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Colégio Equipe de Muriaé Língua Portuguesa – Módulo I 3º ano do EM – Turma _____ Profa. Lívia Souza Aluno(a): ____________________________________ LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 1. Introdução A importância dada às questões de interpretação de textos nos atuais concursos, vestibulares e ENEM deve-se ao caráter interdisciplinar dessa atividade, o que equivale a dizer que a competência de ler texto interfere decisivamente no aprendizado em geral, já que boa parte do conhecimento mais importante nos chega por meio da linguagem escrita. A compreensão do significado (ou dos significados) de um texto é produto de várias operações conjugadas. Como se sabe, num texto, cada uma das partes está combinada com as outras, criando um todo que não é mero resultado da soma das partes, mas da sua articulação. Desse modo, a apreensão do significado global resulta de várias leituras acompanhas de várias hipóteses interpretativas, levantadas a partir da compreensão de dados e informações inscritos no texto lido e do nosso conhecimento de mundo. Quanto mais conhecimentos culturais e científicos temos, mais preparados estamos para interagir com os diferentes textos, verbais e não-verbais, que circulam socialmente. Assim, quanto maior é o nosso repertório cultural, quanto maior é o nosso conhecimento de mundo, mais preparados estamos para “ler” o mundo de forma abrangente e crítica. A essa carga de informações veiculadas pelos textos que lemos, escrevemos, ouvimos e falamos, chamamos informatividade. Um texto possui alto grau de informatividade quando sua compreensão mais ampla depende do repertório cultural do observador. A interpretação de texto não se reduz simplesmente ao ato de ler. Um texto não é um amontoado de letras, frases e períodos. Para interpretar, no entanto, faz-se necessária uma leitura crítica, a leitura das entrelinhas; deve-se entender os valores defendidos, os “caminhos” que o autor deixou para que o leitor percorresse e chegasse a um ponto esperado. Deve-se, então, exercitar sempre; leitura nunca é demasiada. Mas, faz-se necessário ler procurando entender qual é o objetivo principal do texto, para que se possa fazer uma leitura “real” das intenções do autor e, portanto, uma crítica bem elaborada; não uma leitura superficial, que pouco ou nada acrescenta. Uma interpretação só será bem feita quando a leitura for bem explorada. Um texto é bastante complexo, pois é uma manifestação linguística de um emissor que possui ideias próprias e as propõem no texto para que possam chegar ao destinatário, ou seja, ao leitor. Esse fato não é tão simples quanto pode parecer, pois o texto torna-se um intermediador entre o pensamento de duas pessoas diferentes, ou seja, às vezes há uma grande divergência entre o pensamento do locutor e do interlocutor, devido a esse fato, para compreender realmente um texto, o leitor deve preocupar-se em encontrar os recursos semânticos e discursivos utilizados pelo autor, assim, compreenderá as ideias do mesmo ao invés de enxergar as próprias. 1.2 A questão da interpretação nos concursos Os concursos, de uma forma geral, apresentam questões interpretativas que têm por finalidade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado. As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto. Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer. O homem usa a língua porque vive em comunidades, nas quais tem necessidade de se comunicar, de estabelecer relações dos mais variados tipos, de obter deles reações ou comportamentos, interagindo socialmente por meio do seu discurso. Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento. Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinentes. No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor. A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais completa. Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, é também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais consciente e segura. 2. LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO → Leia esta tira, de Luís Fernando Veríssimo:

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Colégio Equipe de Muriaé Língua Portuguesa – Módulo I 3º ano do EM – Turma _____

Profa. Lívia Souza

Aluno(a): ____________________________________

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

1. Introdução

A importância dada às questões de interpretação de

textos nos atuais concursos, vestibulares e ENEM deve-se ao

caráter interdisciplinar dessa atividade, o que equivale a dizer

que a competência de ler texto interfere decisivamente no

aprendizado em geral, já que boa parte do conhecimento mais

importante nos chega por meio da linguagem escrita.

A compreensão do significado (ou dos significados) de

um texto é produto de várias operações conjugadas. Como se

sabe, num texto, cada uma das partes está combinada com as

outras, criando um todo que não é mero resultado da soma das

partes, mas da sua articulação. Desse modo, a apreensão do

significado global resulta de várias leituras acompanhas de

várias hipóteses interpretativas, levantadas a partir da

compreensão de dados e informações inscritos no texto lido e

do nosso conhecimento de mundo.

Quanto mais conhecimentos culturais e científicos

temos, mais preparados estamos para interagir com os

diferentes textos, verbais e não-verbais, que circulam

socialmente. Assim, quanto maior é o nosso repertório cultural,

quanto maior é o nosso conhecimento de mundo, mais

preparados estamos para “ler” o mundo de forma abrangente e

crítica. A essa carga de informações veiculadas pelos textos que

lemos, escrevemos, ouvimos e falamos, chamamos

informatividade. Um texto possui alto grau de informatividade

quando sua compreensão mais ampla depende do repertório

cultural do observador.

A interpretação de texto não se reduz simplesmente ao

ato de ler. Um texto não é um amontoado de letras, frases e

períodos. Para interpretar, no entanto, faz-se necessária uma

leitura crítica, a leitura das entrelinhas; deve-se entender os

valores defendidos, os “caminhos” que o autor deixou para que

o leitor percorresse e chegasse a um ponto esperado.

Deve-se, então, exercitar sempre; leitura nunca é

demasiada. Mas, faz-se necessário ler procurando entender qual

é o objetivo principal do texto, para que se possa fazer uma

leitura “real” das intenções do autor e, portanto, uma crítica

bem elaborada; não uma leitura superficial, que pouco ou nada

acrescenta. Uma interpretação só será bem feita quando a

leitura for bem explorada.

Um texto é bastante complexo, pois é uma manifestação

linguística de um emissor que possui ideias próprias e as

propõem no texto para que possam chegar ao destinatário, ou

seja, ao leitor. Esse fato não é tão simples quanto pode parecer,

pois o texto torna-se um intermediador entre o pensamento de

duas pessoas diferentes, ou seja, às vezes há uma grande

divergência entre o pensamento do locutor e do interlocutor,

devido a esse fato, para compreender realmente um texto, o

leitor deve preocupar-se em encontrar os recursos semânticos e

discursivos utilizados pelo autor, assim, compreenderá as ideias

do mesmo ao invés de enxergar as próprias.

1.2 A questão da interpretação nos concursos

Os concursos, de uma forma geral, apresentam questões

interpretativas que têm por finalidade a identificação de um

leitor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os

níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de

necessitar de um bom léxico internalizado.

As frases produzem significados diferentes de acordo

com o contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim,

necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que

compõem o texto.

Além disso, é fundamental apreender as informações

apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete.

Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto

de uma postura ideológica do autor diante de uma temática

qualquer.

O homem usa a língua porque vive em comunidades, nas

quais tem necessidade de se comunicar, de estabelecer relações

dos mais variados tipos, de obter deles reações ou

comportamentos, interagindo socialmente por meio do seu

discurso.

Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a

informativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira

deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato

com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre

o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura.

Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar

palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma

palavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo

de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o

entendimento.

Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação

seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da

essência do texto, a fim de responder às interpretações que a

banca considerou como pertinentes. No caso de textos

literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras

formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da

época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global

dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode

ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas que

aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação

do autor.

A última fase da interpretação concentra-se nas

perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais

marcações de palavras como não, exceto, errada,

respectivamente etc. que fazem diferença na escolha adequada.

Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do

"mais adequado", isto é, o que responde melhor ao

questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar

certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como

gabarito pela banca examinadora por haver uma outra

alternativa mais completa. Ainda cabe ressaltar que algumas

questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser

a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que

aparentemente pareça ser perda de tempo. A

descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, é

também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia

a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global

proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais

consciente e segura.

2. LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E

INTERAÇÃO

→ Leia esta tira, de Luís Fernando Veríssimo:

1) A tira cria humor a partir de uma situação que retrata as novas

formas de relacionamento amoroso e familiar nos tempos de

hoje. Que novidade existe no comunicado que a filha faz à

família?

a) Que o casal não pretende se casar.

b) Que o novo namorado irá morar com a família.

c) O pai da moça dar as boas-vindas ao pretenso genro.

d) O novo namorado se apresentar dizendo seu apelido.

2) A fala da moça provoca uma reação no namorado. O que ele

faz e fala como reação ao que ela disse?

a) Ele estende a mão para cumprimentar o suposto sogro e se

apresenta.

c) O rapaz teme a reação do pai da moça quando esta anuncia a

novidade.

b) O namorado da filha fica envergonhado e não revela seu

nome verdadeiro.

d) O genro tenta conquistar a simpatia do sogro para que seja

aceito como novo morador da casa.

3) Compare as duas falas do rapaz e do pai da moça ao se

cumprimentarem. A fala do pai surpreende e causa humor. O

que era esperado que o pai da moça dissesse nesse momento?

a) “Quais são suas reais intenções com minha filha?”

b) “Vocês pretendem se casar, certo?”

c) “Seja bem-vindo! Muito prazer, meu nome é...?”

d) “O que você faz da vida? Trabalha em que?”

