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Jornal SBC 101 - Set/Out 2010 6 diretoria Lançada I Diretriz de Cardio-Oncologia A I Diretriz de Cardio-Oncologia, em fase de elaboração, foi lançada no dia 24 de outubro Instituto do Coração, com a presença do ministro da Saúde José Gomes Temporão. A iniciativa, que irá abordar as duas doenças que lideram o índice de mortalidade no Brasil, é uma parceria entre as sociedades brasileiras de Cardiologia e de Oncologia e o Instituto do Câncer de São Paulo. O documento de temática inédita em nível mundial, segundo o coordenador de Normatizações e Diretrizes da SBC, Jadelson Andrade, preenche uma lacuna de informação científica clara e acessível. Está sendo preparado, diz, para orientar os médicos sobre a melhor forma de prevenir, diagnosticar precocemente e tratar as complicações cardiovasculares dos pacientes em tratamento de câncer. “O problema é que a quimioterapia pode afetar o sistema cardiovascular”, justifica. Ele acrescenta que os quimioterápicos modernos melhoraram em muito o tratamento do câncer. “As taxas de cura hoje são elevadas, o que não ocorria no passado”. E, por isso, é necessário identificar as complicações cardiovasculares tardias do tratamento, lembrando que a quimioterapia pode também levar ao agravamento de doenças do coração pré-existentes e que se mantinham estáveis. O problema é que a quimioterapia pode afetar o sistema cardiovascular. Ministro da Saúde José Gomes Temporão (ao lado), na apresentação da nova diretriz que irá abordar temática inédita em nível mundial. Fotos: Sebastião José dos Santos/InCor

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Jornal SBC 101 - Set/Out 20106

diretoria

Lançada I Diretriz de Cardio-OncologiaA I Diretriz de Cardio-Oncologia, em fase de elaboração, foi lançada no dia 24 de outubro Instituto do Coração, com a presença do ministro da Saúde José Gomes Temporão. A iniciativa, que irá abordar as duas doenças que lideram o índice de mortalidade no Brasil, é uma parceria entre as sociedades brasileiras de Cardiologia e de Oncologia e o Instituto do Câncer de São Paulo.

O documento de temática inédita em nível mundial, segundo o coordenador de Normatizações

e Diretrizes da SBC, Jadelson Andrade, preenche uma lacuna de informação científica clara e acessível. Está sendo preparado, diz, para orientar os médicos sobre a melhor forma de prevenir, diagnosticar precocemente e tratar as complicações cardiovasculares dos pacientes em tratamento de câncer.

“O problema é que a quimioterapia pode afetar o sistema cardiovascular”, justifica. Ele acrescenta que os quimioterápicos modernos melhoraram em muito o tratamento do câncer. “As taxas de cura hoje são elevadas, o que não ocorria no passado”. E, por isso, é necessário identificar as complicações cardiovasculares tardias do tratamento, lembrando que a quimioterapia pode também levar ao agravamento de doenças do coração pré-existentes e que se mantinham estáveis.

O problema é que a quimioterapia pode afetar o sistema cardiovascular.

Ministro da Saúde José

Gomes Temporão (ao lado), na apresentação

da nova diretriz que irá abordar

temática inédita em nível

mundial.

Fotos: Sebastião José dos Santos/InCor

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diretoria

EUA interessados na publicação do documento

A iniciativa das sociedades brasileiras de Cardiologia e de Oncologia e do Instituto do Câncer de São Paulo para a elaboração da I Diretriz de Cardio-Oncologia já está repercutindo nos Estados Unidos. O documento também deverá ser publicado lá pela excelência cientifica e pela importância prática entre os médicos norte-americanos.

Palestrante da sessão “Efeitos da Quimioterapia no Coração” no 65º Congresso Brasileiro de Cardiologia, o chefe do serviço de miocardiopatias do MD Anderson Cancer Center, Jean Bernard Durand, demonstrou interesse em participar da I Diretriz de Cardio-Oncologia, visando estabelecer o projeto de sua publicação nos Estados Unidos. Durante sua presença no Brasil, o corpo editorial da nova diretriz, sob a coordenação de Roberto Kalil, Fernando Bacal (presidente do Grupo de Estudos em Insuficiência Cardíaca, recém promovido a departamento) e Paulo Hoff aproveitou a oportunidade para estreitar o contato com o grupo norte-americano, baseado em Houston e especializado no tratamento e na pesquisa do câncer.

A I Diretriz de Cardio-Oncologia irá reunir as mais importantes evidências científicas sobre o assunto e será de significativa importância para uniformização das condutas frente aos efeitos cardiovasculares dos pacientes com câncer submetidos a tratamento quimioterápico.

Sobre o documentoSerá de significativa importância para uniformização das condutas frente aos efeitos cardiovasculares dos pacientes com câncer submetidos a tratamento quimioterápico.

Coordenação editorialRoberto Kalil, Fernando Bacal e Paulo Hoff.

Entidades parceirasSociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Oncologia e Instituto do Câncer de São Paulo.

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diretoria

Educação continuada da SBC para América Latina

Os cardiologistas da América Latina, que enfrentam certa dificuldade para montar programas de alto nível de educação continuada, poderão se beneficiar de um curso intensivo organizado e ministrado por uma força-tarefa da SBC. A equipe brasileira dará aulas teóricas durante três dias, inicialmente, em Quito, levando todo o material de apoio e os participantes farão jus a certificado conjunto da SBC e da Sociedade Equatoriana de Cardiologia.

“O programa está sendo organizado a pedido do presidente da Sociedade Equatoriana e será uma espécie de piloto, pois outros países

também estão interessados”, explica José Antônio Ramires que, com Antonio Felipe Simão, responde pela Coordenação Relações Internacionais da SBC.

Segundo, Ramires, na avaliação do presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães, o Brasil, com sua cardiologia muito avançada e desenvolvida, tem obrigação de ajudar os países irmãos, “que enfrentam problemas semelhantes aos nossos mas que, por terem população menor e, logicamente, menor número de serviços, universidades e cardiologistas, não têm condições de promover a educação continuada do nível de que gostariam”.

