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ESPECIAL MEIO AMBIENTE Ilustração: Nilson Cardoso

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especial meio ambiente

Ilustração: Nilson Cardoso

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Asmelhoresempresaspara oclimaAlexandre Mansur e Isis Nóbile Diniz

O Prêmio Época de Mudanças Climá-ticas aponta as empresas brasileiras quemais se destacaram neste ano. Seguindouma metodologia desenvolvida em par-ceria com a empresa de auditoria Pri-ceWaterhouseCoopers, elegemos a CNECEngenharia para o Prêmio de Melhor In-ventário, pelo acompanhamento de suasemissões de poluentes. E a ArcelorMittalcom o Prêmio de Melhor Estratégia, pelométodo adotado para reduzi-las. Tambémdestacamos, nas páginas seguintes, as 21empresas com melhores trabalhos emrelação ao clima. Elas estão conseguindoaliar a preocupação com o futuro climá-

enhuma empresa quer salvar o mundo. Elas surgem paravender produtos e serviços e obter lucro para sobreviver eremunerar seus acionistas. Nesse processo, elas geram ri-queza, empregos e conforto para a sociedade. Mas precisamestar atentas e se adaptar às transformações do mundo. A

maior delas no futuro próximo são as mudanças climáticas provocadaspela ação humana. Estamos diante de uma ruptura no modo comovivemos. A alteração de chuvas, temperatura e nível do mar abalará aeconomia baseada em combustíveis fósseis. Para se adequar a esse novomundo, algumas empresas estão apresentando saídas para reduzir seusimpactos e, melhor ainda, criando soluções para o aquecimento.

tico do mundo com os resultados finan-ceiros, que garantem sua sustentabilidade.O exemplo dessas companhias é especial-mente relevante agora, a dois meses daConferência das Nações Unidas em Cope-nhague, onde os 192 principais países domundo tentarão um acordo para reduzira crise climática. As empresas premiadasprovam como isso é possível – e até van-tajoso. Pensando no próprio negócio, elasestão dando a melhor contribuição paranosso bem-estar no planeta.

Nem o abalo financeiro dos últimosmeses derrubou o aquecimento globalda lista de prioridades das empresas. s

N

Asmelhoresempresaspara oclimaÉPOCA premia

as empresas quemais avançam para

ajudar o planeta –e se preparam

para a novaeconomia verde

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Como as empresas brasileiras estão se preparando para o aquecimento global,de acordo com os questionários do Prêmio Época de Mudanças Climáticas

O clima do setor privado brasileiroO clima do setor privado brasileiro

Quanto as empresasinvestiram, em média,

para lidar com asmudanças climáticas(1)

Em R$ milhões

Esse valor equivalea quanto do investimento

total da empresa(1)

Uma análise das palavras mais empregadas para descrevero clima mostra “mudanças”, “riscos” e “empresas”. Mas

também revela algumas expressões interessantes, que nãoestão entre as mais usadas, mas têm significado especial:

água: o Brasil tem situação pri-vilegiada, mas as mudanças cli-máticas intensificarão alteraçõesna distribuição das chuvas noterritório e ao longo do ano

Resíduo: a deterioração dosrejeitos industriais nos aterrose depósitos gera gases, como ometano, que intensificam as mu-danças climáticas

Fizemos uma amostra das palavras mais usadas pelasempresas ao descreverem suas ações nas respostas a nosso

questionário. Além de termos como “redução”,“emissões” e “metas”, algumas palavras chamam a atenção:

impactos: as empresas come-çam a falar de como tornados, fu-racões, tempestades e vendavaisfora do normal podem afetar suainfraestrutura

saúde: as alterações no climaterão impacto na saúde humana,pelo surgimento de novas áreasde doenças tropicais. Algumasempresas já consideram isso

As palavrasmais usadaspelasempresasem suasrespostasa nossoquestionário– em %

CoMo ElAs DEsCrEvEM o QuE fAzEM CoMo ElAs DEsCrEvEM os rIsCos

2007 2008

8,8% 11,8%

2007 2008

18.79333.466

Quantas participaram

Empresasinscritas

Responderama todo oquestionário

33

2008 2009

30

95

25

0,700,70

1,01,0

0,800,80

0,790,79

1,91,9

1,431,43

o total das emissões dasempresas que participaram

do Prêmio Época deMudanças Climáticas é de

o que correspondea 3,6% de todas

as emissões do Brasil

47.387.38847.387.388toneladas.toneladas,

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88%88% 88%88%96%96%

Esse era um temor quando a crise eco-nômica começou a ganhar tamanho, nofim do ano passado. Diante da necessi-dade de cortar custos e segurar gastosadiáveis, alguns analistas imaginaramque as empresas deixariam a crise climá-tica para depois. A resposta das empre-sas brasileiras – pelo menos de um seletogrupo delas – parece ser o contrário. Osresultados do Prêmio Época de MudançasClimáticas mostram que as companhiascom as melhores estratégias ambientaisaproveitaram o período entre 2008 e 2009para aumentar o investimento em medire reduzir suas emissões, responsáveis pelaalteração nas temperaturas da Terra. En-tre as 95 empresas que acessaram nossoquestionário, 88% disseram que investemou têm planos para investir em produtose serviços para minimizar os efeitos dasmudanças climáticas. A mesma propor-ção afirma considerar os riscos e as opor-tunidades do aquecimento global na horade fazer o planejamento estratégico. Alémdisso, do ano passado para cá, o volumede recursos dedicado às mudanças climá-ticas cresceu de 8,8% para 11,8% do totalde investimentos da empresa.

Boa parte desses investimentos já estavaplanejada antes e foi executada a despeitodo cenário de incerteza econômica. A Vo-torantim inaugurou em agosto uma fábricade cimento em Porto Velho, Rondônia, econstruiu um forno novo em sua fábrica dacidade de Nobres, Mato Grosso. As instala-ções abastecerão as obras nas hidrelétricasdo Rio Madeira.Elas foram preparadas paraproduzir com uma matéria-prima especial,chamada pozolana, que reduz as emissõespoluentes a menos da metade daquelas doprocesso tradicional de fabricação.A empre-sa de laticínios Itambé manteve seu plano einvestiu R$ 13,2 milhões nos últimos doisanos para trocar as caldeiras das fábricas dePará de Minas e Guanhães, Minas Gerais, e

Goiânia, Goiás. Elas trocaram o óleo com-bustível, que contribui para o aquecimen-to global, por sobras de madeira de reflo-restamento, um combustível mais limpo.Algumas empresas também aumentaramseus investimentos para compensar o queemitiram. A empresa de eletrodomésticosBSH Continental,que fabrica a linha Bosch,plantou 15 mil mudas na região de Hor-tolândia, em conjunto com a ONG SOSMata Atlântica – um volume maior que onecessário para compensar os gases lança-dos por sua produção.

Por que os investimentos em políticaclimática estão resistindo às incertezaseconômicas? Em parte, porque deixaramde ser vistos como secundários e passaram

uma economia com baixas emissões degases ligados ao efeito estufa. Essa novaeconomia vai punir quem não investiragora em eficiência energética, fontes lim-pas de energia e alternativas de transportemenos poluentes.”

Para se precaver diante das mudançasno mercado e nas leis, as empresas estãoparticipando mais das discussões públicasem torno do tema. No ano passado, 77%das entrevistadas afirmaram acompanharesses fóruns. Neste ano, foram 80%. Nosencontros internacionais para discutir umtratado global que limite as emissões, emBali (em 2007) e na Polônia (em 2008),o Brasil foi um dos países com a maiorquantidade de representantes privados

ACNECEngenhariaeaArcelorMittal têmosmelhorescontroleseprojetosdereduçãodasemissões

a fazer parte do negócio das empresas.“Não é marketing, principalmente no casode companhias de capital aberto”, diz LuizGylvan Meira Filho, pesquisador da Uni-versidade de São Paulo (USP) e um dosconselheiros do prêmio. Para ele, gruposde investidores, como os fundos de pen-são, temem que o valor da empresa caiano futuro se elas não se precaverem.“Alémdisso, as empresas que investem mais noclima indicam boa situação financeira,o que atrai o interesse dos acionistas.”Hoje, os investidores pressionam maisque os consumidores, diz Mario Mon-zoni, coordenador do Centro de Estudosem Sustentabilidade da Fundação GetúlioVargas (FGV).“Eles (os investidores) estãoenxergando que as companhias precisamse preparar para um cenário mundial de

na delegação oficial. Só ficou atrás dosEstados Unidos e do Reino Unido. Essaparticipação deve se manter na próximareunião, em Copenhague, quando se espe-ra a assinatura do tratado.“É imprescindí-vel para as empresas entender o que estáem jogo”, diz Ernesto Cavasin, especialistaem sustentabilidade da PriceWaterHouse-Coopers. “A cada dia o governo dá sinaisde que o país poderá adotar uma meta dereduções de emissões.” Como toda grandetransformação mundial, a guerra contrao aquecimento global pode trazer ruínaa quem não se adaptar. Mas um gruposeleto de empresas se prepara para pros-perar na crise climática. E, se os princi-pais cientistas da área estiverem certos, elavai durar algumas décadas a mais que orecente tremor financeiro. u

das participantesconsideraram os riscose as oportunidades do

clima na hora de decidirnovos investimentos

delas executaramou planejaram ações

para gerenciaros riscos trazidos pelasmudanças climáticas

investem ou têm planosde investir em

produtos e serviços paraminimizar os efeitos

das mudanças climáticas

2007 2008

Quantas participam dediscussões públicas sobre otema mudanças climáticas

77%

(1) Média simples das empresas que responderama todas as perguntas do questionário

80%

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noVo caminHoLuiz Antônio Rossi, em frente auma bobina de aço no terminal

marítimo da Arcellor, em Tubarão.As bobinas, que seguiam de

caminhão até Santa Catarina,agora irão de barco, reduzindo a

emissão de diesel nas estradas

Como a siderúrgicaarcelorMittal ganhacréditos internacionaispor tirar poluiçãodo ar e transformá-laem energia

