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LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO 1.1 Conceito e Classificação As lagoas de estabilização são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaeróbica) e/ou redução fotossintética das algas. De acordo com a forma predominante pela qual se dá a estabilização da matéria orgânica a ser tratada, as lagoas costumam ser classificadas em: P Anaeróbias: nas quais predominam processos de fermentação anaeróbia; imediatamente abaixo da superfície não existe oxigênio dissolvido; P Facultativas: nas quais ocorrem, simultaneamente, processos de fermentação anaeróbia, oxidação aeróbia e redução fotossintética; uma zona anaeróbia de atividade bêntica é sobreposta por uma zona aeróbia de atividade biológica, próxima à superfície; P Estritamente aeróbias: nas quais se chega a um equilíbrio da oxidação e da fotossíntese para garantir condições aeróbias em todo o meio; é comum chamar-se de aeróbias as lagoas facultativas, embora não seja correto; P Maturação: usadas como refinamento do tratamento prévio por lagoas, ou outro processo biológico; reduz bactérias, sólidos em suspensão, nutrientes e uma parcela negligenciável da DBO; P Aeradas: nas quais se introduz oxigênio no meio líquido através de um sistema mecanizado de aeração; as lagoas aeradas podem ser estritamente aeradas ou facultativas. As lagoas aeradas devem ser seguidas de uma lagoa de decantação; e P Com macrófitas: usadas como polimento final de um tratamento por lagoas, com objetivo de reduzir nutrientes, sólidos em suspensão e a DBO remanescente. Várias experiências práticas indicam também a redução de metais. Este tipo de lagoa requer manutenção (corte regular das plantas, secagem e destino final), e as áreas sombreadas incentivam a proliferação de moscas e mosquitos, razões pelas quais não é recomendável. Na verdade, as lagoas de estabilização são lagoas, quer naturais ou artificiais, em que prevalecem condições técnicas adequadas aos fenômenos físicos, químicos e biológicos que caracterizam a autodepuração. A matéria orgânica é estabilizada principalmente pela ação das bactérias, embora alguns fungos e protozoários também participem do processo. As bactérias produzem ácidos orgânicos, sob condições anaeróbias, ou CO 2 e água sob condições aeróbias. Uma vez que a DBO do efluente tratado é menor nos casos em que o produto final do metabolismo é CO 2 e água, dá-se preferência à realização do processo sob condições aeróbias;

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LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

1.1 Conceito e Classificação

As lagoas de estabilização são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da

matéria orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação

anaeróbica) e/ou redução fotossintética das algas.

De acordo com a forma predominante pela qual se dá a estabilização da matéria orgânica a

ser tratada, as lagoas costumam ser classificadas em:

P Anaeróbias: nas quais predominam processos de fermentação anaeróbia; imediatamente

abaixo da superfície não existe oxigênio dissolvido;

P Facultativas: nas quais ocorrem, simultaneamente, processos de fermentação anaeróbia,

oxidação aeróbia e redução fotossintética; uma zona anaeróbia de atividade bêntica é

sobreposta por uma zona aeróbia de atividade biológica, próxima à superfície;

P Estritamente aeróbias: nas quais se chega a um equilíbrio da oxidação e da fotossíntese

para garantir condições aeróbias em todo o meio; é comum chamar-se de aeróbias as lagoas

facultativas, embora não seja correto;

P Maturação: usadas como refinamento do tratamento prévio por lagoas, ou outro

processo biológico; reduz bactérias, sólidos em suspensão, nutrientes e uma parcela

negligenciável da DBO;

P Aeradas: nas quais se introduz oxigênio no meio líquido através de um sistema

mecanizado de aeração; as lagoas aeradas podem ser estritamente aeradas ou facultativas. As

lagoas aeradas devem ser seguidas de uma lagoa de decantação; e

P Com macrófitas: usadas como polimento final de um tratamento por lagoas, com

objetivo de reduzir nutrientes, sólidos em suspensão e a DBO remanescente. Várias

experiências práticas indicam também a redução de metais. Este tipo de lagoa requer

manutenção (corte regular das plantas, secagem e destino final), e as áreas sombreadas

incent ivam a proliferação de moscas e mosquitos, razões pelas quais não é recomendável.

Na verdade, as lagoas de estabilização são lagoas, quer naturais ou artificiais, em que

prevalecem condições técnicas adequadas aos fenômenos físicos, químicos e biológicos que

caracterizam a autodepuração. A matéria orgânica é estabilizada principalmente pela ação das

bactérias, embora alguns fungos e protozoários também participem do processo. As bactérias

produzem ácidos orgânicos, sob condições anaeróbias, ou CO2 e água sob condições aeróbias.

Uma vez que a DBO do efluente tratado é menor nos casos em que o produto final do

metabolismo é CO2 e água, dá-se preferência à realização do processo sob condições aeróbias;

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além desta razão, a produção de gases mal-cheirosos nos processos anaeróbios, faz com que a

oxidação aeróbia tenha preferência em geral, pelo menos nas localidades em que aqueles

inconvenientes poderiam ser prejudiciais a uma população eventualmente próxima.

