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    ENCICLOPDIA SIMPOZIO(Verso em Portugus do original em Esperanto)

    Copyright 1997 Evaldo Pauli

    O DIVINO PLATO

    CAP. 1-o.A VIDA DE PLATO. 6316y010

    11. A biografia de Plato, alm de ser interessante em si mesma, contribuiainda para a compreenso acabada de sua obra. Deu aos seus Dilogos a forma

    humana das circunstncias do seu tempo, de sua pessoa e famlia.

    No so escassos os dados biogrficos que possumos de Plato, sendocomparvel aos que temos de Scrates e Aristteles, ainda que nem sempre nosinformem sobre o que mais nos interessa.

    Particularmente so instrutivas as Cartas, em nmero de 13. Apresentam maioraspecto de autenticidade trs delas, - a VI, VII (a mais informativa) e VIII, -referindo-se aos seus envolvimentos polticos e viagens Itlia. Elas confirmame fecham com as outras biografias.

    12. Doxografias. Como os textos biogrficos sobre os filsofos antigos emgeral, tambm os que nos restam sobre Plato datam de poca mais recente, massempre citando fontes mais antigas.

    Mais longa e completa se apresenta a biografia elaborada por Digenes Larcio(ao qual citamos abreviadamente D. L.), autor do 3-o sculo d.C. Dedicou aPlato todo o 3-o livro de Vida e doutrina dos filsofos em 10 livros. Ainda quedistante vrios sculos do biografado, apoiou-se em autores mltiplos, que ento

    ele ainda pde ler.Entre os autores citados por Digenes Larcio so contemporneos do prprioPlato ou de seus discpulos Espeusipo e Hermodoro, os quais falam em termosde encmio. J Aristoxeno, porque um aristotlico, fala de maneira mais severa.

    13. So ainda apreciveis as informaes sobre Plato vindas atravs de :- Apuleo de Madaura (2-o sc. d. C.), em Sobre a doutrina de Plato;

    - um fragmento de Filodemo (1-o sc. a.C.), emndice dos filsofos acadmicos,

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    encontrado nos papiros de Herculano;

    - Porfrio, em um fragmento de suaHistria;

    - um annimo, em Uma vida de Plato, inserida num cdice vienense;

    - Sudas (10-o sc. d.C.), em um artigo de seuLxico (c. 46-125 d.C.), em Vidade Dion.

    Ainda ocorrem aluses doxogrficas a Plato, em Ccero, Heliano, Ateneu.

    Com referncia Aristteles, ainda que este discpulo seja bastante omisso emdados biogrficos sobre o mestre, citou com frequncia suas obras e doutrinas.Com estas citaes contribuiu Aristteles decisivamente para a determinao daautenticidade das obras de Plato.

    14. O local de nascimento de Plato certamente foi Atenas, ainda que no setenha uma afirmao expressa. Se houver nascido em Atenas, no teria sido maislonge que em suas proximidades.

    Digenes Larcio principiou nestes termos a biografia do fundador daAcademia:

    "Plato de Atenas..." (D. L., III, 1).

    Mas logo adiante:"Diz Antilon, no ltimo livro dos Tempos, que era do povoado de Colito; outros,que de Egina [ilha], na casa de Fidades, filho de Tales; Favorino sustenta amesma opinio, em Histrias diversas; diz que seu pai formava parte da colniaenviada dita ilha e que regressou Atenas na poca em que os eginenses,auxiliados pelos lacedemnios, aprisionaram os antigos colonos" (D. L., III, 3).

    Prende-se Plato s famlias aristocrticas de Atenas, delas herdando sua

    esmerada educao e acesso fcil aos grandes de seu tempo.Era filho deriston e Periccione (VII Carta 324 b).

    Tivera Periccione primeiras npcias com Pirilampes, das quais nasceu Antifon(meio irmo de Plato).

    Em segundas npcias com riston nasceram Plato e seus dois irmos Adimantoe Glaucon, que comparecem nos Dilogos, e ainda a irm Potone.

    Ser Potone me de Espeusipo. Este sobrinho de Plato, alm de discpulo, ser

    seu continuador na Academia.

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    Periccione era ainda prima de Crtias, um dos chefes dos chamados TrintaTiranos, e tambm personagem dos Dilogos de Plato.

    Periccione e Crtias descendiam de um irmo de Slon, o eminente legislador deAtenas. ainda parente de Crmides, que d o nome a um Dilogo.

    Enfim, por parte de seu pai riston, descendia Plato de Cadmus (1045 a.C.),ltimo rei de Atenas e heri nacional.

    Grupo familiar de Plato:

    Periccione (me),

    - com Pirilampes - Antfon (meio irmo de Plato).

    - com riston - Aristcles (apelidadoPlato)

    - Adimanto

    - Glucon

    - Potone (me de Espeusipo).

