Lendas de Cadaval

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A MOURA DA SERRA DAS NEVES Pois andava um caçador pela serra das Neves, que é como os do Cadaval chamam à Serra do Montejunto. Às tantas, viu uma linda rapariga em cima de uma pedra. Ia para lhe perguntar o que é que ela estava ali a fazer quando deixou de a ver. Num salto, ela meteu-se por onde ele não viu. Ainda tentou aproximar-se, mas aquilo era tanto mato que não conseguiu. Já decidido a vir-se embora, olhou outra vez e a rapariga estava outra vez em cima da pedra. Fez menção de lá ir, outra vez ela sumiu. De novo se pôs a caminho mas, pelo rabinho do olho, viu-a de novo na pedra. Entendeu então que já dali não sairia sem ter posto as coisas a limpo. Voltando atrás, o caçador disse em voz alta: "Se és coisa boa, diz-me o que é que queres. Mas se fores coisa ruim ou avantesma, desaparece." A rapariga respondeu-lhe: "Claro que sou coisa boa. O melhor é aproximares-te mais. Olha, vem por aquele carreiro." E ele assim fez, aproveitando o tal carreiro que ela lhe mostrou. "Quero que saibas que sou uma moura encantada e vivo aqui nesta cova desde que os mouros viviam na terra. Ora se ele a desencantasse estava disposta a fazer dele um homem muito rico." O caçador agradeceu muito e dispôs-se a fazer o que ela mandasse. Entraram os dois na cova. Andaram de mão dada três dias e três noites por baixo do chão da Serra das Neves. Finalmente, chegaram a um grande bosque. Então ela, fugindo para um lado, disse-lhe que ia aparecer uma serpente com a qual ele teria de lutar. Se ele a matasse a moura ficaria livre e já poderia casar com ele. Era uma serpente de grandes asas, que deitava fogo pela boca. Porém, corajoso, o caçador atirou-se a ela e num instante a desfez. A moura, muito contente, pediu-lhe que ele se metesse pelo bosque até chegar a duas grandes pedras e que se metesse entre elas. Deu-lhe uma bolinha de oiro e ele que batesse com ela numa e noutra. Uma soaria a choco e a outra a ouro. A moura disse-lhe que o não poderia acompanhar por recear ficar outra vez encantada, mas para ele dar com as pedras deu-lhe uma trança do seu cabelo que lhe ensinaria o caminho. E lá foi ele por ali fora, chegando às duas pedras. Seguindo as instruções da moura, lá deu com a pedra de ouro. Levantou-a e por baixo tinha um alçapão de acesso a um armazém carregado de coisas valiosas. E eram tantas e tantas as riquezas que ele teve de lá ir várias vezes carregá-las para tirar tudo. Então, a moura disse-lhe que lhe prometera um tesouro imenso e já lhe dera, e se estava disposta a casar com ela, consentindo em baptizar-se primeiro. E pronto, ficaram felizes para sempre. A lenda do sino de Ouro Conta-se que, em meados do século XVI, a Infanta Dona Maria, filha do Rei Dom João III e esposa de Filipe II de Espanha (I de Portugal), passou algum tempo na aldeia de Alguber a fim de curar uma maleita que a tinha atingido. Numa noite, enquanto dormia, apareceu uma senhora luminosa que lhe prometeu que ela se iria curar; o que veio a acontecer, ficando a Infanta novamente de boa saúde. A obreira da cura milagrosa da Infanta terá sido a Nossa Senhora de Todo o Mundo, de quem a nobre Princesa era grande devota e cuja ermida se erguia – ao tempo – no cume da Serra de Todo o Mundo, no local onde, em nossos dias, se podem ver uns tímidos caboucos e alguns cacos de telhas. A lenda diz-nos que o rei, devido a ter ficado radiante com a completa cura de sua filha, resolveu oferecer à ermida de Nossa Senhora de Todo o Mundo um sino de ouro. O sino terá lá permanecido por anos a fio, até que nas invasões francesas se perdeu, sendo voz corrente que os aldeões o terão escondido, mas esquecendo a sua localização. 1

