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Colégio Equipe de Muriaé Língua Portuguesa – Módulo I 3º ano do EM – Turma _____
Profa. Lívia Souza
Aluno(a): ____________________________________
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
1. Introdução
A importância dada às questões de interpretação de
textos nos atuais concursos, vestibulares e ENEM deve-se ao
caráter interdisciplinar dessa atividade, o que equivale a dizer
que a competência de ler texto interfere decisivamente no
aprendizado em geral, já que boa parte do conhecimento mais
importante nos chega por meio da linguagem escrita.
A compreensão do significado (ou dos significados) de
um texto é produto de várias operações conjugadas. Como se
sabe, num texto, cada uma das partes está combinada com as
outras, criando um todo que não é mero resultado da soma das
partes, mas da sua articulação. Desse modo, a apreensão do
significado global resulta de várias leituras acompanhas de
várias hipóteses interpretativas, levantadas a partir da
compreensão de dados e informações inscritos no texto lido e
do nosso conhecimento de mundo.
Quanto mais conhecimentos culturais e científicos
temos, mais preparados estamos para interagir com os
diferentes textos, verbais e não-verbais, que circulam
socialmente. Assim, quanto maior é o nosso repertório cultural,
quanto maior é o nosso conhecimento de mundo, mais
preparados estamos para “ler” o mundo de forma abrangente e
crítica. A essa carga de informações veiculadas pelos textos que
lemos, escrevemos, ouvimos e falamos, chamamos
informatividade. Um texto possui alto grau de informatividade
quando sua compreensão mais ampla depende do repertório
cultural do observador.
A interpretação de texto não se reduz simplesmente ao
ato de ler. Um texto não é um amontoado de letras, frases e
períodos. Para interpretar, no entanto, faz-se necessária uma
leitura crítica, a leitura das entrelinhas; deve-se entender os
valores defendidos, os “caminhos” que o autor deixou para que
o leitor percorresse e chegasse a um ponto esperado.
Deve-se, então, exercitar sempre; leitura nunca é
demasiada. Mas, faz-se necessário ler procurando entender qual
é o objetivo principal do texto, para que se possa fazer uma
leitura “real” das intenções do autor e, portanto, uma crítica
bem elaborada; não uma leitura superficial, que pouco ou nada
acrescenta. Uma interpretação só será bem feita quando a
leitura for bem explorada.
Um texto é bastante complexo, pois é uma manifestação
linguística de um emissor que possui ideias próprias e as
propõem no texto para que possam chegar ao destinatário, ou
seja, ao leitor. Esse fato não é tão simples quanto pode parecer,
pois o texto torna-se um intermediador entre o pensamento de
duas pessoas diferentes, ou seja, às vezes há uma grande
divergência entre o pensamento do locutor e do interlocutor,
devido a esse fato, para compreender realmente um texto, o
leitor deve preocupar-se em encontrar os recursos semânticos e
discursivos utilizados pelo autor, assim, compreenderá as ideias
do mesmo ao invés de enxergar as próprias.
1.2 A questão da interpretação nos concursos
Os concursos, de uma forma geral, apresentam questões
interpretativas que têm por finalidade a identificação de um
leitor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os
níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de
necessitar de um bom léxico internalizado.
As frases produzem significados diferentes de acordo
com o contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim,
necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que
compõem o texto.
Além disso, é fundamental apreender as informações
apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete.
Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto
de uma postura ideológica do autor diante de uma temática
qualquer.
O homem usa a língua porque vive em comunidades, nas
quais tem necessidade de se comunicar, de estabelecer relações
dos mais variados tipos, de obter deles reações ou
comportamentos, interagindo socialmente por meio do seu
discurso.
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a
informativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira
deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato
com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre
o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura.
Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar
palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma
palavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo
de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o
entendimento.
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação
seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da
essência do texto, a fim de responder às interpretações que a
banca considerou como pertinentes. No caso de textos
literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras
formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da
época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global
dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode
ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas que
aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação
do autor.
A última fase da interpretação concentra-se nas
perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais
marcações de palavras como não, exceto, errada,
respectivamente etc. que fazem diferença na escolha adequada.
Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do
"mais adequado", isto é, o que responde melhor ao
questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar
certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como
gabarito pela banca examinadora por haver uma outra
alternativa mais completa. Ainda cabe ressaltar que algumas
questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser
a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que
aparentemente pareça ser perda de tempo. A
descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, é
também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia
a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global
proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais
consciente e segura.
2. LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E
INTERAÇÃO
→ Leia esta tira, de Luís Fernando Veríssimo:
1) A tira cria humor a partir de uma situação que retrata as novas
formas de relacionamento amoroso e familiar nos tempos de
hoje. Que novidade existe no comunicado que a filha faz à
família?
a) Que o casal não pretende se casar.
b) Que o novo namorado irá morar com a família.
c) O pai da moça dar as boas-vindas ao pretenso genro.
d) O novo namorado se apresentar dizendo seu apelido.
2) A fala da moça provoca uma reação no namorado. O que ele
faz e fala como reação ao que ela disse?
a) Ele estende a mão para cumprimentar o suposto sogro e se
apresenta.
c) O rapaz teme a reação do pai da moça quando esta anuncia a
novidade.
b) O namorado da filha fica envergonhado e não revela seu
nome verdadeiro.
d) O genro tenta conquistar a simpatia do sogro para que seja
aceito como novo morador da casa.
3) Compare as duas falas do rapaz e do pai da moça ao se
cumprimentarem. A fala do pai surpreende e causa humor. O
que era esperado que o pai da moça dissesse nesse momento?
a) “Quais são suas reais intenções com minha filha?”
b) “Vocês pretendem se casar, certo?”
c) “Seja bem-vindo! Muito prazer, meu nome é...?”
d) “O que você faz da vida? Trabalha em que?”
4) Considerando que o namorado da filha vai morar com a
família e que o apelido dele é Boca, que sentido tem a fala do
pai nessa situação?
a) O pai não quer que o genro more em sua casa.
b) O pai pensa que o casal é muito jovem para morar junto.
c) O pai percebe que terá que arcar com mais uma despesa.
d) O pai responde com estranheza ao ouvir o apelido do genro.
Na situação retratada na tira, as pessoas se comunicam e
interagem entre si, ou seja, o que uma pessoa diz acaba
provocando uma reação na outra pessoa e vice-versa. O
trocadilho que o pai faz é responsável pelo humor da tira.
Contrapondo boca a bolso, o pai dá a entender que vai ter de
arcar com as despesas de mais uma boca, a do genro.
Entre a filha e o pai, ou entre o sogro e o genro, houve
comunicação, pois além de as pessoas se compreenderem, elas
também interagem, ou seja, o que uma pessoa diz interfere no
comportamento da outra. Assim:
A comunicação ocorre quando interagimos com outras
pessoas utilizando linguagem.
Para se comunicar, as personagens da tira não utilizam
apenas a linguagem verbal, isto é, as palavras. Elas também
gesticulam, se movimentam, fazem expressões corporais e
faciais. Tudo isso – palavras, gestos, movimentos, expressões
corporais e faciais – é linguagem.
Linguagem é um processo comunicativo pelo qual as pessoas
interagem entre si.
Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a
palavra (falada ou escrita), existem também as linguagem não
verbais, como a música, a pintura, a fotografia, a escultura. Há,
ainda, a linguagem mista, como as histórias em quadrinhos, o
cinema, o teatro, os programas de TV, etc.
Na tira, os participantes (o pai, a mãe, a filha e o
namorado) se inter-relacionam e interagem por meio da
linguagem. Assim, pode-se dizer que a comunicação nascida da
interação entre essas pessoas foi construída solidariamente por
elas, que são interlocutores no processo comunicativo.
Interlocutores são as pessoas que participam do processo de
interação por meio da linguagem.
Aquele que produz linguagem é chamado de locutor, e
aquele que recebe a linguagem é chamado de locutário. No
processo de comunicação e interação, ambos são interlocutores.
2.1 O CÓDIGO Na tira lida, as pessoas se comunicam fazendo uso da
língua portuguesa. A língua portuguesa é um código verbal.
Código é uma convenção, estabelecida por um grupo de pessoas
ou por toda a comunidade, que permite a construção e a
transmissão de mensagens. Além da palavra, oral e escrita,
também são códigos os sinais de trânsito, os símbolos, o código
Morse, as buzinas dos automóveis, etc.
Código é um conjunto de sinais convencionados socialmente
para a construção e a transmissão de mensagens.
2.2 A LÍNGUA A língua portuguesa é o código mais utilizado por nós
brasileiros nas situações de comunicação e interação social. Por
isso, quanto maior o domínio que temos da língua, maiores são
as possibilidades de nos comunicarmos com eficiência.