Modelo de gestão também é referência

Não é apenas na transmissão do conhecimento profissional que a SBC pode ajudar. De acordo com o coordenador de Relações Internacionais da SBC, José Antônio Ramires a entidade brasileira é exemplo também de organização administrativa, de estrutura, tem um número recorde de associados, imensa experiência na realização de congressos e no uso da comunicação e da informática em benefício dos cardiologistas.

“Esse ‘know-how’ também chama atenção das demais sociedades hispano-americanas”, enfatiza. Elas têm grande admiração pelos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, único periódico cardiológico da América Latina presente em indexadores internacionais. Além disso, há imenso interesse em relação ao sistema de gestão comercial da SBC e na maneira como o Brasil viabiliza congressos de alto custo.

Os projetos em gestação são mais ambiciosos ainda, dizem os coordenadores da área internacional. É que, como a SBC cresceu muito, atingiu outro patamar, inclusive com presença marcante nos congressos realizados no exterior, a diretoria, segundo eles, estuda a possibilidade de transformar o congresso anual da entidade em um evento continental, no qual os cardiologistas de toda a América do Sul sintam-se à vontade para trazerem e apresentarem suas pesquisas, abrindo caminho para trabalhos conjuntos e para uma frutífera troca de experiências.

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Revista da Sociedade Europeia traz artigo sobre BrasilO European Heart Journal publicou, com destaque, matéria sobre a cardiologia no Brasil. O artigo mostra o recente desenvolvimento econômico e divulga gráficos da SBC sobre mortalidade e fatores de risco. Segundo o periódico, “a prevenção é a maior prioridade para o Brasil, onde as moléstias cardiovasculares lideram em mortalidade, com 32%”, mas lembra que é imensa a tarefa dos cardiologistas, num país onde um avião leva mais tempo voando sobre um único estado, do que leva num voo entre França e Inglaterra.

Depois de destacar as diferenças regionais e socioeconômicas, a revista cita os problemas enfrentados no país: diz que há “pobre controle da hipertensão, muitas pessoas obesas, pouco controle da dislipidemia e a diabetes é um problema comum”. Cita também os problemas decorrentes da febre reumática e das consequências cardíacas da mesma em

certas regiões e conta que, recentemente, a SBC desencadeou uma campanha para prevenção da doença reumática.

O artigo inclui informações do ex-presidente da SBC Antonio Carlos Palandri Chagas (biênio 2008/2009) sobre os desafios da cardiologia no Brasil – a doença de Chagas, entre eles – e a conclusão de que, embora na maioria dos estados haja recursos de atendimento comparáveis aos do primeiro mundo, essas facilidades ainda não atingem a população de todo o território nacional, mas apenas 80% dos habitantes.

As in the UK and the USA,Brazil needs to

see more progress on

prevention. Chagas says: ‘W

e were very good in terms of preven-

tion of smoking but weneed to be as successf

ul in terms of control

for hypertension, dyslipidae

mia, and also diabetes’.

Economic development has brought its own problems. As the

country has developed, people have moved from the rural areas

to the big cities, and subsequent to the move, they become

obese. The big cities have particular problems with obesity, since

people eat toomuch fatty food

, spend a lot of time on public tra

ns-

portation, anddo not take time to exercise. ‘It’s t

he price that you

pay for development, unfortuna

tely’, says Chagas.

Overview of Brazil riskfactors

Brazil has achieved a large reduction in smoking. Today,

there are

more people in the country who have quit smoking than people

who are currently smokers. The success has been possible

through the efforts of theBrazilian Society of Ca

rdiology, the Bra-

zilian Lung Society, and the government.

The state of Sao Paulo kicked off restrictions on smoking in

public placesand it is forbidden

to smoke in restaurants, hospitals,

and offices. Other states are starting to implement the same

restrictions.

When it comes to other aspects of prevention, several pro-

grammes are underway using various methods of communication

such as TV, the Internet, andalso the medical community, who

explain the risks for cardiovasculardisease and that it contin

ues

to be the number one killer in the country.

Such campaigns are run by the medical societies in cooperation

with the government. During Chagas’ period as president of t

he

Brazilian Society of Cardiology, the society started to work

closely with the Ministry of Health.

The Brazilian Society of Cardiologyhas 12 000 members, of

which 8000 are board certified as a specialist in cardiology by

the society and by the Brazilian Medical Association.

But 8000 cardiologistsis not enough for the country, says

Chagas. Thelarge majority of cardiologis

ts live in big centres or

medium-sized communities. In areas with few people, it is difficult

to have a specialist. Inseveral areas,

patients are first seen by

general physicians and then referred to a specialist.

The Brazilian Society of Cardiology, www.cardiol.br, was

founded in 1943 and was affiliated with the European Society of

Cardiology in 2009. It is an active society, withseveral pro-

grammes of teaching and self-learning,along with regional and

national meetings for developing knowledge in new areas of

cardiology.

Brazilian Cardiology Archives,

the society’s official scientific

journal,

is published in Portuguese, Spanish, and English.

In the last 2 years, the society has made a big push to get not

only the federal but also several state g

overnments and the univer-

sities involved in a plan for the future of cardiovascular disease

research.

The plan will see funds from the society, federal government,

state governments, and private foundations used to develop

young scientists and to help the career of esta

blished investigators

in the country. ‘We need to get more people involved in research

and also to have more opportunity’,says Chagas.

His vision for the cardiology profession in Brazil is onewhere

cardiologistshave a very good education and strong knowledge

about the disease. Andbecause cardiovascular

disease will con-

tinue to be the number one health problem in the country,

more cardiologists will be needed to address the problem.

He says: ‘For such a condition we need to have more research,

more people teaching cardiology [and] more people doing the

primary care in cardiology because we need to be the winner of

this cardiovascular disease

war in our country’.

J. Taylor, MPhil

CardioPulse

1542

at FMR

P/USP/BIBLIO

TECA C

ENTR

AL on July 26, 2010

eurheartj.oxfordjournals.org

Dow

nloaded from

A prevenção é a maior prioridade para o Brasil,

onde as moléstias cardiovasculares lideram

em mortalidade, com 32%.

CardioPulseCardiology in Brazil: a country in developmentPrevention is the biggest priority for Brazil,

where cardiovascular disease is thebiggest killer.

