Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à...

162
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Laís Alves Costa Monteiro Análise de Necessidades de Língua Inglesa para Bombeiros de Aeronáutica MESTRADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM São Paulo 2015

Transcript of Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à...

Page 1: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP

Laís Alves Costa Monteiro

Análise de Necessidades de Língua Inglesa

para Bombeiros de Aeronáutica

MESTRADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM

São Paulo

2015

Page 2: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP

Laís Alves Costa Monteiro

Análise de Necessidades de Língua Inglesa

para Bombeiros de Aeronáutica

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Maria Antonieta Alba Celani.

São Paulo

2015

Page 3: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

Ficha Catalográfica MONTEIRO, Laís Alves Costa. Análise de necessidades de Língua Inglesa para Bombeiros de Aeronáutica. São Paulo: 2015, 161f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2015. Área de Concentração: Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Antonieta Alba Celani. Palavras Chave: Análise de necessidades. ESP. LinFE. Inglês para bombeiros de aeronáutica.

Page 4: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

BANCA EXAMINADORA

___________________________________

___________________________________

___________________________________

Page 5: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos ou científicos, a reprodução total ou

parcial desta dissertação por processos de fotocópias ou eletrônicos, desde que

citada a fonte.

Assinatura: _________________________________________________________

Local: São Paulo-SP.

Data: 29/07/2015.

Page 6: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

Dedico este trabalho à minha família.

Ao meu pai Murilo e à minha mãe Maria Helena.

Eles foram meus primeiros professores, ensinando-me a

vencer as dificuldades e a superar meus limites.

Ao Murilo Filho, meu irmão e melhor amigo.

Page 7: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Tive o privilégio de ter sido orientada, durante dois anos do meu mestrado,

pela Professora Doutora Rosinda de Castro Guerra Ramos, a quem devo o

meu amadurecimento como pesquisadora. A ela, minha gratidão e admiração.

Page 8: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho contou com a valiosa colaboração dos meus alunos do Curso

de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica, da Escola de Especialistas

de Aeronáutica. Vocês foram a minha grande inspiração na realização desta

pesquisa.

À Professora Doutora Maria Antonieta Alba Celani, por ter me dado a honra de ser

sua orientanda; por todo cuidado e compromisso com que conduziu a etapa final do

meu mestrado. Conheci na senhora o melhor exemplo de Mestra, professora,

orientadora e educadora.

À Professora Doutora Maximina Maria Freire, pela leitura atenciosa da minha

dissertação para o Exame de Qualificação e pelas sugestões que contribuíram para

o enriquecimento deste trabalho.

Agradeço a todos os membros do corpo docente do LAEL-PUCSP, pelo

conhecimento compartilhado durante as disciplinas, seminários e minicursos. Em

especial, à Professora Doutora Elisabeth Brait, ao Professor Doutor Antonio Paulo

Berber Sardinha, à Professora Doutora Maria Cecília Camargo Magalhães, à

Professora Doutora Leila Barbara e à Professora Doutora Lucia Maria Guimarães

Arantes. Vocês se tornaram, ao longo da minha jornada no LAEL, inesquecíveis

mestres para mim.

Aos amigos que fiz no LAEL, especialmente ao Frederico Chaves Sampaio Junior.

Aos colegas do GEALIN, especialmente Adriana Marroni Rossini, Ariane Macedo

Melo, Katherine Asega, Marli Cichelero, Marcus Araújo, Maria Angela Masin, Simone

Telles Ramos e Vera Lúcia Almansa Iurif

Agradeço ao efetivo da Companhia Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo que

contribuiu para esta pesquisa fornecendo valiosos dados referentes à situação-alvo.

Page 9: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

Agradeço ao Exmo Sr Ex-Comandante da Escola de Especialistas de Aeronáutica,

Major Brigadeiro do Ar Domingues, por ter autorizado a realização desta pesquisa,

bem como pelo apoio que tornou possível a conclusão do presente trabalho.

Agradeço ao efetivo da Subseção de Ensino de Bombeiro de Aeronáutica, da EEAR,

por ter me recebido de braços abertos. Em especial, àquele que já se despediu da

Escola, Suboficial Toledo, minha gratidão pelos ensinamentos dados e por transmitir

verdadeira paixão pela profissão bombeiro de aeronáutica.

Ao Suboficial Leandro, da Base Aérea de Anápolis, que me deixou observar suas

aulas, bem como respondeu a inúmeras dúvidas que eu trazia acerca da sua

profissão como bombeiro de aeronáutica na Força Aérea Brasileira.

Ao Capitão Moura pelo convite em participar do Grupo de Trabalho Bombeiro de

Aeronáutica. Foi uma honra trabalhar com o senhor no desenvolvimento do curso de

formação.

Ao Marcelo Araujo Palhares de Andrade, pelo amor e pela compreensão em todos

os momentos. Por toda a ajuda que tornou possível a conclusão deste trabalho em

todos os sentidos.

A Deus, minha eterna gratidão, por ser meu bálsamo nos momentos mais difíceis

dessa caminhada.

Page 10: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

E embora tentasse mostrar-se severo com os seus alunos, Francisco Gaivota viu-os de repente como eram realmente, por um momento, e mais do que gostou, amou o que viu. “Não há limites, Fernão?”, pensou, e sorriu. A sua corrida para a aprendizagem acabava de começar.

Richard Bach, em Fernão Capelo Gaivota (1974)

Page 11: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

MONTEIRO, Laís Alves Costa. Análise de Necessidades de Língua Inglesa para Bombeiros de Aeronáutica. 2015. 161 f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.

RESUMO

Esta pesquisa, inserida na área de Línguas para Fins Específicos, tem por objetivo realizar a análise das necessidades de uso da língua inglesa no desempenho das atividades dos bombeiros de aeronáutica do Aeroporto Internacional de Guarulhos, e das necessidades de alunos do Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), com o intuito de fornecer subsídios para um possível redesenho do curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica. A fundamentação teórica do presente estudo baseia-se nos preceitos da abordagem de ensino de Inglês para Fins Específicos (ESP), fornecidos, sobretudo, por Hutchinson e Waters (1987), Robinson (1991), Dudley-Evans e St. John (1998), Long (2005) e Ramos (2005). A pesquisa é de base qualitativa, com referencial metodológico do estudo de caso, segundo as orientações de Stake (1998) e Yin (2005). Foram aplicados questionários e entrevistas semiestruturadas a alunos do Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica da EEAR, e também a bombeiros do Aeroporto Internacional de Guarulhos, bem como foram consultados documentos oficiais, estabelecendo-se assim uma triangulação de métodos e fontes, conforme preconizado por Long (2005, p.28) no que se refere à análise de necessidades. Foram mapeadas as tarefas e definidas as necessidades da situação-alvo, assim como as necessidades de aprendizagem dos alunos. Os resultados revelam informações relevantes acerca das principais tarefas realizadas em língua inglesa, das quais a maioria requer a habilidade de falar-ouvir (conversar) em diversas situações e ler, sobretudo manuais de equipamentos, viaturas e aeronaves, o que pressupõe domínio da linguagem técnica da área. Em relação às dificuldades, tanto os bombeiros quanto os alunos informaram ter dificuldade em utilizar a habilidade de falar-ouvir, sobretudo porque os alunos nunca a utilizam, ao passo que os bombeiros a utilizam ocasionalmente. Em contrapartida, comparando os dados coletados, foi revelada que a necessidade de falar-ouvir é percebida como relevante para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas envolvidas em acidentes aeronáuticos); b) é necessária em um contexto emergencial, situação de “vida ou morte” e, portanto, considerada fator de segurança na execução da atividade de salvamento; c) é a habilidade que mais oferece dificuldade aos bombeiros e alunos participantes. Além disso, alunos informaram estar motivados a aprender esta habilidade. Os resultados da pesquisa poderão ser utilizados como base para o redesenho do curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica da EEAR que atenda às necessidades identificadas, bem como contribuem, em um aspecto mais amplo, para as pesquisas sobre a Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos - LinFE no Brasil.

Palavras-chave: Análise de necessidades, ESP, LinFE, inglês para bombeiros de aeronáutica.

Page 12: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

MONTEIRO, Laís Alves Costa. A needs analysis of English for aviation firefighters. 2015. 161 p. Dissertation (Master) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

This research, conducted in the area of Languages for Specific Purposes, aims at carrying out a needs analysis of English for aviation firefighters from Guarulhos International Airport and for a specific group of Brazilian Air Force students, in order to provide elements that will be served, a posteriori, as a basis for redesigning the course of English for Aviation Firefighters. The theoretical background of this study is based upon the concept of English for Specific Purposes, provided by Hutchinson e Waters (1987), Robinson (1991), Dudley-Evans and St. John (1998), Long (2005) and Ramos (2005). This qualitative research is based on case study methodology according to Stake (1998) and Yin (2005). Questionnaires and interviews were administered to military students of an aviation firefighter course in Brazilian Air Force and to aviation firefighters from Guarulhos International Airport. Also, some official documents were consulted, establishing a triangulation of sources and methods, as claimed by Long (2005). The obtained data were compared and interpreted. Results provide important information on the main tasks using the target language, which require the use of conversation and reading skills. The results also demonstrate that both aviation firefighters and students have difficulty in using conversation skills, since the former use it occasionally, while the later never make use of it. Nevertheless, comparing the obtained data, it was revealed, in this research, that the need for learning conversation skills was perceived as being relevant, because: a) it is related to the main operational activity of an aviation firefighter, that is, saving lives in an aeronautical accident; b) it is necessary in an emergency situation, considered a safety factor; c) this skill poses much difficulty for the participants. Moreover, according to their responses, students feel motivated in learning this skill. The results provide contributions for a redesign of Aviation Firefighters English Course at EEAR that meets the identified demands, as well as contribute, in a broad sense, to research carried out on Languages for Specific Purposes – LSP.

Key-words: Needs Analysis, ESP, LinFE, English for aviation firefighters.

Page 13: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 - Classificação de Inglês para Fins Específicos por área profissional

exemplificada por Dudley-Evans e St. John (1998, p. 6) (Tradução minha). ............ 44

Figura 2.2 - Continuum de Dudley-Evans e St. John (1998, p. 09) (Tradução

minha). ...................................................................................................................... 45

Figura 3.1 – Organograma da Companhia Contraincêndio da BASP. ..................... 69

LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1- Resumo da coleta de dados da pesquisa. ........................................... 78

Quadro 3.2 - Distribuição das perguntas do QE por tipo de informação requerida. . 79

Quadro 3.3 - Distribuição das perguntas por tipo de informação requerida no roteiro

.................................................................................................................................. 80

Quadro 3.4 - Distribuição das perguntas do QA por tipo de informação requerida. . 81

Quadro 4.1 – Cargos dos bombeiros participantes servindo na Companhia

Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo. .......................................................... 85

Quadro 4.2 – Cargos dos bombeiros participantes servindo na Diretoria de

Engenharia da Aeronáutica. ..................................................................................... 86

Quadro 4.3 – Frequência de uso das habilidades no cotidiano profissional dos

bombeiros participantes da pesquisa. ...................................................................... 87

Quadro 4.4 – Documentos escritos informados pelos participantes. ....................... 94

Quadro 4.5 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na

atividade de identificação das características das aeronaves. ................................. 96

Quadro 4.6 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa em

atividades operacionais de salvamento e combate a incêndio em aeródromo. ........ 97

Quadro 4.7 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na

atividade de planejamento e execução de treinamentos. ......................................... 99

Quadro 4.8 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na

identificação de características das aeronaves. ..................................................... 100

Page 14: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

Quadro 4.9 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na

atividade de emprego e manutenção de equipamentos, materiais e viaturas. ....... 101

Quadro 4.10 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na

realização do atendimento pré-hospitalar. .............................................................. 102

Quadro 4.11 - Tarefas que demandam a habilidade de ler. ................................... 105

Quadro 4.12 - Tarefas que demandam a habilidade de escrever. ......................... 106

Quadro 4.13 - Tarefas que demandam a habilidade de falar. ................................ 106

Quadro 4.14 - Tarefas que demandam a habilidade de falar-ouvir. ....................... 107

Quadro 4.15 – Tarefas identificadas em relação aos participantes. ...................... 108

Quadro 4.16 – Conteúdos relacionados ao que os alunos gostariam de aprender em

um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica. ............................................. 120

Quadro 4.17 – Conteúdos relacionados ao que o Curso de Inglês para Bombeiros

de Aeronáutica precisa oferecer sob a ótica dos alunos participantes. .................. 122

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 - Faixa etária dos bombeiros participantes. ............................................ 84

Tabela 4.2 – Tempo de serviço como bombeiro de aeronáutica. ............................. 84

Tabela 4.3 - Situações de uso da língua inglesa. ..................................................... 88

Tabela 4.4 – Interlocutores. ...................................................................................... 89

Tabela 4.5 - Meios de contato. ................................................................................. 90

Tabela 4.6 - Habilidades necessárias para a execução das tarefas. ....................... 90

Tabela 4.7 - Habilidades que oferecem dificuldades na execução das tarefas. ....... 91

Tabela 4.8 - Faixa etária dos alunos. ..................................................................... 113

Tabela 4.9 - Nível de Formação. ............................................................................ 113

Tabela 4.10 - Aprendizagem anterior do Inglês. ..................................................... 114

Tabela 4.11 – Tipo de experiência de aprendizagem de Inglês. ............................ 114

Tabela 4.12 - Tempo de estudo prévio do Inglês. .................................................. 114

Tabela 4.13 - Classificação do nível em relação às habilidades. ........................... 115

Tabela 4.14 - Frequência de uso das habilidades fora de sala de aula. ................ 116

Tabela 4.15 – Grau de dificuldade em relação às habilidades. .............................. 117

Page 15: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

Tabela 4.16 – Atividades que gostaria que fossem desenvolvidas na disciplina Inglês

para Bombeiro de Aeronáutica. .............................................................................. 118

Tabela 4.17 – Recursos que gostaria que fossem utilizados nas aulas de Inglês para

Bombeiro de Aeronáutica, por ordem de preferência. ............................................ 123

Page 16: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

A – Alunos

A1 – Aluno da 1ª série do Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica

A3 – Aluno da 3ª série do Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica

ANAC – Agência Nacional da Aviação Civil

APH – Atendimento Pré-Hospitalar

BA – Bombeiro de aeródromo (sigla adotada pela Classificação Brasileira de

Ocupações)

BASP – Base Aérea de São Paulo

BE – Bombeiro Especialista

CATCIS – Curso de Atualização em Contraincendio e Salvamento

CBO – Classificação Brasileira de Ocupações

CCI – Carro Contraincêndio

CECIE – Curso de Especialização em Contraincendio em Edificações

CECIES – Curso de Especialização em Contraincendio e Salvamento

CFS – Curso de Formação de Sargentos

CFS-SBO – Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica

CIA CI da BASP – Companhia de Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo

CNP – Communication Needs Processor

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

COGEAE – Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão

da PUCSP.

COMAER – Comando da Aeronáutica

COMAR IV – Comando Aéreo Regional

CRUZEX – Exercício Cruzeiro do Sul

DEPENS – Departamento de Ensino da Aeronáutica

DIRENG – Diretoria de Engenharia da Aeronáutica

EAP – Inglês para Fins Acadêmicos

EBP – Inglês para Negócios

EEAR – Escola de Especialistas de Aeronáutica

EFL – English as a foreign language

EGAP – Curso de Inglês Geral para Fins Acadêmicos

Page 17: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

EGBG – Curso de Inglês Geral para Negócios

EMP – Inglês para Fins Médicos

EMT – English as a mother tongue

EOP - Ensino de Inglês para Fins Ocupacionais

EPI – Equipamento de Proteção Individual

EPP – Inglês para Fins Profissionais

EPR – Equipamento de Proteção Respiratória

ESP – Inglês para Fins Específicos (English for specific purposes)

ESS – Ensino de Inglês para Ciências Sociais

EST – Ensino de Inglês para Ciência e Tecnologia

ETAv – Escola Técnica de Aviação

EUA – Estados Unidos da América

EVP – Inglês para Fins Vocacionais

FAB – Força Aérea Brasileira

GE – General English

GEALIN – Grupo de Pesquisa Abordagem Instrumental e Ensino-Aprendizagem de

Línguas em Contextos Diversos

GT-SBO – Grupo de Trabalho do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de

Aeronáutica

ICA – Instrução do Comando da Aeronáutica

ILA – Instituto de Logística da Aeronáutica

IMA – Instrução do Ministério da Aeronáutica

INFRAERO - Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária

KELTS – Key English Language Teaching

LAEL – Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

LinFE – Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos

LSP – Languages for Specific Purposes

MEC – Ministério da Educação

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

OACI – Organização da Aviação Civil Internacional

ONU – Organização das Nações Unidas

OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte

PCA – Plano de Carreira da Aeronáutica

PDE – Padrão de Desempenho de Especialidade

Page 18: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

PUCSP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUD – Plano de Unidade Didática

QA – Questionário de Pesquisa Aprendizes

QE – Questionário de Pesquisa Especialistas

SBO – Bombeiro de Aeronáutica

SESCINC – Serviço de Prevenção, Salvamento e Combate a Incêndio em

Aeródromos Civis

SISCON – Sistema de Contraincêndio do Comando da Aeronáutica

Page 19: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 27

2.1 Traçado histórico da Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para

Fins Específicos .................................................................................................... 27

2.1.1 A Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins

Específicos (LinFE) no Brasil ........................................................................... 36

2.2 Conceito de Inglês para Fins Específicos ....................................................... 39

2.2.1 Classificações ......................................................................................... 43

2.3 Análise de Necessidades ................................................................................ 45

2.3.1 Necessidades .......................................................................................... 47

2.3.2 Questões metodológicas da análise de necessidades ............................ 50

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 54

3.1 Natureza da investigação ................................................................................ 54

3.1.1 Estudo de Caso ....................................................................................... 57

3.2 Contexto da Pesquisa ..................................................................................... 59

3.2.1 Histórico e Missão da Escola de Especialistas de Aeronáutica - EEAR .. 60

3.2.2 Concepção estrutural do Curso de Formação de Bombeiros de

Aeronáutica – CFS-SBO .................................................................................. 61

3.2.3 As disciplinas do Campo Técnico-Especializado ..................................... 62

3.2.4 A disciplina Língua Inglesa no CFS-SBO ................................................ 63

3.2.5 A profissão bombeiro de aeronáutica ...................................................... 64

3.3 Participantes da pesquisa ............................................................................... 66

3.3.1 Alunos (A) ................................................................................................ 67

3.3.2 Bombeiros especialistas (BE) .................................................................. 67

3.4 Passos iniciais ................................................................................................. 69

3.5 Instrumentos de coleta de dados .................................................................... 73

3.5.1 Referencial Teórico .................................................................................. 73

3.5.2 Os Questionários ..................................................................................... 74

3.5.3 A Entrevista semiestruturada ................................................................... 75

3.6 Procedimentos de coleta dos dados ............................................................... 76

3.6.1 Questionário QA ...................................................................................... 76

3.6.2 Questionário QE ...................................................................................... 77

3.6.3 Entrevista com os bombeiros especialistas ............................................. 77

Page 20: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

3.7 Procedimentos de análise dos dados .............................................................. 78

3.7.1 Questionário QE ...................................................................................... 79

3.7.2 Entrevista com os bombeiros .................................................................. 80

3.7.3 O questionário dos alunos ....................................................................... 80

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................... 83

4.1 Necessidades da situação-alvo ....................................................................... 83

4.1.1 Perfil dos bombeiros especialistas .......................................................... 83

4.1.2 Informações relacionadas ao uso da língua inglesa no trabalho do

bombeiro de aeronáutica .................................................................................. 87

4.1.3 Tarefas da situação-alvo utilizando a língua inglesa ................................ 92

4.1.3.1 Tarefas relacionadas à interpretação e tradução de documentos

inerentes à especialidade ................................................................................ 95

4.1.3.2 Tarefas realizadas na execução de atividades operacionais de

salvamento e combate a incêndio.................................................................... 96

4.1.3.3 Tarefas realizadas no planejamento e execução de treinamentos

operacionais de salvamento e combate a incêndio ......................................... 98

4.1.3.4 Tarefa realizada na identificação das características das aeronaves

inerentes à realização das atividades de salvamento e combate a incêndio ... 99

4.1.3.5 Tarefas realizadas no emprego e manutenção de equipamentos,

materiais e viaturas ........................................................................................ 100

4.1.3.6 Tarefas realizadas no atendimento pré-hospitalar.............................. 102

4.1.3.7 Tarefas por habilidade ........................................................................ 105

4.1.3.8 Tarefas em relação ao número de informantes .................................. 108

4.1.4 Importância do Inglês para a profissão do bombeiro de aeronáutica .... 109

4.2 Necessidades de aprendizagem, lacunas e desejos dos alunos do CFS-SBO

em relação ao Inglês ............................................................................................ 112

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 124

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 131

APÊNDICES ........................................................................................................... 138

Apêndice A - Questionário de Pesquisa (QE) ...................................................... 139

Apêndice B - Questionário de Pesquisa (QA) ..................................................... 141

Apêndice C - Roteiro de Entrevista ..................................................................... 143

ANEXOS ................................................................................................................. 144

Anexo A - Currículo Mínimo CFS-SBO ................................................................ 145

Anexo B - Plano de Unidades Didáticas CFS-SBO ............................................. 151

Page 21: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

20

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa, conduzida na área de Inglês para Fins Específicos, tem por

objetivo investigar as necessidades de uso da língua inglesa por bombeiros de

aeronáutica e identificar as necessidades de aprendizagem dos alunos do Curso de

Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica em relação ao idioma inglês.

A realização desta pesquisa de mestrado foi motivada pela reativação, no ano

de 2013, do Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica – CFS-SBO, na

Escola de Especialistas de Aeronáutica - EEAR, instituição militar de ensino técnico

de nível médio, situada no interior de São Paulo, onde trabalho como professora de

inglês.

Faz parte do requisito mínimo de segurança aérea nacional e internacional a

implantação, operação e manutenção do Serviço de Prevenção, Salvamento e

Combate a Incêndios (SESCINC) nos aeródromos brasileiros. O SESCINC de um

aeródromo é constituído por um efetivo de bombeiros de aeronáutica que trabalham

em prol da prevenção, salvamento e combate a incêndios em um raio de 8km do

aeroporto.

A atividade desse bombeiro é crucial para o pleno funcionamento do

aeródromo e para a segurança de seus usuários, pois a falta de requisitos de

segurança pode implicar na restrição à operação de voos com aeronaves de

determinado porte ou até mesmo o fechamento do aeroporto.

Além do combate a incêndio em aeronaves e também nas instalações do

aeródromo, o bombeiro de aeronáutica é responsável por realizar o atendimento pré-

hospitalar a vítimas de acidentes, bem como o auxílio à tripulação de aeronave

durante uma evacuação de emergência, o que requer a habilidade de comunicar-se

tanto em língua nativa como em língua estrangeira, considerando a atuação em

aeroportos internacionais no Brasil. Bombeiros de aeronáutica também podem

participar de simulados de acidente aeronáutico em conjunto com funcionários de

empresas aéreas estrangeiras. Na Companhia Contraincêndio da Base Aérea de

São Paulo, os bombeiros lida com documentos escritos em língua inglesa, sobretudo

na realização da manutenção das viaturas e equipamentos cujos manuais de

manutenção estão escritos em inglês. Ademais, os bombeiros devem identificar

informações relacionadas ao combate a incêndio e salvamento de vítimas contidas

Page 22: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

21

nos manuais das aeronaves que operam no aeroporto. Esses manuais também são

escritos em inglês.

A formação de sargentos bombeiros de aeronáutica ficou extinta por vinte

anos1, cabendo, nesse período, ao Instituto de Logística da Aeronáutica (ILA), e, em

caráter temporário, pela Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC) ofertar cursos de

capacitação técnico especializada para o nivelamento de conhecimentos e

procedimentos em prol de desempenho pessoal especializado na execução de

atividades operacionais de prevenção, salvamento e combate a incêndio em

aeródromos.

No ano de 2012, a especialidade Bombeiro de Aeronáutica foi reincorporada

no Quadro de Especialidades publicado no Plano de Carreira da Aeronáutica (PCA

30-1, 2012), tendo em vista a necessidade de se mitigar o déficit de contingentes

operacionais dos SESCINC de aeroportos brasileiros, visando cumprir exigências

feitas pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e pela ANAC. Como

consequência, o Departamento de Ensino da Aeronáutica – DEPENS designou, no

mesmo ano, um Grupo de Trabalho, denominado Grupo de Trabalho Bombeiro de

Aeronáutica, doravante GT-SBO, com a incumbência de criar as bases do Curso de

Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica (CFS-SBO) na EEAR.

O GT-SBO foi liderado por um oficial bombeiro de aeronáutica e composto por

oficiais do magistério de Língua Inglesa da Escola de Especialistas de Aeronáutica –

EEAR, dentre eles eu, bem como oficiais, suboficiais e sargentos bombeiros de

aeronáutica. Minha atuação no GT-SBO se deu com a atividade específica de

concepção do curso de Inglês para Bombeiro de Aeronáutica. Ao longo do trabalho,

realizado em conjunto com os demais componentes do grupo, uma pergunta se fez

bastante pertinente: “quais são as necessidades dos alunos do curso de inglês para

bombeiros de aeronáutica da EEAR e as necessidades da situação-alvo para a qual

os alunos estão sendo preparados? ”

Em busca de materiais e cursos de ensino de inglês voltados para bombeiros

de aeronáutica, verifiquei que não há, no Brasil, cursos e/ou materiais didáticos de

ensino de inglês direcionados para esse público específico. Utilizando o mecanismo

de busca Google, encontrei apenas um livro de estudos voltado para bombeiros,

denominado English for Firefighters, produzido na Lituânia e de autoria de Tatjana

1 A última turma de sargentos bombeiros de aeronáutica formou-se no CFS-SBO em dezembro de 1992.

Page 23: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

22

Rusko e Pavel Skorupa. No entanto, o material é direcionado para bombeiros de

maneira geral, não contemplando a atividade de bombeiros no contexto aeronáutico.

Quanto aos cursos de formação de bombeiros de aeródromo no Brasil, reconhecidos

pela ANAC, conforme a Resolução nº 279, item 21.7 (ANAC, 2013), foi verificado

que nenhum deles contempla em seu currículo o ensino de Língua Inglesa.

Diante da falta de cursos e materiais para bombeiros de aeronáutica, pensei

que deveria partir do “ponto zero” em meu trabalho. Por tratar-se de um curso que

tem por objetivo ensinar inglês para um fim específico, isto é, para a atividade de

combate a incêndio e resgate de emergência em aeródromos, entendo que a etapa

primordial para o desenho de um curso dessa natureza é a análise de necessidades,

conforme pude verificar na literatura sobre Abordagem de Ensino e Aprendizagem

de Línguas para Fins Específicos, dentre os quais cito os principais autores:

Hutchinson e Waters (1987, p. 12), Robinson (1991, p. 3), Dudley-Evans e St. John

(1998, p. 121) e Long (2005, p. 1). Esses autores constituem as referências teóricas

centrais do presente estudo.

Quando participei do GT-SBO, eu não dispunha, à época, de arcabouço

teórico e prático suficiente na área de análise de necessidades para conduzir tal

investigação, de modo que, ao perceber tal lacuna em meu contexto de trabalho,

bem como a indispensabilidade de pautar-me nas necessidades dos meus alunos e

da situação-alvo para desenhar o curso de inglês para bombeiros de aeronáutica,

tive o interesse em iniciar meus estudos nessa área.

Pesquisei sobre a Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para

Fins Específicos, especificamente sobre a análise de necessidades nessa

abordagem, no site de buscas Google Acadêmico e observei que a maior parcela

das pesquisas na área com ênfase em análise de necessidades são realizadas no

Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem –

LAEL, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – SP, o que me levou a

submeter meu projeto de pesquisa a essa instituição de ensino.

Apresentei as seguintes questões de pesquisa: Quais são as necessidades

de uso da língua inglesa por bombeiros de aeronáutica e quais são as necessidades

dos aprendizes do curso de formação de bombeiros de aeronáutica? as quais

norteiam o presente trabalho.

Como mencionado anteriormente, em busca feita na internet, diversos são os

trabalhos realizados no Brasil com o objetivo de analisar as necessidades de alunos

Page 24: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

23

e da situação-alvo, procurando fornecer dados consistentes para subsidiar o

(re)desenho de cursos de inglês para fins específicos.

Por exemplo, mais recentemente, podem-se verificar as pesquisas de

Andrade (2003), no contexto de inglês para comissários de voo; Belmonte (2003), na

área de turismo; Cardoso (2003), no setor de recepção de hotéis; Pinto (2002),

sobre as necessidades de inglês no mercado de trabalho do secretariado executivo

bilíngue; Serafini (2003), no contexto de apresentação de trabalhos científicos da

área médica; Vaccari (2004), no contexto de um curso de tecnologia em processos

de produção; Pradillas (2005), na área de publicidade e propaganda; Gallo (2006),

no contexto de ensino de inglês para pilotos; Lopes (2008), na área técnica

empresarial; Souza (2009), na área editorial; Masin (2009) na área de ensino de

automação industrial; Onodera (2010), no contexto de uma empresa multinacional;

Silva (2012), de inglês jurídico; e, Camargo (2012) na área de espanhol para fins

específicos, só para citar alguns.

Todos os trabalhos mencionados foram motivados pela lacuna de pesquisa

percebida em seus contextos de atuação. De fato, tal lacuna assemelha-se àquela

sentida no setor acadêmico que motivou o nascimento da Abordagem Instrumental

no Brasil, na década de 1970, dando os passos iniciais para a especialização do

ensino de inglês no setor acadêmico. Como afirma Ramos,

[...] essa história não findou, porquanto ainda há inúmeras lacunas que geram novos desafios. Primeiro, a questão dos contextos ocupacionais e de negócios que recebeu e recebe muita pouca atenção. Novos conhecimentos sobre esses contextos e a linguagem neles utilizada precisam ser gerados para que o grupo [GEALIN] (ou mesmo outros professores de instrumental), equipado com melhores conhecimentos dessas áreas, comece a desenhar cursos que de fato venham a contemplar as reais necessidades desses profissionais, sejam elas em termos de tarefas a serem desempenhadas na língua alvo, habilidades a ser desenvolvidas tanto linguísticas quanto comportamentais (dado os diferentes contextos culturais de atuação) e/ou assuntos. (RAMOS, 2009, p. 44).

O excerto acima evidencia a importância de se fazer mais pesquisas na área,

dada a multiplicidade de contextos em que a abordagem se aplica. Continuar a fazer

a análise das necessidades nos diversos contextos de aplicação da Abordagem de

Ensino e Aprendizagem de Inglês para Fins Específicos no Brasil (SOUZA, 2009)

prova ser um caminho para contribuir com a pesquisa, desenvolvimento, ampliação

Page 25: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

24

e diversificação de um projeto iniciado há mais de 25 anos (CELANI, 2009) e que

ganhou novas nuances com a variação de contextos em que potencialmente se

aplica.

A presente pesquisa está vinculada à linha de pesquisa Linguagem,

Educação e Tecnologia, do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e

Estudos da Linguagem – LAEL, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –

PUC-SP. A pesquisa esteve afiliada, durante os anos de 2013 e 2014, ao Grupo de

Pesquisa Abordagem Instrumental e Ensino-Aprendizagem de Línguas em

Contextos Diversos, denominado GEALIN, e ao projeto de pesquisa Análise de

Necessidades em Contextos Profissionais Diversos, ambos coordenados pela Profa.

Dra. Rosinda de Castro Guerra Ramos, dos quais participei como pesquisadora

estudante.

O objetivo do Grupo de Pesquisa, cadastrado no Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, é mapear tendências que se vão

delineando na Abordagem Instrumental e as questões dela decorrentes,

identificando como se articulam com as demandas emergentes e com as habilidades

profissionais do docente, nessa modalidade de ensino.

Este estudo pretende contribuir para a pesquisa desenvolvida no LAEL PUC-

SP, mapeando necessidades de uso da língua inglesa em um contexto profissional,

especificamente por bombeiros de aeronáutica.

Com o objetivo de originar um direcionamento às ações de pesquisa, o

objetivo geral foi dividido nos seguintes objetivos específicos:

Identificar as tarefas que demandam o uso da língua inglesa na situação-

alvo; e,

identificar as necessidades de aprendizagem do alunos do Curso de

Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica em relação ao idioma

inglês.

O embasamento teórico, que será discutido na próxima seção, está ancorado

ao conceito de Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins

Específicos, especificamente ao conceito de Inglês para Fins Específicos, tendo

como principais referências os seguintes autores: Hutchinson e Waters (1987),

Robinson (1991), Dudley-Evans e St. John (1998), Long (2005) e Ramos (2005).

Page 26: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

25

A pesquisa obteve dados de alunos do Curso de Formação de Bombeiros de

Aeronáutica e bombeiros de aeronáutica atuando no mercado. Os instrumentos

utilizados para a obtenção dos dados foram questionários e entrevistas

semiestruturadas, estabelecendo a triangulação dos métodos e fontes, conforme

sugere Long (2005, p.32), para validação dos resultados. Foi utilizada a metodologia

do estudo de caso, segundo Stake (1998), Yin (2005) e Gil (2010). Para atender aos

objetivos de pesquisa, apresento as seguintes questões norteadoras:

a) quais são as necessidades de uso da língua inglesa na situação-alvo?;

e,

b) quais são as necessidades de aprendizagem dos alunos do Curso de

Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica?

Ao articular os dois universos, quais sejam, o das necessidades da situação-

alvo e das necessidades dos aprendizes do curso de inglês para bombeiros de

aeronáutica, busquei agregar diversos pontos de vista, a fim de reunir dados

consistentes, articulados, comparados e sintetizados, que poderão servir de subsídio

para um posterior redesenho do curso de inglês para bombeiros de aeronáutica que

atenda às necessidades identificadas.