Dominar bem uma língua não significa apenas conhecer
o seu vocabulário: é preciso também ter o domínio de suas leis
combinatórias. Nós podemos conhecer o sentido de cada uma
das palavras abaixo:
*equipe estudo eu no Muriaé de colégio
Porém, da maneira como estão dispostas, elas não
estabelecem nenhuma comunicação, uma vez que não foram
respeitadas as leis de combinação das palavras no português.
Observe como as mesmas palavras ganham sentido, se as
combinarmos desta forma:
Eu estudo no Colégio Equipe de Muriaé.
Assim:
Língua é um código formado por palavras e leis
combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e
interagem entre si.
A língua pertence a todos os membros de uma
comunidade; por isso faz parte do patrimônio cultural de cada
coletividade. Como ela é um código aceito por convenção, um
único indivíduo, isoladamente, não é capaz de criá-la ou
modificá-la. A fala e a escrita, entretanto, são usos individuais
da língua. Ainda assim, não deixam de ser sociais, pois, sempre
que falamos e escrevemos, levamos em conta quem é o
interlocutor e qual é a situação em que estamos nos
comunicando.
Nem a língua nem a fala são imutáveis. A língua evolui,
transformando-se historicamente. Por exemplo, algumas
palavras perdem ou ganham fonemas (sons); outras deixam de
ser utilizadas; novas palavras surgem, de acordo com as
necessidades, entre elas os empréstimos de outras línguas com
as quais as comunidades mantêm contato. A fala também se
modifica, conforme a história pessoal de cada indivíduo, com
sua formação escolar e cultural, com as influências que recebe
do grupo social a que pertence, com suas intenções, etc.
3. VARIEDADES LINGUÍSTICAS
Cada um de nós começa a aprender sua língua em casa,
no contato com a família, imitando o que ouve e apropriando-
se, aos poucos, do vocabulário e das leis combinatórias da
língua.
Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no
trabalho, observamos que nem todos falam da mesma forma.
Há pessoas que falam de modo diferente por serem de outras
cidades ou regiões do país, ou por terem idade diferente da
nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social.
Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades
linguísticas.
Variedades linguísticas são as variações que uma língua
apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais,
regionais e históricas em que é utilizada.
Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde
que cumpram com eficiência o papel fundamental de uma
língua – o de permitir a interação verbal entre as pessoas.
Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta ou
norma padrão, tem maior prestígio social. É a variedade
linguística ensinada na escola, utilizada na maior parte dos
livros e revistas, nos documentos oficiais, em textos didáticos e
científicos, em alguns programas de televisão, etc. as demais
variedades – como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou
profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol,
dos metaleiros, dos surfistas) – são chamadas genericamente de
norma popular.
Variedade padrão, língua culta ou norma culta é a língua
padrão, a variedade de maior prestígio social.
Variedade não padrão ou língua não padrão são todas as
variedades linguísticas diferentes da língua padrão.
Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação
a variedades a variedade não padrão, todas elas são válidas e
têm valor nos grupos ou nas comunidades em que são usadas.
Contudo, em situações sociais que exigem maior formalidade –
por exemplo, uma entrevista para obter um emprego, um
requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou uma revista,
uma exposição pública, uma redação num concurso público –,
a variedade linguística exigida quase sempre é a padrão. Por
isso é importante dominá-la bem.
O ensino da língua culta, na escola, não tem a finalidade
de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família
ou em nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua
culta, somado ao domínio de outras variedades linguísticas,
torna-nos mais preparados para nos comunicarmos. Saber usar
bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo de modo
adequado às mais diferentes situações sociais de que
participamos.
3.1 Dialetos e registros Há dois tipos básicos de variação linguística: os dialetos
e os registros. Os dialetos são variedades originadas das
diferenças de região ou território, de idade, de sexo, de classes
ou grupos sociais e da própria evolução da língua. As variações
de registro ocorrem de acordo com o grau de formalismo
existente na situação de comunicação; com o modo de
expressão, isto é, se se trata de usar a linguagem na modalidade
oral ou escrita; com a sintonia entre os interlocutores, que
envolve aspectos como graus de cortesia, deferência,
tecnicidade (domínio de um vocabulário específico de algum
campo científico, por exemplo), etc.
3.2 Graus de formalismo da linguagem São muitos os tipos de registro quanto ao formalismo.
Conheça alguns deles:
• Formal: linguagem cuidada, na variedade culta e padrão. É o
caso da escrita dos bons jornais e revistas.
• Coloquial: aparece no diálogo entre duas pessoas. Sem
planejamento prévio, caracteriza-se por construções
gramaticais soltas, repetições frequentes, frases curtas,
conectivos simples, etc.
• Informal: é o caso de correspondência entre membros de uma
família ou amigos íntimos e caracterizados pelo uso de
abreviações, ortografia simplificada, construções simples.
4.3 Gíria A gíria é um dos dialetos de uma língua. Quase sempre
é criada por um grupo social, como o dos fãs de rap, de heavy
metal, o dos skatistas, o dos surfistas, o dos internautas, o dos
que praticam certas lutas, como capoeira, jiu-jítsu, o dos
presidiários, o dos marginais, etc. Quando ligada a profissões,
a gíria é chamada jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos
médicos, dos advogados e de outras profissões.
ATIVIDADES
Várias de suas habilidades de leitura poderão ser
testadas no texto seguinte, sobre o qual são formuladas as três
questões que se seguem. O texto apresenta uma situação
inesperada em que se confrontam uma linguagem formal, que
não se espera de um jogador de futebol, e uma linguagem
bastante coloquial, que é o que se espera dele em uma
entrevista.
Para ser um usuário competente da própria língua, é
preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua
Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto
discursivo. Para exemplificar esse fato, leia o texto Aí, Galera,
de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com
situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.
(ENEM)
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de
estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador
de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que
não?
─ Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
─ Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais
esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares.
─ Como é?
─ Aí, galera.
─ Quais são as instruções do técnico?
─ Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de
contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de
preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o
esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com
parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da
desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido
pela reversão inesperado do fluxo da ação.
─ Ahn?
─ É pra dividir no meio e ir pra cima pega eles sem calça.
─ Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
─ Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental,
algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à
qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
─ Pode.
─ Uma saudação para a minha progenitora.
─ Como é?
─ Alô, mamãe!
─ Estou vendo que você é um, um...
─ Um jogador que confunde o entrevistador, pois não
corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo
primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a
estereotipação?
─ Estereoquê?
─ Um chato?
─ Isso.
1) O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à
expectativa do público. São elas:
a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da
entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe.
b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação
da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de
modo muito rebuscado.
c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da
expressão “progenitora”, por parte do jogador.
d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra
“estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio
e ir pra cima pra pega eles sem calça.”
e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de
estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao
estereótipo.
2) O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é
inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre
língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa
também uma inadequação da linguagem usada ao contexto.
a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – um
pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que fala
para um amigo.
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que fala
para um amigo.
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma
observação” – alguém comenta em uma reunião de trabalho.
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo
de Secretária Executiva desta conceituada empresa” – alguém
que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.
e) “Porque se a gente não resolve as coisas com têm que ser, a
gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca
comida nos lares brasileiros” – um professor universitário em
um congresso internacional.
(ENEM 2012)
eu gostava muito de passeá… saí com as minhas co lgas…
brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta…
quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a palhaça
da turma… ((risos))… eu acho que foi uma das fases mais…
assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos
meus treze aos dezessete anos… A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto
Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito).
3) Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato
pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é
a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
b) vocabulário regional desconhecido em outras varidades do
português.
c) realização do plural conforme as regras da tradição
gramatical.
d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos
narrados.
e) presença de frases incompreensíveis a um leitor inciante.
(UFF-RJ)
Falar uma única língua num território de dimensões
continentais faz parte do imaginário de nossa identidade
nacional. Mas até que ponto resiste essa unidade lingüística
brasileira? (...)
Historicamente, as variações de pronúncia, entonação e
ritmo observados no Brasil espelham a expansão heterogênea
do português desde a colonização do país. Tupi-guarani, ioruba,
banto, castelhano, holandês, francês, árabe, alemão, italiano,
inglês são alguns dos idiomas que influenciaram a variação
existente no português daqui. Revista Língua, 2007
4) Assinale o fragmento de texto que apresenta, de forma mais
abrangente, o pluralismo étnico e cultural na formação da
sociedade brasileira.
