Ler e Escrever 5 Ano

246
Coletânea de Atividades 4 a série

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  • Coletnea de Atividades4a srie

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  • ALUNO(A): _________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    TURMA: ___________________________NMERO DA CHAMADA: ___________________

    PROFESSOR(A): ____________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO

    SECRETARIA DA EDUCAO

    FUNDAO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAO

    So Paulo, 2010

    Coletnea de Atividades 4a srie

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  • Agradecemos Prefeitura da Cidade de So Paulo por ter cedido esta obra Secretaria da Educao do Estado de So Paulo para atender aos objetivos do Programa Ler e Escrever.

    Governo do Estado de So Paulo

    GovernadorJos Serra

    Vice-GovernadorAlberto Goldman

    Secretrio da EducaoPaulo Renato Souza

    Secretrio-AdjuntoGuilherme Bueno de Camargo

    Chefe de GabineteFernando Padula

    Coordenadora de Estudos e Normas PedaggicasValria de Souza

    Coordenador de Ensino da Regio Metropolitana da Grande So Paulo

    Jos Benedito de Oliveira

    Coordenador de Ensino do InteriorRubens Antnio Mandetta de Souza

    Presidente da Fundao para o Desenvolvimento da EducaoFbio Bonini Simes de Lima

    Diretora de Projetos Especiais da FDE Claudia Rosenberg Aratangy

    Coordenadora do Programa Ler e EscreverIara Gloria Areias Prado

    Prefeitura da Cidade de So Paulo

    PrefeitoGilberto Kassab

    SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAOAlexandre Alves Schneider

    SecretrioClia Regina Guidon Faltico

    Secretria-Adjunta

    DIRETORIA DE ORIENTAO TCNICARegina Clia Lico Suzuki

    Elaborao e Implantao doPrograma Ler e Escrever Prioridade na Escola Municipal

    Iara Gloria Areias Prado

    Concepo e Elaborao deste VolumeAngela Maria da Silva Figueredo

    Armando Traldi JniorAparecida Eliane de Moraes

    Carlos Ricardo Bifi Dermeval Santos Cerqueira

    Ivani da Cunha Borges BertonJayme do Carmo Macedo Leme

    Leika WatabeMrcia Maioli

    Margareth Aparecida Ballesteros BuzinaroMarly Barbosa

    Slvia Moretti Rosa FerrariRegina Clia dos Santos Cmara

    Rogrio Ferreira da FonsecaRogrio Marques Ribeiro

    Rosanea Maria Mazzini CorreaSuzete de Souza BorelliTnia Nardi de Pdua

    Consultoria PedaggicaShirlei de Oliveira Garcia Jurado

    Clia Maria Carolino Pires

    EditoraoFatima Consales

    IlustraoDidiu Rio Branco / Robson Minghini / Andr Moreira

    Os crditos acima so da publicao original de fevereiro de 2008.

    Catalogao na Fonte: Centro de Referncia em Educao Mario Covas

    S239LSo Paulo (Estado) Secretaria da Educao.

    Ler e escrever: coletnea de atividades 4 srie / Secretaria da Educao, Fundao para o Desenvolvimento da Educao; adaptao do material original, Marisa Garcia, Andra Beatriz Frigo. - So Paulo : FDE, 2010.

    244 p. : il.

    Obra cedida pela Prefeitura da Cidade de So Paulo Secretaria da Educao do Estado de So Paulo para o Programa Ler e Escrever.

    Publicao complementar ao Guia de Planejamento e Orientaes Didticas 4 srie.

    Documento em conformidade com o Acordo Ortogrfi co da Lngua Portuguesa.

    1. Ensino Fundamental 2. Ciclo I 3. Alfabetizao 4. Atividade Pedaggica 5. Programa Ler e Escrever 6. So Paulo I. Fundao para o Desenvolvimento da Educao. II. Garcia, Marisa III. Frigo, Andra Beatriz. IV. Ttulo.

    CDU: 372.4(815.6)

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  • Prezada professora, prezado professor

    Esta coletnea integra o Programa Ler e Escrever, sendo complemen-tar ao Guia de Planejamento e Orientaes Didticas 4 srie. As ativi-dades esto organizadas na sequncia em que aparecem no Guia, o que no quer dizer que obedecem a uma ordem ou hierarquia prvia, mas que devero ser utilizadas de acordo com o seu planejamento. Note que as pginas so destacveis, pois este material no e nem deve ser tratado como um livro didtico.

    Na abertura de cada bloco h indicaes das pginas onde podem ser encontradas no Guia as orientaes didticas especfi cas e os objeti-vos de aprendizagem.

    Para um melhor aproveitamento desta publicao, sugerimos:

    j Acompanhar os avanos de seus alunos em relao s hipteses de escrita para escolher as atividades com mais critrio.

    j Como muitas atividades requerem a organizao dos alunos em duplas, estas devem ser formadas de modo a proporcionar boas interaes, isto , de maneira que haja troca de saberes entre os alunos e ambos aprendam.

    j Ler as orientaes do Guia antes de utilizar qualquer uma das pro-postas.

    j Checar se os objetivos das atividades esto afi nados com os de seu planejamento.

    j Quando tiver dvidas, discuti-las com seu professor coordenador e com seus colegas de 2a srie.

    j Lembrar-se que algumas atividades so para alunos que ainda no leem. Ou seja, preciso, sempre, explicar para eles do que se trata. Isso no quer dizer que aqueles que j sabem ler consigam compreender, sozinhos, a comanda das atividades. Auxilie-os tam-bm quando for preciso.

    j No necessrio que a classe toda faa sempre a mesma ativida-de. Voc pode propor atividades variadas para grupos diferentes, simultaneamente.

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  • Esperamos que este material seja til, mas no nico. Aqui est contemplada apenas uma parte das atividades que devem compor a roti-na de sala de aula: anlise e refl exo sobre o sistema de escrita, anlise e refl exo sobre questes ortogrfi cas, matemtica. As demais propos-tas, relacionadas produo de texto, comunicao oral e outras, no foram includas aqui, pois no comportam uma formatao como essa. fundamental, entretanto, que aconteam na sua rotina. Para tanto, h no Guia muitas propostas que fornecem orientao nesse sentido.

    Bom trabalho!

    Equipe do Programa Ler e Escrever

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  • Sumrio

    Atividades do projeto didtico Uma lenda, duas lendas, tantas lendas . . . . 9

    Atividades do projeto didtico Universo ao meu redor . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    Coletnea de textos da sequncia didtica Caminhos do verde . . . . . . . 73

    Coletnea de textos da sequncia didticaLendo notcias para ler o mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    Atividades da sequncia didtica Estudo de pontuao . . . . . . . . . . . . . . . . 111

    Atividades da sequncia didtica Estudo da ortografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

    Atividades de Matemtica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

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  • Projeto didticoUma lenda, duas lendas, tantas lendas

    As orientaes didticas das atividades constam no Guia de Planejamento e Orientaes Didticas 4a srie. Esto divididas da seguinte forma:

    Pginas do Guia Orientaes gerais para o projeto didtico Uma lenda, duas lendas, tantas lendas _____________________________ 38Etapa 1 Levantando conhecimentos prvios sobre o gnero ____________ 42Etapa 2 Compartilhando o projeto __________________________________ 45Etapa 3 Ampliando os saberes sobre lendas _________________________ 47Etapa 4 Selecionando as lendas, reescrevendo-as e revisando os textos __ 82 Etapa 5 Edio e preparao fi nal da coletnea ______________________ 90Etapa 6 Avaliao fi nal do trabalho desenvolvido ______________________ 94

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  • 9COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 1: PARA INCIO DE CONVERSA

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    Acompanhe com ateno a leitura do texto que seu professor far.

    O DONO DA LUZ

    No princpio, todo mundo vivia nas trevas. Os waraos procuravam o que comer na escurido, e a nica luz que conheciam provinha do fogo que obtinham da madeira. No existiam ento nem o dia nem a noite.

    Um dia, um homem que possua duas fi lhas fi cou sabendo que existia um jo-vem que era dono da luz. Ento, chamou a fi lha mais velha e disse-lhe:

    V at onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.

    Ela fez sua trouxa e partiu. Mas encontrou pela frente muitos caminhos e aca-bou tomando um que a levou at a casa do veado. Ali conheceu o animal e acabou se distraindo a brincar com ele.

    Em seguida, voltou casa do pai, porm sem trazer a luz.

    Ento o pai decidiu enviar a fi lha mais nova.

    V at onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.

    A jovem tomou o caminho certo e, depois de muito andar, chegou casa do dono da luz e disse-lhe:

    Vim para conhec-lo, fi car um pouco com voc e obter a luz para meu pai.

    O dono da luz lhe respondeu:

    Eu j esperava por voc. Agora que chegou, viver comigo.

    Ento o jovem pegou um ba de junco que tinha a seu lado e, com muito cui-dado, abriu-o. A luz iluminou imediatamente seus braos e seus dentes bran-cos. Iluminou tambm os cabelos e os olhos negros da jovem.

    Foi assim que ela descobriu a luz. O jovem, depois de mostrar a luz moa, voltou a guard-la.

    Todos os dias, o dono da luz a tirava do ba para que se fi zesse a claridade e ele pudesse se distrair com a jovem. E assim foi passando o tempo. At que a moa se lembrou de que tinha de voltar para casa e levar ao pai a luz que viera buscar.

    O dono da luz, que j tinha fi cado amigo da moa, deu a ela, de presente, a luz.

    Tome a luz, leve-a para voc. Assim poder ver tudo.

    A jovem regressou casa do pai e entregou-lhe a luz fechada no ba de jun-co. O pai pegou o ba, abriu-o e pendurou-o num dos paus que sustentavam a palafi ta em que moravam. De imediato, os raios de luz iluminaram a gua do rio, as folhas dos mangues e os frutos do cajueiro.

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  • 10 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Quando, nos vrios povoados do delta do rio Orinoco, espalhou-se a notcia de que existia uma famlia que possua a luz, os waraos comearam a vir conhec-la. Chegaram em suas ubs do rio Araguabisi, do rio Mnamo e do rio Amacuro. Eram ubs e mais ubs, cheias de gente e mais gente.

    At que chegou um momento em que a palafi ta j no podia aguentar o peso de tanta gente maravilhada com a luz. E ningum ia embora, pois ningum queria continuar vivendo na escurido, j que com a claridade a vida era mui-to mais agradvel.

    Por fi m, o pai das moas no pde mais suportar tanta gente dentro e fora de sua casa.