O presente trabalho está estruturado em cinco seções assim definidas:

A presente Seção, denominada Introdução, em que apresentei o tema

principal, a justificativa, o objetivo e as questões norteadoras da pesquisa, bem

como seu aporte teórico.

A Seção 2, nomeada Fundamentação Teórica, em que apresento os principais

pressupostos teóricos da pesquisa, ancorados ao conceito de Abordagem de Ensino

e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos, especificamente de Inglês para

Fins Específicos. Apresento o traçado histórico da abordagem, descrevendo sua

origem e desenvolvimento ao longo dos anos. Também teço considerações a

respeito do ensino de Línguas para Fins Específicos no Brasil, salientando suas

especificidades. Em seguida, apresento o conceito de Inglês para Fins Específicos

utilizado neste trabalho, suas características e classificação. Destaco como foco

primordial da abordagem a análise de necessidades, tendo por base os principais

estudiosos da área, fazendo, em seguida, uma abordagem sobre a análise de

necessidades em termos teóricos e metodológicos.

Page 27: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

26

Na Seção 3, intitulada Metodologia da Pesquisa, apresento a metodologia de

pesquisa adotada neste estudo, justificando as escolhas realizadas. Descrevo,

também, o contexto em que a pesquisa se realiza, seus participantes e faço um

traçado das suas fases de desenvolvimento. Finalizo descrevendo os instrumentos,

os procedimentos de coleta e os procedimentos de análise dos dados.

Na Seção 4, Apresentação e Discussão dos Resultados, apresento uma

discussão dos resultados relacionados às necessidades da situação-alvo,

apresentando as tarefas realizadas por bombeiros de aeronáutica utilizando a língua

inglesa identificadas nesta investigação, bem como apresento os resultados da

análise dos dados acerca das necessidades dos alunos do CFS-SBO.

Por fim, na Seção 5, onde estão reservadas as Considerações Finais, teço

uma apreciação geral do trabalho, fazendo um balanço das suas contribuições,

identificando suas limitações e indicando possíveis encaminhamentos para

pesquisas futuras sobre Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos,

especificamente de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica.

Page 28: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

27

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção tem por objetivo apresentar os principais conceitos teóricos que

balizam o presente trabalho. Primeiramente, apresento uma discussão teórica sobre

a Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos, tratando

sobre a origem e as fases de seu desenvolvimento a partir da década de 1960.

Apresento breves considerações a respeito da abordagem no Brasil, hoje

referenciada como Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins

Específicos (LinFE)2. Também apresento o conceito de Inglês para Fins Específicos

adotado neste trabalho, suas principais características e classificações, bem como

coloco em relevo a análise de necessidades, considerada aspecto primordial da

abordagem. Finalizo delineando os principais aspectos teóricos e metodológicos da

análise de necessidades.

2.1 Traçado histórico da Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas

para Fins Específicos

Não se conhece completamente uma ciência enquanto não se souber da sua história.

Augusto Comte

No período pós-Guerra, a partir de 1945, o mundo foi dominado por duas

forças: a tecnologia e o comércio. Nesse cenário, a demanda por uma língua

internacional se tornou imperativa (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 6). Aprender

Inglês, a língua do comércio e da tecnologia, deixou de ser sinônimo de prestígio ou

mero prazer, para significar o acesso garantido a melhores oportunidades de

negócios e estudos (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 6). Diante dessa demanda,

2 Neste trabalho, LinFE é a abreviação em português para a Abordagem de Ensino-Aprendizagem de Línguas Fins Específicos no Brasil. O termo Inglês Instrumental será utilizado para referir-se ao movimento que se deu no Brasil no ano de 1978, liderado pela Profa. Dra. Maria Antonieta Alba Celani. O movimento promoveu a implantação do ensino de inglês para fins acadêmicos com foco em leitura nas universidades brasileiras. De acordo com Master (2005, p. 100), Inglês para Fins Específicos faz parte da Abordagem de Línguas para Fins Específicos, cujo termo equivalente em inglês é Languages for Specific Purposes.

Page 29: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

28

nasceu, na década de 1960, a abordagem de Ensino de Inglês para Fins Específicos

(ESP)3. De acordo com Hutchinson e Waters (1987, p. 6), Inglês para Fins

Específicos não se trata de um movimento planejado, mas sim de um fenômeno

impulsionado por uma série de acontecimentos no mundo.

Eventos ocorridos no pós-Segunda Guerra Mundial, tais como o rápido

desenvolvimento tecnológico e científico, o fortalecimento do inglês como a língua

internacional dos negócios, somado ao número elevado de estudantes do mundo

inteiro em escolas e universidades americanas, britânicas e australianas,

oportunizaram o surgimento de uma geração de estudantes que necessitava

aprender inglês. Dessa geração, fazem parte profissionais de diversas áreas, tais

como mecânicos que necessitavam ler manuais em inglês, doutores que precisavam

se atualizar em sua área e estudantes universitários que necessitavam ter acesso à

literatura acadêmica em livros, apostilas e revistas científicas disponíveis somente

em língua inglesa (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 6).

O desenvolvimento de países ricos em Petróleo ocorrido no início da década

de 1970 demandou a injeção de fundos e aplicação de conhecimento especializado

proveniente de países ocidentais no Oriente. A pressão econômica, sobretudo

imperada pela restrição de tempo e dinheiro, também influenciou o ensino de

línguas, agora obrigado a oferecer cursos eficazes a baixo custo.

Nesse mesmo período, no campo da Psicologia Educacional, novas

tendências direcionavam ênfase no aluno e suas diferentes necessidades e

interesses, bem como na influência desses fatores na aprendizagem. Essa

tendência influenciou particularmente o desenvolvimento da abordagem no mundo,

pois, conforme Kennedy e Bolitho (1984, p. 3), a característica primordial da

abordagem é basear-se na investigação dos propósitos do aluno e nas

necessidades que derivam desses propósitos. Esses propósitos e necessidades

servirão de base para o desenvolvimento de material específico e de cursos de

Inglês para Fins Específicos.

Já no campo da Linguística, estudiosos passaram a dar atenção a pesquisas

relacionadas à língua usada em contexto real, desviando o foco dos aspectos

formais da língua. Essa mudança de posicionamento colocou em evidência a

diferença entre o uso do inglês no comércio e o uso do inglês na engenharia, por

3 ESP é a abreviação inglesa para English for Specific Purposes, traduzida para o português como Abordagem de Ensino-Aprendizagem de Inglês para Fins Específicos.

Page 30: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

29

exemplo, tendo em vista a variação de contexto e propósito. De acordo com

Hutchinson e Waters, dado que a linguagem varia de uma situação para a outra,

essas variações poderiam ser a base de um curso desenhado para alunos dessas

áreas (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 7).

Por tudo isso, Hutchinson e Waters (1987, p. 7) afirmam que o conjunto dos

eventos econômicos e tecnológicos provenientes da demanda por um “bravo novo

mundo”, no período pós-Guerra, somados ao desenvolvimento na Psicologia

Educacional, que evidenciou as necessidades dos alunos como influentes no

processo de aprendizagem, e também na Linguística Aplicada, com a atenção

voltada para a língua em uso, contribuíram para o surgimento do ensino de Inglês

para Fins Específicos como uma disciplina que hoje se estabelece como uma área

de pesquisa em Linguística Aplicada.

De acordo com Ramos (2005, p. 112), a abordagem:

Não nasce de uma visão de linguagem e de ensino-aprendizagem mais tradicional (como, por exemplo, as concepções estruturalista e behaviorista que vigoravam, então), mas sim de uma nova percepção do que é ensinar e aprender e de uma nova percepção do que é linguagem. Baseia-se no pressuposto de que a aprendizagem é centrada no aluno e um levantamento de necessidades do aluno é o ponto de partida para a elaboração de cursos.

Dudley-Evans e St. John (1998, p. 20) afirmam que o equilíbrio entre teoria e

prática caracterizou o desenvolvimento da abordagem, que tanto se beneficiou, ao

longo de seu desenvolvimento, de teorias da Linguística Aplicada, como também

alimentou teorias desse campo, sobretudo no Ensino de Línguas.

Hutchinson e Waters (1987, p. 9-15) traçam cinco fases de desenvolvimento

da abordagem, que teve início na década de 1960. Similarmente, Dudley-Evans e St.

John (1998, p. 20-30) traçam o histórico da abordagem, afirmando que, embora

tenha se estabelecido a partir da década de 1960, a noção de línguas para fins

específicos já existia há bem mais tempo no mundo.

Howatt (1984, p. 7) afirma que, no século dezesseis, a necessidade de

imigrantes huguenotes e refugiados protestantes na Inglaterra em aprender inglês

para fazer comércio influenciou o ensino de inglês com foco em Inglês para

Negócios. No século dezenove, já existia uma vertente do ensino de inglês voltada

para o ensino de confecção de cartas comerciais.

Page 31: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

30

A primeira fase de desenvolvimento da abordagem, a qual, de acordo com

Johns (2013, p. 7), ocorreu entre os anos de 1962 e 1981, marca o interesse de

estudiosos da área em levantar os aspectos gramaticais e as funções lexicais dos

registros de diversas áreas, procedimento característico da Análise de Registro.

Nesse momento, as pesquisas na área operavam sob a seguinte lógica: o registro

do inglês da Engenharia Elétrica é diferente do registro do inglês da Biologia, que é

diferente do Inglês Jurídico, e assim por diante. A Análise de Registro, então,

ajudava a levantar os dados gramaticais e lexicais que serviam de base para o

programa de cursos e desenho de materiais didáticos de Inglês para Fins

Específicos.

Hutchinson e Waters (1987, p. 10) destacam que, nesse primeiro momento, a

Análise de Registro não é só um estudo com um fim em si mesmo, mas, sobretudo

do ponto de vista pedagógico, era uma investigação que tinha o intuito de levantar

os dados linguísticos necessários para fazer um curso de Inglês para Fins

Específicos relevante para seus alunos, levando em conta suas necessidades

linguísticas. Um exemplo de curso desenhado com base nos resultados de uma

Análise de Registro foi A Course in Basic Scientific English, de Ewer e Latorre,

publicado em 1969 (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 10).

Já Dudley-Evans e St. John (1998, p. 21) citam o livro intitulado The Structure

of Technical English (1965), de A. Herbert, como um material didático expressivo

desse período. O livro foi produzido com base em uma análise linguística de

vocabulário semi-técnico, abordando a linguagem de registros específicos do inglês

considerado “técnico”. No entanto, os exercícios do livro, de acordo com os autores,

abordavam aspectos lexicais e gramaticais, não contemplando exercícios que

desenvolvessem habilidades de leitura, como por exemplo, a interpretação de textos.

O material citado é característica da primeira fase da abordagem, em que os

“lexicoestatísticos”4 (DUDLEY-EVANS e ST. JOHN, 1998, p. 22), davam um enfoque

rígido na forma em detrimento do uso comunicativo da linguagem, além de não

utilizar material autêntico.

De acordo com Johns (2013, p. 7), o foco central da pesquisa em Inglês para

Fins Específicos na primeira fase era o Inglês da Ciência e Tecnologia em contextos

4 Swales (1988, p. 1) afirma que os pesquisadores da Análise de Registro adotavam uma abordagem baseada em “lexicoestatística”. Baseado nesse termo, Dudley-Evans e St. John (1998, p. 22) apelidaram os pesquisadores dessa vertente de “lexicoestatísticos”.

Page 32: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

31

acadêmicos, interesse que atualmente continua presente nas pesquisas na área.

Naquele início, a pesquisa era voltada para a descrição da linguagem, envolvendo

gramática estatística de discursos escritos.

A segunda fase da abordagem foi marcada por estudos que se concentravam

em analisar a língua para além do nível da sentença; estudiosos se preocuparam em

analisar o discurso e a retórica dos textos específicos em inglês, envolvendo-se no

campo de emergente da Análise do Discurso e da Retórica, que influenciaram a

pesquisa na área em fins da década de 1970 e meados da década de 1980.

O livro English for Science and Technology: A Discourse Approach, publicado

em 1985 e escrito por Trimble, veio trazer um resumo de seu trabalho iniciado em

conjunto com Lackstrom et al (1973), estabelecendo a relação entre forma e uso,

bem como entre propósito e dispositivo da linguagem. O intuito das investigações

nesse momento era identificar padrões de organização textual e especificar os

aspectos linguísticos dessa organização. Esses padrões então formariam o syllabus

de um curso de Inglês para Fins Específicos.

No entanto, de acordo com Dudley-Evans e St. John (1998, p. 23), foi

Widdowson que trouxe uma nova perspectiva que engrandeceu o movimento na

década de 1970, por ratificar a primazia do uso da linguagem sobre a forma,

defendendo uma abordagem que se baseasse no aspecto comunicativo da

linguagem. The Nucleus Series foi um material produzido na Universidade de Tabriz,

no Irã, sob forte influência do trabalho do Widdowson e editado por Martins Bates e

Tony Dudley-Evans, entre os anos de 1976 e 1980. Nele, observa-se o foco da

função retórica de uma descrição que introduz vocabulário semi-técnico, com apoio

visual atraente para o aluno. De acordo com Dudley-Evans e St. John (1998, p. 23),

apesar de trazer contribuições importantes, o material negligencia o

desenvolvimento das habilidades, as quais receberiam maior atenção somente no

final dos anos 1970.

Na terceira fase de desenvolvimento, traçada por Hutchinson e Waters (1987,

p. 12), houve uma atenção maior em identificar a situação-alvo, partindo do princípio

de que um curso de Inglês para Fins Específicos deve capacitar o aluno a ter um

desempenho adequado numa situação específica. A identificação da situação-alvo

foi, então, um desdobramento natural dos princípios que vinham sendo aplicados na

abordagem: está diretamente implícita na noção de que a linguagem varia de uma

Page 33: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

32

situação para a outra e de que um curso de Inglês para Fins Específicos deve levar

em consideração as necessidades dos alunos.

Faz parte dessa terceira fase o primeiro modelo de análise de necessidades,

fornecido por John Munby, em 1978. O modelo implicava em delinear um perfil

detalhado das necessidades dos alunos em termos de propósitos comunicativos,

contexto de comunicação, meios de comunicação, habilidades de linguagem,

funções, estruturas, etc. Nessa fase, as necessidades dos alunos eram

sistematicamente levantadas e colocadas como centro de todo desenho de cursos

de Inglês para Fins Específicos.

Nas três fases iniciais de desenvolvimento da abordagem, conforme

Hutchinson e Waters (1987, p. 13), os estudos tinham como foco principal as formas

da língua. Pode-se observar nas pesquisas em Análise de Registro, Análise do

Discurso e Retórica (e até mesmo na análise da situação-alvo), a redução das

necessidades dos alunos a aspectos puramente linguísticos.

Em contrapartida, a partir da quarta fase de desenvolvimento, que

compreende o período entre as décadas de 1970 e 1980, algumas mudanças

começaram a ser introduzidas: aos poucos os aspectos formais da língua deixaram

de ser o único alvo da investigação de processos de pensamentos que subjazem o

uso da linguagem. Essa fase é caracterizada por trabalhos que focavam nas

habilidades necessárias aos alunos para realizar as tarefas da situação-alvo. Houve

um amadurecimento da abordagem, sobretudo quando se começou a questionar a

efetividade do ensino de Inglês para Fins Específicos em relação aos cursos de

Inglês Geral. Até então havia poucos estudos empíricos que avaliavam a efetividade

dos cursos. Ademais, o modelo de Análise de Necessidades5 proposto por Munby

como resultado de sua tese de doutorado publicada em 1978 foi amplamente

discutido.

Todos esses questionamentos indicaram o estabelecimento da abordagem de

ensino de Inglês para Fins Específicos como disciplina, levando vários autores a

produzirem, nesse período, vários artigos indicando a necessidade de se repensar

alguns conceitos adotados pela abordagem. Nesse momento houve um consenso a

respeito do que o ensino de Inglês para Fins Específicos não deveria ser (Dudley-

5 O modelo será apresentado no item 2.3 “Análise de Necessidades”, desta Seção.

Page 34: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

33

Evans e St. John, 1988, p. 25), resultando nas seguintes máximas sobre a

abordagem:

1. Inglês para Fins Específicos não trata do ensino de variedades

especializadas do inglês;

2. Inglês para Fins Específicos não trata apenas de palavras da área

científica e gramática para cientistas; palavras do ramo de hotelaria e

gramática para pessoal de hotelaria, e assim por diante;

3. Inglês para Fins Específicos não é diferente de nenhuma outra forma de

ensino de línguas no que se refere a basear-se, em primeira instância, em

princípios de efetividade e eficiência na aprendizagem.

Como fruto desses questionamentos, começou-se a perceber que o ensino de

Inglês para Fins Específicos se concentrava mais no produto, como pretendia a

análise da situação-alvo (DUDLEY-EVANS e ST. JOHN, 1998, p. 26), do que nas

habilidades de aprendizagem necessárias para os alunos conseguirem atingir seus

objetivos. Essas ideias se desenvolveram até culminar na abordagem centrada na

aprendizagem (learning-centred approach), que requer trazer para o cerne da

abordagem o processo de aprendizagem e a motivação do aluno em atingir o alvo

pretendido.

Outro ponto colocado em discussão foi a autenticidade do material e

autenticidade do propósito. No final da década de 1980, observou-se que não só o

texto deveria ser autêntico, como também o propósito da atividade. Em outras

palavras, as atividades que promoviam a interação entre o leitor e o texto deveriam

trabalhar as habilidades que seriam utilizadas pelo aluno na situação real de uso.

O foco na análise das habilidades, no final da década de 1970, resultou

naturalmente da aplicação dos materiais baseados no modelo-nocional funcional.

Começou-se a perceber a importância de se verificar qual habilidade o aluno deveria

desenvolver para poder cumprir sua atividade profissional ou acadêmica (DUDLEY-

EVANS e ST. JOHN, 1998, p. 24). Um material que ilustra bem essa tendência, de

acordo com Dudley-Evans e St. John (1998) é um curso de leitura intitulado Skills for

Learning. Esse curso tinha especial enfoque nas habilidades associadas à leitura,

tais como “conhecer as principais partes de um texto”, “familiarizar-se com textos

não-lineares” “identificar pistas do contexto”, etc. (p. 24).

Os estudos sobre as habilidades e estratégias de aprendizagem, conforme

Hutchinson e Waters (1987, p.13), operaram em escala local, tendo sido

Page 35: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

34

desenvolvidos em projetos nacionais, tais como o Projeto Inglês Instrumental no

Brasil e o Projeto de ESP na Universidade da Malásia. Os autores relatam que os

dois projetos foram estabelecidos com o intuito de lidar com situações de estudo

onde, apesar de o meio de instrução ser a língua materna, os alunos deveriam

realizar a leitura de textos de sua área de formação disponíveis unicamente em

Língua Inglesa. Particularmente, ambos os projetos se concentraram no

desenvolvimento da habilidade de leitura.

O “passado mais recente” de pesquisas na área, ocorrido entre os anos de

1981 e 1990, conforme assinala Johns (2013, p. 9), teve início marcado pelo artigo

seminal de Swales (1981) o qual originou mais tarde Genre Analysis (SWALES,

1990). O conceito de gênero começou a se tornar central, com o crescente interesse

dos pesquisadores em analisar textos orais e escritos, marcado sobretudo pelo foco

em estabelecer a relação entre o dispositivo linguístico e as decisões retóricas do

autor. O conceito de gênero então veio substituir o conceito de dispositivo linguístico.

De acordo com Johns (2013, p. 10), a pesquisa em necessidades a partir

dessa fase se tornou empírica, triangulada e complexa ao longo do tempo. Jacobson

(1986) concentrou-se nas necessidades estratégicas dos alunos em laboratório de

física. Tarantino (1988) usou questionário presencial para medir necessidades no

nível micro e macro de 53 pesquisadores e alunos da área de Inglês para Ciência e

Tecnologia.

Começou-se a investigar a relação entre gramática/léxico e os propósitos

retóricos do autor. Nesse momento, a pesquisa em Inglês para Fins Específicos foi

se tornando mais sofisticada, adotando uma abordagem focada em questões mais

pormenorizadas. Como exemplo, tem-se a pesquisa de Tarone et al (1981) que, ao

invés de generalizar as características da linguagem científica, procurava observar a

voz sintática da prosa científica de um conjunto de artigos de astrofísica,

investigando em que medida ela influencia as decisões retóricas do autor. Nesse

trabalho, o especialista se envolve com o informante com quem Tarone e outros

linguistas aplicados testam suas conclusões (JOHNS, 2013, p. 7).

Ao longo de seu desenvolvimento, pode-se perceber que Inglês para Fins

Específicos estabelece-se cada vez mais interdisciplinar: por adotar uma abordagem

centrada no aluno, isto é, em suas necessidades, a abordagem precisa se conectar

à área, disciplina ou contexto profissional em que o aluno está inserido e/ou para o

qual ele está sendo preparado. Assim, conforme afirmam Tatzl, Millward-Sadler e

Page 36: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

35

Casey (2012, p. 1), apesar do nome que leva, Inglês para Fins Específicos é uma

abordagem que se liga a diversas disciplinas por uma tênue linha: a língua inglesa.

De acordo com Johns, as pesquisas mais recentes realizadas na área, entre

os anos de 1990 e 2011, são marcadas pela a utilização da pesquisa de corpus,

particularmente na análise de gêneros acadêmicos escritos. As pesquisas e

publicações de Ken Hyland focando na relação entre autor e leitor de textos

acadêmicos representam os trabalhos mais citados entre os estudos de corpus em

Inglês para Fins Específicos. Hyland (2005) pesquisou o metadiscurso, isto é, os

aspectos do texto que se referem explicitamente à organização do discurso ou da

instância do autor, em relação ao conteúdo e ou ao leitor.

No Brasil, podemos verificar uma pesquisa voltada para o ensino baseado em

gêneros, na esteira do conceito de gênero fornecido sobretudo por Swales (1990) e

Bhatia (1993), tendo como exemplo a proposta pedagógica de implementação de

gêneros textuais em Curso de Língua Estrangeira para Fins Específicos fornecida

por Ramos (2004). A proposta baseia-se na concepção de Swales (1990) de que os

gêneros tornam compreensível o entendimento das ações comunicativas em

contextos específicos da comunidade, sendo “um recurso pedagógico poderoso”,

nas palavras da pesquisadora (RAMOS, 2004, p. 116). De acordo com a autora,

colher e analisar exemplos de gêneros utilizados na situação-alvo auxilia na

investigação das necessidades para um posterior desenho de curso baseado em

gêneros.

Em relação ao futuro das pesquisas em Inglês para Fins Específicos, Master

(2005, p. 100) afirma que há interesse em pesar a importância de vários elementos

nas situações de linguagem autêntica. Nesse sentido, a análise do discurso tem a

ver com os elementos microlinguísticos, isto é, com contagem de frequência, bem

como com questões macrolinguísticas tais como gênero, níveis de discurso em

subseções retóricas e interações dos alunos com discursos em disciplinas

específicas. Ainda de acordo com Master (2005, p. 100), outras questões de

pesquisa também começaram a ser discutidas durante a comunicação de pesquisas

no 6ª Conferência Internacional de Línguas para Fins Específicos, intitulada “O papel

da tecnologia da informação na pesquisa e pedagogia de Inglês para Fins

Específicos”, ocorrida na Espanha. Dentre as pesquisas, citam-se investigações

acerca do uso de redes e multimídia, aplicativos E-learning, tecnologia da

Page 37: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

36

informação na pesquisa educacional, interação em ambientes virtuais de

aprendizagem, tecnologia da informação e desenvolvimento de materiais.

Conforme assinalado por Dudley-Evans e St. John (1998, p. 30), pode-se

afirmar que a Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Inglês para Fins Específicos

ocupa um espaço conquistado dentro da Linguística Aplicada, posicionando-se na

vanguarda de movimentos de ensino de línguas. A abordagem também escreveu

sua história no Brasil, a qual delinearei, resumidamente, no próximo item.

2.1.1 A Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins

Específicos (LinFE) no Brasil

(...) algo novo, instigante, criativo, desbravador de novos caminhos

Maria Antonieta Alba Celani

Segundo Ramos, os primeiros passos da abordagem de Inglês para Fins

Específicos em contexto nacional foram dados com o Projeto Nacional Ensino de

Inglês Instrumental nas Universidades Brasileiras (RAMOS, 2009, p. 36), conduzido

entre o fim da década de 1970 e início da década de 1990 (CELANI, 2005, p. 394),

tendo por berço a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, instituição

responsável pela implantação do projeto e liderado pela Profa. Dra. Maria Antonieta

Alba Celani.

O projeto realizou o levantamento das necessidades de alunos, professores

universitários e pesquisadores de vinte e seis universidades brasileiras, detectando a

necessidade de leitura de textos específicos das áreas dos universitários (RAMOS,

2005, p. 115). Uma vez identificada essa necessidade, buscou-se investir na

capacitação docente para ensino de inglês para fins acadêmicos, com foco em

leitura e compreensão de literatura especializada (RAMOS, 2009, p. 36).

O desenvolvimento do projeto ocorreu em duas fases (CELANI et. al, 1988,

p.4-5). A primeira, compreendida entre 1977 e 1980, foi caracterizada pelo pedido de

apoio ao Ministério da Educação – MEC, que enviou fundos para financiar o estudo

acerca da viabilidade do projeto. Nessa fase inicial, foram feitas visitas preliminares

às universidades brasileiras, com o intuito de conhecer os cursos oferecidos,

Page 38: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

37

recursos disponíveis e materiais de ensino para levantar a real necessidade de um

projeto nacional de ensino de Inglês para Fins Específicos. Esse período também foi

marcado pela organização de um seminário nacional, em 1979, com duração de

duas semanas, objetivando trocar experiências e discutir sobre a viabilidade da

produção de materiais didáticos de maneira coletiva.

A segunda fase, que ocorreu entre 1980 e 1985, foi marcada pela chegada de

três especialistas britânicos, denominados KELTS – Key English Language

Teaching. Com o apoio do Conselho Britânico, os KELTS, isto é, John Holmes,

Anthony Deyes e Mike Scott, foram enviados ao Brasil com o intuito de ajudar a

desenvolver a pesquisa, capacitação docente e produção de materiais no projeto.

Holmes e Deyes atuaram na PUCSP, enquanto Scott foi enviado à Universidade

Federal de Santa Catarina (RAMOS, 2009, p. 37).

Importante ressaltar que, conforme Ramos (2009, p. 37), o Projeto de Inglês

Instrumental no Brasil foi caracterizado pela “não imposição de uma metodologia

‘oficial’ ” (p. 37), respeitando as diferenças existentes entre as universidades

participantes. Foram criadas, durante o projeto, as publicações denominadas

Working Papers, Resource Packages e Newsletters, publicações que deixaram de

existir com o fim do projeto, em 1990. Outra publicação da época foi a revista the

ESPecialist, única publicação da área que continua divulgando as pesquisas e

práticas desenvolvidas até os dias de hoje (RAMOS, 2009, p. 38).

O projeto de Inglês Instrumental no Brasil deu início à chamada Abordagem

Instrumental. Conforme Ramos (2005, p. 111), essa abordagem, ao longo de seu

desenvolvimento no Brasil, começou a cercar-se de uma série de mitos que podem

ter causado seu descrédito em alguns círculos acadêmicos em nosso país. Ramos,

pesquisadora na área de Línguas para Fins Específicos, aponta para a urgência da

desconstrução desses mitos e chama a atenção para os novos desafios e demandas

da abordagem no Brasil nos últimos anos (RAMOS, 2005, p. 109).

Um dos mitos citados pela pesquisadora é o de que o instrumental6 é uma

disciplina fora de moda, monótona, que não trabalha com a linguagem e que

6 A pesquisadora se refere ao ensino de línguas utilizando a abordagem instrumental no Brasil como “instrumental”. Ex: ensino de inglês instrumental, ensino de português instrumental, ensino de espanhol instrumental, etc. A abreviação LinFE, utilizada nesta dissertação, tem por sinônimos a abreviação inglesa LSP (Languages for Specific Purposes), bem como o termo “instrumental”, uma vez que abarca tanto as características da abordagem instrumental no Brasil bem como as práticas mais recentes em ensino e pesquisa em Línguas para Fins Específicos realizadas no Brasil.

Page 39: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

38

qualquer pessoa, mesmo que não tenha habilidade e competência relativas à

disciplina, tem condições de dar aula de instrumental.

Como relatado anteriormente, a abordagem teve início no Brasil em fins da

década de 1970 com o projeto de ensino de inglês instrumental, colocando como

prioridade o ensino de leitura, uma vez que o projeto contemplava as necessidades

de alunos e profissionais do Ensino Superior de aprender a ler e escrever textos

acadêmicos. Não é característico da Abordagem Instrumental priorizar somente o

ensino de leitura, o que deu origem ao primeiro mito (RAMOS, 2005, p. 112)

relacionado à área: o de que instrumental é primordialmente ensino de leitura.

Com a mudança no panorama de ensino-aprendizagem instrumental de inglês

no Brasil, sobretudo preconizada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, e

também pela demanda pela inclusão digital, pela formação de cidadãos e pela

revisão dos currículos em face dessa mudança, Ramos (2005, p. 114-115) defende

que a abordagem terá um lugar importante na educação se se desfizer dos mitos

que a encobrem e consolidar-se como uma área do ensino que leve em

consideração as necessidades específicas dos alunos, os quais devem ser

colocados no centro do processo de ensino-aprendizagem, e, por consequência, que

encoraje a autonomia desses aprendizes, contribuindo para a formação de cidadãos

autônomos.

Ainda conforme Ramos (2005, p.115), devido às necessidades sentidas em

diversas áreas acadêmicas, tais como turismo, hotelaria, publicidade, secretariado,

etc, por alunos universitários que já se encontravam em serviço, a partir de 1998, as

discussões sobre ensino e aprendizagem de Inglês para Fins Específicos ampliaram

o escopo contemplando as habilidades comunicativas, tais como compreensão oral

e produção oral e escrita, negligenciadas por vinte anos, desde o início do Projeto

Ensino de Inglês Instrumental no Brasil.

Em 2002, foi cadastrado no CNPq o grupo de pesquisa Abordagem

Instrumental e Ensino-Aprendizagem de Línguas em Contextos Diversos,

denominado sob a sigla GEALIN, com sede na PUCSP, sob liderança de Rosinda de

Castro Guerra Ramos, professora doutora da instituição.

Um dos trabalhos significativos do grupo foi a proposta de implementação de

gêneros textuais em cursos de Inglês para Fins Específicos fornecida por Ramos

(2004), bem como um curso de extensão oferecido pela Coordenadoria Geral de

Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da PUCSP - COGEAE PUCSP,

Page 40: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

39

denominado Inglês Instrumental: leitura para fins acadêmicos, ministrados por

pesquisadores do grupo.

O GEALIN também começou a realizar pesquisa, mais recentemente, em

contextos digitais, da qual resultaram dois cursos de extensão à distância oferecidos

também pela COGEAE, um, intitulado ESPmed: leitura de abstracts, e outro

intitulado Inglês Instrumental on-line: Leitura de Textos Acadêmicos (RAMOS, 2009,

p. 43).

Conforme Ramos (2005, p. 122), o termo “Inglês Instrumental”, historicamente

relacionado à “leitura”, deve ser colocado em contraste com o termo “Inglês para

Fins Específicos”, que define a Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Inglês

para Fins Específicos no Brasil dos dias atuais. Em reuniões do Grupo GEALIN, tem

se chegado a um consenso sobre adotar a abreviação LinFE para se referir à

Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos em

contexto nacional (RAMOS, 2012).

A seguir, apresento a definição de Inglês para Fins Específicos fornecida

pelos principais estudiosos da área, destacando a definição do conceito assumida

para este trabalho com base na literatura apontada.

2.2 Conceito de Inglês para Fins Específicos

Desde seus primeiros movimentos, na década de 1960, até os dias atuais, a

Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Inglês para Fins Específicos desenvolveu-

se rapidamente como uma resposta à globalização dos mercados e da educação

cada vez mais exigente quanto ao domínio da língua inglesa em contextos

específicos de trabalho e ensino. Quem deseja iniciar-se no ensino e pesquisa em

Inglês para Fins Específicos, seja como professor ou pesquisador, terá à disposição

diversas publicações que oferecem uma gama de definições, descrições e

discussões a respeito do que é Inglês para Fins Específicos. Dentre as principais,

podemos citar os livros de: Hutchinson e Waters (1987), Robinson (1991) e Dudley-

Evans & St. John (1998). Ao realizar a leitura desses textos, uma questão bastante

pontual se coloca diante do pesquisador: como os estudiosos da área definem Inglês

para Fins Específicos? Essas definições indicam um consenso a respeito do que é

Inglês para Fins Específicos?

Page 41: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

40

O livro de Dudley-Evans & St. John (1998), frequentemente referenciado

como aporte teórico de grande parte das pesquisas em Inglês para Fins Específicos

no mundo todo, tem por objetivo introduzir o leitor no campo da conceituação e da

prática (contextos de aplicação da abordagem, análise de necessidades, avaliação,

desenho de cursos, práticas de sala de aula) em Inglês para Fins Específicos,

fazendo uma abordagem histórica sobre como Inglês para Fins Específicos se

estabeleceu como uma abordagem multidisciplinar, com um amplo conjunto de

publicações, pesquisa e materiais didáticos.

Os autores do livro fornecem uma definição de Inglês para Fins Específicos,

reformulando os conceitos fornecidos anteriormente por três autores de peso na

área: Hutchinson e Waters (1987); Strevens (1988) e Robinson (1991). Dudley-

Evans e St. John apresentam as definições de Inglês para Fins Específicos

fornecidas pelos três autores, demonstrando sua convergência, complementaridade

e também incompletude. Assim, no livro, os autores delineiam um conceito de Inglês

para Fins Específicos com referência a obras anteriores, de maneira que, a partir da

escolha feita pelos autores, pode-se chegar a um consenso sobre o que se entende

por Inglês para Fins Específicos.

