- LÍBIA: “Jesus de Nazaré”: Papa iliba Atletismo/Europeus judeus...

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Gratuito BCE: Juros podem subir em Abril - LÍBIA: NATO admite intervir - GOVERNO: Estágios profissionais têm de ser remunerados Leia mais ÚLTIMAS Directora Graça Franco Editor Raul Santos Grupo r/com www.rr.pt www.rfm.pt www.mega.fm www.radiosim.pt Quinta-feira 3 Março de 2011 Porto Lisboa Sábado Sexta “Jesus de Nazaré”: Papa iliba judeus da morte de Cristo Pág.13 » Joana Beleza/RR Ingrid Betancourt “Nunca aceitei ser refém” A Renascença entrevistou Ingrid Betancourt. A ex-refém das FARC acaba de lançar, em Portugal, “Até o silêncio tem um fim”, um relato daquilo que viveu da detenção até à libertação. Pág.10 » OPINIÃO Nunca ponto, sempre vírgula D. Manuel Martins Yes, but... Ângela Silva Pág.4 » Atletismo/Europeus Treze portugueses no indoor de Bercy Sara Moreira vai correr os 1.500 metros. Naide Gomes e Rui Silva pensam na medalha. Págs.2 e 3 » Ponte Hintze Ribeiro Tragédia foi há dez anos “A Ponte de Portugal” é um livro de Paulo Teixeira sobre os acon- tecimentos de 2001. Pág.5 » Magrebe Portugal pode perder milhões com revoltas A advertência é do presidente da AICEP, Basílio Horta, em declara- ções à Renascença. Pág.9 » A 3 de Março... 1923: lançamento da “Time” Pág.16 » A essência da A essência da coisa DR LUSA Pág.8 »

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DirectoraGraça Franco

EditorRaul Santos

Grupo r/comwww.rr.pt

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www.radiosim.pt

Quinta-feira3 Março de 2011

Porto LisboaSá

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“Jesus de Nazaré”: Papa iliba judeus da morte de Cristo Pág.13 »

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Ingrid Betancourt

“Nunca aceitei ser refém”A Renascença entrevistou Ingrid Betancourt. A ex-refém das FARC acaba de lançar, em Portugal, “Até o silêncio tem um fi m”, um relato daquilo que viveu da detenção até à libertação. Pág.10 »

OPINIÃO

Nunca ponto, sempre vírgula

D. Manuel Martins

Yes, but...Ângela Silva

Pág.4»

Atletismo/Europeus

Treze portugueses no

indoor de Bercy

Sara Moreira vai correr os 1.500 metros. Naide Gomes e Rui Silva pensam na medalha. Págs.2 e 3 »

Ponte Hintze Ribeiro

Tragédia foi há

dez anos

“A Ponte de Portugal” é um livro de Paulo Teixeira sobre os acon-tecimentos de 2001. Pág.5 »

Magrebe

Portugal pode perder

milhões com revoltas

A advertência é do presidente da AICEP, Basílio Horta, em declara-ções à Renascença. Pág.9»

A 3 de Março...

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A essência da A essência da coisa

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Europeus de Atletismo

Naide Gomes e Rui Silva são as esperanças portuguesas na pista coberta de BercyNaide Gomes e Rui Silva são as principais apostas portuguesas para os Europeus de Atletismo em Pista Coberta que amanhã têm início no pavilhão de Bercy, em Paris. As atenções viram-se, também, para Obikwelu e Arnaldo Abrantes. A participação portuguesa está, no entanto, marcada pelo erro que fez com que Sara Moreira fosse inscrita na prova errada.

Sílvio Vieira »

Fernando Mota, presidente demissioná-rio da Federação Portuguesa de Atletis-mo (FPA), afi rmou, ontem, que tomou a decisão de abandonar a liderança do organismo máximo do atletismo nacio-nal “com muita mágoa”.Em conferência de imprensa, o agora ex-presidente da FPA, que se havia de-mitido no dia anterior devido a um erro na inscrição de Sara Moreira nos Euro-peus de Pista Coberta, explicou que to-mou esta posição “solitariamente”, na sequência de um “erro de comunicação com a Associação de Atletismo”.“É com muita mágoa que tomo esta decisão. Ao longo dos anos nós vamos criando raízes no nosso processo de crescimento individual. Levo as melho-res recordações e um encantamento.

Não é de ânimo leve que tomo uma decisão desta natureza. Desejo que o atletismo continue a ser a melhor modalidade de alto rendimento”, ar-gumentou, numa declaração bastante emocionada.Assim, Fernando Mota descartou, des-de, já a remota possibilidade de poder vir a recandidatar-se de novo ao cargo, esclarecendo que não o fará por uma questão de consciência mas, igualmen-te, por impedimento estatutário.“O acto de renúncia implica a impos-sibilidade de se recandidatar no acto eleitoral seguinte. Imaginem o que a Sara Moreira iria pensar. Não recebo um cêntimo da Federação. Sou um pre-sidente benévolo. Pagam-me uma des-locação ou uma refeição”, fi nalizou.

FPA: Mota demite-se “com mágoa”

r/com renascença comunicação multimédia, 2011

Ainda com o erro da inscrição de Sara Moreira nos 1.500 metros presente, a comitiva portuguesa prepa-ra a participação nos Europeus de Pista Coberta, em

Paris, cidade que, a partir de amanhã e até domingo, acolhe a competição.Inicialmente formada por catorze elementos, a selec-

ção nacional foi “encolhida”, depois da desistência de Nelson Évora. O saltador português não está nas melhores condições físicas e não se vai expor nestes Europeus, resguardando-se para a época de Verão. Évora prepara-se para estar em forma a tempo dos Mundiais da Coreia do Sul, em fi ns de Agosto, início de Setembro.Sem Nelson Évora, as esperanças portuguesas em

medalhas estão depositadas em Naide Gomes, no salto em comprimento, e em Rui Silva, nos 3.000 metros. Naide tem a 11.ª marca do ano, mas em competição pode superar-se e chegar às medalhas. Em 2010, a atleta foi vice-campeã europeia ao ar livre, em Bar-celona.Já Rui Silva surge no grupo de favoritos ao pódio, nos 3.000 metros. O ouro, contudo, é uma con-quista distante. Os especialistas apontam Mo Farah como o grande favorito. O britânico tem o melhor tempo do ano e é sete segundos melhor que o azeri Hayle Ibrahimov, detentor da segunda melhor mar-

ca, entre os atletas inscritos em Paris. Rui Silva surge num grupo com tempos entre os 7m46s e os 7m55s, podendo surpreender.De resto, na perspectiva nacional, há três nomes que

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podem surpreender. Nos 60 metros, Francis Obi-kwelu e Arnaldo Abrantes surgem como possibilida-des para presença na fi nal. Francis não é tão efi ciente na distância como nos 100 metros, mas o luso-nige-riano encara as provas com maior descontracção que os outros concorrentes e pode tirar proveitos para obter um bom resultado fi nal.Já Arnaldo Abrantes está em boa forma. Bateu o recorde pessoal esta épo-ca, fi xando-o em 6s65, um tempo que o coloca entre os dez melhores, superan-do, mesmo, a marca de Obikwelu. Os 60 metros são, ainda as-sim, uma prova à parte. Em Paris, assistiremos a um novo duelo entre Dwain Cham-bers e Christophe Lemaitre, o primeiro e único branco a baixar dos 10 segundos, nos 100 metros. A fi nal dos 60 metros está marcada para a tarde de domingo, às 15h55.