    15. O nascimento de Plato aconteceu em427 a.C.

    Um dos testemunhos mais importantes para fixar esta data o de Hermodoro,seu discpulo, citado por Digenes Larcio (III, 6), e que diz ter Plato setrasladado aos 28 anos para Mgara; este fato ocorria logo aps a morte deScrates em 399 a.C.

    Ainda outras indicaes so retransmitidas por Digenes Larcio:"Plato nasceu, segundo as Crnicas, de Apolodoro, no ano primeiro da 8-aOlimpada, a 7 de Targelion, dia em que os habitantes de Delos crem nasceuApolo" (D. L., III, 2).

    O dia 7 de Targlion (7 de maio), quando se celebrava a festa de Diana, talvezseja mtico, e portanto no o verdadeiro dia do nascimento de Plato; dadas aslendas que existiam em torno do mesmo Plato e Apolo:"Segundo um rumor, acreditado em Atenas e reproduzido por Speusipo em

    Banquete fnebre de Plato; e por Clearco emElogio de Plato; e porAnaxlides, no livro segundoDos Filsofos, - desejando riston consumar suaunio com Periccione, que era muito formosa, no pde lev-la a efeito, e,quando renunciou as suas tentativas, viu em sonho Apolo nos braos de suamulher, o qual determinou no toc-la, at quando o menino nascesse" (D. L.,III, 2).

    Na antiga poca acreditava-se que os grandes homens eram filhos de um Deus,que os gerava com mulher humana. A crena ocorre mesmo com o nascimento

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    de Buda (por obra do Elefante Sagrado) e de Jesus, filho de Maria (por obra doEsprito Santo). Por isso eram considerados divinos.

    Tal a razo porque se dizDivino Plato.

    Na Idade Mdia foi frequente a expresso latinaDivus Plato.

    16. Jovem atleta, pintor, poeta. Um perodo de reflexo antecede a criao daobra de Plato. Sabe-se dos seus estudos desde antes de encontrar Scrates."Nas letras foi discpulo de Dionsio, que o menciona em Os rivais. Exercitou-seem ginstica com riston de Argos, o qual, por causa da boa proporo docorpo, mudou o nome de Aristcles, que antes tinha, e tomado do av, paraPlato, conforme diz Alexandre em Sucesses.

    Outros pensam que foi assim chamado por causa do seu amplo falar, ou porquetinha uma testa larga, conforme diz Neantes.

    Referem alguns que lutou nos jogos stmicos, como o afirma tambm Dicearcono livro I dasBiografias. Exercitou ainda a pintura.

    Comps tambm ditirambos, depois poemas lricos e tragdias" (D. L., III, 4-5).

    17. Na ltima dcada da vida de Scrates (469-339 a.C.), depois dos 60 anosdeste, fez-se Plato seu discpulo, tendo este cerca de 20 anos. A partir destareferncia dos 20 anos consegue-se determinar, que a adeso a Scrates teracontecido no ano 407 a.C.. Em torno deste encontro com o seu inolvidvelmestre, contam-se mesmo alguns episdios:"Diz Timteo de Atenas emBiografias, que (Plato) tinha voz penetrante.Refere-se que Scrates viu em sonho um cisne novo pousado sobre seus joelhos,o qual, agitando logo as asas, se elevou nos ares, com doces cantos, e que,sendo-lhe levado no dia seguinte Plato como discpulo, disse, eis aqui o cisne"(D. L., III, 5).

    Uma frase adiante, continua:"Havendo, depois de entrar em um certame trgico, ouvido de fronte do teatro

    composio de Scrates, jogou no fogo a sua, dizendo (parodiando um verso daIlada XVIII, 242):

    Oh, venha c Deus do fogo, Plato implora tua ajuda.

    Desde ento se fez discpulo de Scrates, estando aos vinte anos de idade" (D.L., III, 5).

    18. No curso ainda da vida de Scrates acompanhou Plato os tumultos da vidademocrtica de Atenas, os quais lhe deram muitas ocasies para refletir sobre a

    poltica e o homem em geral.

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    Ainda que a nobreza e a fortuna da famlia de Plato lhe permitissem condiespara alcanar desde logo uma adiantada posio social, teve contudo quereservar-se frente poltica do tempo.

    Com a perda da guerra do Poleponeso em 404 a.C., os lacedemnios (ou

    espartanos) impuseram a Atenas um governo oligrquico, o dos Trinta Tiranos.Apesar de prestigiados pela ento vitoriosa Esparta, caram estes em setembro de403 a.C.. Substitudos embora por um regime democrtico, deixou-se degenerarem demagogia e turbulncia.

    As circunstncias haviam ligado Scrates e Plato ao governo dos Trinta Tiranos(404-403). Era Plato sobrinho de Crtias um dos chefes dos mencionadosTrinta.