Primeiro, os autores trazem a definição fornecida por Hutchinson e Waters

(1987, p. 16) que considera Inglês para Fins Específicos como uma abordagem e

não um produto. Em outras palavras, Inglês para Fins Específicos não se trata de

um tipo particular de linguagem, material de ensino ou metodologia. Como resposta

a essa questão tem-se uma necessidade. Para os autores, o que caracteriza a

abordagem, diferenciando-a do ensino de Inglês Geral, é a consciência dessa

necessidade (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 54). A necessidade, então, será o

ponto de partida para o desenho de cursos e desenvolvimento de materiais.

Segundo, a definição de Inglês para Fins Específicos conforme Strevens

(1988), citada pelos autores, é a mais abrangente, pois considera que a abordagem

é um componente do ensino de inglês com características absolutas e variáveis. As

características absolutas se relacionam ao fato de que Inglês para Fins Específicos é

uma abordagem de ensino baseada nas necessidades dos alunos, relacionada ao

conteúdo de uma disciplina, profissão ou ocupação específica, centrada na

linguagem e no discurso específico de cada atividade, e estabelecida em contraste

com o ensino de Inglês Geral. As características variáveis se referem ao uso ou não

Page 42: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

41

de uma metodologia pré-estabelecida ou do ensino de uma habilidade somente,

como, por exemplo, a leitura.

Já a definição de Robinson (1991), trazida pelos autores, coloca a análise de

necessidades como primordial para se definir Inglês para Fins Específicos, tal como

pretendia Strevens (1988). A autora também pontua que os cursos de Inglês para

Fins Específicos geralmente são de curta duração, direcionados para objetivos

específicos e voltados para o ensino de grupos homogêneos compostos por adultos.

Dudley-Evans e St. John (1998) pontuam as limitações existentes nas

definições anteriormente fornecidas. Primeiramente, sugerem que Inglês para Fins

Específicos não deve necessariamente estar relacionado ao conteúdo, como queria

Strevens (1988), mas sim refletir conceitos e atividades das disciplinas mais amplas.

Por esse motivo, os autores sugerem que essa característica seja classificada como

variável e não absoluta. Tal reformulação do conceito torna-se óbvia quando

lembramos que os autores enfatizam que Inglês para Fins Específicos é uma

abordagem, como propuseram Hutchinson e Waters (1987), a qual não possui uma

metodologia “pronta” ou “pré-moldada”, excluindo-se a ideia de que Inglês para Fins

Específicos seja um “produto”. De acordo com Dudley-Evans e St. John, a

metodologia utilizada em Inglês para Fins Específicos deve refletir a metodologia da

disciplina e profissão a que serve. Por exemplo, o ensino de Inglês para Fins

Acadêmicos utiliza metodologia de resolução de problemas comumente utilizada em

estudos acadêmicos; o ensino de Inglês para Negócios deve refletir as práticas

realizadas em contexto de reuniões empresariais e negociações comerciais. Assim,

a flexibilidade característica da abordagem Inglês para Fins Específicos

naturalmente irá requerer um número maior de características variáveis em

detrimento das absolutas.

Outro ponto importante a respeito da abordagem é que a linguagem também

é colocada em relevo na definição de Inglês para Fins Específicos fornecida por

Dudley-Evans e St. John, pois o seu domínio, na forma de registros e gêneros, é

crucial para a execução das atividades profissionais, acadêmicas evidenciadas no

processo de análise de necessidades.

Assim, fazendo alguns acertos na definição de Strevens e aproximando as

contribuições de Robinson e Hutchinson e Waters, Dudley-Evans e St. John

propõem uma definição de Inglês para Fins Específicos, ora adotada neste trabalho,

Page 43: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

42

consistindo em duas características absolutas (contra as quatro absolutas de

Strevens) e quatro características variáveis.

A definição de Inglês para Fins Específicos fornecida pelos autores pode ser

resumida nas seguintes características (DUDLEY-EVANS e ST. JOHN, 1998, p. 5):

Características absolutas:

Inglês para Fins Específicos é uma abordagem de ensino que visa a

atender às necessidades específicas do aluno;

Inglês para Fins Específicos utiliza a metodologia e as atividades das

disciplinas às quais serve; e

Inglês para Fins Específicos está centrada na linguagem (gramática, léxico,

registro), habilidades, discursos e gêneros apropriados às atividades da

situação-alvo.

Características variáveis:

Inglês para Fins Específicos pode estar relacionada a uma disciplina

específica;

Inglês para Fins Específicos pode utilizar uma metodologia diferente da

utilizada no ensino de Inglês Geral;

Inglês para Fins Específicos pode ser tanto utilizada para ensinar adultos,

em nível superior ou profissional, como também alunos no nível

secundário; e

Inglês para Fins Específicos geralmente é utilizado para ensinar alunos no

nível intermediário e avançado.

Cumpre ressaltar que, na visão de Dudley-Evans e St. John, Inglês para Fins

Específicos é uma abordagem multidisciplinar em dois aspectos: primeiro, pela

necessidade de se engajar com outras disciplinas no ensino da língua e, segundo,

pela necessidade de se valer das contribuições de outras disciplinas para o

desenvolvimento de sua própria prática. Essa visão desmistifica a abordagem como

uma “disciplina” ou “ensino” isolado de outras áreas.

Page 44: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

43

A definição de Inglês para Fins Específicos adotada neste trabalho é a de uma

abordagem multidisciplinar que se conecta diretamente com a disciplina ou área à

qual servirá de suporte, bem como se interessa em investigar as necessidades da

situação-alvo - disciplina ou área profissional –, bem como as necessidades dos

alunos para o desenho de cursos relevantes para o público alvo.

Assume-se, também, que Inglês para Fins Específicos apresenta mais

características variáveis do que absolutas, em virtude da diversidade de contextos

em que a abordagem se aplica. Dessa forma, é importante se ter conhecimento das

diversas classificações da área com base nos diversos cenários de atuação da

abordagem. Essas classificações serão apresentadas no próximo subitem.

2.2.1 Classificações

Para Hutchinson e Waters (1987, p. 16), responder à pergunta “o que é Inglês

para Fins Específicos?”, implica em posicionar a abordagem em um contexto mais

amplo do ensino de línguas. Os autores se referem às diversas ramificações ou

classificações de Inglês para Fins Específicos como “cidades satélites” e, seus

praticantes, como se fossem “habitantes” dessas “cidades”, as quais ocupam lugar

no amplo território ou “mundo”, tal como é chamado pelos autores o ensino de

línguas.

Uma vez que ensino de Inglês para Fins Específicos aplica-se a diferentes

contextos (Basturkmen, 2011, p. 3), ele pode ser classificado de várias maneiras.

Existe uma classificação da abordagem tanto por área de experiência quanto por

tempo de experiência, exemplificada por Dudley-Evans e St. John (1998, p. 6), na

figura 2.1 a seguir:

Page 45: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

44

Figura 2.1 - Classificação de Inglês para Fins Específicos por área profissional exemplificada

por Dudley-Evans e St. John (1998, p. 6) (Tradução minha).

Dudley-Evans e St. John (1998, p. 9) afirmam que os diagramas de

classificação de Inglês para Fins Específicos, tal como o representado na figura 2.1,

geram uma série de erros, principalmente por não considerarem a natureza fluida

dos cursos de Inglês para Fins Específicos, melhor representada, conforme a Figura

2.2, por meio de um continuum do ensino de línguas, sugerido pelos autores

(DUDLEY-EVANS e ST. JOHN, 1998, p. 9). O continuum representa, na sua

extremidade esquerda, posição 1, os cursos de ensino de inglês geral e, à medida

que se movimenta para a direita, representa cursos com características cada vez

mais específicas até chegar na extremidade direita, posição 5, onde são

representados os cursos de natureza bem específica:

Page 46: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

45

GERAL ESPECÍFICO

1 2 3 4 5

Posição 1 Posição 2 Posição 3 Posição 4 Posição 5

Inglês para iniciantes.

Ensino de Inglês Geral de nível intermediário a avançado com foco em habilidades específicas.

Cursos de Inglês Geral para fins acadêmicos (EGAP) e para negócios (EGBG) baseado em programas de curso que contempla aspectos linguísticos e habilidade que não estão diretamente relacionadas à profissões e disciplina.

Cursos para áreas profissionais ou disciplinas mais amplas, como, por exemplo, redação de relatórios por cientistas e engenheiros, inglês para fins médicos; inglês jurídico; habilidades de negociação e reunião para profissionais de negócios.

1)Curso de Inglês de suporte acadêmico para uma disciplina acadêmica específica; 2)Curso de Inglês one-to- one para profissionais de negócios.

Figura 2.2 - Continuum de Dudley-Evans e St. John (1998, p. 09) (Tradução minha).

Com referência ao continuum adotado por Dudley-Evans e St. John (1998),

pode-se afirmar que o curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica centrado nas

necessidades levantadas nesta pesquisa poderá ser um curso Inglês para Fins

Específicos posicionado no item 4 do continuum uma vez que se baseia em

necessidades específicas dos alunos de um curso de formação de bombeiros de

aeronáutica, bem como nas necessidades da situação-alvo relacionada à área

profissional do bombeiro de aeronáutica.

Colocada a conceituação de Inglês para Fins Específicos que assumo para

este trabalho e esclarecidos alguns pontos a respeito da abordagem no Brasil, passo

para a definição da análise de necessidades.

2.3 Análise de Necessidades

O desenho de um curso de Inglês para Fins Específicos requer,

precipuamente, o levantamento de informações relacionadas à situação-alvo e à

situação de aprendizagem (HUTCHINSON E WATERS, 1987, p. 53). Esse primeiro

passo do desenho de um curso é a análise de necessidades.

Pode-se verificar que as três definições de Inglês para Fins Específicos

citadas no 2.2, elaboradas por Dudley-Evans e St. John, Strevens e Robinson,

Page 47: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

46

exaltam a análise de necessidades como condição sine qua non para a prática em

ensino de Inglês para Fins Específicos. Conforme Dudley-Evans e St. John (1998, p.

121), a análise de necessidades visa a estabelecer o “o que” e o “como” de um

curso. Assim, conforme os autores, a análise das necessidades de ensino constitui o

terreno por onde hão de se calcar as fases subsequentes da construção do syllabus

e desenvolvimento do material didático (DUDLEY-EVANS e ST. JOHNS, 1998, p.

121).

Long (2005, p. 1) critica a aplicação, no ensino de línguas, de materiais e

programas padronizados que não levam em conta a especificidade das tarefas,

gêneros e práticas de discurso características da situação-alvo.

De acordo com o autor, as análises podem variar muito dependendo da

população estudada, seus contextos e suas limitações; porém, todas são válidas,

contanto que considerem o contexto acadêmico, ocupacional, vocacional em que

estão inseridas e que levem em conta a comunidade discursiva na qual a língua se

realiza nesses contextos (LONG, 2005, p.12).

Conforme explicado anteriormente, o primeiro modelo de análise de

necessidades foi fornecido por Munby (1978). O modelo é dividido em dois estágios:

o primeiro, denominado Communication Needs Processor - CNP, visa a coletar

dados a respeito do input - da língua de especialidade - e, num segundo momento,

relaciona-os com os dados obtidos dos alunos. Esse modelo de análise pretendia

levantar, criteriosamente, dados relacionados às necessidades puramente

linguísticas.

Conforme Hutchinson e Waters (1987, p. 54), o modelo de Munby foi um

“divisor de águas” no desenvolvimento de Inglês para Fins Específicos em dois

sentidos: primeiro, porque forneceu um modelo sistemático de análise de

necessidades não existente antes na história da abordagem; segundo, porque

demonstrou a esterilidade de uma abordagem centrada na linguagem. O conceito de

necessidades que se relacionasse unicamente aos aspectos linguísticos,

considerados objetivos, não era suficiente para dar conta da dimensão afetiva,

relacionada à aprendizagem e ao modo como o aluno aprende. Assim, na década de

1980, pesquisadores da área começaram a definir itens não-linguísticos como

unidade de análise, como se pode verificar na pesquisa de Breen (1984), que adota

o processo e Long (1985) que adota a tarefa como unidade de análise.

Page 48: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

47

Long critica o levantamento de necessidades do aluno em termos de unidades

linguísticas, tais como palavras, estruturas, noções e funções que via a fundamentar

um curso que não é especificado nesses aspectos. O autor defende que a tarefa

como unidade de análise confere coerência no desenho do curso se este for

analítico (LONG, 2005, p. 22). O pesquisador enumera cinco vantagens para a

utilização da tarefa como unidade de análise (LONG, 2005, p. 22):

1. a maioria das descrições ocupacionais produzidas por especialistas da área

são formuladas em termos de conhecimento prévio, padrões de desempenho e

tarefas;

2. análise baseada em itens linguísticos resulta em listas de itens estruturais

descontextualizados;

3. análise baseada em tarefas revela um número maior e mais rico de dados

relativos ao discurso-alvo;

4. os especialistas da área podem fornecer informação válida sobre a

atividade que desempenham em termos de tarefas, mas não em termos de

linguagem, a qual eles não dominam;

5. os resultados de uma análise baseada em tarefas servem de subsídio para

o desenho de vários cursos baseados em tarefas ou em conteúdos.

Será apresentado, no próximo item, o conceito de necessidades assumido

para este trabalho com base no referencial teórico da pesquisa.

2.3.1 Necessidades

Conforme Hutchinson e Waters (1987, p. 53), Inglês para Fins Específicos “é

uma abordagem ao desenho de curso que parte da questão ‘Por que esses alunos

precisam aprender Inglês?” Pode-se afirmar que um curso de Inglês Geral também

se baseia na mesma questão, mas a diferença, conforme afirmam os autores, reside

na consciência dessa necessidade. Uma vez que alunos, professores e

patrocinadores têm conhecimento de qual é essa necessidade, será possível

desenhar um curso específico, que atenda a necessidade existente.

Desde 1960 até os dias atuais, o conceito de necessidades no contexto de

ensino de Inglês para Fins Específicos tem sofrido mudanças. No histórico delineado

anteriormente, pode-se observar que, nos primórdios da abordagem, buscavam-se

Page 49: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

48

levantar apenas necessidades essencialmente objetivas, relacionadas aos aspectos

linguísticos – como queria Munby em seu modelo de análise de necessidades –,

tanto da situação-alvo quanto do conhecimento prévio da língua-alvo por parte dos

alunos.

Ao longo do desenvolvimento da abordagem, diversos foram os termos

utilizados para se referir às necessidades. Dudley-Evans e St. John (1998, p. 123)

citam alguns exemplos: necessidades objetivas e subjetivas (BRINDLEY, 1989);

necessidades percebidas e sentidas (BERWICK, 1989); e necessidades, desejos e

lacunas (HUTCHINSON E WATERS, 1987). De acordo com Dudley-Evans e St.

John (1998, p. 123), essa “confusa abundância” de termos relacionados às

necessidades vieram à tona na tentativa de dar conta de diversas perspectivas que

refletem valores e filosofias educacionais diferentes.

Ainda conforme os autores, essas tentativas de definição de necessidades

auxiliaram no desenvolvimento da concepção do termo em Inglês para Fins

Específicos. A concepção atual de necessidades abrange, segundo os autores

(DUDLEY-EVANS E ST. JOHN, 1998, p. 125) informações sobre:

aspectos profissionais sobre os alunos: uma análise da situação-alvo, isto

é, identificação das tarefas e atividades que os alunos irão realizar

utilizando a língua inglesa;

aspectos pessoais sobre os alunos: fatores que afetam o modo como os

alunos aprendem tais como experiências de aprendizagem prévia do

inglês, bem como razões e expectativas em relação ao curso;

desempenho linguístico dos alunos: análise das habilidades e do

conhecimento linguístico atual dos alunos; Dudley-Evans e St. John a

chamam de present situation analysis;

lacunas dos alunos: intervalo entre o desempenho linguístico atual do aluno

e o desempenho desejado na situação-alvo;

aprendizagem da língua: maneiras de aprender as habilidades e a língua,

relacionadas às necessidades de aprendizagem (learning needs);

informação sobre a comunicação profissional na situação-alvo:

conhecimento de como a língua e as habilidades são empregadas na

Page 50: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

49

situação-alvo. Requer análise linguística, análise de discurso e análise de

gênero;

o que é esperado do curso; e,

informações sobre o ambiente em que acontecerá o curso: análise dos

meios (means analysis).

A concepção de necessidades adotada para este trabalho é a fornecida por

Hutchinson e Waters (1987, p. 54). Para os autores, as necessidades podem ser

distintas em necessidades da situação-alvo – target needs –, relacionadas ao que o

aluno deve realizar na situação-alvo, e necessidades de aprendizagem – learning

needs -, relacionadas àquilo que o aluno deve fazer para aprender.

De acordo com a classificação de Hutchinson e Waters (1987, p. 55-56), as

necessidades da situação-alvo (target needs) se subdividem em três tipos de

necessidades: necessidades (necessities), lacunas (lacks), e desejos (wants).

As necessidades (necessities) são o que o aluno deve aprender para ter um

desempenho efetivo na situação-alvo. Conforme Hutchinson e Waters (1987, p. 56),

essas necessidades, nomeadas pelos autores como necessidades da situação-alvo

(target needs), são consideradas objetivas, uma vez que são passíveis de ser

observadas nas situações de comunicação da situação-alvo.

Uma vez que o curso deve ser voltado para as necessidades de alunos em

particular, analisar apenas as necessidades objetivas da situação-alvo não são o

suficiente. Juntamente com o levantamento das necessidades (necessities), devem

ser identificas as lacunas (lacks).

As lacunas se referem ao intervalo entre o que o aluno já sabe, isto é, sua

proficiência atual e o desempenho linguístico exigido na situação-alvo. Em outros

termos, as lacunas podem ser identificadas pelo confronto entre demandas da

situação-alvo e o desempenho atual dos alunos. Os desejos (wants) se referem ao

que os alunos querem aprender ou o que acham que necessitam aprender.

As necessidades de aprendizagem (learning needs), por sua vez, estão

relacionadas às experiências prévias de aprendizagem do inglês e preferências por

determinados meios de aprendizagem do idioma.

Em outros termos, fazendo uso da metáfora da viagem, os autores comparam

a análise das necessidades da situação alvo a uma “bússola”, pois ela determina o

destino da viagem. A partir da definição do destino, a análise das necessidades de

Page 51: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

50

aprendizagem determina as suas condições, isto é, os “veículos” e “guias

disponíveis”, as “estradas existentes” na mente do aluno, bem como sua motivação

para “viajar” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 58).

De acordo com Basturkmen (2011, p. 18-19), o conceito de necessidades se

expandiu com a metáfora da “viagem”, abarcando tanto a dimensão da situação-

alvo, considerada o destino da viagem, quanto da situação de aprendizagem,

relacionada aos meios utilizados para se viajar.

Importante ressaltar que, conforme Hutchinson e Waters (1987), os dados

obtidos somente da análise da situação-alvo não são um indicador confiável do que

é necessário ou útil para a situação de aprendizagem, sendo necessário coletar

informações concernentes ao modo como o aluno aprende e suas preferências por

determinadas estratégias de aprendizagem para que os dados obtidos pela análise

sejam consistentes o suficiente para compor subsídio para o desenho de um curso

de Inglês para Fins Específicos.

Tal princípio se refere a uma das principais questões metodológicas da

análise de necessidades, juntamente com questões voltadas ao uso de instrumentos

de coleta de dados e também aos tipos de dados coletados. Essas questões serão

explanadas no item a seguir.

2.3.2 Questões metodológicas da análise de necessidades

Long (2005, p. 19) relata que, cada vez mais, os educadores de línguas

confiam e se baseiam nos resultados da análise de necessidades para elaborar seus

cursos. Em contrapartida, o autor afirma que a maioria dessas análises se apoiam

em entrevistas semiestruturadas ou questionários, elaborados e aplicados por

professores ou linguistas sem o devido conhecimento do campo a ser trabalhado.

Além disso, os participantes da pesquisa muitas vezes são unicamente os alunos,

que nem sempre têm consciência do que exatamente precisam saber para se

comunicar na língua-alvo.

Desde Munby (1978), alguns autores se dedicam ao estudo da análise de

necessidades como uma forma de aperfeiçoar a prática de obtenção e análise dos

dados. Long (2005, p. 19) ressalta a importância dos resultados obtidos por essas

investigações para o avanço na coleta de dados consistentes a respeito das

Page 52: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

51

necessidades dos alunos, sobretudo ressaltando os fatores de malogro de uma

análise de necessidades, dentre eles, a utilização dos alunos como fontes primárias,

por vezes únicas, de análise.

O pesquisador afirma que nem sempre o aluno tem o conhecimento suficiente

da sua real demanda de aprendizagem ou da necessidade de uso da língua na

situação-alvo, cabendo ao professor, tal como um médico, assumir a

responsabilidade pelo diagnóstico, assim como “selecionar um tratamento

adequado” (LONG, 2005, p. 20).

Cunningsworth (1983, p. 149) também assinala a importância de se debruçar

a uma análise da situação-alvo, isto é, da língua utilizada em situação real de uso,

alertando contra a excessiva preocupação direcionada à língua utilizada em situação

de aprendizagem. A unilateralidade de uma análise de necessidades que coloca em

relevo unicamente a situação de aprendizagem, deixando de lado as questões

relacionadas às necessidades da situação-alvo, pode ser, segundo o autor, devida

ao fato de o analista ser geralmente o designer do curso, o professor da disciplina, o

autor do material didático, que se envolve intensamente, não sem razão, muito mais

com as questões que emergem da situação de aprendizagem.

De acordo com Cunningsworth (1983), deve-se dar igual atenção à situação-

alvo, já que o objetivo final é a utilização da língua em situação real de uso,

enquanto que a utilização da língua em situação de aprendizagem se constituirá no

meio para se chegar a um fim.

Em contrapartida, Hutchinson e Waters (1987, p. 55) afirmam que as

informações sobre a situação-alvo não são suficientes para o desenho de um curso

voltado para as necessidades dos alunos. Os autores fornecem um exemplo a

respeito, mencionando os alunos que precisam aprender a ler textos sobre Sistemas

na situação-alvo. Embora alunos tenham motivação suficiente em seu trabalho ou

estudo para ler os textos longos e entediantes sobre o assunto, isso não quer dizer

que terão a motivação, em sala de aula, para aprender a partir desses textos. Seria

mais apropriado procurar por textos mais leves e que promovam a motivação em

aprender a língua e que dão base para a leitura dos textos da situação-alvo

(HUTCHINSON E WATERS, 1987, p. 61).

Outra questão importante relacionada à análise de necessidades é o tipo e a

qualidade dos dados coletados. Conforme Dudley-Evans e St. John (1998, p. 122),

as informações obtidas de clientes e alunos somente serão boas se tanto as

Page 53: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

52

perguntas feitas, quanto a análise das respostas forem igualmente boas. Para

exemplificar esse princípio, os autores mencionam o caso de quem irá ensinar inglês

para policiais. Imagine-se que um professor deva desenhar um curso para esse

público específico e nada sabe sobre a profissão do policial. As perguntas que ele irá

fazer no levantamento de necessidades poderão ser numerosas, tornando-se difíceis

de serem classificadas em relevantes e triviais.

Assim, Dudley-Evans e St. John (1998, p. 123) aconselham o pesquisador ou

professor a fazer um levantamento preliminar antes de abordar alunos e

profissionais da área. Esse trabalho de base tem por princípio checar a literatura

relevante na área, fazer contato com colegas da área de linguística ou professores

que tenham experiência com grupos de profissionais da situação-alvo, procurar por

materiais didáticos já produzidos na área, etc.

Dudley-Evans e St John (1998, p. 122) apontam os benefícios de se fazer

esse tipo de levantamento preliminar: primeiro, ele permite que o pesquisador saiba

exatamente o que perguntar, evitando realizar inquirições triviais. Segundo, o

conhecimento prévio do maior número de informações possíveis sobre a área

profissional ou disciplina acadêmica às quais se destinará o curso evitará perda de

tempo de clientes e alunos. Terceiro: estar bem informado faz com que ao

pesquisador seja atribuída maior credibilidade, consequentemente fazendo com que

ele angarie um maior número informações relevantes. Por último, o conhecimento

obtido com o levantamento prévio de informações também ajudará no modo como

será realizada a coleta e análise dos dados. Seguindo as orientações de Dudley-

Evans e St. John, realizei esse trabalho de base, o qual está descrito na

Metodologia, especificamente no item 3.4, denominado Passos Iniciais.

Com relação à escolha das fontes de dados, Long (2005, p. 24) afirma que se

devem utilizar várias fontes em análise de necessidades, dentre elas, a literatura

disponível, alunos, professores e linguistas aplicados, especialistas do assunto

(conteúdo da disciplina) e, em seguida, deve-se fazer a triangulação dessas fontes.

De acordo com Long (2005, p. 28), a triangulação de fontes é utilizada há

muito tempo por estudiosos e pesquisadores para validar os dados obtidos nas

análises e, consequentemente, aumentar a credibilidade das interpretações dos

dados. Esse processo exige que o pesquisador compare dados de fontes diversas,

podendo ser duas ou mais fontes, métodos ou teorias. Ainda para o autor, a

triangulação dos dados pode envolver o uso de diversos instrumentos de coleta de

Page 54: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

53

dados, tais como entrevistas, questionários, diários de observação, etc.

A esse exemplo, Jasso-Aguilar (2005, p. 30) realizou um levantamento de

necessidades de inglês para camareiras de um hotel em Waikiki, recorrendo a fontes

diversas (supervisora das camareiras, um membro do RH, supervisores do hotel) e

utilizando múltiplos instrumentos de coleta, tais como shadowing, entrevistas não-

estruturadas e questionários, fazendo uma triangulação de métodos e fontes. Na

pesquisa em questão, a triangulação não só ajudou a pesquisadora a identificar as

discrepâncias entre as fontes como também a explicá-las. Conforme Long (2005), a

pesquisadora encontrou problemas, tais como: diferenças raciais entre os

analisados; diferenças de pedidos por parte dos hóspedes com relação ao turno;

dificuldades com a língua inglesa falada e escrita (JASSO-AGUILAR, 2005, p. 30).

Dessa forma, o autor enfatiza que uma análise de necessidades adequada é um

empreendimento que requer tempo e conhecimento na área, principalmente dos

métodos de pesquisa adotados (LONG, 2005, p. 62).

Finalizando esta Seção, pode-se afirmar que Inglês para Fins Específicos

estabeleceu-se, com o evoluir de suas práticas, não como um produto, isto é, como

o ensino de uma linguagem específica, mas como uma abordagem de ensino e

aprendizagem de língua guiada por necessidades de aprendizagem dos estudantes

(DUDLEY-EVANS e ST. JOH, 1998, p. 19). De acordo com Hutchinson e Waters

(1987, p. 19), todas as decisões relacionadas ao conteúdo e a metodologia nessa

abordagem serão determinadas pela identificação das necessidades do aluno.

Ainda conforme Long (2005), utilizar a tarefa como unidade de análise

apresenta diversas vantagens, permitindo ao pesquisador a identificação e precisão

das necessidades da situação-alvo, bem como devem-se utilizar como fontes de

dados não só alunos, bem como especialistas da área. Também devem-se utilizar

diversos instrumentos de coletas de dados, estabelecendo assim a triangulação dos

dados para a validação dos resultados.

Conforme colocado no início deste item, os instrumentos utilizados nesta

pesquisa foram questionários e entrevistas semiestruturadas. Esses e outros

aspectos metodológicos concernentes à pesquisa serão explanados detalhadamente

na próxima seção.

Page 55: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

54

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Os que se encontram com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca

tendo certeza do seu destino.

Leonardo Da Vinci

Nesta seção, abordo a pesquisa qualitativa de caráter interpretativista em

Ciências Humanas, particularmente realizada em Linguística Aplicada, com base na

definição fornecida pelos autores Denzin e Lincoln (1998) e Chizzotti (2006),

fazendo, em seguida, o recorte para o estudo de caso qualitativo, metodologia de

pesquisa adotada na presente investigação. Apresento, também, o contexto da

pesquisa e a caracterização dos participantes, bem como descrevo os instrumentos

e procedimentos de coleta e análise dos dados.

3.1 Natureza da investigação

A presente pesquisa foi conduzida na área da Linguística Aplicada, doravante

LA. Com o intuito de estabelecer o referencial teórico que norteia a metodologia do

presente trabalho, explicitarei as definições e conceitos de diversos autores teóricos

da pesquisa qualitativa em Ciências Humanas e Sociais.

Primeiramente, o conceito de pesquisa adotado para este trabalho tem

fundamento nos preceitos de Lüdke e André (1986, apud Chizzotti, 2006), Luna

(1989, apud Chizzotti, 2006), e Pádua (1997, apud Chizzotti, 2006). Lüdke e André

consideram que para realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre

“(...) informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico

acumulado a respeito dele” (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 1-2). Luna afirma que

pesquisa “é uma atividade de investigação capaz de oferecer (e, portanto, produzir)

um conhecimento “novo” a respeito de uma área” (LUNA, 1996, p. 15). Finalmente,

reformulando a definição fornecida por Luna, Pádua afirma que “toda pesquisa tem

uma intencionalidade, que é a de elaborar conhecimentos que possibilitem

compreender e transformar a realidade” (1997, apud Chizzotti, 2006, p. 30).

Conforme poderá ser observado a seguir, todos os conceitos de “pesquisa”

assumidos neste trabalho têm estreita relação com o conceito de pesquisa

Page 56: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

55

qualitativa realizada no campo das Ciências Humanas e Sociais, particularmente em

Linguística Aplicada. Esta área “implica um modelo híbrido de pesquisa e práxis”

(PENNYCOOK, 2006, p. 67), isto é, “opera dentro de uma visão de construção de

conhecimento que tente compreender a questão de pesquisa na perspectiva de

várias áreas do conhecimento, com a finalidade de integrá-las” (MOITA LOPES,

2006, p. 98). As investigações em LA inserem-se no paradigma qualitativo de

pesquisa. De acordo com Denzin e Lincoln, elas se estabelecem em contraste com

uma visão positivista quantitativa e neutra (DENZIN & LINCOLN, 2006), contra o

“cientismo” (RAJAGOPALAN, 2003), sendo de base interpretativista, “território

movente” (FABRÍCIO, 2006), uma vez que está impregnada de fatores sociais,

crenças e formas socialmente construídas de conceber o mundo, por parte dos

respondentes e do próprio pesquisador.

O histórico da pesquisa de base qualitativa permite entender que esse tipo de

pesquisa consolidou-se ao longo dos anos, tendo lhe sido atribuída validade

científica, e sendo, sobretudo, marcada pela compreensão e transformação da

realidade. Sua origem e desenvolvimento remonta um processo de rupturas e

tensões teóricas, marcadas, sobretudo, por seu gradual distanciamento em relação

ao monopólio de uma única teoria, metodologia e práxis de pesquisa (Chizzotti,

2006, p. 48). Sua história pode ser descrita por meio de cinco marcos que definem

as transformações que influenciaram as práticas de investigação desse tipo de

pesquisa. Conforme Chizzotti (2006, p. 48-56), os marcos são, resumidamente:

a) Primeiro marco (final do século XIX): associado ao romantismo e ao

idealismo, reclamando uma metodologia independente e que

compreendesse as ciências do mundo da vida. Caracterizado, também,

pelos primeiros passos de recusa das disciplinas das ciências humanas

em geral – sobretudo a história, antropologia, sociologia, psicologia social,

economia –, em adotar rigorosamente os procedimentos metodológicos

das ciências da natureza;

b) segundo marco (primeira metade do século XX): caracterizado pela

consolidação de disciplinas como a história, antropologia, sociologia,

educação como novos campos de investigação científica, sobretudo, em

resposta ao desenvolvimento de uma metodologia das ciências histórico-

sociais. Em particular, a antropologia ganha nova força em pesquisa

Page 57: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

56

qualitativa com o trabalho de Malinowski, o qual foi importante para validar

a pesquisa etnográfica nas ciências sociais e humanas. O pesquisador

utilizou o método da etnografia para investigar a cultura de um grupo

primitivo que vivia nas remotas regiões de Nova Guiné e das Ilhas

Trobiand, na Melanésia. A etnografia ganhou, nesse momento, validade

científica, com a consistência dos procedimentos de investigação e da

descoberta de Malinowski, sendo, por muito tempo, a metodologia mais

utilizada em pesquisa qualitativa;

c) terceiro marco (pós-II Guerra até os anos 70): fase marcada pela

consolidação da pesquisa qualitativa como modelo de pesquisa. Apesar de

reascender-se o debate qualitativo versus quantitativo, a pesquisa

qualitativa, estritamente atrelada ao positivismo, ainda recorre ao

formalismo rigoroso do estabelecimento de métodos científicos

qualitativos;

d) quarto marco (década de 70 e 80): fase caracterizada não só pelos

investimentos em pesquisa provenientes do setor público e privado, como

também pelo questionamento feito por pós-positivistas a respeito do

positivismo presente na pesquisa qualitativa. A fenomenologia, o

marxismo, o positivismo, o construtivismo também procuram responder às

questões encetadas pela crítica, ética, o estatuto da verdade, o feminismo,

etc. Nesse marco, há uma “fusão transdisciplinar das ciências humanas e

sociais” (CHIZZOTTI, 2006 p. 55); e

e) quinto marco (década de 90 em diante): período marcado pela

globalização planetária do capitalismo e do neoliberalismo político; pela

crítica que denuncia as desigualdades no mundo. Nesse período também

assume-se que o pesquisador é influenciado pela realidade social em que

está inserido.