1.2. Eficiência e aplicabilidade das lagoas

As lagoas apresentam excelente eficiência de tratamento. A matéria orgânica

dissolvida no efluente das lagoas é bastante estável, e a DBO geralmente encontra-se numa

faixa de 30 a 50 mg/l, nas lagoas facultativas (havendo uma separação de algas, esta

concentração pode reduzir-se para 15 a 30 mg/l). Nem sempre, porém o objetivo será a

remoção da DBO ou da DQO – interessará muitas vezes a remoção de organismos coliformes,

e tem-se alcançado até 99,9999% de eficiência em lagoas de maturação em série.

Modernamente se aceita que as lagoas devem cumprir dois objetivos principais: a proteção

ambiental, e nesse caso tem-se em vista principalmente a remoção da DBO; e a proteção da

saúde pública, e aí se visa a remoção de organismos patogênicos.

As lagoas de estabilização têm hoje outro campo importante de aplicação: preparar o

efluente para uso em agricultura ou aguacultura. Portanto se o projeto não for criterioso, se

deixar de existir equilíbrio entre as condições locais e as cargas poluidoras, os inconvenientes

dos demais processos aparecem: exalação de mau cheiro, estética desfavorável, DBO elevada,

coliformes fecais em excesso, mosquitos, etc. Por outro lado, como as lagoas abrangem em

geral áreas extensas, as conseqüências exteriores de um mau projeto ou má operação podem

atingir uma grande comunidade, ao invés do que ocorre em uma estação de tratamento, com

efeito localizado.

1.3. Lagoas Anaeróbias

Nas lagoas anaeróbias a estabilização ocorre sem o concurso do oxigênio dissolvido:

são os fenômenos de digestão ácida e fermentação metânica que tomam parte no processo. Na

verdade tudo se passa como num digestor anaeróbio ou numa fossa séptica.

1.3.1. Princípios de funcionamento

A fermentação anaeróbia é um processo seqüencial. Primeiramente microrganismos

facultativos, na ausência de oxigênio dissolvido, transformam compostos orgânicos

complexos em substâncias e compostos mais simples, principalmente ácidos orgânicos. É a

fase chamada de “digestão ácida”, de produção de material celular (síntese0 e compostos

intermediários mal cheirosos (gás sulfídrico, mercaptanas); o pH abaixa para 6, até 5. Em

seguida as bactérias formadoras de metano (estritamente anaeróbias) transformam os ácidos

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orgânicos formados na fase inicial em metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2); é a fase

chamada de “fermentação metânica ou alcalina”, quando o pH sobe para até 7,2 ou 7,5, os

maus odores desaparecem, havendo formação de escuma, de cor cinzenta e aspecto feio. Na

fermentação metânica a temperatura deve manter-se acima de 15°C.

A transformação dos ácidos voláteis pelas bactérias formadoras do metano determina

uma sensível redução na matéria biodegradável, representada pela DBO ou DQO, sendo a

quantidade de matéria orgânica estabilizada nesta fase diretamente proporcional à quantidade

de metano produzido. A crosta de escuma cinzenta escura, típica das lagoas anaeróbias, é

extremamente benéfica, pois impede o desprendimento deste gás sulfídrico para a atmosfera,

onde certamente iria causar problemas de odor. Em concentrações entre 50 e 100 mg/l os

sulfetos são bem tolerados, e têm a propriedade de reagir com íons de metais pesados

solúveis, para formar um precipitado que é praticamente insolúvel em pH próximo ao neutro.

Esta propriedade é na verdade uma forma interessante de remoção de metais pesados em

alguns despejos industriais.

A crosta de escuma já referida é formada por sólidos flutuantes e lodo que alcança a

superfície, e apresenta outras vantagens, além de impedir a saída do gás sulfídrico para a

atmosfera:

P Se interpõe à penetração da luz solar na lagoa, impedindo assim o desenvolvimento

de algas, que produziriam oxigênio na camada superior;

P Protege a lagoa contra curto-circuito, agitação provocada pelos ventos, e

transferência de oxigênio da atmosfera, mantendo assim condições no fundo mais adequadas a

metanização (completa ausência de oxigênio dissolvido e temperatura estável); e

P Conserva e uniformiza a temperatura no meio líquido, impedindo sua alteração por

súbita modificação no meio externo. A crosta superficial impede também o ma ior

aquecimento da superfície líquida da lagoa durante o dia, e o rápido esfriamento durante a

noite, o que ocasionaria mistura vertical no meio líquido.

1.3.2. Critérios de dimensionamento

Uma lagoa anaeróbia criteriosamente projetada poderá operar livre de maus odores,

oferecendo uma redução de DBO na faixa de 50 até 60%. Entre os parâmetros principais a

serem observados no seu dimensionamento deve-se ressaltar:

P O tempo de detenção hidráulico: deve ser suficiente para a sedimentação de sólidos

e para a degradação anaeróbia da matéria orgânica solúvel.

