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USO DE LODO DE ESGOTO NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS COM ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS
Ladislau A. SkorupaEmbrapa Meio Ambiente
Áreas Degradadas• Deterioração ou perda total da capacidade
dos solos para uso presente ou futuro (FAO, 1980).
• Áreas cujos solos sofreram profundas alterações físicas/químicas/biológicas e, conseqüentemente, apresentam condições impróprias ao desenvolvimento e fixação de vegetação.
• Áreas que, após um distúrbio, perderam a capacidade de regeneração natural (Pimm1986).
Áreas Degradadas
• Erosão• Deterioração Química
– Perda de Nutrientes e matéria orgânica– Salinização– Acidificação– Poluição
Áreas Degradadas
• Deterioração Física– Compactação do Solo
• Deterioração Biológica
Áreas Degradadas• Fatores de degradação:
– Manejo inadequado da terra – Desmatamento / exploração excessiva da
vegetação– Manejo inadequado de pastagens– Exploração mineral– Construção de estradas– Desenvolvimento urbano– Atividades industriais poluidoras
Degradação
Recuperação
OBJETIVOS DA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS:
-> Recuperar integridade física, química e biológica (estrutura);
-> Recuperar a capacidade produtiva (função)
Uso de Lodo de Esgoto na Recuperação de Áreas Degradadas
com Espécies Florestais Nativas
MOTIVAÇÃOBusca de tecnologias alternativas para a
recuperação de áreas degradadas.
Busca por alternativas (ambiental e economicamente viáveis) para disposição do lodo de esgoto produzido em alta escala nas ETE.
Uso de Lodo de Esgoto na Recuperação de Áreas Degradadas
com Espécies Florestais Nativas
• Características da utilização:Aplicação de altas doses
- Até 450 Mg ha-1
Aplicação em uma única etapa.
Uso de Lodo de Esgoto na Recuperação de Áreas Degradadas
com Espécies Florestais Nativas
Alta carga de matéria orgânica, macro e micronutrientes;
Espécies florestais-> Capacidade de imobilizar grandes quantidades de nutrientes e de metais pesados pela produção e distribuição de carbono orgânico.
Espécies florestais->absorção de nutrientes durante boa parte do ano por suas raízes perenes (lenta liberação de elementos);
Não associação, em geral, do produto florestal final com a produção de alimentos, propiciando baixos riscos à saúde pública;
Redução dos custos do uso de fertilizantes.
Riscos• Contaminação do solo por metais pesados.
• Contaminação das águas por nitrato.
• Contaminação por patógenos.
• Entrada de contaminantes na cadeia alimentar.
O2
Matéria orgânica exógena
Matéria orgânica exógena
Biomassa microbiana
CO2
CO2
NO3-
CO2Lixiviação
Absorção por vegetais ou
microrganismos
Adsorção
NH4+
O2 NO2-
O2
N2O, N2
Mineralização de resíduos orgânicos em solos (Lambais & Souza 2000).
Entradas
Chuva
Poeira
Imobilização + ciclo interno
Camada de humus
Solo mineral
Perdas por lixiviação
Reabastecimento
Absorção raízes
Absorção pelas copas
Lavagem das copas
Queda serapilheira
Raízes mortas
Dinâmica de nutrientes em um ecossistema florestal (Adaptado Miller, 1984)
Restrições Quanto à localizaçãoNorma P. 4.230, Cetesb; Proposta Conama.
Declividade do terreno:
≤ 10% para aplicações superficiais sem incorporação;
≤ 15% para aplicações superficiais com incorporação;
≤ 18% para aplicações subsuperficiais ou em sucos e aplicação superficial sem incorporação em áreas de produção florestal;
• Áreas de Proteção de Mananciais (APMs) ou de Captação;
• Áreas de Preservação Permanente (APP);
• Raio mínimo de 100 m de poços rasos e residências;
• 15 metros de vias de domínio público;
• 15 metros de drenos interceptores ou captadores de água pluviais;
• Áreas com lençol freático acima de 1,5 m na época de maior ocorrência de chuvas.
Uso de Lodo de Esgoto na Recuperação de Áreas Degradadas
com Espécies Florestais Nativas
• Experiência da Embrapa Meio Ambiente
• Projeto: “Uso de Lodo de Esgoto em Plantações Florestais e na Recuperação de Áreas Degradadas”.
• PROSAB/FINEP/CNPq.• Avaliações em curso há 15 meses.