    Vou pr um fi m nisto disse. Todos querem a luz? Pois l vai ela!

    E com um soco quebrou o ba e atirou a luz ao cu. O corpo da luz voou para o leste, e o ba, para o oeste. Do corpo da luz fez-se o sol, e do ba em que ela estava guardada surgiu a lua, cada um de um lado.

    Mas, como eles ainda estavam sob o impulso da fora do brao que as lana-ra longe, sol e lua andavam muito rpido. O dia e a noite eram, assim, muito curtos, e a cada instante amanhecia e anoitecia.

    Ento o pai disse fi lha mais nova:

    Traga-me uma tartaruga.

    Quando a tartaruga chegou s suas mos, esperou que o sol estivesse sobre sua cabea e lanou-a a ele, dizendo-lhe:

    Tome esta tartaruga. sua, um presente que lhe dou. Espere por ela.

    A partir desse momento, o sol fi cou esperando a tartaruguinha. E, no dia se-guinte, ao amanhecer, viu-se que o sol caminhava lentamente, como a tarta-ruga, exatamente como anda hoje em dia, iluminando at que a noite chegue.

    (Fonte: Como surgiram os seres e as coisas, Coedio latino-americana, 1987.)

    Agora, converse com seus colegas:

    Vocs j conheciam essa histria ou outra parecida com essa? Qual o tema dessa histria? Como ela explica o surgimento do dia e da noite? Essa uma explicao cientfi ca ou fantstica? Quem so os personagens que a compem? Onde se passa toda a trama? Por que voc acha que os venzuelanos contavam essa histria uns aos outros? Voc j ouviu falar na palavra LENDA? Sabe o que signifi ca?

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  • 11COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3A: CONHECENDO UM POUCO MAIS AS LENDAS (1)

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Acompanhe a leitura que seu professor far da lenda intitulada Santo Toms e o boi que voava.

    Sabendo que uma lenda e conhecendo o seu ttulo, de que voc acha que esse texto tratar? Converse com seu professor e demais colegas a esse respeito.

    SANTO TOMS E O BOI QUE VOAVA

    Contam os fastos da ordem de So Domingos que, achando-se Santo Toms de Aquino na sua cela, no convento de So Jacques, curvado sobre obscuros manuscritos medievais, ali entrou, de repente, um frade folgazo, que foi ex-clamando com escndalo:

    Vinde ver, irmo Toms, vinde ver um boi voando!

    Tranquilamente, o grande doutor da igreja ergueu-se do seu banco. Deixou a cela e, vindo para o trio do mosteiro, ps-se a olhar o cu, protegendo os olhos com as mos. Ao v-lo assim, o frade jovial desatou a rir com estrondo.

    Ora, irmo Toms, ento sois to crdulo a ponto de acreditardes que um boi pudesse voar?

    Por que no, meu amigo? tornou o santo. E com a mesma singeleza, fora da sabedoria: Eu preferi admitir que um boi voasse a acreditar que um reli-gioso pudesse mentir.

    (Machado, Irene. Literatura e redao. So Paulo: Scipione, 1994. p. 97.)

    2. Converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questes:

    Essa lenda se parece com as lendas que voc conhecia? Em qu? Explique. De que poca voc acha que essa lenda? Qual voc acha que a fi nalidade dela?

    3. Agora, acompanhe a leitura que seu professor far de outra lenda, intitulada Beowulf e o drago.

    Comente com seus colegas: Voc j ouviu falar nessa lenda? Quando? Co-nhece a histria?

    Acompanhe a leitura a partir do texto apresentado a seguir.

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  • 12 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    BEOWULF E O DRAGO

    Havia um rei dinamarqus que era valente na guerra e sbio nos tempos de paz. Vivia num castelo esplndido. Recebia muitos convites e dava festas ma-ravilhosas. Mas tudo isso era bom demais para durar eternamente.

    Um dia, no fi nal de uma festa, todos ouviram um rudo estranho. Era o drago Grandel, que sara do lago e entrara no castelo. Engoliu o primeiro homem que encontrou e gostou tanto do sangue humano que atacou muitos outros. Deixou um rastro vermelho como marca de sua passagem.

    Desse dia em diante, a vida no castelo mudou completamente. O terrvel Grandel aparecia todas as noites, matava os homens, bebendo seu sangue, e carregava o corpo para o lago.

    Nem mesmo os guerreiros mais fortes conseguiam venc-lo, e o castelo aca-bou sendo abandonado.

    Depois de doze anos, esta histria chegou aos ouvidos de Beowulf, um ca-valeiro jovem e corajoso, capaz de vencer trinta homens ao mesmo tempo. Quando soube da desgraa que tinha se abatido sobre os sditos do rei dina-marqus, fi cou comovido e no pensou duas vezes. Escolheu catorze comba-tentes e partiu para a Dinamarca.

    Quem voc? perguntou-lhe o rei.

    Sou Beowulf, viemos libert-lo do terrvel Grandel.

    O rei sentiu o corao encher-se de esperana. Deu uma grande festa.

    Enquanto todos celebravam, um estranho assobio atravessou o castelo.

    As portas de ferro caram por terra e o terrvel Grandel entrou pela sala.

    Os olhos brilhavam, a boca cuspia fogo e as garras eram espadas que rasga-vam o cho. Mas antes que ele conseguisse engolir um guerreiro, sentiu uma dor insuportvel.

    Beowulf havia se lanado na direo do drago e apertava sua garganta com uma fora igual a de trinta homens. Grandel se retorceu, urrou, mas no con-seguiu se soltar. Foi empurrado por Beowulf at o lago e morreu.

    O rei agradeceu ao heri e a vida voltou para o castelo. Mas no fundo do lago, uma velha feiticeira, a me de Grandel, resolveu vingar a morte de seu fi lho. Penetrou na grande sala do castelo e aprisionou o conselheiro do rei.

    Caro Beowulf disse o rei , preciso novamente de sua ajuda.

    Nesse mesmo dia, Beowulf e o rei montaram a cavalo e foram at o lago. Boiando sobre as guas, estava a cabea ensanguentada do conselheiro.

    Beowulf mergulhou imediatamente, at que chegou no antro dos monstros. Viu uma mulher horrorosa sentada em cima de ossadas humanas.

    Era a me de Grandel. A bruxa se atirou sobre ele. Beowulf foi mais rpido. Sua espada cortou a garganta da velha. Mas ela continuou a atac-lo.

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  • 13COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Nisso, o cavaleiro avistou uma espada gigantesca. Agarrou-a e arrancou a cabea da velha. Foi s ento que ele viu, ao lado, o corpo monstruoso de Grandel. Beowulf tambm lhe cortou a cabea e carregou-a at a superfcie.

    Mas depois que Beowulf libertou a Dinamarca desse monstro sinistro, sentiu muitas saudades de seu prprio pas. Seu tio havia acabado de morrer. E como ele era o nico herdeiro, foi coroado rei. Governou durante cinquenta anos com sabedoria e justia.

    Foi quando novamente recebeu notcias de que um drago incendiava a Dinamar-ca. No perdeu tempo. Convocou sua tropa e viajou para enfrentar o monstro.

    O animal o esperava. De sua garganta saam chamas envenenadas e uma fumaa verde. Os cavaleiros de Beowulf apavoraram-se e fugiram; Beowulf viu-se s diante do monstro. Mas havia algum a seu lado: Wiglaf, o mais jo-vem dos homens de sua tropa.

    Esquecendo-se da espada, Beowulf atacou o drago com tanta fora que nem parecia que havia envelhecido. O monstro grunhiu e o sangue escorreu do ferimento de sua garganta. Mesmo assim Beowulf foi atingi-lo com o golpe mortal e percebeu que sua espada havia se partido ao meio.

    Estava condenado. Ento ouviu uma voz:

    Estou a seu lado, meu rei.

    Era Wiglaf, que imediatamente atacou o drago, ferindo-o mortalmente.

    O drago estendeu a pata e atingiu o rei com suas garras venenosas. Beowulf sentiu o veneno penetrar nas profundezas de seu corpo. Antes que a vida o deixasse, disse:

    Eu te nomeio rei, fi el Wiglaf. E como prova disso, aqui est o meu anel.

    Estas foram as ltimas palavras do clebre matador de drages, Beowulf.

    Ele morreu tranquilo, porque sabia que seu sucessor era o mais corajoso de todos os homens, o melhor de todos os guerreiros, e que reinaria com justia, trazendo felicidade a seu povo.

    (Machado, Irene. Literatura e redao. So Paulo: Scipione, 1994. p. 99-100.)

    4. Converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questes:

    Essa lenda mais parecida com as que voc j conhecia? Em qu? Explique. Em que essa lenda se parece com a que foi lida antes? De que poca voc acha que essa lenda? De onde vem essa lenda? De que povo? Qual voc acha que a fi nalidade dessa lenda?

    5. Agora, acompanhe a leitura da Lenda da vitria-rgia. Comente com seus colegas e professor: Voc j conhece essa lenda? De que

    ela trata?

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  • 14 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    A LENDA DA VITRIA-RGIA

    A enorme folha boiava nas guas do rio. Era to grande que, se qui-sesse, o curumim que a contemplava poderia fazer dela um barco. Ele era miudinho, nascera numa noite de grande temporal. A primei-ra luz que seus pequeninos olhos contemplaram foi o claro azul de um forte raio, aquele que derrubara a grande seringueira, cujo tronco dilacerado at hoje ainda l estava.

    Se algum deve cort-la, ento ser meu fi lho, que nasceu hoje, fa-lou o cacique ao v-la tombada depois da procela. Ele ser forte e ve-loz como o raio e, como este, ele dever cort-la para fazer o ub com que lutar e vencer a torrente dos grandes rios...

    Talvez, por isso, aquele curumim to pequenino j se sentisse to corajoso e capaz de enfrentar, sozinho, os perigos da selva amaznica. Ele caminhava horas, ao lu, cortando cips, caando pequenos mamferos e aves; porm, at hoje, nos seus sete anos, ainda no enfrentara a torrente do grande rio, que agora contemplava.

    Observando bem aquelas grandes folhas, imaginou navegar sobre uma delas, e no perdeu tempo. Pisou com muito cuidado os ndios so sempre muito cautelosos e, sentindo que ela suportava o seu peso, sentou-se devagar, e com as mozinhas improvisou um remo. Desceu rio abaixo.

    verdade que a correnteza favorecia, mas, contudo, por duas vezes quase caiu. Nem por isso se intimidou. Navegou no seu barco vegetal at chegar a uma pe-quena enseada onde avistou a me e outras ndias que, ao sol, acariciavam os curumins quase recm-nascidos embalando-os com suas canes, que falam da lua, da me-dgua do sol e de certas foras naturais que muito temem.

