silva), do Voz da Comunidade [twitter que aborda o cotidiano do Complexo do Alemão], e ele comentou que era assim mesmo. Existem Lurdinhas como a minha personagem, que gosta de ser admirada, de quem dê uma moral – que é bom para o ego. Mas ela é despretensiosa, bem resolvida, quase sem filtro (risos). E o figurino dela, mínimo, e o fato de a personagem aparecer sempre de biquíni. Você se sente à vontade? No princípio me assustou muito. Sempre fiz meninas mais recatadas, e a Lurdinha veio mudar isso tudo. Com o biquíni tomei um sustinho (risos). Mas você tem que se acostumar: é a cara da personagem. O figurino acaba ajudando muito. Na hora em que o coloco e me vejo toda piri [corruptela47 de piriguete], aí a Lurdinha surge. Mas esse visual vai enlouquecer o padrasto dela, o Pescoço (Nando Cunha), não é? Ele não vale nada! Fica azarando todo mundo, explorando a Delzuíte (Solange Badin). Mas, ela é apaixonada, totalmente cega. Você acha que toda pessoa muito apaixonada fica cega aos defeitos do outro? Na maioria das vezes. Tem coisas que você pode tentar mudar para melhorar. Se amam mesmo, os dois têm que se adequar para dar certo. Acho que se você se apaixonou vai ter que ceder em alguma coisa, mas não dá para exigir demais. Enquanto não prejudicar o outro, fizer chorar e sofrer, está ótimo. Você já se apaixonou? Já. Está namorando o Neymar? Gente… Ele é meu amigo! Sabe que ele já disse a amigos que adora você, e que é uma moça pra casar… Ah, as pessoas comentam tantas coisas, adoram ficar falando. Neide chega à varanda, onde estamos, e complementa a fala da filha Ela admira o Neymar profissionalmente. E acho que é muito cedo pra ela pensar em namorar sério, noivar, casar… Tem a profissão, os estudos na frente de tudo. Você se oporia se eles namorassem, Neide?

47 Corruptela: pronúncia ou escrita de palavra, expressão etc. distanciada de uma linguagem com maior prestígio social.

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Eu gosto dele, é um bom menino. Mas não tem nada a ver: é amizade. E as coisas acontecem no seu tempo. As pessoas têm que estar no mesmo timing, querer a mesma coisa. Estou vendo que você adora anéis, tem preocupação com a moda, maquiagem… Ama um shopping, não? (risos) Sou um pouco consumista, sim. Compro mais roupas e sapatos. Mas escolho o que me faz sentir bem. Como já uso muita maquiagem durante o dia, no trabalho, quando chego em casa faço questão tirar tudo, manter a pele limpa. As pessoas gostam de se comparar, principalmente com as meninas das capas de revista. Mas elas têm que entender que, em muitos casos, a beleza sai com água e sabão. Você tem que ser o que é. O que acha da ditadura da beleza, especialmente para quem trabalha em televisão? Minha profissão exige que eu esteja sempre bem. Acho importante estar bem não só esteticamente, mas saudável e disposta. E se precisar ficar imensa de gorda ou careca para uma personagem? Gorda?? (risos) Eu ia penar, chorar, mas comendo minha barra de chocolate, e o que fosse necessário. Ficar careca? Depende do papel. Se fosse como o da Carolina Dieckmann, em Laços de Família (2000)? Aí, claro! Nossa, todo mundo comenta até hoje, foi superemocionante e prestou um serviço muito grande [aumento do número de doações de medulas ósseas para transplante]. Você começou sua carreira muito cedo. Pediu aos seus pais para fazer TV ou foram eles que acharam que você levava jeito? Costumo dizer, como ouvi uma vez de um diretor, que a profissão me escolheu. Eu tinha 5 anos e fui assistir ao programa Gente Inocente, apresentado pelo Márcio Garcia, na Globo, e pediram pra voltar. Fiquei de stand by para um comercial sobre a PM de São Paulo, e o menino que ia fazê-lo não apareceu. Achei ótimo, fiz sozinha. (risos) O comercial ganhou prêmio em Cannes. Fiz o curso de interpretação da Cininha de Paula, que também me deu uma força. Deixei o vídeo do comercial com o Ricardo Waddington (diretor) e ele me chamou para Mulheres Apaixonadas. Tudo foi acontecendo. E você já sabia que a Salete teria que chorar muito? Eu era acompanhada por uma coach, a Paloma Riani, e pelo Ricardo Waddington. A Vanessa Gerbelli, que interpretava minha mãe na novela, teve uma cena emocionante, e eu chorei também. Aprendi a trazer toda a vivência da personagem e chorar por causa dela, não por uma memória emotiva. Entendi que ‘puxar’ uma coisa da sua vida para usar nesses momentos não faz bem. Aí, começaram a vir as cenas da Salete chorando. Nunca usou cristal japonês [artifício para provocar o choro, utilizado por vários atores]? Você já experimentou usar aquilo? Já, embaixo de uma das vistas, e me deu um desconforto tão grande, foi horrível. Pois é. Uma vez experimentei e tive essa mesma sensação. Nunca mais! Em América (2005), também da Glória Perez, você fez a Flor, que vivia as dificuldades de uma deficiente visual. Acredita na função social do ator? Foi uma personagem maravilhosa. Fiz laboratório. Fui ao Instituto Benjamin Constant, no Rio, especializado em deficientes visuais, e notei que eles não querem se sentir vítimas, que são pessoas fortes, batalhadoras. E quantas coisas precisam ser feitas para o dia a dia deles! Sem dúvida que temos uma função social. Venho percebendo ao longo da carreira que várias pessoas se identificam conosco. E que, se puder levantar a bandeira por uma causa como essa, a gente deve. Se, além do entretenimento, a novela puder servir de alerta, de apoio àqueles que precisam, será ótimo. Salve Jorge aborda o tráfico de pessoas. Você, que está no núcleo do Complexo do Alemão, percebe esse interesse das meninas em melhorar de vida, aceitando propostas que nem pesquisam? Percebo que há muita falta de informação. A empregada de uma amiga minha, perguntou: ‘Mas elas não foram pra lá pra trabalhar?’, quando viu as garotas naquele quarto e entendeu

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que era para prostituição. O problema é que é tudo muito organizado, parece uma proposta verdadeira. E as meninas veem como oportunidade. Tem também a ilusão de ganhar um bom dinheiro, em pouco tempo, para melhorar a vida dela e a da família. É sem dúvida um alerta. E acredito que muitas vão passar a prestar mais atenção no que é oferecido a elas. Você está com um corpaço. Decidiu perder peso e malhar mais para fazer a Lurdinha, não foi? Eu perdi 3 quilos, estou com 58. Mas com apoio de uma nutricionista, porque uma vez resolvi fazer uma dieta à base de sopa e frango, cortando totalmente os carboidratos, e fiquei doente. Agora você tem uma alimentação balanceada? Isso. Fiz uma detox [desintoxicação alimentar], tirando lactose, glúten e produtos industrializados. E tenho um cardápio que faz com que eu me sinta bem. No café da manhã, uma vitamina ou suco de duas frutas, uma fatia de pão de espinafre, e outra de queijo de búfala. No lanche da manhã, uma barra de cereal ou duas tangerinas. No almoço, salada, arroz integral ou grão de bico, peixe ou frango. No lanche da tarde pode ser salada de frutas ou biscoitos de quinoa [sem glúten, nem lactose], e, à noite, uma sopa de frango com espinafre ou macarrão sem glúten. Mas tem um dia que você pode comer o que quiser? Aos domingos. Como pizza de margherita e chocolate. Sou chocólatra! E só tomo mate ou chá gelado. Nossa, que força de vontade. Principalmente para uma adolescente, que já tem um corpo tão bonito. Ah, mas não é ruim, não! O macarrão sem glúten com o molho de tomate – tomate mesmo –, que minha mãe faz é uma delícia. E a malhação? Depois de começar a gravar, ir à academia quatro vezes por semana ficou meio complicado (risos). Tenho feito dois treinos para gasto calórico – tipo boxe e cama elástica – e musculação. E um treino focando pernas e glúteos.

O QUE BRUNA PENSA LAZER – ‘Adoro cinema, qualquer filme, e sair com os amigos do colégio’ [ela está no 3º ano do ensino médio] ASSÉDIO – ‘Tem que se acostumar. É tanto de homens quanto de mulheres. Geralmente pedem pra tirar fotos’ MÚSICA – ‘Ouço muito, de tudo. Meus preferidos são John Mayer, Maroon 5, Adele, Maria Gadú e Ivete Sangalo, entre vários outros’. (risos) DESEJO – ‘Ser mãe lá pelos 25, 28 anos. Quero ter um filho e adotar outro’. LUGAR – ‘Quero ir a Los Angeles. Fui a Nova York e Las Vegas, e adorei.’ SONHO DE CONSUMO- ‘Ter meu carro! (risos). Agora que vou fazer 18 anos…’ (em agosto de 2013!) LIVRO – ‘Feliz à toa, da Martha Medeiros’ MEDO – ‘Perder alguém que amo. E de morrer, também. Acho que todo mundo tem esse medo.’ FAMA – ‘Estou fazendo o que amo, não posso reclamar de nada. A fama é consequência do meu trabalho. Mas ela não me ilude, nem manda na minha vida.’ MMA – ‘Fui assistir à luta do Vitor Belfort, que é nosso vizinho, e gostei. Fico nervosa assistindo, mas acho que é uma forma de torcer pelo meu país. Em geral, assisto com meus amigos do colégio, na maior vibração’. FUTURO – ‘Continuar trabalhando e… fazer isso em Hollywood’ (risos).

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Ø APOIO FUNCIONAL: Colocação Pronominal Pronomes pessoais oblíquos átonos

Singular Plural 1ª pessoa me nos 2ª pessoa te vos 3ª pessoa..................se, lhe, o, a48 se, lhes, os, as

Em relação ao verbo, esses pronomes podem ocupar três posições:

PRÓCLISE←VER↓BO→ÊNCLISE

MESÓCLISE

• antes do verbo = próclise (pronome proclítico) Nada me convence. • no meio de verbo = mesóclise (pronome mesoclítico). Só use se quiser provocar

um efeito de sentido ou em textos científicos e técnicos. Para evitá-la, não comece a frase com um verbo:

Far-lhe-ia a vontade.(Ele lhe faria a vontade./ O marido lhe faria a vontade.) • depois do verbo = ênclise (pronome enclítico) Resta-me contar-lhe a história.

Dicas para colocar os pronomes: ⇒ guie-se pela eufonia (deixe seu ouvido optar pela melhor forma); ⇒ contanto que o pronome não inicie o período, a próclise é sempre aceita no Brasil; ⇒ nas locuções verbais e tempos compostos, deixe o pronome solto entre um verbo e

outro.

48 Se o verbo vem seguido dos pronomes pessoais o, a, os, as, ocorrem as seguintes alterações: • se a forma verbal terminar por r, s, z, essas consoantes caem e os pronomes assumem as formas lo, la, los,

las: vender + o= vendê-lo // quisemos + a= quisemo-la // quis + o= qui-lo (haverá acento somente nas formas terminadas por –a, -e, -o: levá-las, compreendê-lo, repô-la);

• se a forma verbal terminar por m ou ditongo nasal (ão, õe), o verbo mantém-se inalterado e os pronomes assumem as formas no, na, nos, nas: fizeram + o= fizeram-no // põe + a= põe-na // dão + o= dão-no.

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ATENÇÃO: Embora o português coloquial do Brasil apresente uma tendência definitiva para a próclise, ao eleger o padrão culto para escrever o seu texto, não se esqueça de que: • não se inicia período com pronome oblíquo Dê-me o que peço. (Me dá um dinheiro aí, só é bem empregado no registro coloquial,

que procura reproduzir a fala espontânea); • não se deve usar, jamais, o pronome oblíquo depois de particípio (-ado/-ido) ou de

futuros (do presente(enviarei) e do pretérito (enviaria)). Haviam-me convidado. Diga: Eu lhe farei a vontade ou Far-lhe-ei a vontade (forma em

absoluto desuso na linguagem oral); • o pronome oblíquo sempre estará correto depois de infinitivo impessoal O governador vai visitá-lo amanhã. O governador não vai visitá-lo amanhã. • desde que não inicie período, o pronome proclítico é aceito como correto no Brasil

(esta observação vale para a linguagem escrita, porque na oral o brasileiro usa a próclise normalmente)

O presidente lhes apresentou propostas irrecusáveis. (ou –o que é mais aceitável, gramaticalmente falando – O presidente apresentou-lhes propostas irrecusáveis –, uma vez que não existe nenhuma partícula que atraia o pronome.) Substitua a expressão grifada pelo pronome pessoal adequado (o, a, os, as [quando se tratar de objeto direto] ou lhe, lhes [quando se tratar de objeto indireto]): 1) O policial procurou as vítimas naquela mesma noite. 2) Embora a árvore fosse firme e frondosa, a tempestade derrubou a árvore. 3) Dei a Pedro o material de que precisava para terminar o trabalho. 4) O menino chorou muito lá dentro e ninguém foi buscar o menino. 5) Eu não pretendia ferir o pássaro. 6) Depois da leitura, queira pôr o livro na estante. 7) Policiais procuraram as vítimas naquela noite. 8) Os funcionários criticaram os chefes abertamente. 9) Fizeram várias propostas ao velhinho, mas ele recusou-se a vender o terreno. 10) O carteiro não pôde entregar a correspondência ao fazendeiro. 11) Enviou ao ministro o relatório da reunião. 12) Fizeram tudo para que o chefe não criticasse novamente o relatório. 13) Solicitamos à concessionária que consertasse o aparelho. 14) A declaração que fora atribuída ao bispo é improcedente. ÊNCLISE

Gramatical e lusitanamente, este é o lugar correto do pronome sempre que não houver partícula atrativa antes do verbo. É bom repetir que o português coloquial do Brasil é proclítico. No entanto, quando você precisar exprimir-se respeitando o padrão culto, não se esqueça de que: • não se inicia período com pronome oblíquo Fale-me a seu respeito. (e não Me fale a seu respeito.); • com infinitivo impessoal, a ênclise é sempre correta Começou a maldizê-la.