4) Considerando que o namorado da filha vai morar com a

família e que o apelido dele é Boca, que sentido tem a fala do

pai nessa situação?

a) O pai não quer que o genro more em sua casa.

b) O pai pensa que o casal é muito jovem para morar junto.

c) O pai percebe que terá que arcar com mais uma despesa.

d) O pai responde com estranheza ao ouvir o apelido do genro.

Na situação retratada na tira, as pessoas se comunicam e

interagem entre si, ou seja, o que uma pessoa diz acaba

provocando uma reação na outra pessoa e vice-versa. O

trocadilho que o pai faz é responsável pelo humor da tira.

Contrapondo boca a bolso, o pai dá a entender que vai ter de

arcar com as despesas de mais uma boca, a do genro.

Entre a filha e o pai, ou entre o sogro e o genro, houve

comunicação, pois além de as pessoas se compreenderem, elas

também interagem, ou seja, o que uma pessoa diz interfere no

comportamento da outra. Assim:

A comunicação ocorre quando interagimos com outras

pessoas utilizando linguagem.

Para se comunicar, as personagens da tira não utilizam

apenas a linguagem verbal, isto é, as palavras. Elas também

gesticulam, se movimentam, fazem expressões corporais e

faciais. Tudo isso – palavras, gestos, movimentos, expressões

corporais e faciais – é linguagem.

Linguagem é um processo comunicativo pelo qual as pessoas

interagem entre si.

Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a

palavra (falada ou escrita), existem também as linguagem não

verbais, como a música, a pintura, a fotografia, a escultura. Há,

ainda, a linguagem mista, como as histórias em quadrinhos, o

cinema, o teatro, os programas de TV, etc.

Na tira, os participantes (o pai, a mãe, a filha e o

namorado) se inter-relacionam e interagem por meio da

linguagem. Assim, pode-se dizer que a comunicação nascida da

interação entre essas pessoas foi construída solidariamente por

elas, que são interlocutores no processo comunicativo.

Interlocutores são as pessoas que participam do processo de

interação por meio da linguagem.

Aquele que produz linguagem é chamado de locutor, e

aquele que recebe a linguagem é chamado de locutário. No

processo de comunicação e interação, ambos são interlocutores.

2.1 O CÓDIGO Na tira lida, as pessoas se comunicam fazendo uso da

língua portuguesa. A língua portuguesa é um código verbal.

Código é uma convenção, estabelecida por um grupo de pessoas

ou por toda a comunidade, que permite a construção e a

transmissão de mensagens. Além da palavra, oral e escrita,

também são códigos os sinais de trânsito, os símbolos, o código

Morse, as buzinas dos automóveis, etc.

Código é um conjunto de sinais convencionados socialmente

para a construção e a transmissão de mensagens.

2.2 A LÍNGUA A língua portuguesa é o código mais utilizado por nós

brasileiros nas situações de comunicação e interação social. Por

isso, quanto maior o domínio que temos da língua, maiores são

as possibilidades de nos comunicarmos com eficiência.

Dominar bem uma língua não significa apenas conhecer

o seu vocabulário: é preciso também ter o domínio de suas leis

combinatórias. Nós podemos conhecer o sentido de cada uma

das palavras abaixo:

*equipe estudo eu no Muriaé de colégio

Porém, da maneira como estão dispostas, elas não

estabelecem nenhuma comunicação, uma vez que não foram

respeitadas as leis de combinação das palavras no português.

Observe como as mesmas palavras ganham sentido, se as

combinarmos desta forma:

Eu estudo no Colégio Equipe de Muriaé.

Assim:

Língua é um código formado por palavras e leis

combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e

interagem entre si.

A língua pertence a todos os membros de uma

comunidade; por isso faz parte do patrimônio cultural de cada

coletividade. Como ela é um código aceito por convenção, um

único indivíduo, isoladamente, não é capaz de criá-la ou

modificá-la. A fala e a escrita, entretanto, são usos individuais

da língua. Ainda assim, não deixam de ser sociais, pois, sempre

que falamos e escrevemos, levamos em conta quem é o

interlocutor e qual é a situação em que estamos nos

comunicando.

Nem a língua nem a fala são imutáveis. A língua evolui,

transformando-se historicamente. Por exemplo, algumas

palavras perdem ou ganham fonemas (sons); outras deixam de

ser utilizadas; novas palavras surgem, de acordo com as

necessidades, entre elas os empréstimos de outras línguas com

as quais as comunidades mantêm contato. A fala também se

modifica, conforme a história pessoal de cada indivíduo, com

sua formação escolar e cultural, com as influências que recebe

do grupo social a que pertence, com suas intenções, etc.

3. VARIEDADES LINGUÍSTICAS

Cada um de nós começa a aprender sua língua em casa,

no contato com a família, imitando o que ouve e apropriando-

se, aos poucos, do vocabulário e das leis combinatórias da

língua.

Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no

trabalho, observamos que nem todos falam da mesma forma.

Há pessoas que falam de modo diferente por serem de outras

cidades ou regiões do país, ou por terem idade diferente da

nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social.

Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades

linguísticas.

Variedades linguísticas são as variações que uma língua

apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais,

regionais e históricas em que é utilizada.

Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde

que cumpram com eficiência o papel fundamental de uma

língua – o de permitir a interação verbal entre as pessoas.

Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta ou

norma padrão, tem maior prestígio social. É a variedade

linguística ensinada na escola, utilizada na maior parte dos

livros e revistas, nos documentos oficiais, em textos didáticos e

científicos, em alguns programas de televisão, etc. as demais

variedades – como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou

profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol,

dos metaleiros, dos surfistas) – são chamadas genericamente de

norma popular.

Variedade padrão, língua culta ou norma culta é a língua

padrão, a variedade de maior prestígio social.

Variedade não padrão ou língua não padrão são todas as

variedades linguísticas diferentes da língua padrão.

Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação

a variedades a variedade não padrão, todas elas são válidas e

têm valor nos grupos ou nas comunidades em que são usadas.

Contudo, em situações sociais que exigem maior formalidade –

por exemplo, uma entrevista para obter um emprego, um

requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou uma revista,

uma exposição pública, uma redação num concurso público –,

a variedade linguística exigida quase sempre é a padrão. Por

isso é importante dominá-la bem.

O ensino da língua culta, na escola, não tem a finalidade

de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família

ou em nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua

culta, somado ao domínio de outras variedades linguísticas,

torna-nos mais preparados para nos comunicarmos. Saber usar

bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo de modo

adequado às mais diferentes situações sociais de que

participamos.

3.1 Dialetos e registros Há dois tipos básicos de variação linguística: os dialetos

e os registros. Os dialetos são variedades originadas das

diferenças de região ou território, de idade, de sexo, de classes

ou grupos sociais e da própria evolução da língua. As variações

de registro ocorrem de acordo com o grau de formalismo

existente na situação de comunicação; com o modo de

expressão, isto é, se se trata de usar a linguagem na modalidade

oral ou escrita; com a sintonia entre os interlocutores, que

envolve aspectos como graus de cortesia, deferência,

tecnicidade (domínio de um vocabulário específico de algum

campo científico, por exemplo), etc.

3.2 Graus de formalismo da linguagem São muitos os tipos de registro quanto ao formalismo.

Conheça alguns deles:

• Formal: linguagem cuidada, na variedade culta e padrão. É o

caso da escrita dos bons jornais e revistas.

• Coloquial: aparece no diálogo entre duas pessoas. Sem

planejamento prévio, caracteriza-se por construções

gramaticais soltas, repetições frequentes, frases curtas,

conectivos simples, etc.

• Informal: é o caso de correspondência entre membros de uma

família ou amigos íntimos e caracterizados pelo uso de

abreviações, ortografia simplificada, construções simples.

4.3 Gíria A gíria é um dos dialetos de uma língua. Quase sempre

é criada por um grupo social, como o dos fãs de rap, de heavy

metal, o dos skatistas, o dos surfistas, o dos internautas, o dos

que praticam certas lutas, como capoeira, jiu-jítsu, o dos

presidiários, o dos marginais, etc. Quando ligada a profissões,

a gíria é chamada jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos

médicos, dos advogados e de outras profissões.

ATIVIDADES

Várias de suas habilidades de leitura poderão ser

testadas no texto seguinte, sobre o qual são formuladas as três

questões que se seguem. O texto apresenta uma situação

inesperada em que se confrontam uma linguagem formal, que

não se espera de um jogador de futebol, e uma linguagem

bastante coloquial, que é o que se espera dele em uma

entrevista.

Para ser um usuário competente da própria língua, é

preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua

Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto

discursivo. Para exemplificar esse fato, leia o texto Aí, Galera,

de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com

situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.

(ENEM)

Aí, Galera

Jogadores de futebol podem ser vítimas de

estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador

de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que

não?

─ Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.

─ Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais

esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares.

─ Como é?

─ Aí, galera.

─ Quais são as instruções do técnico?

─ Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de

contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de

preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o

esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com

parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da

desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido

pela reversão inesperado do fluxo da ação.

─ Ahn?

─ É pra dividir no meio e ir pra cima pega eles sem calça.

─ Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?

─ Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental,

algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à

qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?

─ Pode.

─ Uma saudação para a minha progenitora.

─ Como é?

─ Alô, mamãe!

─ Estou vendo que você é um, um...

─ Um jogador que confunde o entrevistador, pois não

corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo

primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a

estereotipação?

─ Estereoquê?

─ Um chato?

─ Isso.