Juliana Arini, de Vitória

ESTR

aT é G I

a

MELHOR

HOR

O aço maislimpo domundoO aço maislimpo domundo

ArcelorMittaldoBras

ilQuanto emitiu

em 2008:

14.768.826

toneladas

Ocalor, o barulho e a sequênciade trens carregando ferro-gusaincandescente dentro de um

dos principais galpões da siderúrgica Ar-celorMittal Tubarão, no Espírito Santo,lembram as descrições bíblicas do infer-no. Quando o ferro líquido borbulhanteé despejado em uma espécie de formaquadrada, o calor no galpão é tão grandeque ninguém ousa ficar perto. Chegar aapenas 30 metros de uma das placas for-

madas pelo processo dá a sensação nítidade estar cozinhando por dentro. As placassão levemente resfriadas e levadas paraoutro galpão de ajuste, onde funcioná-rios vestindo botas, luvas e um grandecapacete de proteção laminam o aço comuma espécie de solda gigantesca. As fa-gulhas das placas são lançadas por todasas direções e queimam a roupa ou a peledos desavisados. É difícil associar esse tipode cena a qualquer ideia de boas práticas

Foto: Rogério Cassimiro/ÉpoCa

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ambientais. Porém, é justamente ali quea siderurgia está dando sua maior contri-buição para um planeta mais limpo. Commudanças em seu processo de produção,a ArcelorMittal Brasil foi a primeira side-rúrgica a reduzir 30% de suas emissões degases responsáveis pelo aquecimento glo-bal. Em cinco anos de projeto, ela evitouque 439.110 toneladas de gás carbônicofossem lançadas na atmosfera. Tirou doar o equivalente à poluição emitida emmédia por 260 mil pessoas no Brasil.

O processo começou em 1982, com ainstalação da siderúrgica em Tubarão, naregião de Vitória, capital do Estado. Naépoca, a questão-chave da empresa eraconquistar eficiência e autonomia ener-gética.“Sabíamos que o Estado não tinhaeletricidade para sustentar uma indústriado porte que pretendíamos instalar”, dizLuiz Antônio Rossi, coordenador do co-mitê de meio ambiente da ArcelorMittalBrasil. Numa iniciativa inédita no país, aequipe da siderurgia decidiu usar a polui-ção das chaminés para gerar eletricidade.Um conjunto de filtros capta os gases po-luentes que saem dos altos-fornos. Depois,

ambientais da companhia. “Tivemos delevar a ideia de sustentabilidade paraáreas como engenharia, operação, ma-nutenção e automação”, diz Rossi. “Hoje,todos os 4.500 funcionários da Arcelor-Mittal Tubarão participam do processo.”Uma forma de ajudar na compreensãodos projetos que a empresa desenvol-ve são as aulas e palestras que ocorremem um centro de educação ambiental,construído em uma aérea verde de 7.000hectares que cerca a siderúrgica. Nessaregião os funcionários participam depalestras sobre aquecimento global, efi-ciência energética e destinação de resí-duos. “Tentamos criar um ambiente emque essas questões sejam levadas tantopara a atuação da empresa quanto para avida dos nossos funcionários”, diz Rossi.Formado em engenharia ambiental, s

AArcelor,quereduziu30%desuasemissõesdegases, ganhouUS$5milhõesemcréditos

esses gases são levados por uma tubulaçãopara quatro usinas termelétricas para serqueimados e gerar vapor (e eletricidade).Além de tornar-se autossuficiente emenergia, a siderúrgica transfere cerca de60 megawatts para o sistema nacional dedistribuição de energia. Desde 2004, oprocesso rende à ArcelorMittal créditosambientais. Ao comprovar que tirou po-luição do ar, ela recebe certificados inter-nacionais conhecidos como Mecanismode Desenvolvimento Limpo (MDL), uminstrumento desenvolvido pela ONU parafinanciar projetos de redução nas emis-sões. Esses créditos são vendidos a outrasempresas, que não conseguem atingir suasmetas de corte de emissão. A negociação járendeu US$ 5 milhões à ArcelorMittal.

A iniciativa provocou um processo deconscientização geral para os impactos

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Rossi é um dos idealizadores de grandeparte das iniciativas da siderúrgica. Elediz ter escolhido a área ambiental justa-mente para evitar a degradação do pla-neta. “Tudo começou com um córregoque passava na chácara do meu pai, queproduzia frutas em Jundiaí (interior deSão Paulo). Quando eu era criança, vi des-truírem todas as matas que cercavam essecórrego, e ele praticamente secou. Meusfilhos nunca conheceram o córrego queeu vi.” Rossi trabalha na ArcelorMittaldesde os primeiros projetos da empresaligados a eficiência energética.

Se não salvou seu córrego de in-fância, Rossi está ajudando a usar melhoras barcas da empresa para reduzir os im-pactos do transporte pesado. A Arcelor-Mittal usava caminhões para levar bobinasde aço de 40 toneladas até o Porto de SãoFrancisco do Sul, em Santa Catarina, paraoutra unidade da companhia, onde elas sãotransformadas em aço fino para a fabrica-ção de eletrodomésticos da linha branca,como geladeiras, fogões e máquinas de la-var roupa. Eram 1.700 quilômetros de es-tradas, queimando diesel. Em 2006, a em-presa resolveu aproveitar que está situadana beira do mar e construiu um terminalde barcas para levar a carga.

A troca de caminhões por barcos vaievitar a emissão de 640 toneladas de gáscarbônico em dez anos. “As barcaças re-tiram 110 caminhões por dia de circula-ção das estradas”, diz Rossi. Animado, elemostra o sistema de iluminação do porto,construído de forma a não atrapalhar amigração das tartarugas marinhas.“Umadas bases do maior projeto brasileiro dereprodução de tartarugas está aqui, aolado de nosso porto.” Vizinha às tarta-rugas, uma barcaça é carregada com gi-gantescas bobinas de aço.

Uma mostra de como as iniciativas emTubarão contaminaram a empresa todasão as florestas comunitárias, em MinasGerais. Enquanto a siderúrgica de Tuba-rão queima carvão mineral importadoem seu forno, a usina da Arcelor na ci-dade mineira de Juiz de Fora se alimentade carvão vegetal. Ele é todo produzidoa partir de plantações de eucalipto que aempresa tem em Minas e na Bahia. Essecarvão é menos poluente que o mine-ral e ainda ajuda na captura do carbo-no emitido pela indústria na atmosfera.Quando as árvores crescem, absorvem do

ar o carbono que as chaminés do fornodespejaram. Agora, a Arcelor quer expan-dir a área de eucalipto com a participa-ção de pequenos produtores de quatromunicípios mineiros. “É uma forma debeneficiar as comunidades no entornoda empresa”, diz José Otávio Franco, ge-rente de meio ambiente da siderúrgicaem Minas. “Os fazendeiros não podemusar mais que 50% de sua área produti-va para plantar eucalipto. Eles tambémprecisam atender a todas as exigênciasde preservação de mata nativa impostaspela lei. “Queremos provar que é possí-vel ter siderúrgica com carvão vegetalsem afetar as espécies nativas da MataAtlântica e do Cerrado”, diz Roosevelt

Almando, gerente ambiental do projetode florestas comunitárias.

A forma de produzir o carvão vegetalé outra mudança da Arcelor. Seus fornosde carvão vegetal têm a forma de grandescontêineres de ferro, onde a madeira équeimada em alta temperatura até virarcarvão vegetal. Eles são vedados e opera-dos por máquinas controladas em umacabine por funcionários treinados. Nofuturo, a empresa espera que todos osgases emitidos pela produção de carvãotambém gerem energia.

Além do lucro com o mecanismo deMDL, os projetos de redução de emissõestransmitem credibilidade. “Há dois anos,fomos questionados por uma produtorade carros alemã sobre a origem de nossoaço”, diz Rossi, de Tubarão.“Queriam queprovássemos que nossa produção não ti-nha impacto sobre as florestas brasileirasnem sobre o meio ambiente.” Além degarantir os clientes, a empresa tambémestá conquistando empréstimos com maisfacilidade.“A maioria dos bancos tem exi-gências ambientais cada vez mais amplas.Principalmente em relação a indústriascomo as siderúrgicas, vistas com muitadesconfiança por muitos. Nesse caso, nos-sas iniciativas de MDL acabam virandouma prova de nossas boas práticas.” u

menos poluição, mais luzTécnicos monitoram a centralelétrica da siderúrgica emTubarão. A empresa aproveitaseus dejetos para gerareletricidade – e ainda entregaà rede pública o suficientepara abastecer 461 mil famílias

especial meio ambiente

Foto: Rogério Cassimiro/ÉpoCa

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Odia a dia da Cnec Engenharia,do Grupo Camargo Corrêa, éplanejar grandes obras, como

hidrelétricas, estradas e fábricas, e avaliarseus impactos ambientais. Mas o próprioescritório nunca tinha calculado comprecisão a própria contribuição para asmudanças climáticas. Até que decidiramfazer um levantamento detalhado. O re-sultado foi uma surpresa, mesmo paratécnicos, pesquisadores e engenheirosacostumados a lidar com o assunto porprofissão. “Acreditava que nossa maiorcontribuição fosse o uso de papel eenergia elétrica nos escritórios, mas nãotínhamos clareza sobre o assunto”, dizJosé Ayres de Campos, diretor superin-tendente da empresa. “Foi uma surpresaconstatar que mais de 80% de nossasemissões vinham do transporte, comoviagens de negócios e deslocamento daequipe de casa para o trabalho.” Comdois estudos de emissões publicados, aCnec foi a vencedora do Prêmio Épocade Melhor Inventário deste ano, por con-ta do nível de detalhamento e acuidadetécnica de seu diagnóstico que serviu debase para o plano de redução.