    Saltando em terra, correu para junto da me, muito feliz com a faanha que praticara:

    Me, tenho o barco. J posso pescar no grande rio?

    Um barco? Mas aquilo apenas um uap; uma formosa ndia que Tup transformou em planta.

    Como, me? Ento no o meu barco? Voc sempre me disse que eu um dia haveria de ter meu ub...

    Meu fi lho, o teu barco, tu o fars; este apenas uma folha. Naia, que se apaixonou pela lua...

    Quem Naia?, perguntou curioso o indiozinho.

    Vou contar-te... Um dia, uma formosa ndia, chamada Naia, apaixonou-se pela lua. Sentia-se atrada por ela e, como quisesse alcan-la, correu, cor-reu, por vales e montanhas atrs dela. Porm, quanto mais corriam, mais lon-ge e alta ela fi cava. Desistiu de alcan-la e voltou para a taba.

    A lua aparecia e fugia sempre, e Naia cada vez mais a desejava.

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  • 15COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Uma noite, andando pelas matas ao claro do luar, Naia se aproximou de um lago e viu, nele refl etida, a imagem da lua.

    Sentiu-se feliz; julgou poder agora alcan-la e, atirando-se nas guas cal-mas do lago, afundou.

    Nunca mais ningum a viu, mas Tup, com pena dela, transformou-a nesta lin-da planta, que fl oresce em todas as luas. Entretanto uap s abre suas petalas noite, para poder abraar a lua, que se vem refl etir na sua aveludada corola.

    Vs? No queiras, pois, tom-la para teu barco. Nela irs, por certo, para o fundo das guas.

    Meu fi lho, se se sentes bastante forte, toma o machado e vai cortar aquele tronco que foi vencido pelo raio. Ele teu desde que nasceste.

    Dele fars o teu ub; ento, navegars sem perigo.

    Deixa em paz a grande fl or das guas...

    Eis a, como nasceu da imaginao frtil e criadora de nossos ndios, a hist-ria da vitria-rgia, ou uap, ou iapunaque-uap, a maior fl or do mundo.

    (Machado, Irene. Literatura e redao. So Paulo: Scipione, 1994. p. 105-106.)

    6. Agora, converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questes:

    E essa lenda, mais parecida com alguma das que voc j conhecia? Em qu? Explique. Com a ajuda de seus colegas e tambm do professor, preencha o qua-dro a seguir.

    SANTO TOMS E O BOI QUE VOAVA

    BEOWULF E O DRAGO

    A LENDA DA VITRIA-RGIA

    poca a qual se refere

    Origem

    Propsito

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  • 16 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3B: CONHECENDO UM POUCO MAIS AS LENDAS (2)

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    Para realizar esta atividade, voc ler novamente, com seu professor, as lendas da aula anterior.

    Depois, rena-se com seu colega e procure descobrir o que as trs histrias tm em comum e quais so as diferenas entre elas. A seguir, converse com ele e organi-zem, na tabela abaixo, as informaes levantadas.

    QUADRO COMPARATIVO DAS TRS LENDAS

    O QUE AS LENDAS TM EM COMUM? O QUE AS LENDAS TM DE DIFERENTE?

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  • 17COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3C: AMPLIANDO O REPERTRIO DE LENDAS

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Vocs lero A lenda do papagaio Cr-Cr. Trata-se de uma lenda de origem indgena tupi e, medida que foi sendo contada, acabou incorporada e transformada pelo povo, circulando, depois, pelo Brasil todo. Esse modo de contar, a linguagem presente nessa verso da lenda, mais tpico das regies Sul e Sudeste do pas.

    A LENDA DO PAPAGAIO CR-CR

    Conta a lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito guloso. Tudo que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele tinha costume de engolir a comida sem mastig-la.

    Uma vez sua me encontrou frutos de bato e assou-os na cinza.

    O fi lho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do fogo e, como sempre, engoliu-os sem pestanejar.

    Os frutos do bato so frutos cuja polpa viscosa se mantm quentssima por muito tempo. Comendo-os to quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma que doa muito e queimavam-lhe o estmago.

    O menino, tentando vomitar os frutos comidos, comeou a fazer fora para expuls-los. Arranhava a garganta grunhindo cr-cr-cr! Mas os frutos no saam... e entalaram na garganta, sufocando-o.

    No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um papagaio. Voou pra longe. At hoje pode-se ouvi-lo vagando pelas matas do lugar, voando e gritando cr-cr-cr!

    (Machado, Irene. Literatura e redao. So Paulo: Scipione, 1994. p. 105-106.)

    2. Retome o quadro com as caractersticas das lendas analisadas e comente com seu professor e colegas: essa lenda contm as caractersticas comuns s demais lendas at o momento? Para explicar, procure responder s ques-tes no quadro da pgina seguinte.

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  • 18 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ANALISANDO A LENDA DO PAPAGAIO CR-CR

    ASPECTOS INFORMAES OBSERVADAS

    O que essa lenda procura explicar?

    Esta lenda revela um aspecto da cultura do povo brasileiro. Qual ele?

    Quem so os protagonistas? So pessoas comuns?

    Os fatos narrados so tratados como episdios comuns da vida das pessoas? Explique.

    H outros aspectos importantes a ser considerados?

    3. Com seus colegas e com a ajuda de seu professor, releia A lenda do papa-gaio Cr-Cr observando as expresses que foram utilizadas para contar a histria. Anote-as em seu caderno.

    4. Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e procurem, em seu livro, as len-das que foram lidas. Escolha duas delas para fazer a mesma anlise, anotan-do, cada um em seu caderno, as expresses interessantes que encontrarem. Depois, compartilhe o trabalho com os demais colegas da turma.

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  • 19COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3D: RODA DE LEITURA

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    Agora voc ir participar de uma roda de leitura. Voc j sabe que, nesses momen-tos, deve comentar o que leu, recomendando ou no para seus colegas.

    Neste momento, estamos estudando lendas, e a sua tarefa foi selecionar uma obra na sala de leitura ou biblioteca pblica e coment-la, de maneira que essa obra possa, por um lado, compor nosso inventrio de lendas e, por outro, ser indi-cada para compor a coletnea que a classe organizar.

    Segue abaixo um roteiro de indicao de leitura para que voc se oriente para executar essa atividade.

    ROTEIRO PARA INDICAO DE LEITURA

    1. Apresente a obra que voc leu, informando:

    a. ttulo;

    b. autor;

    c. editora;

    d. como a obra se organiza (s lendas brasileiras, s apresenta uma lenda etc.). Nesse momento voc pode at dar uma lida rpida no ndice, se achar inte-ressante para os colegas; no se esquea de mostrar-lhes o livro tambm;

    e. se tem ilustraes, de que tipo so observe se so pinturas, gravuras, fo-tografi as; se so coloridas, se explicam ou no informaes do texto (mos-tre-as para seus colegas) e d sua opinio sobre elas.

    2. Comente a lenda que voc leu, informando:

    a. ttulo;

    b. origem da lenda (se houver informao sobre isso no livro);

    c. em que regio costuma circular;

    d. tema, ensinamento ou fenmeno que explica;

    e. personagens;

    f. se constam ilustraes da lenda;

    g. se h relaes que se possa estabelecer com alguma lenda do inventrio da classe ou outra que voc mesmo conhea.

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  • 20 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    3. Apresente um pequeno resumo da lenda, comentando:

    a. se gostou ou no e por qu;

    b. se recomendaria ou no para compor a coletnea da classe, explicando o motivo de sua afi rmao ou negao;

    c. se quiser, pode ler um trecho da lenda tambm ou, pelo menos, aquele que voc considerou mais interessante ou bonito. Ao fi nal da apresentao, no esquea de registrar a lenda lida no inventrio da classe, caso ela tenha sido recomendada para compor a coletnea.

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  • 21COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3E: LENDAS DE OUTROS TEMPOS E LUGARES

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Leia, silenciosamente, a lenda sobre um conhecido personagem da mitologia grega chamado Narciso.

    NARCISOMitologia grega

    H muito tempo, na fl oresta, passeava Narciso, o fi lho do sagrado rio Kiphis-sos. Era lindo, porm tinha um modo frio e egosta de ser. Era muito conven-cido de sua beleza e sabia que no havia no mundo ningum mais bonito que ele.

    Vaidoso, a todos dizia que seu corao jamais seria ferido pelas fl echas de Eros, fi lho de Afrodite, pois no se apaixonava por ningum.

    As coisas foram assim at o dia em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se apaixonou por ele.

    Ela era linda, mas no falava; o mximo que conseguia era repetir as ltimas slabas das palavras que ouvia.

    Narciso, fi ngindo-se de desentendido, perguntou:

    Quem est se escondendo aqui perto de mim?

    de mim repetiu a ninfa assustada.

    Vamos, aparea! ordenou. Quero ver voc!

    ver voc! repetiu a mesma voz em tom alegre.

    Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o misterioso bri-lho nos olhos da ninfa conseguiram amolecer o corao de Narciso.

    D o fora! gritou, de repente. Por acaso pensa que eu nasci para ser um da sua espcie? Sua tola!

    Tola! repetiu Eco, fugindo de vergonha.

    A deusa do amor no poderia deixar Narciso impune depois de fazer uma coisa daquelas. Resolveu, pois, que ele deveria ser castigado pelo mal que havia feito.

    Um dia, quando estava passeando pela fl oresta, Narciso sentiu sede e quis tomar gua.

    Ao debruar-se num lago, viu seu prprio rosto refetido na gua. Foi naquele momento que Eros atirou uma fl echa direto em seu corao.

    Sem saber que o refl exo era de seu prprio rosto, Narciso imediatamente se apaixonou pela imagem.

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  • 22 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Quando se abaixou para beij-la, seus lbios se encostaram na gua e a ima-gem se desfez. A cada nova tentativa, Narciso ia fi cando cada vez mais de-sapontado e recusando-se a sair de perto da lagoa. Passou dias e dias sem comer nem beber, fi cando cada vez mais fraco.

    Assim, acabou morrendo ali mesmo, com o rosto plido voltado para as guas serenas do lago.

    Esse foi o castigo do belo Narciso, cujo destino foi amar a si prprio.

    Eco fi cou chorando ao lado do corpo dele, at que a noite a envolveu. Ao desper-tar, Eco viu que Narciso no estava mais ali, mas em seu lugar havia uma bela fl or perfumada. Hoje, ela conhecida pelo nome de narciso, a fl or da noite.