1) O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à

expectativa do público. São elas:

a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da

entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe.

b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação

da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de

modo muito rebuscado.

c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da

expressão “progenitora”, por parte do jogador.

d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra

“estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio

e ir pra cima pra pega eles sem calça.”

e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de

estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao

estereótipo.

2) O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é

inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre

língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa

também uma inadequação da linguagem usada ao contexto.

a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – um

pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que fala

para um amigo.

b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que fala

para um amigo.

c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma

observação” – alguém comenta em uma reunião de trabalho.

d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo

de Secretária Executiva desta conceituada empresa” – alguém

que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.

e) “Porque se a gente não resolve as coisas com têm que ser, a

gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca

comida nos lares brasileiros” – um professor universitário em

um congresso internacional.

(ENEM 2012)

eu gostava muito de passeá… saí com as minhas co lgas…

brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta…

quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a palhaça

da turma… ((risos))… eu acho que foi uma das fases mais…

assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos

meus treze aos dezessete anos… A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto

Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito).

3) Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato

pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é

a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.

b) vocabulário regional desconhecido em outras varidades do

português.

c) realização do plural conforme as regras da tradição

gramatical.

d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos

narrados.

e) presença de frases incompreensíveis a um leitor inciante.

(UFF-RJ)

Falar uma única língua num território de dimensões

continentais faz parte do imaginário de nossa identidade

nacional. Mas até que ponto resiste essa unidade lingüística

brasileira? (...)

Historicamente, as variações de pronúncia, entonação e

ritmo observados no Brasil espelham a expansão heterogênea

do português desde a colonização do país. Tupi-guarani, ioruba,

banto, castelhano, holandês, francês, árabe, alemão, italiano,

inglês são alguns dos idiomas que influenciaram a variação

existente no português daqui. Revista Língua, 2007

4) Assinale o fragmento de texto que apresenta, de forma mais

abrangente, o pluralismo étnico e cultural na formação da

sociedade brasileira.

(A) A refavela

Batuque puro

De samba duro de marfim

Marfim da costa

De uma Nigéria

Miséria, roupa de cetim

Gilberto Gil

(B) É negro, e branco, e nisei

É verde, é índio peladão

E mameluco, e cafuso, e confusão

Oh Pindorama quero seu Porto Seguro

Suas palmeiras, suas pêras, seu café

Suas riquezas, praias, cachoeiras

Quero ver o seu povo de cabeça em pé

Seu Jorge

(C) Brasília tem o seu destaque

Na arte, na beleza e arquitetura

Feitiços de garoa pela serra

São Paulo engrandece a nossa terra

Do Leste por todo Centro-Oeste

Tudo é belo, e tem lindo matiz

Silas de Oliveira

(D) Vanina linda, Vanina linda

Lisboa linda

E a Porto infinda

Luanda é linda, ô Vanina, ô Vanina

Também Cabinda

E lá Dili, Timor Leste

Serás bem-vinda ou bem-ida

Maputo e fina, ô Vanina, ô Vanina

Martinho da Vila

(E) Vim do Norte vim de longe

De um lugar que já não há

Vim dormindo pela estrada

Vim parar neste lugar

Meu cheiro é de cravo

Minha cor de canela

A minha bandeira

É verde-amarela

Tom Jobim

► Observação: Em provas de concursos, é comum explorar uma

situação de uso coloquial da língua portuguesa que aqui

destacamos: o emprego que fazemos do verbo TER no lugar do

HAVER. Exemplo: Tem 30 alunos na sala de aula. De acordo

com a linguagem padrão: _____________________

________________________________________________

ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS

4. O TEXTO

A palavra texto vem do latim textum, que significa

tecido, entrelaçamento. Essa origem aponta a ideia de que texto

resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes

menores a fim de se obter um todo inter-relacionado, um todo

coeso e coerente.

Mas, afinal, o que é um texto? Segundo o linguista Luiz

Carlos Travaglia, texto é “(...) uma unidade linguística

concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada

pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor),

em uma situação de interação comunicativa específica,

como uma unidade de sentido e como preenchendo uma

função comunicativa reconhecível e reconhecida,

independentemente da sua extensão.” (KOCH e

TRAVAGLIA, 2011, p. 12).

Imaginemos uma situação: você está passando na rua,

depara com alguém que grita: Incêndio! Incêndio! Você logo

imagina a situação de fogo e que a pessoa, ao gritar, alerta as

outras pessoas e pede ajuda.

A pessoa, ao gritar, está realizando uma manifestação

linguística, cuja situação concreta é o fogo e a intenção de

avisar outras pessoas do perigo e conseguir socorro. Esta

situação específica, incêndio, pode ser tomada como um texto,

portanto, o que dá sentido a um texto é a combinação desses

fatores: o linguístico, o contextual, o intencional.

Consideremos também outro aspecto importante ao

falarmos sobre texto: ele é sempre dirigido a alguém, ou seja, a

um interlocutor.

No exemplo que vimos, a pessoa grita incêndio e espera

ser ouvida e compreendida por outras pessoas.

Em exemplos que veremos, temos diferentes tipos de

interlocução no momento da produção de texto; e, por isto,

podemos dizer que o sentido dos textos é construído na

interação entre o seu autor e o interlocutor a que se destina.

4.1 Contexto discursivo

Uma pessoa passa por você e pergunta: “Você sabe que

horas são?” Há duas respostas possíveis, você pode simplesmente

olhar o relógio e dizer que sim ou responder qual é a hora.

Obviamente, a segunda possibilidade é a esperada pelo

interlocutor, o qual deseja, de fato, saber que horas são.

Agora, imagine que uma mulher aguarda a chegada do

marido até a madrugada. No momento em que ele chega, ela

pergunta: “Você sabe que horas são?”

O marido nunca responderia com o horário,

provavelmente começaria a dar explicações sobre o motivo pelo

qual não havia chegado no tempo previsto.

O exemplo acima é bastante fácil de ser compreendido

porque trabalha com a pragmática, isto é, com o dia a dia em

sociedade. Assim é o texto, ele possui objetivos diferentes de

acordo com o local ou o tempo em que foi publicado, por

exemplo.

Os usuários da língua aprendem desde muito cedo a levar

em conta o contexto em que os enunciados são produzidos, em

sua tarefa de interpretá-los adequadamente. Essa operação de

interpretação é feita contínua e inconscientemente e é reveladora

da sensibilidade dos falantes para o fato de que a linguagem não

tem uma significação imanente e imutável, estando seu sentido

sempre vinculado a fatores de natureza pragmática.

Dessa forma, para se depreender os possíveis

significados de um texto, o leitor deve considerar, no momento

da leitura, todas as circunstâncias que envolvem sua produção e

recepção, quais sejam: quem o produziu, para quem o produziu,

com que intenções, o gênero textual no qual se materializa, qual

o suporte textual que o veicula, em que momento histórico,

social e cultural foi escrito, entre outros fatores.

ATIVIDADES

Leia atentamente a tira abaixo para responder à questão.

1) Para entender a tira, é preciso identificar o conteúdo

estabelecido em cada um dos quadrinhos. Quais são esses

contexto?

1._________________________________________________

2._________________________________________________

3._________________________________________________

4.2 Os textos e seus interlocutores O interlocutor de um texto é o leitor a quem ele se dirige

preferencialmente ou, em outras palavras, é o leitor em quem

pensa o autor no momento da produção de um texto.

Há, para cada texto, não só um contexto, mas também um

interlocutor preferencial.

Para identificar o interlocutor de um texto, devem-se

observar dois aspectos: o assunto do texto e suas características

formais.

No entanto, um texto como uma notícia, uma entrevista,

uma reportagem, etc, dependendo do assunto abordado, pode

ser de interesse de interlocutores diversos, como, por exemplo,

assuntos relacionados à economia nacional (aumento do salário

mínimo), escândalos políticos, tragédias naturais (enchentes em

São Paulo, terremoto no Haiti), campanha de vacinação contra

a gripe suína, etc.

As considerações que aqui fizemos sobre contexto e

sobre os interlocutores pressupostos pelos textos têm por

objetivo deixar muito claro que não é possível escrever bons

textos sem controlar muito bem esses dois aspectos,

constitutivos de qualquer situação de interlocução. Os textos

escritos, assim como os orais, não têm uma existência

autônoma, no sentido de que sua significação não se define

independentemente de um contexto e da relação que com eles

estabelecem seus leitores.

4.3 Elementos paratextuais – o título Paratextos são elementos que estão para além do texto,

ou seja, informações que acompanham uma obra. Quando, por

exemplo, abrimos um livro, podemos nos deparar com outros

elementos, como contracapa, biografia do autor, prefácio,

dedicatória, índice, notas de rodapé, citações, posfácio e

ilustrações. Esses elementos que margeiam o texto são

chamados de elementos paratextuais.

De todos os elementos paratextuais, o mais importante é

o título, pois funciona como uma espécie de “slogan” ou

resumo do texto, ou seja, algo que faça com que o leitor

“compre” suas ideias. Alguns especialistas já chegaram a

sugerir que o título não é relevante para a leitura de um texto,

mas não é bem assim. Um título adequado pode direcionar a

compreensão do texto, ajudando o leitor a criar expectativas de

leitura.

(ENEM)

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos

infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E

só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma

mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como

acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo.

“Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos

agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente

porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para

o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação

Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a

honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.