Silva é nome de esperança em ParisSilva é nome de esperança em Paris

Rui Silva já era uma das principais apostas da selec-ção portuguesa nos Europeus de Pista Coberta de Paris, mas com a “queda” de Sara Moreira, o meio-fundista passou a ser o primeiro nome da lista de medalháveis.Entre os 13 seleccionados é o único que tem marca, esta ano, para estar numa fi nal. Rui Silva, em declarações ao Página1, alivia a pressão, explicando que este ano não fez “uma aposta muito forte na época de Inverno e a pista coberta é um ob-jectivo menor na temporada”. “Não me preparei a 100%, mas tenho a consciência de que estou bem pre-parado”, explica.O atleta, até pelo currículo que tem, não trava, con-tudo, as aspirações de obter um bom resultado. A ex-periência acumulada em grandes provas faz com que Rui Silva sectorize a sua participação, defi nindo passo-a-passo o caminho que tem a percorrer no Pavilhão de Bercy. “O objectivo, em primeiro lugar, é passar à fi nal. De-pois, se chegar à fi nal, sendo um dos nove, tenho todas as possibilidades, não só pelo currículo que tenho, mas também pela minha experiência, que neste tipo de competições faz a diferença”, sublinha Rui Silva.Aos 33 anos, o atleta do Sporting mantém a ambição de sempre, sublinhando que “quando entro numa com-petição, entro para ganhar”. “Mas, as pessoas também têm que compreender que o Rui Silva, como os outros atletas que já deram muito e os jovens que estão agora a aparecer, não são eternos. Há muito poucos atletas no mundo que têm o privilégio de ter uma margem tão superior que mesmo que não lhes corra a 100% acabam por vencer. Eu, infelizmente, não me englobo nesse grupo”, lamenta.Mo Farah é o “fora de série” nos 3000 metros, em Pa-ris. O britânico é super favorito, detém a melhor marca do ano e tem uma vantagem de sete segundos sobre o

segundo mais rápido. “Ele está um pouco à margem dos outros atletas”, diz Rui Silva, que correu com Fa-rah há pouco tempo, numa prova de 5.000 metros, em que o inglês bateu o recorde europeu. Mas se Farah é apontado como o vencedor antecipado, daí para baixo o equilíbrio é enorme, com o português a ser o nono melhor da temporada, a cinco segundos da terceira marca.Na capital francesa, a comitiva nacional terá o apoio dos emigrantes que vão gritar por um Silva em pista. Um nome que carrega a esperança de uma medalha nos Europeus que arrancam já amanhã, em Paris, até porque no currículo internacional, Rui Silva detém, nos 3.00 metros, duas medalhas de prata, conseguidas nos Europeus de pista coberta de 2000 e nos Mundiais, também de pista coberta, de 2004.Na outra distância, nos 1.500 metros, conseguiu meda-lhas de ouro nos Mundiais de Pista Coberta de 2001 e nos Europeus de Pista Coberta de 1998, 2002 e 2009. Nos Europeus de Atletismo de 1998 arrecadou uma medalha de prata. As medalhas de bronze que detém, ganhou-as nos Europeus de 2002, nos Jogos Olímpicos de 2004 e nos Campeonatos do Mundo de 2005.

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Masculinos:Edi Maia – Salto com VaraMarco Fortes – Lançamento do PesoArnaldo Abrantes – 60 metrosFrancis Obikwelu – 60 metrosRasul Dabó - 60 metros barreirasRui Silva – 3.000 metrosNelson Évora – Triplo SaltoHélio Gomes – 1.500 metrosMarcos Chuva – Salto em Comprimento

FemininosSara Moreira – 1.500 metrosNaide Gomes – Salto em ComprimentoMaria Eleonor Tavares – Salto com VaraSónia Tavares – 60 metrosPatrícia Lopes – 400 metros

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Nunca ponto, sempre vírgula

Este clima de medo e de insegurança será para continuar? Eu desejaria muito que não. Todavia, o risco anda por aí a bater-nos à porta, com men-sageiros de dentro e com mensageiros de fora. Cá dentro, já tínhamos que chegasse – o deses-perante desemprego de sempre (quanto tempo pode estar um consciente cidadão desempregado?), são inúmeras as em-presas que encerram, é a agricultura (nossa querida agricultura que tanto pão podia trazer à nossa mesa!) que morre sem assistência. São tantos e tantos os nossos jovens, muitos deles valores, que não podem estudar, são difi culdades de toda a ordem, sobretudo a nível da saúde, da Segurança Social, da (In)Justiça, são as greves permanentes (algumas selvagens?) que podem ser dos transportes, mas, mesmo não sen-do, nunca os dispensam… e tanta lágrima mais a correr, abundantes, por esses caminhos fora, resultado dos mais impensáveis atropelos.E todas estas situações conhecem as suas cau-sas. E nós também as conhecemos. Deste conhe-cimento é que nos vem o medo de que alguém, mais desesperado, suba ao cimo da torre e toque

o sino a rebate. Foi o que aconteceu no Egipto com um jovem que o povo agora quer transfor-mar em herói.Desponta lá longe, mas já perto, a Primavera. Ela sempre foi olhada como símbolo do renas-cimento, da vida nova; ela sempre foi olhada

como apelo à esperança. Vamos aproveitar a sua mensagem? – Se sim, não só os que andamos no rés-do-chão, mas todos, a come-çar pelos tantos que comem la-gosta. O Sol nunca se fecha por completo. Deixa-nos sempre uma nesga, através da qual o podemos

lobrigar. Por que esperamos?Diz lá o Augusto Cury que devemos ser vende-dores de sonhos, sermos uns inconformados, uns lutadores, nunca uns vencidos. Devemos ser Ven-dedores de Vírgulas. O ponto termina, é sinal de caminho acabado. A vírgula, pelo contrário, dei-xa porta aberta ao caminhante.Tu e eu não queremos nem podemos terminar, recorrendo ao ponto fi nal. Vamos, sim, utilizar, nos nossos caminhos difíceis, a vírgula, porque temos muito que fazer…

Yes, but…‘’Não é necessária a ajuda externa’’, insistiu o Pri-meiro-ministro português, depois de Angela Merkel lhe ter explicado, numa curta meia hora, que o ‘’yes, we can’’ à portuguesa também passou, como o de Barak Obama, a ter um ‘’but’’.A chanceler alemã registou os esforços ‘’conside-ráveis’’ feitos pelo nosso país para acertar o passo

com a Europa. Mas acrescentou um ‘’mas’’: é bom o que tem sido, mas as reformas devem ir mais longe. E disse mais: é preciso garantir que sejam imple-mentadas. Quer dizer: isto já não vai com promes-sas.Angela Merkel disse mais, e pior. Que não falou com Sócrates do Fundo de Ajuda Europeu que o Gover-no português queria muito ver já fl exibilizado para evitar ter que recorrer ao FMI ou mesmo ao actual

Fundo Europeu, muito draconiano. Sobre isso, a Alemanha disse nada. A senhora Merkel deixou até que se soubesse que, aí, houve algumas divergências.Sócrates e Teixeira dos Santos não têm razões para sorrir. Mas o Primeiro-minis-tro português encontrou em Berlim oxi-génio para dar a semana como ganha. A verdade deste encontro vai chegar a curto prazo. Mais austeridade. E uma crise política.

Ângela Silva

O risco anda por aí a bater-nos à porta, com mensageiros de dentro e com mensageiros de fora

D. Manuel MartinsBispo Emérito de Setúbal

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10 anos da queda da Ponte Hintze Ribeiro

Paulo Teixeira conta histórias dos bastidores em livro

Na véspera do dé-cimo aniversário da queda da Ponte Hintze Ribeiro, na localidade de Entre-os-Rios, o presiden-te da Câmara de Castelo de Paiva à data da tragédia lança um livro em que recorda o aci-dente e múltiplos episódios a ele associados.“A Ponte de Portugal” é o título do livro de Paulo Teixeira, que dá a co-nhecer os bastidores de tudo o que se passou depois do acontecimento que custou a vida a 59 pessoas e deixou marcas profundas em mui-tas mais.O antigo presidente da autarquia, que hoje é vereador, explica, por exemplo, as razões que fi zeram com que no local da tragédia haja hoje duas novas pontes, lado a lado, se-paradas por curta distância.No site da Renascença – www.rr.pt – tem disponível

uma reportagem vídeo, das jornalistas Teresa Almeida e Letícia Amorim, que evoca os acontecimentos de há dez anos.