P A taxa de aplicação de carga orgânica:

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P A profundidade: a razão mais importante para adotar-se uma profundidade maior

será talvez a proteção das bactérias formadoras do metano a eventuais mudanças climáticas e

de temperatura, uma vez que a lagoa mais profunda retém mais calor, fundamental no

processo de digestão. O risco da lagoa ser muito profunda é possuir uma estratificação térmica

que baixe muito a temperatura no fundo, vindo a diminuir a produtividade da digestão.

P Distribuição uniforme do esgoto afluente;

1.4. Lagoas Facultativas

A lagoa facultativa se caracteriza por possuir uma zona aeróbia superior, em que os

mecanismos de estabilização da matéria orgânica são a oxidação aeróbia e a redução

fotossintética, e uma zona anaeróbia na camada de fundo, onde ocorrem os fenômenos típicos

da fermentação anaeróbia. A camada intermediária entre essas duas zonas é dita facultativa,

predominando os processos de oxigenação aeróbia e fotossintética.

A lagoa facultativa pode ser projetada para operar como uma única unidade; ou em

seqüência a uma lagoa anaeróbia, aerada, ou mesmo após uma estação de tratamento. No

primeiro caso costuma ser chamada de lagoa “primária”, e nos demais “secundária”. Algumas

vezes pode também anteceder uma série de lagoas de polimento ou maturação.

1.4.1. Princípios de funcionamento

Na lagoa facultativa todo o processo ocorre como um ciclo natural e contínuo. As

principais reações biológicas incluem:

P Oxidação da matéria orgânica carbonácea pelas bactérias;

P Nitrificação da matéria orgânica nitrogenada pelas bactérias;

P Oxigenação da camada superior da lagoa através da fotossíntese das algas;

P Redução da matéria orgânica carbonácea por bactérias anaeróbias no fundo da

lagoa.

Na maior parte da lagoa, e principalmente na camada superior, onde os processos de

oxidação aeróbia e redução fotossintética ocorrem, os fenômenos seguintes são encontrados:

P A matéria orgânica é sintetizada pelas bactérias, convertida em matéria celular, CO2

e água, na presença de oxigênio dissolvido. Parte do carbono serve como fonte de energia

para os organismos, e é respirado como CO2; parte é utilizado com o nitrogênio e o fósforo

para formar novas células.

P As algas são as responsáveis pela produção da maior parte do oxigênio dissolvido

na lagoa. As algas se localizam preferencialmente na camada superior, normalmente com 15 a

40 cm de profundidade. Durante o dia estão produzindo oxigênio e à noite, passa, a consumir.

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Explica-se assim a variação de OD ao longo do dia, e sua menor concentração no período

noturno. Há diferentes tipos de algas nas lagoas. As algas verdes que indicam boas condições

da lagoa e as algas azuis-verdes, filalentosas, típicas de situações com pH baixo e pouco

nutriente nos esgotos.

Algumas observações características podem ser apresentadas em relação ao

carregamento da lagoa:

P A população microbiana é muito maior próximo à entrada da lagoa, diminuindo em

relação à saída, mas inversamente o número de espécies aumenta com o grau de tratamento.

P Em lagoas de polimento com muito baixa taxa de aplicação de carga orgânica, é

possível o aparecimento de vários protozoários usando as bactérias e algas como alimento.

P O super carregamento de uma lagoa promove um rápido desenvo lvimento de

bactérias e algas, que exercem uma demanda de oxigênio nem sempre suportada pela ação

fotossintética das algas ou pela transferência pelo vento. Tal fenômeno pode resultar em

morte das algas, gerando uma depleção de oxigênio. Eventualmente toda a lagoa poderá se

tornar anaeróbia.

Uma preocupação constante é a perda de algas com o efluente, contribuindo para o aumento

da concentração de sólidos e da DBO.

1.4.2. Fatores que interferem no processo

As condições hidráulicas e biológicas que tomam parte no processo de depuração nas

lagoas podem ser afetadas por uma série de fatores. Alguns destes são facilmente controláveis

ou adaptáveis ao projeto; outros são por sua própria natureza incontroláveis, e deverão ser

considerados de forma criteriosa, de modo que sua interferência seja desprezível; ou mesmo

benéfica, aos equilíbrios hidráulicos e biológicos, previamente estabelecidos no projeto.

1.4.2.1. Fatores incontroláveis

Sobre estes fatores praticamente não se pode exercer qualquer ação visando modificá-

los:

P Evaporação: pode alterar a concentração de sólidos, da matéria orgânica e dos

elementos presentes, podendo haver modificações no equilíbrio biológico, ou mesmo no

equilíbrio hidráulico. Para projeto deve-se conhecer a evaporação média.

P Precipitação pluviométrica: as chuvas, dependendo da intensidade e duração

poderão provocar uma diluição desfavorável ao processo. Portanto deve-se conhecer a

precipitação média.