(A) A refavela
Batuque puro
De samba duro de marfim
Marfim da costa
De uma Nigéria
Miséria, roupa de cetim
Gilberto Gil
(B) É negro, e branco, e nisei
É verde, é índio peladão
E mameluco, e cafuso, e confusão
Oh Pindorama quero seu Porto Seguro
Suas palmeiras, suas pêras, seu café
Suas riquezas, praias, cachoeiras
Quero ver o seu povo de cabeça em pé
Seu Jorge
(C) Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza e arquitetura
Feitiços de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do Leste por todo Centro-Oeste
Tudo é belo, e tem lindo matiz
Silas de Oliveira
(D) Vanina linda, Vanina linda
Lisboa linda
E a Porto infinda
Luanda é linda, ô Vanina, ô Vanina
Também Cabinda
E lá Dili, Timor Leste
Serás bem-vinda ou bem-ida
Maputo e fina, ô Vanina, ô Vanina
Martinho da Vila
(E) Vim do Norte vim de longe
De um lugar que já não há
Vim dormindo pela estrada
Vim parar neste lugar
Meu cheiro é de cravo
Minha cor de canela
A minha bandeira
É verde-amarela
Tom Jobim
► Observação: Em provas de concursos, é comum explorar uma
situação de uso coloquial da língua portuguesa que aqui
destacamos: o emprego que fazemos do verbo TER no lugar do
HAVER. Exemplo: Tem 30 alunos na sala de aula. De acordo
com a linguagem padrão: _____________________
________________________________________________
ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS
4. O TEXTO
A palavra texto vem do latim textum, que significa
tecido, entrelaçamento. Essa origem aponta a ideia de que texto
resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes
menores a fim de se obter um todo inter-relacionado, um todo
coeso e coerente.
Mas, afinal, o que é um texto? Segundo o linguista Luiz
Carlos Travaglia, texto é “(...) uma unidade linguística
concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada
pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor),
em uma situação de interação comunicativa específica,
como uma unidade de sentido e como preenchendo uma
função comunicativa reconhecível e reconhecida,
independentemente da sua extensão.” (KOCH e
TRAVAGLIA, 2011, p. 12).
Imaginemos uma situação: você está passando na rua,
depara com alguém que grita: Incêndio! Incêndio! Você logo
imagina a situação de fogo e que a pessoa, ao gritar, alerta as
outras pessoas e pede ajuda.
A pessoa, ao gritar, está realizando uma manifestação
linguística, cuja situação concreta é o fogo e a intenção de
avisar outras pessoas do perigo e conseguir socorro. Esta
situação específica, incêndio, pode ser tomada como um texto,
portanto, o que dá sentido a um texto é a combinação desses
fatores: o linguístico, o contextual, o intencional.
Consideremos também outro aspecto importante ao
falarmos sobre texto: ele é sempre dirigido a alguém, ou seja, a
um interlocutor.
No exemplo que vimos, a pessoa grita incêndio e espera
ser ouvida e compreendida por outras pessoas.
Em exemplos que veremos, temos diferentes tipos de
interlocução no momento da produção de texto; e, por isto,
podemos dizer que o sentido dos textos é construído na
interação entre o seu autor e o interlocutor a que se destina.
4.1 Contexto discursivo
Uma pessoa passa por você e pergunta: “Você sabe que
horas são?” Há duas respostas possíveis, você pode simplesmente
olhar o relógio e dizer que sim ou responder qual é a hora.
Obviamente, a segunda possibilidade é a esperada pelo
interlocutor, o qual deseja, de fato, saber que horas são.
Agora, imagine que uma mulher aguarda a chegada do
marido até a madrugada. No momento em que ele chega, ela
pergunta: “Você sabe que horas são?”
O marido nunca responderia com o horário,
provavelmente começaria a dar explicações sobre o motivo pelo
qual não havia chegado no tempo previsto.
O exemplo acima é bastante fácil de ser compreendido
porque trabalha com a pragmática, isto é, com o dia a dia em
sociedade. Assim é o texto, ele possui objetivos diferentes de
acordo com o local ou o tempo em que foi publicado, por
exemplo.
Os usuários da língua aprendem desde muito cedo a levar
em conta o contexto em que os enunciados são produzidos, em
sua tarefa de interpretá-los adequadamente. Essa operação de
interpretação é feita contínua e inconscientemente e é reveladora
da sensibilidade dos falantes para o fato de que a linguagem não
tem uma significação imanente e imutável, estando seu sentido
sempre vinculado a fatores de natureza pragmática.
Dessa forma, para se depreender os possíveis
significados de um texto, o leitor deve considerar, no momento
da leitura, todas as circunstâncias que envolvem sua produção e
recepção, quais sejam: quem o produziu, para quem o produziu,
com que intenções, o gênero textual no qual se materializa, qual
o suporte textual que o veicula, em que momento histórico,
social e cultural foi escrito, entre outros fatores.
ATIVIDADES
Leia atentamente a tira abaixo para responder à questão.
1) Para entender a tira, é preciso identificar o conteúdo
estabelecido em cada um dos quadrinhos. Quais são esses
contexto?
1._________________________________________________
2._________________________________________________
3._________________________________________________
4.2 Os textos e seus interlocutores O interlocutor de um texto é o leitor a quem ele se dirige
preferencialmente ou, em outras palavras, é o leitor em quem
pensa o autor no momento da produção de um texto.
Há, para cada texto, não só um contexto, mas também um
interlocutor preferencial.
Para identificar o interlocutor de um texto, devem-se
observar dois aspectos: o assunto do texto e suas características
formais.
No entanto, um texto como uma notícia, uma entrevista,
uma reportagem, etc, dependendo do assunto abordado, pode
ser de interesse de interlocutores diversos, como, por exemplo,
assuntos relacionados à economia nacional (aumento do salário
mínimo), escândalos políticos, tragédias naturais (enchentes em
São Paulo, terremoto no Haiti), campanha de vacinação contra
a gripe suína, etc.
As considerações que aqui fizemos sobre contexto e
sobre os interlocutores pressupostos pelos textos têm por
objetivo deixar muito claro que não é possível escrever bons
textos sem controlar muito bem esses dois aspectos,
constitutivos de qualquer situação de interlocução. Os textos
escritos, assim como os orais, não têm uma existência
autônoma, no sentido de que sua significação não se define
independentemente de um contexto e da relação que com eles
estabelecem seus leitores.
4.3 Elementos paratextuais – o título Paratextos são elementos que estão para além do texto,
ou seja, informações que acompanham uma obra. Quando, por
exemplo, abrimos um livro, podemos nos deparar com outros
elementos, como contracapa, biografia do autor, prefácio,
dedicatória, índice, notas de rodapé, citações, posfácio e
ilustrações. Esses elementos que margeiam o texto são
chamados de elementos paratextuais.
De todos os elementos paratextuais, o mais importante é
o título, pois funciona como uma espécie de “slogan” ou
resumo do texto, ou seja, algo que faça com que o leitor
“compre” suas ideias. Alguns especialistas já chegaram a
sugerir que o título não é relevante para a leitura de um texto,
mas não é bem assim. Um título adequado pode direcionar a
compreensão do texto, ajudando o leitor a criar expectativas de
leitura.
(ENEM)
Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos
infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E
só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma
mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como
acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo.
“Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos
agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente
porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para
o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação
Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a
honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.
O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para
30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não
fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer
isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é
a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade.
E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o
consumidor não acreditasse nela? Qualquer pessoa que se
sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma
reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as
denúncias e, quando é o caso, aplica a punição. Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano
42, nº 27, 8 jul. 2009.
O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário – de
destacar a potencial supressão do trecho do texto – reforça a
eficácia pretendida, revelada na estratégia de
a) ressaltar a informação no título, em detrimento do restante
do conteúdo associado.
b) incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do plural no
discurso.
c) contar a história da criação do órgão como argumento de
autoridade.
d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua metalinguagem.
e) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.
5. TEXTO VERBAL E TEXTO NÃO VERBAL Quando se fala em texto ou linguagem, normalmente se
pensa em texto e linguagem verbais, ou seja, naquela
capacidade humana ligada ao pensamento que se concretiza
numa determinada língua e se manifesta por palavras (verbum,
em latim). Dessa forma, um texto pode ser constituído apenas
de linguagem verbal, como ocorre com a notícia, a carta ou a
anedota; nesse caso, ele é chamado de texto verbal. Também
pode ser constituído de linguagem visual, como a fotografia e a
pintura; ou de linguagem musical, como uma música; ou da
linguagem da dança, como um espetáculo de balé. Nesses
casos, ele é chamado de texto não verbal. E pode, ainda, ser
constituído pelo cruzamento de mais de uma linguagem, como,
por exemplo, das linguagens verbal e visual, como os gráficos,
as histórias em quadrinhos, o cinema; ou das linguagens verbal
e musical, como a canção. Nesses casos, temos os textos em
linguagem mista.
O produto final de toda enunciação, feita em que
linguagem for, é chamado de texto. Assim, são textos: um
gráfico, um cartum, uma pintura, uma melodia, um poema, um
filme, uma escultura, etc. Em muitos casos, dependendo da
situação, até mesmo o silêncio pode ser considerado um texto.
Leia a tira a seguir e veja como o efeito de sentido de
alguns gêneros de textos é construído por meio da integração
entre a linguagem verbal e a não verbal.