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Camarate

Ramalho Eanes disponível para ir à comissão parlamentar

Ramalho Eanes manifestou inteira dis-ponibilidade para ser ouvido na IX Co-missão Parlamentar de Inquérito ao Caso Camarate, afi rmando, desde logo, que os documentos relativos ao Fundo de Defesa do Ultramar foram entregues ao Ministério da Defesa.“Eu, desde há muito tempo, estou dis-ponível para ir à comissão parlamentar e contribuir com aquilo que possa para ela poder avançar no seu trabalho”, disse o ex-Presidente da Repúbli-ca, ontem, à margem de uma conferência em que participou, na Fundação Cidade de Lisboa.Eanes adiantou ainda que “as pastas do Fundo de Defesa do Ultramar” foram entregues pelo general Gabriel Espírito Santo - que foi Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas entre Março de 1998 e Agosto de 2000 - ao Ministério da Defesa.Na terça-feira, perante a comissão, Diogo Freitas do Amaral sugeriu que Ramalho Eanes teria pistas a dar sobre os relatórios e contas do Fundo de Defesa Militar do Ultramar, organismo extinto com base num estudo que o então Presidente da República pedira em Janeiro de 1980.Ontem, o general disse não ter conhecimento de relatórios desaparecidos e especifi cou que os documentos associados ao Fundo eram os orçamentos e os relatórios anuais de gestão fi nanceira. No limite, pensa Eanes, esses do-cumentos terão sido arquivados como reservados e não como confi denciais. “O Ministério da Defesa é que sabe onde é que eles estão. Eu, nesta altura, não sei”, rematou o antigo Chefe de Estado.

Crime em Nova Iorque

Caso da morte de Carlos Castro volta amanhã ao tribunalO caso do homicídio do colunista so-cial português Carlos Castro, de que é acusado o jovem modelo Renato Seabra, volta a tribunal amanhã, para uma audiência pré-julgamento em que serão discutidas questões processuais. Este tipo de sessão serve, por nor-ma, para a apresentação de mo-ções, nomeadamente da defesa, pedindo a anulação de provas ou rejeição de acusações, segundo referiu a porta-voz do gabinete do procurador de Nova Iorque, Joan Vollero. Na sessão seguinte, em tri-bunal, será apresentada a resposta a essas moções e, possivelmente, numa terceira data, o juiz tomará uma decisão em relação às posições das partes. A porta-voz disse, ainda, não ter in-formação sobre se Renato Seabra, que se mantém há mais de um mês detido numa unidade hospitalar de Nova Iorque, estará presente na sessão de amanhã.

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Morte na PSP

Especialista diz que só um erro humano pode explicar a tragédia

O agente da PSP ontem baleado na esquadra da Horta Nova, em Lisboa, por um colega, acabou por morrer, no Hospital de Santa Maria, para onde fora transpor-tado.As circunstâncias em que se deu o disparo estão ain-da por esclarecer, mas António Amaro, um especialista em armas, ouvido pela Renascença, não tem dúvidas em afi rmar que só um erro humano poderá ter ocasio-nado a morte do agente, de 25 anos.António Amaro é proprietário da “Milícia”, uma em-presa ligada à segurança, defesa e consultadoria, e conhece bem a arma usada pela PSP, a Glock 19, que dispõe de um duplo sistema de segurança, que faz dela um instrumento fi ável “Tem aspectos de segurança que poucas armas no mundo têm”. Como uma arma não dispara sozinha, “o erro tem que ser humano”, disse o especialista, sublinhando que, “se os procedimentos de segurança tivessem sido fei-tos, acho que isto nunca poderia ter acontecido”.“Para esta arma disparar, é preciso ter as patilhas to-das activas e ter o dedo no gatilho e fazer o disparo. Se cair ao chão, é muito difícil que haja um disparo furtivo, porque elas são sujeitas a esses testes”, expli-cou o proprietário da “Milícia”.Pelo que se sabe dos acontecimentos de ontem, os procedimentos de segurança terão sido executados no

interior da esquadra, onde ocorreu o disparo. António Amaro sublinha que estas operações devem sempre ser feitos em espaços apropriados ou no exterior. Admite, contudo, que em algumas esquadras esse espaço possa não existe.O disparo fatal na esquadra da Horta Nova ocorreu quando elementos da PSP se preparavam para a ope-ração de segurança do jogo de futebol entre o Benfi ca e o Sporting. O presidente da Associação Sindical dos Profi ssionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, explicou à Renas-cença que esse procedimento é feito pelos agentes sempre que vão entrar e sair de serviço.“Isto acaba por ser rotineiro e os profi ssionais da po-lícia sabem que são movimentos que têm, obrigato-riamente, todos os dias. Às vezes, as coisas não fun-cionam bem como se pretende e basta uma pequena falha ou um pequeno erro para trazer algum risco para os profi ssionais”, disse o sindicalista.O autor do disparo está a ter acompanhamento psi-cológico e a Direcção Nacional da PSP já abriu um inquérito ao que considerou já ser um acidente. Em declarações à Renascença, o porta-voz da PSP, Paulo Flor, disse que um agente estava a colocar a arma no coldre e “disparou-a inadvertidamente”, tendo atingi-do o companheiro.

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Hospital de São João

Doentes provenientes de Braga são tratados com todos os outros

O Hospital de São João, no Porto, garante que os doentes que lhe chegam transferidos do Hospital de São Marcos, de Braga recebem o mesmo trata-mento que todos os outros.Os administradores do São João apresentaram queixa na Entidade Regu-ladora da Saúde (ERS) por entenderem que continuam a receber doentes que deveriam ser tratados no São Marcos, mas que são indevidamente transferidos.A directora clínica do São João, Margarida Tavares, garantiu, hoje, em declarações à Renascença, que todos os doentes são tratados “porque é para isso que estamos cá”.A responsável do hospital portuense não deixou de sublinhar, contudo, que o São Marcos ”tem um contrato de gestão, assinado com o Serviço Nacional de Saúde, em que se compromete a ter disponível uma série de especialidades para prestar cuidados a doentes, numa lógica de rede de referenciação e de proximidade”, sendo hábito as cartas de transferência de doentes aludirem a uma “insufi ciência de recursos para prestarem o cuidado necessário”.A José de Mello Saúde, entidade que lidera o consórcio privado que gere o São Marcos, não respondeu ao pedido de esclarecimento da Renascença, mas a administração hospitalar negou as acusações saídas do São João e garantiu que vai avançar para os tribunais. O presidente do conselho executivo do hospital bracarense, Hugo Mei-reles, adiantou, ainda, que “quando não há meios técnicos sufi cientes dentro do Hospital de Braga, a única solução é referenciar doentes para o hospital de São João e isso não é uma referenciação indevida”.

Ensino Superior

Oposição quer novas regras para bolsas

Todos os partidos da oposição apre-sentam, hoje, na Assembleia da República, recomendações ao Go-verno para alterar a atribuição de bolsas no Ensino Superior. O PSD alega que há uma diminuição real entre 20 e 30 milhões de euros em bolsas de estudo, face aos 147 milhões defi nidos no Orçamento do Estado, e quer, por isso, que a ver-ba seja utilizada na íntegra. O PCP pede o aumento das verbas e sugere que a refeição nas canti-nas seja gratuita para os bolseiros, não devendo custar mais do que um euro para os restantes benefi ciários da acção social escolar. O Bloco de Esquerda pretende que o universo dos bolseiros seja alargado e que os estudantes imigrantes sem apoio do país de origem possam concorrer sem limitações a bolsas de estudo em Portugal. O Partido Socialista não apresenta qualquer recomendação ao Gover-no.

IRS

Mais de 900 instituições podem receber donativos

Paulo Neves »

Há mais de 900 entidades que, este ano, podem receber donativos pro-venientes do IRS dos contribuintes, um número nove vezes superior ao de 2010. No ano passado eram pouco mais de uma centena as instituições para as quais os portugueses podiam consignar 0,5% do seu IRS, uma opção sem qualquer encargo fi scal para o contribuinte. A lista das instituições era, até agora, desconhecida. Sabia-se apenas que continha, exactamente, 108 organismos, alegando o Ministério das Finanças “sigilo fi scal”, para não dar a conhecer os nomes. Agora, além de tornar pública a lista, o Ministério fez um acrescento de instituições com a possibilidade de receberem parte do IRS dos contribuin-tes. As instituições abrangidas são de solidariedade social, de benefi cência, de assistência humanitária ou com fi ns religiosos.O aumento do número de entidades que podem receber donativos prove-nientes do IRS deve-se à divulgação, disse à Renascença o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS). O Padre Lino Maia sublinhou que a campanha de informação lançada pela CNIS obteve resultados.O valor dos donativos provenientes do IRS é limitado, mas constitui, se-gundo o presidente da CNIS, uma ajuda importante para as instituições, sobretudo num momento de difi culdades económicas.