    Scrates fora convidado para exercer funes pblicas, que aceitou e foimembro do Senado. Sobrevindo a ascenso de um outro governo, era fcil que

    viesse a ser envolvido e condenado em meio s suas turbulncias, como de fatoo foi em 399 a.C.

    Plato, pela sua prudente absteno, e sendo ainda parente de Crmides, prcerdo partido aristocrtico, irmo ainda de Glaucon, conseguiu manter-se ileso.

    Sentiu-se, entretanto, desiludido com a realidade. Voltou-se para um plano dereforma das instituies. Seus escritos, mesmo os mais utpicos, tiveram

    portanto origem em situaes reais.

    A educao de Esparta, a vencedora da Guerra do Peloponeso, mereceu suaateno. Preocupou-se depois com os mesmos problemas encontrados emSiracusa, no Ocidente.

    Neste clima social e poltico escrever primeiraRepblica e depois aindaLeis.Metade de sua obra literria futura se referir ordem prtica e social,convencido de que a difcil tarefa dos negcios do Estado deveria ser entregueaos filsofos, isto , aos sbios com o devido conhecimento. A aristocracia que

    pregava era, portanto, diversa, da que ento havia.

    19. Sobre seu estado de alma escreveu o mesmo Plato, em texto relativamentelongo:"Quando era jovem, sucedeu-me o mesmo que a muitos outros: chegado aomomento em que pudera ser dono de mim mesmo, me propunha intervir na

    poltica. Mas veja-se a situao em que ento se encontrava a repblica: em vistade ser detestada por muitos a forma de governo existente naquele tempo,

    promoveu-se uma mudana.

    frente da nova situao se estabeleceram 51 homens como chefes, onze na

    cidade, dez no Pireo - grupos que assumiram a direo da assemblia e

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    administrao das cidades - e trinta tornaram-se chefes supremos com poderabsoluto.

    Alguns deles eram parentes meus e conhecidos, que me convidaram em seguidaa desempenhar cargos que consideravam convenientes para mim. E no

    extraordinrio o que me ocorria, dada minha juventude.

    Imaginava-me que apartando-se da injustia administravam a cidade comretido, observei com impacincia o que iam realizar. Vi que em pouco tempoesses homens faziam que a situao anterior parecia uma idade de ouro.

    Entre outras coisas, o meu velho e querido amigo Scrates, a quem proclamo ohomem mais justo do seu tempo, ordenaram-lhe que se juntasse com outros para

    prender e levar morte a um cidado com o intuito de envolv-lo, quisesse ouno, em seus assuntos.

    Scrates, porm, no obedeceu, preferindo expor-se aos maiores perigos, do quefazer-se cmplice de atos criminosos.

    Vendo eu estas e outras coisas, apartei-me indignado das desgraas desta poca.Depois de pouco tempo caram os Trinta, e com eles todo o regime.

    Novamente, porm com mais calma, acossava-me o desejo de intervir emassuntos do Estado. Sucederam-se, contudo, tambm ento fatos deplorveis,

    prprios dos tempos de agitao, e no de se estranhar que se produzam atosde vingana pessoal nas revolues.

    Os que voltaram, ento, usaram, no obstante, de grande moderao. Quis,porm, a fatalidade que pessoas poderosas levassem ante os tribunais a estemesmo Scrates, amigo meu, acusando-o de um dos mais graves crimes e maisalheios ao seu modo de ser. Alguns o denunciaram como mpio e outroscondenaram morte o homem que no quisera participar na cruel priso de umde seus amigos, desterrado nesta poca, quando eles mesmos gemiam nodesterro.

    Considerando tudo isto e as pessoas que governavam, bem como as leis e oscostumes, a medida que avanava minha idade, tanto mais difcil me parecia

    administrar bem o Estado.Convenci-me por ltimo, que todos os Estados atuais esto mal governados,

    porque sua legislao pouco menos que incurvel..., que o homem no chegarao termo de seus males enquanto a estirpe dos autnticos filsofos no alcance o

    poder, ou os chefes das cidades, por uma graa divina, no se ponham a filosofarverdadeiramente.

    Eis quais eram meus pensamentos, quando vim Itlia e Siclia, ao tempo daminha primeira viagem" ( VII Carta, 324, b - 326-b).

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    Era este, pois o pensar de Plato ao sair temporariamente de Atenas, com umestgio escolar na vizinha Mgara, para depois de mais algum tempo seguir paranovas iniciativas. Mas ainda muito fez de imediato, antes que fosse quelasnovas iniciativas.

    20. Depois da morte de Scrates (399 a.C.) ainda haveriam de passar 12 anos,at que Plato fundasse a Academia em 387 a.C. Neste espao de tempo tevenovas experincias valiosas."Plato passou escola de Crtilo, discpulo de Herclito, e a de Hermgenes,que seguia a doutrna de Parmnides" (D. L., II, 6).Isto quer dizer que o jovem Plato se colocava ante duas doutrinasextremamente opostas, a filosofia jnica de Herclito e Crtilo, extremamentemobilista e positivista, e a de Parmnides de Elea, racionalista e unicista.