Sugarloaf mtn sunset Rio

Brazil is a country of continental proportions. It takes the same

amount of time to fly between the UK and France as it does to

fly across just one state in Brazil. With a population of around

185 million, Brazil is the sixth most populous country in the

world after China, India, the USA, Indonesia, and Russia.

Brazil is one of the BRIC countries—Brazil, Russia, India, and

China—which have fast growing developing economies. In the

last 8–10 years, the country’s economic profile has improved

and become more stable, partly due to its production of oil.

Like all other countries in development, there is the problemof big

differences in class. There are many poor people and there are also

very wealthy people. But in the last 10 years, there has been a trans-

formation in the middle class, which has grown and begun to make

purchases of things like soap and other personal hygiene products.

In such a big country, there are also regional differences. The

southeast of the country is very well developed, whereas the

north is still developing and has more areas with very poor people.

One of the big challenges for the future of Brazil is health.

Cardiovascular disease represents the most important cause of

death in Brazil, at 32%.

‘Our figure is very similar to the figure of several countries in

Europe and also the USA’, says Prof. Antonio C.P. Chagas, MD,

FESC, FACC, Professor of Medicine at the Heart Institute, Univer-

sity of Sao Paulo, Brazil, and past president of the Brazilian Society

of Cardiology.There is a high prevalence of cerebral vascular incidents because

of the poor control of hypertension, many people are obese, there

is poor control of dyslipidaemia, and diabetes is a common problem.

Coronary heart disease is the principal disease but Brazil still has

some kinds of valvular heart disease. In poor areas, for example,

there is rheumatic fever, and still several people have mitral regur-

gitation or mitral insufficiency developed through rheumatic

disease. In the past 2 years, the Brazilin Society of Cardiology

has made a plan to prevent rheumatic disease.Another important problem in cardiovascular disease is Chagas’

disease, a heart disease caused by the protozoan Trypanosoma cruzi.

Chagas says: ‘We are doing a lot to prevent and also to treat

patients with Chagas’ disease’.Although Brazil is a country in development, Chagas says that

the standards of interventional procedures like angioplasty, and

of cardiac surgery, are comparable to the USA and the UK.

Cardiac surgery and angioplasty are available in the large majority

of the Brazilian states, from the south to the extreme north, but

there are a few areas where they are not available. Chagas esti-

mates that all facilities are available in around 80% of the country.

The most important hospitals are in the southeast but very good

hospitals also exist in the north, and new hospitals are being devel-

oped in the interior of the country.About 25–30% of the Brazilian population is covered by private

money or private insurance. The remainingmajority have their health-

care funded by the government. This includes, for example, cardiac

revascularization, bypass, angioplasty, electrophysiology, pacemakers,

cardiac defibrillators, and paediatric cardiology procedures.

Published on behalf of the European Society of Cardiology. All rights reserved. & The Author 2010. For permissions please email: [email protected]

European Heart Journal (2010) 31, 1541–1547doi:10.1093/eurheartj/ehq179

at FMR

P/USP/BIBLIO

TECA C

ENTR

AL on July 26, 2010

eurheartj.oxfordjournals.org

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nloaded from

O III Symposium of Trombosis and Anticoagulation (ISTA 2010) trouxe ao Brasil vários dos maiores especialistas mundiais no tema. Entre os conferencistas, estavam o diretor de Pesquisa da SBC, Renato A. K. Kalil, e o editor-chefe do Cardiosource em Português, Roberto Rocha Giraldez. “O simpósio é uma oportunidade única para os cardiologistas brasileiros interagirem diretamente com os renomados médicos e pesquisadores do mundo inteiro que geram conhecimento nesta área numa moldura diretamente aplicável à nossa corrente prática clínica”, destacou o chairman do ISTA, diretor executivo em São Paulo do Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica e professor-adjunto da Divisão de Cardiologia da Duke University, Renato Lopes. As duas entidades, entre outras, foram as organizadoras do evento, realizado de 14 a 16 de outubro em São Paulo, sendo a Duke University, parceira da SBC nas ações da Diretoria de Pesquisa.

SBC em simpósio internacional de tromboses e anticoagulantes

Jornal SBC 101 - Set/Out 201010

diretoria

Evento rende parcerias ao país

Com quase 35 mil participantes, o Congresso Europeu de Cardiologia, que se realizou de 27 de agosto a 2 de setembro, em Estocolmo, foi palco para a realização de acordos importantes – Europa, Japão, Espanha e América Latina sinalizam aproximação com o Brasil.

Além da parceria com a Sociedade Europeia de Cardiologia para o congresso europeu e da SBC de 2011, também está acertado para o 66º Congresso Brasileiro de Cardiologia um joint symposium com a Sociedade Japonesa, da mesma forma com as despesas da delegação

estrangeira patrocinada por laboratório. Também a Espanha estreitou relações com o Brasil e o presidente da entidade, Carlos Macaya Miguel, está interessado em uma sessão conjunta para o Congresso Espanhol.

Ainda durante o evento, o presidente da SBC Jorge Ilha Guimarães reuniu-se com representantes de sociedades sulamericanas, que enfatizaram a necessidade de uma maior presença da cardiologia brasileira e uma parceria maior, a nível continental. Essa será, certamente, diz ele, uma das metas da internacionalização da SBC.

Cardiologia brasileira prestigiada no Europeu

O congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC sigla em inglês), realizado em Estocolmo, de 27 de agosto a 2 de setembro, teve a participação de mais de 600 brasileiros inscritos, com saldo bastante positivo para o Brasil: o 66º Congresso Brasileiro de Cardiologia terá programação de um dia inteiro, abrangendo os mais variados temas, com a presença de oito conferencistas europeus. E, em contrapartida, também está sendo articulado pelo presidente cessante da ESC, Roberto Ferrari, e pelo novo presidente, Michel Komadja, novo simpósio conjunto com a SBC para o Congresso Europeu de Cardiologia de 2011.

“Mais importante, o Brasil passou a ser visto com tanto respeito, que, ainda durante o

evento, os laboratórios europeus assumiram a responsabilidade pelas despesas desses palestrantes que virão ao Brasil”. A observação é do presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães. Para ele, o mundo está olhando o Brasil com grande interesse. “Todos sabem que passamos praticamente incólumes pela crise econômica que atingiu os países desenvolvidos e o maior respeito que granjeamos repercute também na medicina”.