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Dívida pública

Encontro Sócrates-Merkel em Berlim não teve grande efeito nos juros

Os juros da dívida pública portuguesa a cinco e 10 anos estavam, ao fi nal da manhã, a negociar, em média, nos 7,138% e nos 7,465%, respectivamen-te, pouco abaixo dos valores registados ontem.A imprensa alemã deixa, hoje, algumas manifestações de desconfi ança quanto à capacidade de saneamento das fi nanças de Portugal sem neces-sidade de ajuda externa.Filipe Silva, especialista em mercado de dívida do Banco Carregosa, disse à Renascença que o nosso país não se livrou do fantasma da intervenção ex-terna, mesmo depois do encontro de ontem, em Berlim, entre o Primeiro-ministro, José Sócrates, e a Chanceler alemã, Angela Merkel.Sócrates reafi rmou, na capital alemã, que Portugal “não necessita de ne-nhuma ajuda fi nanceira externa” e “tem condições para resolver os seus problemas sozinho”.

Por seu lado, Merkel fez questão de esclarecer que nunca disse que Portugal tinha que recorrer à aju-da internacional e aplaudiu as me-didas de austeridade tomadas por Portugal. Advertiu, contudo, para o facto de ser necessário continu-ar a dar os “passos certos”.Questionado sobre se a ida a Ber-lim não poderia ser vista como um acto de subserviência, Sócrates

recorreu aos oito séculos de História de Portugal: “O meu país tem oito séculos de História, o meu país não é subserviente com ninguém, o meu país só é subserviente com o seu povo e com aquilo que o povo tem a dizer. O meu país tem um compromisso com a Europa e, por isso, trabalha com a Alemanha de forma empenhada no projecto europeu”.

Eurostat

Economia portuguesa contraiu no fecho de 2010O Eurostat confi rmou, hoje, a con-tracção da economia portuguesa em 0,3%, no quarto trimestre de 2010. No comparativo entre o terceiro e o quarto trimestres de 2010, a econo-mia portuguesa terá tido o quarto pior desempenho entre as 24, cujos dados foram disponibilizados pelo Gabinete de Estatística Europeu. Ir-landa, Luxemburgo e Malta não têm dados disponíveis para o terceiro trimestre.Atrás de Portugal, fi caram apenas a Grécia (-1,4%), o Reino Unido (- 0,6%) e a Dinamarca (-0,4%). Quando comparados os últimos tri-mestres de 2010 e 2009, há registo de um crescimento de 1,2%. Na segunda estimativa do Gabinete de Estatística Europeu para as con-tas nacionais dos Estados-membros, também a média para o crescimento da Zona Euro no quarto trimestre, face ao trimestre anterior, foi con-fi rmada em 0,3% (2% face ao quarto trimestre de 2009) e a do conjunto dos 27 países da União Europeia em 0,2% (2,1% face ao quarto trimestre de 2009).

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AdC

CDS-PP pede afastamento de Manuel SebastiãoO CDS-PP pediu, ontem, no Par-lamnto, a demissão do presiden-te da Autoridade da Concorrência (AdC), Manuel Sebastião, por causa do que se está passar com os preços dos combustíveis.O deputado Telmo Correia defen-deu que, se a AdC reconhece que nada pode fazer, então, Manuel Se-bastião deve abandonar o cargo.A AdC, referiu ainda o deputado, “não garante a concorrência” e “perdeu toda a autoridade” e, “se vai continuar assim, se não inves-tiga, se não quer saber, se não há procedimentos, se acha que não se passa nada, há que perguntar se não será altura de começar a pen-sar se não deviam mudar de função, reconhecer a sua incapacidade e deixar o lugar para outros”.“Com esta Autoridade não vamos lá”, rematou Telmo Correia.

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Essência do Vinho

Os vinhos que Ferreirinha provou, conversas e não só: o mundo do vinho está no Palácio da Bolsa

Pedro Rios »

Conversas, provas de vinhos, jantares e um sem-núme-ro de actividades. É o que propõe o Essência do Vinho, que começa amanhã no Palácio da Bolsa, no Porto.Até domingo, 350 produtores e 100 especialistas, por-tugueses e estrangeiros, vão estar presentes na oitava edição do evento. São esperadas pelo menos 18.200 pessoas, o número da edição de 2010. “Em termos fí-sicos, devido ao espaço do Palácio da Bolsa, será difí-cil superarmos largamente esse número, mas estamos convencidos que vamos, no mínimo, igualar [os núme-ros de 2010]”, diz José João Santos ao Página1.O sucesso do evento acompanha uma tendência de mercado. Para o membro da organização, os números refl ectem o facto de o vinho estar cada vez mais pre-sente nos hábitos dos consumidores portugueses. “Va-mos a um bar e muitas pessoas, em vez de pedirem uma cerveja ou uma bebida branca, pedem um copo de vinho”, afi rma. A profusão de cursos sobre vinhos para o público em geral e de novos espaços de lazer nocturno que apostam no vinho são bons indicadores da saúde deste mercado.“O Essência do vinho, quando surgiu, em 2004, foi pre-cursor de uma tendência que indica um interesse cada vez mais crescente pelo fenómeno do vinho”, atesta. “Cada vez mais, as pessoas querem apreciar em menor quantidade, mas em melhor qualidade”.Entre os atractivos deste ano do Essêncio do Vinho está

a oportunidade para provar vinhos do Porto do século XIX que a famosa Ferreirinha também provou. “Uma das novidades do programa é a introdução das provas super premium, ou seja, provas que darão a oportuni-dade de contactar com vinhos absolutamente raros e exclusivos. Uma das provas que está a suscitar maior interesse é a prova que celebra os 200 anos do nasci-mento de dona Antónia Adelaide Ferreira”, afi rma. Vão estar em prova 3 vinhos do Porto do século XIX (sexta-feira, às 18h00, com Luís Sottomayor, enólogo da Casa Ferreirinha).No programa gastronómico, destacam-se as presenças de Beatriz Sotelo, chefe galega do restaurante Esta-ción, uma estrela Michelin, e dos portugueses Luis Américo, José Avillez, Pedro Lemos, Vítor Matos e Vítor Sobral.Os bilhetes para o Essência do Vinho custam 12 euros. Cada 1,5€ reverte para a Associação Bagos d’Ouro, que apoia crianças desfavorecidas do Alto Douro Vinhatei-ro.

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O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luís Moreno Ocampo, disse hoje que foi aberto um inqué-rito por alegados crimes contra a humanidade na Líbia visando o coronel Muammar Khadafi , alguns dos seus fi lhos e outros responsáveis do regime. Moreno Ocampo, que falava em conferência de im-prensa em Haia, justifi cou a iniciativa afi rmando que as forças de segurança de Khadafi atacaram manifes-tantes pacífi cos em várias cidades da Líbia desde 15 de Fevereiro e que o líder líbio e os seus aliados têm o comando formal ou de facto sobre as forças.“Não haverá impunidade na Líbia”, disse.A decisão de Moreno Ocampo surge dias depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado, por una-nimidade, uma resolução que, além de sanções contra Muammar Khadafi e o seu círculo, pedia ao Tribunal Penal que investigasse as denúncias de massacres no país. A resolução sustentou, então, que “os ataques sis-temáticos” contra a população civil “podiam confi gurar crimes contra a humanidade”.

Khadafi aceita proposta de ChávezKhadafi aceita proposta de Chávez

Muammar Khadafi terá aceitado um plano de paz que lhe foi proposto pelo Presidente venezuelano, Hugo Chávez. A notícia foi avançada, esta manhã, pela ca-deia televisiva Al-Jazeera. O plano prevê a intervenção de uma comissão compos-ta por elementos da América Latina, da Europa e do Médio Oriente, no sentido de obter um entendimento entre o regime líbio e as forças da oposição. A proposta do Presidente venezuelano está também a ser analisada pelo presidente da Liga Árabe, organiza-ção que ontem debateu a situação na Líbia e votou um projecto de resolução que rejeita uma eventual inter-venção militar estrangeira no país. Os detalhes do plano deverão, aliás, ser anunciados pela Liga, na reunião agendada para hoje, no Cairo. Na segunda-feira, Hugo Chávez tinha apelado a um es-forço internacional de mediação e afi rmou já ter de-batido a sua ideia com os países da América Latina e alguns europeus. “Espero que criemos uma comissão que vá à Líbia con-versar com o Governo e os líderes da oposição”, afi r-mou num discurso televisivo. “Queremos uma solução pacífi ca. Apoiamos a paz no mundo árabe e em todo o planeta”, acrescentou. Contudo, o presidente do Conselho Nacional Líbio, constituído por rebeldes, rejeitou por completo con-versar com Muammar Khadafi , avança a Al-Jazeera. Mustafa Abdel Jalil disse também que não foi contac-tado a propósito da iniciativa do Presidente venezue-lano.