P Temperatura: a eficiência da lagoa é dependente da temperatura. Na camada

anaeróbia de fundo o limite inferior é15°C, isto é, em temperatura abaixo deste valor as

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bactérias anaeróbias têm pouca atividade. Nas zonas aeróbia e facultativa a faixa aplicável é

de 5 a 35°C.

P Ventos: têm importância para as lagoas na medida em que favorecem a

homogeneização da massa líquida e a formação de ondas; contribuem para uniformizar a

distribuição do oxigênio dissolvido e aumentam a superfície de contato das partículas de água

com a atmosfera, com conseqüente aumento da eficiência de transferênc ia de oxigênio; são

benéficos também para transportar as algas imóveis para zonas mais fundas na lagoa. Usa-se

posicionar o maior comprimento da lagoa na direção dos ventos dominantes, favorecendo o

escoamento.

P Nuvens: interferem como elemento capaz de se interpor à passagem da radiação

solar e diminuir a intensidade luminosa;

P Radiação solar: influi diretamente sobre a velocidade da fotossíntese.

1.4.2.2. Fatores controláveis

P Tipo de esgoto: os projetos de lagoas para esgotos industriais devem levar em conta

as características de tratabilidade dos despejos, e não devem, absolutamente, apresentar

substâncias tóxicas;

P Vazão afluente: deve-se conhecer a variação de vazão esperada, particularmente se

a

lagoa é precedida por pré-tratamento. Nos casos normais a lagoa será dimensionada para a

vazão média, uma vez que o período de detenção é longo, e os picos de vazão são facilmente

absorvidos.

P Concentração da DBO ou DQO:

P Concentração de sólidos: gradeamento é sempre recomendado antes das lagoas, mas

desarenação somente quando as características do esgoto assim o indicarem (salvo nas lagoas

aeradas, que devem ser sempre precedidas de caixas de areia).

P Concentração de nutrientes: adequada decomposição biológica

P Toxicidade: substâncias tóxicas impedem o desenvolvimento dos organismos

responsáveis pela decomposição biológica, e não devem ser admitidas no afluente.

P Substâncias com cor: interferem na passagem da luz solar.

Em relação às características do terreno:

P Lençol subterrâneo: deve-se conhecer a profundidade média do lençol, a

permeabilidade da formação do solo, que podem influir no equilíbrio hidráulico da lagoa;

P Taxa de percolação do terreno: favorecerá ou não a infiltração, que deve ser

minimizada.

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P Características do solo local: facilidade de escavação de aterros, características

típicas de mecânica dos solos de interesse para a construção;

P Características topográficas: favorecem ou não a construção e arranjo das lagoas;

P Custo do terreno: poderá favorecer a construção de um ou outro tipo de lagoa mais

conveniente.

Em relação aos demais fatores inicialmente mencionados:

P Inundações: cotas de enchentes são um fator limitante no projeto das lagoas;

P Localização dos cursos dágua: o efluente deve alcançar um rio o mais rápido e

próximo possível, a fim de evitar maiores custos de transporte.

P Uso da água e capacidade de depuração do corpo receptor: a aceitação de um maior

ou menor grau de poluição pelo corpo receptor e o uso previsto para suas águas poderão

determinar a escolha de um ou outro tipo de lagoa, de acordo com sua eficiência típica;

P Legislação: resoluções federais definirão o grau de tratamento necessário;

P Existência e interferência de comunidade: onde eventuais problemas de vizinhança,

possibilidade de odores ou insetos, possam afetar a escolha do processo.

P Assoreamento e acumulação de lodo no fundo: estes dois fenômenos estão

associados à maior ou menor concentração de sólidos no esgoto, e à prática de desarenação

prévia.

1.4.2.3. Parâmetros de interesse

Os principais parâmetros de interesse no projeto das lagoas são de natureza física e de

carga orgânica.

Entre os parâmetros da natureza física sobressaem:

P Área superficial: representa a área sujeita à iluminação e à ação do vento. O formato

da lagoa deve ser preferivelmente retangular, obedecendo, às peculiaridades topográficas em

relação à compensação de volumes de corte e aterro. Recomenda-se superfícies com

comprimento longo, favorecendo a dispersão e o escoamento hidráulico, com a direção e o

sentido do vento dominante. A superfície de uma lagoa facultativa deve ser inferior a 15 há.

P Profundidade: nas lagoas facultativas está na faixa de 1,20 a 2,00 m; os valores

maiores sendo mais recomendados.

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TAXAS DE APLICAÇÃO E TEMPOS DE DETENÇÃO EM LAGOAS FACULTATIVAS

Taxa de aplicação, Kg.DBO/há.d

População equivalente.ha

Tempo de detenção (dias)

Condições locais

< 10 < 200 > 200 Regiões muito frias, com coberturas esporádicas de gelo, temperatura baixa, cobertura variável de nuvens.

10-50 200-1000 200-100 Clima frio com coberturas de gelo sazonais e temperaturas de verão temperadas, por pequenos períodos.