    Agora, comente essa lenda com seus colegas, observando:

    De que trata a lenda? Quem so os personagens? Onde se passa a histria? O que a lenda procura explicar? Que outros comentrios poderiam ser feitos a respeito dessa lenda?

    Agora, acompanhe, com ateno, a leitura que seu professor far dessa lenda. A seguir, prepare-se para recont-la a colegas de outras turmas.

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  • 23COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3F: AS LENDAS E O FANTSTICO UNIVERSO INDGENA

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Acompanhe a leitura que seu professor far de A lenda da Lagoa das Guararas

    Trata-se de uma histria da poca da colonizao brasileira, do tempo em que os portugueses aqui chegaram. Com eles vieram os padres jesutas, que comea-ram a catequizar os ndios. Voc sabe o que catequizar?

    Catequizao: instruo que os jesutas padres portugueses que vieram para o Brasil assim que foi descoberto davam aos ndios, para ensinar-lhes a religio crist. Essa instruo era dada oralmente, por meio de histrias bblicas.

    No processo de catequizao, os portugueses pretendiam que os ndios aban-donassem traos de sua cultura e assumissem os costumes portugueses. Essa lenda fala um pouco disso: da ameaa que representava para os portugueses a antropofagia, que era o costume de os ndios comerem carne humana, e de como consideravam importante que esse trao cultural fosse eliminado.

    A LENDA DA LAGOA DAS GUARARAS

    Certo ndio da aldeia de Guarara, em momento de retorno sen-timental vida selvagem, esquecido das lies que recebia, matou uma criana. Matou e comeu.

    O povo e os parentes da pequena vtima rea giram veementemen-te. No preocupavam, quela altura, se prejudicariam o trabalho paciente, mas superfi cial, dos padres da Companhia Jesutica. A famlia queria que fossem tomadas providncias para terminar com a tradio cultural da antropofagia, que recomeara sem que se esperasse, ameaando a cultura branca europeia.

    O superior da Misso no pde se omitir na circunstncia, mas no podia usar de violncia, segundo a norma invariavelmente adotada nos mtodos da catequese dos discpulos de Santo Incio. Tinha, porm, que impor o castigo exigido. E mandou que o ndio, farto das carnes da criana, fi casse dentro dgua at que fosse chamado.

    Assim, o ndio fi cou l, mas quando procurado no foi encontrado. Foi quan-do comeou a aparecer nas guas da lagoa um peixe-boi indo e vindo de um lado para o outro. Alta noite, o que se ouvia, subindo das guas salgadas da lagoa, era o gemido pavoroso de tremer, horripilante, dolorido, inesquecvel.

    O castigo devia perdurar por muitos anos, segundo sentena do missionrio. Os pescadores iam pescar e voltavam; a rede, enxuta, sem peixe nenhum. Antes mesmo de eles lanarem a rede, o peixe-boi aparecia varejando a ca-noa com toda a velocidade possvel.

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  • 24 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    De l de baixo subia o gemido cortante, agoniado e rouco, como se algum estivesse afogando. Era o ndio que devorara a criana. Os gemidos eram mais feios, mais lancinantes, pungentes, mais magoados nas noites de luar. E quando a mareta se erguia, via-se ao refl exo da lua o dorso do peixe-boi que subia superfcie.

    O pior era a incerteza. O peixe-boi aparecia em toda a parte. Uma noite estava l no canto do Borquei. Outra, no crrego das Capivaras. Na Barra do Tibau, em especial, vinham aos ouvidos os urros tremendamente feios, medonhos, apavorantes!!! Singular destino dessa lagoa. Quando menos se espera, o mar a devolve. Depois retoma. Tudo um precioso mistrio. Em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, na Lagoa das Guararas.

    (Adaptado de Crnicas por Hlio Galvo (Derradeiras cartas da praia). Disponvel em: . Acesso em: 27 dez. 2007.

    Gravuras de Hans Stadem, Viagens ao Brasil. Marburgo, 1556.)

    2. Pense e converse com seus colegas: Esta lenda contm as caractersticas co-muns s demais lendas lidas at o momento? Por que isso acontece?

    3. Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e, juntos, faam a descrio do peixe-boi. Vocs podem consultar as imagens para realizar a tarefa.

    O PEIXE-BOI

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  • 25COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3H: COMPARANDO VERSES DE UMA LENDA

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Seu professor ler para voc uma lenda intitulada O Negrinho do Pastoreio.

    Trata-se de uma lenda meio africana, meio crist, muito contada no fi nal do scu-lo XIX pelos brasileiros que defendiam o fi m da escravido. muito popular no Sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul.

    O NEGRINHO DO PASTOREIO

    No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo por diante, a grito e a relho. Naqueles fi ns de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar satisfao a ningum.

    Entre os escravos da estncia havia um negrinho, encarregado do pastoreio de alguns animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estncia no conheciam cerca de arame; quando muito, havia apenas alguma cerca de pedra erguida pelos prprios escravos, que no podiam fi car para-dos, para no pensar bobagem... No mais, os limites dos campos eram aque-les colocados por Deus Nosso Senhor: rios, cerros, lagoas.

    Pois de uma feita, o pobre negrinho, que j vivia as maiores judiarias nas mos do patro, perdeu um animal no pastoreio. Pra qu! Apanhou uma bar-baridade atado a um palanque e, depois, cai-caindo, ainda foi mandado pro-curar o animal extraviado. Como a noite vinha chegando, ele agarrou um to-quinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo, e saiu campeando. Mas nada! O toquinho acabou, o dia veio chegando e ele teve que voltar para a estncia.

    Ento, foi outra vez atado ao palanque e dessa vez apanhou tanto que mor-reu, ou pareceu morrer. Vai da, o patro mandou abrir a panela de um for-migueiro e atirar l dentro, de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo lanhado de laao e banhando em sangue.

    No outro dia, o patro foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro. Qual no a sua surpresa ao ver o Negrinho do Pastoreio: ele estava l, mas de p, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos.

    O estancieiro se jogou no cho pedindo perdo, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mo da santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.

    Desde a, o Negrinho do Pastoreio fi cou sendo o achador das coisas extra-viadas. E no cobra muito: basta acender um toquinho de vela, ou atirar num canto qualquer naco de fumo.

    (Domnio pblico)

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  • 26 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    2. Converse com seu professor e colegas:

    Qual o tema dessa histria? Como ela explica o surgimento desse cone religioso? Essa uma explicao cientfi ca, fantstica ou de f? Eles conhecem alguma outra lenda similar? Quem so os personagens que a compem? Onde se passa a trama?

    3. Agora voc ler outra verso dessa mesma histria. Fique atento e observe semelhanas e diferenas entre elas, considerando que podem ser de conte-do ou na linguagem, isto , as histrias podem trazer informaes divergentes ou dizer o mesmo de outro modo.

    Depois, voc registrar suas descobertas no caderno.

    NEGRINHO DO PASTOREIO

    Era o tempo da escravido, e um menino negrinho, pretinho que nem carvo, humilde e raqutico era escravo de um fazendeiro muito rico, mas por demais avarento. Se algum necessitasse de um favor, no se podia contar com este homem. No dava um nquel a ningum e seu corao era a morada de uma pedra, no nutria qualquer sentimento por ningum, a no ser por seu fi lho, um menino to malvado quanto seu pai, pois, afi nal, a fruta nunca cai muito longe da rvore. Estes dois eram extremamente perversos e maltratavam o menino-escravo desde o raiar do dia, sem lhe dar trgua. Este jovenzinho no tinha nome, porque ningum se deu sequer o trabalho de pensar algum para ele; assim, respondia pelo apelido de Negrinho.

    Seus afazeres no eram condizentes com seu porte fsico, no parava o dia inteiro. O sol nascia e l j estava ele ocupado com seus afazeres e mesmo ao se pr, ainda se encontrava o Negrinho trabalhando. Sua principal ocupa-o era pastorear. Depois de encerrar seu laborioso dia, juntava os trapos que lhe serviam de cama e recebia um msero prato de comida, que no era sufi ciente para repor as energias perdidas pelo sacrifi cado trabalho.

    Mesmo sendo to til, considerado mestre do lao e o melhor peo-cavaleiro de toda a regio, o menino era inmeras vezes castigado sem piedade.

    Certa vez, o estanceiro atou uma carreira com um vizinho que se gabava de possuir um cavalo mais veloz que seu baio. Foi marcada a data da corrida, e o Negrinho fi cou encarregado de treinar e montar o famoso baio, pois sabia seu patro no haver ningum mais capaz que ele para tal tarefa.

    Chegando o grande dia, todos os habitantes da cidade, vestindo suas roupas domingueiras, se alojaram na cancha da carreira. Palpites discutidos, apostas feitas, inicia-se a corrida.

    Os dois cavalos saem emparelhados. Negrinho comea a suar frio, pois sabe o que lhe espera se no ganhar. Mas, aos poucos, toma a dianteira e quase

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  • 27COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    no h dvida de que seria vencedor. Mas eis que o inesperado acontece: algo assusta o cavalo, que para, empina e quase derruba Negrinho. Foi tempo sufi ciente para que seu adversrio o ultrapassasse e ganhasse a corrida.

    E agora? O outro cavalo venceu. Negrinho tremia feito vara verde ao ver a expresso de dio nos olhos de seu patro. Mas o fazendeiro, sem sada, deve cobrir as apostas e pe a mo no lugar que lhe mais caro: o bolso.

    Ao retornarem fazenda, o Negrinho tem pressa para chegar estrebaria.

    Aonde pensa que vai? pergunta-lhe o patro.

    Guardar o cavalo, sinh! balbuciou bem baixinho.

    Nada feito! Voc dever passar trinta dias e trinta noites com ele no pasto e cuidar tambm de mais trinta cavalos. Ser seu castigo pelo meu prejuzo. Mas ainda tem mais. Passe aqui que vou lhe aplicar o devido corretivo.

    O homem apanhou seu chicote e foi em direo ao menino:

    Trinta quadras tinham a cancha da corrida, trinta chibatadas vais levar no lombo e depois trate de pastorear a minha tropilha.

    L vai o pequeno escravo, dodo at a alma levando o baio e os outros ca-valos a caminho do pastoreio. Passou dia, passou noite, choveu, ventou e o sol torrou-lhe as feridas do corpo e do corao. Nem tinha mais lgrima para chorar e ento resolveu rezar para a Nossa Senhora, pois como no lhe foi dado nome, dizia-se afi lhado da Virgem. E foi a santa soluo, pois Negrinho aquietou-se e ento, cansado de carregar sua cruz to pesada, adormeceu.