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MESÓCLISE

Embora a mesóclise seja gramaticalmente correta, você não deve usá-la em linguagem jornalística por ser pouco compreensível para a média dos leitores. A mesóclise ocorre somente com os futuros do presente e do pretérito quando não houver partícula atrativa:

Sentar-me-ei aqui se puder./ Sentar-me-ia aqui se pudesse. (com partícula atrativa, há próclise: Não me sentarei aqui. / Nunca me sentaria aqui.)

Obs.: Não coloque o pronome depois dos futuros. Nunca diga ou escreva: Sentarei-me aqui. / Sentaria-me aqui. Prefira não iniciar a frase com um verbo (Eu me sentarei aqui. / A moça se sentaria aqui) ou opte pelo futuro perifrástico (Vou sentar-me aqui. / Iria sentar-me aqui.). PRÓCLISE Sempre que antes do verbo houver uma palavra que tenha força de atração (partícula atrativa), o pronome oblíquo assumirá a posição proclítica. São as seguintes as partículas atrativas: • palavras negativas (não, nada, nunca, ninguém, jamais, nem ...): Nem me fale desse homem. / Nunca nos esquecemos dele. • advérbios (aqui, já, sempre, agora, talvez ...): Sempre me queixei dessa situação. / Talvez nos convençam do contrário. • em geral, pronome atrai pronome:

• pronomes relativos (que, quem, cujo, onde): Onde me espetam, fico. (M. de Assis) / O livro a que me referi está esgotado. • pronomes demonstrativos ( isto, isso, aquilo...): Isto nos enoja./ Aquelas estatísticas nos iludiram. • pronomes indefinidos (tudo, cada, alguém...):

Alguém me disse mentiras insuportáveis. • conjunções subordinativas (quando, que, se, embora, enquanto...):

Quando nos dispusermos a trabalhar, tudo será mais fácil. Espero que nos digam a verdade. / Embora se escondam, serão descobertos mais cedo ou mais tarde.

• orações interrogativas, exclamativas e optativas: Quem lhe fez esta maldade? / Como me enganei! / Deus te crie! • gerúndio regido da preposição EM (jornalisticamente evite este tipo de construção):

Em se tratando de saúde, seja prudente. • infinitivo pessoal precedido de preposição: Não nos reprovaram por nos portarmos assim. LOCUÇÕES VERBAIS E TEMPOS COMPOSTOS • de infinitivo e de gerúndio:

• sem atração: pronome depois do auxiliar ou do principal: Quero lhe falar. ou Quero falar-lhe.

Os mantimentos foram-se acabando. ou Os mantimentos foram acabando-se.

• com atração: pronome antes do auxiliar ou depois do principal: Não lhe quero falar. (construção tipicamente lusitana. Em português do Brasil prefere-se Não quero lhe falar.) ou Não quero falar-lhe.

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• de particípio: (não há ênclise com particípio!) • sem atração: pronome depois do auxiliar:

Haviam me convidado. As crianças tinham se queixado de dor.

• com atração: pronome antes do auxiliar: Não me haviam convidado.

Exercícios I) Coloque o pronome onde julgar conveniente: 1) Nada prometi. (lhe) 2) Quando chamei, fingiu não ouvir. (o, me) 3) Sempre afastamos de pessoas levianas. (nos) 4) Asseguro que ninguém seguirá. (lhe, nos) 5) Quem contou essa história? (lhe) 6) Como iludi com essas propostas! (me) 7) Deus ilumine o caminho! (lhe) 8) Há alguns políticos que enganam sistematicamente. (nos) 9) Todos ouviram calados. (o) 10) Restará apenas o essencial para viver. (me) 11) Sentiria embaraçado. (se) 12) Prestarei contas amanhã. (lhe) 13) Aquilo intrigava. (me) 14) Tudo resolve com o tempo. (se) 15) Perseguia a obsessão de vingarem. (os, se) 16) Havia pessoas que estavam protegendo. (o) 17) Juçara foi desculpando pelo atraso. (se) 18) Aqui há arquitetos que estão especializando em segurança de prédios. (se) 19) Não estamos sentindo bem. (nos) 20) Os manifestantes iam retirando um a um. (se) 21) Não deveria arrepender do que fiz. (me) 22) Pretendia sentar a meu lado. (se) 23) Se tivessem perguntado, teria respondido. (me, lhes) 24) Membros do partido haviam anunciado a derrota. (lhe) 25) Ela teria queixado ao gerente. (se) 26) Todos têm tratado com indiferença. (o) 27) Tem dado muita pouca atenção à saúde. (se) 28) Não tem dado a devida atenção à saúde. (se) II) Corrija as frases que apresentem, segundo o padrão culto, problemas de colocação: 1) Ninguém entregou-me a notificação. 2) Existem pessoas que ferem-nos gratuitamente. 3) Quem de vocês acusar-me-á de corrupto? 4) Trá-lo-ei para que vejam-no. 5) Respondeu a todos, se saindo a contento. 6) Me valha Deus contra tua língua! 7) Imploro-lhe que me deixe em paz. 8) Fi-lo porque qui-lo. 9) Aquilo tocava-me fundo. 10) Não inicia-se frase com pronome oblíquo. 11) Me impuseram pesada multa. 12) Os correligionários tinham feito-lhe uma homenagem. 13) Estou desejando-lhe boa sorte.

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10 10.1 INFOGRAFIA 10.2 APOIO FUNCIONAL: Verbo – Modos, Tempos e Formas Nominais

Ø INFOGRAFIA: a notícia/reportagem verbo-visual

Na leitura de uma página de jornal, por exemplo, estamos treinados para uma rígida sucessão: título, abertura, texto. Mas nela há outros elementos para atrair a atenção do leitor, como as fotos e os recursos de diagramação.

Esse discurso gráfico tem como objetivo orientar a percepção, dar o fio da leitura de forma rápida e agradável: aquece o texto, dá visualidade pronta, antes da leitura, na maioria das vezes facilitando-a.

Dentro desse discurso gráfico, destaca-se a importância da infografia. Ela nasceu das mensagens primitivas que justapunham a um texto um desenho complementar e alusivo ao corpo da informação que se comunicava.

Assim, a infografia tem dois poderosos instrumentos informativos: um é o gráfico – a imagem, que, por ser analógica, é de apreensão imediata –; e o outro, o linguístico, um texto que ilustra com poucas palavras, em um parágrafo, a imagem. A infografia é, então, a apresentação impressa do binômio imagem+texto (“tuitado”), usada sempre que haja necessidade de explicar com maior simplicidade algum aspecto informativo tratado na notícia o qual exigiria um texto mais longo e complexo.

Observe os infográficos a seguir.

Urubici, na Serra catarinense, registra 30 minutos de chuva de granizo Chuva ocorreu por volta das 17h desta segunda (10) e durou 30 minutos. Segundo o Corpo de

Bombeiros, duas casas foram destelhadas Do G1 SC

A cidade de Urubici, na Serra catarinense, registrou chuva de granizo no fim da tarde desta segunda-feira (10). De acordo com o Corpo de Bombeiros, as pedras de gelo começaram a cair por volta das 17h e o fenômeno durou cerca de 30 minutos.

Ainda conforme os bombeiros, o granizo caiu em toda a cidade, mas só foram registradas ocorrências no Bairro Brasília, onde duas casas foram destelhadas. O granizo cobriu as ruas da cidade e uma camada de cerca de 10 centímetros de gelo acumulou-se nos quintais e ruas. Alan Roberto de Souza é morador de Urubici e registrou o gelo no Bairro Baiano, próximo ao hospital da cidade.

De acordo com a técnica em meteorologia do Grupo RBS, Bianca Souza, Criciúma, no Sul, também teve chuva de granizo nesta segunda-feira (10). Já Ituporanga registrou chuva forte e teve algumas ruas do centro da cidade alagadas. Em Laguna, no Sul, ruas também foram alagadas devido à chuva. Segundo ela, são pancadas de verão, fortes, passageiras e isoladas e isoladamente pode-se registrar chuva de granizo em outras cidades.

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Design gráfico Mais do que mil palavras

Atraente e com bastante conteúdo, o infográfico recebe cada vez mais atenção das publicações brasileiras

Danylo Martins

Como funciona um eletroeletrônico, quais as atividades do organismo de um tubarão. Esses e outros temas complexos ganham vida por meio do infográfico. Em reportagens de fôlego, o recurso visual facilita a leitura com esquemas simplificados, animações, gráficos e tabelas. Utilizado cada vez mais em jornais e revistas, une informação jornalística com elementos artísticos – em uma relação nem sempre harmoniosa. A discussão colocada é se um infográfico pode ser criado somente com base na informação apurada ou envolvido pelo imaginário do criador.

Para Luiz Iria, diretor de núcleo de infografia da Editora Abril, o jornalístico e o artístico devem sempre caminhar juntos. "Uma ótima apuração traz credibilidade e uma arte bem-realizada conquista a atenção do leitor", afirma. "Eu defendo a integração de ambos, pois na infografia texto e arte têm como função trabalhar juntos para simplificar informações. A infografia colabora para que as legendas sejam mais explicativas, pois as imagens complementam a informação que o texto traz."

O diretor de infografia e multimídia da Editora Globo, Alberto Cairo, tem uma opinião mais contundente e acredita na funcionalidade do infográfico para que ele desperte a atenção do leitor, sem confundi-lo com muitas informações. "Sou muito partidário da infografia funcional. A infografia não é arte", sintetiza. "As direções que tomamos na hora de montar um infográfico devem ser pensadas. Se você quer fazer um infográfico de comparação, faça algo com uma única magnitude, um gráfico de barras, por exemplo. Há outras regras também, como não usar muitas cores", defende.

Para Cairo, é fundamental compreender antes a pauta que está sendo desenvolvida para depois partir para a criação. "A intuição não substitui a pesquisa para produzir um infográfico. Eu não confio muito nas minhas intuições. É melhor sempre estudar para ter o melhor infográfico. A infografia é um pouco a engenharia da comunicação", define.

Ciência acessível Independentemente de ser mais próximo do jornalístico ou do artístico, o infográfico

certamente ganhou maior importância nos veículos brasileiros nos últimos anos. A produção nacional está cada vez melhor, influenciada por periódicos internacionais, como os jornais El Mundo e El País, da Espanha, e o The New York Times, dos Estados Unidos, que, segundo Iria, da Abril, é um dos títulos mais respeitáveis do mundo em infografia.

Contando histórias que nem sempre conseguem ser traduzidas unicamente por meio de texto, o recurso é bem-sucedido no mercado editorial brasileiro. Não por acaso, revistas com foco em ciências e conhecimentos gerais são as publicações que mais usam a ferramenta. Por meio dessas ilustrações, seus temas complexos ganham forma e, graças a elas, tornam-se mais palatáveis. A Galileu (Ed. Globo) e a Superinteressante (Ed. Abril) são bons exemplos nesse sentido.

Para Ricardo Martins, diretor de arte da Galileu, a infografia precisa detalhar visualmente algo e na revista isso é fundamental. "O recurso possibilita explicar temas muito complexos para entender somente por meio do texto", destaca. "Imagine explicar o funcionamento de uma enzima no cérebro humano apenas citando os passos. Seria muito difícil para um leigo imaginar esse processo, mas com uma imagem, mesmo que ilustrativa dessa reação, conseguimos criar uma definição mais próxima da realidade em nossa mente."

A revista conta com uma seção chamada Numeralha, que em toda edição publica um infográfico para destrinchar algum tema geralmente associado a valores. "Na seção,

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tentamos manter uma linguagem mais padronizada ao longo dos meses, trabalhando somente com vetores e uma paleta de cor mais definida", descreve Martins. Explorando bastante o visual, a publicação costuma ter diferentes maneiras de abordar algum assunto. "No restante da revista, os infográficos variam de acordo com a matéria em que estão vinculados e utilizam diversos recursos, como 3D, Photoshop etc."

Na Superinteressante, os infográficos são recorrentes – pelo menos quatro artes desse tipo por edição. Há, ainda, seções exclusivas para utilização do recurso. "A infografia traz clareza, objetividade e grande poder de memorização. É clichê, mas uma imagem fica gravada de forma muito mais forte no cérebro do que mil palavras", declara a editora de arte da revista, Renata Steffen. Para ela, o infográfico funciona de maneira bem-sucedida, assim como uma boa reportagem quando alcança seu objetivo ao contar uma história que seja interessante para os leitores.