    Da filosofia mobilista e positivista dos jnios ficou no sistema de Plato o pontode vista de que este mundo somente oferece a opinio; da eletica manteve adiretriz eminentemente racionalista, em virtude da qual a inteligncia opera comautonomia sobre os sentidos. Assim sendo, Plato se tornou um racionalistaradical, portanto com maiores concesses s escolas do Ocidente, enquanto logodepois Aristteles seria um racionalista moderado, com concesses aos jnios.

    A referncia de Digenes Larcio Herclito e Crtilo confere com a deAristteles, que diz haver acontecido este contato j na juventude de Plato."Desde sua juventude Plato, vindo a ser amigo de Crtilo e familiar com asopinies de Herclito, segundo os quais todas as coisas sensveis esto em fluxo

    perptuo e no podem ser objeto de cincia, manteve-se fiel a esta doutrina"(Metaf. I,6, 987a 30).Esta fidelidade ao mobilismo significava apenas que no fundava a filosofia nomundo sensvel. Mas a fundaria no mundo separado da razo, como logo aseguir informou o mesmo Aristteles (987b 1ss), fazendo-o seguir a Scrates,mas principalmente aos pitagricos.

    Importante anotar, ainda o contato direto com os seguidores do unicismoeletico, representado por Eucldes. Depois da morte de Scrates o grupo de

    Plato se removeu para Mgara, onde Euclides, um amigo de Scrates, recminstalara uma escola, seguindo as idias unicistas dos eleatas, e que se fezconhecer tambm comoEscola socrtica menor de Mgara."Aos vinte e oito anos de idade passou com outros socrticos a Mgara a ouvirEuclides, segundo Hermodoro (D. L., III, 6.).

    No se consegue determinar quanto tempo ficar Plato em Mgara; dalicertamente continuou mantendo contato com Atenas, muito prxima, at mesmo

    porque uma reao popular repudiara aos que haviam levado Scrates condenao. Situa-se neste tempo o escrito pr-acadmico de Plato, pequeno notamanho e grande para um incio de escritor, -Apologia, restabelecendo aimagem de Scrates. Um semelhante ttulo foi tambm publicado por

    Xenofonte.

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    21. A cronologia dos episdios entre a morte de Scrates (399 a.C.) e afundao da Academia (cerca do ano 387 a.C.) determinvel mediante vriasespeculaes.

    Declara Plato que tinha 40 anos ao estar em Siracusa, na Siclia.

    Mas, quando exatamente esteve em Siracusa? O retorno de Plato de Siracusapode ser calculado em funo paz de Antlcidas, ocorrida no final de 387 ecomeos de 386 a.C. foi este nome tomado ao negociador espartano, sob osauspcios do rei da Prsia, com vistas a resolver os conflitos entre as cidadesgregas.

    Sabendo-se que Plato retornou de sua viagem Siracusa quando os ateniensesainda se encontravam em guerra com Egina, este retorno ter acontecido antes

    da paz entre as referidas cidades.

    O espao entre a volta de Siracusa e a morte de Scrates, quando Plato sedirigiu para Mgara, muito longo para se supor que estivesse viajando durantetodo estes anos.

    Pode-se imaginar que Plato permanecesse em Mgara com alternncias emAtenas durante todo o curso da dcada de 390 a.C. Teria sido uma dcada

    bastante profcua, com estudos, em contato com Crtilo e Euclides de Mgara, erealizao dos primeiros escritos.

    Este primeiros escritos de Plato tero sido estudos morais, de acordo com otema preferido por Scrates e das escolas socrticas menores, de que a deMgara era uma.

    Alm da j citadaApologia, Plato teria ento escrito ainda os Dilogos pr-acadmicos Crmides, Hpias Menor, Alcibades I, Laques (vd 44).

    Nada muito preciso. H mesmo os que colocam estes escritos pr-acadmicosem vida de Scrates. Entretanto nada reclama uma criao to cedo dos mesmos,apesar do seu contedo tipicamente socrtico.

    Inversamente, os motivos que os fizeram ser criados surgiram sobretudo aps amorte de Scrates, quando mais urgia destac-lo, ao mesmo tempo que darcontinuidade no combate aos sofistas. Psicologicamente, pois, eles esto muitomelhor datados nos anos entre a morte do mestre e a primeira viagem de Plato.

    Neste tempo recuperava-se tambm Atenas, frente Esparta. Com o eventualapoio persa uma coalizo de Atenas, Tebas, Corinto e Argos inicia em 395 a.C. achamada Guerra de Corinto contra aquela poderosa cidade. Sem vencedores enem vencidos chegou-se paz de Antlcidas que restabeleceu o equilbrio dascidades gregas, em que o verdadeiro soberano o rei da Prsia.