    As estrelas subiram aos cus e a lua j tinha andado metade de seu caminho quando algumas corujas curiosas resolveram chegar mais perto, pairando no ar para observar o menino. O farfalhar de suas asas assustou o baio, que se soltou e fugiu, sendo acompanhado pelos outros cavalos. Negrinho acordou assustado, mas no podia fazer mais nada, pois ainda era noite e a cerrao, como um lenol branco, cobria tudo. E, assim, o negrinho-escravo sentou-se e chorou...

    O fi lho do fazendeiro, que andava pelas bandas, presenciou tudo e apressou-se em contar a novidade ao seu pai. O homem mandou dois escravos busc-lo.

    O menino at tentou explicar o acontecido para o seu senhor, mas de nada adiantou. Foi amarrado no tronco e novamente aoitado pelo patro, que de-pois ordenou que ele fosse buscar os cavalos. Ai dele que no os encontrasse!

    Assim, Negrinho teve que retornar ao local do pastoreio e para fi car mais fcil sua procura, acendeu um toco de vela. A cada pingo dela, deitado sobre o cho, uma luz brilhante nascia em seu lugar, at que todo lugar fi cou to claro quanto o dia e lhe foi permitido, desta forma, achar a tropilha. Amarrou o baio e, gemendo de dor, jogou-se ao solo desfalecido.

    Danado como ele s e no satisfeito com o que j fi zera ao escravo, o fi lho do fazendeiro aproveitou a oportunidade de praticar mais uma maldade:dis-

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  • 28 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    persar os cavalos. Feito isso, correu novamente at seu pai e contou-lhe que Negrinho havia encontrado os cavalos e os deixara fugir de propsito. A hist-ria se repete, e dois escravos vo busc-lo, s que dessa vez seu patro est decidido em dar cabo dele. Amarrou-o pelos pulsos e surrou-o como nunca. O chicote subia e descia, dilacerando a carne e picoteando-a como guisado. Ne-grinho no aguentou tanta dor e desmaiou. Achando que o havia matado, seu senhor no sabia que destino dar ao corpo. Enterr-lo lhe daria muito trabalho e, avistando um enorme formigueiro, jogou-o l. As formigas acabariam com ele em pouco tempo, pensou.

    No dia seguinte, o cruel fazendeiro, curioso para ver de que jeito estaria o cor-po do menino, dirigiu-se at o formigueiro. Qual sua surpresa quando o viu em p, sorrindo e rodeado pelos cavalos e o baio perdido. O Negrinho montou-o e partiu a galope, acompanhado pelos trinta cavalos.

    O milagre tomou o rumo dos ventos e alcanou o povoado, que se alegrou com a notcia. Desde aquele dia, muitos foram os relatos de quem viu o Negri-nho passeando pelos pampas, montado em seu baio e sumindo em seguida por entre nuvens douradas. Ele anda sempre procura das coisas perdidas, e quem necessitar de seu ajutrio, s acender uma vela entre as ramas de uma rvore e dizer:

    Foi aqui que eu perdi

    Mas Negrinho vai me ajudar

    Se ele no achar

    Ningum mais conseguir!

    (Disponvel em: .)

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  • 29COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3J: ANALISANDO ASPECTOS LINGUSTICOS DAS LENDAS

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Retome as lendas lidas at o momento e analise o modo como as narrativas comearam, assim como o tema central que cada uma aborda. Para organizar melhor as informaes, preencha o quadro a seguir.

    TTULO DA LENDA COMO INICIA TEMA CENTRAL

    O dono da luz

    Santo Toms e o boi que voava

    Beowulf e o drago

    A lenda da vitria-rgia

    A lenda do papagaio Cr-Cr

    A lenda de Narciso

    A lenda da Lagoa das Guararas

    O Negrinho do Pastoreio

    2. Apresente as observaes do grupo para os demais colegas e o professor, discutindo-as. A seguir, elaborem, coletivamente, um registro que sintetize as observaes gerais sobre as lendas e as dicas para serem utilizadas na pos-terior reescrita das lendas.

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  • 30 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3K: ANALISANDO O DISCURSO NAS LENDAS

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Acompanhe, com ateno, a leitura que seu professor far da lenda Maria Pamonha. Depois, faa o que se pede.

    MARIA PAMONHALenda latino-americana

    Certo dia apareceu na porta da casa-grande da fazenda uma menina suja e faminta. Nesse dia, deram-lhe de comer e de beber. E no dia seguinte tam-bm. E no outro, e no outro, e assim sucessivamente.

    Sem que as pessoas da casa se dessem conta, a menina foi fi cando, fi cando, sempre calada e de canto em canto.

    Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava e ela respondeu com um fi ozinho de voz:

    Maria.

    E os garotos, s gargalhadas, fecharam-na numa roda e comearam a debo-char dela:

    Maria, Maria Pamonha, Maria, Maria Pamonha

    Uma noite de lua cheia, o fi lho da patroa estava se arrumando para ir a um baile, quando Maria Pamonha apareceu no seu quarto:

    Me leva no baile? pediu-lhe.

    O jovem fi cou duro de espanto.

    Quem voc pensa que para ir danar comigo? gritou. Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma cintada?

    Quando o rapaz saiu para o baile, Maria Pamonha foi at o poo que havia no mato, banhou-se e perfumou-se com capim-cheiroso e alfazema. Voltou para casa, ps um lindo vestido da fi lha da patroa e prendeu os cabelos.

    Quando a jovem apareceu no baile, todos fi caram deslumbrados com a beleza da desconhecida. Os homens brigavam para danar com ela, e o fi lho da pa-troa no tirava os olhos de cima da moa.

    De onde voc? perguntou-lhe, por fi m.

    Ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Cintada res-pondeu a garota. Mas o rapaz a olhava to embasbacado que no percebeu nada.

    Quando voltou para casa, o jovem no parava de falar para a me da beleza daquela garota desconhecida que ele vira no baile. Nos dias que se seguiram,

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  • 31COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas no conseguiu encontr-la. E fi cou muito triste.

    Uma noite sem lua, dez dias depois, o jovem foi convidado para outro baile. Como da primeira vez, Maria Pamonha apareceu no seu quarto e disse-lhe com sua vozinha:

    Me leva no baile?

    E o jovem voltou a gritar-lhe:

    Quem voc pensa que para ir danar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma espetada?

    Logo que o jovem saiu, Maria Pamonha correu para o poo, banhou-se, perfu-mou-se, ps outro vestido da fi lha da patroa e prendeu os cabelos.

    De novo, no baile, todos se deslumbraram com a beleza da jovem desconheci-da. O fi lho da patroa aproximou-se dela, suspirando, e perguntou-lhe:

    Diga-me uma coisa, de onde voc?

    Ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Espetada res-pondeu a jovem. Mas ele nem se deu conta do que ela estava querendo lhe dizer, de to apaixonado que estava. Ao voltar para casa, no se cansava de elogiar a desconhecida do baile.

    Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas no conseguiu encontr-la. E fi cou mais triste ainda.

    Uma noite de lua crescente, dez dias depois, o rapaz foi convidado para outro baile. Pela terceira vez, Maria Pamonha apareceu em seu quarto e disse-lhe com aquele fi ozinho de voz:

    Me leva no baile?

    E pela terceira vez ele gritou:

    Quem voc pensa que para ir danar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma sapatada?

    Outra vez, Maria Pamonha vestiu-se maravilhosamente e apareceu no baile. E outra vez todos fi caram deslumbrados com sua beleza.

    O jovem danou com ela, murmurando-lhe palavras de amor, e deu-lhe de pre-sente um anel. Pela terceira vez, ele lhe perguntou:

    Diga-me uma coisa, de onde voc?

    Ah, ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Sapatada.

    Mas como o rapaz estava quase louco de paixo, nem se deu conta do que queriam dizer aquelas palavras.

    Ao voltar para casa, ele acordou todo mundo para contar como era bela a jovem desconhecida. No dia seguinte, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, sem conseguir encontr-la.

    To triste ele fi cou que caiu doente. No havia remdio que o curasse, nem reza que o fi zesse recobrar as foras. Triste, triste, j estava a ponto de morrer.

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  • 32 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Ento Maria Pamonha pediu patroa que a deixasse fazer um mingau para o doente. A patroa fi cou furiosa.

    Ento voc acha que meu fi lho vai querer que voc faa o mingau, menina? Ele s gosta do mingau feito por sua me.

    Mas Maria Pamonha fi cou atrs da patroa e tanto insistiu que ela, cansada, acabou deixando.

    Maria Pamonha preparou o mingau e, sem que ningum visse, colocou o anel dentro dele.

    Enquanto tomava o mingau, o jovem suspirava:

    Que delcia de mingau, me!

    De repente, ao encontrar o anel, perguntou, surpreso:

    Me, quem foi que fez este mingau?

    Foi Maria Pamonha. Mas por que voc est me perguntando isso?

    E antes mesmo que o jovem pudesse responder, Maria Pamonha apareceu no quarto, com um lindo vestido, limpa, perfumada e com os cabelos presos.

    E o rapaz sarou na hora. E casou-se com ela. E foram muito felizes.

    2. Em seu caderno, copie os trechos sublinhados transformando o discurso dire-to em indireto e vice-versa. Lembre-se de usar dois-pontos, pargrafo e traves-so quando necessrio!

    3. Ao terminar, compartilhe com seu professor e colegas o modo como foi cons-truindo os dilogos entre os personagens.

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  • 33COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 4B: REESCREVENDO TRECHOS DE UMA LENDA

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Junto a sua dupla de trabalho, releia silenciosamente A lenda do papagaio Cr-Cr.

    A LENDA DO PAPAGAIO CR-CR

    Conta a lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito gu-loso. Tudo que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele tinha costume de engolir a comida sem mastig-la.

    Uma vez sua me encontrou frutos de bato e assou-os na cinza.

    O fi lho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do fogo e, como sempre, engoliu-os sem pestanejar.

    Os frutos do bato so frutos cuja polpa viscosa se mantm quentssima por muito tempo. Comendo-os to quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma que doa muito e queimavam-lhe o estmago.

    O menino, tentando vomitar os frutos comidos, comeou a fazer fora para expuls-los. Arranhava a garganta grunhindo cr-cr-cr! Mas os frutos no saam... e entalaram na garganta, sufocando-o.

