Ler e Escrever Em Projetos de Letramento

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LEITURA E ESCRITA_PROJETOS DE LETRAMENTO

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  • Ler e escrever em projetos de letramento:

    o que muda, afinal?

    Glcia Azevedo TINOCO (UFRN)

    [email protected]

  • Resumo pgina 577Caderno de atividades e resumos do 17 COLE

  • O debate em torno da ressignificao das prticas de leitura e escrita em sala de aula tem levado muitos profissionais a desenvolver projetos de letramento (KLEIMAN, 2000). Tomando tais projetos como um modelo didtico (TINOCO, 2008), pretendemos, nesta comunicao, analisar o que, de fato, muda quando focalizamos o ler e o escrever a partir das demandas que desse modelo emanam. Para tanto, traremos anlise dados gerados por professores de lngua materna e seus alunos de educao bsica de uma cidade do agreste norte-rio-grandense. A reflexo sobre a ao e na ao (SCHON, 1992) desses sujeitos de conhecimento nos mostra que a planificao de um projeto de letramento requer a construo de uma comunidade de aprendizagem (AFONSO, 2001), na qual professores e estudantes se entendam como articuladores das aes desenvolvidas em coletividade, ou seja, como agentes de letramento (KLEIMAN, 2006), tendo em vista que agem no e sobre o mundo por meio de prticas de leitura e escrita. Nesse sentido, a comunidade escolar e a comunidade do entorno passam a ter uma marcada atuao na construo dos saberes. Em funo dessa parceria, emerge a necessidade de extrapolao do tempo-espao escolar, porque esse processo de ensino-aprendizagem requer a conciliao de tempos e espaos de outras instituies colaboradoras. A implicao disso que, nesse processo, a leitura e a escrita deixam de ser compreendidas como atividades meramente escolares para se desenvolverem como prticas sociais. Logo, vinculam-se, necessariamente, a situaes de comunicao que, por sua vez, incorporam textos cuja produo e circulao so reais. Tudo isso articulado aos interesses compartilhados pelo grupo e s metas previamente estabelecidas. Essas mudanas, porm, no so naturais nem lineares. Elas requerem uma fundamentao terico-metodolgica consistente e o desejo de ressignificar a prtica docente. Tal desejo nos parece em ebulio nos professores de lngua materna de norte a sul deste pas continental. hora de os cursos de formao (inicial, continuada, em servio) de professores se voltarem para os contextos especficos em que atuam, conforme defendem Cavalcanti (1999), Kleiman (2000), Kleiman e Matencio (2005), para a ressignificao do ler e do escrever, e no para contedos, professores e alunos idealizados.

  • Projeto pedaggico

    Projeto de ensino

    Projeto de turma

    Projeto de formao

    Projeto didtico

    Projeto transdisciplinar

    Projeto de pesquisa

    Projeto interdisciplinar

    Projeto disciplinar

    Projeto poltico-pedaggico

    Projeto de conhecimento

    Projeto de trabalho

    Projeto de classe

    Projeto temtico

    Projeto de classe

    Projeto de ao social

    Projeto de aula

    Projeto de extenso

    PROJETO DE LETRAMENTO

  • O QUE CARACTERIZA UM PROJETO DE LETRAMENTO?

    Os projetos de letramento surgem de um interesse da vida real de estudantes e professores. Logo, seu ponto de partida uma prtica social.

    Neles, as pessoas leem e escrevem para conseguir algo, no para demonstrar a algum que sabem ler e escrever.

    Os textos lidos e escritos em um projeto de letramento tm produo, circulao e recepo reais. So trazidos para a sala de aula e dela so levados para subsidiar aes que sero realizadas, em geral, fora do ambiente escolar.

  • Saberes e tarefas iniciais, desenvolvidos no Estgio Supervisionado I

  • Atividades e tarefas comuns aos grupos

  • Estao Ferroviria de Nova Cruz: trilha de encontros e saudades.

    A feira livre de Passagem: patrimnio sociocultural de um municpio do agreste norte-rio-grandense.

    Santo Antnio mostra seu patrimnio cultural: Xexu, um poeta popular.

    Lagoa da Porta: um patrimnio natural a ser preservado.

  • A vida no Rio Calabouo

  • Dispositivo didtico

  • PLANO GERAL DE ATIVIDADES Projeto de Passa e Fica/RN A VIDA NO RIO CALABOUOJULHO DE 2005Profa Joseneide da Silva1 Inscrio no Concurso Tesouros do Brasil.2 Sugesto do patrimnio (Rio Calabouo): exposio de motivos aos alunos. 3 Produo do anteprojeto. 4 Conversa com a professora-formadora sobre a viabilidade do projeto, tendo em vista as exigncias do concurso. 5 Busca de dados sobre o rio (livros, revistas e moradores): perodo de cheias e de secas; percurso da nascente do Rio Calabouo at onde ele flui; origem do nome Rio Calabouo; importncia do rio como divisor dos Estados do RN e da PB, como acesso ao Parque Ecolgico Pedra da Boca e como recurso hdrico dos moradores de Passa e Fica. 6 Organizao da turma para realizao da 1a aula-passeio (data, horrio, autorizao da diretoria, objetivos da aula-passeio, diviso de tarefas): 6.1 aula-passeio ao Rio Calabouo (a p, alunos do 2o ano do Ensino Mdio e professora); 6.2 registro por escrito e por meio de fotografias: lixo e podas de rvores jogados margem do rio; amarram-se e lavam-se animais no rio; no aude (onde parte da gua do rio fica represada), as pessoas pescam, tomam banho e se divertem.