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    22. Primeira viagem de Plato Siracusa (c. 390 a.C.). Situada, por hiptese,a primeira viagem de Plato cerca do ano 390 a.C. seria ento um homemmaduro, com 37 anos, suficientemente desenvolvido mentalmente para dar iniciativa os desdobramentos que neste curso de tempo lhe foram atribudos."Dali (de Mgara) foi a Cirene e se fez discpulo de Teodoro, matemtico, de

    onde passou Itlia para conhecer os pitagricos Filolao e Eurito" (D. L., III, 6).Contatou, por conseguinte, Plato duas escolas at aqui no mencionadas em suabiografia, a cirenaica e a itlica ou pitagrica, - das quais receber importanteselementos para a reflexo.

    Teodoro fez parte da escola socrtica menor cirenaica, da qual foi fundadorAristipo de Cirene. Este Aristipo, quando estabelecido em Atenas, tiveratambm contato com Scrates.

    A filosofia de Aristipo, fundador da escola socrtica menor de Cirene, materialista, hedonista, pragmtica, com razes pr-socrticas jnicas. No futuro

    o moralismo materialista da escola cirenais se transformar no epicurismo.

    A Plato importou sobretudo o contato com os pitagricos na Itlia, onde era oseu principal centro.

    Plato j devia conhecer o pitagorismo, porquanto seus pregadores tambmandavam ali, pelo menos de passagem. Atuaram sobretudo em Tebas, cidadeonde haviam estado Filolao e Eurito. De Tebas so os discpulos destes, Smias eCebes, que Plato arrolar entre os interlocutores de Scrates, ao escrever seusDilogos.

    Plato herdar tambm do pitagorismo sugestes para sua teoria das idiasarqutipas e o modelo para a criao da Academia.

    Com referncia a Filolao, - que Plato efetivamente poderia ter procurado navisita aos pitagricos na Itlia, - j era um homem morto a esta data. Terencontrado apenas seus discpulos, e deles obtido os livros de Filolao. A notciaque dada por Digenes Larcio, complementa-se em outro lugar:"Filolao escreveu um livro que , segundo refere Hermipo, aquele que Plato, ao

    passar pela Siclia em visita a Dionsio, comprou dos parentes (de Filolao), por30 minas de prata alexandrinas, e que deste livro fez uso no Timeu.

    Outros dizem que Plato o recebeu ao interceder junto a Dionsio pela liberdadede um jovem discpulo de Filolao que estava preso" (D. L., III, 85).

    23. O interesse pelos assuntos polticos fez com que Plato se deixasseenvolver em episdios desta natureza ao encontrar-se na Siclia, onde ento a

    principal cidade-estado era Siracusa. Ali Plato fez amizades com Don econtatou o rei Dionsio o Velho, conforme tambm haviam feito outros filsofosvindos de Atenas. Neste sentido informou Digenes Larcio:"Navegou trs vezes Siclia. A primeira a fim de conhecer a ilha e as craterasdo Etna. Na ocasio o tirano da Ilha Dionsio, filho de Mermcrates, o fez

    conversar com ele. Havendo-lhe ento falado Plato sobre a tirania, disse-lheque no era o melhor aquilo que era conveniente a ele, se no estivesse

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    conforme com a virtude. Indignado, o tirano quis tirar-lhe a vida, no oexecutando, porque por ele intercederam Dion e Aristmenes.

    Entregou-o a Pollis ento vindo como embaixador lacedemnio, para que ovendesse, o qual o levou a Egina, onde o ps a venda" (D. L., III, 19).

    Em Siracusa, Dion se tornou importante amigo de Plato, deixando-seinfluenciar pelas idias do filsofo. Colocado na excelente posio de sobrinhodo tirano Dionsio (o Velho), por meio dele Plato procurou injetar suas idiasna estrutura poltica e social de Siracusa, conforme se ver tambm por ocasioda segunda viagem, em 368 a.C., quando ascendeu ao poder Dionsio II (oMoo), e mais uma vez ainda na terceira viagem em 361 a.C.

    Fundada pelos gregos cerca do ano 730 a.C. Siracusa governou-se comorepblica at 484 a.C. quando os escravos se rebelaram. Destes se serviu Gelon

    para estabelecer a ditadura. O tirano aumentou Siracusa chamando os habitantes

    ricos de cidades destrudas, como de Mgara e outras. Mandando vender aosmoradores pobres, dizia que era mais fcil governar os abastados. Siracusa,debaixo de reformas drsticas, se tornou um Estado poderoso, com grande

    populao.

    De 466 a 405 a.C. prevaleceu novamente a repblica. Derrotou Atenas em 412a.C., durante a guerra do Poleponeso. Mas um juiz, de nome Dionsio,conhecido como "o Velho" conseguiu enaltecer-se diante do povo; este lheconferiu um poder absoluto, e que o fez ser conhecido como Dionsio o Tirano.