Pode ser observado, ao longo do seu desenvolvimento, uma característica

marcante: apesar de não furtar-se ao rigor e à objetividade, a pesquisa qualitativa

tem se caracterizado, ao longo dos anos, fortemente pela fusão transdisciplinar e

pelo pós-positivismo, que coloca em relevo a importância social da pesquisa como

tendo papel transformador na sociedade por uma vida melhor.

Page 58: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

57

O traçado histórico da pesquisa qualitativa também pode ser encontrado na

obra de Denzin e Lincoln (1998, p. 13-22). Os autores fornecem a definição de

pesquisa qualitativa a qual foi acolhida para este trabalho: a de que a pesquisa

qualitativa tem foco multimetodológico, caracterizada por uma abordagem

naturalista, isto é, por conduzir investigações in loco (DENZIN E LINCOLN, 1998, p.

3) e, por consequência, interpretativista. Devido a essas características, o

pesquisador qualitativo é considerado um bricoleur7, metáfora utilizada para referir-

se à prática de ligar partes de um todo para fornecer soluções a um problema

originado de uma situação concreta (DENZIN E LINCOLN, 1998, p. 3). Em outras

palavras, o pesquisador conecta teorias, metodologias, visões de mundo para

interpretar, compreender e solucionar problemas relacionados à vida real. A metáfora

da bricolagem serve, também, para descrever o caráter multimetodológico da

pesquisa qualitativa, uma vez que a triangulação de métodos, amplamente utilizada

em pesquisa qualitativa serve às tentativas de se aprofundar a compreensão de um

fenômeno sob diversos ângulos de visão (DENZIN e LINCOLN, 1998, p. 4).

3.1.2 Estudo de Caso

Os métodos de pesquisa mais comuns em pesquisa qualitativa é a Etnografia

e o Estudo de Caso, conforme Stake (1998) e Chizzotti (2006). Esses métodos

servem ao propósito de compreender dados complexos, contextuais e detalhados,

sendo eficientes na condução de pesquisas de base qualitativa em Ciências

Humanas e Sociais. De acordo com Dörnyei (2011, p. 154), o estudo de caso prova

ser útil à pesquisa qualitativa, porquanto esse tipo de pesquisa é o único capaz de

documentar e analisar influências situadas e contextuais na aquisição e uso da

linguagem.

Conforme exposto na Introdução, o objetivo desta investigação é identificar as

necessidades de aprendizagem dos alunos do curso de Inglês para Bombeiro de

Aeronáutica do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica na

EEAR, bem como identificar as tarefas que demandam o uso de língua inglesa na

situação-alvo.

7 Pode-se traduzir o termo, livremente, para “construtor”, ou “perito em bricolagem”.

Page 59: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

58

Tendo em vista a natureza e os objetivos desta pesquisa, optei por empregar

o estudo de caso como suporte metodológico, uma vez que esta metodologia

permite investigar um contexto específico, como explica Stake (1998). Foram

escolhidas para este trabalho as definições de estudo de caso formuladas por Stake

(1998), Yin (2005) e Gil (2010).

Particularmente, o estudo de caso tem uma característica que o difere dos

demais métodos: é uma escolha do objeto a ser estudado, conforme orienta Stake

(1998, p. 86). Não é o interesse por determinado método de investigação que

caracteriza o estudo de caso e sim o interesse em um caso específico, individual,

um sistema com fronteiras bem definidas que possa ser investigado.

O estudo de caso, segundo Yin (2005), possibilita uma compreensão de

fenômenos sociais complexos. Essa metodologia também permite agregar pontos de

vistas diversos, que se tornam relevantes para o resultado da pesquisa.

A partir da definição acima fornecida, com base nos preceitos de Stake (1998)

e Yin (2005), o caso pode ser simples ou complexo, mas obrigatoriamente específico

e bem delineado. A partir do interesse que determinará a escolha do caso, pode-se

classificar o estudo de caso em três tipos (STAKE, 1998, p. 87):

a) Estudo de caso intrínseco: visa a uma representação de traços

particulares do caso e não a uma generalização ou elaboração de um

construto teórico;

b) estudo de caso instrumental: interessado em estudar fenômenos a partir

de um modelo teórico, com o intuito de corroborar o modelo

preestabelecido. Nesse tipo, a escolha do caso é baseada em sua

possibilidade de avançar a compreensão de uma teoria existente; e,

c) estudo de caso múltiplo ou coletivo: é um conjunto de estudos de caso

instrumentais, com o propósito de alcançar uma melhor compreensão, e

talvez uma melhor teorização, sobre diversos casos (STAKE, 1998, p. 89).

Foi adotado neste trabalho o estudo de caso intrínseco. Os participantes

deste estudo, quais sejam, alunos em formação (pré-serviço), inserem-se em um

contexto específico da vida real: uma instituição de ensino militar que tem por

missão formar sargentos especialistas em diversas áreas.

Page 60: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

59

Visando a atribuir maior credibilidade ao estudo de caso, Gil (2010, p. 123-

124) propõe, entre outros cuidados, fazer triangulação, pois o procedimento de

triangulação consiste em “confrontar a informação obtida por uma fonte com outras,

com vistas a corroborar os resultados da pesquisa (2010, p. 124).

Para Stake (2010, p. 123), a triangulação é uma forma de diferenciação que

torna o pesquisador atento às diferenças, permitindo enxergar múltiplos significados.

A triangulação, de acordo com o autor, muitas vezes ajuda o pesquisador a

reconhecer que uma situação é mais complexa do que inicialmente aparentava ser

(STAKE, 2010, p. 125). O autor afirma que a triangulação é uma situação “ganha-

ganha”. Se a verificação feita pela triangulação confirma que estou certo, então eu

ganho. Se a verificação não confirma, significa que tenho algo a desvendar, o que

também significa um ganho (STAKE, 2010, p. 124).

Com base nos preceitos de Long (2005), a triangulação dos dados obtidos de

variadas fontes (e não de uma só, por exemplo, apenas do profissional em serviço)

possibilita ao pesquisador identificar as diferenças e semelhanças entre os pontos

de vista dos participantes e conciliá-los no sentido de fornecer um subsídio relevante

para o desenho de um curso que atenda às necessidades levantadas.

Nesta pesquisa, os procedimentos de coleta e análise dos dados descritos

mais adiante permitiram a triangulação: utilizei diversos instrumentos de coleta

(questionários, entrevista semiestruturada) e consultei diversas fontes (alunos,

bombeiros especialistas, documentos) para a obtenção dos dados de pesquisa, bem

como articulei e comparei os dados entre si, buscando semelhanças e

discrepâncias. Os resultados serão informados na Seção 4, Apresentação e

Discussão dos Resultados.

A seguir, passo à descrição do contexto em que está inserida a presente

pesquisa.

3.2 Contexto da Pesquisa

Esta pesquisa foi conduzida na Escola de Especialistas de Aeronáutica,

escola destinada à formação militar e técnica de sargentos, localizada na região do

Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, na cidade de Guaratinguetá. A seguir, teço

breves considerações a respeito do histórico e da filosofia da EEAR, bem como

Page 61: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

60

descrevo a concepção estrutural do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de

Aeronáutica, focando, posteriormente, na formação técnico-especializada que ele

oferece.

3.2.1 Histórico e Missão da Escola de Especialistas de Aeronáutica - EEAR

A EEAR, Organização de Ensino do Comando da Aeronáutica, doravante

COMAER, tem por finalidade formar e aperfeiçoar os graduados da Força Aérea

Brasileira. É uma autarquia federal de ensino vinculada ao Comando da Aeronáutica

e tem por competências, segundo o Regulamento da Escola de Especialistas de

Aeronáutica (EEAR, 2008, p. 1):

a) formar militar, cívica, intelectual e moralmente os alunos matriculados nos cursos e estágios atribuídos, bem como aperfeiçoar os graduados do COMAER; b) elaborar e executar os planos e programas relativos ao ensino e às atividades a serem desenvolvidas; e c) cumprir as instruções emanadas do Departamento de Ensino da Aeronáutica (DEPENS) referentes aos exames de admissão e de seleção aos cursos e estágios que lhe são atribuídos.

A história da EEAR8 se confunde com a história da criação do Ministério da

Aeronáutica. Até janeiro de 1941, a Aviação no Brasil era subordinada ao Ministério

da Guerra, da Marinha e da Viação e Obras Públicas, quando foi criado o Ministério

da Aeronáutica, que passou a se responsabilizar por todos os serviços e órgãos

relacionados à aviação brasileira, bem como pelo pessoal e material envolvido

nessa atividade. Com o nascimento do novo ministério, houve a necessidade de se

remodelar o ensino herdado da Aviação da Marinha e do Exército, que tiveram suas

escolas de aviação extintas, visando a capacitação do pessoal diante da demanda

pela formação de pessoal especializado para atender ao constante crescimento da

Força Aérea Brasileira, intensificado, sobretudo, em decorrência do ingresso do

Brasil na Segunda Guerra Mundial.

Assim, a 04 de março de 1941, baixaram-se instruções sobre a formação dos

sargentos especialistas para a Aeronáutica, inicialmente a ser realizada em um único

8 Mais detalhes da história da Escola de Especialistas de Aeronáutica podem ser obtidos no site http://www.eear.aer.mil.br. Disponível em 08 jun. 2015.

Page 62: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

61

estabelecimento de ensino, situado na Ilha do Governador, na cidade do Rio de

Janeiro, utilizando as instalações da antiga Escola de Aviação Naval. Inicialmente, a

Escola não dispunha da estrutura suficiente para a formação de técnicos para

atender às demandas agravadas pela entrada do Brasil no conflito armado, em

tempo relativamente curto. Assim, a medida adotada para contornar tal dificuldade

foi enviar militares e civis do efetivo da Força Aérea para realizar cursos nos Estados

Unidos, de modo a incrementar a formação desse pessoal.

Quando tal medida começou a se tornar onerosa para a União, foi contratada

a Organização John Paul Ridle Aviation Technical School, que sediou suas

instalações na cidade de São Paulo, dando origem à Escola Técnica de Aviação –

ETAv, que dispunha de acervo, técnicos, professores e administradores,

incrementando a formação dos sargentos especialistas durante a atuação do Brasil

na Segunda Grande Guerra.

Com o fim da guerra, foi dispensada a existência de mais de uma escola para

incrementar a formação técnica de pessoal. Assim, as duas escolas técnicas

existentes se fundiram, dando origem, em 1950, à Escola de Especialistas de

Aeronáutica, na cidade de Guaratinguetá. A EEAR instalou-se em terras onde

funcionava a antiga Escola Prática de Agricultura e Pecuária, doadas ao Ministério

da Aeronáutica em maio daquele ano.

Apelidada afetuosamente de “Berço dos Especialistas” pelos alunos e

militares que por ela passam, a EEAR tem uma área de aproximadamente 10

milhões de metros quadrados. A Escola é o maior complexo de ensino técnico da

Força Aérea Brasileira, sendo responsável pela formação de aproximadamente mil

sargentos por ano, em 28 especialidades, dentre elas, controle de tráfego aéreo,

mecânica de aeronaves e bombeiro de aeronáutica.

3.2.2 Concepção estrutural do Curso de Formação de Bombeiros de

Aeronáutica – CFS-SBO

O Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica (CFS-SBO)

tem por objetivo formar técnicos militares da especialidade de Bombeiro de

Aeronáutica (SBO) para atender às necessidades da Força Aérea Brasileira.

Page 63: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

62

O curso tem duração de quatro semestres letivos, perfazendo uma carga

horária total de 2.432 tempos de aula e carga horária real de 2.315 tempos de aula9.

A diferença de 117 tempos é utilizada para realização de atividades administrativas e

flexibilidade da programação.

A instrução no CFS divide-se em Campo Geral, Campo Militar e Campo

Técnico-Especializado.

O Campo Geral, que possui carga horária real de 179 tempos de aula,

constitui-se na fase que proporcionará o nivelamento de conhecimentos básicos, tais

como português e inglês.

Já o Campo Militar, composto de 731 tempos de aula, constitui-se na fase que

garantirá o aprendizado dos postulados inerentes à vida militar, tais como

legislações e regulamentos militares, ordem unida, cerimonial militar e exercícios de

campanha.

A instrução do Campo Técnico-Especializado é a fase da formação em que o

futuro Sargento é preparado para obter um desempenho profissional dentro dos

padrões estabelecidos pelo Comando da Aeronáutica. A carga horária desse campo

é de 1.245 tempos de aula, mais 160 tempos relativos ao Estágio Supervisionado.

Como se pode observar no Currículo Mínimo do Curso de Formação de

Bombeiros de Aeronáutica, constante do Anexo A, a instrução está dimensionada

com conhecimentos teóricos e práticos de tal forma que aluno, ao longo dos quatro

semestres letivos, torne-se capaz de atingir um nível de proficiência eficaz e

compatível com a especialidade de Bombeiro de Aeronáutica.

3.2.3 As disciplinas do Campo Técnico-Especializado

O Currículo Mínimo (Anexo A) do CFS-SBO fornece um panorama geral das

disciplinas do curso. Pode-se apreciar, dentre outras, as disciplinas do Campo

Técnico-Especializado e sua respectiva carga horária. Observa-se que a formação

técnico-especializada do aluno do CFS-SBO contempla disciplinas das mais

diversas áreas do conhecimento, como:

9 Cada tempo de aula corresponde a quarenta e cinco minutos.

Page 64: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

63

a) ciências aeronáuticas: Organização do SISCON, Teorias e Prevenção

Contraincêndio; Conhecimentos Básicos de Aeronaves; Proteção e

Segurança de Aeródromos; Táticas de Salvamento e Combate a Incêndio

em Aeronaves; Procedimentos de Salvamento e Combate a Incêndio em

Aeronaves; Treinamento de Salvamento e Combate a Fogo com CCI;

Exercício Simulado de Acidente Aeronáutico;

b) ciências da saúde: Condicionamento Físico para Bombeiro; Atendimento

Pré-Hospitalar;

c) linguística: Inglês Técnico para Atividade de Bombeiro e Inglês Geral;

d) ciências sociais aplicadas: Técnicas Administrativas; Legislação de

Edificações; Legislação de Aeródromos; e

e) engenharias: Extintores de Incêndio e Agentes Extintores; Equipamentos

de Bombeiro; Proteção Contraincêndio em Edificações; Manutenção

Preventiva e Superestrutura Básica de Viaturas de Bombeiro; Segurança

no Trabalho; Inspeção Técnica em Edificações; Operação e Manutenção

Preventiva da Superestrutura das Viaturas de Bombeiros e Técnicas

Operacionais.

3.2.4 A disciplina Língua Inglesa no CFS-SBO

O ensino de Língua Inglesa no CFS-SBO está presente em três momentos do

curso de formação. No primeiro semestre, correspondente à 1ª série, é lecionada a

disciplina “Inglês Técnico para Atividade de Bombeiro”, com carga horária de 56

tempos de aula. Essa disciplina, conforme a ementa denominada Plano de Unidades

Didáticas (PUD), constante do Anexo B, tem por objetivo específico tornar os alunos

capazes de: organizar vocabulário técnico mínimo em inglês; consultar bibliografia

especializada redigida no idioma inglês; traduzir textos técnicos em inglês das

atividades de Bombeiros; e, identificar textos técnicos em inglês das atividades de

bombeiro.

O material didático adotado no primeiro semestre consiste em uma apostila

que foi elaborada por quatro professores de inglês no ano de 2012. O material

contempla o ensino de estratégias de leitura no primeiro capítulo e, nos demais

capítulos, são apresentados textos relacionados aos temas constantes da ementa.

Page 65: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

64

As atividades apresentadas nos capítulos são relacionadas à interpretação desses

textos e requer do aluno a aplicação das estratégias de leitura aprendidas no

capítulo 1. As atividades têm por objetivo ampliar vocabulário técnico e fixar

conhecimento das estruturas gramaticais presentes nos textos a fim de dar apoio à

leitura dos textos em língua inglesa.

Importante ressaltar que o material didático foi elaborado sem o devido

conhecimento das necessidades dos alunos e da situação-alvo, tendo como recurso

apenas a ementa estabelecida pelo Grupo de Trabalho e crenças dos professores

elaboradores acerca do que é atividade de bombeiro de aeronáutica e de quais

textos seriam importantes para a profissão.

No segundo semestre do curso, os alunos não têm aulas de inglês. Eles terão

novamente contato com o idioma no terceiro semestre, correspondente à 3ª série,

quando é oferecida a disciplina “Inglês Módulo I”, com duração de 40 tempos de

aula. Essa disciplina tem por objetivo tornar os alunos capazes de empregar,

oralmente e por escrito, vocabulário e estruturas gramaticais convencionais da

língua inglesa e, pronunciar corretamente termos e estruturas da língua inglesa. O

livro didático adotado é o Listen In 2, da editora Cengage Learning, de autoria de

David Nunan, o qual trabalha apenas a habilidade de compreensão oral (listening).

No quarto e último semestre do curso, é oferecida a disciplina “Inglês Módulo

II”, com duração de 60 tempos de aula. A disciplina é uma continuação do “Inglês

Módulo I”, apresentando os mesmos objetivos e material didático.

3.2.5 A profissão bombeiro de aeronáutica

A ocupação10 “bombeiro de aeródromo”11, que tem por sinônimo “bombeiro

de aeroporto” na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)12, foi incluída na

referida classificação em 22 de dezembro de 2002. Segundo o site do Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE), o bombeiro de aeródromo:

10 O termo “ocupação”, na CBO, reúne postos de trabalho, fundamentalmente iguais quanto ao conteúdo e aos requisitos. Na CBO, a descrição da família ocupacional “Bombeiros e Salva-Vidas”, abrange as ocupações de bombeiro de aeródromo, bombeiro civil e salva-vidas.

11 Código 5171-05 da CBO. Nesta dissertação, os termos “bombeiro de aeródromo” e “bombeiro de aeroporto” são sinônimos de “bombeiro de aeronáutica”.

12 De acordo com o site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a finalidade principal da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é servir de base de coleta, tratamento e análise dos dados estatísticos sobre a força de trabalho e respectivo mercado.

Page 66: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

65

desempenha tarefas similares às que realizam o bombeiro, em geral (5-81.10), porém é especializado no combate a incêndios em aviões que sofreram avarias ou acidentes e no resgate de passageiros e tripulação, lançando espuma química sobre a pista de aterrissagem, para reduzir o perigo de explosão, recolhendo passageiros e tripulantes, através de equipamentos à prova de fogo ou outro especial e retirando ou neutralizando a carga explosiva.

Conforme a descrição acima, pode-se observar que compete ao bombeiro de

aeródromo prevenir e combater incêndios na área do aeroporto, fazendo uso de

processos e equipamentos específicos, para salvar a vida das pessoas embarcadas

(tripulação e passageiros) e evitar outros danos. No que concerne a sua atividade

essencial, isto é, o salvamento de vidas humanas, entende-se que o bombeiro de

aeródromo é um bombeiro especializado que, atuando em uma área específica, qual

seja, o aeroporto e em lugar específico (por exemplo: aeronave), lida com um

público específico (passageiros e tripulantes de aeronaves).

A Instrução do Ministério da Aeronáutica - IMA 92-05 (COMAER, 1987), em

vigor até o encerramento desta pesquisa, que estabelece a Organização e

Funcionamento do Serviço de Salvamento e Contraincêndio em Aeródromos do

Sistema de Contraincêndio do então Ministério da Aeronáutica, descreve as

atividades do bombeiro de aeronáutica, conforme transcrito a seguir:

- Atividade operacional principal: salvamento de vidas humanas envolvidas em acidentes aeronáuticos; - Atividades operacionais acessórias: correspondem às situações de emergência envolvendo vítimas e incêndios que, em prejuízo da atividade principal, quando possível e conveniente, poderão ser atendidas pelos SESCINC, tais como: auxiliar no combate a incêndio dentro da Organização Militar (em edificações, veículos, equipamentos, em áreas verdes, etc.); retirada de objetos e animais das pistas e pátios; outras atividades operacionais julgadas adequadas pelo Chefe do SESCINC; - Atividades administrativas: correspondem a todas as atividades administrativas necessárias ao funcionamento de um SESCINC de um aeródromo, tais como: inspeção, manutenção e controle dos equipamentos e dispositivos de proteção contraincêndio das edificações da OM; manutenção, controle e estocagem dos materiais, equipamentos de salvamento e combate a incêndio; controle e estocagem dos agentes extintores; manutenção e controle das viaturas; Instrução de formação e reciclagem; plano de contraincêndio; administração e controle de pessoal; e outras atividades administrativas julgadas adequadas pelo Chefe do SESCINC. (COMAER, 1987).

Page 67: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

66

Conforme pode-se observar no trecho acima, a IMA 92-05 organiza as

atividades do bombeiro de aeronáutica de forma hierarquizada, sendo a atividade

principal desse profissional o salvamento de vidas humanas envolvidas em

acidentes aeronáuticos. Como atividade operacional e acessória, os bombeiros de

aeronáutica poderão combater incêndios em edificações, veículos, equipamentos e

áreas verdes que estejam no limite de atuação do SESCINC, determinado pelo

documento em um raio de 8 quilômetros do aeroporto.

Já as atividades administrativas são aquelas destinadas ao funcionamento e

manutenção do SESCINC, estando relacionadas à conservação e manutenção de

equipamentos e viaturas, formação e reciclagem de pessoal, administração e

controle de pessoal. Tais atividades contribuem para o pleno funcionamento do

SESCINC, que por sua vez irá garantir o fornecimento do aparato necessário e

preparo adequado do pessoal para o atendimento das emergências.

Com base nessas informações e nos resultados apresentados adiante, é

possível compreender melhor o contexto de atuação dos bombeiros de aeronáutica,

possibilitando identificar as tarefas realizadas utilizando a Língua Inglesa.

3.3 Participantes da pesquisa13

A presente pesquisa contou com 52 participantes, sendo:

46 alunos do CFS-SBO, dos quais: 22 alunos da 1ª série, doravante

nomeados pelas iniciais A1; e, 24 alunos da 3ª série, doravante nomeados

pelas iniciais A3;

02 bombeiros de aeronáutica do efetivo da Diretoria de Engenharia de

Aeronáutica – DIRENG, doravante nomeados pelas iniciais BE; e,

04 bombeiros de aeronáutica da Companhia de Contraincêndio da Base

Aérea de São Paulo – CIA CI da BASP, doravante nomeados também pelas

iniciais BE.

A seguir, apresento o perfil geral dos participantes.

13

Todos os procedimentos de coleta de dados da presente pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCSP, por meio do Parecer Consubstanciado nº 785.134.

Page 68: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

67

3.3.1 Alunos (A)

De uma maneira geral, o aluno do Curso de Formação de Sargentos

Bombeiros de Aeronáutica é oriundo do meio civil ou militar, possuindo o Ensino

Médio completo e aprovado no Concurso de Admissão ao Curso de Formação de

Sargentos (CFS), tendo realizado exames de escolaridade, aptidão física, exame

médico e psicológico; é proveniente de diferentes regiões brasileiras e camadas

socioeconômicas e pode ser do sexo masculino ou feminino.

Os alunos participantes da pesquisa são todos do Curso de Formação de

Sargentos Bombeiros de Aeronáutica (CFS-SBO), sendo: os 24 alunos da 3ª série,

os quais ingressaram no curso no 2º semestre de 2013; e, os 22 alunos matriculados

na 1ª série, os quais ingressaram na escola no 2º semestre de 2014.

Os alunos participantes são identificados neste trabalho da seguinte forma: os

alunos da 1ª série são mencionados pelas iniciais A1. Como são 22 alunos da 1ª

série, eles foram nomeados de A1.1 a A1.22. Já os alunos da 3ª série são

identificados com as iniciais A3. Por se tratar de 24 alunos, eles são identificados de

A3.1 a A3.24.

Sua caracterização mais específica encontra-se na Seção 4, intitulada

Apresentação e Discussão dos Resultados.

3.3.2 Bombeiros especialistas (BE)

Também participaram da pesquisa 6 bombeiros referenciados, nesta

dissertação, como bombeiros especialistas, por meio da sigla BE.

Esses participantes fazem parte do Sistema de Contraincêndio (SISCON) do

Comando da Aeronáutica. De acordo com a IMA 9205 (COMAER, 1987), o SISCON,

instituído em 1980, constitui-se de:

a) Órgão Central do Sistema: Diretoria de Engenharia da Aeronáutica

(DIRENG), responsável pela orientação normativa, fiscalização,

coordenação e controle de todas as atividades do Sistema;

Page 69: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

68

b) Elementos Executivos, elos do Sistema: serviços de contraincêndio das

várias organizações militares, localizadas na estrutura básica do Comando

da Aeronáutica; e

c) Serviços de salvamento e contraincêndio dos vários aeroportos ou

aeródromos brasileiros, sob administração da INFRAERO ou suas

Subsidiárias, ou de outras organizações estatais ou para-estatais.

Nesta pesquisa, 2 dos 6 participantes trabalham no Órgão Central do

SISCON, isto é, na Diretoria de Engenharia da Aeronáutica (DIRENG). Esses

participantes, referenciados por meio da sigla BE1 e BE214, fizeram parte do Grupo

de Trabalho de formulação do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de

Aeronáutica (GT-SBO).

Os outros 4 participantes, denominados, nesta dissertação, como BE3, BE4,

BE5 e BE6, pertencem ao efetivo de bombeiros da Companhia de Contraincêndio da

Base Aérea de São Paulo, caracterizada como Elemento de Execução do SISCON,

e definida como Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio de Aeródromo

(SESCINC), de acordo com a IMA 92-05 (COMAER, 1987).

Conforme relatado anteriormente, a escolha por levantar dados da situação-

alvo junto aos bombeiros que atuam no serviço de resgate e combate a incêndio do

Aeroporto Internacional de Guarulhos, especificamente na Companhia de

Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo, se deve ao fato de que os membros

dessa companhia apresentam contato mais frequente com o idioma inglês em seu

contexto de trabalho, evidenciando maior necessidade de uso da língua inglesa na

situação-alvo.

Na época em que a pesquisa foi realizada, isto é, em dezembro de 2014, a

Companhia contava com um efetivo de 7 sargentos e 81 soldados, além do

Comandante e do Encarregado, os quais são oficiais da ativa. Os sargentos foram

convidados a participar da pesquisa pessoalmente. Dos sargentos, quatro deles se

disponibilizaram a participar desta pesquisa. Os sargentos da Seção de Mecânica,

Seção de Almoxarifado, Seção de Estatística não participaram da pesquisa e não

justificaram sua não participação. Na figura abaixo, apresento o organograma da

14 Os nomes dos participantes da pesquisa foram convertidos em siglas, a fim de manter suas identidades sob sigilo, conforme protocolo do Comitê de Ética da PUC-SP.

Page 70: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

69

Companhia, em que estão destacadas em negrito por mim as seções a que

pertencem os bombeiros que participaram da pesquisa:

F

Figura 3.1 – Organograma da Companhia Contraincêndio da BASP.

O perfil mais detalhado desses participantes está descrito na seção adiante,

onde apresento e discuto os resultados desta pesquisa.

3.4 Passos iniciais

Seguindo as orientações de Stake (2005) e Yin (2002), procedi ao seguinte

plano de estudo de caso: primeiramente, elaborei um projeto de pesquisa, em que

estabeleci claramente os objetivos de modo a delinear a natureza das questões que

seriam investigadas. Segundo Chizzoti (2006, p. 138), essa etapa é de suma

importância, pois, sem ela, o pesquisador corre o risco de coletar um conjunto

impreciso de dados que, naturalmente, colocarão dificuldades ao pesquisador no

momento da interpretação e análise. Dessa forma, os objetivos da pesquisa foram

assim definidos: a) identificar as tarefas que demandam o uso da língua inglesa na

situação-alvo; e, b) identificar as necessidades de aprendizagem dos alunos do

Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica.

Page 71: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

70

Em seguida, passei à fase da preparação e seleção do caso a ser estudado

(CHIZZOTI, 2006, p. 139), levantando informações relevantes sobre o que seria

definido como “caso”. Fundamentada em Dudley-Evans e St. John (1998) e Ramos

(2011), realizei o trabalho de base da análise de necessidades, que ocorreu em

etapa anterior à coleta e análise dos dados desta investigação. Esse levantamento

preliminar foi realizado a exemplo da investigação conduzida por Ramos (2011), que

identificou as necessidades de funcionários de empresas de Tecnologia da

Informação. A pesquisadora relata que os passos iniciais da pesquisa devem permitir

obter uma melhor ideia do contexto em estudo baseado na visão do insider, isto [e,

do especialista da área, bem como distinguir o que é relevante do trivial e ganhar o

máximo de informações relevantes em um mínimo de tempo (RAMOS, 2011, p. 42)

A etapa inicial da pesquisa teve por objetivo identificar o perfil do bombeiro de

aeronáutica, a descrição das tarefas desempenhadas por este profissional, as

habilidades em inglês necessárias para o desempenho de suas tarefas, como ele é

formado e as necessidades de aprendizagem do aluno do Curso de Formação de

Bombeiros de Aeronáutica.

O fato de ser professora de língua inglesa no Curso de Formação de

Bombeiros de Aeronáutica na EEAR propiciou-me a oportunidade, desde o início, de

reunir evidências sobre objeto de estudo deste trabalho: perfil e necessidades dos

alunos, dados relacionados à instituição de ensino onde o curso é oferecido,

concepção estrutural do curso, objetivos, bem como o desempenho esperado de um

sargento bombeiro de aeronáutica formado na EEAR. Essas evidências foram

obtidas por meio da leitura de documentos de ensino relacionados ao curso (Anexos

A e B). Essas informações me ajudaram a definir os dados que seriam necessários

para a identificação das tarefas da situação-alvo para a qual os alunos estavam

sendo formados.

Em relação ao local de coleta de dados referentes à situação-alvo, uma vez

que eu não tinha conhecimento básico sobre a profissão bombeiro de aeronáutica,

tive de recorrer a documentos relacionados à descrição ocupacional do bombeiro de

aeronáutica, tal como a Classificação Brasileira de Ocupações, bem como aos

documentos que regem a profissão de bombeiro de aeronáutica no âmbito da

aviação brasileira, buscando obter descrições em termo de atividades e tarefas

realizadas na língua inglesa. Dentre os documentos, encontrei apenas uma menção

à necessidade de Língua Inglesa na profissão, a qual figura no Padrão de

Page 72: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

71

Desempenho de Especialidade que consta do Currículo Mínimo (Anexo A), decidi

que seria necessário conduzir uma investigação junto a especialistas da área que

atuam na situação-alvo para obter mais dados relacionados ao uso da língua inglesa

na situação-alvo.

Foram consultados cinco documentos normativos, listados abaixo:

a) Classificação Brasileira de Ocupações fornecida pelo Ministério do

Trabalho e Emprego;

b) Instrução do Ministério da Aeronáutica (IMA 92-05);

c) Currículo Mínimo do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de

Aeronáutica (ICA 37-500); e,

d) Plano de Unidades Didáticas.

A Classificação Brasileira de Ocupações fornece a descrição oficial da

ocupação de bombeiro de aeródromo. Já a Instrução do Ministério da Aeronáutica –

IMA 92-05 fornece instruções gerais sobre os principais procedimentos a serem

adotados para estruturação e funcionamento do Sistema Contraincêndio em

Aeródromos (SISCON), apresentando conceitos fundamentais, tais como a

descrição do sistema e dos elementos executivos, bem como as atividades

principais e acessórias do bombeiro de aeronáutica que atua nesse sistema. Esses

dois documentos foram selecionados em virtude de serem reguladores da profissão

do bombeiro de aeronáutica, os quais servem de referência a formação dos

bombeiros de aeronáutica na EEAR.

Já o Currículo Mínimo do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de

Aeronáutica informa a concepção estrutural do curso, bem como o padrão de

desempenho do bombeiro de aeronáutica, o perfil do aluno, finalidade, objetivos

gerais, duração do curso, disciplinas divididas por área e carga horária, indicando os

objetivos do Comando da Aeronáutica, bem como da Escola de Especialistas de

Aeronáutica em relação ao que se espera de um sargento especialista de

aeronáutica.

Concomitantemente ao trabalho preliminar de pesquisa a fontes documentais,

consultei um instrutor do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de

Aeronáutica, bombeiro especialista e membro do Grupo de Trabalho que criou o

Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica no ano de 2012, foi

Page 73: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

72

consultado durante esse levantamento preliminar realizado por mim. Observei as

aulas da disciplina “Procedimentos de Salvamento e Combate a Incêndios em

Aeronaves” ministradas por esse instrutor e conversei com o militar com o intuito de

levantar as situações da situação-alvo em que há necessidade de se utilizar a língua

inglesa. O militar indicou a Companhia Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo

como local para coleta dos dados de que precisava. As informações fornecidas pelo

referido bombeiro auxiliaram na adequação do questionário de pesquisa QE

(Apêndice A) aplicado posteriormente aos demais especialistas. O militar não

participou da pesquisa de maneira formal, tendo em vista que não estava disponível

no momento da coleta dos dados.

Escolhi a Companhia Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo como local

de coleta dos dados relacionados à situação-alvo por ser responsável por atender o

maior aeroporto internacional do Brasil, Aeroporto Internacional de Guarulhos, sendo

a organização onde há maior frequência de contato dos bombeiros que ali operam

com a língua inglesa devido ao grande movimento de pousos e decolagens de

aeronaves estrangeiras.

Em relação aos bombeiros especialistas da Diretoria de Engenharia de

Aeronáutica, eles foram convidados a participar desta pesquisa por terem trabalhado

no Grupo de Trabalho Bombeiro de Aeronáutica que foi responsável pela reativação

do curso de formação na EEAR e por possuírem ampla experiência na área.