50-150 1000-3000 100-33 Regiões temperadas a semi-tropicais, cobertura de gelo ocasional, sem cobertura de nuvens prolongadas.

100-350 3000-7000 33-17 Regiões tropicais, sol e temperatura uniformemente distribuídos, sem coberturas de nuvem sazonais.

A profundidade mínima deve ser 1,50 m, e nas secundárias 1,20m.

P Equilíbrio hidráulico:

P Tempo de detenção: tem variado de acordo com a taxa de aplicação de carga

orgânica adotada, a vazão afluente, e o volume da lagoa.

1.5. Lagoas de Maturação

As lagoas de maturação são usadas ao final de um sistema clássico de lagoas de

estabilização, e através delas almeja-se a melhoria da qualidade do efluente anteriormente

tratado, pela redução de organismos patogênicos, e particularmente coliformes fecais.

Consideram aspectos de proteção da saúde pública, buscando-se a diminuição da

concentração de bactérias, vírus, parasitos, nos corpos dágua, e a conseqüente redução das

doenças de veiculação hídrica. Este é um enfoque recente já difundido na América Latina, que

considera que a redução da DBO nas lagoas cumpre um papel de proteção ambiental,

enquanto a redução de organismos patogênicos visa a proteção da saúde pública.

1.5.1. Princípios de Funcionamento

Entre as principais doenças de veiculação hídrica pode-se relacionar a febre tifóide,

febre paratifóide, desinterias amebiana e bacilar, cólera, hepatite, esquistossomose, etc. A

probabilidade de se contrair uma dessas doenças varia com a concentração dos respectivos

agentes transmissores, microrganismos na água e nos alimentos.

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1.6. Inspeção Diária

É obrigação diária do operador a percorrer o perímetro da lagoa observando e

anotando em boletim diário apropriado, as principais ocorrências existentes. Além dessas

observações, o operador deverá observar as condições meteorológicas, anotando:

P Temperatura do ar: de preferência deverá ser tomada no mesmo horário, todos os

dias. Estes dados permitirão saber as variações mensais da temperatura e também calcular de

maneira aproximada à temperatura média mensal do ar.

P Temperatura do esgoto: é um fator que influencia as reações bioquímicas que se

passam no seio da massa líquida.

P Condições do céu: as condições a serem anotadas poderão ser classificadas em:

- Céu coberto: a maior parte do céu está coberto de nuvens não deixando os

raios de sol aparecerem livremente.

- Céu nebuloso: nuvens escuras e com a claridade bastante reduzida, é

normalmente chamado de dia cinzento.

- Céu claro: não existem nuvens, o céu está bastante azul e o sol é bastante

forte.

As anotações das condições do céu deverão ser efetuadas todos os dias no mesmo

horário.

P Direção predominante dos ventos: é indicada pelo ponto do horizonte, de onde vem

o vento. Cada um destes principais pontos será indicado pela letra inicial da direção

predominante: norte(N), sul(S), leste(L), oeste (O).

P Intensidade dos ventos: pode ser estimada através de uma escala simplificada, à

qual se poderá atribuir as condições de vento: ausente, muito fraco, moderado (quando se

inicia a formação de ondas na lagoa), forte, muito forte.

1.6.1. Aspectos gerais nas Lagoas Anaeróbias

Os seguintes aspectos são normalmente encontrados nas lagoas anaeróbia:

P Uma lagoa anaeróbia não deverá possuir oxigênio dissolvido presente na massa

líquida;

P Muitas vezes, devido à inclinação do talude e à pequena profundidade no encontro

da água de superfície com o terreno, poderão aparecer manchas verdes, indicando o

aparecimento de colônias de algas. Essas manchas verdes deverão ser removidas;

P Não deverá existir vegetais no talude interno das lagoas. Capim e mato deverão ser

periodicamente cortados, pois assim se evitará o aparecimento de insetos.

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P A tubulação de entrada do esgoto na lagoa, quando é submersa deverá

periodicamente ser limpa, usando vara ou arame de aço.

P Havendo vazamento de água através dos taludes, isso deverá ser corrigido com

aplicação de argila bem compactada nos pontos de vazamento.

P Uma lagoa anaeróbia bem operada estará coberta inteiramente com uma densa capa

de escuma, contendo óleos, plásticos e uma série de materiais flutuantes. Essa ajuda a manter

as condições anaeróbias, ao mesmo tempo que dificulta o desprendimento de maus odores.

P Normalmente uma lagoa anaeróbia é seguida por uma lagoa facultativa. Periódicas

inspeções deverão ser feitas para verificar se não está havendo passagem de material flutuante

para a lagoa facultativa.

P Periodicamente poderão ser feitas determinações em amostras do lodo depositado

no fundo da lagoa para verificar se o mesmo está bem digerido. As seguintes análises deverão

ser executadas no lodo: pH, alcalinidade total, acidez volátil, sólidos (totais, voláteis, fixos).