Tensão no terreno Tensão no terreno

No terreno, a situação mantém-se tensa. De acordo com a agência Reuters, as forças fi éis a Khadafi volta-ram a perder o controlo da cidade de Brega. Os rebel-des, por seu lado, apelam à criação de uma zona de interdição aérea sobre o país, acusando o regime de bombardeamentos indiscriminados.

Corre o rumor de que ao comando dos caças da Força Aérea, de origem russa, estarão mercenários oriundos de países de Leste, como Ucrânia e Sérvia. “É o que corre à boca pequena em Benghazi”, relata à Renascença o enviado especial da agência Lusa à Lí-bia, Pedro Rosa Mendes. Em Benghazi, o humor da população varia consoante as notícias que vêm de Brega.“O dia começou de novo com uma euforia de vitória, mas também uma ressaca da batalha ontem, que du-rou todo o dia em Brega – o segundo centro petrolífe-ro mais importante da Líbia. E, entretanto, chegou a notícia de que a Força Aérea de Khadafi recomeçou os bombardeamentos sobre esta cidade”, descreve. Há, ainda, largas dezenas de milhares de pessoas que tentam abandonar o país. De acordo com o jornal es-panhol “El Mundo”, os deslocados já serão mais de cem mil. O Governo de Madrid tenciona contribuir já hoje para o processo de evacuação: um avião deverá começar a retirar os cidadãos egípcios que se encontram retidos na Líbia. O mesmo fará um avião do Reino Unido. A França enviou para a região um porta-helicópteros com o mesmo objectivo.

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Khadafi e fi lhos alvos de inquérito do TPI

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Basílio Horta considera que a convulsão social no Ma-grebe vai ter custos elevados para a economia nacional. À Renascença, o presidente da Agência para o Investi-mento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) admite uma quebra nas exportações nacionais. “Estamos a exportar para aquela zona cerca de mil mi-lhões de euros, aproximadamente, e é provável que os acontecimentos recentes já se façam sentir em Março”, contabiliza Basílio Horta, lembrando que alguns dos pro-dutos a enviar vão acabar por não seguir para o destino, devido à instabilidade que se vive em particular na Lí-bia, mas também na Tunísia e Egipto.Sem ter em conta os custos com o aumento do petró-leo, o presidente do AICEP diz que o confl ito no Magrebe pode custar largas dezenas de milhares de euros à eco-nomia nacional, tendo em conta que algumas das em-presas portuguesas que estavam nesses países tiveram de suspender a actividade. A situação é particularmente grave na Líbia, onde as quatro empresas portuguesas com escritórios deixaram de funcionar.

Basílio Horta: Confl ito pode custar

dezenas de milhares de euros E

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Ingrid Betancourt, a ex-refém das FARC que passou seis anos em cativeiro na Colômbia, acaba de lançar em Portugal “Até o silêncio tem um fi m”. O livro, editado pela Objectiva, é um relato na primeira pessoa sobre os momentos que viveu até à libertação. Em entrevista à Renascença, que pode ver na versão vídeo em www.rr.pt, Ingrid Betancourt explica como se agarrou aos valores da fé e da família para se man-ter viva, e critica o apoio que o Partido Comunista Por-tuguês dá às FARC, os guerrilheiros colombianos que a sequestraram durante uma acção de campanha da sua candidatura presidencial.

Maria João Costa »

Renascença (RR) – Escrever “Até o silêncio tem um fi m”, foi uma necessidade?Ingrid Betancourt (IB) - Depois de sair do cativeiro não conseguia falar, custava-me muito. Não podia sentar-me a contar à minha família o que se tinha passado. Então pensei, falar vai ser impossível! Sempre que ten-tava, começava a chorar. As emoções eram muito for-tes. Então, pensei que escrever era a melhor opção.

Renascença – Lemos no seu livro que, a certa altura, as FARC lhe deram uma Bíblia. A fé manteve-a viva? IB - Acho que tinha uma fé cómoda. Nunca pensava em Deus, mas quando tinha algum problema recorria a Ele. Digamos que era algo muito oportunista. Durante a experiência do cativeiro, isto não era possível - não podia ter esta leviandade. Fiz-me perguntas muito di-fíceis. Para mim a fé, esta nova fé, é muito racional e de refl exões intelectuais.

Renascença – Escreve no livro “Estou presa, mas ain-da posso dizer que não”. De alguma forma esta frase sintetiza a sua atitude perante os guerrilheiros? IB - Nunca aceitei ser refém. Lembro-me que me diziam a certa altura que por culpa minha a Europa os tinha colocado na lista de terroristas. Eu olhava e dizia-lhes: “Não é por minha culpa. Foram vocês que me seques-

traram, é por culpa vossa. Se não querem estar na lista de terroristas, libertem-me”. Tentava sempre fazê-los ver que o que estavam a fazer não tinha justifi cação.

Renascença – Diz no fi nal que renasceu depois de ser libertada. Como é que se está a adaptar a esta nova vida, sobretudo com os seus fi lhos?IB - Com os meus fi lhos as coisas foram maravilhosas, mas difíceis. Para mim, o mais importante era voltar a criar uma relação de intimidade com eles, não queria distâncias. Com o meu fi lho, eu senti que ele se pro-tegia, não me queria muito perto...porque as mamãs incomodam!

Renascença – O Partido Comunista Português não quis votar de forma favorável um voto de congratulação aquando da sua libertação. Já pediu à Europa para retirar as FARC da lista de organizações terroristas. Como vê este apoio do Partido Comunista Português às FARC?IB - Espero que refl ictam. Acho que as ideologias não podem ser prisões. No caso das FARC têm de ver as coi-sas como são. É impossível que apoiem estruturas que estão a provocar danos a outra democracia. Porque não dizem às FARC para se transformarem num partido político? Quem é comunista tem de o ser de verdade. Não podem dizer: “aqui violam os Direitos Humanos, não há liberdade de imprensa”, e ir à Colômbia dizer continuem a matar e a violar os Direitos Humanos, por-que são comunistas e está tudo bem!

Renascença – Como vê as mudanças que estão a acontecer, por estes dias, em países como o Egipto, a Líbia, a Tunísia? IB - A capacidade que o mundo tem de mudar é infi nita. É como o Muro de Berlim. São os momentos extraor-dinários da história em que as coisas mudam de um momento para o outro. Mas que mudanças? Para mim, como mulher, a mudança que mais espero nos países árabes é o respeito pelas mulheres.

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Bangladesh

Yunus recorre aos tribunais depois de afastamento da direcção de banco

O Prémio Nobel da Paz e pioneiro do micro-crédito, Muhammad Yunus, teve de recorrer à Justiça para contestar o seu afastamento da direcção do Grameen Bank - a instituição bancária que ele próprio fundou -, noticiou a AFP, citando o procurador-geral do Bangla-desh.“O professor Yunus apresentou uma acção

para contestar a legalidade da decisão do Banco [Central] do Bangladesh de o retirar de funções”, disse Mahbubey Alam.O Alto Tribunal de Dacca foi convocado e deverá decorrer uma primeira audiência ainda hoje, de acordo com fontes judiciais.

Rússia

Medvedev condecorou GorbachevO presidente russo, Dimitri Medvedev, concedeu ontem a Mikhail Gorbachev a condecoração máxima da Rússia pelo “enorme trabalho” realizado pelo antigo chefe de Estado. A cerimónia aconteceu por ocasião do 80.º aniversário de Gor-bachev.“Assinei um decreto para condecorá-lo com a nossa mais alta distinção. Algo apropriado para o senhor, que fez um enorme trabalho quando era chefe de Es-tado”, disse Medvedev durante o encon-tro com Gorbachev em sua casa de Gorki, nos arredores de Moscovo.