Tanto é assim, diz, que nos debates, eram inevitáveis as perguntas. “Muitos brasileiros presentes eram constantemente assediados por especialistas de vários países, curiosos sobre a evolução das pesquisas nacionais e, o que é gratificante, o trabalho desenvolvido pela SBC.”

A SBC também participou do XLIII Congresso Venezuelano de Cardiologia, que aconteceu na cidade de Caracas, no período de 5 a 8 de agosto. No evento, foi intensificada, além das atividades institucionais da entidade, a divulgação dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia em língua espanhola, o que alegrou os congressistas, segundo o diretor de Tecnologia da Informação, Fernando Costa, representante da SBC no congresso. Por ocasião do evento, aconteceu ainda a assembleia geral extraordinária da Sociedade Sudamericana de Cardiologia, com a presença da SBC.

Na Venezuela

Jornal SBC 101 - Set/Out 2010 11

diretoria

Argentina quer SBC para reforço na América LatinaDurante o Congresso Europeu de Cardiologia, realizado no final de agosto na Suécia, a Argentina propôs ampliar a parceria com a Diretoria Científica da SBC e solicitou que o Brasil seja representado em todos os boards, tanto da Sociedade Sudamericana, como da Interamericana de Cardiologia. O pedido para maior empenho do país no Cone Sul foi direcionado ao presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães.

Os cardiologistas argentinos propuseram simpósios conjuntos nos congressos do continente, pois, no dizer de um representante da entidade do país,

“as sociedades da América Latina só serão fortes com a participação ativa do Brasil”. O diretor de Tecnologia da Informação, Fernando Costa, que representou a SBC no XLIII Congresso Venezuelano de Cardiologia, ouviu a mesma colocação.

O interesse de uma aproximação maior e do trabalho conjunto com os brasileiros é tão grande, diz Guimarães, que após a gestão de Daniel Piñeros, que é da Argentina, e que será o próximo presidente da Sociedade Interamericana, já se questiona se não estaria na hora de a entidade continental ser representada por um brasileiro.

Palestrantes brasileiros no congresso

Vários brasileiros apresentaram palestras durante o evento e a percepção de todos foi bastante positiva. O editor do Jornal SBC, Ibraim Masciarelli, e Alexandre Abzaid participaram de uma sessão com formato inédito e bastante interativo sobre a revisão de casos. “Discutimos com imagens invasivas questões da prática diária do cardiologista intervencionista”, conta Masciarelli.

Na primeira parte da sessão, que estava com lotação completa, foram apresentados os casos por Alexandre Abzaid e por um especialista da Sociedade Europeia; já na segunda parte, o editor do Jornal SBC e um outro cardiologista europeu discutiram a possibilidade de avaliação funcional no laboratório de hemodinâmica através da avaliação do fluxo fracionado.

“A plateia participou bastante como se estivesse no atendimento e na condução dos casos. Acredito que a retenção de conhecimento foi muito grande, até pelas manifestações do público por mais sessões como esta e de maior duração”, concluiu Masciarelli.

O editor-chefe dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Luiz Felipe P. Moreira, também teve papel de destaque na programação do evento. “A nossa participação em um congresso como o Europeu representa um grande orgulho e uma imensa responsabilidade, uma vez que o convite de um brasileiro demonstra o reconhecimento da comunidade internacional ao desenvolvimento da pesquisa no âmbito da cardiologia em nosso país”, concluiu.

continua

“A participação científica brasileira no Europeu foi o coroamento de anos de trabalho da SBC que, em 2009, foi incluída como associada da entidade europeia. Fui, pela segunda vez, chairman de uma sessão, desta vez pôsteres comentados que foram selecionados para premiação, muito interessante e de um denso conteúdo científico. É gratificante ver a presença de tantos colegas brasileiros com destaque expressivo no evento, o que determina uma atuação coletiva da cardiologia nacional e não apenas casos isolados.”

Antonio Carlos Palandri Chagas, ex-presidente da SBC (biênio 2008/2009) e professor da Universidade de São Paulo

“É sempre muito emocionante quando se está proferindo uma palestra no exterior, principalmente em um grande congresso como o Europeu de Cardiologia. A sala estava muito cheia e o assunto foi debatido com muita curiosidade e entusiasmo. Acho que as instituições que eu represento (UFRJ e Sobrac) estão de parabéns, pois esse reconhecimento é fruto de todo o trabalho sério que vem sendo desenvolvido pelos médicos e pesquisadores dessas instituições.”

Jacob Atié, chefe do Serviço de Arritmias Cardíacas do Hospital Universitário da UFRJ e da Clínica São Vicente

Jornal SBC 101 - Set/Out 201012

diretoria

A SBC agradece o patrocínio da AstraZeneca e da Boehringer Ingelheim para a cobertura online do Congresso Europeu de Cardiologia 2010.

Agradecimento

Em sua terceira edição da cobertura online do Congresso Europeu de Cardiologia, a SBC disponibilizou para seus associados, em tempo real, os principais destaques do evento ocorrido em Estocolmo, na Suécia.

Foram 15 resumos escritos e 20 entrevistas traduzidas (ver quadro) com os principais pesquisadores internacionais e com os líderes da cardiologia brasileira com o objetivo de trazer os achados mais importantes para a nossa realidade, observa o editor-chefe do programa, Roberto Rocha Giraldez.

Cobertura online

Vídeos

PEARL-HF: Um novo agente quelante de potássio - Dr. Bertram Pitt

Estudo ATOLL - Dr. Gilles Montalescot

Estudo AVERROES - Dr. Stuart J. Connolly

Novas perspectivas na fibrilação atrial - Dr. Francisco Saraiva

Estudo SHIFT - Dr. Miguel Komadja

Resumos

Estudo ANTIPAF: Antagonistas da angiotensina II na fibrilação atrial paroxística

Estudo ART: Comparação entre enxerto de artéria mamária única versus bilateral em cirurgia de RM

Estudo HEBE III: Uso de eritropoetina no IAM com supra de ST

Subestudo genético do PLATO: Uma peça no quebra-cabeça para a terapia antiplaquetária personalizada

Estudo PERGENE: O perfil genético de pacientes respondedores aos inibidores da ECA

A cobertura completa está disponível no endereço: http://socios.cardiol.br/noticias/hotsites/esc10/default.asp.