1.6.2. Aspectos gerais nas Lagoas Facultativas

Uma lagoa facultativa bem operada possuirá oxigênio dissolvido em toda a massa

líquida atingida pela radiação luminosa.

O efluente de uma lagoa facultativa bem operada possuirá uma cor verde intensa,

parcialmente transparente, e não deverá possuir sólidos em suspensão sedimentáveis. Quando

o efluente está com uma aparência verde claro ou mesmo amarelado, significa uma

predominância de rotíferos e crustáceos sobre as algas, uma vez que os mesmos se alimentam

das algas. Se a cor de uma lagoa facultativa mudar do verde para o cinza-claro, significa que

está havendo uma sobrecarga de esgoto na lagoa. Neste caso (se possível), deverá ser

colocada em marcha uma segunda lagoa em paralelo com a primeira, sendo esta retirada

temporariamente de operação, até que se recupere. Em alguns casos, principalmente no verão,

com a elevação excessiva da temperatura, havendo concomitância da elevação do pH,

ocorrerá a formação de hidróxido de magnésio e sulfato de cálcio que se precipitam. É o

fenômeno de autofloculação e que leva a lagoa facultativa a ficar com uma cor verde leitosa.

1.6.3.

Sintomas A: Odores desagradáveis

P Causas:

- Sobrecarga de esgotos com conseqüente diminuição do tempo de detenção;

- Presença de substâncias tóxicas no esgoto;

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- Queda brusca nas temperaturas de esgotos.

P Prevenção e recuperação:

- Se existir uma lagoa facultativa após a lagoa anaeróbia, a medida mais fácil

pra reduzir os maus odores é recircular o líquido da lagoa facultativa para a

entrada do esgoto na lagoa anaeróbia, na seguinte proporção: vazão de

recirculação da lagoa facultativa igual a 1/6 da vazão afluente à lagoa

anaeróbia;

- Quimicamente poderá se reduzir os maus odores adicionando-se porções de

nitrato de sódio em vários pontos da lagoa anaeróbia;

- A adição de cal, 120g de cal para cada 10m3 do volume da lagoa, poderá

também elevar o pH do esgoto e, conseqüentemente, cessar a fase de

fermentação ácida responsável pela produção de gás sulfídrico;

- A adição de cloro deve ser evitada, uma vez que, embora cause

rapidamente o desaparecimento dos maus odores, causará problemas

posteriores para reinício das atividades biológicas necessárias ao

tratamento;

- Como medida paliativa, na ausência de todos esses recursos, poderá ser

lançado, sobre a superfície da lagoa, óleo queimado, que formará sobre o

líquido, uma cobertura protetora, diminuindo a área de desprendimento dos

gases.

Sintomas B: Proliferação de insetos.

O aparecimento de moscas e insetos junto às lagoas indica problemas operacionais.

P Causa:

- Material gradeado ou areia removida (caso existam as unidades grades de

barras e caixas de areia) não enterradas convenientemente ou mesmo

deixados expostos em algum ponto da área externa da lagoa;

- Crescimento de vegetais no talude interno da lagoa, na parte em que o nível

de água está em contato com o talude;

- A origem de grandes quantidades de moscas poderá também ser

proveniente da película da escuma e óleo sempre presente nas lagoas

anaeróbias, bem como sua disposição inadequada, quando removida.

P Prevenção e Recuperação:

- Havendo grade ou caixa de areia junto à lagoa, o material removido deverá

ser aterrado em valas previamente abertas para este fim. Para maior

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segurança, poderá ser lançado querosene sobre o material gradeado, e a

seguir, com o cuidado devido, pode-se atar fogo, para logo em seguida

cobrir com terra, nivelando o terreno;

- Os vegetais deverão ser cortados tão logo ocorra o aparecimento dos

mesmos. Todo cuidado deverá ser dado para que os vegetais removidos não

venham a cair na massa líquida;

- Quando ocorrer moscas junto às lagoas anaeróbias, é sempre conveniente

revolver, com o auxílio de um rastelo ou jato de água, a camada de material

flutuante que cobre as lagoas anaeróbias. Uma outra operação que poderá

ser executada é aplicar, somente sobre a camada de escuma, algum

pesticida ou inseticida em quantidades adequadas de modo a não prejudicar

o funcionamento normal da lagoa.

Sintoma C: Crescimento de vegetais.

P Causas: deve-se diferenciar vegetais aquáticos de vegetais terrestres. Os vegetais

aquáticos são aqueles que aparecem no talude interno das lagoas anaeróbias e que vêm

sempre associados a um ciclo de problemas, ou seja: vegetais → insetos e larvas → ratos →

cobras. Estes vegetais se não forem removidos, poderão prejudicar seriamente até mesmo a

segurança dos taludes, uma vez que com a presença de insetos e aparecimento de ratos, esses

problemas de vazamento e erosão dos mesmos.