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Lendas tradicionais do Cadaval

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A MOURA DA SERRA DAS NEVES

Pois andava um caçador pela serra das Neves, que é como os do Cadaval chamam à Serra do Montejunto. Às tantas, viu uma linda rapariga em cima de uma pedra. Ia para lhe perguntar o que é que ela estava ali a fazer quando deixou de a ver. Num salto, ela meteu-se por onde ele não viu. Ainda tentou aproximar-se, mas aquilo era tanto mato que não conseguiu.Já decidido a vir-se embora, olhou outra vez e a rapariga estava outra vez em cima da pedra. Fez menção de lá ir, outra vez ela sumiu. De novo se pôs a caminho mas, pelo rabinho do olho, viu-a de novo na pedra. Entendeu então que já dali não sairia sem ter posto as coisas a limpo.Voltando atrás, o caçador disse em voz alta:"Se és coisa boa, diz-me o que é que queres. Mas se fores coisa ruim ou avantesma, desaparece."A rapariga respondeu-lhe:"Claro que sou coisa boa. O melhor é aproximares-te mais. Olha, vem por aquele carreiro."E ele assim fez, aproveitando o tal carreiro que ela lhe mostrou."Quero que saibas que sou uma moura encantada e vivo aqui nesta cova desde que os mouros viviam na terra. Ora se ele a desencantasse estava disposta a fazer dele um homem muito rico."O caçador agradeceu muito e dispôs-se a fazer o que ela mandasse.Entraram os dois na cova. Andaram de mão dada três dias e três noites por baixo do chão da Serra das Neves. Finalmente, chegaram a um grande bosque. Então ela, fugindo para um lado, disse-lhe que ia aparecer uma serpente com a qual ele teria de lutar. Se ele a matasse a moura ficaria livre e já poderia casar com ele.Era uma serpente de grandes asas, que deitava fogo pela boca. Porém, corajoso, o caçador atirou-se a ela e num instante a desfez.A moura, muito contente, pediu-lhe que ele se metesse pelo bosque até chegar a duas grandes pedras e que se metesse entre elas. Deu-lhe uma bolinha de oiro e ele que batesse com ela numa e noutra. Uma soaria a choco e a outra a ouro. A moura disse-lhe que o não poderia acompanhar por recear ficar outra vez encantada, mas para ele dar com as pedras deu-lhe uma trança do seu cabelo que lhe ensinaria o caminho.E lá foi ele por ali fora, chegando às duas pedras. Seguindo as instruções da moura, lá deu com a pedra de ouro. Levantou-a e por baixo tinha um alçapão de acesso a um armazém carregado de coisas valiosas. E eram tantas e tantas as riquezas que ele teve de lá ir várias vezes carregá-las para tirar tudo.Então, a moura disse-lhe que lhe prometera um tesouro imenso e já lhe dera, e se estava disposta a casar com ela, consentindo em baptizar-se primeiro. E pronto, ficaram felizes para sempre.

A lenda do sino de Ouro

Conta-se que, em meados do século XVI, a Infanta Dona Maria, filha do Rei Dom João III e esposa de Filipe II de Espanha (I de Portugal), passou algum tempo na aldeia de Alguber a fim de curar uma maleita que a tinha atingido.

Numa noite, enquanto dormia, apareceu uma senhora luminosa que lhe prometeu que ela se iria curar; o que veio a acontecer, ficando a Infanta novamente de boa saúde.

A obreira da cura milagrosa da Infanta terá sido a Nossa Senhora de Todo o Mundo, de quem a nobre Princesa era grande devota e cuja ermida se erguia – ao tempo – no cume da Serra de Todo o Mundo, no local onde, em nossos dias, se podem ver uns tímidos caboucos e alguns cacos de telhas.

A lenda diz-nos que o rei, devido a ter ficado radiante com a completa cura de sua filha, resolveu oferecer à ermida de Nossa Senhora de Todo o Mundo um sino de ouro. O sino terá lá permanecido por anos a fio, até que nas invasões francesas se perdeu, sendo voz corrente que os aldeões o terão escondido, mas esquecendo a sua localização.