    No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um papagaio. Voou pra longe. At hoje pode-se ouvi-lo vagando pelas matas do lugar, voando e gritando cr-cr-cr!

    (Machado, Irene. Literatura e redao. So Paulo: Scipione, 1994. p. 105-106.)

    2. Observem que o incio dessa lenda est em negrito. Esse trecho dever ser reescrito por vocs de dois modos diferentes. Para isso, utilizem a folha pau-tada entregue por seu professor.

    3. Fiquem atentos s possibilidades de escrita que j foram abordadas em aula, lembrando-se de que as lendas comeam remetendo-se ao passado, mas sem defi nir um tempo especfi co. Vocs podero optar pelo discurso direto ou indireto quando acharem mais apropriado, e podem enriquecer a lenda com descries de personagens e ambientes.

    4. Quando terminarem, faam uma boa reviso do texto, observando se faltam informaes ou se h erros de gramtica ou ortografi a.

    5. Finalmente, escolham a verso que lhes pareceu mais interessante para ler para os colegas.

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  • 34 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 4C: SELECIONANDO AS LENDAS PARA SEREM REESCRITAS, PLANEJANDO A REESCRITA E REESCREVENDO-AS

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Nesta atividade voc realizar quatro tarefas: selecionar as lendas que com-poro a coletnea do projeto; escolher a lenda que voc ir reescrever; pla-nejar a reescrita da lenda; reescrever a lenda. Fique atento para as orienta-es de seu professor.

    Alguns lembretes para voc, quando for planejar e reescrever a lenda escolhida:

    Considere que voc reescrever uma das lendas de que a classe mais gostou, para alunos da 1a 4a srie, compondo um livro-coletnea para constituir o acervo da sala de leitura.

    Considere que seu texto deve estar adequado a essas caractersticas o mximo possvel, pois isso garantir que o leitor o compreenda.

    Considere os aspectos abaixo, estudados ao longo das atividades, como orien-tadores do planejamento e reescrita:

    J Iniciar a lenda diretamente, sem definir precisamente tempo e lugar e sem muitas descries.

    J Utilizar expresses como: Conta a lenda que...; Contam... que...; Havia um...; Um certo... em... ou outra com sentido similar.

    J No apresentar explicitamente os ensinamentos ou explicaes que o texto pretende passar; ao contrrio, estes devem vir diludos ao longo do texto.

    J As lendas que contm explicaes de fenmenos naturais apresentam menos fala de personagem, organizando-se pelo discurso narrativo, sem referncia s falas propriamente ditas. Considere isso na reescrita. As de-mais lendas utilizam discurso direto, marcado de diferentes maneiras: por dois-pontos, pargrafo e travesso; ou por dois-pontos, pargrafo, aspas.

    J possvel utilizar expresses de variedades regionais e escrever mais von-tade se a situao de produo possibilitar, isto , se considerar que os leitores pensados compreendero o texto.

    J Elaborar uma relao dos aspectos que precisaro constar na lenda, na or-dem em que devem ser apresentados.

    J Lembre-se que, enquanto redige a histria propriamente dita, deve conside-rar o leitor e as caractersticas das lendas, bem como ir lendo enquanto escreve para conferir a inteno comunicativa e tambm se no est esque-cendo informaes importantes. Fique atento tambm para corrigir possveis erros ortogrficos e gramaticais.

    Antes de entregar seu texto para o professor, lembre-se de dar uma conferida para ver se no est faltando nada do que foi planejado.

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  • 35COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Projeto didticoUniverso ao meu redor

    As orientaes didticas das atividades constam no Guia de Planejamento e Orientaes Didticas 4a srie. Esto divididas da seguinte forma:

    Pginas do Guia Organizao geral da sequncia de atividades _________________________ 98Etapa 1: Por onde anda o universo? __________________________________ 98Etapa 2: Compartilhando o projeto __________________________________ 100Etapa 3: Estudando sobre meio ambiente, desmatamento

    e sustentabilidade ________________________________________ 103Etapa 4: Estudo e planejamento do seminrio ________________________ 136Etapa 5: Estudo e planejamento da exposio oral ____________________ 138Etapa 6: Avaliao do trabalho desenvolvido __________________________ 146

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  • 37COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 1: LEVANTANDO CONHECIMENTOS PRVIOS SOBRE O TEMA

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Rena-se com seu grupo e leia o texto apresentado a seguir. Ele a parte introdutria de um material publicado sobre meio ambiente. Observem as ex-presses dos animais: no parece que esto meio preocupados? E aquele cartaz do papagaio, o que vocs acham que signifi ca?

    Agora, respondam:

    Vocs consideram que a Terra est mesmo doente? Se responderem sim, quais seriam as doenas da Terra? Expliquem. Registrem as observaes de vocs no caderno.

    TEXTO 1A Terra est mesmo doente?

    (Fonte: adaptado de Instituto Unibanco/Fundao Victor Civita. Meio ambiente conhecer para preservar v. 1. Encarte da revista Escola, So Paulo, n. 161, p. 1A, abr. 2003.)

    2. Apresentem as observaes para os demais colegas e discutam-nas com a classe e o professor.

    3. Agora, leiam o texto 2 apresentado a seguir.

    TEXTO 2reas frteis transformadas em desertos, fl orestas devastadas, plantas e bichos ameaados de extino, rios, lagos e mares poludos, substncias txicas no ar que respiramos... uma diversidade de problemas decorrentes, unicamente, da falta de cuidado do homem com o planeta.

    Que relao vocs percebem entre esse texto e a atitude dos animais do primeiro texto? Expliquem.

    E entre esse texto e as doenas da Terra? Junto a seus colegas de grupo, tente explicar cada um dos tpicos apresentados nesse texto, identifi cando seus efeitos na vida das pessoas. Acrescentem a esses tpicos outros que voc e a classe tenham identifi cado na refl exo coletiva. Registrem as suas refl exes no caderno.

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  • 38 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3A: DESEQUILBRIOS PROVOCADOS PELO HOMEM

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Leia com seus colegas de grupo os verbetes sobre o efeito estufa, chuvas ci-das, desertifi cao, biodiversidade, ecossistema e eroso. Eles apresentam uma rela o dos problemas ambientais da atualidade, suas causas e tambm suas consequncias.

    EFEITO ESTUFA

    A poluio do ar uma das principais causas do aquecimento. A superfcie terrestre refl ete uma parte dos raios solares, mandando-os de volta para o espao. Uma camada de gases se concentra ao redor do planeta, formando a atmosfera, e alguns deles ajudam a reter o calor e a manter a temperatura adequada para garantir a vida por aqui.

    Nas ltimas dcadas, muitos gases poluentes vm se acumulando na atmos-fera e produzindo uma espcie de capa que concentra cada vez mais calor perto da superfcie da Terra, aumentando ainda mais a temperatura global. o chamado efeito estufa.

    Outro problema que afeta diretamente o clima a devastao das matas, pois elas ajudam a manter a umidade e a temperatura do planeta.

    Infelizmente, o desmatamento j eliminou quase metade da cobertura vege-tal do mundo.

    (Disponvel em: . Data de acesso: 17 nov. 2007.)

    CHUVA CIDA

    Considerada um dos maiores problemas ambientais do mundo contempor-neo. O termo designa genericamente a chuva, neve ou neblina com alta con-centrao de cidos em sua composio. A principal medida para a reduo desse tipo de fenmeno o uso de combustveis alternativos ou a utilizao de carvo com menor teor de enxofre.

    (Disponvel em: . Acesso em: 17 nov. 2007.)

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  • 39COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    DESERTIFICAO

    O fenmeno consiste na perda da produtividade biolgica e econmica do solo de uma regio. O uso de agrotxicos, o desmatamento de fl orestas e o mau uso da terra so seus principais causadores. Um quarto do planeta est amea ado pela desertifi cao, e pesquisas mostram que 135 milhes de pes-soas no mundo j tiveram que deixar o local onde moravam por causa dela.

    (Disponvel em: . Acesso em: 17 nov. 2007.)

    BIODIVERSIDADE

    O termo abrange toda a variedade das formas de vida, espcies e ecossiste-mas em uma regio ou em todo o planeta. Em todo o mundo, estima-se que existam pelo menos 14 milhes de espcies vivas. Como no distribuda uniformemente pela Terra, ela maior em ambientes com abundncia de luz solar, gua doce e clima mais estvel. Segundo a Conservation International, o Brasil considerado megabiodiverso, pois possui mais de 70% das esp-cies vegetais e animais do planeta.

    (Disponvel em: . Acesso em: 17 nov. 2007.)

    O QUE ECOSSISTEMA?

    o conjunto dos relacionamentos que a fauna, fl ora, micro-organismos e o ambiente, composto pelos elementos solo, gua e atmosfera mantm entre si.

    Todos os elementos que compem o ecossistema se relacionam com equil-brio e harmonia e esto ligados entre si. A alterao de um nico elemento causa modifi caes em todo o sistema, podendo ocorrer a perda do equilbrio existente. Se, por exemplo, uma grande rea com mata nativa de determinada regio for substituda pelo cultivo de um nico tipo de vegetal, pode-se com-prometer a cadeia alimentar dos animais que se alimentam de plantas, bem como daqueles que se alimentam desses animais.

    (Disponvel em: . Acesso em: 17 nov. 2007.)

    O QUE EROSO?

    A eroso um processo que faz com que as partculas do solo sejam des-prendidas e transportadas pela gua, vento ou pelas atividades do homem.

    A eroso faz com que apaream no terreno atingido sulcos, que so peque-nos canais com profundidade de at 10 cm, ravinas, que tm profundidade de at 50 cm, ou voorocas com mais de 50 cm de profundidade.

    O controle da eroso fundamental para a preservao do meio ambiente, pois o processo erosivo faz com que o solo perca suas propriedades nutriti-vas, impossibilitando o crescimento de vegetao no terreno atingido e cau-sando srio desequilbrio ecolgico.

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  • 40 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    2. Quando terminarem a leitura, respondam:

    Quantas dessas consequncias vocs acham que tm alguma ligao com desmatamento das fl orestas? Expliquem.

    3. Depois de ter discutido o que entendeu junto a seu grupo, anote em seu cader-no as informaes mais importantes sobre cada um dos temas apresentados.