Os quadrinhos de Fernando Gonsales retratam uma
situação comunicativa em que duas personagens interagem por
meio da linguagem. A primeira delas a falar, o gato, é o locutor;
a outra, o rato é o locutário. O conjunto das falas que ambos os
interlocutores produzem nessa situação comunicativa constitui
o texto verbal.
Como você pôde notar nos quadrinhos, os enunciados
(as falas) não são o único elemento responsável pelo sentido da
interação linguística. Além do diálogo, há na situação
comunicativa outros elementos que também auxiliam na
construção do sentido, como os papéis sociais que os
interlocutores desempenham (no caso da tira, os papéis de gato
e rato), a intenção do locutor (no caso, a intenção de vender
uma rifa), o conhecimento de mundo dos interlocutores (no
caso, o rato e o gato e nós, leitores, sabemos que gatos são
predadores de ratos) e a parte visual, isto é, a linguagem não
verbal. Todos esses fatores conjugados é que fazem com que a
tira seja um texto e que produzam o efeito de humor.
ATIVIDADES
Observe a charge a seguir:
1) (CEPERJ) A imagem foi publicada num jornal do Espírito
Santo (ES) e aborda uma notícia cujos dados estão colocados
na parte superior da charge. A única afirmação inadequada
sobre os elementos visuais e linguísticos desse texto é:
a) Os elementos da notícia mostram uma oposição cultural.
b) A fala do assaltante exemplifica a “educação” referida na
notícia.
ES é o 1º lugar em educação e um dos mais violentos do mundo
c) O assalto praticado exemplifica a violência aludida na
notícia.
d) A mão direita do assaltante e as mãos da vítima mostram,
respectivamente, coação e rendição.
e) A fala eufemística do assaltante corrobora a presença do fator
“educação”.
2) (ENEM)
Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um
povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos
saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos
e manifestações transmitidos oral ou gestualmente, recriados
coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção
intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de
patrimônio cultural imaterial.
Qual das figuras abaixo retrata patrimônio imaterial da cultura
de um povo?
a)
b)
c)
d)
e)
(UFF-RJ)
A folha A natureza são duas.
Uma,
tal qual se sabe a si mesma.
Outra, a que vemos. Mas vemos?
Ou é a ilusão das coisas?
Quem sou eu para sentir
o leque de uma palmeira?
Quem sou, para ser senhor
de uma fechada, sagrada
arca de vidas autônomas?
A pretensão de ser homem
e não coisa ou caracol
esfacela-me em frente •• folha
que cai, depois de viver
intensa, caladamente,
e por ordem do Prefeito
vai sumir na varredura
mas continua em outra folha
alheia a meu privilégio
de ser mais forte que as folhas.
Carlos Drummond de Andrade
No poema “A Folha” depreende-se, pela linguagem
verbal, dentre outros aspectos, uma reflexão sobre a existência
da Natureza tal como ela se conhece a si própria e a visão que
o homem pode ter dela. Em outros gêneros textuais, a
interpretação tem de se valer daquilo que se vê, do que
representa um processo, do que pode ser inferido ou imaginado
etc., para chegar-se à síntese de um sentido.
Assinale o cartum que, pela transformação das etapas
criativas até a síntese da imagem , apresenta o que se vê e o
que se pode imaginar que se vê, tanto na criação quanto na
recepção do texto.
a)
b)
c)
d)
e)
6. Hipertexto Entender o conceito de hipertexto é fundamental para a
prova do Enem. O hipertexto é, em sua definição, uma forma
de escrita e leitura não linear, com blocos de informação
ligados a palavras, partes de um texto ou, por exemplo,
imagens.
O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson, na
década de 1960, para denominar a forma de escrita e de leitura
não linear na informática. O hipertexto se assemelha à forma
como o cérebro humano processa o conhecimento: fazendo
relações, acessando informações diversas, construindo ligações
entre fatos, imagens, sons, enfim, produzindo uma teia de
conhecimentos.
No hipertexto, o leitor passa a ter uma participação mais
ativa, pois ele pode seguir caminhos variados dentro do texto,
selecionando pontos que o levam a outros textos ou outras
mídias para complementar o sentido de sua leitura. O leitor
torna-se, assim, um coautor do texto, pois constrói tramas
paralelas de acordo com seu interesse.
No entanto, o hipertexto não está somente na internet.
Um livro de formato tradicional também pode ter sua estrutura
interna em forma de hipertexto. Um livro de contos, por
exemplo, pode ser lido sem seguir a ordem em que os contos
foram organizados. As enciclopédias e os dicionários também
apresentam estrutura hipertextual, já que indicam outros
verbetes que complementam a consulta do leitor. E ainda há
livros em que o autor coloca nas margens informações
complementares ao texto principal, buscando o formato
hipertextual.
Estamos rodeados por hipertextos dentro e fora da
internet. O hipertexto permite a interatividade e a livre escolha
para começar a leitura por qualquer um dos textos que
compõem a teia. O leitor é quem decide por quais passará,
percebendo novos caminhos, ampliando os limites da leitura.
ATIVIDADES
(ENEM 2011)
O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não
sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor o
acesso a um número praticamente ilimitado de outros textos a
partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o
leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua
leitura a partir de assuntos tratados no texto sem se prender a
uma sequência fixa ou a tópicos estabelecidos por um autor.
Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor
simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se
caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura
eletrônica multilinearizado, multisequencial e indeterminado,
realizado em um novo espaço de escrita. Assim, ao permitir
vários níveis de tratamento de um tema, o hipertexto oferece a
possibilidade de múltiplos graus de profundidade
simultaneamente, já que não tem sequência definida, mas liga
textos não necessariamente correlacionados. (MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br. Acesso em: 29
jun. 2011.)
O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e
o hipertexto pode ser considerado como um novo espaço de
escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos
autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico
computadorizado e no qual há remissões associando entre si
diversos elementos, o hipertexto
a) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos totalmente
abertos, desfavorece o leitor, ao confundir os conceitos
cristalizados tradicionalmente.
b) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao desviar
o foco da leitura, pode ter como consequência o menosprezo
pela escrita tradicional.
c) exige do leitor um maior grau de conhecimentos prévios, por
isso deve ser evitado pelos estudantes nas suas pesquisas
escolares.
d) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação
específica, segura e verdadeira, em qualquer site de busca ou
blog oferecidos na internet.
e) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura,
sem seguir sequência predeterminada, constituindo-se em
atividade mais coletiva e colaborativa.
7. Intencionalidade discursiva / informações
implícitas
Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto
é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar
dizendo: além das informações explicitamente enunciadas,
existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para
realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados
explícitos quanto os implícitos.
O sucesso de nossas interações verbais, seja na condição
de locutor, seja na de locutário, depende muito de nossa
capacidade de lidar com a intencionalidade. Por meio dela,
podemos por exemplo, impressionar, ofender, persuadir ou
informar nosso interlocutor; podemos também pedir, implorar,
reivindicar, exigir, etc.
Intencionalidade discursiva são as intenções explícitas ou
implícitas existentes nos enunciados.
ATIVIDADES
(ENEM 2010)
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE UM COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO:
12X SEM JUROS. Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista
Epoca. N° 424, 03 jul. 2006.
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
práticas de linguagem, assumindo configurações específicas,
formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula
o texto publicitario, seu objetivo basico e
a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
que visam a adesao ao consumo.
b) definir regras de comportamento social pautadas no combate
ao consumismo exagerado.
c) defender a importância do conhecimento de informatica pela
populacao de baixo poder aquisitivo.
d) facilitar o uso de equipamentos de informatica pelas classes
sociais economicamente desfavorecidas.
e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a
maquina, mesmo a mais moderna.
► Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas
entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar por cima de
significados importantes e decisivos ou – o que é pior – pode
concordar com coisas que rejeitaria se percebesse.
Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram,
com malícia, aspectos subentendidos e pressupostos.
A compreensão de implícitos é essencial para se garantir
um bom nível de leitura. Em várias ocasiões, aquilo que não é
dito, mas apenas sugerido, importa muito mais do que aquilo
que é dito abertamente. A incapacidade de compreensão de
implícitos faz com que o leitor fique preso no nível literal do
enunciado, aquele em que as palavras valem apenas pelo que
são, não pelo que sugerem ou podem dar a entender.
Implícito é algo que está envolvido naquele contexto, mas não
é revelado, é deixado subentendido, é apenas sugerido.
7.1 A pressuposição Pressupostos são aquelas ideias não expressas de
maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de
certas palavras ou expressões contidas na frase.
Na frase: João parou de beber diz-se explicitamente
que, no momento da fala, João não bebe. O verbo “parou”,
todavia, transmite a informação implícita de que João bebia
antes.