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Entre as gentes de Alguber é usual ouvir-se dizer que foi devido a este maravilhoso acontecimento, que o monarca Joanino decidiu conceder a Alguber a sua autonomia administrativa, desligando-a, no ano de 1549, da vizinha freguesia de Figueiros a que sempre pertencera até então.

"A Lenda das Barreiras"

A Lenda da Clarinha

Vou-vos contar uma lenda, uns dizem verídica outros dizem inventada, quem a viveu ficou perdurada no tempo, foi na Serra de Montejunto que é uma serra de Portugal.Durante o Inverno sombrio e triste, na aldeia das Barreiras no sopé desta serra, pertencente ao Peral, Cadaval, no fim de um dia de pouco trabalho e muito frio, os agricultores recolhiam a sua casa, acendiam o lume da lareira e todos se sentavam à volta, os anciões mais antigos contavam histórias e lendas aos filhos, lembravam-se de acontecimentos passados nesta aldeia, contados a eles por seus pais e avós.Ovelhas que desapareciam, vacas mortas e desventradas, um lenhador desaparecido e uma dama vestida de branco vagueando na noite pelos eucaliptais.Conta a lenda que a dama era a noiva do lenhador, iam casar quando ele desapareceu, tinha seu vestido já feito e costurado por ela, com seus cabelos negros escorridos pelas costas cobrindo seus ombros, vagueava nos dias mais frios e gelados ia até ao caminho de macadame que ia ter à serra deambulava cantando uma triste canção misturada com as lagrimas e soluços, de vez enquanto gritando pelo nome do noivo “José”, mas conta a lenda que o José foi mordido por um lobo enquanto cortava a lenha na serra e se tenha transformado em Lobisomem, vindo visitar sua noiva em dia de Finados, dia 1 de Novembro, visita anual onde ela o ofertava com um sacrifício, oferecia-lhe uma bela jovem, a mais linda da aldeia.Então por essa razão todos se fechavam em volta da lareira, acompanhados uns pelos outros, mas sempre havia um descuido e todos os anos acontecia um desaparecimento.Neste ano a Bruxa de branco vestida, conseguiu enganar uma linda jovem morena como Cristo de olhos encantadores que nasceu no Cadaval e foi recém nascida para as Barreiras, ela tinha 3 irmãs, ela sonhava com o Príncipe Encantado e deixou-se levar, quando estava na lareira, com a avó, pais e irmãs ela foi ao quintal à casa de banho, mas mentiu, saiu sorrateiramente pelas traseiras da casa, e foi para a porta da capela.Ela queria olhar a serra, ver se via a dama de branco que lhe prometeu conhecer um Príncipe nessa noite de breu.Lá apareceu a dama, que lhe deu a mão e seguiram estrada fora sem palavras, e dama parecia um fantasma, mas a jovem confiante ou um pouco hipnotizada seguia-a calmamente e segura.Seu avô estava na taberna com alguns velhotes, já muito bêbado com o capuz preto no ombro direito, segurando-se ao muro cambaleando ia voltar para casa, quando deparou com dois vultos vestidos de branco na noite escura a sair da aldeia, foi buscar o seu cavalo negro.Seguiu-as com o coração aos pulos, de vez enquanto perdias de vista, mas logo as avistava, ele sabia para onde ela se dirigia…seguiu, seguiu… em silêncio, sem forças, não sabia quem era a jovem, mas era sua neta, não a reconheceu. Mas queria salvá-la. Ele tinha uma espingarda de canos serrados pois tinha de vindo de caçar um javali.Ouvia-se os uivos que vinham da serra, os lobos uivando na lua cheia e prateada…no cimo da colina já fora das Barreiras, via-se um vulto enorme de Lobisomem uivando, estarrecedor, esperando sua oferenda.O orvalho cobria de gelo todo o campo que brilhava á luz da lua como estrelas no chão, fazia um espetáculo deslumbrante com as damas de branco a caminhar resplandecentes.A dama de branco gritou “Aqui a tens, vem busca-la, e traz de volta meu amor”, a jovem meio hipnotizada, não mostrava receios ou dúvidas, ele enorme peludo com uns dentes afiados com umas garras enormes, aproximou-se uivando acompanhado da matilha de lobos, urrando, batendo as mãos no peito como vencedor.