Criada há 50 anos por professores daEscola Politécnica da Universidade deSão Paulo, a Cnec Engenharia é uma dasmaiores empresas brasileiras de engenha-ria. Nos anos 70, já tinha um departamen-to para cuidar de questões ambientais emgrandes obras. Em 1986, começou os pri-meiros estudos de impacto ambiental dopaís. Ao decidir fazer o inventário, a Cnecdeu prioridade às iniciativas de eficiênciaenergética e de uso de material. Ela emitia9,7 toneladas de carbono por ano para

Maura Campanili

INVE

N TÁR I

o

MELHOR

HOR

Engenhariapara ir aoescritórioO principal impacto da Cnec no clima é odeslocamento de seus funcionários. Como ela estácortando o uso do carro e as viagens de avião

Engenhariapara ir aoescritório

CnecQuanto emitiu

em 2008:

2.020toneladas

EsPECiaL MEio aMBiEnTE

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vários ganhosEmerson Silva dá carona

para Yara Amadeu(de cachecol), AlineNunes (blusa lilás) e

Nair Aparecida (devermelho). Além de

companhia na viagem,eles ganham desconto

no estacionamento– e poupam emissões de

gases poluentes

cada milhão de reais de faturamento. Oíndice caiu para 8,8 toneladas. Sua metaagora é continuar reduzindo suas emis-sões relativas em 2,5% a cada ano.

Quando a empresa passou a contaro impacto de suas atividades além dasportas do escritório, descobriu que suasemissões não estavam restritas ao am-biente dos escritórios. “Constatamos quea maior parte de nossas emissões vemdas viagens de negócios, com 49,8%”, dizDaniela Basílio, responsável pela área deresponsabilidade social, que assumiu olevantamento das emissões. O segun-do deslocamento com maior impactoé a ida e volta do trabalho, com 32,1%.“Somando com os gastos com frota pró-pria e logística (motoboy, transporte decarga), temos 83,8% das emissões da em-presa”, diz Daniela. A principal medidafoi o investimento em videoconferências.Salas especiais foram implantadas emSão Paulo e em outros escritórios. É poresse sistema que equipes de São Paulo,Rio de Janeiro e Houston, envolvidas em

projeto para o Polo Petroquímico do Riode Janeiro da Petrobras, se reúnem duasvezes ao dia para discutir o andamentodo trabalho. “Às vezes, é difícil, não dápara substituir todas as viagens, pois ocliente quer contato direto”, diz Campos.“Mas tentamos negociar.”

A segunda estratégia da empresa foipromover a carona entre os funcionários.Para formar os grupos de caroneiros, aempresa pegou os CEPs dos funcionáriose, a partir do site de orientação GoogleMaps, selecionou colegas que moravamna mesma região e tinham o mesmo ho-rário de entrada e saída. Depois promoveureuniões entre eles sobre a possibilidadeda formação de grupos de carona. Deu,ainda, o incentivo de isenção de estacio-namento para grupos de, no mínimo,três pessoas. Um dos primeiros a aderirao programa foi o analista de RH EmersonSilva Messias, morador de Sapopemba, naZona Leste de São Paulo, que colocou seucarro à disposição dos colegas. Formadohá dois meses, o grupo tem cinco pessoas,

que garantem estar satisfeitas com aopção.“Foi uma mudança na minha vida,pois saía de casa às 6 horas para chegar,nos dias de sorte, às 8 horas no trabalho,de ônibus. Agora, o Emerson me pega às6h45 e chego no mesmo horário à em-presa”, diz a assistente administrativa NairAparecida Moreira Gonçalves. No cami-nho, vão sendo incorporadas ao grupoLucinda Piovezana e Aline Nunes Pereira,até chegarem ao Brooklin, já na Zona Sul,onde pegam a colega Yara Amadeu Alon-so. Em alguns dias da semana, Emersondeixa o carro na garagem de Yara e se-guem no carro dela. “A ideia é dividir aresponsabilidade”, diz.

Pelos cálculos de Daniela Basílio, le-vando em consideração modelo e ocupa-ção dos veículos e distância percorrida,a empresa consegue em média uma eco-nomia de 2 toneladas de gás carbônicopor grupo de carona formado. Segundoela, a carona também aumentou o en-trosamento da equipe. “Conseguimosaproximar e integrar pessoas. Há dois

funcionários que moram na mesma ruaem Embu, e não se conheciam.”

A Cnec também investirá, neste ano, emuma recomposição florestal para com-pensar cinco anos de emissões da empre-sa. O plano é dar preferência a trechos defloresta que possam se conectar a outrasmatas para ampliar a circulação da fauna.E privilegiar áreas de mananciais.

Além de cuidar da própria casa, a Cnectambém tem influência nas obras queprojeta para a Camargo Corrêa. “Nos-sa missão nesse ponto é conscientizar ebuscar influenciar a cadeia”, diz Campos.Por sugestão da Cnec, uma hidrelétricaquase inoperante em uma fazenda dogrupo em Mato Grosso foi reformada eampliada para 3 megawatts e hoje pro-duz energia suficiente para compensaras emissões nos horários de pico doCentro Empresarial Camargo Corrêa,sede da empresa, do Centro Adminis-trativo Santo Amaro, onde fica a Cnec,e do Shopping Jardim Sul, também dogrupo, todos em São Paulo. u

AempresafaráplantiodeMataAtlânticaparacompensarcincoanosdeemissõesdesuasatividades

Foto: Sergio Zacchi/ÉPOCA

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Roger Agnelli

Filho de um madeireirodo interior de São Paulo,roger agnelli, presidente da Vale,

diz que viu o pai se arrepender e virarum conservacionista. hoje, ele própriojunta espécies nativas em casa. mas suaestratégia para lidar com as mudançasclimáticas é outra. Para agnelli, o Brasilnão deve pensar em fundos internacio-nais para outros países compensaremsuas emissões preservando nossa flores-ta. ele acha que o país ganhará mais sefor à Conferência da oNu, em Cope-nhague, lutar por metas ambiciosas deredução das emissões responsáveispelo aquecimento, tanto para paísesdesenvolvidos quanto emergentes.e atrair as indústrias do mundocom nossa matriz energética limpa.

época– Como o Brasil pode aproveitaras mudanças climáticas?Roger Agnelli – Por meio do biocombus-tível, podemos reduzir as emissões –e isso vale dinheiro. as florestasexistentes também têm valor. refloresta-mento também pode render lucro.Para qualquer empresa que precisa pro-duzir e reduzir suas emissões, o Brasil,com suas hidrelétricas, deveria ser pla-taforma de investimento. a questão cli-mática levará o mundo a uma mudançageopolítica. e as indústrias emergentesvão querer se instalar em países ondeas restrições não sejam tão grandes.Naturalmente, o Brasil será uma áreade atração para o investimento.

época– O país deve defender metasambiciosas para todo o mundo e deixarque as indústrias venham para cá?Agnelli – meta para o Brasil não é pro-blema, porque podemos nos adequar aqualquer uma. Simplesmente acabando s

Mais que buscar dinheiro para preservar afloresta, o Brasil deve atrair empresas usando suamatriz energética limpa, diz o presidente da Vale

Alexandre Mansur

entrevista

“As indústrias têmde vir para cá”

queM éPreside a Vale desde 2001. Era diretorexecutivo do Banco Bradesco, ondefez carreira. Formou-se em economia pelaFundação Armando Álvares Penteado. Écasado e tem dois filhos (um casal) crescidos

O que fezFoi um dos líderes de um movimento deempresários que assinaram uma cartaaberta ao governo, em agosto, sugerindopolíticas para as mudanças climáticas

editoria retrancaespecial meio ambiente

Foto: Stefano Martini/ÉPOCA

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com o desmatamento e as queimadasilegais e com o metano do esgoto a céuaberto. São políticas públicas benéficaspara o país. Ora, se eu colocar uma metaalta, pior para aqueles que emitem maise não têm onde compensar. Aí eles vêminvestir aqui. Que fechem as fábricaslá e as transfiram para cá. Esse é o jogoimportante para o Brasil, porque essetipo de investimento traz junto geraçãode emprego e de renda. E o que move odesmatamento ilegal é a falta de opçãopara essas famílias. Elas tiram carvão,cortam madeira ou abrem pasto porquenão têm outra chance de renda. Porisso, o investimento é mais importanteque buscar dinheiro lá fora para pagar afloresta em pé. Se abrirmos a oferta denossas florestas, estaremos jogando forauma vantagem competitiva enorme. Senos mantivermos fechados, aí seremosopção para outras indústrias que nãotêm onde crescer. No Japão, o primeiro--ministro estabeleceu por meta reduzir25% as emissões. Com isso, a indústriasiderúrgica tem de ir embora de lá.Para onde eles vão? A gente tem minérioe energia. Por outro lado, se for paraoferecer esse pagamento por florestascomo opção de compensação para asempresas aqui do Brasil, aí está perfeito.

época– E como as mudançasclimáticas podem nos prejudicar?Agnelli – Tanto quanto a todo mundo.Ninguém sabe exatamente o que poderáacontecer. Mas, em nosso caso, já esta-mos pensando nisso. Os portos terão dese preparar. Estamos terminando umlevantamento da extensão de reformaspara as atuais operações que temosna costa. São investimentos em longoprazo. Estamos estudando nas ferro-vias onde há problemas de alagamentoe onde será necessário fazer diques.Nossas barragens de rejeitos estão sendomodificadas para chuvas mais inten-sas. Ninguém tem estatística para fazernumericamente todos os projetos. Mas,para planejar obras de infraestrutura, jáé necessário considerar esses riscos.

época– O grupo de empresários deque o senhor faz parte sugeriu aogoverno apresentar metas de reduçãonas emissões com números. Mas, atéagora, não foi apresentado nenhumnúmero. Como o senhor vê isso?Agnelli – Francamente, acho que, mos-

pré-sal é uma alavanca de desenvolvi-mento com a preocupação ambiental. Atecnologia vai acompanhar para tornarviáveis novas fontes de energia limpa. Epara tornar mais eficiente a energia fós-sil atual. Os carros, por exemplo, rodamcada vez mais com menos combustível.