Ademais, um deles informou a necessidade de inglês para o curso de formação

durante as atividades do Grupo.

Durante a fase de seleção do caso a ser estudado, também tive de negociar o

acesso aos dados, solicitando autorização formal para a condução de minha

pesquisa, autorizada tanto na Escola de Especialistas de Aeronáutica quanto na

Base Aérea de São Paulo, local onde está instalada a Companhia Contraincêndio

que atende o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Como sou oficial da ativa da

Força Aérea Brasileira, o acesso às informações foi solicitado via cadeia de

comando e devidamente autorizado em novembro de 2013.

Após autorização, convidei os alunos da 1ª e 3ª série para participar da

pesquisa devido à disponibilidade destes para a pesquisa. Os alunos da 2ª e 4ª série

não estavam disponíveis devido ao seu envolvimento em outras atividades do curso.

Ainda nessa etapa preliminar, elaborei e apliquei um piloto do questionário QA

(Apêndice B), conforme orienta Robinson (1991, p. 12), no segundo semestre de

Page 74: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

73

2013, para os alunos da 2ª série do Curso de Formação de Bombeiros de

Aeronáutica. Após a submissão do instrumento bem como dos dados obtidos à

apreciação da minha orientadora e dos colegas durante os seminários de orientação,

recebi sugestões de algumas modificações no instrumento a fim de coletar dados

relevantes para as questões norteadoras. Assim, foram incluídas duas perguntas

abertas e retiradas oito perguntas fechadas, as quais estavam gerando redundância

de dados.

Como resultado desse trabalho preliminar, pude familiarizar-me com a área e

definir de forma mais precisa os dados de que precisaria para alcançar os objetivos

da minha investigação.

A seguir, descrevo os instrumentos de coleta de dados deste trabalho.

3.5 Instrumentos de coleta de dados

Segundo Long (2005, p. 31), diversos instrumentos poderão ser utilizados em

uma análise de necessidades. Neste item, apresento os instrumentos desta

pesquisa, justificando a escolha com base no referencial teórico adotado, bem como

forneço a descrição dos instrumentos elaborados e aplicados neste trabalho.

3.5.1 Referencial Teórico

Em análise de necessidades, conforme afirmam Hutchinson e Waters (1987,

p. 58), os instrumentos mais comuns utilizados para a coleta dos dados são os

questionários e entrevistas. De acordo com Basturkmen (2011, p. 32), esses dois

tipos de instrumentos permitem ao pesquisador explorar as opiniões dos

participantes em relação às necessidades, dificuldades, bem como as habilidades e

áreas relevantes. Dessa forma, optei por adotar o questionário e a entrevista

semiestruturada como instrumentos de coleta de dados desta pesquisa.

O questionário foi escolhido como instrumento de coleta de dados para todos

os participantes da pesquisa pela vantagem da economia de tempo (Basturkmen,

2011, p. 32) e por atingir o maior número de pessoas simultaneamente (LONG, 2005,

p. 38).

Page 75: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

74

A entrevista semiestruturada, por sua vez, por demandar maior esforço e

tempo de aplicação (LONG, 2005; BASTURKMEN, 2011), foi escolhida como

instrumento de coleta de dados para os bombeiros especialistas, além do já

mencionado questionário QE (Apêndice A).

A seguir, passo à descrição de cada instrumento de coleta de dados, bem

como dos procedimentos de coleta conduzidos nesta investigação.

3.5.2 Os Questionários

Foram elaborados e aplicados dois questionários de pesquisa. O questionário

denominado QA (Questionário de Pesquisa – Aprendizes), que se encontra no

Apêndice B, foi aplicado a todos os alunos participantes. Já o questionário

denominado QE (Questionário de Pesquisa – Especialista), foi aplicado aos

bombeiros especialistas e se encontra no Apêndice A desta dissertação.

O questionário para os alunos foi elaborado na etapa preliminar de pesquisa,

sendo que um piloto foi aplicado a alunos da 2ª série do Curso de Formação de

Bombeiros de Aeronáutica (CFS-SBO), conforme relatado anteriormente, no

segundo semestre de 2013.

Por meio do questionário QA, pretendi levantar o perfil dos alunos, suas

necessidades de aprendizagem, bem como o seu conhecimento prévio em língua

inglesa e desejos em relação ao estudo do idioma. O aluno tinha a opção de se

identificar ou não no questionário.

O outro questionário de pesquisa, denominado QE (Questionário de Pesquisa

– Especialistas), foi aplicado aos dois bombeiros especialistas da Diretoria de

Engenharia da Aeronáutica, bem como aos 4 bombeiros especialistas do efetivo da

Companhia Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo. O questionário QE teve o

intuito de levantar informações acerca do uso da língua inglesa no contexto

profissional do bombeiro de aeronáutica.

Conforme relatado anteriormente, primeiramente, foram coletadas evidências

de modo informal, por meio de observação de aulas, consulta a documentos escritos

e contato com um bombeiro especialista na área, que forneceu informações

importantes para o refinamento do instrumento. Esse contato com o especialista me

permitiu reunir informações importantes que auxiliaram na elaboração das situações

Page 76: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

75

de uso da língua inglesa na atividade do bombeiro de aeronáutica, bem como

precisar quais dados seriam necessários para “completar” a lista de tarefas. As

situações inicialmente levantadas e incluídas no questionário foram: recepção de

visitantes estrangeiros, atendimento telefônico, contato rádio (frequência de

emergência), negociação, apresentações, leitura de manuais, visitas técnicas no

exterior, tradução de documentos, descrição de procedimentos, treinamentos e

instruções e reuniões.

As perguntas do questionário QE consistiam em levantar dados relacionados

ao perfil dos participantes, sua atuação como bombeiro de aeronáutica, seu

conhecimento e nível de estudo em inglês, situações de uso da língua inglesa no

cotidiano profissional, interlocutores, habilidades relevantes para o uso da língua

inglesa, formas de contato com estrangeiros e habilidades que oferecem dificuldades

na execução de tarefas como bombeiro de aeronáutica.

3.5.3 A Entrevista semiestruturada

Segundo Lakatos (2010b), a técnica mais comumente utilizada para obtenção

de dados em pesquisa qualitativa é a entrevista. Por proporcionar interação entre

pesquisador e entrevistado, ela permite “tratar de temas complexos, que dificilmente

poderiam ser investigados adequadamente através de questionários, explorando-os

em profundidade” (2010b, p. 278).

A fim de levantar mais detalhadamente as necessidades da situação-alvo,

optei pela aplicação da entrevista semiestruturada, uma vez que esse tipo de

entrevista dá liberdade ao pesquisador para desenvolver cada situação, permitindo

explorar com maior amplitude uma determinada questão (LAKATOS, 2010b, p. 279).

Além dessa vantagem, outra razão para aplicar a entrevista é que essa técnica

também oferece a possibilidade de se obter dados mais precisos, já que permite a

comprovação imediata das discordâncias (LAKATOS, 2010a, p. 181).

Por apresentar limitações tais como demanda maior de tempo maior para

aplicação em relação ao questionário e também a retenção de informações

ocasionada pela exposição do participante, optei por não empregá-la aos 46 alunos

participantes, restringindo-me aos 6 bombeiros especialistas.

Page 77: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

76

A elaboração do roteiro (Apêndice C) da entrevista foi realizada após a

organização dos dados do questionário QE. Utilizei como auxílio ao roteiro da

entrevista a lista de atividades descritas no Padrão de Desempenho de

Especialidade e pedi que os bombeiros indicassem tarefas relacionadas àquelas

atividades. O roteiro teve por objetivo coletar informações detalhadas acerca das

tarefas realizadas na situação alvo, como por exemplo, a descrição das tarefas, o

interlocutor, o meio de contato de cada uma, o contexto físico e humano em que são

realizadas. Ademais, também objetivei levantar os tipos de textos em língua inglesa

com os quais os bombeiros têm contato e qual a importância do inglês para a vida

profissional como bombeiro de aeronáutica na visão de cada entrevistado.

Feita a descrição dos instrumentos de coleta, apresento, a seguir, os

procedimentos de coleta de dados adotados nesta pesquisa.

3.6 Procedimentos de coleta dos dados

A coleta dos dados via questionário e entrevista semiestruturada foi realizada

após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da PUCSP.

3.6.1 Questionário QA

A versão final do QA (Apêndice B) foi aplicada aos 22 alunos da 1ª série do

CFS-SBO, no dia 29 de setembro de 2014, durante quarenta e cinco minutos

(equivalente a uma aula) da disciplina “Inglês Técnico para Atividade de Bombeiro”,

ministrada no Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica, na Escola de

Especialistas de Aeronáutica. O questionário também foi aplicado à turma única da

3ª série do CFS-SBO, composta de 24 alunos, no dia 26 de setembro de 2014,

durante quarenta e cinco minutos (equivalente a uma aula) da disciplina “Inglês

Módulo I”, também na Escola de Especialistas de Aeronáutica.

Como sou professora dessas disciplinas, pude realizar a aplicação do

questionário às duas turmas pessoalmente, tendo a oportunidade de apresentar

minha pesquisa, bem como os objetivos da minha investigação e explicar item por

item as questões a serem respondidas no questionário. Todos os alunos estavam

Page 78: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

77

presentes no momento da aplicação. Não houve questões não respondidas e a

devolução dos questionários foi imediata, juntamente com a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Por esses motivos, a aplicação do questionário

apresentou mais vantagens do que desvantagens para esta pesquisa, pois atingiu

um número considerável de participantes em pouco espaço de tempo.

3.6.2 Questionário QE

A versão final do questionário QE (Apêndice A) foi oficialmente aplicada aos

especialistas participantes da pesquisa no mês de dezembro de 2014. O

questionário foi aplicado presencialmente aos bombeiros da CIA CI da BASP, no dia

02 de dezembro de 2014 e via internet aos bombeiros da DIRENG, os quais residem

no Rio de Janeiro. Os questionários foram devolvidos de quatro a vinte dias após o

envio. A esses participantes, também apresentei os objetivos da minha pesquisa

bem como deixei claro que os participantes não precisariam se identificar.

3.6.3 Entrevista com os bombeiros especialistas

As entrevistas realizadas com os bombeiros da CIA CI da Base Aérea de São

Paulo foram realizadas no dia 10 de dezembro de 2014, na sala de reuniões da

Companhia. Entrevistei cada bombeiro individualmente, registrando suas respostas

por escrito. Cada entrevista teve duração de aproximadamente 20 minutos. A

entrevista baseou-se no roteiro (Apêndice C). Foi apresentada, durante a entrevista,

a página 09 do Padrão de Desempenho de Especialidade (PDE), contido no Anexo

A, em que estão descritas as atividades do bombeiro de aeronáutica. Os

entrevistados foram solicitados a indicar quais atividades poderiam demandar a

realização de tarefas utilizando a língua inglesa e, em seguida, teriam que detalhar

essas tarefas, descrevendo-as, bem como indicando o(s) interlocutores,

habilidade(s) necessária(s) e o meio de contato. Fiz o mesmo com os bombeiros da

DIRENG. No entanto, a entrevista com esses últimos foi realizada via telefone no dia

13 de dezembro. Como a entrevista foi realizada à distância, solicitei que

acessassem o arquivo do Padrão de Desempenho de Especialidade, enviado via e-

mail, para auxiliá-los na identificação das atividades que poderiam demandar o

desempenho de tarefas utilizando a língua inglesa.

Page 79: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

78

O quadro resumo abaixo apresenta a distribuição de instrumentos de coleta

de dados em relação aos participantes da pesquisa:

Participantes Número Instrumentos utilizados

Alunos da 1ª série 22 Questionário QA

Alunos da 3ª série 24

Bombeiros de Aeronáutica da CIA CI da BASP 04 Questionário QE /entrevista

semiestruturada Bombeiros de Aeronáutica da DIRENG 02

Quadro 3.1- Resumo da coleta de dados da pesquisa.

3.7 Procedimentos de análise dos dados

A aplicação de questionários e entrevistas possibilitou a obtenção de dados

puramente textuais. Coletados os dados, passei à organização dos registros

(CHIZZOTI, 2006, p. 140), indexando o material coletado a fim de colocar todos os

dados à disposição para rápida consulta, permitindo possível confronto de

informações, corroboração de evidências, sustentação de inferências e

esclarecimento de dúvidas, visando a atender os objetivos desta pesquisa que são:

1) identificar as tarefas que demandam o uso da língua inglesa na situação-alvo; e,

2) identificar as necessidades de aprendizagem do alunos do Curso de Formação de

Sargentos Bombeiros de Aeronáutica em relação o idioma inglês.

Os dados obtidos dos questionários foram compilados em duas planilhas

eletrônicas, utilizando o aplicativo Excel: Planilha A, contendo as respostas obtidas

dos alunos participantes e Planilha B, contendo as respostas dos bombeiros

especialistas. Em cada planilha, os dados foram organizados por tabelas

relacionadas a cada pergunta do questionário, sendo que, na Planilha A, foram

incluídos os dados obtidos na Entrevista realizada com os bombeiros especialistas,

que possibilitou a identificação e detalhamento das tarefas.

Page 80: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

79

3.7.1 Questionário QE

Os dados obtidos em relação às tarefas executadas por bombeiros de

aeronáutica utilizando a língua inglesa foram extraídos das respostas dadas ao

Questionário QE (Apêndice A) pelos bombeiros especialistas.

Os dados obtidos dos questionários foram articulados e comparados com os

dados obtidos na entrevista com os bombeiros especialistas, bem como aos dados

relacionados às tarefas obtidos do PDE, tendo sido possível identificar semelhanças

e discrepâncias em relação às tarefas da situação-alvo, conforme detalhado na

Seção 4 desta dissertação, em que apresento e discuto os resultados desta

pesquisa.

O quadro a seguir apresenta a distribuição das questões contidas no QE:

Tipo de informação

Questões sobre Perguntas

Dados Pessoais Posto, graduação, organização militar onde exerce; cargo e função.

cabeçalho

Faixa etária 1

Perfil Profissional Tempo de atuação como bombeiro de aeronáutica 2

Função/cargo que exerce como bombeiro de aeronáutica 3

Conhecimento e uso da Língua

Inglesa

Nível de desempenho na língua inglesa 4

Frequência de uso da língua inglesa no trabalho 5

Necessidades da situação-alvo

Situações de uso da língua inglesa no cotidiano profissional do bombeiro de aeronáutica 6

Com quem a língua inglesa é utilizada na atuação como bombeiro de aeronáutica 7

Forma de contato em língua inglesa 8

Habilidades relevantes em língua inglesa para desempenhar tarefas como bombeiro de aeronáutica 9

Dificuldades da situação-alvo

Habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas como bombeiro de aeronáutica 10

Quadro 3.2 - Distribuição das perguntas do QE por tipo de informação requerida.

Para proceder à análise dos dados extraídos do questionário QE, extraí as

situações de uso indicadas pelos participantes, relacionando-as às habilidades

necessárias para a execução. Também relacionei os meios de contato e

interlocutores. Separei os dados relacionados às habilidades que oferecem

Page 81: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

80

dificuldades na realização das tarefas para articulá-los aos dados obtidos dos

alunos.

3.7.2 Entrevista com os bombeiros

Procedi à análise das entrevistas, transcritas em arquivo do aplicativo Word

da seguinte forma: os dados das entrevistas e questionários foram comparados aos

dados obtidos dos documentos institucionais, a fim de conseguir cumprir o primeiro

objetivo de pesquisa, que é identificar as tarefas que demandam o uso da língua

inglesa na situação-alvo.

O quadro 3.3 abaixo apresenta as informações levantadas na entrevista:

Tipo de informação Questões sobre Perguntas

Necessidades da situação-alvo

Descrição detalhada das tarefas da situação-alvo que demandam utilização da língua inglesa 1

Com quem a língua é utilizada e o meio de contato 2

Documentos afetos à especialidade escritos em língua inglesa com os quais os bombeiros têm contato 3

Desejos e importância do

Inglês para a área profissional

Representações pessoais acerca da importância do inglês para a vida profissional como bombeiro de aeronáutica

4

Quadro 3.3 - Distribuição das perguntas por tipo de informação requerida no roteiro da entrevista com os bombeiros de aeronáutica participantes da pesquisa.

Ao término da análise dos dados relativos à situação-alvo, fiz uma síntese dos

resultados, listando as tarefas identificadas na investigação, separadas tanto por

habilidades como por atividade.

3.7.3 O questionário dos alunos

Para iniciar minha análise, separei as respostas por tipo. A distribuição das

perguntas do QA por tipo está discriminada no quadro a seguir:

Page 82: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

81

Tipo de informação Questões sobre Perguntas

Dados Pessoais Faixa etária e nível de formação Cabeçalho, 1 e 2

Aprendizagem prévia do Inglês

Tipo de experiência anterior de estudo do idioma inglês e por quanto tempo estudou o idioma 3 e 4

Nível de inglês em relação às quatro habilidades 5

Tipo e frequência de contato com o idioma 6

Dificuldades de aprendizagem

Escalonamento das habilidades da mais difícil para a mais fácil 7

Preferências Atividades que gostaria que fossem desenvolvidas no curso de inglês para bombeiros de aeronáutica 8

Recursos tecnológicos que os alunos preferem que sejam utilizados nas aulas de inglês para bombeiros de aeronáutica

9

Necessidades e desejo de Inglês para o trabalho e

para o curso

representações pessoais acerca da importância do inglês para a vida profissional como bombeiro de aeronáutica, do que acha que um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica precisa oferecer e do que gostaria de aprender em um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica

9, 10 e 1115

Quadro 3.4 - Distribuição das perguntas do QA por tipo de informação requerida.

Os dados obtidos dos alunos por meio das respostas ao questionário QA

foram confrontados com os resultados obtidos da análise dos dados relacionados às

tarefas (análise do questionário QE e das entrevistas), visando a atender ao

segundo objetivo da pesquisa que é identificar as necessidades de aprendizagem

dos alunos do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica.

Foi possível caracterizar o perfil dos alunos participantes em termos de faixa

etária, grau de instrução, conhecimento e tempo de estudo em inglês, bem como

nível de desempenho no idioma sob a perspectiva dos próprios informantes. Quanto

às necessidades de aprendizagem, as habilidades que oferecem dificuldades foram

identificadas, articuladas aos dados obtidos do levantamento das necessidades da

situação-alvo. As preferências por determinadas atividades de ensino e recursos

tecnológicos foram identificadas, bem como o que os alunos precisam e gostariam

de aprender em um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica, também na

perspectiva dos próprios alunos participantes. A importância da língua inglesa para a

vida profisisonal dos alunos participantes também foi identificada e comparada ao

informado pelos bombeiros especialistas.

15 Questões abertas.

Page 83: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

82

A fase final do plano do estudo de caso consistiu na exposição, por escrito,

das descobertas feitas, descrevendo o caso estudado, bem como o contexto em que

está inserido, os métodos de coleta dessas informações e o método de análise de

dados que permitiu uma interpretação compreensiva do caso.

Na seção a seguir, apresento e discuto os resultados desta pesquisa.

Page 84: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

83

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Se a aparência e a essência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária.

Karl Marx

O objetivo desta seção é apresentar e discutir os resultados da análise de

dados baseada nos construtos teóricos apresentados na Fundamentação Teórica e

realizada conforme os procedimentos de análise apresentados na Metodologia,

visando atender aos objetivos desta investigação que são: 1) identificar as tarefas

que demandam o uso da Língua Inglesa na situação-alvo; e, 2) identificar as

necessidades de aprendizagem dos alunos do Curso de Formação de Sargentos

Bombeiros de Aeronáutica em relação à Língua Inglesa.

A fim de alcançar esses objetivos, esta seção está organizada em duas

partes: na primeira, forneço o mapeamento das tarefas desempenhadas por

bombeiros de aeronáutica na situação-alvo, apresentando, como resultado, a lista de

tarefas-alvo que são realizadas utilizando a Língua Inglesa. Logo após, identifico as

necessidades de aprendizagem dos alunos participantes deste estudo de caso,

comparando os dados obtidos dos alunos com os resultados obtidos dos bombeiros

especialistas, fazendo uma síntese dos resultados.

4.1 Necessidades da situação-alvo

Como elucidado na Metodologia, com o objetivo de identificar as tarefas da

situação-alvo sob a ótica dos bombeiros especialistas, apliquei um questionário e

realizei entrevista semiestruturada com 6 bombeiros especialistas. Neste item,

apresento e discuto os resultados obtidos.

4.1.1 Perfil dos bombeiros especialistas

Participaram desta pesquisa 4 bombeiros do efetivo da Companhia de

Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo, assim nomeados BE1, BE2, BE3 e

Page 85: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

84

BE4. Participaram também 2 bombeiros do efetivo da Diretoria de Engenharia de

Aeronáutica, denominados BE5 e BE6. Dos 6 participantes, 3 afirmaram utilizar a

língua inglesa no trabalho, sendo 2 da Companhia e 1 da Diretoria.

Todos os 6 bombeiros participantes são do sexo masculino. As idades desses

participantes se concentram em dois grupos: enquanto 3 têm faixa etária entre 21 e

30 anos, os outros 3 possuem idade entre 41 e 50 anos, conforme observado na

tabela 4.1:

Tabela 4.1 - Faixa etária dos bombeiros participantes.

Faixa Etária Participantes

20 a 30 anos 03

31 a 40 anos 00

41 a 50 anos 03

N = 6

A tabela 4.2 a seguir mostra o nível de experiência dos bombeiros

participantes em termos de tempo de serviço como bombeiro de aeronáutica:

Tabela 4.2 – Tempo de serviço como bombeiro de aeronáutica.

Participante Tempo de experiência na área

BE5 32 anos BE6 30 anos e 8 meses BE1 26 anos BE2 3 anos e 6 meses BE3 3 anos e 6 meses BE4 2 anos

Constata-se que 3 participantes possuem tempo de experiência de 2 e 3 anos

e meio; em contrapartida, 3 participantes têm de 26 a 32 anos de experiência.

O quadro 4.2 a seguir apresenta a caracterização dos participantes servindo

na Companhia, indicando o setor de trabalho de cada um, o cargo ocupado e função

realizada dentro da equipe operacional em serviço, bem como o conhecimento

prévio da Língua Inglesa relativo às cinco habilidades comunicativas. Cumpre

ressaltar que cargo se refere ao exercício de atividades administrativas na Seção

onde trabalha; já a função está relacionada à posição que ocupa na equipe

operacional em serviço.

Page 86: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

85

Sigla Seção Cargo/Função Conhecimento de Inglês16

Ler Escrever Falar Ouvir Falar-Ouvir

BE3 Instrução Encarregado/ Chefe de Equipe R F F F F

BE4 Instrução Adjunto/Chefe de Equipe B R R R R

BE5 Extintores Encarregado/ Chefe de Equipe B R B B B

BE6 Instalações Encarregado/ Chefe de Equipe R F F F F

Quadro 4.1 – Cargos dos bombeiros participantes servindo na Companhia Contraincêndio da Base Aérea de São Paulo.

Conforme o quadro 4.1, os participantes BE3 e BE4 exercem atividades

administrativas na Seção de Instrução, respectivamente, como Encarregado e

Adjunto. A Seção de Instrução é responsável pelo planejamento e execução do

programa de instrução. BE5, por sua vez, é Encarregado da Seção de Extintores,

responsável pelo controle, manutenção e recarga dos extintores de incêndio e

controle e manutenção dos demais equipamentos fixos da Companhia, mantendo

atualizados os mapas de localização desses equipamentos. BE6 é Encarregado da

Seção de Instalações que tem por objetivo realizar as vistorias de rotina na zona do

aeródromo.

Observa-se, conforme o quadro 4.1, que todos os bombeiros especialistas da

Companhia atuam na equipe operacional como Chefes de Equipe. A equipe

operacional opera em escalas de 24 por 48 horas, isto é, a cada 24h ininterruptas

em serviço, o bombeiro “folga” por 48h, realizando, nesse período, as atividades

administrativas inerentes ao cargo que ocupa. O Chefe de Equipe dos Bombeiros

realiza a coordenação das atividades da equipe de bombeiros no local do sinistro,

possui vasto conhecimento tático operacional; lidera sua equipe de forma a

conseguir o melhor rendimento; e, adota os procedimentos descritos no Plano de

Contraincêndio, implementando, caso necessário, outros procedimentos inerentes

ao desdobramento da própria situação de emergência. Lembro que a equipe

operacional é responsável pela execução da atividade essencial do bombeiro

16 As abreviações do nível de Inglês correspondem a: O-ótimo, B-bom, R-regular, F-fraco.

Page 87: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

86

(salvamento de vidas humanas), bem como de atividades operacionais acessórias

(combate a incêndio em edificações, veículos, equipamentos, áreas verdes, etc.)

Em relação ao conhecimento que cada participante servindo na Companhia

tem de inglês, verifica-se, ainda por meio do quadro 4.1., que a habilidade em que

os participantes informaram ter melhor desempenho é ler, indicando entre nível

regular e bom. Em contrapartida, os participantes informaram ter desempenho de

regular (2 participantes) a fraco (2 participantes) na habilidade de escrever. Já o

nível de desempenho entre os participantes nas habilidades de falar, ouvir e falar-

ouvir é variado: enquanto 2 participantes informaram ter nível fraco, 1 participante

indicou nível regular e outro nível bom.

Em relação aos bombeiros servindo na DIRENG, o quadro 4.2 a seguir

apresenta a sua caracterização em termos de cargo e funções exercidas, bem como

nível de conhecimento em inglês nas cinco habilidades comunicativas.

Sigla Seção Cargo/Função

Conhecimento de Inglês17

Ler Escrever Falar Ouvir Falar-Ouvir

BE1 DIRENG Comandante de Pelotão Contraincêndio

O R R B B

BE2 DIRENG Encarregado de Pelotão Contraincêndio B R R R F

Quadro 4.2 – Cargos dos bombeiros participantes servindo na Diretoria de Engenharia da Aeronáutica.

Pode-se verificar que, enquanto BE1 exerce o cargo de Comandante de

Pelotão18 Contraincêndio, BE2 exerce o cargo de Encarregado de Pelotão

Contraincêndio. Ambos já exerceram a função de Chefe de Equipe.

A habilidade em que os participantes apresentam melhor nível de

desempenho é ler: um informou ter desempenho ótimo e outro bom. Já nas

habilidades de escrever e falar, habilidades de produção, o desempenho de ambos

os participantes foi informado como regular. Na habilidade de ouvir, o desempenho

varia de regular (BE2) a bom (BE1). Em contrapartida, na habilidade de falar-ouvir,

enquanto BE1 informou bom desempenho, BE2 informou desempenho fraco.

17 As abreviações do nível de Inglês correspondem a: O-ótimo, B-bom, R-regular, F-fraco. 18 A diferença entre Companhia e Pelotão é estabelecida em termos de quantidade de militares.

Enquanto o número mínimo de militares servindo em um pelotão é de 27 pessoas, uma companhia deve ser composta por um efetivo mínimo de 81 militares, equivalente a 3 vezes o número mínimo de militares de um pelotão.

Page 88: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

87

Em relação a frequência de uso do inglês no trabalho, o quadro 4.3 a seguir

apresenta os resultados relacionados por participante:

Participante Frequência de Uso do Inglês no Trabalho19

Ler Escrever Falar Ouvir Falar-Ouvir

BE1 F O O O O BE2 O R R R O BE3 O R F F O BE4 F O O O F BE5 O R O O O BE6 F R F F F

Quadro 4.3 – Frequência de uso das habilidades no cotidiano profissional dos bombeiros participantes da pesquisa.

A frequência foi assim definida no questionário: diariamente, frequentemente

(correspondente a uma vez por semana), ocasionalmente (uma vez por mês) e

raramente (até uma vez por ano). Identifica-se no quadro 4.3, que a habilidade

utilizada com mais frequência entre os participantes é a de ler. Já a falar-ouvir é

utilizada vem em segundo lugar, utilizada mais ocasionalmente. Já as habilidades de

falar e ouvir são utilizadas de ocasionalmente a raramente. Por fim, escrever é a

habilidade menos utilizada entre os participantes, sendo raramente utilizada por 4

deles.

4.1.2 Informações relacionadas ao uso da língua inglesa no trabalho do

bombeiro de aeronáutica

Como informado na Metodologia, foi aplicado um questionário para

levantamento de informações gerais sobre as necessidades de uso da língua inglesa

na situação-alvo. Por meio da pergunta 6 do questionário QE, foi solicitado aos

participantes que indicassem as situações de uso que podiam exigir a utilização da

Língua Inglesa para desempenhar tarefas no cotidiano profissional. A tabela 4.3 a

seguir mostra os resultados obtidos:

19 As abreviações da frequência de uso do Inglês correspondem a: D-diariamente, F-frequentemente, O-ocasionalmente, R-raramente.

Page 89: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

88

Tabela 4.3 - Situações de uso da língua inglesa.

Situações Participantes

Leitura de manuais e revistas especializadas 06 Treinamentos e instruções (no Brasil e no exterior) 06 Contato com estrangeiros em ocorrência 05 Visitas técnicas no exterior 04 Reuniões 03 Apresentações 01 Negociação 01

N = 06

Podemos observar que as três situações em que os participantes percebem

que a língua inglesa é necessária são: leitura de manuais e revistas especializadas;

treinamentos e instruções no Brasil e no exterior e contato com estrangeiros em

ocorrência, indicando que o uso da língua é tanto para fins específicos (como leitura

do manual de equipamentos e viaturas de bombeiro), como para fins gerais (receber

treinamentos e participar de instruções na área de bombeiro no Brasil e no exterior -

EUA).

O item “contato com estrangeiros em ocorrência”, informado na tabela 4.3, foi

esclarecido pelo participante BE4 durante a entrevista como o diálogo com

estrangeiros (tripulação e passageiros estrangeiros) durante uma ocorrência. Já

BE3, durante a entrevista, explicou que visitas técnicas no exterior e negociações

são realizadas pela Companhia à empresa fornecedora de carros contraincêndio

localizada na Áustria para fins de aquisição e modernização de viaturas. Por fim, as

situações “reuniões” foram informadas por BE5 como recebimento de debriefing

após exercícios simulado de acidente no aeroporto. Já as apresentações foram

relacionadas à participação em apresentações realizadas em inglês por ocasião de

recebimento de novos equipamentos, bem como missões de intercâmbio com

Forças Aéreas amigas.

Para saber com quem a língua inglesa é utilizada, foram levantados dados a

respeito dos interlocutores representados na tabela 4.4:

Page 90: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

89

Tabela 4.4 – Interlocutores.

Interlocutores Participantes

Tripulantes estrangeiros 06 Funcionários de companhias aéreas 04 Passageiros estrangeiros 03 Fornecedores de equipamentos e viaturas contraincêndio 03 Instrutores estrangeiros 02 Outros 02

N = 06

Todos os participantes indicaram que a língua inglesa é utilizada para contato

com tripulantes estrangeiros, sobretudo mecânicos de voo e pilotos. Em segundo

lugar, estão os funcionários de companhias aéreas, seguido de passageiros

estrangeiros, fornecedores de equipamentos e viaturas contraincêndio e instrutores

estrangeiros.

Em relação aos interlocutores, foi esclarecido por BE5, por meio da entrevista,

que, quanto aos passageiros e tripulações de aeronaves estrangeiras e

fornecedores de equipamentos e viaturas, estes podem ser nativos ou não nativos,

enquanto os instrutores estrangeiros dos centros de treinamento são nativos

(britânicos e americanos). BE5 indicou o campo “outros”, e esclareceu, por meio da

entrevista, que podem ser membros nativos ou não nativos de equipe de segurança

especial atuando no aeroporto. Por sua vez, BE4, que também indicou “outros”,

esclareceu que, eventualmente, os interlocutores são militares de organizações

militares de países de língua inglesa com os quais realiza contato via e-mail e

telefone para obtenção de informações sobre cursos e treinamentos.

Com o intuito de identificar a forma de contato utilizando a língua inglesa,

foram elencadas, no questionário, algumas possibilidades de contato para que os

participantes pudessem indicar as mais frequentes. A tabela 4.5 abaixo mostra os

resultados das respostas obtidas:

Page 91: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

90

Tabela 4.5 - Meios de contato.

Meios de contato Participantes

Face-a-face 05 Outros 01

N = 06

Em relação aos meios de contato, a maioria dos participantes indicou a

interação face-a-face como a principal forma de contato com os interlocutores. Por

meio da entrevista, BE1 esclareceu que essa interação pode ser realizada durante

uma ocorrência, com o passageiro ou tripulante de aeronave, no espaço físico da

pista do aeroporto ou no interior de uma aeronave, com a interferência de ruídos de

motores de outras aeronaves ou veículos que trafegam nas adjacências da pista de

pouso e decolagem.

BE3 esclareceu na entrevista que a interação face-a-face também pode ser

realizada no espaço de treinamento ou simulado de acidente realizado no aeroporto.

O mesmo participante também citou a interação face-a-face nas participações em

treinamentos realizados em organizações militares no exterior, sobretudo nos

Estados Unidos e Inglaterra. Por sua vez, BE5 indicou a interação face-a-face em

visitas técnicas ao fornecedor de equipamentos na Áustria. BE2 indicou, no campo

“outros”, a utilização de e-mail e telefone para realizar contato com os centros de

treinamento sediados nos Estados Unidos e Inglaterra para obter informações sobre

cursos e visitas técnicas no exterior.

Quanto às habilidades comunicativas necessárias para a execução das

tarefas, a tabela 4.6 abaixo demonstra os resultados obtidos:

Tabela 4.6 - Habilidades necessárias para a execução das tarefas.