EquipeLadislau A. Skorupa Eng. Florestal/Botânica
Adriana Pires Química de solosGilberto Nicolella EstatísticaHeloisa F. Filizola Pedologia
Manoel Dornelas de Souza Física e fertilidade de solosMarco Antonio Gomes Pedologia
Marcos Vieira Ligo Química de solosRaquel Ghini Microbiologia
Wagner Bettiol Fitopatologia
OBJETIVO
Avaliar o potencial do uso de lodo de esgoto na recuperação de áreas
degradadas, por meio de parâmetros silviculturais; físicos, químicos e
microbiológicos do solo.
Área Experimental• 3000 m2., Jaguariúna-SP.
• Área degradada por atividades de terraplenagem há 20 anos;
• Profundas modificações nos horizontes superficiais, onde originalmente predominava Latossolo Vermelho-Distroférrico, com textura franco-argilosa.
Tratamentos:
•NPK
•100T lodo de esgoto
•200T lodo de esgoto
-->40 espécies florestais nativas; 8 espécies na parcela útil - mesmas spp. em todos os blocos.
• Lodo proveniente da ETE Jundiaí.
Parâmetros Avaliados
• Fertilidade do Solo• Física do Solo• Metais pesados no solo• Nitrato na Solução e no Perfil do Solo• Atividade Microbiana no Solo• Avaliação Silvicultural
Metais Pesados
4 ,7 50 4 1,6 126 2 3 2 1
3 910 0 0 150 0
50
4 2 0
3 0 0 2 8 0 0
8 5 3 0 0 0 4 3 0 0 75 8 4 0 4 2 0 750 0
Cd Cr Cu Mo Pb Ni Zn
CFR part 503 (EPA, 1997)Limites proposta ConamaMetais Pesados no Biossólido de Jundiaí
mg kg-1
Metais Pesados
Adubação Química
100Mg. ha-1
200 Mg.ha-1
Valores de Alerta*
mg.kg-1 mg.kg-1
Cd 0,2 a 0,5 b 1,4 c 1,3Cr 33 a 40 a 43 a 75Cu 9 a 19 a 48 b 60Mo 0,5 a 0,8 ab 1,6 b 30Pb 27 a 39 a 56 a 100Ni 3,8 a 4 a 6,6 b 30Zn 14 a 27 a 72 b 300
Teor de Metais Pesados total em solo tratado com lodo de esgoto (Jaguariúna, SP)
* Valores orientadores para Solos e Águas Subterrâneas (CETESB, 2005).
•Tukey, 5%
Porcentagem de metal pesado disponível (extraível por DTPA) na área degradada tratada com lodo de esgoto em relação ao teor total de metais pesados.
Metais Pesados % Disponível
NPK 100 t 200 t
Cd 5 22 26
Cr 0,06 0,10 0,19
Cu 3 31 32
Pb 2,7 4,1 4,5
Ni 2 6 11
Zn 4 32 39
Fertilidade do Solo
Caracterização química dos solos das 4 repetições da área experimental degradada na profundidade de 0 a 20 cm.
pH M.O P K Ca Mg Al H CTC V
CaCl2 água (%) (ppm) mEq/100mlTFSA (%)
Média 5,3 6,0 0,8 14,1 0,2 2,3 0,8 0,1 3,5 7,0 47,9
Dp 0,15 0,24 0,7 14,15 0,06 0,36 0,216 0 0,479 0,17 7,66
Média 5,5 6,2 1,4 30,4 0,2 3,2 1,0 0,1 2,9 7,4 59,8
Dp 0,058 0,05 0,5 12,32 0,061 0,24 0,32 0 0,387 0,52 4,99
Média 4,6 5,4 3,2 76,0 0,2 6,5 2,1 0,7 3,9 13,5 65,0
Dp 0,519 0,57 0,1 28,16 0,049 1,66 1,184 0,299 0,33 3,21 4,11
200T
100T
NPK
Tratamentos x
Caracterização de micronutrientes, enxofre e sódio nas 4 repetições da área experimental degradada na profundidade de 0 a 20 cm.
S Na Fe Mn Cu Zn B
mg/l
Média 34,4 6,3 35,7 38,7 9,3 13,7 0,4
Dp. 21,23 1,71 15,3 14,15 4,774 11,4 0,1
Média 57,8 20,8 118,4 76,8 19,3 27,1 0,4
Dp 16 7,41 28,2 11,67 7,015 11,6 0,115
Média 94,9 38,8 245,9 112,9 47,8 71,6 0,7
Dp. 47,38 11,6 18,7 33,6 11,62 12,3 0,096
200T
100T
NPK
Tratamentos x
NitratoNa Solução do Solo->Instalação de doisextratores de solução do solo, por parcela, a 1 metro de profundidade.