O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para

30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não

fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer

isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é

a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade.

E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o

consumidor não acreditasse nela? Qualquer pessoa que se

sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma

reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as

denúncias e, quando é o caso, aplica a punição. Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano

42, nº 27, 8 jul. 2009.

O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário – de

destacar a potencial supressão do trecho do texto – reforça a

eficácia pretendida, revelada na estratégia de

a) ressaltar a informação no título, em detrimento do restante

do conteúdo associado.

b) incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do plural no

discurso.

c) contar a história da criação do órgão como argumento de

autoridade.

d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua metalinguagem.

e) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.

5. TEXTO VERBAL E TEXTO NÃO VERBAL Quando se fala em texto ou linguagem, normalmente se

pensa em texto e linguagem verbais, ou seja, naquela

capacidade humana ligada ao pensamento que se concretiza

numa determinada língua e se manifesta por palavras (verbum,

em latim). Dessa forma, um texto pode ser constituído apenas

de linguagem verbal, como ocorre com a notícia, a carta ou a

anedota; nesse caso, ele é chamado de texto verbal. Também

pode ser constituído de linguagem visual, como a fotografia e a

pintura; ou de linguagem musical, como uma música; ou da

linguagem da dança, como um espetáculo de balé. Nesses

casos, ele é chamado de texto não verbal. E pode, ainda, ser

constituído pelo cruzamento de mais de uma linguagem, como,

por exemplo, das linguagens verbal e visual, como os gráficos,

as histórias em quadrinhos, o cinema; ou das linguagens verbal

e musical, como a canção. Nesses casos, temos os textos em

linguagem mista.

O produto final de toda enunciação, feita em que

linguagem for, é chamado de texto. Assim, são textos: um

gráfico, um cartum, uma pintura, uma melodia, um poema, um

filme, uma escultura, etc. Em muitos casos, dependendo da

situação, até mesmo o silêncio pode ser considerado um texto.

Leia a tira a seguir e veja como o efeito de sentido de

alguns gêneros de textos é construído por meio da integração

entre a linguagem verbal e a não verbal.

Os quadrinhos de Fernando Gonsales retratam uma

situação comunicativa em que duas personagens interagem por

meio da linguagem. A primeira delas a falar, o gato, é o locutor;

a outra, o rato é o locutário. O conjunto das falas que ambos os

interlocutores produzem nessa situação comunicativa constitui

o texto verbal.

Como você pôde notar nos quadrinhos, os enunciados

(as falas) não são o único elemento responsável pelo sentido da

interação linguística. Além do diálogo, há na situação

comunicativa outros elementos que também auxiliam na

construção do sentido, como os papéis sociais que os

interlocutores desempenham (no caso da tira, os papéis de gato

e rato), a intenção do locutor (no caso, a intenção de vender

uma rifa), o conhecimento de mundo dos interlocutores (no

caso, o rato e o gato e nós, leitores, sabemos que gatos são

predadores de ratos) e a parte visual, isto é, a linguagem não

verbal. Todos esses fatores conjugados é que fazem com que a

tira seja um texto e que produzam o efeito de humor.

ATIVIDADES

Observe a charge a seguir:

1) (CEPERJ) A imagem foi publicada num jornal do Espírito

Santo (ES) e aborda uma notícia cujos dados estão colocados

na parte superior da charge. A única afirmação inadequada

sobre os elementos visuais e linguísticos desse texto é:

a) Os elementos da notícia mostram uma oposição cultural.

b) A fala do assaltante exemplifica a “educação” referida na

notícia.

ES é o 1º lugar em educação e um dos mais violentos do mundo

c) O assalto praticado exemplifica a violência aludida na

notícia.

d) A mão direita do assaltante e as mãos da vítima mostram,

respectivamente, coação e rendição.

e) A fala eufemística do assaltante corrobora a presença do fator

“educação”.

2) (ENEM)

Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um

povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos

saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos

e manifestações transmitidos oral ou gestualmente, recriados

coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção

intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de

patrimônio cultural imaterial.

Qual das figuras abaixo retrata patrimônio imaterial da cultura

de um povo?

a)

b)

c)

d)

e)

(UFF-RJ)

A folha A natureza são duas.

Uma,

tal qual se sabe a si mesma.

Outra, a que vemos. Mas vemos?

Ou é a ilusão das coisas?

Quem sou eu para sentir

o leque de uma palmeira?

Quem sou, para ser senhor

de uma fechada, sagrada

arca de vidas autônomas?

A pretensão de ser homem

e não coisa ou caracol

esfacela-me em frente •• folha

que cai, depois de viver

intensa, caladamente,

e por ordem do Prefeito

vai sumir na varredura

mas continua em outra folha

alheia a meu privilégio

de ser mais forte que as folhas.

Carlos Drummond de Andrade

No poema “A Folha” depreende-se, pela linguagem

verbal, dentre outros aspectos, uma reflexão sobre a existência

da Natureza tal como ela se conhece a si própria e a visão que

o homem pode ter dela. Em outros gêneros textuais, a

interpretação tem de se valer daquilo que se vê, do que

representa um processo, do que pode ser inferido ou imaginado

etc., para chegar-se à síntese de um sentido.

Assinale o cartum que, pela transformação das etapas

criativas até a síntese da imagem , apresenta o que se vê e o

que se pode imaginar que se vê, tanto na criação quanto na

recepção do texto.

a)

b)

c)

d)

e)

6. Hipertexto Entender o conceito de hipertexto é fundamental para a

prova do Enem. O hipertexto é, em sua definição, uma forma

de escrita e leitura não linear, com blocos de informação

ligados a palavras, partes de um texto ou, por exemplo,

imagens.

O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson, na

década de 1960, para denominar a forma de escrita e de leitura

não linear na informática. O hipertexto se assemelha à forma

como o cérebro humano processa o conhecimento: fazendo

relações, acessando informações diversas, construindo ligações

entre fatos, imagens, sons, enfim, produzindo uma teia de

conhecimentos.

No hipertexto, o leitor passa a ter uma participação mais

ativa, pois ele pode seguir caminhos variados dentro do texto,

selecionando pontos que o levam a outros textos ou outras

mídias para complementar o sentido de sua leitura. O leitor

torna-se, assim, um coautor do texto, pois constrói tramas

paralelas de acordo com seu interesse.

No entanto, o hipertexto não está somente na internet.

Um livro de formato tradicional também pode ter sua estrutura

interna em forma de hipertexto. Um livro de contos, por

exemplo, pode ser lido sem seguir a ordem em que os contos

foram organizados. As enciclopédias e os dicionários também

apresentam estrutura hipertextual, já que indicam outros

verbetes que complementam a consulta do leitor. E ainda há

livros em que o autor coloca nas margens informações

complementares ao texto principal, buscando o formato

hipertextual.

Estamos rodeados por hipertextos dentro e fora da

internet. O hipertexto permite a interatividade e a livre escolha

para começar a leitura por qualquer um dos textos que

compõem a teia. O leitor é quem decide por quais passará,

percebendo novos caminhos, ampliando os limites da leitura.

ATIVIDADES

(ENEM 2011)

O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não

sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor o

acesso a um número praticamente ilimitado de outros textos a

partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o

leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua

leitura a partir de assuntos tratados no texto sem se prender a

uma sequência fixa ou a tópicos estabelecidos por um autor.

Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor

simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se

caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura

eletrônica multilinearizado, multisequencial e indeterminado,

realizado em um novo espaço de escrita. Assim, ao permitir

vários níveis de tratamento de um tema, o hipertexto oferece a

possibilidade de múltiplos graus de profundidade

simultaneamente, já que não tem sequência definida, mas liga

textos não necessariamente correlacionados. (MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br. Acesso em: 29

jun. 2011.)

O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e

o hipertexto pode ser considerado como um novo espaço de

escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos

autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico

computadorizado e no qual há remissões associando entre si

diversos elementos, o hipertexto

a) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos totalmente

abertos, desfavorece o leitor, ao confundir os conceitos

cristalizados tradicionalmente.

b) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao desviar

o foco da leitura, pode ter como consequência o menosprezo

pela escrita tradicional.

c) exige do leitor um maior grau de conhecimentos prévios, por

isso deve ser evitado pelos estudantes nas suas pesquisas

escolares.

d) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação

específica, segura e verdadeira, em qualquer site de busca ou

blog oferecidos na internet.

e) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura,

sem seguir sequência predeterminada, constituindo-se em

atividade mais coletiva e colaborativa.

7. Intencionalidade discursiva / informações

implícitas

Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto

é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar

dizendo: além das informações explicitamente enunciadas,

existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para

realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados

explícitos quanto os implícitos.

O sucesso de nossas interações verbais, seja na condição

de locutor, seja na de locutário, depende muito de nossa

capacidade de lidar com a intencionalidade. Por meio dela,

podemos por exemplo, impressionar, ofender, persuadir ou

informar nosso interlocutor; podemos também pedir, implorar,

reivindicar, exigir, etc.

Intencionalidade discursiva são as intenções explícitas ou

implícitas existentes nos enunciados.

ATIVIDADES

(ENEM 2010)

MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE UM COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO:

12X SEM JUROS. Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista

Epoca. N° 424, 03 jul. 2006.