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Pegou ao colo a jovem beldade, e com passadas grandes, abandonou o local com os lobos, o avô segui-o de longe, subiu a colina, ele sabia para onde o Lobisomem a levaria e já estava seguindo para lá, havia na serra umas grutas, a noite estava agora aclarada com a luz da lua brilhante, tudo parecia cinzento prata, o gelo estava escorregadio.Finalmente o avô chegou, e viu-o a uivar à Lua no cimo da serra com seus lobos. Olhou em volta encontrou a gruta e de longe viu uma mancha branca no chão deveria ser ela, nada poderia fazer para a salvar, mas se o conseguisse matar todas as outras jovens estariam a salvo. A jovem ainda continuava hipnotizada meteu-se em pé, o avô viu um pássaro branco enorme voar para ela e poisar aos pés dela, parecia uma coruja branca gigante.Parecia querer bicar o vestido dela e puxava-a, ela facilmente hipnotizada, seguiu o pássaro, de repente o lobisomem começou a descer a serra, seu uivar à lua acabou estava satisfeito e agora iria se satisfazer com sua prenda.De repente vê a coruja levando sua jovem, corre, salta para cima, a coruja bica seus olhos deixando-o cego e furioso ele dá-lhe um murro e a coruja cai como morta, o Lobisomem pega a jovem levanta-a no ar como vencedor e o avô atira apontando ao coração e acerta em cheio.Ele cai, no precipício que estava a seus pés e a jovem ficou presa no seu vestido branco num arbusto, se o vestido romper ela morrerá, a coruja de repente mexe-se está viva e tenta chegar-lhe, mas algo está a acontecer a jovem ressuscita de seu estado hipnótico e a coruja está a transformar-se em algo, parece que a morte do Lobisomem está a transformar tudo, um clarão da Lua incide diretamente na jovem rapariga ainda meio transtornada e a tentar se segurar, mas qual o espanto do quadro que se depara aos olhos do avô que reconhece os gritos de sua neta.Não chegará a tempo de ela não cair, mas a coruja que aflita tenta segurar está a transformar-se num belo jovem, suas assas já transformadas em mãos agarram a jovem, contorcendo-se de dores, e tenta não a largar. Todo nú e gelado o jovem já transformado puxa a jovem Clarinha agarrando-a ao colo, o avô chega pasmado.Um milagre se deu com a morte do lobisomem, os encantos se quebraram, as bruxarias se desvaneceram a aldeia finalmente descansará, a dama de branco que é um fantasma aparece como uma aparição abraçando seu Lobisomem que acaba depois de morto por se transformar no pobre lenhador e descansarem em paz.O avô resolve fazer uma campa e enterrar ali mesmo ao lado da gruta o Lobisomem e a dama já materializada. O avô lembra-se dos antepassados contarem que estes jovens planeavam casar e serem felizes eles viviam um grande amor, finalmente acabou seu calvário.A neta agora bem consciente, olhava embevecida para o jovem já coberto por uma manta que estava no cavalo, ele sim seria o seu Príncipe encantado um novo amor nasceu ali naquela serra mal se olharam nos olhos um do outro, ele era o bisneto da Condessa da Torre uma grande quinta situada nas Barreiras, que ainda nos dias de hoje está misteriosamente situada no centro da aldeia, esta condessa ajudou muito a população e agora é a população que vai devolver finalmente seu bisneto desaparecido e encantado. A aldeia acordou com um sol radioso e um dia lindo, todos saíram à rua festejando o acontecimento, o avô anunciou o noivado da jovem Clarinha com seu Príncipe.

E viveram felizes para sempre

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A Serra das Neves

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