No caso da Super, o infográfico é usado para explicar assuntos dos mais variados. "A revista fala praticamente de todos os temas. Já tivemos infos falando desde o conflito no Oriente Médio, passando por 'O metrô do Rock', ciência, cerveja, mudança de sexo, casamentos, enfim, qualquer pauta que seja curiosa e boa para ser visualmente trabalhada pode ser um infográfico na Super", explica a editora de arte.

O diretor de redação da revista, Sérgio Gwercman, vê com bons olhos o uso de infográficos em reportagens. "É uma ferramenta jornalística como outra qualquer, feita para contar histórias. Não dá para separar do texto. Em um infográfico, também há muita apuração", opina. "Ele tem os usos clássicos, como mostrar ações no tempo, contextualizar números e dados, por exemplo, como é uma boca por dentro. Aí, a infografia faz todo sentido, mais do que qualquer texto ou ilustração". [...]

(Íntegra do texto em http://portaldacomunicacao.uol.com.br/graficas-

livros/52/artigo255511-1.asp) Veja dois exemplos de infográficos: Direto ao ponto e Roteiro do bife pinel, ambos da revista Superinteressante e que acompanham, respectivamente, as notícias Remédio em spray revigora os pulmões e Tá louca, mimosa?49.

49 Como se trata de dois infográficos anteriores à implantação do Acordo Ortográfico, foi mantida a ortografia da época.

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Exercício: Crie infográficos para as seguintes notícias:

A Maconha é muito mais cancerígena do que o cigarro, aponta estudo Há uma epidemia de câncer de pulmão associada a maconha, dizem pesquisadores.

Fumar um "baseado" de maconha, em termos de risco de câncer pulmonar, equivale a fumar um maço inteiro de cigarros, afirmaram cientistas neozelandeses.

Estudos anteriores já haviam correlacionado o câncer à maconha, mas este é o primeiro que estabelece evidências fortes e numera a incidência do mal nos usuários.

No artigo publicado na revista científica European Respiratory Journal, desenvolvido no Instituto de Pesquisa Médica da Nova Zelândia, os pesquisadores alertam que a maconha contém o dobro de substâncias cancerígenas (hidrocarbonetos e poliaromáticos), portanto lesam mais as vias aéreas.

O risco aumenta ainda mais por causa da maneira como a droga é consumida, já que os cigarros de maconha são fumados sem filtro. O fumante do entorpecente traga mais lenta e profundamente e segura a fumaça por mais tempo, isso colabora com o depósito de substâncias perigosas no sistema respiratório.

"Os fumantes de maconha terminam com cinco vezes mais monóxido de carbono na corrente sanguínea do que os tabagistas", disse o pesquisador coordenador do estudo, Richard Beasley, à agência Reuters. Informações para o infográfico 1) Embora do ponto de vista científico não esteja claro que a maconha possa provocar dependência química, não existe consenso popular da existência ou não dessa dependência. Muitos defendem tratar-se de uma droga que não vicia e que a dependência é meramente psicológica. Outros asseguram que vicia sim e, por isso, deve ser mantida na ilegalidade. Há os que acreditam não ter cabimento prender um adolescente por estar portando um cigarro de maconha o que no Brasil, assim como em muitos outros países, é considerado crime. Desse modo, certas correntes advogam que a maconha deve ser descriminalizada, mas não legalizada, enquanto outras defendem sua legalização, baseando-se no fato de que drogas como o álcool e a nicotina são utilizadas e vendidas com total liberdade, apesar de ninguém ignorar que causam mal à saúde. É importante, então, esclarecer como a maconha age no organismo. Assim que a fumaça é aspirada, cai nos pulmões que a absorvem rapidamente. De seis a dez segundos depois, levados pela circulação, seus componentes chegam ao cérebro e agem sobre os mecanismos de transmissão do estímulo entre os neurônios, células básicas do sistema nervoso central. Os neurônios não se comunicam como os fios elétricos, encostados uns nos outros. Há um espaço livre entre eles, a sinapse, onde ocorre a liberação e a captação de mediadores químicos. Essa transmissão de sinais regula a intensidade do estímulo nervoso: dor, prazer, angústia, tranquilidade. As drogas chamadas de psicoativas interferem na liberação desses mediadores químicos, modulam a quantidade liberada ou fazem com que eles permaneçam mais tempo na conexão entre os neurônios. Isso gera uma série de mecanismos que modificam a forma de enxergar o mundo. (Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista) 2) Uma região do cérebro afetada pela maconha é o sistema límbico. Aqui o THC50 tem um efeito estimulante sobre os neurônios que produzem dopamina (substância relacionada ao 50 O THC (tetrahidrocanabinol), substância química fabricada pela própria maconha, é o principal responsável pelos efeitos da planta.

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prazer), com isso a pessoa tem a sensação de bem-estar e ataque de risos. Outra parte afetada é o cerebelo (responsável pelo equilíbrio e pela coordenação). Quando o THC atinge essa área do cérebro, os resultados imediatos podem ser de inofensivos tropeções à perigosa perda de agilidade ao dirigir um carro. Além dessas áreas, a maconha também afeta o hipocampo (responsável pelo aprendizado e pela memória). Cheios de THC, os neurônios perdem eficiência e a pessoa fica com a memória confusa. Outros efeitos: Nos olhos: a conjuntiva é uma membrana que reveste a parte interna das pálpebras e a parte branca dos olhos, onde há vasos sanguíneos quase imperceptíveis. O THC relaxa a musculatura em volta desses vasos o que os dilata, deixando avermelhados os olhos de quem fumou. Na garganta: as paredes da traqueia e dos brônquios são irritadas por partículas sólidas, substâncias tóxicas e o calor da fumaça, o que provoca tosse. Na boca: levado pela corrente sanguínea, o THC age direto nas glândulas salivares, que reduzem a produção de acetilcolina (responsável pela produção da saliva). A maconha inibe a produção de saliva, deixando a boca seca. No duodeno51: O THC inibe a comunicação do cérebro com o hipotálamo. Sem essa informação, a pessoa continua sendo estimulada a comer. É o que é chamado de “larica” (fome sem fim). 3) A maconha se enquadra no último grupo, caracterizado por drogas que não aumentam nem diminuem a atividade cerebral, mas modificam seu funcionamento. Pertencem a este grupo a mescalina, o tetraidrocanabinol (THC) (substância encontrada na maconha), a psilocibina (encontrada em alguns cogumelos alucinógenos), o LSD (do alemão Lisergic Säure Diethilamide), e o ecstasy. Sua forma de consumo é, geralmente, na forma de cigarros, mas pode ser fumada de outras formas ou mesmo ingerida. De qualquer forma, suas substâncias ativas agem sobre o cérebro do usuário. O THC se liga aos receptores do cérebro, afetando neurônios que liberam neurotransmissores como a dopamina (ligada às sensações de prazer) e a serotonina (ligada ao humor, à atividade sexual e ao sono). Essa alteração causa sensações de prazer e letargia. Os efeitos de seu consumo se classificam como físicos e psíquicos. Os efeitos físicos mais comuns são: olhos vermelhos, boca seca e taquicardia. Os usuários costumam relatar aumento exacerbado do apetite algum tempo depois do consumo da droga. O uso prolongado pode causar problemas como bronquites e, no caso dos homens, redução da produção de espermatozoides. Apesar de não estar provado que o consumo constante da maconha possa causar câncer, os cientistas sabem que a fumaça produzida pela droga tem alto teor de alcatrão, no qual existe uma substância chamada benzopireno, conhecido agente cancerígeno. Já os efeitos psíquicos não são completamente conhecidos. Os cientistas ainda não sabem se a maconha provoca danos irreversíveis ao cérebro, mas pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam sérios prejuízos na capacidade cognitiva - consumidores frequentes da droga apresentam dificuldade para compreender informações complicadas. No momento em que é fumada, a maconha pode causar efeitos variados, que vão desde calma e relaxamento até angústia ou tremores. Também podem ocorrer perturbações na capacidade de calcular o tempo e medir o espaço, além da perda de atenção e alucinações auditivas e visuais.

51 Duodeno: A primeira porção do intestino delgado, que vai do piloro ao jejuno.

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B CET vai adaptar 17 mil semáforos de SP para daltônicos São Paulo – A maior parte dos motoristas pode não notar uma faixa branca no meio de alguns semáforos de São Paulo. Mas essa medida, implantada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), faz a diferença quando os condutores dos veículos são daltônicos, pessoas com problemas para diferenciar as cores, e uma confusão entre o vermelho e o verde tem grandes chances de terminar em acidentes no trânsito. As mudanças nos semáforos paulistanos começaram no fim do ano passado e, de acordo com o programa elaborado pela CET, serão adaptados todos os 17 mil semáforos "com braços" – aqueles que ficam suspensos no meio da rua e não colocados em postes nas laterais. São ajustes simples e de baixo custo, mas que deixam os equipamentos mais visíveis para os daltônicos à noite. Estão sendo trocados apenas os anteparos pretos que ficam atrás das lâmpadas por outros mais novos e que possuem uma faixa reflexiva branca na altura da luz amarela. Essa adaptação permite aos daltônicos saber qual lâmpada está acesa no período noturno. Apesar de não reconhecerem as cores, esses motoristas conseguem identificar em um semáforo qual está mais brilhante por causa do contraste. A dificuldade é que, no período noturno, o daltônico não enxerga todo o equipamento, mas apenas a luz, sem um referencial se é a que está em cima (vermelha) ou embaixo (verde). Atualmente cerca de 300 equipamentos já estão com a faixa reflexiva branca, em bairros como Vila Mariana, Ibirapuera, Itaim-Bibi e Jardim América, todos na zona sul da capital. As trocas são feitas quando um equipamento necessita manutenção ou quando é substituído por um novo. Por isso, é difícil estimar o custo total da medida. São Paulo é o segundo município brasileiro a adotar essa faixa reflexiva e elaborar um programa para manter semáforos adaptados em toda a cidade. A primeira cidade foi Campinas, que começou a experiência em 2003 e foi ampliando aos poucos a quantidade de equipamentos adaptados. Atualmente, 70% dos 445 cruzamentos com semáforos na cidade têm o recurso. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo. Informações para o infográfico

O seu filho é daltônico? A discromatopsia, mais conhecida como daltonismo, é uma perturbação da visão que

afeta a forma como as pessoas veem e distinguem as cores: desde a troca de cores, à dificuldade de distinção entre as mesmas, passando ainda pela visão acromática. Embora não seja uma doença ou uma condição limitativa, é importante saber o que é o daltonismo e como diagnosticá-lo, para saber viver num mundo menos colorido. O que é?

O daltonismo foi descoberto em 1794 e estudado intensamente por John Dalton, um físico e químico inglês que era ele próprio daltônico. Por norma, esta é uma condição genética, no entanto, também pode ser o resultado de uma lesão ocular ou de origem neurológica. Geneticamente, esta perturbação está mais associada ao sexo masculino do que ao feminino: cerca de 8% a 10% dos homens são daltônicos e há apenas uma moça daltônica para cada dez rapazes. Como é que os daltônicos veem?

Os nossos olhos contêm dois tipos de células – os cones e os bastonetes – que são os responsáveis pela transformação da luz em impulsos elétricos, o que nos permite identificar as cores. Os cones têm um papel fundamental, não só porque são responsáveis pela visão diurna e pela distinção das diferentes cores; mas principalmente porque existem três tipos de cones que correspondem precisamente às três cores primárias (vermelho, azul, verde) e às

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suas variações. Quem é daltônico, ou não possui estes cones ou então foram alterados devido a algum tipo de lesão. Como é diagnosticado?