época– O potencial hidrelétrico do paísestá principalmente na Amazônia. Masconstruir usinas lá hoje pode aumentaro desmatamento, nossa maior fontede emissões. Como resolver isso?Agnelli – Se você conseguir reduziro tamanho dos reservatórios, reduzo impacto. Mas não dá para olhar aquestão ambiental com uma ideolo-gia radical de meio ambiente. Tem dehaver uma ótica de desenvolvimentosustentável. A miséria é que destrói.Não é aceitável colocar restrições aocrescimento, por causas ambientais,enquanto as questões básicas nãoforam resolvidas. Fazer saneamentobásico deveria gerar crédito de carbo-no. Ninguém discute o Rio Tietê oua Baía de Guanabara. Muitos ambien-talistas que fazem passeata contraprojetos de energia deveriam pedirtratamento de esgotos, de efluentese de lixo. Agora, se você cuidarda geração de renda, do saneamentoe da educação, as pessoas vão respei-tar o ambiente naturalmente.

época– O senhor vai paraCopenhague. Acha que o presidenteLula deveria ir também?Agnelli – Se ele fosse, seria um show.O país está na vanguarda.Estamos em condições hoje de assumira posição de direção desse processo,e não como passageiros.

época– E as críticas que o presidenteLula fez em relação às demissões na Vale?Agnelli – O presidente é um craque. Estáfazendo o papel dele. Eu, na direção daVale, cutuco, cobro e questiono muito. Opresidente, na posição dele, tem o direitoe até o dever de cobrar mesmo. É pormeio de críticas construtivas que vocêanda para a frente. Nesse ponto, eu como presidente me dou bem. Eu o admiro eo respeito. Como cidadão brasileiro, ele émeu presidente. E tem feito um trabalhoextraordinário no país. Cobrar a Valeé bom. Cobre a Vale, que a gente andaum pouquinho mais para a frente. u

trando metas, você fixa objetivos. E esta-belece um ponto para dizer se está bemou mal. Isso abre um campo enormepara autuações. Aliado a isso, como eujá disse, o Brasil tem de lutar por metasporque está numa condição única hoje.O empresariado brasileiro está muitoconsciente disso, porque o mercado exi-ge isso. Todos os nossos fornecedores sãoescolhidos com critérios ambientais. Nosupermercado de hoje, os adolescentestêm uma consciência clara do que é reci-clável ou mais poluente, se a carne vemda Amazônia. Aqui no Brasil ou fora.Esse jogo todo em Copenhague não é sóuma questão de emissão de gases. Portrás disso há uma guerra comercial. Semmeta, você pode se prejudicar violenta-mente. A China entendeu esse jogo. Hojevocê pode dizer que não vai importar de

“Sevocêcuidardageração

derenda,dosaneamentoedaeducação,aspessoasvão

respeitaroambiente”

lá porque eles não têm legislaçãotrabalhista séria, fazem dumping oupoluem. Para combater essas barreirascomerciais invisíveis, só estabelecendocritérios claros, factíveis e auditáveis.

época– Até que ponto é interessanteembarcar no petróleo do pré-salnum mundo que se prepara para umaeconomia de baixo carbono?Agnelli – O pré-sal é uma dádiva. Aeconomia vai depender de combustíveisfósseis por muitos anos. Se a renda dessaexploração se reverter em benefício paraa sociedade e o meio ambiente, melhor.Não podemos esquecer o homem nessaequação toda. Ele tem necessidades bá-sicas. Precisa de energia, comida e bens.Principalmente de renda para viverbem e não agredir o meio ambiente. O

editoria retrancaespecial meio ambiente

EP594p072_074.indd 74 30/9/2009 22:18:43

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28 de setembro de 2009, ÉPOCA > 75

O questionário também investiga a am-bição do projeto das empresas para reduzirseu impacto no clima.“As alterações climá-ticas mudarão a forma de produzir e fazernegócios. As empresas preparadas estarãomenos expostas a riscos e poderão traduzirisso em vantagem competitiva”,diz Cavasin.

Convidamos as 400 maiores empresas eos 25 maiores bancos do país a responder.Também tivemos inscrições voluntárias,como da Sabesp e da Polícia Federal. Nototal, 95 organizações concorreram aoprêmio – quase o triplo das 33 inscriçõesdo ano passado, o primeiro ano da pre-miação. Desse total, 27 conseguiram iraté o fim no processo. Ele é bem difícil:a empresa só consegue participar se tiverinventário e plano de ações estruturados.

A partir do questionário, a Price apli-cou critérios objetivos para estabeleceruma pontuação para cada empresa. Se elaconta as emissões de fornecedores, ganhamais pontos que se medir apenas o queproduz sozinha (porque isso significaque a empresa tem um impacto positivomaior na sociedade). Para avaliar o pro-

Como escolhemosas melhorespolíticas contra oaquecimento global21empresas

lídereslista de empresas apontadas por esta edição é o produto deuma pesquisa pioneira para avaliar as organizações com me-lhor estratégia contra o aquecimento global. É o único levan-

tamento do tipo existente hoje no Brasil. “A intenção do prêmio é com-preender como as empresas estão se preparando para lidar com umambiente cada vez mais restritivo em emissões”, diz Ernesto Cavasin,da empresa de auditoria PriceWaterhouseCoopers, que desenvolveu,em parceria com ÉPOCA, a metodologia do prêmio. São 52 questões(57 para empresas do setor financeiro) sobre a abrangência, o rigor ea transparência do controle de emissões das empresas.

jeto de redução nas emissões, a empresaque busca melhorar a eficiência no con-sumo de energia ganha mais pontos queaquela que apenas substitui um combus-tível mais poluente por outro, mais lim-po (porque eficiência reduz o consumodesnecessário de recursos naturais). Pelamesma razão, reduzir as emissões noprocesso produtivo vale mais pontosque compensá-las plantando árvores.

Com a pontuação total obtida apartir desses critérios, submetemoso resultado a um conselho de espe-cialistas formado por José AugustoFernandes, da Confederação Nacio-nal das Indústrias; Luis Gylvan, daUniversidade de São Paulo (USP);Mark Lundell, do Banco Mundial;e Rachel Bidermann, da FundaçãoGetúlio Vargas. Além de destacar asempresas vencedoras dos prêmiosde Melhor Inventário e Melhor Es-tratégia, apontamos, nas próximaspáginas, as 21 empresas (duas empata-ram no 20o lugar) com melhor políticapara lidar com as mudanças climáticas.

Quantoelas emitiram

em 2008Nas próximas páginas,

exibiremos as emissões(em toneladas) dos gases

responsáveis pelo aquecimentoglobal. Algumas empresas

medem só suas emissões diretas,outras também contam compra

de energia e até dados deterceiros, como fornecedores e

consumidores

Fornecedorese consumidores

Emissõesdiretas

Compra deenergia

21empresaslíderes

AESTietê

AmBev

BancodoBrasil

Bradesco

BSHContinental

EDP

Honda

Itambé

ItaúUnibanco

MotoHonda

Multipark

Natura

Polícia Federal

Sabesp

SouzaCruz

Suzano

Syngenta

Telefônica

UnimeddoBrasil

Vale

Votorantim

AAlexandre Mansur

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Asusinasgeramflorestas

EnergiaparaeconomizarEnergiaparaeconomizar

Inclui:

AESTietêQuanto emite:

1.322

Aempresa de energia AES Tietê nãodeveria se preocupar tanto com

seu impacto para o clima: sua geração éprincipalmente a partir de hidrelétricas,com baixa emissão de poluentes. Apesardisso, ela está investindo no combate aoaquecimento global. Só no ano de 2009,estima-se que a companhia gaste R$ 11,5milhões com investimento para mudançasclimáticas. É 11,48% dos investimentosda empresa e quase 90% do que ela gastacom o setor de meio ambiente. A principalmedida é o plantio de árvores nas margensde seus reservatórios, fixando em solo ocarbono que hoje está na atmosfera.

A motivação da empresa era resolveroutro problema. As margens dos reser-vatórios, embora preservadas durantedécadas, não haviam conseguido recu-

Salvador Nogueira

DUPLOBENEFÍCIO

Viveiro deespécies nativasda AES. Florestasque limpam o ar e

evitam a erosão namargem dos lagos

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

perar naturalmente a vegetação nativa.Sem ela, estava acontecendo um processode sedimentação na represa, que poderiase tornar um problema incontornável nofuturo. Para solucioná-lo, a AES Tietê de-cidiu conceber um plano de plantio demudas da Mata Atlântica. E aí surgiu aoportunidade de conceber esse projetocomo um Mecanismo de Desenvolvi-mento Limpo, instrumento gerador decréditos de carbono (que podem ser ven-didos no mercado internacional).

Desde 2001, foram plantados 1.500 hecta-res. Neste ano, deverão ser mais 800. O pro-jeto completo prevê o replantio de 12.000hectares. As mudas plantadas são de 120espécies nativas. Estima-se, com isso, tirar6 milhões de toneladas de gás carbônico daatmosfera ao longo de 20 anos.