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como

práticas de linguagem, assumindo configurações específicas,

formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula

o texto publicitario, seu objetivo basico e

a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos

que visam a adesao ao consumo.

b) definir regras de comportamento social pautadas no combate

ao consumismo exagerado.

c) defender a importância do conhecimento de informatica pela

populacao de baixo poder aquisitivo.

d) facilitar o uso de equipamentos de informatica pelas classes

sociais economicamente desfavorecidas.

e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a

maquina, mesmo a mais moderna.

► Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas

entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar por cima de

significados importantes e decisivos ou – o que é pior – pode

concordar com coisas que rejeitaria se percebesse.

Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram,

com malícia, aspectos subentendidos e pressupostos.

A compreensão de implícitos é essencial para se garantir

um bom nível de leitura. Em várias ocasiões, aquilo que não é

dito, mas apenas sugerido, importa muito mais do que aquilo

que é dito abertamente. A incapacidade de compreensão de

implícitos faz com que o leitor fique preso no nível literal do

enunciado, aquele em que as palavras valem apenas pelo que

são, não pelo que sugerem ou podem dar a entender.

Implícito é algo que está envolvido naquele contexto, mas não

é revelado, é deixado subentendido, é apenas sugerido.

7.1 A pressuposição Pressupostos são aquelas ideias não expressas de

maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de

certas palavras ou expressões contidas na frase.

Na frase: João parou de beber diz-se explicitamente

que, no momento da fala, João não bebe. O verbo “parou”,

todavia, transmite a informação implícita de que João bebia

antes.

Para aceitar o que foi afirmado no exemplo (o fato de

João ter parado de beber), é preciso que tomemos como certa

uma outra informação que, embora não dita na frase, é

necessária para que seu conteúdo seja verdadeiro. Essa

informação é o pressuposto de que partimos no momento de

elaborar nosso raciocínio. E qual seria o pressuposto desse

exemplo? Só há uma possibilidade: se João parou de beber,

tenho que partir do pressuposto de que João bebia antes.

Note que, se João nunca bebeu, a afirmação deixa de ser

válida. É por esse motivo que o pressuposto deve ser

considerado como um “antecedente necessário” de algo que não

é dito.

Sempre que se trabalha com a noção de pressuposição,

portanto, espera-se que o interlocutor leve em consideração

dados do contexto e, quando necessário, complemente as

informações dadas por meio de um raciocínio analítico baseado

em sua experiência prévia, para dispor de todos os elementos

necessários para a construção do sentido.

► Neste próximo exemplo, extraído de uma propaganda de loja

de roupas femininas, vemos uma pressuposição cuja

explicitação leva à compreensão de algo que não chegou a ser

dito:

Se você pergunta pro seu marido se está linda, e ele responde

que te ama de qualquer jeito, ta na hora de falar com a gente.

Analise a situação em que um diálogo como o sugerido

pela propaganda ocorreria. Em primeiro lugar, temos uma

mulher que, por algum motivo, julga-se bonita em determinada

ocasião. Quando pergunta para o marido se isso é verdade, ela

parte do pressuposto de que ele irá confirmar. Acontece, porém,

que a resposta dada contradiz o seu pressuposto e sugere uma

outra “leitura” da situação. Dizer que ama de qualquer jeito vai

contra a pressuposição de que o marido concorda com o fato de

ela ser linda. Mais, dá a entender exatamente o contrário: não

importa o fato de você não estar linda, eu te amo de qualquer

jeito. Embora o marido não diga que não acha a mulher linda,

isso fica subentendido pela resposta que ele dá a ela.

2) Aponte a informação pressuposta nos textos a seguir:

a) A professora ainda não entregou as notas das provas.

________________________________________________

b) O tempo continua chuvoso.

________________________________________________

c) Todos foram à festa, até Maria.

________________________________________________

d) Paulo, agora você está acertando.

________________________________________________

e) Lívia, você é a professora menos chata que eu tenho.

____________________________________________

7.2 As implicaturas (subentendidos)

É um sentido derivado, que atribuímos a um enunciado

depois de constatar que seu sentido literal é irrelevante para a

situação. Se perguntamos: “Qual é a função de Pedro no

jornal?” e ouvimos “Pedro é o filho do chefe”, podemos

depreender dessa resposta que Pedro não tem função nenhuma

que Pedro não faz nada ou que Pedro não precisa fazer nada.

Nem as implicaturas nem as pressuposições fazem parte

do conteúdo explicitado. A diferença entre elas está no fato de

que, no que respeito às pressuposições, a estrutura linguística

nos oferece os elementos que permitem depreendê-las; já com

as implicaturas isto não acontece – o suporte linguístico é

menos óbvio e, portanto, elas dependem principalmente do

conhecimento da situação, compartilhado pelo falante e pelo

ouvinte. As pressuposições fazem parte do sentido literal das

frases, enquanto as implicaturas são estranhas a ele.

Quando lidamos com uma informação que não foi dita,

mas tudo que é dito nos leva a identificá-la, estamos diante de

algo subentendido ou implícito.

Portanto, as implicaturas ou subentendidos são as

insinuações escondidas por trás de uma afirmação. Quando um

transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você tem fogo?,

acharia muito estranho se você dissesse: Tenho e não lhe

acendesse o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta

subentende-se: Acenda-me o cigarro, por favor.

A implicatura difere do pressuposto num aspecto muito

importante: o pressuposto é um dado posto como indiscutível

para o falante e para o ouvinte, não é para ser contestado; o

subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante,

ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das

palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o

ouvinte depreendeu.

Para entender esse processo de descomprometimento

que ocorre com a manipulação dos subentendidos, imaginemos

a seguinte situação:

Um professor de matemática encontra um ex-aluno.

Depois de conversarem um pouco, o professor pergunta:

― Quem está dando Matemática para você este ano?

E o aluno responde:

― O professor Edson.

― Ah. O Edson também é um bom professor.

a) Qual é a informação implícita ou subentendida presente no

texto? _________________________________________

________________________________________________

b) Que palavra é responsável por veicular tal informação

implícita no texto? _________________________________

Pressupostos e implicaturas são recursos frequentes

utilizados por autores no momento da elaboração de seus textos.

Para garantir uma boa leitura, você precisa estar atento a

situações em que apenas a apreensão do sentido literal não é o

bastante para a compreensão do texto.

7.3 Inferências Sabemos que ninguém pensa a partir do nada.

Consciente desse fato, é fundamental que procuremos obter

sempre informações ou indícios que, uma vez analisados,

tornarão possível vislumbrar uma conclusão.

As inferências permitem captar o que não está dito no

texto de forma explícita. A inferência é tudo aquilo que

“lemos”, mas não está escrito. São deduções baseadas tanto em

pistas dadas pelo próprio texto ou baseadas em conhecimentos

que o leitor possui. Às vezes essas inferências se confirmam, e

às vezes não; de qualquer forma, não são deduções aleatórias.

O contexto, na verdade, contribui decisivamente para a

interpretação do texto e, com frequência, até mesmo para inferir

a intenção do autor.

Se o céu está nublado, pode-se inferir que vai chover. A

inferência é uma possibilidade, pois pode ou não vir a chover.

Inferir algo pode ser definido como o processo de raciocínio

segundo o qual se conclui alguma coisa a partir de outra já

conhecida.

Lembre-se: as informações obtidas na leitura do texto

devem ser confrontadas com o seu conhecimento da realidade.

É esse o processo analítico que permite a elaboração de

conclusões a partir do que se infere do texto.

O exemplo da tira é bastante simples. A primeira infor-

mação de que você dispõe para dar início ao raciocínio é a fala

de Hagar esclarecendo que nem todos os vikings usam chifres.

Na verdade, os chifres denotam importância. No último

quadrinho, quando a personagem Helga, esposa de Hagar) é

apresentada, podemos observar o tamanho dos chifres que ela

usa. Ora, se os chifres denotam importância e os de Helga são

evidentemente maiores do que os de Hagar, infiro (ou concluo)

que ela é mais importante do que ele. Em um caso como esse,

os dados fornecidos pelo contexto são suficientes para que se

processe todo o raciocínio analítico. O conhecimento sobre a

realidade e a utilização do bom senso no momento de análise

dos dados, porém, geralmente serão fundamentais para garantir

uma conclusão verdadeira (ou possível).

ATIVIDADES

1) (ESAF) Considerando as ideias do texto, assinale as

inferências como verdadeiras (V) ou falsas (F) e marque a

CORRETA opção em seguida.

Li que a espécie humana é um sucesso sem

precedentes. Nenhuma outra com uma proporção parecida de

peso e volume se iguala à nossa em termos de sobrevivência e

proliferação. E tudo se deve à agricultura. Como controlamos

a produção do nosso próprio alimento, somos a primeira

espécie na história do planeta a poder viver fora de seu

ecossistema de nascença. Isso nos deu mobilidade e a

sociabilidade que nos salvaram do processo de seleção, que

limitou outros bichos de tamanho equivalente. É por isso que

não temos mudado muito, mas também não nos extinguimos. (Luiz Fernando Veríssimo, Recursos Humanos, in: O Desafio

Ético, org. de Ari Roitman, com adaptações).

( ) Mede-se o sucesso pela capacidade de sobrevivência e

proliferação.

( ) Se a espécie humana tivesse outro peso e volume não teria

sobrevivido.