    4. A seguir, apresente a refl exo do grupo para a classe e discutam-na coleti-vamente.

    DESEQUILBRIOS PROVOCADOS PELO HOMEMPRINCIPAIS CAUSAS PROBLEMAS DECORRENTES CONSEQUNCIAS

    AR-CONDICIONADOREFRIGERADORESSPRAYS AEROSSISPRODUO DE ESPUMA PLSTICA

    SUPERPOPULAO,CULTIVO E PASTAGENSEM EXCESSO

    CFCCLORO-FLUOR-CARBONO

    BURACO NA CAMADADE OZNIO

    AQUECIMENTO GLOBAL

    DIMINUIO DAGUA POTVEL

    DIMINUIO DEALIMENTOS EDESEQUILBRIO NACADEIA ALIMENTAR

    MAIS DESERTOS EMENOS OXIGNIO

    DIMINUIO DABIODIVERSIDADE

    DOENAS E FOMEEM MASSA

    EXTINO DA VIDANA TERRA

    EFEITO ESTUFA

    CHUVA CIDA

    ENVENENAMENTO DAVIDA AQUTICA E DAPRODUO AGRCOLA

    SOLOS MALNUTRIDOS E EROSES

    DESERTIFICAO

    EXTINO DE ESPCIES

    POLUIO DO AR

    FUMAA

    LIXO

    DESMATAMENTO

    QUEIMADASMATAS E FLORESTAS

    MATANA DE ANIMAIS

    FBRICAS

    QUEIMA DE COMBUSTVELFSSIL

    PRODUTOS QUMICOSNA AGRICULTURA

    ESGOTO LANADONOS RIOS

    ATERROS MUNICIPAIS

    LIXO TXICO

    USINA NUCLEAR

    POLUIO DA GUA

    POLUIO DO SOLO

    RADIOATIVIDADE

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    ATIVIDADE 3B: O DESMATAMENTO E SUA INFLUNCIA EM DIFERENTES PROBLEMAS AMBIENTAIS

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Com seu parceiro de trabalho, leia os textos apresentados a seguir. Eles de-monstram alguns dos problemas ambientais atuais, suas causas e conse-quncias para a vida do planeta. Em cada um, faa anotaes nas margens do texto ou no caderno sobre o que considerar importante e identifi cando as ideias principais.

    A ESCASSEZ DA GUA

    A gua disponvel na Terra s ser sufi ciente para mais 20 anos.

    De todo o lquido hoje disponvel no planeta, 97% gua salgada dos mares e oceanos e 2% corresponde gua doce no disponvel por estar solidifi cada em geleiras e icebergs. Menos de 1% da gua existente na superfcie terrestre potvel.

    Apesar de anunciada, essa crise agravada por diferentes fatores.

    O fator mais importante o crescimento demogrfi co acelerado. No ano 2000, 6 bilhes de pessoas habitavam a Terra. Na poca, essa era a metade da populao que, segundo os especialistas, a Terra poderia abrigar. Essa po-pulao mais do que duplicou em 50 anos, pois em 1950 viviam 2,5 bilhes de pessoas na Terra. O crescimento, como se v, aceleradssimo. Quando se considera, conforme informao da ONU, que hoje cerca de 1,3 bilho de pessoas no tm acesso gua potvel, ento s podemos concluir que a situao fi car mais grave.

    Outro fator que interfere na escassez de gua do planeta o desfl oresta-mento desenfreado, que compromete as reas de nascentes e as matas que fi cam beira dos cursos de gua (matas ciliares).

    Alm desses, h tambm a ocupao irregular do espao, que destri as regies dos mananciais e o avano agrcola, que frequentemente causa asso-reamento nos leitos dos rios.

    (Fonte: adaptado de Instituto Unibanco/Fundao Victor Civita. Meio ambiente conhecer para preservar v. 1. Encarte da revista Escola, So Paulo, n. 161, p. 1A, abr. 2003.)

    OS DANOS ATMOSFERA

    A atmosfera do nosso planeta funciona como uma capa protetora dele; uma capa que mantm a temperatura equilibrada tanto de noite como de dia, per-mitindo que no escape calor absorvido do Sol e mantendo o planeta aque-cido para que a vida seja possvel. isso que se denomina de efeito estufa.

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  • 42 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Sem esse cobertor natural, a vida na Terra no seria possvel, pois a tempera-tura mdia do planeta seria de 17 C negativos e sua superfcie permaneceria coberta de gelo.

    O problema que essa capa vem sendo agredida tanto pelo desfl orestamen-to quanto pela queimada desenfreada de combustveis fsseis, como petr-leo e carvo, pois isso provoca o aumento de gs carbnico na atmosfera e, dessa maneira, o planeta fi ca mais quente.

    Os pesquisadores afi rmam que as maiores consequncias desse aquecimen-to so os invernos cada vez mais rigorosos; a ocorrncia de chuvas torren-ciais e outras perturbaes meteorolgicas; a diminuio da espessura da ca-mada de gelo polar no vero. Alm disso, tambm a temperatura dos oceanos tem aumentado, o que provoca enorme impacto na cadeia da vida marinha e outros problemas.

    Outro problema da atmosfera terrestre a destruio da camada de oznio, que protege contra o cncer de pele e outros efeitos negativos da radiao ultravioleta emitida pelos raios solares. Segundo os cientistas, os gases emi-tidos pelos refrigeradores e outros produtos industrializados clorofl uorcarbo-no (CFC) tm destrudo as molculas desse escudo protetor, que a cama-da de oznio, provocando o aparecimento de um gigantesco buraco que, em certas ocasies, chega a atingir 31 milhes de quilmetros quadrados.

    A AMEAA BIODIVERSIDADE

    A biodiversidade do planeta tem sido terrivelmente ameaada nos ltimos tempos, provocando a destruio de inmeras espcies da fl ora e da fauna. No Brasil, campeo mundial em nmero de espcies, dois ecossistemas en-contram-se em situao crtica: a mata atlntica e o cerrado, que fi guram na lista dos 25 ambientes mais ameaados do mundo.

    As causas dessa catstrofe so as seguintes: a explorao de madeira, o avano das fronteiras agrcolas, a caa e a extrao ilegais e a devastao das fl orestas.

    A LUTA PELA SUSTENTABILIDADE DO PLANETA

    Hoje se tem conscincia de que o planeta no apenas a fauna e a fora excluindo-se delas o homem. O ser humano uma das espcies que habita a Terra, relacionando-se com as demais de variadas maneiras. Portanto, meio ambiente no algo que se situa fora do homem; ao contrrio, o homem constitui o meio ambiente.

    Por outro lado, o planeta no de um, mas de todos. A natureza no pro-priedade de pessoas isoladas que habitam espaos defi nidos, mas patrim-nio da humanidade. Dessa forma, todos tm direito a ar puro, gua, qualidade de vida. Essa compreenso pode estar ainda difusa para muitas pessoas, mas, a cada dia, fi ca mais evidente.

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  • 43COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Junto com essa compreenso, tambm necessrio vir a conscincia de que foi a ao de cada um que veio transformando o planeta ao longo dos scu-los. Assim, a ao de cada um, tambm, que pode reverter esse quadro. urgente, ento, a mudana efetiva de hbitos e atitudes de todas as pessoas que habitam esse planeta, na direo de se construir a sustentabilidade da vida na Terra.

    2. Depois de ter lido os textos, comentando-os com seu colega, socialize suas anotaes com o restante da classe.

    3. A seguir, responda: Qual a ao humana apresentada como causa de todos os problemas de que o texto fala? Explique.

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  • 45COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3C: O DESMATAMENTO NO BRASIL E NO MUNDO

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    1. Junto a seu professor e amigos, leia e discuta o texto abaixo. Depois, analise e comente com sua turma o infogrfi co apresentado a seguir, que faz parte da reportagem Onde a biodiversidade est mais ameaada no planeta?, publi-cada no site Planeta Sustentvel.

    Trata-se de material que apresenta entre 34 pontos indicados por diversas organizaes ambientais os dez pontos mais crticos do planeta onde a bio-diversidade se encontra ameaada.

    Esses pontos so chamados de hotspots: so locais que possuem ao menos 1.500 espcies de plantas endmicas e j perderam 70% ou mais de suas reas originais. Juntas, as 34 regies ocupam menos de 3% da superfcie do planeta, mas concentram 50% de todas as espcies vegetais e 42% de todos os vertebrados da Terra.

    (Disponvel em: . Acesso em: 5 jan. 2008.)

    Esse nome hotspot foi criado em 1988 pelo ambientalista britnico Nor-man Myers para resolver um dos maiores dilemas dos cientistas preocupados com a conservao do planeta: quais os critrios para criar uma rea de pre-servao do ambiente, mantendo a riqueza de espcies na Terra?

    Ao observar que a biodiversidade no est igualmente distribuda pelo plane-ta, Myers procurou identifi car as regies que concentram, nesse quesito, os mais altos nveis, e se perguntou onde as aes de conservao seriam mais urgentes. Esses locais, os hotspots, so, ento, um tipo de pronto-socorro das espcies, reas de rica biodiversidade e ameaadas no mais alto grau, portanto, prioritrias para os ambientalistas.

    (Disponvel em: . Acesso em: 5 jan. 2008.)

    Analise os dez pontos indicados no mapa, articulando a ele os textos das legen-das apresentados a seguir. Depois, descubra:

    a. Que regio compreende o hotspot brasileiro apontado nesse mapa?

    b. O que que faz dele um hotspot?

    c. Qual a principal ameaa regio?

    d. Quanto ainda resta da mata original?

    e. Quantas espcies endmicas encontram-se ameaadas?

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  • 46 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ESPCIES ENDMICAS

    So as espcies que s so encontradas em determinadas regies geogr-fi cas especfi cas (em geral, nas regies de origem). Para alguns autores, sinnimo de espcie nativa.

    2. Rena-se com seu colega de trabalho e responda, no caderno, as questes a seguir:a. Copie do texto o trecho que defi ne hotspot.

    b. O infogrfi co que voc leu mostra os dez hotspots mais crticos do planeta. Qual deles se encontra no Brasil?

    c. Qual o hotspot que tem mais espcies endmicas ameaadas de extino?

    d. No infogrfi co, sublinhe a principal ameaa que assola as montanhas do Sudoeste chins.

    e. Quando terminarem, contem aos demais o que descobriram e tambm como fi zeram para encontrar as informaes solicitadas.

    3. Escolha um dos hotspots do infogrfi co e, em seu caderno, escreva um texto que explique as mesmas informaes. Lembre-se de usar frases completas, e no legendas ou palavras-chave.

    HOTSPOT 1

    MATA ATLNTICA

    A fl oresta tropical que cobre grande parte da costa brasileira atinge tambm o territrio de nossos vizinhos Uruguai, Paraguai e Argentina.