No Banco do Brasil, a conta de luz – e deemissões – caiu graças à disposição para mudar

Quando uma instituição que contacom 90 mil funcionários se propõe

a reduzir seu gasto com energia, o resulta-do pode ser uma economia equivalente aoconsumo de 45 mil residências ao longo deum mês.É esse o tamanho do corte do Ban-co do Brasil num intervalo de cinco anos,num projeto que inclui dezenas de mu-

Carla Uerlings

BancodoBrasil

Inclui:

Quanto emite:

49.700Inclui:

danças de funcionamento – e de hábitos.As iniciativas começaram no final da

década de 90, com base no Procel – planode redução de energia do governo federal.Segundo Clara Cunha, diretora de logísticado banco, o corte nos gastos foi de 36%entre 1998 e 2003. Toda a infraestrutura deiluminação, ar-condicionado e elevadores

AsusinasgeramflorestasA AES Tietê estáplantando Mata Atlânticanas margens de suasrepresas hidrelétricas

76 > ÉPOCA , 5 de outubro de 2009 Fotos: Alex Almeida/ÉPOCA (2) e Anderson Schneider/ÉPOCA

EP594p076_077.indd 76 30/9/2009 20:07:52

Page 14: Leia a edição completa

AmBev

Inclui:

Quanto emite:

586.239

Com materiais comoo coco do Nordeste ou acasca de arroz, a AmBevreduz emissões em 27%

Oprograma da AmBev para reduziremissões de gases do efeito estufa

espelha o perfil que deu fama à empresano mundo dos negócios: é agressivo. Acompanhia introduziu o uso de biomassana geração de energia para sua linha deprodução. Atualmente, 29% da energiagasta na produção de bebidas vem daqueima de materiais como casca de arroz,casca de coco de babaçu ou galhos corta-dos em processos de poda. A queima damatéria orgânica produz, sim, gás carbô-nico – mas, em contrapartida, é precisoplantar para fornecer a biomassa, e o pro-cesso absorve gás da atmosfera.

Das 33 fábricas que produzem bebidasno Brasil, oito já têm usinas de biomassa.A mudança de matriz energética exigiuum investimento de R$ 24 milhões nos

Salvador Nogueira

MOVIDA AVAPOR

Na caldeira dafábrica de Agudos,

em São Paulo,restos de madeira

são queimados paraproduzir energia

últimos dois anos. O resultado foi umaredução de 27% nas emissões nos últi-mos cinco anos. Para ser eficaz, a iniciativaobriga a AmBev a adotar outro mantra dasustentabilidade: consumir produtos lo-cais. Em cada fábrica, as usinas de biomas-sa têm de se adaptar aos recursos disponí-veis nas redondezas. “No Rio Grande doSul usamos casca de arroz”, afirma BeatrizOliveira, gerente corporativa de meio am-biente da AmBev.“No Piauí, casca de cocode babaçu. Se a matéria-prima não for lo-cal, o transporte anula a redução de gases.”

O gasto vale a pena: ignorar o proble-ma pode sair mais caro. O aquecimentoglobal pode alterar a oferta de água, maltee lúpulo. Além disso, o uso contínuo danova matriz compensa, pois a energia émais barata.

instalada nos 1.893 prédios que abrigamagências e escritórios do BB foi renovada.

“Adotamos luminárias mais eficientes,reduzimos a potência elétrica trocandoreatores e lâmpadas, tudo sem prejudicara qualidade da iluminação”, diz Clara. Osistema de ar condicionado foi substituídopor uma tecnologia inteligente: de acordocom o momento do dia, o calor do horárioe a quantidade de pessoas, o resfriamento éligado e desligado automaticamente.

A transformação não foi fácil.“Tivemosde sensibilizar as pessoas que trabalhamno Banco do Brasil e superar resistências”,afirma Izabela Alcântara Lemos, diretorade desenvolvimento sustentável. A despei-to das dificuldades, o processo virou pa-drão: desde 2004 todas as novas agênciassão projetadas nesses moldes. s

POPULAÇÃOSede do Banco do

Brasil, em Brasília. Aeconomia de energia

nos escritórios centraisdo banco equivale

ao consumo de umacidade com 45 mil

residências

ObabaçuqueviroucervejaObabaçuqueviroucerveja

5 de outubro de 2009, ÉPOCA > 77

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78 > ÉPOCA , 5 de outubro de 2009

Reduçõesabasedeáguaevento

Docarroflexàimpressora

Inclui:

BradescoQuanto emite:

168.960

O Bradesco quer quetodos os fornecedores deserviços contribuampara reduzir as emissões

De olho nas mudanças climáticas, oBradesco passou a exigir de seus for-

necedores práticas que reduzam as agres-sões ao meio ambiente. É uma rede detamanho considerável: mais de 2 mil em-presas prestam serviços regulares ao ban-co. “Queremos contabilizar a emissão detodos os que fazem parte de nosso proces-so. A lição de casa de nossos fornecedoresé adotar mais matérias-primas e produtoscertificados”, diz Paulo Aparecido dos San-tos, diretor de compras da empresa.

Em 2006, o Bradesco foi o primeirobanco brasileiro a instituir a neutralizaçãode carbono (compensar todo o gás emiti-do na empresa). Há três anos a companhiapromove reuniões semestrais com os for-necedores. Do último encontro, realizadoem junho, participaram 800 empresários,

Carla Uerlings

ESTA PLANTAÉ UMA FLORESTA

Além de iniciativaspara diminuir

o impacto sobre omeio ambiente, o

banco cria milharesde mudas

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

responsáveis por 13 mil itens fornecidosao banco. Uma dessas propostas tratou daatualização do parque de impressão dasagências. Em parceria com o fornecedorresponsável, o Bradesco substituiu mais de20 mil impressoras, fax e copiadoras por10 mil aparelhos multifuncionais, alimen-tados por cartuchos de tinta reciclados.Além de diminuir o número de máquinas,a novidade representou uma redução nodeslocamento de técnicos de manutençãoe no gasto com papel e energia.

Os contratos de locação de carros exi-gem que todos os veículos sejam flex, eo Bradesco realiza, ainda, visitas parafiscalizar como os fornecedores estãodescartando o óleo queimado pelos au-tomóveis. Tudo isso entra no cálculo finaldas emissões do banco.

O negócio da EDP está no centro do combate àsmudanças climáticas: fontes renováveis de energia

Ogrupo EDP Energias do Brasil, ligadoà EDP de Portugal, sabe que o aqueci-

mento global pode afetar o volume de águados rios – o que teria um impacto direto emseu negócio de construção de hidrelétricas.Justifica-se, portanto, o investimento deR$ 5,9 milhões em ações antiaquecimentoglobal.A EDP está conectada em sua essên-

Salvador Nogueira

EDP

Inclui:

Quanto emite:

7.832

cia a soluções amigas do meio ambiente: aoconstruir hidrelétricas – e também usinaseólicas – aumenta a oferta de fontes limpase renováveis de energia. “Nos últimos trêsanos, fizemos grandes investimentos emenergias renováveis – mais de 50% do quefoi gasto no mundo inteiro”, afirma Mi-guel Setas, diretor-vice-presidente de co-

Docarroflexàimpressora

Reduçõesàbasedeáguaevento

Fotos: Rogério Cassimiro/ÉPOCA, Toni Pires/ÉPOCA e divulgação

EP594p078_079.indd 78 30/9/2009 20:12:32

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5 de outubro de 2009, ÉPOCA > 79

Asoluçãoqueveiodofrio

BSHContinental

Inclui:

Quanto emite:

2.462Inclui:Inclui:Inclui:Inclui:

Com um consumode energia 20% menor,a geladeira da BSH criouum círculo virtuoso

Colocar as mudanças climáticas na gela-deira: foi essa, literalmente, a ideia da

empresa de eletrodomésticos BSH Conti-nental para reduzir as emissões de gases doefeito estufa. Atualmente, a companhia é aúnica do setor no Brasil a produzir umageladeira que não usa esses gases em seufuncionamento, além de consumir 20%menos energia que os aparelhos concor-rentes. Com essa ação, a BSH ajuda a en-frentar o aquecimento global e ainda ajudao consumidor a reduzir suas emissões.

“Embora o resultado não seja mensurá-vel em números, acredito que a iniciativatenha despertado o interesse dos clientesnas lojas”, afirma Ricardo Cunha, vice-pre-sidente da BSH. Ele diz que, no Brasil, ain-da há um longo caminho a trilhar na cons-cientização ambiental. Mas a história da

Salvador Nogueira

SAI A VELHA,ENTRA A NOVA

A empresa fezparcerias com

concessionáriaspara substituirrefrigeradores

antigos

geladeira, lançada em 2007, é um exemplode que uma proposta isolada pode gerarum ciclo virtuoso, com direito a benefíciosambientais e econômicos para um grupobem mais amplo de pessoas.

A geladeira da BSH está no centro deuma parceria que envolve, além da pró-pria companhia, cidadãos e companhiasenergéticas. Com o objetivo de reduzir ademanda por eletricidade, concessionáriascomo Eletropaulo, de São Paulo, e Cemig,de Minas Gerais, realizam a troca de gela-deiras antigas por outras de baixo consu-mo.“A companhia energética troca um re-frigerador usado por um novo”, diz Cunha.“Abre-se uma licitação, a BSH entrega oproduto e retira o antigo, que passa porum processo de reciclagem no qual cadamaterial recebe a destinação correta.”

mercialização e novos negócios.“Tambémno Brasil apostamos na área de energiasrenováveis, concentrando o trabalho numageração à base de água e vento.”

Para organizações com o perfil da EDP,as mudanças climáticas são uma grandeoportunidade de negócios. Mas as açõesdo grupo vão além de buscar o lucro: aEDP também se esforça para reduzir aspróprias emissões. “Temos poucas fontesde emissão, sendo as principais a nossafrota de automóveis, tanto própria quantoterceirizada, e os gases usados nos trans-formadores das usinas”, afirma Setas. Cál-culos da própria empresa dão conta deque a EDP emite, anualmente, 8.000 to-neladas de gás carbônico. Para compensaro estrago, a companhia está renovando afrota de veículos, com carros flex. s

NAVANGUARDA

A usina eólica deSanta Catarinarepresenta uminvestimentopioneiro em

geração limpa

Asoluçãoqueveiodofrio

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UmesforçoemdoseduplaUmesforçoemdosedupla

Inclui:

HondaQuanto emite:

18.626

Uma palavra que faz tremer líderesmundiais em discussões sobre mu-

danças climáticas parece não assustar aHonda do Brasil: meta. A fábrica brasi-leira da montadora japonesa pretendereduzir em 30% as emissões de gás car-bônico até dezembro de 2010, em relaçãoaos níveis do ano 2000. A empresa tembom histórico. Vários projetos já a aju-daram a garantir uma redução de 24%desde a virada do milênio.