Para aceitar o que foi afirmado no exemplo (o fato de
João ter parado de beber), é preciso que tomemos como certa
uma outra informação que, embora não dita na frase, é
necessária para que seu conteúdo seja verdadeiro. Essa
informação é o pressuposto de que partimos no momento de
elaborar nosso raciocínio. E qual seria o pressuposto desse
exemplo? Só há uma possibilidade: se João parou de beber,
tenho que partir do pressuposto de que João bebia antes.
Note que, se João nunca bebeu, a afirmação deixa de ser
válida. É por esse motivo que o pressuposto deve ser
considerado como um “antecedente necessário” de algo que não
é dito.
Sempre que se trabalha com a noção de pressuposição,
portanto, espera-se que o interlocutor leve em consideração
dados do contexto e, quando necessário, complemente as
informações dadas por meio de um raciocínio analítico baseado
em sua experiência prévia, para dispor de todos os elementos
necessários para a construção do sentido.
► Neste próximo exemplo, extraído de uma propaganda de loja
de roupas femininas, vemos uma pressuposição cuja
explicitação leva à compreensão de algo que não chegou a ser
dito:
Se você pergunta pro seu marido se está linda, e ele responde
que te ama de qualquer jeito, ta na hora de falar com a gente.
Analise a situação em que um diálogo como o sugerido
pela propaganda ocorreria. Em primeiro lugar, temos uma
mulher que, por algum motivo, julga-se bonita em determinada
ocasião. Quando pergunta para o marido se isso é verdade, ela
parte do pressuposto de que ele irá confirmar. Acontece, porém,
que a resposta dada contradiz o seu pressuposto e sugere uma
outra “leitura” da situação. Dizer que ama de qualquer jeito vai
contra a pressuposição de que o marido concorda com o fato de
ela ser linda. Mais, dá a entender exatamente o contrário: não
importa o fato de você não estar linda, eu te amo de qualquer
jeito. Embora o marido não diga que não acha a mulher linda,
isso fica subentendido pela resposta que ele dá a ela.
2) Aponte a informação pressuposta nos textos a seguir:
a) A professora ainda não entregou as notas das provas.
________________________________________________
b) O tempo continua chuvoso.
________________________________________________
c) Todos foram à festa, até Maria.
________________________________________________
d) Paulo, agora você está acertando.
________________________________________________
e) Lívia, você é a professora menos chata que eu tenho.
____________________________________________
7.2 As implicaturas (subentendidos)
É um sentido derivado, que atribuímos a um enunciado
depois de constatar que seu sentido literal é irrelevante para a
situação. Se perguntamos: “Qual é a função de Pedro no
jornal?” e ouvimos “Pedro é o filho do chefe”, podemos
depreender dessa resposta que Pedro não tem função nenhuma
que Pedro não faz nada ou que Pedro não precisa fazer nada.
Nem as implicaturas nem as pressuposições fazem parte
do conteúdo explicitado. A diferença entre elas está no fato de
que, no que respeito às pressuposições, a estrutura linguística
nos oferece os elementos que permitem depreendê-las; já com
as implicaturas isto não acontece – o suporte linguístico é
menos óbvio e, portanto, elas dependem principalmente do
conhecimento da situação, compartilhado pelo falante e pelo
ouvinte. As pressuposições fazem parte do sentido literal das
frases, enquanto as implicaturas são estranhas a ele.
Quando lidamos com uma informação que não foi dita,
mas tudo que é dito nos leva a identificá-la, estamos diante de
algo subentendido ou implícito.
Portanto, as implicaturas ou subentendidos são as
insinuações escondidas por trás de uma afirmação. Quando um
transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você tem fogo?,
acharia muito estranho se você dissesse: Tenho e não lhe
acendesse o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta
subentende-se: Acenda-me o cigarro, por favor.
A implicatura difere do pressuposto num aspecto muito
importante: o pressuposto é um dado posto como indiscutível
para o falante e para o ouvinte, não é para ser contestado; o
subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante,
ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das
palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o
ouvinte depreendeu.
Para entender esse processo de descomprometimento
que ocorre com a manipulação dos subentendidos, imaginemos
a seguinte situação:
Um professor de matemática encontra um ex-aluno.
Depois de conversarem um pouco, o professor pergunta:
― Quem está dando Matemática para você este ano?
E o aluno responde:
― O professor Edson.
― Ah. O Edson também é um bom professor.
a) Qual é a informação implícita ou subentendida presente no
texto? _________________________________________
________________________________________________
b) Que palavra é responsável por veicular tal informação
implícita no texto? _________________________________
Pressupostos e implicaturas são recursos frequentes
utilizados por autores no momento da elaboração de seus textos.
Para garantir uma boa leitura, você precisa estar atento a
situações em que apenas a apreensão do sentido literal não é o
bastante para a compreensão do texto.
7.3 Inferências Sabemos que ninguém pensa a partir do nada.
Consciente desse fato, é fundamental que procuremos obter
sempre informações ou indícios que, uma vez analisados,
tornarão possível vislumbrar uma conclusão.
As inferências permitem captar o que não está dito no
texto de forma explícita. A inferência é tudo aquilo que
“lemos”, mas não está escrito. São deduções baseadas tanto em
pistas dadas pelo próprio texto ou baseadas em conhecimentos
que o leitor possui. Às vezes essas inferências se confirmam, e
às vezes não; de qualquer forma, não são deduções aleatórias.
O contexto, na verdade, contribui decisivamente para a
interpretação do texto e, com frequência, até mesmo para inferir
a intenção do autor.
Se o céu está nublado, pode-se inferir que vai chover. A
inferência é uma possibilidade, pois pode ou não vir a chover.
Inferir algo pode ser definido como o processo de raciocínio
segundo o qual se conclui alguma coisa a partir de outra já
conhecida.
Lembre-se: as informações obtidas na leitura do texto
devem ser confrontadas com o seu conhecimento da realidade.
É esse o processo analítico que permite a elaboração de
conclusões a partir do que se infere do texto.
O exemplo da tira é bastante simples. A primeira infor-
mação de que você dispõe para dar início ao raciocínio é a fala
de Hagar esclarecendo que nem todos os vikings usam chifres.
Na verdade, os chifres denotam importância. No último
quadrinho, quando a personagem Helga, esposa de Hagar) é
apresentada, podemos observar o tamanho dos chifres que ela
usa. Ora, se os chifres denotam importância e os de Helga são
evidentemente maiores do que os de Hagar, infiro (ou concluo)
que ela é mais importante do que ele. Em um caso como esse,
os dados fornecidos pelo contexto são suficientes para que se
processe todo o raciocínio analítico. O conhecimento sobre a
realidade e a utilização do bom senso no momento de análise
dos dados, porém, geralmente serão fundamentais para garantir
uma conclusão verdadeira (ou possível).
ATIVIDADES
1) (ESAF) Considerando as ideias do texto, assinale as
inferências como verdadeiras (V) ou falsas (F) e marque a
CORRETA opção em seguida.
Li que a espécie humana é um sucesso sem
precedentes. Nenhuma outra com uma proporção parecida de
peso e volume se iguala à nossa em termos de sobrevivência e
proliferação. E tudo se deve à agricultura. Como controlamos
a produção do nosso próprio alimento, somos a primeira
espécie na história do planeta a poder viver fora de seu
ecossistema de nascença. Isso nos deu mobilidade e a
sociabilidade que nos salvaram do processo de seleção, que
limitou outros bichos de tamanho equivalente. É por isso que
não temos mudado muito, mas também não nos extinguimos. (Luiz Fernando Veríssimo, Recursos Humanos, in: O Desafio
Ético, org. de Ari Roitman, com adaptações).
( ) Mede-se o sucesso pela capacidade de sobrevivência e
proliferação.
( ) Se a espécie humana tivesse outro peso e volume não teria
sobrevivido.
( ) Viver fora do ecossistema de nascença depende da
capacidade de criar o próprio alimento.
( ) O processo de seleção das espécies é que limita a mobilidade
e a sociabilidade.
( ) A história da espécie humana poderia ser outra se não
houvesse agricultura.
( ) Poucas mudanças trazem como consequência a não-extinção
da espécie.
A sequência CORRETA é:
a) V, V, V, F, F, V d) F, V, F, V, V, F
b) V, F, F, V, V, F e) V, F, V, F, V, F
c) F, F, V, V, F, V
2) (UNIFOR) A questão baseia-se no texto apresentado a
seguir.
Quando se fala em seca na Amazônia ou nos furacões
no Sul dos Estados Unidos, a primeira coisa que vem à cabeça
é o aquecimento global. A terra está de fato ficando mais
quente, mas, segundo os especialistas, é impossível demonstrar
um vínculo causal entre esse aquecimento e fenômenos
particulares, como os furacões e a seca. O que os cientistas já
sabem, no entanto, é que os dois fenômenos tiveram a mesma
origem: o aquecimento da água no norte do Oceano Atlântico.