Uma vez que a perturbação da visão é, efetivamente, muito diminuta, a maior parte dos daltônicos nem sequer sabe que o é… por isso mesmo, é importante estar atento aos sinais. No caso das crianças, é fácil perceber se têm dificuldades em aprender e distinguir as cores, basta observar uma atividade tão simples como a de colorir desenhos. O teste mais utilizado para determinar se alguém é ou não daltônico é o teste de Ishihara – ele é composto por diversos cartões que contêm círculos de vários tamanhos e cores; no centro dos quais se encontram números que apenas são identificáveis por alguém que não seja daltônico, ou seja, que tenha uma excelente percepção das cores. Para testar as crianças mais novas, os números são substituídos por desenhos ou figuras geométricas. O teste de Ishihara está disponível online nos sites Color Vision Testing e Toledo Bend, por exemplo. No entanto, esse diagnóstico virtual não dispensa uma visita ao oftalmologista. Tipos de daltonismo

Num caso mais sério e bastante raro, a criança vê o seu mundo em preto, branco e cinzento (visão acromática); nos casos mais comuns, os daltônicos veem todas as cores, apenas não com toda a sua vivacidade; ou então apresentam uma maior dificuldade na percepção das cores que se situam entre o verde e o vermelho da roda das cores, distinguindo com perfeição todas as outras. Os três tipos de daltonismo mais comuns são a protanomalia, dificuldade em distinguir a cor vermelha, a deuteranomalia, dificuldade em distinguir as cores que se situam entre o verde e o vermelho e representa mais de metade das pessoas daltônicas; a tritanomalia, dificuldade em distinguir as cores que se situam entre o azul e o amarelo, este é um dos cenários mais raros, mas que pode ainda ser agravado se o daltônico não conseguir ver o azul (tritanotopia), o vermelho (protanotopia) ou o verde (teranotopia). Uma vida normal, apesar das limitações

Apesar de não ser uma doença, nem algo a que a criança terá de se habituar – se não conhece as cores, não sentirá a sua falta – é, no entanto, a sua forma de ver e de estar na vida. Porém, podem surgir algumas dificuldades na escola: imagens, gráficos e tabelas podem ser difíceis de compreender, o uso do computador pode ser complicado quando são utilizadas muitas cores distintas; e mesmo as outras crianças podem aproveitar a situação para zombar da criança. Por isso mesmo, é importante que os pais de crianças daltônicas informem o professor no início de cada ano letivo – mas podem estar sossegados porque em termos de aprendizagem, as crianças daltônicas não são diferentes das outras. Num futuro mais longínquo, há que considerar as limitações profissionais: quem é daltônico não pode, por razões óbvias, seguir carreiras como polícia, bombeiro, piloto, eletricista…

Sabia que… • A maioria dos daltônicos não sabe que possui esta perturbação da visão? • Para os daltônicos, o arco-íris não possui sete cores, mas sim duas ou três (azul,

amarelo, verde)? • Devido à sua vivacidade, o azul ou o roxo são, por norma, as cores preferidas das

pessoas com daltonismo? • Regra geral, os daltônicos veem aproximadamente 500 a 800 cores? • Mesmo entre os daltônicos, a percepção das cores varia muito? • Os daltônicos identificam mais tonalidades de violeta do que as pessoas com visão

normal? • As pessoas com daltonismo têm uma visão noturna muito superior à de uma pessoa

com visão normal? • O pintor Vincent van Gogh era daltônico? • Durante a 2ª Guerra Mundial, eram os soldados daltônicos que melhor conseguiam

detectar homens camuflados na mata? • A ocorrência de daltonismo é maior entre os descendentes de europeus?

(Disponível em < http://pequenada.com/artigos/seu-filho-daltonico>, com alterações)

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Exercício – ENADE, 2011

A educação é o Xis da questão

Disponível em: <http://ead.uepb.edu.br/noticias,82>. Acesso em: 24 ago. 2011.

A expressão “o Xis da questão” usada no título doinfográfico diz respeito A) à quantidade de anos de estudos necessários para garantir um emprego estável com salário digno. B) às oportunidades de melhoria salarial que surgem à medida que aumenta o nível de escolaridade dos indivíduos. C) à influência que o ensino de língua estrangeira nas escolas tem exercido na vida profissional dos indivíduos. D) aos questionamentos que são feitos acerca da quantidade mínima de anos de estudo que os indivíduos precisam para ter boa educação. E) à redução da taxa de desemprego em razão da política atual de controle da evasão escolar e de aprovação automática de ano de acordo com a idade.

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11.2 APOIO FUNCIONAL ØVERBO: MODOS E TEMPOS VERBAIS

O verbo é, junto com o substantivo, o elemento mais importante do texto jornalístico. Além de dedicar uma atenção especial à precisão do verbo escolhido para seu texto, tome muito cuidado com sua conjugação.

Podem causar problemas verbos irregulares (aqueles cujo radical52 se altera ou cujas terminações não seguem o modelo da conjugação à qual pertencem: saber – saiba (alteração no radical); dar – dou (desinência não é a do modelo da primeira conjugação)) e defectivos53 (aqueles em que falta alguma forma de conjugação, por exemplo: reaver e falir – no presente do indicativo só têm a 1ª e a 2ª pessoas do plural: nós reavemos, nós falimos; vós reaveis, vós falis e, consequentemente, não têm o presente do subjuntivo, nem o imperativo negativo e só a segunda pessoa do plural do imperativo afirmativo). Consulte, sempre, um dicionário para conferir a conjugação completa de qualquer verbo. Esteja atento para não produzir frases como estas:

Se nos dispormos à tarefa, nós a realizaremos a contento. (Se nos dispusermos...) Quando você ver o estrago, ficará triste. (Quando você vir...) O diretor interviu na escalação. (O diretor interveio...) Mulher assaltada reavê carro roubado. (Se no presente do indicativo, deve-se encontrar um sinônimo, já que reaver é defectivo: ... recupera carro roubado. Ou então, usa-se no pretérito perfeito: reouve carro roubado).

MODOS, TEMPOS E FORMAS NOMINAIS DO VERBO

Ø Modo Indicativo: indica certeza do falante em relação àquilo que enuncia. Tempos: √ presente: dou. Nos títulos de notícias o presente do indicativo tem o valor de

pretérito perfeito: Cristiano Ronaldo conquista Bola de Ouro (no lugar de conquistou) √ pretérito perfeito [dei] √ pretérito imperfeito [dava]. Na linguagem coloquial, ocorre com valor de

futuro do pretérito: “Se eu fosse você, só usava Valisère” (no lugar de usaria)

√ pretérito mais-que-perfeito (simples [dera], composto [tinha/havia dado]). Em textos jornalísticos o pretérito mais-que-perfeito simples dificilmente é empregado. Prefere-se o composto. √ futuro do presente (simples [darei], composto [terei dado]). Em textos jornalísticos o futuro do presente dificilmente é empregado. Prefere-se a forma vou dar/ vão dar √ futuro do pretérito (simples [daria], composto [teria dado]. Este tempo é muito útil ao jornalista, pois o exime de responsabilidade em relação àquilo que enuncia quando se trata de fatos possíveis, mas ainda não comprovados: O contrabandista seria responsável por 75% das mercadorias que entram ilegalmente no país. (não se afirma que ele seja responsável, mas que possivelmente o seja)

Ø Modo Subjuntivo: exprime atitude de incerteza ou condicionamento do falante perante

o processo que enuncia. É usado em orações que dependem de verbos cujo sentido está

52 Radical: Elemento que serve de base às palavras de uma mesma família etimológica e que é tomado como ponto de partida para o estudo da estrutura dos vocábulos numa língua, como luc-, luz-, em elucidar, translúcido, luzir. 53 Dedique uma atenção especial a esses verbos. Em todos os dicionários digitais, existe um recurso para conjugação de verbos. Utilize-o, sempre.

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ligado à ideia de ordem, proibição, desejo, vontade, súplica, como os verbos desejar, duvidar, implorar, lamentar, negar, ordenar, pedir, proibir, querer, rogar, suplicar, por exemplo. Tempos: √ presente: que eu dê

√ pretérito perfeito [que eu tenha dado] √ imperfeito [se eu desse]/ √ mais-que-perfeito [se eu tivesse dado] √ futuro: (simples [der], composto [tiver dado])

Ø Modo Imperativo: exprime atitude de ordem ou solicitação.

√ afirmativo: dá tu, dê ele, demos nós, daí vós, deem eles √ negativo: não dês, não dê, não demos, não deis, não deem

FORMAS NOMINAIS √ Infinitivo • Impessoal: simples [dar] / composto [ter dado]) • Infinitivo Pessoal: simples [dar eu, dares tu, dar ele, darmos nós, dardes vós,

darem eles] / composto [ter dado, teres dado, ter dado, termos dado, terdes dado, terem dado] √ Gerúndio: simples [dando] / composto [tendo dado] √ Particípio: dado Há tempos primitivos e derivados. Vamos nos ater àqueles tempos derivados que são

formados a partir do pretérito perfeito do indicativo, pois são os que mais causam dúvidas quando o verbo é irregular.

Da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, formam-se o mais-que-perfeito do indicativo e o imperfeito e o futuro do subjuntivo. Veja estes exemplos: verbos ver, vir, trazer, ter, pôr, fazer, dizer Eles viram, vieram, trouxeram, tiveram, puseram, fizeram, disseram Ø para formar o mais-que-perfeito do indicativo, basta tirar o m final:

eu vira, eu viera, eu trouxera, eu tivera, eu pusera, eu fizera, eu dissera Ø para formar o futuro do subjuntivo, tira-se o am final:

quando eu vir, vier, trouxer, tiver, puser, fizer, disser Ø para formar o imperfeito do subjuntivo, tira-se o ram final e acrescenta-se sse

se eu visse, viesse, trouxesse, tivesse, pusesse, fizesse, dissesse Obs.: Não se esqueça de que o mesmo processo ocorre com verbos derivados de ter, pôr, fazer, dizer e outros como ver e vir, por exemplo: Assim: Ele obtivera o passaporte/ Se você mantiver a calma, o resultado será outro/ Se eles retivessem seus documentos, ela não viajaria/ Se o técnico se opuser, ele não viajará/ Se satisfizerem todos os requisitos, serão escalados para jogar a partida final. Veja esta frase Só conto o que é posição da colher se as sabidinhas das suas amigas se disporem a revelar seus pontos G (...)” (Revista da Folha, 19/01/1997). Você conseguiria encontrar o erro? Exercício: Complete as frases com os verbos indicados, no tempo e modo que julgar convenientes: 1) Receberei amanhã apenas o que me .(caber) 2) Não é de estranhar que você más notícias. (trazer) 3) Não queríamos que ele se com a carreira. (desiludir) 4) Espero que esta não sua última oferta. (ser)

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5) Não é possível que eles se tanto. (odiar) 6)Não lhe dê tarefas que muito esforço. (requerer) 7)Talvez razões que o de falar. (haver/ impedir) 8) Todos ficarão felizes quando o por aqui. (ver) 9)Não queriam que você tais benefícios. (obter) 10) Quando a polícia os , acertaremos as contas. (deter) 11) Enquanto nossa palavra, seremos respeitados. (manter) 12) Se nossa palavra, seríamos mais respeitados. (manter) 13) Se ela o em casa, estará a salvo. (reter) 14) Se a criança se com os brinquedos, deixará todos em paz. (entreter) 15) Seria bom que ele a quantia desviada. (repor) 16) Quando o presidente sua autoridade, a sindicância tomará novo rumo. (impor) 17)Se você meu marido, não o deixe entrar. (ver) 18) Quando a que se expõem, desistirão do projeto. (ver) 19) Se ele até aqui e não nos encontrar, ficará decepcionado. (vir) 20) Gostaria que você a calma. (manter) Leitura complementar

Segundo o linguista alemão Harald Weinrich, os tempos verbais não sinalizam a marcação temporal, mas diferenciam dois tipos de atitude comunicativa: uma mais relaxada, passiva (de simples ouvinte) e outra mais tensa (indicando que o leitor deve reagir ao discurso), que correspondem, respectivamente, ao mundo narrado e ao mundo comentado. ● no mundo narrado: os tempos são usados em textos narrativos e indicam uma atitude

mais “relaxada” (no sentido de menos tensa), de quem não se compromete com aquilo que diz/ lê/ ouve. Os tempos mais usados são os do pretérito perfeito/ imperfeito/ mais-que-perfeito e futuro do pretérito. Ex.: Cabral chegou ao Brasil em 1500. ● no mundo comentado: os tempos são usados em textos argumentativos (opinativos) e

denotam uma atitude tensa, comprometida, engajada com o que diz, sinalizando ao interlocutor a necessidade da mesma postura. Os tempos mais usados são o presente e o futuro do presente. Ex.: O cupim da safadeza rói os intestinos da nação.

Quando se usam os tempos de um mundo no outro, surge o que Weinrich denomina de metáfora temporal, que é empregada com a intenção de provocar um efeito de sentido. Assim, o uso dos tempos do mundo comentado no texto narrativo, por exemplo, provoca uma atitude de maior engajamento do autor, cujo efeito é aumentar a tensão narrativa. Ex.: Cabral chega ao Brasil em 1500. Observe que esse recurso é amplamente utilizado no rádio e no telejornal.

Quando a metáfora temporal é usada ao contrário, empregam-se tempos do mundo narrado no mundo comentado e o efeito é oposto, ou seja, o comprometimento é reduzido, materializando o recurso da modalização, uma atitude de polidez, que dá margem a um possível diálogo, sem imposição de um ponto de vista. Ex.: O cupim da safadeza roeria os intestinos da nação. // Você me daria um minuto de atenção? Exercício “De uns tempos para cá, no entanto, os naturebas começaram a divulgar que a clorofila é capaz de operar verdadeiro milagre também nos corpinhos que não têm caule, folha e frutos. Ela limparia a corrente sanguínea, fortaleceria o sistema imunológico, revitalizaria o cérebro, diminuiria a depressão, retardaria o envelhecimento, evitaria a ressaca e – pasme – até ajudaria no tratamento de doenças como o câncer e a AIDS” (Veja, 10⁄04/2002, p. 73).

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1) Qual o papel dos verbos no futuro do pretérito no texto e que efeito de sentido esse tempo verbal causa.

2) Substitua o futuro do pretérito pelo presente do indicativo e observe que efeito de sentido isso causa.

