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54 / Exame 500 / maiores & melhores Aliança luso-britânica Uma parceria para o desenvolvimento de projectos em novos mercados é uma mais-valia da EMEF / Texto J. F. Palma-Ferreira Internacionalizar é o objetivo principal da estratégia de crescimento da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário. A intenção é aproveitar as oportunidades detetadas em vários con- tinentes – sobretudo na África de expres- são portuguesa e em grandes mercados da América Latina -, mas sem descurar os maiores “clientes” do sector que são os principais operadores europeus dos serviços ferroviários. Para avançar nesta estratégia, a presidente da EMEF, Cris- tina Dias, contará com a nova empresa de alta tecnologia que vai criar na zona do Porto, e que comercializará as soluções tecnológicas sofisticadas da EMEF, de- signadamente o equipamento adequado aos padrões mais modernos que vigoram no sector ferroviário. Trata-se da parceria 50/50 entre a EMEF e a britânica Nomad Holdings, que criou a Nomad Tech, onde serão desenvolvidos os produtos originá- rios da Unidade de Investigação e Desen- volvimento da EMEF. “O parceiro nesta nova empresa – a britânica Nomad – é dos mais reputados no sector, opera em 14 países de quatro continentes e permitirá à unidade de ino- vação da EMEF dar um grande salto nos projetos internacionais que queremos Equipamento de Transporte EMEF Ferrovia A equipa da EMEF, liderada por Cristina Dias, quer exportar alta tecnologia portuguesa FOTO PAULO ALEXANDRINO Cristina Dias, ex-membro da Comissão Instaladora da Autoridade Metropolitana dos Transportes de Lisboa, vice- presidente da CP e presidente da EMEF, diz que os resultados vão cair em 2013, mas acredita que devem crescer em 2014. P EMEF tem cumprido os prazos na entrega de encomendas? R Os prazos de produção foram sempre cumpridos e tudo correu como devia ser. Foi assim em 2010, 2011 e 2012. P Como serão os resultados no final de 2013? R Serão diferentes, mas é fácil explicá-los: tivemos de repor os subsídios de férias e de Natal e provisionar o subsídio de férias do ano seguinte. No limite, tivemos de repor três meses de vencimentos, o que tem impacto muito forte na conta e nos resultados do ano. E deixámos de ter a receita do resto da entrega dos vagões à CP Carga, que em 2012 ainda foram mais 4 milhões de euros. P Como estão os resultados operacionais? R Em setembro a EMEF tinha 4,095 milhões de euros negativos de resultados operacionais. Tivemos 4 milhões de euros de agravamento de custos com pessoal. O ano não vai acabar positivo, mas acredito que em 2014 devemos retomar a tendência a que já estávamos habituados. R & P Pos. EXAME 500 Empresa 2012 1 473 EMEF 407 2 147 OGMA 201 3 349 Lisnave 390 4 241 STET 389 5 O EXAME DAS MELHORES AS 5 MAIORES (em milhares de euros) Pos. EXAME 500 Empresa 2012 1 147 OGMA 159 371 2 241 STET 112 440 3 349 Lisnave 82 607 4 473 EMEF 63 267 5 AS PREMIADAS 2013 EMEF 2007 OGMA 2012 OGMA 2006 Bridgestone 2011 OGMA 2005 Goodyear Dunlop 2010 OGMA 2004 Goodyear Dunlop 2009 OGMA 2003 Goodyear Dunlop 2008 STET 2002 Dura Automative

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54/Exame 500/maiores & melhores

Aliança luso-britânica

Uma parceria para o desenvolvimento de projectos em novos mercados é uma mais-valia da EMEF / Texto J. F. Palma-Ferreira

Internacionalizar é o objetivo principal da estratégia de crescimento da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário. A intenção é aproveitar as oportunidades detetadas em vários con-tinentes – sobretudo na África de expres-são portuguesa e em grandes mercados da América Latina -, mas sem descurar os maiores “clientes” do sector que são os principais operadores europeus dos serviços ferroviários. Para avançar nesta estratégia, a presidente da EMEF, Cris-tina Dias, contará com a nova empresa de alta tecnologia que vai criar na zona do Porto, e que comercializará as soluções

tecnológicas sofisticadas da EMEF, de-signadamente o equipamento adequado aos padrões mais modernos que vigoram no sector ferroviário. Trata-se da parceria 50/50 entre a EMEF e a britânica Nomad Holdings, que criou a Nomad Tech, onde serão desenvolvidos os produtos originá-rios da Unidade de Investigação e Desen-volvimento da EMEF.