( ) Viver fora do ecossistema de nascença depende da

capacidade de criar o próprio alimento.

( ) O processo de seleção das espécies é que limita a mobilidade

e a sociabilidade.

( ) A história da espécie humana poderia ser outra se não

houvesse agricultura.

( ) Poucas mudanças trazem como consequência a não-extinção

da espécie.

A sequência CORRETA é:

a) V, V, V, F, F, V d) F, V, F, V, V, F

b) V, F, F, V, V, F e) V, F, V, F, V, F

c) F, F, V, V, F, V

2) (UNIFOR) A questão baseia-se no texto apresentado a

seguir.

Quando se fala em seca na Amazônia ou nos furacões

no Sul dos Estados Unidos, a primeira coisa que vem à cabeça

é o aquecimento global. A terra está de fato ficando mais

quente, mas, segundo os especialistas, é impossível demonstrar

um vínculo causal entre esse aquecimento e fenômenos

particulares, como os furacões e a seca. O que os cientistas já

sabem, no entanto, é que os dois fenômenos tiveram a mesma

origem: o aquecimento da água no norte do Oceano Atlântico.

Ao lado do aquecimento, o desmatamento também

contribui para a seca. Onde há floresta, a maior parte da água

da chuva é interceptada pela copa das árvores. A água evapora

rapidamente e causa mais chuva. Em áreas desmatadas, com o

solo pobre em matéria orgânica, essa água escorre para os

rios, indo para longe. Assim as duas causas podem se encontrar

em um ponto comum: ao “sequestrar” gás carbono, a floresta

contribui para conter o efeito estufa e, com ele, o aquecimento

global. (Lourival Sant’Anna. O Estado de S. Paulo, A13, 16/10/2005)

Conclui-se corretamente do texto que

a) é importante controlar o desmatamento da floresta

amazônica, como prevenção para a ocorrência de certos

fenômenos climáticos.

b) está havendo medição mais atenta da temperatura da água do

Oceano Atlântico, para evitar ocorrência de catástrofes naturais

na região amazônica.

c) parece ter-se tornado praticamente impossível conter o efeito

estufa, por não se encontrarem soluções para suas

consequências, em todo o planeta.

d) especialistas em alterações climáticas divergem ao

estabelecer associação entre a seca no Amazonas e os furacões

nos Estados Unidos.

e) desmatar nem sempre ocasiona efeitos prejudiciais à vida dos

moradores, pois a água das chuvas garante o nível mais cheio

dos rios.

(Enem 2010)

Texto I

Texto II

CONEXÃO SEM FIO NO BRASIL

Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar

publicações para o Kindle

A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz

um anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil. Já o

texto II traz informações referentes à abrangência de

acessibilidade das tecnologias de comunicação e informação

nas diferentes regiões do país. A partir da leitura dos dois

textos, infere-se que o advento do livro digital no Brasil

a) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país às

informações antes restritas, uma vez que eliminará as

distâncias, por meio da distribuição virtual.

b) criará a expectativa de viabilizar a democratização da leitura,

porém esbarra na insuficiência do acesso à internet por telefonia

celular, ainda deficiente no país.

c) fará com que os livros impressos tornem-se obsoletos, em

razão da diminuição dos gastos com os produtos digitais

gratuitamente distribuídos pela internet.

d) garantirá a democratização dos usos da tecnologia no país,

levando em consideração as características de cada região no

que se refere aos hábitos de leitura e acesso à informação.

e) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura dos

brasileiros, uma vez que as características do produto permitem

que a leitura aconteça a despeito das adversidades geopolíticas.

8. GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS Os textos desempenham papel fundamental em nossa

vida social, já que estamos nos comunicando o tempo todo. No

processo comunicativo, os textos têm uma função e cada esfera

de utilização da língua, cada campo de atividade, elabora

determinados tipos de textos que são estáveis, ou seja, se

repetem tanto no assunto, como na função, no estilo, na forma.

É isso que nos permite reconhecer um texto como carta, ou bula

de remédio, ou poesia, ou notícia jornalística, por exemplo.

Gêneros textuais Os gêneros textuais são aqueles que encontramos em

nossa vida diária, inclusive em nossos momentos de interação

verbal. Quando nos comunicamos verbalmente, fazemos,

intuitivamente, uso de algum gênero textual. Sendo assim, a

língua, sob a perspectiva dos gêneros textuais, é compreendida

por seus aspectos discursivos e enunciativos, e não em suas

peculiaridades formais. Os gêneros privilegiam a

funcionalidade da língua, ou seja, a maneira como os falantes

podem dela dispor, e não seus aspectos estruturais.

Numa situação de interação verbal, a escolha do gênero

textual é feita de acordo com os diferentes elementos que

participam do contexto, tais como: quem está produzindo o

texto, para quem, com que finalidade, em que momento

histórico, etc.

Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a

esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por

exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens,

editoriais, entrevistas; na esfera de divulgação científica, são

comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclopédia,

artigo ou ensaio científico, monografia, dissertação, tese,

seminário, conferência; na esfera jurídica, são frequentes os

gêneros boletim de ocorrência, estatutos, leis, contrato,

procuração, regimentos, requerimentos, entre outros.

São inúmeros os gêneros textuais utilizados em nossas

ações sociocomunicativas:

telefonema – carta comercial – carta pessoal – poema –

cardápio – poema – cardápio de restaurante – receita

culinária – bula de remédio – bilhete – notícia de jornal –

romance – edital de concurso – piada – carta eletrônica –

formulário de inscrição – inquérito policial – história em

quadrinhos o entrevista – (auto)biografia – monografia –

aviso – conto – romance – obra teatral

É importante ressaltar que os gêneros textuais são

passíveis de modificação, pois devem atender às situações

comunicativas do cotidiano. Podemos destacar também que os

gêneros atendem a necessidades específicas, que vão desde a

elaboração de um cardápio do restaurante à elaboração de um

e-mail. Novos gêneros podem surgir ou desaparecer, de acordo

com as demandas dos usuários da língua.

Tipos textuais Os tipos textuais, ao contrário dos gêneros textuais, são

limitados, abrangendo categorias conhecidas como:

narração (relato) – argumentação –

exposição – descrição – injunção/prescrição

O termo tipologia textual designa uma sequência

definida pela natureza linguística de sua composição, ou seja,

está relacionado com as questões estruturais da língua,

determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas

e tempo verbal.

É importante saber que um mesmo gênero poderá

apresentar mais de uma sequência tipológica. Entretanto,

haverá uma tipologia predominante. Assim, um texto narrativo

poderá conter elementos descritivos e, para classificá-lo, a

predominância de um sobre o outro deve ser observada, pois

um texto poderá ser tipologicamente variado.

ATIVIDADES

(CEITEC-2012) O trecho que segue foi extraído do conto

“Lâmpadas e Ventiladores”, de Humberto de Campos:

A tarde estava quente, abafada, ameaçando tempestade. Na

sala da sorveteria onde tomávamos chá, os ventiladores

ronronavam, como gatos, refrescando o ambiente. Lufadas

ardentes, fortes, brutais, varreram, lá fora, o asfalto da

Avenida. O céu escureceu, de repente, e um trovão estalou,

rolando pelo céu. Nesse momento, as lâmpadas do salão,

abertas àquela hora, apagaram-se todas, ao mesmo tempo

em que, dependendo da mesma corrente elétrica, os

ventiladores foram, pouco a pouco, diminuindo a marcha,

até que pararam, de todo, como aves que acabam de chegar

de um grande voo.

1) Sobre a tipologia textual dessa passagem do conto, pode-se

dizer a organização predominante é

a) argumentativa. c) expositiva. e) poética.

b) descritiva. d) narrativa.

2) O autor da crônica apresenta seu ponto de vista a partir de

situações partilhadas com os leitores. A marca linguística que

revela essas situações comuns ao narrador e aos leitores é o

emprego de

a) primeira pessoa do plural.

b) tempo passado dos verbos.

c) informalidade no uso do vocabulário.

d) adjetivação de natureza descritiva.

e) pontuação livre nos parágrafos.

ATIVIDADES

(UEL-PR) Leia o texto a seguir, em que o jornalista Ronald

Christ entrevista o escritor argentino Jorge Luis Borges, e

responda à questão.

Esta entrevista ocorreu em julho de 1966, em conversa

que mantive com Borges em seu escritório na Biblioteca

Nacional, da qual ele era diretor. O ambiente, que evoca uma

Buenos Aires mais antiga, não era realmente o de um

escritório, mas uma ampla e ornamentada sala, de pé-direito

alto, na biblioteca recém-renovada. Nas paredes – mas altos

demais para serem lidos com facilidade, como se pendurados

com timidez – estavam vários certificados acadêmicos e

menções literárias. Havia também diversas águas-fortes de

Piranesi, recordando a fantástica ruína piranesiana no conto

de Borges “O imortal”. Acima da lareira havia um grande

retrato. Quando perguntei à secretária de Borges, sra. Susana

Quinteros, a respeito do retrato, ela respondeu num eco

adequado, ainda que não intencional, de um tema borgiano:

“No importa. É uma reprodução de outra pintura”.

(CHRIST, R. Os escritores: as históricas entrevistas de Paris Review. São

Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 197.)