P Prevenção e Recuperação

- Para vegetais aquáticos, o melhor corretivo é a remoção total dos mesmos,

evitando nessa operação que os mesmos caiam dentro da lagoa;

- Para vegetais terrestres, isto é, arbustos, ervas, capins que crescem

externamente ao talude, poderá ser aplicado algum produto químico (por

exemplo, arsenito de sódio na proporção de 20 g/m2) o que eliminará, por

cerca de 3 anos, novos aparecimentos dessas ervas;

- Poderá ser usada a tradicional capina do terreno.

1.6.4. Principais perturbações operacionais nas lagoas facultativas

Sintoma A: Escuma.

A superfície líquida de uma lagoa de estabilização facultativa deve estar isenta de

escumas, óleos, graxas, plásticos, pedaços de papel ou qualquer material que impeça a livre

passagem dos raios luminosos através da massa líquida.

P Causas:

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- Pode ocorrer nas lagoas facultativas um super florescimento de algas que

chega a formar uma verdadeira nata esverdeada sobre a superfície líquida;

- Lançamento de material estranho na lagoa (lixo).

P Prevenção e Recuperação:

- A nata, que prejudica o processo, impede a passagem da luz, e pela ação

dos ventos se desloca para os cantos da lagoa, deverá ser quebrada com

jatos de água ou mesmo ser destruída com auxílio de um rastelo;

- Poderá, se houver disponibilidade, ser também removida por uma peneira

de pano e deverá ser enterrada;

- A escuma de algas, se não for destruída ou removida, produzirá odores

desagradáveis na lagoa devido à morte dessas algas;

- Um outro tipo de escuma que poderá surgir nas lagoas facultativas,

principalmente se essas são muito rasas e a temperatura da água é muito

elevada, são as cascas de lodo que se desprendem do fundo e vêm flutuar

na superfície. Essas cascas de lodo deverão também ser desagregadas ou

removidas de imediato.

Sintoma B: odores desagradáveis

P Causas:

- Sobrecarga de esgotos;

- Longos períodos com tempo nublado e temperatura baixa;

- Presença de substâncias tóxicas nos esgotos;

- Formação de correntes preferenciais provocando curto-circuito;

- Presença de massas flutuantes de algas na superfície líquida.

P Prevenção e Recuperação:

a) Sobrecarga de esgotos: A sobrecarga em uma lagoa de estabilização facultativa

está sempre acompanhada de abaixamento de pH, queda do nível de oxigênio,

mudança de cor do efluente, aparecimento de zonas cinzentas junto à alimentação

do efluente e surgimento de odores ofensivos.

Recomenda-se:

- No caso de existirem duas células facultativas, aquela que apresenta o

problema deverá ser retirada de operação até que se recupere, enquanto se

coloca em operação paralela a segunda célula;

- Caso exista uma única célula, se poderá, através de uso de bombas e o

mangotes, fazer a recirculação do efluente na proporção de 1:6;

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- Havendo aeradores superficiais flutuantes, poderão também ser instalados

para corrigir o problema da sobrecarga;

- Deverá ser inspecionada a tubulação de entrada, e no caso de ser uma única

lagoa, esta tubulação única poderá ser distribuída em entradas múltiplas

com a execução de pequenas obras, para se efetuar uma melhor distribuição

do esgoto afluente, evitando-se com isso problemas de curto-circuito ou

caminhamentos preferenciais do efluente.

b) Longos períodos com tempo nublado e temperatura baixa: Neste caso, a produção

de oxigênio será bastante afetada, chegando-se a ter OD igual a zero nos períodos

noturnos.

Recomenda-se:

- Diminuir a altura da lâmina dágua e colocar em operação paralela uma

segunda célula facultativa;

- Instalar os aeradores superficiais junto à entrada do efluente de maneira a

completar, com aeração, a produção de oxigênio pelas algas.

c) Presença de substâncias tóxicas nos esgotos: Quando uma lagoa facultativa se

encontra em operação normal e repentinamente nela passam a ocorrer condições

anaeróbias, deve-se solicitar ao laboratório central da companhia, a realização de

uma análise físico-química completa do afluente à lagoa. Os resultados poderão

indicar altos teores de substâncias tóxicas provenientes de lançamentos de resíduos

industriais.

Recomenda-se:

- Colocar uma segunda lagoa em operação paralela, isolando a primeira

lagoa;

- Instalar aeradores superficiais na segunda lagoa que entrou em operação;

- Percorrer o emissário e a rede local junto às industrias que se localizam na

bacia contribuinte, verificando, através de análises físico-químicas, as

concentrações destes esgotos industriais. Caso seja comprovada altas

concentrações, além dos limites permissíveis, deverá ser acionado o

responsável para as providências cabíveis dentro da legislação vigente.

d) Formação de correntes preferenciais, provocando curto-circuito: A formação de

correntes preferenciais internamente à massa líquida das lagoas facultativas quase

sempre está associada a uma má distribuição do afluente em relação à forma

geométrica da lagoa, ou à presença de vegetais aquáticos no interior da lagoa. A

Page 15: LAGOASDEESTABILIZACAO

indicação de que está havendo correntes preferenciais poderá ser verificada pela

determinação de oxigênio dissolvido em vários pontos da lagoa.