    Eis-nos no tempo de Plato, o qual, pela volta de 386 a.C., desembarcava aprimeira vez em Siracusa, num perodo em que a preponderncia ocidental j seia formando, com os siracusenses, cartaginenses, romanos e que no futuro serevelaria claramente. Mas Dionsio se indisps com o indiscreto conselheiro e

    perigoso censor ateniense. Entregou-o a um espartano, portanto a um inimigodos atenienses, com a recomendao de vende-lo como escravo, conforme foireferido por Digenes Larcio.

    Mas os pitagricos se interessariam pela sorte de Plato, tanto nesta como emoutras desventuras, pois tambm combatiam o regime tirnico.

    Aniceris de Cirene, um pitagrico, libertou-o pelo pagamento do resgate.Entretanto, foi tambm um pitagrico que fez a seguinte observao a respeitode Plato:

    um filsofo, no sabendo lisonjear, deve conservar-se longe dos prncipes.

    Entretanto, Aniceris, ao qual Digenes Larcio atribui o resgate, no parece sero mesmo Aniceris, discpulo de Parebates (D. L., II, 86).

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    24. Em torno da venda e resgate de Plato em Egina, ento em conflito comAtenas, narram-se episdios vrios, que podero ser inseguros, mas coerem comas circunstancias da poca e a ilustram.

    "Carmandro, filho de Carmandrides, levantou contra ele (Plato) o texto da lei,

    em virtude da qual deveria ser posto morte o primeiro ateniense que entrassena ilha, a revelia de qualquer julgamento. Esta lei havia sido promulgada porproposta do mesmo Carmandro, como diz Favorino emHistrias diversas.Como algum esclarecesse, de que se tratava de um filsofo, a corte lhe deuliberdade.

    Outra verso diz que foi levado Assemblia. Ele se manteve em silencio eestava pronto a receber qualquer sorte que o tocasse. A Assemblia decidiu noconden-lo morte e sim vend-lo como prisioneiro de guerra. Resgatou-oAniceris de Cirene, que ali ocasionalmente se encontrava, pelo preo de 20minas, ou segundo outros, pelo de 30; e o enviou a Atenas a seus amigos, que

    logo mandaram o custo do resgate; Aniceris todavia no o aceitou, alegando queno eram s eles os que tinham cuidado de Plato. Outros afirmam que Donenviou dinheiro, e que no o quis receber, e o empregou na compra de um

    pequeno jardim junto da Academia" (D. L., III, 19-20).25. A viagem ao Egito, que Plato teria feito, como referida por DigenesLarcio, teria ocorrido depois da volta da Itlia, talvez depois do resgate,

    portanto cerca do ano 387 a.C.

    Se, de uma parte no parece muito coerente, em vista de haver certamenteempobrecido, de outra tudo leva a crer que de fato teria transitado pelo Egito emvirtude das frequentes menes em seus Dilogos cultura egpcia e aosfenmenos daquele pas. Por isso, a taxativa informao de Digenes Larciono pode ser simplesmente afastada:"Dali (da Itlia) finalmente partiu ao Egito para ouvir os adivinhos, aonde oacompanhou segundo dizem, Eurpades. Ali adoeceu, e o curaram os sacerdotescom gua do mar.

    Por isso disse:

    Lava o mar as doenas dos homens.

    E tambm, como Homero:Os egpcios eram todos mdicos.

    Havia todavia decidido ir contatar os magos; impediram-no as guerras de entona sia. Volveu por fim a Atenas" (D. L., III, 6-7).26. Segunda viagem Siracusa (c. 367 a.C.). Por ocasio da ascenso ao tronoem 367 a.C. de Dionsio II, o Jovem, foi chamado Plato por Dion, paraaconselh-lo na reforma poltica que pretendia realizar. Apesar de hesitar, Platoseguiu mais uma vez para Siracusa, pois era tambm uma oportunidade paraaplicar suas idias.

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    Entretanto Dion incompatibilizou-se com o novo governante e foi exilado aps 4meses. Continuou ainda Plato na corte, com vistas a iniciar o soberano. Esteno aplicado nem s novas idias e nem administrao (VII Carta, 329 d), e

    por isso retornou Plato desiludido aps mais algum tempo.

    Digenes Larcio tambm se referiu esta outra viagem:"A segunda vez em que (Plato) passou Siclia foi para pedir, a Dionsio oJovem, terra e homens para realizar sua repblica. Dionsio prometeu-o, mas nocumpriu a palavra. Plato correu grande risco, porque se suspeitava haver eleinstigado a Dion e a Teodotas a libertarem a Ilha.

    Mediante carta a Dionsio, o defendeu rquitas o Pitagrico, e pde Platoregressar salvo a Atenas" (D. L., III, 21-22).