ESC 2010 – destaques da cobertura online

Jornal SBC 101 - Set/Out 2010 13

diretoria

20 conferencistas brasileiros no Congresso MundialO congresso da World Heart Federation (WHF), que este ano realizou-se em Pequim de 16 a 19 de junho, teve um número significativo de participantes brasileiros, mais de 200, entre eles, cerca de 20 palestrantes. Os temas que couberam aos brasileiros (ver quadro) foram os mais variados o que, segundo o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães, corrobora o fato de que o país avançou muito nas mais diversas áreas da cardiologia.

O presidente da SBC foi representado pelo coordenador de Relações Internacionais, José Antônio Ramires, também palestrante do evento. Para ele, a grande participação brasileira, em

particular na 3rd International Conference on Women Heart Disease and Stroke, realizada simultaneamente ao congresso, explica-se pelo fato de alguns núcleos de estudos de São Paulo, de Belém e do Rio Grande do Sul estarem pesquisando muito as cardiopatias femininas.

“Temos acumulado uma casuística importante”, disse, e o reconhecimento internacional da qualidade da cardiologia do país faz com que os organizadores desses congressos queiram saber mais sobre a experiência e o conhecimento acumulado no Brasil. E eventos como esse, completa, são uma via de duas mãos, com vantagens e crescimento para todos.

Congresso Mundial de Cardiologia 2012

18 a 21 de abrilDubai, Emirados Árabes Unidos

Brasil no congresso da WHFAlguns conferencistasAntonio Carlos Palandri Chagas, Bianca Schauren, Eliane Elly, Germán Iturry-Yamamoto, José de Ribamar Costa Jr., José Lima, José Nicolau, Leonardo Ribeiro, Lucia Campos Pellanda, Luis Gowdak, Marcelo Cantarelli, Maria Izar, Paulo Lotufo, Sandra Fuchs, Sergio Timerman e Tales de Carvalho.

Participação no programa• “Sobrevivência por longo período de pacientes com doença coronária após transplante renal”• “Saúde urbana e capital social”• “Estudos experimentais sobre isquemia”• “Qual a importância da história de comorbidades na avaliação preoperativa de pacientes com mais de 50 anos?”• “Intervenção percutânea coronária em pacientes com mais de 80 anos: análise clínica e angiográfica”• “Sobrepeso e variáveis antropométricas e nível de pressão arterial em crianças em idade escolar do Sul do

Brasil”• “Efeitos de um programa de dança sobre a resposta

cronotrópica na reabilitação cardiopulmonar e metabólica”• “Status socioeconômico e mortalidade por doença

coronária na cidade de São Paulo”• “Eficácia do monitoramento domiciliar sobre a

pressão arterial”• “Riscos cardiovasculares para a mulher brasileira”

SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.

TAMARINE GEléIA: Cassia angustifolia Vahl, Tamarindus indica L., Cássia fistula L., Coriandrum sativum L., Glycyrrhiza glabra L. CápsulAs: Cassia angustifolia Vahl, Tamarindus indica L., Cassia fistula L., Coriandrum sativum L. Ms – 1.7287.0053. Indicações: as indicações de TAMARINE são amplas: todas as relacionadas a uma perturbação organo-funcional damotricidade intestinal; tratamento sintomático da constipação, tanto crônica como secundária; preparação para os exames radiológicos e endoscópicos. Indicações terapêuticas complementares: constipação decorrente de viagens prolongadas, período menstrual, gestação, dietas pós-operatórias e acidentes vasculares cerebrais. Referências bibliográficas: 1- GOODING EW. Laxatives and the Special Role of Senna. Pharmacology, 36 (suppl 1): 230-236; 1988. 2- BOUZAS de SÁ JC. Efeito laxativo de um preparação gelatinosa de pó de folhas de sene em pacientes ginecológicos/obstétricos. Folha Médica, 108(3): 93-97; 1994. 3- Senna and Habituation. Pharmacology, 44 (suppl 1): 30-2; 1992. Abril 2010.

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Jornal SBC 101 - Set/Out 2010 15

diretoria

Luta contra doença cardiovascular une CNBB e SBCCem mil agentes da Pastoral da Saúde da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) serão capacitados pela SBC, para levar às 15 mil paróquias da Igreja Católica a luta contra os fatores de risco das doenças cardiovasculares. O objetivo do projeto é levar a prevenção à grande massa de religiosos.

Para capacitar as equipes da Pastoral da Saúde, a SBC montará cursos nas suas sedes estaduais e regionais. Para o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães, “a cultura de prevenção cardíaca precisa ser introjetada na população, como ocorreu nos países desenvolvidos que, graças a isso, estão reduzindo a mortalidade por doenças cardiovasculares”.

O financiamento do programa foi garantido pelo Ministério da Saúde, durante encontro em Brasília, que reuniu o coordenador nacional da Pastoral da Saúde, André Luiz de Oliveira; o secretário executivo da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa; o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame; o coordenador de Ações Sociais da SBC, Carlos Alberto Machado; e o presidente do Departamento de Hipertensão Arterial, Marcus Malachias (foto).

Reunião no Ministério da

Saúde acertou financiamento do

programa.

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Jornal SBC 101 - Set/Out 201016

diretoria

Ações para o combate ao colesterolA SBC enfrentou, no Dia Nacional de Controle do Colesterol (8 de agosto), o desafio de convencer as mulheres pós-menopausa a não abandonarem o tratamento contra o fator de risco. O motivo é que a interrupção do medicamento tornou-se uma das causas do grande aumento de infartos entre as mulheres, que já representam 40% dos pacientes atendidos pelo SUS com problemas coronários.

Para o diretor de Promoção à Saúde Cardiovascular da SBC, Dikran Armaganijan, a “adesão ao tratamento é uma batalha constante que tem de ser travada, principalmente para doenças que não apresentam sintomas”, explica. Apesar do foco da campanha no público feminino, os alertas também foram direcionados aos homens, adolescentes e crianças.