Recomenda-se:

- Em caso de entrada múltiplas de afluente, regularizar a distribuição

uniforme das mesmas;

- Em caso de entrada única de esgotos, efetuar pequena obra de melhoria,

ampliando o número de entradas com as vazões igualadas em cada uma das

entradas. Ocorrendo aparecimento de vegetais aquático, esses deverão ser

cortados e removidos.

e) Presença de massas flutuantes de algas na superfície líquida: A superfloração de

algas que ocorre numa lagoa facultativa impedirá a passagem dos raios luminosos

e causará problemas de maus odores com a morte dessas algas. Essa massa de

algas que constitui uma verdadeira escuma flutuante deverá ser removida.

Recomenda-se:

- Jateamento com mangueira de águas;

- Destruição através de rastelo;

- Remoção da escuma através de peneiras.

Sintoma C: Proliferação de insetos

P Causas: A produção de mosquitos nas lagoas de estabilização está diretamente

ligada à presença de vegetais nas margens internas dos taludes da lagoa.

P Prevenção e Recuperação:

- Controlando-se ao nível de operação, poderá ser reduzido o N.A. da lagoa,

de tal modo que as larvas que se encontravam presas aos vegetais junto aos

taludes desaparecerão quando esta área secar. A oscilação alternada e

periódica do N.A. da lagoa é uma operação que evita o aparecimento de

larvas diversas;

- Em casos de grandes quantidades de moscas, poderão ser aplicados

produtos químicos nos taludes internos. A destruição das escumas também

previne o aparecimento de moscas;

- Evita-se, a um custo mais elevado, o problema de crescimento de vegetais

no N.A. da lagoa, com a construção de entroncamentos de pedra no interior

da lagoa, ou aplicação de concreto magro, camada asfáltica, de modo a

manter o contato da água sempre com uma camada sólida, e não com o

terreno. Além de prevenir o crescimento de vegetais e o aparecimento de

Page 16: LAGOASDEESTABILIZACAO

insetos, essa medida protege o talude contra a erosão provocada pela ação

dos ventos;

- Os insetos sempre atraem pássaros, rãs e, conseqüentemente, torna-se um

convite para a presença de garotos nas áreas das lagoas. Mais uma razão

para se evitar o aparecimento dos mesmos;

- A colocação de peixes nas lagoas de estabilização (carpas, tilápias,

gambusia) também combate o crescimento de insetos nas áreas das lagoas.

Sintoma D: Vegetação

P Causas: A vegetação interna em uma lagoa de estabilização facultativa ocorre

quando se tem um baixo nível operacional da lagoa (menor que 60 cm). Este nível

operacional pode ser devido à infiltração ou à pequena contribuição de esgotos. Nas lagoas

com nível operacional acima de 90 cm, dificilmente aparecerá vegetação no fundo da lagoa.

Poderá ocorrer a presença dos mesmos no talude interno, em contato com o líquido.

Associados aos vegetais estarão presentes larvas de insetos, moscas, mosquitos, rãs,

ratos, pássaros e crianças.

P Prevenção e Recuperação:

- Os vegetais nas margens internas deverão ser cortados, evit ando-se que os

mesmos caiam dentro da lagoa;

- Nos projetos novos, deve-se prever a proteção interna do talude na região

do N.A., com uma camada de concreto magro ou material equivalente;

- Os vegetais que crescem no interior da lagoa deverão ser removidos com o

auxílio de canoas ou dragas. Para isso, o nível de água deverá ser reduzido

ao máximo possível, para que se arranque ou se corte estes vegetais em seu

ponto mais inferior;

- Havendo recursos disponíveis na ocasião da construção da lagoa, deverá ser

prevista uma compactação do fundo da lagoa com argila (camada de 10

cm) e a aplicação de herbicida.

1.7. Avaliação do Desempenho

A avaliação do desempenho será feita:

P Para o sistema de tratamento como um todo;

P Para cada uma das lagoas que compõem o tratamento, no caso de lagoas em série.

A avaliação do desempenho levará em conta:

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P Os aspectos quantitativos relativos à vazão e ao período de detenção na lagoa;

P Os aspectos qualitativos relativos às características físicas, químicas e biológicas do

esgoto bruto e tratado;

O desempenho será medido:

P Em unidades absolutas indicadoras da capacidade de tratamento (em termos de

capacidade de vazão, de redução de carga de esgoto, ou de obtenção em um valor final

desejado);

P Em unidades relativas indicadoras de eficiência do tratamento (em termos da

percentagem de remoção da carga do esgoto, ou da redução da carga do esgoto por unidade de

volume ou de área da lagoa).

O desempenho da lagoa ou do sistema de lagoas deverá ser referido, a longo prazo, ao período

de um ano. A curto prazo, ao período de um mês. Os períodos diários não são, isoladamente,

representativos do desempenho, devendo constituir a massa de dados a ser estatisiticamente

interpretada.