Habilidades Participantes Falar-ouvir (conversar) 06 Ler 04 Escrever 03 Falar Ouvir

02 02

N = 06

Cumpre ressaltar que esse item do questionário oferecia ao participante a

possibilidade de assinalar uma ou mais alternativas. De acordo com os resultados,

observa-se que a necessidade de falar-ouvir é predominante, uma vez que todos os

Page 92: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

91

6 participantes informaram ser necessário o domínio dessa habilidade para a

execução das tarefas. A habilidade de ler é a segunda mais necessária conforme 4

participantes, seguida de escrever, indicada por 3 participantes. As habilidades falar

apenas e ouvir apenas foram informadas por apenas 2 participantes.

Em relação à habilidades que oferecem dificuldades na execução das tarefas,

a tabela 4.7 abaixo apresenta os resultados obtidos:

Tabela 4.7 - Habilidades que oferecem dificuldades na execução das tarefas.

Habilidades Participantes Falar-ouvir (conversar) 06 Falar 05 Ouvir 05 Escrever Ler

03 02

N = 06

Na questão, os alunos podiam marcar mais de uma habilidade. Todos os 6

participantes indicaram a habilidade de falar-ouvir como a que oferecia dificuldades

na execução das tarefas. A habilidade de falar foi apontada em segundo lugar, por 5

participantes, bem como a habilidade de ouvir. Já a habilidade de escrever foi

indicada por 3 participantes. Em contrapartida, a habilidade de ler, segunda

habilidade mais necessária para a execução de tarefas da situação-alvo na ótica dos

participantes, foi indicada por apenas 2 participantes entre as que menos oferecem

dificuldades.

Como elucidado na Metodologia, antes de elaborar a entrevista, organizei os

dados obtidos das respostas ao questionário QE. Comparando-os com o documento

que prescreve o desempenho dos bombeiros por meio de atividades, o Padrão de

Desempenho de Especialidade (constante do Currículo Mínimo do Curso de

Formação, no Anexo A), pude identificar semelhanças e discrepâncias. Primeiro foi

confirmada a hipótese de que os bombeiros realizam a leitura de documentos

técnicos da área (manuais). Em contrapartida, identificou-se que algumas situações

de uso apontadas pelos participantes estavam relacionadas a outras atividades

preconizadas no PDE. Assim, constatou-se que, apesar daquele documento fazer

menção ao uso da língua inglesa somente na leitura e interpretação de documentos

da especialidade elaborados em inglês técnico, os bombeiros de aeronáutica

atuando no mercado utilizam a língua inglesa em outras atividades de seu cotidiano,

Page 93: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

92

por meio de tarefas que mais tarde foram identificadas e detalhadas na entrevista. É

sobre elas que passarei a discorrer no próximo item.

4.1.3 Tarefas da situação-alvo utilizando a língua inglesa

Com o objetivo de identificar detalhadamente as tarefas da situação-alvo,

realizei a entrevista com os 6 bombeiros especialistas. Baseada nos dados

relacionados ao uso da língua inglesa na situação de trabalho dos bombeiros

especialistas, indicadas nas respostas ao questionário QE, bem como na lista de

atividades do bombeiro de aeronáutica indicadas no Padrão de Desempenho de

Especialidade, solicitei aos participantes que dessem exemplos de tarefas que

podem ser executadas utilizando a língua inglesa na situação-alvo.

Como relatado na Metodologia, o Padrão de Desempenho de Especialidade

(PDE), parte integrante do Currículo Mínimo do Curso de Formação de Sargentos

Bombeiros de Aeronáutica (ICA 37-500)20, foi utilizado como roteiro auxiliar da

entrevista. O documento lista as atividades que os bombeiros de aeronáutica

formados na EEAR devem desempenhar. A seguir, transcrevo a lista contida nesse

documento (Anexo A) apresentada aos bombeiros durante a entrevista. Os itens

destacados por mim em negrito indicam as atividades apontadas pelos bombeiros

especialistas que podem demandar o desempenho de tarefas em língua inglesa:

1) identificar e caracterizar a estrutura do Sistema de Contraincêndio da

Aeronáutica (SISCON);

2) realizar os serviços administrativos do Serviço de Prevenção, Salvamento

e Combate a Incêndio (SESCINC);

3) compreender publicações técnicas;

4) interpretar e traduzir documentos inerentes à sua especialidade

elaborados em inglês técnico;

5) identificar os documentos básicos inerentes à sua especialidade;

6) aplicar os princípios básicos de administração e relações humanas

inerentes à especialidade;

7) compreender as teorias de contraincêndio;

20 O Currículo Mínimo consta do Anexo A.

Page 94: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

93

8) identificar produtos perigosos;

9) planejar, executar e fiscalização a prevenção e proteção contraincêndio;

10) elaborar planos de prevenção, proteção, salvamento e combate a

incêndio;

11) realizar inspeções técnicas de proteção contraincêndio;

12) identificar os meios de proteção e segurança de aeródromos;

13) empregar as técnicas de aplicação de agentes extintores;

14) executar as atividades operacionais de salvamento e combate a

incêndio em aeródromo;

15) controlar o estoque de materiais, equipamentos e agentes extintores;

16) planejar e ministrar instrução de formação técnico-especializada na área

de salvamento, prevenção e combate a incêndio para os novos integrantes

do Serviço de Proteção, Salvamento e Combate a Incêndio (SESCINC)

nos diferentes níveis bem como as instruções para o efetivo;

17) planejar e ministrar instrução de formação de brigada contraincêndio em

edificações;

18) planejar e executar os treinamentos operacionais de salvamento e

combate a incêndio;

19) identificar as características da aeronaves inerentes à realização das

atividades de salvamento e combate a incêndio;

20) empregar e manutenir os equipamentos, materiais e viaturas

utilizadas nos serviços de salvamento, prevenção e combate a

incêndio;

21) empregar as técnicas e táticas de salvamento e combate a incêndio;

22) utilizar os equipamentos necessários para atender as diferentes situações

de emergência;

23) comandar e coordenar equipes de bombeiros e os recursos disponíveis

nas diferentes situações de salvamento e combate a incêndio;

24) empregar os meios de comunicações nas atividades de prevenção de

salvamento e combate a incêndio;

25) aplicar os métodos de atendimento hospitalar;

26) aplicar as normas de higiene e segurança do trabalho; e,

27) manter a higidez física necessária à execução das atividades de

salvamento e combate a incêndio.

Page 95: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

94

Pode-se observar, por meio da lista acima, que, em relação ao uso de língua

na atividade do bombeiro de aeronáutica, o Comando da Aeronáutica indica a

necessidade de se saber “interpretar e traduzir documentos inerentes à sua

especialidade elaborados em inglês técnico”. No entanto, o PDE não especifica

quais são esses documentos.

Dessa forma, com o propósito de identificar os textos mais frequentes no

cotidiano profissional dos participantes, a pergunta 4 do roteiro da entrevista

(Apêndice C) solicitou que eles indicassem os textos, os quais estão listados no

quadro 4.4 apresentado a seguir:

Participantes Bombeiro da CIA CI da BASP Bombeiros da DIRENG

Tipos de textos

- Manuais de viaturas e equipamentos importados

- Documentos (Docs) normativos publicados pela OACI concernentes ao serviço de combate a incêndio em aeroportos.

- Manuais de aeronaves estrangeiras (para obter informações de resgate e combate a incêndio da aeronave

Quadro 4.4 – Documentos escritos informados pelos participantes.

Também pode-se observar que o PDE não indica a necessidade de uso da

Língua Inglesa nas demais atividades desempenhadas pelo bombeiro formado na

EEAR. No entanto, por meio de entrevista, os bombeiros indicaram atividades

contidas na lista do PDE as quais requerem o desempenho de determinadas tarefas

em que o uso da língua inglesa pode ser necessário. Essas atividades foram

destacadas em negrito na lista do PDE apresentada anteriormente e são as

seguintes:

1) interpretar e traduzir documentos inerentes à sua especialidade

elaborados em inglês técnico;

2) executar as atividades operacionais de salvamento e combate a incêndio

em aeródromo;

3) planejar e executar os treinamentos operacionais de salvamento e

combate a incêndio;

4) identificar as características das aeronaves inerentes à realização das

atividades de salvamento e combate a incêndio;

Page 96: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

95

5) empregar e manutenir os equipamentos, materiais e viaturas utilizadas nos

serviços de salvamento, prevenção e combate a incêndio; e,

6) aplicar os métodos de atendimento pré-hospitalar.

Foram identificadas tarefas relacionadas a: a) interpretação e tradução de

documentos inerentes à sua especialidade elaborados em inglês técnico; b)

execução de atividades operacionais de salvamento e combate a incêndio em

aeródromo; c) planejamento e execução de treinamentos operacionais de

salvamento e combate a incêndio; d) identificar as características das aeronaves

inerentes à realização das atividades de salvamento e combate a incêndio; e)

empregar e manutenir os equipamentos, materiais e viaturas utilizadas nos serviços

de salvamento, prevenção e combate a incêndio; e, f) aplicar os métodos de

atendimento pré-hospitalar.

Os dados obtidos por meio das respostas dadas na entrevista, utilizando o

roteiro auxiliar extraído do PDE, complementam os dados obtidos das respostas ao

questionário QE. Foi possível identificar diversas tarefas utilizando a língua inglesa.

Com o objetivo de facilitar a visualização das tarefas informadas pelos participantes,

elas foram organizadas, num primeiro momento, segundo as atividades PDE

indicadas pelos participantes.

4.1.3.1 Tarefas relacionadas à interpretação e tradução de documentos

inerentes à especialidade

O quadro 4.5 a seguir apresenta as tarefas identificadas em relação à primeira

atividade apontada no PDE em que o uso da Língua Inglesa é necessário:

interpretação e tradução de documentos inerentes à sua especialidade elaborados

em inglês técnico, indicando, também, as habilidades necessárias, o meio de

contato, seus interlocutores, bem como os participantes que as informaram:

Page 97: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

96

Interpretar e traduzir documentos inerentes à sua especialidade elaborados em inglês técnico

Tarefas Habilidades Meio de Contato Interlocutor(es) Participantes

Ler legislação internacional a fim de atualizar a legislação do sistema contraincêndio

Ler -/- -/- BE1, BE2

Ler publicações técnicas Ler -/- -/- BE1, BE2

Quadro 4.5 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na atividade de identificação das características das aeronaves.

A leitura de legislação internacional e de publicações técnicas da área foi

indicada por BE1 e BE2. Essas tarefas foram elucidadas pelos participantes como

necessárias para a modernização da doutrina de emprego do bombeiro de

aeronáutica, atualização da legislação e atualização dos documentos de ensino,

realizadas pela DIRENG. Verifica-se que apenas os participantes que trabalham

naquela diretoria realizam essas tarefas. Identifica-se, portanto, que essas tarefas

não estão presentes no cotidiano profissional dos bombeiros da Companhia.

4.1.3.2 Tarefas realizadas na execução de atividades operacionais de

salvamento e combate a incêndio

O quadro 4.6 a seguir relaciona as tarefas realizadas na execução de

atividades operacionais de salvamento e combate a incêndio, preconizadas no PDE:

Observa-se que as 3 tarefas levantadas requerem a habilidade de falar-ouvir

e são realizadas face-a-face. Os interlocutores comuns a essas tarefas são

tripulantes de aeronave estrangeiros, sendo que nas tarefas comunicar-se

verbalmente com pessoas a fim de afastá-las da área de salvamento/atendimento ou

de risco e comunicar-se verbalmente com a vítima a fim de persuadir-lhe a não

cometer suicídio, os interlocutores podem ser também funcionários de companhias

aéreas e passageiros estrangeiros.

Page 98: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

97

Execução de atividades operacionais de salvamento e combate a incêndio em aeródromo

Tarefas Habilidades Meio(s) de

Contato Interlocutor(es) Participantes

Comunicar-se com a tripulação da aeronave a fim de informar as condições externas da aeronave em situação de emergência

Falar-ouvir Face-a-face

Tripulantes de aeronave

estrangeiros

BE2, BE3, BE4, BE5

Comunicar-se verbalmente com pessoas a fim de afastá-las da área de informações/atendimento ou de risco.

Falar-ouvir Face-a-face

Passageiros, funcionários de

companhias aéreas e tripulantes de

aeronave estrangeiros

BE1, BE3,BE4,

Comunicar-se verbalmente com a vítima a fim de persuadir-lhe a não cometer suicídio

Falar-ouvir Face-a-face

Passageiros, funcionários de

companhias aéreas e tripulantes de

aeronave estrangeiros

BE4

Quadro 4.6 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa em atividades operacionais de salvamento e combate a incêndio em aeródromo.

A tarefa apontada por mais participantes foi “comunicar-se com a tripulação

da aeronave a fim de informar as condições externas da aeronave em situação de

emergência”. BE3 esclareceu que esta tarefa faz parte do auxílio à evacuação

prestada pelos bombeiros do aeródromo. O participante explicou em entrevista que a

evacuação de emergência é a retirada rápida e ordenada das pessoas de dentro de

um local, desde que essas pessoas não estejam incapacitadas. Ele esclareceu que

a tripulação da aeronave é responsável por decidir definitivamente a realização da

evacuação e a maneira com que será executada. No entanto, nos casos em que a

tripulação não esteja em condições de atuar normalmente na hora do acidente ou

emergência, os bombeiros realizarão essa evacuação. A seguir transcrevo parte do

seu relato:

Quando a evacuação da aeronave é realizada pela tripulação, pelo fato desta ter uma visão restrita do lado externo da aeronave, os bombeiros podem orientar os tripulantes informando as condições externas da aeronave. (BE3).

Page 99: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

98

O participante BE3 também informou que o auxílio do bombeiro nesse

momento pode ser importante para evitar ou minimizar possível agravamento da

situação ou acidentes secundários, pois no momento de um acidente o pânico

geralmente se generaliza. Parece que esse tipo de contato com tripulação

estrangeira pode ser crucial para garantir a segurança da operação de auxílio à

evacuação, sendo necessário que o bombeiro saiba se comunicar em inglês. BE4

complementou a informação fornecida por BE3, relatando que, no momento de

atendimento de ocorrência, sobretudo em ocorrência que exige o auxílio à

evacuação e atendimento às vítimas, o bombeiro também realiza a tarefa de

“comunicar-se verbalmente com pessoas a fim de afastá-las da área de

informações/atendimento ou de risco”, tarefa também informada por BE1 e BE4.

Em contrapartida, a tarefa “comunicar-se verbalmente com a vítima a fim de

persuadir-lhe a não cometer suicídio” foi informada por apenas 1 participante (BE4).

O referido participante relatou em entrevista que já atendeu uma ocorrência

envolvendo um suicida na área do aeroporto. O participante relatou que o

atendimento de ocorrência envolvendo suicida requer o uso de habilidades

comunicativas, pois boa parte da intervenção é feita de forma verbal. O suicida

atendido por BE4 era brasileiro não sendo necessário o uso do inglês para

comunicar-se com a vítima. No entanto, o participante não descartou a possibilidade

de haver esse tipo de ocorrência envolvendo estrangeiro. BE4 informou que, embora

felizmente seja remota a possibilidade de ocorrência desse evento, o bombeiro deve

estar preparado para intervir de maneira rápida e eficiente, o que está implícita a

possibilidade de uso da língua inglesa como forma de contato verbal, em caso de

vítima não nativa.

4.1.3.3 Tarefas realizadas no planejamento e execução de treinamentos

operacionais de salvamento e combate a incêndio

As tarefas apontadas pelos participantes relacionadas ao planejamento e

execução de treinamentos operacionais de salvamento e combate a incêndio estão

discriminadas no quadro 4.7 a seguir.

Page 100: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

99

Planejamento e execução de treinamentos operacionais de salvamento e combate a incêndio

Tarefas Habilidades Meio de Contato Interlocutor(es) Participantes

Preparar instruções e planejar missões que envolvam Forças Aéreas amigas

Ler -/-

Militares estrangeiros

participantes de missões da ONU

BE1, BE2, BE4

Fazer contato por e-mail com centros de treinamento para obter informações sobre cursos e visitas no exterior

Ler / escrever e-mail

Representantes de centros de

treinamento no exterior

BE6

Realizar contato telefônico com centros de treinamento para obter informações sobre cursos e visitas no exterior

Falar-ouvir telefone BE6

Participar de treinamentos realizados no exterior

Ler / ouvir / falar

Face-a-face

Instrutores estrangeiros

BE1, BE2, BE4, BE5

Quadro 4.7 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na atividade de planejamento e execução de treinamentos.

Nessa atividade, as tarefas identificadas variam entre aquelas que demandam

a habilidade de ler e escrever (“escrever e-mails para centros de treinamento”,

“planejar instruções e missões que envolvem Forças Aéreas amigas”), bem como a

habilidade de falar-ouvir (conversar) tais como “participar de exercícios operacionais

no aeroporto e de treinamentos no exterior”.

4.1.3.4 Tarefa realizada na identificação das características das aeronaves

inerentes à realização das atividades de salvamento e combate a incêndio

Já em relação à atividade de identificar as características das aeronaves

inerentes à realização das atividades de salvamento e combate a incêndio, foi

identificada a tarefa de ler o croqui (consta do manual da aeronave) para obter

informações sobre pontos de corte e saídas de emergência. A tarefa está

relacionada no quadro 4.8 a seguir:

Page 101: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

100

Identificação das características das aeronaves inerentes à realização das atividades de salvamento e combate a incêndio

Tarefa Habilidades Meio de Contato Interlocutor(es) Participantes

Ler informações constantes no croqui de aeronaves em manuais de aeronaves operantes no aeroporto

Ler -/- -/- BE4, BE5, BE6

Quadro 4.8 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na identificação de características das aeronaves.

A tarefa está relacionada à identificação do local de atuação do bombeiro de

aeronáutica (aeronave) em caso de emergência que exige o salvamento de vítimas

e o combate a incêndio. Importante ressaltar que, conforme informado pelo

participante BE3, a maioria das aeronaves operando no Aeroporto de Guarulhos

possui manuais escritos exclusivamente em Língua Inglesa, inclusive aeronaves

nacionais, a exemplo da aeronave Embraer 190, utilizada pela Azul Linhas Aéreas.

Sobre a tarefa, o participante BE4 esclarece:

Toda aeronave que opera no aeroporto deve disponibilizar um manual. Nesse manual, a informação que nos interessa é aquela relacionada ao salvamento e combate a incêndio naquela determinada aeronave. Muitos desses manuais vêm em inglês e precisamos saber ler as informações nessa língua para ter conhecimento das peculiaridades de cada aeronave para estarmos preparados para intervir enquanto bombeiros em uma emergência envolvendo essa aeronave. (BE4).

4.1.3.5 Tarefas realizadas no emprego e manutenção de equipamentos,

materiais e viaturas

O quadro 4.9 a seguir mostra as tarefas identificadas em relação à atividade

de emprego e manutenção de equipamentos, materiais e viaturas:

Page 102: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

101

Emprego e manutenção de equipamentos, materiais e viaturas

Tarefas Habilidades Meio de Contato Interlocutor(es) Participantes

Ler e interpretar o manual de manutenção dos equipamentos e viaturas

Ler -/- -/- BE2, BE3, BE6

Ler manual do fabricante para a correta utilização do equipamento

Ler -/- -/- BE3, BE4, BE6

Ler a especificação de equipamentos para aquisição

Ler -/- -/- BE4

Informar a especificação de equipamentos para aquisição

Escrever / falar

Face-a-face

Fornecedores estrangeiros

BE4

Quadro 4.9 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na atividade de emprego e manutenção de equipamentos, materiais e viaturas.

Particularmente, o participante BE5 informou que, apesar dos fornecedores

dos carros contraincêndio serem os responsáveis pela manutenção dessas viaturas,

alguns consertos de pequeno porte são realizados pelo pessoal da manutenção da

Companhia, com base no conhecimento que têm de mecânica e baseado nos

manuais disponibilizados pelos fabricantes somente em inglês. Dessa forma, foi

identificada a necessidade de ler em inglês. Já o participante BE2 esclareceu na

entrevista que alguns equipamentos, além das viaturas de bombeiros, podem ser

importados. BE2 forneceu uma lista de equipamentos de fabricantes estrangeiros

utilizados no COMAER, dentre eles apresento alguns exemplos a seguir:

1) Capacete HEROS – Fabricante: Rosenbauer (Áustria);

2) Equipamento Autônomo de Respiração Individual - Fabricante: Panther

(Estados Unidos);

3) Ferramenta Hidráulica de Resgate – Fabricante: Hurst (Estados Unidos);

4) Máscara – Fabricante: Dräger (Alemanha);

5) Moto-gerador hidráulico – Fabricante: Honda (Japão); e

6) Ventilador Fanergy – Fabricante: Rosenbauer (Áustria).

O participante relatou que é necessário saber ler em inglês para interpretar os

manuais desses equipamentos, tendo em vista que todos são recebidos com manual

Page 103: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

102

escrito em Língua Inglesa. A leitura desses manuais se faz necessária com vistas ao

correto emprego, bem como para servir de auxílio na manutenção do equipamento.

4.1.3.6 Tarefas realizadas no atendimento pré-hospitalar

As tarefas que são realizadas no atendimento pré-hospitalar são informadas

no quadro 4.10 a seguir:

Atendimento pré-hospitalar

Tarefas Habilidades Meio de Contato Interlocutor(es) Participantes

Informar à vítima a importância da ida ao hospital para recebimento de atendimento médico em caso de recusa por atendimento

Falar Face-a-face

Passageiros, funcionários de

companhias aéreas e tripulantes de

aeronave estrangeiros

BE3, BE4, BE5

Esclarecer os eventuais resultados de seu agravamento, em caso de recusa por atendimento.

Falar Face-a-face

Passageiros, funcionários de

companhias aéreas e tripulantes de

aeronave estrangeiros

BE3, BE4, BE5

Informar a vítima de que sua recusa será registrada em Livro de Ocorrências do Chefe de Equipe dos Bombeiros, em caso de recusa por atendimento

Falar Face-a-face

Passageiros, funcionários de

companhias aéreas e tripulantes de

aeronave estrangeiros

BE3, BE4, BE5

Comunicar-se verbalmente com a vítima e ou testemunhas a fim de extrair-lhes informações sobre o estado físico e psicológico

Falar-ouvir Face-a-face

Passageiros, funcionários de

companhias aéreas e tripulantes de

aeronave estrangeiros

BE1

Comunicar-se verbalmente com a vítima para acalmá-la

Falar-ouvir Face-a-face

Passageiros, funcionários de

companhias aéreas e tripulantes de

aeronave estrangeiros

BE1

Quadro 4.10 – Tarefas que podem ser realizadas utilizando a língua inglesa na realização do atendimento pré-hospitalar.

Page 104: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

103

Em relação à realização do atendimento pré-hospitalar, 3 participantes (BE3,

BE4 e BE5) identificaram 5 tarefas, as quais são realizadas face-a-face e exigem a

habilidade de falar-ouvir. Conforme informado no material didático da disciplina

“Atendimento Pré-Hospitalar” do CFS-SBO, o atendimento pré-hospitalar (APH):

(...) é o tratamento rápido e provisório ministrado a uma vítima de trauma ou emergência médica, fora do ambiente hospitalar, que tem como objetivo principal eliminar o perigo imediato de morte e evitar o agravamento das lesões (EEAR, 2013b, p. 3)

Quem realiza o APH é o socorrista, sendo que o bombeiro pode assumir esta

função na equipe operacional durante o atendimento da ocorrência. Segundo a

apostila de APH (EEAR, 2013), as características do socorrista são,

formação técnica; condicionamento físico; boa apresentação pessoal; discrição e sigilo; uso adequado do vocabulário; estabilidade emocional; iniciativa; amabilidade; e criatividade.

Um dos aspectos legais do atendimento pré-hospitalar, conforme orientado no

material didático, é o dever do socorrista em obter o consentimento formal da vítima

para lhe prestar o atendimento de emergência. Esse consentimento formal só pode

ser obtido se a vítima estiver em estado consciente e geralmente por meio de

consentimento verbal, indicando a primeira tarefa relacionada ao atendimento

utilizando a língua inglesa, informada pelos três participantes na entrevista.

Ainda de acordo com a apostila, se a vítima recusar-se explicitamente a ser

atendida pela equipe de socorristas, o socorrista deve,

enfatizar a importância da ida ao hospital para recebimento de atendimento médico; e

esclarecer os eventuais resultados das lesões e a possibilidade de seu agravamento.

Se, ainda assim, a vítima manter-se inflexível na sua decisão de não ser transportada ao hospital para receber o devido atendimento médico, deve-se:

Page 105: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

104

arrolar pelo menos duas testemunhas; informá-la de que sua recusa será registrada em Livros de

Ocorrência do Chefe de Equipe dos Bombeiros; e comunicar o fato ao Oficial de Dia/Operações. (EEAR, 2013, p.

7).

Com base nas informações acima, verifica-se a necessidade de se realizar

contato verbal com a vítima para obter seu consentimento e, mesmo em caso de

recusa da vítima em receber atendimento, de informá-la sobre a importância de ir ao

hospital e esclarecer a possibilidade de agravamento das lesões sofridas. Dessa

forma, pode-se concluir que o bombeiro deve saber travar um diálogo em inglês

durante uma situação de atendimento pré-hospitalar envolvendo vítima não nativa

em estado consciente.

Ainda, durante o atendimento pré-hospitalar, os participantes BE3, BE4 e BE5

informaram a necessidade de interagir com a vítima verbalmente buscando

informações sobre seu estado, sendo possível identificar a tarefa de “comunicar-se

com a vítima e ou testemunhas a fim de extrair-lhes informações sobre o estado

físico e psicológico”.

No caso de a vítima não estar consciente, faz parte do atendimento pré-

hospitalar a busca por informações sobre o estado da vítima. Dessa forma, os

participantes BE3, BE4 e BE5 informaram a tarefa “comunicar-se verbalmente com a

vítima ou testemunhas a fim de extrair-lhe informações sobre o estado físico e

psicológico”, como necessária, bem como “comunicar-se verbalmente com a vítima

para acalmá-la”.

Os resultados mostram que o maior número de tarefas que demandam a

utilização da Língua Inglesa está concentrado na realização do atendimento pré-

hospitalar (5 tarefas), bem como no emprego e manutenção de equipamentos,

materiais e viaturas (4 tarefas). Foram identificadas 3 tarefas relacionadas ao

planejamento e execução de atividades operacionais de salvamento e combate a

incêndio e 3 tarefas relacionadas ao planejamento e execução de treinamentos

operacionais de salvamento e combate a incêndio, além de 2 tarefas relacionadas à

interpretação e tradução de documentos inerentes à especialidade do bombeiro, e 1

tarefa relacionada à identificação das características das aeronaves.

Page 106: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

105

4.1.3.7 Tarefas por habilidade

Com o objetivo de identificar as habilidades mais recorrentes entre as tarefas,

possibilitando relacionar aos resultados obtidos da identificação das necessidades

dos alunos, organizei as tarefas por habilidade. O quadro 4.11 a seguir apresenta as

tarefas que demandam a habilidade de ler:

Habilidade Tarefas Meio de contato

Interlocutores

Ler

Ler e interpretar o manual de manutenção dos equipamentos

-/- -/-

Preparar instruções e planejar missões que envolvam forças aéreas amigas.

-/- Militares estrangeiros participantes de missões da ONU

Ler a especificação de equipamentos para aquisição

-/-

Funcionários de empresa de manutenção de CCI; fornecedores

de equipamentos e viaturas contraincêndio.

Fazer contato por e-mail com centros de treinamento para obter informações sobre cursos e visitas no exterior.

-/- Representantes de centros de

treinamento no exterior

Ler manual do fabricante para a correta utilização do equipamento.

-/- -/-

Ler informações constantes no croqui de aeronaves (pontos de corte e saídas de emergência) em manuais de aeronaves operantes no aeroporto

-/- -/-

Participar de treinamentos realizados no exterior

-/- Instrutores estrangeiros

Quadro 4.11 - Tarefas que demandam a habilidade de ler.

Em relação às tarefas que demandam a habilidade de ler, verifica-se que os

bombeiros necessitam ler manuais para emprego correto de equipamentos e

viaturas, bem como para realizar a manutenção desses meios materiais. Também

verifica-se a necessidade de ler legislações e publicações técnicas, bem como

especificação de equipamentos para aquisição. Ao todo, foram identificadas 7

tarefas que exigem a habilidade de ler. Cumpre lembrar que essa habilidade foi a

menos apontada em relação às habilidades que oferecem dificuldades, sendo

indicada por apenas 2 participantes.

Já em relação à habilidade de escrever, conforme o quadro 4.12 abaixo,

verifica-se a necessidade de utilizá-la em 3 tarefas, relacionadas à especificação de

Page 107: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

106

equipamentos para aquisição, fazer contato com centros de treinamento e preparar e

planejar missões que envolvam Forças Aéreas amigas.

Habilidade Tarefas Meio de contato

Interlocutores

Escrever

Informar a especificação de equipamentos para aquisição durante uma visita técnica na empresa no exterior

e-mail

Funcionários de empresa de manutenção de CCI; fornecedores de equipamentos e viaturas

contraincêndio.

Fazer contato via e-mail centros de treinamento para obter informações sobre cursos e visitas no exterior

e-mail Representantes de

centros de treinamento no exterior

Preparar instruções e planejar missões que envolvam Forças Aéreas amigas.

e-mail

Militares estrangeiros participantes de missões

da ONU

Quadro 4.12 - Tarefas que demandam a habilidade de escrever.

Essas três tarefas envolvem a utilização do e-mail como o principal meio de

contato. Cumpre lembrar que a habilidade de escrever foi apontada por 3

participantes entre as habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas

em língua inglesa.

Já em relação à habilidade de falar, foram identificadas 3 tarefas relacionadas

à realização do atendimento pré-hospitalar, realizadas face-a-face. A habilidade de

falar foi a segunda mais indicada entre as habilidades que mais oferecem

dificuldades a 5 participantes.

Habilidade Tarefas Meio de contato Interlocutores

Falar

Informar à vítima a importância da ida ao hospital para recebimento de atendimento médico em caso de recusa por atendimento.

Face-a-face

Passageiros, funcionários de companhias aéreas e tripulantes de aeronave

estrangeiros

Esclarecer os eventuais resultados das lesões e a possibilidade de seu agravamento, em caso de recusa por atendimento.

Informar a vítima de que sua recusa será registrada em Livro de Ocorrências do Chefe de Equipe dos Bombeiros, em caso de recusa por atendimento.

Quadro 4.13 - Tarefas que demandam a habilidade de falar.

Por sua vez, em relação à habilidade de falar-ouvir, foram identificadas 13

tarefas, sendo 11 realizadas face-a-face, enquanto 2 são realizadas utilizando o

telefone. As tarefas variam, podendo ser realizadas em situações de visitas técnicas

Page 108: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

107

na empresa no exterior, preparação de instruções e missões que envolvam Forças

Aéreas amigas, participação de exercícios operacionais, conversa com tripulação de

aeronaves, com vítimas e testemunhas em situação de emergência, indicando a

possibilidade de diversos interlocutores.

Habilidade Tarefas Meio de contato Interlocutores

Falar-ouvir

Interpretar/informar a especificação de equipamentos para aquisição durante uma visita técnica na empresa no exterior

Face-a-face

Funcionários de empresa de manutenção de CCI;

fornecedores de equipamentos e viaturas

contraincêndio. Realizar contato telefônico com centros de

treinamento para obter informações sobre cursos e visitas no exterior

Telefone

Representantes de centros de treinamento no

exterior Participar de apresentações e atividades

administrativas e Operacionais durante a realização de exercícios e operações militares com padrão OTAN (com idioma oficial inglês) ou missões da ONU;

Face-a-face Militares estrangeiros

participantes de missões da ONU

Preparar instruções e planejar missões que envolvam Forças Aéreas amigas.

Telefone

Participar de exercícios operacionais envolvendo estrangeiros em aeroportos internacionais.

Face-a-face

Passageiros, funcionários de companhias aéreas e tripulantes de aeronave

estrangeiros Comunicar-se com a tripulação da

aeronave a fim de informar as condições externas da aeronave em situação de emergência;

Face-a-face

Tripulantes de aeronave estrangeiros

Comunicar-se verbalmente com um ocupante da aeronave ou passageiro evacuado para obter informações sobre a vítima.

Face-a-face

Passageiros, funcionários de companhias aéreas e tripulantes de aeronave

estrangeiros

Comunicar-se verbalmente com a vítima para acalmá-la.

Comunicar-se verbalmente com a vítima a fim de obter seu consentimento durante atendimento pré-hospitalar.

Comunicar-se verbalmente com pessoas a fim de afastá-las da área de salvamento/atendimento ou de risco.

Comunicar-se verbalmente com a vítima e ou testemunhas a fim de extrair-lhes informações sobre o estado físico e psicológico;

Comunicar-se verbalmente com a vítima a fim de persuadir-lhe a não cometer suicídio

Participar de treinamentos realizados no exterior

Face-a-face Instrutores estrangeiros

Quadro 4.14 - Tarefas que demandam a habilidade de falar-ouvir.

Page 109: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

108

Quanto à habilidade de falar-ouvir, importante lembrar que foi apontada por

todos os participantes como aquelas que oferecem dificuldades na execução de

tarefas da situação-alvo usando o idioma inglês.

4.1.3.8 Tarefas em relação ao número de informantes

Comparando as tarefas em relação ao número de participantes que as

informaram, o quadro 4.15 a seguir mostra os resultados obtidos:

Tarefas Habilidade(s) BE1 BE2 BE3 BE4 BE5 BE6

Comunicar-se verbalmente com a tripulação Falar-ouvir x x x x

Participar de treinamentos realizados no... Falar-ouvir x x x X

Preparar instruções e planejar missões... Ler x x x

Ler informações constantes no croqui... Ler x x x

Ler e interpretar o manual de manutenção... Ler x x x

Ler manual do fabricante para a correta... Ler x x x

Informar a vítima a importância da ida ao... Falar x x x

Esclarecer os eventuais resultados das... Falar x x x

Informar a vítima de que sua recusa será... Falar x x x

Comunicar-se verbalmente com pessoas... Falar-ouvir x x x

Ler legislação internacional a fim de... Ler x x

Ler publicações técnicas. Ler x x

Fazer contato por e-mail com centros de.... Ler,

escrever x

Realizar contato telefônico com centros de... Falar-ouvir x

Comunicar-se verbalmente com a vítima a ... Falar-ouvir x

Quadro 4.15 – Tarefas identificadas em relação aos participantes.