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11 11.1 ASSESSORIA DE IMPRENSA: release 11.2 APOIO FUNCIONAL: Formas Nominais: particípio e gerúndio ASSESSORIA DE IMPRENSA: Release A função da assessoria de imprensa é produzir conteúdo e tratar da gestão do relacionamento entre uma pessoa física, entidade, empresa ou órgão público e a imprensa, pois a visibilidade que os meios de comunicação oferecem é grande. O press release é uma das principais maneiras pelas quais se comunicam notícias sobre a empresa assessorada à mídia. O desafio do assessor é criar um release que faça o jornalista querer saber mais e descobrir que sua história vale a pena ser contada.

Release Trata-se de um gênero produzido para órgãos de comunicação para informar,

anunciar, contestar, esclarecer ou responder à mídia sobre algum fato que envolva o assessorado, positivamente ou não. Funciona, essencialmente, como mero instrutor de pautas Geralmente, o release é usado para anúncio e lançamento de novidades que a assessoria quer que se transformem em notícia. A maior parte das notícias que se lê nos jornais, revistas ou publicações de negócios, que se ouve na rádio ou que se vê na televisão originou-se de press releases.

O release não deve ser confundido com um folheto de vendas nem com uma mala direta, pois sua função é produzir conteúdo54. Assim, deve primar pela informação concisa e precisa sobre os fatos pertinentes à empresa ou repartição, segundo critérios essencialmente jornalísticos. Deve ter um bom título (S+V+C), um lead que funcione como um gancho jornalístico e informações relevantes. Informações para acompanhar o release

O release deve, sempre que possível, vir acompanhado de fotos. Também pode vir acompanhado de outras informações. Nesse caso, é chamado de press-kit e contém brindes promocionais, uma amostra/réplica do produto ou o próprio produto, fotos de divulgação, credenciais de imprensa e outros itens que facilitem a cobertura jornalística sobre o que se quer divulgar.

Dicas para escrever seu release Estrita observância ao padrão culto da língua portuguesa numa linguagem simples, clara e objetiva com

1) indicação da cidade, mês e ano 2) título 3) lead com a notícia 4) usar duas fontes 5) facilitar informações ao jornalista (press kit)

54 Nunca se esqueça de quem é o destinatário das notas de imprensa: os jornalistas. Nunca escreva como se estivesse tentando vender-lhes alguma coisa. Comunicados de imprensa escritos de forma “publicitária” são encarados como spam e irão fechar-lhe as portas da comunicação social, ou seja, o oposto do que quer conseguir… Seu objetivo é fornecer informação às publicações, não é vender. Por isso, evite frases do gênero “Compre já!” ou “Visite o nosso site agora”. Esse tipo de linguagem comercial é absolutamente proibida num comunicado de imprensa.

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Veja dois exemplos de release.

São Paulo, 28 de outubro de 2011 Linha Preserv distribui preservativos em casas noturnas

Objetivo é conscientizar principalmente os jovens sobre a importância de se cuidar A Linha Preserv está promovendo ações promocionais de seus produtos em bares e

baladas de São Paulo, visando atingir principalmente a população mais jovem, que, por falta de informação adequada e campanhas educativas, está deixando de utilizar preservativos.

“O objetivo é conscientizar esta parcela da população sobre a importância do uso de preservativos, como forma de prevenção de DSTs e principalmente da AIDS”, explica Moacir Sánchez Filho, gerente de marketing da linha farmacêutica e Preserv. “A Preserv promove constantemente ações de sampling, o que facilita o contato dos jovens com o produto, além de ser uma fonte de informação para que eles possam ver que existe um tipo de preservativo específico para cada pessoa e necessidade.”

Com a distribuição de milhares de amostras por noite, a ação da Preserv acontece todas as semanas de quinta a domingo, sempre das 23 horas às 3 horas e passa pelos principais locais de concentração de jovens da cidade. Linha Preserv

Hoje, o mercado de preservativos apresenta diversas opções e tamanhos. Só a linha Preserv, por exemplo, possui o Teen® com menor diâmetro (49mm), o Extra® e o Extra Sensitivity® ambos com maior diâmetro (54 e 55mm respectivamente), além do Alta Proteção® e Lite® (52mm), e Plus® e Prolong® (53mm).

www.preserv.com.br Informações e imagens para a imprensa: Danielle Flöter

Estudo da IDC aponta recorde de vendas de smartphones no Brasil no segundo trimestre de 2014

Vendas de celulares inteligentes ultrapassaram a marca de 13 milhões, com crescimento de 22% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre abril e junho, foram vendidos mais de 100 smartphones por minuto

São Paulo, 15 de setembro de 2014 – A IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, divulga os dados consolidados do mercado de celulares no Brasil no 2º trimestre de 2014. De acordo com o estudo Mobile Phone Tracker Q2, foram vendidos 17.9 milhões de aparelhos entre os meses de abril e junho, sendo 13.3 milhões de smartphones (75%) e 4.6 milhões de feature phones (25%). Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve aumento de 22% nas vendas de smartphones e queda de 16% nas vendas de feature phones. "O resultado do segundo trimestre para smartphones ficou acima da nossa previsão e representa um recorde de vendas não só no Brasil, mas no mundo inteiro. É a primeira vez que o País entra nesse patamar de 13 milhões e o mundo ultrapassa a marca de 300 milhões de smartphones vendidos. A expectativa é o bom momento persistir e um novo recorde ser batido nos próximos dois trimestres de 2014", afirma Leonardo Munin, analista de mercado da IDC Brasil.

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Os dados confirmam que a instabilidade vista em outros segmentos da TI e o baixo crescimento da economia não afetaram a categoria de smartphones. Para o analista da IDC Brasil, existem quatro fatores que explicam o momento: aumento do portfólio de produtos aliado à queda nos preços por parte dos fabricantes, um maior investimento dos canais em cima desta categoria – principalmente o varejista, a inclusão deste dispositivo na MP do Bem e a prorrogação da isenção de impostos para smartphones por parte do governo, e o fator principal que é o usuário com um desejo cada vez maior em estar conectado de onde ele estiver.

Dos aparelhos vendidos no 2º trimestre, mais de 90% são Android e o ticket médio ficou em R$ 700. Será o fim dos feature phones?

Leonardo Munin não acredita no fim dos celulares sem sistema operacional, porém, ressalta que cada vez menos modelos estarão disponíveis no varejo nos próximos anos. Para 2018, por exemplo, a IDC Brasil projeta que essa categoria de dispositivo não chegue a 5% do volume total do mercado. Até o final do ano, a previsão é que 3/4 das vendas sejam de smartphones e apenas 1/4 de feature phones. Para ele, a chegada de produtos com preços mais atrativos e com configuração mais potente está acelerando a migração de feature phones para smartphones. A título de comparação, em 2013, dos celulares vendidos 53% eram smartphones e 47% feature phones. Para esse ano, a projeção é de 75% de smartphones e 25% de feature phones. Historicamente, as vendas de smartphones no Brasil sempre vinham atrás da média da América Latina e mundial. “Desde o terceiro trimestre de 2013, no entanto, ocorre uma inversão e hoje a participação de smartphones no mercado de celulares no Brasil é maior tanto da média da região como da média mundial”, afirma o analista. Crescimento dos phablets

Segundo o analista da IDC Brasil, o smartphone com tela acima de 5 polegadas, o chamado phablet, também já caiu no gosto dos brasileiros. "Os aparelhos inteligentes estão se tornando cada vez mais um 'computador de bolso' e, quanto maior a tela, mais cômodo é para o usuário navegar pela internet, ler conteúdos, assistir a vídeos e jogar”. A tendência dos phablets pode ser confirmada pelo crescimento das vendas: 128 mil aparelhos em 2012, cerca de 2.2 milhões em 2013 e, para 2014, a expectativa é que as vendas cheguem perto dos 5 milhões de dispositivos. Sobre a IDC

IDC é a empresa líder em inteligência de mercado e consultoria nas indústrias de tecnologia da informação, telecomunicações e mercados de consumo em massa de tecnologia. Analisa e prediz as tendências tecnológicas para que os profissionais, investidores e executivos possam tomar decisões de compra e negócios nestes setores. Mais de 1.000 analistas em 110 países proveem conhecimento local, regional e global dos mercados tecnológicos em hardware, software, serviços, telecomunicações, segmentos verticais e investimentos em TI. Nos últimos 50 anos, IDC tem fornecido informações estratégias aos seus clientes para ajudá-los a alcançar seus objetivos com êxito. Na América Latina, está presente com escritórios locais na Argentina, Chile, Brasil, Colômbia, México, Peru e Venezuela. Para saber mais sobre a IDC Brasil, visite o website www.idcbrasil.com.br

Informações para a imprensa:

Rosa Arrais Comunicação Tel.: (11) 3672-3531 Gabriel Cruz – ramal 13 ou (11) 95318-4312 - [email protected] Rosa Arrais – ramal 19 ou (11) (11) 99931-7378 - [email protected]

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Dez dicas para redigir um press release que será notícia

Disponível em: http://brasil.smetoolkit.org/brasil/pt/content/pt/356/Redija-um-press-release-bem-sucedido

1) Use uma manchete para chamar a atenção do repórter A manchete faz o release destacar-se. Faça uma chamada curta, atraente e descritiva; em outras palavras, use algo como "Fulano é nomeado o homem do ano" em vez de "Fulano recebe um prêmio". 2) Coloque a informação mais importante no começo Esta é uma regra consagrada do jornalismo. O repórter deve ser capaz de dizer do que trata o release já nos dois primeiros parágrafos. Na verdade, provavelmente só eles serão lidos. Portanto, não esconda a boa informação. Lembre-se do 3Q+O+P+C, faça com que o seu release responda às seis perguntas do lead 3) Evite afirmações exageradas e não comprovadas Um jornalista pode perceber uma conversa fiada a distância. Em vez de fazer declarações exageradas, forneça informações reais, úteis. Encontre maneiras legítimas para definir sua empresa e destaque esses pontos. Para promover seu negócio, redija um release que responda a perguntas sobre seu negócio, em vez de um texto que oferece apenas afirmações gerais de como sua empresa é grande ou interessante sem dizer por quê. 4) Seja rápido e vá direto ao ponto Use uma linguagem que animará o leitor sobre suas novidades tanto quanto você. Se seu release for sem graça ou vago, o jornalista pode supor que você não valerá uma boa entrevista. 5) Faça um release de, no máximo, duas páginas. Em ocasiões raras, você pode optar por uma terceira página se for necessário oferecer informações importantes. De qualquer forma, se não puder passar sua mensagem em duas páginas, não estará sendo objetivo. 6) Inclua um contato Não se esqueça de colocar no release o nome de uma pessoa que o jornalista poderá contatar para mais informações. Essa pessoa deverá estar informada sobre todas as notícias do release e estar pronta para responder perguntas. Emita o release em papel carta de sua empresa, pois parecerá profissional e dará ao redator outra forma de abordar sua empresa. 7) Use pouquíssimos jargões55 Se você estiver numa área técnica, tente não usar termos técnicos. Muitos repórteres não são íntimos de sua empresa ou atividade como você é. O idioma simples, não o jargão, comunica melhor sua história. 8) Realce os benefícios Isso cai na categoria de "não diga, mostre". Evite dizer que algo é "exclusivo" ou "o melhor". Em vez disso, mostre como as pessoas irão se beneficiar, ou seja, economizar tempo, dinheiro, tornar a vida mais fácil etc. 9) Seja específico e detalhista Essa é chamada a síndrome de "Sim, mas o que é isso?". O jornalista tem de ser capaz de visualizar um novo produto, ou saber como um novo serviço funciona. Se tiver dúvidas, faça com que alguém que não está familiarizado com seu produto ou serviço leia o release e peça para que ele descreva o que você está tentando descrever. É melhor usar bem mais detalhes do que bem menos. Em vez de “o novo livro do Jackson contém informações destinadas a beneficiar qualquer investidor do mercado de ações”, escreva “o novo livro do Jackson contém sete princípios de análise de mercado que permitem que mesmo os investidores ocasionais escolham ações rentáveis”. Até melhor, descreva dois dos sete 55 Jargão: Linguagem própria de um grupo profissional ou sociocultural, com vocabulário específico, difícil de ser entendida por quem não se iniciou na sua prática.

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princípios diretamente no release. 10) Revisão Quando terminar seu press release lembre-se de revisá-lo para corrigir erros de digitação. Se você não é bom em ortografia ou gramática, dê o release a um amigo ou colega que é bom nisso. Se o seu release parecer desleixado e sem cuidado, pensarão o mesmo de você.

Em época de internet e redes sociais, no entanto, o release ganha novo formato.

Continua a ser curto e objetivo, com no máximo quatro parágrafos, mas incorpora links, usa tags56 ao final, direciona para redes sociais e para fotos e vídeos. Tudo isso gera maior poder de viralização57, maior exposição da empresa e possibilidade de estender a divulgação para outras mídias. Para saber mais: http://www.slideshare.net/ALevy/assessoria-de-imprensa-na-era-das-redes-sociais-3811710 Vídeo release

“Em tempos de social media, toda iniciativa é válida para consolidar imagens e criar oportunidades. Neste contexto, o vídeo-release é protagonista e irá ditar as próximas regras e tendências. Cabe, então, aos comunicadores traçarem estratégias cada vez mais qualificadas, certeiras e – principalmente – criativas. É a mistura – cada vez mais real – do marketing com a assessoria de imprensa!”Rodrigo Capella

Nova ferramenta multimídia de comunicação, o vídeo release traz uma reportagem de até dois minutos, com imagens, texto e entrevistas na íntegra, oferecendo, assim, mais informações e recursos ao jornalista.