    1.233.875 km2.

    99.944 km2 (8,1% da cobertura original).

    90.

    Ocupao humana.

    HOTSPOT 2

    CARIBE

    Concentra diversos ecossistemas como fl orestas tropicais e regies semiridas.

    229.549 km2.

    22.955 km2 (10% da cobertura original).

    209.

    Desmatamento para a agricultura e insero de espcies estrangeiras.

    HOTSPOT 3

    MADAGASCAR

    A ilha africana tem grande diversidade de ecossistemas, como fl orestas tropicais e secas e um deserto.

    600.461 km2.

    60.046 km2 (10% da cobertura original).

    169.

    Eroso gerada pelo desmatamento.

    HOTSPOT 4

    FLORESTAS DA COSTA LESTE AFRICANA

    Concentram fl orestas secas e midas que abrigam uma grande variedade de primatas.

    291.250 km2.

    29.125 km2 (10% da cobertura original).

    12.

    Desmatamento para agricultura.

    Legendas

    Extenso Original

    Extenso Atual

    Espcies Endmicas ameaadas

    Principal ameaa

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  • 47COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    HOTSPOT 5

    CHIFRES DA FRICA

    Regio rida, o hbitat da maioria das espcies de antlopes do mundo.

    1.659.363 km2.

    82.968 km2 (5% da cobertura original).

    18.

    Desmatamento para pastagem e extrao mineral.

    HOTSPOT 6

    BACIA DO MEDITERRNEO

    Originalmente apresentava uma fl ora quatro vezes maior que todo o continente europeu.

    2.085.292 km2.

    98.009 km2 (4,7% da cobertura original).

    34.

    Ocupao humana.

    HOTSPOT 7MONTANHAS DO SUDOESTE CHINS

    Hbitat original de uma das mais ricas faunas de clima temperado, a regio tem altitudes que podem chegar a 7.558 metros.

    262.446 km2.

    20.996 km2 (8% da cobertura original).

    8.

    Caa, extrao de madeira e queimada para criao de pastos.

    HOTSPOT 8INDOCHINA

    Coberta principalmente pelas fl orestas tropicais do Sudeste Asitico. Apesar da devastao, nos ltimos doze anos, foram descobertas seis novas espcies de mamferos.

    2.373.057 km2.

    118.653 km2 (5% da cobertura original).

    78.

    Desmatamento para agricultura e extrao da madeira.

    HOTSPOT 9FILIPINAS

    As mais de 7 mil ilhas que compem o arquiplago eram compostas originalmente por extensas fl orestas tropicais.

    297.179 km2.

    220.803 km2 (7% da cobertura original).

    151.

    Extrao de madeira.

    HOTSPOT 10SUNDALAND

    A regio, que cobre a Indonsia, a Malsia e outras ilhas do arquiplago do Sudeste Asitico, dominada pelas fl orestas tropicais.

    1.501.063 km2.

    100.571 km2 (6,7% da cobertura original).

    162.

    Extrao de madeira.

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  • 49COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    ATIVIDADE 3D: A MATA ATLNTICA E SUA HISTRIA

    NOME ___________________________________________ DATA _____ / _____ / _____

    A mata atlntica brasileira, conforme vimos, a regio do Pas mais ameaada pelo desmatamento e a mais rica em biodiversidade. A histria do desmatamento que a atinge no recente, remontando ao descobrimento do Brasil.

    Leia o texto apresentado a seguir para informar-se sobre isso. Para estud-lo, siga as orientaes do professor. Para tanto, pegue um lpis e um marca-texto.

    MATA ATLNTICA: DA EXUBERNCIA DEVASTAO

    Diogo Dreyer

    A mata atlntica foi, muito provavelmente, uma das primeiras vises que a tri-pulao de Cabral teve quando chegou ao Brasil. Nessa poca, a exuberncia da mata se estendia desde o Rio Grande do Norte at o Rio Grande do Sul e ocupava mais de 1 milho de quilmetros quadrados.

    Os primeiros desbravadores das terras tupiniquins descreveram, durante anos, a mata atlntica como uma fl oresta intocada, de enorme riqueza natu-ral, que levou muitos dos que aqui chegaram no incio da colonizao a acre-ditar que o paraso na Terra estava nas Amricas.

    A fl oresta era ocupada por grupos indgenas tupis relativamente numerosos, como os tupinambs, que j praticavam a agricultura, mas em perfeito estado de harmonia com a vida vegetal e animal.

    Em contrapartida, a relao do colonizador com a fl oresta e seus recursos foi, desde o incio, predatria. Os colonos no percebiam a importncia dos benefcios ambientais que a cobertura fl orestal nativa trazia, alm de serem motivados pela valorizao da madeira e do lucro fcil. Esses fatores leva-ram supresso de enormes reas da fl oresta para a expanso de lavouras e assentamentos urbanos e adoo de prticas de explorao seletiva e exaustiva de espcies como o pau-brasil o que aconteceu antes mesmo da explorao do ouro e das pedras preciosas.

    [...]

    Terra Brasilis, como fi cou conhecida a nova colnia de Portugal, teve a ori-gem de seu nome diretamente ligada explorao do pau-brasil e, portanto, ao incio da destruio da mata atlntica. Calcula-se que 70 milhes de rvo-res foram levadas para a Europa. Atualmente, a espcie vive graas ao traba-lho de grupos ambientalistas que fazem seu replantio.

    Novo Mundo: sinnimo de riqueza fcil

    A explorao predatria da mata atlntica no se limitou ao pau-brasil. Outras madeiras de alto valor para a construo naval, edifi caes, mveis e outros

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  • 50 COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    usos como tapinho, canela, canjerana e jacarand foram intensamente exploradas. Segundo relatrios da virada do sculo XIX, em Iguape, cidade do litoral sul do estado de So Paulo, no havia mais dessas rvores num raio de sessenta quilmetros da cidade. O mesmo se repetiu em praticamente toda a faixa de fl orestas costeiras do Brasil. A maioria das matas consideradas pri-mrias e hoje colocadas sob a proteo das unidades de conservao foram desfalcadas j h dois sculos.

    [...]

    Alm da explorao dos recursos fl orestais, existia tambm um signifi cativo comrcio exportador de couros e peles de ona (que chegaram ao valor de 6 mil-ris, o equivalente ao preo de um boi na poca), veado, lontra, cutia, paca, cobra, jacar, anta e de outros animais; de penas e plumas e de carapaas de tartarugas. No toa que quase todas esses animais esto em processo de extino.

    A esse modelo predatrio de explorao dos recursos da fl ora e da fauna so-mou-se o sistema de concesso de sesmarias por parte de Portugal, favore-cendo a combinao altamente destrutiva da mata atlntica. O proprietrio re-cebia gratuitamente uma sesmaria e, aps explorar toda a mata e consumir seus recursos, a passava adiante por um valor irrisrio, solicitando outra ao go-verno; ou simplesmente invadia terras pblicas. Firmava-se o conceito de que o solo era um recurso descartvel, pois no fazia sentido manter uma proprie-dade e zelar por suas condies naturais e sua fertilidade, j que ela poderia ser substituda por outra sem custo. Destruir, passar a propriedade adiante e receber outra era um excelente negcio.

    Em se plantando, tudo d.

    No mesmo perodo de extrao do pau-brasil, as terras frteis do Nordeste do pas e que estavam na mata atlntica eram utilizadas para a produo do a-car. A fl oresta ia sendo derrubada e, em seu lugar, surgiam imensos canaviais. A madeira ia para fornos a lenha, usados no processo de fabricao de acar, alm de servir para fazer caixotes para o embarque do produto para a Europa.

    Depois do sculo XVII, a fl oresta continuou sendo derrubada para outros usos da terra. No sculo XVIII, a descoberta do ouro em Minas Gerais abriu grandes feridas na mata, mas foi o Ciclo do Caf que mais a devastou. O Ciclo come-ou a se expandir ainda naquele sculo e se arrastou at a metade do scu-lo XIX, principalmente em So Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paran.

    Resultados catastr cos

    A explorao madeireira da mata atlntica teve importncia econmica nacio-nal at muito recentemente. Segundo dados do IBGE, em meados de 1970, a mata atlntica ainda contribua com 47% de toda a produo de madeira em tora no pas, num total de 15 milhes de metros cbicos produo drastica-mente reduzida para menos da metade (7,9 milhes) em 1988 devido ao esgo-tamento dos recursos ocasionado pela explorao no sustentvel.

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  • 51COLETNEA DE ATIVIDADES - 4a SRIE

    Atualmente, a mata atlntica sobrevive em cerca de 100 mil km2. Seus princi-pais remanescentes concentram-se nos estados das regies Sul e Sudeste, recobrindo parte da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, onde o processo de ocupao foi difi cultado pelo relevo acidentado e pela pouca infraestrutura de transporte.

    Segundo estudos recentes realizados pela Fundao SOS Mata Atlntica em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o Instituto Socioambiental e publicados em 1998 , entre os anos de 1990 e 1995, mais de meio milho de hectares de fl orestas foram destrudos em nove estados nas regies Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que concentram aproximadamente 90% do que resta da mata atlntica no pas. Uma extenso equivalente a mais de 714 mil campos de futebol foi literalmente eliminada do mapa em apenas cinco anos, a uma velocidade de um campo de futebol derrubado a cada qua-tro minutos. Essa destruio foi proporcionalmente trs vezes maior do que a verifi cada na fl oresta amaznica no mesmo perodo.

    Se isso continuar a acontecer, em 50 anos, o que sobrou da mata atlntica fora dos parques e outras categorias de unidades de conservao ambientais ser eliminado completamente. Vale lembrar que esses desmatamentos no esto ocorrendo em regies distantes e de difcil acesso. Ao contrrio, derru-ba-se impunemente enormes reas de fl orestas a poucos quilmetros de cida-des como So Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

    Da mata atlntica original, sobraram 456 manchas verdes, irregularmente distri-budas pela costa atlntica brasileira. Embora isso represente apenas 7% da fl o-resta original de 100 milhes de hectares praticamente contnuos, ainda uma vasta rea, equivalente aos territrios da Frana e da Espanha juntos.

    Alm disso, salvar a mata atlntica uma questo de sobrevivncia econmi-ca: em suas imediaes, vivem hoje cerca de 100 milhes de pessoas e, pela sua delimitao geogrfi ca, circulam 80% do Produto Interno Bruto nacional (PIB).

    O que chamamos de mata atlntica so, na verdade, vrias matas que tm em comum o fato de estarem prximas ao oceano Atlntico