  • PLANO GERAL DE ATIVIDADES Projeto de Passa e Fica/RN A VIDA NO RIO CALABOUO JULHO DE 2005 Profa Joseneide da Silva(cont...)7 Debate em sala de aula sobre a importncia de uma campanha de preservao do rio : 7.1 sugestes de ao coletiva: produo de placas de advertncia sobre a preservao do rio, de folhetos informativos sobre a localidade e de panfletos sobre a necessidade de preservar o rio; caminhada para tentar a adeso da comunidade causa.8 Novas leituras em sala de aula sobre o Rio Calabouo, o Parque Ecolgico Pedra da Boca e suas formaes rochosas.9 Organizao do cronograma escolar para marcao da visita da professora-formadora cidade.10 - Permisso para alunos e professora se ausentarem da escola no dia da excurso ao Rio Calabouo.11 Solicitao de um nibus Prefeitura de Passa e Fica para a excurso. 12 Produo de um roteiro da aula-passeio, na qual os alunos assumiro o papel de agentes de turismo. 13 Avaliao da aula-passeio.14 Produo coletiva de um relatrio da visita ao Rio Calabouo e ao Parque da Pedra da Boca. 15 Produo da verso final do relatrio, coletnea de todo o acervo reunido e produzido durante os meses de julho a outubro de 2005 e envio ao Concurso Nacional Tesouros do Brasil.

  • Tabela 2 Prticas de letramento desenvolvidas no projeto

  • Projetos de letramento

    Ressignificaes possibilitadas no processo de ensino-aprendizagem

    Reposicionamento identitrio (professores, estudantes).

    Nos projetos de letramento, a prtica social oferece os parmetros da ao coletiva, das atividades de leitura e de escrita, do (re)planejamento em funo dos objetivos compartilhados e das metas a atingir.

  • Projetos de letramento

    Ressignificaes possibilitadas no processo de ensino-aprendizagem

    Reposicionamento identitrio (professores, estudantes).

    Leitura e escrita de textos autnticos, cuja produo, circulao e recepo atendem a fins reais.

    Nos projetos de letramento, a prtica social oferece os parmetros da ao coletiva, das atividades de leitura e de escrita, do (re)planejamento em funo dos objetivos compartilhados e das metas a atingir.

  • Projetos de letramento

    Ressignificaes possibilitadas no processo de ensino-aprendizagem

    Reposicionamento identitrio (professores, estudantes).

    Leitura e escrita de textos autnticos, cuja produo, circulao e recepo atende a fins reais.

    Redimensionamento dos tempos e dos espaos de aprendizagem.

    Nos projetos de letramento, a prtica social oferece os parmetros da ao coletiva, das atividades de leitura e de escrita, do (re)planejamento em funo dos objetivos compartilhados e das metas a atingir.

  • Projetos de letramento

    Ressignificaes possibilitadas no processo de ensino-aprendizagem

    Reposicionamento identitrio (professores, estudantes).

    Leitura e escrita de textos autnticos, cuja produo, circulao e recepo atende a fins reais.

    Redimensionamento dos tempos e dos espaos de aprendizagem.

    Nos projetos de letramento, a prtica social oferece os parmetros da ao coletiva, das atividades de leitura e de escrita, do (re)planejamento em funo dos objetivos compartilhados e das metas a atingir.

    Formao docente e discente em comunho

  • REFERNCIASAFONSO, Ana Paula. Comunidades de aprendizagem: um modelo para a gesto da aprendizagem. In: II Conferncia Internacional Challenges 2001/Desafios 2001, p. 427-432. [On line, consulta em 12-04-2007]. Disponvel em

    AMIGUES, Ren. Trabalho do professor e trabalho de ensino . In: Anna Rachel Machado (org.). O ensino como trabalho: uma abordagem discursiva. Londrina: Eduel, 2004.

    KLEIMAN, Angela B. O processo de aculturao pela escrita : ensino da forma ou aprendizagem da funo? In: A. B. Kleiman; I. Signorini (orgs.). O ensino e a formao do professor: alfabetizao de jovens e adultos. Porto Alegre: ARTMED, 2000.

    OLIVEIRA, Maria do Socorro; KLEIMAN, Angela B. (orgs.). Letramentos mltiplos: agentes, prticas e representaes. Natal/RN: EDUFRN, no prelo.

    TINOCO, Glcia M. A. de M. Projetos de letramento: ao e formao de professores de lngua materna. Tese (doutorado). Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas. So Paulo, 2008.