O e-mail, que era usado para transmitir o release na íntegra, tem agora a função de uma carta direcionada a um jornalista específico para apresentar o vídeo release. Valem para ele os conselhos dispensados a qualquer tipo de texto:

• preencha o campo “Assunto” com no máximo cinco palavras; • seja cortês: use sempre “por favor” e não escreva no imperativo; • seja impessoal (cuidado com a emoção); • não use abreviações; • evite negrito e maiúsculas; • despeça-se com um “atenciosamente”; • revise criteriosamente seu texto antes de enviá-lo.

Para saber mais: http://www.youtube.com/watch?v=KiwVc1Zd564 (vídeo release do Toddynho light) http://gecorp.blogspot.com/2010/03/forca-do-video-release.html

Podcast

Podcast é o nome dado ao arquivo de áudio digital. É usado para lançamento de produtos, prestação de serviço, informações relevantes, tendências, inovações, ampliação de informações do release, contar histórias, descrever cases.

56 Tag: é uma palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação (ex.: uma imagem, um artigo, um vídeo) que o descreve e permite uma classificação da informação baseada em palavras-chave. 57 Viralização: palavra derivada de vírus no sentido de a notícia na internet expandir-se e contagiar a todos.

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Para saber mais: http://www.podtersaude.com.br/ Leitura importantíssima Especialista dá dicas de como escrever um press release eficiente Guilherme Sardas | 24/04/2013 16:15

Quem trabalha com assessoria de imprensa sabe a dificuldade de atrair a atenção de jornalistas diante de duas concorrências inevitáveis: o tempo exíguo de repórteres e editores e a concorrência de centenas de releases que entopem as caixas de e-mails das redações. Como furar estes bloqueios?

Especialista de conteúdo da PR Newswire, líder global de distribuição de notícias e informações para profissionais da comunicação, o jornalista Leonardo Camacho explica o que evitar e o que privilegiar na hora de redigir um press release.

A regra número 1 – ressalta – é entender a necessidade de se ter uma notícia real para transmitir a jornalistas. “Se você não tiver uma notícia sobre sua empresa, é melhor usar outra estratégia de comunicação, como uma propaganda ou uma iniciativa nas redes sociais.” Uma linguagem sem adjetivação, a citação de uma fonte relevante e um bom título – aliás, como seria? – são algumas das outras dicas do especialista. Confira a entrevista completa: IMPRENSA – Qual é a primeiro aspecto a se evitar para fazer um bom press release? Evitar mandar um press release que não tenha uma notícia. Ou seja, se você quer apenas promover seu produto ou sua empresa, não envie um press release. O press release exige uma notícia. Desse modo, você vai atrair a atenção de um jornalista. Se a empresa não tem uma notícia para dar, é melhor, digamos, que “fique quieta”? Não digo “ficar quieta”. É melhor trabalhar outra estratégia de comunicação. De repente, uma propaganda ou uma iniciativa nas redes sociais, mas um press release, não. Qual é a linguagem ideal de um press release? É importante evitar adjetivar muito seu produto. Você tem que se ater ao fato e deixar que o jornalista julgue por ele mesmo a qualidade do produto ou da informação. Ou seja, não adianta falar que o produto vai salvar sua vida. Os benefícios devem aparecer de forma objetiva. Deve-se evitar "dourar a pílula". O que seria um bom título de release? Perguntamos a vários jornalistas, através do meu Twitter pessoal e o Twitter da PR [Newswire], que tipo de título do press release mais chama a atenção deles. Um bom título é aquele que emprega a informação precisa sobre o conteúdo que vai ser lido, que sugere a ação principal da empresa e que, ao mesmo tempo, aguça um pouco a curiosidade. Por exemplo, um título que usa termos que só um técnico ou especialista conhece não vai funcionar. Há alguma etiqueta para quantidade e tamanho de releases enviados? Nunca vi uma quantificação nesse sentido. Você pode mandar um, dois, três por dia ou o mesmo por semana. A empresa deve mandar o press release sempre que a notícia for relevante. Além da quantidade, é importante definir para qual jornalista ou editorias você vai mandar. Quanto ao tamanho, a organização deve dizer sempre o que pensa no menor espaço possível. A questão da síntese é essencial. O que é importante é que se escreva de forma objetiva, que se passem as informações essenciais e que se abra o canal para o jornalista, caso ele precise de mais informações. É importante ter um mesmo release escrito de várias formas, para cada segmento? Dependendo do caso, vale a pena, sim, escrever um mesmo release de formas diferentes. Você pode ter um press release bem genérico para uma editoria de cidades, e o mesmo press release que vai para uma editoria de economia, por exemplo, pode ter um maior

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aprofundamento analítico. Outra coisa: se você vai enviar um release para a TV, por exemplo, não adianta enviar foto. Se for para um jornal, é bom enviar três ou quatro fotos, porque pode ser que o veículo não consiga enviar um repórter fotográfico ao evento. Além disso, hoje, na Internet, você pode enviar um release genérico com link, que direciona o usuário para uma página em que ele vai dizer se é jornalista, acionista etc. Para cada público terá um tipo de release diferente. É muito importante incluir citações de fontes relevantes no release? É sempre interessante. Se você está falando de uma mudança de mercado, por exemplo, é bom que se coloque, por exemplo, uma citação do CEO da empresa. Também comunicar as fontes disponíveis é uma boa ideia. O que não é uma prática muito comum no Brasil é colocar uma lista de fontes disponíveis para falar. Normalmente, as empresas têm um porta-voz. É importante ter em mente que o press release surgiu no início do século passado em uma situação de crise, das empresas de um grande empresário americano. Então, a transparência é uma questão-chave do press release. http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/ferramenta-requer-criatividade-e-ousadia http://www.difundir.com.br/site/c_mostra_release.php?emp=1842&num_release=45730&ori=E

11.2 APOIO FUNCIONAL: VERBO: USO DAS FORMAS NOMINAIS – PARTICÍPIO E GERÚNDIO Particípio

Alguns verbos possuem dois particípios (um regular, aceitado, por exemplo; e outro irregular, aceito) por isso são chamados abundantes. Em geral, o particípio regular é empregado com os verbos TER e HAVER e o irregular com SER e ESTAR. Com os particípios irregulares, exprimimos sobretudo o estado (por isso eles também são adjetivos); com os regulares, a ação (por isso formam os tempos verbais compostos).

ATENÇÃO 1) O verbo chegar tem somente o particípio regular: chegado. Portanto Eu tinha

chego não existe. Assim como não existem as formas Eu tinha trago (trazido) e eu tinha falo (falado).

2) Com os verbos gastar, pagar, ganhar e eleger já não se faz distinção entre os dois particípios, ou seja, na mesma situação emprega-se tanto um quanto outro: Os sábados e domingos ele tem gasto / gastado em comícios e reuniões. Foi assassinado mesmo depois de a família ter pago / pagado o resgate. Vamos entrevistar aquelas pessoas que têm ganho / ganhado na Sena repetidamente. Não temos elegido / eleito nosso candidato há vários anos. (Mas com os auxiliares ser e estar só há uma opção: Ele foi eleito senador.)

3) Com o particípio não se usa nunca melhor. Deve-se usar mais bem: Ele é mais bem remunerado que o primo. // Queremos brasileiros mais bem educados.

Exercícios 1)Dê o particípio regular e irregular destes verbos: aceitar extinguir acender findar

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benzer imprimir confundir incorrer58 corrigir isentar difundir limpar dispersar matar distinguir misturar eleger morrer emergir murchar encher nascer entregar prender envolver salvar enxugar segurar exaurir suspender expressar soltar expelir submergir expulsar vagar Complete as frases com o particípio adequado: 1) Entregar a) O ladrão foi _________ à polícia. b) O carteiro tem ________ a correspondência com atraso. 2) Envolver a) O presente estava ________ em fino papel. b) Havíamos ________ o presente num papel especial. 3) Imprimir a) Foram ________ muitos exemplares daquele livro. b) O editor havia ________ muitos exemplares do livro. 4) Limpar a) O quarto foi ________ pela faxineira. b) A faxineira tem ________ muito mal o quarto. 9) Gerúndio

Evite a repetição excessiva do gerúndio, pois a frase perde a força. Isso não quer dizer, porém, que o gerúndio seja abominável. Pelo contrário: ele pode e deve ser usado para expressar uma ação em curso ou uma ação simultânea a outra, ou para exprimir a ideia de progressão indefinida. Há dois tipos de gerúndio:

• simples: expressa uma ação em curso ou uma ação simultânea a outra: Mexendo em velhos papéis, encontrei sua carta. Apresentou-se sapateando e cantando. • composto: expressa uma ação concluída: Tendo chegado à igreja, sentou-se e orou. O gerúndio está correto quando:

• modifica um verbo para juntar-lhe uma circunstância de: √ causa: Não tendo dinheiro, contentava-se em olhar vitrines. (Como não tinha...) √ modo: Dizendo impropérios, fechou a porta. (de que modo?) √ condição: Podendo, escreverei o texto ainda hoje. (Se puder...)

58 Incorrer: Agir inadvertidamente de forma equivocada ou incorreta [ + em: Temia incorrer em algum grande pecado.]. Ser submetido a (penalidade, multa etc.); ter de arcar com [ + em: A empresa incorrerá em multa, por poluir o rio.].

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√ concessão: Mesmo sabendo que seria preso, saiu à rua. (Apesar de saber...) √ tempo: Estando ele de bom humor, a noite era agradável. (Quando estava...)

• modifica um substantivo ou palavra substantivada: √ Vi crianças pedindo esmolas. (... que pediam...) √ Eram pedras caindo sobre o ônibus. (... que caíam...) • dois ou mais gerúndios só devem aparecer num mesmo período quando ligados pelas conjunções e, ou e nem. √ Nunca se sabia se estavam chegando ou partindo. √ Passaram a noite comendo, bebendo e jogando. • a forma vou estar/ estarei + gerúndio está correta quando comunica a ideia de uma ação (durativa) que ocorre no momento de outra. Ex.: Vou estar dormindo quando ele chegar.

Gerúndio incorreto: • o “gerundismo”: a expressão vou estar/ estarei + gerúndio é errada quando não indicar um aspecto durativo, mas somente a ação: Ex.: Vou estar passando seu recado. ( é uma ação que não tem duração prolongada) • quando equivale a uma oração adjetiva. Ex.: Precisa-se de um empregado falando inglês. (... que fale...) • sendo que: Nunca use; péssimo recurso de expressão, evitável em todos os casos. Exercícios 1) Indique a ideia que o gerúndio empresta à construção: 1 - modo 2 - causa 3 - concessão 4 - condição 5 - tempo ( ) Ela anda rebolando ( ) Não quis, sendo sábio, resolver as dúvidas por si mesmo. ( ) Defendia-se dizendo que era ingênuo. ( ) Sendo ainda novo, não quis ir só. ( ) Proferindo o orador essas palavras, a assembleia encerrou-se. ( ) Não estudando, você será reprovado. ( ) Não vendo o poste, colidiu com ele. 2) Corrija: 1) Precisamos de um auxiliar sabendo datilografia. 2) Lula assinou a medida provisória liberando o aumento. 3) Aguarde um momento que vou estar confirmando seus dados. 4) A construção seguiu ritmo lento, sendo que só terminou em 1930. 5) O número de pessoas atingidas pela radiação subiu para 21, sendo que duas em estado grave. 6) O profissional globalizado ajusta-se às novas demandas empresariais, sendo que suas chances de atuação são ampliadas.

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12 12.1 ASSESSORIA DE IMPRENSA: comunicado à imprensa 12.2 APOIO FUNCIONAL: Formas nominais do verbo – infinitivo 12.1 ASSESSORIA DE IMPRENSA: Gerenciamento de crise59 – Comunicado à imprensa

O gerenciamento de crises é uma atividade que visa à redução de perdas no momento em que ocorre uma disrupção60 no processo produtivo de determinada empresa ou organização. Esta atividade possui alta criticidade visto que lida com um problema – geralmente de grande magnitude – e que, mal trabalhado, poderá influir diretamente na continuidade da empresa ou organização, causando até a cessação61 de suas atividades.

Segundo Waltemir de Melo, especialista em Business Continuity Plan e Business Communication Tecnologies, “crise não é produto de geração espontânea. É um processo com começo, meio e fim. E, normalmente, quando está no começo os gestores da empresa não têm a percepção para saber que uma crise está começando”. Assim, no contexto de gerenciamento de crises há de ser dada atenção especial a tudo o que possa produzir ações negativas contra a imagem, pois definitivamente a última coisa que uma empresa deseja é uma crise assolando62 os seus negócios. Logo, Descobrir como se antepor ao problema ou ainda, mitigá-lo63 ao máximo possível manterá clientes e preservará a imagem de toda a organização.