Com base nos conhecimentos sobre o tema, é possível afirmar

que o texto é predominantemente:

a) narrativo, já que busca relatar a experiência que o jornalista

viveu.

b) argumentativo, uma vez que se apresenta por meio de

raciocínio lógico.

c) preditivo, desenvolvido para permitir ao leitor que preveja

como será a entrevista.

d) dissertativo, iniciando-se com referências de tempo e espaço.

e) descritivo, pois o jornalista tenta recriar para o leitor o espaço

que visitou.

(ENEM)

Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista,

dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, critico e

ensaista, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho

de 1839. Filho de um operario mestico de negro e portugues,

Francisco Jose de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado

de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do pais

e um mestre da lingua, perde a mae muito cedo e e criado pela

madrasta, Maria Ines, tambem mulata, que se dedica ao

menino e o matricula na escola publica, unica que frequentou

o autodidata Machado de Assis. Disponivel em: http://www.passeiweb.com. Acesso em: 1 maio 2009.

Considerando os seus conhecimentos sobre os generos textuais,

o texto citado constitui-se de

a) fatos ficcionais, relacionados a outros de carater realista,

relativos a vida de um renomado escritor.

b) representacoes generalizadas acerca da vida de membros da

sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana.

c) explicacoes da vida de um renomado escritor, com estrutura

argumentativa, destacando como tema seus principais feitos.

d) questoes controversas e fatos diversos da vida de

personalidade historica, ressaltando sua intimidade familiar em

detrimento de seus feitos publicos.

e) apresentacao da vida de uma personalidade, organizada

sobretudo pela ordem tipologica da narracao, com um estilo

marcado por linguagem objetiva.

8.1. Gêneros Digitais Desde os anos 90, o mundo tem assistido a uma

revolução dos meios de comunicação por meio do advento e

popularização do computador e, especialmente, da internet, a

rede mundial de computadores. Tal transformação afeta a todos

em toda parte, em maior ou menor grau. Todo esse processo

não deixa incólume o mundo da linguagem e, assim, parâmetros

novos têm surgido também no mundo textual.

Na verdade, esses parâmetros talvez não possam ser

simplesmente considerados novos, uma vez que dialogam com

formas textuais já pré-existentes. Um bom exemplo disso é o e-

mail, “correio eletrônico”, que é uma adaptação da velha carta

ao mundo cibernético.

Do mesmo modo, os recados ou mensagens de

comunidades de relacionamentos são adaptações, em diferentes

níveis de formalidade e mesmo de sigilo do recado, agora não

mais no papel, mas em novo suporte.

8.1.1 Novos gêneros Um fato interessante a registrar é que o mundo digital

vem (re)criando um grande acervo de gêneros textuais, numa

profusão que, muitas vezes, não permite ainda definições

completas.

Contudo, alguns princípios universais aos textos podem

ser destacados:

• os gêneros textuais, mesmo digitais, continuam a ser definidos

a partir de certos elementos fixos;

• em decorrência do exposto anteriormente, a questão do

formato, ou seja, da silhueta do texto é, comumente marca

distintiva. Pensemos no exemplo do e-mail que mantém as

marcas de silhueta da carta tradicional da despedida e da

identificação do remetente;

• é ilusório tomar o espaço virtual por informal. Como em todo

o resto, há níveis distintos de formalidade/informalidade em seu

meio;

• muitos desses gêneros textuais virtuais apresentam hibridismo

entre traços característicos de fala e de escrita, o que se

manifesta mais claramente me gêneros mais informais desse

meio.

Esse último apontamento não é, em verdade, privativo

do mundo virtual. Segundo o professor Luiz Antônio

Marcuschi, uma das maiores autoridades nos temas texto e

textualidade, escrita e fala não são dois planos opostos, mas sim

complementares, formando entre si um contínuo que vai desde

o polo mais oralizado até o mais grafado, passando por vários

pontos intermediários, bastante presentes em nosso cotidiano.

Logo, o ocorrido no espaço virtual é uma continuidade disso.

Como dissemos acima, alguns gêneros textuais digitais

ainda estão em processo de conformação; outros, no entanto, já

estão bem estabelecidos, dentre os quais: e-mail, salas de bate-

papo, fóruns, chats, blogues, textos acadêmicos, etc.

8.1.2 Redes sociais As comunidades de relacionamento, independente de

seu formato, dão suporte a toda uma diversidade de gêneros em

seu interior, com maior destaque ao chamado post, de extensão

e nível de formalidade variado e que tem por marca a anexação

de símbolos visuais, como os chamados “emoticons”,

compensadores frequentes da ausência de entonação

encontrada nesse suporte. Note-se que aí há um típico caso de

hibridismo entre fala e escrita. Por um lado se lida com a

perspectiva de uma prontidão de resposta quase tão instantânea

quanto a da fala, mas em meio escrito. Ainda acerca desses

símbolos, “emoticons”, ao contrário do que se supõe, seu uso

não é anárquico, havendo mesmo uma espécie de sintaxe para

esses símbolos, já que não podem ser utilizados, por exemplo,

ao bel prazer, em qualquer parte da frase.

Esse mesmo espaço das comunidades de relacionamento

abriga amplamente textos verbo-visuais. Muitas vezes, dá-se

também a transposição a esse espaço de textos escritos, visuais

ou verbo-visuais, quadrinhos, pinturas, propagandas, em sua

versão original ou adaptada por meio de montagens várias,

muitas vezes com fins críticos ou humorísticos. Esse mesmo

recurso tão rico e vasto abre, tantas vezes, brechas à

desinformação, ocorrendo comumente atribuição de falsos

créditos a muitas citações.

É bastante comum, ainda nesses espaços de

comunidades de relacionamento, em microblogs, como twitter,

em torpedos, uma escrita abreviada, tal qual nos antigos

telegramas: vc, tb, kz, vlw, abç, bj, etc. Aí também não há

suposta anarquia. Preservam-se as consoantes distintivas.

O conjunto das potencialidades do mundo virtual e de

sua comunicação, com certeza, ainda estão por ser descobertas

em plenitude. Aguardemo-las enquanto navegamos e

descobrimos esse mundo.

ATIVIDADES

ENEM 2010

O Chat e sua linguagem virtual O significado da palavra chat vem do ingles e quer dizer

“conversa”. Essa conversa acontece em tempo real, e, para isso,

e necessario que duas ou mais pessoas estejam conectadas ao

mesmo tempo, o que chamamos de comunicacao sincrona. Sao

muitos os sites que oferecem a opcao de bate-papo na internet,

basta escolher a sala que deseja “entrar”, identificar-se e iniciar

a conversa. Geralmente, as salas sao divididas por assuntos,

como educacao, cinema, esporte, musica, sexo, entre outros.

Para entrar, e necessario escolher um nick, uma especie de

apelido que identificara o participante durante a conversa.

Algumas salas restringem a idade, mas nao existe nenhum

controle para verificar se a idade informada e realmente a idade

de quem esta acessando, facilitando que criancas e adolescentes

acessem salas com conteudos inadequados para sua faixa etaria. AMARAL, S. F. Internet: novos valores e novos comportamentos. In: SILVA,

E.T. (Coord.). A leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003.

(adaptado).

Segundo o texto, o chat proporciona a ocorrencia de

dialogos instantaneos com linguagem especifica, uma vez que

nesses ambientes interativos faz-se uso de protocolos

diferenciados de interacao. O chat, nessa perspectiva, cria uma

nova forma de comunicacao porque

a) possibilita que ocorra dialogo sem a exposicao da identidade

real dos individuos, que podem recorrer a apelidos ficticios sem

comprometer o fluxo da comunicacao em tempo real.

b) disponibiliza salas de bate-papo sobre diferentes assuntos

com pessoas pre-selecionadas por meio de um sistema de busca

monitorado e atualizado por autoridades no assunto.

c) seleciona previamente conteudos adequados a faixa etaria

dos usuarios que serao distribuidos nas faixas de idade

organizadas pelo site que disponibiliza a ferramenta.

d) garante a gravacao das conversas, o que possibilita que um

dialogo permaneca aberto, independente da disposicao de cada

participante.

e) limita a quantidade de participantes conectados nas salas de

bate-papo, a fim de garantir a qualidade e eficiencia dos

dialogos, evitando mal-entendidos.

Texto 1

Parabéns Pikena! Ñ precisa dzer o qto amo vc e me sinto bem

p. ter vc comigo no coração Deus te abençoe. Um bj bem gd.

Daki a pc falo c vc. Sup d uva

Texto 2

:-/ tô com saud de vc!

:-) amanhã tem festa! Vmos

:-( Ficou chateada comig ontem! Desculpa Fonte: Disponível em

http://www.ufpe.br/hipertexto2005/TRABALHOS/

Qu%E9zia%20Fideles%20Ferreira.htm. Acesso em 18 de março de 2010

Dentre as características próprias da interação no contexto das

novas tecnologias, os textos têm em comum

a) o uso de imagens, que reforçam os sentidos.

b) a ausência de pontuação no fim de orações.

c) a brevidade, que se reflete nas abreviações.

d) o uso de variantes regionais do português.

e) a exploração de gírias e neologismos.

9. AS RELAÇÕES ENTRE OS TEXTOS: A

INTERTEXTUALIDADE

Quantas vezes, ao ler um texto ou ver uma determinada

propaganda, temos a sensação de já ter visto o texto em algum

lugar? Observe esta tira de Caulos:

Agora, leia este poema de Carlos Drummond de

Andrade:

No meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra (...)