“O parceiro nesta nova empresa – a britânica Nomad – é dos mais reputados no sector, opera em 14 países de quatro continentes e permitirá à unidade de ino-vação da EMEF dar um grande salto nos projetos internacionais que queremos

Equipamento de TransporteEMEF

Ferrovia A equipa da EMEF, liderada por Cristina Dias, quer exportar alta tecnologia portuguesa

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Cristina Dias, ex-membro da Comissão Instaladora da Autoridade Metropolitana dos Transportes de Lisboa, vice-presidente da CP e presidente da EMEF, diz que os resultados vão cair em 2013, mas acredita que devem crescer em 2014. p EMEF tem cumprido os prazos na entrega de encomendas?R Os prazos de produção foram sempre cumpridos e tudo correu como devia ser. Foi assim em 2010, 2011 e 2012.

p Como serão os resultados no final de 2013?R Serão diferentes, mas é fácil explicá-los: tivemos de repor os subsídios de férias e de Natal e provisionar o subsídio de férias do ano seguinte. No limite, tivemos de repor três meses de vencimentos, o que tem impacto muito forte na conta e nos resultados do ano. E deixámos de ter a receita do resto da entrega dos vagões à CP Carga, que em 2012 ainda foram mais 4 milhões de euros.

p Como estão os resultados operacionais?R Em setembro a EMEF tinha 4,095 milhões de euros negativos de resultados operacionais. Tivemos 4 milhões de euros de agravamento de custos com pessoal. O ano não vai acabar positivo, mas acredito que em 2014 devemos retomar a tendência a que já estávamos habituados.

R& P

pos.exame

500 empresa 2012

1 473 EMEF 407

2 147 OGMA 201

3 349 Lisnave 390

4 241 STET 389

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O ExaME das MElhOrEs as 5 MaIOrEs (em milhares de euros)

pos.exame

500 empresa 2012

1 147 OGMA 159 371

2 241 STET 112 440

3 349 Lisnave 82 607

4 473 EMEF 63 267

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as prEMIadas

2013 EMEF 2007 OGMA2012 OGMA 2006 Bridgestone2011 OGMA 2005 Goodyear Dunlop2010 OGMA 2004 Goodyear Dunlop2009 OGMA 2003 Goodyear Dunlop2008 STET 2002 Dura Automative

maiores & melhores/Exame 500/55

milhões de euros negativos foi o resultado operacional da EMEF em setembro de 2013, o que contrasta com os 6,69 milhões de euros positivos registados em setembro de 2012

Também temos a Hitachi inglesa, que opera com material japonês. E temos a Renfe que faz a manutenção do equipa-mento Celta que está na linha do Douro”.

A CP já representou 90% do volume de vendas da EMEF. Hoje a CP faz 70% e a CP Carga faz 15%. São empresas do grupo, e seriam um mercado cativo para a EMEF. Mas Cristina Dias diz que quer “uma EMEF mais autónoma e mais sustentável. O nosso propósito é reduzir o peso dos clientes atuais de 85% para cerca de 65% ou mesmo 50%. Isso faz-se com trabalho e com uma internacionalização profissio-nalizada. E se avançar a privatização da CP Carga, a EMEF tem de mostrar que é capaz de ficar com o negócio da CP Carga”.