Frankfurt

Kosovar detido depois de tiroteio no aeroportoUm jovem kosovar albanês, de 21 anos, foi detido na Alemanha, acu-sado de estar envolvido no tiroteio, ontem, no aeroporto de Frankfurt, em que duas pessoas morreram e outras duas fi caram gravemente feridas.O tiroteio ocorreu no interior de um autocarro estacionado à entrada do Terminal. As vítimas mortais eram dois militares norte-americanos.As autoridades estão agora a inves-tigar as motivações do ataque, uma vez que o jovem não tinha tido, até agora, qualquer problema com a Justiça. A Chanceler alemã Angela Merkel assegurou que o Governo vai fazer tudo o que for necessário para elu-cidar sobre as razões do tiroteio.

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Os preços mundiais dos alimentos atingiram um novo máximo em Fevereiro, segundo o índice de preços da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO). É um novo recorde e trata-se do oitavo mês de subidas consecutivas. O índice que acompanha a evolução dos preços de 55 matérias-primas negociadas nos mercados subiu 2,2% até aos 236 pontos em Fevereiro, face aos 230,7 pontos registados em Janeiro. A escalada dos preços dos alimentos foi um dos fac-tores que agravou as tensões nos países do Norte de África e Médio Oriente, que já resultaram na demissão dos governantes da Tunísia e do Egipto. Estes confl itos, por seu turno, fi zeram disparar o preço do petróleo. “Inesperadamente, as subidas dos preços do petróleo podem agravar a situação já precária no mercado dos alimentos”, disse David Hallam, director da FAO. “Isto acrescenta ainda mais incerteza às perspectivas para os preços”, acrescentou. A ONU alertou hoje que os preços dos alimentos deve-

rão permanecer próximo dos níveis recorde atingidos, pelo menos, até ao Verão.

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Preço dos alimentos atinge novo máximo

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Na longa e penosa tentativa para dotar a União Europeia de um mecanismo permanente de verdadeira ajuda aos países do euro afl itos com a sua dívida externa (como Portugal), a Comissão Eu-ropeia tem promovido negociações com os 17 da zona euro e tem avançado propostas. A tarefa vem sendo executada em articulação com o Presidente da UE criado no Tratado de Lisboa, van Rompuy, desfazendo para já receios de rivalidade entre ele e Durão Bar-roso.

O problema está em que as sugestões de Barroso e van Rompuy es-barram sistematicamente na intransigência alemã. Sabe-se como a opinião pública germânica está contra ajudar países gastado-res. E como A. Merkel tem sofrido derrotas políticas (a última das quais foi a demissão do seu ministro da Defesa), o que não favorece concessões.

A situação não é apenas perigosa para o futuro do euro. Também é preocupante a marginalização da Comissão Europeia. O tão recea-do “directório” conta agora um único Estado, o mais rico e pode-roso. Mas a Comissão é a peça central, e mais original, do projecto europeu. Sem ela não haverá Europa comunitária.

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Salão Automóvel de Genebra

Evoque recebe prémio para melhor design automóvel do mundo

O Range Rover Evoque foi premiado pela revista “Car Design News” como tendo o melhor design de automóvel do ano, atribuído durante a aber-tura ao público do Salão Automóvel de Genebra. Este prestigiado reco-nhecimento foi o primeiro prémio internacional que o veículo recebeu, mostrando-se como uma das promessas do sector para 2011.Alfa Romeo Giulietta e Audi A7 foram os principais concorrentes do Range Rover Evoque. O prémio “Design de Automóvel do Ano” representa a opi-nião dos mais respeitados designers de carros do mundo que fazem parte do júri.

Tecnologia

Afi nal foi Jobs que apresentou o iPad 2

A Apple desvendou o iPad 2, a nova versão do tablet mais vendido do mercado, ontem, num evento que decorreu no Yerba Buena Center, em São Francisco, nos Estados Uni-dos. A chegada às lojas portuguesas do iPad 2 está prevista para 25 de Março.O presidente da Apple, Steve Jobs, que está de baixa por motivos de doença, regressou aos palcos tec-nológicos e foi o responsável pela apresentação da segunda geração do iPad.O novo tablet da Apple é mais fi no, leve e com o ecrã anti-refl exo. Tem duas câmaras - uma frontal e uma traseira -, facto que permite utilizar a tecnologia FaceTime (vi-deochamada sobre WiFi) da Apple, entre iPad, iPhone, Mac e iPod com-patíveis.

Mais magro, mas mais rápido Mais magro, mas mais rápido

O iPad 2 tem uma velocidade nove vezes superior à da primeira ver-são. Vem em duas cores - branco e preto -, facto que suscitou muitos aplausos no Yerba Buena Center. O tablet tem dez horas de autono-mia e vai manter os preços da pri-meira geração do iPad. Das seis mo-dalidades de iPad 2, cinco custam menos de 800 dólares. O iPad 2 vem equipado com a de-signada “smart cover”, uma capa revestida a microfi bras que, de acordo com Jobs, “limpam o ecrã”. A capa é feita de várias pastilhas de íman que assentam no ecrã, fi cando assim presa ao aparelho. Ao abrir a capa, o iPad 2 acorda automaticamente e entra em modo standby quando se fecha. Além dis-to, a capa dobra-se para assentar por trás do aparelho, criando um apoio para uso de secretária.

Ponto de vista

A Comissão marginalizada

Francisco Sarsfi eld CabralJornalista

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Foram já tornadas públicas várias passagens do mais recente livro de Bento XVI sobre Jesus Cristo. O segun-do volume de “Jesus de Nazaré” aborda os últimos dias da vida de Jesus, desde a sua entrada em Jerusalém até à Ressurreição, passando, naturalmente, pela Pai-xão e Morte.Dividida em nove capítulos, a narrativa acompanha os desenvolvimentos de forma cronológica, olhando mais de perto para vários aspectos, desde a data em que terá ocorrido a Última Ceia (uma vez que há discrepân-cias nos Evangelhos), até ao signifi cado da traição de Judas e a culpabilização que ao longo da história se fez dos judeus pela morte de Cristo.Neste último ponto, o Papa é enfático ao negar a tese da responsabilidade colectiva. A posição não é nova - foi ofi cializada no documento “Nostra Aetate”, do Concílio Va-ticano II -, mas Bento XVI sublinha que, ao falar dos “Judeus”, o Apóstolo João estar-se-ia a referir especifi camente à aristocra-cia do Templo e aos seguidores de Barra-bás.Outra passagem bíblica que tende a ser um obstáculo às relações entre cristãos e judeus é a suposta maldição em que os judeus incorrem quando clamam, após a con-denação de Jesus, “que o seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos fi lhos”. Aqui, o Papa inverte totalmente a lógica tradicional, transformando a alegada maldição em bênção: “O cristão há-de recordar que o sangue de Jesus fala uma linguagem diferente da do sangue de Abel: não pede vingança nem punição, mas é reconci-liação. Não foi derramado contra ninguém, mas é san-gue derramado por muitos, por todos”. Logo, explica o Papa, “não é maldição, mas redenção, salvação”.Este trecho, em particular, já mereceu rasgados elo-gios de representantes da comunidade judaica interna-cional. O rabino David Rosen, responsável pelo diálogo com a Igreja Católica, recorda que as pessoas não ten-dem a ler documentos como o “Nostra Aetate”. Logo, este comentário do Papa terá um impacto maior e mais duradouro.

O mistério da traiçãoO mistério da traição

Noutra passagem da obra, o Papa analisa aquilo a que chama “o mistério da traição”, referindo-se, especifi -camente, ao papel de Judas na sua entrega às autori-dades, mas fazendo um paralelo entre aquele acto e a actualidade: “A ruptura da amizade chega mesmo à comunidade sacramental da Igreja, onde há sempre de novo pessoas que partilham «o seu pão» e O atrai-çoam”.Segundo o Papa, naquele momento, Jesus sentia, não só o peso da sua traição, mas de todas as traições da história: “Naquela hora, Jesus carregou a traição de

todos os tempos, o sofrimento que deriva de ser atraiçoado em cada tempo, supor-tando assim até ao fundo a miséria da his-tória”.Sobre Judas em particular, Bento XVI me-dita no dilema que o apóstolo enfrentou e como tomou uma série de decisões erradas que o levaram ao desespero: “A segunda tragédia dele, depois da da traição, é já

não conseguir acreditar num perdão”. Mais adiante, lê-se: “Deste modo, faz-nos ver a forma errada do ar-rependimento: um arrependimento que já não conse-gue esperar, mas só vê a própria obscuridade, é des-trutivo, não é um verdadeiro arrependimento”.Ao longo do livro, o Papa nunca põe de parte os mé-todos exegéticos, mas afi rma que estes, só por si, não chegam para conhecer verdadeiramente Jesus, já que é também preciso ler as Escrituras com os olhos da fé.No prefácio, aliás, Bento XVI deixa bem claras as suas intenções: “Embora continue, naturalmente, a haver detalhes a discutir, todavia espero que me tenha sido concedido aproximar-me da fi gura de Nosso Senhor de um modo que possa ser útil a todos os leitores que queiram encontrar Jesus e acreditar nele”.O novo volume de “Jesus de Nazaré” é apresentado, no Vaticano, no próximo dia 10. A edição em português estará disponível no dia seguinte, 11 de Março.