O slogan “Eu controlo meu colesterol” estava estampado nas tendas da SBC e nos gibis, distribuídos em várias capitais do país, para divulgar informações claras sobre a importância de controlar o colesterol, como a redução de 33% do risco de infarto e 20% do risco de derrame.

A campanha pelo no Dia Nacional de Controle do Colesterol teve o patrocínio nacional da MSD e a corrida realizada em São Paulo, da EMS. A SBC agradece o apoio pela parceria.

Agradecimento

Em Goiânia (acima), o evento

reuniu 150 pessoas e, em

São Paulo, corrida marcou a data.

Adesão ao tratamento é uma batalha constante que tem de ser travada,

principalmente para doenças que não apresentam sintomas.

Foto: Arquivo SBCFoto: D

ivulgação SBC/GO

Jornal SBC 101 - Set/Out 2010 17

diretoria

Pelo país

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BelémDistribuição de gibis na Praça Batista Campos, medida da circunferência abdominal, orientação nutricional.

TeresinaAs orientações e a distribuição dos gibis foram na Rua Climatizada.

NatalMedição de colesterol,

aferição de pressão e circunferência

abdominal, palestras educativas e atividades

físicas na Praça André de Albuquerque, na

Cidade Alta.

João Pessoa e Campina GrandeDistribuição de cartilhas, aferição de pressão, peso e orientações nutricionais.

Belo HorizonteMedição de colesterol, glicose, pressão, orientação de fisioterapeutas sobre atividades físicas na Praça Amintas de Barros, no bairro da Venda Nova.

PalmasA distribuição dos gibis e os

esclarecimentos à população foram feitos em uma feira

realizada todos os domingos e com grande movimentação.

GoiâniaCaminhada no Parque

Vaca Brava, com a participação de cerca

de 150 pessoas.

GramadoMedição de pressão, triglicérides,

colesterol e do IMC na praça Major Nicoletti com apoio de equipe de

fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.

BrasíliaExames para a avaliação do colesterol, triglicerídeo, glicemia e pressão arterial, distribuição de material didático sobre dislipidemias, além de orientações gerais no Parque da Cidade e integradas às atividades do Dia dos Pais.

São PauloMedição do colesterol e da circunferência abdominal, demonstração de produtos com o Selo de Aprovação SBC e promoção de uma corrida e de uma caminhada. Atividades ocorreram também no interior do estado, em várias regionais da Socesp.

Foto: Divulgação SBC/TO

Foto: Divulgação SBC/G

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Foto: Arquivo SBC

Jornal SBC 101 - Set/Out 201018

diretoria

O músico e rapper MV Bill acaba de entrar na campanha “Eu sou 12 por 8”, tornando-se o 10º embaixador da ação. Conhecido nacionalmente pelo ativismo social e pelas letras musicais marcadas por denúncias, justificou: “Faço o meu trabalho com o coração. Preciso cuidar bem dele”. MV Bill recebeu a camiseta da campanha do padrinho-cardiologista Paulo Sant’Anna. E a atriz Carolina Ferraz, já engajada à ação, é a estrela dos folders que a SBC passa distribuir para a população. O material “Eu sou 12 por 8 – Seja você também” traz informações essenciais para o público sobre a hipertensão. O folheto também orienta sobre como ter uma pressão 12 por 8, como se prevenir e quais são os dez mandamentos para a prevenção e para o controle da doença. A campanha é uma iniciativa do Departamento de Hipertensão Arterial da SBC e tem o apoio da Diretoria de Promoção à Saúde Cardiovascular, das sociedades brasileiras de Hipertensão e Nefrologia, do Ministério da Saúde, da Anvisa, do Sesi, da CNI, da Federação Nacional e da Associação Paulista de Assistência ao Hipertenso, com o patrocínio da AstraZeneca, Boehringer-Ingelheim, Daiichi-Sankyo, Omron, Novartis, Torrent, Aché e Biolab.

SBC reforça discussão para controle do tabacoA SBC participou do III Seminário Alianças Estratégicas para o Controle do Tabaco, realizado em agosto. O encontro, em que a entidade foi representada pelo integrante de seu Comitê Antitabaco, Aristóteles Alencar, abordou diversos assuntos relacionados ao controle do tabagismo, como os ambientes livres do fumo, legislação, fumicultura, propaganda, economia, jovens e mulheres. Estavam presentes representantes da Organização PanAmericana de Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Inca, da Fiocruz e da OMS.

Subsídios aos candidatos à presidência da RepúblicaEm carta enviada a todos os candidatos à presidência da República, a SBC ofereceu toda sua massa crítica de especialistas e instituições para sugerir e implementar políticas públicas para controlar uma nova epidemia – a de doenças cardiovasculares. Em nome dos 12 mil associados com vivência dos problemas de saúde de todos os estados do país, o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães, reforçou que a entidade está disposta a colaborar para acabar com as falhas do atendimento cardiovascular. “Nada queremos receber em troca, além da satisfação de saber que, finalmente, os brasileiros irão parar de morrer por causas evitáveis com um pouco de investimento e cuidado, antes que a cardiopatia se instale”. A carta, na íntegra, está disponível no endereço: http://jornal.cardiol.br/2010/set-out/.

Jornal SBC 101 - Set/Out 2010 19

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Ministério baixa resolução para limitação do salO Ministério da Saúde reconheceu a campanha da SBC sobre o uso excessivo de sal e baixou resolução dando prazo para a indústria informar, nos rótulos, se um alimento tem quantidade de sal, açúcar ou gordura que possa ser prejudicial à saúde do consumidor. A medida é resultado de documento com as metas do projeto de controle de consumo de sal formulado em seminário realizado no final de julho na Organização Panamericana de Saúde.

O papel assumido pela SBC de “advocacy” da própria indústria também reforça a importância de sua iniciativa. Quando apresentada a três marcas de batata-frita, todas com excesso de sal, mas com grande variação da quantidade, o que derrubou o argumento de que o sal em excesso seria usado como conservante necessário, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) teve que reconhecer que há exagero em alguns produtos e pediu o apoio da SBC para

melhorar as formulações.