Porque a EMEF sabe que terá de en-frentar a concorrência. Há uma empresa espanhola, a GMF – Gestión de Maquinaria Ferroviaria, que vem a concurso no mer-cado nacional. Além disso, a Renfe, na sua reestruturação, criou a Renfe Fabricação e Manutenção. E a manutenção da Fertagus não é feita na EMEF. “O nosso principal cliente nacional, além da CP e da CP Carga, é a Prometro do Metro do Porto. E também temos a REFER. A EMEF fabricou 400 va-gões para a CP Carga, que nasceu em 2009. Esta encomenda da CP Carga justificou os bons resultados da EMEF em 2011 e 2012, “que foram os anos de entrega desta pro-dução”. Agora Cristina Dias procura novas encomendas que permitam fazer crescer a faturação da EMEF em 2014. E

desenvolver em vários mercados”, refere Cristina Dias, explicando que “a EMEF quer continuar a subir na cadeia de valor, posicionando-se ao nível dos padrões tec-nológicos mais exigentes”.

A Nomad Tech combina o potencial da tecnologia desenvolvida pela EMEF com a força comercial e as soluções técnicas da Nomad em wi-fi e telecomunicações. Cristina Dias pretende que a nova empresa promova a tecnologia da EMEF nos mer-cados internacionais, sobretudo a telema-nutenção (o projeto designado por RCM Online), a eficiência energética e o projeto Lusogate, que “é um dos produtos mais interessantes da EMEF”, refere a gestora.

“No jargão técnico ferroviário, o Lu-sogate é um upgrade da tecnologia GTO para a IGBT, e isto quer dizer que é um conversor de tração ferroviária que utiliza o estado da arte da eletrónica de potência, substituindo um tipo de tecnologia por outro mais eficiente, funcionando na prá-tica como interruptores de alta frequência usados no controlo da potência de energia elétrica”, explica Cristina Dias.

A tecnologia Lusogate é útil para os operadores ferroviários porque aumenta a fiabilidade das locomotivas elétricas, “evi-tando picos de acomodação de energia, o que impede que os pantógrafos (que são os braços extensores existentes no topo das locomotivas que tocam nos cabos elétricos das catenárias) sejam danificados, pois o arranjo de um pantógrafo custa cerca de 100 mil euros”, refere a presidente da EMEF.

Cristina Dias não fica por aqui. Diz que “a EMEF quer celebrar mais parcerias com fabricantes, operadores, tecnológicas, que trabalhem em inovação para o sector fer-roviário”. Neste sentido, já anteriormente a EMEF estabeleceu uma parceria com a Siemens, um ACE – Agrupamento Com-plementar de Empresas. “Em conjunto fazemos a manutenção de duas séries de material circulante, as locomotivas 5600 e 4700”, refere Cristina Dias.

“Já temos uma carteira de clientes eu-ropeus: temos os caminhos de ferro no-ruegueses, queremos manter os caminhos de ferro suíços e acreditamos que em 2014 conseguiremos começar a trabalhar com um dos maiores operadores europeus, com o qual temos contactos avançados.

Um sector dominado por gigantes

1 A EMEF é um dos exemplos de

especialização dentro do Grupo CP - Comboios de Portugal, onde a qualidade de execução e o cumprimento dos prazos têm vindo a ganhar mercado de forma sustentada. A empresa conquistou uma imagem tecnológica, devido ao investimento feito em inovação.

2A OGMA, em segundo lugar neste ranking,

continua a manter um dos melhores desempenhos no sector da manutenção aeronáutica, atraindo para Portugal um vasto leque de aviões, civis e militares. O investimento na formação contínua dos seus colaboradores tem assegurado a atualização tecnologica da empresa e a sua competitividade face à concorrência.

3A Lisnave, em terceiro lugar neste ranking,

mantém os padrões mais exigentes do mercado internacional da reparação naval, o que lhe garante uma carteira de trabalho muito regular. A empresa efetuou uma nova leva de cursos de formação profissional, tendo selecionado novos colaboradores para a Lisnave Yard, para funções especializadas.

“O parceiro nesta nova empresa –

a britânica Nomad – é dos mais reputados

no sector, opera em 14 países de

quatro continentes e permitirá

à unidade de inovação da EMEF

dar um grande salto nos projetos internacionais”

Cristina dias

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