Ao lado do aquecimento, o desmatamento também
contribui para a seca. Onde há floresta, a maior parte da água
da chuva é interceptada pela copa das árvores. A água evapora
rapidamente e causa mais chuva. Em áreas desmatadas, com o
solo pobre em matéria orgânica, essa água escorre para os
rios, indo para longe. Assim as duas causas podem se encontrar
em um ponto comum: ao “sequestrar” gás carbono, a floresta
contribui para conter o efeito estufa e, com ele, o aquecimento
global. (Lourival Sant’Anna. O Estado de S. Paulo, A13, 16/10/2005)
Conclui-se corretamente do texto que
a) é importante controlar o desmatamento da floresta
amazônica, como prevenção para a ocorrência de certos
fenômenos climáticos.
b) está havendo medição mais atenta da temperatura da água do
Oceano Atlântico, para evitar ocorrência de catástrofes naturais
na região amazônica.
c) parece ter-se tornado praticamente impossível conter o efeito
estufa, por não se encontrarem soluções para suas
consequências, em todo o planeta.
d) especialistas em alterações climáticas divergem ao
estabelecer associação entre a seca no Amazonas e os furacões
nos Estados Unidos.
e) desmatar nem sempre ocasiona efeitos prejudiciais à vida dos
moradores, pois a água das chuvas garante o nível mais cheio
dos rios.
(Enem 2010)
Texto I
Texto II
CONEXÃO SEM FIO NO BRASIL
Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar
publicações para o Kindle
A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz
um anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil. Já o
texto II traz informações referentes à abrangência de
acessibilidade das tecnologias de comunicação e informação
nas diferentes regiões do país. A partir da leitura dos dois
textos, infere-se que o advento do livro digital no Brasil
a) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país às
informações antes restritas, uma vez que eliminará as
distâncias, por meio da distribuição virtual.
b) criará a expectativa de viabilizar a democratização da leitura,
porém esbarra na insuficiência do acesso à internet por telefonia
celular, ainda deficiente no país.
c) fará com que os livros impressos tornem-se obsoletos, em
razão da diminuição dos gastos com os produtos digitais
gratuitamente distribuídos pela internet.
d) garantirá a democratização dos usos da tecnologia no país,
levando em consideração as características de cada região no
que se refere aos hábitos de leitura e acesso à informação.
e) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura dos
brasileiros, uma vez que as características do produto permitem
que a leitura aconteça a despeito das adversidades geopolíticas.
8. GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS Os textos desempenham papel fundamental em nossa
vida social, já que estamos nos comunicando o tempo todo. No
processo comunicativo, os textos têm uma função e cada esfera
de utilização da língua, cada campo de atividade, elabora
determinados tipos de textos que são estáveis, ou seja, se
repetem tanto no assunto, como na função, no estilo, na forma.
É isso que nos permite reconhecer um texto como carta, ou bula
de remédio, ou poesia, ou notícia jornalística, por exemplo.
Gêneros textuais Os gêneros textuais são aqueles que encontramos em
nossa vida diária, inclusive em nossos momentos de interação
verbal. Quando nos comunicamos verbalmente, fazemos,
intuitivamente, uso de algum gênero textual. Sendo assim, a
língua, sob a perspectiva dos gêneros textuais, é compreendida
por seus aspectos discursivos e enunciativos, e não em suas
peculiaridades formais. Os gêneros privilegiam a
funcionalidade da língua, ou seja, a maneira como os falantes
podem dela dispor, e não seus aspectos estruturais.
Numa situação de interação verbal, a escolha do gênero
textual é feita de acordo com os diferentes elementos que
participam do contexto, tais como: quem está produzindo o
texto, para quem, com que finalidade, em que momento
histórico, etc.
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens,
editoriais, entrevistas; na esfera de divulgação científica, são
comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclopédia,
artigo ou ensaio científico, monografia, dissertação, tese,
seminário, conferência; na esfera jurídica, são frequentes os
gêneros boletim de ocorrência, estatutos, leis, contrato,
procuração, regimentos, requerimentos, entre outros.
São inúmeros os gêneros textuais utilizados em nossas
ações sociocomunicativas:
telefonema – carta comercial – carta pessoal – poema –
cardápio – poema – cardápio de restaurante – receita
culinária – bula de remédio – bilhete – notícia de jornal –
romance – edital de concurso – piada – carta eletrônica –
formulário de inscrição – inquérito policial – história em
quadrinhos o entrevista – (auto)biografia – monografia –
aviso – conto – romance – obra teatral
É importante ressaltar que os gêneros textuais são
passíveis de modificação, pois devem atender às situações
comunicativas do cotidiano. Podemos destacar também que os
gêneros atendem a necessidades específicas, que vão desde a
elaboração de um cardápio do restaurante à elaboração de um
e-mail. Novos gêneros podem surgir ou desaparecer, de acordo
com as demandas dos usuários da língua.
Tipos textuais Os tipos textuais, ao contrário dos gêneros textuais, são
limitados, abrangendo categorias conhecidas como:
narração (relato) – argumentação –
exposição – descrição – injunção/prescrição
O termo tipologia textual designa uma sequência
definida pela natureza linguística de sua composição, ou seja,
está relacionado com as questões estruturais da língua,
determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas
e tempo verbal.
É importante saber que um mesmo gênero poderá
apresentar mais de uma sequência tipológica. Entretanto,
haverá uma tipologia predominante. Assim, um texto narrativo
poderá conter elementos descritivos e, para classificá-lo, a
predominância de um sobre o outro deve ser observada, pois
um texto poderá ser tipologicamente variado.
ATIVIDADES
(CEITEC-2012) O trecho que segue foi extraído do conto
“Lâmpadas e Ventiladores”, de Humberto de Campos:
A tarde estava quente, abafada, ameaçando tempestade. Na
sala da sorveteria onde tomávamos chá, os ventiladores
ronronavam, como gatos, refrescando o ambiente. Lufadas
ardentes, fortes, brutais, varreram, lá fora, o asfalto da
Avenida. O céu escureceu, de repente, e um trovão estalou,
rolando pelo céu. Nesse momento, as lâmpadas do salão,
abertas àquela hora, apagaram-se todas, ao mesmo tempo
em que, dependendo da mesma corrente elétrica, os
ventiladores foram, pouco a pouco, diminuindo a marcha,
até que pararam, de todo, como aves que acabam de chegar
de um grande voo.
1) Sobre a tipologia textual dessa passagem do conto, pode-se
dizer a organização predominante é
a) argumentativa. c) expositiva. e) poética.
b) descritiva. d) narrativa.
2) O autor da crônica apresenta seu ponto de vista a partir de
situações partilhadas com os leitores. A marca linguística que
revela essas situações comuns ao narrador e aos leitores é o
emprego de
a) primeira pessoa do plural.
b) tempo passado dos verbos.
c) informalidade no uso do vocabulário.
d) adjetivação de natureza descritiva.
e) pontuação livre nos parágrafos.
ATIVIDADES
(UEL-PR) Leia o texto a seguir, em que o jornalista Ronald
Christ entrevista o escritor argentino Jorge Luis Borges, e
responda à questão.
Esta entrevista ocorreu em julho de 1966, em conversa
que mantive com Borges em seu escritório na Biblioteca
Nacional, da qual ele era diretor. O ambiente, que evoca uma
Buenos Aires mais antiga, não era realmente o de um
escritório, mas uma ampla e ornamentada sala, de pé-direito
alto, na biblioteca recém-renovada. Nas paredes – mas altos
demais para serem lidos com facilidade, como se pendurados
com timidez – estavam vários certificados acadêmicos e
menções literárias. Havia também diversas águas-fortes de
Piranesi, recordando a fantástica ruína piranesiana no conto
de Borges “O imortal”. Acima da lareira havia um grande
retrato. Quando perguntei à secretária de Borges, sra. Susana
Quinteros, a respeito do retrato, ela respondeu num eco
adequado, ainda que não intencional, de um tema borgiano:
“No importa. É uma reprodução de outra pintura”.
(CHRIST, R. Os escritores: as históricas entrevistas de Paris Review. São
Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 197.)
Com base nos conhecimentos sobre o tema, é possível afirmar
que o texto é predominantemente:
a) narrativo, já que busca relatar a experiência que o jornalista
viveu.
b) argumentativo, uma vez que se apresenta por meio de
raciocínio lógico.
c) preditivo, desenvolvido para permitir ao leitor que preveja
como será a entrevista.
d) dissertativo, iniciando-se com referências de tempo e espaço.
e) descritivo, pois o jornalista tenta recriar para o leitor o espaço
que visitou.
(ENEM)
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista,
dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, critico e
ensaista, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho
de 1839. Filho de um operario mestico de negro e portugues,
Francisco Jose de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado
de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do pais
e um mestre da lingua, perde a mae muito cedo e e criado pela
madrasta, Maria Ines, tambem mulata, que se dedica ao
menino e o matricula na escola publica, unica que frequentou
o autodidata Machado de Assis. Disponivel em: http://www.passeiweb.com. Acesso em: 1 maio 2009.