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2.º volume de “Jesus de Nazaré”

Papa iliba judeus da morte de Cristo

PÁG. Livro de Bento XVI estará disponível em português no dia 11

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Paquistão

Igreja decreta três dias de luto e de greveA Igreja Católica no Paquistão decretou três dias de luto em resultado do assassinato do ministro Shahbaz Bhatti, o único cristão no Executivo e conhecido defensor das minorias religiosas no país.Além do luto, a Igreja paquistanesa decidiu, também, fazer greve em todas as suas institui-ções, incluindo hospitais e escolas. O protesto

será marcado por momentos de oração e de jejum.Muitos cristãos têm-se concentrado junto à casa de Bhatti, entoando cân-ticos e prometendo continuar a lutar pela revogação da Lei da Blasfémia, uma das grandes causas do ministro das Minorias.O assassinato de Bhatti foi reivindicado por fundamentalistas islâmicos li-gados aos talibãs.

Arquidiocese de Braga

Cónego José Paulo de Abreu é o novo Deão da SéO Cónego José Paulo de Abreu é o novo Deão da Sé de Braga, suce-dendo a Pio Alves de Sousa, que foi nomeado Bispo Auxiliar da Diocese do Porto.O Cónego é, actualmente, o direc-tor dos museus Pio XII e Medina e, ao ser nomeado Deão do Cabido da Sé, passa a assumir, também, o cargo de director do Tesouro da Sé Catedral da Arquidiocese braca-rense.

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Hospital Miguel Bombarda

Espólio científi co e artístico vai ser visitável

O espólio científi co e artístico do Hospital Miguel Bom-barda, em Lisboa, está a ser tratado por técnicos do Ministério da Cultura e vai ser preservado e transfor-mado numa colecção visitável “pelo seu elevado inte-resse cultural”.O secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, disse ontem, durante uma audição na Comissão de Éti-ca, Sociedade e Cultura, na Assembleia da República, que o próprio edifício onde o hospital funcionou, “é um monumento único” da arquitectura portuguesa.Na sequência do anúncio do encerramento do hospital - que possui um Museu de Pintura de Doentes e das Neurociências - surgiu um abaixo-assinado para preser-var o seu espólio, e a questão do futuro do espólio foi hoje levantada, no Parlamento, por deputados da oposição.Elísio Summavielle comentou que viu “com preocupa-ção” a situação do hospital e decidiu fazer uma in-tervenção através de técnicos da Direcção-Geral de Arquivos.“O arquivo do hospital está a ser estudado e estão a ser separadas as várias áreas: médica, científi ca, fotogra-

fi a e obras de desenho e pintura”, indicou.Apesar da “colecção notável de arte bruta e instru-mentos de medicina reunidos ao longo de mais um sé-culo”, o governante disse que o espaço “não será um museu”, mas serão criadas condições para ser preser-vado e visitável.A designação de arte bruta foi criada pelo pintor Jean Dubuffet, em 1947, para designar o trabalho artístico produzido fora do sistema tradicional, englobando, na altura, as criações de crianças, defi cientes mentais e criminosos.Lembrou que a tutela do espaço “não é do Ministério da Cultura, mas o acompanhamento técnico deste es-pólio riquíssimo está a ser feito e será uma colecção visitável”, garantiu.A pintora Paula Rego e o neurocientista António Da-másio foram algumas das personalidades das áreas da cultura e da ciência que assinaram a petição a favor da preservação do museu.Os doentes do Hospital Miguel Bombarda serão transfe-ridos para residências de reabilitação psicossocial e a unidade deverá encerrar até ao fi nal do ano.

Cinema

Dreamworks vai pôr a história do Wikileaks no grande ecrã

Os estúdios norte-ame-ricanos Dreamworks compraram os direitos de adaptação ao cine-ma de dois livros sobre o Wikileaks, revelou o jornal britânico “The Guardian”.A Dreamworks, co-fundada por Steven Spielberg, adquiriu os direitos de adaptação de “WikiLeaks: Inside Julian Assange’s War on Secrecy”, escrito por David Leigh e Luke Harding, jornalistas do The Guar-dian, e ainda de “Inside WikiLeaks”, de Daniel Domscheit-Berg.A produção de cinema, intitulada “Wikileaks: The Movie”, foi descrita como um thriller ao jeito de “Os homens do presidente” (1979), sobre o caso Watergate, que envolveu o antigo Presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.O livro dos jornalistas David Leigh and Luke Harding aborda a história de vida de Julian Assange e a criação do site Wikileaks em 2006, que revelou milhares de documentos com informações diplomáticas.Além desta produção, há outras já em andamento sobre o polémico Wikile-aks. O realizador Alex Gibney está a preparar um documentário, enquanto a BBC e o canal por cabo HBO estão a co-produzir um biopic de Julian Assange a partir de um texto publicado na revista New Yorker.Em Janeiro, a publicação Variety dava conta que a produtora Michelle Krumm tinha adquirido os direitos da biografi a de Assange, “The Most Dan-gerous Man in the World”, escrita pelo jornalista australiano Andrew Fo-wler.

Madeira

Um concerto “absolutamente ridículo”“Absolutamente ridículo” é o pro-jecto que a Orquestra Clássica da Madeira apresenta amanhã no Fun-chal, no seu tradicional concerto de Carnaval. O concerto conta com a participação do humorista Pedro Fernandes, convidado pelo maestro titular, Rui Massena. O humorista será o narrador da his-tória base deste espectáculo, uma reinvenção de “Pedro e o Lobo”. Pedro Fernandes será o “lobo” de um concerto em que os músicos da orquestra se apresentam disfarça-dos. O público é convidado a apare-cer também fantasiado.A Orquestra Clássica da Madeira desfi lou em 2010 numa das trupes do cortejo alegórico do Funchal, mas este ano resolveu fi car-se pelo concerto, o primeiro desta quadra que vai realizar na sua “nova casa”, no Madeira Tecnopolo, no Funchal.Do programa consta a “Abertura de Carnaval” de Dvorák, “Silent Night”, “Psicho” de Bernard Herrmann, a abertura de “Guilherme Tell” de Giochino Rossini, a Suite “Guerra das Estrelas” de John Williams com arranjos de John Withney, entre ou-tras composições.

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Ponto Final

Verticalidade e probidade

Ribeiro CristóvãoJornalista

O professor Fernando Mota acaba de pedir a demissão de presi-dente da Federação Portuguesa de Atletismo, cargo em que se manteve durante quase trinta anos, com uma invejável folha de bons serviços prestados à modalidade e a um imenso pelotão de atletas. Um erro administrativo bastou para que renunciasse ao cargo, um gesto pouco comum numa classe dirigente onde abundam os moluscos e os incapazes que tentam, por todos os meios, evitar deixar transparecer essa imagem.A história é conhecida: a atleta Sara Moreira foi indevidamente inscrita nos próximos Campeonatos da Europa de Atletismo numa disciplina, a dos 1.500 metros, quando o deveria ter sido na corri-da de 3.000, na qual alimentava fortes probabilidades de conquis-tar uma medalha.Constatado o erro dos respectivos serviços, infelizmente não pas-sível de correcção, o presidente da Federação não só o assumiu, como dele extraiu todas as consequências, até ao limite máximo, renunciando ao seu mandato.Considerando desproporcionada tal decisão, exactamente a mes-ma opinião dos seus pares da direcção federativa, o gesto de quem dá a cara com esta coragem não pode passar sem um destaque muito especial e um elogio à evidente verticalidade do visado.Quando Fernando Mota assumiu funções à frente do atletismo, a modalidade número um do alto rendimento do desporto nacio-nal apenas registava a conquista de treze medalhas, todas elas no meio fundo. Passados todos estes anos, esse número atinge a notável cifra de 200 medalhas e em várias especialidades, o que premeia a expansão registada e a forma séria e muito profi ssional como foi conseguida.O afastamento voluntário de Fernando Mota representa uma per-da para o atletismo e para o desporto nacional. Já prometeu, no entanto, que continuará ligado à modalidade, embora reiterando a irreversibilidade da sua decisão.Lamenta-se a saída, mas o gesto assumido merece ser enaltecido. E colocado como um exemplo para muitos dirigentes que se pavo-neiam por aí, passando incólumes por entre as borrascas que eles próprios desencadeiam, ou como virgens em prostíbulos em que se transformam muitas vezes as actividades desportivas de que fazem parte.