As propostas da Honda incluem mu-danças de grande porte, como a comprade equipamentos modernos que conso-mem menos energia, e soluções aparen-temente prosaicas, como a substituiçãodas telhas opacas da fábrica por telhastranslúcidas. O aumento da luminosidadeinterna permitiu manter dezenas de lâm-

Salvador Nogueira

À LUZ DAREDUÇÃO

A fábricaganhou telhastranslúcidas.

A ideia diminuiuas emissões e a

conta de energia

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

padas apagadas durante o dia. A Hondaestá substituindo sua frota interna de au-tomóveis por carros flex. Esse ponto é tra-tado com orgulho.“A Honda do Brasil foia primeira unidade da empresa no mundoa fabricar veículos movidos a etanol”, dizArthur Signorini, gerente de gestão am-biental da companhia. A Honda tambémse esforça para produzir carros que poluammenos. No ano passado, uma entidadeambiental americana elegeu o New Civic– produzido também aqui – o carro maisverde do país. No Brasil, o Ministério doMeio Ambiente elegeu o New Fit como oterceiro carro menos poluente. E a Hondajá está com um pé no futuro: nos EstadosUnidos, a marca está fabricando o FCXClarity, um compacto de baixo consumomovido a células de combustível.

Após a fusão, o Itaú Unibanco une projetose concentra iniciativas na área de tecnologia

Afusão de dois gigantes como Itaúe Unibanco, anunciada em setem-

bro de 2008, não representa apenas umdesafio cultural. Há um esforço maciçode redução de emissões imposto pelareunião dos dois gigantes numa únicainstituição. A nova configuração exigecoordenar iniciativas que já estavam sen-

Carla Uerlings

ItaúUnibanco

Inclui:

Quanto emite:

129.361

do feitas e combiná-las a novas ações.As principais propostas estão na área detecnologia – responsável pela maior partedas emissões do banco.

Já em 2004 o Itaú começou a trocara refrigeração do Centro Técnico Ope-racional, responsável pelo resfriamentodos equipamentos de processamento

AHonda,semmedodametaAHonda,semmedodametaA fábrica brasileira damontadora quer cortarem 30% sua produçãode gases do efeito estufa

80 > ÉPOCA , 5 de outubro de 2009 Fotos: Rogério Cassimiro/ÉPOCA, Henrique Gualtieri/ÉPOCA e Sergio Zacchi/ÉPOCA

EP594p080_081.indd 80 30/9/2009 20:17:17

Page 18: Leia a edição completa

Itambé

Inclui:

Quanto emite:

91.030

Nos dois últimos anos, os funcioná-rios da Itambé, maior indústria de

laticínios de capital nacional, tiveram dese adaptar a uma mudança no processo deprodução. As tradicionais caldeiras à basede óleo derivado de petróleo, que geravamo vapor necessário para fabricar achoco-latados, requeijão, iogurtes e leite em pó,pararam de funcionar. Foram substituídaspor outras, alimentadas por cavaco de ma-deira – pequenas lascas de troncos de árvo-re. Menos prejudiciais ao meio ambiente,as novas caldeiras são espaçosas: ocupam otriplo da área das antecessoras.Além disso,o cavaco tem de ser estocado em enormessilos e gera poeira quando manipulado.

Esse transtorno gerou um benefício quesai pelas chaminés da Itambé: a emissãode dióxido de carbono caiu a um sexto da

Mauro Silveira

CALOR VEGETALGonçalves com lascasde troncos de árvores.

O material substitui óleode petróleo nas caldeirasque geram calor para asmáquinas processarem

o leite

anterior. Mas a troca das caldeiras não foiuma decisão fácil. O custo de R$ 13,2 mi-lhões para trocar as caldeiras das fábricas deGoiânia, em Goiás, Pará de Minas e Gua-nhães, em Minas Gerais, era alto demais. Ofato de o cavaco ser menos poluente que oóleo não bastava para tornar o projeto viá-vel.Além disso,a economia financeira gera-da pelo biocombustível não era significativa.E a capacidade de produção ficaria igual.

“O fator decisivo foi a possibilidade deobter créditos de carbono para vendê-los”,diz Gustavo Jacques Gonçalves, gerente-ge-ral industrial da Itambé e responsável peloestudo.A empresa que reduz suas emissõesrecebe créditos que pode vender no merca-do de carbono a países que não atingem asmetas de redução do Protocolo de Kyoto.Em última análise, a mudança gera lucro.

de dados. A substituição, concluída em2006, reduziu em 40% o consumo deenergia. “Isso equivale a alimentar 36agências de porte médio durante ummês”, diz Julio Cezar De Conti, superin-tendente da área de tecnologia do Itaú.O próximo passo é substituir 100 milmonitores de tubo por telas LCD, quegastam 50% menos energia.

Para dar conta das operações realizadaspor seus 14,5 milhões de correntistas, oItaú Unibanco está investindo tambémna compra de equipamentos novos. Entre2008 e 2009, 750 servidores foram desati-vados, dando lugar a apenas 55 máquinasque fazem o mesmo trabalho e conso-mem menos energia. A próxima etapaprevê a união dos centros de operaçõesde ambos os bancos. s

FRIOINTELIGENTE

O sistema derefrigeraçãodo centro de

processamentode dados ficoumais eficiente

AdançadascaldeirasAdançadascaldeirasA Itambé parou de queimaróleo e adotou lascasde madeira. Reduziuem seis vezes as emissões

5 de outubro de 2009, ÉPOCA > 81

EP594p080_081.indd 81 30/9/2009 20:17:21

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82 > ÉPOCA , 5 de outubro de 2009

UmcálculosemmaquiagemUmcálculosemmaquiagem

Inclui:

MotoHondaQuanto emite:

36.322

Na fábrica da Hondaem Manaus, até a cercaelétrica entrou no planode redução de emissões

Eram 30,91; passou para 22,49. Foi essaredução, em quilos de gás carbônico

para cada motocicleta produzida, que aMoto Honda da Amazônia computoudesde 2004. Trata-se de uma diminuiçãode 27%. Boa parte dessa conquista se deveàs adaptações feitas na fábrica, em Ma-naus. Foram instalados controladores detemperatura, áreas onde havia iluminaçãonatural perderam lâmpadas e as luminá-rias externas passaram a ser ativadas porsensores fotoelétricos. As caldeiras, queantes queimavam querosene, passarama utilizar gás natural. Até a segurançada fábrica passou a ser feita de forma areduzir emissões: as cercas elétricas sãohoje alimentadas por painéis fotoelétri-cos, que se alimentam de energia solar.

O processo produtivo também ficou

Salvador Nogueira

NA MONTAGEMControles detemperatura

e sensoresfotoelétricosdiminuíram a

emissão de gáscarbônico

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

mais eficiente. O vapor condensado éreutilizado; tanques de lavagem de peçase máquinas injetoras de peças plásticaspassaram a contar com isoladores térmi-cos (para aproveitar melhor a produçãode calor); e detectores de vazamento de arcomprimido evitam desperdícios.

“Nossa meta é atingir a marca de 17,22quilos de gás carbônico por moto em2010”, afirma Josué Campos, gerente degestão ambiental da Moto Honda. Na li-nha de montagem, a proposta é produzirmais veículos de baixa emissão. A Hondafoi a primeira montadora a produzir umamoto movida a bicombustível: a CG Ti-tan Mix. A empresa faz ainda um controlerigoroso dos níveis de poluição que saemdos escapamentos e passou a usar tinta“ecológica” para pintar as motocicletas.

Na Natura, a conta da poluição inclui até o petróleousado para fazer o plástico das embalagens

Omaior obstáculo para a Natura resideem sua maior força: o crescimento

notável – 14% em 2008, já em plena criseeconômica. O que é ótimo para os negóciosnão é tão bom para o meio ambiente: de2006 a 2008, o total absoluto de emissõesde gases do efeito estufa da Natura cresceu8,8%.A companhia tem se concentrado em

Mauro Silveira

Natura

Inclui:

Quanto emite:

188.051

reduzir suas emissões relativas – quantosquilos de gás carbônico são gerados paracada quilo de mercadoria produzida. Emtrês anos, as emissões relativas caíram 9%.Aproposta da empresa é diminuí-las em 33%em cinco anos, contados a partir de 2007.

Daniel Madureira Gonzaga, diretor depesquisa e tecnologia da marca, reconhece

EmbuscadamotocicletaverdeEmbuscadamotocicletaverde

Fotos: divulgação (2) e Ricardo Corrêa/ÉPOCA

EP594p082_083.indd 82 30/9/2009 20:21:38

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5 de outubro de 2009, ÉPOCA > 83

PareocarroesalveoplanetaA rede de estacionamentosMultiPark decidiucompensar asemissões dos clientes

AMultiPark é uma das maiores re-des de estacionamentos do país. Por

suas 220 unidades, passam 12 milhõesde carros por ano – o equivalente a duasvezes a frota da cidade de São Paulo. Osprincipais responsáveis pelas emissões daempresa são os automóveis dos clientes.Mas a companhia não entende assim epor isso se propôs a plantar mil árvorespor ano numa área em São Carlos, inte-rior de São Paulo. O projeto prevê uminvestimento de R$ 20 mil para compen-sar a poluição causada pelos milhares deusuários da rede. “Apenas recebemos osvilões das mudanças climáticas, mas te-mos a responsabilidade de ajudar”, dizMário Coutinho, gerente de marketing.

A MultiPark calcula ter emitido 63 miltoneladas de gás carbônico em 2008. O

Mauro Silveira

cálculo inclui não só as emissões dos clien-tes, como também as produzidas pelosfuncionários – quando manobram carrosou quando se deslocam para o trabalho.