Considerando os seus conhecimentos sobre os generos textuais,
o texto citado constitui-se de
a) fatos ficcionais, relacionados a outros de carater realista,
relativos a vida de um renomado escritor.
b) representacoes generalizadas acerca da vida de membros da
sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana.
c) explicacoes da vida de um renomado escritor, com estrutura
argumentativa, destacando como tema seus principais feitos.
d) questoes controversas e fatos diversos da vida de
personalidade historica, ressaltando sua intimidade familiar em
detrimento de seus feitos publicos.
e) apresentacao da vida de uma personalidade, organizada
sobretudo pela ordem tipologica da narracao, com um estilo
marcado por linguagem objetiva.
8.1. Gêneros Digitais Desde os anos 90, o mundo tem assistido a uma
revolução dos meios de comunicação por meio do advento e
popularização do computador e, especialmente, da internet, a
rede mundial de computadores. Tal transformação afeta a todos
em toda parte, em maior ou menor grau. Todo esse processo
não deixa incólume o mundo da linguagem e, assim, parâmetros
novos têm surgido também no mundo textual.
Na verdade, esses parâmetros talvez não possam ser
simplesmente considerados novos, uma vez que dialogam com
formas textuais já pré-existentes. Um bom exemplo disso é o e-
mail, “correio eletrônico”, que é uma adaptação da velha carta
ao mundo cibernético.
Do mesmo modo, os recados ou mensagens de
comunidades de relacionamentos são adaptações, em diferentes
níveis de formalidade e mesmo de sigilo do recado, agora não
mais no papel, mas em novo suporte.
8.1.1 Novos gêneros Um fato interessante a registrar é que o mundo digital
vem (re)criando um grande acervo de gêneros textuais, numa
profusão que, muitas vezes, não permite ainda definições
completas.
Contudo, alguns princípios universais aos textos podem
ser destacados:
• os gêneros textuais, mesmo digitais, continuam a ser definidos
a partir de certos elementos fixos;
• em decorrência do exposto anteriormente, a questão do
formato, ou seja, da silhueta do texto é, comumente marca
distintiva. Pensemos no exemplo do e-mail que mantém as
marcas de silhueta da carta tradicional da despedida e da
identificação do remetente;
• é ilusório tomar o espaço virtual por informal. Como em todo
o resto, há níveis distintos de formalidade/informalidade em seu
meio;
• muitos desses gêneros textuais virtuais apresentam hibridismo
entre traços característicos de fala e de escrita, o que se
manifesta mais claramente me gêneros mais informais desse
meio.
Esse último apontamento não é, em verdade, privativo
do mundo virtual. Segundo o professor Luiz Antônio
Marcuschi, uma das maiores autoridades nos temas texto e
textualidade, escrita e fala não são dois planos opostos, mas sim
complementares, formando entre si um contínuo que vai desde
o polo mais oralizado até o mais grafado, passando por vários
pontos intermediários, bastante presentes em nosso cotidiano.
Logo, o ocorrido no espaço virtual é uma continuidade disso.
Como dissemos acima, alguns gêneros textuais digitais
ainda estão em processo de conformação; outros, no entanto, já
estão bem estabelecidos, dentre os quais: e-mail, salas de bate-
papo, fóruns, chats, blogues, textos acadêmicos, etc.
8.1.2 Redes sociais As comunidades de relacionamento, independente de
seu formato, dão suporte a toda uma diversidade de gêneros em
seu interior, com maior destaque ao chamado post, de extensão
e nível de formalidade variado e que tem por marca a anexação
de símbolos visuais, como os chamados “emoticons”,
compensadores frequentes da ausência de entonação
encontrada nesse suporte. Note-se que aí há um típico caso de
hibridismo entre fala e escrita. Por um lado se lida com a
perspectiva de uma prontidão de resposta quase tão instantânea
quanto a da fala, mas em meio escrito. Ainda acerca desses
símbolos, “emoticons”, ao contrário do que se supõe, seu uso
não é anárquico, havendo mesmo uma espécie de sintaxe para
esses símbolos, já que não podem ser utilizados, por exemplo,
ao bel prazer, em qualquer parte da frase.
Esse mesmo espaço das comunidades de relacionamento
abriga amplamente textos verbo-visuais. Muitas vezes, dá-se
também a transposição a esse espaço de textos escritos, visuais
ou verbo-visuais, quadrinhos, pinturas, propagandas, em sua
versão original ou adaptada por meio de montagens várias,
muitas vezes com fins críticos ou humorísticos. Esse mesmo
recurso tão rico e vasto abre, tantas vezes, brechas à
desinformação, ocorrendo comumente atribuição de falsos
créditos a muitas citações.
É bastante comum, ainda nesses espaços de
comunidades de relacionamento, em microblogs, como twitter,
em torpedos, uma escrita abreviada, tal qual nos antigos
telegramas: vc, tb, kz, vlw, abç, bj, etc. Aí também não há
suposta anarquia. Preservam-se as consoantes distintivas.
O conjunto das potencialidades do mundo virtual e de
sua comunicação, com certeza, ainda estão por ser descobertas
em plenitude. Aguardemo-las enquanto navegamos e
descobrimos esse mundo.
ATIVIDADES
ENEM 2010
O Chat e sua linguagem virtual O significado da palavra chat vem do ingles e quer dizer
“conversa”. Essa conversa acontece em tempo real, e, para isso,
e necessario que duas ou mais pessoas estejam conectadas ao
mesmo tempo, o que chamamos de comunicacao sincrona. Sao
muitos os sites que oferecem a opcao de bate-papo na internet,
basta escolher a sala que deseja “entrar”, identificar-se e iniciar
a conversa. Geralmente, as salas sao divididas por assuntos,
como educacao, cinema, esporte, musica, sexo, entre outros.
Para entrar, e necessario escolher um nick, uma especie de
apelido que identificara o participante durante a conversa.
Algumas salas restringem a idade, mas nao existe nenhum
controle para verificar se a idade informada e realmente a idade
de quem esta acessando, facilitando que criancas e adolescentes
acessem salas com conteudos inadequados para sua faixa etaria. AMARAL, S. F. Internet: novos valores e novos comportamentos. In: SILVA,
E.T. (Coord.). A leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003.
(adaptado).
Segundo o texto, o chat proporciona a ocorrencia de
dialogos instantaneos com linguagem especifica, uma vez que
nesses ambientes interativos faz-se uso de protocolos
diferenciados de interacao. O chat, nessa perspectiva, cria uma
nova forma de comunicacao porque
a) possibilita que ocorra dialogo sem a exposicao da identidade
real dos individuos, que podem recorrer a apelidos ficticios sem
comprometer o fluxo da comunicacao em tempo real.
b) disponibiliza salas de bate-papo sobre diferentes assuntos
com pessoas pre-selecionadas por meio de um sistema de busca
monitorado e atualizado por autoridades no assunto.
c) seleciona previamente conteudos adequados a faixa etaria
dos usuarios que serao distribuidos nas faixas de idade
organizadas pelo site que disponibiliza a ferramenta.
d) garante a gravacao das conversas, o que possibilita que um
dialogo permaneca aberto, independente da disposicao de cada
participante.
e) limita a quantidade de participantes conectados nas salas de
bate-papo, a fim de garantir a qualidade e eficiencia dos
dialogos, evitando mal-entendidos.
Texto 1
Parabéns Pikena! Ñ precisa dzer o qto amo vc e me sinto bem
p. ter vc comigo no coração Deus te abençoe. Um bj bem gd.
Daki a pc falo c vc. Sup d uva
Texto 2
:-/ tô com saud de vc!
:-) amanhã tem festa! Vmos
:-( Ficou chateada comig ontem! Desculpa Fonte: Disponível em
http://www.ufpe.br/hipertexto2005/TRABALHOS/
Qu%E9zia%20Fideles%20Ferreira.htm. Acesso em 18 de março de 2010
Dentre as características próprias da interação no contexto das
novas tecnologias, os textos têm em comum
a) o uso de imagens, que reforçam os sentidos.
b) a ausência de pontuação no fim de orações.
c) a brevidade, que se reflete nas abreviações.
d) o uso de variantes regionais do português.
e) a exploração de gírias e neologismos.
9. AS RELAÇÕES ENTRE OS TEXTOS: A
INTERTEXTUALIDADE
Quantas vezes, ao ler um texto ou ver uma determinada
propaganda, temos a sensação de já ter visto o texto em algum
lugar? Observe esta tira de Caulos:
Agora, leia este poema de Carlos Drummond de
Andrade:
No meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra (...)
Embora o texto de Caulos não faça referência direta ao
poema “No meio do caminho”, o 1º e o 3º balões implicitamente
sugerem o poema, tornando assim a tira mais engraçada e mais
rica de sentidos.