Pode-se verificar que as tarefas informadas pela maioria dos participantes (4)

foram as tarefas “comunicar-se com a tripulação da aeronave a fim de informar as

condições externas da aeronave em situação de emergência” e “participar de

treinamentos realizados no exterior”. Ambas demandam a habilidade de falar-ouvir,

Page 110: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

109

apontada pelos participantes como a habilidade que mais oferece dificuldades na

execução de tarefas em língua inglesa. Em segundo lugar, 4 tarefas relacionadas à

habilidade de ler, 3 tarefas relacionadas à habilidade de falar e 1 tarefa relacionada à

habilidade de falar-ouvir foi apontada por 3 participantes. Os resultados mostram que

as tarefas mais apontadas entre os participantes demandam a habilidade de falar-

ouvir em situações de emergência e de treinamentos, e de ler, sobretudo leitura de

manuais de aeronaves, viaturas e equipamentos.

4.1.2 Importância do Inglês para a profissão do bombeiro de aeronáutica

Com o intuito coletar dados e fornecer resultados relevantes acerca da

importância da língua inglesa para o profissional da área, compreendendo melhor o

papel da língua-alvo na profissão bombeiro de aeronáutica, a pergunta 4 da

entrevista teve por objetivo identificar a importância do Inglês sob a ótica dos

bombeiros especialistas. Todos os bombeiros participantes informaram a importância

do domínio do idioma inglês, sobretudo a habilidade de falar-ouvir na sua vida

profissional. A seguir transcrevo o relato de BE3:

Como já citado, [é importante] no contato com tripulantes de aviões de empresas estrangeiras ou até durante um APH [Atendimento Pré-Hospitalar] em que temos que conversar com a vítima e testemunhas. (BE3).

BE3, que atua na atividade de contraincêndio no aeródromo internacional de

maior movimentação no país, o Aeroporto Internacional de Guarulhos, informou a

necessidade de uso da língua inglesa diretamente relacionada ao exercício da

atividade fim do bombeiro de aeródromo. Para esse participante, o domínio da língua

inglesa parece estar ligada à atividade essencial do bombeiro que é o salvamento de

vidas durante uma ocorrência (DIRENG, 1987). Como pode ser observado no item

anterior, uma das tarefas de maior ocorrência entre as respostas do participantes foi

comunicar-se com a tripulantes e passageiros de aeronave estrangeiros em situação

de emergência, evidenciando a necessidade de saber utilizar a língua inglesa na

situação-alvo.

Já para BE1, a necessidade está relacionada a outras atividades. A seguir,

transcrevo o relato desse participante:

Page 111: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

110

(...) Com o domínio do idioma inglês o bombeiro de aeronáutica preenche uma enorme lacuna na formação desse profissional. Assim, o bombeiro de aeronáutica poderá participar de todas as missões de ensino no exterior, cujo requisito seja o conhecimento do inglês. Também poderá participar sem restrições, de exercícios e operações militares no padrão OTAN21, como é o caso da CRUZEX22 e missões da ONU. O conhecimento de inglês faz-se necessário ainda para que o bombeiro de aeronáutica possa participar dos intercâmbios e visitas técnicas nos centros de treinamento e aeroportos no exterior. Outro fato importante é a possibilidade desse profissional por meio de pesquisas em fontes estrangeiras, a fim de modernizar a doutrina de emprego do bombeiro de aeronáutica, bem como atualizar a legislação e documentos de ensino. Por fim, o domínio do inglês é fundamental para que o bombeiro exerça suas atividades com qualidade e segurança no âmbito da aviação civil e militar, além de ser importante na reformulação do sistema contraincêndio da Aeronáutica nos termos da Portaria nº 673/GC3, de 5 de maio de 2014. (BE5).

O relato acima demonstra que a necessidade de uso da língua está ligada ao

aprimoramento profissional, oportunizado pela realização de cursos no exterior; à

inserção do profissional em missões internacionais, bem como à modernização do

sistema e atualização da legislação e de documentos de ensino na área de

formação dos bombeiros de aeronáutica. Parece que a necessidade de domínio da

língua inglesa para esse participante não está somente relacionada ao cumprimento

da atividade fim do bombeiro de aeródromo, mas também à gestão, planejamento e

execução das atividades de prevenção, salvamento e combate a incêndio nos

aeródromos brasileiros.

Já de acordo com BE2, existe a necessidade de se saber inglês para ler,

interpretar e transmitir conhecimento na área, uma vez que equipamentos e técnicas

de bombeiro são regulados por legislação internacional. Abaixo, transcrevo seu

relato:

Sim, pois os equipamentos, as técnicas de salvamento e combate a incêndio são todas baseadas na legislação estrangeira, onde a maioria dos manuais e instruções são confeccionados em língua inglesa (poucos são traduzidos por fontes não confiáveis). Os manuais de aeronaves também são confeccionados em inglês. E para ler, interpretar e transmitir o conhecimento (em português), precisamos saber inglês. (BE2).

21 O padrão OTAN refere-se a uma série de documentos publicados chamados STANAG´s para padronizar a operação militar de diversas Forças de diversos países.

22 Denomina-se CRUZEX (Exercício Cruzeiro do Sul) um exercício aéreo multinacional que a Força Aérea Brasileira realiza a cada dois anos para simular uma guerra entre vários países. Entre esses países se incluem, além do Brasil, Canadá, Argentina, Chile, Estados Unidos, França, Uruguai e Venezuela.

Page 112: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

111

Lembro que tanto BE1 quanto BE2 são militares do efetivo da DIRENG, Órgão

Central, isto é, normativo, do Sistema de Contraincêndio (SISCON) no Comando da

Aeronáutica. Esses participantes foram membros do Grupo de Trabalho Bombeiro de

Aeronáutica no ano de 2012, o qual criou o currículo atual do Curso de Formação de

Bombeiros de Aeronáutica da EEAR. Particularmente, BE2 foi instrutor do curso, o

que justifica que sua visão da necessidade de inglês esteja ligada à atividade de

instrutor, essencialmente educativa.

Com base nos relatos dos três participantes, pode-se identificar a

necessidade de uso da língua inglesa para realizar tarefas relacionadas a:

a) atividades essenciais à profissão, tal como atendimento de ocorrências,

em que precisará fazer contato verbal com interlocutores estrangeiros

(passageiros e tripulação de aeronaves e funcionários de companhias

aéreas);

b) atividades acessórias, tais como leitura e interpretação de manuais em

inglês de equipamentos e viaturas para o serviço de conservação e

manutenção desses itens; aquisição de equipamentos e viaturas,

especificamente durante visitas técnicas realizadas ao fornecedor na

Áustria; identificação de informações relacionadas ao salvamento e

combate a incêndio constantes nos manuais de aeronaves operando no

aeroporto escritos em língua inglesa; planejamento e execução de

treinamentos operacionais de salvamento e combate a incêndio em

aeródromo, sobretudo na preparação de missões envolvendo Forças

Aéreas amigas e realização de treinamentos em países de língua inglesa

(Estados Unidos e Inglaterra); e

c) atividades de normatização e gerenciamento do sistema contraincêndio do

Comando da Aeronáutica, que constitui a missão do Órgão Central do

SISCON (DIRENG), tais como leitura e interpretação de legislação

internacional e publicações técnicas na área escritos em língua inglesa.

Concluindo este item, os resultados obtidos apontam para a necessidade de

domínio das habilidades falar-ouvir e de ler para o desempenho das tarefas

realizadas na situação-alvo. Os dados coletados apontam para o fato de que,

embora 3 dos participantes (BE2, BE4 e BE6) tenham relatado, em entrevista, que o

Page 113: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

112

contato com tripulantes e passageiros estrangeiros durante uma ocorrência é

eventual, ao passo que a leitura dos manuais dos equipamentos e viaturas é

realizada com mais frequência, a necessidade de falar-ouvir foi percebida por todos

os participantes como mais importante em relação a ler, pois:

está associada à atividade operacional principal do bombeiro de

aeronáutica (salvamento de vidas humanas envolvidas em acidentes

aeronáuticos);

é necessária em um contexto emergencial, situação de “vida ou morte” e,

portanto, é considerada um fator importante na execução da atividade de

salvamento; ,e

é a habilidade que mais oferece dificuldade aos bombeiros participantes.

Os especialistas também afirmaram que a leitura dos manuais de

equipamentos e viaturas é essencial para a atividade de conservação e manutenção

desses itens, bem como é necessário saber ler as informações relacionadas ao

salvamento e combate a incêndio nos manuais das aeronaves que operam no

aeroporto, indicando a necessidade de saber ler em inglês.

Apresentados os resultados obtidos em relação à situação-alvo para a qual os

alunos serão preparados, apresento e discuto os resultados obtidos em relação às

necessidades de aprendizagem dos alunos participantes.

4.2 Necessidades de aprendizagem, lacunas e desejos dos alunos do CFS-SBO

em relação ao Inglês

Neste item, apresento os dados coletados dos alunos do Curso de Formação

de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica, por meio do questionário QA (Apêndice B),

com o objetivo de atender ao segundo objetivo desta pesquisa que é identificar as

necessidades de aprendizagem do alunos do Curso de Formação de Sargentos

Bombeiros de Aeronáutica em relação o idioma inglês.

Primeiramente, a tabela 4.8 apresenta a faixa etária desses participantes. A

maioria dos participantes tem idade entre 17 e 25 anos, correspondente ao limite

Page 114: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

113

mínimo e máximo de idade para ingresso do civil23 ao curso de formação de

sargentos na EEAR.

Os 4 alunos que se encontram na faixa etária de 26 a 30 anos são cabos da

aeronáutica que realizaram o Exame de Admissão ao CFS na modalidade A

(somente para cabos).

Tabela 4.8 - Faixa etária dos alunos.

Faixa Etária Participantes

17 a 25 anos 42

26 a 30 anos 04

31 a 35 anos -

36 a 40 anos -

Acima de 40 anos -

N = 46

Em relação à formação acadêmica, representada na tabela 4.9 a seguir, a

maior parte dos alunos possui o Ensino Médio concluído.

Tabela 4.9 - Nível de Formação.

Nível de Formação Participantes

Ensino médio concluído 37

Curso superior incompleto 09

Curso superior concluído -

N = 46

No entanto, 9 participantes possuem curso superior incompleto, todos

interrompidos, em virtude do regime de semi-internato em que vivem durante o curso

de formação de sargentos na EEAR, não sendo possível, durante esse período, dar

continuidade aos estudos em nível superior. Cumpre ressaltar que todos possuem

Ensino Médio, uma vez que é pré-requisito para ingresso na EEAR.

Quanto à aprendizagem prévia do Inglês, de acordo com a tabela 4.10, 34

participantes responderam que já estudaram inglês, enquanto 12 responderam não

ter tido experiência de aprendizagem de inglês.

23 O termo civil é adotado nesta pesquisa de acordo com o Direito Internacional Humanitário, que o define como uma pessoa que não pertence às Forças Armadas de seu país.

Page 115: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

114

Tabela 4.10 - Aprendizagem anterior do Inglês.

Resposta Participantes

Sim 34

Não 12

N = 46

Pode-se observar, quanto à experiência de estudo do Inglês mostrada na

tabela 4.11, que a maioria dos participantes que estudaram o idioma (27 alunos) o

fizeram na escola regular, 14 em escola de idiomas; 7 sozinhos, 2 com professor

particular e 2 estudaram inglês no ensino superior.

Tabela 4.11 – Tipo de experiência de aprendizagem de Inglês.

Experiência Participantes

Na escola regular 27

Em escola de idiomas 14

Sozinho 07

Outros 05

Com professor particular 02

No ensino superior 02

No exterior -

N = 34

Aos participantes que informaram a experiência de estudo prévio do Inglês, foi

solicitado que informassem o tempo de estudo. Dos 34 participantes que informaram

ter estudado inglês, 20 informaram também o tempo de estudo da língua inglesa.

Tabela 4.12 - Tempo de estudo prévio do Inglês.

Experiência Participantes

Mais de 8 anos

De 7 a 8 anos

De 4 a 6 anos

De 1 a 3 anos

Menos de 1 ano

02

03

08

05

02

N = 20

Observa-se que 8 dos alunos que forneceram esse dado, representando a

maior parte, estudaram inglês de 04 a 06 anos, tempo aproximado de duração do

Page 116: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

115

ensino médio. Pode-se observar, também, que 7 dos 20 participantes têm

experiência de estudo do inglês de até 3 anos e 5 estudaram inglês por mais de 7

anos.

Pode-se verificar na tabela 4.13, quanto ao nível das habilidades, que a

maioria dos alunos respondeu ter desempenho Regular nas habilidades de ler (24) e

escrever (22) e desempenho Fraco nas habilidades de ouvir (25), falar (28) e falar-

ouvir (29).

Tabela 4.13 - Classificação do nível em relação às habilidades.

Habilidade Ótimo Bom Regular Fraco

Ler 03 16 24 03

Escrever - 12 22 12

Ouvir - 03 18 25

Falar - 03 15 28

Falar-ouvir - 02 16 29

N = 46

Mais detalhadamente, podemos ver que com a habilidade de ler, enquanto 24

alunos responderam ter desempenho Regular, 16 alunos responderam ter

desempenho Bom. No entanto, quanto à habilidade de escrever, 12 responderam ter

desempenho Fraco. Quanto às habilidades de ouvir e falar, pouco exploradas na

escola regular, verifiquei que, enquanto a maior parcela respondeu ter desempenho

Fraco (28 e 25, respectivamente), a segunda maior parte dos participantes

respondeu ter desempenho Regular (respectivamente, 18 e 15). Na habilidade de

falar-ouvir, a maioria classificou seu desempenho como Fraco (29).

A partir dos dados da tabela 4.13, pode-se concluir que os alunos

participantes têm melhor nível de desempenho na habilidade de ler, enquanto que,

nas habilidades de ouvir e falar, apresentam desempenho de regular a fraco.

Importante notar que, para a habilidade de escrever a maior parte das respostas se

concentraram em Regular, e foram distribuídas de maneira igual (12 respostas) entre

Bom e Fraco, indicando que nessa habilidade, o grupo de participantes apresentam

níveis de desempenho diferentes. Em contrapartida, a habilidade em que os

participantes informaram ter pior desempenho (Fraco), foi a de falar-ouvir (29

Page 117: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

116

participantes), sendo que os outros 16 informaram ter desempenho Regular, e

apenas 2 apontaram ter bom desempenho nessa habilidade.

Quanto à frequência de uso das habilidades fora da sala de aula, podemos

observar, de acordo com a tabela 4.14 abaixo, que 34 lêem, 26 escrevem e 20

ouvem em inglês ocasionalmente, enquanto 26 nunca falam e 36 nunca falam-

ouvem (conversar).

Tabela 4.14 - Frequência de uso das habilidades fora de sala de aula.

Habilidade Diariamente Frequentemente

(máx. 4

vezes/semana)

Ocasionalmente

(máx 1vez/mês)

Nunca

Ler 01 07 34 04

Escrever - 03 26 17

Ouvir 09 14 20 03

Falar - 02 18 26

Falar-Ouvir - 01 09 36

N = 46

Pode-se observar que as habilidades de ler e escrever são utilizadas

ocasionalmente pela maioria dos participantes (34 e 26 participantes,

respectivamente), cabendo lmbrar que os próprios participantes avaliaram seu

desempenho nessas habilidades como Regular. No entanto, uma considerável

parcela dos participantes, isto é, 20 alunos informaram ouvir em inglês

ocasionalmente a frequentemente, sendo seu desempenho nessa habilidade

avaliado como Fraco. Por outro lado, a maioria dos participantes informou nunca

utilizar a habilidade de falar (26) e falar-ouvir (36), cujo desempenho é considerado

Fraco.

Pode-se concluir, a partir desses dados, que a frequência de uso de uma

habilidade comunicativa nem sempre está diretamente relacionada ao desempenho

do participante. Embora uma considerável parcela dos participantes ouve em inglês

frequentemente, esses mesmos participantes apontam desempenho baixo na

compreensão oral no idioma estrangeiro.

Por outro lado, conclui-se, a partir dos dados obtidos, que a parcela

representativa de participantes que nunca fala ou fala-ouve (conversa) tem

Page 118: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

117

dificuldade de compreender o idioma ou não consegue elaborar frases para

estabelecer uma comunicação, uma vez que não utiliza esta habilidade no seu

cotidiano.

Os dados apresentados até este momento auxiliam na identificação dos

participantes, bem como dos conhecimentos que eles têm de inglês. A seguir,

apresento as dificuldades dos alunos, a fim de saber melhor o que eles precisam

aprender para desempenhar as tarefas da situação-alvo.

A fim de levantar o grau de dificuldade na utilização de cada habilidade, a

pergunta nº 7 do QA solicitou ao aluno que informasse o quão difícil ou fácil é cada

habilidade. A Tabela 4.15 a seguir informa os resultados obtidos, sendo que alguns

dados foram negritados para apontar as conclusões obtidas:

Tabela 4.15 – Grau de dificuldade em relação às habilidades.

Habilidade Muito difícil Difícil Média Regular Fácil Muito fácil

Ler 01 - - 06 26 13

Escrever - 03 10 24 06 03

Ouvir 04 16 14 07 04 01

Falar 01 20 16 05 04 -

Falar-Ouvir 30 11 02 02 - 01

N = 46

Pode-se observar que, embora 24 dos participantes informaram ter

desempenho Regular na habilidade de ler, para 26 dos participantes, a habilidade de

ler é fácil. Isso mostra que apesar dos participantes terem desempenho Regular

nessa habilidade, para eles, a habilidade é fácil. Já para 13 participantes a referida

habilidade é muito fácil, demonstrando que a habilidade foi apontada por 49

participantes como fácil a muito fácil.

Quanto a escrever, 24 participantes informaram ser regular, enquanto

aproximadamente 10 informaram oferecer grau de dificuldade médio, cumprindo

lembrar que aproximadamente 22 dos participantes informaram ter desempenho

regular nessa habilidade.

Em relação a ouvir e falar, cujo desempenho foi informado pela maioria dos

participantes como Fraco (respectivamente, 25 e 28), foram apontadas como

Page 119: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

118

oferecendo grau de dificuldade difícil (respectivamente, 16 e 20 participantes). Já em

relação a falar-ouvir, 30 participantes informaram ser muito difícil.

Os resultados obtidos com esses dados são relevantes para o desenho do

curso de inglês centrado nas necessidades dos alunos pois revela que, embora os

alunos utilizem a habilidade “ouvir” com mais frequência que a habilidade “falar”,

ambas oferecem dificuldades. Ademais, observa-se que a habilidade que oferece

maior dificuldade aos alunos é falar-ouvir, habilidade informada pelos bombeiros

especialistas participantes como a principal necessária para a execução das tarefas

da situação-alvo, bem como a habilidade de maior ocorrência nas tarefas

identificadas neste trabalho. Essa informação serve como subsídio para o desenho

de um curso que enfatize o desenvolvimento dessas habilidades tendo em vista que

são necessárias para a execução das tarefas da situação alvo e que oferecem

dificuldades à maioria dos alunos.

As informações obtidas foram complementadas com resultados relacionados

às atividades de preferências dos alunos, recursos preferidos e conteúdos que os

alunos gostariam de aprender em um curso de inglês para bombeiros de

aeronáutica. Essas perguntas foram feitas no questionário e os resultados são

apresentados a seguir.

Em relação à preferência dos alunos por certas atividades de ensino de

inglês, a pergunta nº8 do questionário solicitou que informassem o grau de

preferência, sendo 1 a atividade mais preferida e 5 a menos preferida. A tabela 4.16,

a seguir, apresenta os resultados obtidos:

Tabela 4.16 – Atividades que gostaria que fossem desenvolvidas na disciplina Inglês para Bombeiro de Aeronáutica.

Atividade 1 2 3 4 5

Leitura para o trabalho 06 11 26 03 -

Conversação (em geral) 20 16 05 04 01

Tradução de textos técnicos 04 07 14 16 01

Exercícios gramaticais 07 11 18 10 -

Conversação em situações de emergência 13 16 11 06 -

Escrita (e-mails, cartas, em geral) - 05 08 20 13

N = 46

Page 120: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

119

Pode-se observar que a atividade de maior preferência entre os participantes

é “conversação em geral” (20 alunos), seguida de “conversação em situações de

emergência” (16) e “exercícios gramaticais” (18). Pode-se concluir que os alunos têm

preferências por atividades que desenvolvam a habilidade oral, a qual foi informada

como a habilidade que apresenta maior dificuldade aos alunos (ver tabela 4.15). Os

resultados mostram que os alunos têm preferências por atividades que enfatizem a

conversação tanto geral quanto específica (situação de emergência), a qual

pressupõe o trabalho com a habilidade de falar-ouvir, informada como a habilidade

menos utilizada entre os alunos bem como a que mais oferece dificuldades entre

eles. Ademais, a preferência por exercícios gramaticais indica a necessidade de

aprender e dominar a estrutura do idioma. Essas preferências se relacionam ao que

os bombeiros especialistas informam sobre a necessidade de utilizar a língua em

contextos de emergência e em situações de treinamento e visitas técncias no

exterior. Como pode-se verificar no item anterior, o maior número de tarefas

identificadas na situação-alvo exigem a habilidade de falar-ouvir, tanto em situações

rotineiras (ex.: treinamentos, visitas técnicas) como em situações de emergência

(ex.: auxílio à evacuação, atendimento pré-hospitalar).

Em relação à preferência por conversação, esta pode ser aproveitada em um

curso de inglês para bombeiros de aeronáutica, uma vez que os bombeiros

participantes informaram tarefas relacionadas à habilidade de falar-ouvir

relacionadas à participação de treinamentos realizados no exterior, bem como os

alunos também informaram essa necessidade nas respostas ao questionário,

quando lhes foi perguntada a importância do inglês em sua profissão. Em relação a

essa informação, os relatos de alguns alunos foram transcritos a seguir:

O inglês é fundamental para uma missão no exterior (A3.1). Se realmente forem ativados os cursos no exterior, é fundamental que saibamos uma segunda língua. (A3.2). Pois o inglês é a linguagem universal e é muito importante para poder fazer curso no exterior e se aperfeiçoar na profissão. (A1.20).

Com base nas respostas acima, identifica-se a consciência da necessidade

do idioma para a realização de cursos no exterior, ligada ao aperfeiçoamento na

profissão.

Page 121: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

120

Em relação ao que gostariam de aprender, o quadro 4.16 a seguir informa os

aspectos levantados pelos alunos em suas respostas à pergunta 12 (aberta) do

questionário QA .

O que gostaria de aprender em um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica

Conteúdo Nº de ocorrências

01 Conversação em geral 16

02 Ouvir em geral 15

03 Falar em geral 12

04 Vocabulário técnico 09

05 Ler em geral 04

06 Conteúdos relacionados à área de bombeiro 03

07 Comunicar-se durante ocorrências 03

08 Tradução 03

09 Gramática 02

10 Comunicação do piloto com a torre 02

11 Cultura estrangeira 02

12 Escrever 02

13 Revisão do que já sabe 01

14 Fluência 01

15 Pronúncia 01

16 Ler manuais de viaturas 01

17 Vocabulário em geral 01

Quadro 4.16 – Conteúdos relacionados ao que os alunos gostariam de aprender em um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica.

Conforme pode-se observar no quadro 4.16; a maioria dos alunos

participantes (16) demonstrou desejo em aprender conversação em geral. Outro

aspecto bastante levantado nas respostas dos alunos foi aprender a ouvir (15) e

falar em geral (12). Observa-se que a maior parte dos alunos participantes deseja

aprender a falar e ouvir, principais habilidades que lhes oferecem dificuldade (ver

tabela 4.15). Adquirir vocabulário técnico da área do bombeiro também foi um desejo

informado por 9 participantes, ao passo que 4 informaram querer aprender a ler em

geral.

Com relação ao desejo mais apontado entre os alunos, qual seja, o de

aprender conversação, pode-se observar que o número de ocorrências levantadas é

o mesmo tanto em relação ao acham que um curso de inglês deve oferecer,

discriminado no quadro 4.17 adiante.

Já com relação ao desejo “ler manuais de viaturas” este só foi expresso na

resposta de um participante, enquanto que, em relação ao que acham que um curso

de inglês precisa oferecer, ele foi levantado em 18 respostas. Cabe lembrar que a

Page 122: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

121

habilidade de ler, embora ofereça menos dificuldades aos alunos participantes

(tabela 4.15), foi colocada como importante para o desempenho das atividades no

contexto profissional por 4 dos 6 bombeiros participantes. Os alunos informaram,

nas respostas à pergunta 10 do questionário QA, dentre outros motivos que

destacam a importância do inglês na profissão do bombeiro de aeronáutica, a

necessidade de ler manuais de equipamentos e viaturas. A seguir transcrevo

algumas respostas obtidas:

Atualmente, existem muitos equipamentos com padrões americanos, sendo que seus manuais e cursos no exterior necessitam o domínio da língua. (A3.11) Pois o inglês é muito importante em manuais de bombeiros. (A3.13) O saber inglês é um diferencial que cria oportunidades de fazer cursos no exterior. Além disso, é necessário para entender os manuais de equipamentos de bombeiros que geralmente são em inglês. (A3.16) Porque para nossa especialidade seria de extrema importância para entender os manuais de equipamentos importados e um possível estágio no exterior. (A3.19) Existem diversos manuais de viaturas e equipamentos em inglês e é de grande importância conhecermos eles. (A3.20) Pois na minha profissão como bombeiro, possui vários manuais técnicos para ser lidos em inglês e para aprimoramento no exterior. (A3.22) É muito importante sabermos o inglês, pois a maioria dos manuais dos equipamentos de bombeiros vem em inglês. (A3.23) Além de ser o idioma mais falado do mundo, é muito necessário para a compreensão de manuais de equipamentos importados. (A1.1) Porque é necessário para compreender manuais, etc. (A1.3) A maioria dos equipamentos de bombeiro são importados. (A1.5) Tendo em vista que muitos manuais são escritos em inglês, as traduções são demoradas. (A1.22)

Pode-se verificar a partir dos relatos apresentados acima, que os alunos têm

consciência da necessidade de ler manuais. Particularmente, o participante A3.11

tem conhecimento de que além dos manuais serem escritos em inglês, o domínio do

idioma também é necessário para o recebimento de treinamentos no exterior,

ratificando as informações fornecidas pelos bombeiros especialistas, tanto a respeito

da necessidade de ler os manuais quanto participar de treinamentos no exterior.

Já em relação ao curso de inglês, pode-se observar, no quadro 4.17 abaixo,

que os alunos informaram que o curso deve fazer com que aprendam vocabulário

técnico da área de aviação e do bombeiro de aeronáutica; a ler manuais de

equipamentos e viaturas importadas; a conversar e a comunicar-se durante

Page 123: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

122

ocorrências; a aprender gramática da língua inglesa, bem como a ouvir em inglês.

Por fim, alguns alunos informaram a necessidade de se aprender a escrever em

inglês, aprender mais sobre a cultura estrangeira e a traduzir documentos.

O que um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica precisa oferecer

Conteúdo Nº de ocorrências

01 Vocabulário técnico 21

02 Ler manuais de equipamentos e viaturas 18

03 Conversação 16

04 Comunicar-se durante ocorrência 04

05 Gramática 04

06 Ouvir 04

07 Escrever 03

08 Cultura Estrangeira 02

09 Tradução 01

Quadro 4.17 – Ocorrências por categoria levantada a respeito do que um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica precisa oferecer sob a ótica dos alunos participantes.

É notável a quantidade de alunos que respondeu ser necessário adquirir

vocabulário técnico relacionado à profissão tais como nomes de equipamentos,

viaturas, expressões ligadas à aviação, termos e fraseologias da área. A seguir,

foram transcritas algumas respostas obtidas por meio do QA:

Linguagem técnica de bombeiro. (A3.1) Nomes de equipamento, dados técnicos, normas, procedimentos de emprego de viaturas e equipamentos. (A3.2) Precisamos aprender vocabulário de bombeiro. (A3.4) Inglês extremamente técnico, principalmente em relação aos manuais de viaturas. (A3.7) Linguagens, expressões e palavras ligadas a aviação e ao bombeiro. (A3.14) Termos técnicos. (A1.2) Termos, fraseologias a respeito da área, como nomes de equipamentos. (A1.4)

Pode-se verificar por meio do quadro 4.17, que o conteúdo mais indicado

pelos alunos como necessário para um curso de inglês para bombeiros de

aeronáutica, quais sejam, aquisição de vocabulário técnico corresponde ao que é

ministrado no curso vigente, bem como exigido pela instituição por meio do Padrão

de Desempenho de Especialidade. Já o segundo mais indicado, “leitura de manuais

de equipamentos e viaturas”, corresponde às necessidades informadas pelos

bombeiros especialistas em relação às tarefas da situação-alvo que se relacionam à

atividade de emprego e manutenção de equipamentos, materiais e viaturas.

Page 124: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

123

Pode-se concluir que, com base no mapeamento realizado em relação às

tarefas da situação-alvo cujo resultado levantou, dentre outras tarefas necessárias, a

de “ler manuais de equipamentos e viaturas”, um curso de inglês para bombeiros de

aeronáutica deve ensinar a ler manuais, priorizando atividades que despertem a

motivação no aluno em aprender a ler esses tipos de texto, uma vez que os dados

demonstraram que este não é um desejo recorrente entre eles (ver quadro 4.16).

Por outro lado, verificou-se, entre os desejos mais frequentes nas respostas, o

de aprender vocabulário técnico: pode-se sugerir que esse desejo seja aproveitado

no curso como estímulo ao aprendizado dos termos técnicos por meio do trabalho

com leitura de manuais dos equipamentos e viaturas, os quais são repletos de

termos técnicos da área.

Quanto à preferência por certos recursos em sala de aula, como demonstrado

na tabela 4.17 a seguir, o recurso mais preferido entre os alunos é o datashow,

seguido de material audiovisual. Na sequência, foi informada preferência por

material auditivo, seguido de material impresso e, por fim, o quadro branco. Um

participante informou, no campo “outros”, o interesse em que fosse convidado um

bombeiro estrangeiro para uma entrevista e troca de experiência com os alunos

durante as aulas de inglês.

Tabela 4.17 – Recursos que gostaria que fossem utilizados nas aulas de Inglês para Bombeiro de Aeronáutica, por ordem de preferência.

Atividade 1 (mais

preferida)

2 3 4 5 (menos

preferida)

Datashow 22 06 08 07 11

Material impresso 03 07 11 17 08

Material auditivo 04 12 14 05 07

Material audiovisual 12 19 05 07 05

Quadro branco 05 02 08 10 15

Outros

N = 46

Após informar e discutir os resultados da pesquisa, apresento, a seguir, as

considerações finais, onde faço uma apreciação geral do trabalho.

Page 125: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

124

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Talvez o encontro mais feliz que resulte do Projeto ESP tenha sido espertar a percepção de que a língua em si não é o objeto da aprendizagem, mas sim o produto da atuação recíproca entre o aprendiz e o “mundo grande e comum”.

Maria Antonieta A. Celani

Este trabalho originou-se de um questionamento que surgiu em minha prática

como professora de língua inglesa com o desafio de criar um curso de Inglês para

Bombeiro de Aeronáutica na Escola de Especialistas de Aeronáutica. Esse

questionamento foi representado pela pergunta: o que meu aluno precisa aprender

em um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica da EEAR?

Conforme preconizado no Currículo Mínimo do Curso de Formação de

Sargentos Bombeiros de Aeronáutica da EEAR (Anexo A), a missão dessa

Organização de Ensino Técnico é formar militares técnico-especializados que

atendam às necessidades da Força Aérea Brasileira. Seus cursos, portanto, refletem

a demanda do mercado de trabalho e essa demanda, por sua vez, reflete na

disciplina de Inglês que compõe o seu currículo.

O Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica prepara seus alunos

para obter um desempenho profissional dentro dos padrões estabelecidos pelo

Comando da Aeronáutica. O Grupo de Trabalho responsável pela criação do referido

Curso informou a necessidade de se incluir a disciplina Língua Inglesa em seu

currículo, fato inédito, uma vez que nenhum curso de bombeiro de aeródromo

ministrado por outras instituições contempla essa disciplina em seus currículos.

Como citado ao longo deste trabalho, a característica fundamental da

Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos, antes

mesmo de ser a conexão com diversas áreas, é a consciência da necessidade

(HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 53).

A consciência da necessidade da língua inglesa por parte dos responsáveis

pela criação do curso de formação, bem como por parte dos bombeiros que

trabalham em aeródromo e alunos do curso de formação, torna evidente que um

curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica classifica-se como um curso de

Page 126: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

125

Inglês para Fins Específicos, com base no que afirma Hutchinson e Waters (1987, p.

53).

Com base, ainda, nos mesmos autores, as necessidades levantadas apenas

da situação-alvo não são o suficiente para o desenho de um curso de Inglês para

Fins Específicos. O curso é voltado para a aprendizagem dos alunos e estes são o

nosso material humano mais valioso: são eles que aprenderão a língua e que irão

utilizá-la, a posteriori, no seu contexto de trabalho. Assim, conforme defende

Hutchinson e Waters (1987, p. 63), precisamos utilizar uma abordagem centrada no

aluno em uma análise de necessidades, tomando em consideração que não só

devemos saber qual a língua será utilizada na situação-alvo, mas também como o

aluno aprende essa língua para utilizá-la.