Por enquanto, nem todos os estacio-namentos participam do projeto. Hoje,a empresa compensa as emissões de 126mil veículos por mês, ou 1,5 milhão decarros por ano. As demais unidades de-verão aderir aos poucos, para suavizar oimpacto financeiro. A MultiPark chegoua avaliar a possibilidade de participar decampanhas para que as pessoas deixemo carro em casa com maior frequência.Mas, após um cálculo pragmático, per-cebeu que poderia prejudicar a saúdedos negócios. “Sabemos que é impor-tante, mas não podemos ir contra nossaatividade econômica”, diz Coutinho.

que esse não é o melhor critério. “O idealseria não aumentar as emissões absolutas”,afirma. Cerca de 75% dos gases poluentesemitidos pela Natura estão diretamente re-lacionados aos produtos – principalmenteàs embalagens de plástico e à matéria-pri-ma usada nas fábricas. Para reverter o pro-blema, a empresa adotou medidas como asubstituição do óleo mineral das fórmulaspelo óleo vegetal. O cálculo de emissõesda Natura é dos mais abrangentes. A em-presa inclui as emissões de todo o ciclo deprodução – da extração do petróleo parafazer o plástico das embalagens ao descar-te das embalagens pelo consumidor final.Os refis ganharam força, já que reduzemo uso de material. Cerca de 20% dos pro-dutos vendidos hoje são refis e chegam aocliente com preços até 30% menores. s

DESAFIOAs emissões

crescem juntocom a demanda

pelos produtos damarca, feitos commatérias-primas

como o cacau

Pareocarroesalveoplaneta

MultiPark

Inclui:

Quanto emite:

63.180

DEIXA COMIGO,CHEFIA

Em algumasunidades,

manobristaspedem R$ 1 para

o projeto dereplantio

EP594p082_083.indd 83 30/9/2009 20:21:42

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Asalvaçãoestánoesgoto

Inclui:

PolíciaFederal

Quanto emite:

21.580

OsdelegadosqueplantamárvoresOsdelegadosqueplantamárvoresA Polícia Federal nãose limita a prenderquem agride a floresta. Elatambém ajuda a recuperá-la

Desde o ano passado, a Polícia Fede-ral (PF) se dedica não só a deter as

agressões ao meio ambiente, mas tambéma corrigir seus efeitos: o Programa Car-bono Neutro planta milhares de mudaspara absorver gás carbônico da atmos-fera. “Ajudamos na recuperação de áreasdegradadas ou de mata ciliar, às margensde rios e mananciais”, diz Álvaro Palharini,delegado-chefe da Divisão de Repressão aCrimes contra o Meio Ambiente. Até o fimde 2009, a PF deverá plantar 80 mil árvoresem 120 cidades para neutralizar os gasesdo efeito estufa que emitiu no ano passado.

Delegados de 93 delegacias e 27 supe-rintendências estão sendo treinados paracoordenar e acompanhar o plantio dasmudas e são responsáveis por estabelecerparcerias com governos estaduais e mu-

Carla Uerlings

FISCAL DATERRA

Diretor-geral daPF, Luiz Fernando

Correa segura umadas 80 mil mudas

fornecidas pelainstituição

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

nicipais para garantir o financiamento doprograma, estimado em R$ 500 mil. Cabea eles ainda correr atrás de fornecedores demudas de espécies nativas, adubo, formici-da e mão de obra para plantar. Nos dias deplantio, a PF convoca crianças de escolaspróximas para auxiliar. Além disso, os do-nos das áreas que recebem as mudas têmde se comprometer a cuidar do local.

Além de patrocinar o reflorestamen-to, a PF mede as próprias emissões desde2007. Para reduzi-las, há campanhas deuso racional de eletricidade, papel, coposdescartáveis e – mais importante – docombustível queimado pela frota de car-ros e aviões. Aos poucos, os automóveisserão trocados por modelos flex. “A frotade carros é responsável por 36% de nossasemissões”, diz Palharini.

O metano gerado pelo processo de tratamentopode ajudar a Sabesp a economizar energia

Oesgoto tratado pela Sabesp podeajudar a empresa a diminuir sua

emissão de gás carbônico. É uma propos-ta interessante: o metano produzido peloesgoto será usado em pequenas centraistérmicas de geração de energia. “As cen-trais poderão iluminar a estação e aquecero esgoto para acelerar o tratamento”, afir-

Carla Uerlings

Sabesp

Inclui:

Quanto emite:

1.719.158

ma Wanderley da Silva Paganini, superin-tendente de gestão ambiental da Sabesp.

O trabalho da Sabesp, que abastece e tra-ta a água de mais de 26 milhões de clientesem 366 municípios do Estado de São Pau-lo, produz 1,7 milhão de toneladas de gáscarbônico por ano. O primeiro desafio dasuperintendência chefiada por Paganini

Asalvaçãoestánoesgoto

84 > ÉPOCA , 5 de outubro de 2009 Fotos: Anderson Schneider/ÉPOCA, Ricardo Jaeger/ÉPOCA e Rogério Cassimiro/ÉPOCA

EP594p084_085.indd 84 30/9/2009 20:26:55

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Duasdécadasdevantagem

SouzaCruz

Inclui:

Quanto emite:

153.459

Muito antes de o gáscarbônico virar notícia,a Souza Cruz já usavafontes renováveis

Antes de a palavra sustentabilidade virarmoda, a Souza Cruz começou a neu-

tralizar a própria geração de gases do efeitoestufa. Há 20 anos, a fabricante de cigarrosparou de alimentar suas caldeiras com ener-gia elétrica e óleo derivado de petróleo. Aideia era acabar com a dependência de fontesde energia cuja oferta estava sujeita aos altose baixos da economia. A Souza Cruz pas-sou a produzir eucalipto em três fazendas.

A madeira é uma fonte renovável e maisbarata de calor e atualmente responde portodo o vapor necessário para a produção.“Por causa desse histórico, hoje temos 90%de nossas emissões neutralizadas”, afirmaJorge Augusto, gerente de meio ambiente.“Antes de ser queimadas, as próprias árvo-res já compensaram a produção de gases doefeito estufa ao tirar o gás carbônico do ar.”

Mauro Silveira

MADEIRAPRÓPRIA

O gerente de meioambiente, JorgeAugusto, mostra

o eucalipto que gera100% do vapor usado

na produção

Com o passar dos anos, a Souza Cruzpercebeu que o projeto havia se tornadoestratégico, exigido pela sociedade e porórgãos ambientais. E viu que, de quebra,fazia bem para a imagem da marca nomercado – algo fundamental no casode um produto tão malvisto quanto ocigarro. Se os efeitos dos maços quesaem das fábricas são comprovadamentenocivos à saúde, o público em geral sesurpreende com as práticas ambientaiscorretas adotadas pela empresa.

“Já fiz até palestras sobre o balançode carbono na produção do fumo”, dizAugusto. “As pessoas podem questionaro cigarro, mas a descoberta de que nossaatividade é autossustentável em termosenergéticos e ambientais gera um ótimoretorno institucional.”

foi organizar o inventário de gases do efei-to estufa (GEE) da empresa, com base noano de 2007. A pesquisa levou à criação deum programa que estabelece metas para oano de 2018. Uma delas prevê que a Sabespatinja a marca de 100% de abastecimentode água e 100% de coleta e tratamento deesgoto em sua área de atuação. A partir daí,a companhia calcula que a tendência de re-dução de emissões será mais acentuada.

Até lá, a Sabesp pretende reduzir tambémoutro índice preocupante.A perda de água,causada principalmente por vazamentos,chega a 28%. A meta é reduzi-la para 13%,com investimentos de R$ 3 bilhões. “NoJapão, a perda é de 7%, por isso estabele-cemos uma parceria”, diz Paganini. Reduziras perdas implica poupar energia – o que,por tabela, significa diminuir emissões. s

A ARMADA EDUCAÇÃO

A cada ano,a empresa ensina

milhares decrianças a usar aágua de maneira

racional

5 de outubro de 2009, ÉPOCA > 85

Duasdécadasdevantagem

EP594p084_085.indd 85 30/9/2009 20:27:00

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86 > ÉPOCA , 5 de outubro de 2009

Inclui:

SuzanoQuanto emite:

795.819

Plantaçãodepapeledearpuro

Contamaisbarataparaoplaneta

PlantaçãodepapeledearpuroAs árvores da Suzanoajudam a tirar do ar ogás carbônico que outrasempresas emitiram

Os funcionários da Suzano costumamestufar o peito de ar quando o assun-

to é controle de emissões de gás carbônico.E de ar puro, vindo diretamente de suasflorestas de eucalipto. Eles têm bons mo-tivos para se orgulhar. Para não ficar semessa matéria-prima que é essencial paraproduzir papel e celulose, a empresa plan-ta 220 mil mudas de eucalipto por dia.No final de 2009 ela deverá comemorar oreplantio de 60 milhões de árvores. É ver-dade que a Suzano depende do eucaliptopara o sucesso de seu negócio na mesmaproporção que o ser humano precisa dooxigênio para respirar. Mas, ao se preocu-par com sua sustentabilidade, a empresaajuda o planeta a respirar melhor. Paracada tonelada de gás carbônico emitidapor suas fábricas, as florestas da Suzano

Mauro Silveira

PREOCUPAÇÃOPlantação de

eucalipto.As mudanças

climáticas podemafetar o crescimento

das árvores

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

absorvem 3,8 toneladas. Seu saldo de car-bono é tão positivo que no ano passadoela negociou a venda de créditos equiva-lente a 15.000 toneladas de carbono.

O papel e a celulose produzidos pela Su-zano são 100% de fibra de eucalipto. Cercade 75% de sua matéria-prima vem de flo-restas próprias e 25% são fornecidos por1.200 produtores. Para a empresa, ter uminventário detalhado de emissões de carbo-no é estratégico. “Alguns de nossos clien-tes estão querendo saber qual é a pegadaecológica de cada um de nossos produtos”,diz Luiz Cornacchioni, diretor de relaçõesinstitucionais da Suzano. Para atender aessas solicitações, a Suzano também estápedindo as mesmas informações aos for-necedores, como é o caso de empresas quefazem o frete marítimo e terrestre.