Com muita frequência um texto retoma passagens de
outro. Quando um texto de caráter científico cita outros textos,
isso é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas
e em nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a citação.
Num texto literário, a citação de outros textos é
implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e
a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o
leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações
a respeito das obras que compõem um determinado universo
cultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos,
históricos são necessários, muitas vezes, para compreensão
global de um texto.
A essa citação de um texto por outro, a esse diálogo entre
textos dá-se o nome de INTERTEXTUALIDADE.
Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada
por um citar o outro.
A intertextualidade ocorre quando as ideias de outros
aparecem diluídas em um determinado texto. De acordo com
grande parte dos teóricos atuais, não há texto sem
intertextualidade, pois não há um texto completamente puro,
sem influência de outros. No entanto, muitas vezes há uma
presença explícita de um outro texto.
Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades
distintas:
a) para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado;
b) para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do
texto citado; para polemizar com ele.
Entre os principais recursos intertextuais estão a citação,
a paráfrase e a paródia.
Citação Na citação, fragmentos de outros textos são utilizados
para explicitar ou enriquecer o texto inicial. As citações devem
ser destacadas com a devida menção do autor e da obra.
Exemplo: “‘A imaginação é mais importante do que o
conhecimento.’ Quem disse essa frase não fui eu... Foi
Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem
imaginação, não há conhecimento. Nunca o inverso”. (Alex
José Periscinoto).
Paráfrase Na paráfrase, há uma reescritura do texto, as ideias
originais do autor são mantidas. Exemplo: A justiça ordenou a
entrega imediata da criança aos pais. / A justiça ordenou que a
criança fosse entregue imediatamente aos pais. Outro exemplo:
Texto Original Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá! (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o
texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança do
sentido principal do texto que é a saudade da terra natal.
Paródia Já na paródia, um texto cita outro geralmente com o
objetivo de fazer-lhe uma crítica ou inverter ou distorcer suas
ideias, por isso, muitas vezes o texto torna-se irônico.
Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui
a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial
neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi
dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto
primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente
no Brasil.
ATIVIDADES
1) (ENEM) Quem não passou pela experiência de estar lendo
um texto e defrontar-se com passagens lidas em outros? Os
textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse
fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os
seguintes textos:
TEXTO 1 Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche na vida”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar,
1964.
TEXTO 2 Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.
BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
TEXTO 3
Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Essa espécie ainda envergonhada.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem
intertextualidade em relação a Carlos Drummond de Andrade
por:
a) reiteração de imagens d) negação dos versos
b) oposição de ideias e) ausência de recursos
c) falta de criatividade
(UERJ)
Hora do mergulho Feche a porta, esqueça o barulho
feche os olhos, tome ar: é hora do mergulho
eu sou moço, seu moço, e o poço não é tão fundo
super-homem não supera a superfície
nós mortais viemos do fundo
eu sou velho, meu velho, tão velho quanto o mundo
eu quero paz:
uma trégua do lilás-neon-Las Vegas
profundidade: 20.000 léguas
"se queres paz, te prepara para a guerra"
"se não queres nada, descansa em paz"
"luz" - pediu o poeta
(últimas palavras, lucidez completa)
depois: silêncio
esqueça a luz... respire o fundo
eu sou um déspota esclarecido
nessa escura e profunda mediocracia. (Engenheiros do Hawaii, composição de Humberto Gessinger)
2) Na letra da canção, Humberto Gessinger faz referência a um
famoso provérbio latino: si uis pacem, para bellum, cuja
tradução é Se queres paz, te prepara para a guerra. Nesse tipo
de citação, encontramos o seguinte recurso:
a) intertextualidade explícita.
b) intertextualidade implícita.
c) intertextualidade implícita e explícita.
d) tradução.
e) referência e alusão.
3) Sobre a intertextualidade, assinale a alternativa incorreta:
a) A intertextualidade implícita não se encontra na superfície
textual, visto que não fornece para o leitor elementos que
possam ser imediatamente relacionados com algum outro tipo
de texto-fonte.
b) Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, pois é
normal que durante o processo da escrita aconteçam relações
dialógicas entre o que estamos escrevendo e outros textos
previamente lidos por nós.
c) Na intertextualidade explícita, ficam claras as fontes nas
quais o texto baseou-se e acontece, obrigatoriamente, de
maneira intencional. Pode ser encontrada em textos do tipo
resumo, resenhas, citações e traduções.
d) A intertextualidade sempre acontece de maneira proposital.
É um recurso que deve ser evitado, pois privilegia o plágio dos
textos-fonte em detrimento de elementos que confiram
originalidade à escrita.
(FUVEST)
4) No texto, empregam-se, de modo mais evidente, dois
recursos de intertextualidade: um, o próprio autor o torna
explícito; o outro encontra-se em um dos trechos citados
abaixo. Indique-o.
a) “Você é um horror!”
b) “E você, bêbado.”
c) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no espelho e ver o
alcoólatra machista de sempre.”
d) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o emprego, a
família e o autorrespeito.”
e) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”
Operários, 1933, óleo sobre tela, 150x205 cm, (P122). Tarsila
do Amaral
Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura
identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho.
Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam
verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um
ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar
infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro
afora. (Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)
5) O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que
também se encontra nos versos transcritos em:
a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas
mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes)
b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de
abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.” (João Cabral
de Melo Neto)
c) “O funcionário público não cabe no poema/ com seu salário
de fome/ sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)
d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser
nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
(Fernando Pessoa)
e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio entrar (...)/ Os
inocentes, definitivamente inocentes/ tudo ignoravam,/ mas a
areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas,
e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)
10. RECURSOS SEMÂNTICOS A Semântica é o sentido do texto, está relacionada à
compreensão do mesmo. Para que se entenda algo escrito, as
estruturas coesivas devem estar claras, mas a coerência é
essencial. Ao escolher um determinado vocábulo, ao trocar uma
palavra por outra o autor constrói o próprio pensamento, não há
texto sem lógica, a própria coesão é dada para que se entenda a
lógica do texto.
Dentre os conceitos de semântica indispensáveis para
qualquer concurso, relacionam-se os seguintes:
► Sinônimos: quando diferentes palavras ou expressões
podem ser substituídas por outras, dizemos que são sinônimas
entre si.
Exs: alegria, contentamento; fofoca, maledicência; iniciante,
principiante; ira, raiva...
Você já vacinou seu cão? Você já vacinou seu cachorro?
Obs.: Não existem sinônimos perfeitos.
ATIVIDADES
1) NÃO são sinônimos:
a) cancelar, preterir d) eminente, elevado
b) retificar, corrigir e) privilégio, vantagem
c) infringir, desrespeitar
2) “A primeira pergunta que se coloca espontaneamente é se a
União Monetária favorecerá a mobilidade da mão-de-obra no
interior da chamada ‘zona do euro’, ou ‘Eurolândia’”. Os
termos grifados na frase acima podem ser substituídos
corretamente, sem prejuízo do sentido original, por:
a) devidamente – priorizará – arregimentação
b) legitimidade – incorporará – movimento
c) naturalmente – corroborará – circulação
d) ingenuamente – incitará – mobilização
e) instintivamente – alavancará – progresso
3) Indique o sinônimo das seguintes palavras, associando as
colunas.
(1) garimpar ( ) percorrer a pé
(2) prover ( ) gastar, levar
(3) consumir ( ) providenciar, abastecer
(4) minguar ( ) preparar a terra para o cultivo, cultivar
(5) palmilhar ( ) diminuir, emagrecer
(6) amanhar ( ) trabalhar em garimpo, explorar pedras
preciosas
►Antônimos: são palavras de sentido contrário. Ex: amor e
ódio; alegria e melancolia; saúde, doença; subir descer; fazer,
desfazer...
Observe o anúncio a seguir e responda: qual o efeito de
sentido que o autor pretendeu dar ao texto ao utilizar palavras
de sentido contrário? _______________________
NOVO DORITOS QUEIJO
NACHO.
VOCÊ VAI FICAR DE BOCA
ABERTA, FECHADA, ABERTA,
FECHADA...
ATIVIDADES
1) “Quando proscreveram o quadro de valores nos quais essas
pessoas foram criadas...” A palavra ou expressão de significado
oposto a “proscreveram” é:
a) restabeleceram d) aboliram
b) extinguiram e) suprimiram
c) puseram fora de uso
2) “Parece-nos plausível que venha a ocorrer exacerbação dos
ânimos, pois a decisão foi tomada arbitrariamente. Têm
significação OPOSTA à dos termos sublinhados na frase
acima, respectivamente:
a) inverossímil – pacificação – pressurosamente
b) inadmissível – apaziguamento – criteriosamente
c) inaceitável – apaziguamento – gratuitamente
d) inadmissível – arrefecimento – injustificadamente
e) reprovável – tensionamento – sensatamente