“A SBC ofereceu-se para dar suporte técnico para as ações preconizadas no encontro”, explica o coordenador de Ações Sociais da SBC, Carlos Alberto Machado, que representou a entidade no encontro junto com o diretor Administrativo do DHA, Luiz Scala. Também participaram do evento, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Abia: as sociedades de Hipertensão e de Nefrologia, o Ministério da Agricultura e os Restaurantes Populares, órgão do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Na avaliação de Machado, a presença de representantes de tantas instituições mostra que a sociedade está consciente da necessidade de limitar o consumo de sal. “Faltava apenas o empurrãozinho que foi dado pela iniciativa da SBC, pioneira como tantas vezes, para que os demais órgãos também se engajassem”, concluiu.

SBC apoia medida da Anvisa

A SBC divulgou seu apoio à resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que torna obrigatória, na propaganda de alimentos industrializados com alto teor de gordura – saturada ou trans –, com grande quantidade de sal ou de açúcar, inclusive nas bebidas com baixo valor nutritivo, a advertência sobre os males à saúde que podem provocar quando consumidos em excesso.

Para o presidente da entidade, Jorge Ilha Guimarães, a discussão a respeito da decisão tem efeito positivo, pois amplia o debate sobre o uso excessivo de sal e seus efeitos nefastos sobre a pressão arterial. “Com isso, milhões de pessoas passam a saber dos perigos do abuso do sal”, reflete. A resolução entra em vigor em seis meses, segundo a Anvisa.

Acesse a carta assinada pelo presidente da SBC e dirigida aos mais de 12 mil associados à entidade na edição eletrônica do Jornal SBC.

Leia mais:

Jornal SBC 101 - Set/Out 201020

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Assinado convênio para realização dos Registros

Os registros, esclareceu o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães, fornecerão dados estatísticos confiáveis sobre as doenças cardiovasculares, fundamentais para orientar as políticas de saúde pública e de prevenção. “Apenas com os registros teremos finalmente informações precisas para exigir providências do Governo, para tornar mais focada a educação continuada e para reduzir o número de internações por insuficiência cardíaca, de que o Brasil é campeão mundial”, concluiu.

Na avaliação do diretor-geral do HCor, Adib Jatene, os RBC permitirão importantes avanços, “na medida em que teremos dados próprios”. E, para o diretor do IEP, Otavio Berwanger, os registros são vitais para mostrar porque a mortalidade e a incapacitação decorrentes das doenças cardiovasculares atingem mais as camadas menos favorecidas da população.

A assinatura de um convênio de cooperação científica marcou o início da elaboração dos Registros Brasileiros Cardiovasculares (RBC). A parceria foi firmada entre a SBC e o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HCor-ASS de São Paulo durante solenidade realizada no dia 28 de julho.

SBC formaliza parceria e dá início aos RBC que serão desenvolvidos com expertise do Instituto de Ensino e Pesquisa do HCor.Fo

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Dois projetos já em andamento

Para fotografar com amplitude federativa e horizontal a prática da cardiologia no Brasil, dois registros já foram iniciados: o das Síndromes Coronarianas Agudas – com e sem supra ST - e o de Pacientes de Alto Risco Cardiovascular. O primeiro envolve 2.500 pacientes de 27 centros brasileiros de alta e baixa complexidade, prevê o seguimento inicial por 12 meses e ainda não tem patrocinador. Já com o apoio da EMS será realizado o Registro de Pacientes de Alto Risco

Cardiovascular, com 2.305 participantes de 18 centros, inclusive de atendimento em clínica médica e neurológica. Também nesse projeto os pacientes serão acompanhados inicialmente por 12 meses.

Os Registros Brasileiros Cardiovasculares permitirão avaliar como é feito o exercício da cardiologia no Brasil, saber qual o grau de aderência às diretrizes e fazer um verdadeiro retrato de como são realizados os diagnósticos, que medidas terapêuticas, farmacológicas e intervencionistas são adotadas, em que medida se opta por soluções cirúrgicas e, principalmente, o que acontece ao paciente quando deixa o hospital, pois uma das críticas mais constantes no campo da cardiologia é que não há acompanhamento do paciente. O projeto não deixará essa lacuna, adianta o coordenador de Registros da SBC, Luiz Alberto Mattos, ao explicar as linhas mestras do programa.

Veja na página eletrônica do Jornal SBC “Os Registros Brasileiros Cardiovasculares – ‘RBC’ – Já Começaram”, de autoria do coordenador de Registros da SBC, Luiz Alberto Mattos.

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Jornal SBC 101 - Set/Out 2010 21

diretoria

Pela primeira vez nossas entidades maiores estão

realmente unidas e pactuadas em nível nacional, com o

consequente rebate em todos os estados da federação.

AMB, CFM e FENAM: manifesto dos médicos

Mínimo de R$80 para convênios

reivindicações aos candidatos à presidência da República, reiterando o compromisso ético com a população. Os signatários insistiram que, não cumprida a pauta, será agravada a situação em que já se encontram setores importantes da saúde.

“Pela primeira vez nossas entidades maiores estão realmente unidas e pactuadas em nível nacional, com o consequente rebate em todos os estados da federação”, avaliou o representante da SBC, Lázaro Miranda, sobre reuniões realizadas em Brasília, em julho e em agosto.

No XII Encontro Nacional das Entidades Médicas, no final de julho, as três principais representantes brasileiras da categoria, Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB), divulgaram uma carta conjunta com as maiores reivindicações dos médicos de todo o país: formação profissional, mercado de trabalho e remuneração justa e as políticas de saúde pública e relações com a sociedade.

As três entidades comprometeram-se em usar a carta para nortear as atividades do movimento médico nos próximos anos e em apresentar suas

Também em Brasília, em agosto, na reunião da Comissão de Saúde Suplementar, o presidente do CFM, cardiologista Roberto d´Ávila, encabeçou o movimento que objetiva fazer com que o valor mínimo pago pelas seguradoras de saúde por uma consulta seja de R$ 80. O pacto pela defesa da CBHPM com reajustes em nível nacional, segundo Miranda, faz com que o movimento se estenda a todos os estados do país.