A Telefônica está reduzindo o gasto de eletricidadeque alimenta nossas conversas diárias

Q uando você tira o telefone do gancho,seu aparelho envia um sinal elétrico

pelo fio da rede que sai de sua casa e vaiaté uma central em seu bairro. Lá, o sinal éconvertido em uma informação digital quepercorre a rede da empresa até chegar ao te-lefone de destino. Toda a operação envolve,essencialmente, eletricidade que vai e vem e

Carla Uerlings

Telefônica

Inclui:

Quanto emite:

69.286

é transformada em voz ou em dados em seufone. Um processo similar acontece com aconexão de internet. Essa energia toda, quealimenta as redes telefônicas e seus com-putadores, é o maior impacto que a Telefô-nica identificou de suas atividades para asmudanças climáticas. Na empresa, 96% daenergia é usada na área operacional, para

Contamaisbarataparaoplaneta

Foto: Marcelo Donatelli/ÉPOCA, divulgaçãoe Daniela Toviansky/ÉPOCA

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5 de outubro de 2009, ÉPOCA > 87

Syngenta

Inclui:

Quanto emite:

1.165

A Syngenta avaliao impacto climáticode cada linha desementes ou defensivos

Mudanças no ciclo de chuvas. Altera-ções nas médias de temperaturas.

Eventos extremos, como tempestades e fu-racões. Migração de espécies. Todas essasconsequências previstas para o aquecimen-to global atingem diretamente a agricultu-ra. É por isso que a Syngenta, que fabricainsumos como sementes e defensivos, temuma equipe de pesquisadores para acom-panhar as transformações na natureza. Hásete anos, a empresa faz um inventário desuas próprias emissões. Agora, avançoumais um pouco. Está investigando todo oprocesso de cada linha de produto.

São fungicidas, inseticidas e semen-tes para uso no campo ou nos jardins.Para traçar quanto cada produto emiteao longo do processo, a Syngenta precisaincluir os fornecedores e distribuidores.

Mauro Silveira

SEMEADOROrtega, na fábrica

de defensivosagrícolas emPaulínia. Os

fornecedores têmde se alinhar

com as metas

“Não temos como falar em compensaçãode emissões sem fazer essa identificaçãoem cada etapa”, afirma Gustavo Ortega,gerente de saúde, segurança e meio am-biente da empresa.

Envolver os fornecedores aumenta oimpacto do controle de emissões da em-presa. A área de compras da Syngenta vemnegociando com cada fornecedor as açõesa tomar. Depois, todos terão objetivos defi-nidos e alinhados com as metas da Syngen-ta. Quem não os cumprir perderá pontosna avaliação periódica. A primeira açãoserá cortar emissões na fábrica de Paulí-nia, no interior de São Paulo. Isso deveráenvolver troca de grandes equipamentos.“Não encaramos isso como uma ação demarketing, mas como uma questão que éparte vital de nosso negócio”, diz Ortega.

alimentar equipamentos e redes de comu-nicação. Seu desafio é reduzir o consumoelétrico, sem deixar seu telefone mudo e seucomputador sem comunicação.

Uma das estratégias é reduzir o consu-mo de energia dos equipamentos que dãoapoio às redes de telefonia. Um dos pon-tos essenciais é a refrigeração. De 2000 a2008, a empresa conseguiu calibrar me-lhor os refrigeradores. O consumo caiuquase 60%. Para ampliar a economia,há três anos a empresa vem instalandosistemas de sensores de temperatura emsalas das estações telefônicas. Além dis-so, a empresa está reduzindo as viagensde funcionários, para evitar a queimade combustível. Um dos investimentosforam salas de teleconferência. Afinal, éuma empresa de telecomunicações. s

PELOTELEFONE

Reuniãoem salas de

videoconferência.Reunião sem

viagemde avião

MergulhonaraízdasemissõesMergulhonaraizdasemissões

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88 > ÉPOCA , 5 de outubro de 2009

Pelasaúdedaspessoasedoplaneta

OcimentoquepoupaaatmosferaOcimentoquepoupaaatmosfera

Inclui:

UnimeddoBrasil

Quanto emite:

12.557

AUnimed do Brasil engloba 377 coo-perativas médicas, que prestam as-

sistência a 15 milhões de clientes, em maisde 4 mil municípios do país. Quando aempresa começou a fazer seu levantamen-to de emissões, a partir de 2007, descobriuque sua maior contribuição para o aque-cimento global saía dos escapamentos dosveículos que usa. São carros para levarequipamentos, veículos para os profis-sionais de saúde e a frota de ambulâncias.

Segundo os cálculos da empresa,72,34% dos gases poluentes são de veí-culos a diesel e 19,06% a gasolina. Desdeentão, a Unimed passou a orientar seusassociados a trocar todos os carros a ga-solina por flex e dar preferência para oálcool. Para reduzir a emissão de diesel, aempresa está estudando alternativas para

Carla Uerlings

EMERGÊNCIAEquipe de uma

UTI móvel daUnimed. As

ambulâncias aindarespondem pela

maior partedas emissões

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

mover as ambulâncias. “É importanteressaltar que, embora a emissão por die-sel seja altamente prejudicial, o SistemaUnimed dispõe, hoje, de cerca de 2 milambulâncias, o que, comparado à frotanacional, representa uma quantidadepequena”, diz Aucélio Melo de Gusmão,diretor da área de marketing e desenvol-vimento da Unimed do Brasil.

No próximo inventário, a ser concluí-do até o final deste ano, será somado ototal de deslocamentos para o trabalhodos mais de 106 mil médicos e 50 milfuncionários durante 2008. Antes mesmode ver os números, a Unimed do Brasilprepara um projeto de carona solidária. Aintenção é iniciar com um piloto na sededa empresa em São Paulo e depois es-tender a campanha para a rede nacional.

Como a Votorantim desenvolveu um processo parareduzir as emissões do concreto das hidrelétricas

As indústrias produtoras de cimento es-tão entre as maiores fontes isoladas de

emissões causadoras do aquecimento glo-bal. Apesar das dificuldades, a VotorantimCimentos encontrou uma saída: a adiçãoda pozolana, uma argila especial, na fór-mula do cimento. Sua grande vantagem éque emite 400 quilos de resíduos para cada

Mauro Silveira

Votorantim

Inclui:

Quanto emite:

13.015.696Inclui:

tonelada de cimento que sai dos fornos daempresa, menos da metade do emitido peloprocesso tradicional.Além disso, a pozola-na é ideal para grandes construções, poislibera menos calor que o cimento comum,o que significa menos chances de surgiremno futuro fissuras nos blocos de concreto.

A possibilidade de usar a pozolana surgiu

PelasaúdedaspessoasedoplanetaA Unimed do Brasil tentareduzir as emissõesdos carros que prestamatendimento médico

Fotos: Rogério Cassimiro/ÉPOCA,divulgação e Alex Almeida/ÉPOCA

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Page 26: Leia a edição completa

5 de outubro de 2009, ÉPOCA > 89

quando a empresa foi contratada para for-necer material para a construção das usinashidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, am-bas no Rio Madeira. Por motivos técnicos,era preciso entregar um cimento que libe-rasse menos calor.Aí a Votorantim decidiuapostar na pozolana. Inaugurou em agostouma fábrica em Porto Velho, Rondônia,um investimento de R$ 115 milhões, econstruiu um forno na fábrica de Nobres,Mato Grosso, ao custo de R$ 80 milhões.“Estamos aprendendo com essas novasfábricas e podemos futuramente produzirpozolana em outras unidades”, diz EdvaldoRabelo, diretor de operações da Votoran-tim Cimentos. As fábricas também estãomais próximas das obras das usinas do RioMadeira, o que reduz o tempo, o custo e asemissões de poluentes do transporte. ◆

INOVAÇÃOFábrica

de cimentoda Votorantim.

A empresa criou umprocesso que emitemetade do método

tradicional

Vale

Inclui:

Quanto emite:

15.547.662

UmolhonaterraeoutronocéuUmolhonaterraeoutronocéuPrever as mudançasno clima passou a servital para a Vale continuartirando minério do solo

Os executivos da Vale, uma das maioresmineradoras do mundo, adquiriram

uma nova habilidade profissional. Agora,estão de olho nas previsões do tempo.“Nósoperamos unidades portuárias e ferroviá-rias, e elas podem sofrer impactos em casosde ventos extremos ou inundações”,diz LuizClaudio Castro, diretor de meio ambiente edesenvolvimento sustentável daVale.“Nesteano uma inundação na Ferrovia de Carajásparalisou nossa operação por vários dias.”Para evitar prejuízos – e garantir que co-munidades próximas possam se precaver–, a Vale estuda previsões de períodos crí-ticos de estiagem para um futuro próximo.

A Vale tem também projetos para re-duzir as emissões de gases que provocamo efeito estufa. Um deles envolveu a trocade combustível de fornos grandes usa-

Mauro Silveira

VERSÁTILO trem flex

da Vale.A locomotiva foi

adaptada pararodar a álcool ou

gasolina, como oscarros comuns

dos para processar o minério. Em vez dotradicional óleo derivado do petróleo, aempresa passou a usar gás natural, quegera 70% menos gás carbônico. Tambémcriou o trem flex, que pode ser abastecidocom álcool ou gasolina, e duas locomo-tivas que circulam na Região Sul estãosendo adaptadas para usar gás natural.A partir de 2014, as 216 locomotivas doSistema Norte da Vale passarão a ser ali-mentadas com óleo de palma misturadoao diesel convencional, um investimentode US$ 500 milhões.

Por iniciativas assim, o banco de in-vestimentos Goldman Sachs citou a Valecomo uma das cinco melhores empresasdo setor em controle de emissões. O re-conhecimento ajuda a valorizar as açõesda empresa na Bolsa de Valores.

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