Dessa forma, a presente pesquisa teve por objetivos: identificar as tarefas que

demandam o uso de língua inglesa na situação-alvo, bem como identificar as

necessidades de aprendizagem dos alunos do Curso de Formação de Sargentos

Bombeiros de Aeronáutica em relação o idioma inglês.

Conforme Long, uma análise de necessidades adequada é “geralmente um

empreendimento que consome tempo” (2005, p. 62). Em virtude de escolher realizar

uma análise de necessidade como pesquisa de mestrado este trabalho foi realizado

em um local representativo da situação-alvo, a Companhia de Contraincêndio da

Base Aérea de São Paulo, predominantemente operacional, em que o uso da língua

inglesa é mais frequente em relação aos outros aeródromos. A Companhia é

responsável por prestar todos os serviços relacionados ao salvamento e combate a

incêndio no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Escolhi esse local por várias

razões. Primeiro e mais importante, por ser um dos maiores aeroportos da América

Latina e o de maior movimentação no Brasil, com maior movimentação de pousos e

decolagens de aeronaves estrangeiras, grande circulação de pessoas estrangeiras

(passageiros e tripulantes). Além disso, o Aeroporto é sede de exercícios simulados

de acidente aeronáutico com funcionários estrangeiros de companhias aéreas, dos

quais os bombeiros de aeronáutica participam. Além desses motivos, a Companhia é

uma organização de fácil acesso geograficamente falando, pois está situada em

Guarulhos, Estado de São Paulo.

As tarefas identificadas foram levantadas por meio de questionários e

entrevistas com representantes da situação-alvo, na figura dos bombeiros da

Companhia de Contraincêndio, bem como de dois bombeiros que atuam na Diretoria

Page 127: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

126

de Engenharia da Aeronáutica, Órgão Central do Sistema Contraincêndio do

Comando da Aeronáutica.

Os resultados da análise dos dados obtidos com os questionários aplicados

aos alunos e bombeiros participantes, bem como da entrevista feita com os

bombeiros da CIA CI da BASP forneceram informações relevantes para o

atendimento dos objetivos da pesquisa. O primeiro objetivo, que foi identificar as

tarefas da situação-alvo que demandam a utilização da língua inglesa foi atendido

por meio do levantamento realizado junto aos bombeiros participantes, bem como a

partir dos documentos normativos que regem a profissão tanto no Ministério do

Trabalho e Emprego, quanto no Comando da Aeronáutica, o qual resultou em um

mapeamento das tarefas realizadas pelos bombeiros de aeronáutica utilizando a

língua inglesa. As 18 tarefas identificadas foram:

Comunicar-se com a tripulação da aeronave a fim de informar as

condições externas da aeronave em situação de emergência;

Ler e interpretar o manual de manutenção dos equipamentos e

viaturas;

Ler a especificação de equipamentos para aquisição;

Ler manual do fabricante para a correta utilização do equipamento;

Ler informações constantes no croqui de aeronaves em manuais de

aeronaves operando no aeroporto;

Comunicar-se verbalmente com pessoas a fim de afastá-las da área de

salvamento/atendimento ou de risco);

Comunicar-se verbalmente com um ocupante da aeronave ou

passageiro evacuado para obter informações sobre a vítima;

Comunicar-se verbalmente com a vítima para acalmá-la;

Comunicar-se verbalmente com a vítima a fim de obter seu

consentimento durante atendimento pré-hospitalar;

Comunicar-se verbalmente com a vítima e/ou testemunhas a fim de

extrair-lhes informações sobre o estudo físico e psicológico;

Informar à vítima a importância da ida ao hospital em caso de recusa

por atendimento;

Esclarecer os eventuais resultados das lesões e a possibilidade de seu

Page 128: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

127

agravamento, em caso de recusa por atendimento;

Informar a vítima de que sua recusa será registrada em Livro de

Ocorrências;

Fazer contato por e-mail com centros de treinamento para obter

informações sobre cursos e visitas no exterior;

Participar de exercícios operacionais envolvendo estrangeiros em

aeroportos internacionais;

Preparar instruções e planejar missões que envolvam Forças Aéreas

amigas;

Participar de apresentações e atividades administrativas e

operacionais durante a realização de exercícios e operações militares

com padrão OTAN (com idioma oficial inglês) ou missões da ONU;

Comunicar-se verbalmente com a vítima a fim de persuadir-lhe a não

cometer suicídio;

Das 18 tarefas, observa-se que 13 demandam a habilidade de falar-ouvir

(conversar) e 07 exigem a habilidade de ler, enquanto 03 tarefas exigem a habilidade

de escrever, e 03, a habilidade de falar. Com base nessas informações, pode-se

concluir que um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica deve dar ênfase nas

habilidades de falar-ouvir (conversar) e ler, bem como contemplar um trabalho com a

habilidade de escrever, em particular formular especificação de equipamentos para

aquisição e escrever e-mails.

O segundo objetivo de pesquisa, identificar as necessidades de

aprendizagem do alunos do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de

Aeronáutica em relação o idioma inglês, foi atendido por meio da apresentação e

discussão dos resultados obtidos por meio do questionário QA aplicados aos alunos.

Em relação aos alunos, os resultados apontam que a maioria possui

aprendizagem prévia da língua inglesa (74%) e que, dessa parcela, 59%

aprenderam inglês na escola regular, com tempo de experiência entre 04 e 06 anos.

Os resultados obtidos com esses dados são relevantes para o desenho do

curso de inglês centrado nas necessidades dos alunos pois revela que, embora os

alunos utilizem a habilidade “ouvir” com mais frequência que a habilidade “falar”,

ambas oferecem dificuldades. Ademais, observa-se que a habilidade que oferece

Page 129: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

128

maior dificuldade aos alunos é falar-ouvir, habilidade informada pelos bombeiros

participantes como a principal necessária para a execução das tarefas da situação-

alvo. No entanto, verifica-se que os alunos ouvem frequentemente e nunca falam em

inglês. Essa informação serve como subsídio para o desenho de um curso que

enfatize o desenvolvimento das habilidades de falar-ouvir e de ler, tendo em vista

que são necessárias para a execução das tarefas da situação alvo e que oferecem

dificuldades à maioria dos alunos.

Verifica-se também que a atividade de maior preferência entre os

participantes é conversação em geral, revelando que os alunos estão motivados a

aprender a conversar em inglês. Já os recursos preferidos são o datashow e material

audiovisual.

Quanto ao que os alunos acham que um curso precisa oferecer, a maioria

respondeu necessitar de vocabulário técnico e leitura de manuais. Em contrapartida,

quanto ao que gostariam de aprender, a maioria respondeu querer aprender

conversação e a ouvir e falar em geral. Esses dados são relevantes pois apontam

para o desenho de um curso com foco no ensino das habilidades de falar-ouvir

(conversar) em geral, utilizando atividades de conversação. Também apontam para a

necessidade de desenvolver a habilidade de ler, especificamente leitura de manuais

técnicos de equipamentos e viaturas de bombeiro e informações referentes ao

salvamento e combate a incêndio constante dos manuais de aeronaves do

aeródromo, conforme apontados também pelos bombeiros especialistas. Verifica-se

que mesmo, não tendo preferência por esse tipo de tarefa (leitura de manuais), os

alunos informaram ter bom desempenho na habilidade de ler, bem como têm

consciência da necessidade de saber ler manuais. Dessa forma, sugere-se o

trabalho com essa habilidade de maneira motivadora.

Com seus resultados, o estudo pretendeu, também, fornecer subsídios

teóricos e metodológicos, apresentando dados relevantes, senão inéditos, referentes

ao uso de inglês por bombeiros de aeronáutica, que servirão de base para o

redesenho do curso de inglês para bombeiros de aeronáutica.

De uma maneira geral, esta pesquisa também traz contribuições no sentido

de diversificar a pesquisa realizada pelo grupo de pesquisa do qual faço parte,

intitulado “Abordagem Instrumental e o Ensino-Aprendizagem de Línguas em

Contextos Diversos” (GEALIN), particularmente no projeto de pesquisa nomeado

“Análise de Necessidades em Contextos Profissionais Diversos”, cujo objetivo é

Page 130: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

129

investigar e mapear as tendências e necessidades em contextos profissionais no

mercado de trabalho.

Especialmente na área de Inglês de Aviação, este trabalho contribui na

diversificação dos trabalhos, até então concentrados em levantar subsídios para o

desenho de cursos ESP para pilotos (GALLO, 2006) e, mais recentemente, para

técnicos de manutenção aeronáutica, conforme pode-se verificar em Zuppardo

(2014).

De acordo com Tatzl; Millward-Sadler e Casey (2012. p.1), o conhecimento

das necessidades individuais dos alunos alimenta sobremodo a pesquisa e o

contínuo desenvolvimento dos cursos e materiais, bem como assegura a qualidade

da instrução fornecida nas aulas de Língua Inglesa. Essa pesquisa me permitiu

experimentar essa descoberta: a de que a experiência de um professor-pesquisador

pode ser enriquecedora no sentido de permitir uma compreensão das necessidades

de seus alunos e poder trabalhar ao encontro delas. Especificamente na área de

Inglês para Fins Específicos, fazer pesquisa junto aos especialistas acerca da

situação-alvo me permitiu entender o contexto para o qual os meus alunos estão

sendo formados e poder formá-los para o futuro. Reconheço que sem o

conhecimento de quem são meus alunos, meu trabalho como professora, designer

de curso e de materiais estaria fadado ao malogro. Mais importante: tão relevante

quanto saber o que meus alunos precisam aprender questionamento que me

acompanhou no início deste trabalho é saber quem são os meus alunos e como

eles aprendem.

Retomando a epígrafe deste trabalho, em que cito um trecho do livro Fernão

Capelo Gaivota e, diante da diversidade de perspectivas reveladas por esta

pesquisa, concluo que de fato não há limites para a aprendizagem, porquanto esta

pesquisa também transformou minha atitude em sala de aula. Concomitantemente a

esta investigação, ministrei aulas aos alunos participantes. Senti que meu interesse

em pesquisar sobre a profissão deles, entender seu contexto de trabalho e de

estudo, bem como em informar-lhes as minhas descobertas na medida em que elas

iam sendo feitas, foi contagiante, motivando-os a aprender o idioma para a profissão

e para a vida. No primeiro dia do curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica, no

primeiro semestre de 2013, quando eu também estava iniciando meus estudos no

Programa de Mestrado no LAEL, um aluno me perguntou por que ele precisava

aprender inglês. Aquela pergunta ficou marcada em mim. Surpreendentemente, ao

Page 131: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

130

longo desta pesquisa, os próprios alunos responderam à questão, bem como o

fizeram os bombeiros especialistas e hoje também posso respondê-la por meio

desse trabalho.

Concluo com este trabalho que, mais do que ensinar, um professor-

pesquisador se acha aprendendo com seus alunos dentro e fora da sala de aula.

Aprendi muito, durante esse tempo, não só com meus alunos, mas com os

especialistas que conheci e com meus professores que me guiaram nessa

caminhada. E fico feliz em dizer que minha corrida para a aprendizagem apenas

está começando...

Page 132: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

131

REFERÊNCIAS

Agência Nacional da Aviação Civil - ANAC. Resolução nº 279, de 10 de julho de 2013. Estabelece critérios regulatórios quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Prevenção, Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis (SESCINC). Brasília: ANAC, 2013. ANDRADE, R. R. Inglês Instrumental para comissários de voo: análise de necessidades. 2003. 120f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003. BASTURKMEN, H. Developing Courses in English for Specific Purposes. New York: Palgrave Macmillan, 2011. BELMONTE, J. Análise de necessidades na área de turismo: em busca de subsídios para uma adequação da disciplina Língua Inglesa. 2003. 99f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003. BERWICK, R. F. Needs assessment in language programming: from theory to practice. In: Johnson, R. K. (ed.). The second language curriculum. Cambridge: Cambridge University Press, 1989. p. 48-62. BHATIA, V. Analyzing Genre: Language in Use in Professional Settings. London: Longman, 1993. BREEN, M. Process syllabuses for the language classroom. In: BRUMFIT, C. J. General English syllabus design. ELT Documents, vol 118, p. 47-60, 1984. BRINDLEY, G. The role of needs analysis in adult ESL programme design. In: Johnson, R. K. (ed.). The second language curriculum. Cambridge: Cambridge University Press, 1989. CARDOSO, Z. C. Análise de necessidades no setor de recepção de hotéis: primeiro passo para uma proposta de curso. 2003. 131f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003.

Page 133: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

132

CAMARGO, R. S. Análise de Necessidades para um Curso de Espanhol no Ensino Superior Tecnológico. 134f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2012. CARVALHO, K. R. R. Análise de necessidades para a disciplina língua inglesa em um curso de letras. 2008. 234f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008. CELANI, M. A. A.; HOLMES, J. L.; RAMOS, R. C. G.; SCOTT, M. R. The Brazilian ESP Project: an evaluation. São Paulo: EDUC, 1988. CELANI, M. A. A. A retrospective view of an ESP teacher education programme. In: CELANI, M. A. A.; DEYES, A. T.; HOLMES, J. L.; SCOTT, M. R. ESP in Brazil: 25 years of evolution and reflection. Campinas: Mercado das Letras, 2005. _______. Revivendo a aventura: desafios, encontros e desencontros. In: CELANI, M. A. A.; FREIRE, M. M.; RAMOS, R. C. G. A Abordagem Instrumental no Brasil: um projeto, seus percursos e seus desdobramentos. Campinas: Mercado das Letras, 2009. p. 17-31. COMANDO DA AERONÁUTICA – COMAER. Instrução do Ministério da Aeronáutica – IMA 92-05: Organização e Funcionamento dos Serviços de Salvamento e Contraincêndio em Aeródromos do Sistema de Contraincêndio do Ministério da Aeronáutica. Brasil: COMAER, 1987. CUNNINGSWORTH, A. Needs analysis – a review of the state of the art. System, vol 1, n. 2, p 149-154, 1983. CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis: Vozes, 2006. DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. Entering the Field of Qualitative Research. In: ______ (Eds.) Strategies of Qualitative Inquiry. USA: Sage Publications, 1998. p. 01-34. DÖRNYEI, Z. Research Methods in Applied Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2011. DUDLEY-EVANS, T. e ST. JOHN, M. J. Developments in English for Specific Purposes: a multi-disciplinary approach. UK: Cambridge University Press, 1998.

Page 134: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

133

ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA – EEAR. Regulamento da Escola de Especialistas de Aeronáutica - ROCA 21-79/2008. Guaratinguetá: EEAR, 2008. ______. Atendimento Pré-Hospitalar. Guaratinguetá: EEAR, 2013. FABRICIO, B. F. Linguística Aplicada como espaço de desaprendizagem: redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 61. GALLO, C. A. D. Inglês para pilotos: análise de necessidades das situações-alvo. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006. HOWATT, A. P. R. A History of English Language Teaching. Oxford: Oxford University Press, 1984. HUTCHINSON, T; WATERS, A. English for Specific Purposes. A learning centred approach. Cambridge: Cambridge University Press, 1987. HYLAND, K. Metadiscourse. London: Continuum, 2005. JACOBSON, W. H. An assessment of communication needs of non-native speakers of English in an undergraduate physics lab. English for Specific Purposes, n. 5, p. 173-88, 1986. JASSO-AGUILAR, R. Sources, methods and triangulation in needs analysis: A critical perspective in a case study of Waikiki hotel maids. In: LONG, M. H. Second Language Needs Analysis. UK: Cambridge University Press, 2005. p. 19-76. JOHNS, A. The History of English for Specific Purposes Research. In: PALTRIDGE, B; STARFIELD, S. The Handbook of English for Specific Purposes. UK: Wiley-Blackwell, 2013. KENNEDY, C.; BOLITHO, R. English for Specific Purposes. London-Basingstoke: Macmillan, 1984.

Page 135: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

134

LACKSTROM, J. E.; SELINKER, L; TRIMBLE, L. P. Grammar and Technical English. English Teaching Forum, 1972. In: SWALES, J. Episodes in ESP. New York: Prentice Hall, 1972. p. 58-68. LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010a. _______. Metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010b. LONG, M. H. A role for instruction in second language acquisition: Task-based language teaching. In: HYLTENSTAM, K.; PIENEMANN, M. Modeling and assessing second language acquisition. Clevedon: Multilingual Matters, 1985. _______. Methodological issues in learner needs analysis. In: LONG, M. H. Second Language Needs Analysis. UK: Cambridge University Press, 2005. p. 19-76. LOPES, J. Especificidades do uso do inglês (LE) na área técnica empresarial: a relação entre necessidades, planejamento de curso e material didático. 2008. 182p. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) – Universidade Federal de São Carlos: São Carlos, 2008. MASIN, M. A. P. C. G. Análise de necessidades na disciplina de inglês em um curso superior de Tecnologia em Automação Industrial. 2009. 151p. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. MASTER, P. Research in English for Specific Purposes. In: HINKEL, E. Handbook of Research in Second Language Teaching and Learning. London: Lawrence Erlbaum Associates, 2005. MOITA LOPES, L. P. Linguística Aplicada e vida contemporânea: Problematização dos construtos que tem orientado a pesquisa. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 85-105. MUNBY, J. Communicative Syllabus Design. Cambridge: Cambridge University Press, 1978.

Page 136: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

135

ONODERA, J. Análise de necessidades do uso da Língua Inglesa na execução de tarefas em uma empresa multinacional. 2010. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2010. PINTO, M. M. O Inglês no mercado de trabalho do secretário executivo bilíngue: uma análise de necessidades. 2002. 139f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002. PENNYCOOK, A. Uma linguística aplicada transgressiva. In: MOITA LOPES, L. P. (org.) Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. P. 67-84. PRADILLAS, A. Q. Análise de necessidades para a área de publicidade e propaganda para a adequação de um curso de inglês. 2005. 125f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2005. RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003, p. 77-80. RAMOS, R. C. G. Gêneros Textuais: Proposta de Aplicação em Cursos de Língua Estrangeira para Fins Específicos. The ESPecialist, vol 2, n. 24, p.107-129, 2004. _______. Instrumental no Brasil: A desconstrução de mitos e a construção do futuro. In: FREIRE, M. M.; ABRAHÃO, M. H. V.; BARCELOS, A. M. F. (Orgs.) Linguística Aplicada e Contemporaneidade. Campinas: Pontes Editores, 2005. p. 109-123. _______. A História da Abordagem Instrumental na PUCSP. In: CELANI, M. A. A.; FREIRE, M. M.; RAMOS, R. C. G. A Abordagem Instrumental no Brasil: um projeto, seus percursos e seus desdobramentos. Campinas: Mercado das Letras, 2009. p. 35-54. _______. A needs analysis for information technology service companies in Brazil. In: KRZANOWKI, M. Current Developments in English for Work and the Workplace: Approaches, Curricula and Materials. London: Garnet Education, 2011. p. 39-50. ROBINSON, P. ESP Today: A Practitioner’s Guide. UK: Prentice Hall International, 1991.

Page 137: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

136

SERAFINI, S. T. Análise de necessidades para um curso de compreensão oral na área médica: apresentação de trabalhos científicos. 2003. 120f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003. SILVA, F. O. Análise de necessidades de inglês jurídicos para advogados. 2012. 136f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2012. STAKE, R. E. Case studies. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Eds.) Strategies of Qualitative Inquiry. USA: Sage Publications, 1998. p. 86-109. _______. Qualitative Research. Studying how things work. New York: The Guilford Press, 2010. STREVENS, P. ESP after twenty years: a re-appraisal. In: TICKOO, M. ESP: State of the art. Anthology Series 21, SEAMEO Regional Language Center, 1988. SWALES, J. Aspects of Article Introductions. Birmingham: Aston, 1981. _______. Genre Analysis: English in Academic and Research Settings. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. TARANTINO, M. Italian in-field EST users self-assess their macro- and micro-level needs: A case study. English for Specific Purposes, n. 7, p. 33-54, 1988. TARONE, E.; DWYER, S.; GILLETTE, S.; ICKE, V. On the use of the passives in astrophysics journal papers. ESP Journal, n. 1, p. 123-40, 1981. TATZL, D; MILLWARD-SADLER, A; CASEY, A. English for Specific Purposes across the Disciplines: Practices and Experiences. Leykam: Graz, 2012. VACCARI, D. R. P. Análise de necessidades de alunos de um Curso de Tecnologia em Processos de Produção. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004. WIDDOWSON, H. Learning Purpose and Language Use. Oxford: Oxford University Press, 1983.

Page 138: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

137

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005. ZUPPARDO, M. C. Dimensões de variação em manuais aeronáuticos: um estudo baseado na análise multidimensional. 2014. 154f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2014.

Page 139: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

138

APÊNDICES

Page 140: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

139

Apêndice A - Questionário de Pesquisa (QE)

Este questionário visa a coletar informações para a pesquisa que estou desenvolvendo no Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Agradeço antecipadamente a sua colaboração, assegurando-lhe que a sua identidade será preservada, e que as informações aqui coletadas serão utilizadas somente para fins de pesquisa. Atenciosamente, 1º Ten Laís Alves Costa Monteiro.

Nome completo*: ___________________________________________________________________________

Posto/Graduação: _________________ Quadro/Especialidade: _____________________________________

OM onde serve: ____________________________________________________________________________

Cargo/Função:_____________________________________________________________________________

e-mail*: ___________________________________________________________________________________

*O nome e o e-mail apenas serão utilizados para contato pelo pesquisador caso haja necessidade de maiores esclarecimentos sobre informações contidas neste questionário.

1. ASSINALE SUA FAIXA ETÁRIA: ( ) 20 A 30 ANOS ( ) 31 A 40 ANOS ( ) 41 A 50 ANOS

2. POR QUANTO TEMPO VOCÊ ATUA/ATUOU NA ÁREA DE CONTRA INCÊNDIO EM AERÓDROMO? ___ ANO(S)

E ___MÊS/MESES

3. QUAL(IS) FUNÇÃO(ÕES) VOCÊ EXERCE COMO BOMBEIRO DE AERÓDROMO?

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

_________

4. ASSINALE COM UM “X” COMO VOCÊ CLASSIFICA SEU NÍVEL DE INGLÊS EM RELAÇÃO A TODAS AS

HABILIDADES A SEGUIR:

LER ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

ESCREVER ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

OUVIR ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

FALAR ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

FALAR-OUVIR ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

5. ASSINALE COM UM “X” UMA OU MAIS ALTERNATIVAS, SE NECESSÁRIO, INDICANDO A FREQUÊNCIA COM

QUE VOCÊ FAZ USO DE TODAS AS HABILIDADES A SEGUIR EM INGLÊS NO TRABALHO:

DIARIAMENTE FREQUENTEMENTE (ATÉ 3 VEZES POR

SEMANA)

OCASIONALMENTE (ATÉ 3 VEZES POR

MÊS)

RARAMENTE (ATÉ 1 VEZ POR MÊS)

LER ( ) ( ) ( ) ( )

ESCREVER ( ) ( ) ( ) ( )

OUVIR ( ) ( ) ( ) ( )

FALAR ( ) ( ) ( ) ( )

FALAR-OUVIR ( ) ( ) ( ) ( )

Page 141: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

140

6.ASSINALE COM UM “X” EM QUAIS SITUAÇÕES VOCÊ UTILIZA A LÍNGUA INGLESA PARA DESEMPENHAR

TAREFAS EM SEU COTIDIANO PROFISSIONAL COMO BOMBEIRO DE AERÓDROMO. SE NECESSÁRIO, ASSINALE MAIS DE UMA ALTERNATIVA. ( ) RECEPÇÃO DE VISITANTES ESTRANGEIROS ( ) ATENDIMENTO TELEFÔNICO ( ) CONTATO RÁDIO (FREQUÊNCIA DE EMERGÊNCIA) ( ) NEGOCIAÇÃO ( ) APRESENTAÇÕES ( ) LEITURA (MANUAIS E REVISTAS ESPECIALIZADAS) ( ) VISITAS TÉCNICAS NO EXTERIOR ( ) TRADUÇÃO DE DOCUMENTOS ( ) DESCRIÇÃO DE PROCESSOS/PROCEDIMENTOS ( ) TREINAMENTOS E INSTRUÇÕES (NO BRASIL E NO EXTERIOR) ( ) REUNIÕES ( ) OUTROS. CITE: ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. ASSINALE COM UM “X” UMA OU MAIS ALTERNATIVAS, INDICANDO COM QUEM A LÍNGUA INGLESA É

UTILIZADA NA ATUAÇÃO COMO BOMBEIRO DE AERÓDROMO. ( ) TRIPULANTES ESTRANGEIROS ( ) PASSAGEIROS ESTRANGEIROS ( ) FUNCIONÁRIOS DE COMPANHIAS AÉREAS ( ) FORNECEDORES DE EQUIPAMENTOS CONTRA INCÊNDIO ( ) INSTRUTORES ESTRANGEIROS ( ) OUTROS. CITE: _______________________________________________________________________

8. ASSINALE COM UM “X” UMA OU MAIS ALTERNATIVAS INDICANDO AS FORMAS DE CONTATO COM

ESTRANGEIROS. ( ) FACE-A-FACE ( ) TELEFONE ( ) RÁDIO (FREQUÊNCIA DE EMERGÊNCIA 12.1) ( ) RÁDIO (FREQUÊNCIA HT) ( ) E-MAIL ( ) VÍDEO CONFERÊNCIA

9. ASSINALE COM UM “X” UMA OU MAIS ALTERNATIVAS INDICANDO O QUE É IMPORTANTE SABER EM

LÍNGUA INGLESA PARA EXECUTAR AS TAREFAS COMO BOMBEIRO DE AERÓDROMO. ( ) OUVIR ( ) FALAR ( ) FALAR-OUVIR ( ) ESCREVER ( ) LER

10. ASSINALE COM UM “X” UM OU MAIS ALTERNATIVAS INDICANDO QUAIS HABILIDADES OFERECEM

DIFICULDADES NA EXECUÇÃO DE TAREFAS COMO BOMBEIRO DE AERÓDROMO QUANDO UTILIZA A LÍNGUA

INGLESA: ( ) OUVIR ( ) FALAR ( ) FALAR-OUVIR ( ) ESCREVER ( ) LER

OBRIGADA POR CONTRIBUIR COM ESTA PESQUISA! LAÍS A. C. MONTEIRO – 2014 EMAIL: [email protected] O PRESENTE QUESTIONÁRIO FOI CONSTRUÍDO COM BASE NOS EXEMPLOS DE: DUDLEY-EVANS & ST. JOHN

(1998); CARVALHO (2008); SOUZA (2009); E, ONODERA (2010).

Page 142: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

141

Apêndice B - Questionário de Pesquisa (QA)

Este questionário visa a coletar informações para a pesquisa que estou desenvolvendo no Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Agradeço antecipadamente a sua colaboração, assegurando-lhe que a sua identidade será preservada, e que as informações aqui coletadas serão utilizadas somente para fins de pesquisa. Atenciosamente, 1º Tem Laís Alves Costa Monteiro.

Nome*: ____________________________________________________________________________________

Especialidade: _____________________________________________________________ Série: ___________

e-mail*: ____________________________________________________________________________________

*O nome e o e-mail apenas serão utilizados para contato pelo pesquisador caso haja necessidade de maiores esclarecimentos sobre informações contidas neste questionário.

1. ASSINALE COM UM “X” A SUA FAIXA ETÁRIA. ( ) 17 A 25 ANOS

( ) 26 A 30 ANOS

( ) 31 A 35 ANOS

( ) 36 A 40 ANOS

( ) ACIMA DE 40 ANOS

2. ASSINALE COM UM “X” O SEU NÍVEL DE FORMAÇÃO. ( ) ENSINO MÉDIO CONCLUÍDO

( ) CURSO SUPERIOR INCOMPLETO

( ) CURSO SUPERIOR CONCLUÍDO

3. VOCÊ ESTUDOU OU ESTUDA INGLÊS? ( ) SIM. QUANTO TEMPO? _____________________

( ) NÃO

4. CASO A RESPOSTA DA PERGUNTA ANTERIOR TENHA SIDO “SIM”, ASSINALE COM UM “X” A(S)

ALTERNATIVA(S) QUE CORRESPONDA(M) À SUA EXPERIÊNCIA DE ESTUDO DA LÍNGUA INGLESA: ( ) NA ESCOLA REGULAR

( ) EM ESCOLA DE IDIOMAS

( ) COM PROFESSOR PARTICULAR

( ) NO EXTERIOR

( ) NA UNIVERSIDADE/FACULDADE

( ) CURSO ONLINE/À DISTANCIA

( ) SOZINHO

( ) OUTROS: _________________________________________________________________

5. ASSINALE COM UM “X” COMO VOCÊ CLASSIFICA SEU NÍVEL DE INGLÊS EM RELAÇÃO A TODAS AS

HABILIDADES A SEGUIR:

LER ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

ESCREVER ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

OUVIR ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

FALAR ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

FALAR-OUVIR ( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) FRACO

6. ASSINALE COM UM “X” UMA OU MAIS ALTERNATIVAS, SE NECESSÁRIO, INDICANDO A FREQUÊNCIA COM

QUE VOCÊ FAZ USO DE TODAS AS HABILIDADES A SEGUIR NA LÍNGUA INGLESA FORA DA SALA DE AULA:

Page 143: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

142

DIARIAMENTE FREQUENTEMENTE (ATÉ 3 VEZES POR SEMANA)

OCASIONALMENTE (ATÉ 3 VEZES POR MÊS)

RARAMENTE (ATÉ 1 VEZ POR MÊS)

LER ( ) ( ) ( ) ( )

ESCREVER ( ) ( ) ( ) ( )

OUVIR ( ) ( ) ( ) ( )

FALAR ( ) ( ) ( ) ( )

FALAR-OUVIR ( ) ( ) ( ) ( )

7. ASSINALE COM UM “X” UM OU MAIS ALTERNATIVAS CORRESPONDENTES ÀS HABILIDADES QUE

OFERECEM MAIOR DIFICULDADE PARA VOCÊ: ( ) OUVIR

( ) FALAR

( ) FALAR-OUVIR

( ) ESCREVER

( ) LER

8.QUAIS ATIVIDADES VOCÊ GOSTARIA QUE FOSSEM DESENVOLVIDAS NA DISCIPLINA INGLÊS PARA

BOMBEIRO DE AERONÁUTICA QUE O AJUDARIAM NA VIDA PROFISSIONAL? ASSINALE COM UM X OS

NÚMEROS DE 1 A 5, SENDO 1 A MAIS PREFERIDA E 5 A MENOS PREFERIDA.

MAIS

PREFERIDA 1

2

3

4

MENOS PREFERIDA

5 LEITURA PARA O TRABALHO ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) CONVERSAÇÃO (EM GERAL) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

TRADUÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) EXERCÍCIOS GRAMATICAIS ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

CONVERSAÇÃO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ESCRITA (E-MAILS, CARTAS, EM GERAL) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

9.EM RELAÇÃO AOS RECURSOS TECNOLÓGICOS QUE DEVEM SER UTILIZADOS NAS AULAS DE INGLÊS PARA

BOMBEIROS DE AERONÁUTICA, ORDENE QUANTO A SUA PREFERÊNCIA, NUMERANDO-OS DE 1 A 5, SENDO

1 O MAIS PREFERIDO E 5 O MENOS PREFERIDO. ( ) DATA-SHOW ( ) QUADRO BRANCO ( ) MATERIAL IMPRESSO ( ) MATERIAL AUDITIVO ( ) MATERIAL AUDIOVISUAL ( )OUTROS, QUAIS?______________________________________________________________________

10. VOCÊ ACHA QUE O DOMÍNIO DO IDIOMA INGLÊS É IMPORTANTE PARA A SUA VIDA PROFISSIONAL? ( ) SIM. POR QUÊ? ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

( ) NÃO. POR QUÊ? ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

11. ESCREVA AQUI O QUE VOCÊ PRECISA APRENDER EM UM CURSO DE INGLÊS PARA BOMBEIROS DE

AERONÁUTICA: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. ESCREVA AQUI O QUE VOCÊ GOSTARIA DE APRENDER EM UM CURSO DE INGLÊS PARA BOMBEIROS DE

AERONÁUTICA: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

OBRIGADA PELA SUA CONTRIBUIÇÃO! LAÍS A. C. MONTEIRO – EMAIL: [email protected]

O PRESENTE QUESTIONÁRIO FOI ELABORADO COM BASE NOS EXEMPLOS DE: DUDLEY-EVANS & ST. JOHN (1998);

CARVALHO (2008); SOUZA (2009); ONODERA (2010); E CAMARGO (2012).

Page 144: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

143

Apêndice C - Roteiro de Entrevista

1. Você poderia descrever detalhadamente as tarefas que realiza utilizando a língua inglesa em seu contexto de trabalho?

2. Qual interlocutor e qual o meio de contato? 3. Com quais tipos de texto escritos em língua inglesa (documentos, legislações,

manuais, e-mails, cartas) os bombeiros têm contato em sua profissão? 4. Como você avalia a importância do inglês para a vida profissional como bombeiro

de aeronáutica? Por quê?

Page 145: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

144

ANEXOS

Page 146: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

145

Anexo A - Currículo Mínimo CFS-SBO

Page 147: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

146

Page 148: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

147

Page 149: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

148

Page 150: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

149

Page 151: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

150

Page 152: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

151

Anexo B - Plano de Unidades Didáticas CFS-SBO

Page 153: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

152

Page 154: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

153

Page 155: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

154

Page 156: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

155

Page 157: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

156

Page 158: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

157

Page 159: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

158

Page 160: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

159

Page 161: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

160

Page 162: Laís Alves Costa Monteiro Alves Costa... · para a profissão, pois: a) está associada à atividade operacional principal do bombeiro de aeronáutica (salvamento de vidas humanas

161