Déborah Almada ensina: “Se a sua empresa ainda não passou por uma situação de crise, pode apostar que mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer. E quando a hora chegar é bom que esteja preparado para lidar com as demandas que vão aparecer. Uma delas é redigir um Comunicado ou Nota Oficial. Acredite, não é tão fácil como parece e muita gente boa acaba agravando uma crise porque negligenciou a redação de um comunicado à imprensa ou mesmo para outros públicos.

A questão é que assumir a culpa por um erro não é tarefa fácil. Requer humildade e sabedoria. E num cenário de crise, colocar a culpa em terceiros é sempre a opção que mais entusiasma a cúpula de uma organização. O problema é que comunicados ou notas defensivas geram desconfiança já na primeira linha.

Ao redigir uma nota oficial ou comunicado à imprensa, tenha em mente que o texto deve ser claro, objetivo, limitado aos fatos, sem a utilização de subterfúgios que possam dar a entender que você não se sente responsável pelo problema. Os espíritos são desarmados de forma mais rápida se você prontamente encara a situação e se esforça para resolvê-la da melhor forma possível naquela circunstância.

Ainda que você tenha razão e esteja convicto disso, lembre-se de que gerenciar uma crise não é uma disputa para ver quem está certo, e sim um processo delicado que visa a preservar o maior ativo de sua organização – a reputação”. (Disponível em: http://www.allpresscom.com.br/da-arte-de-escrever-notas-e-comunicados-durante-uma-crise/. Acesso em 5 fev. 2015.)

59 Acesse http://patriciateixeira.com.br/tag/gerenciamento-de-crise/ 60 Disrupção: interrupção do curso normal de um processo. 61 Cessação: ato de cessar, interrupção. 62 Assolar: devastar, arruinar, destruir. 63 Mitigar: tornar(-se) mais brando, mais suave, menos intenso (ger. dor, sofrimento etc.); aliviar, suavizar, aplacar.

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O texto do comunicado é argumentativo, ou seja, apresenta argumentos para convencer (razão) e persuadir (emoção) seu leitor. Veja, a seguir, três exemplos de comunicado.

Respeitando nossa política de transparência, lamentamos informar que a Royal Canin da Ucrânia patrocinou uma exposição local de cães que envolvia rinha de ursos. Por este patrocínio, a Royal Canin pede imensas desculpas, uma vez que vai contra o respeito aos animais que guia todas as nossas pesquisas e ações mundialmente.

A Royal Canin já tomou as medidas cabíveis internamente e aproveita para agradecer a FOUR PAWS International, organização que trouxe o alerta sobre o patrocínio indevido. Reforçamos que todos os esforços possíveis estão sendo empenhados para que situações similares não voltem a acontecer em qualquer país nos quais a Royal Canin atua ou venha a atuar.

Além disso, a Royal Canin reuniu-se com a FOUR PAWS para estudar um projeto que propõe a construção de um centro de acolhimento para 15 ursos na Ucrânia. A FOUR PAWS obteve o apoio das autoridades ucranianas para a concretização deste projeto e a Royal Canin já se comprometeu a também participar.

A Royal Canin tem não só a intenção de financiar a iniciativa, mas também de liderar a construção de alianças para incluir outros voluntários, como parceiros, associações e ONGs, de forma a garantir que este seja um projeto de longo prazo.

A Royal Canin está fortemente empenhada para que este passo inicie um novo capítulo de apoio ao bem-estar animal na Ucrânia.

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Uma ação da Ruffles serviu para explicar e também para contornar críticas a

respeito da quantidade de ar dentro de suas embalagens. O falatório surgiu como deboche nas redes sociais e começou a ganhar dimensão a partir de compartilhamentos, viralizando a questão.

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Por isso, a empresa postou em seu Facebook o infográfico “Saco de ar? Isso é mito” explicando a quantidade exata de ar nas embalagens e o motivo que leva o produto a ser produzido dessa maneira. Confira em: <http://www.fabulosaideia.com.br/blog/2012/ruffles-e-a-gestao-de-crise-nas-redes-sociais/>.

Íntegra do texto: Saco de ar? Isso é mito! Entenda o porquê no caminho da batata Ruffles até sua boca Pra começar... O ar é como um airbag pra batata. A batata Ruffles viaja o Brasil inteiro pra chegar até você e durante o transporte o sobe-caixa desce-caixa poderia quebrar todas elas. Mas, não! O ar do pacote está lá e protege todas do impacto. Proporção de ar e batata é a mesma desde 1985. O ar que fica no pacote faz parte (desde o início) do processo natural do empacotamento das batatas. Assim, o ar ajuda a preservar a forma e o sabor, não importa o tamanho da sua batata Ruffles. Sem o ar, a batata seria migalha. Aí não dá, né? Todas as batatas chip do planeta precisam ter ar no pacote porque são finas e quebram muito fácil. Sem o ar você vai comprar um pacote no supermercado e dar de cara com as batatas todas esmigalhadas. Antes de pegar a estrada... São 3 fábricas no país e 45 produtores fornecendo 500 toneladas de batata por dia! Depois de selecionadas e lavadas, passam por avaliação no laboratório e entram na linha de produção. Aí descasca, esquenta, fatia, frita, tempera, embala e começa esse caminho que você acabou de ver.

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12.2 Apoio funcional: Uso das formas nominais vo verbo Há dois tipos de infinitivo em português: o impessoal (falar, vender, partir, pôr) e o pessoal ou flexionado (falar, falares, falar, falarmos, falardes, falarem). Esta é uma das matérias mais controversas da gramática da língua portuguesa. Na dúvida:

• não flexione (conjugue) o infinitivo; • o ritmo, a eufonia e a clareza da frase, em muitos casos, sobrepõem-se a quaisquer

regras. Ø Infinitivo pessoal (ou conjugado, ou flexionado)

• Regra básica: O infinitivo é flexionado (conjugado) quando seu sujeito e o do verbo principal são diferentes: Os eleitores acreditam serem Maluf e Fernando Henrique candidatos honestos. (sujeito da oração principal = os eleitores; sujeito da segunda oração = Maluf e Fernando Henrique) (eu) Peço-lhes o favor de (vocês) não chegarem atrasados. O magistrado repreendeu os patronos, por não procederem com urbanidade na audiência. O restaurante fica numa praça que abriga uma feira de antiguidades. É comum seus clientes deixarem o nome na fila e irem às compras. O delegado proibiu os presos de tomarem banho de sol. • O infinitivo é flexionado quando ocorre antes do verbo da oração principal,

mesmo que os sujeitos sejam idênticos (alguns autores aceitam o infinitivo impessoal nesse caso):

Para se aquecerem, os meninos dormiam juntinhos. Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agradecemos. Apesar de estarmos com sede, não bebemos daquela água. Depois de ficarem em pé por mais de cinco horas, eles desistiram do show.

Obs.: Quando o infinitivo vem depois da oração principal, usa-se a forma não flexionada: Aceitaram o trabalho sem hesitar. • O infinitivo é flexionado na 3a. pessoa do plural para indeterminar o sujeito: Vi executarem os criminosos.

Ø Infinitivo impessoal (ou não conjugado, ou não flexionado) • Com sujeitos iguais não há flexão: (nós) Temos o prazer de (nós) participar a vocês nosso novo endereço. • Com os verbos mandar, ordenar, fazer, ver, ouvir e sentir, não se conjuga o infinitivo se seu complemento for um pronome oblíquo (o/a/os/as). Se o complemento não for um pronome pessoal, é indiferente flexionar ou não o infinitivo: O governo mandou os dirigentes do Banco Central investigar/ investigarem a denúncia. MAS O governo mandou-os investigar a denúncia.

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ATENÇÃO O sujeito é o ser que executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento. Assim, devem ser evitadas construções como: É tempo do técnico convocar o jogador.// Apesar das relações entre os dirigentes estarem cortadas, (...). Como técnico e relações entre os dirigentes são sujeito, não podem ter uma preposição antes deles. A forma correta é: É tempo de o técnico convocar o jogador.// Apesar de as relações entre os dirigentes estarem cortadas, (...).

Exercícios I) Complete os espaços com o futuro do subjuntivo ou o infinitivo: 1) Ao os resultados, eles ficarão felizes. (ver) Quando os resultados, eles ficarão felizes. (ver) 2) Para até aqui, atravessamos a cidade. (vir) Quando até aqui, deveremos atravessar a cidade. (vir) 3) Depois de os fatos, aceitaremos as críticas. (expor) Quando os fatos, aceitaremos as críticas. (expor) 4) Ao os estragos, os chefes se retirarão. (ver) Quando os estragos, o chefes se retirarão. (ver) 5) Ao os livros nas estantes, sejam cuidadosos. (pôr) Quando os livros nas estantes, sejam cuidadosos. (pôr) 6) Ao as notas, assumimos o compromisso de melhorar. (expor) Quando as notas, assumiremos o compromisso de melhorar. II) Complete com a forma verbal correta 1) Você precisa nos visitar quando a São Paulo. (vir) 2) Se vocês a São Paulo, podem ficar aqui em casa. (vir) 3) Bom dia! O médico disse para eu aqui hoje, às 8h00 horas.(vir) 4) Ele disse para eu o horário do filme no jornal. (ver) 5) Eles disseram para nós o endereço do cinema no jornal. (ver) 6) Quando vocês João passar, avisem-me. (ver) 7) Se você o João, diga-lhe que eu me lembrei muito dele. (ver) 8) Se vocês muito açúcar no café, vai ficar horrível. (pôr) 9) Ao o dinheiro no envelope, não se esqueça de fechá-lo com fita adesiva. (pôr) 10) Se eu roupa de lã, vou morrer de calor. (pôr) 11) Quando essas pessoas o visto, poderão emigrar. (obter) 12) Se eu de tempo, lerei sua peça. (dispor) III) Complete as frases com o verbo indicado: 1) Jandira esperou para juntos. (jantar) 2) Deu-nos o suficiente para não fome. (passar) 3) É tempo de de nossos direitos. (saber) 4) Disse falsas aquelas assinaturas. (ser) 5) Ao da escola, vocês poderão nos ver. (sair) 6) Ao os mais velhos, damos prova de civilidade. (respeitar) 7) Antes de o caixão à cova, houve tumulto. (descer) 8) Ouvi o professor. (xingar)

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9) Esperamos estas dificuldades. (vencer) 10) Queremos com o novo projeto. (colaborar) 11) Fizeram-nas as faltas. (confessar) 12) Mande-os as janelas. (limpar) 13) Deixei-os , mas procurei orientá-los. (sair) 14) Ouvi-as socorro. (pedir) 15) Vi as ondas Marcelo. (engolir) 16) Havia casos difíceis de . (solucionar) 17).Essas pessoas são capazes de ao choque das paixões. (resistir) 18) Para , ainda teremos de caminhar muito. (chegar) 19) Percebi muitos os inimigos. (ser) 20) Os alunos foram obrigados a quietos. (ficar) 21) Pessoas que por _______ pouco, ou mesmo _______, o que estão negociando, bem como os fundamentos do processo de negociação, podem _______ expectativas irrealistas e ________ objetivos completamente inatingíveis. (conhecer/ desconhecer/ ter/ estabelecer) 22) Ao _____________à sombra o mau desempenho, os colégios que patinam na sala de aula dão aos pais e alunos a ilusão de que estão em lugar de alta excelência, fazendo-os _________ uma visão distorcida da realidade. (manter, cultivar) 23) Por lei ou decreto, três estados passaram a __________ as escolas a ______ na entrada uma placa com a nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) bem visível. (obrigar, afixar) 24) Também os que dispararam na média ganharam um incentivo para ______ na trilha da qualidade. (prosseguir) 25) Com esta lição benfeita, quem sabe um dia não haverá mais razão para as escolas _____ vergonha do boletim. (ter) 26) Além de _______ da comunidade de bolsistas, os três finalistas conquistam o direito de viajar de graça para a Inglaterra. (participar) 27) Seis dias depois de ________ o texto principal, os deputados paulistas concluíram nesta semana a votação do projeto da nova Lei Antidrogas. (aprovar) 28) Outro ponto polêmico da nova lei prevê a possibilidade de as famílias ou responsáveis legais de usuários de drogas _______ a internação do dependente em instituição de saúde. (requerer) 29) Problema no ar-condicionado faz usuários _______ do trem na Linha 10 –Turquesa da CPTM. (descer) 30) Ao _______ as normas, construímos a democratização da ordem social. (respeitar) 31) A F-1 é uma chance para os pilotos ________ seu ponto de vista. (expor) 32) O guarda estava mandando todos os motoristas ___________ à esquerda. (virar) IV) Corrija as frases que apresentem problemas em relação às formas nominais do verbo (particípio, gerúndio e infinitivo): 1) Lula assinou a medida provisória liberando o aumento. 2) Aguarde um momento que vou estar (ou estarei) confirmando seus dados. 3) Ouvi-as difamarem o colega. 6) Disse ser falsas aquelas assinaturas. 7) O carteiro tem entregue a correspondência com atraso. 8) Eles não haviam chego a nenhuma conclusão. 9) Apesar do garoto ser esforçado, não obteve êxito nas avaliações. 10) Tudo depende daqueles dirigentes confessar o erro cometido. 11)

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BIBLIOGRAFIA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. São Paulo: ABL, 2011.