    De retorno, reassumiu Plato a direo da Academia, que houvera deixado como matemtico e astrnomo Eudoxo de Cnido. J estava ento a Academia a

    funcionar cerca de 20 anos.

    Tambm j a este tempo havia Plato escritoRepblica. Dion tambm sehouvera instalado em Atenas.

    27. Terceira viagem Siracusa (361 a.C.). Acontecendo que Dionsio voltassea convidar Plato para retornar Siracusa, o mesmo Dionsio o estimulou a queatendesse ao convite, porquanto esperava, atravs do mestre da Academia, aintercesso junto ao rei para a revogao de seu mesmo exlio. Deu-se ento aterceira viagem em 361 a.C., de que se tem o seguinte breve relato:"Passou terceira vez Siclia a fim de reconciliar a Don com Dionsio, mas noo conseguindo, os deixou, e retornou a seu pas" (D. L., III, 23).

    O envolvimento poltico de Plato o pusera em perigo como relatou na VIICarta (329 d-e), sendo quase feito prisioneiro mais uma vez. Tendo rquitas deTarento enviado uma galera trazendo uma embaixada, Dionsio deixou quePlato dela se aproveitasse para acolher-se ao amigo pitagrico.

    Num novo lance, Dion conseguiu expulsar a Dionsio. Mas o governo de Dion

    no alcanou o favor do pblico. Uma conjura liderada pelo ateniense Calipo odeu morte, em 353 a.C.

    O episdio motivou uma carta oficial de Calipo a Atenas. Foi quando Plato, jidoso, respondeu, dirigindo a VII Carta aos amigos de Dion, em que justificouseus ideais e em que tambm falou da grande amizade entre ambos, bem comode diversos detalhes da luta de Dion (veja-se tambm Plutarco, Vida de Din,57).

    O fim desditoso de Dion causou pois a Plato uma grande aflio e emdecorrncia talvez disto ter feito moderaes em seu extremado idealismo

    descrito emRepblica, e que emPoltico eLeis, obras dos seus ltimos anos jse encontra suavizada.

  • 7/27/2019 Larcio

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    No ter sido sem recordao de Siracusa que assim escreveu nesta ltima:"Nada vale mais, para praganizar um novo governo, do que um tirano aindamoo, de boa memria, desejoso de saber, corajoso, animado de sentimentos

    nobres, junto do qual um acaso favorvel coloque um homem versado noconhecimento das leis. Feliz a repblica dirigida por um chefe absoluto,aconselhado por um bom legislador" (Leis, IV).

    Na odissia de Plato ter infludo no apenas o objetivo de aplicar suas novasteorias sociais; as ltimas viagens, promovidas com menor entusiasmo, seapresentam antes com uma deferncia aos soberanos e velhos amigos deSiracusa. Acresce ainda que o contato com os pitagricos era altamentesimptico a Plato.

    28. A fundao da Academia de Plato em 387 a.C. Esta data especulativa.

    A fundao se calcula houvesse ocorrido pelos 40 anos de Plato, exatamente omeio de sua vida, que durar outros 40 anos. Tudo se deu depois dos episdiosde sua primeira viagem Siracusa, aps a Paz de Antlcidas, portanto, por voltado ano 387 a.C.

    Na verdade a Academia j pr-existia na condio de ginsio de exercciosesportivos, e nela s depois veio Plato a ensinar, passando o nome mesmaescola. Por sua vez o nome de Academia procede de Academo, um personagemherico dos tempos da guerra de Tria, e que dava o nome a um bosque sagrado,onde tambm se faziam exerccios ginsticos.

    Ao referir a volta de Plato a Atenas, acresceu Digenes Larcio:"E morou na Academia, a qual um ginsio exterior aos muros, num bosquedenominado pelo nome de um certo heri-Academo -, conforme escreve Eupolisem seu drama Os soldados liberados, por estas palavras. Nos passeiosdocemente umbrosos do divino Academo" (D. L., III, 7).

    Evoluiu a Academia de Plato, passando a ter estatutos rigorosos. Lembra ascomunidades pitagricas, e que de fato lhe tero servido de modelo.

    Junto da Academia foi adquirido terreno em que se construiu um templo s

    Musas.Como j se disse, fora o terreno da Academia comprado por Aniceris, com odinheiro, que os amigos atenienses queriam devolver-lhe, quando houvera feitoo resgate de Plato exposto venda em Egina.

    A evoluo da Academia se deveu evidentemente capacidade pessoal dePlato, e a sua posio social. Este desenvolvimento consistiu na multiplicaodos mestres, passando a haver um diretor, sendo Plato o primeiro. Nas suasausncias assumem a direo em diferentes oportunidades Eudoxo de Cnido,Speusipo, Xencrates, Herclites do Ponto.

  • 7/27/2019 Larcio

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    Com relao a Aristteles, entrara para a Academia, como jovem de 17 anos, alipelo ano 367 a.C., ao tempo em que a instituio j alcanava 20 anos e Plato jfazia a 2-a viagem Siracusa.