Ouça a crónica de Ribeiro Cristóvão às 22h30, em Bola Branca

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Portugal defronta Eslováquia para a Taça DavisFrederico Gil abre, amanhã, o confronto entre Portugal e a Eslo-váquia, frente a Lukas Lacko, na primeira eliminatória do Grupo 1 da Zona Europa/África da Taça Da-vis em ténis. Actual 84.º do ranking mundial, Gil vai cruzar-se com um jogador que ocupa esta semana o 119.º posto.O sorteio realizado esta manhã, em Algés, ditou o segundo confronto de singulares entre os números dois de ambas as selecções: Rui Machado e Martin Klizan. Sábado, será a dupla formada por Gil e Leonardo Tavares a disputar o embate de pares, dian-te Michael Mertinak e Filip Polasek.

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Taça da Liga

Nacional e Paços decidem segundo fi nalistaNacional e Paços de Ferreira deci-dem, esta noite, quem vai defron-tar o Benfi ca na fi nal da Taça da Liga.No Estádio da Madeira, a partir das 20h15, os anfi triões e os “castores” jogam a segunda meia-fi nal da pro-va, e procuram chegar, pela primei-ra vez, à fi nal da Taça da Liga.O clube pacense procura repetir o feito conseguido na Taça de Portu-gal de 2008/2009, em que, sob o comando de Paulo Sérgio - ex-trei-nador do Sporting -, atingiu a fi nal, que perdeu para o FC Porto (0-1).Já o Nacional procura estrear-se em fi nais de provas portuguesas.As duas equipas chegam motiva-das a este encontro, em especial o Paços de Ferreira, que é quarto classifi cado na I Liga e soma cin-co triunfos consecutivos nas várias competições, não perdendo há 10 encontros.Por sua vez, o Nacional chega a este jogo depois de ter derrotado em casa o Sporting (1-0) e ter subido ao sexto lugar da I Liga.Ontem, o Benfi ca qualifi cou-se pela terceira vez consecutiva para a fi nal da Taça da Liga, com uma vitória em casa sobre o Sporting, por 2-1, conseguida no período de compensação, com um golo de Javi Garcia.

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A 3 de Março de 1923...

Time chega às bancasPedro Rios »

Não será das capas mais conhecidas da Time, mas tem a importância histórica própria das coisas inaugurais. Joseph G. Cannon, veterano do Congresso america-no, então prestes a abandonar a vida pública, fi gurou na capa do primeiro número da Time, uma referência do mundo do jornalismo.A Time, que esteve para se chamar Facts, surgiu pela primeira vez nas bancas a 3 de Março de 1923, graças aos esforços de Briton Hadden (1898-1929) e Henry Luce (1898-1967). A capa ainda não tinha o rebordo vermelho que se tornaria um elemento gráfi co clás-sico da revista, mas já antecipava aquele que seria o ângulo editorial preferido da Time: olhar para os factos da semana através dos seus protagonistas.A ideia de lançar uma revista surgiu no Inverno de 1922. Briton Hadden e Henry Luce arrendaram uma sala numa casa velha em Nova Iorque por 55 dólares mensais, compraram mesas e cadeiras e sentaram-se para preparar o conceito de uma revista que mar-casse a diferença face ao que existia. Havia outras revistas semanais, mas faltava uma publicação que oferecesse um olhar mais profundo (sem ser excessi-vamente literário) sobre os factos da semana e que se destinasse a profi ssionais com pouco tempo para ler os jornais diários.O primeiro número tinha 28 páginas, seis das quais preenchidas com anúncios. Entre os temas estavam a fome na Rússia e a ocupação francesa do Vale do Ruhr. Em 1927, a Time tornou-se um negócio lucrati-

vo e, em 1933, o seu modelo estava a ser replicado pela Newsweek e pela United States News. A partir da revista nasceria um império mediático, a Time Inc. (hoje Time Warner).Apesar da quebra de circulação, fenómeno transver-sal à generalidade da imprensa norte-americana, o papel simbólico da Time permanece intacto, como demonstra o impacto que todos os anos tem a elei-ção da Pessoa do Ano.

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r/com renascença comunicação multimédia, 2011

Olhar

As obras estão quase terminadas: o novo edifício do Oceanário de Lisboa será inau-

gurado na última semana deste mês. O Edifício do Mar tem um auditório com 125

lugares, que acolherá desde teatro para crianças a seminários, um restaurante e uma área para exposições temporárias.

Foto: João Relvas/LUSA

Madeira

Substituição de medicamentos motiva confl ito entre médicos e farmácias

A representante da Ordem dos Mé-dicos na Madeira acusa as farmácias da Região Autónoma de comporta-mento ilegal.Henriqueta Reynolds diz ter recebi-do várias queixas de colegas, segun-do as quais não está a ser respeitada nas farmácias a justifi cação clínica para não autorizar a substituição do medicamento receitado.A responsável disse à Renascença que a Associação Nacional de Far-mácias deu instruções neste sentido às suas associadas na ilha.A lei regional da Madeira que pre-vê a prescrição de medicamentos por substância activa está em vigor desde Setembro. No Continente, o diploma foi vetado pelo Presidente da República.

Conselho de Ministros

Proibidos os estágios profi ssionais não remuneradosOs estágios profi ssionais extracur-riculares vão ser obrigatoriamente remunerados com excepção dos que durem três meses ou menos, segundo um decreto hoje aprovado em Conselho de Ministros. A ministra do Trabalho confi rmou que as empresas passam a ser obri-gada a pagar 419,22 euros aos es-tagiários e a defi nir o período de duração do estágio.“Propomos que o período mínimo seja de 12 meses”, disse Helena André, adiantando que o contrato terá que ser reduzido a escrito, de-vendo “identifi car a área em que se desenvolve o estágio, o local, as tarefas e funções”.A ministra disse, ainda, que o Go-verno espera, com esta medida, “combater sistemas de fraude e dar garantias aos estagiários de re-dução da precariedade”.

BCE

Taxa de juro pode subir em Abril

O Banco Central Europeu (BCE) manteve hoje inalterada a taxa de juro de referência da Zona Euro em 1%, mas poderá aumentá-la em Abril.O anúncio foi feito, ao início da tar-de, na habitual conferência de im-prensa do governador Jean-Claude Trichet.“A decisão de hoje sobre a taxa de juro foi unânime. Estamos numa postura de forte vigilância e o meu entendimento sobre a posição do conselho de governadores é que um aumento da taxa de juro na pró-xima reunião é possível”, admitiu Trichet, sublinhando, todavia, que o BCE não se compromete “previa-mente”.

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NATO admite intervir na Líbia

O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, dis-se hoje, em Bruxelas, que a Aliança Atlântica não prevê intervir no imediato na Líbia, mas está preparada para “qualquer eventualidade”.

Pina Moura prevê mudanças

O ex-minsitro Pina Moura prevê uma mudança política em Portugal “nos próximos meses”, através de eleições antecipadas ou de ”reformas políticas inovadoras”.

Lucro na TAP

A TAP S.A. anunciou, hoje, ter obtido lucros de 62,3 mi-lhões de euros em 2010, mais 8,7% que no ano anterior, realçando o regresso a uma situação líquida positiva, o que não acontecia desde 2008.

Kampusch pede um milhão

Natascha Kampusch, a jovem que esteve sequestrada du-rante oito anos numa cave, reclama uma indemnização de um milhão de euros do estado austríaco.