ASSUMPÇÃO, Maria Elena; BOCCHINI, Maria Otilia. Para escrever bem. 2. ed. São Paulo: Manole, 2006.

BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de radiojornalismo: produção, ética e internet. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus,

CARVALHO, Cláudia; REIS, Lea M. A. Manual prático de assessoria de imprensa. Rio de Janeiro: Campus, 2008.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2009.

FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto. 17. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

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LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro, Record, 2001.

MAFEI, Maristela. Assessoria de imprensa. São Paulo: Contexto, 2004. MARTINS, Eduardo. Manual de redação e Estilo OESP. São Paulo: O Estado de S.Paulo, 1997. OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de; BARROS, Edgard de Oliveira. Quem? Quando? Como? Onde? O quê? Por quê?. São Paulo: Plêiade, 2010. RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. SQUARISI, Dad; SALVADOR, Arlete. A arte de escrever bem. São Paulo: Contexto, 2005.

VASCONCELOS, Frederico. Anatomia da reportagem. São Paulo: Publifolha, 2008.

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PEQUENO GLOSSÁRIO DE COMUNICAÇÃO JORNALÍSTICA A Apurar – Levantar dados para uma reportagem e/ou artigo. Artigo – Texto assinado de responsabilidade do autor. Aspas – Declaração inserida em uma matéria. Atenção: a expressão Preciso de umas aspas refere-se à necessidade de se inserir um personagem no texto. B Barriga – Matéria falsa ou errada. O oposto de “furo”. Box 1 – Material adicional usado em uma matéria. Serve para destacar uma parte do tema ou para dar explicações adicionais ao leitor. Box 2 – Texto que aparece na página entre fios, sempre em associação com outro mais longo. Pode ser um conjunto de informações técnicas relacionadas ao texto principal, a história de um personagem citado na reportagem, ou até mesmo um minieditorial da publicação relacionado ao tema da manchete. Briefing – Conjunto de informações que uma empresa reúne para apresentar ao seu profissional de comunicação (seja ele um funcionário ou uma agencia externa) sempre que deseja tornar algum fato público, seja através de campanhas publicitárias, ou de ocupação de espaço editorial. C Caderno – Conjunto impresso formado por, no mínimo, quatro páginas. Veja também suplemento e macarrão. Capitular – Letra em tamanho maior usada para marcar o início de um texto. Veja também intertítulo. Chamada – Resumo de uma reportagem para ganhar destaque na primeira página de um jornal, na capa de uma revista, ou na introdução de um telejornal ou noticiário radiofônico. Chupar – Plagiar, usa-se a expressão "chupar matéria". Clipping – Seleção e recorte de notícias sobre a empresa, ou sua área de atuação, a partir da leitura e acompanhamento dos jornais diários, revistas semanais e de publicações especializadas. Cobertura – Acompanhamento e apuração de um ou mais fatos, para transformá-lo(s) em notícia. Pode ser realizado por um ou mais repórteres, dependendo da importância e amplitude do fato para o veículo que pretende publicá-lo. Copydesk ou copidesque – Termo importado dos Estados Unidos por Pompeu de Souza durante a reforma do Diário Carioca. Na época poucos repórteres escreviam a matéria. Eles chegavam e ditavam o texto para o editor. Pompeu obrigou-os a escrever. Para transformar o texto incompreensível dos repórteres em algo legível existia uma Mesa de Textos (Copy Desk em inglês) com os melhores redatores do Diário Carioca. O termo incorporou-se à linguagem jornalística como sinônimo de redator. Copidescagem – Tratamento que uma notícia recebe de um redator depois de ser entregue pelo repórter à sua editoria. Vai desde a simples titulagem e uma ou outra adequação de vírgulas, até a total reestruturação do texto, em função de uma redução no espaço para publicação ou de decisão editoriaI de ressaltar aspectos não destacados pelo repórter. Comentário – Pequeno artigo. É sempre assinado. Corpo – Tamanho do tipo usado na impressão. Costurar – Juntar as informações em um texto. Usa-se a expressão "costurar o texto" e/ou "alinhavar o texto". Cozinhar – Reescrever texto já publicado em outro veículo. Geralmente, quando utilizam esse recurso, um jornal ou uma revista citam a publicação de origem.

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Crédito – Assinatura usada em foto ou para marcar material produzido por agência ou outra publicação. Crônica – Coluna ou texto que aborda tema do cotidiano, geralmente utilizando forma literária. D Deadline – Data e/ou horário em que um repórter precisa entregar sua matéria apurada e escrita ao editor. Declaração – Texto ou opinião oficial expressa verbalmente por entrevistado. Diagramação – Dispor o material na página. E Editor – Chefe de uma editoria. Editoria – Conjunto de jornalistas responsável por determinado tema em uma redação. Maneira como as redações de jornais e revistas se estruturam. Cada uma delas agrupa assuntos afins. Editorial – Texto onde o jornal expressa sua opinião. Não é assinado para que caracterize formalmente a posição do veículo. Enquete – Pequenas entrevistas para levantar a opinião da comunidade. Esquentar – Publicar matéria velha com tratamento de grande novidade, justificado por novas informações nem sempre verídicas. Usa-se pejorativamente: "esquentar matéria" ou "requentar matéria". Expediente – Quadro com os dados gerais da publicação. Consta obrigatoriamente a relação de diretores e editores-chefes e endereços. F Fac-símile – Cópia de documento. Fade áudio – Termo que na televisão define o fim de uma matéria e/ou cena com a diminuição gradativa do som. Fade vídeo – Mesma utilização do termo acima para imagem. Feature – Reportagem construída a partir de um fato, para abordar situações mais abrangentes. Geralmente, trata-se de matéria especial, que requer mais tempo para ser apu-rada e integra as edições de fim de semana, quando os veículos dispõem de mais espaço editorial. Matéria com texto especial, fora do padrão do jornal, sobre assunto agradável ou inusitado. Fechamento – Conclusão do trabalho de edição. Horário estabelecido para as matérias baixarem para as oficinas. Fio – Linha usada para dividir textos ou matérias. Também usada para realçar fotos Flash – Síntese de cinco linhas de uma matéria. Geralmente é usada em chamadas de rádio. Usa-se a expressão "passar um flash". Foca – Jornalista iniciante. Foco – O objetivo de uma matéria. Fonte (1) – Origem de notícia. Quem fornece informação à imprensa, seja por iniciativa própria, seja atendendo a uma solicitação. Fonte (2) – Modelo de letra usado na impressão. Foto-legenda – Pequena matéria, de no máximo 20 linhas, usada para explicar ou destacar foto. Free-lancer – Quem presta serviço jornalístico sem manter vínculo empregatício com o veículo, agência de notícias, de publicidade e/ou de comunicação. Fria – Adjetivo para classificar uma reportagem sem cor local. Usa-se a expressão "a matéria está fria".

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Frila – Corruptela64 de free-lancer. Furo – Informação importante e verdadeira que apenas um veículo publica. G Gancho – Argumento de uma reportagem. Garimpar – Sinônimo de “cavar”. Usa-se “garimpar a informação”. H House organ – Publicação empresarial dirigida a um público específico, que pode ser interno ou externo. Pode ser jornal, revista ou newsletter. I Indicadores – Lista de dados do mercado financeiro em forma de tabela. Informação de cocheira – Informação de bastidor (geralmente dada em off). Infográfico – Artifício gráfico que envolve imagem e pequenas informações de texto que se complementam. Insert – Tipo de box. Pequeno texto sobre material adicional ao assunto principal. Intertítulo – Título curto usado para destacar determinado tema dentro da matéria sem retirá-lo do corpo principal do texto. Também é usado para dar movimento e leveza à diagramação. J Jabá – Corruptela do termo jabaculê, que define brindes dados a jornalistas com o objetivo de “comprar” a sua imparcialidade. L Lauda – Denominação para cada folha de texto escrito, que serve de parâmetro para calcular quantos centímetros a matéria ocupará na página impressa. Geralmente, uma lauda tem 20 linhas, com 70 toques ou caracteres com espaço. Lead ou Lide – Abertura de matéria tradicional. Precisa responder a seis perguntas básicas: o quê, quem, quando, onde, como e por quê. Legenda: Texto que identifica personagens e/ou cena na foto jornalística. Geralmente, tem uma linha. Linha fina – Pequena linha de texto usada sobre ou logo abaixo do título para destacar informações da matéria. M Macarrão – Inserção de duas páginas usada para ampliar o caderno. Matéria – Texto preparado jornalisticamente. Matéria analítica – Texto preparado jornalisticamente procurando estabelecer futuros desenvolvimentos dos fatos. Matéria fria – Matéria que independe de sua atualidade para ser publicada. Manchete – Título do principal assunto da edição de um jornal. N Normas de redação – Conjunto de regras usadas para padronizar a produção de textos, títulos e legendas. Nota oficial – Documento impresso com a opinião de uma determinada fonte.

64 Corruptela: pronúncia ou escrita de palavra, expressão etc. distanciada de uma linguagem com maior prestígio social.

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Nariz de cera – Parágrafo introdutório em um texto que retarda a abordagem do assunto enfocado e tende à prolixidade. É o oposto do lead e totalmente desnecessário. Nota – Pequena notícia ou comentário publicado por coluna. Nota oficial – Comunicado por escrito que empresas ou Governo enviam às publicações, quando só querem se pronunciar uma vez sobre algum assunto. Geralmente, é usada em situações de crise. Notícia – Informação que se reveste de interesse jornalístico. Puro registro de fatos sem comentários, julgamentos e/ou interpretações. O Off – Declaração dada sob compromisso de não revelar a fonte. Off the records – Declaração que o entrevistado dá com a condição de não tê-la atribuída a si (sentido mais comum). Usa-se muito a expressão "informação em off'. On the records – O contrário de off the records. Olho – Box que destaca determinado assunto da matéria. On – Declaração sem impedimento de revelar a fonte. P Pauta – Conjunto mínimo de informações sobre temas variados que constitui o ponto de partida para a produção de notícias de uma publicação. Pé da matéria – Final do texto. Cortar pelo pé significa retirar os últimos parágrafos sem se preocupar com a qualidade da informação contida no texto. Perfil – Reportagem biográfica que mistura declarações de uma pessoa, dados biográficos e comentários sobre o personagem em foco. Personagem – Texto para mostrar quem é o ator principal da matéria. Pingue-pongue – Entrevista em forma de perguntas e respostas. Povo fala – Enquete com populares sobre determinado assunto. Press kit: – Pasta contendo um conjunto de informações a ser distribuído à imprensa, com o objetivo de informá-la previamente sobre algum assunto relevante, que será detalhado em uma entrevista, por exemplo. Pode reunir textos, gráficos, tabelas, ilustrações e/ou fotos. Press release – Informação escrita que as empresas, instituições e/ou Governo enviam às redações ou entregam a jornalistas. Funciona como subsídio para o trabalho jornalístico; não é a notícia. Press-tour – Viagens nacionais e/ou internacionais programadas pelas empresas para que a imprensa conheça melhor suas atividades. Projeto gráfico – Padronização usada pela publicação para dispor uniformemente matérias, fotografias e adereços gráficos. Q Quadro – Box para explicar determinada informação da matéria. Quente – Qualificação para uma boa informação e/ou fonte. Usa-se a expressão “informação quente” e/ou “fonte quente”. R Redator – Jornalista especializado em rever o texto do repórter e em preparar títulos e legendas. Na nova concepção de jornalismo, o profissional não se especializa mais em uma determinada área da produção de texto e edição. Release – Matéria preparada por assessoria de imprensa. Repercutir – Prosseguir num assunto do próprio jornal ou de outro; suíte. Reportagem – Matéria com grande centimetragem, cobrindo integralmente determinado assunto.

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Resenha – Resumo e crítica de um ou vários livros sobre um mesmo assunto. S Seção – Sinônimo de editoria ou coluna de opinião ou nota. Serviço – Pequeno texto usado no pé da matéria contendo endereço, página web ou telefone de algo citado na matéria. Sonora – Entrevista no jargão dos telejornais. Usa-se a expressão “gravar uma sonora”. Standard – Tamanho padrão de jornal. Suíte – Prosseguir num assunto do próprio jornal ou de outro. Também se usa o verbo suitar no sentido de repercutir. Desdobramentos de uma notícia. Suplemento – Caderno adicional ao material principal do jornal. T Tabela – Gráficos numéricos dispostos ordenadamente. Tabloide – Formato de jornal igual à metade da página do jornal standard. Teaser – Informação que funciona como "isca" para suscitar o interesse da imprensa. Geralmente se traduz por uma nota publicada em coluna. No noticiário de televisão, o termo é usado para definir a imagem de maior impacto de uma notícia e que é usada como chamada para o noticiário que irá ao ar mais tarde. O termo também é usado em publicidade, para definir peças de anúncios colocados para chamar a atenção do público para uma campanha veiculada logo depois. Texto-legenda – Texto curto e sempre editado com uma foto. Título – Frase usada no alto da matéria para chamar a atenção do leitor (veja manchete). Toques – Número limite de letras, espaços em branco e sinais ortográficos capazes de caber numa linha de título, legenda, ou olho. V Vazar – Divulgar para a imprensa uma informação sigilosa. Usa-se a expressão “a informação vazou”.