    Permanecendo Aristteles nela 20 anos, por ltimo como professor, at a morte

    do mesmo Plato (347 a.C.), havendo seguido depois para Assos, na sia. Aliparticipou, ao que parece, de uma comunidade de discpulos do mesmo Plato, oqual a eles se refere na VII Carta, 322

    A academia subsistir forte, at o fechamento em 529, por obra do imperadorcristo de Constantinopla.

    Teve trs fases principais (vd 6316y278):- Academia Antiga, cujos integrantes se fizeram conhecer simplesmente por

    Acadmicos,

    - Academia Mdia,

    - Academia Nova, sendo sobretudo os integrantes da ltima denominados neo-acadmicos em virtude das variaes que deram ao platonismo.29. A fisionomia fsica de Plato se conservou em duas hermas, entre sisemelhantes, das quais uma est no museu do Vaticano e outra num museu deGenebra.

    Trata-se de uma bela cabea, de cabelos curtos, a maneira grega, barba nomuito longa e bem implantada, todo o conjunto em disposio oval. Testaampla, olhos grandes, nenhum trao anguloso, nariz e boca em harmonia, com otodo perfazendo as feies prprias da beleza humana.

    Tambm os pintores de diferentes pocas experimentaram representar o grandemestre ateniense.

    Rafael, apesar do anacronismo das vestes, alis frequente em pintores daRenascena, expressivo na suaEscola de Atenas:

    Digenes o Cnico est seminu e deitado ao sol.Os epicuristas elegantes, zombam ao passarem por ele.

    Zeno, o estico, tem um olhar teciurno de desdm.

    Um ecltico toma notas infindveis.

    Scrates detm Alcibades e outros transeuntes para interrogaes, e contando asrazes nos dedos.

    Os sete sbios da Grcia caminham vagarosamente lembrando os precursores dasabedoria.

  • 7/27/2019 Larcio

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    No centro destes movimentos esparsos de destaca o conjunto afamado de Platoe Aristteles.

    O primeiro, - Plato, - se apresenta mais idoso, mais corpulento, mais calvo,

    barba maior e menos cuidada, o dedo apontando para o alto, o que sugerealistarem as idias arqutipas.

    O segundo, - Aristteles, - com uma tnica vistosa, aspecto mais jovem, apontapara o cho, porque mais realista.

    30. A fisionomia espiritual de Plato assoma nos seus prprios escritos querevelam um filsofo amador da sabedoria e apreciador do belo.

    Algumas das Cartas no inspiram a mesma elevao de carter. Mas, ao que

    parecem, exatamente aquelas no se apresentam como autnticas.

    Assim tambm algumas informaes desairosas de escritores antigos parecemvir por conta do ardor das disputas.

    Neste sentido pesa a favor de Plato o modo respeitoso com que Aristteles sereferiu ao mestre.

    31. Faleceu Plato aos 80 anos, em meados de 347 a.C. A respeito seconhecem vrias circunstncias."Morreu no ano 13 do reinado de Felipe (da Macednia), como afirma tambmFavorino no 3-o livro de seus Comentrios.

    E Teopompo diz que Filipe o repreendeu alguma vez [frase duvidosa, podendoser entendida inversamente].

    Mironiano escreve em seusFatos parecidos o provrbio Os piolhos de Plato,como se houvesse morrido dessa enfermidade.

    Foi enterrado na Academia, onde havia filosofado por muito tempo, da qual veioo nome da escola platnica. Celebraram seus funerais todos os que alihabitavam" (D. L., III, 40-41).

    Sobre sua morte escreveu Ccero:

    "Scribens est mortuus" (= morreu escrevendo) (Cato, 5).

    A expresso de Ccero vaga, e pode significar simplesmente que se ocupou ato final da vida com suas obras literrias, e no enquanto estivesse em exercciomecnico de escrever.

  • 7/27/2019 Larcio

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    Por um modesto testamento, transcrito tambm por Digenes Larcio (D. L., III,41), entregava dois terrenos e alguns objetos de ouro e prata a seu filhoAdimanto.

    Dava liberdade a seu escravo [ou servo] Artemis e entregava a Adimanto os

    outro quatro.

    Declarava ainda que no devia nada a ningum.

    Sobre seu sepulcro, disse Digenes Larcio, que se gravaram diversos epitfios.No primeiro, se advertido para o nome Aristcles (pois Plato era apenas umaapelido) e o qualificativo de divino, que recorda a crena sobre sua origem porobra de Deus Apolo:

    "Aqui jaz o divino Aristcles,

    Que em prudncia e justia,

    Soube exceder a todos os mortais.

    Se a sabedoria eleva a algum,

    As suas alturas este as conseguiu.

    A inveja em nada lhe empanou a glria".