Embora o texto de Caulos não faça referência direta ao

poema “No meio do caminho”, o 1º e o 3º balões implicitamente

sugerem o poema, tornando assim a tira mais engraçada e mais

rica de sentidos.

Com muita frequência um texto retoma passagens de

outro. Quando um texto de caráter científico cita outros textos,

isso é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas

e em nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a citação.

Num texto literário, a citação de outros textos é

implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e

a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o

leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações

a respeito das obras que compõem um determinado universo

cultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos,

históricos são necessários, muitas vezes, para compreensão

global de um texto.

A essa citação de um texto por outro, a esse diálogo entre

textos dá-se o nome de INTERTEXTUALIDADE.

Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada

por um citar o outro.

A intertextualidade ocorre quando as ideias de outros

aparecem diluídas em um determinado texto. De acordo com

grande parte dos teóricos atuais, não há texto sem

intertextualidade, pois não há um texto completamente puro,

sem influência de outros. No entanto, muitas vezes há uma

presença explícita de um outro texto.

Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades

distintas:

a) para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado;

b) para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do

texto citado; para polemizar com ele.

Entre os principais recursos intertextuais estão a citação,

a paráfrase e a paródia.

Citação Na citação, fragmentos de outros textos são utilizados

para explicitar ou enriquecer o texto inicial. As citações devem

ser destacadas com a devida menção do autor e da obra.

Exemplo: “‘A imaginação é mais importante do que o

conhecimento.’ Quem disse essa frase não fui eu... Foi

Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem

imaginação, não há conhecimento. Nunca o inverso”. (Alex

José Periscinoto).

Paráfrase Na paráfrase, há uma reescritura do texto, as ideias

originais do autor são mantidas. Exemplo: A justiça ordenou a

entrega imediata da criança aos pais. / A justiça ordenou que a

criança fosse entregue imediatamente aos pais. Outro exemplo:

Texto Original Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.

Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?

Eu tão esquecido de minha terra…

Ai terra que tem palmeiras

Onde canta o sabiá! (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).

Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o

texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança do

sentido principal do texto que é a saudade da terra natal.

Paródia Já na paródia, um texto cita outro geralmente com o

objetivo de fazer-lhe uma crítica ou inverter ou distorcer suas

ideias, por isso, muitas vezes o texto torna-se irônico.

Minha terra tem palmares

onde gorjeia o mar

os passarinhos daqui

não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui

a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial

neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi

dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto

primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente

no Brasil.

ATIVIDADES

1) (ENEM) Quem não passou pela experiência de estar lendo

um texto e defrontar-se com passagens lidas em outros? Os

textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse

fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os

seguintes textos:

TEXTO 1 Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser “gauche na vida”

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar,

1964.

TEXTO 2 Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim.

BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

TEXTO 3

Quando nasci um anjo esbelto

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Carga muito pesada pra mulher

Essa espécie ainda envergonhada.

PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem

intertextualidade em relação a Carlos Drummond de Andrade

por:

a) reiteração de imagens d) negação dos versos

b) oposição de ideias e) ausência de recursos

c) falta de criatividade

(UERJ)

Hora do mergulho Feche a porta, esqueça o barulho

feche os olhos, tome ar: é hora do mergulho

eu sou moço, seu moço, e o poço não é tão fundo

super-homem não supera a superfície

nós mortais viemos do fundo

eu sou velho, meu velho, tão velho quanto o mundo

eu quero paz:

uma trégua do lilás-neon-Las Vegas

profundidade: 20.000 léguas

"se queres paz, te prepara para a guerra"

"se não queres nada, descansa em paz"

"luz" - pediu o poeta

(últimas palavras, lucidez completa)

depois: silêncio

esqueça a luz... respire o fundo

eu sou um déspota esclarecido

nessa escura e profunda mediocracia. (Engenheiros do Hawaii, composição de Humberto Gessinger)

2) Na letra da canção, Humberto Gessinger faz referência a um

famoso provérbio latino: si uis pacem, para bellum, cuja

tradução é Se queres paz, te prepara para a guerra. Nesse tipo

de citação, encontramos o seguinte recurso:

a) intertextualidade explícita.

b) intertextualidade implícita.

c) intertextualidade implícita e explícita.

d) tradução.

e) referência e alusão.

3) Sobre a intertextualidade, assinale a alternativa incorreta:

a) A intertextualidade implícita não se encontra na superfície

textual, visto que não fornece para o leitor elementos que

possam ser imediatamente relacionados com algum outro tipo

de texto-fonte.

b) Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, pois é

normal que durante o processo da escrita aconteçam relações

dialógicas entre o que estamos escrevendo e outros textos

previamente lidos por nós.

c) Na intertextualidade explícita, ficam claras as fontes nas

quais o texto baseou-se e acontece, obrigatoriamente, de

maneira intencional. Pode ser encontrada em textos do tipo

resumo, resenhas, citações e traduções.

d) A intertextualidade sempre acontece de maneira proposital.

É um recurso que deve ser evitado, pois privilegia o plágio dos

textos-fonte em detrimento de elementos que confiram

originalidade à escrita.

(FUVEST)

4) No texto, empregam-se, de modo mais evidente, dois

recursos de intertextualidade: um, o próprio autor o torna

explícito; o outro encontra-se em um dos trechos citados

abaixo. Indique-o.

a) “Você é um horror!”

b) “E você, bêbado.”

c) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no espelho e ver o

alcoólatra machista de sempre.”

d) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o emprego, a

família e o autorrespeito.”

e) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”

Operários, 1933, óleo sobre tela, 150x205 cm, (P122). Tarsila

do Amaral

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura

identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho.

Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam

verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um

ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar

infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro

afora. (Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

5) O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que

também se encontra nos versos transcritos em:

a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas

mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes)

b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de

abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.” (João Cabral

de Melo Neto)

c) “O funcionário público não cabe no poema/ com seu salário

de fome/ sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)

d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser

nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

(Fernando Pessoa)

e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio entrar (...)/ Os

inocentes, definitivamente inocentes/ tudo ignoravam,/ mas a

areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas,

e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)

10. RECURSOS SEMÂNTICOS A Semântica é o sentido do texto, está relacionada à

compreensão do mesmo. Para que se entenda algo escrito, as

estruturas coesivas devem estar claras, mas a coerência é

essencial. Ao escolher um determinado vocábulo, ao trocar uma

palavra por outra o autor constrói o próprio pensamento, não há

texto sem lógica, a própria coesão é dada para que se entenda a

lógica do texto.

Dentre os conceitos de semântica indispensáveis para

qualquer concurso, relacionam-se os seguintes:

► Sinônimos: quando diferentes palavras ou expressões

podem ser substituídas por outras, dizemos que são sinônimas

entre si.

Exs: alegria, contentamento; fofoca, maledicência; iniciante,

principiante; ira, raiva...

Você já vacinou seu cão? Você já vacinou seu cachorro?

Obs.: Não existem sinônimos perfeitos.

ATIVIDADES

1) NÃO são sinônimos:

a) cancelar, preterir d) eminente, elevado

b) retificar, corrigir e) privilégio, vantagem

c) infringir, desrespeitar

2) “A primeira pergunta que se coloca espontaneamente é se a

União Monetária favorecerá a mobilidade da mão-de-obra no

interior da chamada ‘zona do euro’, ou ‘Eurolândia’”. Os

termos grifados na frase acima podem ser substituídos

corretamente, sem prejuízo do sentido original, por:

a) devidamente – priorizará – arregimentação

b) legitimidade – incorporará – movimento

c) naturalmente – corroborará – circulação

d) ingenuamente – incitará – mobilização

e) instintivamente – alavancará – progresso

3) Indique o sinônimo das seguintes palavras, associando as

colunas.

(1) garimpar ( ) percorrer a pé

(2) prover ( ) gastar, levar

(3) consumir ( ) providenciar, abastecer

(4) minguar ( ) preparar a terra para o cultivo, cultivar

(5) palmilhar ( ) diminuir, emagrecer

(6) amanhar ( ) trabalhar em garimpo, explorar pedras

preciosas

►Antônimos: são palavras de sentido contrário. Ex: amor e

ódio; alegria e melancolia; saúde, doença; subir descer; fazer,

desfazer...

Observe o anúncio a seguir e responda: qual o efeito de

sentido que o autor pretendeu dar ao texto ao utilizar palavras

de sentido contrário? _______________________

NOVO DORITOS QUEIJO

NACHO.

VOCÊ VAI FICAR DE BOCA

ABERTA, FECHADA, ABERTA,

FECHADA...

ATIVIDADES

1) “Quando proscreveram o quadro de valores nos quais essas

pessoas foram criadas...” A palavra ou expressão de significado

oposto a “proscreveram” é:

a) restabeleceram d) aboliram

b) extinguiram e) suprimiram

c) puseram fora de uso

2) “Parece-nos plausível que venha a ocorrer exacerbação dos

ânimos, pois a decisão foi tomada arbitrariamente. Têm

significação OPOSTA à dos termos sublinhados na frase

acima, respectivamente:

a) inverossímil – pacificação – pressurosamente

b) inadmissível – apaziguamento – criteriosamente

c) inaceitável – apaziguamento – gratuitamente

d) inadmissível – arrefecimento – injustificadamente

e) reprovável – tensionamento – sensatamente