A estratégia acertada prevê o envolvimento de toda a comunidade médica. Para Lázaro Miranda, essa união de forças dá grandes esperanças de que os problemas dos médicos comecem a ser efetivamente resolvidos.

Veja a íntegra da carta, divulgada com o título de “Manifesto dos Médicos à Nação”, no endereço eletrônico do Jornal SBC:

http://publicacoes.cardiol.br/jornalsbc/.

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Cardiologistas reagem contra decisão da Receita Federal

próprio paciente a conveniência ou não desta participação à Receita Federal. Outra é nós mesmos realizarmos esta ação”, complementa.

Preocupado com a quebra do sigilo profissional, o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães, lembra ainda do vazamento recente de informações fornecidas à Receita Federal. “Aprendemos que, mais do que prover o regular exercício da Medicina, o dever de sigilo médico objetiva o resguardo da dignidade do paciente enquanto ser humano”, diz. “Ser humano frágil e vulnerável em face da mazela a que é acometido e que deposita no médico não só a confiança de sua cura, como também as informações mais íntimas a respeito de si mesmo.”

A SBC resolveu questionar na justiça a decisão da Instrução Normativa da Receita Federal N. 985 que transforma todos os médicos em “fiscais” do Governo, obrigando-os a descumprir o sigilo médico que é corolário da atuação profissional.

A instrução torna obrigatório o envio pelos médicos à Receita Federal da relação dos “valores recebidos de pessoas físicas, individualizadas por responsável pelo pagamento”, identificada com o “número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas e o nome completo do responsável pelo pagamento e do beneficiário do serviço”.

Embora restrita “às pessoas jurídicas ou equiparadas nos termos da legislação do Imposto de Renda, prestadoras de serviços de saúde e às operadoras de planos privados de assistência à saúde”, a medida da Receita Federal afeta a quase totalidade dos médicos, pois a imensa maioria atende a convênios e trabalha em consultórios que são pessoa jurídica.

Para o coordenador do estudo sobre a legitimidade da medida, Emílio Cesar Zilli, a norma obrigaria o médico a violar o sigilo profissional e a romper unilateralmente a confiança que preside a relação com o paciente. “Uma coisa é atendermos um paciente, emitirmos uma nota fiscal, que já terá seu imposto automaticamente recolhido aos cofres públicos, e deixarmos para o arbítrio do

Aos que não cumprirem a determinação ou apresentarem a lista com incorreções ou omissões, pena de R$ 5 mil por mês-calendário ou fração.

A prestação de informações falsas configura hipótese de crime contra a ordem tributária, prevista no art. 2º de Lei 8.137, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

Penalidades

Fonte: Instrução Normativa N. 985 da Receita Federal do Brasil (RFB)

SBC faz PEC no NordesteA SBC levou seu Programa de Educação Continuada (PEC) aos cardiologistas do Nordeste. No dia 21 de agosto, 70 cardiologistas de Alagoas e estados próximos tiveram a oportunidade de reciclarem seu conhecimento sobre “Tópicos Avançados em Doenças Cardiovasculares”. A programação incluiu temas diversos ministrados por alguns dos mais importantes cardiologistas brasileiros. Também em Maceió, no dia 20, foi realizada reunião da Diretoria da SBC.

Foto: Laura Oliveira

Jornal SBC 101 - Set/Out 201024

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Ministério debate com entidades “Saúde do Homem”

disponibilidade de medicamentos, principalmente anti-hipertensivos e o aumento dos procedimentos cardiológicos tanto em ambulatórios, como dos atendimentos de síndromes coronárias agudas e o acompanhamento do paciente após a alta. O projeto privilegiará a população de baixa renda que, segundo dados da SBC, em muitas cidades, ainda demora muito a ser atendida após os primeiros sintomas, o que reduz a eficácia do tratamento.

A SBC, junto com outras entidades de especialidades, participou, no dia 2 de agosto, de reunião com os representantes do Ministério da Saúde para discutir a Política Nacional da Saúde do Homem, programa lançado em 2009 e que este ano tem importante dotação de verba federal. Uma força-tarefa da SBC trabalha na preparação da proposta que será apresentada ao Governo Federal.

A proposta deve contemplar a maior

Projeto-piloto será com Exército Brasileiro

Será com o Exército Brasileiro o projeto-piloto da SBC para a Política Nacional de Saúde do Homem. A pesquisa irá avaliar a incidência de fatores de risco para doenças cardíacas nos militares com a finalidade de fornecer subsídios para o programa do Governo Federal.

“Como o Exército é uma instituição presente em todos os estados e com integrantes de todas as regiões, uma pesquisa feita com oficiais e praças é perfeita para que se tenha uma amostra estatisticamente perfeita da saúde

do homem brasileiro”, justificou Emílio Cesar Zilli, quando da definição do projeto, no final de agosto, em Brasília.

A parceria foi firmada em reunião presidida pelo diretor Geral de Saúde do Exército, Francisco José Trindade Távora, e outros oficiais. “A avaliação é importante”, insiste Zilli, “pois a tendência mundial, e que é seguida pelo Brasil, é prevenir as doenças, identificando e eliminando os fatores de risco”, única maneira, segundo ele, de reduzir as 315 mil mortes por doenças cardiovasculares que o Brasil registra a cada ano.

Segundo ele, o trabalho a ser realizado permitirá ao governo conhecer que tipo de atendimento deve ser privilegiado nos postos de saúde para prevenir as doenças cardíacas, quais os medicamentos mais necessários e também qual o grau de conhecimento dos riscos cardíacos da população.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) incluiu no art. 12 a Política de Saúde do Homem. A Lei Orçamentária de 2011 discrimina “em categorias de programação específicas, as dotações para ações descentralizadas de saúde e assistência social para cada estado, município e para o Distrito Federal”.

A aprovação da Política de Saúde do Homem é decorrência do empenho do senador Tião Viana, que é médico e foi o relator da LDO.

O secretário do I Fórum Saúde do Homem, Henrique Ferrer, explica que “cabe agora às sociedades médicas a apresentação de seus projetos junto ao Ministério da Saúde, para que tenham dotação orçamentária”.

Saiba mais

A avaliação é importante, pois a tendência mundial é prevenir as doenças, identificando

e eliminando os fatores de risco.