Tubo PVCde ½
polegada
CapsulaPorosa
Rolha desilicone nº
6
Spaguete de 1/8
polegada
Vidro Ambar de 200ml
Rolha de silicone nº 4
Mangueirade silicone
de 1/8
Bomba de vácuo
No Perfil do SoloProfundidade: 0-10cm, 10-20 , 20-40, 40-60, 60-80, 80-100, 100-120, 120-140cm.
Concentração de Nitrato na Solução do Solo
010
2030
4050
60
25 40 41 49 117 118 309 322 376 377 378 380
Dias após aplicação do lodo
N-N
O3
(mg/
L)
0102030405060708090
Ppt (
mm
)
PPT NPK 100T 200T
Concentração de Nitrato no Perfil do Solo
0
20
40
60
80
100
120
140
0 20 40 60 80 100 120 140
Profundidade(cm )
N -
NO
3 (m
g/K
g)
NPK 100T 200T
ATIVIDADE MICROBIANA NO SOLO
• Análise da hidrólise de diacetado de fluoresceína (FDA)
• Carbono da Biomassa Microbiana
• CO2
• Condutividade Elétrica
• pH
FDA
0
1
2
3
4
5
6
antes 1 18 52 80 116 185 267
dias após a aplicação de lodo de esgoto
mg
FDA
hid
rolis
ado/
g so
lo s
eco
NPK 100t 200t
Carbono da biomassa microbiana
0
100
200
300
400
500
600
700
1 18 52 80 116 185 267
dias após aplicação do lodo de esgoto
µgC
/g s
olo
seco
NPK 100t 200t
CO2
0
20
40
60
80
100
120
140
antes 1 18 52 80 185 267
NPK 100t 200t
Condutividade elétrica
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
antes 1 18 52 80 116 185 267
dias após a aplicação de lodo de esgoto
µS
/cm
NPK 100t 200t
pH
3
4
5
6
7
8
9
antes 1 18 52 80 116 185 267
dias após a aplicação de lodo de esgoto
pH
NPK 100t 200t
AVALIAÇÃO SILVICULTURAL• 8 espécies florestais presentes em todas as parcelas úteis, de todos os tratamentos (2 plantas por espécie)
Avaliações quadrimestrais dos seguintes parâmetros:
• Altura total (m)
• Diâmetro do caule na base (cm)
• Área de copa (m2)
Schinus m olle (Aroeira-salsa)
0,00,51,01,52,02,5
NPK 100 200
Tratam entos
Altu
ra (m
) Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Schinus molle (Aroeira-salsa)
0,000,501,001,502,00
NPK 100 200
Tratamentos
Áre
a de
Cop
a (m
2)
Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Schinus molle (Aroeira-salsa)
0,01,02,03,04,05,0
NPK 100 200
Tratamentos
Diâ
met
ro b
asal
(cm
)
Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Lafoensia pacari (Dedaleiro)
0,00,51,01,52,0
NPK 100 200
Tratamentos
Altu
ra (m
) Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Lafoens ia pacari (Dedale iro)
0,0
1,0
2,0
3,0
NPK 100 200
Tratam entos
Diâ
met
ro n
a ba
se (c
m) Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Lafoensia pacari (Dedaleiro)
0,000,200,400,600,801,001,20
NPK 100 200
Tratamentos
Avaliação IAvaliação IIAvaliação III
Luehea divaricata (Açoita-cavalo)
0,0
1,0
2,0
3,0
NPK 100 200
Tratamentos
Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Luhea divaricata (Açoita-cavalo)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
NPK 100 200
Tratamentos
Diâ
met
ro n
a ba
se (c
m)
Avaliação I
Avaliação II
Avaliaçào III
Luehea divaricata (Açoita-cavalo)
0,0
1,0
2,0
3,0
NPK 100 200
Tratamentos
Áre
a de
cop
a (m
2)
Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Croton floribundus (Capixingui)
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
NPK 100 200
Tratamentos
Áre
a de
cop
a (m
2)
Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Croton floribundus (Capixingui)
0,00,5
1,01,5
2,02,5
NPK 100 200
Tratamentos
Altu
ra (m
) Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Croton floribundus (Capixingui)
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
NPK 100 200
Tratamentos
Diâ
met
ro n
a ba
se (c
m)
Avaliação I
Avaliação II
Avaliação III
Considerações finais
• Necessidade de monitoramento a longo prazo.
• Novas áreas experimentais, com diferentes características (solo, clima, históricos de degradação).
Subsídios à regulamentação do uso de lodo de esgoto para a recuperação de áreas
degradadas.
OBRIGADO !